UNIDADE II – QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Responsável pelo Conteúdo: Profa. Ms. Carla Caprara Parizi



Introdução



Qualidade na Construção Civil

Compreender a importância da utilização de ferramentas e princípios da qualidade em todas as etapas da Construção Civil, pois de maneira mais ampla ela adquire a forma de um sistema de gestão da qualidade tendo como função ajudar as empresas não só no seu desempenho global, como em satisfazer as necessidades dos clientes.

Leitura: 1 - Esquema Gráfico Representação Visual da Organização da disciplina contemplando os conteúdos e suas relações 2 - Contextualização e Problematização Texto Introdutório lembrando os conteúdos que serão abordados 3 - Texto teórico contemplando Qualidade na Construção Civil; Texto base da disciplina desenvolvido pelo tutor 4 - Apresentação narrada no formato “adobe presenter”, que sintetiza o conteúdo teórico; 5 - Material complementar sobre o tema; 6 - Referências bibliográficas. 5

Atividades: 1- Atividade de sistematização, Atividades tipo teste de múltipla escolha, baseadas nos conteúdos estudados no “Texto teórico”, no livro sugerido, e leituras complementares, com autocorreção pelo Blackboard 2- Atividade de Fórum de discussão / Atividade Reflexiva Atividade interativa cujo objetivo é fazer com que você reflita sobre os conceitos que dizem respeito à Qualidade na Construção Civil. Como método de estudo, você deverá realizar as atividades de leitura, na sequência as atividades de fixação dos conteúdos, e as atividades de interação. Utilize os fóruns de discussão e a lista de e-mails para sanar as dúvidas.

As últimas décadas do século passado foram marcadas por um grande e dinâmico avanço tecnológico, gerando competitividade, marcada, principalmente, pela abertura ao mercado estrangeiro. O crescimento infraestrutural e industrial iniciou-se com correspondente demanda por engenheiros e outros profissionais da linha tecnológica. A dinâmica do avanço tecnológico tem gerado problemas complexos, como é o caso das variáveis que envolvem uma obra de Construção Civil. Uma característica ímpar da Construção é o caráter semi-artesanal das construções, pois envolve a utilização da mão-deobra operacional, na maioria das vezes, desqualificada de forma intensa e em quase cem por cento das vezes insubstituível em seus processos construtivos. A preocupação com a mão-de-obra na construção civil tem gerado uma importância muito grande no que diz respeito à tentativa de qualificar o recurso humano disponível no setor. Associado à mão-de-obra, estão os processos construtivos, que também têm sido repensados de forma sistematizada, ou seja, estão realmente sendo revistos como um processo, igualmente as indústrias seriadas, claro que dentro das singularidades da construção.

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Outra variável importante é a Logística dos materiais de construção, que tem que estar no lugar certo, no momento certo e na quantidade certa, com as especificações certas quando forem solicitados, por isso a relação com os fornecedores deve ser forte e, portanto, requer atenção especial. Os equipamentos e sua boa utilização são fatores imprescindíveis para o fluxo da concretização da obra. Portanto o Engenheiro é o responsável, dentro de muitas outras atribuições, por fazer com que tudo o que foi descrito acima funcione de forma harmoniosa, economicamente viável e, principalmente, fazendo com que todas essas variáveis possam ser controladas de forma sustentável. O Engenheiro deve ser o líder de todo esse fluxo complexo que é chamado de obra da Construção civil. Para tanto, é fundamental que ele desenvolva habilidades que o façam, de fato, um Líder.

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Vamos Começar a Estudar Qualidade Estudando um Pouco da História da Construção Civil.

A Construção Civil começou estruturada no Brasil com a instituição das Tendas de Ofício no século XIX. Somente após um longo período de conhecimento na área a pessoa chegava a mestre de ofício. Mão de obra qualificada também teve outras origens, em São Paulo, por exemplo, os italianos que não só inseriram-se no campo para substituir a mão-deobra escrava, mas também além de outras atividades, dedicavam-se ao setor de construção, dominavam a arte de construir, além de serem altamente politizados. É importante frisar que o café enriqueceu grande parte da população Paulista, a qual tinha o desejo de construir a cidade de São Paulo espelhada nas cidades Européias. No início do século XX a construção civil brasileira possuía a melhor organização sindical do país com grande poder de mobilização O subsetor da Construção Pesada no Brasil iniciou-se a partir das décadas de 30 e 40, com a construção das Usinas Siderúrgicas e abertura de estradas. Apesar dos problemas enfrentados, a partir da década de 60 e 70, a engenharia civil brasileira tornou-se um padrão de excelência mundial. Entretanto, a capacitação técnica dos operários não acompanhou o desenvolvimento do setor, desaparecendo as Tendas de Ofício. A mão-de-obra então ficou por conta do aprendizado prático (ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS, 1998).

Sem ter de enfrentar a competição externa, já que o setor era protegido pela lei de reserva de mercado para a Engenharia nacional, por que haveriam de investir em capacitação tecnológica qualidade e produtividade, se estes eram fatores tão pouco valorizados?

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Isso explica, em parte o conservadorismo e a persistência de um modo de produção arcaico do setor, fundamentados em características como: a) b) c) d)

O Empirismo A Improvisação O desperdício de materiais e tempo Descaso em relação a mão-de-obra

Outro fator que favorecia a impermeabilidade do setor a mudanças, era que grande parte das construtoras nascia como um prolongamento da atividade de um profissional, o engenheiro civil, que, até por força de sua própria formação eminentemente técnica, não estava habituado a pensar em questões relativas à administração, à organização, ao planejamento do “Como Fazer”. O Panorama da Construção Civil antes da década de 90, indicava que os Engenheiros com atuação restrita ao foco de especialização, não tinham maiores preocupações com o planejamento e organização de produção, ou se tinham, não era o foco principal. E quanto a mão-de-obra operacional era tratada como insumo descartável. Desconexão entre o ciclo de elaboração de projetos e o ciclo de execução da obra. A troca das Tendas de Ofício pelo aprendizado prático foi um grande retrocesso para o setor da Construção, a partir daí pode-se “assistir” uma desestruturação Profissional ao longo do tempo. Bem, além dos problemas com a mão-deobra operacional desqualificada, é importante ressaltar que a falta de planejamento, a falta de cultura em evitar o desperdício, falta de integração entre quem projetava e quem executava, falta de investimentos em novas tecnologias ou seja falta de tecnologias culturais e administrativas, não eram preocupações da época e portanto favoreciam a obsolescência de práticas gerenciais e de tecnologias, causando a degradação do poder de competitividade. A partir da década de 80, a construção civil em todo mundo começou a sofrer pressões dos vários setores empresariais e econômicos com a inserção de potencial competitivo, devido a contínua demanda por rapidez na construção, custo, controle de qualidade, segurança e alta concorrência, aliados ao desenvolvimento de novas tecnologias e crescente preocupação com o meio ambiente. Mas foi só a partir da década de 90 com o processo de abertura do mercado que o Brasil efetivamente começa a refletir sobre os problemas envolvendo a construção civil.

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No setor da construção civil brasileira dos últimos anos é notória a busca de melhores desempenhos em termos de qualidade e produtividade, mas é importante destacar que a Construção Civil apresenta características que prejudicam sua evolução, ela não pode ser estudada como uma atividade sequencial e simples funcionando como um processo linear, ela é altamente fragmentada dificultando a tomada de decisões, criando desta forma uma estrutura altamente complexa. Calvano e John (2004, apud Rodrigues, 2006) afirmam que o mundo tem se tornado cada vez mais complexo devido a grande rede de processos e interações e por um rápido desenvolvimento de tecnologias de informações e comunicações, que estamos envolvidos. A humanidade tem a capacidade de criar mais informações do que pode absorver, de gerar mais interdependência do que pode administrar e de acelerar as mudanças com muito mais rapidez do que pode acompanhar. (SENGE,1990, APUD RODRIGUES, 2006) Bem é neste cenário complexo que iremos dividir o setor da construção, por questões pedagógicas, em blocos de estudo e estudar a melhor forma de gerir todos eles, que na prática não devem ser aplicados isoladamente.

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, qualidade é a totalidade de características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as necessidades explícitas e implícitas. Qualidade deve significar a busca obstinada pela satisfação das partes. De forma mais ampla a Qualidade adquire a forma de sistema de gestão da qualidade tem a função de ajudar as empresas não só no seu desempenho global, como em satisfazer as necessidades dos clientes. É importante deixar claro que uma empresa pode implantar e manter um sistema de gestão da qualidade, sem ter que obrigatoriamente certificá-lo. As certificações existem para que as empresas comprovem que cumprem requisitos e padrões de uma norma ou modelo que são aceitos oficialmente. Para estas certificações utilizam-se as normas da família ISO (International Standard Organization) série 9000, onde modelos genéricos de sistemas de gerenciamento e garantia de qualidade são propostos. Outros modelos de sistemas de gestão da qualidade, específicos para a construção civil são QUALIHAB (Programa da Qualidade na Habitação Popular) e PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat). 10

2.1 – Sistema da Qualidade para Empresas Construtoras A construção Civil, segundo Vieira Neto (1993, apud Escola de Engenharia de São Carlos, 1998) ...é um tipo de bem que, normalmente, é vendido antes de existir e portanto, não pode prescindir da implantação de um sistema de qualidade para oferecer boa performance.

Segundo a Escola de Engenharia de São Carlos (1998) um Sistema da Qualidade compreende a estrutura organizacional, os procedimentos, os processos e os recursos necessários para implementar a Gestão da Qualidade. A Garantia da Qualidade é um conjunto de atividades planejadas e sistematizadas que serão implementadas no Sistema da Qualidade para prover a confiança adequada de que o processo atenderá aos quesitos da qualidade. Portanto Planejar e sistematizar, os processos são a base de um Sistema de Qualidade. Um sistema da Qualidade tem por objetivo abranger todas as etapas que afetam a qualidade do produto, como mostra a figura 1. Figura 1: Ciclo da Qualidade em empresas construtoras

Fonte: Picchi (1993) 11

2.1.1 – Elementos de um Sistema da Qualidade Elementos do Sistema de qualidade proposto por Souza (1994) a) Política e Organização: Nesta etapa são definidas a Política da Qualidade, Responsabilidades e organização da empresa para a Qualidade, documentação do sistema e controle de documentos, registros da qualidade e arquivo técnico, indicadores e custos da qualidade, tratamento de não-conformidades e ações corretivas, auditorias externas e plano da qualidade em obras. b) Qualidade em Recursos Humanos: Ações de seleção e contratação de Pessoal, Integração dos recursos humanos, treinamento e atendimento ao cliente. c) Qualidade em Marketing: Pesquisa de Mercado, análise crítica de contratos e atendimento ao cliente. d) Qualidade no Projeto: Etapa de definição de diretrizes para a elaboração do projeto, seleção e avaliação de projetistas, coordenação e integração entre projetos, controle da qualidade no recebimento de projetos, controle de revisões e a concretização do projeto as built e) Qualidade na aquisição: Refere-se as especificações técnicas para a compra de produtos, ao controle de recebimento de materiais em obra, às orientações para o armazenamento e transporte dos materiais e à seleção e avaliação de fornecedores de materiais e equipamentos. f) Qualidade no Gerenciamento e execução de obras: Procedimentos para o gerenciamento de obras, procedimentos para o gerenciamento de obras, para a execução dos serviços, controle da qualidade dos serviços, controle tecnológico da produção de materiais em obra, aferição e calibração dos equipamentos de medição e ensaios, seleção e avaliação de fornecedores e serviços e manutenção dos equipamentos de produção. g) Qualidade na operação e manutenção: Elemento final do sistema, compreendendo as fases de entrega da obra, do manual do usuário, da assistência técnica pós-entrega e avaliação pós-ocupação.

Informação São muitos os elementos e variáveis que temos que ter sob controle para gerenciar uma Construção, logo abaixo vamos enfatizar alguns dos elementos citados acima, porém existem alguns deles que iremos estudar em unidades à parte. Segue nos próximos subitens alguns elementos que serão enfatizados devido a grande importância.

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2.1.1.1 – Projeto A fase de projeto, quando bem executado, já se pressupõe que as fases que virão terão uma boa evolução, com características de qualidade. A qualificação de produtos e processos, comprovando-se de antemão o desempenho e durabilidade de todas as soluções incorporadas aos projetos e especificações, é um ponto de partida para se obter qualidade nesta fase. Não menos importante é fazer com que os projetos que são desenvolvidos em paralelo (arquitetura, estruturas, Fôrmas, Instalações, Alvenaria, etc) sejam discutidos em conjunto e não no momento da execução dos mesmos. Esta prática bastante comum na construção causa grandes perdas de materiais e tempo de quem as executa ou re-executa. Vários foram os pesquisadores principalmente na década de 80 e 90 que constataram que o maior percentual de falhas está na Etapa de Projeto, como mostra Novaes e Franco (1997).

Tabela 1: Causas e Falhas em Edifícios

Percentual de Falhas

Origem das Causas

35% a 50%

Etapa de Projeto

20% a 30%

Etapa de Execução

10 a 20% 10%

Materiais Devido ao uso

Fonte: Novaes e Franco (1997)

Atenção Percebam que vale a pena investir intensamente na Etapa de Projeto para eliminação de falhas, pois o percentual de falhas nesta etapa é alto. Nesta fase é que são estabelecidas todas diretrizes para o desenvolvimento do empreendimento. As modificações nesta fase são menos dispendiosas, pois ainda estão no papel.

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A figura 2 ilustra com clareza as melhores fases para interferência, levando-se em conta o impacto em termos de custo acumulado de produção, ou seja evidencia as chances de intervenção. Figura 2: Chance de reduzir o custo de falhas em relação ao avanço do Empreendimento Os gráficos e/ou figuras em grande parte das vezes faz com que o nosso

entendimento

sobre “as coisas” sejam mais

rápidos,

desta

forma procurei explorar um

pouco

figuras

e

gráficos neste material. Fonte: Santana (2009)

A figura 3 corrobora com a ideia apresentada na figura 2, ou seja, as decisões tomadas na fase de projeto detêm grande influência sobre os custos totais de produção, intervenções nesta fase, além de serem mais fáceis são menos dispendiosas. Figura 3: Nível de Influência das fases do processo de produção sobre os custos totais

Fonte: Santana (2009)

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2.1.1.1.1 Ações para Qualidade do Projeto Na Etapa de Projetos os aspectos a serem considerados segundo Souza são: a) Qualidade na solução do Projeto – facilidade de construir, custos b) Qualidade na descrição do Projeto – Projeto executivo, memoriais e especificações técnicas. c) Qualidade no processo de elaboração do projeto – diretrizes, integração, crítica e controle Dentre as informações devem também ser incluídas as especificações de recursos, estratégias para execução, o processo de construção e a programação das etapas. A divisão do projeto em etapas ou partes, podem trazer benefícios, para o gerenciamento, pois define responsabilidades, cronograma integração entre as partes, etc, assim como é mostrada nas figuras 4, 5 e 6. Para o Controle da Qualidade é importante criar mecanismos de Controle por meio da padronização das atividades ou procedimentos que devem ser formalizados e sistematizados no Sistema de Qualidade da Empresa.

Figura 4: Fluxograma do processo de produção, com ênfase no processo de projeto

Fonte: Novaes e Franco (1997)

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Figura 5: Processo de Projeto de Edificações

Fonte: Romano (2003, apud Santana, 2009)

Figura 6: Fases do Projeto de Edificações

Fonte: Romano (2003, apud Santana, 2009)

2.1.1.2 – Recursos Humanos Uma das bases, sem dúvida para implantação de um sistema da qualidade é o treinamento da mão-de-obra. Os elevados índices de acidentes de trabalho ocorrem na construção civil, ações para melhoria da qualidade no setor, beneficiam não só a Qualidade de vida dos operários, mas a segurança dos mesmos.

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2.1.1.2.1 – Ações para o desenvolvimento dos Recursos Humanos Em uma outra unidade este tema será explorado, ou seja, como podemos treinar a mão-de-obra operacional e no caso dos engenheiros desenvolver habilidades gerenciais.

2.1.1.3 Planejamento Pode-se dizer que planejamento é um projeto de ações. O planejamento é uma ferramenta de grande importância para o sucesso de um empreendimento, nos canteiros de obra devem ser de fácil entendimento.

2.1.1.3.1 – Ações para o Planejamento Capacitar a mão-de-obra gerencial e estratégica para conceber um projeto de ações utilizando – se mecanismos ou ferramentas de programação e controle. E capacitar a mão-deobra operacional para que ela possa fazer a leitura da programação e atender aos requisitos de tolerância fixados no projeto, para que a execução não seja reprovada na hora do controle das tarefas.

2.1.1.4 – Tecnologia da Informação Devido a grande complexidade das variáveis envolvidas no processo de produção da construção a utilização novas ferramentas gerenciais, sistemas computacionais, como AutoCAD, tecnologia da informação e outros aplicativos, podem contribuir para melhor produtividade e determinar a qualidade dos processos construtivos.

2.1.1.4.1 – Ações para Tecnologia da Informação Aplicação de novas ferramentas gerenciais, sistemas computacionais, como AutoCAD, tecnologia da informação e outros aplicativos, e a qualificação e treinamento da mão-de-obra para utilização dessas ferramentas.

2.1.1.5 – Racionalização e Inovação em processos construtivos A melhoria da qualidade; na construção civil está fortemente ligada a modernização tecnológica, via racionalização de processos e o desenvolvimento de inovações tecnológicas, segundo Souza (1990). Esforços devem ser dirigidos para a evolução tecnológica e organizacional dos processos construtivos tradicionais, utilizando-se da racionalização de produtos e processos, que devem envolver o trabalhador, em uma estratégia de aumento de produtividade, redução de desperdícios e melhoria da qualidade. 17

Hoje, pode-se dizer que as empresas construtoras brasileiras são pressionadas por questão de sobrevivência a investir continuamente na melhoria da qualidade de seus produtos e na evolução de seus processos. Outro problema que envolve a necessidade de racionalização dos processos é a cadeia produtiva da construção civil que apresenta importantes impactos ambientais em todas as etapas de seu processo: extração de matérias-primas, produção de materiais, construção, uso e demolição. Produção de materiais como cimento e concreto e a execução de atividades em canteiro; a produção de cimento e cal – materiais intensamente utilizados em nossas obras – envolve a calcinação do calcário, lançando grandes quantidades de CO 2 na atmosfera. A indústria da construção civil é certamente a maior geradora de resíduos de toda a sociedade, nas atividades de construção, manutenção e demolição (NOVAES e FRANCO,1997) Parte significativa desses resíduos, são depositados ilegalmente, acumula-se nas cidades, gerando custos e agravando problemas urbanos, como enchentes e tráfego (PINTO,1999 APUD NOVAES e FRANCO, 1997). A manifestação de problemas patológicos nas edificações contemporâneas tem determinado seu envelhecimento precoce, forçando novos desembolsos e, às vezes, à demolição e substituição total do edifício antes que tenham sido resgatados todos os custos envolvidos em sua concretização, incluindo os ambientais.

2.1.1.5.1 – Ações para a Racionalização e Inovação em processos construtivos

a) Desenvolvimento técnico de processos e materiais. b) Incorporação de conceitos de racionalização do projeto a procedimentos em obra. c) Capacitação de mão de obra.

2.1.1.6 – Materiais Devem existir critérios para especificação de materiais, definindo as exigências técnicas para sua compra. Por meio de processos de qualificação de fornecedores e produtos empregados na obra. O nível do controle deve ser coerente com a complexidade do material ou serviço e seu reflexo no processo de produção. A figura 7 mostra a falta de qualidade no armazenamento de cimento. 18

Figura 7: Falta de Qualidade no armazenamento de Cimento

Fonte: Lima (2008)

2.1.1.7 – Ações para Qualidade dos Materiais As ações devem assegurar um fluxo contínuo de materiais e sem interferências na quantidade requerida, com a qualidade especificada, no tempo e lugar certo, ao menor custo total.

O estudo da Gestão de Materiais será explorado em uma Unidade à parte, nesta mesma disciplina, onde nos aprofundaremos no tema e na sua importância.

2.1.1.8 – Qualidade na Execução e no Gerenciamento A etapa de execução é onde ocorre a materialização do empreendimento. Desta forma a execução dos serviços, interfere diretamente nos custos, na produtividade e na qualidade do produto final da construção civil (ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS, 1998) A qualidade de execução depende entre outros fatores da qualidade dos fornecedores de materiais e dos equipamentos e controle no recebimento, mas principalmente da mão-deobra bem preparada e da qualidade do gerenciamento. Com o controle e planejamento das atividades construtivas, os desperdícios na execução tendem a reduzir, indicador forte da qualidade. As figuras 8 e 9 ilustram a falta de qualidade em um canteiro.

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Figura 8: Falta de Metodologia Construtiva

Fonte: Lima (2008)

Figura 9: Falta de Qualidade na execução

Fonte: Lima (2008)

2.1.1.9 – Ações para Qualidade na Execução e no Gerenciamento. A Escola de engenharia de São Carlos (1998) destaca que os elementos que compõem o gerenciamento da obra, para que possam ser tomadas as devidas ações são: a) Conhecimento do Empreendimento

f)

b) Análise do projeto e das especificações

g) Gerenciamento da produção

c)

h) Gerenciamento da Segurança do trabalho

Projeto e implantação do canteiro de obras

d) Planejamento e Programação da obra e) Gerenciamento de equipamentos e ferramentas

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i)

Gerenciamento de materiais

Finalização e entrega da obra

Para cada um desses elementos devem existir parâmetros, permitindo desta forma fixar diretrizes, para padronização e sistematização dos procedimentos na execução da obra, definindo-se desta forma um padrão de gerenciamento que garanta a qualidade da empresa construtora, e também a implementação de correções futuras se necessário. A qualidade deve ser vista como algo dinâmico em constante melhoria, que pode melhorar a cada dia. Resgatando a ferramenta estudada na Unidade anterior, o PDCA (PlanDo-Check-Act), seria importante aplicá-la para sistematizar as ações de planejamento, verificação de resultados e ações de melhoria, se o resultado não for o esperado. Figura 10: Concreto sem Controle Tecnológico

Fonte: Lima (2008)

Figura 11: Homens sem equipamentos de segurança obrigatórios

Fonte: Lima (2008)

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2.1.1.10 - Qualidade na Entrega Esta é a última oportunidade em que se pode intervir para correção dos problemas, antes de chegar ao cliente final. Espera-se que o cliente não só se sinta satisfeito, mas também que supere suas expectativas, pois este é o conceito mais amplo da Qualidade Total. (ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS, 1998).

2.1.1.10.1 – Ações para a qualidade na Entrega Vistoriar detalhadamente unidade por unidade por um ou mais técnicos já com uma lista de itens previamente padronizados. Vistoriar com o cliente no ato da entrega, de forma mais simples, mas atento as observações dos clientes. No ato da entrega deve ser entregue também um manual do Proprietário, para orientação e correta utilização. Deve existir também por parte da empresa um serviço de assistência técnica para que possíveis reclamações sejam devidamente atendidas e utilizadas como forma de realimentar as ações voltadas para a qualidade dos processos da empresa.

O setor da construção Civil envolve muitas variáveis que devem funcionar em harmonia e ao mesmo tempo, neste trabalho por questões didáticas dividiu-se em subitens os principais elementos que envolvem a qualidade, além disto, cada um dos elementos estudados acima podem e devem ser profundos e abrangentes e em constante aprimoramento.

Atenção É importante ressaltar que os principais problemas são a própria falta de cultura organizacional que é uma característica, em geral, das empresas construtoras, a resistência à mudanças, a falta de conscientização e de qualificação da mão-de-obra do setor.

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Como texto complementar desta Unidade, indico a leitura do livro Gestão da Qualidade Teoria e Casos. Coordenadores: Marly Monteiro de Carvalho e Edson Pacheco Paladini. Editora Campus.  Consultar: NR – 18 – Norma Regulamentadora das Condições e Meio Ambiente de Trabalho da Indústria da Construção. Disponível em: http://portal.mte.gov.br/legislacao/norma-regulamentadora-n-18-1.htm

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS. Gerenciamento na Construção Civil. São Carlos: EESC, USP, 1998 LIMA, R.O. Verificação da Qualidade na Construção Civil em um pequeno canteiro de obra de Foz do Iguaçu, uma mudança de paradigma. Foz do Iguaçu: Faculdades Cataratas, 2008 NOVAES, C.C.; FRANCO, S.F. Diretrizes para Garantia da Qualidade do Projeto na Produção de Edifícios habitacionais. São Paulo: EPUSP – Boletim Técnico, 1997 PICCHI, F.A. Sistemas da qualidade:uso em empresas da construção de edifícios .São Paulo: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, USP, 1993. RODRIGUES, A.A. O Projeto do Sistema de Produção no Contexto de Obras Complexas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, 2006 SANTANA, K.A. O Processo de Projeto em Construtoras e Incorporadoras no Distrito Federal – Um Exercício de Avaliação com foco na Concepção e Definição do Produto. Brasília: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2009 SOUZA, R., et al. Sistema de Gestão da Qualidade para empresas construtoras. São Paulo: Centro de Tecnologia de Edificações, SINDUSCON, SEBRAE, 1994.

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UNIDADE II – QUALIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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