AULA 3 - O TEXTO NARRATIVO

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O texto narrativo Jana e Lauana

Relembrando a aula passada... Narração – é a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens

Características da narração  Narração é o relato dos fatos ordenados em sequência lógica com inclusão de personagens. São elementos fundamentais da narração: o fato, o episódio ou o incidente (O que?); a personagem ou personagens envolvidos nela (Quem?); tempo, época e momento em que se deu o fato (Quando?); espaço, local ou locais de ocorrência (Onde?).

Características da narração Ocorre, contudo, a presença facultativa de outras circunstâncias, seguindo o seguinte esquema:  Como? Modo como se desenvolvem os fatos  Por quê? Causa ou motivo do acontecimento  Por isso: Consequência ou resultado

Exemplo Poema tirado de uma notícia de jornal

“João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite, ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigues de Freitas e morreu afogado. De (Bandeira, 1974:214)

 Quem? João Gostoso  Quando? Uma noite  O que? Chegou no bar Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa  Por isso – morreu afogado

Estrutura da Narração Uma narração contém as seguinte partes:  Exposição: é uma apresentação do assunto ou tema  Complicação: é o desenrolar dos acontecimentos, ação das personagens ou conflito entre personagens e situações  Clímax: é o auge do conflito, o ponto culminante da história ou o suspense da narrativa  Desfecho: é a resolução do conflito, é a conclusão da história.

Elementos da narrativa  A narrativa é um relato centrado num fato ou acontecimento. Há personagens atuando e um narrador que relata a ação. O tempo e o cenário ou ambiente são outros elementos importantes na estrutura da narração

O narrador – Foco narrativo  O texto narrativo possui um foco (olhar)  Foco narrativo é o ponto de vista através do qual se redige a reportagem;  Narrador é quem reporta;  Ele pode ser em 1ª ou 3ª pessoa

Foco narrativo  Em 1ª pessoa:  Narrador-personagem: limita a percepção dos fatos porque emite-os através de sua experiência; participa ativamente das ações e as transcreve; em longos depoimentos pode retratar os entrevistados a partir de sua percepção própria.

Foco narrativo  Em 3ª pessoa:  Narrador-observador: aquele que testemunha os fatos de fora da história, mas possui ângulo de visão delimitado porque apenas utiliza as informações que colheu, não tem onisciência sobre os personagens.

Foco narrativo  Em 3ª pessoa:  Narrador-onisciente: conhece os acontecimentos e até os pensamentos dos demais envolvidos na reportagem; é o foco que mais aproxima a reportagem da narrativa literária;  Pode ser “intruso” quando comenta a vida ou atitudes dos personagens (opina);  Pode ser “neutro” quando não intervém nos acontecimentos e apenas busca situações reveladoras sobre os personagens, atento ao cenário da reportagem.

O enredo  Tecer, enredar, “entrelaçar os fios para fazer a rede”.  O enredo (ou trama, ou intriga) é o esqueleto da narrativa, aquilo que dá sustentação à história.

Tempo  Momento em que ocorre as ações. Pode ser:  Cronológico "Era uma quarta-feira do mês de setembro. Naquele dia do ano de 1993, um fato mudaria completamente sua vida."  Psicológico "O suplício durou bastante, mas por muito prolongado que tenha sido, não igualava a mortificação da fase preparatória: o olho duro a magnetizar-me, os gestos ameaçadores, a voz rouca a mastigar uma interrogação incompreensível.“ Graciliano Ramos

O ambiente ou espaço  É o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo.  Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem, como o cortiço, da obra de mesmo nome, de Aluísio de Azevedo.

Personagens  Quem se envolve nas ações.  Linear: aquela que é constante, as mesmas características psicológicas do começo ao fim;  Complexa: aquela complicada, é boa, é má, muda ao longo da história.

Tipos de discurso Em um texto narrativo, o autor pode optar por três tipos de discurso: o discurso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre. Não necessariamente estes três discursos estão separados, eles podem aparecer juntos em um texto. Dependerá de quem o produziu.

Discurso direto Quando o narrador transfere as palavras da personagem para o texto. A fala usada pela personagem é escrita. Ex: Entrou rindo e perguntou ao amigo: - Falta-lhe alguma coisa? - Nada. - Nada? - Por quê? - Mete a mão no bolso; não te falta nada? - Falta-me a carteira. Sabes se alguém a achou? – indagou Gustavo. - Achei-a eu – respondeu Honório.

Discurso direto Percebendo o amigo preocupado, o jovem indagou: "O que houve com você?" "Nada importante." "Posso ajudá-lo?" "Acho difícil, se precisar eu o procuro.“ A fala dos personagens é marcada por dois-pontos, travessão ou aspas. Geralmente vem acompanhada pelos verbos de elocução (dizer, afirmar, ponderar, sugerir, perguntar, indagar, responder, suspirar, explicar, replicar, etc.). O discurso direto deixa a redação mais dinâmica, interativa.

Discurso indireto  Quando o narrador não usa as falas literais da personagem, mas sim revela o que ouviu. Ex: O pai perguntou ao filho que problema o afligia. Em resposta o filho lhe afirmou que a vida parecia confusa. Aqui também há verbo de elocução. Existem conectivos, mas não sinais de pontuação

Discurso indireto livre  O discurso indireto livre é um tipo de discurso misto, em que se associam as características do discurso direto e do indireto. A fala do personagem não é marcada por verbo de elocução ou por sinais de pontuação, nem apresenta o conectivo como no DI. A fala interior da personagem misturase com as do narrador.

“Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim senhor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aquilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!” Vidas Secas, de Graciliano Ramos

Transposição de discurso  - (eu) Quero o dinheiro - disse o empresário  O empresário disse que (ele) queria o dinheiro.  Mudar de 1ª pessoa para 3ª quando estivermos transpondo o discurso direto para o indireto. O tempo verbal, no discurso indireto, será sempre passado em relação ao tempo verbal do discurso direto.

Transposição de discurso - O coronel é violento - disse o empregado.  O empregado disse que o Coronel era violento.

 O verbo que estava no presente passa para o pretérito imperfeito.

Vamos praticar um pouco?

Chegou o sábado e a minha irmã falou: - Vai te vestir, Raquel, tem almoço na casa da tia Brunilda. Bacalhoada. Eu adoro comer, só tem um prato que eu não aguento: bacalhau. Mas como o pessoal aqui de casa tá sempre paparicando a tia Brunilda, eu sabia muito bem que na hora de dizer: “Tia Brunilda, a senhora se importa se eu só como a sobremesa?” eles iam me olhar daquele jeito, e eu ia ter que acabar comendo. Então eu já fui ficando meio aflita. Calça comprida eu só tenho duas: uma boa, outra ruim; enquanto uma lavo, uso a outra. A boa estava lavando e ainda mais essa, eu pensei. Quando fui me olhar no espelho, dei de cara com uma espinha. Bem na ponta do nariz. Espremi, começou a sair uma aguinha lá de dentro; vi que tinha feito uma besteira. Meu nariz começou a doer. Olhei no espelho e anunciei: - Não posso ir à bacalhoada: meu nariz inchou, tá doendo demais. Mandaram eu botar mercúriocromo e acabar de me vestir. (Lygia Bojunga Nunes. A bolsa amarela. Rio de Janeiro: Agir.)

1)- Identifique no texto anterior os elementos da narrativa. a)- Enredo: b)- Personagens: c)- Tempo e espaço: d)- Quanto ao narrador, ele participa dos fatos como um narrador personagem, ou apenas informa as ações, como um narrador observador? Justifique a sua resposta. 2)- O texto que você acabou de ler foi narrado em primeira pessoa.  Reescreva-o em terceira pessoa, fazendo as alterações necessárias.  Dê um título à história.

Exercícios 1) FUVEST Leia o seguinte texto: Um músico ambulante toca sua sanfoninha no viaduto do Chá, em São Paulo. Chega o “rapa” e o interrompe: — Você tem licença? — Não, senhor. — Então me acompanhe. — Sim, senhor. E que música o senhor vai cantar?

a) Reescreva o diálogo que compõe o texto, usando o discurso indireto. Comece com: O fiscal do “rapa” perguntou ao músico...

Gabarito  Chega o “rapa” e o interrompe:  — Você tem licença?  — Não, senhor.  — Então me acompanhe.  — Sim, senhor. E que música o senhor vai cantar?

O fiscal do “rapa” perguntou ao músico se ele tinha licença. Ele respondeu que não, tratando-o por senhor. O fiscal, então, exigiulhe que o acompanhasse. O músico concordou respeitosamente e perguntou-lhe que música iria cantar.

Exercício FUVEST Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. Está com quarenta, quarenta e poucos. De repente dá com ele mesmo chutando uma bola perto de um banco onde está a sua babá fazendo tricô. Não tem a menor dúvida de que é ele mesmo. Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. Um dia ele estava jogando bola no parque quando de repente aproximou-se um homem e… O homem aproxima-se dele mesmo. Ajoelha-se, põe as mãos nos seus ombros e olha nos seus olhos. Seus olhos se enchem de lágrimas. Sente uma coisa no peito. Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. Como eu era inocente. Como os meus olhos eram limpos. O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. Depois sai caminhando, chorando, sem olhar para trás. O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta. Também se reconheceu. E fica pensando, aborrecido: quando eu tiver quarenta, quarenta e poucos anos, como eu vou ser sentimental! (Luis Fernando Verissimo, Comédias para se ler na escola)

Exercício O discurso indireto livre é empregado na seguinte passagem: a) Que coisa é a vida. Que coisa pior ainda é o tempo. b) Reconhece a sua própria cara, reconhece o banco e a babá. Tem uma vaga lembrança daquela cena. c) Um homem vem caminhando por um parque quando de repente se vê com sete anos de idade. d) O homem tenta dizer alguma coisa, mas não encontra o que dizer. Apenas abraça a si mesmo, longamente. e) O garoto fica olhando para a sua figura que se afasta

Entrega da primeira redação Principais erros

 Confusão entre título, tema e tese: Tema: Assunto; Título: Cartão de visita do seu texto; Tese: Sua ideia, o ponto de vista que você irá defender ao longo do texto;  Fuga ao tema: Falar demasiadamente sobre aborto ou homossexualidade, usados como exemplos no texto de apoio. Focar em defender ou condenar religião mas ignorando a interface com a política, com a democracia e com o conceito de Estado Laico.

 Repetição de palavras e ideias. Pobreza vocabular e argumentos cíclicos.  Má estruturação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão);  Textos que não tinham o mínimo de linhas exigido (20)  Plágio de trechos dos textos de apoio

 Análise do tema sob apenas um dos ângulos da questão: Falta expor argumentos contrários para que possam ser refutados, reforçando seu ponto de vista;

 Falta de coesão e coerência: Parágrafos desarticulados, não seguem uma linha de raciocínio; frases soltas, sem ligação.  Períodos longos demais

 Uso da 1º pessoa;  Não apresentação de tema e tese na introdução;

 Confusão texto expositivo e argumentativo: Alguns textos estão meramente expositivos, só trazem informações já conhecidas e não é possível perceber marcas de originalidade do autor, pois este não expõe uma tese própria nem defende um ponto de vista, não obedecendo ao pedido de posicionamento do texto dissertativoargumentativo.
AULA 3 - O TEXTO NARRATIVO

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