EU & ELA - LI fRASER

344 Pages • 115,222 Words • PDF • 3.7 MB
Uploaded at 2021-09-24 06:37

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


Copyright © 2018, Li Fraser

Capa: Sara Silva Diagramação: Greyce Kelly Revisão: Victória Araújo Dados internacionais de catalogação (CIP) Fraser, Li 1ª , 2018 1.Literatura Brasileira. 1. Titulo. É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da internet, sem permissão de seu editor (Lei 9.610 de 19/02/1998). Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera coincidência. todos os direitos desta edição reservados pela autora.

Dedicatória A Deus, pois sem ELE nada sou. Ao meu grande e eterno amor Clóvis e o meu “melhor,” que são os meus filhos, Vítor, Rafaela e Miguel.

“Eu te amo por vários motivos, e eu te amo mais ainda, porque você me ama do jeito que eu sou.” Clara Beatriz Monteiro “Eu te amo Clara! E isso é independente se você pode ou não parir um filho meu. O meu amor por você não é uma mercadoria, onde você tem que me dá algo em troca, eu não preciso que me dê algo, ou um filho. Só me deixa te amar a cada dia e segundo da minha vida.” Christian Alencastro " Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis." Carlos Drummond de Andrade.

Clara Eu simplesmente achava que tinha O namorado, A vida perfeita. Até o fatídico dia em que resolvi fazer uma surpresa para o meu namoradinho. Eu namoro com o Renato desde que eu tinha dezoito anos, fizemos várias juras de amor até ele me pedir em casamento, um ano atrás. Eu resolvi fazer uma surpresa, já que ele andava trabalhando muito e, na maioria das vezes, só nos falávamos por telefone, então decidi ir na casa dele fazer uma surpresa. Passei a tarde no salão de beleza, fiz uma hidratação e uma escova e pintei as unhas de vermelho, a cor da paixão. Em casa, eu mesma me maquiei e passei um batom vermelho cor de sangue. Eu queria sair da seca que ele me deixou tem quase um mês. Entrei no meu carro, coloquei Rihanna pra cantar, porque eu sou fã dessa mulher. Pense numa mulher que pra mim é a dona da porra toda! Sim, Rihanna, começa a cantar Work (Explicit). Sigo direto pra casa dele , estava só com um sobretudo, porque debaixo dele, eu estava de lingerie. Mas não era qualquer lingerie, era aquelas de sexy shop, que os bicos dos peitos ficam pra fora e a periquita também. Eu comprei uma garrafa de champanhe, morangos e chocolates. Queria me lambuzar toda com Renato. Pois é... Eu só não contava com uma. Estacionei em frente à casa dele, entrei com a chave reserva, porque eu me achei muito inteligente e tirei uma cópia sem ele saber, e essa façanha me ajudou a descobrir o tremendo chifre que eles estavam colocando da minha cabeça. Assim que entrei na casa, fui direto para o seu quarto. Quando eu chego em frente a porta, começo a desfazer o laço, escuto gemidos e muitas palavras obscenas. Encosto a minha orelha na porta e coloco a mão na maçaneta.

— Essa tua bocetinha é muito gostosa... — Repete, meu Ursão! Eu tomo um susto com a voz da mulher. Não quero acreditar no que estou ouvindo, encosto de novo na porta. — Isso, meu Ursão, bem aí... Oh! Eu conheço essa voz, é da minha melhor amiga, Suzana. Bem, eu achava que ela era minha amiga, acabei de descobrir da pior maneira que fui enganada e traída por duas pessoas que eu amava muito. Eu solto a maçaneta e dou as costas para ir embora, mas essa não seria eu, Clara Monteiro não deixa nada barato, e ninguém vai rir da minha cara. Num rompante eu abro a porta com tanta força que os dois se assustam. A cena é patética. Renato está no meio das pernas da puta safada, vocês precisam ver a cara deles de assustados. Ele está pelado e a vadia algemada na cama. Dou um sorriso maligno para eles. — Oi, querido, eu senti saudades. Suzana puxa os braços, mas estão presos na cama, Renato se levanta e num ato sem pensar, tenta esconder o seu pau. Eles me olham e não tentam nem inventar uma desculpa esfarrapada, meu sangue ferve e sem pensar me deixo levar pela raiva e humilhação. — Seu filha da puta desgraçado! Vou pra cima do Renato. Ele corre para a porta, eu avanço nele e começo a arranhar suas costas, ele se vira pra mim. — Clara, vamos conversar. — Não tem conversa, seu desgraçado! Ele tenta me segurar e é só o que eu quero, chuto com vontade no meio das suas pernas. Ele cai no chão se torcendo de dor e com muita raiva, eu chuto ele. — Aiiii... Olho para Suzana, nua e exposta em cima da cama, começo a gargalhar bem alto, vejo no seu rosto que ela está com medo de mim. Suzana me conhece, sabe que eu adoro um barraco. — Vejo que a brincadeira aqui estava muito boa. Vou até a cabeceira da cama, Suzana sacode as pernas, puxo os cabelos dela com força e ela me olha com muita raiva e vergonha. — Eu podia quebrar a tua cara, mas isso seria uma tremenda covardia, e como eu não sou uma covarde, vou deixar só um Rayban nessa tua cara de puta. Antes que ela pudesse se virar, eu fecho os meu punho e dou um soco bem no meio do olho dela. — Ai! Clara, sua desgraçada! Ai... eu te odeio!

— Esse sentimento é recíproco. Renato está quase em pé. Eu pego o celular dele, tiro fotos dos dois e marco todos os contatos, inclusive o chefe dele, e envio as fotos. Começo a ir na direção da porta, e continuo a espalhar as fotos, agora para as redes sociais dele e para o youtube. — Pronto! Sou chifruda em rede nacional! Jogo o celular dele no chão com força, não fico para conferir se restou alguma coisa. Corro para o meu carro entro o mais rápido possível nele e dou a partida, e escuto Renato gritar o meu nome: — CLARAAAA! Olho na direção da porta e vejo Renato em pé me encarando. Ponho o meu braço pra fora e mostro o dedo do meio pra ele. Arranco igual uma louca com o meu carro e vou direto para o meu apartamento. Sozinha na sala do meu apartamento, eu desfruto do meu champanhe, dos morangos e o meu chocolate escutando Rihanna. Não sou de chorar, por isso engulo o choro e resolvo beber a noite toda. Amanhã eu saio para caçar um boy pra me comer gostoso.

Clara Beatriz Monteiro São quase dez horas da manhã, e eu não estou com um pingo de vontade de levantar dessa cama. Tateio embaixo do meu travesseiro até encontrar o meu celular que não para de vibrar. Abro a tela e vejo mais de dez ligações do meu maninho. — Começando o dia com o maninho me ligando! Isso não é um bom sinal! O que será que ele quer uma hora dessas? Bufo de raiva por ele ter me acordado. — Ligar ou não ligar? Eis a questão. Antes que eu decida, ele me liga mais uma vez. — Fala, mano! Tu está atrapalhando o meu sono de beleza! — Eu te amo também, maninha! Faço uma careta, mas logo abro um sorriso. Meu maninho é um super irmão, ele e o meu pai fazem todas as minhas vontades, me sinto a mulher mais sortuda do mundo por ter esses dois homens na minha vida. Depois que os dois souberam do par de chifres que eu levei do esterco do Renato, papai e o César mandaram dar uma surra nele. Bem feito! — Maninha, papai e mamãe vão viajar, e eles querem te ver antes de partirem para Nova Iorque. — New York? Sério? Por que papai não me avisou? — Porque é uma viagem de lua de mel! Quer estragar a foda dos coroas? — Porra, mano! Tu quer me traumatizar! O safado do meu irmão cai na gargalhada e responde entre os risos. — E tu acha que nasceu como? A cegonha te deixou na porta de casa, é? — Me poupe dos detalhes. Mas o que eu tenho a ver com a partida dos coroas? — A mamãe vai fazer um almoço amanhã e quer você aqui, então trate

de pegar um avião. Já comprei a tua passagem e enviei pro teu e-mail. Te amo, gostosa! — Também te amo, gostoso! Desligo o celular, fico olhando para o teto. Minha barriga começa a roncar, olho para ela e digo: — Vamos atrás de alguma coisa para comer!

Sentada no meu balcão comendo uma tigela de cereal com leite, me pego pensando no Christian, de seu corpo maravilhoso, seus beijos, sua pegada, seu martelo poderoso. — PORRA! Sinto todo o meu corpo reagir com leves tremores, seguidos de arrepios e a minha periquita piscar. Fiquem sabendo que ela tem vida própria. Essa periquita quando quer ser comida, aaaah, minha irmã, não tem quem segure! Aponto o dedo para o meio das minhas pernas e começo a falar: — Eu já te disse, esse boy não é pra gente. Se conforma, sua danada! Me levanto e vou direto tomar um banho para apagar o fogo dela, preciso me refrescar, senão é bem capaz de não me controlar e ligar para ele. E isso eu não posso! Christian Alencastro — Então, é isso, Christian. Eu vou precisar que você seja bem mais presente na empresa, meu filho. Olho para o meu tio, Bernardo, a vida não foi tão boa com a gente. Apesar de ter ficado órfão aos meus dezessete anos, onde num trágico acidente de carro, eu perdi os meus pais, meu tio perdeu o seu único filho. Bernardo Junior amava moto e praticava rali, até que em um fatídico dia ele sofreu um grave acidente, mas não foi no rali como os meus tios temiam. Junior estava parado em um cruzamento quando foi atingido por um carro, onde o motorista estava bêbado, ele morreu na hora. Desde esse dia, meu tio mergulhou no trabalho e vivi pra construtora, e eu nunca precisei me preocupar. Até o dia de hoje. — Tio, o senhor sabe que não quero ficar preso aqui, isso me sufoca! — Christian, eu vou ter que me afastar, eu preciso de férias, e eu prometi

a sua tia que viajaríamos para comemorar nossos trinta anos de casados. Levanto da cadeira, coloco as mãos nos bolsos da minha calça e fico em pé olhando para o meu tio. A verdade é que eu nunca quis essa empresa, gosto somente dos trabalhos filantrópicos que fazemos, mas me sentar na cadeira da presidência é algo que eu nunca almejei para mim. Mas meu tio precisa dessas férias, ele merece. — Quantos dias eu vou ter que te substituir? — Vinte dias. Puta que pariu! — Christian, vá se acostumando, pois você é o único herdeiro dessa empresa. A Construtora Alencastro precisa de você. Que merda! — Quando começo? — Segunda-feira. Nós vamos viajar na terça. — Ok! Só isso? Meu tio sorri e balança a cabeça em negativo, e faz um sinal com a mão que estou dispensado. Saio o mais rápido possível de dentro do prédio da construtora, quando sinto o ar puro, me sinto bem melhor. Subo em cima da minha moto e sigo o caminho rumo à minha casa, mas resolvo parar num bar qualquer. Peço um chopp e começo a desfazer o nó da gravata. — Odeio essas coisas! — O que foi, bonitão? Me viro e o que vejo me agrada. Sou o Thor, mas tenho a visão de raio X do Super Homem, e o que eu vejo me atrai pra caralho. — Odeio ter que usar essas porras que o patrão me obriga. Ela toma um gole da sua bebida. Eu sei o que ela tá fazendo, e eu sei o que eu quero fazer com ela. — O bonitão está com pressa? — Depende... O que você quer do bonitão aqui? Ela me dá um sorriso safado, e eu já sei onde eu vou tirar toda essa frustração de presidente, diretor, seja lá a merda que for. Clara Dois dias depois... Deixamos os nossos pais no aeroporto, vimos os coroas partirem em lua

de mel, e eu e o meu maninho resolvemos cair na noite, porque o final de semana está apenas começando. — Vou ligar para ver se a Kira vai com a gente. — Aquela gata que veio com a Bia e o Fernando do Canadá? Ela não foi embora com eles? — Não, ela ficou com a tia Lucinda. Acho que se adaptou, já está aqui há quase um ano. Mas olha, ela não é pro teu bico não! César levanta os braços e começa a rir com a cara mais safada que ele tem. — Por que você pensa essas coisas do seu próprio irmão? — Porque eu o conheço e sei que você não vale muita coisa. Ligo pra ela e no terceiro toque ela atende. — Oi, Clara! — Oi, amiga! Que tal sairmos para mexer os esqueletos? — Hã? — Dançar! Vamos dançar! Eu passo pra te pegar às nove. — Mas, Clara... — Mas Clara, nada! Às nove te pego, beijos. Desligo o telefone, olho para o meu maninho e pisco pra ele. — Vamos, me deixa no meu apartamento, pois eu preciso me arrumar pra caçar essa noite. — Como se o seu apartamento fosse do outro lado da cidade. Moramos no mesmo edifício, lembra? — Porra, não me lembra desse detalhe! Bato no braço dele, que me agarra no meio do aeroporto e me enche de beijos. — Me larga, caralho! Tá queimando o meu filme! César não me larga. Vai agarrado a mim até o estacionamento, implicando comigo o tempo inteiro. Irmão! Chegamos os três na boate quase às dez da noite. A boate estava lotada, e como sempre, vamos para a nossa mesa de costume. Kira é muito recatada, completamente diferente de mim. César pediu as nossas bebidas, faço um sinal com os meus dois dedos para o meu irmão. — Estou de olho em você!

Kira nos olha, mas não entende nada. Meu maninho safado dá de ombro. — Vem, Kira, vamos dá uma volta. — Não amiga, aqui está bom! — Amiga, se você ficar aqui sozinha com o meu irmão, ele te seduz num piscar de olhos, e eu não quero me sentir culpada depois. Vamos! Arrasto Kira comigo e saímos no meio da multidão, vou requebrando ao ouvir o som de um remix do DJ. Kira só me acompanha, não dá uma reboladinha. Reviro os olhos pra ela. — Amiga, você nunca foi a uma casa noturna em Toronto? — Não... É que eu nunca fui de sair à noite. — Hum... Pois agora as coisas vão mudar, vou te transformar em uma mulher da noite, no bom sentindo é claro. Kira ri sem graça, ela não acredita em mim. Ela ainda não me conhece e verá o que Clara é capaz de fazer. Quando chegamos no meio da pista começo a dançar e puxo ela comigo, falo gritando por cima dos seus ombros. — Repete os meus movimentos! Ela começa a se mexer e me deixa de queixo caído. — Puta que pariu! Imagina se você soubesse dançar! Caímos na risada e deixamos a música nos levar. Dançamos até não aguentar mais. No caminho de volta para a mesa eu travo, não acredito no que os meus olhos veem. — Porra! Caralho! Eu mato esse desgraçado filho da puta!



Clara Sem pensar, com raiva, e com um ciúme latente, eu caminho na direção dos dois que estão quase se comendo perto do bar e arranco a patifa da Suzana de cima do ordinário do meu irmão. Sem dá tempo para qualquer conversa, eu começo a dar só na cara dela, que não consegue se defender dos meus golpes. — Sua piranha! — Maninha, para! César me arranca de cima da vagaba, eu estou esperneando. Num descuido dele, eu avanço pra cima dela, que está quase de pé com a ajuda de algumas pessoas, puxo o cabelo dela, fazendo-a me encarar. — Se você chegar mais uma vez perto do meu irmão, eu arrasto a sua cara de vagaba no chão! Sinto os braços fortes do meu irmão me puxar — Tá avisada! Falo gritando e apontando pra ela. Kira vem logo atrás da gente, coitada, devo ter assustado ela. — Porra, Clara! Tá doida, caralho! — Doida? Tento me soltar, mas ele me segura firme, e sai me arrastando para fora da boate. Quando chegamos fora da mesma, César me solta, puxa um cigarro e o acende. Ele tenta se acalmar, andando de um lado para outro, passando as mãos na cabeça. — Quem é aquela que você quebrou toda?

— A bastarda que eu chamava de amiga, enquanto dormia com o meu namorado ou noivo, sei lá. Kira leva a mão até a boca, eu olho pra ela e balanço a cabeça. Começo a ajeitar o meu cabelo e percebo que quebrei uma unha. — Puta que pariu! — O que foi? – Kira me pergunta assustada. — Quebrei uma unha dando na cara daquela vaca. Começamos a rir, César se aproxima da gente, ainda está puto de raiva, semicerra os olhos e fala com o cigarro apontando pra mim. — Eu como quem eu quiser, e você não tem nada a ver com isso! — Não fala comigo! Estou muito puta contigo! Puxo Kira pelo braço e começamos a andar para o ponto de táxi que tem em frente à boate. — Ainda se acha no direito de ficar com raiva de mim! Finjo que não estou escutando ele, abro a porta para Kira entrar, César está bem atrás de mim, me viro pra ele, que está com os braços na cintura. Não é porque é meu irmão não, mas porra! Ele é muito gostoso! Mas eu estou muito puta com ele, então mostro o dedo pra ele e entro no taxi fechando a porta. Quando olho pra ele, está com um lindo sorriso de cafajeste estampado na cara. Ele coloca as duas mãos na boca e grita: — Eu te amo também! — Eu não! – grito de volta pra ele.

Chegamos no meu apartamento, tiro os meus sapatos e vou direto para minha cozinha. Vou na direção da minha pequena adega, pego uma garrafa de vinho tinto e duas taças. — Vem, Kira, vamos tomar um vinho olhando a cidade. Vamos para a varanda e sentamos, eu sirvo Kira e depois me sirvo, levanto a taça pra ela que me retribui o gesto e bebemos o nosso vinho. Kira me olha intrigada, sorrio para ela e viro de uma vez o meu vinho e sirvo-me de novo. — Desculpa por ter estragado a nossa noite, amiga. — Está tudo bem, eu só queria entender... Kira não completa a frase, mas eu acho que sei o que ela quer saber. — Amiga, ele pode comer quem ele quiser, menos aquelazinha. E outra, eu lavei a minha alma! Anos atrás seria uma covardia bater nela algemada, mas

hoje não. Caímos na gargalhada, olho pra Kira que se perdeu olhando para a cidade . —O que foi? Saudades da sua irmã? —Um pouco, ela brigava muito comigo, mas nunca tivemos uma intimidade que nem você e o César. Dou um risinho, porque o que a Kira acabou de me dizer é a mais pura verdade. Não consigo me ver sem o meu irmão, ele é cinco anos mais velho que eu, mas sempre foi o meu melhor amigo. — Ele é o meu melhor amigo, sempre contei tudo pra ele. Tudo mesmo, meu irmão e meu amigo, não sei viver sem ele. — Já eu e minha irmã nunca trocamos nenhuma experiência, ela sempre foi muito fechada, e sem contar que tudo que eu faço, para ela não é bom, não presta. Kira dá de ombro. Sinto a sua tristeza, seguro a sua mão e sorrio para ela, que me devolve o sorriso. — Mas hoje você tem a Bia e a mim, e nós torcemos por você e estamos aqui pra tudo. Nos abraçamos e sinto que ela ficou mais leve. — Vou te contar uma coisa... O meu irmão tem uma enorme queda pela Bia. Esse trouxa a teve nos seus braços, mas não soube guardar o pau dele dentro da calça e perdeu ela para o Fernando. Vejo que os olhos dela faltam saltar de seu rosto. — Então foi por isso que no dia do casamento deles, o Fernando não deixou ela dançar com o seu irmão? — Sim! E olha que eles eram amigos, agora mal trocam um aceno de cabeça. Mas meu irmão não é fácil. — E você? Também não é fácil. — Eu descobri que é melhor ser solteira que ter um traste do meu lado. — De uma certa forma, eu tenho que concordar com você. — Estou com fome, acho que vou pedir alguma coisa para comer. — Eu preciso voltar para casa, não quero que a tia Lucinda se preocupe comigo. — Ela não vai se preocupar, você está comigo! Vamos fazer o seguinte, vamos sair e comer alguma coisa e depois eu te deixo em casa. — Nós já bebemos... — Sim! Por isso vamos de uber. — Ok!

Chris Estou jogado no meu sofá assistindo um programa qualquer, tomando uma cerveja com o meu Brother Capuxo do meu lado fazendo companhia. Meu estômago ronca e resolvo ir na geladeira ver se tem algo para comer, olho tudo e não encontro nada, olho os armários e nada. — Porra, Capuxo! Por que você não me avisou que a dispensa está vazia? Vou até o meu quarto e pego uma camiseta, dou mais uma olhada na geladeira e vejo que tem só uma garrafa de cerveja. — Temos que abastecer a geladeira, Capuxo. Cuida da casa que eu não vou demorar. Pego a chave da minha moto, mas desisto, acho melhor ir de carro e vou atrás de um lugar para comprar cerveja e alguma coisa para comer.

Fiz o meu pedido e estou sentado esperando quando eu enxergo as duas chegarem sozinhas. Desde o casamento dos nossos amigos, eu não a vejo. Eu não sei o porquê essa mulher foge de mim como o diabo foge da cruz. Fico de longe observando-a, ela fala alguma coisa engraçada, pois a Kira não para de rir dela. Eu começo a sorrir também, eu sei o quanto ela é divertida e boca suja. E que boca! Só a boca não, tudo nela é gostoso pra caralho! Sinto o meu pau dar sinal de vida. — Caralho! Eu preciso parar de pensar essas coisas. Desvio o olhar da direção delas, foco em uma loira que eu ainda nem tinha percebido que estava me secando, dou um sorriso e pisco pra ela. — Senhor, está aqui o seu pedido. — Valeu, cara! Me levanto e pego o meu lanche e vou na direção das duas gatas que estão parecendo duas matracas. Me sento de frente pra Clara, e vejo o seu sorriso desaparecer. — E aí, gatas! Que coincidência! — Oi, Chris! Kira fala toda animada sorrindo para mim, já a gata selvagem me olha com vontade de me despir, seu olhar não nega que ela quer me usar mais uma vez.

— Chris, eu já renovei o meu visto. Obrigada pela ajuda. Segunda-feira estarei lá no horário combinado. Clara vira o pescoço na direção da Kira parecendo a menina do exorcista. Isso aqui está ficando melhor do que eu imaginei. — Vou estar te esperando, gata. Para mim vai ser um enorme prazer. Seguro a mão de Kira beijando-a e dou uma piscada para ela, pelo canto do olho vejo que os olhos da gata selvagem estão para saltar do rosto dela. Me viro para ela e solto um beijo no ar, me levanto e vou embora, rindo da cara dela de perplexidade. — Chupa essa, gata selvagem! Clara Mas que porra foi essa? O que eu perdi aqui? Olho pra Kira que está com um sorriso enorme na cara, e o filho da puta sorri descaradamente para ela, mas eu sei que ele está fazendo isso para me provocar. Ele está quase conseguindo... Ah! Mas se ele pensa que eu vou cair na dele. Seguro a minha língua para não dá bandeira, mas estou muito desconfortável em ver ele todo galante com a Kira. Ele vai embora e eu fico consumida pelo ciúme, a minha respiração está pesada, eu nunca engoli, desaforo, raiva, nada! E não está sendo fácil engolir a porra de um ciúme infernal que estou sentindo desse Thor do caralho agora. — Senhoritas, o lanche de vocês. Olho para o rapaz que chegou com um sorriso no rosto que some na hora com a cara de raiva que estou. — Obrigada! Kira responde muito simpática, ela me olha e percebe que a minha fisionomia mudou. — Clara, você está bem? Secamente eu respondo. — Estou ótima! Vamos embora que eu preciso cagar! Ela me olha horrorizada. Eu passo por ela andando o mais rápido possível para o ponto de táxi mais próximo. Antes de chegar no ponto, vejo o ordinário do Thor escorado na janela do carro de uma loira com cara de filme pornô. Sinto o meu corpo todo entrar em erupção, perco totalmente o controle e caminho na direção deles. Ele está de costa pegando no cabelo da loira que está

toda derretida. Kira olha de mim para ele, ela caminha do meu lado falando no pé do meu ouvido. — Clara, vamos embora, amiga. Não dou ouvido para ela sigo o meu caminho, vou acabar com essa cantada barata dele e tirar o sorrisinho da cara dessa vaca. — Então, é aqui que você está, seu filho da puta? Enquanto eu fico em casa cuidando dos nossos quadrigêmeos sozinha! A cara da loira vai no chão, Chris franze a testa e me olha com curiosidade. Kira está do meu lado, coitada, está morrendo de medo do que vou armar aqui. — Responde, seu bastardo! Eu sinto que o meu ciúme está palpável, estou fazendo um esforço enorme para não arrancar essa loira safada de dentro do carro. Lembram, meninas, quando falei que eu e a minha periquita não podemos ter esse boy? É por causa disso, esse cachorro safado tem poder sobre mim. Eu não vou conseguir me controlar toda vez que eu ver uma piriguenga perto dele. Porra! Caralho! O que eu estou fazendo aqui? De repente, Chris não está mais com a cara de surpreso, mas sim de ordinário que ele é. Puta que pariu! Agora ele entendeu o meu jogo.



Chris O que essa maluca está falando? Quadrigêmeos? Só se for os gatinhos do Capuxo. A gata que está dentro da carro está apreensiva, coitada, não sabe onde se meteu. Clara está vermelha, ela está para trincar os dentes. Peraí! Essa gata quer atrapalhar a minha foda de hoje? Ela pensa que está atrapalhando, pelo contrário, ela está me ajudando. Dou um sorrisinho cínico para ela. Agora ela se deu conta da merda que fez. Tarde demais para dar pra trás, gata! Me viro para a loira, dou o meu melhor sorriso e digo: — Loira, eu sinto muito, mas o Thor foi descoberto pela sua gata selvagem... Não consigo terminar a frase, Clara vem na nossa direção gritando: — Thor é o caralho! Só quem pode chamar ele de Thor sou eu! Eu tento segurá-la, mas ela ainda consegue puxar o cabelo da loira. A boca suja dela entra em ação, seguro-a pela cintura. A loira segura na mão dela para tentar soltar o cabelo, Kira entra no bolo para ajudar a loira. — Clara, amiga, larga o cabelo da moça! — Sua louca! Solta o meu cabelo! A mulher tem uma força do cão, até que Kira consegue abrir os dedos dela e soltar o cabelo da loira, que arranca com mais de mil no carro. — Me solta, Chris! — Vou soltar nada! Vamos, Kira, vou levar vocês para casa. Olho ao redor e vejo uma multidão nos olhando, alguns rindo e outros nos recriminando. — Podem cuidar da vida de vocês, seus porras!

Alguém grita algo tipo “vai domar a fera”, e todos começam a rir de mim. Coloco Clara dentro do carro, Kira entra no carro e senta no banco de trás e logo depois eu entro no carro. Sem olhar para ela, ligo o carro e saio em disparada para a minha casa. Clara está bufando do meu lado, ela não me olha diretamente, mas percebo que de vez em quando, me olha de canto de olho. Olho pelo retrovisor e vejo Kira passar a mão na testa, acho que ela nunca saiu com a Clara. — O que foi, gata? Não está se sentindo bem? Pergunto para Kira que não percebe que estou falando com ela. — Kira? — Oi... Você está falando comigo? Começo a rir ao ver o medo estampado na cara dela. — Não precisa ficar com medo de falar comigo, ela não vai te morder. Clara não me olha, mas revira os olhos e continua muda. — Olha, gente, eu achava que a Bia e o Fernando eram loucos, com ciúmes possessivos e mania de perseguição, mas vocês dois... Eu estou chocada com o grau de loucura. Balanço a cabeça concordando e sem querer entro num campo delicado. — A sua amiga que é cabeça dura, eu já falei para ela que o Thor aqui pode ser exclusivo dela. Eu sei, estou cutucando onça com vara curta, mas eu quero mesmo é atiçar a fera, depois eu a amanso embaixo de mim. Clara me fuzila com o olhar, eu mordo os meus lábios e pisco para ela, que vira a cara para a janela do carro. — Por que você está nos levando para a sua casa? — Porque eu quero! — Kira tem que ir para a casa. Tia Lucinda está esperando ela. Olho pelo retrovisor vejo Kira apreensiva olha de mim para Clara. Eu começo a sorrir, coitada da garota. — Do que você está rindo? — Gata, você está traumatizando a Kira. Clara se vira e olha pra Kira que não fala nada, só dá um sorriso amarelo para a mesma. — Desculpa, amiga! Eu estou de TPM, não sou assim no normal. Fez-se um silêncio sepulcral dentro do carro, até que nenhum de nós aguentamos mais segurar o riso e caímos os três na gargalhada, rimos tanto que a minha barriga começa a doer.

Chegamos na minha casa e somos recebidos pelo Capuxo e seu bando. Clara e Kira ficam dando mimos para eles, enquanto eu vou direto para a cozinha colocar minha cerveja para gelar e esquentar o nosso lanche no microondas. Volto e me encosto na parede enquanto molho a garganta e fico observando elas mimarem os meus bichanos. — Eu pensei que você tivesse mais gatinhos? Kira me pergunta. Quando penso em abrir a boca para responder, Clara responde por mim. — Ele castrou os bichanos para poder ficar com todos e não procriarem mais. Ela fala dando de ombros e Kira fica parada observando-a. Logo ela direciona o olhar para mim, mas quando volta a perguntar, não pergunta mais para mim, e diretamente para Clara. — E qual o nome de cada um? — Essa branquinha aqui é a Lady, e esses dois safados são o Tom e o Jola. — Mas não eram três gatinhos e uma gatinha? Opa! A conversa chegou num nível muito perigoso. — Tá bom, chega dessa conversa, meninas. Vamos comer, porque o Thor aqui está morrendo de fome. Me viro de costas para pegar o nosso rango, mas mesmo assim, escuto o que Clara fala para Kira. — O Fraji morreu, e o Chris não gosta de falar sobre isso. — Oh! Tadinho do gatinho. Depois que comemos e rimos bastante, fomos deixar Kira em casa e depois peguei o caminho da casa da Clara. Ela fica inquieta e me olha, mas não fala nada. Eu estou doido para me enterrar nela, estou louco de saudades dela, mas eu vou deixar ela em casa e vamos ver no que vai dar. Quando chego em frente ao prédio que ela mora, vou estacionar na frente do mesmo, mas ela não deixa. — Não, entra com o carro. Não pergunto nada, faço o que ela me diz. Clara tira o controle de dentro

da bolsa e libera a passagem, entramos e eu estaciono o carro, saímos e vamos direto para o elevador. Quando a porta do elevador se fecha, eu seguro-a pela cintura e a levanto encostando-a na parede. Clara passa as suas pernas no meu quadril, encosto a minha boca na dela, mas não a beijo. — Que caralho foi aquele lance de quadrigêmeos? Ela sorri para mim e puxa de leve os meus cabelos. — Só quem pode te chamar de Thor sou eu. Que porra foi aquela de se apresentar como Thor? Ficamos parados nos olhando. Meu pau estava tão duro que parecia ter vida própria, nossos lábios roçando um no outro, nossos olhos vidrados um no outro, até que o elevador apitou. Nós olhamos para a porta se abrir e um casal de idosos se assustam com a cena. Coitada da senhora, colocou a mão no coração, como se tivesse visto uma assombração, mas o vovozinho, esse gostou do que viu. Coloquei a Clara no chão, que se ajeitou com a maior cara de pau e cumprimentou o casal. — Oi, senhor e senhora Matarazzo. Tudo bem? A vovozinha nem respondeu, virou a cara. Quando o vovozinho tentou responder, a mulher deu uma olhada para ele, ele desistiu na mesma hora. Olharam para frente e fingiram que não estávamos ali. Eu comecei a rir e dei uma ajeitada no meu martelo. Chegamos no penúltimo andar, saímos os quatros. Nós dois na maior cara de pau cumprimentamos o casal. — Boa noite, senhor e senhora! A senhora nem nos olhou e o senhor educadamente nos desejou uma boa noite e seguiu a sua esposa. Mal entramos no apartamento e já nos atracamos, e como dois desesperados, vamos tirando a roupa um do outro. Encosto-a na parede. Clara está só de lingerie, puxo o sutiã dela pro lado e chupo desesperadamente o seu lindo e pequeno seio, a minha outra mão pincela o bico do outro seio dela. As unhas da gata selvagem passam pelas minhas costas. Porra! Essa mulher me deixa completamente louco! Levanto ela, que passa as pernas ao redor da minha cintura e jogo-a em cima do sofá. Eu começo a tirar a minha calça, mas ela bate na minha mão e eu paro, olho para o seu rosto e vejo a personificação da luxúria em pessoa. Hoje ela acaba comigo! Estou sem cueca e o meu martelão dar logo o ar da graça. Clara passa a língua ao redor da sua boca, segura ele, beija a cabecinha e começa a chupar. Fecho os meus olhos e deixo ser tomado pelo prazer que ela está me

proporcionando. Ela chupa o meu martelo com maestria, são poucas as gatas que conseguem fazer garganta profunda com ele, e essa gata entra na lista. Ela brinca com as minhas bolas, chupa uma e depois vai para outra e volta a dar atenção ao meu pau. Ela para de me chupar, abro os meus olhos e a vejo deitada no sofá. Ela abre as suas pernas e começa a se tocar, o seu olhar me enfeitiça, meus olhos correm o seu lindo corpo. Clara é uma mulher de estatura mediana, não tem corpo de modelo, pelo contrário, é encorpada, com uns quadris de dar inveja a muita mulher, uma bunda que me leva a loucura. Clara é a verdadeira mulher corpo de violão. Ela fecha os olhos e se entrega ao prazer que ela mesma está se proporcionando, eu me abaixo e começo e começo a chupar o seu gostoso corpo, começo pelos seus seios, vou fazendo a minha trilha, minha mão está por cima da dela. Clara tira a mão e me deixa fazer o seu trabalho, eu desço e chego em frente a sua linda e gulosa bocetinha, sem pressa nenhuma, eu começo a fodê-la com a minha e boca. Clara se abre ainda mais para mim, eu percebo que ela está para gozar, paro e ela me olha dou um sorrisinho mais cínico que posso para ela, que me olha sem entender. — O que foi? Por que você parou? — Porque eu quero fazer um acordo. Eu volto a dar atenção ao clitóris dela, Clara joga a cabeça pra trás e geme, enquanto eu chupo, mordo e fodo a sua gulosa bocetinha, eu vou falando. — Que tal... — chupada. — A gente... — mordidinha. — Voltar... — linguada. — a ter... — mais uma chupada. — Um rolo de novo? Ela se contorce e geme, mas quando houve a palavra rolo, ela para, mas eu não dou tempo para ela pensar e continuo o meu serviço, e ela se rende totalmente. — Diga Sim!. — Eu continuo — Senão eu paro! Eu continuo o que estou fazendo, percebo que ela tenciona um pouco, mas acaba cedendo e se entrega ao clímax que se apodera dela. Eu sorvo todo o seu néctar, ela está ofegante, com a pele rosada. Eu me levanto, pego uma camisinha e coloco o mais rápido possível, levanto-a do sofá, me sento e ela monta em cima de mim. Aperto a sua bunda com vontade, Clara puxa os meus cabelos e ficamos nos encarando. Enquanto ela dita o ritmo, ficamos nos olhando sem piscar. Estou louco para tomar a sua deliciosa boca suja, ainda não nos beijamos. Ela abre a boca e depois morde os lábios, eu não aguento mais e com uma certa brutalidade, a puxo para beijá-la, mas ela se esquiva. Eu começo a sorrir. Eu já disse pra vocês que essa gata é selvagem? Pois é, ela gosta desse

jogo de gato e rato, e eu entro na dela, porque eu adoro também esse jogo, mas eu amo mesmo é estar dentro dela, sentindo a sua bocetinha apertando o meu pau. Eu a puxo de novo, mas ela consegue se desvencilhar mais uma vez, até que eu me levanto e deito por cima dela, seguro o seu rosto e roubo o seu delicioso beijo. Sinto todo o meu corpo vibrar ao sentir o gosto de sua boca. O nosso beijo é desesperado, ela morde e suga a minha língua e depois dança com a dela. Ficamos um tempo só nos beijando, até que eu sinto ela apertar o meu pau. Isso mesmo, essa gata tem O poder. Clara é uma das poucas mulheres que sabe como apertar o pau de um homem, e isso... Caralho, isso é bom pra caralho! Sem perder mais tempo, eu começo a dar umas reboladas e estocadas fortes e fundas, fazendo com que ela se derreta embaixo de mim. — Aperta de novo o meu pau, caralho! Ela volta a apertar, eu soco mais fundo, fazendo ela gemer e apertar mais ainda o meu pau. Porra! Boceta gostosa do caralho! Ela arranha as minhas costas e começa a chamar pelo Thor, rebolo e fodo ela com vontade até que ela goza, a sua libertação intensa me leva junto com ela. Sua bocetinha gulosa ordenha o meu pau, me levando a uma explosão de prazeres e eu chamo o nome dela. Me deixo cair em cima dela, sem jogar o meu peso todo, ficamos em silêncio nos olhando, e pela primeira vez depois do sexo, Clara tem um gesto de carinho comigo. Ela passa as costas de sua mão no meu rosto e me dar uma resposta que me pega totalmente desprevenido. Eu fico sem reação olhando para ela.



Clara Eu jurei a mim mesma que nunca mais eu iria me apaixonar, que eu nunca mais iria me entregar a homem nenhum. Mas quem eu queria enganar? Eu estava passando por uma bela de uma mentirosa, e é uma coisa que eu abomino é mentira. Tudo nasce de uma mentira. E eu estava me enganando há muito tempo, para ser exata, desde o dia em que o vi naquela boate, eu não tive olhos para mais ninguém. Tentei me enganar com outras caras, fugi, disse não várias vezes. E pra quê? Estou aonde eu queria estar, embaixo dele, sentido o seu corpo no meu, e passando a minha mão no seu rosto sentindo a sua barba que tanto eu gosto quando ele me beija toda. Não quero continuar fugindo, não vou mais fugir. Eu quero me entregar para ele, mas por mim, porque eu quero muito estar com ele, só com ele. — Eu aceito me enrolar com você, mas precisamos deixar as coisas bem claras. Chris sai de dentro e mim, parece não acreditar nas minhas palavras, sinto um vazio. Fico em pé olhando-o com as mãos na cintura. — Olha, vamos deixar as coisas bem claras. — Ok! Me diga quais são as suas condições. – Ele fala enquanto tira a camisinha e dá um nó e joga ela no chão, se encosta no sofá coloca os braços atrás da cabeça – E eu digo as minhas. — O quê? Você tem condições também?

Olho desconfiada pra ele, que só me levanta a sobrancelha e sorri sem mostrar os dentes. — Bem, vamos as condições. – Começo a andar de um lado para o outro falando e gesticulando – Primeiro, em hipótese alguma, teremos outra pessoa, seremos fiel ao nosso rolo. — Concordo! Acho mais do que justo! — Certo! Nada de ficar no pé, tipo, – falo remendando – onde você foi? Ou, o que está fazendo? Essas coisas de namorados. Porque a gente não é e nem seremos namorados. Eu falo, mas estou afirmando e ele não tira os olhos do meu corpo nu. E continuo a falar: — Nada de dormimos juntos. Cada um na sua casa e, por último e não menos importante, sexo a qualquer hora e a qualquer momento que um de nós dois sentir vontade. Ok? Chris se levanta, ele é muito alto. Acho que ele tem um metro e noventa, enquanto eu tenho um e setenta. Ele caminha na direção da cozinha, e eu vou atrás dele. — Não vai dizer nada? Então é sinal de que concorda. Ele abre a geladeira, procura por alguma coisa parece que achou. Ele me oferece uma cerveja e eu aceito, me entrega uma garrafa e então se senta no balcão e fica de frente pra mim, exibindo esse corpo lindo que ele tem. Nossaaaa! Esse homem é um deus nórdico! Pelado, então! Porra! Lindo pra porra! Ele toma um longo gole, eu fico admirando o movimento do seu lindo pomo de adão, subindo e descendo. Até que cai um pouco de cerveja que vai descendo pelo lindo e trabalhado peito forte e passa pelo abdômen sarado e enche o umbigo dele de cerveja. Eu já estou toda excitada, minha boca está cheia de água, minhas pernas criam vida própria e vou até ele, com a minha língua, faço o mesmo caminho que a cerveja fez, até chegar no umbigo dele. Sinto ele puxar o meu cabelo, levanto o meu olhar que se encontra com o dele, dou um sorrisinho de canto de boca, Chris me puxa e toma a minha boca, ele dá leves puxões nos meus cabelos que causam tremores no meu corpo. Em um movimento, ele está de pé, me vira de costas para ele. — Segura firme o banco. Eu seguro na mesma hora e empino a minha bunda pra ele, e sem pensar, ele me penetra rápido e fundo, de uma única vez. Segurando o meu cabelo, ele para de socar e chega bem perto do meu ouvido e fala: — Eu concordo com tudo, menos com uma coisa, – rebola – eu não vou

contra, logo, logo você vai desistir dessa condição. Quando eu penso em abrir a boca pra perguntar, ele me fode com vontade, que eu começo a gemer. Seguro firme o banco, e Chris começa a passar a sua barba nas minhas costas, ele sabe que isso me deixa louca, e eu começo a rebolar e gemer alto. — Isso, gata selvagem, rebola no martelão do teu Thor! E eu me deixo ser consumida pelo clímax, sinto as minhas pernas fraquejarem, minha periquita começa a piscar e eu chamo o nome dele. — Thor... — Ai, caralho! Como eu gosto de ouvir você chamar o meu nome quando está gozando no meu pau. Ele mete mais rápido e fundo, então escuto ele urrar e chamar o meu nome. Eu sinto a sua respiração pesada no meu pescoço, ele começa a me beijar e diz: — Que comecem os jogos! Balanço a cabeça e digo: — E que a sorte esteja sempre ao seu favor! — Gata, eu tenho uma condição. — Qual? — Não quero usar camisinha. Puta que pariu! — Porra, caralho! Você não sabe controlar esse pau não? — Ei! Eu fui atacado por você, isso quer dizer que a culpa é sua, que me atacou. — Caralho, Thor! Você quer me encher de filhos, é? — Não seria uma má ideia ver umas gatinhas selvagens correndo pela casa, e um Thorzinho com um martelo na mão atrás delas. Puta que pariu! Viajou! — Olha, se for pra começar com essas conversas, melhor terminar esse rolo... — Tá bom! Não está mais aqui quem falou! Ele vai pra sala, eu tomo um gole da minha cerveja, quando escuto a porta bater. Largo a bebida em cima do balcão e corro para a sala que está vazia. — Ele foi embora! Fico com uma sensação horrível dentro de mim. — Ah! Mas se ele pensa que vai embora, tá muito enganado! Pego o meu vestido e jogo por cima do corpo, olho para um lado, olho para o outro e não vejo a minha calcinha. — Que merda! Vou sem calcinha mesmo.

Abro a porta, não vejo ninguém no corredor, vou para o elevador e aperto os botões. — Anda, caralho! Mordo os lábios, bato o pé no chão de tão ansiosa que estou, olho para um lado e olho para o outro. Até que um dos elevadores apta e a porta se abre, eu entro e aperto o botão do térreo. Parece que passei horas dentro do elevador, até chegar no térreo, saio e corro na direção de onde deixamos o carro e encontro só o lugar vazio. — Ele se foi. Dou meia volta e volto para o meu apartamento me sentindo tão só, e com uma sensação horrível dentro de mim. Pego o meu celular, olho para as horas e vejo que são quase três da manhã, procuro o número do meu irmão e ligo para ele. Chama até cair na caixa de mensagem. Ligo de novo, e de novo, e de novo, até ele atender. — Caralho, Clara! — Eu te acordei? — Não! Mas como sempre, atrapalhou a minha foda! Bufo do outro lado da linha. — Lembra o que o papai disse? — É sério que você me ligou pra me perguntar o que o papai me disse? — Seu leso, o papai disse pra você cuidar de mim! E eu preciso de você! — Aconteceu alguma coisa? Escuto a voz de umas mulheres ao fundo, perguntando com quem ele está falando. — É minha irmã! Clara, está tudo bem? — Maninho, eu quero dormir contigo. — Clara, eu ainda estou puto contigo! — Porra! Eu te livrei de uma foda mal dada, e você ainda está com raiva de mim? Ele começa a rir, já sei que ele não está com raiva de mim. — Tá, daqui a uma hora eu desço. — Não demora, por favor! Eu preciso de você. — Brigou com quem, Clara? — Com ninguém. — Mentirosa! Eu sei que tu brigou com alguém, quando eu descer a gente conversa. Beijo, gostosa! — Beijo, gostoso! Desligo o telefone e vou para o meu quarto, tomar um banho e esperar o

meu maninho. Acordei com César dormindo ao meu lado de bruços, nem vi que horas o filho da mãe chegou. Dou um beijo nas costas dele e me levanto, vou tomar um banho pra acordar para a vida, hoje é domingo e quero aproveitar o dia. Quando saio do banheiro o meu maninho não está mais na cama, vou atrás dele pelo cheiro do café. Meu irmão é movido a cafeína, pode não ter nada pra comer, mas se tive café, pra ele está ótimo. — Bom dia, gostosa! — Bom dia, maninho! Ele me serve café e empurra um pãozinho, olho para ele desconfiada. — Eu demorei tanto assim no banho que deu até tempo pra você comprar pão? — Uns vinte minutos, mas eu sou um homem precavido, e não me alimento de grãos. Não sou galo pra comer só grão. — Então, eu sou galinha por preferir comer cereal com iogurte no café da manhã? — Jamais quis dizer isso. Eu tenho uma irmã que é quase uma ninfomaníaca, mas nunca uma galinha! Começamos a rir, mas vejo meu irmão ficar sério e tomar um gole do seu café e começa a mastigar o seu pão e pergunta com a boca cheia. — O que aconteceu ontem? Faz muito tempo que você não pede pra eu dormir com você. Respiro fundo, não queria falar sobre esse assunto, é algo que venho fugindo há muito tempo. Mas eu preciso botar pra fora, então falo antes de desistir. — É o Chris. Eu não aguento mais fugir do que sinto por ele, e ontem por acaso nos encontramos numa praça de alimentação, e eu não me controlei quando eu vi ele de papo com outra mulher e... você já sabe. — Coitado! Eu semicerro os olhos para ele e dou um beliscão no seu braço. — Aí, caralho! Isso dói! — Fique sabendo que ele me pediu em namoro! — Namoro? — Tá! Namoro não! A gente ficou de ter um rolo, e eu impus umas condições e ele aceitou.

— E qual o problema nisso? O maluco aceitou, deveria estar feliz. — O problema é que ele foi embora, e eu não gostei dele ter ido embora. — Ele já descumpriu a condição? — Não! Ele cumpriu uma das condições. César arregala os olhos, termina de tomar o café dele e fica mudo olhando para parede. — Você não vai falar nada? — Falar o quê? O cara só fez o que tu impôs ao rolo de vocês. — Mas eu não gostei dele ter ido embora! — Então você vai ter que rever as suas condições. Olha, maninha, eu sei que esse seu rolo com o Chris já tem tempo, se agora você decidiu dar uma chance a si mesmo, porque não faz logo o certo. — Tenho medo. — Algumas vezes na vida, nós temos que arriscar. Nada é certo, e por não termos a certeza de nada, isso gera medo. — Vou deixar acontecer naturalmente. — Isso! E sem reservas, para depois não se arrepender de nada, maninha. – Meu maninho vem até mim e me abraça por trás – A vida só é uma, e temos que viver intensamente. — Eu te amo, sabia? — Claro que eu sei, faço tudo por você! César beija o meu rosto, meu irmão, meu melhor amigo, não sei o que seria de mim sem ele. Chris Estou num sono tão bom, quando alguém insistentemente liga pro meu celular, passo a mão no criado mudo atrás do aparelho até que encontro e olho pra tela e vejo o nome Clara estampado. — Oi, gata! Sentiu saudades do teu Thor? — Oi, Chris, dá pra você autorizar a minha entrada. O cara que está aqui não deixa a minha pessoa entrar. Esse cara é novo ? — Sim, gata, ele está tirando as férias do Ed. Passa o telefone pra ele. — Ele quer falar com você. Clara passa o telefone pro novato e eu vou logo falando pra ele: — Libera aí a minha gata selvagem. — Sim, senhor! — A entrada dela é liberada nessa residência. — Entendido, senhor.

Levanto da cama, vou direto pra porta, abro, e me escoro nela cruzo os braços. Estou só de box branca e com a famosa ereção matinal para darmos bom dia a nossa gata selvagem. Ela vem no seu Mini Cooper vermelho com óculos escuros, estaciona e sai toda cheia de si, se eu não conhecesse a gata, diria que era uma daquelas patricinhas arrogantes e preconceituosas que só pisam no chão porque é o jeito. Mas a minha gata não, ela é patricinha, mas gosta é de um barraco, com ela não tem frescura não. Ela vem desfilando na minha direção, está com um vestido branco de alcinha, não é colado, mas modela muito bem o seu corpo. Clara já viu a minha ereção, ela abaixa um pouco o óculos só para ter certeza do que vê. Eu abro um sorriso safado pra ela e faço um gesto com a cabeça pra ela entrar. Clara para bem na minha frente e passa a mão por cima da minha ereção, ela me encara e morde os lábios, fica na ponta dos pés e sussurra bem perto da minha boca. — Bom dia... Thor! — Bom dia é o caralho! Eu tomo a sua boca suja, levanto-a pela cintura, ela passa as pernas na minha cintura, seguro firme na sua deliciosa bunda e com a mesma fome que eu, me devora com a sua boca. Com a boca grudada na minha ela começa a falar sem parar de me beijar. — Você é um grande filho da puta! — Não ofende, senão eu paro! — Para é o caralho! Entro com ela, fecho a porta com o pé, e imprenso ela na porta mesmo, puxo a sua calcinha pro lado, puxo o meu pau pra fora e sem contestar, a penetro fundo. Ela geme na minha boca e aperta o pau deliciosamente com a sua boceta. Porra! Caralho! Clara me beija e morde os meus lábios, suas unhas estão cravadas nos meus bíceps. Sinto sua boceta sugar mais ainda o meu pau, ela começa a sussurrar na minha boca. — Rebola... Gira esse martelo dentro de mim! Faço o que ela pede, rebolo bem gostoso e devagar. A sua cabeça cai para trás, encostando na porta, repito os movimentos e ela começa a chamar o meu nome. Eu perco o meu controle e começo a socar rápido e com força, até que ela goza junto comigo. Minhas pernas tremem, meu corpo todo se arrepia, e sua deliciosa boceta ordenha toda a minha porra. Encaixo a minha cabeça entre seu ombro e o seu pescoço. Escuto as

batidas do seu coração, está acelerado igual o meu, beijo bem em cima do seu peito. Levo a minha boca até a dela, e a beijo docemente. Ela puxa o meu cabelo, eu abro os meus olhos que encontram os delas, nossas bocas ainda estão coladas, ela franze a testa e dispara: — Por que você foi embora da minha casa? — Porque você ia estragar tudo. Ela fica surpresa com a minha resposta e arregala os olhos e faz um O com a boca. Ela faz menção de querer descer, eu saio de dentro dela e a coloco no chão. Clara ajeita o seu vestido, passa a mão no seu cabelo, e vai logo falando com autoridade. — Eu não ia estragar nada! Começo a sorrir e vou andando na direção do meu quarto, ela vem atrás de mim. — Ah! Você ia sim! Antes que você dissesse que NÃO, eu fui embora. Entro no meu quarto, ela vem falando sem parar atrás de mim. — Eu não ia dizer NÃO! Eu já tinha aceitado o nosso rolo, você que foi um grosso, insensível... Me deixando sozinha! Começo a balançar a cabeça e rir dela. Clara foge de tudo que se refere a compromisso. Há mais ou menos um ano atrás, quando eu fui acompanhar o Fernando no resgate de sua prima, nosso lance começou a ficar sério, e quando ela se deu conta disso, o que foi que ela fez? Começou a fugir de mim, e como eu não tinha certeza dos meus sentimentos por ela, não fui atrás. Porém, o destino sempre nos unia, e nisso eu percebi que eu não queria só uma foda casual com ela, eu queria mais. Só que a gata selvagem não queria mais, e eu para não me machucar, me afastei dela, mesmo querendo muito estar com ela. Tiro a minha box que está toda suja de porra, me viro pra ela que está com a mão na cintura me olhando com aquele ar de mandona e menina mimada que eu tanto amo. Puxo ela para perto de mim e começo a tirar o vestido dela e vou falando pra ela. — Nós não vamos falar de compromisso, pois eu sei que isso te assusta. Nada de namoro, nada de dormi na mesma casa, nada de filhos, nada de cobranças, nada dessas porras que um casal normal faz e fala. – Sinto a sua insegurança quando cito essas coisas que casais fazem – Ah! E nada de andar de

mãos dadas, quando a gente sair juntos, porque isso também é coisa de casal. Ela me olha e vejo uma grande interrogação na sua cara, já tirei toda a sua roupa e a levo para o banheiro junto comigo, pois a minha porra está escorregando pela sua perna.

Clara Quando saímos do banho, Chris me deu uma calcinha minha que eu tinha esquecido alguns meses atrás na casa dele. — Você que lavou a minha calcinha? — Sim, algum problema? Olho pra ele admirada com a sua atitude e dou um sorriso pra ele e falo sem pensar. — Pois nem eu mesma lavo as minhas calcinhas. — Pois devia! Olho pra ele e balanço a minha cabeça em negativo. — O que você vai fazer hoje? Eu quero ir a praia. Vim te buscar para ir comigo. — Ótimo! Porque todo os domingos eu vou surfar. Mas, antes, preciso comer alguma coisa. — Cadê os gatos dessa casa? — Eles devem estar dando um rolé. Começo a andar pela casa atrás dos gatos e olho pela janela e vejo a mansão dele. Me viro e vejo Chris pegar frios na geladeira, pegar um pão e fazer um sanduiche pra ele, olho de volta para a mansão vazia. Entrei só uma vez nela, no dia do casamento da Bia com o Fernando. A minha curiosidade aguça, eu quero saber o que aconteceu, porque Chris não mora lá? Eu sei que ele perdeu os pais num acidente, ele nunca entrou em detalhes em relação a esse assunto. — O que você está pensando gata? Tá muito quieta. — Eu estava pensando no porquê de você morar aqui, e não lá. – aponto

na direção da mansão e Chris olha na direção em que apontei e não fala nada – É estranho, sabe? Eu só queria entender. Ele continua a mastigar o seu sanduiche e bebe um longo gole de um suco, volta o seu olhar para mim e diz: — A casa é muito grande só pra mim, não faz sentido morar lá. — Entendo, mas eu moraria lá. — Eu não! Ouço vários miados e vejo os gatos entrarem pela janelas, Chris come o último pedaço do seu sanduiche e vai colocar ração para a sua cambada de gatos. Eu me aproximo deles e começo a acariciar a gatinha Lady, ela parece gostar do cafuné e fica quietinha enquanto eu acaricio a sua cabecinha. — Bem que você podia me dar ela. — Eu não dou os meus filhos. Isso seria desumano. — Você não estaria dando para uma estranha, mas para mim que sou sua... Ai meu Deus! O que eu sou dele mesmo? — Minha amiga? Ele fala levantando as sobrancelhas. Fui pega desprevenida, a palavra amiga não me entra, fico com ela entalada na garganta. — Sim, sua amiga. — Eles para mim são mais que simples gatinhos, são meus filhos, companheiros e amigos. Com eles aqui não me sinto só, e sem contar que não me vejo sem nenhum deles. Olho para os cinco esfomeados, Capuxo e sua família, e me dou conta que Chris só tem eles. A gata mãe terminou de comer e agora vai até ele e fica se esfregando nele, até Chris a pegar no colo beijando-a e depois a coloca no chão. Ele repete o gesto com todos, mas com o Capuxo demora mais. Chris me olha e dar de ombros e eu sorrio pra ele. Ver como ele ama esses bichanos faz com que eu me apaixone mais por ele. Eu estou perdida! Chris Fomos na minha moto para a praia, Clara adora andar de moto, ela parece uma criança atracada nas minhas costas. As vezes, ela levantava os braços, mas era coisa rápida logo ela voltava a me agarrar. — Pronto, gata, chegamos! Ela desce e me entrega o capacete com um enorme sorriso no rosto. Ela é linda sem maquiagem, ao natural. Seus cabelos batendo no seu rosto, não

consigo tirar os olhos dela que está parada me olhando. — Vamos! Vai ficar aí parado me olhando? — Calma, gata, estava só vendo o quanto eu te faço bem. Ela franze a testa e me mostra a língua e eu começo a sorrir dela. — Como vai surfar se você não trouxe a prancha? — Nós vamos pegar a minha prancha na barraca do meu amigo, da última vez eu não pude levar ela para casa. Andamos um do lado do outro, uma enorme vontade de segurar a sua mão. Fico quieto, não vou assustá-la. Vou com calma, porque quando eu conseguir domar essa gata, ela não fugirá nunca mais de mim. — Por que você não pôde levar a sua prancha? — Quer mesmo saber o motivo? Ela para de andar e semicerra os olhos, eu dou um sorriso cínico pra ela que bufa de raiva e começa a pisar duro andando mais rápido do que eu. Balanço a minha cabeça, dou duas passadas largas e a alcanço. — Você perguntou! — E precisa ser sincero. — Claro, quer que eu minta? Ela para de andar e me encara, relaxa o corpo, passa a mão na testa e fala: — Não quero mentiras! Você está certo! – ela aponta o seu dedo pra mim – Mas agora nada de outras gatas. — ela fala remendando, eu bato continência pra ela. — Sim, senhorita gata selvagem! A puxo para os meus braços e roubo um beijo dela, seus braços passam pelo meu pescoço, seu corpo apetitoso se enrosca no meu, nosso beijo se aprofunda sinto o meu pau querer dar o ar de sua graça, até que escutamos alguém falar: — Vão para um motel! Clara me solta e sorri para mim, tento colocar os cabelos dela atrás da orelha, mas o vento não deixa, o seu sorriso some na mesma hora, então ela começa a andar, minha mão cai ao lado do meu corpo e eu começo a fazer o mesmo. Clara Coloquei o meu biquíni minúsculo, estou deitada pegando um bronze, Chris está pegando uma onda. Viro de peito pra baixo e solto o laço do biquíni para não marcar as costas. Meus pensamentos voam para lembranças nossas, no

apartamento da Bia, um sorrisinho brota nos meus lábios, sinto todo o meu corpo reagir as lembranças. — Tem certeza que você não vai dar para trás, gata? — Tenho, caralho! Quem sabe do meu cu sou eu! — Então tá, meu martelão é arrombador profissional, prometo que não vai doer... muito. Balanço a minha cabeça em negativo e mordo os meus lábios, nunca mais eu vou esquecer como é dar o cu. Começo a sorrir sem parar. Chris começa a chupar os meus seios, sua mão está em cima da minha boceta depilada, ele só a aperta, não sei por que ele não está me acariciando, isso está me matando. Levanto os meus quadris, mas ele não mexe a sua mão. — Me toca, caralho! — Calma, gata! Pra quê a pressa? Então ele começa a chupar e passar a língua por todo o meu corpo, quando ele chega no meio das minhas coxas, ele passa e chupa a minha virilha. Porra! Eu tento fechar as minhas pernas, porém não consigo, ele não deixa. Sinto a minha boceta cremosa, ansiosa por atenção, então ele enfia o dedo e tira, e bem devagar vai colocando no meu cu. — Não é isso que você quer? Ele fala com a voz rouca, estou de pernas abertas para ele, muito exposta. Sinto que todo o seu dedo entrou em mim, então ele começa a foder o meu cuzinho com o seu dedo, e a foder a minha boceta com a boca. Meu Deus! Essas lembranças estão me acabando! Me sento, e já vou amarrando o meu biquíni , meu corpo todo está pegando fogo. Quando termino de amarrar, me viro de frente para o mar, dou de cara com Thor conversando com uma mulher. Levanto os óculos, meu sangue agora subiu da periquita para a cabeça. Tento me controlar para não ir até lá, mas a safada não sabe falar sem tocar nele. Sinto o gosto do ciúme na minha boca, olho para outro lado, mas os cantos dos meus olhos insistem em olhar para eles. Chris segura a prancha e se apoia nela e ri de algo que a biscate diz. Eu mordo a minha boca, minhas pernas não param de mexer, até que ela põe a mão no peito dele e não tira, parece que a mão da desgraçada colou no peito dele. — Chega dessa palhaçada! Me levanto rápido e vou na direção deles, Chris se vira pra mim, a piriquenga acompanha o olhar dele e me vê, o sorriso dela some na hora quando me vê, ela tira a mão do peito dele, me ponho no meio deles, cruzo os meus braços. — Perdeu alguma coisa?

A menina fica muda, olha de mim pro safado que não diz nada, tenho certeza que ele está com um sorriso mais cínico na cara. — O que foi, garota? Perdeu a fala? Porque até há pouco tempo estava falando igual uma gasguita! — É... – a menina gagueja, e olha pro Chris – Tchau, Chris. A garota sai correndo sem olhar para trás, me viro de frente para ele que está com um largo sorriso na cara, eu dou um beliscão no seu peito e começo a andar, mas não dou dois passos e ele me segura e começa a andar para o mar. — Me solta, Chris! Ele entra no mar junto comigo e mergulhamos, quando submergimos, ele me beija e eu me rendo à seus beijos. Ele mergulha de novo, dessa vez sozinho e me puxa pelo pé, eu caio, mas ele me segura e me beija debaixo d’água. O ar acaba e saímos debaixo d'água e começamos a sorrir. — Vamos comer alguma coisa, gata? — Estou morrendo de fome! — Então vamos! Ele me dá um beijo casto, segura a minha mão e saímos do mar de mãos dadas, e eu só percebo que ainda estamos de mãos dadas quando chegamos até a prancha dele, que ele solta a minha mão para pegar a prancha. Eu fico sem graça, então eu não espero ele, vou andando na frente para pegar as minhas coisas. Chris me levou num restaurante onde ele almoça aos domingos depois que surfa. — Chris, meu filho! Uma senhora negra, baixinha e gordinha vem em nossa direção, ela o abraçava pela cintura e Chris beija o topo da sua cabeça com carinho. — Fá! Como a senhora está? — Bem melhor agora, meu filho! Por um instante eu pensei que não viria hoje! Ela fala com a mão na cintura olhando para cima com um enorme sorriso no rosto. — Não deixaria de vir comer aquela deliciosa feijoada de frutos do mar por nada! Ela sorri pra ela balançando a mão em um gesto de modéstia. — Dona Fátima, quero lhe apresentar uma amiga. Chris me olha e pega na minha mão, me fazendo ficar do seu lado. — Essa aqui é Clara. Clara, essa é a dona Fátima.

Ela me olha com curiosidade e me estica a mão, mas eu não a seguro, eu a abraço e dou um beijo. Pego ela de surpresa e o ar de desconfiança some do seu rosto e um enorme sorriso brota. — Mas que moça simpática e linda! Vamos, meus filhos, vou deixar vocês na mesa e preparar o seu prato. — Clara, você vai querer comer... — Não se preocupe, tenho certeza que vou adorar a feijoada de frutos do mar. Ela nos deixa na mesa, sorri para mim e dar uma piscada para Chris e nos deixa a sós na mesa. — Ela é muito simpática. Eu amei ela, Chris. — Eu também amo essa baixinha. — Fala como se ela fosse alguém muito importante pra você. — E ela é. Foi a minha babá. — ele coça a cabeça — Na verdade, ainda é, porque é ela que cuida das minhas coisas. Olho pra ele e dou um sorriso, fico feliz em saber que ele não é tão só, tem uma pessoa que cuida dele. Chris pede água para ele e uma cerveja pra mim, eu olho pra ele sem acreditar. — Não vai beber? — Estou dirigindo, vou deixar pra beber a minha cerveja quando chegar em casa. Nosso almoço chegou e estava uma delícia, comi que lambi os beiços. — Estava tudo delicioso! — Eu também gosto muito, ela faz cada comida gostosa. Vamos? — Sim, vou no banheiro. Me levanto e vou ao banheiro, me alivio e quando saio dou de cara com dona Fátima que sorri ao me ver. — Clara, eu sei quem você é, minha filha. Estou muito feliz que você tenha dado uma chance ao meu filho. — Chance? Nós somos apenas amigos, dona Fátima. Só amigos! O sorriso do seu rosto some, parece que ficou triste. Mas de repente ela volta a sorrir. — Não machuque o meu filho, ele tem um coração de ouro. E... Não negue a si mesma a felicidade, minha filha. Não faça isso consigo mesma. Ela me abraça e se vai , me deixando sozinha e sem palavras. Quando eu chego na mesa, Chris abre um sorriso ao me ver, ele se levanta e me estende a mão. Eu olho para a mão dele estendida, nossos olhos se encontram, Chris recua a mão e seguimos em um silêncio constrangedor até a

moto. Quando chegamos na casa do Chris, eu desci da moto entreguei o capacete, abri a bolsa e peguei a chave do carro e sem dizer nada fui caminhando na direção do meu carro. Antes de entrar no carro eu olho para ele, que está sentado na moto me olhando, sorrio e dou um tchau, Chris acena com a mão pra mim, mas não sorri. Nós ficamos parados um olhando para o outro, meu coração me diz para ficar, me entregar e viver cada momento intensamente, mas a minha razão me manda entrar no carro e ir embora, antes que eu não tenha mais controle do pouco que me resta de sensatez. E eu como a tola que sou, entro dentro do meu carro e vou embora com o meu coração triste. Um a zero para a minha razão!



Chris Não sei o que mudou depois que ela voltou do banheiro, ela novamente recuou, e a vontade era grande de passar o fim de tarde com ela embaixo de mim. Vendo ela partir assim com esse tchau, tive vontade de dar umas belas palmadas nessa bunda grande. O carro dela some do meu campo de visão, pego os capacetes e entro. Meus filhos veem me dar boas vindas, sento no sofá e pego um a um para beijá-los. Mas o Capuxo não vem, fica parado me olhando. — O que foi, cara? Ela não quis ficar, você queria que eu fizesse o quê? Capuxo parece não acreditar no que digo, e parece me chamar de frouxo. — Brother, você queria que eu a pegasse na marra igual você faz com a Marrie? — Me levanto e vou na direção da cozinha e Capuxo vem atrás de mim — Essa gata não é dócil, ela é selvagem. Eu tenho que ir com calma. Capuxo mia para mim, eu tomo um longo gole da minha cerveja, vou até ele e passo a mão nele. — Vai atrás da sua gata e me deixa aqui, porque amanhã começa o meu modo CEO cuzão. Vou para a frente da TV, ligo e fico mudando de canal, até achar um de esportes. Fico olhando para o jogo de basquete, mas a verdade é que não estou prestando atenção em nada. Meus pensamentos estão longe. Amanhã começo a trabalhar, e isso não me agrada. Sempre levei a vida de playboy, todo o patrimônio que o meu pai e o meu tio construíram, eu nunca tive interesse em assumir. Sou formado em engenharia civil só para dar orgulho ao meu pai, onde quer que ele esteja, mas eu nunca quis seguir o mesmo

caminho que ele. Gosto mesmo é de fazer o trabalho filantrópico da empresa, esse sim eu faço com gosto. Passo a mão pelos bolsos da minha bermuda atrás do meu celular e não acho, vou até a minha mochila e o encontro. Duas chamadas perdidas de Kira e uma mensagem. Leio a sua mensagem. Kira Oi, Chris! Você não me disse que horas eu tenho que estar na construtora. — Porra! Eu tinha esquecido da gata! Respondo a gata com outra mensagem. Esteja às 8:00 em ponto, odeio atraso! Aperto enviar e caio na gargalhada. Que se foda o atraso! Eu mesmo não me policio em relação a horário. Não demora muito e ela me responde. Kira Pode deixar! Estarei antes das oito. Volto a sorrir ao terminar de ler a mensagem. — Essa gata leva tudo ao pé da letra. Volto a olhar para TV e não está passando mais o jogo de basquete e sim um de futebol, tomo a minha cerveja enquanto passo o pé no Jola que está tirando uma soneca.

Chego na construtora às oito e quinze. Me atrasei de propósito, e eu sei que o meu tio não está muito feliz, já me ligou umas dez vezes, e eu não atendi de propósito. Coitado, deve está achando que eu não vou aparecer. Assim que entro no elevador, eu vejo uma morena correndo para pegar o mesmo elevador. Eu coloco a minha mão para impedir que a porta se feche, ela abre um lindo sorriso. — Obrigada! Eu estou atrasada, meu tio vai me matar! Olho para ela e sorrio sem mostrar os dentes. Ela fica me encarando, eu a olho sem entender o porque do seu olhar interrogatório em mim, então eu falo: — Eu também estou atrasado, e o meu tio também vai querer, no mínimo, arrancar uma das minhas bolas. A gata arregala os olhos, e tenta segurar o riso. Eu dou uma piscada pra ela e sorrio, ela não resiste ao meu charme e cai na gargalhada. Ela enxuga os cantos dos olhos e se apresenta pra mim me dando a mão. — Vanessa Gusmão.

Eu faço o mesmo e percebo que a gata tem um aperto de mão firme. — Christian Alencastro, mas pode me chamar de Chris. Ela arregala os olhos pra mim e abre a sua boca, parece que eu a surpreendi ao dizer o meu nome, quando ela começa a querer a falar, a porta do elevador se abre. Como cavalheiro que sou, dou passagem pra ela que sai e eu a acompanho, ela para e me olha com certa curiosidade. — Ah! Até nisso vocês dois combinaram. Vamos, estou esperando vocês há mais de dezoito minutos, para ser exato. Meu tio nos dá passagem para entrarmos na sala dele, assim que entro vejo Kira em pé com um bloco de anotações. Está com a secretária do meu tio, dou um aceno com a mão pra ela que me devolve um sorriso. — Sentem -se os dois. Vejo que já se conheceram, mas vou fazer as apresentações formais. Christian, essa linda moça é Vanessa Gusmão, filha de um grande amigo meu, Otávio Gusmão, professor e Reitor na faculdade federal do Rio. Mas Vanessa resolveu contrariar o pai e resolveu ser arquiteta, e para mim, ela é como se fosse uma sobrinha, já que cresceu lá por casa, tinha esperança que se cassasse com o seu primo Júnior. — meu tio fala com a voz triste, mas logo continua as apresentações. — E, Vanessa, esse é o meu sobrinho que tanto te falei, Christian. Ele vai precisar da sua ajuda para administrar enquanto eu estiver fora esses vinte dias. Olho para a bela morena ao meu lado, já vi que isso vai ser mais complicado do que eu imaginei. — A moça que você indicou já está devidamente contratada. Ela fala inglês e francês muito bem, o português dela está arrastado, mas o importante é que ela entendi muito bem o que falamos, e a minha secretária só vai sair de férias daqui a cinco dias. Vocês querem perguntar alguma coisa? — Tio... desculpa! Senhor Bernardo... — Não tem problema em me chamar de tio, Vanessa. — Tudo bem! Tio, por onde começo? — A sua sala é aqui do lado da minha, que agora vai ser do Chris... — Só por vinte dias! Eu falo com o dedo indicador pra cima, meu tio dar um sorriso de canto de boca. — Como eu ia dizendo, a sua sala fica aqui ao lado, a minha secretária vai te mostrar e logo mais estarei lá com você. Vou terminar de passar as coordenadas para o meu sobrinho. Vanessa concorda com a cabeça e segue a secretária do meu tio. — Bem, agora somos nós dois, Christian, e não adianta mais querer

fugir. Não mesmo! O dia temido chegou, agora não posso brincar mais de ser playboy, tenho que virar um adulto chato pra caralho, cheio de normas e regras numa rotina de casa e trabalho.

No meio do dia depois de tanto ver papel, instruções de como funciona tudo e participar de duas reuniões, saí para almoçar com a Kira. Estamos no térreo do prédio e vamos direto para o restaurante comer alguma coisa. — Como está sendo o teu primeiro dia de trabalho, gata? — Estou gostando muito. Pensei que ia ser mais difícil, fiquei até com medo, mas percebi que era menos complicado do que imaginei. Vejo no seu rosto que está satisfeita e feliz pelo emprego. Já eu, com tédio de tudo isso e louco que acabe o expediente para meter o pé daqui. No meio da refeição o telefone da Kira toca em cima da mesa e eu vejo a foto da Bia. Ela atende toda eufórica e começam a falar banalidades até eu escutar o nome da Clara, fico atento a conversa. Não que eu seja fofoqueiro, mas tudo que diz respeito a Clara, chama a minha atenção. Puxo o meu telefone do bolso do paletó e vejo que tem algumas mensagens. Duas do Fernando e cinco da Clara. Rapidamente abro a primeira mensagem. Gata Selvagem Oi ... Vamos nos ver hoje? ?? Opa! Ela quer me ver! Vamos ver a segunda mensagem Gata Selvagem É que meu maninho viajou pra nossa cidade e eu não queria ficar sozinha. ☺ Não consigo parar de sorrir. Estou gostando do que leio, mas essa gata aqui tá muito mansa, não parece a minha gata selvagem. Abro a terceira e vejo que a gatinha começa a colocar as unhas para fora. Gata Selvagem Caralho! Por que você não me responde, porra? Quer se fazer de difícil, é? ???????? Não me controlo e solto uma gargalhada. Essa é a minha gata selvagem e

de boca suja. Kira me olha com os olhos arregalados, parece que a Bia reconheceu a minha risada. — É ele mesmo. Tá bom, eu vou mandar. A Bia está mandando um beijo pra você. — Diz pra ela que estou mandando um pra ela e dois para minha princesa Nanda. — Você ouviu, amiga? Volto a ler as mensagens da minha gata, e eu me controlo para não rir tão alto. Gata Selvagem ???? Caralho, Thor! Me responde, seu porra! Enfim quando eu abro a última mensagem, meu sorriso some da minha cara, meu pau parece que viu a foto. Quando leio a mensagem, já estou de pé andando na direção do estacionamento. Gata Selvagem Te odeio! ?? Escuto Kira me chamar. Não consigo tirar os olhos da foto. — Ei! Aonde você vai? — Eu tenho algo muito importante para resolver. Avisa o meu tio que eu vou me atrasar um pouco. Chego no estacionamento, ainda bem que vim trabalhar de moto. Coloco o meu capacete e saio em disparada para o apartamento dela. Na velocidade da luz eu chego no endereço dela, estaciono a minha moto em frente ao prédio, me identifico ao porteiro que passa o interfone, ela libera a minha entrada. Ajeito o meu pau dentro da calça, ainda bem que essas calças sociais são folgadas. — Porra! Caralho! Quando a porta do elevador abre, eu dou umas três passadas e já estou em frente a porta do apartamento dela, que está entreaberta. Entro e a sala está vazia e vou na direção do quarto dela. Quando eu abro a porta e os meus olhos batem em cima da minha gata selvagem, meu coração para de bater por um instante, e quando volta, parece a bateria do salgueiro. Meu pau está pulsando dentro da minha cueca e a minha boca enche de água. Puxo o ar e a possessão toma conta de mim, eu quero essa mulher só para mim. Eu vou domar essa fera e ela nunca mais vai fugir de mim.

Clara Eu não consegui dormi a noite inteira, bolei de um lado para outro na minha cama, na minha mente martelava àquela horrível despedida. Eu socava a minha cara no travesseiro, estava com raiva de mim mesma. — Burra! Burra! Burra! Por fim, me levantei e fui para a cozinha beber uma água. Fiquei olhando a cidade com as luzes acesas e as lembranças do nosso encontro na boate vem na minha mente. — Ah! Deixa eu te apresentar a minha amiga Clara. Clara, esse é o...? — Chris! Me chamo Christian! Quando pus os olhos naquele deus nórdico, meu coração bateu desesperadamente. Senti um arrepio percorrer o meu corpo quando a sua mão tocou a minha, um sorriso enorme brotou no meu rosto, e a única certeza que eu tive naquele momento, era que eu queria ele. Meu corpo inteiro desejou ele e ainda deseja. Abraço o meu corpo, numa tentativa de amenizar o frio que o meu corpo senti do dele. A voz do meu irmão ecoa na minha mente: — Algumas vezes na vida, nós temos que arriscar. Nada é certo... — Nada é certo! Sussurro as palavras. Se Anastasia Steele não teve medo do desconhecido, ela encarou em nome do que ela sentia por aquele pedaço de mau caminho, por que eu, Clara Beatriz Monteiro, não vou encarar Thor Ragnarok? Já tomei a minha decisão, chega de fugir. Amanhã eu vou atrás do que é meu. Ou melhor, eu vou fazer ele vir de encontro comigo.

Acordo com muitos beijos no meu rosto. Passo a mão no rosto de quem

me beija, sorrio pra ele que beija a palma da minha mão. — Bom dia, gostosa. — Bom dia, gostoso. — Estou de partida para a nossa cidade, tenho que assinar umas papeladas lá, só volto na sexta à noite. Faço um biquinho, me sento e estico os braços e olho para ele com a minha cara amassada. Meu irmão está vestindo um terno com risca de giz, cabelo penteado para trás, o cheiro do seu perfume invadiu o meu quarto. — Eu pensei que talvez você quisesse ir comigo. — Eu tenho outros planos, maninho. — Tudo bem! – ele beija o meu rosto e se levanta – Se cuida! — Pode deixar. Ele se vai me deixando na cama, deixo o meu corpo cair na cama, fico olhando para o teto e um enorme sorriso toma conta dos meus lábios. Dou um salto da cama vou para o banheiro tomar uma ducha gelada. Abro a tela do meu celular, dou play na minha playlist e a voz de Ed Sheeran começa a ecoar no meu banheiro cantando Shape of You. Ao som dele eu tomo o meu banho e começo a me preparar para receber o meu Thor! A Sua Forma A balada não é o melhor lugar para se achar um amor Então eu vou para o bar Eu e meus amigos na mesa tomando shots Bebendo cada vez mais rápido, então falamos devagar e você vem aqui e começa uma conversa só comigo E confie em mim, eu vou dar uma chance agora Pegue a minha mão, pare Coloque Van Morrisson para tocar E aí nós começamos a dançar E agora estou cantando, tipo Estou apaixonado pelo seu corpo Como ímãs, nossa atração nos faz ir e voltar Mesmo que meu coração esteja se apaixonando também Estou apaixonado pelo seu corpo Termino o meu banho e vou pra cozinha comer um cereal com iogurte. Envio uma mensagem para Chris. Espero um retorno e nada, é quase meio dia. — Dormi demais! Termino a minha refeição, volto para o quarto e começo a mexer na minha gaveta de lingerie. Eu acho umas lingeries que comprei para usar com o

traste do Renato, e acabou que não usei nenhuma. Fico parada olhando para elas e uma indecisão toma conta de mim. — Será que eu devo usá-las? Mas elas podem me dar má sorte! Me benzo umas três vezes e bato na madeira. — Cruzes! Vou é tocar fogo nisso! Pego os três jogos de lingerie, que ainda estão com as etiquetas da loja, coloco dentro de uma sacola e deixo atrás da porta. Volto a olhar para a minha gaveta e escolho um conjunto preto que eu usei só uma vez. Visto e me olho no espelho, coloco a meia calça, um salto alto, passo um batom vermelho e me olho mais uma vez no espelho e gosto do que vejo. Pego o meu secador e só seco, quero está com um ar selvagem, porque eu sou a Gata Selvagem dele. Procuro o meu celular e não acho, quero ver se ele respondeu a minha mensagem. — Onde eu deixei o meu celular? Começo a procurar igual uma louca o aparelho. Refiz o meu trajeto até chegar na cozinha e vejo o aparelho em cima do balcão. Ansiosa para ver a resposta dele, quando abro a tela do celular, e para a minha surpresa, não há nenhuma resposta. — Não sou mulher de desistir! Escrevo mais uma e envio. Passa um minuto e ele nem sequer visualizou. A raiva começa a me dominar. — Ele quer se fazer de difícil! Ah... Bufando de raiva mando mais uma mensagem bem desaforada e nada da resposta e muito menos visualização. Bufo de raiva e mando mais uma mensagem exigindo que ele me responda e nada. — Me arrumei pra nada! O que será que ele está fazendo de tão importante que não responde? Olho para tela do celular com esperança de que ele me responda e nada. Penso em desistir, a tela do meu celular fecha e eu vejo o meu reflexo no aparelho. — Já sei! Vou para o meu quarto ajeito o meu celular na posição que eu quero, programo alguns segundos para dá tempo em fazer uma pose com carão. Tiro umas dez fotos e escolho a que mais me agrada, envio para ele e uma pequena legenda com um beijo. — Pronto, Clara! Não dá nem um minuto e ele começa a visualizar minhas mensagens,

mas não me responde. Me jogo em cima da cama, começo a me xingar mentalmente por ontem. Eu devo ter magoado ele, por isso não me responde. — Merda! E agora? Me sento na cama, olho tudo ao meu redor e vejo o meu casaco, me levanto da cama e vou até ele e o visto. — Se Thor não vem até Clara, Clara vai até Thor! Pego a minha bolsa e a chave do meu carro, quando abro a porta o interfone toca. Vou até ele e atendo, quando o porteiro me fala quem está na portaria, minhas pernas ficam moles, meu coração dispara e eu autorizo a subida dele. Olho na direção da porta que está entreaberta, deixo ela assim e vou para o meu quarto. Tiro o casaco, retoco o batom, passo duas gotas do meu perfume preferido. Ensaio varias poses, até que resolvo imitar a Paolla de Oliveira. Tiro o sutiã e a meia calça, fico só com o fio dental e de salto. Quando escuto os passos dele, vou para a porta que dá para a varanda do meu quarto, e fico de costas pra ele. Sinto o seu olhar sobre mim, sinto a minha pele arder, meu corpo queima de desejo. O clima do quarto muda, fica carregado de pura luxuria, sinto que o meu coração vai explodir. Viro a minha cabeça e por cima do meu ombro eu consigo enxergar possessão nos seus olhos verdes, minha boca abre, minha boca apesar de está com batom, sinto ela seca. Quando as suas mãos me tocam, eu sinto uma eletricidade correr o meu corpo inteiro. Chris não desvia os olhos dos meus, ele beija o meu ombro e passa o seu nariz pela minha pele até chegar na minha nuca. Meu corpo todo responde, sinto a umidade no meio das minhas pernas. Ele volta a me beijar, quando chega perto da minha orelha, ele morde o lóbulo dela e fala com a voz rouca. — Agora não existe mais rolo... – ele morde e puxa o lóbulo da minha orelha – A parti de agora Clara, você é minha! – Chris me segura forte, sinto a sua possessão por mim, meu clitóris lateja e eu começo a esfregar as minhas pernas – Só minha! A sua mão desce e vai de encontro com o meu sexo, seu dedo circula o meu clitóris, apoio a minha cabeça no seu ombro. Com a outra mão ele belisca os meus seios, uma mistura de prazer com dor. A sua barba arranha a minha pele quente, sinto o orgasmo se formar, uma mão eu seguro no tecido da sua calça, a outra mão está puxando os seus cabelos. — Goza pra mim, minha gata selvagem!

Chris não pede, ele ordena e o meu corpo obedece. Eu explodi num orgasmo tão poderoso, que as minhas pernas falham e Chris me coloca no seu colo e me leva para cama me deitando nela. Ele começa a tira a sua roupa sem pressa, meus olhos percorrem o seu lindo e trabalhado corpo musculoso, minha garganta esta seca e sedenta por ele. — Tira a calcinha. Ele manda e eu obedeço, minha boceta está cremosa e não para de piscar. Puta que pariu! Eu desejo esse homem ardentemente. Chris joga a última peça de roupa no chão e vem engatinhando na minha direção. O pau dele esta duro como um ferro, a cabeça rosada e pomposa enchem a minha boca de água, ele sorrir pra mim, já percebeu o que eu quero fazer. — Não! Agora eu quero sentir a tua boceta apertar o meu pau. Ele segura os meus pulsos, eu abro as pernas pra ele ter livre acesso, sinto a cabeça pomposa do seu pau roçar o meu clitóris, me fazendo sentir tremores de prazer pelo corpo. Até que ele entra fundo e duro em mim, me fazendo gritar de dor e prazer. — Te machuquei? Ele pergunta rebolando me fazendo perder os sentidos e a razão. — Não! Continua Thor... — Sim... Minha gata selvagem. Chris não para, ele me fode com força e diminui o ritmo, a cada rebolada, ele me leva há outro mundo, até que eu explodi num clímax poderoso. Chamando o seu nome desesperadamente. Quero toca— lo, mas não posso pois ele segura os meus pulsos. — Chris... — Oi — Me solta. Quero te tocar! Ele solta os meus punhos, eu seguro o seu rosto com as minhas duas mãos e tomo a sua boca desesperadamente. Ainda não tínhamos nos beijado, e eu estava sedenta pelo seu beijo. Chris goza e eu bebo cada urro seu, me enchendo do seu prazer. Nesse exato momento eu sinto que algo mudou dentro de mim, meu coração está cheio de Chris, só cabe ele não tem mais espaço pra ninguém. Chris sai de dentro de mim e deita do meu lado me puxando pra ele, e eu não recuso, quero muito sentir o calor do seu corpo. Ele beija o topo da minha cabeça. As minhas mãos passeiam pelo seu peito forte. — Gata.

— Oi Thor. — Você não tem mais escolha. Me apoio no peito dele e fico encarando—o , sua mão passeia pelas minhas costas e outra está atrás da cabeça. — Não tenho escolha? — Você me pertence! — Pertenço? — Sim, pertence! — Isso quer dizer que... — Você é minha gata oficialmente. — Pra mim está ótimo ! Ele me puxa pra cima dele, segura a minha bunda com força. E fazemos amor lento e gostoso sem pressa alguma.

— Quer dizer que você está trabalhando? — Sim, e estou atrasado, meu tio deve está doido atrás de mim. Chris fala colocando o paletó, puxa o telefone do bolso e faz uma careta. — Cinco chamadas perdidas da Kira. — Kira? — Ela começou hoje junto comigo, vai ser a minha secretária. Inclusive estava almoçando com ela quando vi as tuas mensagens. Não sei porque não gostei de saber que Kira vai ser secretária dele. — Gata, eu tenho que ir. Ele me puxa para um beijo, agarro o seu paletó, nosso beijo começa a se aprofundar, sinto a sua ereção na minha barriga, Chris me solta e sorrir pra mim. — Eu realmente preciso ir. Assim que sair, vou em casa tomar um banho e venho pra cá. — É... Mordo os meus lábios e sinto o meu rosto corar – Trás roupa para ir trabalhar amanhã. Chris fica parado, parece não acreditar no que eu falei. — Mas só se você quiser, é claro. Ele me beija e faz carinho com os polegares no meu rosto e sorrir pra mim. — Vou trazer. Chris me da um beijo casto e se vai. Eu fico olhando para porta fechada com um sorriso bobo no rosto, sem acreditar que eu consegui dar esse passo.

Chris Chego a construtora com uma hora de atraso, meu tio deve está querendo arrancar as minhas bolas de verdade agora. Quando entro na sala, ele não está. Encontro só a Kira, que me olha surpresa. — Eu pensei que estivesse fugido, seu tio ficou louco com o seu atraso. — Onde ele está? — Numa reunião com a Vanessa, disse que era pra você esperar aqui, caso você aparecesse. Sentei na cadeira e resolvi da umas lidas nos projetos que vamos executar. Duas horas depois, o meu tio entrou na sala com Vanessa, e pelo seu olhar, senti que a bronca vai ser grande. Vanessa me repreende com o seu olhar, eu levanto a sobrancelha pra ela, não me importo com que ela acha. — Vanessa, pode nos dar licença? — Sim. Com licença Assim que a porta se fecha, meu tio da um soco na mesa e aponta o dedo pra mim. — Você é um moleque irresponsável! Como eu vou viajar e deixar a construtora na mão de um irresponsável? — Tio, eu posso explicar. — Não quero saber das suas desculpas, Christian. Desculpas só é boa para quem dá. Amanhã eu não estarei mais aqui, e quem vai fazer o meu trabalho se você sumir? — A Vanessa. — Essa empresa não é da família da Vanessa. Essa empresa eu e o seu pai trabalhamos duro para ela chegar onde chegou, e não vai ser a sua irresponsabilidade que vai colocar todo esse sonho no chão. Seu pai não iria gostar desse Christian que só pensa em farras e mulheres. Fico calado desvio o olhar do meu tio, eu sei que ele tem razão. Se o meu pai estivesse vivo, com certeza, eu estaria trabalhando lado a lado com ele. Meu tio se senta na cadeira, passa a mão pela cabeça e aponta para a cadeira a minha frente. Eu me sento e ficamos em silêncio até ele voltar a falar. — Chris, você precisa entender que é o único herdeiro, não existe outra pessoa. Essa responsabilidade é sua. E eu estou com quase sessenta anos, daqui no máximo cinco anos, vou me aposentar, a direção dessa empresa é sua. Respiro fundo, passo a mão na cabeça e olho para o meu tio. Não quero

desapontar o meu velho, não importa onde ele esteja. — Tudo bem, vou assumir as responsabilidades de futuro dono. — Fico mais aliviado em ouvir isso. Mas posso saber o que foi tão urgente que te fez sair igual um louco? — Mulher. Meu tio não fica surpreso com a minha resposta, rir de canto de boca. Agora parece mais relaxado e diz: — Só uma mulher me faz sair correndo atrás dela. E é por causa dela que estou saindo de férias. — Eu não poderia deixar passar a oportunidade, ela é muito arrisca. Meu tio arregala os olhos e depois sorrir para mim, acho que ele entendeu o grau da minha urgência. — Bem, se ela vale a pena, então corra atrás dela. Só não esqueça que a construtora precisa de você. Concordo com a cabeça e voltamos ao trabalho. Meu tio só me largou às oito da noite, sai correndo pra minha casa. Atravesso o portão da minha mansão, passo por ela e vou para a minha casa dos fundos, e de longe eu vejo o Mine Cooper vermelho. — Porra! Essa gata tá na minha mesmo. Estaciono a minha moto e vou direto para dentro de casa. Estou louco de saudades dela, parece que não a vejo faz semanas. Quando abro a porta vejo Clara deitada no sofá, acho que caiu no sono. Aos pés dela, Tom e Jalo tiram uma soneca. Me abaixo, toco o seu rosto lindo. Dormindo parece um anjo, só dormindo, porque acordada... Carrego ela para o meu quarto e coloco-a na minha cama. Tiro toda a minha roupa e me deito ao lado dela, abraço-a por trás e durmo sentido o cheiro do seu cabelo de flores do campo.

Clara Abro os meus olhos e tento me situar, me dou conta que estou na casa do Chris. Sinto um cheiro delicioso de comida, minha barriga está roncando. Vou seguindo o cheiro delicioso da comida, quando chego na porta, eu paro e fico observando Chris se movimentar na cozinha. Ele está de bermuda e descalço. Lindo e sexy. Verifica a panela que está em cima do fogão, ele tira um pouco de arroz e experimenta, balança a cabeça, parece concordar com algo, depois desliga o fogo. Abaixa-se em frente do fogão e olha algo que está assando, e fica lá vigiando o assado. Passo o olhar na casa simples, não tem nada sofisticado. Ultimamente ela anda até mais arrumada do que o normal. Ao chegar do seu lado, eu me abaixo e Chris olha para mim sorrindo e me dá um beijo. — Estou esquentando uma carne assada que Fá deixou pronta, acho que será suficiente para nós. — Quer que eu arrume a mesa? — Não precisa, gata. Eu já arrumei. Levanto e olho para mesa e vejo ela posta, com pratos e talheres, guardanapo e um vaso comprido com uma rosa amarela dentro, fiquei encantada com o seu romantismo. — Que linda! Falo tocando-a. Eu não resisto e cheiro-a e um sorriso bobo fica estampado no meu rosto. Não consigo disfarçar e nem quero. Namorei mais de três anos com Renato e eu não me lembro de nenhum gesto de romantismo seu. — Está pronta! Chris coloca a carne em uma travessa e joga um molho por cima, e leva carne e o arroz para mesa. Eu ia puxar a cadeira para sentar, mas ele se

antecipou, puxou a cadeira como um verdadeiro cavalheiro. Olho pra ele fazendo uma cara de surpresa. — Eu não conheço esse seu lado estou surpresa. — Você não sabe muita coisa ao meu respeito, Clara. Ele fala enquanto vai para geladeira pegar algo. Realmente, eu não sei muita coisa ao seu respeito. Os nossos encontros não passaram de transas casuais, e quando ele tentou algo mais sério, eu fugi para Toronto. — Não tem vinho, mas cerveja nunca falta nessa casa. Servida? Concordo com a cabeça. Coloco um pedaço de carne na boca. — A comida está deliciosa, esse molho... hum, está uma delícia! — Fá cozinha divinamente, e esse molho é receita dela. Paro de mastigar e olho pra ele e para o meu prato. — Você está me dizendo que foi você que fez o molho? — Sim, fui eu! Só aprendi o básico para sobreviver. Ele dar de ombros e volta a comer. Terminamos o nosso jantar, eu começo a tirar a mesa quando sou surpreendida com seus braços na minha cintura e seus beijos no meu pescoço. — Deixa tudo aí, quero te mostrar uma coisa. Chris saiu me puxando pela mão para fora da casa e vamos caminhando por uma trilha. Em nenhum momento ele soltou a minha mão, no meu íntimo eu não queria que ele soltasse. Paramos no meio da trilha, eu me virei para ele e não entendi nada. Ficamos só nos olhando, seus olhos verdes pareciam enxergar a minha alma. De repente, a minha a respiração ficou rápida, meu coração batia forte. Ele levou a minha mão até a sua boca, sem os nossos olhares se desviarem. Deu um beijo suave na minha mão e sorriu para mim. — Gata, fecha os olhos. Sem contestar eu fechei os meus olhos, sentindo todo o meu corpo dar leves tremores de ansiedade. De repente sinto o toque de suas mãos desenhando a minha boca, o meu nariz, os meus olhos e a minha sobrancelha. — Chris... — Xi! Só sente o meu toque. Meu corpo todo se arrepia, minha respiração está pesada. Sinto o meu peito subir e descer. Seus dedos passam pelo meu queixo, descendo para o meu pescoço e ombros. Sinto ele puxar o ar e soltar, seu olhar queima a minha pele. O tempo está agradável, não está quente e nem frio, mas meu corpo treme como se eu estivesse com frio.

Sua mão passa por cima do meu colo, volta para o meu ombro e desce para os meu braços, quando chega nas minhas mãos ele entrelaça as nossas mãos. — Não abre os olhos. E eu me deixo ser guiada por ele, não andamos muito e ele solta a minha mão, vem para trás de mim. Sinto um cheiro maravilhoso de flores, puxo o ar para inalar mais do cheiro. Chris fala bem perto do meu ouvido. — Pode abrir os olhos. Quando eu abro os meus olhos sou surpreendida com um lindo jardim de rosas de várias cores, levo a mão até a boca e começo a andar pelo jardim admirada com tantas rosas de várias espécies e cores. — Chris, esse lugar é um sonho! — São as rosas da minha mãe. Ela era apaixonadas por elas. Me viro pra ele que está parado com as mãos no bolso da bermuda, olhando fixo para uma roseira branca. Fui até ele, que me deu um sorriso que não alcançou os olhos. Passei os meus braços na sua cintura, encostei a cabeça no seu peito, senti os seus braços fortes me envolverem e o seu queixo descansar na minha cabeça. Ficamos em silêncio, Chris não me disse nada, mas eu senti o tamanho da saudade que ele sente dos seus pais. Mas não é só saudades, vi nos seus olhos um o peso de algo que o assombra. Não perguntei nada, só queria que ele soubesse que eu estava ali com ele.

Acordo com um celular apitando, eu tento cobrir a minha cabeça com lençol, mas o lençol está preso embaixo de Chris que está com uma das pernas em cima de mim. O maldito do celular não para de apitar, bufo de raiva e começo a cutucá-lo. — Chris! Chris! Acorda! — Estou acordado! — Então levanta, porra! Esse celular dos infernos não está me deixando dormir! Chris me puxa mais pra perto dele, e eu o empurro batendo nos seu peito. — Levanta, caralho! — Cadê a Clara? Eu quero ela! Vai embora, gata selvagem! Começo a sorrir dele e dou um beliscão em sua barriga. — Ai, porra!

— Levanta! Não quero que o seu tio te deixe sem bolas! Chris abre os olhos e me puxa para cima dele, meus cabelos caem em seu rosto, ele olha para a minha boca e passa o polegar nela e me beija. — Você não pode se atrasar! — Mas quem disse que eu vou me atrasar? — Faz uns cinco minutos que a porra desse seu celular apita. Em um movimento rápido, eu já estou embaixo dele, sua mão passeia pelo meu corpo, até chegar na minha boceta. — Eu coloquei ele para despertar trinta minutos antes. — Por quê? — Porque eu tenho algo muito importante para resolver antes de ir trabalhar. Chris vai para o meio das minhas pernas e beija as minhas coxas, até chegar na meio delas. E antes de me chupar, me olha com um sorriso mais ordinário que eu já vi estampado no seu rosto, e me fode com a boca sem piedade. Eu quero fechar as minhas pernas, mas ele não deixa. Segura elas com firmeza, me fazendo gozar chamando-o de Thor. Com uma certa brutalidade, ele me vira e ordena. — Empina a porra dessa bunda pra mim! E eu faço sem demora o que ele me pede. Bem devagar ele me possuí, me levando a loucura, me fodendo sem pressa. E eu quero e preciso de algo mais bruto e carnal. — Mais forte, Chris! — Não... Ele fala com a voz rouca, eu começo a rebolar, mas ele continua sem pressa, então eu resolvo apertar o pau dele. Quando dou o primeiro aperto, ele me xinga. — Porra, Clara! Eu aperto e seguro por alguns segundos e solto, repito umas três vezes, até escutar o seu riso atrás de mim. — Caralho de boceta gostosa! Então ele começa a me foder com força, eu empino mais ainda a minha bunda. Sinto o seu dedo dedilhar o meu clitóris inchado. Descontrolada e perdida no meu bel prazer, eu sinto a minha boceta ordenhar o pau dele. Nossos nomes ecoam pelo quarto num gozo que leva todas as minhas forças, minhas pálpebras ficam pesadas, me levando para um delicioso sono pós foda. Acordei sozinha, Chris já tinha saído para a construtora, sento na cama e me espreguiço. Sinto um cheiro delicioso de café e lembro do meu maninho, que saudade que me deu dele. Sem me preocupar em colocar uma roupa, me levanto

e vou direto para a cozinha. Vejo a mesa posta com bolo, pães e um bilhete com uma rosa amarela em cima, abro o bilhete e leio em voz alta. Minha gata selvagem, alguém precisa trabalhar nessa casa, rs. Já estou com saudades! Seu Christian. Beijos. — Mas eu pensei que vocês fossem só amigos? Meu Deus! Saio correndo pelada para o quarto do Chris. Ela vem logo atrás de mim, coloco a blusa que ele usou ontem para ir trabalhar, quando ela entra no quarto já estou vestida. — Bom dia! Então, como ficou a amizade de vocês? — Bom dia, dona Fátima! — Ah, não! Pode me chamar de Fá, minha filha. E não tenha vergonha de mim. — Não estou com vergonha, só não esperava vê-la aqui. — Eu venho as terças e quintas cuidar da casa para ele, e deixar comida feita, senão ele só se enche de bobagens. Eu preciso cuidar dele e das coisas dele, senão isso aqui vira uma bagunça só. Venha, vamos tomar café, você deve está morta de fome, porque de uma coisa eu sei, esse meu filho gosta de coisar. Como assim gosta de coisar? O que ela está querendo dizer? — Eu não sou a primeira que a senhora viu por aqui? — Nunca vi outra mulher aqui além de mim. Pra uma mulher moderna, você me parece bem antiquada. Abro a minha boca fingindo espanto, e dona Fátima cai na gargalhada e eu a acompanho. De repente, o sorriso some de seus lábios, dando lugar a uma linha reta na sua boca. — Meu filho já passou muitas coisas, ele tenta esconder isso com farras e bebedeiras, mas eu sei o quanto ele sente falta dos seus pais, eles eram muito ligados. Era lindo ver o amor dessa família. E isso foi tirado do meu Christian, que sempre foi um rapaz atencioso, cuidadoso e muito amoroso. – ela sorri sem querer – Não que ele tenha perdido essa característica. — ela para de falar e respira fundo – Vem, você precisa tomar café. Ela sai do quarto e eu vou logo atrás, me sento na mesa e começo a me servir. — Você quer que eu prepare algo para almoçar? — Que isso, Fá, eu não quero dar trabalho, e também tenho que ir pra casa. Eu faço aula de balé. Ela para o que está fazendo e se senta na minha frente. — Você é bailarina?

— Não profissional, mas eu amo balé. — Eu acho tão lindo, apesar de que não entendo nada. — Como não entende? Claro que entende, seu coração entende e isso que importa. Logo vai ter uma apresentação e eu vou te levar. — Oh, não precisa se incomodar comigo. Ela levanta e volta para os seus afazeres. — Não é incômodo nenhum, é um prazer. E levaremos o Chris junto. — Meu filho não gosta dessas coisas, Clara. — Mas ele é um cavalheiro e irá nos acompanhar. Dou um beijo na sua bochecha e vou para o quarto tomar um banho, daqui a duas horas começa a minha aula de balé. Chris No meio da tarde, a gravata que estou usando parece que quer me estrangular, me levanto da mesa e vou olhar a cidade de cima. Afrouxo a gravata, e os meus pensamentos vão de encontro ao meu espetacular bom dia, eu fico duro só de pensar. Olho para o meu pulso ainda faltam umas duas horas para acabar o expediente, escuto a porta se abrir, me viro e vejo Kira com algumas pastas nas mãos. — A reunião começa em meia hora. Eu trouxe aqui o que você pediu. Ela coloca em cima da mesa e começa a organizar pra mim. — Kira, você pode trazer uma cerveja pra mim? Ela franze o cenho e eu dou um sorriso para ela. — Relaxa, eu estava brincando! Trás um café, por favor. — Por um minuto pensei que você estava falando sério. — Mas se você me trouxesse eu não iria achar ruim. Kira balançou a cabeça em negativo e continuou a organizar as pastas, a porta se abre e Vanessa entra na minha sala. A mulher não anda, desfila, acho que ela pensa que está numa passarela, até Kira para de fazer o que estava para admirar a entrada glamorosa da mulher. Kira vira o pescoço pra mim e fala só para eu ouvir. — Boa sorte! E se retira nos deixando a sós. Vanessa para na minha frente, faço um gesto para ela se sentar. Agora, me digam uma coisa, como uma mulher vem trabalhar com uma roupa dessas? Uma saia que vai até o joelho, mas tem a porra de uma fenda que vai até a metade da coxa, quando ela se senta sobe mais ainda. E a blusa? De

seda com um decote sutil, mas muito sensual. Porra, fica muito difícil não olhar! Uma semana atrás eu iria investir, mas hoje eu só conto as horas para me encontrar com a minha gata selvagem. — Christian, nós precisamos rever as pautas da reunião de logo mais. — Então vamos começar!

Quando saio do prédio da construtora na minha moto vejo Kira na parada do ônibus, ela segura a sua bolsa como se estivesse segurando a sua própria vida. Eu paro e as pessoas me olham com curiosidade, Kira me olha surpresa. — Sobe! — Não, está tudo bem. O meu ônibus está pra passar. — Sobe, vamos, vou te deixar em casa. Não custa nada. Ela reluta e algumas pessoas dão força pra aceitar a carona e por fim ela vem e sobe na moto. — Já andou de moto alguma vez? — Não! Eu tenho um pouco de medo. — Vamos, coloca o capacete e segura na minha cintura. Kira coloca o capacete, meio desajeitada sobe na moto. Tímida e meia sem graça, passa os braços em mim. Quando arranco com a moto, ela me aperta e começo a rir dela. Chego em casa louco para possuir a minha a gata, desde a hora que eu passei pelos portões e eu vi o seu carro, meu pau ficou duro e as minhas bolas estão doendo pra caralho. Abro a porta e não a vejo, passo direto pro meu quarto e assim que entro, vejo as suas coisas espalhadas por cima da minha cama. Escuto barulho de água cair e a Rihanna cantando, abro a porta e pelo box vejo-a dançando e cantando embaixo do chuveiro. Me encosto na parede cruzo os meus braços e fico me deliciando com a cena. Clara segura um vidro de xampu na mão como se fosse um microfone, a outra mão na cintura ela canta e rebola como a Rihanna faz no clip. Work, work, work, work, work, work

You see me I be work, work, work, work, work, work You see me do me dirt, dirt, dirt, dirt, dirt, dirt... Enquanto ela remexe a sua grande bunda, eu tiro a minha roupa vou até ela e a viro de frente pra mim. — Ai, que susto! Faz muito tempo que você está... — Tem um tempinho que estou vendo essa sua grande bunda rebolar. Levanto ela e a encosto na parede, Clara passa as suas pernas em mim, e sem preliminares, eu a penetro forte. Ela crava as suas unhas na minha carne, sem piedade eu fodo ela que geme até começar a chamar o meu nome. Sua boceta gulosa suga mais e mais o meu pau até que explodimos juntos. Sua cabeça cai no meu ombro, eu a beijo e coloco-a no chão, Clara segura o meu pescoço e me puxa para um beijo doce e terno. — Eu estava louca de saudades. — Eu não! Ela me bate no braço e me puxa pra mais um beijo. Fizemos amor lento e sem pressa, eu não queria sair de dentro dela por nada nesse mundo.



Clara Acordei com toques suaves pelo meu corpo que respondia com leves tremores pelo corpo, sua mão parecia uma pluma subindo e descendo nas minhas costas. Continuei com os meus olhos fechados, mas o meu corpo me entregava, respondendo ao seu toque, percebi que ele começou a sorrir. Com os olhos fechados abro um largo sorriso, sinto os seus lábios no meu ombro vai subindo, me beijando, e quando chega na minha orelha, Chris me surpreende cantando. Quero beber o mel de sua boca Como se fosse uma abelha rainha Quero escrever na areia sua história Junto com a minha E no acorde doce da guitarra Tocar as notas do meu pensamento E em cada verso traduzir as fibras Do meu sentimento Sinto que todo o sangue do meu corpo sumiu, meu coração para por um instante, sinto borboletas na minha barriga, minha respiração acelera. Fico imóvel ouvindo-o cantar para mim. Eu viro de frente para ele que me olha com seus olhos de esmeraldas, consigo enxergar todo o seu amor por mim. Ele continua a cantar docemente. Sua mão acaricia o meu rosto, seu amor, seu carinho e seu romantismo começam a me assustar. Que estou apaixonado Que este amor é tão grande Que estou apaixonado

E só penso em você a todo instante Engulo em seco, fecho os meus olhos e afasto o medo e as dúvidas para longe. Eu quero viver esse momento, que pode ser único na minha vida. ― Clara... Abro os meus olhos e ficamos só nos olhando, perecia que ele estava vendo a minha alma, insegura, ferida e cheia de medo. Muito medo de me entregar a esse amor latente dentro de mim. ― Você não está sozinha, eu também estou com medo. Eu o abracei forte, Chris retribuiu o abraço e beijou o topo da minha cabeça e continuou a falar. ― Eu não quero te assustar, mas eu não posso sufocar os meus sentimentos por você. Ele tenta me afastar, mas eu o abraço mais ainda. ― Olha para mim, Clara. Eu preciso te falar, mas eu quero que você olhe nos meus olhos. Aos poucos eu vou soltando do meu abraço e olho nos seus olhos. ― Clara, eu não vou e nem quero fugir do que eu sinto por você. Sem saber o que dizer eu só o escuto, mordo a minha bochecha até sentir um gosto de ferro na boca. Eu me sento, viro de costas para ele, coloco o meu cabelo atrás da minha orelha e escolho o joelho até o meu peito e o abraço. Chris se senta e bufa, sem me tocar, ele fala. — Eu quero você comigo, e quero de corpo e alma. Não foge de mim. Me deixa te amar! — Eu... — me levanto da cama e começo a andar de lado pra outro, coloco a mão na cintura e olho para ele, respiro fundo e começo a falar — Chris, eu sou uma mulher insegura. Quando eu te ligar e você demorar a atender, ou não atender, eu vou ficar igual uma louca pensando mil besteiras e... Se você demorar a chegar, e se você olhar para outra mulher, e... — Chris se levanta fica na minha frente, olho pra cima por que ele é muito alto. Ele está sorrindo para mim. — Cara, eu sou muito barraqueira. Eu vou te fazer muita vergonha, porque se eu pegar alguma vagabunda te olhando... — Eu aceito correr o risco! Eu solto o ar que estava segurando e começo a rir de alívio em ouvir ele falar pra mim que quer correr o risco. Mordo os meus lábios e pulo em cima dele que me segura firme e roda comigo, quando paramos estamos sorrindo. — Que música linda foi aquela que estava cantando... Pra mim! — Meu pai cantava para minha mãe todas as manhãs. Às vezes, eu ficava escondido vendo ele cantar para ela. Eles se amavam muito. — Você sente muita falta deles?

— Sim, todos os dias eu lembro deles. — Sinto muito! — Tudo bem! Agora eu queria te comer, mas o meu tempo não permite mais. — Nenhuma rapidinha? — Com você eu não gosto de rapidinha. Chris fala e já vai me beijando docemente e sorrindo ao mesmo tempo. — Uma rapinha, Thor! — Não! Eu gosto é de saborear, é mais gostoso! Ai caralho! Esse homem me deixa toda molhada falando isso. — Hoje eu tenho uma reunião às oito em ponto e não posso me atrasar, — ele fala e vai indo para o banheiro e eu volto a me deitar na cama — mas eu quero almoçar com você. — ele fala gritando do banheiro — Vou te esperar para almoçar na construtora. — estou me aconchegando para voltar a dormi — Tá me ouvindo, gata? — Sim! Que horas eu tenho que estar lá? — Meio dia! Ele fala gritando e eu respondo caindo no sono. — Estarei lá. Escolhi um vestido de malha fina na cor lilás com um cinto e calço uma rasteirinha, me olho no espelho estou simples, mas me sinto linda e a vontade. Passo um rímel e um gloss e pronto, vou almoçar com o meu Thor. Assim que entro no meu carro eu aciono a minha playlist e procuro a música que Chris cantou de manhã pra mim. Eu não contei para vocês? Como toda mulher apaixonada, assim que acordei, eu fui atrás da música e quando achei, adicionei na minha playlist e passei a manhã toda escutando e suspirando. Estou toda boba por conta disso! Ele cantou para mim! Faço todo o trajeto até o centro da cidade escutando e cantando a música. Quando entro no prédio dou de cara com Kira e uma mulher aparentemente de uns quarenta anos, Kira sorri quando me ver e vem na minha direção. ― Clara! Que surpresa boa! — nos abraçamos — Estou indo almoçar. O que você faz por aqui? Kira faz uma cara de desconfiada e levanta uma sobrancelha pra mim.

― Vim almoçar com o Chris. Ela sorri, mas não parece surpresa com a minha resposta. ― Ele está na sala dele. ― Já acabou a reunião? ― Sim, agorinha. ― Eu vou logo para sala dele, antes que ele pense que eu desisti. Dou um beijo e um abraço nela e vou para o elevador. Quando chego no andar vou direto pra mesa onde tem uma moça que sorrir pra mim. ― Boa tarde! Em que posso ajudar? ― Christian Alencastro ele está me esperando. ― Só um minuto. A moça liga para ele, passo o olhar na decoração moderna e elegante do lugar. ― Senhora? ― Clara Beatriz Monteiro. ― Clara Beatriz Monteiro... Sim, senhor... Eu vou lhe acompanhar até a sala. A moça me acompanha até a sala, abre a porta pra mim e eu agradeço a sua delicadeza comigo. Quando a porta se abre e eu entro na sala, estou com um enorme sorriso estampado no meu rosto, mas na hora que eu vejo a mulher se levantar da cadeira e olhar na minha direção, meu sorriso some na hora. Sinto que todo o meu sangue drenou para os meus pés. Olho pra rapariga da cabeça aos pés, a mulher está num vestido com corte quadrado que delineia muito bem o corpo dela. E que corpo! A porra da mulher parece uma miss. Magrela, alta, elegante e com um olhar fatal. Porra! Caralho! Porra! Caralho! Começo a me xingar mentalmente por ter escolhido esse vestido simples e uma rasteirinha. ― Clara! Chris vem na minha direção, já que eu preguei no lugar, não consegui me mexer, parecia uma estátua do templo. Não conseguia desviar o olhar da mulher e ela me olhava com certa curiosidade. ― Oi, gata! Pensei que tivesse mudado de ideia. Chris me dá um beijo na boca e segura na minha mão. Vira-se pra mulher e faz as devidas apresentações. ― Vanessa, essa gata aqui é a minha namorada. Clara, essa é Vanessa, ela está me ajudando a dirigir a empresa na ausência do meu tio Bernardo. Vanessa estende a mão pra mim, eu olho para a mão dela e mesmo

relutando, aperto a mão da vaca com cara de miss. Ela tem um aperto de mão firme e me dá um meio sorriso. ― Prazer, Vanessa Gusmão. — ela se vira para Chris — Bem, como tudo está resolvido, eu vou almoçar. Quando eu voltar, nós vamos sentar e ver os projetos do novo shopping da cidade. ― Ok, Vanessa. Até depois. Ela acena pra mim com a cabeça e sai da sala desfilando. Não gosto do que vejo e muito menos da insegurança que começa a se instalar em mim. Chris começa a me abraçar e me beijar. ― Eu estou louco de saudades de você. Estava contando as horas para te ver. Você está linda! ― Por que você não disse me disse que dirige a empresa com uma mulher? ― Você não me perguntou? E porque pra mim não tem importância. ― Mas pra mim tem! ― Gata, eu só tenho olhos para você e mais ninguém! Relaxo nos seus braços e retribuo o seu beijo, mas no final eu mordo a sua boca com um pouco de força. ― Porra! A Gata selvagem já está dando o ar da graça! ― Não gostei dessa Vanessa. ― Nem eu! Ela é pior que o meu tio de chata. ― Estou falando sério, Chris. ― E eu também. Você não tem motivo para sentir ciúme dela. Ela não faz o meu tipo. Passo o braço ao redor do seu pescoço e começo a enchê-lo de beijos e mordidas de leve. ― É? E eu posso saber qual é o tipo de mulher que te atrai? ― Bem, — ele segura firme a minha bunda ― Primeiro, gosto de mulher que tenha carne, muita carne! — suas mãos sobem e descem no meu quadril — Corpo de violão. — ele beija a minha boca olhando nos meus olhos — E que seja muito gata e selvagem, porque eu gosto de viver perigosamente. — sorrimos e nos beijamos com intensidade. Chris levanta a saia do meu vestido e puxa a minha calcinha pro lado e enfia o dedo na minha boceta. ― Está pronta pra mim? ― Toda hora! Ele circula o meu ponto do prazer, me fazendo gemer em seus lábios. Ele sorri pra mim e ordena. ― Deita no sofá, levanta o vestido até a cintura e tira a calcinha. Tiro a calcinha e deito no sofá, Chris vai até a porta e tranca quando se

vira para mim, vejo fome e desejo nos seus olhos, e isso me excita e muito. Abro as minhas pernas pra ele, quero que ele veja o que faz comigo. Chris desfaz o nó da gravata, engole em seco e me dá um sorriso cafajeste, daqueles de molhar a calcinha. A minha mão vai para o meu ponto máximo, mas ele não deixa eu me tocar. ― Não! Esse trabalho é meu! Sua língua toca o meu clitóris que está inchado e clamando por seu toque, sinto todo o meu corpo reagir, puxo os seus cabelos enquanto sinto a sua língua trabalhar divinamente me fazendo delirar de prazer. ― Chris... Ele não para, sinto o seu dedo me foder, e eu começo a arquejar o meu corpo. Meu orgasmo começa a se formar, meus pés começam a formigar, minhas pernas querem se fechar, Chris não permite segurando-as. Eu puxo os seus cabelos com mais força, até que ele chupa e morde o meu clitóris e eu explodo num orgasmo poderoso, gozando na sua boca. Ele sorve todo o meu néctar até a última gota. Sinto os seus beijos em cada coxa, sua barba na minha pele me incendeia. Chris se levanta e me chama. ― Vamos, gata, precisamos almoçar. Em uma hora eu tenho que está de volta. ― Mas... E você? Ele me ajuda a levantar do sofá, ajeita o meu vestido e depois segura o meu rosto com as suas mãos. ― Pra mim só importa você. E começa a me beijar, sinto o meu gosto na sua boca, aprofundamos o beijo. Sinto a sua ereção latejar por debaixo da calça. ― Mas eu quero satisfazê-lo! ― Clara, você já me satisfaz, não tenha dúvida disso. Eu não vou nem escovar os dentes, pois eu quero passar o resto do dia com o seu gosto na minha boca. Eu sinto o meu rosto ficar vermelho. E olha que pra alguém me deixar com vergonha é muito difícil, mas ele conseguiu essa façanha. ― Não acredito que ficou com vergonha. Ele cai na gargalhada e eu bato no seu braço. Saímos de mãos dadas para almoçar. Eu me sinto muito sortuda em ter um homem desse caidinho por mim, e além de tudo, romântico. Estou me sentindo uma princesa com o seu príncipe. Chris está conseguindo quebrar a muralha que eu levantei e eu estou amando me

deixar ser amada por ele. Como tudo que é bom dura pouco, eu tenho medo de um dia acordar e perceber que tudo não passou de um sonho.



Clara Almoçamos nas proximidades da construtora e estamos voltando a pé, de mãos dadas conversando banalidades. De repente Chris para e me puxa para dentro de uma loja, ao entrar, percebo que é uma loja de variedades. Vende desde de ursos de pelúcia a chaveiros, abajur e canecas. Ele some no meio dos utensílios e eu começo a olhar os objetos, vejo uma parede enorme só de chaveiros e começo a olhar um a um, e me encanto com duas sapatilhas de bailarinas. Quando tiro o chaveiro e ando pela loja esticando o pescoço atrás do Chris, eu dou de cara com uma prateleira cheia de super heróis. Olho para um lado e para o outro e não o vejo, começo a procurar pelo meu super herói preferido. Antes de conhecer o Chris, era o Superman, mas desde que o conheci, Thor virou o meu crush. Mexo nos bonecos e não acho o Thor, até o Capitão América eu encontro, menos o Thor. Vejo uma mocinha e chamo ela. — Moça, eu procurei aqui o Thor, mas não tem em exposição. Você sabe me dizer se tem algum no seu estoque? — Ah, sim, temos. Se você aguardar só alguns minutos. — Faz assim, eu estou acompanhada do meu namorado, então eu não quero que ele veja o que estou comprando, então você separa pra mim que depois eu volto pra comprar. — Tudo bem! Mais alguma coisa? — Ah, sim, coloca esse chaveiro junto, eu volto para comprar os dois. Escuto Chris me chamar, pisco para a moça que faz um sinal na boca como se estivesse fechando um zíper e se vai. — Vamos! — Onde você estava? Me deixou aqui sozinha e sumiu aí pra dentro. — Eu estava procurando um objeto para minha coleção, mas eu não achei. Vamos!

Assim que chegamos em frente ao prédio da construtora nos beijamos e ficamos rindo uma para o outro com as nossas testas coladas. Voltamos a nos beijar e o celular do Chris começa a tocar. Ele não atende e toca até cair a ligação, não demora um minuto e ele volta a tocar. Eu interrompo o nosso beijo. — Não vai atender? — Não deve ser nada urgente. —Como você sabe? — Porque a minha urgência está aqui nos meus braços. Esse homem acaba comigo! Puxei ele pelo termo e voltamos a nos beijar, mas o celular volta a tocar. — Merda! — xinga e atende o celular sem ver quem é — Alô? — Ele fala ríspido. Eu escuto uma voz feminina falar alguma coisa para ele, que passa a mão no cabelo e me olha me dando um meio sorriso. — Em cinco minutos estou aí. — e ele desliga o telefone— Sinto muito, gata, mas o seu Thor tem que trabalhar. — Tudo bem, mais tarde a gente se ver. — Mais tarde, então. Chris me dá um selinho e solta a minha mão com dificuldade, mas antes de soltá-la, ele solta um beijo no ar e pisca pra mim e se vai. Fico olhando pra ele até perdê-lo do meu campo de visão. Respiro fundo olho para o céu azul e sorrio para ele. — Obrigada! E vou andando na direção do meu carro e sigo para a loja atrás do meu Thor e o meu chaveiro de bailarina. Entro na loja e vou atrás da mocinha que me atendeu mais cedo, meu celular vibra, eu abro a minha bolsa atrás dele e sem prestar atenção esbarro em alguém, e o meu celular cai no chão. —Porra! Caralho! Olha por onde anda! Calo a boca na mesma hora quando eu levanto o meu rosto e reconheço em quem eu esbarrei. Chris

A tarde se arrastou e na companhia de tanto trabalho parecia que não ia ter mais fim. Mas eu trabalhei entusiasmado, às vezes os meus pensamentos iam longe de encontro com a minha gata selvagem e eu me sentia um adolescente. Meus olhos vão para o sofá e as lembranças de mais cedo veem a minha mente. Meu pau fica duro e eu me levanto e vou para o sofá ajeitando-o na calça. Quando eu estou prestes a sentar, vejo a calcinha de renda dela no canto do sofá. — Mas que porra é essa? Puxo o meu celular do bolso do meu paletó e ligo para Clara que não me atende. — Essa gata está andando por aí sem calcinha. Não acredito nisso. Ligo mais uma vez, mas ela não me atende, então tiro uma foto da calcinha e envio para ela com uma legenda. Só me diz que está em casa? Fico olhando para o celular, mas nada dela visualizar. Olho para a calcinha na minha mão e começo a rir, levo ela até o meu nariz e sinto o seu cheiro adocicado. Porra! Meu pau começa a martelar dentro da minha calça. Guardo a calcinha dela dentro do meu paletó e volto para a minha mesa e tento me concentrar nos desenhos que estão na minha frente. Clara — Clara? Porra! Caralho! De onde esse professor saiu? — Oi, Profe... – pigarreio – Emerson. Caralho! Ele deixou a barba e o cabelo crescer, fico parada admirando a sua transformação. Ele sorrir para mim me mostrando os seus dentes brancos. — Quanto tempo! Você está cada vez mais linda. — Ah, obrigada! Silêncio constrangedor, Emerson abaixa a cabeça e depois me olha através daqueles óculos de aro meio sem graça dando de ombros. — Desculpa pela última vez em que nos vimos... — Ah, não, está tudo bem! Eu nem lembro mais. Esquece! — Não, Clara, eu te devo desculpas. — Pensando bem, você deve mesmo! Silêncio de novo, e de repente, começamos a gargalhar juntos. Os meus olhos enchem de lágrimas. Vejo dois braços acenando para mim e reconheço a mocinha que me atendeu mais cedo, eu levanto a mão para ela e começo a andar em sua direção, e

Emerson me acompanha. — Como vai a sua vida de professor? Muito assediado ainda pelas alunas? Ele sorri timidamente para mim, coça a barba e me olha com um lindo sorriso de canto de boca. É impressão minha, ou esse professor está jogando charme pra cima de mim? — Eu tenho ética com as minhas alunas. — Sei... Não foi isso que eu presenciei da última vez que te vi. — Clara, eu fui atacado. – ele tira os óculos da cara e limpa na blusa quadriculada de botão – O problema é que eu não sou de ferro. – ele coloca os óculos no rosto e levanta o dedo – Mas aquela foi a primeira e última vez. Levanto a minha sobrancelha e me viro de frente pra moça que está com um sorrindo enorme estampado no rosto. — Moça, eu separei tudo que você pediu. Vai querer mais alguma coisa? — Ah, sim! Quero dois Thor e um chaveiro de gatinha. — Só um minuto. Ela sai nos deixando a sós, olho para Emerson que está me olhando e eu fico intrigada com ele. Por que ele ainda está aqui? — Desembucha, professor! O que você quer perguntar? — Como ela está? — Ela está bem com o seu marido e filha. Ele desvia o olhar e eu balanço a minha cabeça. Não acredito que esse homem ainda gosta da minha amiga. — Moça, você pode pagar lá no caixa e pegar aqui comigo. Vou até o caixa e pago as minhas comprinhas. Volto e pego as minhas compras e me viro para ele. — Foi um prazer te rever, professor. Ele fica me olhando e começa a caminhar ao meu lado, quando estamos em frente da loja e nos olhamos sem graça um pro outro, então eu tomo a iniciativa e dou dois beijinhos no rosto dele. — Nós nos encontramos por aí, Professor Emerson. — Sim, foi um enorme prazer te rever, Clara. Viro-me de costas e começo a caminhar na direção do meu carro, abro a porta e coloco as minhas compras no banco do passageiro e olho na direção dele, que está parado me olhando, dou um tchau pra ele antes de partir.

Chego ao meu apartamento e coloco o meu boneco do Thor em cima da minha estante, e o meu chaveiro de sapatilhas de bailarina coloquei junto com as chaves do meu apartamento. Fui para o meu quarto e embrulhei os presentes que eu comprei para o Chris. Fiquei satisfeita com o meu embrulho, coloquei em cima do meu criado mudo. Ouvi o meu celular tocar, quando abri a tela vi duas mensagens de Chris. Thor Só me diz que está em casa? Comecei a sorrir, agora que ele achou a minha calcinha! Homens! Ele não percebeu que eu não vesti a calcinha depois. Balanço a minha cabeça em negativo e abro a segunda mensagem. Thor Porque é isso que você faz comigo! Caio para trás na minha cama e não paro de sorrir olhando para a foto do martelo do Thor. Lindo, ereto veiúdo com a sua cabeça pomposa e rosa. Minha boca enche de água, passo a língua nos meus lábios. — Tive uma ideia! Ajeito o meu celular, e faço vários boomerangs levantando o meu vestido, assim ele ver como ela está debaixo do meu vestido. Escolho duas e mando e fico esperando a sua resposta, a mensagem caiu, mas ele ainda não visualizou. O relógio marca duas horas e dez minutos da tarde, ainda dá tempo para ir para minha aula de balé. Levanto e vou ao meu closet pego a minha bolsa, dou mais uma olhada no meu celular, e nada de uma resposta. Acredito que se ocupou, então envio só uma mensagem marcando um jantar aqui no meu apartamento. Chris Termino de corrigir os últimos projetos, passo o olho mais uma vez pra ver se não esqueci de nada. Dou uma olhada no meu celular e visualizo as mensagens da minha gata. Quando abro a primeira, meu martelo dar logo o ar de sua graça ao ver a boceta dela embaixo do seu vestido. Ela almoçou e andou comigo sem calcinha! Clara! Clara! Clara! Seguro o meu pau e o aperto, vejo e revejo o boomerang que ela enviou. Caralho de mulher!

Minhas bolas estão doloridas e eu louco pra sentir a sua boceta apertar o meu pau. Mais em baixo eu leio a segunda mensagem. Gata Selvagem Hoje vamos jantar aqui no meu apartamento. Te espero! Sua Gata Selvagem. Clara. ?? Estou sorrindo para a tela do meu celular quando a porta da minha sala abre com tudo e eu vejo um furacão vir na minha direção. — Eu quero saber por que você mudou essa porta de lugar? — Porque aí onde você a colocou irá atrapalhar a estrutura da obra. Vanessa me olha soltando fogo pelo nariz, ela joga a planta em cima da minha mesa e aponta para o projeto. — Eu quero essa porta nesse lugar! Eu faço o designe e você executa! — Eu já disse... — Eu sei o que você disse, mas que porra de engenheiro você é? Encosto-me na cadeira e junto as minhas mãos uma com a outra e semicerro os olhos. Quem essa porra pensa que é? Ficamos medindo força com o olhar, eu não desvio e nem ela que cruza os braços esperando uma resposta minha. Eu levanto da cadeira e vou até o meu barzinho e me sirvo de uísque. Eu não gosto de uísque, prefiro a minha cerveja, mas no momento é o que eu tenho, então vai servir. Tomo de uma vez, desce queimando na minha garganta até chegar ao meu estômago. Agora eu já posso encarar a jararaca. — Vanessa – falo o nome dela e vou em direção da mesa onde está o projeto – aqui onde você colocou essa porta não tem como ela permanecer, vai comprometer a estrutura da obra. É só você tirar ela daqui e colocar aqui – aponto o local ideal para a porta. — Chris, você não está entendendo o que eu quero... — Quem não está entendendo é você. Essa casa já está pronta, nós não estamos levantando do zero, se fosse assim, você poderia colocar uma porta onde quisesse, mas aqui a obra já foi executada. Não tem como colocar uma porta aqui. Ela pega o projeto de cima da minha mesa e sai da minha sala pisando duro e sem dizer uma palavra. Eu passo a mão na minha cabeça, olho para o meu relógio e vejo que ainda faltam umas duas horas para o meu expediente acabar.

Saio da minha sala e vejo Kira entrar no elevador, ela me vê e segura o elevador pra mim. — Como foi o dia, Kira? — Foi bom, não tenho do que reclamar. Descemos em silêncio, quando chega ao térreo Kira vai sair do elevador quando eu resolvo oferecer uma carona para ela. — Ei, eu te deixo em casa. — Não precisa! Eu vou de ônibus mesmo. — Não! Você vai comigo. Eu a puxo pra dentro do elevador e aperto o botão para fechar a porta e vamos para a garagem. Quando saímos do elevador e caminhamos na direção da minha caminhonete, o sapato da Kira quebra o salto, e eu a seguro para ela não cair. — Gata, você está bem? — Sim, foi só um susto! Merda! Kira se apoia em mim para tirar o outro sapato quando escuto barulho de salto alto e uma voz que não é estranha. Quando eu viro dou de cara com um casal menos improvável da face da Terra. Filho de uma puta desse professor! — Oi, Christian!



Chris Meus sentidos me alertaram na hora que ouviu a voz desse professor, estou prevendo que a minha bolha com a minha gata selvagem está por um fio. Sempre fui um cara tranquilo e nunca fui de criar ranço com ninguém, até esse professor voltar dos infernos e aparecer aqui bem na minha frente. Kira se solta de mim, olho para Vanessa e para o Professor. Será que esse cara de cu anda pegando ela? Mas ele não parece fazer o tipo dela. — Oi, Christian! — Oi, Professor. Como vai? — Espera aí. Vocês se conhecem? Vanessa pergunta olhando de mim para o professor que confirma com a cabeça. — Sim! Até mais, professor. Não quero muita conversa com esses dois, dou as costas e volto a caminhar na direção da minha caminhonete. Sinto eles indo na mesma direção que a gente. O alarme do carro ao meu lado apta e eu vejo Vanessa jogar as chaves do seu carro pro baitola. Assim que entro e me sento, ele fala comigo de novo. — Eu vi a Clara hoje mais cedo. Ela continua linda. Ele entra no carro dá a ré e eu fico parado segurando o volante do carro sem reação. Sinto algo estranho que eu não sei explicar, uma mistura de agonia com a sensação de que esse merda apareceu só para cagar tudo. — Chris? Sinto o toque da Kira no meu braço. Eu olho da mão dela para o rosto,

ela rapidamente tira a mão, e meia sem graça continua a falar. — Está tudo bem? — Tudo certo, vamos! Quando chego em casa os presentes que eu comprei para Clara estão na portaria. Coloco-os dentro da minha caminhonete e vou tomar um banho e pegar algumas peças de roupas para trabalhar amanhã, já que vou dormir na casa dela. Quando entro dentro de casa meus bichanos correm para me receber, me abaixo e acaricio um a um e vou na cozinha colocar água e comida para eles. Depois de tudo feito passo direto pro meu quarto e ajeito as minhas coisas e vou tomar um banho. Quando saio do banho escuto o meu telefone tocar em cima da cama, olho para o meu visor e abro o meu melhor sorriso quando eu vejo o nome do meu primo na tela do meu celular. — E aí, primo? Sentiu saudades de mim? — Saudades é o caralho! Eu estava é preocupado. Antes me ligava um dia sim e outro também. Aconteceu alguma coisa? — Eu também te amo e não sei viver sem você! — Teu cu! Rimos juntos e eu escuto a voz da Bia me mandando um beijo e um abraço. — Diz para a prima que eu mando tudo em dobro pra ela. — Vai tomar no cu, Thor! – Fernando abafa o telefone, mas eu escuto ele falar para Bia que mandei um beijo e um abraço – Mas, me diz o por quê do sumiço? — Estou saindo com uma gata e o bagulho parece que está ficando sério. — Puta que pariu! Desencantou da Clara? Começo a rir só pra mim mesmo. — Primo, essa gata está na minha e eu não vou deixar ela fugir. — Puta que pariu! BIAAAAA!. Fernando grita e eu tiro o celular do meu ouvido. — Caralho mano quer me deixar surdo! Escuto a voz da Bia no fundo. — O que foi, Fernando? — O Thor dominou a fera! — O quê? Me passa esse telefone aqui. Chris, mas que porra é essa? Me

conta logo! — Vocês são um bando de fuxiqueiros, seus porras! Vou terminar de me arrumar, porque a minha gata selvagem está me esperando para jantar. Tchau, seus porras! Eu amo vocês! — Chris, não desliga! — Beijinhos na minha princesa! Desliguei o telefone antes que a Bia começasse um interrogatório policial. Vesti um jeans surrado e uma camisa branca, não coloquei box por que eu sou um cara prático. Dou um beijinho em cada um dos meus gatos. Olho para o meu Brother Capuxo que mia pra mim. — Cuida da casa, cara. Dou um beijo nele, entro na minha caminhonete e vou para a casa da minha gata. Estou em frente a porta do seu apartamento, coloco os dois presentes que comprei pra ela em sua porta. Aperto a campainha e me escondo. Quero observá-la de longe. Não demora muito e a porta se abre, Clara olha e não ver ninguém, mas quando o seu olhar se abaixa e ela enxerga os dois embrulhos, leva a mão até a boca e olha mais uma vez. Ela se abaixa e começa pelo maior pacote. Quando o abre, e ver uma gata de pelúcia branca, começa a rir sem parar. Rapidamente ela abre o segundo, quando ela ver o Thor de pelúcia dá um grito e abraça o urso beijando-o. — Vou sair daqui porque esses beijos são para mim, e não para ele. Ela se levanta e vem correndo ao meu encontro, quase caímos no chão com o impacto quando ela me abraça. — Amei! Amei demais! Clara me enche de beijinhos até que para e fica me olhando, sua mão está acariciando a minha barba. Ela morde os seus lábios e me olha com lascívia, meu pau reage na hora. Ela começa a me beijar sem pressa, chupando a minha língua e mordiscando os meus lábios. Eu não aguento mais, levanto ela que passa as pernas na minha cintura, encosto ela na parede. Clara passa a mão por debaixo da minha camisa, uma das minhas mãos estão por debaixo de seu vestido apertando e beliscando a sua bunda gostosa. Escutamos alguém tossir, viramos o rosto e damos de cara com a senhora Matarazzo nos fuzilando com os olhos.

Rapidamente coloco Clara no chão que estica o seu vestido, eu ajeito o meu martelo dentro da calça e dou uma piscada para a senhora, que abre a boca em um O. Clara bate na minha mão e olha para a senhora. — Boa noite, senhora Matarazzo! A velha, como sempre, fecha a cara pra gente dá as costas e vai embora para o seu apartamento. — Essa velha não sabe o que é isso há muito tempo! — Chris! Ela é uma senhora! — Mas será que eles não tentam mais nada? Sei lá, nem um oral? Clara revira os olhos e rir, pegamos os ursos de pelúcia e entramos para o seu apartamento. Quando entramos eu vejo que a gata caprichou. Vamos jantar na varanda a luz de velas. — Nossa, gata! Você caprichou. Clara me dá a gatinha e começa a me puxar para o seu quarto. — Eu também tenho um presente para você também. Quando entramos eu vejo um pacote em cima do criado mudo, ela me puxa me faz sentar na cama e me entrega o embrulho. Sem demora eu abro e encontro um Thor de bibelô e começo a sorrir, puxo-a para mim e dou um beijo no meio dos seus seios. — Tem mais um. Ela puxa a gaveta do criado mudo e me entrega uma caixa, olho para caixa e depois para ela. — Abre, Chris! Clara incentiva, eu abro a caixa e sou surpreendido por ela. Meus olhos estão para saltar da minha cara, volto o meu olhar para ela que está mordendo a boca. Eu tiro o chaveiro de gatinha com a chave do seu apartamento e começo a sorrir pra ela. — Isso aqui significa que... — Que o meu namorado tem a chave do meu apartamento, isso significa que você tem o livre acesso a minha casa, e que eu quero que entre e saia daqui a hora que quiser. Porra! Caralho! Porra! Caralho! Eu jogo ela em cima da cama levanto o seu vestido e arranco a sua calcinha, tiro a minha blusa e abro o zíper da minha calça. Meu martelão dar o ar de sua graça, tiro a calça e vou pra cima dela segurando as suas duas mãos em cima da sua cabeça. — Vamos ver se ele já sabe o caminho da casa dele. Eu começo a roçar o meu pau na sua boceta, passo a minha barba pelo

seu ombro e colo. Não tirei o seu vestido de propósito, puxo as alças do seu vestido e faço o mesmo com seus seios, passando a minha barba neles. Clara arqueia seu corpo, ela tenta puxar as mãos, mas eu seguro com mais força os seus pulsos. — Chris... — Xi! Continuo a passar a barba e a minha língua pelo seus seios. Eles ficam duros, eu os chupo, mordisco e depois passo a minha barba. Repito várias vezes, até que ela não aguenta mais e começa implorar. — Chris... Por favor! Sem soltar as suas mãos, eu penetro ela de uma única vez, fazendo-a gemer. — Sabe de uma coisa? — Não. Ela responde num sussurro. — Você me deixa louco pra caralho! Fodo ela com força, suas pernas me dão uma chave e o meu pau vai mais fundo. Sinto ela apertar o meu pau. — Caralho! Caralho! Caralho! – eu falo. — Me fode, Thor! Tomo a sua boca suja num beijo desesperado, nossos dentes se batem, mas eu só quero engolir o seus gemidos. A sua boceta gulosa suga mais e mais o meu pau, a sinto tremer embaixo de mim e eu engulo os seus gemidos de prazer. Até que não resisto mais e sigo-a me libertando dentro dela, sentindo a sua boceta aperta e suga o meu pau me levando ao céu de tanto prazer. Porra! Porra! Porra! Deixo o meu corpo cair em cima dela, solto as suas mãos e sinto o seu abraço. Meu coração se aquece com o seu gesto de carinho. Levanto cabeça e pisco pra ela que me dá um lindo sorriso. — Adoro a sua cara de pós foda! — E eu adoro ver a sua pele vermelha por causa de mim. Pego na minha barba e ela me puxa para mais um beijo doce e gentil. — Chris... Eu amei os ursos! — E eu amei o meu chaveiro de gata selvagem! Tento me levantar, mas ela me segura com os braços e pernas. — Está com pressa? — Não! — Eu quero ficar assim com você, Chris. Depois jantamos. — O que você quiser, minha gata.

Selvagem!

Clara Dormi de conchinha e dividi o mesmo lençol era algo impensável para mim. Na verdade, depois do par de chifres que eu levei do esterco do Renato, eu não me via mais dividindo o mesmo teto com ninguém. Minha mão acariciava o seu braço enquanto ele dorme. Depois do jantar, transamos na varanda igual dois coelhos, depois fomos para o meu quarto onde fizemos amor lento e gostoso até cairmos no sono. Acordar sentindo a sua respiração no meu cabelo, seus braços e pernas me prendendo e o seu bom dia com a famosa ereção matinal, é tão bom. Eu me sinto protegida, amada de verdade, quando ele toca o meu corpo, quando ele se declara, sem medo e sem pudor. Ele faz parecer tão simples e fácil. Meus olhos vão de encontro com os meus presentes, começo a sorrir. Chris não existe, ele é romântico, divertido, lindo e gostoso. Nossa! Agora pensando bem, eu sou uma mulher de sorte! E como fui tão burra em fugir dele por tanto tempo? Aperto o seu braço, sinto ele me apertar também e beijar o meu pescoço. — Bom dia, gata! Acordou primeiro do que eu? — Bom dia, Thor! — sorrio e me viro de frente para ele, passo a minha mão pelo seu rosto — Não sei o que me deu. Chris beija a palma da minha mão e sorri pra mim, sua grande mão passa pelo meu rosto e depois vai descendo até a minha bunda acariciando-a. — Não vou poder te dar o bom dia que você merece, tenho que visitar uma obra agora pela manhã, e depois uma reunião. Não sei que horas vou desocupar. Chris monta em cima de mim e me enche de beijos e começa a fazer cócegas na minha barriga, eu grito e tento me livrar dele, que não para de fazêlas.

— Chris, para! Para! Ele continua a fazer cócegas, eu começo a chorar de tanto rir. Chris para e me beija em meio aos meus risos. — Eu não queria deixar você e essa cama, mas eu preciso ir. — Tudo bem! Estou sentada no meu sofá pintando as unhas dos meus pés de vermelho quando o meu celular toca. Olho para imagem de um moreno lindo e gostoso na tela e começo a sorrir. Atendo rapidamente. — Oi, gostoso! — Oi, maninha! Não estou te reconhecendo. — Por quê? — Não me ligou um dia sequer, e nem me perturbou para voltar pro Rio. Você está bem? — Sim, estou. — Então tá, mas que aí tem algo, tem. Chego amanhã, maninha, e já temos uma balada para irmos. — Só vou se o Chris for também! César fica mudo do outro lado da linha, começo a rir dele, pois são poucas coisas que conseguem calar o meu irmão. Um homem forte, macho alfa e muito pervertido. Ele nunca entrou em detalhes comigo sobre esse assunto, mas o pouco que ele já me revelou, eu sei que os seus gostos são bem peculiares. — Porra, Clara! Esse baitola conseguiu te dobrar? — Primeiro: ele não é baitola! Dois: ninguém me dobra. Eu aceitei ser sua namorada. — Puta que pariu! Bem, esse cretino está convidado. O Washington vai inaugurar mais uma casa noturna e nos convidou. — Eu vou falar com o Chris, mas pode deixar reservadas as nossas entradas. — Ok! Beijos, gostosa! — Beijos, gostoso! Termino de pintar as minhas unhas e resolvo ler um livro. Tem dias que chegou uma caixa com alguns livros que comprei online, e desde que comecei a namorar o Chris, não li mais nada e nem abri a caixa. Vou a minha biblioteca e abro a caixa, olho para cada um e decido começar por um livro bem quente, pois eu quero é sentir meu corpo pegar fogo para o meu Thor apagar depois. Tem um em especial que uma amiga me indicou, me disse que esse cabeludo é molhador oficial de calcinha da Ky Crossfire. — Então, vamos de CEO Amores Brutos.

Só a capa já me fez apaixonar pelo livro, sento na poltrona e entro no meu modo leitora, pois eu quero desfrutar desse pedaço de mal caminho. Li a tarde inteira, estou completamente apaixonada pelo livro e pelo Nick. O livro é muito quente e me deixou louca para fazer algumas travessuras que o casal fizeram. A transa no jardim, e ela vestida de chapeuzinho vermelho. Nossa, que pegada esse Lobão tem! Olho para o meu celular e vejo as horas e tenho uma ideia, marco a página onde parei, levo o livro para o meu quarto e coloco em cima do meu criado mudo. — Pronto! Depois de uma trepada bruta com o meu Thor, eu volto a trepar com o meu Lobão cacetudo. Começo a rir de mim mesma com os meus pensamentos pervertidos. Vou para o meu closet trocar de roupa e saio o mais rápido que posso. Quero fazer uma surpresa para o meu namorado. Pego um táxi e vou para a construtora encontrar o meu deus nórdico vestido de terno e gravata. Eu só não contava em encontrar outra pessoa também, e ele não foi nada amigavel comigo. Emerson Estacionei o carro em frente da construtora em que a minha irmã trabalha, para não dar de cara com o Christian, achei melhor ficar dentro do carro aguardando ela sair. Hoje é o seu aniversário e os nossos pais fizeram um jantar reunindo toda a família e Vanessa não sabe, é surpresa, por isso fiz questão de pegá-la. Enquanto eu espero dar o horário de seu expediente acabar, vejo uma linda mulher sair de dentro do prédio. Seu cabelo é longo, acho que chega à cintura, ela está num vestido preto que vai até o joelho, mas mesmo assim, a deixa linda e sensual. Seu corpo esguio e cintura fina me chamam atenção. Ela para e começa e mexer dentro da bolsa, procura algo e parece que não encontra e volta a entrar no prédio. Eu saio o mais rápido que posso de dentro do carro para ir atrás dela, mas uma cena me para e me impede de ir atrás da bela mulher que me enfeitiçou com o seu cabelo e corpo de sereia. — Clara? Mas que caralho é esse? Christian

Termino de assinar os últimos contratos da nova obra que vamos executar. Coloco os pés em cima da minha mesa só para dar uma relaxada, quando Kira entra na minha sala. — Chris, você viu se eu esqueci o meu celular na sua mesa? Olho ao redor levanto alguns papéis e vejo um aparelho, levanto para ela ver. — Esse aqui? — Desculpa! Eu devo ter esquecido quando estava fazendo a pauta da sua reunião com a Vanessa. — Já está indo? — Sim, o meu expediente já acabou. Verifico as horas no meu relógio e me levanto da cadeira. — O meu também. Vamos, Kira. Aproveito e te deixo em casa. — Não precisa, eu vou de ônibus, Chris. E eu tenho que parar em um supermercado para comprar umas coisinhas. — Para com isso, gata! Não me custa nada, e também eu quero que o meu primo veja o quanto sou um cara responsável, e não um porra louca como ele imagina. Pegamos o elevador e vamos direto para o subsolo onde fica a garagem. No caminho da casa da tia Lucinda paro em um supermercado e espero Kira fazer as suas compras que demora cerca de quase uma hora. A deixo em casa e vou direto para o apartamento da minha gata, estou louco de saudades dela. Clara Assim que desço do táxi, paro e olho para o prédio e começo a ir na direção da entrada, quando alguém me puxa pelo braço me machucando. — Sua patricinha mimada dos infernos! — Me solta, caralho! Antes de olhar eu reconheci a voz do esterco do Renato. Puxo o meu braço, mas não consigo soltar e ele aperta mais forte, me machucando. — E agora? Aqui não tem papaizinho e nem aquele escroto do teu irmão para te proteger, sua piranha! Eu tento me soltar, mas ele começa a me arrastar e eu começo a bater nele com a minha bolsa, então ele para e levanta a mão para me bater, eu grito. — NÃO! — Solta ela, seu covarde filho da puta! Renato me empurra e eu tento me equilibrar, mas não consigo e caio de

bunda no chão. Ele sai correndo e eu tento me levantar, quando sinto duas mãos me ajudarem. Levanto o olhar e dou de cara com Emerson que está com a cara de preocupado. — Você está bem? — Acho que sim. Ele me levanta, limpo a minha bunda e ajeito o meu cabelo. Ele me entrega a minha bolsa e eu dou um sorriso sem graça pra ele. — Ele levou alguma coisa? — Ah... Não. Ele só queria me agredir, eu acho. — Como assim, Clara? — Emerson, é uma longa história e está tudo bem. Obrigada! Emerson fica me analisando e eu começo a andar na direção da entrada da construtora quando vejo Vanessa vir na nossa direção. — Oi, Clara. — Oi, Vanessa. Ela vai na direção de Emerson e dá dois beijinhos em cada lado do seu rosto. — Vocês se conhecem também, Emerson? — Sim, essa é Clara, uma... — A namorada do Chris! Vanessa afirma cortando Emerson que me olha surpreso, eu dou um sorrisinho pra ele. E chego a conclusão de que realmente, eu não gosto dessa mulher. Ela sorrir pra mim, mas eu sinto que esse sorriso dela é mais falso que uma nota de vinte e cinco reais. — Você e o Christian? — Sim, estamos namorando. Inclusive, eu vim me encontrar com ele... — Você chegou atrasada, ele foi embora com a Kira já tem uns cinco minutos. Meu coração para na hora, sinto que o meu sangue desceu para os meus pés. Vejo um sorriso estampado na cara da cascavel, abro um sorriso, não vou deixar transparecer a essa cascavel que fiquei abalada com o que ela acabou de me contar. — Isso que dar não ligar para o namorado antes. Ela me olha da cabeça aos pés e se vira para o Emerson e o chama. — Vamos, querido, estou louca de saudades do papai e da mamãe. — Vamos! Está tudo bem, Clara? — Sim, estou ótima! — Se você quiser te deixamos em casa. — Ah, não se preocupe. Eu vou ligar para Chris, ele não deve estar longe

daqui. Tiro o celular da bolsa, Vanessa dá um tchauzinho com a mão pra mim e dar as costas, eu dou o meu dedo do meio pra ela e Emerson começa a rir. — Tem coisas que não muda em você. — Essa mulher é um purgante! Como você consegue conviver com essa cobra? — Ela é minha irmã mais velha. Meus olhos faltam saltar do meu rosto, fico perplexa. — Aquela que é casada? — Não, aquela ainda é casada, e é minha irmã do meio. Olhamos na direção da cascavel que esta em frente do carro com a mão na cintura nos olhando. — Tenho que ir, não podemos nos atrasar, senão a minha mãe não vai nos perdoar. Emerson me dá um beijo na bochecha e se vai, eu fico parada igual uma estátua do templo sem acreditar que ele, tão fofo, tem uma irmã tão cobra. Eu ligo ou não ligo. Estou nessa indecisão desde a hora que eu cheguei em casa. Tomo mais um gole do meu vinho e olho para o relógio, estou uma pilha de nervos, já vai fazer uma hora que cheguei em casa e eu não recebi nenhuma ligação e muito menos uma mensagem dele. Viro de uma vez o vinho e encho a taça. Fechos os meus olhos e só me vem a maldita lembrança do dia em que eu peguei aqueles dois filhos da puta se comendo nas minhas costas. — Para, Clara! Chris é diferente. Digo pra mim mesma e repito, mas a minha insegurança não me deixa confiar e eu começo a imaginar milhões de coisas. Olho para a taça que está em minhas mãos com a metade de vinho, sem pensar, eu viro toda a bebida de uma vez. Escuto um barulho na porta quando ela se abre e eu o vejo entrar, sinto que fui possuída, meus poros exalam ciúmes, eu me levanto e jogo a taça na direção dele que se desvia da taça que se quebra na parede. Fico tonta e volto a sentar no sofá. Chris me olha sem entender nada, eu tento levantar de novo do sofá, mas a minha cabeça roda e eu não consigo me equilibrar, tudo roda ao meu redor. — Clara, você está bem? Ele tenta me segurar, mas eu não deixo.

— Não me toca, caralho! Volto a me sentar e abaixo a cabeça não estou conseguindo fixar o olhar. — Gata... — Vai embora, Chris. — Eu não vou embora. Eu mal cheguei e fui recepcionado com uma taça na minha cabeça. Chris se abaixa bem na minha frente e levanta o meu queixo, bato na mão dele. — Não me toca, porra! Vai embora, porr... — Eu não vou embora, Clara. Não até você me dizer que porra está acontecendo aqui! Ele segura o meu queixo firme me fazendo olhá-lo, isso me irrita muito. Mesmo tonta eu não penso e começo a bater nele que só se desvia e ele começa a rir de mim. Sinto que vou explodir de tanta raiva por ele rir de mim, que eu fecho os meus punhos e tento socá-lo, mas o corpo desse homem parece pedra de tão duro. — EU TE ODEIO! Eu grito sem parar. Eu quero machucar ele, mas a verdade que os meus socos não fazem nem cócegas. Chris segura os meus pulsos com força. — Sabe, gata, o que você está conseguindo fazer comigo? Meu peito sobe e desce, minhas narinas estão dilatadas estou furiosa, cega de ciúme. Chris leva a minha mão até a sua ereção, a minha boca se abre, e antes que eu fale alguma coisa, ele toma a minha boca com um beijo bruto e urgente. Eu começo a acariciar a sua ereção, Chris solta a minha outra mão e eu o agarro com força e uma necessidade louca de tocar o seu corpo e senti-lo me possuir toma conta de mim. Eu começo a tirar o seu paletó e a sua blusa, suas mãos apertam o meu corpo com força. Na pressa para tirar o meu vestido, Chris o rasga e me joga no sofá, terminando de tirar a sua calça, e antes que eu possa me levantar, ele monta em cima de mim e segura o meu queixo. — Eu não sei que porra aconteceu pra te deixar assim. Eu só sei que você me deixo duro igual um aço. Olhando dentro dos meus olhos, Chris me penetra duro e com força, me machucando. Mas a mistura de dor com prazer me dar mais prazer. Eu fecho os olhos sentindo o seu pau me preencher por completo. — Abre os olhos, Clara! Eu quero te possuir olhando dentro dos teus olhos. Eu abro os meus olhos e fixo o olhar nas suas duas esmeraldas. Ele mexe

e rebola sem pressa, me fazendo gemer de tanto prazer. Chris tem um pau grande e grosso, me sinto completamente preenchida quando ele está dentro de mim. Nunca nenhum homem conseguiu me saciar na cama. Só ele conseguiu essa façanha. Sem pressa ele me fode sem tirar os olhos dos meus. Quando eu tento fechar os olhos ele não deixa. — Porra, Clara! Abre os olhos! Chris aumenta o ritmo enfio as minhas unhas na sua carne. Meu orgasmo começa a se formar e eu começo a suplicar chamando o seu nome em um sussurro. — Chris... oh! — Olha nos meus olhos, Clara, e me diga o que você enxerga. Eu olho dentro dos seus olhos e vejo Chris abrir o seu coração para mim. Ele está se entregando de corpo e alma para mim, e é nesse momento que eu tenho a mais absoluta certeza que ele nunca seria capaz de me trair, porque ele me ama. Me ama! Ele me beija e volta a rebolar, me fazendo gemer na sua boca. Ele sai de dentro de mim, e deita atrás de mim levanta a minha perna e apoia no sofá, sinto a sua respiração na minha orelha, ele começa a circular o meu clitóris e sussurra no meu ouvido. — Clara... Goza comigo! Fecho os meus olhos e deixo ele me dominar por completo. Senti-lo dentro de mim. Sua mão me acaricia, sua respiração na minha nuca. Eu não resisto mais ao seu comando, gozo com a minha mão em cima da sua que está na minha boceta, e a minha outra mão puxando o seu cabelo. Sinto o pau dele inchar e jorrar dentro de mim a sua porra. Jogo o peso do meu corpo todo em cima do seu. Chris me envolve em seus braços e beija o meu pescoço, eu faço carinho nos seus braços e pela primeira vez, deixo uma lágrima rolar. Antes que ele perceba, eu a enxugo rapidamente. — Clara? — Oi. — Quero saber o motivo do seu ciúme. — Não quero falar sobre isso agora. — E quando você vai querer falar? — Amanhã eu te conto. Agora, eu só quero dormir nos seus braços. Bocejo e sem controle nas minhas pálpebras, caio no sono e mal escuto a sua voz.

— Boa noite, minha gata. — Selvagem... Eu completo a sua fala e caio no sono em seus braços.

Clara Acordei sozinha na minha cama, olhei tudo ao meu redor e não o vi. Me espreguicei e com o corpo nu sai pelo apartamento atrás dele e não o encontrei. Voltei para o meu quarto e procurei pelo meu celular, vejo que são quase oito horas da manhã. Sentei na cama e me senti frustrada por não ter acordado junto com ele. Fico olhando para o nada, meu coração se enche de angústia, eu não sei explicar o motivo. Ouço um bip me avisando que caiu uma mensagem. Pego o meu celular e abro a mensagem e vejo uma foto linda do meu irmão com uma legenda que faz nascer um sorriso no meu rosto. Querida irmã, Estou chegando! Te amo pra caralho! Bjs. Respondo na mesma hora pra ele . Querido irmão, Eu te amo mais! Beijos. Meu irmão é gostoso pra caralho, coitadas das iludidas por ele, maior Dom Juan até comer, depois... esquece! Resolvo não voltar a dormi, vou para o banheiro tomar um banho e vou mais cedo para a minha aula de balé. Quando chego ao estúdio para o ensaio encontro o professor Eduardo conversando com suas alunas. Começo a me aquecer e escuto ele dizer que a minha professora vai ter que se afastar e ele vai ficar com as duas turmas, então

por isso ele não poderá mais dar aula depois do expediente. Estou terminando o meu aquecimento e vejo Eduardo vindo na minha direção. — Tudo bem, Clara? — Tudo, Eduardo. Josepha vai se afastar? Mas por quê? Ele olha para ver se não tem ninguém por perto e fala baixo só pra eu ouvir. — Eu sei que vocês são muito amigas, por isso vou te contar. O marido dela descobriu que está muito doente, e as chances de cura são de setenta por cento. Então, ela resolveu se afastar para cuidar dele. Levo a minha mão até a boca, meu coração se enche de tristeza pela Josepha. — Eduardo, eu não sei nem o que dizer... Eu sinto tanto por eles. — Eu também. Bem que você poderia assumir o lugar dela. — Ah... Não, imagina. Eu sou só uma simples... Eduardo me corta com um sorriso irônico. — Você quer enganar a quem? Eu sei que você é profissional, formada e tudo, a Josepha me contou ontem. Ela vai falar com você. Fiquei olhando para Eduardo que sorriu pra mim, virou as costas, bateu palmas e gritou. — Vamos começar, meninas e meninos! Eu fiquei parada olhando as meninas treinando, e pensando no que o Eduardo me disse volto a me aquecer, ele me olhava e sorria para mim. Me levanto e vou para o meio das meninas treinar também, preciso dançar e pensar no que o Eduardo me disse. Depois da minha família, e agora o Chris, o balé é a minha segunda paixão. Sempre foi desde que eu me entendo por gente. — Clara! Escuto alguém me chamar eu me viro e vejo minha professora Josepha com um meio sorriso e abatida. Caminho até ela e dou um forte abraço nela. — Está tudo bem, minha menina. Vamos a minha sala, precisamos conversar. Pego as minhas coisas e a acompanho até a sua sala, antes dela me falar eu já estou nervosa. — Sente-se, minha querida. Você quer uma água? — Não, Josepha. Obrigada. — Eu creio que o Eduardo já falou sobre a minha proposta. Eu sei que você não quer, você já me deu vários não, mas agora é diferente. Eu preciso da sua ajuda e não tenho outra pessoa nesse momento, não é justo sobrecarregar o

Eduardo. Meu coração falta sair pela boca, sem saber o que responder e Josepha percebe a minha aflição. Ela sorri e bate de leve na mesa e diz com a voz mansa e o olhar altivo. — Você tem até amanhã para me dar a resposta. Se por acaso você não aceitar, eu vou ter que fechar a escola de balé até o meu marido se recuperar. Você decide, Clara. — Eu aceito! Não preciso pensar, eu aceito! Começo quando? Josepha abre um largo sorriso que alcança os seus olhos, ela se levanta e vem na minha direção e me abraça. — Oh, minha menina, eu sabia que poderia contar com você. Segunda você começa, hoje nós vamos fazer as devidas apresentações. Estou tão feliz! — Eu é que estou feliz, e muito nervosa. — Não se preocupe você vai se sair muito bem! Agora vamos, precisamos formalizar tudo com as alunas. Chris Acordei com o meu telefone tocando sem parar, olhei para o visor e não reconheci o número. Tirei os cabelos, os braços e as pernas da Clara de mim, levantei e atendi o telefone no banheiro enquanto tirava água do joelho. — Alô? — Chris, preciso de você aqui na obra do shopping. — Aconteceu alguma coisa? — Sim, e só você pode resolver. Isso foge da minha ossada. — Estou à caminho, Vanessa. — Não demore, é urgente! — Em vinte minutos estou aí. — Dez minutos! Mas que mulherzinha chata do caralho. — Em dez minutos estou aí. Desligo o telefone escovo os dentes com a escova de Clara, pelo menos não vou dar bafo em ninguém. Dou um beijo no rosto da minha gata selvagem e saio correndo para a obra do shopping. Com dez minutos cravados eu chego na obra e encontro Vanessa discutindo com o mestre de obras, seu Firmino. Seu Firmino trabalha na empresa desde que ela foi fundada, é o mestre de obras de quase todas as obras que a empresa executa. Ele é o braço direito do meu tio, e agora, o meu também.

Vanessa fala gesticulando, seu Firmino coça a cabeça e olha para a parede. — Eu não falei que isso estava errado! Não foi isso que eu desenhei. — Bom dia! O que está acontecendo aqui? Aperto a mão do seu Firmino e aceno com a cabeça pra Vanessa que está com uma cara de poucos amigos. — Senhor Alencastro, a senhora Vanessa disse que eu errei, mas eu fiz como está na planta. — Nada de seu Alencastro, deixa isso pro meu Tio. Só Chris mesmo. — Me viro pra Vanessa e pergunto — Você viu a planta? Ela vai até a outra mesa e puxa a planta que ela tem, e o seu Firmino me leva até a copia que ele tem em cima da mesa que está a nossa frente. — Essa parede aqui, ela me disse que não existe, mas ela está aqui na planta. Analiso a planta e noto que a planta que enviaram para o seu Firmino foi a planta antiga. Eu e a Vanessa fizemos alterações na planta, essa realmente está errada. — Quem lhe entregou a planta? — Foi o engenheiro responsável pela obra. Vanessa chega com a planta certa, estica em cima da mesa em cima da planta antiga. Ela aponta para o local que foi alterado. — Essa parede não existe! — Seu Firmino, o senhor vai ter quebrar a parede e refazer, essa aqui é planta certa. Assim que o engenheiro responsável chegar, mande-o me procurar. Vou na direção da minha caminhonete pego o meu celular, sai tão rápido que mal pude dar um beijo na minha gata. Começo a escrever uma mensagem, mas apago. Tive outra ideia, entro no meu carro assim que dou a partida, Vanessa está bem do meu lado. — Chris, você pode me dar uma carona até a construtora? Estou sem carro. — Vou passar primeiro na minha casa para trocar de roupa, e depois vou para a construtora. Ela me olha, acho que agora que ela percebeu que estou uma zona, blusa amassada e por fora da calça. — Eu nem tinha percebido que você está com a mesma roupa de ontem. Eu pego um táxi. — Entra aí, prometo que vou ser rápido. Ela me olha desconfiada aperta mais a bolsa em baixo do braço. — Olha, eu não mordo. Prometo que não vou andar pelado na casa.

Ela cora, dou um sorriso cínico e abro a porta da caminhonete para ela entrar. — Gata, você está nos atrasando. Você quer chegar atrasada na construtora? Ela não reluta mais e entra, não parece mais a Vanessa arquiteta tão segura de si. Entra e fica colada na janela do carro. Balanço a cabeça, me olho no retrovisor e chego a conclusão que não tenho cara de maníaco. Quando o portão da minha casa se abre vejo os olhos da Vanessa quase que saltando da sua cara e sua boca abrir. — Você mora aqui? — Bem, não aqui. Passo direto para a casa dos fundos e quando vejo a casa aponto na direção da casa. — Ali. Vanessa olha para a casa simples e humilde. — Por que moras aí, e não na sua mansão? — Porque sou sozinho, não tem cabimento morar nessa casa grande e fria. Estaciono o carro descemos e Vanessa fica olhando na direção da mansão e me acompanha para dentro de casa. Quando abro as portas meus bichanos veem me recepcionar, ontem não vim em casa e eles estão com saudades e com fome. Me agacho e faço carinho em cada um, a mais manhosa é a Lady e deixo ela por último só para dar mais atenção para ela. — Esses bichos são todos seu? — Esses bichos, não! São os meus filhos. Lady, Tom, Jola, e seus pais Capuxo e Marrie. Eles vão na direção da Vanessa que se esquiva deles e faz gestos com as mãos como se quisesse que eles não tocassem nela. — Sai! Sai! Eca! Que mulher mais fresca. Balanço a cabeça e vou para o meu quarto tomar banho e trocar de roupa. Vinte minutos depois saio pronto e colocando o meu paletó não vejo Vanessa na sala, coloco comida e água para os meus bichanos. Quando saio de dentro da casa vejo ela a uma certa distância, está no telefone falando com alguém, vou na direção da minha caminhonete ela faz o mesmo, entro no carro e escuto ela se despedir. — Está tudo certo então. Tchau, querido! Ligo o carro e vamos para a construtora sem trocar uma palavra.

Assim que passo em frente da mesa de Kira ela está concentrada em frente do computador, eu volto e bato em cima da mesa e sorrio pra ela. — Kira consiga para mim o número de uma floricultura. E preciso que me passe a minha agenda do dia. — Sim. Algo mais? — Sim, um copo enorme de vitaminada com tudo que eu tenho direito e dois mistos. Não! Melhor, três mistos. — Nossa! A Clara está te sugando. Abro um sorriso de satisfação me sentindo um homem sortudo por ter em meus braços a mulher que amo. AMO? CARALHO! — Chris? Mais alguma coisa? — Não, obrigado! Sento na minha mesa e olho tudo ao meu redor. — É, até que cuidar da minha própria empresa não é tão chato como eu imaginei. Ligo o meu computador e começo o meu dia. Meu telefone toca e atendo sem olhar quem está me ligando. — Seu filho da puta safado! Não lembra mais que tem primo? — Agora quem é o sentimental de nós dois? — Teu cu! — O teu, arrombado! Caímos na gargalhada juntos, Kira entra na minha sala trazendo tudo que lhe pedi. Faço sinal para ela se sentar na cadeira a minha frente e continuo a minha conversa com o meu primo sentimental. — E aí, cara, trabalhando muito? — É, até que a minha vida de CEO não é tão ruim como eu imaginei. Vou ter que desligar, minha secretária entrou para passar os meus compromissos do dia. — Puta que pariu! Quem é você? O que fez com o meu amigo Thor? — Teu cu, caralho! Fernando cai na risada do outro lado da linha e eu finalizo a ligação. — Vamos trabalhar, Kira! Clara

Assim que passo pelo portão da garagem o porteiro me avisa que tem encomenda para mim. Estaciono o meu carro e vou direto para a portaria, quando chego dou de cara com um buquê de rosas amarelas com um cartão. Minha gata, Eu tive que sair às pressas de manhã, e isso me deixou muito triste, pois eu não te dei o "bom dia" que você merece. Para me redimir, te encontro no endereço abaixo para um almoço especial às 13:00. Seu Christian/Thor. O endereço é de um hotel luxuoso aqui mesmo em Copacabana. Rapidamente confiro as horas e vejo que são meio dia, subo para o meu apartamento. Começo a procurar um vestido que seja bem sensual, um salto bem alto e uma calcinha fio dental. Quando termino a minha produção estou me sentindo belíssima e sedutora, sem ser vulgar. Pego a minha bolsa e vou para o hotel encontrar com o meu Thor. Assim que chego no hotel e me identifico, a moça me dá um cartão magnético e me informa que a suíte é presidencial. Quando chego em frente da porta dou mais uma olhada no espelho para conferir o visual, insiro o cartão e entro. A suíte é linda bem luxuosa com uma vista maravilhosa para o mar. Em cima da cama tem uma lingerie branca toda de renda, e um bilhete. Vista! Quero você só de lingerie e de salto. — Ai, caralho! Já estou toda melada, adoro quando ele fica tão mandão. Tiro a minha roupa e visto a lingerie e me olho no espelho enorme que tem ao fundo da cama e outro no teto. Me sinto linda e sexy, estou nervosa e ansiosa para ser dominada e possuída pelo meu Thor, sentir o seu martelo todo dentro de mim. A porta atrás de mim se abre, perco o meu ar quando Chris entra e me olha com muita luxuria, ele está impecável no seu terno preto. Respiro com dificuldade, meu peito sobe e desce. Nunca nenhum homem me fez sentir tanta mistura de sentimentos dentro de mim, e com isso eu me sinto tão insegura e um enorme medo de perdê-lo.

Engulo em seco. O desejo e a luxúria são palpáveis na suíte, Chris para na minha frente e sem dizer uma palavra, me vira de costas pra ele e passa suavemente a sua mão pelo meu corpo. Sinto todo o meu corpo reagir ao seu toque, leves tremores, fechos os meus olhos, porque assim aguça mais os meus sentidos. Então ela começa falar com a voz rouca perto do meu ouvido, me deixando mais e mais ensopada de tanta excitação. — Linda... Gostosa pra caralho! Uma de suas mãos estão apertando meu seio e a outra desce em direção a minha calcinha. — Assim que coloquei os olhos nessa lingerie, eu sabia que ficaria perfeita nesse corpo feito para mim. Sua mão aperta a minha boceta ensopada, Chris sorri e eu sinto a sua respiração pesada igual a minha. Ele afasta a calcinha para o lado e enfia o dedo dentro de mim, que desliza com facilidade, eu apoio a minha cabeça no seu peito e dou alguns gemidos. — Porra! Caralho! Está pronta pra mim! Então sem perder tempo, ele rasga a minha calcinha e me vira de frente pra ele e me beija com possessão. — Eu quero te comer sentada no meu pau. Chris tira a calça rapidamente e se senta na cama e eu monto em cima dele. Seu pau desliza para dentro de mim, me preenchendo toda. Eu me acomodo em cima dele. Seus olhos não desgrudam dos meus, eu seguro o seu rosto e o beijo sem pressa, pois eu preciso sentir o gosto da sua boca, que tem gosto de menta. Eu começo a rebolar bem devagar em cima do seu pau, as mãos dele apertam o meu corpo, eu solto a sua boca e jogo a minha cabeça pra trás dando livre acesso a ele para tomar os meus seios. E ele puxa o sutiã para o lado e toma um dos meus seios, chupando e mordendo. O encaixe é perfeito e eu sinto a necessidade de algo mais bruto, puxo o seu cabelo, obrigando-o a olhar para mim. Eu aumento a velocidade e nossos gemidos ecoam pelo quarto. Sinto o meu orgasmo se formar no meu ventre, Chris segura os meus quadris me ajudando nos movimentos, ele me dar uma palmada segura eu sinto arder o meu traseiro. — Aperta o meu pau, caralho! Eu obedeço e começo apertar o pau dele, que começa a urrar. — Porra de boceta gostosa do caralho! Os nossos movimentos são bruscos, sinto que uma mistura de dor com prazer. Meu corpo quer se libertar. Fecho os meus olhos. — Goza no meu pau, gata! Goza...

Eu explodi apertando desesperadamente o pau gostoso que está dentro de mim. Chris morde o meu ombro e aperta a minha bunda. Ficamos agarrados um no outro, sua cabeça encaixada no meu pescoço, sinto a sua respiração alterada. Estamos suados. Chris ainda está de camisa, e eu só de sapatos e de sutiã. Ele beija o meu pescoço e depois o meu ombro, bem em cima onde ele mordeu. — Desculpe por isso. — Tudo bem. Estamos ofegantes, Chris levanta me levando atracada nele como um macaquinho. — Vamos tomar banho. Precisamos almoçar, minha gata. Chris me coloca no chão, eu tiro o sutiã e os sapatos e entro na banheira cheia de espumas e pétalas de rosas amarelas. — Chris, que lindo! — É para me redimir por sair sem te dar o seu "bom dia". Meu sorriso vai de orelha a orelha, me sinto tão amada e desejada por esse homem que não sei nem o que dizer. — Você não vai tomar banho comigo? — Ah, sim! Mas antes, eu vou pedir o nosso almoço. Já que antecipamos a sobremesa. Ele pisca para mim e sai do banheiro, eu olho tudo ao redor e me sinto no paraíso das mulheres bem amadas e bem fodidas.



Chris Amanhã inteira eu me ocupei com os meus trabalhos. O dia está calmo, sem correria. Tudo sob controle. Pedi para Kira remarcar as duas reuniões para segunda, porque eu tenho outros planos para a minha tarde. Mandei Kira providenciar tudo para a tarde que tenho em mente com a minha gata selvagem. Só falta um detalhe, mas esse eu mesmo quero fazer, porque eu conheço cada curva daquele corpo voluptuoso. Quando termino de analisar os novos contratos entrego tudo para Kira enviar para os nosso clientes. — Peça para reverem uns orçamentos que estão muito acima da média do mercado, esses dois aqui estão ok. Kira, você já sabe, não volto mais hoje, mas se aparecer alguma coisa muito urgente, me ligue. A sua ligação é única que vou atender. — Certo! Kira sai da sala, verifico as horas, faltam alguns minutos para meio dia. Coloco o meu paletó vou ao banheiro e dou uma conferida no visual, dou uma piscada para mim mesmo e vou de encontro com a minha gata. No caminho, eu entro numa loja só de lingerie. Tem algumas mulheres. Algumas me olham com curiosidade, outras, eu percebo os seus olhares de predadoras. Se eu fosse outro cara babaca, nem colocava os pés numa loja dessas, mas sendo eu, que nasci sem um pingo de vergonha na cara, estou pouco me fodendo o que vão pensar de mim. Assim que me aproximo de algumas peças de rendas, uma vendedora se aproxima, com um sorriso tímido no rosto. — Em que posso lhe ajudar, senhor? —Eu quero uma peça em renda branca do tamanho P, o sutiã e a

calcinha... – Começo a analisar a bunda da Clara. — Senhor, não seriam P também? — Sim, seria, se ela tivesse uma bunda normal. Mas a bunda da minha gata é grande – faço com gestos o corpo dela e o formato da bunda dela – Ela tem corpo de violão, e tem uma bunda que nossa... me tira do sério. A atendente cora com o meu comentário e eu sorrio com a cara mais cínica do mundo pra ela, que acaba desviando o olha. — Entendi, senhor. Vou trazer alguns modelos para o senhor. — Certo! Depois de vinte minutos escolhendo na loja e ser alvo de tudo que é tipo de olhar, saio da loja com uma sacola com três modelos, todos de renda, um branco, um preto e um cor de vinho, para a minha gata. Depois que preparei a suíte, desço e vou para o bar tomar uma cerveja. Verifico as horas e vejo que falta poucos minutos para às treze horas da tarde. Assim que termino a minha água, começo a mastigar um chiclete de menta, vou para a recepção e fico de longe observando quem entra e sai, confiro as horas e já se passaram dois minutos do horário combinado. Puxo o meu celular do meu bolso e fico mexendo nele aletoriamente, quando levanto o meu olhar, vejo a minha bela gata entrar desfilando. Eu guardo o celular só para admirar a gostosa da minha mulher. Ela chama atenção dos homens que estão ao redor, enquanto fala com a recepcionista, vejo os caras babando por ela. Dou um sorrisinho e me sinto um porra de um filho da puta sortudo. Podem olhar, porque essa gata selvagem é minha! Ela pega o elevador e eu me levanto e vou para o bar tomar mais uma água antes de subir e dar o "bom dia" que ela merece. Depois da foda estamos sentados um de frente pro outro dentro da banheira, as pernas da Clara estão por cima das minhas. Ela está me esfregando com a esponja enquanto me conta que a partir de segunda, vai dar aula de balé, porque a sua professora e amiga vai ter que se ausentar por conta da enfermidade do marido. Cada palavra que ela me diz eu presto atenção, tudo que envolve ela é muito importante para mim. Ela é importante para mim! — Chris, estou tão ansiosa e ao mesmo tempo nervosa. — Eu tenho certeza que você será uma ótima professora, tão boa quanto

ela. — Sei não... Mas eu não poderia deixar ela na mão nesse momento. Eu a viro de costa pra mim, tiro a esponja da mão dela e começo a passar pelo seu corpo, e falo bem perto do seu ouvido. — Pois eu tenho certeza que você dará conta do recado. Mordo o lóbulo da sua orelha e depois passo a língua e chupo, sinto o seu corpo todo arrepiar e estremecer. Ela deixa o seu pescoço a amostra e eu começo a beijar e morder de leve, ouço os seus gemidos. Minha mão desliza sobre o seu corpo até encontrar o seu ponto rígido, e começo a estimular. Meu pau cutuca as suas costas, suas mãos estão em volta da minha cabeça, puxando o meu cabelo. — Chris... Eu vou gozar! — Goza pra mim! Goza, gata! Clara puxa os meus cabelos com força e se entrega ao prazer, derretendo em meus braços chamando o meu nome. — Chris! Chris... Almoçamos e estamos deitados nus em cima da cama, Clara está deitada em cima do meu peito. Minha mão faz carinho na sua cabeça, ela começa a bocejar. Estou olhando para o teto e lembro da crise de ciúmes que ela teve ontem. — Gata? Ela boceja e responde: — Oi. — Por que você me mandou embora ontem? O que aconteceu que te deixou daquele jeito? Ela coloca o queixo em cima do meu peito e me olha com cara de sono, ela só me olha e não diz nada. Quando eu penso em perguntar de novo, ela começa a falar. — Ontem eu fui na construtora te fazer uma surpresa, e a Vanessa me disse que você tinha saído com a Kira. — Não tem motivos pra ciúmes, ainda mais da Kira. Ela é como se fosse uma prima. Clara se senta e começa a me bater, eu começo a rir dela que fica mais furiosa e me bate com mais força e começa a rir. — Seu filho da puta safado! Seguro os seus punhos e puxo-a para os meus braços, e dou vários beijos

nela. — Eu... – beijo – Só... – beijo – Quero... – mais um beijo... – Você! Solto os seus punhos ela me dá um soco no abdômen e depois se joga em cima de mim e diz. — Eu tenho muito ciúmes, mesmo que seja a Kira, eu não quero saber de você andando com mulher nenhuma. Só comigo! — Sim, senhora! Depois de outra foda, nós dormimos agarradinhos, acordamos com o telefone da Clara tocando. — Oi, maninho! Tá bom, tudo certo! Dou um beijo na sua bochecha e vou para o banheiro tirar água do joelho. Escuto a boca suja dela entrar em ação. — Olha, seu caralho, você não vai comer a minha amiga não! Você pode traumatizá-la, seu porra! — Que porra a Clara tá falando? — Seu cara de cu, estou te avisando! Ela merece um cara bacana... Hã?! Vou pro quarto, cruzo os meus braços e fico observando-a andar pelo quarto furiosa com o baitola do irmão. — César, caralho, eu estou te avisando, eu corto esse seu pau fora. — ela escuta ele falar, mas a cara não é de muitos amigos — Tá bom, a gente se encontra lá. Beijos. Ela encerra a ligação olha pra mim e diz. — Vamos! Temos que ficar de olho no pervertido do meu irmão. — Eu não vou ficar de babá pra cuzão de irmão nenhum! — Porra! Caralho! Não é você que cuida de prima? Não entendi porra nenhuma que ela disse agora, e pela minha expressão, ela entendeu e começa a me explicar se vestindo. — O safado do meu irmão vai levar a Kira para a boate, e se eu o conheço, ele vai comer ela e depois descartar. A Kira não merece isso. Começo a me vestir também. — A Kira é de maior, gata, se ela quiser dar, ela dá nessa porra. Clara me fuzila só com o olhar, eu sorrio sem mostrar os dentes pra ela. — Porra, Chris! O César não só fode como a gente! — E ele fode como? Ele pede pras gatas enfiarem o dedo no cu dele? Clara abre a boca e balança a cabeça em negativo. — Olha, não quero falar da vida sexual do meu irmão, mas eu te digo uma coisa: ele não presta! — Agora eu tenho que concordar com você. — Vamos?!

— Vamos! Chegamos a boate os quatros juntos. As garotas foram para a pista de dança e eu e o César ficamos no bar bebendo e jogando conversa fora. — Thor, você conseguiu domar a fera. — Você está tirando onda com a minha cara? Tua irmã é indomável, mas eu sei como mantê-la calminha. — Seu filha da puta! Se tu quiser manter um bom relacionamento com o seu cunhado aqui, nunca me fale da vida sexual de vocês. — E você acha mesmo que eu ia falar? Seu cuzão! Ele aponta o dedo pra mim, acende um cigarro e depois toma um gole do uísque. — Só um aviso: se você magoar a minha irmã, eu te esfolo vivo! — É mais fácil acontecer o contrário. — Conheço a minha irmã, ela ficou muito insegura depois que aquele merda do Renato a traiu com a melhor amiga. Escuto um voz familiar chamar o meu nome. Que porra essa mulher faz aqui? Bebo a minha cerveja e me viro na direção da voz, mas os meus olhos vão direto para a minha gata. E a cena que eu vejo me faz pressentir que eu não deveria ter vindo a merda dessa boate hoje a noite. Puta que pariu!

Clara A noite começou quente, passei a tarde inteira amando o meu Thor, me sentia tão feliz como nunca me senti. Escolhi um vestido de alcinha colado ao

corpo com a saia rodada e um salto bem alto. Consegui chegar na altura da boca do Chris. Assim que chegamos em frente da nova boate de Washington, eu vejo Kira e César na frente nos aguardando. Meu irmão abriu um sorriso enorme ao me ver, eu não resisto, solto a mão de Chris e ando apressada até o meu irmão. Nos abraçamos bem apertado. — Porra, Clara! Senti falta pra caralho de ti, sua peste! — E eu nem sabia que estava com tanta saudades do meu maninho mais pervertido! Ele me dá mais um abraço e assim que ele me coloca no chão eu começo a bater nele. — Olha, seu safado! Você nem pense em comer a minha amiga! — Porra, Clara! Quando você vai perder essa mania de se meter nas minhas fodas? Dou um sorriso irônico pra ele e dou mais um tapa no braço dele e vou na direção de Kira que está no telefone. — Bia, ela está bem aqui na minha frente. Puta que pariu! Esse tempo todo eu evitei falar com a minha amiga, porque eu sabia que assim que eu contasse que estava namorando sério com Chris, ela ia cobrar a sua aposta. Kira me entrega o celular e sussurra: — Boa sorte! Olho para Kira que sai rindo e vai na direção dos rapazes, eu respiro fundo, vamos encarar a derrota. — Oi, amiga! Quanto tempo! — Amiga é o caralho! Não sei se ainda sou sua amiga. — Que porra é essa, Bia? — Que porra digo eu! Como você e o Chris estão se comendo e eu tenho que saber pelo Chris! Porque a MINHA amiga, que se diz ser minha amiga, não me fala nada! Puta que pariu! O Chris e a sua boca grande! Dou um olhar mortal para ele, que me joga um beijo, bufo e viro de costas para ele. — Amiga, me desculpa, eu só... Ah! Vou falar a verdade logo, eu não quero pagar a aposta que fizemos. — Aaaah! Então é isso! Pois a aposta era o de menos. Se você tivesse me falado, eu nem iria cobrar a aposta, mas agora que você me privou de tudo, amanhã eu falo com o Chris. — Amiga, olha, eu posso pagar de outro jeito essa aposta, eu...

— Porra nenhuma! Boa noite e divirtam-se! Te amo, sua galinha! Beijos! — Bia... Antes que eu possa falar mais alguma coisa, ela desliga o telefone na minha cara. Olho para o aparelho e digo: — Sua vaca! Caminho na direção do pessoal devolvo o celular pra Kira que rir da minha cara. César coloca a mão na cintura de Kira, eu balanço a cabeça em negativo e entramos na casa noturna. Como eu e Kira queríamos balançar os esqueletos, os gostosões resolveram ficar no bar enquanto a gente requebrava no meio da pista de dança. As músicas eram bem agitadas e toda vez que tocava uma música da Rihanna, eu me acabava de tanto dançar. Estou dançando ao som de J Balvin e Anitta quando sinto uma mão na minha cintura, paro de dançar e olho para ver quem é a criatura que está me tocando e dou de cara com Emerson sorrindo pra mim. — Oi, Clara! Ele fala gritando por cima do meu ombro. — Oi, Emerson! Curtindo a sexta-feira? — Oh, sim, comemorar o aniversário da minha irmã. Quando ele fala irmã, eu reviro os olhos e ele começa rir balançando a cabeça. — Está sozinha? — Ah, não! Eu vim com o meu namorado, meu irmão e a minha amiga Kira. Olho para os lados e vejo Kira dançando, mas seus olhos estão fixos no professor. Isso é bom! Puxo ela para perto de mim, ela está suada e com o rosto corado. Não sei se é de vergonha ou se é por causa da dança. — Kira, esse aqui é um amigo meu e da Bia, professor Emerson. Ela arregala os olhos, acho que ela já ouviu falar dele, me viro pro Emerson e percebo que seus olhos vidrados na Kira. Estou sobrando aqui! — Emerson, essa é minha amiga e da Bia, Fernando e do Chris, Kira. — Eu senti que as citações desses nomes soaram como ameaças? — Ainda bem que você entendeu o recado. — Prazer, Kira. — Emerson. Emerson dá um beijo em cada bochecha de Kira.

— Bem eu vou atrás do meu boy. Dou as costas e deixo os dois sozinhos na pista, quando estou caminhando para o bar meus olhos encontram os de Chris, que está levando a garrafa de cerveja até a boca. Só a cena enche a minha boca de água, passo a minha língua ao redor dos meus lábios, ele sorri com os olhos para mim, é quando eu vejo a porra da mão de uma mulher tocar o ombro dele, quebrando o nosso clima e me enchendo de um ciúme latente. Chris se vira pra ela e fala alguma coisa, eu apresso os meus passos, quando eu chego perto, ela se mete na frente dele e eu reconheço a praga da mulher. Emerson Chegamos na boate depois das dez, a casa noturna é de um amigo da minha irmã e está inaugurando hoje. Pensei que teria que implorar para ela me acompanhar, mas pelo contrário, assim que perguntei ela aceitou na hora. Vanessa é muito caseira e não é de sair a noite, mas hoje parecia disposta a sair da sua toca. Ela parece meio perdida, olho para ela tentando se desviar da multidão, começo a rir e balanço a cabeça. — Vanessa, vai na minha frente, assim fica melhor. Ela passa a minha frente e eu coloco a minha mão nas costas dela e seguimos para o centro da pista. Quando nos aproximamos da pista, eu vejo uma mulher muito parecida com a Clara. — Vanessa, ali está o bar. – aponto na direção do bar – Me espera lá. — O quê? Você já vai me deixar sozinha? — Não vou demorar. Ela bufa e revira os olhos e vai na direção do bar. Me aproximo de Clara que se surpreende ao me ver, mas o meus olhos vão de encontro a mulher que está dançando ao lado dela e de imediato eu a reconheço. É a moça que eu vi em frente da construtora onde Vanessa trabalha. Ela é mais linda de perto! Eu não consigo tirar os meus olhos dela. A sua boca tem um formato de coração, e eu sinto uma enorme vontade de provar os seus lábios de coração. Puta que pariu! Eu quero essa mulher! Vanessa Eu sabia que ia me arrepender, não sei onde eu estava com a cabeça quando aceitei em vir a essa boate. Bufo e vou na direção do bar quando me

aproximo, acho que conheço esse homem, ele parece demais o maluco do Chris. — Chris? – ele se vira, acertei! Um homem desse tamanho não tem como não enxergar – Eu sabia. Te reconheci de longe. Ele balança a cabeça concordando, quando dois olhos verdes e misteriosos penetram os meus, sinto todo o meu corpo estremecer e reagir a ele. Não consegui desviar os meus olhos do dele, senti uma sensação estranha, como se eu quisesse estar aos domínios dele. Minha respiração pesou, senti os bicos dos meus seios enrijecerem, sem ele me tocar, ele me despia descaradamente com o olhar, me senti nua no meio daquela boate. — Oi, Vanessa. Chris me tira do meu devaneio, eu abaixo o meu olhar, tento controlar a minha respiração. Eu nunca me senti tão vulnerável em relação a ninguém. Respiro fundo e olho para Chris que está com olhos fixos para pista de dança. — Eu vim com o meu irmão. Falo meio nervosa, sem confiança nenhuma. Eu estou totalmente mexida. Meu Deus, o que está acontecendo comigo? Olho pelo canto do olho e vejo que ele continua me olhando, leva a sua bebida até a boca sem tirar os olhos de mim. Chris fala comigo e eu volto a minha atenção a ele. — Você quer beber alguma coisa, Vanessa? — Ah, sim! Um Martini. Chris pede a minha bebida. Eu não quero olhar na direção do homem de olhos penetrantes, mas é mais forte que eu, e eu me viro e sou surpreendia com uma linda loira ao seu lado. O braço dele está na cintura dela, ele fala bem perto do ouvido dela, que parece gostar do que ele lhe diz. Ele fala com ela, mas a sua atenção está em mim. Que safado! Eu me viro de costas para ele, preciso me distrair, senão vou passar a noite trocando olhares com esse homem. Coloco a minha mão no ombro do Chris, preciso conversar com ele qualquer coisa. — E como vai os seus bichinhos? — Meus filhos estão bem! Querendo sair do campo de visão do homem misterioso, eu me meto na frente do Chris, quando eu escuto a voz de uma mulher chamar o meu nome. — Vanessa! Eu já devia saber, que se o Chris está aqui, a namorada também estaria. Clara

Falo entre os dentes e ela se vira para mim com um sorriso de falsiane estampado na cara. Vontade de dar na cara dessa mulher! Chris passa a mão na minha cintura, seguro o seu rosto e dou um beijo de língua bem explícito nele, que me acompanha no beijo. Escuto a voz do meu irmão atrás de mim. — Pode parar vocês dois! Aqui não é hora, e nem lugar. César vira na direção da sem sal da Vanessa, que desvia o olhar do dele, então como uma irmã boazinha que sou vou fazer as devidas apresentações. — Maninho, essa é Vanessa. Trabalha com o Chris na construtora. Ela me olha querendo me matar, percebo o seu nervosismo, acho que o meu maninho mexeu com ela. — Vanessa, esse é o meu irmão César . Ela fica imóvel, não se mexe. César dá um sorriso safado pra ela e pega a mão dela do lado do seu corpo e beija, ela puxa a mão imediatamente. César apenas sorrir para ela e pisca. — Maninha, você viu a Kira? — Ela ficou na pista de dança com o Emerson. — Quem é Emerson? — Meu irmão! Vanessa responde e Chris olha pra ela assustado. — Você é irmã daquele baitola? — Chris, não fala assim do meu irmão! Depois você não gosta que chamem os seus gatos de bichos. O quê? Eu perdi alguma coisa? — Chris você contou para ela que tem gatos? — Não! – ela responde levantando a sobrancelha – Eu os conheci quando ele me levou na casa dele. Eu sinto uma raiva súbita tomar conta de mim, minha respiração acelera, eu sinto a Clara barraqueira e possessiva me possuir, sinto que vou matar alguém essa noite. — Seus filhos da puta! — Maninha, NÃOOO!

Clara Eu não estou acreditando no que acabei de ouvir da boca dessa cascavel! Sem pensar, e com muito ciúme e raiva, saio dos braços de Chris e vou pra cima dela, mas sou impedida de tocá-la. Meu irmão se mete na frente dela e Chris me segura pela cintura. ― Maninha, NÃOOO! ― Sai da frente dessa cascavel, César! ― Clara, se acalma! Não é nada disso que você está pensando! Chris fala atrás de mim, por um instante eu tinha me esquecido do verdadeiro motivo em querer quebrar a cara dessa VACA! Aponto o meu dedo na direção do meu irmão e começo a falar. ― Sai de trás do meu irmão! Ela afasta o César pro lado, me olha com um certo desdém e me dá um sorriso de tanto faz. ― Eu nunca precisei de homem nenhum para me defender, sempre resolvi os meus pepinos sozinha. Eu sou uma mulher, Clara. Não uma garota mimada que só sabe resolver tudo no grito. Eu sei o que quero e vou a luta. – ela se aproxima de mim e fala olhando nos meus olhos – Cresce, garota! Um ódio enorme cresce no meu peito, meu peito sobe e desce, eu balanço a minha cabeça, e antes que alguém pense mais rápido do que eu, piso com toda força no pé do Chris com o salto fino. A vaca da Vanessa me deu as costas, Chris me solta e começa a gritar. ― Porra, Clara! Vanessa se vira e eu a certo um soco no meio da sua cara. César me segura, e eu começo a espernear. ― Sua vaca sem sal dos infernos! Se você resolve na conversa, comigo é assim, no braço! ― Clara, para!

César me sacode e olha para Chris. ― Leva a tua namorada daqui, eu vou socorrer a Vanessa. ― Não toca em mim, caralho! Grito para Chris, olho ao nosso redor e vejo a multidão me olhando. Chris segura firme no meu braço, eu puxo e saio andando duro no meio da multidão, quando de repente eu sinto um puxão no meu braço eu me viro, Chris me levanta e coloca no seu ombro. ― Chris, me coloca no chão! ― Cala boca, Clara! Ele sai me levando para fora da boate com olhos curiosos em cima de nós. César Eu me abaixo e a coloco no meu colo, seu corpo enrijece e eu a olho, ela desvia o olhar e passa o braço no meu pescoço. Não dou nem dois passos e dois seguranças nos param. ― São vocês que estão envolvidos na briga? ― Minha irmã agrediu a moça e eu vou levá-la para um pronto socorro. ― Não precisa, César. ― Precisa, e quem decide isso sou eu! Sou amigo do Washington, e não precisa se preocupar que não voltará acontecer. Os seguranças concordam com a cabeça e nos deixam passar, antes de chegarmos a saída Vanessa me olha e fala. ― Preciso avisar o meu irmão. ― Pode deixar que eu aviso. Agora vamos para um hospital, você precisa fazer um curativo. Chris Em frente da boate eu olho para os lados e não vejo um táxi, Clara parou de me bater e espernear, está quieta então eu resolvo colocá-la no chão. Ela me dá as costas e começa a ir embora, eu começo a sorrir sem querer e balançar a minha cabeça. ― Que porra é essa, Clara? Sem se virar para mim levanta os dois dedo do meio. Vou atrás dela e a seguro pelo braço. ― Clara, não aconteceu nada! Eu só dei uma carona... Ela me interrompe.

― E essa carona era pra sua casa? Respiro fundo e passo a mão na minha cabeça, coloco a minha mão na cintura e fico encarando ela. ― Olha, Chris, eu pensei que você fosse diferente, mas eu me enganei! Eu semicerro os olhos, engulo em seco. O que ela está pensando? Que eu sou o merda do ex dela? — Eu não sou o merda do seu ex! ― Caralho, Chris! Eu confiei em você, eu deixei você entrar, eu... ― Você o quê, Clara? Continua... Ela se aproxima de mim e cutuca o meu peito sem parar. ― Eu te odeio, Chris! ― Você me odeia? Pois eu te amo, caralho! E se isso é problema pra você, pra mim é solução! Ela começa a me bater no peito com as duas mãos. ― Eu te odeio! Seu filho da puta! Seu porra! Eu seguro firme nos seus pulsos e olho dentro dos seus olhos. ― Se você me odeia, eu não posso amar por nós dois Clara! Eu não vou nadar contra a correnteza. Ela se afasta de mim, sua respiração está acelerada. Eu solto os seus pulsos, ela me olha, mas não diz nada e começa a se afastar mais e mais de mim, de nós. Meus braços caem ao lado do meu corpo, sinto o meu coração sangrar, o seu silêncio me machuca. Eu a vejo ir embora sem olhar para trás, dou dois passos na direção dela, não quero deixá-la ir. Mas eu desisto, não posso ficar com uma mulher que não confia em mim. Viro as minhas costas e vou atrás de um táxi, preciso ficar sozinho com a minha cerveja. Clara Chego no meu apartamento tiro os meus sapatos e jogo com força no chão e vou direto para a minha cozinha, abro a minha adega, encho o cálice até a borda de vinho e bebo quase tudo de uma vez. A bebida desce rasgando na garganta. Jogo a taça na parede e começo a jogar tudo que eu vejo pela frente na parede. ― Eu te odeio! Eu te odeio, caralho! Bebo o vinho na boca da garrafa, escuto o meu celular tocar e corro para ver quem é. Meu coração dispara dentro do meu peito quando abro a bolsa e vejo o nome de Kira estampado no visor, quase desisto de atender.

― Oi, Kira. ― Clara cadê vocês? ― Eu estou em casa, o César deve ter levado a vaca da Vanessa para o pronto socorro. ― O que aconteceu com a Vanessa? Bufo e tomo um longo gole do meu vinho, sento no meu sofá e olhando para o nada respondo a Kira. ― Eu dei um soco naquele nariz empinado dela para nunca mais sair com o boy dos outros! ― Meu Deus, Clara! Você tem certeza disso? Escuto a voz do professor ao fundo. ― Kira, preciso ir para o hospital. A Vanessa foi agredida. Começo a rir e bebo mais um gole do meu vinho, enquanto escuto a conversa dos dois. ― Eu sei! A Clara acabou de me falar. ― Ela que está na linha? – acho que ele toma o celular da Kira – Você pode me dizer o motivo de ter agredido a minha irmã? ― Alguém tinha que ajeitar aquele nariz, era muito empinado! ― Clara! ― Pergunte a vaca da sua irmã, e, por favor, passa o telefone para a minha amiga. — Pega, ela quer falar com você. ― Clara, você está com o Chris? ― Não sei onde o Chris está, e nem quero saber! ― Estou indo aí com você. ― Não precisa, estou ótima! ― Eu sei! Vou pedir pro Emerson me deixar no seu apartamento. ― Kira... – olho para a tela do telefone – Essa filha da puta desligou o telefone na minha cara! Chris Estou sentado no meio do jardim da minha mãe olhando para as suas rosas. Fecho os meus olhos e lembro da minha infância feliz com os meus pais, mesmo ao longo desses dez anos, desde o acidente que me tirou eles, eu me sinto um homem só. Mas, mesmo sozinho, o amor dos meus pais é palpável na minha vida, e isso nunca vai mudar, porque eu não quero que mude. Quando eu vou aprender a levar os meus sentidos a sério. Eu senti que a porra da nossa noite não ia terminar bem. A mesma coisa foi no dia em que meus

pais morreram. Abaixo a minha cabeça e as lembranças veem tão fortes e vivas. Respiro fundo, levo a garrafa de cerveja até a boca e as lembranças invadem a minha mente. Sinto o colchão afundar, quero abrir os meus olhos, mas eles pesam. Fui dormi o dia estava amanhecendo. Pelo toque suave, eu sei que é a minha mãe, ela acaricia a minha cabeça e o meu rosto, até que aperta o meu nariz com força. ― Ai, mãe! ― Acorda, preguiçoso! ― Mãe, me deixa dormir! ― Ligaram para o seu pai, estão precisando dele na obra em Búzios. Como hoje é sexta, resolvemos passar o final de semana lá. Você quer vir com a gente? ― Não quero ir! ― Vamos, filho! Faz tempo que não vamos a Búzios. Vamos na caminhonete do seu pai, eu sei que você ama andar nela. ― Não quero ir, mãe. Vou ficar em casa com a Fá. ― Tudo bem! Eu e seu pai vamos sair em uma hora, você bem que podia descer para tomar café com a gente. Eu me sento na cama, olho para minha mãe, uma mulher loira com olhos iguais os meus, ela sorrir pra mim. O seu sorriso iluminava a casa. ― Chris, eu já disse que te amo hoje, filho? ― Não! A senhora tá me devendo! Rimos juntos, ela me abraça e se levanta, beija o topo da mimha cabeça e faz um carinho no meu rosto. ― Eu te amo, filho! Agora vamos tomar café! Antes da minha mãe sair do quarto, eu sinto um frio subir pelo meu espinhaço, fico gelado, como se não corresse sangue nas minhas veias. ― MÃE! Ela para na porta e se vira pra mim, franze a testa. ― Chris? Você sentiu de novo? Eu respiro fundo, não gosto de sentir essas coisas, me sinto um bruxo. Balanço a cabeça e tento desfaçar. ― Eu só quero te dizer que... Eu te amo também! Ela sorrir pra mim, solta um beijo no ar e se vai. Abro os meus olhos e levanto a minha cabeça, fixo o meu olhar numa roseira amarela, sorrio sem querer, tomo o resto da minha cerveja sem tirar os olhos das flores.

― Clara...



Clara Abri a porta e Kira entrou no meu apartamento, ela parou, olhou tudo em volta e balançou a cabeça. Eu bati a porta e sentei no sofá e esperei ela falar. Por longos cinco minutos, Kira não disse nada e só andou pelo apartamento, até que veio na minha direção e sentou-se ao meu lado para enfim dizer algo. ― Você pode me dizer o que aconteceu? Por que você agrediu a Vanessa? E por que quebrou os seus objetos? Fica calada, olhando para o chão. Não sei o que pensar e nem o que fazer, sinto algo apertando o meu peito. Eu não tenho coragem de olhar para Kira, então sem olhar para ela, respondo: ― Pela primeira vez na vida, eu não sei o que fazer... Dói aqui dentro. Me sufoca. Eu quero gritar. Eu quero quebrar tudo. Eu quero... Respiro fundo, levo as mão no rosto. ― Você quer o quê? ― Eu quero ele aqui comigo! Eu quero ele, Kira! Kira vem pra minha frente, levanta o meu rosto ela e sorrir de forma doce e terna. Então eu a abraço. ― Me conta o que aconteceu, Clara. Quem sabe eu não posso te ajudar. Concordo com a cabeça. Kira senta no sofá, eu me deito e coloco a cabeça na sua perna, fecho os meus olhos e desembucho. ― E foi isso, eu o deixei. Kira continua alisando o meu cabelo, eu olho para ela que está sorrindo pra mim, eu me sento e fico olhando pra ela sem entender o sorriso no seu rosto.

― Porra, Kira! Eu estou aqui sofrendo e você rir da minha sofrência! Ah... vai se foder! Levanto puta da vida e vou na minha cozinha. Vou até a geladeira e pego uma garrafa de cerveja, abro e começo a beber. Kira senta no balcão e continua me olhando com um sorrisinho na cara. ― Primeiro... – ela levanta o dedo – Você tinha que ter escutado o Chris. Você só ouviu o que a Vanessa quis te dizer. Segundo... – ela levanta outro dedo – Você tem que aprender a se controlar, não pode sair por aí agredindo as pessoas e quebrando tudo, uma hora seu irmão e o seu pai não vão poder te socorrer. Me sento ao lado da Kira e encosto a minha cabeça no ombro dela. Ela tem razão, eu tenho que aprender a controlar esse gênio ruim que herdei de minha mãe. ― Terceiro: você tem que assumir para si mesma que ama o Chris. Eu tiro a cabeça do ombro da Kira e começo a negar com a cabeça. ― Clara, quem você quer enganar? Só se for a você mesma, porque está escrito na sua cara que você o ama. Chris não nega isso pra ninguém, e eu acho isso tão lindo nele. Olho pra Kira, estou atordoada com as suas palavras. Eu viro o resto da cerveja na boca, limpo a boca com a mão. Vou até a geladeira e pegou outra bebida, ofereço a Kira e ela nega com a cabeça. ― Você consegue imaginar o Chris com outra mulher? Porque é isso que vai acontecer. Eu me engasgo com a cerveja, Kira fica atrás de mim, começa a bater nas minhas costas e não para de falar. ― Um homem bonito, que parece um deus grego, inteligente, engraçado, divertido, cavalheiro e um ótimo amigo. O que não vai faltar é mulher querendo. Eu vou direto pro meu quarto, tiro a minha roupa vou para o banheiro, tomo um banho rápido, passo óleo pelo meu corpo. Quando saio do banheiro, Kira está me olhando com uma interrogação enorme estampada na cara. ― Aaaaaah!... – falo enquanto me visto – Mas eu não vou mesmo entregar o meu Thor de bandeja assim pra essas songas mongas. Ele é só meu! Kira abre um sorriso enorme e bate palmas. Eu coloco uma saia e uma camiseta, calço uma rasteirinha e puxo Kira pela mão. ― Vamos, você vai me deixar na casa dele e levar o meu carro. ― Mas eu não tenho habilitação brasileira, Clara. ― Vamos, mulher! Você quer que eu dirija com tanto de álcool que enfiei no rabo? ― Nossa! Vocês são muito bocas sujas!

Ela fala pegando as chaves da minha mão. ― A Bia e o Fernando, meu Deus! E você é pior que o Chris. ― Vamos, Kira! Eu não tenho muito tempo! Ela balança a cabeça e vai me seguindo, antes de entramos no elevador, eu dou um abraço apertado nela e um beijo no seu rosto. ― Bia tem razão, você é um anjo. ― Que exagero! Me considero uma mulher de sorte, vocês duas são minhas irmãs! Entramos no elevador, minha consciência pesa eu me viro de frente para ela e seguro as suas mãos. ― Kira... – respiro fundo e confesso a ela – Me perdoa por ter ciúmes de você com o Chris? Olha, eu sei que não tem motivos, mas eu morro de ciúmes. Sei lá.. eu sei que é muito infantil da minha parte, mas eu tenho ciúmes... ― Não te perdoou, porque não tem o quê perdoar. Eu sei que você tem ciúmes até de sombras. Está tudo bem! Vai chegar o dia em que você vai ter ciúmes só das outras, e não mais de mim. Sorrimos uma pra outra, e partimos para a casa do meu Thor. Chris Estou deitado no gramado olhando as estrelas, meu Brother Capuxo está me fazendo companhia. Enquanto passo a mão na sua lombar, admiro a beleza do luar. Tento não pensar na Clara, mas é impossível. ― Porra! Eu devia ter evitado ela, Capuxo. No fundo, eu sabia que isso não iria muito longe. Capuxo levanta a cabeça e me olha com cara de sono, e depois volta a dormir. Fecho os meus olhos e deixo a imagem da minha gata selvagem invadir a minha mente, sem perceber caio no sono. Senti um cheiro doce e familiar de flores, lembrei que dormi no jardim da minha mãe enquanto olhava as estrelas. Mas eu dormi com o Capuxo do meu lado, e não com uma gata selvagem agarrada em mim. Passo a mão no seu cabelo e começo a chamar por ela, que está num sono pesado. Tiro a sua cabeça, seu braço e perna de cima de mim. Levanto e carregoa no colo vou para a minha casinha dos fundos. Deixo-a na minha cama e vou para o banheiro tomar um banho, ainda estou com a roupa de ontem. Tomo um banho demorado, quando saio do banheiro Clara ainda está dormindo. Com a tolha enrolada na cintura fico parado observando ela dormir. Essa mulher me tem de um jeito que nenhuma outra teve. Nunca fui romântico,

nunca fiquei mais de uma vez com a mesma mulher. E desde que a conheci, naquela noite, eu sabia que com ela seria diferente. O seu cheiro, a sua pele, a sua boca, seu corpo. Não há nada nela que eu não ame. Termino de me enxugar coloco uma box e vou para a cozinha preparar um café, estou morrendo de fome. Coloco água no fogo para fazer o café, meus filhos não param de passar no meio das minhas pernas. ― Calma! Eu vou colocar comida para vocês, seus gulosos! Coloco ração e troco a água deles, me agacho e começo a fazer carinho neles, quando sinto o seu olhar sobre mim. Continuo a fazer carinho nos meus bichanos, ela se aproxima da gente se agacha do meu lado. Sem olhá-la, continuo a acariciar os meus filhos. Me levanto e vou coar o café, pelo canto do olho vejo ela se levantar e se sentar no balcão. Ficamos num silêncio incômodo por longos minutos enquanto preparava o nosso café. ― Gosta de panquecas? Pergunto e ela responde num sim fraco, que mal escuto. Coloco as panquecas em cima da mesa junto com o café, espero ela se sentar, faço o mesmo e começo a me servir. Clara só me olha, não fala nada. Abaixa o olhar e eu continuo a comer a minha panqueca com o meu café preto. Ela não se serviu. Eu aponto para a garrafa e a panqueca que estão na nossa frente. ― Não vai comer? Saco vazio não para em pé. Ela se serve e começa a comer, eu me levanto e vou para o meu quarto. Respiro fundo e passo a mão na cabeça, pego um short de banho e visto. ― Preciso tomar um banho, senão isso não vai prestar. Quando saio do quarto, Clara está colocando a louça na pia. Passo por ela sem dizer nada e antes de chegar na porta, ela me chama. ― Chris, onde você vai? Sem me virar dou uma resposta seca. ― Não vou longe, pode ficar à vontade. Saio da casa e vou direto para a mansão, preciso dar umas braçadas para por pra fora toda a minha frustração e a vontade enorme em foder essa mulher até não restar mais um pingo de porra. Clara Vejo a porta se fechar atrás dele, fico me sentindo mal com a sua frieza comigo. Fecho os meus olhos e começo a contar até dez. Estou com louca de vontade de esganá-lo por estar me tratando assim.

― Mas eu mereço! Quem manda ser burra! Olho para a porta fechada na minha frente, eu não vim aqui para ficar no vácuo. Eu vim aqui para tomar o que é meu de volta. ― O meu Thor! Saio atrás dele, passo pelo jardim de rosas que é mais lindo ainda de dia. Paro e cheiro algumas rosas, até escutar barulho de água, vou na direção e vejo Chris nadar de um lado para o outro da piscina. Olho para a mansão, é uma casa espetacular. Ela me lembra muito de família, me aproximo da beira da piscina, tiro a minha saia e a minha blusa e entro na piscina junto com ele. Chris não para, continua a dar suas braçadas. Eu mergulho e vou de encontro com ele, toco no seu braço, ele para e fica me olhando puxando a respiração que está pesada. Ficamos alguns minutos só nos olhando, eu levanto a minha mão para tocá-lo, mas ele se esquiva do meu toque, e eu sinto um gosto amargo de fel na minha boca. ― Chris, eu... Olho desesperadamente para ele, quero falar, mas as palavras não veem. Ele levanta as sobrancelhas, eu engulo a saliva, fecho só meus olhos e falo de uma vez. ― Me perdoa por ontem. Eu fiquei possessa e não pensei, e... Não te dei a chance de me explicar o porquê da Vanessa aqui na sua casa. Chris continua a me olhar, seu rosto continua fechado. Ele passa a língua nos seus lábios e solta a bomba em cima de mim. ― Eu tenho uma obra para visitar em outra cidade com a Vanessa. Vou passar três dias fora do Rio. O que você me diz sobre isso? Puta que pariu! Caralho! Eu sinto todo o meu corpo enrijecer, fecho os meus olhos e abaixo a minha cabeça, começo a contar até dez mentalmente. Chris dá um sorriso, mas não mostra os seus dentes e fala: ― Eu sabia. Ele mergulha e nada até a beira da piscina, e antes de sair, se vira para mim e chama o meu nome. ― Clara – eu levanto a cabeça ― Sabe mais o que me magoou? Não foi o teu ciúme, porque com ele eu sei lidar. O que me fez repensar esse rolo, – sinto que perdi o meu ar, ele disse rolo! – Foi você me comparar com o pau no cu do teu ex-noivo. Ele sai da piscina e vai embora me deixando sozinha com o meu coração em pedaços com as suas palavras.





Clara Me vesti e fui para a casa dos fundos, entrei e olhei na direção do quarto dele, peguei a minha bolsa em cima do sofá e antes de sair, olhei mais uma vez para a porta do quarto que estava fechada, respirei fundo e sai. Tirei o celular da bolsa e liguei para Kira, não demorou muito e ela logo atendeu a minha ligação. ― Oi, Clara! ― Oi amiga! Você está onde? ― Estou com o Emerson. – ela me fala rindo – Aconteceu alguma coisa? ― Ah, não! Está tudo bem! Aproveite o dia! ― Obrigada! Vocês também! Beijos! ― Beijos! Jogo o celular na bolsa e continuo a caminhar na direção do portão, quando escuto o som da moto atrás de mim, me afasto para ele passar e ele para bem do meu lado e ordena. ― Sobe! Fico imóvel olhando para ele. Eu sou uma mulher esquentada e sempre tenho respostas na ponta da língua, mas hoje Chris conseguiu me desarmar de tal maneira que eu perdi as palavras, parece que elas estão presar dentro de mim. Continuo olhando pra ele, não sei o que dizer, mordo os meus lábios e só olho pra ele. ― Sobe, Clara! Ele joga o capacete e eu pego no reflexo, bufo e coloco na minha cabeça e monto na sua garupa, seguro na sua cintura, na verdade, eu agarro a sua cintura. Chris arranca com a moto, ele está vestindo uma jaqueta cor de tabaco, uma camisa branca por baixo, um jeans surrado e calçando um coturno. Porra! Esse homem acaba comigo! Ele está usando um óculos RayBan

estilo aviador! Se a minha calcinha já não estivesse molhada, eu direi que a molhei, porque ele tá muito gostoso! Caralho Clara! Tenho vontade de me jogar dessa moto, de tanta raiva que estou de mim mesma! Balanço a cabeça em negativo. Chris está me levando para o meu apartamento. Meu coração pesa dentro de mim, sinto um nó se formar na minha garganta. Assim que chegamos em frente ao prédio, eu desço e ajeito o meu cabelo úmido. Chris não desce da moto, mas a coloca no descanso, ele tira o capacete e me olha sem tirar os óculos. Eu estico o braço entregando o capacete, ele pega eu dou as costas e começo a andar, mal dou três passos e me viro pra ele, que continua parado me olhando. Vou até ele, chego o mais próximo possível e começo a falar sem parar. ― Chris, eu sei que fui muito infantil em não ter te ouvido. O pior em julgar você pelos erros dos outros. – eu estou jogando o peso da minha perna de uma para a outra – Eu sou muito insegura, e olha, – eu aponto o dedo pra ele – Eu sou muito ciumenta. Sei lá, só de pensar em outra mulher olhando para você, eu... – abaixo a minha cabeça – Eu quero matar a filha da puta! ― Clara. Levanto a minha cabeça e olho pra ele, que tirou os óculos e colocou no colarinho da camisa. Procuro alguma coisa no seu olhar, mas eu não consigo ver nada, e isso me enche de tristeza. ― A minha viagem foi antecipada para hoje à noite. – sou surpreendida com a notícia de sua viagem, sinto que despenquei, pois tenho certeza que fiquei lívida – Vou ficar a semana inteira fora, talvez eu volte na sexta, não é nada certo. ― A Vanessa vai com você? Ai que ódio de mim mesma, tanta coisa para dizer e eu estou preocupada se a cascavel vai com ele. Chris balança a cabeça e responde: ― Não, alguém tem que ficar para administrar a empresa, vou passar muitos dias fora. Eu não queria que você soubesse pelos outros. Concordo com a cabeça e engulo em seco me viro para ir embora. Nunca fui chorona e me orgulho disso. Sempre fui de cair e levantar, e isso enche meu pai de orgulho. Mas, agora, nesse momento, eu não sei o que está acontecendo comigo, porque uma angustia tomou conta de mim, e sinto um peso enorme dentro do meu coração. E uma vontade grande de chorar, e antes que isso aconteça, decido me trancar no meu apartamento e fazer isso debaixo dos meus lençóis.

Apresso os meus passos, sem olhar para trás eu entro, passo direto sem dá bom dia pra ninguém, vou para o elevador e quando a porta se fecha, as lágrimas saem dos meus olhos desesperadamente. Com muita raiva eu enxugo o meu rosto com uma certa agressividade que eu me machuco. ― Bem feito, sua idiota! Xingo a mim mesma, limpando as lágrimas que insistem em cair. Entro no meu apartamento, jogo a minha bolsa em cima do sofá e começo a socar o próprio sofá. ― Burra! Burra! Burra! Vou para o meu quarto, passo direto para o banheiro tomo um banho e coloco um vestido folgado e me deito na cama abraçada com o meu Thor de pelúcia. Minha visão está embaçada por conta das lágrimas, mas vejo um homem enorme parado na porta do meu quarto. Puxo o Thor de pelúcia para cobrir o meu rosto, não quero que ele me veja assim. ― Clara, você está chorando? Meu irmão senta do meu lado, e eu tento me esconder dele, que me puxa para o seu colo e me abraça, beijando o topo da minha cabeça. ― O que foi que aconteceu? Ele enxuga as minhas lágrima. Não gosto que me vejam chorar, então engulo o meu choro e coloco a minha melhor cara de durona. ― Não foi nada não, acho que é TPM. César me olha desconfiado. ― Maninha, já voltou com a sua ginecologista? Você está se tratando sobre a end... O abraço mais apertado, não quero falar sobre isso agora. César se cala e fica abraçado comigo passando a mão nas minhas costas e beijando a minha cabeça. O seu amor e o seu carinho fazem sentir bem melhor. ― Mano, eu te amo! ― Eu também te amo! E não gosto de te ver assim. ― Já vai passar! Eu espero... Chris Depois que deixei Clara no seu apartamento, fui para o centro da cidade pegar os projetos e a documentação que vou levar para viagem. Assim que pego tudo que eu preciso, meu celular toca, olho para ver quem é.

― Oi, tio! Como vão as férias? ― Estão ótimas! E como vão as coisas por aí, Christian? ― Tudo no seu devido lugar. ― Fiquei sabendo que a sua namorada agrediu a minha sobrinha. Dou um sorriso e balanço a cabeça. ― E a sua sobrinha foi correndo te contar? ― Não, meu filho. Mesmo não estando presente, eu sei de tudo. Christian, primeira lição dos grandes CEOs: nós temos que ter controle de tudo que nos diz respeito, e isso inclui mulher e filhos. ― Qual o prazer nisso? ― Não é prazer, é ter controle para não perder o que mais amamos. Essa empresa representa muito mais que um bem para mim, Christian. É um pedaço da minha vida. Meu tio e suas filosofias, mas tenho que admitir pra mim mesmo que ele está certo. ― Liguei só para ter certeza que é você que está indo executar essa obra. ― Pensei que tinha o controle de tudo? ― E tenho, por isso estou te ligando. Quero ouvir da sua boca o que me disseram. ― Sim, tio, eu estou na construtora pegando as papeladas necessárias para a minha viagem. ― Ok, Christian! Assim que você chegar lá, me ligue. ― Pode deixar! ― Até lá, meu filho! ― Até, tio! Encerro a ligação, olho tudo ao meu redor. Há uma semana atrás eu não me via sentado nessa cadeira. Hoje, já me sinto mais dono de tudo isso que o meu tio. ― Fá, tem muita coisa. Eu te disse que era só básico! ― Meu menino, você agora é um empresário! Não é mais um porra loca, como você mesmo diz. Começo a sorrir dela, a abraço levantando-a do chão e começo a beijá-la nas bochechas. ― Chris, me coloca no chão! Ela me dá uns tapinhas pelos braços e eu a coloco no chão, ela ajeita a

sua roupa e me olha nos olhos. Fá me conhece muito bem, desvio o olhar antes que ela perceba que eu não estou tão bem quanto eu aparento para ela. ― Fá, não vai esquecer de vir aqui todos os dias colocar ração e água para os meus filhos e regar as rosas da minha mãe. ― Meu menino, – ela semicerra os solhos – o que aconteceu? ― Aconteceu nada, Fá. Está tudo bem! ― Não minta para mim! Só te vi assim uma vez. Seus olhos não mentem, Christian. Puta que pariu! Ela me chamou de Christian! Fodeu! ― Fá, eu não quero falar sobre isso. Saio do quarto, mas não adianta fugir dela. Fá não é minha mãe biológica, mas é minha mãe de criação, e como toda boa mãe, não vai sossegar enquanto souber o que está acontecendo com o seu filho. ― Christian Alencastro! Desembucha de uma vez! Fodeu ao quadrado! Abro a minha geladeira, pego uma cerveja vou até o sofá me sento, Fá senta bem na minha frente, bebo um longo gole e desembucho: ― É a Clara, nós não estamos bem. Fá cruza os braços e levanta a sobrancelha, ela não diz nada, mas eu entendo que ela está esperando para ouvir o resto. ― Ela teve uma crise de ciúmes, agrediu a minha colega de trabalho, mas o pior não foi isso. – tomo mais um gole da minha cerveja – Ela me comparou ao pau no cu do ex dela. Fá arregala os olhos e fala em um tom ameaçador. ― Christian! Olha a boca suja! ― Desculpa, Fá! É que eu não sou o pau... – ela arregala os olhos – O merda do ex dela. Eu jamais a trairia como ele fez, porque eu só tenho olhos, mãos, pernas e... – Fá sorri para mim e balança a cabeça – Eu não quero outra mulher, mas eu não gostei de ser comparado. Fá levanta e senta do meu lado, eu me viro de frente pra ela, que segura a minha mão e me dá um sorriso terno e cheio de carinho e amor maternal. ― Meu menino, eu sinto em te dizer que você se apaixonou por uma mulher impulsiva, mas elas não são tão difíceis de lidar. Se você pegar ela e lhe der umas boas palmadas, ela vai aprender a confiar em você. Eu não acredito no que acabei de ouvir? Fá está me aconselhando a bater na Clara? Ela percebe a confusão que eu fiquei e sorrir fazendo um gesto com as mãos pra mim. ― Não estou dizendo que tem que bater nela como os homens covardes

fazem. Pelo pouco que você já me contou, ela é muito mimada pelo pai e o irmão, então está acostumada a ter tudo e fazer birra que eles correm para resolver pra ela. Balanço a cabeça concordando com ela, tomo o resto da minha cerveja. ― Agora, se ela é tão importante pra você, a perdoe. Eu tenho certeza que ela já se deu conta que você não é o ex dela. Eu dou um abraço apertado na minha mãe, essa mulher foi e é a minha base, desde que os meus pais se foram. Não sei o que seria de mim sem ela.



Clara A segunda-feira chegou e eu estou só o bagaço para o meu primeiro dia como professora. Eu me jogo da cama, vou me arrastando para o banheiro fazer a minha higiene matinal. Tive o pior final de semana da minha vida, eu nunca pensei que sentiria tanta falta dele. Uma semana só que passamos juntos, foi o suficiente para me ferrar toda. Embaixo do chuveiro, abaixo a minha cabeça e olho para a minha periquita e digo pra ela: ― Eu te falei que isso não ia dá certo! Agora estamos aqui, sozinhas e sem eles! Nem Thor, e nem martelo. Que merda! Pego a minha bolsa com o meu material de dança e vou para a minha cozinha, coloco água na cafeteira e começo a olhar nos meus armários atrás de algo sólido para mastigar, de repente escuto a voz do meu maninho me chamar. ― Clara? ― Estou na cozinha! Não demora e ele aparece e senta no balcão a minha frente com uma sacola de pãozinhos, ele pisca pra mim e solta um beijo no ar. ― Pela sua cara a TPM ainda não te largou. ― Ela vai já me largar, vou fazer uma das coisas que mais amo, dançar! ― No fim do dia, vou passar aqui para saber como foi o seu primeiro dia de trabalho. Olho para ele com um sorriso no rosto. ― Você sabe que amo dançar, mas balé pra mim é muito mais que uma dança, é vida, é amor, é paixão! ― Eu sei, e até hoje eu não entendo por que você ainda não levou isso

como profissão. O café fica pronto, sirvo nós dois e me sento ao lado do meu irmão. ― Sei lá. — dou de ombros — Acho que é medo. Não tenho corpo de bailarina, geralmente elas são magrelas e não tem quadris assim, — faço gesto com a minha mão do formato de um violão — grande igual o meu. ― Maninha, você é gostosa! Essas mulheres são secas demais, você tem corpo de violão. ― Até demais. Ele sorri e termina o seu café, vejo o sorriso sumir de seu rosto, mastigo o meu pão e tomo o meu café puro. Minha mente me leva até Chris, quando sou surpreendida com a pergunta do meu irmão. ― Por que você não gosta da Vanessa? ― Hã? Eu não estou ouvindo isso as sete horas da manhã! Me levanto e deixo a minha caneca na pia pego a minha bolsa e o meu irmão vem atrás de mim. ― Clara, o que foi que ela fez pra você? ― Não gosto dela e pronto! ― Eu vou comer ela! Estou abrindo a porta quando paro e me viro pra ele com a boca aberta. ― Você não vai comer essa mulher! Volto a andar, César tranca a porta e vem me seguindo, aperto o botão do elevador e cruzo os meus braços. Estou chateada com ele. Que conversa é essa a essa hora da manhã? Desnecessária! ― Clara, você não vai se meter nessa foda! ― Eu vou! Você não vai comer essa cascavel! Começamos a discutir e não nos damos conta que o senhor e a senhora Matarazzo estão atrás de nós dois. ― Aquela mulher não merece ser bem comida! Acho até que ela não sabe nem o que é ter um orgasmo! ― Pois eu vou comer ela! Você gostando ou não! Quero ela de joelhos chupan... Somos interrompidos com uma tosse, viramos os dois juntos e damos de cara com o simpático senhor Matarazzo e a sua não simpática senhora Matarazzo. Meu irmão que é mais descarado e sem um pingo de vergonha, toma a mão da senhora e beija. ― Madame Matarazzo. Pela primeira vez eu vejo um leve sorriso no rosto dela, e dessa vez é o senhor Matarazzo que não está com cara de muitos amigos, e tosse de novo,

encarando o meu irmão que estende a mão pra ele, que aperta a mão do César sem dizer nada. Eu sorrio e cumprimento os dois. ― Bom dia, senhor e senhora Matarazzo! ― Bom dia, Clara! Seu Matarazzo me responde sorrindo, ela, como sempre, me ignora. O elevador chega e entramos todos nele. O dia passa voando, entre os intervalos olho o meu celular na esperança de encontrar alguma ligação ou mensagem do Chris, mas não tem nada. Chego a noite em casa, já trouxe uma comida japonesa coloco no microondas para esquentar enquanto tomo banho. Depois do banho coloco um roupão pego a minha comida sento no sofá e ligo para Bia. ― Oi, sua bandida! Lembrou da amiga, foi? ― Oi, Bia! Como vocês estão? Falo com a boca cheia e a Bia começa a me contar a sua rotina de mãe e mulher de lutador. Que Fernando outro dia quase bateu no vizinho deles, por ciúmes. Bia ameaçou se separar dele por conta do ciúme exagerado, eu começo a sorrir e lembro que eu estou sem o meu Thor por conta de ciúme. ― E você e o Chris, como estão? Ainda bem que já terminei de comer, olhei para o meu Thor em cima da minha estante e soltei. ― Amiga, eu não sei... ― Como assim não sabe? Que porra que você fez agora, Clara? ― Eu? Por que você acha que foi eu? ― Porque eu sei que foi você! Chris é um fofo e você um cacto! Puta que pariu! Olha só o que a minha própria amiga pensa de mim! ― Eu sou um cacto, é? Assim que você me vê? Bela amiga eu arrumei! ― Por isso sou sua amiga! Amigos de verdade não mentem! Falo logo, o que foi que você fez? Viro os meus olhos e remendo ela, parece que ela viu o que eu estou fazendo. ― Para de me remendar e revirar os olhos e desembucha, caralho! ― Porra, Bia! Tem bola de cristal? Rimos juntas. ― Eu bati numa colega cascavel dele de trabalho. ― E por que você bateu nela?

― O Chris deu uma carona para ela, e a cascavel insinuou que ele a levou para a casa dele, o que foi verdade, mas a porra do ciúme tomou conta de mim e dei um soco no meio da cara dela. ― E daí? O quê mais? Não foi só isso? Foi? ― Não! — eu solto o ar e fecho os olhos e falo o mais rápido que posso — Eu o comparei ao merda do Renato! ― O QUÊ? Repete de novo! ― É isso mesmo que você ouviu, Bia. ― Puta que pariu, Clara! Se eu pudesse passar por telefone, eu já tinha dado na sua cara! ― Tá, eu sei. Eu já pedi desculpas, mas ele não aceitou e eu estou louca de saudades dele e ele não quer nem saber de mim. Eu não sei o que fazer, amiga. Bia fica muda do outro lado da linha, e eu fico apreensiva esperando a sua resposta, até que eu escuto ela chamar Fernando. ― FERNANDO! ― Bia, não, caralho! Coloco a mão no rosto e balanço a cabeça. ― O que foi, amor? ― A Clara e o Chris brigaram. ― Demorou foi muito, a Clara é foda! ― Bia, diz pra esse filho da puta que eu estou ouvindo! Mas nem a minha própria amiga me escutou, me ignorou totalmente e eu fiquei ouvindo eles falarem da minha vida amorosa. ― Bia, tchau! Encerro a ligação e disco o número do Chris e fico na duvida se ligo ou não, sinto o meu estomago revirar, mordo os meus lábios respiro fundo e ligo para ele. Chama até cair na caixa postal sem coragem para tentar uma segunda vez, resolvo preparar a minha aula de terça. Eu nunca imaginei que passar o dia trabalhando iria me ajudar a esquecer o Chris por algumas horas, mas as minhas noites eram solitárias e tristes. Chris não retornou a minha ligação e eu cheguei a conclusão que ele não queria mais me ver. Teve noite que eu me entreguei ao choro, e teve noite que eu segurei o choro, porque eu não sou mulher de chorar. A sexta-feira chegou e eu estava uma pilha, ansiosa pela chegada dele. Não dormi a noite, não consegui comer nada, estava apenas com uma caneca de

café que tomei pela manhã. Liberei as minhas alunas meia hora antes do horário, estava arrumando a minha bolsa quando senti uma cólica forte, abracei o meu corpo e fui me abaixando até sentar no chão me contorcendo de dor. ― Ai, caralho! A dor dá uma pequena trégua e eu consigo tirar o meu celular da bolsa e vejo uma ligação perdida no meu celular e sem prestar atenção eu retorno a ligação. A dor vem aguda e me faz gritar alto. Escuto a voz de Chris do outro lado da linha, não era a voz que eu queria ouvir nesse momento. ― Clara? Você está bem? ― Chris, preciso que você ligue para o meu irmão. Por favor! Volto a gritar e me contorcer de dor, fecho os meus olhos. Estou suando frio, acho que a minha pressão baixou. ― Clara, onde você está? A voz do Chris está aflita, ele já não está falando, está gritando. ― Clara, caralho! Me responde! ― Eu estou... — Olho para o meio das minhas pernas e vejo a poça de sangue — Chris, eu estou no estúdio. Avisa o César para vir pra cá agora! ― OK! Vou deixar a sua chamada na espera, não desliga! Faço o que ele diz. Me sinto fraca, a dor está aguda demais e o sangue não para de descer. Puxo a minha toalha e me cubro, fecho os olhos e as lágrimas caem do meu rosto. Sinto tudo rodar, e quando abro os meus olhos, não consigo enxergar nada, meu corpo não me obedece mais. A última coisa que eu escuto antes de perder a consciência é a voz do meu Thor me chamando. ― CLARA? CLARAAAA

Chris Acordei com uma saudade imensa da minha Gata Selvagem. Esses dias eu tirei para refletir sobre o nosso rolo, e cheguei a conclusão que não quero e nem posso ficar mais longe dela. A semana foi muito difícil sem ela. Quando eu vi a chamada perdida dela no meu celular, lutei muito para não retornar. Enfiei a cara no trabalho e chegava no hotel tão cansado que dormia igual uma pedra. Mas hoje eu não sei, eu só queria estar com ela, ter acordado ao seu lado. Ocupei a minha cabeça o máximo que eu pude, para não ligá-la. Mas agora no final da tarde, comecei a sentir um frio, uma angústia tão grande que acabei ligando, mas ela não atendeu. Eu pensei que iria ficar uma semana aqui, e pelo visto, vai se estender por mais uma semana. Que merda! Saí mais cedo hoje da obra e resolvi tomar uma cerveja para relaxar, olho mais uma vez para a tela do meu celular e começo a escrever uma mensagem para ela, quando o apelido dela aparece na tela do meu celular. Gata Selvagem. Abro um enorme sorriso, atendo o mais rápido que posso, mas quando escuto um grito de dor vindo do outro lado da linha, levanto tão rápido que a cadeira cai e o meu coração dispara dentro do meu peito, sinto que perdi o ar e o chão. Nervoso começo a sair do bar e andar com pressa para o hotel com ela na linha eu pergunto: — Clara? Você está bem? Eu paro no meio da rua, escuto buzinas e xingamentos, eu atravesso a rua e paro para ouvir ela falar, e ela geme de dor.

— Chris, preciso que você ligue para o meu irmão. Por favor! Ela dá mais um grito de dor, eu sinto um frio subir pelo meu espinhaço. O medo de perdê-la toma conta de mim, e começo a falar gritando. — Clara, onde você está? Porra! Caralho! — Clara, caralho! Me responde! O desespero toma conta de mim, estou gritando no meio da rua, algumas pessoas me olham eu estou pouco me lixando para o que elas estão pensando de mim. Escutar os seus gemidos de dor acaba comigo, começo a me culpar por não estar com ela. — Eu estou... — ela geme mais uma vez — Chris, eu estou no estúdio. Avisa o César para vir pra cá agora! — OK! Vou deixar a sua chamada na espera, não desliga! Na mesma hora deixo ela em espera e ligo para o César. Não demora muito e ele atende o celular, não o deixo falar e já cuspo as palavras. — César, corre para o estúdio onde a Clara faz balé! AGORA! — O que aconteceu? — Eu não sei, caralho! Ela está com dor e não para de gritar. Porra, corre pra lá! — Eu já estou indo! — Você sabe onde é? — Sim! Ela faz balé lá tem mais de cinco anos. — Estou com ela na linha. Corre pra lá! César encerra a ligação e eu volto a falar com ela, mas eu não escuto mais nada, o desespero toma conta de mim e eu grito o nome dela. — CLARA? CLARAAAA! Puta que pariu!! Caralho! Corro para o hotel, entro apressado, escuto a recepcionista me chamar, mas eu não quero ouvir nada. Eu só quero arrumar a minha mala e voltar para o Rio. Ligo para ela de dentro do elevador, chama até cair na caixa postal. A minha barriga começa a dar voltas. O dia em que perdi os meus pais vem a minha mente, eu mal consigo pensar, começo a transpirar e sinto meu corpo todo enrijecer. Entro no meu quarto jogo todas as minhas coisas dentro da mala, olho ao meu redor rapidamente para ver se não esqueci nada. Meu telefone toca olho para tela e vejo o nome de Vanessa, atendo bufando. — Chris, eu estava olhando aqui uns projetos, e...

— Vanessa, você está perto da Kira? — Sim, ela está aqui na minha sala. — Deixa eu falar com ela. — Aconteceu alguma coisa? A sua voz parece aflita. — Por favor, passa o telefone pra Kira. Acho que ela me ouviu, e não demora muito eu escuto a voz de Kira. — Oi, Chris! — Kira, quero uma passagem de volta pro Rio. Agora! — Agora? — Sim, se possível pra daqui a meia hora! — Aconteceu alguma coisa? — Aconteceu, mas eu não sei o que foi. Só vou descobrir quando chegar aí. — Foi a Clara? — Sim, liga para o César e acompanha ele que foi socorrê-la e me passa tudo. Kira, por favor, me dê notícias. Eu estou em pânico! — Entendi! Eu já estou resolvendo tudo, vou te enviar tudo por mensagem. Chris? — Oi. — Seja o que for, vai ficar tudo bem! Não respondo, encerro a ligação e vou para o aeroporto. — Eu quero e preciso estar com ela. César Meu dia foi corrido. Olho a cidade pela janela do meu escritório, a última reunião foi longa e cansativa, mas consegui dobrar os meus clientes e renovei o novo contrato. Acendo um charuto e solto a fumaça, olho para ela e a vejo se desfazer na minha frente. Meus pensamentos me levam para a morena de nariz empinado, com ar autoritário e sem medo. Sorrio com o charuto na boca ao lembrar que a intimidei, que ela tentava não me encarar, mas ela não resistia e seu olhar buscava o meu. — Vanessa. Falo o seu nome, que soa como música nos meus ouvidos. Ela não vai escapar de mim, tem algo nela que me atrai, parece um ímã, não consigo parar de imaginar a sua boca ao redor do meu pau. Fecho os meus olhos e a imagino ajoelhada, abrindo o zíper da minha calça e venerando o meu pau. Caralho!

Ajeito o meu pau dentro da minha calça e me desperto dos meus pensamentos depravados. Volto para a minha mesa, me sento e tento me concentrar no trabalho. Quero passar o final de semana na minha cidade e não quero levar trabalho para casa. Meu telefone começa a vibrar, deixei ele no silencioso por conta da reunião. Eu atendo e não consegui nem dizer alô, pois Chris cospe as palavras em cima de mim. — César, corre para o estúdio onde a Clara faz balé! AGORA! Que porra é essa! Sem pensar me levanto da mesa e vou andando apressado para o elevador, enquanto falo com ele. — O que aconteceu? — Eu não sei, caralho! Ela está com dor e não para de gritar. Porra, corre pra lá! — Eu já estou indo! Minha maninha! Meu corpo todo enrijece, entro no elevador e aperto no botão do subsolo. — Você sabe onde é? — Sim! Ela faz balé lá tem mais de cinco anos. — Estou com ela na linha, corre pra lá! Encerro a ligação, a porta do elevador se abre e eu corro para o meu Audi Q5 e saio em disparada para o estúdio onde ela trabalha. Assim que chego vejo uma sala onde está tendo ainda aula de balé, sem pedi permissão eu entro e interrompo a aula do professor. — Desculpa a interrupção, mas onde é o estúdio que a Clara dar aula aqui? O professor me olha e dispensa as alunas, faz um gesto com a cabeça e eu sigo ele, quando ele abre a porta do estúdio, eu vejo a minha irmã no chão desmaiada e toda suja de sangue. Porra! Sinto como se uma adaga perfurasse o meu peito, meu coração rasga de tanta dor. Corro na sua direção, o professor começa a chamar por ela. — Clarinha, fala comigo! Eu a coloco no meu colo e saio com ela em passos largos. — Por favor, traga todas as coisas da minha irmã, eu preciso levar ela para o hospital! — Ela está toda ensanguentada!

O professor fala assustado. Eu não respondo, não quero falar do problema de saúde da minha irmã. Coloquei ela deitada no banco de trás do meu carro, meu paletó está todo sujo de sangue. O professor coloca a bolsa dela no banco da frente e me entrega o seu celular. — Que hospital você vai levar ela? — Samaritano. Respondo e arranco com o carro, o trânsito não ajuda muito. Meu coração está apertado, olho para ela que está pálida, sem um pingo de cor no rosto. — Anda, PORRA! O sinal abre e eu consigo passar, e vou cortando os carros, tenho certeza que eles estão me xingam. Quando chego em frente ao hospital, desço do carro e coloco-a no meu colo e entro gritando. — Minha irmã está com hemorragia! Vejo enfermeiros correndo na minha direção, uma maca bem a minha frente. Coloco ela sobre a maca, vou andando junto com eles, mas sou impedido de passar na segunda porta. Passo as mãos na cabeça, me sentindo um merda. Puxo o meu celular do bolso e vejo várias ligações e mensagens da Kira, ignoro-as e ligo para a ginecologista da Clara. — Doutora Dora Fritz, é o César Augusto Monteiro. A Clara teve uma crise, e essa foi muito forte, ela perdeu a consciência e está com hemorragia. Escuto a médica falar que está a caminho do hospital, respiro fundo e saio para fumar. Meus pais e minha irmã são tudo para mim, eu não consigo me imaginar sem nenhum deles ao meu lado. Sinto o meu telefone vibrar, vejo o nome de Kira. — Oi, Kira, estamos no Samaritano. Chris Desembarquei no Galeão a meia noite, peguei uma táxi e fui direto para o hospital. Quando o táxi para em frente ao meu destino, eu vejo César fumando um cigarro. Ele está olhando para o nada, seu olhar parece perdido. Assim que me aproximo ele se vira e me dá um sorriso sem graça, joga o cigarro e estende a mão pra mim e a aperto. — Como foi a viagem?

— Uma merda! Não consegui parar de pensar nela. Como ela está? — A hemorragia foi controlada, ela está bem agora. Concordo com a cabeça. — Vamos, Chris, vamos ver se ela já acordou. Quando a porta do quarto se abre e eu vejo a minha Gata Selvagem deitada naquela cama sem um pingo de cor no rosto. Sinto o peso da dor aumentar no meu peito. Ela ainda está dormindo, eu seguro a sua mão e aperto de leve. Estou me sentindo péssimo em vê-la assim nesse estado. Eu queria estar com ela, e não estava. A porta do banheiro se abre e Kira sai dele, ela sorrir sem mostrar os dentes, se vira pro César e briga com ele. — O que faz aqui? Eu não disse pra você ir para casa? Vai pra casa, César, trocar essa roupa. Eu fico com ela. — Eu só queria está aqui quando a minha irmã acordasse. Olho para a roupa dele, nem tinha notado que ele está sujo de sangue. O sangue dela. — Vá para casa tomar um banho e comer alguma coisa, César. Cigarros não alimentam, eles matam! — Porra, Kira! Parece a minha mãe falando. — Não se preocupe, assim que ela acordar eu ligo para você. Eu me viro para eles e digo: — César, pode levar a Kira. Eu durmo com a minha namorada. Eles me olham, Kira abre a boca para falar alguma coisa, mas desiste e concorda com a cabeça. — Então vamos, César. Você precisa de um banho e comer alguma coisa. — Chris, eu vou só tomar um banho e comer. Vou voltar, quero está aqui quando ela acordar. Concordo com a cabeça, César se aproxima e beija o rosto dela, antes dele sair eu o chamo. — César, o que foi que aconteceu com ela? Ele me olha, respira fundo e me responde: — Quando ela acordar e se sentir melhor, você pergunta pra ela. Ele se vira e vai embora, me deixando com a cabeça confusa. Volto a olhar pra a ela e pergunto: — O que você tem, que não me disse antes?



Clara Acordei com uma mão em cima da minha, virei para ver quem era e, meus lábios se esticaram num sorriso enorme, senti o meu coração dar piruetas de felicidade. Eu mesma faria, se pudesse. Passo a mão na sua cabeça, ele está num sono pesado. Estou tão feliz que esteja aqui, esses dias eu senti falta de seu cheiro, da sua risada, das sua grandes mãos explorando o meu corpo, seu sorriso, seus olhos, e das suas constantes declarações de amor. Christian não é um homem comum, ele é único! Ele não tem vergonha de expor os seus sentimentos, tudo que ele sente, ele fala sem pudor. Quando ele não fala, o seu corpo fala pela sua boca o quanto me ama. Sinto os meus olhos marejarem, sorrio e enxugo o cantinho deles. Não gosto de demostrar meus sentimentos, pra mim isso é sinal de fraqueza. Queria ser como ele, que perdeu os pais quando era adolescente, mas mesmo assim, não se fechou para o amor. Sou uma fraca e covarde! Respiro fundo, meus olhos voltam a pesar de novo. Me sinto cansada e meu corpo está fraco, mas eu quero muito olhar nos olhos dele e ter a certeza que ele ainda me ama. —Chris! – mexo na sua cabeça – Chris! Ele se assusta, levanta a cabeça e me dá o seu melhor sorriso. Levanta e me dá um beijo doce e terno, fazendo o meu coração dar saltos dentro do meu peito. — Faz muito tempo que você está aí me bisbilhotando? Sorrio para ele, sua mão está no meu rosto, seu polegar circula a minha bochecha. Ele me devolve um sorriso

— Eu estava aqui pensando em como eu sou sortuda por ter um super herói apaixonado por mim. — E quem disse que eu estou apaixonado por você? Sinto que o meu coração parou por um segundo, Chris encosta a sua testa na minha e olhando nos meus olhos confessa num sussurro: — Eu sou louco de amor por você, minha gata selvagem! Um alívio me invade, seguro o seu rosto com as minhas duas mãos e o puxo para um beijo necessitado. Somos interrompidos com uma bronca da minha médica que entra com o meu irmão. — Vejo que a minha paciente mimada, arrumou mais um pra mimá-la mais ainda. Dra. Dora Fritz – ela estende a mão para Chris. — Christian Alencastro, doutora. — Bem, vamos aos resultados do exame de sangue dona Clara Beatriz Monteiro. Enquanto a doutora olha meus exames, meu irmão vem até mim e beija a minha testa. — Que susto você me deu, maninha. — Eu desmaiei, só lembro do Chris mandar aguardar ele na linha. — Ele me ligou e eu sai como louco em direção ao estúdio. — Agora estou bem! Chris segura a minha mão e aperta de leve e pisca pra mim. — Cavalheiros, eu preciso ter uma conversa particular com a minha paciente. César e Chris se entreolham, eu sinto um frio na minha barriga. Isso não é bom! — Mas por quê? Algum problema com a minha irmã? — Seu César, se fosse algo mais grave, eu falaria primeiro com vocês. É só assunto de mulheres, e eu não quero que a minha paciente fique constrangida. Meu irmão não engole a desculpa da médica, ele olha para ela e depois pra mim. Eu aceno com a cabeça para ele, que me dá um beijo e sai. Chris aceita com mais facilidade, me dá um selinho e segue César. A Dra. Dora me olha, balança a cabeça em negativo e solta o ar. — Clara, só assim pra gente se encontrar de novo, já que você não aparece no meu consultório há mais de um ano. Abaixo os meus olhos. — Eu sei que fui imprudente comigo mesma. — Foi, e muito! O anticoncepcional que você usa deixou de fazer efeito no seu organismo, e com isso o problema se agravou. Há quanto tempo vem sentindo fortes dores?

— Esses últimos meses, as dores ficaram intensas, mas eu não sei por que eu desmaiei, eu... — Clara, nós vamos ter que fazer umas ultrassonografias para confirmar as minhas suspeitas. Pelo seu desmaio e a hemorragia, eu tenho quase certeza que o tecido está bem maior que o normal. E isso não é bom. Nada bom, Clara. — E isso quer dizer o quê, Dra. Dora? — Não quero me precipitar, você vai fazer os exames e assim que sair os resultados, voltaremos a nos falar. Preciso que fique de repouso, a hemorragia foi controlada, ela não vai mais voltar. — Segunda eu posso voltar ao trabalho? — Você está trabalhando? — Sim! Agora sou professora de balé. — Que ótimo! Qualquer tipo de exercício, desde que não seja pesado, faz bem para o tratamento de endometriose. Segunda pode voltar as suas aulas. — Estou de alta? — Sim , está. Vou passar os exames que você irá fazer e um medicamento mais forte que o primeiro. — Ok, Doutora. — Clara, não quero te assustar, mas você lembra da nossa primeira conversa quando anos atrás, você e sua mãe entraram na meu consultório pela primeira vez? — Sim, eu me lembro. — Você me disse que não pretendia ter filhos, ainda pensa assim? Sou pega de surpresa com a pergunta da minha ginecologista, eu não sei o que responder e ela percebe a minha duvida, e me dá um sorriso sem mostrar os dentes. — E o que a senhora quer me dizer com essa pergunta? Estou com medo da resposta, mas eu preciso saber, não quero ficar na duvida. — Vamos saber com o resultado dos exames, não quero me precipitar em nada. Agora, pode arrumar as suas coisas e repousar em casa. Te espero na terça no meu consultório. Assim que ela sai, Chris entra no quarto e o meu irmão a acompanha. — Está tudo bem? — Sim, está! Eu não menti para ele, mas eu não queria contar para o homem que eu amo, que a médica suspeita que eu não poderei lhe dar filhos. Eu nunca pensei que isso me machucaria tanto, deixando no meu coração um buraco enorme, e uma sensação de que nunca serei completa para o meu Thor.

Chris Levei Clara para a minha casa, contra a vontade do irmão dela. Não sei o que aconteceu depois que César falou com a médica, mas percebi que ele ficou uma pilha de nervos. Deitei ela na minha cama, tirei as rasteirinhas e comecei a fazer massagens nos seus pés. Clara fechou os olhos e começou a relaxar. — Eu percebi que você e seu irmão ficaram muito tensos depois que conversaram com a doutora Fritz. Clara abre os olhos e ficamos em silêncio trocando olhares. — Chris, quando eu menstruei pela primeira vez, eu tive uma forte cólica que não aguentava ficar em pé, eu me contorcia de dor na minha cama. Minha mãe me levou ao médico e ele disse que era normal, por ter apenas doze anos, meu corpo não estava preparado com as mudanças. Só que, com o passar dos anos, as dores não cessaram, pelo contrário, elas ficavam mais e mais intensas, até que um belo dia, quando eu tinha dezesseis anos, numa madrugada, a dor veio muito forte e eu perdi a consciência. Meu irmão, como sempre, muito protetor, foi ver como eu estava, e me encontrou inconsciente e toda suja de sangue. Foi aí que a doutora Dora me atendeu e desconfiou que eu sofria de endometriose. — E isso é grave? — Depende, isso varia de mulher para mulher. No meu caso, – eu paro de massagear os seus pés, ela mexe, e eu volto a massagear — Pode se dizer que é um pouco grave, se o medicamento parar de fazer efeito, eu posso ter crises fortes como eu tive e até ter uma hemorragia. Levanto o meu olhar que encontra o dela, não sei se ela me disse tudo, sinto que ela me omite alguma coisa. Vou esperar ela melhorar, pois ainda está muito fraca e cansada. Levanto e sento ao seu lado, passo o meu braço por cima dela que se encosta no meu peito. — Clara. — Oi. — Senti muito a sua falta. — Eu também. — Eu vou cuidar de você, e esse susto que você me deu, não vai mais voltar acontecer. — Não vai? E como você vai fazer isso? Clara fala sorrindo e beijando o meu peito, eu me viro de frente pra ela.

— O que foi? — Quero casar com você! Vejo o seu sorriso se transformar em uma crise de gargalhada e eu sorrio para ela, que rir sem parar. — Você está brincando comigo? — Eu nuca falei tão sério em toda a minha vida. Ela não sorrir mais, olha para mim não me diz mais nada. — Sim ou não? Só depende de você, Clara. — Chris, você tem certeza? — Você é a minha certeza, Clara. Ela engole em seco, se afasta de mim. Vejo a sua insegurança renascer e isso me machuca, não entendo o porquê dela não confiar em mim. — Não precisa me responder agora. – eu me levanto – Vou fazer o nosso almoço. — Chris, – ela segura a minha mão – Você viu o que eu fiz com a Vanessa, eu sou muito... — Imatura? Mimada? Ciumenta? Insegura? Barraqueira? Sim, eu sei! — Nossa! E mesmo assim, você quer casar comigo? Ela fica em pé na cama e mesmo assim não passa de mim, ficamos na mesma altura. Minhas mãos passam pela sua cintura, seus braços passam pelo meu pescoço. — Eu sou louca! — E eu te amo! — Eu sou chata! — E eu te amo! — Eu vou quebrar a cara de quem ousar te olhar! — E eu te amo! — E eu estou achando que você não é normal! — E não sou! Para te amar, só sendo louco. Ela bate no meu braço fingindo que está com raiva. — Mas eu seria um completo idiota se não te amasse. – tiro o cabelo de seu rosto e coloco atrás da orelha – Uma mulher linda, corajosa, que ama seus amigos e sua família e que me ama, mesmo não confessando. Seu peito sobe e desce, ela abre a boca para falar, mas não sai nada, então ela fecha e me beija sem pressa, mordendo os meus lábios sugando-os. — Chris... — Sim. — Você pode esperar. — Esperar?

— Sim, esperar. — Por você eu faço tudo, até esperar o seu tempo. Nos abraçamos. Eu queria um "SIM" ou um "EU TE AMO", mas tudo que eu tive foi um "ESPERAR".

Clara O meu final de semana foi de repouso total, eu já estava mais corada e não me sentia fraca. A minha menstruação estava no final, já não me causava tanto desconforto. Chris cuidou de mim com tanto amor e dedicação, que em alguns momentos eu queria dizer pra ele que SIM, que quero passar o resto da minha vida com ele. Mas eu desistia, quero esperar o resultado dos exames que ainda vou fazer. — Gata, você tem certeza que quer voltar para o seu apartamento? Chris me pergunta enquanto dá um nó na sua gravata em frente ao espelho, visto a minha camiseta e vou até ele, e desfaço o nó da gravata e refaço. — Chris, o meu material de aula está todo no meu apartamento. — Eu falei ontem que eu poderia pegar, não quero que você se vá. —Você fala como se eu tivesse indo para outra cidade. Termino o nó, acho que ficou bom. Levanto os meus olhos e sorrio para ele, fico na ponta dos pés, mas isso não resolve muita coisa, já que ele mede um e noventa, e eu um e setenta de altura. Chris passa os braços na minha cintura e eu passo os braços em volta do seu pescoço. — Eu sei que você poderia ter pego, mas eu preciso ir para o meu apartamento. O meu planejamento de aula está tudo lá. – dou um selinho nele – Você janta comigo e depois dorme comigo? — Tudo bem, vou fazer esse sacrifício. Ele começa a me beijar, nosso beijo começa doce e terno, mas de repente começa a ficar mais bruto. Chris me levanta, eu passo as pernas em volta de seu quadril, ele me encosta na parede e com uma voz rouca ele fala, mordendo e beijando o meu pescoço. — Tem mais de uma semana que eu não te fodo, estou louco para sentir a sua boceta apertar o meu pau! — Eu também! Estou louca querendo ser fodida.

Sussurro. — Melhor a gente parar... Chris fala, enquanto os seus lábios percorrem o meu colo e uma de suas mãos acaricia um dos meus seios. — Também acho. – falo em meio aos meus gemidos. Minhas pernas o apertam mais e mais, nossos corpos necessitam um do outro. Eu necessito dele e ele necessita de mim! Meu Thor! Meu Chris! — Chris... — Oi. — Vamos nos atrasar! Chris me coloca no chão, nossas respirações estão alteradas. Ele encosta a sua testa na minha e fecha os olhos para retomar o seu controle. Nos abraçamos, ofegantes, sedentos um pelo outro. Aos poucos, nossas respirações vão se normalizando. — Eu já te disse que eu te amo hoje? Levanto minha cabeça e encontro o seu sorriso lindo, passo a minha mão pelo seu rosto barbado. — Não! — Eu te amo, minha gata! — Eu sei! Chris me abraça, e a vontade de dizer o quanto eu o amo, fica presa na minha garganta. Eu quero dizer o quanto ele é importante pra mim, mas parece que essas palavras ficaram presas dentro de mim. O dia ocorreu tudo bem, entro no meu apartamento deixo os ingredientes para preparar a comida em cima do balcão e vou direto para o meu quarto, tomo um banho e coloco um vestido confortável, amarro o meu cabelo num rabo de cavalo e vou para cozinha preparar o nosso jantar. Preparo uma lasanha a bolonhesa e uma salada crua para acompanhar um sorvete de sobremesa. Estou lavando a louça quando escuto a voz do meu irmão atrás de mim. — Vejo que a minha maninha está bem. Ele vem até mim, me dá um beijo no rosto e vai direto para geladeira bisbilhotar.

— O que foi que a Dra. Dora disse pra você? Ele pega uma maçã dá uma mordida e começa a falar de boca cheia. — Ela me disse que com o resultado dos exames que você vai fazer amanhã, ela vai poder falar da gravidade do problema. Clara, – ele para de mastigar e me olha com cara de bravo – Por que você parou de ir para as suas consultas regularmente? — Eu sei, maninho, fui imprudente comigo mesma. — Você quase me matou de susto! Eu avisei os coroas, vão chegar na sexta. — Porra! – Dou um tapa no seu braço – Não era para preocupar eles, caralho! — Nossos pais precisavam saber. Bufo de raiva, me sento do lado dele e encosto a minha cabeça no seu ombro. — Vai ficar pra jantar com a gente? — Não vai dá, tenho um compromisso. — Sei. — Quer que eu a acompanhe amanhã na consulta? — Não, eu prefiro ir sozinha. Ele termina a sua maçã e passa o braço por cima do meu ombro. — Chris me pediu em casamento. César começa a rir e balança a cabeça em negativo. — Por que você está rindo, caralho? Falei alguma coisa engraçada? — Não! Esse cara é doido! Começo a dar vários socos nele, que se esquiva e rir mais alto ainda e por fim me puxa para um abraço, eu o empurro e vou direto para o fogão olhar a minha lasanha. — E você, aceitou? — Eu pedi para ele esperar. O sorriso some do rosto do meu irmão. — Maninha, você contou para ele? Me viro de costas pro César e agacho fico parada olhando para o forno, sinto uma tristeza invadir o meu coração. — Eu não tive coragem. Um silêncio enorme e incômodo se faz na cozinha. Quando eu me envolvi com o Renato, esse peso de não poder gerar um filho nunca foi um problema pra mim. Mas hoje, pesa demais no meu coração. — Eu estou com medo, mano. Desligo o forno e vou na direção do meu irmão que está em pé com os

braços abertos para mim, me aninho no seu abraço. — Ele te ama, e mesmo que ele não tenha um filho que saia do saco dele, eu sei que ele vai ficar do seu lado. Escuta o teu maninho. Ele não é o merda do Renato. — Mesmo assim, será que ele vai me amar se eu não poder dar filhos pra ele? — Clara, — César me solta e olha nos meus olhos — Se ele realmente te ama, ele não vai se importar com esse detalhe. Volto a abraçar o meu irmão, quando escutamos a voz do Chris. — O que tá pegando aqui? — Eu já estava de saída, tenho um compromisso inadiável. César me beija, bate no ombro de Chris e se vai. Chris vem na minha direção, segura o meu queixo e toma a minha boca. — Como foi o seu dia, minha gata selvagem? — Foi bom, mas agora ficou melhor! Ele solta o meu rabo de cavalo, segura o meu queixo, fazendo-me olhá-lo nos olhos. — Quando você vai me dar uma resposta? — Logo, eu prometo! — Quero que seja minha mulher! — Mas eu já sou... Sua! Me sinto enfeitiçada pelo seu olhar, sinto as minhas pernas fraquejarem, eu me apoio no seu corpo. —Vamos jantar? E eu respondo num sussurro. —Sim. Depois que fiz a transvaginal e um novo exame de sangue, fui para a sala aguardar o resultado dos exames. Puxo o meu celular e começo a navegar nas redes sociais, mas nada me prende, estou uma pilha de nervos. Cai uma mensagem de Chris. Thor Almoça comigo, gata? Abro um sorriso e mordo os meus lábios e respondo em seguida. Clara Sim!

Thor Te espero na minha sala. Clara Já estou com saudades! Thor Eu também, você não imagina o quanto! Dou um risinho, ele que não imagina o tamanho da minha saudade. Thor Gata, pergunta a doutora quando você vai está liberada para o meu prazer. Balanço a minha cabeça em negativo. — Esse Chris... Clara Eu já estou liberada! Hoje o sinal está verde para o seu prazer! Thor Puta que pariu! Não se atrase! Nós vamos almoçar aqui mesmo, quero comer a minha sobremesa antes do almoço. — Ai, caralho! – Penso alto e a senhora que está ao meu lado torce a boca pra mim e eu dou um tchauzinho para ela, que se levanta e senta do outro lado. — Clara Beatriz Monteiro. Escuto a atendente chamar o meu nome, guardo o meu celular na bolsa e vou até ela. Assim que recebo o resultado dos exames, sinto o meu estômago revirar, guardo o resultado na minha bolsa e vou para o consultório da minha médica. Assim que entro na sala, a Dra. Dora aponta para a cadeira a sua frente, eu tiro todos os exames, inclusive os que eu fiz quando estava internada e entrego a ela. A Doutora compara os resultados dos exames antigos com os novos. Eu não paro de mexer as minhas pernas, fico olhando para seu rosto indecifrável. Ela levanta o olhar para mim, se encosta na cadeira e começa a falar. — Clara, eu não quis falar nada antes, porque eu não queria te assustar, mas eu suspeitei que você estava grávida, porem os resultados dos exames não acusaram gravidez. Abro a minha boca e não consigo digerir o que ela está me dizendo. Grávida? — Preciso saber se você pretende ter filhos. Sem pensar eu respondo de imediato

— Sim! — Foi o que eu imaginei. Vamos seguir com um novo tratamento, o seu caso é delicado, pois o tecido cresceu alguns centímetros consideráveis e isso não é bom. Você vai tomar um novo anticoncepcional e um medicamento para hormônio, por enquanto vamos retomar o tratamento. — Então, eu não estava grávida? — Acredito que não. — Mas eu vou poder ter filhos algum dia? — Acredito que sim, vamos com calma. — Certo, doutora. — Te vejo mês que vem, Clara. Saio mais aliviada do consultório, vou para a construtora encontrar com o meu namorado. Estou devendo uma reposta para ele, e eu já tenho essa resposta. Chris A reunião foi cansativa, mas bem produtiva. Meu celular vibra no bolso do meu paletó, eu tiro e vejo o nome do meu tio na tela. — Oi, tio! Como vão as férias? — Elas estão acabando, chego na quinta com a sua tia. Como está a sua namorada? Esse velho com a mania dele de controle. — Como o senhor ficou sabendo? — Meu filho, você já deveria saber que para um homem ter êxito, ele tem que ter controle sobre tudo. Balanço a minha cabeça e coloco os meus pés em cima da mesa. — Ela está bem. — Eu liguei também só para te avisar que sábado a sua tia vai oferecer um jantar para os nossos amigos. Vamos fazer trinta anos de casados e espero ver você e a sua namorada. — Tudo bem, pode confirmar a nossa presença. — O Firmino foi para me substituir na obra, já que voltei as pressas para cá. — Então está em boas mãos. Chegamos na quinta pela manhã, e aguardo vocês no sábado. Roupa de gala. Até lá. — Até. Olho para o relógio no meu pulso, o ponteiro marca 12h52, vou até a mesa de Kira e sou surpreendido com o baitola do Professor conversando com ela.

Assim que ele me ver o sorrisinho no seu rosto desaparece, ele estende a sua mão e eu aperto. Hoje dou razão para o Fernando, ele também pegou esse cara de cu atracado na Bia, e eu por sua vez também flagrei ele aos beijos com a minha gata em frente do edifício que ela mora. Não consigo engolir esse professor. — Oi, Chris, eu estou saindo para o meu almoço. Você vai querer alguma coisa? — Eu queria que você pedisse almoço para dois. Mas pode ir almoçar, eu mesmo... Não termino a minha frase, a porta do elevador se abre e vejo a minha gata sair de dentro dele, ela me dar o seu melhor sorriso. Puta que pariu! Meu martelão já quer dar o ar de sua graça. Estou na seca há mais de uma semana, e só de olhar para ela, ele já se anima todo. — Clara! – Kira quase grita e vai na direção dela – Como você está? — Eu estou bem. — Aconteceu alguma coisa com você? O baitola do professor pergunta, Clara ainda não tinha notado o babaca. Ele vai até ela e dá dois beijos no seu rosto, sinto que o meu sangue ferve nas minhas veias. — Oi, Emerson, já estou bem. Ela vem na minha direção e me dá um selinho, passo a mão na cintura dela. — Eu vim almoçar com o meu namorado. Porra! Agora ela me ganhou de vez. — Por que não vamos todos almoçar juntos? Puta que pariu! Que ideia de merda é essa que a Kira deu? O Professor me olha, com uma cara de poucos amigos, acho que ele também não gostou da ideia. Espero que a Clara não concorde. — Adorei a ideia. Vamos, Chris! — Mas, gata, a gente não tinha combinado de almoçar na minha sala? — Ai, Chris, deixa de ser estraga prazer. Vamos, amiga. – Kira puxa Clara pela mão e as duas vão na frente conversando como duas adolescentes. O professor dar de ombros pra mim e eu bufo, lá se vai a minha sobremesa conversando com a sobremesa do Professor. Tenho a leve impressão que esse almoço vai render mais que um dia de fome.

As duas não paravam de falar, pareciam que não se viam há muito tempo. Agora Kira estava contando que a Bia estava fazendo greve de sexo por alguma coisa que o Fernando aprontou, não escutei direito, pois Kira cochichou no ouvido de Clara. Mulheres! — Preciso ir ao banheiro – Clara fala e já vai se levantando. — Eu também. Fico olhando pra elas até sumirem do meu campo de visão. — Olha, Chris, esse clima entre a gente... Não deixo ele falar mais nada, eu o corto. — Que clima? Tá doido, caralho? Onde já se viu, rolar clima com outro macho, ainda por cima sendo um baitola. Professor me olha balança a cabeça e sorri. — Chris, eu e a Clara nunca tivemos nada, era só... Sei lá, nem eu sei o que era aquilo. Olho para ele e não digo nada, essa conversa não vai acabar bem. — Eu só acho desnecessária essa conversa escrota! — Porra, Chris, eu não quero a sua mulher. Eu só tenho olhos para Kira, e... O Professor não termina, pois escuto gritos na direção dos banheiros. — PUTA QUE PARIU! Eu xingo e corro na direção dos gritos, de longe vejo Kira do lado da Clara que está gritando com o funcionário do restaurante, ela tenta avançar para bater no homem, mas Kira a segura pelo braço. — Se você ousar me tocar mais uma vez, eu arranco as suas bolas! Seu desgraçado! Filha da puta! Olho para Clara e depois para o homem que está de braços cruzados, mas ele olha com muita raiva pra ela. — Que porra está acontecendo aqui? – Eu pergunto, mas ninguém fala nada. O professor chega e vai na direção do homem e encara ele. — Ei, eu lembro de você. Ele fala apontando o dedo, o cara desvia o olhar de Clara e olha para o professor, e parece que a cara de durão se desfaz. — Foi você que tentou roubar ela em frente a construtora. Fico parado, acho que perdi algo, pois eu não estou entendendo porra nenhuma. O cara tenta sair, mas eu e o professor o impedimos, então ele recua e começa a se defender. — Eu não tentei roubar ninguém, essa mulher que é louca!

— Então por que empurrou ela e saiu correndo quando eu cheguei? Porra! Que caralho foi esse? Me viro para Clara com uma interrogação enorme na minha cara, então ela fala. — Ele não tentou me roubar, ele é o meu ex-noivo. Puta que pariu! — Renato! Eu falo o nome do desgraçado, e uma ira que eu não sei da onde veio se apodera de mim, e sem pensar, avanço na direção dele. — Chris, NÃO! Mas já era tarde.

Clara O celular da Kira toca. — É minha irmã. Vai indo, eu vou falar com ela. — Ok. Assim que saio do banheiro, uma pessoa me puxa com tanta força que o meu braço dói e eu quase caio, só não caí por que ele me segurou com força. — Sua vadia desgraçada! Reconheço a voz do filho da puta do Renato, eu tento puxar o meu braço, mas ele aperta com mais força e eu grito. — Me solta, caralho! Ele chega bem perto do meu rosto e fala entre os dentes. — Sua cadela! Você acabou com a minha carreira. Olha onde eu vim parar por sua causa! Sua raiva por mim é palpável, mas eu não me deixo intimidar por ele. Chego mais perto dele e cuspo em sua cara. Começo a me debater e a xingá-lo. — Seu verme insignificante! ME SOLTA!

Me debato e Renato me empurra contra a parede e bate o meu corpo com força. Minha cabeça bate na parede. — Você está louco? — Sua vadia mimada! Você vai me pagar centavo por centavo. Kira sai de dentro do banheiro as pressas, Renato se assusta e me solta de uma vez. — Ei! Por que você estava segurando ela? Ele tenta passar pela gente, mas eu me meto na sua frente, vejo o seu queixo tencionar e veia do lado de seu pescoço saltar. Começo a gritar com ele. — Quem você pensa que é para me ameaçar? Eu vou na delegacia te denunciar, seu merda! — Então essa não é a primeira vez que ele te agredi? — Não! Renato levanta dá um passo na minha direção, Kira recua, mas eu não. Quem esse filho da puta pensa que é? — Você acha que me intimida? Não mesmo, Renato. Você é um desgraçado covarde. — E você não passa de uma putinha mimada sustentada pelo seu pai e pelo pervertido do seu irmão. — Não mete o meu pai e o meu irmão nisso! Renato sorri com deboche e Kira toca no meu braço. — Clara, vamos voltar para a mesa. Kira começa a me puxar, eu começo a acompanhá-la. Quando ele me puxa mais uma vez, só que dessa vez eu sou mais rápida, me solto e o empurro. Eu penso em ir pra cima dele, mas Kira grita e me segura. — Se você ousar me tocar mais uma vez, eu arranco as suas bolas fora! Seu desgraçado! Filho a puta! Não percebo que Chris chegou, só quando ele pergunta algo que eu não entendo, estou fervendo de raiva pela ousadia de Renato. Em pleno expediente vir atrás de mim para me agredir e ameaçar. Quando Emerson chega, só então eu me dou conta que eu não falei para Chris sobre o Renato. Chris olha pra mim, vejo a confusão no seu rosto, ele não está entendendo nada. — Ele não tentou me roubar, é o meu ex-noivo. Mal termino de responder e Chris fala o nome do desgraçado, e parte para cima dele, acertando em cheio o olho do canalha. — Chris, NÃO! Renato tem estatura mediana, é pequeno na frente do Chris, mas é forte, sempre gostou de malhar e treinar karaté, e sem se deixar intimidar pelo tamanho

do outro, avança pra cima dele dando um soco no canto da boca de Chris. Puta que pariu! O circo tá armado! Emerson tenta separar a briga, mas acaba levando um murro no queixo de Chris. — Parem, vocês! – Kira grita e ajuda Emerson a se levantar. — Kira, chama os seguranças – Emerson fala. — Você está bem? — Sim, vai rápido! Kira olha para ele, concorda com a cabeça e sai correndo atrás de um segurança. De repente eu vejo Renato acertar um golpe atrás do joelho de Chris que se desequilibra e cai. Renato monta em cima dele e eu me desespero, olho para os lados e vejo um vaso pequeno de argila, quando eu me viro vejo Chris por cima do Renato. Emerson se mete pelo meio e puxa o Chris, Renato se aproveita e acerta um soco no meio do estômago do Chris e outro no Emerson, é quando eu acerto o vaso na cabeça dele que cai no chão desacordado. Corro na direção do Chris que me abraça e pergunta. — Você está bem? — Eu estou bem, e você? — Vou sobreviver. Kira chega com dois homens, ela corre na direção de Emerson e o abraça. O homem mais bem vestido olha para Renato e depois para nós, parece perplexo e pergunta. — O que aconteceu aqui? — O que aconteceu? Esse funcionário me agrediu quando eu saía do banheiro, estou indo na delegacia agora. — Senhora, por favor, vamos conversar. — Não tem conversa. Chris segura na minha mão e saímos os quatro do restaurante e fomos direto para a delegacia mais próxima. Depois que saímos da delegacia fomos para a construtora, Chris pediu para Kira cancelar as duas reuniões que ele teria. Chris se serve de um uísque e oferece para Emerson que nega. — Não, obrigado. Vou na sala da minha irmã. Emerson nos deixa a sós, Chris vira de uma vez a bebida. Está machucado no canto da boca. Ele me olha e vai direto ao assunto. — Que porra foi aquela, Clara? Como aquele pau no cu do Renato te agride pela segunda vez e eu não sei? Chris está com as duas mãos na cintura, ele está puto comigo.

— Você está com raiva de mim? — Eu estou muito, mas muito puto contigo! Porra! Eu fico sabendo pelo baitola do professor, que aquele esterco te empurrou aqui na frente da minha construtora. Fala, Clara, por que você não me falou? Eu vou na direção dele, que agora cruza os braços e levanta a sobrancelha. — Eu me esqueci de ti falar. Foi naquele dia que eu resolvi te fazer uma surpresa, mas VOCÊ – eu aponto o dedo na cara dele – Você não estava mais. Por quê? Porque você tinha saído com a Kira. Chris dá um sorriso irônico e balança a cabeça em negativo. — Isso não vem ao caso, Clara. Eu estou falando da sua omissão, caralho! — Eu me esqueci, e se eu esqueci, foi por que não tem importância... Eu não consigo terminar a minha fala, Chris fala tão alto que eu me assusto. Eu nunca o vi assim, com tanta raiva. — NÃO TEM IMPORTÂNCIA? Esse cara te agrediu duas vezes! – ele levanta os dois dedos e fala mais alto ainda — DUAS VEZES, PORRA! E você me diz que isso não tem importância? Eu fico com a garganta travada, parece que o gato engoliu a minha língua. Chris nunca gritou comigo, e isso me magoa. Se faz um silêncio enorme na sala, o clima está tão pesado que se torna palpável. Chris está de perfil para mim, vejo a veia do seu pescoço tufar, ele morde os lábios e depois passa língua neles. Ele passa as mãos no cabelo e vai até o barzinho e se serve de novo. A porta se abre e vejo a cascavel da Vanessa entrar, quando ela me vê, me encara. Eu sustento o olhar, ela bufa e olha na direção do Chris. — Se você está ocupado, posso voltar depois. Chris vira de uma vez o liquido âmbar e fala. — O que foi, Vanessa? Para você ter vindo aqui e interromper a nossa conversa. — É sobre a obra de Caxias, mas se você quiser... — Não, sente-se. Uma raiva enorme se apodera de mim. Vanessa passa por mim e se senta na cadeira em frente a mesa dele, Chris me ignora totalmente, nem um "Gata, a gente conversa depois". Ele se senta na mesa e faz um gesto para Vanessa falar, e eu me sinto um nada no meio da sala dele. Sabe, meninas, a vontade que eu tive foi de puxar aquela cascavel pelos cabelos e jogá-la para fora da sala, e depois, eu iria tirar o couro dele por ter me tratado assim. Mas eu simplesmente engoli a minha raiva e me retirei da sala,

batendo a porta com toda minha força. Kira dá um pulo da sua cadeira e me olha com os olhos quase saltando do rosto. — Clara, está tudo bem? — Não! Quero cometer dois homicídios! — Eu vou pegar água com açúcar para você se acalmar. — Eu não quero porra nenhuma! Kira balança a cabeça, sai detrás da sua mesa e pega uma garrafa de água e me entrega, eu aceito e bebo. — Está mais calma? — Não! Eu vou para o estúdio. Preciso dançar para extravasar. Pego a minha bolsa, dou um abraço em Kira e vou direto para o estúdio. Não vou dar aula, pois dispensei as alunas, vou colocar pra fora toda essa raiva que estou sentindo através da dança. Chris Assim que a Vanessa sai da minha sala, eu me jogo na cadeira e fico olhando para o nada. Será que ela não percebeu o perigo que estava correndo? — Porra! Bato em cima da mesa, estou muito puto por ela não ter me falado nada, mas estou mais puto por aquele desgraçado ter colocado aquelas mãos imundas nela. — Porra! Porra! Porra! Meu tio tem razão! Levanto da minha mesa e pego o meu paletó e as chaves do meu carro. — Kira, eu já vou e não volto mais hoje. Cancela o que tiver ainda de compromisso. — Sim, mais alguma coisa? — Não. — Esta tudo bem? — Não! Vou embora, não quero conversar, principalmente se o assunto for Clara. Entro na minha caminhonete e vou direto para o apartamento dela. Entro e procuro ela e não a encontro, tiro o meu paletó e enrolo as mangas, vou até a geladeira e pego uma cerveja e me sento para esperá-la chegar. Algumas horas depois a porta se abre e ela parece surpresa ao me ver sentado no sofá da sua sala, ela me fuzila com o olhar, não diz nada joga suas coisas em cima do sofá e cruza os braços. — O que você faz aqui?

— Eu vim terminar a nossa conversa. Clara Abro a porta do meu apartamento eu dou de cara com ele sentado no meu sofá. A cara dele é de pura raiva. Puta que pariu! Ele ainda tá puto! Jogo as minhas coisas em cima do meu sofá, nossos olhos estão presos um no outro. Se ele pensa que veio aqui para soltar os cachorros em cima de mim de novo, aaah! Mas está muito enganado. — O que você faz aqui? — Eu vim terminar a nossa conversa. Chris se levanta do sofá e vem na minha direção. Quando eu penso em fugir, ele é mais rápido do que eu, me segura e coloca no seu ombro e me joga em cima do sofá. Esfrega a sua ereção no meu sexo. Minha respiração está alterada, meu peito sobe e desce, sua boca está tão pertinho da minha, mas ele não me beija, só me olha. — Chris... Ele não diz nada, só me olha com uma intensidade, parece despir a minha alma, e os meus olhos se enchem de lágrimas, eu pisco várias vezes para não deixá-las caírem. Chris continua esfregando a sua ereção que toca o meu clitóris inchado, me fazendo fechar os olhos para sentir melhor a sensação que ele está me causando de puro prazer. — Sabe o que é sentir medo, Clara? Eu não entendo o que ele quer dizer e balanço a minha cabeça em negativo. — Você não sabe, né? Foi o que eu senti em menos de uma semana. Medo. — Medo? — Sim. Medo de te perder, não poder mais te tocar nunca mais. Ele passa as costas de suas mãos no meu rosto e olha fixo para a minha boca. — Medo de não provar mais dos seus beijos. Chris passa o seu polegar na minha boca, e eu a abro e chupo o seu dedo. Porra! Eu quero ser fodida por ele! — Chris... — O que foi, Clara? — Preciso ter você dentro de mim.

Sussurro bem perto da sua boca, Chris me da um sorriso de canto de boca e sai de cima de mim. Começa a colocar o seu paletó, eu me sento e fico sem entender nada. Olho para o meio de suas pernas e vejo o seu pau martelar, ele me quer e me deseja tanto quanto eu. Estou molhada, pronta para receber o seu pau veiúdo e gostoso dentro de mim. Não estou entendendo nada. — Que porra é essa, Chris? — Eu vou para a minha casa. Ele termina de ajeitar o paletó, se abaixa e me beija puxando os meus lábios com os seus dentes no final, vira as costas e vai embora, me deixando pegando fogo e frustrada por não ter me possuído. Mas que caralho foi esse, Clara?

Clara Imagina, eu, Clara Beatriz Monteiro, nunca fui de implorar nada a ninguém, mas quando eu vejo a porta se fechar, o meu orgulho tenta falar mais alto. Eu não quero e nem vou atrás dele! Era o que o meu lado orgulhoso gritava dentro da minha cabeça, mas o meu corpo ansiava desesperadamente por ele. Eu ansiava por ele! Eu me levanto e vou atrás dele, e nessa pressa eu bato o meu dedinho do pé no canto do sofá. Vejo estrelas, uma dor filha da puta me consumindo, mas eu não tenho tempo para senti-la, saio xingando com o dedinho latejando atrás do meu Thor. Olho na direção do elevador e vejo Chris entrar dentro dele, eu corro o mais rápido que posso e consigo chegar a tempo, antes da porta se fechar. Pelo seu olhar eu percebo que ele ainda está furioso, seu queixo está tencionado. Chris ajeita o volume no meio de suas pernas, eu dou um passo na direção dele, que só me olha sem dizer uma palavra. — Por favor, não vai embora! Eu não quero que você se vá. Chris não fala nada, continua parado sem dizer um ai. Eu me aproximo dele, toco o seu rosto e olhando nos seus olhos eu falo. — Eu não sei mais viver sem você. Eu não quero passar nem mais um dia longe de você. Eu quero dormi e acordar enrolada no seu corpo, eu... Digo sim! Por você, por mim, e por nós! Ele levanta as sobrancelhas, e quando eu penso em falar, a sua boca se apossa da minha. Os nossos dentes se batem, nossas línguas se encontram. Eu puxo os seus cabelos e suas mãos apertam a minha bunda, Chris se afasta e encosta a testa na minha. Eu amo quando ele faz isso! Estamos ofegantes de olhos fechados.

— Clara você disse sim por que me ama, ou por que eu ia embora? Me afasto um pouco dele, e mesmo que eu tente negar esse sentimento, não tenho como fugir do imenso amor que sinto por ele. Esse amor corre nas minhas veias, está marcado no meu corpo igual uma tatuagem. Pode passar mil anos e mesmo assim, eu tenho certeza que continuaria amando esse homem. — Porque eu te amo! E também por que eu não quero que você vá embora, nunca mais! – falo beijando e puxando os seus lábios com os meus dentes – Nunca mais! Ele me levanta e encosta na parede e suas mãos apertam os meus seios. Nosso beijo é cru, bruto e possessivo. Estou abrindo a camisa dele quando escutamos o elevador apitar e a porta se abrir. Imediatamente, Chris me coloca no chão, eu ajeito os meus cabelos e Chris sem disfarçar ajeita o pau dele dentro da sua calça, e para nossa surpresa, quem entra no elevador é o meu irmão. Ele nos olha e começa a rir descaradamente balançando a cabeça. — Eu atrapalho alguma coisa? Eu puxo ele para dentro do elevador e Chris aperta o botão do meu andar. — Só digo uma coisa – ele fala apontando para o canto do elevador, nós olhamos para a direção onde está uma câmera – Você estão dando o que comentar para os caras que trabalham aqui. Chris sorri e me puxa para seus braços. — Que se fodam! A gata é minha! Enquanto comíamos uma pizza acompanhada de cerveja na varanda do meu apartamento, Chris e César discutiam sobre o esterco do Renato. Eu estava sentada no meio das pernas de Chris. Estava me sentindo tão feliz vendo os meus gostosos se darem tão bem. Não consigo imaginar a minha vida sem nenhum deles, como me sinto nas nuvens. César deixa a garrafa vazia de cerveja no chão e se levanta. — Bem, crianças, não se comam muito na minha ausência! Eu revirei os meus olhos para César que solta um beijinho no ar para mim. — Ei, cunhado, cadê o meu beijo? — Teu cu!

Chris cai na risada, César bate no ombro dele e vai embora. Eu me levanto e me sento em seu colo, de frente pra ele seguro o seu rosto com as duas mãos. — Eu preciso, necessito desesperadamente, de você dentro de mim. Chris coloca a garrafa de cerveja no chão e se levanta comigo atracada nele igual um macaquinho. Ele caminha na direção do meu quarto, abre a porta e me coloca no chão e ordena — Tira a roupa! Sem pressa eu começo a tirar a minha roupa, peça por peça, jogo no chão. Meu peito sobe e desce, estou ansiosa para sentir o seu toque. Chris me olha dos pés a cabeça, eu passo a língua nos meus lábios. Sem me tocar, Chris passa do meu lado e vai para atrás de mim, chega bem perto da minha orelha, meu corpo todo reage a sua aproximação. Chris me toca de leve, causando arrepios no meu corpo todo. Os bicos dos meus seios estão duros, sinto a umidade no meio das minhas pernas escorrer. — Clara, – ele fala com a voz rouca — eu nunca fui possessivo, nunca tive ciúmes de ninguém, mas hoje, você despertou algo em mim que nem eu mesmo sabia que sentia. Mordo os meus lábios, minhas pernas começam a fraquejar. Eu tento me manter firme, mas está ficando difícil, a cada segundo que passa, sinto que as minhas pernas estão ficando moles e ele continua a falar, tocando suavemente o meu corpo, que queimava a cada toque seu. — Eu tive vontade de matar aquele verme quando eu lembro que ele te tocou. – sinto a sua respiração pesada atrás de mim – Hoje Clara, eu descobri que sou capaz de matar qualquer um que ousar te tocar. Meu peito subia e descia, eu já não suportava mais esperar, estava encharcada. Eu pude sentir a sua possessão, e cada palavra que ele dizia, eu sabia que era verdade. Sim, ele seria capaz de matar, e isso me assustava, mas também me fazia sentir protegida e amada. Escuto o barulho do zíper da calça dele abrir. — Quero que você vá andando sem pressa para cama. Quero apreciar a sua retaguarda gostosa. Faço o que ele mandou e caminho sem pressa para cama, minhas pernas querem falhar, mas eu consigo as manter firmes. Me deito na cama. Sem pressa, Chris tira a sua roupa, nossos olhos não se desgrudam. Ele vem na minha direção e fica por cima de mim, ajeita a cabeça polpuda de seu pau na entrada da minha boceta. — Diz que me ama, Clara!

— Eu te amo, Chris! Chris não tem pressa, e entra bem devagar. Minhas mãos percorrem as suas costas, ele me fode na marcha lenta, sem pressa, me saboreando, e eu fico louca com as suas reboladas. Não teve preliminares, mas eu estava louca pra senti-lo dentro de mim. Passo as minhas pernas ao redor dele e aperto o seu pau segurando-o por alguns segundos. — PORRA, CLARA! PARA! Chris fala num tom de desespero — Por quê? — Desse jeito eu vou gozar logo! Estou mais de uma semana na pedra, caralho! Eu quero te saborear, mas desse jeito não dá! Sorrio pra ele que me devolve o sorriso, ele sai de dentro de mim e rapidamente abocanha a minha boceta, me fazendo enlouquecer. Eu puxo os seus cabelos e me contorço embaixo dele. Involuntariamente, tento fechar as minhas pernas, mas Chris não deixa, ele as segura firme. Os meus pés estão formigando, meus quadris se levantam, até que sou consumida por um orgasmo poderoso e eu grito o seu nome. — Chris... Ele me beija e me possui numa estocada forte e profunda. — Agora aperta a porra do meu pau! E eu, como uma mulher bem obediente, faço tudo que ele me ordena. Para o seu prazer e o meu. — Caralho de boceta gostosa! Mesmo com os seus movimentos bruscos, eu consigo acompanhá-lo, até que ele para e rebola e volta a foder com força. Meu corpo começa a anunciar um segundo orgasmo. — Chris... — Oi, gata? Ele fala entre os dentes enquanto soca tudo dentro de mim. — Eu vou gozar! — Porra! Caralho! Se você quer me enlouquecer está conseguindo! Eu aperto o seu pau e começo a morder o seu ombro, ele diminui a velocidade e rebola e eu gozo apertando o seu membro, ouvindo-o me chamar. — Clara! Chris Acordo com os seus cabelos emaranhado em mim. Ela dormindo parece um anjo, engana um direitinho com esse rosto. Sorrio e dou um beijo na sua

cabeça, saio bem devagar dos seus braços e pernas, não quero acordá-la. Tomo um banho bem demorado e visto a minha calça e a blusa, jogo o meu paletó nas costas, vou até ela e sussurro em seu ouvido. — Clara, meu amor. Ela se mexe e abre os seus olhos bem sonolenta e me dá um lindo sorriso que aquece o meu coração. — Tenho que ir, não trouxe roupa para trabalhar. Clara estica o seu braço e acaricia a minha barba. — Eu te amo, Chris! Abro um enorme sorriso, eu não poderia começar o meu dia melhor. Encosto a minha testa na dela. — Eu já sabia. Devoro a sua boca com uma sede insaciável em ter e provar cada pedaço dessa mulher, meu pau começa a dar sinal de vida dentro da minha calça. — Preciso ir, tenho uma reunião muito importante com os donos do novo shopping da cidade. – falo com os olhos fechados – Se não fosse isso, eu ia te foder a manhã inteira em cada canto desse apartamento. Dou mais um beijo nela e sem olhar para trás, a deixo naquela cama enorme sozinha. Passei a manhã inteira trancado numa sala de reunião no shopping da cidade com os proprietários. Os homens estavam irredutíveis, queriam desmatar uma área que poderia ser aproveitada para paisagismo. Eu já estava ficando impaciente, quando Vanessa com o seu poder de persuasão, convenceu os caras com o seu brilhante projeto. Saímos da sala já era mais de uma hora da tarde, estava com muita fome e de mau humor. — Você vai voltar comigo? — Se não tiver nenhum problema? — Não tem problema, vamos! Começo a andar com passadas largas e ela me puxar pelo braço. Eu olho da mão dela para o seu rosto, ela tira as mãos de mim. — Chris, estou com fome. Poderíamos almoçar antes de voltar para a construtora. — Eu também estou. – estamos próximo ao restaurante de Fá – Vamos, eu conheço um restaurante de frutos do mar aqui perto. A comida é uma delícia. — Nossa! Faz muito tempo que não como frutos do mar. Partimos para o restaurante de Fá e assim que saio de dentro da caminhonete, ela me vê e abre um enorme sorriso para mim. — Meu menino! Ai, que saudade! Eu vou na sua casa e só encontro o

Capuxo e a sua família. — Eu também, Fá. É que agora não sou mais um playboy, sou um homem com responsabilidades, e logo, logo, casado e com filhos! Fá arregala os olhos e começa a me bater nos braços. — Não iluda a sua velhinha aqui! — Não estou iludindo. Eu vou casar com a Clara, Fá! Ela começa a bater palmas e depois me abraça e me beija. — Eu sabia que ela não iria resistir ao meu menino! — Quer dizer que vocês vão casar? Por um momento, eu tinha me esquecido que Vanessa estava comigo. Fá me solta e olha para ela com desdém, fecha a cara e volta o olhar pra mim e pergunta sem fazer rodeios. — Quem é essa fulaninha, Chris? Essas mulheres da minha vida são todas possessivas! — Fá, essa é Vanessa. Ela trabalha comigo na construtora. Fá olha desconfiada e torce a boca, Vanessa estica a mão para ela que só olha pra mão dela e diz. — Minha mão está só alho, acho que você não gostaria de ficar cheirando a alho. Vanessa recolhe a mão e sorri sem graça. Eu disfarço o sorrisinho na minha cara. — Fá, estamos morrendo de fome. Acabamos de sair de uma reunião chata pra caralho. O que você tem pra gente hoje? Fá nos leva até uma mesa enquanto fala do cardápio do dia. Vanessa se acomoda e escolhe o que vai almoçar. — Eu vou tirar agua do joelho e já volto. Assim que nos afastamos da mesa, Fá me puxa pelo braço, eu olho para ela que olha na direção de Vanessa e depois para mim. — Eu não gosto dessa mulher, ela vira o nariz pra tudo. Não gosto dela! — Eu sei o que você está pensando. Eu não comi ela, e eu também não vou muito com a cara dela. Fá parece mais aliviada e volta a me bater. — Você se comporte! Agora você vai ser um homem de família, nada de ficar pegando as garotas por aí! Eu a abraço tirando ela do chão e começo a beijá-la em vários lugares. — Eu te amo, Fá! — Oh, meu menino, eu também!



Clara A minha quarta-feira começou muito bem, me sinto tão feliz como nunca estive um dia. Termino de tomar o meu café e vou direto para o estúdio. — Bom dia, Clara! — Bom dia, Eduardo! — Como você está? — Bem! Retomei o tratamento, acho que agora não terei outra crise. Acredito que os remédios vão controlar os tecidos. — Você nos deu um baita susto, mulher! Enquanto nos arrumamos para começar a nossa aula, Eduardo começa a me falar sobre a saúde do marido de Josepha. — Assim que você foi embora, Josepha chegou. Ela estava tão abatida e cansada. — O marido dela piorou? Paro de amarrar as minhas sapatilhas e olho para Eduardo que respira fundo e me dá um sorriso sem graça. — Ele não está reagindo a quimioterapia. Ela está tão triste que veio ao estúdio dançar para esquecer por alguns minutos o momento difícil que está passando. Sinto uma tristeza enorme pela minha querida e amada professora, um nó se faz na minha garganta, eu não consigo me ver no lugar dela e nem quero. Mas só de imaginar em perder o Chris, o meu peito aperta, parece que ele está sendo esmagado e triturado. Passo a mão na minha garganta e respiro fundo, não suporto nem imaginar a dor dela, que já me aflige de tal maneira, que eu termino de calçar a minha sapatilha e vou beber uma água. — Eduardo, ela disse se ele pode receber visitas?

— Ele não quer. Ela me disse que ele se sente muito mal. Você sabe, Clara, como Giusepe era forte e másculo, ele não recebe nenhuma visita. Só Josepha e os pais dele que são permitido a visita. Concordo com a cabeça, mas hoje, assim que eu tiver um tempo, vou ligar para ela. — As nossas alunas começam a chegar, Eduardo me dá um beijo e vai para o seu estúdio. Eu ligo o rádio e deixo a música fluir, começo a me aquecer enquanto as minhas alunas começam a chegar para a nossa aula de hoje. — Por hoje chega, meninas! Amanhã tem mais! Encerro a aula da turma da tarde, vou para o vestuário tomo um banho e visto um colam floral, calça jeans e um salto, me olho no espelho e assaranho o meu cabelo passo um rímel e um gloss. — Não precisa de muito para ficar bonita! Falo pra mim mesma, quando saiu do vestuário dou de cara com Eduardo que me olha da cabeça aos pés, abre a boca e depois coloca a mão fazendo a cara de uma bicha espantada. — Mulher! Aonde você vai assim? Sorrio pra ele, solto um beijo no ar e pisco. — Gostou? — Você está gostosa pra caralho! Se eu gostasse da fruta, comia! Sorrimos juntos. —Vou ao shopping. – chego bem perto dele – Quero surpreender o meu noivo, e vou comprar uma joia para ele. — Mulher, me conta esse babado! Quem é esse boy? E como foi que isso aconteceu? Eduardo bate palma e dá gritinhos. — Deve mesmo ir comigo! No caminho eu te conto como tudo aconteceu. Agora, vai logo trocar de roupa. Eu estou numa ansiedade sem fim. Vai, vai, vai! Eduardo corre para o vestuário e eu envio uma mensagem para o meu noivo. Clara Te encontro na sua casa, assim que sair do estúdio vou passar em casa para pegar umas roupas e vou pra lá. PS. EU TE AMO! ❤ Bjs. ?? Aperto enviar e fico olhando para o visor esperando a sua resposta. Não demora muito e ele me responde: Thor

Não se preocupe com o jantar, providenciarei tudo! PS. EU TE AMO TAMBÉM, MINHA Gata Selvagem. Bjs do SEU Thor. Um sorriso enorme cresce no meu rosto. Não consigo disfarçar e nem quero, a felicidade que estou sentindo. — Vejo que falou com o boy, porque esse sorrisinho está te denunciando, Clarinha. — Sim, acabei de receber uma mensagem dele dizendo que me ama e que ele é MEU! Eduardo coloca a mão no peito e respira fundo e bate as pestanas. — Vamos, Eduardo! Não quero me atrasar. Fechamos o estúdio e seguimos o nosso caminho para a Barra. Demorei mais do que eu previa para escolher o presente do Chris, mas eu tenho certeza que vai ficar bonito nele, ontem depois que ele dormiu eu aproveitei para tirar a medida do seu dedo anelar. O vigia abre o portão pra mim, ao passar o portão o crepúsculo que se forma atrás da mansão me dá uma visão linda e única daquele lugar. — Uau! Que lindo! Assim que me aproximo da casa dos fundos, percebo que Chris ainda não chegou, só vejo a moto dele estacionada em frente a casa. Estaciono o meu carro e como se o crepúsculo me hipnotizasse, vou na direção da mansão, passo pelo jardim da mãe dele e sigo na direção da enorme casa a minha frente, e pela primeira vez, eu olho tudo ao redor. Apesar de Chris não morar na mansão, ele a mantém limpa. Ela não tem aparência de casa abandonada. O jardim é bem cuidado, a casa eu tenho certeza que está sempre limpa, desde o casamento da Bia e Fernando eu não entrei mais. Eu fui até a porta e tentei abrir, mas ela estava trancada. Fui até uma das janelas e me estiquei para ver dentro da casa, quando estava com o pescoço esticado bisbilhotando, escuto a voz do Chris bem atrás de mim. Eu levo um susto tão grande por ser pega em flagrante, que dou um grito. Meu coração bate igual uma escola de samba dentro de mim. — Perdeu alguma coisa aí? Tentando me recompor do susto, passo a minha mão na testa e tento me explicar, mas não paro de gaguejar. — É... Eu... – aponto para dentro da casa – É... a casa... – Chris continua parado com as mãos nos bolsos, tão lindo e sexy. Tento decifrar a sua expressão, mas não consigo. – É que – tossi – O sol estava se pondo por trás da casa e eu... Achei lindo, ai acabei vindo aqui. Ele concorda com a cabeça, não fala nada. Eu fico tensa, não quero que

ele fique chateado comigo por conta da minha curiosidade. — Vem, eu preciso de ajuda para preparar o nosso jantar. Ele estendi a mão para mim e eu caminho até ele e a seguro. — Clara, a sua mão está gelada! — Foi do susto, ser pega em flagrante não é uma coisa muito boa, sabe. Chris me dá um selinho e caminhamos na direção da sua adorável casinha dos fundos. Chris Depois do almoço fomos para a construtora. Até que a companhia da Vanessa não foi ruim como eu imaginei. Chegamos juntos, ela foi pra sua sala e eu para a minha. Sentei na minha mesa e comecei a ler alguns contratos, escuto o meu celular vibrar, dou uma olhada na mensagem Primo E aí, seu porra! Me conta uma novidade? Thor Eu estou bem, seu caralho! Eu quero que vocês venham para o Brasil mês que vem. Fico esperando a sua resposta, mas ela não vem. Ele só visualizou e não respondeu, então eu volto para os meus contratos quando o celular começa a vibrar em cima da mesa, começo a rir. — Primo fofoqueiro é foda! – atendo ele – E aí, seu porra? A Bia ainda está de greve? — Caralho, mano, essa mulher é teimosa pra peste! E não muda de assunto não. Por que nós temos que voltar pro Brasil? — Porque eu e a Clara vamos nos casar! — Puta que pariu! Porra, Thor! Por que você não esperou mais um mês? Hã? Mas que porra o Fernando tá falando? — E por que eu teria que esperar mais um mês? — Eu perdi a aposta! Eu dei dois meses que você ia pedir ela em casamento e a Bia... — Deu um mês... Vocês não tem o que fazer, seus porras? Fernando cai na gargalhada do outro lado da linha. — Quando é o casório? — Clara não sabe, mas já vamos casar mês que vem. — Ê, caralho! Mas eu te entendo. Não se preocupe, estaremos aí, porque os padrinhos não podem faltar! — E nem a minha dama de honra!

— Estaremos aí, Primo! — Aguardo vocês! A tarde recebi uma ligação e tive que sair correndo para uma obra. Um funcionário se acidentou e fui para o local para averiguar o que aconteceu e nisso as horas voaram, quando dei por mim já era seis horas da tarde, fui direto para a minha casa, já que a Clara tinha me avisado que a nossa noite de amor seria lá. Assim que passo o portão e olho na direção da mansão, vejo Clara admirando a casa dos meus pais. Estaciono a caminhonete e vou até ela. Ela passa a mão na maçaneta e ao perceber que a porta está fechada, vai para a janela. Eu balanço a cabeça, subo os degraus, coloco as mãos no bolso e fico olhando ela se esticar todinha para ver o que tem dentro da casa. — Perdeu alguma coisa aí? Clara fica vermelha igual um pimentão e não consegue falar, fica gaguejando e eu fico imóvel esperando sua justificativa. Nem no dia do casamento dos meus amigos eu entrei nessa mansão, faz muito tempo que eu não entro nela. Fá que cuida de tudo para mim. Olho para a porta e depois volto o meu olhar para a minha mulher, ela pensa que estou com raiva, mas a verdade é que não estou. Eu só não tenho vontade de entrar nessa casa. — Vem, eu preciso de ajuda para preparar o nosso jantar. Eu estendo a mão para a minha mulher e voltamos para a minha modesta casinha dos fundos segurando a sua mão. Clara Ajudei o Chris a preparar o nosso jantar, uma macarronada ao molho branco com camarões acompanhada de vinho branco. Enquanto eu pico a cebola, começo a me imaginar casada vivendo aqui com o Chris. Aqui tem bastante espaço para os nossos filhos correrem. — Filhos. Falo num sussurro, paro de cortar a cebola e olho para a porta aberta, Chris foi pegar algumas rosas para colocar no vaso. Eu volto a cortar a cebola, mas agora a alegria que eu estava sentindo se esvaiu. Termino de cortar e vou lavar as minhas mãos, eu não contei para ele sobre a possibilidade de não poder gerar um filho. Enxugo, me apoio na pia e respiro fundo, hoje durante o jantar eu vou contar para ele. — Clara, você está bem? Tá sentindo dor? Eu abro os meus olhos e lhe dou o meu melhor sorriso, vou na direção dele. Chris me entrega as rosas vermelhas, eu as cheiro e o beijo. — Não é nada, não! Eu só não acredito que vou me casar com o amor da

minha vida. — E nem eu quero que você deixe de acreditar. Sorrimos juntos, seu polegar passa pela minha boca e depois ele me dá um selinho. — Vamos, preciso comer alguma coisa! Estou morto de fome. Chris foi para o fogão preparar o molho, e eu fui colocar as rosas no vaso. — O que aconteceu com as rosas amarelas, Chris? — Estão bem! Eu só achei que o nosso primeiro jantar de noivos mereciam rosas vermelhas, já que o vermelho representa a cor do amor. Ele não se vira para mim, fala enquanto prepara o molho do macarrão. Eu fico parada admirando a beleza desse homem de um metro e noventa e alguma coisa, ele está só de calça jeans, sem camisa e descalço cozinhando para mim. PORRA! Que sorte a minha! Chego por trás dele e o abraço beijando as suas costas. Ele sorri e balança a cabeça. — Pode parar! Preciso comer, estou só com almoço no bucho. Dou mais alguns beijinhos e fico do lado dele, enquanto coloca os ingredientes do molho, ele me olha e me dar um beijo rápido. — Clara, que horas amanhã você vai está livre? — Meu intervalo para o almoço são das 11h às 14h, por que? — Ótimo! Amanhã eu vou passar para te pegar às 11h. Chris desliga o fogo e joga o molho por cima do macarrão, vamos para mesa, nos sentamos e quando eu pego o meu prato Chris interrompe. — Quero agradecer primeiro, Clara. Posso? Sou pega de surpresa com o seu pedido e coloco o prato no lugar. Ele estende as suas mãos e eu seguro, fechamos os olhos ele começa os seus agradecimentos. — Senhor, muito obrigado por esse alimento, que nunca nos falte. Quero te agradecer pela minha mulher, e os filhos que o Senhor há de nos dar. Amém! Minha garganta trava, meu apetite some na hora. Chris solta a minha mão e começa a se servir. Eu tento parecer o mais normal possível e começo a fazer o mesmo. Chris nos serve de vinho e eu resolvo tomar um bom gole, preciso contar para ele que há uma possibilidade de eu não poder lhe dar filhos. Eu empurro garganta abaixo a comida, não consigo levantar o meu olhar para encarar o homem que está na minha frente. Viro o restante do vinho e fixo o meu olhar em Chris que me olha atentamente. — Eu falei alguma coisa que você não gostou, Clara? Por que você

mudou depois do meus agradecimentos? É agora! Eu abro a boca para falar, mas não consigo. Fecho a boca e me levanto. — Eu tenho uma coisa para você, espero que eu não tenha me precipitado. Espera aí, sentadinho! Eu já volto. Saio o mais rápido possível para fora da casa. Vou até o meu carro e me encosto nele. — Que porra de medo é esse, Clara? – falo pra mim mesma baixinho – Chris te ama, ele não vai te deixar por qualquer bobagem! – eu solto o ar e fecho os olhos — Se isso que eu sofro fosse bobagem, porém, não é! — CLARA? Eu pego a sacola com o presente dentro e vou até ele. — Estou aqui! É que estou um pouco nervosa, já que o normal é partir do noivo, e não da noiva. Mas eu queria te surpreender, então comprei. Eu tiro a caixinha azul aveludada de dentro da sacola, Chris na mesma hora se levanta da mesa, seus olhos faltam saltar do seu rosto, ele abre a boca mais não sai nada. Eu abro a caixinha com os nossos anéis de compromisso e vejo o queixo de Chris tencionar, a veia do lado do seu pescoço tufar. Se eu já estava nervosa antes por conta dos filhos que Chris pensa em ter, agora com a cara dele fechada desse jeito é que eu fiquei mais ainda. — Olha, Chris, antes que você venha com qualquer discurso machista sobre os nossos anéis de compromisso, vou logo avisando que direitos são iguais, e que se eu não puder comprar a porra de uns anéis para nós dois, que se foda tudo! Chris não se move e não diz uma palavra, ele olha de mim para a caixa na minha mão. Puta que pariu! Será que ele não vai aceitar?

Chris Eu olhava da caixa azul para Clara que jogava o peso da sua perna de uma para outra. Estou puto de raiva, muito puto! Clara morde a sua boca e vejo que ela passa de inquieta para zangada, sua expressão muda, ela deixa a caixa em cima da mesa e me dar as costas indo na direção da porta. Ela sai batendo a porta, eu pego a caixinha e abro, olho para os dois anéis iguais tiro e o menor e vejo o meu nome gravado dentro com a data de hoje. Um sorriso enorme brota no meu rosto, e antes que eu pense em ir atrás dela, a porta da minha casa se abre de novo e ela entra igual uma gata selvagem, o que realmente ela é. Selvagem. Vem na minha direção, soltando fogo pelo nariz. O seu olhar é mortal. Ela para bem na minha frente e aponta o dedo na minha cara. — Christian Alencastro, eu nunca pensei que você seria um homem antiquado. Eu nunca pensei que você seria... — Machista? — É! Eu a puxo para os meus braços, ela tenta se soltar, mas eu a seguro firme e ela se deixa envolver pelo meu abraço. — Eu não sei te dizer se sou machista. Até ontem, eu me achava um cara tranquilo com tudo, mas depois que você entrou na minha vida, posso te dizer sem medo que você despertou umas coisas meias sinistras em mim. – seguro firme o seu queixo – Mas, o fato é que, você me pegou de surpresa com a sua atitude. Você sempre fugiu de mim, e ver você com um par de alianças, fiquei sem saber o que fazer ou falar. — Eu queria te surpreender e firmar o nosso noivado. Eu... — Me desculpa pela minha reação, e tá massa pra caralho esses anéis com os nossos nomes gravados.

— Sério? Você gostou? — Sim, muito! Clara me agarra pelo pescoço e me dá vários beijinhos pelo rosto, ela me olha e se afasta de mim e estica a mão e eu entrego a caixinha azul pra ela, que tira o anel maior e enfia no meu dedo anelar direito e no final ela dá um beijo, eu repito o gesto dela. — Você é minha. Falo enquanto a minha boca morde e beija o seu delicioso pescoço e desce para o seu colo, deixo os seus seios expostos e chupo, mordo e passo a minha barba neles. Ela ama sentir a minha barba pelo seu corpo, e eu adoro ouvir os sons de prazer que saem de sua boca. Ela bagunça os meus cabelos e os puxa, e isso me enche de tesão. Meu pau lateja dentro da minha calça. Eu abro o botão da calça jeans dela e puxo de uma vez, enquanto tiro a minha calça, Clara tira o restante da sua roupa e nos atracamos no meio da sala. Deitamos no carpete e Clara fala bem perto do meu ouvido. — Eu vou ficar por cima! Sem pestanejar eu a puxo pra cima de mim, ela se senta e me olha com lasciva, ela começa a esfregar a sua boceta encharcada por todo o meu abdômen. — Tá vendo como você me deixa... Thor! A sua voz está rouca, seu olhar me hipnotiza, eu e o meu pau começamos a babar por ela. Clara começa a marcar território com a sua boceta meladinha, meu abdômen fica todo melado com a sua excitação. Minhas mãos apertam com força o seu corpo, ela está me deixando louco. Eu tento me levantar mas ela me impede. — Nada disso! Hoje quem manda nessa porra sou eu! Vem subindo se esfregando até chegar no meu rosto, a minha boca está sedenta para sentir o seu gosto. Clara se abre para mim e eu mergulho na sua doce excitação, chupo e passo a língua em cada dobra da sua boceta, antes de chegar até o seu ponto máximo. Quando a minha língua passa pelo seu clitóris, Clara treme em cima de mim, eu seguro a sua perna para ela não fechar. Vejo as suas mãos se apoiarem no sofá. — Chris... Ela chama por mim, e eu possuído por ela sugo e mordo de leve até ela não suportar mais. Clara sai de cima de mim, eu fico de joelhos, meu pau está tão duro que parece um aço. Ela me olha ofegante. — De joelhos, vira de frente pro sofá. Ela não fala nada, só faz o que eu mando. Puxo o seu cabelo e bato na sua deliciosa bunda.

— Agora, você vai sentir a força do meu martelo dentro dessa bocetinha – chego bem próximo do seu ouvido, puxando os seus cabelos com um pouco mais de força – Eu vou te foder com tanta brutalidade, que eu quero ouvir você gritar pedindo mais! Seu corpo estremeceu, enfio o dedo na sua bocetinha ensopada e depois enfio na sua boca. Clara chupa o meu dedo e sorrir com uma cara de pura luxúria. — O que você quer de mim... Thor? Eu sorrio de canto de boca, mordo o seu pescoço e depois passo a língua, vou mordiscando ela até chegar na sua orelha e sussurro: — Eu quero tudo! – dou um tapa em cima da sua bocetinha, ela dá um gritinho – Tudo gata! Tudo! Solto o seu cabelo, começo a morder e beijar as suas costas. Minhas mãos pincelam os seus seios. — Thor... — Fala gata. — Me fode com força! — Só se for agora! Abro as suas pernas, Clara empina a sua bunda e com precisão eu a possuo em uma única estocada forte e funda. Ela grita e se segura no sofá, puxo os seus cabelos. — Quer que eu pare? — Não caralho! Só me fode com força! Segurando os seus cabelos, volto a fodê-la com força. Clara geme e rebola alucinada embaixo de mim, perco totalmente o meu controle quando ela começa a apertar o meu pau. — Puta que pariu! Porra, Clara! — Chris... oh! Diminuo o ritmo e rebolo, ela geme e se vira de frente para mim, me empurrando, e eu caio de costas no chão. Clara monta e dita o ritmo em cima de mim. A cada rebolada que ela dava, eu me segurava para não gozar antes dela. Suas unhas arranhavam o meu peito e bíceps. — Chris? — Oi. — Você me ama? — Mais do que a mim mesmo. — Eu também! Ela aumenta a velocidade e me fazendo olhar nos seus olhos sem desviar, nesse momento eu sinto na minha alma, que nada nesse mundo pode nos separar.

— Chris... Goza comigo! Assim que ela pediu não demorou e eu fui tomado por um orgasmo intenso, que os nossos gemidos de prazer se misturaram na sala. Clara cai em cima de mim, estamos suados e esgotados, as nossas respirações alternadas, consigo escutar as batidas de nossos corações, é música para o meu ouvido. Passo a minha mão pela suas costas, e beijo a sua cabeça, Clara beija o meu peito. Ficamos alguns minutos em silêncio, só escutando as batidas de nossos corações. Até que ela resolve quebrar o silêncio. — Preciso te contar uma coisa. Ela levanta a cabeça e apoia o seu queixo no meu peito, sua mão passa pela minha barba, ela só me olha e não diz nada. Espero o tempo dela, e nesse tempo percebo que é algo muito sério, pois eu vejo o medo e a insegurança em seus olhos. Eu me sento e ela se senta em cima de mim, nos sujando de porra. Ela quer se levantar, mas eu a impeço. — Deixa aí, depois a gente se lava. Me conta Ela fecha os olhos e abaixa o olhar, parece criar coragem para me contar. Eu começo a ficar preocupado, na minha cabeça começa a passar mil coisas. Eu levanto o seu queixo, seus olhos estão marejados. Puta que pariu! É muito sério! — Clara, fala logo! Você não é de chorar. Tá me deixando preocupado — Eu não estou chorando! Ela pisca várias vezes e passa a mão disfarçadamente no canto dos olhos e me dá um sorriso besta. — Você quer muito ter filhos? Assim, muito, muito? O quê? Sem querer começo a enrugar a minha testa, não estou entendendo essa conversa dela. Eu olho para o seu rosto atrás de uma explicação e ela continua apreensiva esperando a minha resposta. — Responde, Chris! Você quer ter filhos? — Claro que sim! Por quê? Você não quer? É isso? Clara — O quê? Não! Não é nada disso! Eu quero muito ter filhos, mas eu acho que não vai ser tão simples assim. Chris me olha, ainda continua com a testa enrugada para mim. Ele continua sem entender o que quero dizer. — A verdade é que... — Gata, quando você tiver preparada para ter filhos, a gente tem. Não

precisa de pressa. — Chris, me escuta! Há uma possibilidade de eu não poder te dar filhos! Eu me levanto, e começo a andar de um lado para o outro, pelada no meio da sala. — Olha, você ainda está em tempo de dá para trás, e escolher uma mulher boa, que não seja como eu... Estragada! Falo num sussurro, pois nem eu mesma acredito no que eu acabei de falar. Antes que eu abrace o meu corpo, Chris já está em pé me abraçando e me beijando. Seu corpo, o seu cheiro, a sua voz. Tudo nele me acalma. Me sinto bem, em casa. Ele me afasta levanta o meu queixo e olhando nos meus olhos me diz tudo aquilo que eu preciso ouvir. — Eu te amo, Clara! E isso é independente se você pode ou não parir um filho meu. O meu amor por você não é uma mercadoria, onde você tem que me dar algo em troca. Eu não preciso que me dê algo, ou um filho. Só me deixa te amar a cada dia e segundo da minha vida. Eu não me permito mais chorar, engulo o meu choro e agarro esse homem com todas as minhas forças. Em toda a minha vida, eu achava que homem nenhum pudesse me fazer sentir segura, além do meu pai e meu irmão. Aqui, nos braços dele, eu sei que estou segura. — Eu estou aqui com você! E sempre estarei! Eu o abraço mais forte, ele aperta o seu abraço também. Quando estou mais calma, ele seca as minhas lágrimas com os seus beijos e fala me repreendendo. — Nunca mais, eu disse nunca mais, Clara, diga que você é estragada! Você me entendeu? Eu só concordo com a cabeça e ele me beija me colocando no seu colo. — Agora vamos tomar um banho, porque estamos só porra. Depois do banho ficamos deitados na cama agarradinhos em silêncio. A mão dele subia e descia nas minhas costas, eu estava quase dormindo quando ele começa a falar. — Fernando, Bia e a Nanda estão vindo para o Brasil. Continuo com a cabeça no seu peito, dou um sorrisinho e bocejo. — Quando? — Mês que vem, para o nosso casamento.

Eu levanto a minha cabeça e franzo a testa sorrindo para ele. — Mas já? Eu pensei que a gente iria casar só ano que vem. — Eu não quero esperar tudo isso. Eu quero pra ontem! Dou de ombros e volto a me deitar em seu peito me aconchegando nele. — Por mim está ótimo! Eu também não quero esperar! Acordamos atrasados para os nossos trabalhos. Ainda bem que hoje é o dia em que Fá vem na casa de Chris. O cheiro do café é convidativo e me sirvo em pé, logo começo a comer um pedaço de panqueca com frutas secas. — Eu estou tão feliz que vocês se acertaram! — E eu mais ainda, Fá. Chris sai do quarto com a gravata torta, eu vou até ele e ajeito. Lhe dou um beijo com gosto de café da manhã. — Fá, não vou poder me deliciar com seu café, dormi demais e eu tenho uma reunião agora. Chris dá um beijo nas bochechas de Fá. Eu deixo o café em cima da mesa e pego a minha bolsa, dou um beijo estalado na bochecha dela também, pego mais uma panqueca e o acompanho até a sua moto. — De moto hoje? — Estou atrasado! Quer uma carona? — Não, obrigada! Só quero um beijo. Chris me puxa pela cintura e me beija, para depois começar a colocar o capacete. — Às onze eu passo para te pegar. Enquanto caminho na direção do meu carro, respondo: — Estarei te esperando. Solto um beijo no ar para ele, que finge que pegou e coloca no seu bolso. A manhã voou, encerrei a minha aula com a primeira turma e fui direto para o vestuário me jogar uma água e me vestir para almoçar com o meu noivo. Assim que me apronto, escuto alguém bater na porta — Pode entrar! A porta se abre e Eduardo aparece com um sorriso enorme no rosto. — Menina, me conta da onde você tirou esse bofe! – começo a sorrir enquanto fecho o meu armário – Você foi na Marvel e escolheu a dedo o Thor? — Engraçadinho! Vou almoçar com ele e volto uns quinze minutos antes das duas horas.

— Divirta-se! Dou uma piscada para Eduardo e vou de encontro com o meu Thor. — Vamos, Thor! Falo dando um beijo na sua boca. — Vamos, gata! Chris me passa o capacete, eu o coloco e subo em cima da moto. Saímos em direção ao centro da cidade, passamos em frente a construtora e em vários restaurantes, até que Chris estaciona a moto na frente de um cartório. Porra! Caralho! Desço da moto e fico parada olhando para a porta do cartório, Chris segura na minha mão e eu me deixo ser levada por ele para dentro do local.



Clara Desde de pequena, eu sonhava em casar, mas com o meu temperamento explosivo, minha mãe sempre me dizia que seria difícil encontrar um homem que me amasse de verdade. E ela temia por mim, mas eu me lembro direitinho das suas palavras até hoje quando dona Toinha me disse: "Clara, minha filha, se cruzar no seu caminho um homem que te peça em casamento, mesmo ele sabendo que depois de uma hora de casados ele corre o risco de ter um objeto qualquer na cabeça dele, case-se! Porque, garota, do jeito que o seu pai e seu irmão te mimam, coitado de quem se casar com você! Abro um sorriso sem querer para o juiz de paz que está bem a nossa frente. Olho para o lado e vejo a minha amiga, Kira, e o meu amado irmão do lado dela. Olho para o homem que está ao meu lado segurando a minha mão e sorrio para ele que me devolve o sorriso. Fizemos os nossos votos diante do juiz de paz. Chris assina o caderno e depois eu faço o mesmo, seguido das nossas testemunhas. Chris puxa uma caixinha vermelha do bolso de seu paletó, eu olho para a caixa e para ele. — Outra aliança? — Sim! Essa são de casados! Eu concordo com a cabeça, ele tira a primeira aliança e enfia no meu dedo, eu faço o mesmo gesto. — Com o poder em mim concedido, eu vos declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva. Chris me puxa para seus braços e me beija sem pressa. Escuto as palmas ao nosso lado, Chris me solta e eu recebo o abraço da

minha amiga e depois o meu irmão me abraça e diz: — Eu sei que você será muito feliz! — Obrigada! — Papai e mamãe vão chegar daqui a duas horas. Estou indo pegar eles no aeroporto. Chris me abraça por trás. — Ai, meu Deus! Eu casei sem avisar os meus pais! Eles vão me matar, Chris! Enquanto eu me desespero, César começa a rir e diz: — Eu, como irmão mais velho, abençoei no lugar dos velhos. Bato no seu braço ele finge que doeu. — Isso não tem graça, César! Nossos pais vão ficar magoados comigo, e com você também! — Espera aí! Quem casou escondido foi você, e não eu! Por que os velhos ficariam putos comigo? — Seu... Filho... Eu fuzilo César com os meus olhos, Chris segura a minha mão e começamos a sair do cartório os quatros. — Não xinga a mamãe! Quando eu penso em xingar o cachorro pervertido do meu irmão, Chris começa a falar: — Não se preocupe, gata! Eu pedi a sua mão em casamento para o seu pai e para o baitola do seu irmão ao mesmo tempo. O velho me fez um interrogatório, consultou até o meu CPF, mas — Chris bate no seu peito todo orgulhoso — o papai aqui o dobrou, e ele e sua mãe nos deram a sua benção! — Clara, só pra te avisar: eles vão passar a noite na minha cobertura, e a mamãe me pediu para providenciar um jantar para comemorar o seu casório e conhecer esse puto do teu noivo. — Ai, meu Deus, César! Sério? — Sim! Bem, eu não vou poder acompanhar vocês, vou direto para o aeroporto pegar os meus velhos. César me dá um beijo e se vai. Fomos os três almoçar num boteco que tem em frente do cartório. Cheguei no meu apartamento a tardezinha, fui direto para o meu closet escolher um vestido para o jantar que ia acontecer na cobertura do meu

irmãozinho. Tomo um banho, seco o meu cabelo, faço uma maquiagem básica, e quando estou terminando de passar um batom vermelho, vejo a imagem do Chris pelo espelho segurando uma rosa amarela. Puta que pariu! Que homem é esse? Só de olhar para ele a minha calcinha já está encharcada! Chris veste uma calça jeans escura e uma camisa de botões preta enrolada até o cotovelo. Me aproximo dele, passo os braços no seu pescoço e seus braços passam ao redor da minha cintura. — Você está linda de verde! — E você está gostoso pra caralho! Ele me dá um selinho, eu limpo a sua boca. — Vamos, não quero deixar os meus sogros esperando. Chris segura a minha mão, quando chegamos na sala vejo um buquê de rosas brancas e uma garrafa de licor. — Que lindas! — Brancas para a minha sogra e espero que o seu pai goste de licor. — Sim, ele gosta. Assim que entramos na cobertura de César, vimos meus pais sentados no sofá. Meu pai se levanta e dá a mão para minha mãe para se levantar. Eu solto a mão do Chris e corro para os braços do meu pai. — Pai, que saudades! — Minha filhinha, que saudades! Como você está? — Estou bem, pai! Chris vai até a minha mãe, que sorri pra ele. Minha mãe é uma ótima anfitriã. — Bem, meu jovem, sou a Toinha, sua sogra! — Christian Alencastro, dona Toinha. Mamãe dá dois beijinhos no rosto de Chris. — Nada de dona, só Toinha. Agora você é meu filho também. — E nada de Christian, mãe. — César fala entrando na sala — Chame-o de Thor! Solto o meu pai e abraço e beijo a minha mãe, vejo Chris apertar a mão do meu pai, que o analisa dos pés a cabeça. — Christian Alencastro. — Augusto Monteiro. Bebe o que alguma coisa, Christian? Dou um beijo no meu irmão, e seguro na mão de Chris. — Cerveja! Passei a tarde toda querendo molhar a garganta. — Eu pego pra você! Vou até a cozinha pegar uma cerveja. Sinto o cheiro delicioso da comida,

pego uma garrafa e volto pra sala. — Christian, onde você pretende morar com a minha filha? — Papai! — Quero saber. Vocês jovens são apressados, fazem as coisas às pressas, e depois... — Augusto! Minha mãe repreende o papai, que se cala revirando os olhos. — Seu Augusto, eu vou morar onde a Clara quiser. Entrego a cerveja para Chris e me sento ao lado dele, minha mãe me entrega um taça com o licor que o Chris trouxe e fala para nós dois. — Seu pai está com ciúmes. E Chris, eu amei as rosas brancas! — São do jardim da minha mãe. — Mãe, a senhora precisa conhecer. É lindo! — Oh, sim! Minha mãe se senta ao lado do meu pai, que olha para Chris com o olhar cheio de suspeitas e pergunta: — E os seus pais, Chris, quando vamos conhecer? Chris sorri sem querer e bebe um gole de sua cerveja. Eu olho para ele, e assim como todos na sala estão esperando a sua resposta, eu também. Fico apreensiva por ele, pois não gosta de falar sobre os seus pais. Eu coloco a minha mão na sua perna, ele me olha e diz só para eu ouvir. — Está tudo bem!— ele olha para os meus pais e para o meu irmão e responde — Eles morreram quando eu tinha apenas dezessete anos. — Sentimos muito, Chris. Minha mãe responde e meu pai balança a cabeça, como se concordasse. Chris sorriu e quebra o clima chato que se instalou na sala. — Desde cedo aprendi a me virar sozinho, apesar que o tempo só me fez amá-los cada vez mais por tudo que eles me ensinaram. Todos ficamos em silêncio. Chris sempre me surpreendendo, eu não esperava que ele iria falar tão abertamente de seus pais para os meus pais e meu irmão. Mais uma vez se fez um silêncio, mas dessa vez é o meu pai que fala. — Chris, — minha mãe e meu irmão olham para o papai com um sorrisinho na cara — Seja bem vindo a minha família. Se tinha algo no Chris que incomodava o seu Augusto, Chris conseguiu quebrar com poucas palavras e em menos de dez minutos que se conheceram. Meu pai já não estava mais com a cara fechada e deixou as formalidades de lado. Voltou a ser o seu Augusto que conhecemos. Depois do jantar Chris, César e o meu pai foram jogar sinuca na sala de jogos, e eu estava na varanda olhando a cidade na companhia da minha mãe.

— Clara, o César me contou que você ainda não contou para o seu marido sobre a possibilidade de não poder ter filhos. Me viro para a minha mãe que está escorada na porta. — Mãe, eu contei para ele ontem. Ele já sabe da minha dificuldade para engravidar. Minha mãe toma um gole do seu licor e sorrir pra mim. — Ele te ama, Clara, e esse homem é único. Não deixe que o seu temperamento impulsivo atrapalhe o casamento de vocês. Olho para minha mãe e bufo. — Por que a senhora fala isso? Eu tenho me controlado, mãe! Eu estou me esforçando. — Clara, minha filha, eu te conheço. Você é uma bomba relógio. Seu pai e seu irmão a mimam muito, e o pior, puxou esse meu temperamento ruim. — Mãe, para! Eu não quero brigar com a senhora! — Filha, eu só quero o seu bem, e eu gostei demais desse rapaz. Não digo mais nada, não quero me chatear com a minha mãe. Vejo os três vindo sorrindo na nossa direção, Chris me dá um beijo e passa o braço na minha cintura. — Vamos? Concordo com a cabeça. César puxa um cigarro e o meu pai está com um charuto na boca. Minha mãe puxa o charuto da boca do meu pai e faz o mesmo com o meu irmão, puxando o cigarro de sua mão. — Eu não quero ficar viúva e nem quero um filho doente! Vocês dois não aprendem! Chris olha pra mim e sorri, César dar de ombros e o papai bufa e aponta para Chris. — Chris, é isso que elas fazem com a gente, nos transformam em uns verdadeiros capachos delas. Papai fala e César começa a discordar. — Isso não vai acontecer comigo, pois não pretendo me casar. Minha mãe bate no braço do César. — Não diga bobagens! Quero no mínimo quatro netos correndo pela minha sala, quebrando e bagunçando tudo. Meu sorriso some do meu rosto, meu irmão para de rir e meu pai olha para minha mãe que percebe o que acabou de dizer. — Oh, minha filha, eu não falei por mal. Eu... — Tudo bem, mãe. Vamos, Chris! Nos despedimos de todos e fomos para o meu apartamento. Eu não deveria ter me incomodado com que minha mãe disse, mas quem

eu queria enganar? Eu estava triste, e me incomodava muito a possibilidade de não poder ter filhos. — Clara? Está tudo bem? — Sim, está tudo bem. Só estou um pouco cansada. Vamos dormi? — Vou beber uma água. Você quer? — Não! Te espero no quarto. Assim que entro no meu quarto e ligo a luz, eu vejo uma camisola branca estendida em cima da cama. Passo a mão por cima dela e vejo que ela vai até os pés. A camisola é toda rendada. Eu começo a sorrir, vou direto para o banheiro me jogo uma água e visto a camisola e me olho no espelho. — Uau! Não sei como ele fez isso, nós saímos juntos do apartamento. E eu amei a camisola, ficou sexy valorizando o meu quadril. Passo duas gotinhas de perfume atrás da orelha, jogo o cabelo para o lado e vou para o quarto. Assim que abro a porta, o quarto está escuro, a única iluminação que tem vem do luar. As cortinas balançam, vejo uma garrafa de champanhe num balde, ao lado morangos com chantilly e chocolates, mas eu não vejo o meu marido em lugar algum. Vou até a sacada e o vejo de costas olhando para a cidade, ele está sem blusa só de calça e descalço. Caminho até ele e o abraço por trás, ele recebe o meu abraço e me puxa para frente dele e apoia o seu queixo em cima da minha cabeça. Ficamos olhando a cidade, admirando o luar, a lua estava cheia. — Já pensou onde você quer morar, Clara? — Com você eu moro em qualquer lugar. — Eu também. Chris me vira de frente para ele, acaricia o meu rosto, eu fecho os meus olhos e aproveito o momento. — O que você quer de mim, Clara? — Faz amor comigo, Chris! Chris beija a minha boca docemente, e sem pressa nos saboreamos. Ele me carrega no colo e me deita no meio da cama, sem tirar os olhos dos meus, ele tira a sua calça e a box. — Eu sabia que essa camisola iria ficar perfeita no seu corpo. Mordo os meus lábios, já estou sedenta por ele. Seu pau enorme rosado e veiúdo enchem a minha boca de água e a minha boceta começa a babar por ele. Chris vai para os meus pés e começa a beijar o direito, depois vai para o esquerdo e vem subindo, beijando e passando a língua até chegar no meio das

minha pernas. Ele para e me olha com um olhar de puro desejo e fogo. Passa a língua no meio da minha boceta molhada, sorvendo toda a minha excitação. Ele me fode com a sua boca, me fazendo puxar o lençol da cama. Quando estou prestes a gozar, ele para e passa a língua ao redor da boca. Chris começa a tirar a minha camisola e joga ela no chão e continua a me beijar e lamber como se eu fosse um sorvete. Cada pedacinho do meu corpo, Chris saboreava, e cada vez mais eu me sentia rendida a ele. Quando a sua boca chegou na minha boca, ele passou a língua nos meus lábios, para depois sugálos, sorvendo tudo de mim. — Nunca, nenhuma mulher, me teve aos seus pés. Até o dia em que você cruzou o meu caminho naquela boate. — E nunca, nenhum homem, me amou como você me ama. — Sim! Eu amo! Nossas bocas se chocam uma na outra, seu peito esmagava os meus seios, e eu abria as minhas pernas para receber ele dentro de mim, pois o meu corpo necessitava do corpo dele. Chris me possuía lentamente. A cada estocada eu o apertava mais e mais, ele chamava o meu nome. E eu me entregava sem restrições para ele. Antes de conhecer o Chris, eu só fodia e me fodia. Antes de Chris, eu só usava e me deixava ser usada. Antes dele, eu era vazia e incompleta. Hoje, continuo sendo fodida, mas sou amada pelo homem que me fode!

Chris — Desculpa, Chris, mas eu não posso mais... Eu estou tão cansada... Eu não posso mais! Clara vira as costas para mim e começa a andar, eu tento segurá-la, mas dou de cara com uma parede de vidro que me impede de ir atrás dela. Eu começo a gritar o seu nome, mas ela não me escuta. — Clara! Clara! Olho para um lado e para o outro, não vejo ninguém, estou sozinho de novo. Mais uma vez! Eu acordo suado, com o coração acelerado, olho paro o meu lado e vejo a minha mulher dormindo de bruços, seus cabelos espelhados na cama. Passo a mão no meu cabelo e bufo. — Foi só um pesadelo! Eu tento me acalmar mas aquela sensação fica no meu peito, uma

angústia antecipada, um aperto no meu coração. Não gosto disso! Fecho a mão e começo a bater no meu peito do lado do coração. — Não vai acontecer. Nada! Isso tudo é fruto da minha imaginação! Fecho os meus olhos e vem na minha mente o dia em que os meus pais morreram. Não! Não! Não! Eu levanto da cama num pulo, pego a minha box do chão e visto. — Puta que pariu! Que merda é essa agora? Pego o meu celular e antes de ir para a sala, dou mais uma olhada na minha gata antes de sair do quarto. Vejo as duas alianças, uma na mão direita e a outra na mão esquerda, sorrio com amor, mas aquela sensação escrota continua a me incomodar. Vou para a sala e confiro as horas, o relógio marca cinco e cinco da manhã. Procuro o número do telefone do Fernando e ligo para ele, começa a chamar e no quarto toque ele atende. — Porra, Thor! Espero que seja algo muito importante para você está ligando uma hora dessa! — Bom dia pra você também, primo! E acorda, caralho! Eu preciso falar contigo! — O que foi? — Eu estou com aquela sensação ruim do caralho. Fernando não fala nada, a linha ficou muda. Eu tiro o aparelho da orelha e confiro para ver se a ligação não caiu. — Primo? Caralho, eu estou muito angustiado. Porra! — Espera aí, seu baitola do caralho! Estou saindo do quarto, não quero acordar a Bia! Espero por mais alguns segundos, não consigo ficar sentado, me levanto e vou para a sacada do apartamento da Clara e quando abro a porta e o vento bate no meu rosto, me sinto um pouco melhor, respirando o ar fresco. — Thor! — Oi? — Cara, quando isso começou? — Agora, depois de um pesadelo que tive. Primo, eu não gosto de sentir essa merda. — Eu também não gosto quando você sente essa porra! Quase aquele filho da puta mata a Bia no banheiro... Gosto nem de lembrar. — Estou fodido! — Tá não! Olha... Vai numa igreja, pede pro padre te benzer. Depois vai em outra igreja e pede pro pastor orar em você. Sei lá, cara!

— Vou falar com a Fá. Silêncio total. Não falamos nada, meus pensamentos vão longe, há dez anos atrás quando os meus pais morreram. Parece que foi ontem, ainda vejo o meu tio entrando no meu quarto enquanto eu jogava no meu Playstation com o som alto. Já era noite, e eu estava tentando esquecer a sensação horrível que tomava o meu peito, não percebi quando a porta abriu e o tio Bernardo entrou. — Christian? Olho para trás e vejo o meu tio com uma expressão de tristeza enorme no rosto, seus olhos estavam vermelhos e inchados. Eu me levantei de uma vez e sem ele me dizer uma palavra, gritei e me encolhi no chão do meu quarto, com o peso da culpa invadindo todo o meu ser. — Thor? Ainda tá ai? Fernando me traz de volta aos dias atuais. — Sim... Fernando, vocês estão vindo mesmo para o Brasil? — Claro! Como vocês casariam sem os padrinhos? — Certo. Obrigado, cara! — Chris? — Oi. — Vai ficar tudo bem. — Eu espero. — Eu sei que vai... Tchau, cara! E olha, você sabe que pode contar comigo e com a minha mulher, somos a sua família também! — Eu sei, primo! Obrigado! Desligo o celular e volto para o quarto e vejo a minha mulher nua de bunda pra cima. Os primeiros raios do sol começam a dar o ar de sua graça, me deito ao seu lado, puxo o seu corpo para aquecer o meu, beijo a sua cabeça e falo bem baixinho no seu ouvido: — Eu prometo que nada de mal vai te acontecer. Isso é uma promessa, gata. Ela se vira de frente pra mim, dá um sorrisinho sem abrir os olhos e me abraça com as suas pernas e braços. Eu a abraço mais forte, sentindo o seu corpo aquecer o meu. Sentindo o seu cheiro de flores, eu começo a relaxar e sem perceber, agarrado a ela, eu caio no sono. — Chris! Escuto a voz da Clara me chamar, mas está tão longe. Meus olhos estão pesados e não consigo abri-los. — Ai, meu Deus! Chris, acorda!

Sinto uma palmada na minha bunda, tomo um susto e mesmo com dificuldade, abro os meus olhos. — Que porra é essa, mulher? — Chris, é a cascavel da Vanessa no celular. Eu ia desligar na cara dela, mas ela me disse que era urgente. Pega logo antes que eu desligue! Pego o celular da sua mão, Clara se levanta da cama e vai para o banheiro. Olho para o celular e falo com voz de sono. — Oi, Vanessa. — Chris, você está atrasado! A reunião aqui em Niterói vai começar em meia hora! — Puta que pariu! Dou um pulo da cama e corro para o banheiro com a Vanessa ainda na linha. — Que horas são, Vanessa? — São sete e meia! Tente chegar o mais rápido possível! Rápido! Ok? Ela desliga o telefone na minha cara. Eu deixo o aparelho em cima da pia e vou para debaixo do chuveiro com a Clara. — Gata, por que você não me acordou? — Eu acordei com o meu celular tocando, e quem estava me ligando para minha surpresa quando atendo? Olho para o aparelho em cima da pia, nem tinha notado que o aparelho não era o meu. Tomo um banho de gato, escovo os dentes, dou um beijo rápido na minha gata e saio na velocidade da luz para a garagem. Subo na minha caminhonete e começo a atravessar a ponte Rio/Niterói. Clara Chego em cima da hora para a minha aula da manhã. Com muita pressa eu coloco a meia calça, o meu collant, a saia transpassada e calço as minhas sapatilhas. — Meninas! Desculpem o atraso! Vamos nos aquecer? Ligo o som, escolho Mozart e começamos o nosso aquecimento. A minha manhã corre tudo dentro do programado. Na hora do meu almoço envio uma mensagem para Chris, quero saber se ele chegou bem. Clara Chris, você chegou bem? ❤ Thor

Sim, minha gata! Já estou com saudades! ?? Abro um sorriso e mando vários beijinhos para ele. Vou para a agenda do meu celular e procuro o nome da minha amiga e ligo para ela. — Bia. — Oi, pior amiga do mundo! Ai, Deus! Pior que ela está certa! — Pelo jeito Chris já contou para o Fernando. — Claro! Porque ele é um ótimo amigo! Diferente de você! — Ai, amiga, me desculpa! Juro que não foi por mal! Bia bufa do outro lado da linha. — Vou te perdoar, só porque eu sou sua madrinha de casamento e por que eu amo vocês! — Claro que sim, e eu também amo! — Não parece. — Me desculpa, vai? — Vou pensar no seu caso, mas me conta logo, vai! — Tá — risos — Chris está muito apressado, já quer casar na igreja mês que vem. Eu acho que não precisa... — Precisa sim! Já compramos a passagem. No início do mês estamos embarcando para o Brasil. Estou tão ansiosa para encontrar vocês! — E eu? Louca para termos a noite de casais e – Bia grita do outro lado da linha, quase me deixando surda – a noite das meninas, porraaaaa! Caímos na gargalhada as duas, minha amiga! Bendito dia em que a louca da Dayse apareceu no apartamento da tia Lucinda! — Amiga, preciso de você aqui para me ajudar a escolher tudo. — Eu estarei aí. Tenha certeza disso! — Eu te amo! — Eu também! Aí, Meu DEUS! NANDAAA! Clara, te ligo depois. Essa menina ainda vai me enlouquecer! — Tudo bem, beijos nas duas! — Beijos. Encerro a ligação, balançando a cabeça, vou pegar a minha bolsa, preciso comer alguma coisa, saco vazio não para em pé. Deixamos os nossos pais no aeroporto, voltaram para a nossa cidade natal. Assim que entramos no meu apartamento, meu irmão vai direto para a minha geladeira atrás de alguma coisa.

— Não tem nada aí, eu não fiz compras. — Por que você não fez compras? Dieta maluca de novo? — Não é nada disso! Ainda vou conversar com Chris para saber onde vamos morar realmente. Dou de ombros, César me olha e depois vai direto para o meu barzinho e se serve de uísque, me oferece e eu nego com a cabeça. A porta se abre e Chris entra com algumas sacolas. Vou até ele e o recebo com um beijo casto, ele me puxa e me dá um abraço demorado, me solta e olha nos meus olhos, colocando meu cabelo atrás da orelha. — Como foi o teu dia, gata? — Foi normal, e o seu? — Só ficou bom agora. Ele me puxa e me dá um beijo com direito a dentes se batendo e línguas dançando. — Seus porras, eu estou aqui! – começamos a rir, e eu o abraço. Chris beija a minha testa e olha na direção do meu irmão — Me acompanha? – César levanta o copo na direção de Chris. — Prefiro uma cerveja. Vamos os três para a cozinha, entrego uma garrafa de cerveja para o Chris, que toma um longo gole. — Trouxe comida japonesa. Amanhã temos que ir para a festa de bodas de alguma coisa dos meus tios. Eles querem te conhecer, Clara. — Agora que você me avisa? Chris! Coloco a minha mão na cintura e olho para ele balançando a minha cabeça em negativo. Chris me olha sem entender, o meu irmão começa a rir da cara dele. — O que foi? É só amanhã, gata! — Mulheres não são como nós, Thor. Elas precisam ir ao salão de beleza, fazer um monte de coisas para ficarem mais gostosas. — Hum... Tiro a comida das embalagens, coloco no balcão e começamos a comer os três. Chris vira para o César e diz: — Cunhadinho, bem que você poderia ir com a gente. César nos olha, balança a cabeça e toma uma dose do líquido âmbar. — Não, obrigado! Já tenho compromisso com duas gatas amanhã. Chris dar de ombro vai até a geladeira pegar outra cerveja, e antes de abrir a garrafa fala: — A Vanessa vai estar lá, eu só pensei que... — Eu vou! Pode confirmar a minha presença, cunhadinho.

Semicerro os meus olhos para o Chris, que levanta a garrafa de cerveja para o safado do meu irmão que faz o mesmo com o copo dele na direção dele. Que porra esses dois estão aprontando? — Mas, e o seu compromisso com as duas mulheres, maninho? — Já cancelei. — César, vou logo te dizendo que... — Que nada, gata! — Chris fica atrás de mim e beija o meu pescoço — Deixa o seu maninho, ele já é bem grandinho. — Isso aí cunha! Os dois começam a rir, eu balanço a minha cabeça em negativo. Como eu posso com esses dois? Chegamos os três juntos na mansão do tio do Chris. Aparentemente, era um jantar só para os amigos mais próximos, não tinha mais que vinte pessoas. Chris acenou para um casal, que eu suspeito que sejam os seus tios. Nós vamos de encontro a eles. Seu tio era um homem alto, de cabelos grisalhos, os olhos da mesma cor dos de Chris, o seu sorriso era igual ao do meu marido. Se o tio do Chris era tão parecido com ele, eu fico a imaginar o próprio pai dele. Olho para a sua tia, uma senhora de estatura média. Acho que ela deve ter a minha altura, é de uma elegância, e muito simpática. — Chris, meu sobrinho! Ai, meu Deus! Quando foi a última vez que eu o vi? — Oi, tia! Chris beija e abraça a tia, e depois dá um abraço no seu tio e nos apresenta. — Tio e tia, essa linda mulher é a minha esposa, Clara. Clara, esse é o meu tio Bernardo, e a minha tia Valquíria. — Você disse esposa? – a tia dele pergunta olhando para seu marido. — Sim! Nós nos casamos no civil na quinta-feira. Hoje estamos fazendo dois dias de casados! A tia do Chris leva a mão até a boca e olha assustada para o seu tio que parece não acreditar no que acaba de ouvir. De repente, sinto que o clima ficou tenso, o meu sorriso se desfaz e começo a suar frio. Puta que pariu, e agora? Olho para Chris, que parece não se incomodar com a situação, até que eu não aguento o silêncio incômodo e pergunto: — Algum problema? Dou um sorriso sem graça e a tia do Chris vem até mim e me dá dois

beijinhos, e depois volta a abraçar o sobrinho e segura nas nossas mãos e diz: — Que Deus abençoe muito a união de vocês! Estou tão feliz que o meu sobrinho encontrou uma pessoa especial. — Parabéns, Clara! – seu tio fala me dando um beijo na testa e olha dentro dos meus olhos – Você deve ter colocado algum juízo na cabeça dessa rapaz, porque ele só queria saber de farras e muitas mulheres. — Tio, vamos pular essa parte! Começamos os três a sorrir, meu irmão aparece com um copo de uísque na mão. — Tio, esse aqui é o meu cunhado, César Monteiro Eles se cumprimentam com sorrisos e apertos de mão. — Prazer, rapaz. Bernardo Alencastro! Bem, fiquem à vontade, a casa é de vocês. Considerem-se de casa!

A noite estava agradável. Todos que estavam na festa eram pessoas bem simples e divertidas. Alguns empresários, outros amigos de longa data. Nem todos que estavam ali eram pessoas de alta classe, pude perceber que havia pessoas mais simples, porém todos agradáveis. Olhei para o lado e vi meu irmão de papo com uma mulher loira que pelo olhar estava toda derretida para ele. Fui até ele e puxei-o pelo braço, interrompendo o seu papo. — O que você está fazendo? — Conversando? — Não se faz de desentendido! — Eu estou só matando o tempo enquanto ela não chega. Faço sinal com a cabeça e César olha na direção da porta, Vanessa entra acompanhada do irmão e Kira. — Kira? César fala surpreso, um sorrisinho se abre no meu rosto. — Num é que ela e o professor se entenderam. — Essas sonsas... Dou um beliscão no braço dele que reclama. — Ai, Clara! Porra! — Não fala assim da minha amiga! De repente Vanessa abre um sorriso enorme para alguém, quando eu viro na direção que ela está sorrindo, sinto que fui possuída pelo ciúme até a alma. Leio os seus lábios e vejo o nome Chris sair deles, ela começa a andar na direção

dele, como se tivesse vendo a luz no final do túnel. Chris está de costas conversando com o tio e mais um senhor, quando ela põe as mão no seu braço, eu vejo tudo vermelho na minha frente. Hoje eu esfolo viva essa cascavel!

Clara — Eu vou matar essa mulher! — Vai matar nada! Você está na casa dos tios de Chris, precisa passar boa impressão. E depois eu quero ela bem viva, gemendo embaixo de mim. Bufo revirando os meus olhos. — Vai lá, marcar território, eu vou ficar aqui. Na hora certa eu me aproximo dela. — Ok! A cada passo que eu dou na direção do meu marido, eu digo para mim mesma que não preciso passar mal impressão para os tios dele, mas eu escuto a bomba relógio dentro de mim fazer: Tic-tac! Tic-tac! Tic-tac! A cada passada que eu dou na direção deles, observo os movimentos de cada um. Vejo Chris cumprimentá-la com um aperto de mão, vou abrir um parêntese aqui (meninas, vocês não sabem o quanto isso me tranquilizou, chega que eu consegui soltar o ar que estava prendendo) fecha parêntese. Mas isso não bastava para mim, eu tinha que está do lado dele. Eu precisava e queria estar lá, ao seu lado, para esfregar na cara dela e de todas que estão presentes, que ele tem dona. E eu sou muito possessiva em relação a esse homem. Ah, como sou! Chego ao lado dele e passo o meu braço no seu, Chris se vira para mim sorrindo, e me dá um beijo casto. Quando eu me viro pra cascavel, dou o meu melhor sorriso e estendo a minha mão, Vanessa me dá um meio sorriso e a aperta. — Oi, Clara. Tudo bem? — Sim! E você, Vanessa, como tem passado?

— Bem, muito trabalho. Mas isso são ossos do ofício. Dou um sorriso sem querer, ela retribui o mesmo sorriso. Escuto Kira me chamar. — Clara! – Nos abraçamos – E como vai a vida de casados? — Vai muito bem! – Chris responde e segura na minha cintura, me puxando para o seu corpo. — Como vai, Chris? — Melhor impossível, Professor! — Vocês casaram? — Sim, casamos! Va-nes-sa. Respondo falando o seu nome pausadamente. Emerson e Vanessa nos olham com cara de espanto, um silêncio se faz até um garçom aparecer nos oferecendo bebidas, cada um pega uma bebida e provamos. — Vanessa, minha filha! — Tio! Que saudades! Oi? Como assim? Tio? Seu Bernardo a abraça e beija a sua cabeça, se vira para Emerson e o cumprimenta com um abraço. — Emerson, meu rapaz, como você tem passado? — Muito bem, tio! — Valquíria vai ficar muito feliz em vê-los, só falta a Vitória para completar. Você não é a secretária do Chris? — Desculpa a minha falta de educação, tio. Essa moça linda é a minha namorada, Kira. E sim, secretária do Chris. — Ah, sim! E que lindo nome também! Enquanto eu vejo o seu Bernardo conversar com os três, pergunto bem baixinho só para Chris ouvir: — Que porra é essa de "tio"? Eles são seus primos e eu não sabia? — Não! O pai deles é um grande amigo do meu tio, eles cresceram juntos com o meu primo Junior que morreu, então são quase parentes. Estou surpresa com a revelação que Chris acaba de me fazer. — E tem mais. – Estou atenta a cada palavra que ele me diz – O meu primo que morreu, era noivo da Vanessa. — Oh! Sou pega de surpresa com o que Chris revela da cascavel. Me viro para olhar os três, eles parecem bem íntimos, parecem parentes de sangue. Olho para Vanessa que sorrir para o tio Bernardo de algo que ele conta. Por mais que eu não goste dela, eu sinto por ela. Não gostaria de passar o que ela passou. Sinto o meu corpo estremecer com o leve pensamento que tive. Me

benzo três vezes e vou atrás de uma madeira para bater três vezes, vejo uma mesa e vou até ela e bato. — O que foi, gata? Chris me olha com curiosidade e eu sorrio para ele. — Um pensamento ruim, o qual eu não quero nem pronunciar. Me benzo de novo, Chris sorri e me puxa, roubando um beijo meu. — Christian! — Oi tio! — Vem, preciso te apresentar um grande amigo meu. Faremos um grande negócio com ele. Madame, se me der licença. — À vontade, tio. E assim, vejo o meu marido sendo levado de mim para uma apresentação ao lado da cascavel e o seu tio. Tomo um gole do meu coquetel de frutas para me acalmar, não posso e nem devo perder as estribeiras. Me viro e vejo o safado do meu irmão beijando na bochecha da mesma loira que ele estava conversando minutos atrás. O sorriso no rosto dela não nega que foi bem comida por ele. O safado me vê e vem na minha direção com a mão no queixo e dando de ombro pra mim. — Seu safado! César, você fala para eu me comportar e olha só você! Comendo sei lá quem, na casa dos tios do Chris! — Calma, maninha! Eu não comi ninguém! — César! A cara dela de quem foi bem comida não nega! — Eu nego! Balanço a minha cabeça em negativo e começo a rir dele, que me abraça e beija a minha testa. —Vamos, maninha, relaxa! — Relaxa... Tá! Vanessa Nossa reunião não é longa. Meu tio nos apresenta para seu Josué Marques, dono de uma construtora, tão conhecida e renomada quanto a nossa. Meu tio vai fechar um grande projeto com a empresa de seu Josué. A reunião acaba e vamos todos para o salão de festa. Chris e eu vamos logo atrás escutando um pouco da conversa deles, eu olho de canto de olho para o homem que está ao meu lado, ele me lembra demais o Júnior, e sem perceber, Chris mexe com o meu emocional, mais do que eu realmente gostaria de admitir. Respiro fundo e continuamos a caminhada pelo corredor da mansão, meus pensamentos vão longe, me fazendo lembrar dos muitos momentos felizes que

vivemos. — Não! Aqui não! Eu pensei ter falado baixo, só pra mim, porém eu falei um pouco mais alto do que eu pretendia, pois Chris se virou pra mim. — O que foi? Eu me viro pra ele, me sinto envergonhada e desvio o olhar — É... alguém me ligando, eu não quero atender. Chris sorrir pra mim, seu sorriso é lindo igual o do meu Junior, é quando sem perceber eu ultrapasso uma linha imaginária que eu mesma coloquei entre mim e ele. Desde o dia em que entramos naquele elevador, eu tive a certeza que ele era o primo do Junior. São homens marcantes, onde olhos, sorrisos e a altura se sobressaem. Eu disse para mim mesma, que eu não iria me deixar levar pelas lembranças do meu noivo, que eu não procuraria em Chris o Junior. Mas toda vez que eu o olhava, sempre via Junior, e às vezes, sem ele perceber, eu ficava olhando-o, buscando o meu noivo nele. — Chris, você ama mesmo a Clara? Chris franze a testa, ele me olha como quem não entendeu a minha pergunta e eu vejo a sua expressão mudar. Chris fecha a cara para mim e me responde sem rodeios. — Eu amo a minha mulher! E eu não me lembro de ter esse tipo de intimidade com você. Abaixo a minha cabeça toda sem jeito e envergonhada com a minha falta de discrição. — Desculpe. Eu nem sei o porquê dessa pergunta desnecessária. — Tudo bem. Agora se você me der licença, a minha mulher está me esperando. Eu assinto com a cabeça, Chris vai embora e eu fico sozinha no corredor, morrendo de vergonha do que acabei de perguntar. — Sua imbecil! Xingo a mim mesma, sem vontade de voltar para o salão onde todos estão reunidos. Eu pego uma bebida forte e vou para fora da casa, preciso me isolar um pouco e colocar os meus pensamentos em ordem. César Pego um copo de uísque no barzinho e me encosto, enquanto passo os olhos ao redor das poucas pessoas que estão presentes no jantar, vejo a loira que comi atrás das escadas. Ela está acompanhada, acho que do pai e da mãe, é o que

parece. Ela me viu e não para de sorrir para mim, eu levanto o meu copo na direção dela, que desvia o olhar e volta a prestar atenção nas pessoas que estão ao seu redor. Mais a frente, vejo a minha irmã conversando com Kira e a tia do Chris, elas não param de rir, não sei o que elas falam, mas aposto o meu dedinho que estão falando de macho, pois as três estão muito coradas. Levo o meu copo até a boca e viro na direção de um corredor e eu vejo o tio do Chris e um homem vindo na direção da festa, não demora muito e Chris sai e começa procurar alguém, provavelmente esse alguém seja a minha maninha. Quando termino a minha bebida, eu a vejo sair rapidamente, acho que ela não quer ser vista, pega um copo com o garçom e volta pelo mesmo corredor. Apresso o meu passo, pego também uma bebida para mim e vou seguindo-a sem ela perceber. Ela sai da casa, levanta o rosto para o céu estrelado e respira fundo com os olhos fechados. Fico de longe admirando o seu perfil, sua boca não é grande, mas é linda com esse batom vermelho. Seus cabelos curtos deixam a mostra o seu pescoço longo e a sua linda nuca. Aaaah... Como eu amo uma nuca, passar a minha boca e língua nela, morder e depois assoprar. Gosto de ver elas se derreterem quando estou mordendo e chupando a nuca, elas se arrepiam todas, e tentam se livrar, mas ao mesmo tempo elas querem mais e mais... Ela começa a passar a mão no seu pescoço e na sua nuca, ela morde a sua boca vermelha e a sua mão desce para o seu colo e fica com a mão lá. Eu tomo de uma única vez o meu uísque e me aproximo dela, sem fazer barulho. Vanessa parece sentir a minha presença, abre os olhos e quando os seus olhos se deparam com os meus ela parece surpresa em me ver. Não falamos nada, eu sorrio para ela e volto a olhar o céu estrelado, ela não. Me olha descaradamente, vejo pelo canto do olho ela me analisar da cabeça aos pés. Vou acabar com essa análise dela. Me viro de frente para ela que desvia o olhar e volta a olhar para as estrelas, sorrio de canto de boca. Vou mostrar para essa mulher, quem é César Augusto Monteiro. Sem dá tempo pra ela reagir, com uma mão na sua nuca e a outra na sua cintura, eu a puxo para um beijo. Ela tenta me empurrar, mas eu a encosto na parede e aprofundo o beijo, sentindo o seu gosto na minha boca, e aos poucos ela se rende aos meus beijos, passando os seus braços ao redor do meu pescoço. Eu esfrego o meu pau duro no seu ventre e ela arfa na minha boca. Seus lábios tem gosto de morango, sua língua dança com a minha. Um desejo enorme cresce dentro de mim. Eu quero essa mulher gemendo embaixo de mim! A minha mão passa por debaixo do seu vestido indo de encontro com a

sua calcinha, meus dedos esfregam por cima do tecido de renda bem no meio da sua boceta, sinto a sua umidade começar a molhar o meu dedo, ela geme na minha boca. Eu começo a afastar a sua calcinha para o lado quando escutamos vozes. Vanessa me empurra com toda a sua força, me olha assustada e desorientada. Eu levanto a minha mão para colocar o seu cabelo atrás da sua orelha, ela bate com força na minha mão e levanta o dedo na minha cara e fala entre os dentes. — Nunca mais toque em mim! Sorrindo descaradamente para ela, seguro o seu dedo, ela tenta puxar, mas eu não deixo. Seguro firme, chego bem perto dela, minha boca bem próxima de seus lábios borrados, falo sem tirar os olhos dos seus. — Você ainda vai implorar de joelhos para ser fodida por mim. Dou um beijo rápido nos seus lábios, solto sua mão, puxo um cigarro e acendo, dou uma longa tragada e solto a fumaça no ar. Ela me olha com fúria, mas eu vejo o seu desejo por mim, seus olhos não negam. Dou as costas e vou embora, deixando-a sozinha com as estrelas. Chris O jantar ocorreu tudo bem, fora o ocorrido com a Vanessa, tudo saiu como o esperado. Minha tia Valquíria se deu muito bem com Clara e Kira. Meu tio aprovou o meu casamento no civil. —Vocês já marcaram a data, Christian? — Quero que seja mês que vem, tia. — Meu Deus! Não, não e não! Eu vou ver com a Clara tudo direitinho. O meu único sobrinho e quase filho, não vai casar de qualquer jeito! Não mesmo! Clara, o que você me diz daqui a dois meses? — Tia, eu já quero... — Chris! Vocês já estão casados! Não precisa mais ter tanta pressa, meu filho. — Eu sei, tia, mas eu quero amarrar essa gata selvagem de tudo que é jeito comigo! Meus tios começaram a sorrir, dei um beijo na mão da minha mulher, que sorria igual boba para mim. Me sinto um homem feliz, em saber que sou a razão de seus sorrisos. Sei o quanto essa mulher é arredia, braba e cheia das vontades, mas nada nela eu mudaria pois eu amo ela do jeito que é. — Amor, concordo com a sua tia. Pelo menos dois meses para os preparativos.

— Dois meses? Sei não, gata! — Dois meses. Nem um dia a mais! Meus tios e Clara me olham na expectativa da minha resposta, por mim já tinha casado ontem no religioso, mas casar na igreja é diferente do que casar no civil, é todo um preparatório. Isso me fez lembrar os preparativos do casamento dos meus primos, como já sabíamos o dia em que estariam aqui, providenciamos tudo com um mês de antecedência, e mesmo assim quase dá merda no dia do casamento. — Tudo bem, eu concordo! Minha tia bate palmas, Clara pula no meu colo e me dá um beijo. Quando ela percebe o que fez na frente dos meus tios. — Ai, meu Deus! Desculpem! — Imagina, minha filha. Somos velhos, porém modernos! O meu tio diz sorrindo pra minha tia que pisca pra ele. — Eu só tenho uma exigência. Eu falo e todos se calam e me olham atentamente. — Quero casar no jardim da minha mãe. Clara bate palmas e me enche de beijos. — Amei a exigência! — Bem, se é assim que você quer, não vou contestar, meu filho. Segunda-feira eu vou começar a ver tudo, Clara. Deixa que a parte do buffet até a recepção é comigo. — Eu vou falar com a minha mãe e a minha melhor amiga que está chegando para me ajudar a escolher o vestido. — Ótimo! Alguns convidados começaram a se despedir, minha tia conversava animadamente com a Clara sobre o nosso casamento. De longe eu observava elas duas conversarem, a minha bexiga pediu por alívio. Assim que termino de me esvaziar, ouço gemidos, e vindo do banheiro ao lado. Começo a rir ao ouvir os gemidos, de repente escuto palavras em outro idioma, mas é um idioma que eu nunca ouvi. — Espera aí. Encosto o meu ouvido na parede e escuto algumas palavras em português e outras em um idioma em que eu suspeito que seja a língua nativa de Kira. Não escuto nada, acho que eles resolveram se calar, devem ter percebido que estavam fazendo barulho demais. Volto para o salão e encontro César encostado no bar olhando fixo numa certa direção, vejo Vanessa conversando com o meu tio, parece que está se despedindo. — E aí, cunha.

César me olha e depois volta o seu olhar para Vanessa que está ligando para alguém, acredito que seja o professor. — Pelo jeito você não conseguiu nada com ela. — Aí que você se engana, cunhadinho. Mas eu não a quero de qualquer jeito, não! — Boa sorte! – bato no seu ombro – Porque você vai precisar. E como vai! Dou um passo na direção da minha linda e gostosa esposa, escuto a voz da Kira me chamar, me viro para ela que está corada e um lado da bochecha está mais vermelha que a outra. — Chris! — Oi. — Você pode me dá uma carona, é que o Emerson não vai poder me levar, parece que aconteceu alguma coisa na casa dos pais dele. Ele e a Vanessa vão ter que ir direto para lá. — Tudo bem, já estamos de saída também. Nos despedimos de todos, Clara olha para o rosto da Kira e depois me olha como se eu soubesse a resposta. Eu dou de ombros para ela que não se contenta, e assim que entramos no carro do meu cunhado, eu e Clara sentamos no banco de trás e Kira senta na frente. Clara pergunta a Kira sem rodeios: — Onde você se bateu, Kira? Kira nos olha através do retrovisor, eu vejo o seu rosto corar e começo a rir, porque eu sei o que ela estava fazendo com o professor. — Não foi nada, amiga. — Olha, se aquele filho da puta do Emerson estiver te agredido, eu mato ele! — Só se ele tiver batendo nela com a rola dele. César fala com o cigarro na boca enquanto sai com o carro, eu tento conter o riso, mas quando eu vejo a mão da Kira ir até o lado vermelho do rosto onde levou uma rolada na cara. Puta que pariu! Não aguento mais segurar o riso, e caio na gargalhada junto com César. Clara me bate no braço e Kira cobre o rosto com a mão. — Porra, Kira, é verdade? Clara pergunta com os olhos faltando saltar da cara, César olha para Kira com as sobrancelhas levantadas e eu me esforço para engolir o riso, seguro o máximo que posso até ouvir Kira confirmar com todas as letras. — Ele pegou um pouco pesado, porque eu queria mais forte.

Ela revela dando de ombros, o queixo da Clara cai, César dá um risinho sacana e eu caio na gargalhada. — Meu Deus, Kira! Amiga, estou passada e engomada! — Fiquem sabendo que vocês são os piores amigos do mundo! Todos caímos na gargalhada dentro do carro. Kira Depois que os meus amigos descarados e sem vergonhas me deixaram em casa, eu tomei um banho e me deitei na minha cama, peguei o meu celular e fui direto no nome do Emerson. Queria mandar uma mensagem, mas eu não sabia se era o momento certo. Ele não me deu detalhes do que aconteceu na casa dos seus pais, e eu não quero ser inconveniente. Deixo o meu celular do meu lado e fico olhando para o visor na esperança que ele ainda me envie uma mensagem. A tela do celular apaga e eu toco nela para ligar a luz, fico nisso até que estou quase me entregando ao sono, o celular começa a piscar. Rapidamente eu me esperto e abro a mensagem. Emerson — Kira, ainda está ai? Kira —Sim! Estava te esperando. Está tudo bem? Emerson — Sim, agora está. Minha mãe não passou bem, a pressão dela subiu e ela quase enfartou. Kira — Meu Deus! Mas ela está em casa? Emerson — Não! Está em observação, mas não corre mais risco. Amanhã quero te ver! Kira — Eu também, já estou louca de saudades! Emerson — Não mais que eu! Começo a rir igual uma boba. Desde que comecei a namorar o meu professor, me sinto nas nuvens, tão feliz que até a possibilidade de ir embora do Brasil eu não cogito mais. Nem a irritante da minha irmã não me tira mais a minha alegria, por mais que ela se esforce para isso, ela não tem mais esse poder sobre mim. Emerson

— Amanhã eu tenho umas provas para corrigir. Kira — Eu não vou te atrapalhar? Emerson — Não mesmo! Te pego às 9h. Kira — Está ótimo para mim! Emerson — Boa noite! Bjs. Kira — Boa noite! ?? Beijos. Beijo o meu celular e depois o abraço, deixo ele do lado da cabeceira da minha cama. Me benzo e me deixo ser levada pela a imagem do meu professor lindo sorrindo para mim até cair no sono. Clara Na manhã seguinte acordei com Chris me beijando, fizemos amor preguiçoso, sem pressa alguma. Depois tomamos um banho e Chris insistiu para tomarmos café em uma feira livre, e eu mesmo morrendo de preguiça em levantar da minha cama, fiz a sua vonatade e fomos para a feira. Tomamos café e depois saímos em busca de um caçador de sonhos, meu lindo marido me disse que está tendo uns pesadelos e isso anda tirando o seu sono, então Fá disse para ele comprar o caçador de sonhos e colocar na janela ou na porta da casa, algo do tipo. Rodamos a feira toda, Chris não achou o caçador, mas eu comprei alguns colares e pulseiras que gostei muito, feitos de sementes. — Acho que se a gente for numa loja dessas de esoterismo, podemos encontrar o caçador. — Boa ideia gata. Chris sai me arrastando pelas ruas do Rio de Janeiro , até avistarmos do outro lado da rua uma loja escrita na fachada CIGANA MADÁ. Corremos no meio dos carros e assim que abrimos a porta um sino toca avisando que chegou clientes, eu vou para um lado da loja e Chris vai para o outro. Vejo várias pedras de diversas cores, acho-as lindas e então vou até elas e toco em cada uma, admirada com a belezas delas. Até que sou surpreendida por uma senhora que aparentava ter uns

sessenta anos, ela estava vestida como uma cigana. Ela sorri para mim e percebo que ela não tem todos os dentes. — Boa tarde, moça, em que posso ser útil? — Eu só estou olhando, meu marido é que está atrás de um caçador de sonhos. Estico o pescoço atrás de Chris e o vejo conversando com uma mulher, que por sinal está muito sorridente para ele. Essas mulheres não podem ver um homem gostoso! AFF... — Me chamo Madá, e eu vejo o futuro. – ela estica a sua mão pra mim – Me dê a sua mão, como é a primeira vez de vocês aqui na minha loja, eu não vou cobrar pela quiromancia. — Ah, não! Obrigada, Cigana Madá, mas eu não gosto dessas coisas. Esse negocio de saber o futuro não é para mim. A senhora me olha com um sorrisinho simpático, ela não insiste em ler a minha mão, e isso é um alívio. Imagina eu, Clara, uma mulher que não tem paciência, e vai que essa cigana me diz que vai acontecer algo na minha vida, eu não durmo mais de ansiedade. Não! Não é pra mim essas paradinhas. Chris se aproxima com duas sacolas ele vem todo sorridente na minha direção. — Pronto, gata, comprei dois! Um para o seu apartamento e o outro para a minha casa. Chris levanta as sacolas, a cigana nos olha, mas com curiosidade. De repente o seu sorriso simpático some de seu rosto, ela olha de mim para o Chris, se segura no balcão, eu a toco e muito preocupada pergunto: — A senhora está bem? — Sim, estou bem. Foi só uma queda de pressão, já estou melhor! Ela responde e eu percebo que ela não encara Chris, seus olhos vão dos meus para as sacolas que Chris tem em mãos. — Então, já que está tudo bem, vamos, gata! Chris começa a sair da loja, e eu começo a acompanhar ele, mas a cigana me segura antes que eu saia. — Eu vi o quanto esse homem te ama, mas tem algo que você nunca vai poder dar a ele. Não deixe que isso destrua o que ele sente por você. Eu puxo o meu braço do seu toque, senti um frio subir do meu espinhaço, meu corpo todo se arrepiou. Começo andar rápido e ela continua a falar. — Não dê ouvidos a outras pessoas! Escute só o seu coração! Assim que saio na rua com um sol de quase quarentas grau do Rio de Janeiro, sinto um frio enorme percorrer todo o meu corpo, eu me abraço. Um medo dos infernos invade a minha pequena estabilidade que eu tinha

conquistado a dura penas, eu sinto ela ir embora pelo ralo depois do que essa cigane me falou. Porra ! Caralho! Eu não gosto de saber do futuro, mas essa cigana aguçou a minha curiosidade e elevou a minha insegurança sobre não poder ter filhos.

Clara O mês voou e eu... Voltei ao consultório com a doutora Fritz, não disse a Chris que tinha consulta com a minha ginecologista, achei melhor assim. Não quero que ele se encha de esperanças e depois se frustre. As notícias que tive não me deram muitas esperanças, saí do consultório com o coração despedaçado dizendo para mim mesma que era melhor assim. A doutora me indicou fazer uma cirurgia para retirada do tecido do meu útero, fiquei de pensar. Minha menstruação desceu, senti cólicas, mas nada absurdo. Tudo dentro da normalidade. Me dediquei ao meu trabalho e ao meu marido, que a cada dia me amava mais e mais, me fazendo sentir que sou única na sua vida. E isso acabava comigo, em saber que não poderei gerar um filho para ele, para mim, para nós! Tinha dias que a tristeza me consumia, e eu tentava esconder dele, o quanto o meu coração estava triste e angustiado. Mês que vem vamos nos casar na igreja. Fernando e Bia chegaram do Canadá hoje. Estou na casa de Chris esperando ele chegar de uma obra para irmos jantar no apartamento da tia Lucinda. Sentada em frente do espelho terminando de me maquiar com os pensamentos na minha nova vida de casada. Fecho os olhos e digo pra mim mesma em voz baixa: — Clara Beatriz, viva um dia de cada vez! Assim que abro os olhos, eu vejo Chris entrar com a gravata nas mãos e abrindo um enorme sorriso para mim. — Vejo que a minha gata já está pronta! — Sim, estou terminando de me maquiar. Chris me dá um beijo no meu pescoço, fazendo todo o meu corpo se arrepiar e responder ao seu toque.

— Como você é gostosa! E continua a me beijar suas mãos começam a acariciar os meus seios que já estão duros com o seu toque. — Estava pensando em comer a minha mulher antes desse jantar. — Não acho que seria uma boa ideia. Falo com um sorrisinho nos lábios. — Como não? É a melhor ideia que eu tive hoje! Começamos a sorrir, Chris me levanta e me leva até a janela de seu quarto. — Segura firme, porque eu vou ser rápido e bruto! Meu corpo todo estremeceu com as suas palavras ditas no pé do meu ouvido, minha calcinha molhou e eu o obedeci. Segurei firme na janela enquanto escutava o som do zíper de sua calça. — Sabe, gata, desde de manhã que eu quero te comer. Mas o dever me chamou cedo — Chris puxa o meu cabelo, me pegando de surpresa. Ele encosta a sua barba no meu pescoço e começa a passá-la de leve na minha pele, trilhando o caminho até as minhas costas, ele para só para me fazer uma pergunta — O que você quer do seu marido, Clara? — Eu quero sentir você dentro de mim! Minha voz saiu sôfrega, a minha excitação escorria no meio das minhas pernas. Senti ele sorrir atrás de mim, eu abri as minhas pernas lhe dando acesso. Meu marido levantou o meu vestido até a cintura, enfiou dois dedos em mim, me fazendo rebolar na sua mão. — Como sempre, pronta para receber o martelo do seu Thor! Chris tirou os dedos e passou a minha excitação na minha boca e depois me beijou sem pressa, parecia saborear os meus lábios com o meu gosto. — Te beijar é muito bom, e sentindo o seu gosto, fica ainda melhor. E puxou o meu lábio inferior com os seus dentes. — Sabe o que significa saudade, Clara? — Não... Sussurrei em seus lábios, eu estava cheia de desejo por ele, louca pra ser possuída e preenchida por ele. — Você longe de mim por um segundo... Antes mesmo que eu pensasse ou até absorver a sua resposta, Chris puxou o meu cabelo, me fazendo virar de frente para janela e me penetrou duro e fundo, segurei com muita força o beiral da janela. Senti doer, mas era aquela dorzinha acompanhada de prazer, Chris entrava duro e forte me fazendo chamar o seu nome e gemer de prazer. — Chris...

— Aqui não é o Chris, mas o seu Thor! Puta que pariu! Esse homem acaba com a minha sanidade mental! Chris rebola e depois me fodia com força. Senti o meu orgasmo começar a se formar, senti o seu dedo circular o meu clitóris, me fazendo rebolar junto com ele, alucinada, buscando a minha a própria libertação para o êxtase. Senti as minhas pernas falharem, meu corpo estremecer, minha boceta sugava e apertava o pau dele. — Porra de boceta gulosa do caralho! Sem controle algum sobre o meu corpo, me deixo ser levada por um orgasmo intenso e libertador, Chris continua as estocadas até sentir ele me encher de sua porra. Nesse momento passa algo pela minha cabeça. E se acontecer um milagre e nós concebemos um filho? Chris me puxa para os seus braços e beija o meu pescoço. — Vamos tomar um banho, o meu primo já deve ter ligado pra caralho para o meu celular. Concordo com a cabeça e o sigo até o banheiro para me limpar. Assim que a porta se abriu eu e a Bia nos abraçávamos e gritávamos como loucas. — Seus caralhos, vocês estão atrasados! — Amor, esses porras estavam bem se comendo. — Fernando! Entre beijos e abraços de saudades, sorriamos de felicidade de estarmos reunidos os quatro mais uma vez, só que agora como casais. — Vamos, entrem! Tia Lucinda está na cozinha com a Kira terminando o jantar que vai ser servido na varanda, assim jantamos fora! — Bia, cadê a Nanda? — Ela não aguentou e caiu no sono, quase quatorze horas dentro de uma avião não é fácil. Mas vem, senta aqui. Vamos conversar. Bia me puxa para sentar no sofá, vejo Fernando e Chris indo para varanda conversando alegremente. — Aí, amiga, nem te ofereci nada. Quer beber o quê? — Vinho. Eu te ajudo! Vamos as duas até o barzinho nos servimos e voltamos a nos sentar no sofá. — Agora, Clara, conta tudo! Depois do jantar resolvemos sair para dançar, mesmo cansados da viagem longa, Fernando e Bia não recusaram e saímos os cinco. Começamos a

nos despedir de tia Lucinda, Chris a abraçou e depois deu um beijo na sua cabeça, sorrindo começou a agradecer. — Obrigado, tia Lucinda. Estava tudo tão delicioso! — De nada, meu filho, agora eu sei que vocês vão dar as caras aqui. Dei um beijo demorado na sua bochecha e depois a abracei. — Vão com Deus! E nada de dirigir com o rabo cheio de cachaça! — Pode deixar, mãe! Nós vamos voltar de táxi. — Fico mais tranquila. Vão com Deus! Saímos os cinco para a garagem do edifício, entramos na caminhonete do Chris e fomos direto para a boate do Washington. Assim que chegamos fomos as três para a pista de dança, enquanto Fernando e Chris bebiam no barzinho. Dançamos até a garganta secar e os pés pedirem uma trégua. — Preciso beber alguma. Bia e Kira, vocês veem comigo? — Vamos, sim! Estou morta de sede. Kira puxa o celular de sua cintura e vamos as três na direção do barzinho, de longe nós avistamos os garotos sorrirem e conversarem bastante. Eles se viram na nossa direção e eu vejo os olhos do meu marido sorrirem para mim, mordo os meus lábios e ao me aproximar dele, passo os meus braços ao redor de seu pescoço. Chris me abraça e me recepciona com beijo, enquanto as suas mãos apertam a minha bunda. — Quem diria que o Thor com o seu martelo conseguiria domar a fera. Começamos a rir todos, dou um beliscão no braço do Fernando, Bia balança a cabeça e dá um beijo casto no marido. — É tão bom estarmos reunidos de novo. Falo me virando para o garçom e peço uma garrafa d'água. — Sim, verdade, eu estava louca de saudade de vocês! Bia fala sorrindo pra gente. — Emerson chegou! Todos nós viramos na direção que a Kira olhou, e vimos o Professor com um sorriso enorme para Kira. — Eita, que esses dois estão muito apaixonados! Bia fala em voz alta, eu olho para ela que pisca pra mim. Vejo o braço do Fernando passar na cintura da Bia, que olha dos seus braços para o seu rosto. Eu começo a rir, tinha me esquecido o quanto o Fernando é possessivo, acho até que ele me barra no quesito ciúme. — O que esse cara de cu do Professor faz aqui? Kira vai na direção de Emerson e o recebe com um beijo apaixonado, eu olho para a cara do Fernando e vejo o seu queixo cair. Depois olho para Bia que

fala: — Eu não tive coragem de contar para ele que a Kira estava namorando o Emerson. Bia da de ombro para mim e Chris. — QUE PORRA É ESSA? Nós três caímos na gargalhada, menos Fernando que parece indignado com o que via. Bia vira de frente pra ele fazendo-o a encarar — Amor, eu não te contei porque você não ia gostar de saber que a Kira está namorando o Emerson. — E não ia mesmo! Se esse cara pensar em fazer ela sofrer, eu mato ele! — Primo, para de baitolagem, a Kira está bem com o baitola do Professor. Chris toma um gole da cerveja e depois de me beija ele continua a falar: — Isso porque você não viu como ficou uma das bochechas dela com a rolada que ele deu nela. Puta que pariu! Bato no braço do Chris que me olha sorrindo, Bia e Fernando me olham com a cara de quem viu um ET. Quando eu penso em falar, Kira e Emerson já estão bem a nossa frente com sorrisos bobos estampados nas suas caras. Fernando não sorri, olha para Emerson com cara de poucos amigos, mas Emerson, como sempre, não se deixa intimidar pelo Fernando, e com um sorriso lindo e surpreso ao ver Bia, ele fala eufórico — De Lucca! Quanto tempo! E sem se importar com o Fernando atracado na Bia, Emerson vai na direção da Bia, que se solta do abraço do marido e o abraça. Chris rindo começa a cochichar no meu ouvido. — O Primo vai enfartar! Olho para o Fernando e vejo o seu queixo tencionar, a veia do lado do pescoço pular, mas ele consegue se controlar. Chris cutuca a fera e começa a tirar onda com a cara dele que não consegue disfarçar o quanto tá muito puto de ciúme. — Primo, eu também não vou muito com a cara do professor. Ele também pegou a minha gata. Chris fala para Fernando que toma de uma única vez a sua cerveja. Emerson solta a Bia de seu abraço e volta a segurar a mão da Kira, dessa vez ele estende a mão para Fernando. — Oi, Fernando. Como vai? Fernando olha para a mão dele e depois para a cara do professor, vejo Bia falar entre os dentes algo, mas não entendo. Chris não para de rir da cara do

Fernando. Até que ele estende a mão para o professor. — Vou bem! Da próxima vez que você agarrar a minha mulher, eu espoco a sua cara. — FERNANDO! Todos sorrimos, menos o lutador marrento. A conversa começa a fluir entre a gente, Fernando aos poucos vai aceitando o professor como seu cunhado. Os meninos começam a falar das lutas de Fernando. — Preciso ir ao banheiro. Vocês veem comigo? Levantamos as três para ir ao banheiro e deixamos os três sentados no banco do bar. Chris Tão bom está na companhia dos meus amigos, aos poucos Fernando relaxou com a presença do baitola do professor e a nossa conversa fluiu em torno das lutas de Fernando e o meu casamento com a Clara. — Thor, está tudo certo para vocês casarem na igreja mês que vem? — Sim, Primo! E, além de você e a Bia como meus padrinhos, o meu cunhadinho cafajeste e a Kira também serão nossos padrinhos. — Puta que pariu! Ainda tem esse puto! Cadê ele, Thor? Está na cidade? — Está bem ali. O Professor aponta e eu e Fernando nos viramos para ver César abraçando Bia e deixando a sua mão na cintura dela— Porra! Caralho! Isso vai dar merda! — Fernando se levanta na mesma hora. Eu o seguro pelo braço. — Primo, para! — Esse puto do caralho está com a mão na cintura da minha mulher. — Eu estou vendo, mas não se preocupe, ele está de olho na irmã desse baitola aí. Fernando olha para o professor, que estava tomando um gole da sua cerveja e cospe na gente. — É, seu baitola! — Fernando xinga. — Porra, professor! Xingo ele e começo a me limpar e Emerson nos olha com a testa franzida. — O que você disse, Chris? — Foi o que você escutou! Ele quer comer a sua irmã, e pelo que eu conheço do cafajeste do meu cunhado, tudo que ele quer, ele consegue. Peço mais uma cerveja do garçom, Fernando volta a se sentar, mas não tira o olho da mulher que está vindo na nossa direção com o César, Clara e Kira.

— Duvido! A minha irmã é muito certinha. Ela não vai se envolver com esse puto! Nos entre olhamos os três, e eu sou o primeiro a falar. — Eu aposto mil reais que ele vai comer ela! Fernando sorri de canto de boca. — Eu também! Emerson nos olha e balança a cabeça nos reprovando. — Vocês são muito imaturos! Aonde já se viu isso, seus porras? Apostar se o puto do César vai ou não comer a minha irmã! — Primo, ele está com medo de apostar por três motivos. — E qual seria, Thor? Nós sorrimos um para o outro com cumplicidade de bons amigos que somos, eu levanto o dedo indicador. — Número um: se a irmã dele descobrir sobre essa aposta, ele é um homem morto! — levanto o segundo dedo — Dois: ele sabe que vai perder feio! Porque ela vai dar de bom grado pro Cunha! — levanto o terceiro dedo com um sorriso irônico na cara — E três: ele não quer assumir que é tão imaturo quanto nós dois. Caímos na gargalhada batendo as nossas garrafas de cerveja. O Professor fica puto com a gente e acaba se rendendo a nossa aposta, bufando de raiva. — Pois vocês vão perder! Minha irmã é uma mulher muito exigente e certinha, não vai cair na lábia desse puto safado! — Veremos, meu caro professor! Assim que César e as garotas chegaram, nós três trocamos olhares confirmando que era um segredo só nosso. Bia e Clara ficaram desconfiadas com o nosso silêncio e nos analisaram, até que o César quebra o silêncio. — Tudo bem, Fernando? Fernando concorda com a cabeça. Gatas, não sei se vocês se lembram, mais Fernando e César já trocaram socos, pontapés e rabo de arraia por causa da prima gostosa e eles não se falaram mais. Então, vocês podem imaginar o clima pesado que se instalou. Querendo quebrar o clima, eu tenho a péssima ideia de perguntar da Vanessa pro baitola do Professor, e me arrependo na mesma hora. — Professor, a Vanessa não veio com você? Clara vira a cabeça para mim, pensei que ela tinha dado um jeito no pescoço de tão rápido que ela virou. — Que porra é essa, Chris? — Quem é Vanessa? Bia pergunta com curiosidade. César puxa um cigarro e acende olhando

para a Prima comendo ela com os olhos. Estou começando a pressentir que isso vai acabar dando merda. — É a gostosa que eu... — Olha como fala da minha irmã! César levanta os braços, Emerson parece um galinho Garnizé na frente do meu cunhado que deve ter a minha altura. Fernando segura a cintura da Bia, eu começo a rir. Esse porra é muito ciumento! — Vamos tomar uma rodada de tequila? O que acham? Eu sugiro para ver se quebra o clima escroto que se instalou de novo, todos se olham meio que desconfiados com a minha ideia. Sem ninguém concordar eu peço uma rodada para todos. Mais tarde eu descubro que essa foi a pior ideia que eu tive, porque como eu havia dito: Acabou dando merda!



Chris Estávamos na quarta rodada de tequila, as gatas tomaram uma dose e não quiseram mais, foram para a pista dançar, e ficamos os quatros no bar disputando quem mija mais longe. Acho que na quinta rodada, os ânimos deram uma acalmada falávamos menos, até o meu cunhado fazer um pedido para o professor: — Cara, liga para a sua irmã. — Vou ligar porra nenhuma! — Liga logo, baitola! Quero esse cara de cu do César bem longe da minha mulher. Fernando termina de falar e César olha para ele e começa rir e balançar a cabeça. Calmamente acende um cigarro, puxa e solta a fumaça no ar e fala sem pressa com a cara mais cínica possível. — Sabe, até hoje eu nunca conheci uma mulher igual a Bia. – ele vira uma dose de tequila – Nenhuma mulher chegou aos pés dela. – César agora dá um trago no cigarro – Você tem sorte que ela te ama. – ele solta a fumaça — Se ela me amasse, teria perdoado a minha traição, como perdoou as suas. — Cala a sua boca! Eu nunca traí minha mulher! — Mas a usou de diversas maneiras. Puta que pariu! A merda começou a ser mexida. Eu estou no meio dos dois, e dou um chute na canela do César, que me olha sorrindo. — Que porra é essa de "usou de diversas maneiras"? Eu olho para o professor e dou uma olhada mortal para ver se ele se toca, mas o linguarudo continua a falar, atiçando o esquentado do meu primo. — Porra, Fernando! A Bia é uma mulher sensacional, caralho! Como você fez isso com ela, seu filho da puta? Fernando fala alto e vai se levantando do banco, eu o seguro pelo braço,

e ele aponta o dedo na direção do professor. — Cala a sua boca! Você não sabe de nada, seu almofadinha do caralho! — Ei, ei, ei! Seus porras! Isso é passado, parecem um bando de mariquinhas fofoqueiras, remoendo coisas velhas! Mal termino de falar e o caralho do meu cunhado que só pode está endemoniado, joga mais gasolina na fogueira. — Chris, agora você virou amiguinho do professor? Já esqueceu que ele comeu a minha irmã? Puta que pariu! Esse puto tinha que me lembrar dessa merda? — Porra, cara! Você tá endemoniado, ou o quê? Falo soltando fogo pelas ventas, e Fernando sem perder tempo rindo, joga mais lenha na fogueira. — Esse cuzão está com dor de cotovelo, porque é o único que não tem uma mulher para chamar de "sua". Começamos a rir os três, mas eu vejo os sorrisos da cara do professor e de Fernando sumir quando César apaga o cigarro, e sorrindo joga a merda no ventilador. — Eu não preciso de nenhuma para ser minha, mas já comi a sua mulher – ele aponta para Fernando e depois aponta para o professor que fica pálido – e a sua também. Eu me preocupei só com a reação de Fernando, mas eu nunca imaginei que o professor faria o que ele fez. Ele se levantou do banco e deu um soco no queixo do César, que por não esperar, quase caiu do banco. O coitado do professor sacudia a mão e fazia careta de dor. Eu me meti no meio dos dois. César passou a mão no queixo, por incrível que pareça, o professor conseguiu tirar sangue dele. — Bem feito, cunhado, você mereceu! Não se fala assim das mulheres, elas merecem respeito! César se vira pro garçom que nos olha com desconfiança. — Mais uma rodada de tequila para nós quatro. — Senhores, eu acho melhor vocês irem embora. — Meu rapaz, sou amigo do dono, e isso que você viu, foi apenas um desentendimento de amigos. Nada demais. O garçom olha para nós quatro e mesmo desconfiado serve mais uma rodada de tequila, voltamos a nos sentar e viramos mais uma dose. César se vira pro professor e diz: — Não comi a sua mulher, só foi uns amassos. – ele olha pra frente e sem olhar para ninguém continua – E a Bia foi a única namorada que tive... Tenho muito carinho por ela, Fernando. Me desculpe a grosseria, ela não merece ser

desrespeitada. Fernando e o professor olham desconfiados para o César, ficamos por alguns segundos calados até que o César se vira pra mim e me pedi o meu celular emprestado. — Cunhado, por favor, você pode me emprestar o seu celular? Tiro o celular do bolso da calça jeans e entrego a ele, peço uma cerveja e Fernando me acompanha. Vejo César enviar uma mensagem do meu celular para o dele. — Tá aqui, cunhado. Valeu. Ele começa a mexer no seu celular e sorrir, a minha ficha cai. Chego bem perto do Fernando e falo só para ele ouvir. — Ele – aponto pro César – está ligando pra Vanessa. — O quê? A irmã do professor? Faço sinal de silêncio para Fernando. — Oi, Vanessa? Olhamos para o cara de pau do César que nem se incomoda com os nossos olhares em cima dele. Mas que filho da puta descarado! — O teu irmão me agrediu, e eu estou indo na delegacia registrar um boletim... Eu começo a rir e balançar a cabeça, viro a minha cerveja. Pelo visto o baitola do professor ainda não se tocou que o safado do César está falando com a irmã dele, eu e Fernando só observamos a conversa. — Sim, ele está bêbado... Não, ele não está com a namorada, está sozinho... Ok, vou te enviar o endereço da boate. César desliga o telefone com um sorriso enorme estampado no rosto, Fernando me cutuca e diz: — Esse se fodeu! — Eu sei, quero só ver a decadência do puto cafajeste! Batemos as nossas garrafas de cerveja e caímos na gargalhada, vamos assistir de área vip a queda do puto do meu cunhado. Clara Estava tocando Só Quero Amar do Tim Maia, e nós três dançando e gritando igual três loucas ensandecidas. A semana inteira Fiquei esperando Pra te ver sorrindo

Pra te ver cantando Quando a gente ama Não pensa em dinheiro Só se quer amar Se quer amar Se quer amar Nos abraçamos as três e rodamos igual três loucas, caindo na gargalhada cantando Tim Maia, e já entra outra música do Seu Jorge, Burguesinha, e as duas apontam para mim e faço não com o dedo e caímos na risada dançando. Meu corpo está molhado de suor, os meus cabelos grudam na minha pele, e Bia fala gritando: — Estou com sede, vou lá com os rapazes. — Vamos com você! Quando nos viramos, eu vejo uma mulher magrela e com o corte de cabelo igual o da Vanessa. Puta que pariu! É a Cascavel, tenho certeza! — Quem é aquela que está conversando com o César? Não sei por que, mas eu não gosto dessa mulher perto do meu Thor, não gosto mesmo. Como eu não falo nada, Kira responde pra Bia. — Acho que é a Vanessa, a irmã do Emerson Bia rapidamente me olha, eu já estou em passos largos na direção deles deixando elas para trás. Já chego marcando território, passo os braços ao redor de seu pescoço e beijo o meu Thor, que me beija também. Escuto ela falar num tom de raiva com o irmão, Vanessa parece está tentando convencê-lo a ir embora com ela. — Vamos, Emerson! — Eu não vou, estou bem! Sem tirar os olhos deles, pergunto a Chris. — O que está acontecendo aqui? — O professor bateu no seu irmão, e o César ligou para Vanessa. — Não entendi nada? Por que o Emerson bateu nele? — Depois te explico, gata. Vanessa tenta a todo custo convencer o irmão a ir com ela, mas Emerson está irredutível, até que Kira se coloca do lado dos dois e Vanessa a olha com surpresa. — Kira? Você chegou agora? — Não! Estou aqui desde cedo com ele. Kira fala dando um beijo em Emerson que atraca na sua cintura e olha com desdém para a irmã. Vanessa olha na direção do meu irmão e semicerra os

olhos. — Por que você mentiu? — Eu não menti, ele me agrediu. – César aponta para o machucado na sua boca — E na hora em que ele me agrediu, estava sozinho. — Sozinho, não! Estávamos aqui, e foi muito bem feito para você. Fernando fala com uma cara de satisfação. Vanessa olha para Fernando e pra Bia, então eu resolvo fazer as devidas apresentações. — Vou te apresentar os nossos amigos: Fernando Fernandes e Bianca De Lucca. Vanessa abre a boca e dá um sorrisinho muito simpático para a Bia, ela aperta a sua mão e dá dois beijinhos no rosto da Bia. Com o Fernando ela é mais formal, só apertando a sua mão. — Prazer em te conhecer, De Lucca! Ninguém entende nada, eu nunca vi essa mulher tão simpática. Bia sorrir para ela e arregala os olhos para mim, meio que perguntando qual é a dela, e eu dou de ombros porque eu não entendi porra nenhuma também. Chris fala no pé do meu ouvido: — Gata, o que será que deu na Vanessa? — Eu também gostaria de saber. Vanessa olha na direção do Emerson que sorri meio sem graça para a irmã, então eu começo a matar a charada, e pela cara da Kira, ela também. Seu olhar cruza com o meu e eu vejo que ela ficou insegura. Eu balanço a cabeça para ela, não quero que ela embarque nessa de insegurança. Saio dos braços do Chris e vou até ela, puxando ela para um cantinho. — Está tudo bem, Clara, eu só... — Eu sei o que você achou, é só um achismo. Ele está com você. Entendido? Kira concorda comigo, nos abraçamos e eu dou um beijo na sua bochecha. Nos aproximamos dos outros, Kira volta para os braços do Emerson. Bia e Fernando conversam animadamente com o Chris, César e Vanessa estão mais afastados, e eu fico observando o meu irmão conversar com a Vanessa. Ela parece que está com raiva dele, e fala apontando o dedo na cara dele. Meninas, não é por que é o meu irmão não, mas ele é gostoso pra caralho! Enquanto a cascavel fala e fala, ele continua com as mãos dentro do bolso da calça social, só observando-a. Conheço muito bem o meu irmão, ele a quer e não vai assustar a presa agora. — O que foi, gata? Chris chega por trás de mim, me abraçando e beijando o meu pescoço

— Estou observando aqueles dois. — E o que você me diz? — Ele não vai sossegar enquanto não ter ela. O que me preocupa é o que vai acontecer depois da foda deles. — Vai cada um para um lado. — Pois eu acho que não. Eu nunca vi meu irmão tão obstinado a querer comer uma mulher. Chris e eu ficamos por alguns segundos observando eles, até que escutamos Fernando nos chamar. — Thor! Clara! — Nos viramos e voltamos para o bar – Deixa o cuzão do César fisgar a senhora mandona. Todos rimos e voltamos as nossas conversas casuais. Depois de alguns minutos olhei na direção onde César e Vanessa estavam conversando, mas eles não estavam mais lá. Para onde será que eles foram? Acordei com o meu celular despertando, procuro o aparelho no criado mudo e coloco no modo soneca, fecho os meus olhos para tentar dormir de novo. Quando de repente escuto ele tocar, eu bufo de raiva, e com muita dificuldade, abro os meus olhos só um pouquinho, e mesmo com a vista embaçada, consigo ler o nome Valquíria na tela. Dou um pulo da cama e atendo o celular enquanto caminho para o banheiro. — Oi, Clara. Bom dia! — Bom dia, Valquíria! — Já estou te aguardando. Daqui a uma hora o Berg estará aqui. — Sim, eu estarei aí em meia hora! — Está ótimo! Beijos. — Beijos. Desligo o telefone e já vou ligando para Bia. Faço duas tentativas e nada. — Que merda! Deve está dormindo ainda! Tento mais uma vez e nada, entro debaixo do chuveiro e começo a tomar um banho de água fria. Quando termino o banho, pego um vestido floral de alcinha e calço uma rasteirinha, vou até a cama e acordo o meu maridinho com vários beijinhos. — Por que você acordou cedo, gata? — Eu não tive escolha, hoje eu tenho que fazer a prova do meu vestido. Sua tia está me esperando. — Hum... Que horas são?

— Ainda é cedo, volte a dormi! Dou mais uns beijinhos no meu Thor e saio com pressa, antes passo na cozinha e dou comida para os nossos bichanos, e assim que entro no meu carro, o meu celular toca. — Já estou pronta, Clara. Pode passar para me pegar. — Ok, já estou saindo daqui. Chegamos na casa dos tios de Chris na hora acertada, enquanto tomamos café, conversávamos sobre o meu casamento, horário e quantas pessoas iríamos convidar. Valquíria parecia muito empolgada com tudo. Minha mãe estava chegando para me ajudar. Eu estava radiante com tudo, me sentindo tão feliz com o rumo que o meu relacionamento com o Chris tomou, em como eu me senti tão bem em assumir que o amava. O medo de me decepcionar já não existia mais, pois Chris me dava a certeza do seu amor a cada segundo e minutos, todos os dias. De repente a conversa foi para um lado inevitável: filhos. Comecei a ficar desconfortável e me calei, resolvi só ouvir. — Bia, você tem filhos? — Ah, sim, dona Valquíria. — Sem o dona, Bia. Só Valquíria. — Tudo bem, Valquíria. Eu tenho uma princesa, a Nanda, de três aninhos. — Quero conhecê-la! Da próxima vez, traga ela. Eu e Bernardo não vemos a hora de Clara e Chris nos darem netinhos. O suco que eu estava tomando desce rasgando garganta abaixo, sinto o meu sangue drenar para os pés. Olho para Valquíria que fala toda animada sobre netos e mais netos correndo na casa dela quebrando e sujando a sua mansão. Eu começo a sentir náuseas, minha cabeça dói. — Preciso ir ao banheiro. — O que foi, amiga? Você está pálida. — Eu só estou enjoada, e... — Eu não acredito, Clara! Isso é um sinal, Clara! — Ah, não! A minha menstruação já veio, não é gravidez. Eu tenho certeza! Deve ser ressaca! Com licença. Eu me levanto da mesa e vou com muita pressa para o banheiro e assim que abro a porta, só da tempo de enfiar a cara no vaso colocando todo o meu café pra fora. Começo a suar frio, vou até a pia e lavo o meu rosto, molho a minha nuca, depois me olho no espelho e fico olhando para a minha imagem pálida e sem esperança. Minha garganta começa a fechar, eu levo a minha mão até o pescoço, engolindo em seco, falo olhando nos meus olhos:

— Clara Beatriz, você é seca! Seca... Fecho os meus olhos e seguro o choro, não quero e nem vou chorar na frente de ninguém. Chorar é para os fracos, e eu sou uma mulher forte! Só não sei até quando eu vou ser forte.



Clara Fiz um coque no meu cabelo e belisquei as minhas bochechas até elas ficarem vermelhas. Minha aparência já estava melhor e fui de encontro com as duas que me aguardavam na sala. Assim que coloquei os pés na sala Bia veio ao meu encontro, e me analisando, perguntou: — Aparentemente você está melhor. — Sim, me refresquei com água fria no rosto e na nuca. Cadê a Valquíria? Olho ao redor e não a vejo. — Ela foi até a cozinha, aconteceu alguma coisa e ela teve que ir resolver. Sorrio sem querer para Bia, que continua a me analisando. Ela me conhece e sabe que eu não estou nada bem. — Clara, eu sinto que algo está te incomodando. – Bia segura na minha mão me fazendo olhar para ela – Eu sei que você é muito minha amiga, e que eu sempre me abri para você, – ela respira fundo e solta o ar – sei o quanto você é reservada e não gosta de se abrir comigo, mas eu quero que você saiba que a sua dor é a minha dor. Você é a irmã que eu nunca tive e eu me preocupo com você, eu sei que tem alguma coisa errada, eu sinto! — Está tudo bem! Não precisa se preocupar com nada. Bia me olha, eu sei que ela não acreditou em mim. Mas eu não quero incomodar ela com os meus medos. Bia abre a boca, mas fecha assim que ouvimos a voz de Valquíria. — Clara! Está melhor? — Sim, Valquíria! — Berg já passou pelo portão, vamos para o quarto de hóspedes, ele já

sabe o caminho. Depois de quase três horas tirando e colocando dezenas de vestidos, eu escolhi três que mais me agradaram. Berg separou os três, minha mãe está chegando na segunda-feira e com a ajuda dela eu decido qual dos três. Almoçamos com Valquíria e o tio Bernardo, a companhia deles é muito agradável. Nos despedimos e fomos embora direto para a casa de Chris, já que na noite anterior tínhamos combinado em passar a tarde na piscina da mansão dos pais dele. Entramos no carro e assim que coloquei o cinto, Bia segurou a minha mão, nos olhamos e ela abriu o seu melhor sorriso. — Eu não sei o que está te preocupando, eu só quero que você saiba que eu te amo, e que sempre estarei aqui do seu lado. Nos abraçamos e seguimos o nosso caminho para a casa do meu amado. Assim que chegamos de longe, nós vimos uma fumaça vindo da direção da piscina. — Bia, você trouxe biquíni? — A Kira trouxe para mim. — Vou colocar um biquíni e um short. Entramos em casa, enquanto fui para o quarto trocar de roupa, Bia foi matar a saudades do Capuxo e de sua família. Joguei a minha bolsa em cima da cama e peguei o meu biquíni. Assim que comecei a vestir, ouvi o meu celular tocar. Fui até a minha bolsa e vi o nome do meu irmão na tela. — Oi, gostoso! — Gostosa, me envia o localizador da casa do meu cunhadinho. — Vou enviar, mas vou logo te avisando, nada de provocações! — Ei, eu me redimi com os caras. — Depois que fez a merda. — Maninha, vai ou não mandar? — Como foi ontem com a cascavel? — Não foi, essa gata é osso duro. Mas ainda consegui levar ela em casa, depois de muita insistência. Agora eu já sei onde ela mora, papai aqui vai começar agir. Começo a sorrir do outro lado da linha, meu irmão sempre foi assim, destemido e nunca aceita um "não" de mulher nenhuma. — Estou achando que isso vai acabar dando merda, César. — Vai dar é muita foda! — Sei não. Estou pressentindo que isso não vai acabar só em uma foda. — Não mesmo! Vou comer ela até eu me cansar.

— Deixa de ser ridículo! Não gosto dela, mas não quero ouvir você falar dela assim. — Desde quando você defende a Vanessa? — Desde quando ela é mulher como eu! E desde quando eu soube que ela perdeu o noivo. Pelo pouco que eu soube, parece que ela não teve mais ninguém já tem uns anos. Meu irmão ficou mudo do outro lado da linha, eu até olhei para o celular pensando que a ligação tinha caído. — Mano? — Maninha, preciso desligar. Daqui a pouco chego aí... Beijos! — Tá, beijos!

A tarde foi muito agradável na companhia dos meus amigos. Sentada na beira da piscina conversando com a Bia e a Kira, enquanto olhávamos Nanda brincar na sua boia, nos divertíamos com os rapazes, que não paravam de se provocar. — Coitado do Emerson, são dois contra um. Estou com pena dele, Kira. — Bia, ele sabe se virar. — Já não sei como o clima vai ficar quando o meu maninho chegar. Bia me olha balançando a cabeça, nos olhamos e caímos na gargalhada. — Kira, você e o safado do meu irmão ainda se pegaram ou ele estava só querendo provocar o Emerson? Kira olha de mim para Bia e depois olha para o professor que está rindo de alguma coisa que Chris está falando. — A gente saiu umas duas vezes, e na última, quando ele estava me levando para casa, acabou rolando. Mas foi só isso, só uns amassos. — ela fala mordendo os lábios – Combinamos de nos encontrar de novo, mas aí eu conheci o Emerson. Eu e Bia caímos na gargalhada e Kira ficou vermelha. — Amiga, não fique com vergonha da gente. Olha, – Bia começa a sussurrar e olha na direção do Fernando – quando eu namorei o César, nós éramos adolescentes, mas posso dizer com convicção, ele gosta de mulher submissa. Nós éramos jovens, eu, pelo menos, não entendia direito dessas coisas, mas ele era bem... — Bia parece procurar as palavras certas — mandão. Acho que essa seria a palavra certa. Em algumas vezes, eu cedia, em outras, não, então ele ficava puto de raiva e sumia. Acho que foi aí que ele começou a me trair com a cadela da Soraya.

Dou um sorrisinho e balanço a cabeça, meu irmão não é um Dom, mas ele é um simpatizante. E para ele, mulher tem que ser submissa as suas vontades. — Um dos convites que ele me fez, foi para conhecer uma clube de BDSM. – os olhos da Bia que já são graúdos, ficaram mais graúdos ainda – E foi aí que eu desisti de transar com ele, fiquei com medo dele me amarrar e me chicotear, sei lá. Kira dar de ombros e Bia fica chocada com a revelação. — Oh, meu Deus! Bia coloca a mão na boca horrorizada. Eu caí na gargalhada da cara das duas de espanto, e a curiosidade era evidente nas suas caras. Bia bateu na minha perna. — Por que você nunca me contou esse lado do César? — Porque é a vida particular dele, eu não tenho nada a ver. – eu me aproximei mais delas – Sem contar que ele gosta de ménage de tudo que é jeito. Meu irmão é muito pervertido. Uma vez ele me levou num desses clubes onde todo mundo come todo mundo. — Puta que pariu, Clara! Você vai nos contar isso direitinho, nos mínimos detalhes! Eu quero saber de todos os detalhes sórdidos! — Detalhes sórdidos de que, amor? Fernando chegou de mansinho nos pegando de surpresa. Bia saiu da piscina com a Nanda no colo e puxando Fernando. — Coisas de mulher, Fernando. Vem, vamos dar comida para sua Pequena, que ela está morrendo de fome. Olho para Kira que sorri para mim. Chris e Emerson pulam na piscina e nós vamos de encontro dos nossos boys. A noite estávamos reunidos na sala de casa comendo pizza com cerveja. Nanda já tinha caído no sono e estava dormindo no outro quarto, o interfone toca e Chris vai atender. — De Lucca, vocês voltam quando para o Canadá? — Vamos ficar aqui o resto do ano, só vamos voltar no inicio do ano que vem. Fernando está de férias, então vamos aproveitar bastante a nossa terrinha. — Bem, está na hora de irmos. – Emerson se levanta e ajuda Kira se levantar – Preciso passar na casa dos meus pais, senão a minha mãe me mata. Emerson e Kira se despedem e vão embora. Sentamos os quatros no chão da sala tomando a nossa cerveja, sento no meio das pernas do Chris e Bia se enfia no meio das pernas do Fernando. — Thor, como vai a vida de casados?

— Vai muito bem. Se eu soubesse que e era tão boa, já tinha me casado há muito tempo. Me viro de frente para ele que aproveita para roubar um beijo meu. — Com você, gata! Só com você eu casaria. — Ah, tá! — Vocês já decidiram onde vão morar? — Ainda não! Respondemos juntos para Bia e caímos na gargalhada. — Vocês não pensam em habitar na casa dos seus pais, Thor? Fernando pergunta para Chris que demora a responder, eu sei o quanto é difícil para ele falar da casa. Nós nunca conversamos sobre os pais dele, é um assunto que eu mesma tenho receio de tocar, mas acredito que na hora certa, Chris vai se abrir para mim, por isso não forço nada. — Ainda não cogitei essa possibilidade. – ele responde e começa a se levanta. Fernando faz o mesmo. – Vou buscar uma cerveja. Vocês vão querer, gatas? — Não, Chris! Bia responde e eu balanço a cabeça em negativo para ele, e os dois vão para a cozinha nos deixando a sós. — Chris, não gosta de falar desse assunto? — Não, Bia. Nunca nem conversamos sobre os pais dele. — Percebi que o assunto o incomodou. — Por isso estou esperando o tempo dele. Não quero que ele me conte por obrigação, mas sim por que ele quer dividir comigo. — Assim como você? Bia chegou no ponto X da questão, ela me pegou direitinho. — Igual a você, Clara. Eu vou esperar o momento certo para você me contar o que te aflige. Dou um sorriso singelo para minha amiga que me devolve um coração que ela fez com as suas mãos. —Você é a melhor amiga do mundo! — E você a pior amiga do mundo! Mas eu te amo mesmo assim! Nos abraçamos. Eu sei que sempre vou poder contar com o seu apoio, porque a nossa amizade é incondicional.

Chris A segunda-feira chegou e com ela a minha sogra que veio para ajudar Clara com os preparativos do nosso casamento. Estava ansioso para o dia do nosso casamento, não via a hora de comemorar esse dia com os meus amigos e com os meus tios. Terminávamos de nos arrumar para começar o nosso dia e trabalho, Clara passou na minha frente só de calcinha, eu dei uma palmada na sua bunda gostosa. Ela sorriu, porém não parou. — Chris, eu e o César vamos pegar os nossos pais no aeroporto. – ela fala enquanto veste uma saia solta e uma camisa de seda e eu fico admirando o seu corpo volumoso. – A sua tia Valquíria resolveu oferecer um jantar para os meus pais. Chego perto dela e a puxo para os meus braços, enfio a minha mão embaixo da sua saia e começo a esfregar bem em cima do seu ponto de prazer. — Chris... – ela fala fechando os olhos e num sussurro – nós vamos nos atrasar. — Eu sei, mas eu não posso sair sem possuir a minha mulher. Falo bem perto do seu ouvido, começo a passar a minha barba no seu pescoço e dou beijinhos de leve. Sinto o seu corpo estremecer nos meus braços, Clara segura firme nos meus bíceps, puxo o seu cabelo de leve e possuo a sua boca com muito desejo. Nosso beijo se aprofunda, Clara começa a tirar o meu cinto e depois abre o zíper da minha calça. Eu puxo a sua calcinha pro lado e levanto ela que passa as pernas ao meu redor e a penetro de uma vez. Clara geme na minha boca. Entro e saio com uma fome dela. Parece que nunca vou me saciar do seu corpo, do seu cheiro, da sua voz, da sua boca. Aumento a velocidade, quero mais e mais dela. Seus gemidos aumentam e ela começa a gritar o meu nome, apertando o meu pau com a sua boceta gulosa. — Chris... Chris... oh!... Chris!

Sinto o seu corpo tremer. A sua boceta sugando o meu pau desesperadamente tirando tudo de mim. Meu gozo vem arrebatador, continuo a entrar e sair dela, até que enfio a minha cabeça no seu pescoço e sinto os seus braços me envolverem num abraço doce e terno. Nessa hora sinto um frio subir do meu espinhaço, eu abro os meus olhos. Meu coração que já estava batendo alucinadamente, fica pesado e eu começo a repetir só nos meus pensamentos. É só fruto da sua imaginação, Christian! — Chris – Clara me chama e eu olho nos seus olhos. Ela segura o meu rosto com as duas mãos – Eu te amo! Fui pego de surpresa com a sua declaração e colo a minha boca na dela, e aquela sensação de que algo muito ruim vai acontecer só faz aumentar. Clara interrompe o nosso beijo e sorrindo diz: — Chris, precisamos trabalhar. As nossas contas não se pagam sozinhas. Eu passo o meu dedo indicador pelo seu rosto, como se tivesse desenhando ele. Clara me olha como se estivesse me examinando, dentro do meu peito está uma mistura de sentimentos, mas aquela velha sensação de que eu vou perdê-la não vai embora. Eu fecho os meus olhos e abaixo a minha cabeça. — Chris, – ela levanta a minha cabeça – você está bem? Aconteceu alguma coisa? Balanço a minha cabeça em negativo. — Vamos, Clara! Eu vou te levar para o estúdio. Saio de dentro dela, a coloco no chão e ela sem entender, vai até o banheiro se limpar. Fecho a minha calça, e começo a andar de um lado para o outro passando as mãos na minha cabeça. — De novo não! Por favor! De novo não! Aperto a ponta do meu nariz e fecho os olhos e começo a repetir para mim mesmo que não é nada, que não vai acontecer nada, como se fosse um mantra. — Não é nada! Não vai acontecer nada! Porra! — Vamos, Chris, temos poucos minutos para chegar em nossos respectivos trabalhos. Concordo com a cabeça, ela começa a pegar a sua bolsa e começa a falar com um sorrisinho no rosto, porque eu nos atrasei, agora não vamos tomar café juntos, dou até um sorrisinho de leve. Para quem não queria nem dormi junto, agora não sabe tomar um café sem mim. — Ainda bem que você vai me levar, assim não precisarei deixar o meu carro em frente ao estúdio. — Eu vou almoçar com você. — Isso mesmo, para compensar o café.

— Vamos, hoje é o dia do retorno do meu tio para a presidência da construtora. Entramos na minha caminhonete e saímos na direção do estúdio, deixo a minha gata em frente do seu trabalho nos despedimos com um beijo, fico olhando até ela entrar. Assim que estacionei a minha caminhonete, Vanessa estacionou o carro dela ao lado do meu, olhei no meu relógio, ela está atrasada assim como eu. Saio de dentro do carro e vou andando na direção do elevador e escuto ela me chamar. — Chris! Chris! Eu aperto o botão e espero o elevador me viro de frente para ela que chega ofegante, acho que ela deu uma corridinha para me alcançar. — Bom dia, Chris! — Bom dia, Vanessa! O elevador chegou dou passagem para ela entrar e entrei em seguida. Ficamos em silêncio até que ela começa a puxar assunto. — Hoje o tio assume a presidência. — Sim. — Vamos dividir a mesma sala. — Sim. Ela me olha e eu nem me mexo, não estou afim de conversa. Minha cabeça está em outro lugar, ou melhor, minha cabeça não para de pensar em Clara. Estou ansioso e preocupado com ela, com nós. — Chris, você está bem? — Estou ótimo, Vanessa. Sabe, – me viro pra encarar ela – de uns tempos para cá, você tem puxado muito assunto comigo. Você não era assim. O que mudou? Percebo que deixei ela sem graça, ela olha para frente e eu faço o mesmo. — Eu só quero ser sua amiga, eu não tenho amigos. Eu sei que a culpa é minha. — Hum... O elevador apita, nos avisando que chegamos no nosso andar. A porta se abre e eu saio, não a espero e vou direto para a minha antiga sala e Vanessa vai para dela, que agora vou dividir com ela por alguns dias. Passo pela Kira e pela secretária do meu tio. — Bom dia. Falo seco e passo direto para sala. Assim que entro na sala, meu tio se levanta e me recepciona com um enorme sorriso no rosto. Eu não estou no meu melhor dia, então retribuo um sorriso forçado.

— Bom dia, Christian! Mas pelo visto, o seu dia não começou bem. — Não mesmo, tio. Me sento na cadeira em frente a dele, meu tio me analisa e ficamos em silêncio por alguns segundos. — Christian, algum problema em deixar a presidência? — Não é nada disso, tio. Tem a ver com aquilo de sentir. Meu tio se ajeita na cadeira, ela já entendeu o que eu quis dizer. Ele coloca a mão no queixo e fica pensativo — Quer me contar? — Não, não quero. — Tem a ver com a sua mulher? Me levanto e vou para janela coloco as mãos no bolso da minha calça e fico olhando a movimentação da cidade — Meu filho, não pense o pior, tire o dia de folga Não olho para o meu tio, minhas lembranças vão para o dia em que eu perdi os meus pais. desde que eles morreram eu passei por muitos analistas, e um deles sugeriu que eu saísse da casa em que eu nasci e fosse morar em outro lugar. Desde então, nunca mais voltei a entrar naquela mansão. — Não vou tirar o dia de folga. Preciso manter a minha mente ocupada. — Bem, hoje Valquíria está preparando tudo para receber os seus sogros. — Sim, – viro de frente paro meu tio – a Clara me avisou. Vou ficar na mesma sala que a Vanessa por quanto tempo? — Por uns vinte dias. Concordo com a cabeça. — Vou para a sala da Vanessa, qualquer coisa é só me chamar. Meu tio concorda com a cabeça e eu vou direto para a sala da Vanessa, me sento numa mesa ao lado da dela, e meto a cara nos meus projetos. Não estou a fim de conversa com ninguém, muito menos com ela. As horas voam e quando dou por mim já são meio dia, arrumo os meus projetos e guardo na minha gaveta. Desligo o computador, pego as minhas chaves, meu celular e os coloco no meu bolso. Quando levanto da cadeira, sinto um olhar sobre mim, eu tinha até me esquecido que estava na mesma sala que a Vanessa. Saio da sala o mais rápido que posso. Assim que chego em frente do estúdio envio uma mensagem para minha gata avisando que cheguei, saio de dentro da caminhonete e escoro nela, não demora muito e Clara sai e quando me vê, abre um enorme sorriso. O sorriso dela afasta toda a angústia que senti a manhã inteira, meu coração acelera dentro do meu peito e instantaneamente eu retribuo o sorriso. Ela corre na minha direção, parece uma adolescente e me fazendo sentir um. Eu vou até ela nos

evolvemos num abraço tão gostoso que eu começo a rodar com ela, Clara grita e sorrir me fazendo rir junto com ela. Paramos de rodar, estávamos ofegante sorrindo igual dois bobos. Coloquei o cabelo dela atrás de sua orelha e dei um selinho nela — Vamos, gata, seu Thor está morto de fome! — Vamos, meu Thor! Onde vamos almoçar? — No restaurante da Fá, ela está nos aguardando com aquela feijoada de frutos do mar. — Adorei! Abro a porta da caminhonete pra ela entrar e vamos direto para o restaurante da Fá, escutando Thinking Out Loud de Ed Sheeran. Pensando Alto Quando suas pernas não funcionarem como antes E eu não puder mais te carregar no colo A sua boca ainda se lembrará do gosto de meu amor? Os seus olhos ainda sorrirão em suas bochechas? Querida, eu te amarei Até que tenhamos 70 anos Amor, meu coração ainda se apaixonará tão fácil Quanto quando tínhamos 23 Olho para minha mulher, ela me dá o seu melhor sorriso e se chega mais perto de mim, coloca a cabeça no meu ombro e começa a cantar. A música entra pelos meus ouvidos e vai direto para o meu coração, fazendo ele bater alucinadamente por ela. Ela olha pra mim e continua a se declarar pra mim, sinto que vou explodir de tanta felicidade. Eu nunca pensei que um dia eu amaria tanto uma mulher, como eu amo a minha gata selvagem, e que ela despertaria em mim tantos sentimentos. Quando escuto esses versos saírem de sua boca, eu dou sinal e paro o carro. Ela me olha sem entender, eu seguro o seu rosto com as minhas duas mãos e olhando nos seus olhos, eu canto o verso seguinte: Pois querida, sua alma Jamais envelhecerá Ela é eterna Amor, seu sorriso estará sempre em minha mente e memória Talvez tenhamos achado o amor bem aqui, onde estamos Talvez tenhamos achado o amor bem aqui, onde estamos E nós achamos o amor bem aqui, onde estamos Seus olhos se enchem de lágrimas, ela pisca várias vezes pra tentar

impedi-las de cair, mas elas caem e eu enxugo com os meus polegares. Nossos olhos não se desviam nem por um segundo, ela morde os seus lábios e eu solto com o meu polegar. — Clara... — Sim... — Eu não quero te perder... Nunca! — E quem disse que você vai me perder? Ficamos em silêncio, não quero preocupá-la com os meus pressentimentos. Encosto a minha testa na dela e fechamos os nossos olhos. — Chris, você não vai me perder, eu sou sua. Só sua! — Eu sei. Eu sei... — Eu te amo! — Eu também te amo, Gata! Eu a envolvi num abraço forte, queria que o tempo parasse ali. Eu desejei com todas as minhas forças que o que estava sentindo não se concretizasse, mas a verdade é que o meu pesadelo estava apenas começando.

Chris O nosso almoço foi perfeito. Estávamos na área aberta do restaurante onde tínhamos uma visão esplêndida do mar. Fá não parava de falar o quanto estava feliz com a nossa união, e eu, entre um sorriso e outro, tentava esconder a angústia que me tomava. Olhava para o mar para me distrair um pouco e tentar afastar o dilema interno que eu estava enfrentando. — Fá, – Clara começa a falar meia sem graça, eu volto a minha atenção para elas – eu sei que você não tocou no assunto, mas eu preciso que você saiba que... – Clara respira fundo e fala de uma vez – Eu não poderei dar filhos para o Chris, e isso... Fá coloca a mão por cima da mão da minha gata que fixa o olhar em cima de suas mãos. Há um contraste de cor, pois Fá é negra. — Não precisa se justificar e nem me falar nada. – Fá olha pra mim, que engulo em seco e respiro fundo, eu sei o quanto esse assunto é difícil para a minha mulher. – O meu filho já me contou, e isso para mim não é empecilho para vocês se casarem e serem felizes. Eu mesma não pude ter filhos, mas Deus me presenteou – Fá estica a sua mão pra mim e eu seguro na sua mão – com esse filho de coração e alma. Clara solta o ar que ela estava segurando, sorri aliviada e olha para mim com um sorriso lindo estampado no seu rosto. Eu tento lhe dar o mesmo sorriso, quero que ela saiba que eu estou com ela sempre, independente se vamos ou não ter um bebê, mas essa sensação de que vou perdê-la me roubou a paz. — Olha, meus filhos, antes de tudo, sejam muito felizes. Filhos são a nossa melhor parte, e eu sei que a melhor parte de vocês vai chegar na hora certa. Agora, infelizmente, eu tenho que deixar vocês. Tenho que monitorar a minha cozinha. Fá nos beija e vai para a cozinha nos deixando a sós, Clara me olha como se buscasse alguma resposta, eu sorrio para ela que me devolve o sorriso.

— Chris, você está bem? Eu senti você tão distante. Sei lá, parece preocupado com alguma coisa. — Gata, está tudo bem, não se preocupe. É só alguns problemas no trabalho. Ela me olha com uma certa curiosidade, eu me levanto e sento ao seu lado, passo o braço por cima dos seus ombros e nos viramos de frente para o mar para ficarmos admirando a imensidão azul a nossa frente. Clara Não sei o que está acontecendo com o Chris, sinto que há algo que o está incomodando. Desde de manhã ele parece muito preocupado, e às vezes, parece que está em outro lugar, e não ao meu lado. Ele estaciona a caminhonete em frente ao estúdio, eu o abraço e depois o beijo. Procuro algum vestígio do que está acontecendo com ele, ou até mesmo com a nós. — Chris, está tudo bem? — Sim, está tudo bem! Ele me abraça e depois passa mão na minha cabeça e sorri. Mais um sorriso que não alcança os seus olhos, e isso está começando a me preocupar. — Que horas eu passo para te pegar, gata? — Não precisa, César vem me pegar para ir ao aeroporto. Lembra? — Ah, sim! Tinha me esquecido. Então, a gente se ver em casa? — Eu vou para o meu apartamento, vou me arrumar lá. Você pode passar e me pegar no apartamento? Ou eu vou com os meus pais, e o... — Eu passo e te pego! — Tudo bem! Nos abraçamos e nos beijamos, saio do carro com uma sensação não muito boa. Vou caminhando para o estúdio assim que chego na porta, me viro e o Chris está parado me olhando. Aceno para ele, Chris acena de volta e faz um gesto para eu entrar, solto um beijo no ar e entro no estúdio me sentindo bem melhor.

Saímos todos ao mesmo tempo para a mansão do tio Bernardo e Valquíria. O trajeto inteiro entre um carinho e outro, eu senti Chris tenso e me parecia um pouco angustiado. — Chris, você está bem?

— Estou, gata! Ele me responde sem me olhar. Eu sei e sinto que tem alguma coisa, algo me diz que não está bem. — Eu sei que você não está bem. Tem alguma coisa te incomodando? Passamos o portão da mansão. Chris não me olha, percebo o seu queixo tencionar, eu não tiro os olhos dele. Chris franze o rosto, e quando para o carro passa a mão na cabeça e vira pra mim com a cara fechada. — Clara, está tudo bem! Eu não sei o por que você está cismada. Eu fecho os meus olhos e respiro fundo, não quero me desentender com o meu marido antes do jantar e passar para os meus pais e os seus tios que não estamos bem, e na verdade, estamos bem, mas tem algo que o Chris está me escondendo. Abro os meus olhos e falo muito séria para ele: — Chris, depois do jantar, em casa nós vamos conversar. E você vai me contar o que está te deixando assim. — Tudo bem! Fomos recepcionados pelo casal. Chris fez as devidas apresentações, Valquíria está a elegância pura, num vestido branco até o joelho com um decote quadrado. Ela e minha mãe se deram super bem, não paravam de falar da cerimônia de casamento. Eu, por mais que tentasse acompanhá-las, não conseguia tirar os olhos do meu marido, que por sinal, não conseguia relaxar, e isso estava me deixando com a pulga atrás da orelha. — Preciso ir ao banheiro. Com licença. Mentira, eu só quero beber algo mais forte. Assim que começo a me levantar, Valquíria começa a falar para a minha mãe sobre o mal estar que tive no sábado. — Pode ir, querida. Toinha, sabia que sábado a Clara passou mal, correu para o banheiro e colocou o seu café todo para fora? Falei para Bernardo das minhas suspeitas, acho que por isso esse casamento está saindo as pressas. Pelo olhar que a minha mãe me dar, eu sei que ela está perguntando se o que Valquíria está falando é verdade ou não. — Eu não estou grávida, Valquíria. Foi apenas uma ressaca. – me viro pra minha mãe – Misturei algumas bebidas e me fez mal, foi só isso! Minha mãe concorda com a cabeça e Valquíria sem dá nenhuma importância no que acabei de falar, continua a falar dos seus planos sobre netos e mais netos correndo pela sua enorme mansão. Sorrio sem querer e saio de perto delas. Não quero ouvir essa conversa, pois me deixa deprimida. Vou até o barzinho e encosto ao lado do meu irmão que está sozinho bebericando um copo de uísque. Ele sorri para mim e oferece um pouco de sua bebida.

— Quero um martini. Estou precisando de algo forte. — Aconteceu alguma coisa? — Sim. Chris está preocupado com alguma coisa e não quer me falar, e isso está me deixando com os nervos a flor da pele. O barman me entrega uma taça de martini e eu tomo de uma vez. — Outra, por favor, e mais forte! E pra piorar, Valquíria acha que estou grávida. — Grávida? Como assim, grávida? — Pois é, eu passei mal no dia em que vim aqui experimentar o meu vestido de noiva e ela cismou que o meu mal estar é gravidez. — Maninha, não deixa isso te abater. — Estou tentando. Tomo o meu drinque bem devagar, não quero ficar bêbada, e nem soltinha. Se sóbria já é difícil segurar a língua afiada, imagina com o rabo cheio de álcool. — Amanhã vou jantar com a mandona! Quase eu cuspo a minha bebida em cima do meu maninho. — O que foi que você disse? — Amanhã vou jantar com a Vanessa. Meu irmão pisca para mim com a cara mais sem vergonha do mundo, e eu semicerro os olhos para ele e dou vários tapinhas nele, ele começa a rir de mim. Sinto um braço na minha cintura e escuto a voz do Chris bem atrás de mim. — Por que o espancamento no meu cunhado? — Ele vai sair com a cascavel! Chris sorri e dar dois tapinhas no meu irmão. — Porra, cunhado! É isso aí, se precisar de alguma ajuda estamos aqui! —"Estamos", o caralho! — falo levantando o dedo indicador – Eu não quero ter como cunhada uma cascavel, vou logo avisando. — Tá doida, maninha? – César bate na madeira três vezes – Só vai ser umas fodas casuais. Seu maninho é muito gostoso para viver preso com uma mulher só. — Sei... Falo desconfiada, Chris beija o meu ombro e a minha bochecha. O meu irmão revira os olhos e vira só de uma vez a sua bebida de cor âmbar. — Porra, lá vai vocês nessa putaria! — Vamos! O jantar vai ser servido. Sentamos todos a mesa, tio Bernardo na ponta, Valquíria do seu lado direito e ao lado dela a minha mãe, e na outra ponta o meu pai. Chris sentou do

lado de seu tio, mas no lado esquerdo, e eu estava ao seu lado e o meu irmão ao meu lado. Tudo parecia ir tão bem, a conversa era agradável, e ia desde viagens que todos nós fizemos aos negócios das duas famílias. Mas o olhar da Valquíria sobre mim e Chris estava me incomodando. Ela estava diferente, parecia nos analisar. Eu sorri duas vezes para ela, mas eu percebi que até o seu sorriso para mim era seco, sem afeto. Eu tive a leve sensação que ela não ia mais com a minha cara. Olhei para minha mãe e percebi que a minha mãe estava muito calada e ela mexia na sua comida com o talher, e nem ela e nem Valquíria se falavam, uma ignorava a outra. Opa! Eu perdi alguma coisa quando saí de perto delas. Olhei para todos na mesa, e os homens estavam presos na conversa sobre investimentos. Voltei o meu olhar para Valquíria que bebia o seu vinho sem tirar o seu olhar do meu, e do nada ela tocou no assunto que eu mais temi em falar ou ouvir naquele jantar: filhos! — Então, Chris e Clara, quando vocês pretendem nos dar netos? Chris estava levando a taça de água até a boca parou na mesma hora, eu vi todos os olhares sobre nós. O tio Bernardo com um enorme sorriso estampado no seu rosto, senti os meus pais desconfortáveis com a pergunta. Valquíria olhava de mim para Chris com a sobrancelha levantada, eu olhei para o Chris, que segurou a minha mão por debaixo da mesa. Senti que todo o seu corpo enrijeceu, e antes que ele abrisse a boca, meu irmão falou sem parar de comer e sem olhar para ninguém. — Filhos? Vocês não acham muito cedo para falar de filhos? Eles são novos. – ele levantou a sua cabeça e olhou para todos, mas o seu olhar parou na Valquíria que sustentou o seu olhar – Vão ter muito tempo para tê-los! — Eu acho que o quantos antes melhor, já que temos só o Chris como único herdeiro, não é, Bernardo? — Tia, esse assunto é particular, só diz respeito a mim e a minha esposa. — Christian, a sua tia tem razão. Quero ter muitos netos! Não vou me contentar só com um neto, meu rapaz! Perdi a fome totalmente, senti a mão do meu irmão apertar a minha perna. Eu olhei para ele que me deu o seu melhor sorriso e sussurrou: — Eu te amo! Dei um sorriso sem graça para ele. Eu não consegui mais relaxar, percebi que Chris também não. Sua tia não parava de nos olhar, a minha mãe não saiu do lado do meu pai, o clima mudou, estava tenso, aparentemente só o tio Bernardo era que estava confortável. Eu estava tensa, louca para sair daquele lugar, não aguentava mais ser

julgada pelo olhar da Valquíria. Ela mudou comigo. Será que ela sabe? Mas como? Por mais que ela não falasse nada, mas eu sentia que ela me julgava. Seu olhar não era mais dócil, era um olhar frio e desconfiado. — Bernardo, muito obrigado pelo jantar, mas eu e minha esposa chegamos hoje à tarde de viagem e estamos cansados. — Tudo bem, Augusto. Eu estou muito feliz em conhecê-los, em saber que o meu sobrinho está entrando para uma família que tem as mesmas tradições que a nossa. Começamos a nos despedir, percebi que a minha mãe e Valquíria só acenaram uma para a outra. — Bem, tio, nós também já vamos. — Chris, meu filho, eu quero conversar com você. — É tão urgente? Estou cansado, tia, e amanhã eu tenho que está em uma obra às sete em ponto. — Sim, é urgente! Chris não insistiu, concordou com a cabeça — Pode ir, eu vou me despedir dos meus pais e do meu irmão. Chris me beija e acompanha os seus tios até o escritório e eu fui me despedir dos meus pais. Assim que saio na porta, vejo o meu pai e o meu irmão brigarem com a minha mãe. Eles falam baixo, mas eu percebo o clima tenso, e o meu pai não para de articular e César está com a mão na cintura balançando a cabeça em negativo. — O que está acontecendo aqui? Eu pergunto e parece que eu os peguei de surpresa, me aproximo deles, e o meu pai que está com o rosto vermelho de raiva vem até mim e diz: — Vamos embora, minha filha, essa família não merece que você faça parte dela. Eu puxo o meu braço das mãos do meu pai e balanço a minha cabeça em negativo. — Eu não vou embora sem o meu marido! — Clara, a mamãe falou para a tia megera do Chris que talvez você nunca poderá ter filhos. Eu sou pega de surpresa. Eu nunca sequer poderia imaginar que a minha mãe falaria de algo tão particular meu. Ela vem na minha direção, mas eu me afasto dela. — Clara, minha filha, eu achei que ela era uma pessoa boa e confiável, e só depois que eu contei, percebi o erro que eu cometi... — Mãe! A senhora não tinha esse direito!

Dou as costas e vou atrás do Chris, deve ser isso que ela queria falar com ele com tanta urgência. — Clara, minha filha, vem com a gente! —Não, papai, eu só saiu daqui com o meu marido! Podem ir, eu estou bem! Eu entro na mansão e a sala está vazia, ainda devem estar no escritório e vou na direção que eu os vi irem. O corredor é cheio de portas e eu abro duas delas, quando chego na terceira, e estou para abri-la, escuto vozes vindo da porta ao lado. Percebo que ela está entreaberta, eu me aproximo da porta e espio pela fresta. Vejo o tio Bernardo sentado com a cara fechada e Valquíria ao lado dele com a mão no seu ombro, Chris está em pé com os braços cruzados. — Vocês são só os meus tios! Não tem o direito de se meter na minha vida! Nem os meus pais se estivessem vivos, não teriam esse direito! — Chris, meu filho. – Valquíria vai para o seu lado e coloca a mão no seu rosto – Pense bem, ela nunca vai poder te dar herdeiros! Você sempre sonhou em ter um família grande, sempre nos disse que ia ter no mínimo quatro filhos, e com ela você nunca poderá tê-los! A revelação da Valquíria me atingiu como uma flecha no meu coração, partindo ele ao meio e fazendo-o sangrar, como nunca sangrou. Eu pensei que sabia o que era sentir dor, mas naquele momento, eu percebi que eu não sabia o que era sofrer, até aquele exato momento. Senti que o meu sofrimento estava apenas começando. Fechei os meus olhos, segurei o meu choro e me encostei na parede enquanto sentia minhas pernas fraquejarem, minha respiração acelera e o meu coração bate como um louco dentro do meu peito. — Eu sei, tia... Mas eu a amo, não vejo a minha vida sem ela. — Chris, meu filho, você não pode se privar de ter filhos. É do seu futuro que estamos falando, da sua descendência. Sem querer escutar mais nada, eu saio o mais rápido que posso de dentro da casa, me sento no degrau da escada e fecho os meus olhos, e as palavras da Valquíria não saem da minha mente, elas ficam martelando incansavelmente dentro da minha cabeça: Você sempre sonhou em ter uma família grande... ... você não pode se privar de ter filhos...

Chris Assim que entramos no escritório, meu tio se sentou, e eu como estava com muita pressa, fiquei em pé mesmo, minha tia se posicionou ao lado do meu tio. Coloquei as minhas mãos no bolso e fiquei esperando a minha tia Valquíria falar, é quando sou surpreendido com o assunto e de como ela falava com uma frieza que me surpreendeu. — Chris, meu filho, a Clara não serve para ser sua esposa. Meu tio virou o pescoço com surpresa para a minha tia e eu o semicerrei os olhos, não acreditando no que estava ouvindo. — Do que você está falando, meu bem? Clara é uma moça bonita e de uma família tradicional, igual a nossa. Continuo parado só a encarando, quero ver até onde minha tia vai com essa conversa sem cabimento. — Meu bem, Clara é uma moça bonita, e realmente, a sua família é tradicional igual a nossa, mas ela não poderá dar herdeiros para o nosso Christian, o nosso único filho. — Ah! Então é isso que a preocupa? Falo indignado e fecho a minha cara totalmente, o que a minha tia pensa que é? Será que ela pensa que tem ou pode exercer algum poder sobre mim? — Como assim, Valquíria? Como você pode afirmar uma coisa dessas? — A própria mãe da Clara confessou. Disse que desde nova a filha sofre com problemas de hemorragias, dores fortes e cólicas. Em alguns casos ela teve que ser internada. – eu percebi no jantar em que fui apresentado para os pais da Clara, que a sua mãe falava demais, mas porra, expor um problema pessoal da própria filha assim a uma completa desconhecida me deixou puto da vida, e o pior é ver a minha tia falar do problema de saúde da minha mulher. Foi me enchendo de um ódio que quando dei por mim eu falei mais alto do que eu queria com a minha tia – Essa mulher nunca poderá dar filhos para o nosso

Christian. — CHEGA! Como você pode falar da minha mulher como se ela fosse um bicho onde só serve se for para parir? Os dois me olham assustados, não esperavam a minha reação, sempre fui muito obediente. Fui doutrinado pelos meus pais para sempre respeitar os mais velhos, mesmo quando eles estão errados, mas ouvir a minha tia falar da minha gata selvagem com repúdio, era o mesmo que falar dos meus pais, que eu tanto amo. — Christian, olha o tom! — Meu tio, eu os respeito muito, mas eu nunca vou aceitar que falem da MINHA, – eu bato no meu peito – MINHA mulher. Esse problema só diz respeito a mim e a Clara, e mais ninguém! Me viro pra sair, mas sou impedido pelo meu tio Bernardo com as palavras duras que ele começa a proferir. — Christian, e como vocês pretendem resolver esse problema de vocês? Adotando um bastardinho? Estou de costas para os dois, fecho os punhos e respiro fundo sem acreditar no absurdo que acabei de ouvir. O sangue ferve, sinto o meu rosto ficar vermelho de tanta raiva, me viro de frente para essas duas criaturas que até instantes atrás, eu tinha uma enorme consideração. Cruzo os meus braços, pois a vontade que eu tenho é de socar alguma coisa, engulo em seco e respondo: — Se a minha mulher quiser adotar, nós adotaremos! Meu tio balança a cabeça não concordando com o que acabei de dizer e eu falo mais calmo, porém num tom firme. — Vocês são só os meus tios! Não tem o direito de se meterem na minha vida! Nem os meus pais se estivessem vivos, não teriam esse direito! — Chris, meu filho, – Minha tia vem na minha direção, e por mais que eu esteja com muita raiva deles nesse momento, mesmo assim eu os amo. Ela para ao meu lado e coloca a sua mão no seu rosto – pense bem, ela nunca vai poder te dar herdeiros! Você sempre sonhou em ter um família grande, sempre nos disse que ia ter no mínimo quatro filhos, e com ela você nunca poderá tê-los! Eu balanço a minha cabeça em negativo. — Eu sei tia... Mas eu a amo, não vejo a minha vida sem ela. — Chris, meu filho, você não pode se privar de ter filhos. É do seu futuro que estamos falando, da sua descendência. — Eu não vejo o meu futuro sem a Clara. Se pra vocês ela não serve, então eu não sirvo também. — Christian, não fale bobagem! Meu tio se levanta na cadeira e bate na mesa com uma certa fúria, eu

apenas os olhos, minha tia se assusta com a batida, olha de mim para o meu tio. Respiro fundo, não quero mais discutir esse assunto. — Quero que saibam que eu já sou casado, e vocês nada podem fazer. Mês que vem eu vou confirmar o meu voto diante de Deus, e se quiserem aparecer no dia do meu casamento, eu ficarei muito feliz. Boa noite! Dou as costas e finjo não escutar eles me chamarem. — Christian, volta aqui! — Chris, meu filho! Bato a porta e começo a andar rápido, quero sair daquela casa o mais rápido possível, não aguento mais ouvir tanto absurdos. Quando chego na sala vejo a porta se abrir e Clara entrar. Ela me olha, eu vejo medo e insegurança no seu olhar e apresso os meus passos. Quero senti-la nos meus braços, seu cheiro, sua pele macia e as batidas de seu coração. Clara corre na minha direção e nos abraçamos com urgência e uma necessidade um do outro. — Vamos para casa? Sussurro no seu ouvido e ela só concorda com a cabeça. Seguro na sua mão e assim que abro a porta, escuto a voz do meu tio Bernardo atrás de nós. — Boa Noite, Christian e Clara. Aceno com a cabeça paro meu tio que devolve com o mesmo gesto, minha tia sorri, mas o seu sorriso não é verdadeiro. Clara segura firme na minha mão, ergue a cabeça e olhando diretamente para a minha tia começa a falar: — Valquíria, eu sinto muito pela sua perda, eu nem se quer posso imaginar a sua dor, mas não deposite em mim a sua amargura. Passar bem! Fomos pegos os três de surpresa, com certeza Clara escutou alguma coisa da conversa. Saímos da casa do meu tio sem olhar para trás. Vi nos olhos da minha tia que ela foi afetada pelas palavras da minha gata selvagem. Assim que entramos no carro, eu seguro o seu rosto e lhe dou um beijo demorado e abro um enorme sorriso para ela. — Desculpe pelos meus tios — Está tudo bem. Pelo menos, eu acho. — Vai ficar bem, gata! Era o desejo do meu coração que tudo ficasse bem, pois eu só queria viver meus momentos de felicidade com a minha gata selvagem. Clara Acordei nua e sozinha no quarto do Chris. Depois de irmos até a madrugada hora nos amando docemente, outra hora com muita sede e brutalidade. Acordei dolorida e com algumas marcas roxas pelo corpo. Sorrio

para o teto como uma besta apaixonada, meu Thor é o melhor homem do mundo e eu sou a mulher mais sortuda do mundo. Me levanto e começo a me esticar, mas sinto dores pelo corpo e volto a sorrir. Tomo o meu banho há alguns minutos já estou pronta para ir trabalhar. Assim que chego na cozinha, eu vejo uma rosa amarela em cima da mesa e um bilhete. — Será possível amar mais ainda, do que eu já o amo? Pego a rosa e dou um beijo e depois eu abro o bilhete e as suas poucas palavras me comovem, fazendo limpar os cantos dos meus olhos. Minha Gata Selvagem e esposa, Não há nada nesse mundo que eu ame mais do que você. Com você eu vivo tudo, sem você eu não vivo nada! Teu Chris/Thor. Te amo! Retiro o que eu disse, meninas! É possível amar sim mais e mais esse homem. Eu tiro uma foto do bilhete com a rosa do lado e coloco como papel de parede do meu celular. Dobro o bilhete e guardo dentro da minha bolsa junto com a rosa. A porta se abre e Fá entra com o Jola na mão falando alguma coisa para ele, assim que ela me vê, coloca o danadinho no chão e vem na minha direção e me enche de beijos e abraços. — Oh, minha filha, desculpe o atraso, mas é que eu tive que passar na mansão antes de vir para cá. Hoje é dia de dar uma limpeza geral lá. – Fá não para de falar, e vai direto para a cozinha – Uma vez por mês eu abro todas as janelas e tiro a poeira da casa. – ela respira fundo e balança a cabeça – Toda vez que eu entro nessa casa eu lembro da dona Barbara, a casa é a cara dela, tudo naquela casa me faz lembrar a família feliz que eles eram. – percebo que Fá fica saudosa e até triste – Sabe, Clara, seu Bento era um homem fantástico, sempre deu muito duro para chegar onde chegou, mas ele nunca colocou a sua família em segundo plano. – me escoro no balcão e olho a hora no meu celular, ainda dá para escutar mais um pouco o que a Fá tem a dizer – Ele não trocava os seus momentos com a família por nada, eles se amavam muito, e era tão bonito de se ver. Eles ensinaram muito bem o meu menino. – Fá se vira pra mim, e fala bem baixinho pra ninguém ouvir, como se tivesse mais alguém na casa – Depois que os pais morreram, os tios tentaram levar ele para morar com eles, mas Chris não aceitou e ficou aqui, depois que um médico disse para ele sair da mansão, já que tudo lá o lembrava os pais. — Eu sinto tanto por ele. — Eu também, mas Chris herdou o coração bondoso da mãe e o

temperamento do pai. Muito paciente, por sinal, e não brigava com ninguém. Os olhos de Fá brilham quando ela fala dos seus antigos patrões, ela vem na minha direção e toca na minha mão dando leves palminhas e com um sorriso terno ela fala: — Ele te ama muito! Não deixe nada e nem ninguém atrapalhar o amor de vocês, Clara. Meu filho não iria suportar uma segunda perda. — Eu prometo, Fá! O dia foi corrido, almocei no estúdio e de vez em quando as palavras duras da bruxa da Valquíria vinham na minha cabeça, e logo as palavras doces da Fá me enchia de esperança. Enquanto dirijo o meu mini cooper para ter uma conversa séria com a minha mãe na cobertura do meu irmão. Assim que entro na garagem do edifício e estaciono o meu carro, antes mesmo de baixar o vidro, alguém bate no mesmo, eu olho e dou de cara com o traste do Renato. Sem pensar eu saio do carro por impulso e com muita raiva, já vou soltando os cachorros em cima dele. — O que você faz aqui, Renato? — Eu vim em paz, Clara. — Fique sabendo que eu dei parte de você — Eu sei! E é por isso que estou aqui. Eu consegui um emprego na minha área de novo, mas o meu novo patrão só quer me contratar se não tiver nenhuma restrição no meu nome. Fico olhando pra ele desconfiada. —Olha, se você quiser, eu assino um termo com o seu advogado que eu vou me manter bem longe de você, Clara. Eu só quero retomar a minha vida. — Não confio em você, Renato! — Por favor, Clara! Eu sei que fui um canalha, mas você também foi muito vingativa. — Renato, você comia a vagabunda da Suzana enquanto estava comigo! Vocês são dois porcos! — Tá bom, Clara, chame a gente do que quiser, mas por favor, retire a queixa! Eu só tenho três dias para resolver isso. — Olha só, não sou mulher de guardar rancor. Eu vou falar com o meu irmão e o nosso advogado vai entrar em contato com você. — Certo! Anota o meu telefone. Tiro o meu celular da bolsa e antes que eu comece a digitar, Renato segura a minha mão esquerda. —Você casou?

Eu puxo a minha mão, não gosto do seu toque e muito menos da sua ousadia em me tocar. Dou uma olhada mortal pra ele — Se me tocar mais uma vez, eu não faço mais nenhum acordo! — Desculpa! — Não é da sua conta, mas sim, eu casei! — Com o grandão que me agrediu no restaurante? — Sim, com ele mesmo! Agora deixa dessa conversa mole e me passa logo o seu número. Salvo número dele e guardo o meu celular na bolsa e dou as costas para ele, que me agradece. — Obrigado, Clara! Não falo nada, sigo o meu caminho até a cobertura do meu maninho. Assim que o elevador se abre, dou de cara com o meu pai fumando o seu charuto enquanto discute com alguém no telefone sobre alguma compra que foi embargada na receita federal. Vou até ele e lhe dou dois beijinhos, ele tira o celular da orelha e fala baixinho: — Pega leve com a sua mãe, ela está na cozinha preparando um café com biscoitinhos de maracujá que você adora. — Sei... ela não vai me comprar com esses biscoitos, pai! Deixo o meu pai na sala e vou direto pra cozinha ter essa difícil conversa com a senhora Toinha. Entro na cozinha e minha mãe está tirando do formo os biscoitos, ela ainda não percebeu a minha presença, me aproximo dela coloco a minha bolsa em cima da mesa e me sento. — Oi, mãe! — Oi, minha filha! Chegou na hora, acabei de passar o café e os biscoitos estão quentinhos. Minha mãe põem tudo em cima da mesa e nos servimos. Ficamos em silêncio enquanto comemos e tomamos o café. Até que a dona Toinha fica impaciente e fala logo — Você quer me fazer sentir culpada? Está conseguindo! Eu quase não dormi a noite, e fora que o seu pai e o seu irmão não paravam de buzinar no pé do meu ouvido! — Bem feito! Você mereceu! Esse assunto só diz a respeito a mim e o meu marido, não tinha nada que ter exposto para àquela bruxa! — Bruxa mesmo! Eu me enganei muito com ela. — A senhora me deve desculpas! Fez o Chris se indispor com aquela família dele preconceituosa, e eu não queria isso. Mas pelo menos serviu para mostrar quem eles são de verdade.

Silêncio. Olho pra minha mãe que está desconcertada, levanto a minha sobrancelha para ela, que revira os olhos para mim. — Eu não vou pedir desculpa, se é isso que você quer. — Você me deve desculpas! Você expôs um problema meu, algo íntimo! — Eu sei, mas... — Mas nada. mãe! Nós duas ficamos medindo força com o olhar por alguns segundos, até que eu bufo e me levanto, pego a minha bolsa. Minha mãe é pior que eu de orgulhosa e teimosa. — Clara, minha filha, senta-se. Você nem comeu direito os biscoitos. — Mãe, a senhora não vai me comprar com esses biscoitos maravilhosos. O que a senhora fez foi sério. Eu a amo, mas estou triste com a senhora. Ela desvia o olhar, como eu a conheço e sei que ela não vai se desculpar, resolvo ir embora. Passo pelo meu pai, que encerra a sua ligação e me olha curioso — Você já vai? Mal chegou. — Sim, eu já vou. Quero estar em casa quando o meu marido chegar. — Tá certa! Vá com Deus, minha filha! — Obrigada, pai! Nos despedimos e vou direto para casa ansiosa para encontrar o meu Thor. Assim que passo pelo portão, e vou me aproximando da casa dos fundos, eu vejo uma mulher sentada na frente da casa. Não a conheço, mas o meu sexto sentido fica em alerta. — Isso não me cheira bem! Assim que estaciono o carro e saio dele percebo que ela toma um susto ao me ver. Ela me olha da cabeça aos pés, eu me aproximo dela quando ela vira para olhar para casa e sou surpreendida com uma barriga saliente. Eu estanco, não consigo andar mais. Meus olhos fixam na sua barriga, ela percebe que eu estou olhando para a sua barriga e num gesto de proteção, ela coloca a mão em cima da sua barriga. — Eu volto outra hora. Ela tenta passar por mim e eu a seguro pelo braço. — Quem é você? — Eu tenho que ir. Ela tenta puxar o braço, mas eu a seguro com mais força. Ela olha da minha mão para o meu rosto. — Você está me machucando, moça! — Você só sai daqui quando me dizer quem é você e o que veio fazer aqui.





Chris O meu dia não foi nada fácil, passei a manhã inteira na obra, depois do almoço voltei para a construtora e tentei evitar o máximo possível o meu tio. Sentei na minha mesa e me concentrei nas minhas planilhas e não olhei para o lado. Perdido no meio dos meus orçamentos não percebi que o meu expediente tinha acabado até ver Vanessa parada na minha frente com a bolsa dela no seu braço me olhando. Confiro as horas no canto do computador e olho volto o meu olhar para ela que me olha séria e fala: — Eu só queria te fazer uma pergunta. Posso? — Faça. — Bem – ela desvia o olhar do meu e fixa na alguma coisa em cima da mesa e dispara – Eu aceitei sair para jantar com o seu cunhado, mas agora eu não quero mais. – ela joga o peso da perna de uma para outra, eu me encosto na cadeira, sem evitar, sorrio dela – Sei lá, acho que não vai dar certo. Ela volta o seu olhar pra mim, e eu que não consigo evitar um sorriso. Vanessa, uma mulher durona, que sabe lidar melhor do que eu com os peões na obra, com medo do meu cunhado pervertido. — Eu acho que você deveria jantar com ele, sei lá, se distrair um pouco. Aparentemente você só vivi para o trabalho. — O meu trabalho é o meu foco. E eu não sei. — Por que você não pergunta para uma amiga? Sinto que ela murchou bem na minha frente, mais uma vez ela desvia o olhar e sorrir sem graça. — Eu não tenho amigas. Quero dizer, só a minha irmã, mas desde que ela se casou, a nossa amizade não foi mais a mesma.

— Vanessa, seja sincera comigo. O que você ver em mim? Ela arregala os olhos e engole em seco. Eu levanto, pego o meu molho de chave e o meu celular, faço sinal para ela e começamos a andar na direção do elevador. — Desculpa, Chris, por te incomodar, é que eu... Aperto o botão do elevador e enquanto esperamos o elevador chegar, escuto a voz do meu tio atrás de nós dois. —Vocês ainda estão por aqui? Não respondo, ainda estou muito puto com os meus tios, Vanessa sorri e o abraça. A porta do elevador se abre e entramos os três e o clima fica tão pesado, que até Vanessa percebe, pela minha visão periférica eu a vejo olhar de mim para o meu tio. A porta se abre e damos a vez para Vanessa sair, saio em seguida e vou direto para a minha caminhonete e Vanessa me segue. — Chris, olha, eu só quero que você saiba, que eu só quero ser sua amiga, e... Quando me viro para responder, vejo meu tio parado nos olhando, e antes que ele pense ou ache alguma merda, eu sou curto e grosso com ela. — Vanessa, não podemos ser amigos! Minha mulher é muito possessiva e é bem capaz dela – entro na minha caminhonete e continuo – querer te agredir de novo! — Eu também não vou com a cara da Clara. — Mas que porra é essa de querer ser minha amiga? Ela respira fundo, vejo os seus ombros caírem. — Você tem razão! Desculpa o incômodo, mais uma vez! Porra! Essa mulher é doida! Espero que o meu cunhado dê um jeito nela, não quero ter problemas com a minha gata por conta dela. Ligo o meu carro e vou embora sem me despedir, já joguei conversa fora demais. Assim que abro a porta da minha casa sou surpreendido com a minha vizinha gostosa sentada no sofá. Sinto que o meu mundo vai desabar e que corro um grande risco de perder o meu martelo. Porra! Caralho! Que merda é essa! Comi essa vizinha algumas vezes. Na verdade, várias vezes. Mas quando eu percebi que ela queria algo mais sério, eu coloquei um basta nas nossas trepadas, e nunca mais nos vimos. Fiquei com a sua gata Marie, que agora é minha, e em troca eu dei muito sexo para ela e um dos filhos do Capuxo. — Aconteceu alguma coisa? Como você entrou? Minha voz saiu fraca. Meninas, vou ser sincero com vocês, meu cu está travado, não sei o que ela contou para Clara. A vizinha gostosa se levanta e coloca a mão na barriga, só aí eu percebo que a mulher está grávida.

Puta que pariu! Fodeu! — Oi, Thor, é... eu estou grávida! — E quem é o... – minha voz trava, faço um esforço do cão para completar a pergunta que sai quase como um sussurro de tão baixa que ficou a minha voz – Pai? — Se acalma, homem, você não é o pai! Nossa, que alívio! A vizinha percebe o meu alívio e começa a sorrir e balançar a cabeça. — Você nunca sequer perguntou o meu nome, imagina se agora depois de oito meses, eu apareço grávida de você. — Deus me livre! — Isso mesmo! Bem, eu vim aqui por um simples motivo, o gatinho que você me deu... — O Fraji! — Eu não o chamo de Fraji, esse nome é muito feio. Ele se chama Dom! — Dom! — Sim, o Dom precisa de um lar, pois o meu marido é alérgico, então ele queria doar o meu gatinho. Eu relutei muito, pois o Dom é o meu companheiro. Porém, o meu marido não melhora. – ela respira fundo como se sentisse dor – É com muito pesar que eu vim aqui te perguntar se você quer o Dom de volta. — Claro que nós queremos, Patrícia! Quando eu escuto a voz da minha gata selvagem, pelo tom eu já sei que ela tá muito, mas muito puta! Eu olho para ela que está só de short e uma camiseta com uma estampa de unicórnio. Ela está gostosa pra caralho. Seus cabelos estão molhados e o bico de seu seios estão duros. Caralho! A vizinha gostosa que se chama Patrícia olha na direção da Clara, e eu aproveito e ajeito meu martelo que quer dar o ar de sua graça, numa hora não muito boa. Mas o olhar da Clara está me fulminando, e eu sinto que vou dormi no sofá. — Foi o que imaginei! E parabéns, Chris, pelo casamento. Eu nunca achei que você iria se casar, já que a casa sempre foi bem movimentada. — Pois é, encontrei a tampa da minha panela. — Bem, eu vou pegar o Dom e já volto! Assim que a vizinha gostosa fecha a porta, Clara pega o primeiro objeto que ver pela frente e joga na minha direção. — Seu filho da puta mentiroso! Eu desvio do objeto e ela sai pegando tudo que ver e sai jogando na minha direção, e eu vou tentando desviar e ela não para de me xingar.

— Thor, é? Seu grande bastardo do caralho! Pra quantas piriguetes você se apresentou como Thor? Ai, que ódio! — Gata, eu posso te explicar! — Explicar é o CARALHO, THOR! Ela procura alguma coisa pra jogar em mim, é nessa hora que eu corro e seguro os seus pulsos, ela grita e esperneia para eu soltá-la, mas eu a seguro com força. A mulher com raiva parece mais uma leoa do que uma gata. — Me solta, seu filho da puta mentiroso! — Eu não vou te soltar! — Seu porra! Você matou o pobrezinho do Fraji! — É Dom agora! Porra! Por que eu não fiquei de boca calada, a raiva da mulher sobe em nível hard, e eu faço mais força que o normal pra tentar contê-la, mas ela joga baixo e me dá um chute no meio das minhas pernas, e eu a solto pra segurar as minha pobres e indefesas bolas. — Olha, Chris, eu só tenho uma coisa pra te dizer. Ela fala apontando o dedo na minha cara enquanto eu tento me recuperar. — Hoje você não dorme no mesmo quarto que eu! Ela me dá as costas e vai embora para o nosso quarto batendo a porta com tanta força que eu pensei que a casa vinha abaixo. Antes mesmo de recuperar as minhas forças, eu escuto alguém bater na porta, me levanto todo torto e sentindo ainda muita dor, respiro fundo e solto o ar, tento ficar ereto, mas não consigo. A vizinha começa a me chamar. — Thor? Abro a porta e tento disfarçar a dor que estou sentindo, mas a égua da vizinha percebeu e deu um risinho, ela estava com Dom nos braços e com uma sacola com as suas coisinhas. — Pelo visto a sua mulher não gostou muito de ter o Dom aqui. — Não é nada disso! Me dá logo o meu gato. Antes dela me entregar o gato, ela o abraço e o beija várias vezes e começa a chorar. — Me perdoa, meu filho! Meu coração está em pedaços. Fico parado vendo a cena, eu não teria coragem de me desfazer dos meus filhos bichanos, eles são muito importantes para mim. Ainda bem que a minha gata selvagem gosta de bichos. — Pega, Thor! Eu tenho que ir. Ela em entrega o gato e sai com passos rápidos sem olhar para trás. Dom começa a miar muito, eu o acaricio e começo a falar com ele, para ver se ele se acalma.

— Calma, meu filho! Você voltou para a sua família. O bichano miava e miava, até que chamou a atenção dos outros que vieram até nós, eu o coloquei no chão, ele correu e se escondeu embaixo da estante. Deixei eles na sala e fui até a porta do nosso quarto, tentei abrir a porta, mas estava trancada. Eu bati na porta, mas ela não abriu. — Gata, eu preciso tomar um banho! — Se vira, THOR! Ela grita de dentro do quarto e eu começo a rir. — Tudo bem. Vou para o outro quarto e tomo um delicioso banho, depois me jogo na cama pelado. Me viro de um lado para o outro atrás de uma posição para dormir, até que sem perceber eu caio no sono, já que a noite passada eu passei a noite trepando com a minha gata e quase não dormi, e ainda tive que sair antes das seis da manhã de casa. Clara Não consigo pregar o olho a noite inteira, estava muito puta de raiva do Chris. Esse safado comeu a vizinha! Se duvidar ele comeu a vizinhança inteira. — Cachorro! Nem sei que horas eu consegui dormi, acordei com a barriga roncando e doendo de fome. Me levantei e olhei no relógio que marcava seis horas em ponto, mesmo com os olhos pesados, eu faço um esforço danado e me jogo da cama, faço a minha higiene matinal e saio antes que ele acorde. Estaciono o meu carro em frente de uma padaria que fica algumas quadras antes do estúdio, me sento e faço o meu pedido. Mexo na minha bolsa e pego o meu anticoncepcional, e antes de ingeri-lo, eu lembro de ontem. Ver aquela mulher grávida esperando o Chris em frente da casa dele, me deixou tão insegura que se ela não tivesse explicado o que tinha ido fazer ali, acho que não iria aguentar. Olho para o comprimido na minha mão e tomo uma decisão absurda, acreditando que tudo é possível. Vou até uma lixeira e jogo a cartela fora, me sento e falo para mim mesma que vai dar certo. — Vai dar certo! Assim que chego no estúdio vejo Josepha entrar na sua sala, bato na porta e ela responde: — Pode entrar! — Bom dia, minha amiga! — Clara! Bom dia! Que bom te encontrar. Sente-se.

— Não antes de te dar um abraço! — Ou, minha querida! Nos abraçamos. — Qual o motivo da sua felicidade, minha querida professora? — Giusepe! Ele está se recuperando muito bem. — Que ótima notícia! — Pois é, estamos radiantes! Sorrimos, vejo vida e esperança nos olhos da minha professora. — Clara, eu e Giusepe decidimos ir embora do Brasil. – abro um enorme sorriso pra ela – E juntos, decidimos vender a escola de ballet. — Você vai vender a escola? — Sim! E eu queria vender para uma pessoa que fosse apaixonada por ballet como eu sou, e nós pensamos em você. Tomo um susto com o que acabo de ouvir me encosto na cadeira. — Vou te dar um tempo para pensar, não precisa me dar a resposta agora. Pensa com carinho e depois me dê a resposta. — Eu não sei nem o que pensar. — Entendo! — Mas, eu vou pensar sim. — Obrigada! Combinei de almoçar com a Bia e a Kira, e depois irmos a uma loja de noivas, escolhermos os nossos vestidos de noiva e de madrinhas. Não paramos de tagarelar um segundo, rindo dos nossos castigos aos bestas dos nossos maridos. — Você deu um chute nas bolas dele? Caímos na risada as três na praça de alimentação do shopping, tomando um chopp, já que eu e a Kira não vamos mais trabalhar. Tiramos o resto da tarde para escolher os nossos vestidos. — Clara, mas por que você não aceita o vestido que a tia do Chris ia te dar? — Kira, aquela mulher é uma víbora! Vocês não tem noção. Não quero nada daqueles dois! NADA! — Amiga, você está certa! Ela me enganou direitinho. Mas por que você não me contou antes sobre a endometriose? — Sei lá, não achei necessidade, já que eu não me via como mãe! — Mas, e agora? Kira pergunta e as duas me olham esperando a minha resposta, eu dou um sorrisinho e bebo o restinho do meu chopp e respondo. — Agora que quero ser mãe de uma cambada!

Caímos na gargalhada, mas logo eu fico séria e as meninas também ficam, eu dou de ombros e continuo a falar. — Se a gente não conseguir ter os nossos filhos biológicos, vamos adotar logo um time de futebol! Pronto, falei! Bia levanta a sua caneca de chopp. — Um brinde ao time de futebol da Clara e do Chris! Eu e a Kira levantamos as nossas e sorrindo brindamos, as meninas viram o seu chop e eu coloco a minha caneca vazia em cima da mesa. — Vamos! Precisamos decidir isso hoje, pois os dias voam! Saímos as três para a loja de noiva mais famosa em Copacabana. Marquei hora com a gerente, que por sinal, meu amado irmão saiu com ela. Uma mulher de quarenta e cinco anos, mas com cara de trinta e cinco, muito bonita e elegante. — Boa tarde, Clara! Estava no seu aguardo, desde quando o seu irmão me ligou. Sônia me dá dois beijinhos sem encostar na bochecha. — Boa tarde, Sônia! Essas são as minhas madrinhas e melhores amigas, Bianca e Kira. — Prazer, queridas! Me sigam, o meu melhor vendedor vai atender vocês. Começamos pelo meu, e quase três horas depois eu decidi. O vendedor marcou onde deveria fazer os ajustes e depois foi a vez das minhas madrinhas, mais duas horas de provas e mais provas, escolhemos a cor e o modelo do vestido. Saímos da loja já era quase sete horas da noite. — Vamos para um barzinho? Kira sugere e eu Bia nos entre olhamos e sorrimos concordando com a ideia dela, que aos poucos está se soltando, deixando de ser tão recatada. Entramos no meu carro e pegamos a avenida Nossa Senhora de Copacabana. Paramos no sinal, ligo o rádio e está tocando a trilha sonora do filme As Branquelas, e nós três começamos a cantar. Bia aumenta o som e começamos a cantar que nem três loucas. A Thousend Miles/ Mil Anos O coração acelerado Cores e promessas Como ser corajoso Como posso amar Quando tenho medo de me apaixonar Mas ao assistir você sozinha

Toda a minha dúvida de repente se vai... Foi nesse momento que perdidas na letra da música que nos trazia tanta alegria, nós não percebemos a movimentação ao nosso redor, só demos conta que estávamos no meio de um tiroteio quando o para-brisa do meu carro trincou e eu vi o buraco de um tiro, olhei para Bia que estava tão assustada quanto a Kira e eu gritei: — Se abaixem! Kira gritava e a Bia escorregou pelo banco do carro o máximo que ela pode. Eu me virei para Kira que ainda continuava na mesma posição. — Se abaixa, PORRA! Eu empurrei ela para se abaixar, Kira foi se encolhendo no banco de trás. Quando eu me virei pra frente, senti o meu braço queimar e eu vi o tom escarlate escorrer pelo meu braço, a blusa estava toda suja de sangue. Olhei para Bia que estava chorando e dizia: — Clara, precisamos sair daqui. AGORA! Eu me abaixei no banco, Kira e a Bia não paravam de chorar, a dor do tiro que me atingiu estava tomando conta de mim, mas eu me segurava pra não chorar, eu não queria deixar as duas mais nervosas do que elas estavam. Começamos a ouvir sirenes vindo de todos os lados, eu peguei o meu celular e liguei para o meu marido. Ele não demorou a atender no terceiro toque. — Oi, gata! Passou a raiva? — Chris, nós estamos no meio de um tiroteio aqui em Copacabana. — Clara, me diz que vocês estão bem. — Sim, as meninas estão... — Como assim as meninas, porra? E você? — Eu fui atingida... Chris? A dor está aumentando, olho para a tela do celular e vejo que a ligação foi encerrada. Escuto alguém bater no vidro do meu carro, eu olho assustada e vejo um policial. — Abaixa o vidro, moça. Você está machucada, precisamos fazer os primeiros socorros. Nós saímos do carro, e como eu levei um tiro de raspão no braço, fui levada para o pronto socorro na ambulância. Bia e Kira chegaram depois no meu carro, eu já tinha sido atendida. Quando eu vi o meu marido entrar como um louco na enfermaria, nossos olhos se cruzaram, ele correu na minha direção, me agarrou e depois me tocava e conferia cada centímetro do meu corpo. — Você está bem? Está tudo bem mesmo? — Sim, estou! Como as meninas estão? — Elas estão bem. O professor e o Fernando estão lá fora com elas.

— Foi tudo tão rápido que eu não sei até agora o que foi que aconteceu realmente. — Era uma família, parece que os bandidos anunciaram o assalto, o homem reagiu e eles mataram ele e a esposa, só pouparam a filhinha do casal. — Meu Deus! E onde ela está? — Não sei, mas ela não se feriu. Acho que deve está com a assistente social. — Quero vê-la! Chris me olhou e só concordou com a cabeça e saímos a procura da criança, até que entramos num corredor e vimos a movimentação de policias e funcionários do hospital. — Desculpe, senhores, mas vocês não podem entrar aqui. — Minha esposa estava no tiroteio, ela até levou um tiro no braço. – o homem olhou de cara feia paro Chris, depois olhou para o meu braço e disse – Verdade, eu que a tirei do carro com as suas amigas. — Desculpa, moço, por não lhe reconhecer. Eu estava muito assustada com tudo. — Tudo bem, já estou acostumado. Mas o que vocês querem mesmo aqui? — Eu só queria ver a criança. Ele nos olhou e fez um gesto com a cabeça para que nós o seguisse, quando ele abre a porta e eu a vejo deitada em posição fetal em cima de uma maca. Meu coração acelera e ao mesmo tempo despedaça, ao ouvir o seu choro de dor pela perca de seus pais. Eu não sei o que aconteceu comigo, mas a sua dor se tornou a minha dor, e pela primeira vez, eu tento segurar o meu choro, mas é em vão, eu não consigo segurá-lo. Ver ela chorar copiosamente acaba comigo e eu simplesmente deixo as minhas lágrimas caírem. Me viro para o policial e pergunto: — Você sabe como ela se chama? — Ela disse que se chama Sol. — Sol. Sol...

Clara Não sei explicar o que eu estava sentindo naquele momento, eu sentia uma vontade enorme de colocá-la no meu colo, acalentar e dizer para ela que tudo ia ficar bem, pois eu não ia deixar nada acontecer com ela. Mas a verdade é que eu não sabia como chegar até ela, pois eu não passava de uma estranha. Sua pele escura e os seus lindo cachos cobriam o seu lindo rosto. Sol vestia um short branco com uma blusa amarela, que se destacava na sua linda cor. Eu estava simplesmente apaixonada por ela, eu me virei para o meu marido que sorria pra mim com amor e olhava para Sol com muito carinho. Eu não sei o que ele está sentindo, mas pelo seu olhar, creio que Sol roubou o seu coração também. Me aproximei dela e sem querer assustá-la, eu simplesmente fiquei ao seu lado e não sei o que me deu, comecei a cantar uma música que sempre o meu pai cantava pra mim. Logo chamei a sua atenção e ela tirou o cabelo do seu rosto e fixou o seu olhar no meu. Brilha, brilha, estrelinha Lá no céu pequenininha Solitária se conduz Pelo céu com tua luz Brilha, brilha, estrelinha Lá no céu pequenininha Brilha, brilha, estrelinha Lá no céu pequenininha. Seus olhinhos estavam vermelhos, ela os enxugou e antes que eu abrisse a boca para me apresentar ela falou apontando para o Chris. — Ele parece o Thor! Sorri e enxuguei os cantos dos meus olhos, não queria passar para ela

fraqueza. Chris abriu um sorriso enorme e respondeu: — Mas você não sabe? Eu sou o Thor, o deus do trovão! — Verdade? Eu tenho todos os vingadores, e o meu preferido é o Hulk. — Mas por que? Eu sempre achei que as meninas preferiam o Thor do que o Hulk. — Eu não sei também. – ela se senta e fica pensativa – Mas acho que o Hulk é mais forte que o Thor. Percebi que estava sobrando, então dei espaço para o Chris se aproximar mais dela e ele se abaixou para ficar do mesmo tamanho dela, que agora estava sentada. Seus lindos cachos estavam bagunçados, mas esse detalhe só a deixou mais linda. Ela esticou as suas mãozinhas e meia tímida tocou levemente na barba do Chris, que sorria igual um bobo pra ela. — Eu acho feio esse negócio no meu pai, mas no Thor fica bonito. — Você gostou, Sol? Ela me olhou com aqueles grandes olhos e concordou com a cabeça, desviou o seu olhar e fixou nas suas mãozinhas. — Meus pais não vão mais voltar, né, Thor? Chris engoliu em seco a sua saliva, ele colocou uma de suas mãos em cima das suas mãozinhas e ela voltou a olhar pra ele. — Não, mas podemos ligar para os seus avós ou tios. Ela não disse nada, percebi que ela reparava na diferença de cor de pele deles dois. Ficamos os três em silêncio, até que ele foi quebrado pelo policial que disse: — Umas das assistentes sociais ligou, foi ver se conseguia encontrar algum parente dela. Concordei com a cabeça, até que a porta se abriu e uma senhora de meia idade entrou e nos olhou com uma certa curiosidade. — Quem são vocês? — Essa moça estava no tiroteio e queria conhecer a garotinha Sol. O policial falou, a assistente sorriu e continuou falando e se sentou ao lado da Sol, que não a olhava. Sua cabeça continuou baixa, fixa em suas mãozinhas. — Você se chama? — Sol. — Lindo nome, Sol! — Meu pai queria Luna, e mamãe queria Sol. E eu também gosto mais de Sol. — E eu também gosto mais de Sol. Ficamos em silêncio só observando a conversa da assistente social com a

doce Sol, que mesmo abalada com a perda de seus, parecia gostar muito de conversar. — Sol, quantos aninhos você tem? — Eu fiz cinco anos semana passada. Meu pai e minha mãe fizeram uma festinha de unicórnio, mas eu queria mesmo era uma festinha dos vingadores. — Entendo, eu também acho que a festa dos vingadores seria melhor. E seus avós, seus tios ou tias estavam na festa? Ela olhava para todos nós e balançou a cabeça me negativo. — Mas por que eles não foram a sua festinha do unicórnio? — Porque eu não tenho tios e avós. A assistente social nos olhou, ela se levantou e saiu da sala, e sem pensar, eu fui atrás dela. Deixando Chris e o policial com a Sol, eu seguia pelo corredor atrás dela. — Oi, senhora? — Vera da Cruz. — Clara Alencastro. O que vai acontecer com a Sol, se por acaso, ela não tiver ninguém ? Ela parou e eu quase tropecei nela. — Clara, – Vera respira fundo e com a voz derrotada fala – estou indo ligar para o conselho tutelar. Se por acaso a Sol não tiver ninguém, ela vai ser levada para um orfanato. — Um orfanato? — Sim. Sinto muito por ela. Vera volta a seguir o seu caminho, e eu fico parada com a minha cabeça a mil com uma única certeza no meu coração. Voltei para a sala onde a Sol estava, mas ela não se encontrava mais lá. Chris estava conversando com uma médica pediatra e assim que me viu, se despediu dela e veio na minha direção. — Levaram a Sol para fazer uns exames. Vamos para casa? — Sim, vamos.

Depois que eu me certifiquei que as minhas amigas estavam todas bem, Chris me levou para casa. Eu estava exausta do dia. Tomamos um banho e nos deitamos na cama. Deitados de conchinha, eu sentia a mão do Chris fazer círculos na minha perna, eu estava exausta, mas eu não conseguia dormi, pois o rostinho da Sol não saía da minha cabeça. — Chris.

— Oi, gata. — Você me ama? — Que pergunta besta é essa? Claro que te amo! Silêncio. — Você acha muito cedo para pensarmos em ter filhos? — Onde você quer chegar com essa conversa? Silêncio de novo. — É cedo demais? Responde! — Não acho cedo, e nem tarde. Eu acho que nossos filhos virão na hora certa. Eu me virei de frente pra ele, com cuidado para não bater no machucado do meu braço passei a mão na sua barba. — Eu te amo! Chris beija a palma da minha mão e abre um lindo sorriso para mim, sua enorme mão toca o meu rosto e de repente ele fica sério. — Vamos ter muitos filhos, e quando esse dia acontecer, vamos ter que morar numa casa maior. Agora, se ajeita e vamos dormi. Você precisa descansar. Me ajeito em seus braços e com um leve sorriso nos lábios eu caio no sono, e a última imagem que vem na minha mente é a mão do Chris em cima das mãozinhas da Sol.

Duas semanas depois... — Droga! – a dor estava insuportável, tomei um comprimido para dor, só aliviou por algumas horas, mas agora no final do dia a cólica aumentou absurdamente. Paro o meu carro em frente a uma farmácia. — Boa tarde. Vocês aplicam injeção? — Boa tarde, senhora. Sim, aplicamos! — Quero uma para dor. — Dor de quê? — Dor de cólicas. — Um composto. Pode ser? — Esse mesmo! — Bem, eu tenho um em cápsulas que agem muito rápido para dor. Vai lhe ajudar bastante. — Você tem certeza? — Sim! — Então me passa esse aí, e me arruma um copo d'água, por favor.

Paguei e tomei a cápsula e fui embora para casa. Assim que estacionei o carro e entrei em casa, já não sentia cólica. A moça estava certa, o remédio era bom mesmo. Joguei a minha bolsa em cima do sofá, tirei os sapatos e coloquei as minhas pernas em cima da mesa, fechei os meus olhos e relaxei. — Como será que está a Sol? Já fazem duas semanas desde o dia em que a conheci, e todos os dias eu penso nela, principalmente quando eu passo na avenida Nossa Senhora de Copacabana, e antes de dormir. Eu pego a minha bolsa e procuro o meu celular e ligo para o meu irmão. — Oi, maninha. Lembrou que tem irmão? — Você não me deixa esquecer um dia sequer que tenho irmão! — Eu também te amo, sabia? Começo a rir, meu irmão é sempre um fofo comigo, mesmo quando eu não mereço. — Os advogados tem alguma novidade? — Eles estiveram conversando com Chris sobre a garotinha, parece que não vai ser tão simples como vocês imaginavam. Eu murchei com a notícia. Eu sabia que o processo de adoção no nosso país é difícil, ainda mais que eu e Chris éramos recém casados, mas mesmo assim tinha esperança que tudo ocorresse bem., mas os advogados nos avisou que poderia durar meses, e até anos. — Os meus advogados indicaram uma advogada para ajudar vocês nesse processo de adoção, ela nunca perdeu uma causa. — Sério? Não vejo a hora em ter a minha Sol correndo pela casa. — E eu não vejo a hora de ser oficialmente titio! Escuto o baralho da moto, me levanto e abro a porta e vejo o gostoso do meu marido chegar. — Tenho que desligar, o gostoso do meu marido chegou! — Vixi! Beijos, gostosa! — Beijos, gostoso! Jogo o celular em cima do sofá e caminho para os braços do meu amado. Fico nas pontas dos pés para beijar o meu Thor. — Oi, delícia. Me apodero da sua boca num beijo necessitado e apaixonado. — Oi, gata. Sentiu a minha falta? — E como. Entramos agarrados para dentro de casa, assim que a porta se fechou atrás de nós, Chris me agarrou pela cintura e levantou a minha saia, tirando a minha calcinha. Ele abriu a sua calça e o seu poderoso martelo pulou para fora,

mostrando toda a sua virilidade. — Eu vim o trajeto todo louco para me enterrar na minha gata! — É mesmo? — Sim, eu não sei o que acontece comigo, mas eu quero está todo tempo dentro de você. — Então vem logo e se enterra de uma vez em mim. Nossos corpos se abraçam, seminus começamos a nos morder e beijar. As suas grandes mãos se espalmam na minha bunda, eu fico completamente perdida quando ele me suspende e começa a me carregar para o quarto. Ele me joga na cama e monta em cima de mim, e sem pensar, ou a menos me dar uma chance, Chris me penetra fundo e de uma única vez. Eu enrolo as minhas pernas na sua cintura e ele me possui sem pena. Uma, duas, três, quatro... dez estocadas. Em um movimento rápido, ele se vira e agora eu estou por cima, e eu começo a ditar o ritmo. Começo bem devagar, sem pressa nenhuma. Suas mãos apertam a minha bunda, eu rebolo e desfruto do seu martelo o máximo que eu posso. Suas mãos tentam ditar o ritmo, mas eu não deixo. — Mãos acima da cabeça! Chris rir cinicamente e sem contestar faz o que eu digo, coloca as mãos embaixo da sua cabeça, e sem pressa eu rebolo, rebolo, rebolo e rebolo. Começo a gemer de prazer, sinto o meu orgasmo começar a se formar, abro os meus olhos e vejo Chris segurando o lençol para não tocar em mim. — Bom garoto! Eu aumento o meu ritmo, pois o meu corpo pede por libertação. Sinto que vou explodir a qualquer momento. Sinto o dedo dele estimular o meu clitóris e antes que eu quisesse impedir, eu explodi num orgasmo intenso, que cravei as minhas unhas nas suas coxas. Senti as suas grandes mãos na minha bunda, acelerando o meu ritmo e não demorou para sentir o seu pau inchar e jorrar a sua porra dentro de mim. Eu deixei o meu corpo cair sobre o dele. Ouvir o seu coração bater alucinadamente, nossas respirações estavam descompassadas e pesadas, meus cabelos cobriam o meu rosto. Chris beijava a minha cabeça e a sua mão descia e subia nas minhas costas. — Por que mesmo não tiramos essas blusas? — Por que eu precisava urgentemente estar dentro de você! Sorrimos juntos, eu coloquei o meu queixo em cima de seu peito. — Tenho uma surpresa para você amanhã, minha amada esposa, barra gata selvagem — Tem? E essa surpresa eu vou gostar ou amar? — Você não vai nem gostar e nem amar.

Franzi a testa sem saber se entendi o que ele me disse, ele bate na ponta do meu nariz e afirma. — Você vai adorar! Eu o abraço, e nem imagino o que seja a surpresa, mas se ele diz que eu vou adorar, eu tenho certeza que vou! São duas horas em ponto e vejo a caminhonete do meu lindo marido estacionar na frente do estúdio, eu vou correndo ao seu encontro. Não dou nem tempo dele descer do carro para abrir a porta para mim, eu mesma abro e entro. Ele abre um largo sorriso e me dá um beijo de tirar o meu fôlego. — Está pronta? — Seja o que for, eu estou pronta! — Então vamos! Coloco o cinto de segurança e vamos rumo a surpresa adorável, sinto o meu celular vibrar e começo a mexer nele, e não presto atenção para onde estamos indo, quando de repente Chris estaciona a caminhonete em frente a um portão enorme de cor preta. Eu me viro pra ele, não entendo nada e volto a olhar para o portão. — Onde estamos, Chris? — Casa Mamãe Margarida. Minhas mãos começam a suar, meu coração bate como louco no meu peito e não sei desde quando eu virei uma manteiga derretida, meus olhos começam a marejar, e sem pensar, eu solto o cinto de segurança e pulo no colo do meu lindo marido. — PUTA QUE PARIU! Começo a beijar todo o seu rosto até que lasco um beijo na sua boca. — Obrigada! Obrigada! Obrigada! — Vamos entrar, porque eu também estou louco para ver como vai a nossa Sol! Eu não conseguia disfarçar a minha alegria em revê-la, e quer saber? Eu não queria disfarçar, eu estava louca para vê-la. Chris falou com o porteiro que ligou pra não sei quem e autorizou a nossa entrada, assim que passamos o portão preto, uma esperança e uma fé que eu nem sabia que tinha tomou conta de todo o meu ser. Chris percebendo a minha alegria que deve está estampada no meu rosto, segurou a minha mão e levou até a boca. — Eu também não consegui tirá-la um segundo dos meus pensamentos! Eu lhe dei o meu melhor sorriso, olhei para o enorme casarão que estava bem a nossa frente e vi duas mulheres na porta paradas. Pareciam estar nos esperando.

— Boa tarde, senhor e senhora Alencastro. Sou a advogada Valdinéia Duarte! – seu aperto de mão é forte, ela se vira para a senhora que está ao seu lado— E essa é a diretora da Casa Mamãe Margarida, dona Gioconda. — Boa tarde! Vamos até a minha sala, senhores. Seguimos ela pelo enorme corredor até chegar a sua sala, ela nos apontou os assentos. Eu estava tão ansiosa pra ver a minha doce Sol, que não prestei muito atenção no lugar. Olhava fixamente para dona Gioconda que se dizia muito feliz em saber que pretendíamos adotar a pequena Sol. Despois dela citar algumas regras, inclusive os dias de visitas, que teriam que ser previamente agendados, e que seriamos assistidos em todas as visitas, e conforme fosse o nosso relacionamento com a Sol, era mais fácil conseguimos adotá-la. —Vocês aguardem só uns minutinhos que eu vou buscá-la! E a mulher foi e eu fiquei uma pilha de nervos, pensando mil coisas, minhas mãos começaram a suar e eu enxugava elas na minha calça. Chris percebendo a minha ansiedade, segurou a minha mão. Quando a porta se abriu e eu vi aquela linda pessoinha entrar, parecia que eu tinha visto a luz. Mas a verdade é que eu vi a luz, aquela que ilumina tudo e ela veio para iluminar a minha vida. Eu e Chris levantamos juntos, Sol estava de cabeça baixa quando entrou na sala. Eu estava com medo dela me rejeitar, e fiquei imóvel. Não consegui sair do lugar, sentia que o meu corpo tremia todo. — Sol, esse casal disse que te conhece e vieram te visitar. Quando ela levantou o seu olhar e nos viu, franziu a sua testa e abriu a sua boca. Por um instante eu pensei que ela não se lembraria de nós, mas de repente eu vi um enorme sorriso se estampar no seu rosto e ela gritou: — Thor! Estrelinha! Eu sabia que vocês viriam me buscar! Naquele momento, eu tive a plena certeza de uma coisa, ela era nossa e ninguém iria tirá-la da gente!



Chris Seu sorriso ao nos ver fez o meu coração parar por alguns segundos, senti que me faltou ar. Sol correu na nossa direção, nós abaixamos e recebemos o seu abraço apertado. Minha mulher parecia uma manteiga derretida. Clara não parava de beijar a nossa pequena Sol. Nossa? Sim, posso dizer com todas as letras, nossa! Porque eu tenho uma certeza que ela será nossa! Como eu tenho? Algo dentro de mim me diz que ela será a nossa menina. Sol começa a falar sem parar, a contar tudo que ela tem passado na Casa Mamãe Margarida, fala das suas novas amizades e da falta que ela sente dos pais. Eu deixo as duas conversando e vou até a advogada e a diretora do orfanato. — Bem, o que vocês me dizem? A Valdinéia olha para Clara e Sol, e depois volta o seu olhar para mim e a dona Gioconda. — Bem, eu acho que não vai ser tão complicado, pois pelo que eu percebi, a menina está bem familiarizada com vocês. — Eu até me surpreendi com o tamanho da felicidade dela ao ver vocês, seu Alencastro. — Por favor, dona Gioconda, só Christian! — Só se me chamar de Gioconda também! — Por mim, tudo bem. Então, Valdinéia, o que me diz? — Bem, Christian, assim que chegar no meu escritório, vou dar entrada no processo de adoção. Vou fazer de tudo para que a Sol esteja o mais rápido sobe a tutela de vocês. Concordo com a cabeça, algo me diz que essa advogada não brinca em

serviço. Valdinéia vai conseguir a guarda da Sol. — Gioconda, — Clara se levanta segurando a mãozinha da Sol — podemos dar uma volta com a Sol pelo jardim do orfanato? —Claro! Enquanto vocês dão uma voltinha com ela, eu vou cuidar da parte burocrática com a Valdinéia. Saímos os três de mãos dadas para o jardim. Clara numa ponta e eu na outra, olho para o pingo de gente que nos unia, naquele momento eu senti algo mudar dentro de mim, senti algo diferente. Eu amo a minha mulher, por ela eu seria capaz de matar e morrer, e agora com essa criaturinha que segura na minha mão e não para de falar, eu quero protegê-la do mundo, e dar tudo para ela, não sei explicar direito. É um amor que eu nunca pensei ser capaz de sentir. Minha Sol! Nossa Sol! Clara parece ler os meus pensamentos e me olha com um enorme sorriso no rosto e gesticula com a boca pra mim: — Ela é linda! Sorrio pra ela e confirmo só gesticulando também. — Eu sei! Continuamos o nosso diálogo sem som. — Eu quero levar ela para casa! — E nós vamos! Clara sorrir sem mostrar os dentes, chegamos no jardim e nos perdemos no horário com a Sol, só lembramos que era hora de partir quando Valdinéia e Gioconda apareceram. Eu e Clara nós abaixamos e eu segurei em uma mão da Sol e a Clara na outra. Sol percebendo que chegou a nossa hora de partir, abaixou a cabeça e começou a fazer círculo com o pé no chão, senti que fiquei sem ar, e me faltou coragem de me despedir da minha Sol. — Minha Sol, — Clara começou a falar— eu não queria ir embora e deixar você, mas como a gente conversou, precisamos fazer tudo certinho para poder você ser nossa filha. Você entende? — Sim... Ela fala num sussurro, sem levantar a cabeça. Sinto que a minha gata está fazendo um enorme sacrifício para não chorar. Clara abraça e beija Sol, que retribui. Eu coloco Sol nos meus braços, dou um beijo na sua bochecha e sussurro no ouvido dela. — Você é minha gatinha! E o papai Thor e a mamãe Estrelinha vão vir todos os dias aqui. Você acredita em mim? Sol abre um enorme sorriso e com um dedo na boca concorda com a cabeça. Dou mais um beijo nela e a entrego para Gioconda.

—Tchau, Thor! Tchau, Estrelinha! — ela acena pra gente, Clara devolve o aceno— Eu espero vocês aqui! Entramos no carro, Clara não para de dar tchau até Sol sumir do nosso campo de visão. Clara solta o ar e depois me olha e com um sorriso que mistura alegria com tristeza me pergunta: — O que você disse a ela, que a deixou tão feliz? Abro um enorme sorriso e olhando para a rua a respondo: — Segredo nosso! Clara me olha indignada, e começa a me bater no braço e depois sorrir como uma besta. — Chris, eu a amo e não sei te explicar como nasceu esse amor. Foi tão... Inexplicável! — Eu também a amo, e também não sei explicar. Parece que ela já nasceu destinada a ser nossa! Clara beija a minha bochecha e coloca a cabeça no meu ombro, uma boa parte do trecho vamos em silêncio, cada um perdido nos seus próprios pensamentos, até que Clara quebra o silêncio. — Chris. —Oi, Gata! Ela tira a cabeça do meu ombro e me olha, e sem perder tempo ela dispara — Eu não quero mais casar! Eu me viro pra ela, sem acreditar no que acabei de ouvir. Encosto o carro e fixo o meu olhar no dela. — Que porra é essa agora, Clara? — Eu disse que não quero mais casar! Olho pra frente, passo a mão na minha cabeça e balanço. —Chris, —Clara coloca a mão no meu rosto, me fazendo encarar ela— eu quero que a Sol seja a nossa dama de honra. Eu quero muito, mais muito, que ela esteja presente nesse dia tão importante para nós. Quando eu penso que a conheço bem, ela vem e joga na minha cara que não, e o quão grande é o seu coração. Seguro o seu rosto com as minhas grandes mãos. — Gata, você é única! E é por isso que eu te amo! Ela morde os seus lábios e sorri pra mim, eu encosto a minha testa na dela e a beijo docemente. Me perco nos seus beijos e nos seus braços e nunca mais eu quero me achar. Clara

Quatro meses se passaram, e hoje é o grande dia. Estou inquieta, acordei uma pilha de nervos. Saio do banheiro e dou de cara com as minhas duas amigas, suas caras estampam sorrisos lindos, e eu estou muito feliz também, creio que as notícias serão boas, mas a ansiedade está me consumindo. Bia escolheu o meu vestido com flores lilás, esse vestido me traz boas lembranças, me olho no espelho e respiro fundo. — Vocês acham que a Valdinéia vai nos dar uma boa notícia? — Claro que vai! Não pense negativo! — Eu sei, Bia, mas é que eu tenho medo de me encher de expectativas, e... — E nada! — Kira afirma — Ela vai dar hoje a resposta que tanto vocês esperam. Bia e Kira vem na minha direção e me envolvem num abraço a três. O abraço das minhas amigas me conforta e me acalma. A porta se abre, nós nos viramos na direção da porta e o meu lindo e gostoso marido sorri. — Vamos, gata! Não podemos nos atrasar! — Certo! Vocês vão com a gente, não vão? — Claro que vamos! Saímos os cinco para o escritório de advocacia, que fica próximo ao escritório do meu irmão. Assim que entramos no andar do escritório, dou de cara com o meu irmão que está com um cigarro na boca. Ele é um fumante, mas o meu maninho só fuma pela manhã se ele estiver preocupado. Fecho a cara e reviro os olhos para ele. — As nove da manhã, César? Ele amassa o cigarro no cinzeiro e solta a fumaça, e depois vem na minha direção com os braços abertos. — Eu estou um pouco ansioso. Nos abraçamos, ele me dá um beijo no topo da minha cabeça e vai cumprimentar o restante do pessoal. Bia, Kira e Fernando se sentam no sofá. Eu e não consigo ficar sentada, fico em pé no meio do Chris e César. Chris puxa o celular e a porta de uma das salas se abre, e sai um rapaz com umas pastas em mãos, nos olha com uma certa curiosidade e nos pergunta: — Em que posso ajudar, senhores? — Eu sou Christian Alencastro, e a advogada Valdinéia Duarte está nos aguardando. — Ah, sim! Ela está no seu aguardo. Venham por aqui.

Olhamos para os nossos amigos que sorriem pra nós, respiro fundo, meu corpo todo está tenso, Chris me estende a mão e eu seguro firme na sua mão. O seu simples toque me conforta. Entramos na sala e Valdinéia está sentada na sua mesa cheia de processos, com um óculos de aro grosso no rosto. — Chris! Clara! Sentem-se! Ela aponta para duas cadeiras na sua frente, nos acomodamos. — Vocês querem alguma coisa para beber? — Não! Respondemos juntos. — Tudo bem! Vamos direto ao assunto. Chris coloca a sua mão em cima da minha, estou tensa, mal consigo respirar. — Bem, —Valdinéia se levanta e tira os óculos bate uma mão na outra e sorri para nós —podem preparar o quarto da Sol, pois a juíza concedeu a guardar provisória. Parabéns, papais! Eu dou um pulo da cadeira e me jogo nos braços do meu Thor. — Ela é nossa, Chris! — Sim! — Vamos ao primeiro passo: — eufóricos, olhamos para Valdinéia— Providenciem um quarto para Sol, escola e tudo mais que uma criança tem direito. Vocês tem a guarda provisória, e vamos a burocracia. Valdinéia volta a se sentar e puxa uma pasta com alguns papéis e começou a nos orientar. Depois de uma hora, a mulher nos liberou. Quando a porta do seu escritório abriu, vi no rosto dos meus amigos a aflição. Estávamos sérios, com caras de tristes. Bia colocou a mão na boca, Kira desviou o olhar, Fernando e César colocaram as mãos no bolso, até que Chris gritou: — Eu sou pai de uma menina, seus PORRAS! Bia e Kira gritavam histericamente e correram na minha direção. Nos abraçamos e a gritaria histérica continuava. — Eu sou MÃE! Sou MÃE! Em meio a choro e risos, eu recebi o carinho dos meus amigos, do meu irmão e do meu marido, e agora não via a hora de ter a minha filha comigo.



Clara Nos dividimos em dois grupos. Os meninos foram para casa ajudar Chris a pintar o quarto e eu e as meninas fomos fazer compras. Compramos algumas roupas e calçados para Sol, resolvemos não gastar muito, compramos só o básico, por enquanto. Assim que Sol chegar, eu saio com ela para fazer compras do gosto dela. Chegamos em casa e os rapazes estavam jogados no sofá rindo muito do meu irmão que aparentava não se importar com os deboches do Chris e Fernando. César balançava a cabeça enquanto tragava calmamente o seu cigarro. Fui direto para o quarto com as sacolas e deixei todas lá, voltei para a sala coloquei a mão na cintura e olhei com cara de brava para o meu irmão. — Quando a Sol chegar, eu não quero ver você fumando perto dela. — Não se preocupe! Vou ser um tio modelo. Chris disse que vocês vão pegá-la amanhã. — Sim! Por mim, eu iria pegá-la hoje, mas a Valdinéia disse que a assistente social tem que estar presente na hora. Dei de ombros, sentei no colo do Chris, que me ofereceu a sua cerveja, bebi um gole. Bia e Fernando se levantaram. — Bem, temos que ir. Estou morrendo de saudades da minha pequena. — Clara, está tudo certo para a festinha de boas vindas da Sol? — Sim, amiga! Amanhã nós vamos pegá-la às nove horas, e a tardezinha vamos comemorar a chegada da nossa filhota! Nos despedimos, Fernando, Bia e Kira vão embora, e ficamos só nós três. — Maninha, preciso ter uma conversa com você. Pode ser? Olho para Chris que me beija e me tira do seu colo. — Como é uma conversa de irmãos, eu vou para o meu quarto tomar um

banho e falar com a Vanessa, já que nem eu e nem a Kira fomos trabalhar hoje. Revirei os meus olhos quando ouço o nome da cascavel, César rir da minha cara e acende um cigarro. — Quando você vai largar esse vício? Isso mata, sabia? — Me deixa, maninha. — Se eu falo é por que eu te amo. Eu não quero te perder. Não quero que a minha filha perca a oportunidade de crescer com o tio dela. — Você está muito feliz. Sua cara não nega o quanto está feliz. Me levanto, vou até a geladeira, pego duas cervejas e dou uma para o meu irmão e me sento bem de frente para ele e bebo um gole antes de falar. — Eu não sei te explicar, é um amor que nasceu desde o dia em que a vi encolhida naquela maca, sei lá. — sorrio olhando para o nada — Sem ver o seu rostinho, eu já a amava. Por mim mesma eu teria trago ela comigo naquele dia. Meu irmão abre um enorme sorriso para mim, ele apoia os seus braços nas suas pernas e olhando nos meus olhos ele fala: — Eu sei que você será a melhor mãe do mundo! — Não vou ser, mas vou tentar! — Vai sim! Porque você – ele aponta pra mim com o cigarro — vai se esforçar todos os dias pra ser a melhor mãe. Isso está em nós, maninha. Corre no nosso sangue essa mania de proteção exagerada. — Bem, nisso eu tenho que concordar com você. Nossos pais nos passaram muitos valores, e um deles foi a lealdade com a família. Sorrimos um para o outro, meu irmão pisca pra mim com a cara mais sem vergonha do mundo. — Nossos pais estão muito ansiosos para conhecer a sua primeira netinha. — Eu sei. Eu estou louca para apresentar para o mundo a minha primogênita. César toma um longo gole da sua cerveja e fica sério, ele dá um trago no cigarro e sorri de canto de boca olhando para a garrafa de cerveja. — O que aconteceu, maninho? — Vanessa. Eu bufo, me levanto e sento ao seu lado e olho pra ele, levanto o seu queixo e faço ele me encarar. — Desembucha, César! — Eu a levei no clube... — Você o quê? Tá maluco? A cascavel é toda certinha, eu acho até que ela deve está cheia de teia de aranha. — Porra, Clara! Dá pra parar?

— Tá bom, não vou falar mal dela. Continua. — Então, eu a levei e no começo ela não notou, e estava tudo saindo como eu planejei... — Vocês já transaram? — Ainda não. — Não? — Faço uma cara de desconfiada e meu irmão sorri balançando a cabeça — Eu não estou te reconhecendo. — Calma, maninha, tudo ao seu tempo. A verdade é que ela quando se deu conta que o clube não era um lugar "tradicional", ficou puta da vida comigo. Me xingou e até me deu um tapa na minha cara, acredita? — Puta que pariu! Que merda foi essa, cara? — E você sabe o que é pior? — Porra! Não me diz que tem mais? — Eu quero por que quero comer essa mulher! Não consigo tirar essa ideia fixa das minhas duas cabeças. Me levanto, não acreditando no que acabei de ouvir, coloco a mão na minha testa. — Porra, César! Esqueci a merda dessa mulher! — Mas eu quero comer ela! Eu vou comer ela! — Caralho! Você não está vendo a armadilha que está se enfiando, porra! — Estou? — Eu já te avisei, e vou te avisar de novo: – aponto o dedo pra ele — Você vai foder ela e vai se foder! Ele bate na mesa de centro, e se benze, e eu começo a sorrir dele. — Deus me livre! Vira essa boca de trapo pra lá. — Você ainda não percebeu que está fissurado nela? Começa assim, num simples rolo e quando damos por si, não nos vemos mais sem a criatura do nosso lado. César fica pensativo e bebe o último gole de sua cerveja, coloca a garrafa em cima da mesa. — Maninha, vou te provar que é só sexo, eu não nasci para casar. A única mulher que poderia ser minha esposa, já tem dono. — Porque você foi um babaca! — Eu sei... Agora já foi! Eu já vou! Essa conversa não está me agradando. Vamos abraçados até o seu carro, meu irmão me abraça e depois me beija — Eu vou protegê-la como sempre te protegi. Ela é a princesa do tio, e já vou avisando, vou estragar ela como te estraguei! Começo a sorrir e nos abraçamos de novo.

— Eu também te amo muito! Obrigada por me estragar! Ele me beija, entra no carro e aponta para o banco de trás, eu olho e vejo uma cadeirinha de criança. Abro a minha boca num O, sou pega de surpresa por ele. — Você... – aponto para a cadeirinha— Meu irmão, você não existe! — Claro que eu existo. Em carne e muito músculos definidos! — Seu convencido! — Tchau, maninha! Fico olhando para o carro, ele põe a mão para fora e acena. Eu fico parada vendo-o sumir do meu campo de visão. Assim que entro na casa, Chris está terminando de colocar comida para os nossos bichanos e me olha com um sorriso. — Pensei que o cunhado não ia mais embora — Ele está confuso, só isso! — Eu sei, ele nos contou. Você já sabe no que isso vai dar? — Por favor, Chris, não fala isso nem brincando! — Mas é a mais pura verdade. A Vanessa está do mesmo jeito. — Espera aí! – me aproximo dele e cutuco o seu peito com o dedo – Como você sabe disso? — Eu só acho. — Sei... Chris me agarra e puxa o meu cabelo de leve e sorri. — Deixa de ciúmes besta, você sabe que eu sou só teu! Nos beijamos e Chris começa a me puxar pela mão para fora de casa. — Vem, quero te mostrar uma coisa. Passamos pelo jardim impecável de sua mãe até chegarmos em frente à mansão, Chris puxa uma chave do bolso abre a porta e acena com a cabeça para eu entrar na casa. Eu respiro fundo e com um frio na barriga entro naquela linda e impecável casa. Por mais que ninguém habitasse nela, não era uma casa fria e sem vida, não mesmo! Era uma casa acolhedora, era como se eu tivesse na casa dos meus pais. — Você entende por que eu não conseguia ficar aqui? Eu concordo com a cabeça, eu não conheci os meus sogros, mas aquela casa era cheia de calor humano, cheia de amor, era palpável. — Meus pais projetaram cada canto dessa casa. Aqui era o nosso refugio, nosso lar. Eu cresci e não me lembro de ter visto os dois brigarem. – Chris fala comigo, mas vejo nos seus olhos que ele está perdido em suas lembranças, e eu

nesse momento só quero ouvi-lo — Eu sei que eles brigavam, mas eu nunca vi. Gata, eles se amavam demais e eu amava muito ver o amor deles. Chris me olha com um sorriso de saudades, ele estende a sua mão para mim e eu a seguro. — Vem! Quero que você conheça o meu quarto. — O seu quarto? Quantas garotas você levou para o seu quarto? — Até hoje? Nenhuma. Você vai ser a primeira e a única a entrar nele! Eu puxo o ar, não sei o que me deu, mas senti as minhas pernas ficarem moles, meu coração acelerou absurdamente dentro do meu peito, e assim que Chris abriu a porta do seu quarto e ligou a luz, senti uma sensação de conforto e paz me invadirem. O quarto era de um menino de dezessete anos. Chris me puxou para os seus braços, colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e tomou a minha boca. Quando ele cessou o beijo aos poucos tirou cada peça da minha roupa, e me carregou até a sua cama de solteiro e me deitou nela. Eu fiquei parada vendo ele tirar a sua roupa, meu peito subia e descia, me sentia uma adolescente, e parecia que ele sentia a mesma coisa que eu. Não falamos nada, o silêncio reinou entre nós, mas não precisava falar, o nosso amor se fazia presente naquele quarto. Sem pressa nenhuma, Chris começou a beijar o meu corpo. Fechei os meus olhos e sentia os seus lábios macios me amarem, quando ele chegou na minha boca, sem ele me pedi, eu abri os meus olhos e me encontrei dentro de seus olhos verdes. Chris me possuiu lentamente, sem pressa. Nossos olhos fixos um no outro, até que ele aumentou a velocidade, e aos poucos eu senti o meu orgasmo se formar, de uma maneira tímida, porém, avassaladora. Eu o puxei para um beijo, passei as minhas pernas ao seu redor, eu apertava o seu pau. Chris soltou a minha boca e me olhava dentro dos meus olhos, antes que ele falasse alguma coisa, eu gozei. Meu corpo dava leves tremores e a minha boceta gulosa apertava o seu pau veiúdo sem parar, ele não demorou e liberou a sua porra toda dentro de mim. Chris saiu de dentro de mim, nos viramos de lado, a cama era pequena para nós dois, mas era tão aconchegante estar nos seus braços que cai no sono imediatamente, mal ouvir ele falar um "obrigado". Acordei no nosso quarto da casa dos fundos, Chris não estava ao meu lado. Peguei a sua blusa e vesti, levantei da cama e fui atrás dele. O encontrei sentado na mesa da cozinha desenhando algo. Cheguei por trás dele e o abracei, beijando a sua nuca. — O que esta fazendo a essa hora da madrugada acordado? Por que não está me aquecendo na nossa cama?

— O que você acha do croqui? Eu pego o papel e me parece um quarto, não sei bem ao certo. — Me parece um quarto. — Sim, o quarto da Sol que vamos mandar reformar. — Mas você não pintou? Espera aí, esse aqui do desenho é maior? Você vai mandar aumentar? — Não, Gata! Nós vamos nos mudar! Olho para ele sem entender. — Como assim, vamos mudar? Eu gosto daqui, e a gente vai casar aqui! No jardim da sua mãe, lembra? — Claro que vamos casar aqui! Mas nós vamos mudar para a mansão. Sou surpreendida por ele, eu já estava tão acostumada a morar na casa dos fundos, que se quer parei para imaginar em um dia morar naquela mansão. — Chris, eu não sei se dou conta de morar naquela mansão. — Claro que dá! Você agora é mãe, e Sol precisa de espaço, lá ficaremos bem melhor. Amanhã eu vou falar com a Vanessa para arrumar outra arquiteta para reformar a casa. — Chris, não precisa chamar outra arquiteta. — Um arquiteto? Me sento no seu colo e passo os braços ao redor de seu pescoço, sinto a sua mão entrar por debaixo da blusa e ir de encontro a minha boceta. — Pode pedir pra cascavel vir. Algo me diz que vou ter que aprender a conviver com ela. — Tudo bem! Mas eu acho que agora nós temos algo sério para tratar! A sua mão aperta a minha bocetinha, que começa a responder ao seu toque. Fico em pé, Chris puxa o seu martelo pra fora, tão lindo, rosa, com as veias pulando, minha boca enche de água e sem pensar eu me ajoelho e seguro pela base. Acaricio as suas bolas, chupo só a cabecinha, passo a língua, sinto o seu gosto na minha boca, chupo ele como se fosse um picolé, até que enfio ele todo até a minha garganta. Chris ajeita o meu cabelo que caiu no meu rosto. — Quero ver a minha mulher chupar o meu martelo! Continuo a fazer o meu trabalho com maestria, sinto a minha periquita piscar, meu clitóris quer atenção, sinto a minha excitação escorrer no meio das minhas pernas. Sem parar eu fodo a minha boca com o seu pau gostoso, até que eu sinto ele inchar e Chris me puxa. — Não! Quero gozar dentro da minha bocetinha apertada e gulosa. Chris me puxa pela mão e vamos para o nosso quarto, me joga na cama, abre as minhas pernas e começar me foder sem pena com a sua língua e os seus dedos. Sinto os meus pés formigarem. Ele chupa, lambe e me morde, não

necessariamente nessa ordem. Eu começo a puxar os seus cabelos, tento fechar as minhas pernas, mas ele não deixa, e antes que eu tente mais uma vez fechálas, o meu orgasmo explode e eu grito o seu nome. Me chupa, mas sem demora me penetra de uma vez, me fazendo morder o seu ombro e o abraçar com os braços e as pernas. — Chris... — Clara... E assim eu explodo num segundo orgasmo e ele jorra dentro de mim toda a sua porra.



Clara Mal consegui pregar os olhos, passei o resto da madrugada acordada, fui até o quartinho da Sol, e arrumei e desarrumei várias vezes as suas coisinhas. Estava tão feliz e ansiosa para essa nova etapa da minha vida, que tudo o que eu mais queria era curtir cada momento. Eu sei que não gerei a minha Sol, mas eu já amava tanto que mesmo ela não tendo o meu sangue, ela era minha. Eu fico sonhando acordada e planejando tantas coisas que vamos fazer juntas, que sem perceber eu acabo dormindo na cama de solteiro da Sol. — Ei, gata, acorda! Chris me carrega em seus braços e beijando o meu rosto começa a falar. — Você me deixou sozinho naquela cama, gata! Sorrio e começo a beijar o seu rosto. — Chris, nem você fingindo que está chateado comigo te deixa feio, pelo o contrário, me deixa com mais tesão em você. Chris me coloca no chão do banheiro e me beija na testa, ele começa a tirar a sua blusa que estou vestida. — Se a gente não tivesse dormindo muito, eu iria te mostrar quem está com tesão aqui. — Que horas são? Pergunto assustada e corro pra dentro do box para tomar o meu banho. — São sete e vinte, gata. — Chris, não me assusta! Ainda é cedo. — Não mesmo! Vou passar para pegar a Fá, ela quer ir com a gente. Tomamos o nosso banho e nos arrumamos o mais rápido que

conseguimos, eu vesti uma calça jeans e uma blusa floral e coloquei uma sapatilha. Chris colocou um terno, pois depois de nos deixar em casa ele iria para o escritório, seu tio convocou uma reunião. Pegamos a Fá e fomos direto para o orfanato, estava tão ansiosa que não consegui comer nada. Assim que chegamos eu vi Valdinéia parada na porta do casarão, nos cumprimentamos e fomos para a sala do diretora Gioconda. — Bom dia, Christian e Clara! — Bom dia, Gioconda! Apertamos a sua mão depois que Chris a respondeu, nos sentamos os quatro, enquanto Valdinéia puxava a papelada, Gioconda também puxava a dela. Valdinéia leu os termos legais para todos, assinamos o que tinha que ser assinado. — Bem, papais, vocês já podem me acompanhar. Pegamos um corredor enorme e subimos uns dois andares, no final do corredor entramos num quarto onde tinha umas dez camas, e foi quando eu a vi com uma pequena mochila nas costas sentada na cama com um boneco do Thor nos braços. Ela está balançando as suas pernas e seus olhos estão fixos no chão. A assistente social que está ao seu lado se levanta e a chama: — Sol – ela levanta o seu olhar para a mulher que a chama – Os seus pais chegaram! Ela olha na nossa direção abre um sorriso enorme e mesmo pequeninha, ela dá um pulo da cama e corre na nossa direção gritando: — Thor! Estrelinha! Eu me abaixo e abro os braços para receber a minha filha no meu colo, não sei explicar o que se passa dentro de mim, eu só sei que estou em êxtase. Eu nunca se quer pude imaginar que ser mãe seria algo tão maravilhoso. — Vocês vieram! Abraçadas sentimos o braço forte do nosso Thor nos envolver, agora posso dizer que estou completa. — Claro, minha Sol. Você duvidou que a gente não viria pegar você? Chris fala beijando a sua linda cabecinha cacheada. — Não, mas vocês demoraram! — Eu sei, mas pra você morar com a gente, tínhamos que fazer tudo dentro da lei. Ela concorda com a cabeça e nos abraça mais uma vez. — Vamos, minhas gatas! — Sol, quero te apresentar uma de suas avós, essa aqui é a Fá. Ela é muito fofa, Sol! Fá se abaixa e Sol timidamente a abraça, Fá lhe enche de beijos e depois

olha nos seus olhinhos e diz: — Você é linda, Sol! Hoje a vó Fá vai fazer uma lasanha para você almoçar. — Eu adoro lasanha! — Então vamos, porque de sobremesa a vó vai fazer um pudim de leite para você. — Eba! Sol abraça Fá com vontade, Chris me abraça e beija o meu rosto, me viro pra ele e lhe dou um selinho. — Estou tão feliz que tenho até medo. — Viva o seu momento de felicidade gata, pois eu acredito que a cada dia a nossa felicidade vai se consolidar, mesmo quando os dias ruins vierem, o nosso amor vai ser sempre maior. Esse homem acaba com a minha sanidade, eu nunca pensei que o amaria tanto. Não vejo a minha vida sem ele, e agora, não vejo a minha vida sem ela também. Olho para Sol que não para de falar, Fá escuta atentamente tudo que ela diz. Agora eu me sinto completa e realizada. Sou mãe! Enquanto ajudava Sol a arrumar as suas coisinhas no seu quarto, Chris ajudava Fá a preparar o almoço. Sol ficou encantada com os nossos bichanos, e por incrível que pareça, o falecido e agora ressuscitado Fraji, não saiu um minuto sequer do lado dela. — Eu gostei muito do meu quarto, Estrelinha. — Nós vamos sair para fazer compras, Sol. Quero que você escolha tudo do seu jeitinho. — Eu posso brincar com essas bonecas e esses ursos? — Claro! Eles são seus! Sol bateu palmas e correu para o meio dos seus brinquedos e o Dom exfalecido Fraji a acompanhou na brincadeira. Eu fiquei sentada admirando a minha princesa. Sinto que estamos sendo observadas, eu me viro e dou de cara com Chris de braços cruzados e com um guardanapo no ombro sorrindo para mim. Ele pisca e solta um beijo no ar, eu me levanto e vou até ele, passo os braços ao redor de seu pescoço e fico nas pontas dos pés para lhe dá uns beijinhos. Não me considero uma mulher baixa com um metro e setenta, meu marido que é grande demais, parece um deus nórdico, ou melhor, é um. — Eu vim chamar as minhas gatas para almoçar, e fiquei hipnotizado por

elas! — Thooor!! Olha os meus brinquedos! Chris me beija e vai até ela e se abaixa pra ficar da mesma altura, pelo menos ele tenta ficar da mesma altura, já que é tão grande. — Essas bonecas são bonitas, mas você é linda! — Seu bobo! Eu não sou boneca, eu sou a Sol, lembra? — Verdade, você é a Sol, a mais linda de todas! — Mas a Estrelinha também é linda! — Vocês são as gatas do Thor! — Isso mesmo! É o nosso Thor! Só nosso, não é, Sol? Pisco pra Sol que me sorri e pisca de volta para mim. Essa garota é esperta. — Gatas, vamos comer, porque o Thor está morrendo de fome e eu preciso trabalhar ainda. Depois do nosso primeiro almoço em família, Chris se arrumou e foi para a construtora. — Eu te amo, minha gata selvagem! — Eu nem estou mais selvagem, estou mais calma agora. — Hum, sei! Agora é que você vai ficar mais arrisca, já viu como fica as gatas quando os seus filhotes nascem? — Ah, mas aí é covardia, né, Chris? Como uma mãe fica calma se mexerem com os seus filhos? — Então, minha gata, você sempre será selvagem. Ele me beija mais uma vez, saímos do quarto e encontramos Fá e Sol sentadas assistindo desenho. — Sol, vem aqui e dá um beijo no Thor! Sol corre para os braços do Chris que a coloca no seu colo e vamos os três para fora da casa, Chris enche ela de beijos, Sol não para de alisar a barba dele. Eu já disse pra vocês que essa garotinha é esperta? — Thor vai trabalhar, mas não vou demorar, porque mais tarde vai ter uma festinha aqui de boas vindas pra você, tá bom? Sol concorda com a cabeça, ela o abraça e depois o beija. Chris a coloca no chão e me dá mais um beijo e se vai. Com as mãos dadas ficamos as duas olhando ele partir, até que ela puxa a minha mão e eu a olho. — Papai e mamãe não se beijavam como vocês, Estrelinha. Puta que pariu! E agora, o que eu falo? — Não? — Não. Na verdade, eu não me lembro do papai beijando a minha mamãe. Ela põe a mão no queixo como se estivesse pensando ou analisando,

depois ela me olha e balança a cabeça negativamente. — Mas eu acho que sei o por quê? — Você sabe? E o porquê eles não se beijavam? — Meu pai era bonito, mas ele não é o Thor. – ela dar de ombros e continua a falar – O Thor é muito bonito e, além disso, é muito grande e forte. Meu pai não era grande e nem forte. Eu não disse pra vocês que essa Sol é esperta! Começo a sorrir e me abaixo ela me olha com esses seus olhinhos inocentes. — Seu pai e sua mãe se amavam e amava você, a prova disso é o quanto você é uma criança feliz. Vamos, temos que enrolar brigadeiros e ajudar a Fá a fazer o seu bolo de boas vindas. — Hoje é o meu aniversário? — Digamos que é o nosso aniversário de família feliz! Eu, você e o Thor! O que você acha? — Eu acho legal! Não demorou muito e Bia chegou com a sua trupe para ajudar nos preparativos. Sol e Nanda se entenderam de primeira, nem a diferença de idade das duas as impediram de se entenderem, a bagunça foi grande no quarto de Sol. Enquanto Bia e tia Lucinda cuidavam da decoração, eu e Fá terminávamos de fazer os quitutes, Fernando saiu para comprar as bebidas e algumas coisas que faltaram. Eu estava tão feliz que eu me dediquei a fazer tudo com muito amor e carinho para comemorar a chegada da minha filha com os meus amigos. As cinco horas Chris chegou com a Kira e logo depois o Emerson também, meu irmão chegou com os meus pais e trouxe a tiracolo a cascavel, mas eu nem me importei, eu queria que todos conhecessem a minha filha e o quanto eu estava feliz. Eu como uma mãe coruja assumidíssima, comprei dois vestidos amarelos, um para mim e outro para minha Sol. Estávamos iguais. Arrumei o seu cabelo coloquei só um laço também amarelo, deixei seus lindos cachos soltos e passei um gloss na sua boquinha, ela não queria, mas eu a convenci a passar. Chris não gostou da ideia, mas acabou deixando. — Eu sou criança, Estrelinha. E Criança não usa batom! — Não é batom, é um gloss. E só para dar um brilho a mais na sua boquinha. — Ela está certa, gata! Pra que passar isso nela? — Chris, isso é coisa de mulher, e olha, nem ter cor. — Tem gosto de chiclete, Thor. Sorri pra ele que balançou a cabeça em negativo

— Vamos, minhas gatas! Os nossos convidados estão nos esperando. Seus avós estão loucos pra te conhecer, minha gatinha. Chegamos os três de mãos dadas e todos começaram a nos aplaudir, senti uma euforia enorme em ver todas as pessoas que eu amo comemorar a chegada da nossa Sol. A felicidade é tanta que o meu peito parecia que ia explodir. Meus pais foram os primeiros a virem na nossa direção, meu pai trazia um embrulho enorme e entregou ao Chris, e pegou a Sol no colo. — Oi, Sol! Me chamo vó Augusto, e essa mulher aqui é a sua avó Toinha! Estamos muito felizes em conhecer você, nossa netinha! — Eu tenho avós! Estrelinha, Thor! Agora eu tenho avós! Ela os abraça, é quando escutamos a voz do meu maninho safado bem atrás de nós. — E o titio não conta? Sol abre a boca assustada quando ver o seu tio, ela nos olha com os olhos arregalados e depois olha de volta pro César. — Você é meu tio também? — Sim! Seu único tio! Esses outros aí são tudo tios por tabela, eu sou teu tio original! Começo a sorrir, esse meu irmão não tem jeito. — E como um bom tio que sou, já começo estragando a minha sobrinha número um, vem aqui vamos pegar o seu presente. — César leva Sol na direção do seu carro, minha mãe e a sua grande boca entram em ação. — Olha, eu não vou deixar vocês dois estragarem a minha neta, não! — Mamãe! — Clara, você sabe que o seu pai e seu irmão te estragaram demais. — Já vai começar, Toinha? Deixa a gente curtir a nossa Sol! Papai repreendi mamãe, os dois ficam numa pequena discursão, eu e Chris saímos de fininho deixando eles se resolverem e vamos até os nossos amigos. Sol ganhou muitos presentes, ela estava radiante e não parava de correr com a Nanda, as duas estavam suadas. — Clara, vamos bater os parabéns? Daqui a pouco vocês não vão mais aguentar e vão cair durinhas de cansadas. — Vamos, Bia! Chris, chama o pessoal para cantarmos o parabéns. Chris se levantou e chamou todos para se reunir ao redor da mesa. Nos posicionamos os três atrás do bolo, quando Chris foi acender as velas, vimos um carro se aproximar e todo mundo virou na direção do automóvel. — Chris, você convidou mais alguém? — Não que eu me lembre. Assim que a porta se abriu, senti todo o meu sangue drenar para os meus

pés. Puta que pariu! O que esses porras fazem aqui na festa de boas vindas da minha Sol? Isso não vai prestar, não mesmo!

Clara Meus pais sempre me ensinaram que a família é a base de tudo e que sem ela, até podemos ir além, mas infelizmente, na hora de comemorar as suas conquistas, com quem você irá dividir? Hoje, aqui na minha casa com os meus pais e os meus amigos que considero meus irmãos, comemoro um momento que eu sempre evitei viver, por achar que eu não nasci para ser mãe. Bendito dia em que estava num meio de um tiroteio, pois foi nesse fatídico dia em que eu senti pela primeira vez o amor incondicional por uma pessoa, ou melhor, por uma pessoinha, que chegou para trazer luz para todos os dias da minha vida. E eu nunca que irei deixar ninguém pisar na minha Sol. Aaaaah! Não mesmo! Assim que o motorista desceu do carro, eu já sabia quem era. Todos estávamos parados olhando na direção do carro, o motorista abriu a porta e Valquíria desceu do carro como se fosse uma imperatriz, para mim não passava de uma bastarda filha da puta. Pensei que ia sair mais alguém, só que não saiu mais ninguém. A bastarda veio só, eu olhou para todos, e com um sorriso nada simpático, sorrio para eles. O motorista veio com um enorme pacote logo atrás, pelo tamanho só podia ser um urso de pelúcia. Eu respirei fundo e comecei a dizer para mim mesma que eu não iria deixar nada atrapalhar a festa de boas vindas da minha Sol. — Chris, me diz que você não convidou essa bruxa. — Eu não convidei! Eu não esqueci o que os meus tios fizeram com você, gata! — Eu vou logo avisando: se essa mulher fizer alguma gracinha, é hoje

que eu quebro essa cara dela de bruaca! — Calma, não vamos assustar a Sol. O resto do pessoal já sabe como você é, a nossa gatinha não! — Mas hoje ela vai saber quem é a mãe dela! Valquíria se aproxima da mesa, olha e cumprimenta os meus pais com a cabeça, que a ignoram. Assim que ela põe os olhos na Sol, vejo o seu olhar preconceituoso sobe nossa filha. Sol está em cima de um banco, bem no nosso meio, eu seguro uma mãozinha e Chris a outra. Valquíria dá um sorriso forçado. A tensão que rodeia o lugar é palpável, todos estão em silencio, até Vanessa olha para Valquíria com desdém. A cascavel começou a ganhar a minha simpatia! — Boa tarde, Chris, Clara, e...? — Sol! A própria Sol responde, olho para ela, que parece sentir o que passa ao seu redor. Valquíria parece inspecionar tudo. Sem muita gentileza, e sendo até rude, eu falo com a bruaca. — Eu não me lembro de ter te convidado. — Realmente. Eu pensei que vocês tivessem cometido uma garfe, por isso estou aqui, para conhecer a minha neta. — Ela não é a sua neta! Respondo com rispidez. Fá aparece e pega o urso das mãos do motorista, e começa a tentar amenizar o clima que se instalou bem na hora de cantarmos o parabéns. — Oi, dona Valquíria. Vem, vamos cantar o parabéns de boas vindas para a Sol. Valquíria segue Fá. Eu revirei os meus olhos e olho para Chris começa a acender as velas para todos cantamos parabéns, e no final, gritamos o nome da Sol. — Apaga as velas e faz um pedido, gatinha. Sol concorda com a cabeça e fecha os seus olhinhos para depois apaga as velas, todos gritam de euforia. Nós três cortamos a primeira fatia do bolo. — Estrelinha, eu posso escolher para quem eu dou o primeiro pedaço? — Claro! Para quem você quiser! Chris deu o pratinho com a fatia do bolo para ela e segurando-o com as suas duas mãozinhas, ela olha para todos que estão ao nosso redor, e sem falar nada, se vira na direção de Chris e estende para entregar o bolo para ele. Eu começo a sorrir, a cena é linda de se ver. Chris pega o bolo, e com um sorriso de bobo nos lábios a abraça, Sol olha pra mim e segura a minha mão e coloca no

braço do Chris. — O bolo é para vocês dois, Estrelinha. Agora você pode me dar um pedaço. Eu não consigo segurar uma lágrima danada que rola pelo meu rosto, abro um enorme sorriso para ela e concordo com cabeça. Eu tinha até me esquecido de todos que estavam ali presentes, até ver o flashes das câmeras em cima de nós. — Eu não poderia deixar de registrar esse momento, porque eu nunca vi essa mulher chorar! Fernando grita e todos começam a rir, olho para as minhas amigas e todas estão limpando os cantos dos olhos, vejo Vanessa se afastar e o meu irmão indo atrás dela. — Parabéns, minha filha! Eu estou tão orgulhosa de você! — Obrigada, mãe! Nos abraçamos, meu pai vem em seguida e beija a minha testa. — Eu te amo, filha! Eu sempre soube que você seria uma ótima mãe. — Pai! O senhor não vale, sempre ficou ao meu lado em tudo, então é suspeito para falar. — Eu sou teu pai, se eu não puder estar ao seu lado o tempo todo, que tipo de pai eu seria? Começamos a sorrir, ele me abraça e me beija mais uma vez. Todos veem nos dar o parabéns e as boas vindas a Sol. Estava tudo tão agradável que eu até me esqueci da bruxa da Valquíria. Ela se sentou numa mesa e de longe nos olhava. — Chris, é melhor você ir falar com a sua tia. — Você vem? — Eu não! A tia é sua! Chris sorri e balança a cabeça, me dar um beijo na testa e vai na direção da sua tia. — Clara, está tudo bem, amiga? — Sim, Bia! Só não está melhor por conta dessa bruxa. Como será que ela soube da festa? — Eu acho — Kira chega falando com a boca cheia de brigadeiro — que foi o tio do Chris, pois lá no escritório, o Chris não parava de falar da filha, sabe como ele é... — Babão! Falamos as três juntas e caímos na risada, Bia me olha sorrindo e pergunta: — E o casamento, o que vocês decidiram?

— Decidimos em casar no mês que vem. Chris já falou com o padre, está tudo certo. O mesmo pessoal que fez os preparativos do seu casamento e do Fernando, vão fazer o nosso. O meu vestido está pronto, agora eu vou providenciar o da Sol, vai ser igual o da Nanda, só que amarelo. — Amarelo? Bia me pergunta com a testa enrugada, Kira não para de comer os brigadeiros, acho que na Irlanda e nem no Canadá não tem brigadeiros. — Sim, amarelo! Pois as rosas amarelas são as minhas favoritas e amarelo é a cor do sol, logo é a minha cor também preferida. — Achei lindo! Faz todo o sentido. Kira responde com a boca cheia de doces, Bia olha pra ela e balança a cabeça. — Manera nesses doces, porque senão depois vai te dar uma enorme dor de barriga. Tudo está indo muito bem até que eu olho ao redor e não encontro Sol e nem a bruaca da Valquíria. Penso que ela foi embora. Começo a procurar pela Sol por todo canto e não a vejo, até que eu vejo o carro da Valquíria. Puta que pariu! Entro dentro da casa com o coração apertado com medo dessa mulher despejar toda as suas frustrações na minha filha, eu vou direto para o quarto da Sol e a porta está entreaberta. Enxergo Sol abraçada com o urso enorme que ela ganhou da bruxa, fico a observando pela fresta, quando eu viro de costas para sair escuto a voz de quem eu menos esperava está com ela no quarto. — Então você gosta dos seus novos pais? — Ah sim! Eles são muito legais comigo. — E o que você está achando dessa casa? — É legal! Eu tenho um quarto só para mim, e sem contar que eu gostei muito dos gatinhos. Eu chego mais perto da porta, e sem interromper, continuo a escutar a conversa das duas. Quero ver até onde vai esse diálogo. — O que você me diz de passar um dia na minha casa? Sol não fala nada, olho bem para o seu rostinho, ela parece está com duvida. — Eu não sei. — Você não sabe? Por quê? — Porque eu não te conheço. Meus pais sempre me disseram para não falar com estranhos. — Mas eu não sou estranha, eu sou sua avó. Sol faz uma cara de espanto, ela não acredita no que ouve.

— Minha avó? — Sim, e você tem mais um avô. Você sabia? Agora sou eu que não estou entendendo nada. O que essa mulher está pensando? Primeiro não me quer casada com o seu sobrinho, e ainda diz que não quer "netos" adotados por que são bastardos, e agora quer vir aqui e dizer para a minha filha que ela é neta dela e daquele outro. Aaaah! Vai se catar, sua bruxa! Eu entro no quarto interrompendo a conversa, Valquíria se assusta quando me ver, Sol corre para mim me chamando. — Estrelinha! É verdade que eu tenho mais um avô e uma avó? Eu dou um olhar mortal para Valquíria que me olha de volta sem temer no que eu possa fazer ou falar. Meninas, eu juro pra vocês que a minha vontade era de dizer: "— Não, Sol, essa bruxa não é nada para você!" Mas pela primeira vez controlei o meu ímpeto, ao ver nos olhinhos dela, a alegria em saber que tem mais avós, que ela não é mais só, pois antes a família dela se resumia a ela, o pai e a mãe. — Sim, você tem! — E eu posso passar dia na casa deles? Olho para Valquíria que me sorri timidamente, mas eu não retribuo o seu sorriso, me abaixo e mexo no seus cachos e digo: — Vamos com calma, mocinha! Primeiro temos que falar com o seu pai Thor e depois vamos ver, tá bom? Ela concorda com a cabeça, me abraça e depois vai até a Valquíria e diz: — Posso te chamar de vovó? Valquíria abre um sorriso e toca nos cabelos da Sol — Claro que pode! Para mim vai ser uma honra, Sol. Sol a abraça e Valquíria retribui o gesto. Minha filha a solta e passa por mim correndo chamando pelo Chris. — Thoooor! Assim que ela sai, Valquíria se levanta ajeitando o seu vestido e meio sem graça começa a falar: — Clara, eu devo desculpas a você. Eu não sei o que... — Realmente você não sabe nada, Valquíria! Agradeça a Sol, se dependesse de mim, ela não iria nem chegar perto de vocês. — Bem, eu sei que mereço a sua hostilidade. Ela passa por mim, e eu dou língua pelas costas dela, assim que ela chega na porta ela se vira e diz: — Obrigada por permitir que ela nos chame de avós. — ela me dá um

sorriso sem mostrar os dentes — Ela é linda, Clara! — Eu sei! Puxou a mim! Valquíria agora sorri mostrando os dentes e concorda com a cabeça e vai embora. Chris Quando a festa acabou e todos foram embora, já chegava às onze horas da noite. Eu estava destruído terminando de lavar as louças, enquanto Clara põe Sol na cama, a danadinha não se rendeu fácil. Assim que termino de lavar todas as louças, Clara sai do quarto e vem na minha direção, me abraça pela cintura e beija as minhas costas. Me viro de frente para ela e a suspendo colocando-a sentada em cima do balcão. Ela passa as suas pernas ao meu redor e os seus braços no meu pescoço, as minhas mão começam a correr pelo seu corpo, apertando-o todo. — Chris, eu já disse que te amo hoje? — Não! Mas já está liberada para dizer, gata. — Eu te amo! E... eu não sei mais viver sem você. Quando todos os dias eu acordo, e me deparo com você ao meu lado, meu coração se enche de alegria em saber que você me escolheu para ser a sua companheira, amiga, amante e a sua gata selvagem. Eu te amo por vários motivos. E eu te amo mais ainda porque você me ama do jeito que eu sou. A minha respiração começa a vacilar, meu coração está batendo acelerado demais, e os meus olhos começam a marejar. Engulo em seco e mordo os meus lábios. Sou macho, caralho! Como vou chorar na frente da minha gata? — Você é e sempre será o meu eterno amor, Chris! — Gata, você me pegou. Estou sem palavras. — Só me diz que eu sou e sempre serei a sua gata. — Você é e sempre será a minha gata... Selvagem Começamos a rir e depois do nosso riso ficamos alguns minutos nos olhando, as suas mãos acariciavam a minha barba, nos perdemos em nós mesmo e somos interrompidos por risinhos, quando nos viramos Sol está parada nos olhando com as mãozinhas na boca, eu vou até ela e a coloco no colo da Clara. — O que aconteceu que você acordou, gatinha? Ela olha pra mim e depois para Clara e meio sem jeito começa a falar: — É que as vezes eu tenho pesadelos. Eu e Clara nos olhamos e voltamos a nossa atenção a ela que parecia sentir um certo receio ou medo, não sei bem direito.

— E o que você acha de dormi com a Estrelinha e o Thor? Ela arregala os olhos e abre um sorrisão, onde eu vejo a minha gata se derreter todinha. Clara aperta ela no seu colo. — Eu posso mesmo, Thor? — Claro que sim, não é, Estrelinha? — Com certeza! Clara Chris nos desce do balcão e vamos os três pra cama e quando deitamos. Sol me dá um beijinho de boa noite, mas acredite, ela agarra o Thor e dorme com ele abraçada. E eu fico igual uma boba olhando a cena de pai e filha dormindo agarradinhos.

Clara A nossa rotina mudou completamente, e olha que a Sol não é um bebê, mas ter uma criança em casa, sempre muda a nossa vida. E nós estávamos muito felizes com a nossa nova rotina. Saímos os três juntos pela manhã. Chris a deixava na escola e eu a pegava. Ela começou a fazer balé comigo todas as tardes, Sol virou a nossa mascote no estúdio. Os dias voaram e todos os dias nós aprendíamos alguma coisa com a Sol, e ela com a gente. Tinha noite que ela dormia no seu quartinho, e outras em que ela dormia na nossa cama, e eu confesso que eu amava dividir o Chris com ela. Sim, a danadinha dormia abraçada com ele, e eu? Eu encostava os meus pés no pé dele e dormia muito feliz. Estou arrumando as minhas coisas para sair para pegar Sol na escola, quando a porta do estúdio abre e Josepha entra. — Clara! — Josepha. Como vai? — Estou muito bem, e você com a sua filha? — Estamos muito bem! Inclusive, estou de saída, vou pegar ela na escola. — Estou tão feliz por você. — E eu nem sequer poderia imaginar que em poucos meses a minha vida mudaria tanto, e para melhor. —Sim. Vocês casam no domingo mesmo? —Sim, pela manhã. Josepha, quero você e Giusepe presentes. É uma cerimônia simples, só para os familiares e meus amigos. — Não se preocupe, nós vamos! E você já decidiu sobre a escola de balé?

Coloco a minha bolsa no ombro respiro fundo, me aproximo de Josepha e seguro sua mão. — Sim, vou ficar com ela. Já tenho um projeto para ela e obrigada por me oferecer primeiro. Josepha me abraça forte. — Você sempre foi uma aluna muito dedicada. Eu não entendo até hoje o porquê você não seguiu a carreira de dançarina, Clara. — Pois é, meu irmão me faz a mesma pergunta. Bem, mas agora eu tenho que ir, não quero deixar Sol esperando. O advogado do meu irmão vai entrar em contato com você. E, mais uma vez, obrigada por tudo, Josepha. Dou mais um abraço nela e um beijo de despedida e saio correndo para a escola da Sol. Hoje vamos almoçar com os meus pais e o meu irmão na cobertura dele. Em quinze minutos eu chego na escola da Sol e vejo alguns pais saindo com os seus filhos. Estaciono e pego a minha bolsa, apresento a carteirinha dela na portaria e entro. Assim que coloco os pés dentro da sua sala, Sol pega a sua mochila e lancheira e vem correndo ao meu encontro. — Sol! — abaixo para receber o seu abraço — Me desculpa a demora, meu amor! — Você não demorou! — Tudo bem! Vamos, que os seus avós e o seu tio estão nos esperando. Coloco Sol sentada na sua cadeirinha, passo o cinto de segurança nela e partimos para Copacabana. Assim que estaciono o carro, dou a volta e tiro Sol da cadeirinha e vamos para o elevador. A porta do elevador se abre e César está sentado no sofá conversando com o meu pai. Sol sai correndo gritando desesperadamente pelo tio dela. — Tioooooo! — Minha Sol! — Meu irmão se levanta e apega no colo e começa a rodar com ela — Por que você demorou para vir me ver? Sabia que eu chorei de saudades? Eu começo a rir e balanço a minha cabeça em negativo. Caminho até o meu pai, o abraço e dou dois beijos nele. — Sério, tio? Mas não precisa ficar mais triste, eu estou aqui! — E o seu velho avó não conta? Só lembra desse seu tio feio? — Vovô! — Sol estica os braços para o meu pai que a pega do colo do meu irmão — O titio não é feio, não! — Tá vendo? Até a minha sobrinha sabe disso! — Você nem é convencido, maninho. Ele me agarra e me dá dois beijos em cada bochecha.

— Maninha, eu sou lindo! E você sempre me disse que sou. — Sim, você é lindo demais! — A minha netinha chega e ninguém vai me chamar, né? — As vezes eu acho que não faço parte dessa família. Vocês são muito dramáticos! Falo sorrindo com tanto drama que acabei de ouvir. — Vovó! Sol já trocou de colo pela terceira vez. Minha mãe faz uma força enorme para segurá-la no colo e a enche de beijos. — A vovó preparou um bife com arroz e feijão, e... — Batata fritas! Sol comemora com os bracinhos levantados. Vamos todos para a cozinha, sentamos ao redor da mesa e fazemos uma refeição cheia de conversas paralelas, entre risos e implicâncias, mas o centro de atenção é a Sol. Meus pais e o meu irmão a mimam o máximo que podem. Depois do almoço ajudo a minha mãe a limpar a cozinha e assim que chegamos na sala, vejo o meu pai lendo jornal e tomando o seu café. — Pai, cadê a Sol? — Eles estão na sala de jogos. Fui até a sala e vi os dois jogando Super Mário Bros. Me encostei na porta e fiquei observando o meu irmão ensinar Sol a jogar. César sempre foi assim, só tenho lembranças maravilhosas dele, não sei por que ele não quer ter a sua própria família, tenho certeza que ele vai ser um paizão. — Eu não quero acabar com a festinha, mas precisamos ir. — Poxa, Estrelinha, está tão divertido jogar o Mário! — Deixa ela aqui, maninha. Mais tarde eu a deixo em casa pra você. Vou até ela que não tira os olhos da TV — Você quer ficar, Sol? Tudo bem para você? — Eu quero ficar com o meu tio e os meus avós! — Tá bom, seu tio vai deixar você mais tarde em casa. César, ela tem dever e precisa fazer. — Deixa comigo, "mamãe"! César fala com deboche e Sol sorri, eu balanço a cabeça, e sem querer atrapalhar o seu jogo, me viro de costas para sair quando escuto Sol me chamar. — Estrelinha! Paro na porta e me viro pra ela, Sol vem correndo na minha direção e agarra as minhas pernas, eu me abaixo e ou uns beijos nela. — Você ia embora sem o meu beijo, Estrelinha! — Eu não queria atrapalhar o seu jogo.

Sol me beija e volta a jogar, meu irmão pisca para mim e solta um beijo no ar, eu retribuo o gesto e saio. Meus pais estão na sala, me disperso deles e vou para a garagem. Assim que chego no local, aciono o alarme do meu carro e antes que eu entre nele, sinto algo de metal encostar na minha costa. — Hoje você me paga o velho e o novo, sua putinha! Eu fecho os meus olhos, sinto um frio enorme percorrer o meu espinhaço. Penso em reagir, porém duas pessoas muito importantes veem a minha mente, e só por elas eu não reajo. — Olha, vamos conversar. Nós podemos resolver tudo conversando. Ele grita perto do meu ouvido me cuspindo toda, força mais ainda o metal nas minhas costas, e o cheiro forte de bebida que emana dele me dá ânsia de vômito. — Cala a sua boca, sua vadia! Se não eu acabo com a sua vida perfeitinha aqui mesmo! Eu resolvo não retrucar, ele está muito alterado e bêbado, tenho medo do que ele pode fazer. — Tudo bem. O que você quer? Ele empurra o cano da arma com mais força na minha costela e começa a me machucar. — Eu vou acabar com você, é tudo o que eu quero! E antes que eu pense em abrir a minha boca, sinto algo golpear a minha cabeça e eu não vejo e não escuto mais nada. Tudo fica escuro. Chris Assim que saio da sala do meu tio depois de uma reunião cansativa, dou de cara com a Vanessa, Kira e o professor. — Chris, nós vamos almoçar aqui perto. Você não quer vir conosco? Kira me faz o convite, mas eu não sei se quero ir, tenho muito trabalho para fazer e não estou afim de deixar acumular. — Acho melhor não. Eu tenho muito trabalho, não quero deixar acumular. — Vamos, cara! Não vamos demorar. — Valeu! Mas vou antecipar o meu trabalho. Kira, você pode pedir um almoço para mim, por favor? — Sim, Chris. O que vai querer? — Eu te envio por mensagem. Vou direto para a minha nova sala, sento na minha cadeira e mando a

mensagem para Kira do que eu vou querer para comer. Assim que estico as minhas pernas em cima da minha mesa, a porta do minha sala se abre e o meu tio entra. — Christian, podemos conversar? Sem me incomodar com sua presença, aponto a cadeira em frente a minha mesa e o meu tio se senta olhando para as minhas pernas apoiadas em cima da mesa. Se ele pensa que eu vou tirar as minhas pernas daqui, ele está muito enganado. — O que o senhor quer falar comigo? — Bem, sua tia pediu para convidar vocês para um lanche amanhã na nossa casa. Fico por alguns minutos parado só observando o meu tio. Ele não é um homem mau ou ruim, na verdade, eu não me lembro dele querer me obrigar a nada e desde que os meus pais morreram, ele sempre esteve ao meu lado e foi o meu suporte em tudo. — Christian, meu filho, nós te devemos desculpas sobre aquela infeliz noite na minha casa. — Vocês devem mesmo. Vocês magoaram muito a minha esposa, e é a ela que vocês devem pedir desculpas. Eu tiro as minhas pernas de cima da mesa e me levanto, vou até o barzinho e me sirvo de uma dose de uísque e ofereço ao meu tio que diz sim com a cabeça. — Meu filho, nós te amamos e nos precipitamos em achar que... — Tio, eu amo muito a minha mulher, e mesmo que ela quisesse ter os nossos próprios filhos saindo de dentro dela, nós iriamos tentar até o dia em que ela concebesse um. — eu tomo uma dose da minha bebida e volto a falar— Mas Deus nos deu uma linda filha, na qual eu a amo como se tivesse sido gerada no ventre da minha mulher. E o senhor quer um conselho? — aponto para o meu tio com o copo de bebida — Faça o mesmo! Meu tio ergue as sobrancelhas, acho que ele não esperava eu lhe aconselhar a adotar uma criança. — Christian, não tenho mais idade. — Não se tem idade para ser pai e nem para recomeçar uma família. Ficamos em silêncio nos olhando, meu tio levantou e veio na minha direção e me abraçou, eu retribui o abraço. — Eu te amo, meu filho! — Eu também! Mas nunca mais me peça para deixar a minha mulher. — Não vou. Me perdoe por isso! — Está tudo bem, tio!

— Vocês vão amanhã? — Vou falar com a Clara e lhe dou a resposta. Meu tio concorda com a cabeça e se vai. Assim que o meu tio saiu, o meu almoço chegou e eu sentei e enquanto comia, analisava os meus projetos. Termino o meu almoço e vou ao banheiro tirar água do meu joelho, lavo as minhas mãos e jogo uma água no meu rosto, e de repente sinto um calafrio, e um frio subir pelo meu espinhaço. Meu coração fica tão apertado que chega a doer. Um medo enorme toma conta de mim, e eu corro para a minha mesa atrás do meu celular e não o acho. — Pensa, Thor! Pensa! Falo pra mim mesmo e eu lembro que o coloquei no bolso interno do meu paletó, corro para o banheiro e tiro o meu celular do bolso e começo a ligar para o celular da Clara. Chama até cair na caixa postal, ligo de novo e cai na caixa postal. Na terceira vez não chama mais, já vai direto para caixa postal. — Puta que pariu! Calma, Christian! Calma! Não é nada! Não é nada! Eu tento me acalmar, mas a porra dos meus sentidos não deixam, eu sei e pressinto que algo muito ruim vai acontecer com a Clara. — Sol! Ela foi pegar a Sol na escola e ia almoçar na casa do seu irmão. Na mesma hora eu ligo para o celular de César e ele atende no segundo toque. — Fala, cunha! — A Clara ainda está por aí? — Ela saiu daqui acho que tem uns cinco minutos, já tentou falar com ela? — Já, o celular dela só dá na caixa postal. Escuto uma vozinha de fundo e reconheço na mesma hora a voz da minha gatinha. — Tio, vem logo jogar essa partida comigo! — Chris, vai ver ela está dirigindo, deixa ela chegar no estúdio, tenho certeza que quando ela ver as suas ligações vai retorná-las. — Cara, ela não vai chegar no estúdio. Eu sei que não vai! — Porra! Você me assustou agora! Não fala merda, caralho! — César, no dia em que eu perdi os meus pais, eu senti a mesma coisa que eu estou sentindo agora. — Caralho! Eu vou até o estúdio. Vou deixar Sol aqui com os meus pais. — Te encontro lá. Pego o meu paletó e as chaves da minha caminhonete e saio correndo igual um louco para a escola de ballet. Estou tão nervoso e um medo enorme

toma conta de mim, que em todo o meu trajeto eu tento não pensar no pior, mas o dia em que perdi os meus pais não sai da minha mente. Assim que chego em frente ao estúdio e não vejo o carro dela, sinto o medo me consumir a cada passada que dou até entrar e dar de cara com Eduardo com o celular na mão. — Oi, Chris. Estava ligando para a Clarinha, mas o celular dela só dá desligado. Você sabe o motivo? Fecho os meus olhos e respiro fundo e balanço a cabeça — Aconteceu alguma coisa com ela? César entra na hora e olha de mim para o Eduardo — Ela não está aqui! — PORRA! César xinga, Eduardo sem entender coloca a mão na cintura e fala grosso com a gente — Vocês podem me dizer o que está acontecendo aqui? — A Clara saiu do meu apartamento para vir pra cá tem mais de meia hora. — Sim, mas ela pode ter parado em algum lugar, sei lá. Vocês dois estão me deixando aflita! Quero dizer, aflito! — Ela se atrasa para dar aulas Eduardo? —Não, Chris, ela nunca atrasou! — Então, César, e agora? — Vamos para casa e esperar um pouco, não adianta ir na delegacia, eles não vão atrás dela, só depois de vinte quatro horas. — Porra, cara! Eu não quero ficar de braços cruzados enquanto a minha mulher está por aí, sabe Deus onde! — Não temos muito o que fazer. Eduardo, se ela aparecer por aqui, nos ligue, por favor! — Pode deixar! E se ela aparecer, por favor, liguem pra mim também. Concordamos com a cabeça e fomos para a cobertura do César. Assim que entro no apartamento, Sol vem correndo para os meus braços gritando o meu nome. — Thor! — Oi, minha gatinha! Clara Sinto a minha cabeça doer, mas não consigo mexer os meus braços. Abro os meus olhos bem devagarinho e não reconheço o lugar onde estou. Estou

sentada e algemada em cima de uma cama, minhas pernas estão livres, mas as minhas mãos estão algemada na cabeceira da cama, eu puxo e sinto beliscar os meus pulsos. No meu desespero começo a gritar por socorro. — Socorro! Socorro! Socorro! A porta se abre e o traste do Renato entra com um chicote em mãos, quando olho para a sua cara, vejo os seus olhos vermelhos e ele não está nada amigável. Sorri para mim, mas o seu sorriso é diabólico. — Acordou, bela putinha? Nós temos muito o que conversar! Renato bate com o chicote no colchão, e eu encolhi as minhas pernas. Sinto um frio enorme na minha barriga, nunca senti tanto medo na minha vida, como estou sentindo nesse exato momento, pois algo dentro de mim me diz que eu nunca mais verei o meu marido e a minha filha. — Agora nós vamos brincar, Clara.



Chris Meu pior pesadelo estava se cumprindo, algo dentro de mim me dizia que se eu ficasse parado, eu e a Sol nunca mais iríamos ver a nossa Estrelinha. Olho para tudo ao redor e passo a mão na minha cabeça. César sumiu lá pra dentro com o seu pai, Sol continua brincando na sala dos jogos e eu estou inquieto na sala, não consigo ficar parado então eu resolvo sair igual um louco atrás dela pela cidade. Pego o elevador e desço para a garagem, assim que a porta se abre vou caminhando para a minha caminhonete, abro a porta quando eu entro e a ligo. Começo a dá a ré, é quando vejo pelo retrovisor uma câmera de segurança. — Puta que pariu! É isso! Puxo o meu celular do meu bolso e ligo para o César que atende no primeiro toque. — Onde você foi, seu porra? — César, tem como você puxar as imagens das câmeras de segurança? — Sim! Sobe que tem uma sala aqui só de vigilância. — Já estou subindo! —Ok! Quando a fita começou a rodar, vimos um homem parado por alguns minutos, de repente ele se esconde atrás de uma coluna próximo do carro da Clara. — Esse cara não me parece estranho. César fala e se afasta um pouco e chama um dos seguranças para um canto. Eu não tiro os olhos das imagens, ele não para de olhar para a direção do elevador, até que eu vejo a minha mulher se aproximar do carro. — A minha filha! — Sim, é ela mesmo.

Meu coração começa a bater como um louco, sinto a minha respiração alterar, minhas mãos suarem. A luz do seu carro acende, ela não percebe que está sendo seguida, quando eu vejo aquele maldito sacar a arma e pressionar nas suas costas, meu corpo todo fica tenso, meu punhos se fecham e uma ira que eu nem sabia que existia dentro de mim toma conta de todo o meu ser. — Filho da puta desgraçado! Eu mato esse desgraçado! Falo entre os dentes. Assisto toda a cena e me sinto um inútil, uma sensação de impotência toma conta de mim, começo a me culpar, e um desespero toma conta de mim quando ele bate na cabeça dela e a coloca dentro do carro e vai embora com ela. — Mandei rastrear o carro dela. Vamos, Chris, eu já liguei para o Washington, ele vai enviar reforço para nos ajudar. Sigo César até o seu escritório, ele abre cofre e o vejo pegar alguns dólares e colocar nos bolsos de seu terno, também vejo uma pistola. — Para que você está levando dinheiro? — Nunca se sabe, cunhado! Sabe usar uma arma? — Não, sou contra o armamento. — Pois deveria. Nunca se sabe quando você vai precisar de uma. — Você tem porte? —Claro! Sou um homem que gosta das coisas certinhas, mas — ele fala enquanto pega a arma e coloca na cintura — não mexa com a minha família que eu viro o próprio capeta. Esse filho da puta não vai ficar vivo para contar história. Eu sempre fui um cara de paz, sou contra todo tipo de violência, mas naquele momento, se aquele desgraçado tivesse bem na minha frente, eu o matava com as minhas próprias mãos. — Thor, você vai embora? Sol entra no escritório bem na hora que estamos de saída. — Eu preciso resolver um assunto muito urgente com o teu tio, mas logo o papai Thor vai estar de volta com a sua mamãe, Estrelinha. — Tá bom! Sol me abraça com força, depois beija o meu rosto e sai correndo chamando a avó dela pelo corredor. — Vamos, cunhado, cada segundo é precioso. Saímos só nós dois seguindo o GPS que o meu cunhado implantou no carro da minha gata sem ela saber pelo o seu celular. — Desde quando tem um GPS no carro dela? — Meu cunhado, ter controle de tudo que possuímos e amamos nunca é demais, coloca logo isso na sua cabeça. Mandei colocar assim que ela escolheu,

e o nome disso é zelo! — Se eu soubesse disso há uma hora eu chamaria de invasão de privacidade, agora eu chamo de cuidar de quem se ama. César sorrir com o canto da boca, ele coloca um cigarro na sua boca e o acende, e seguimos em silêncio o nosso trajeto. César olhava atentamente para onde íamos e o GPS nos levou para uma casa um pouco afastadas das outras, mas aparentava ser uma casa bonita, nada que uma reforma não a deixasse bonita. — Puta que pariu! Como eu suspeitei. — O quê? — Essa é a casa do Renato, o carro dela deve estar lá dentro, pois o GPS marca aqui. Meu sangue ferve ao escutar o nome desse maldito Renato. — Porra, César, por que você não me disse que era esse estrume? — Porque eu não tinha certeza, ele está muito diferente naquelas imagens. Sem perder tempo eu abro a porta do carro e saio em disparada para a casa. — Ei, caralho! Espera o reforço! — Vou esperar nada! É a minha mulher que está nas mãos desse psicopata! — E é a minha irmãzinha, caralho! Você acha que eu quero que alguma coisa aconteça com ela? Eu dou a vida pela minha família se for preciso! Eu sei que o meu cunhado falou a verdade, mas eu não consigo ficar mais um minuto esperando. Ele liga para não sei quem e começa a falar do que se trata. Estou inquieto, sinto o meu coração ficar apertado, parece que tem alguém moendo ele. — Droga! Assim que ele vira de costas eu vou na direção do muro, escalo o mais rápido que posso e pulo para dentro da casa. — Puta que pariu, Chris! Eu começo a correr na direção da casa, se o meu cunhado tem um plano, ele que coloque em ação o plano dele, porque o meu eu já coloquei. Eu vou acabar com a raça daquele desgraçado do Renato. Clara Renato passava o chicote pelo meu corpo, minhas pernas estavam marcadas de tanto que ele me bateu, eu segurava as lágrimas para que elas não

caíssem, mas a cada chicotada, ficava mais difícil segurar, porém mesmo assim eu estava engolindo o choro. Perdi as contas de quanto ele me bateu. Ele parecia cansado, e com um sorriso maléfico, saiu do quarto. Eu olhei tudo ao redor, tentando reconhecer o lugar, mas eu não sabia onde estava. O quarto era pequeno e só tinha um móvel a cama que eu estava, eu encolhi as minhas pernas que estavam vermelhas, pareciam está em carne viva. — Sabe, Clara? Ele gritava do outro lado da porta que estava entreaberta. — Eu te perdoei! Mas você como sempre, me humilhou mais uma vez. Você vai pagar com a sua própria vida, por todas as humilhações que me fez passar. —Você só pode estar louco! Eu te perdoei, Renato! Lembra? Eu grito pra ele de dentro do quarto pra ele me ouvir — Eu não fiz nada, caralho! Ele entra de uma vez no quarto, a porta bate com tudo na parede, eu o olho assustada. Renato ainda está com o chicote não, mas dessa vez ele voltou armado, o revolver está na sua cintura, percebo que o seu nariz está sujo de pó. Eu fecho os meus olhos e sinto que ele não veio para conversar, mas sim para colocar um fim na minha vida, então eu resolvo calar a minha boca e começo a pedir a Deus misericórdia pela minha vida. Fecho os meus olhos e a imagem do meu Thor e da minha Sol invadem os meus pensamentos, as lágrimas que tanto segurei escorrem pelo meu rosto livremente. — Eu pedi, Clarinha. Eu pedi com a maior humildade para você retirar a queixa, mas você não fez! Sua vadia mimada dos infernos! E eu perdi a minha chance de refazer a minha vida! Eu não me deixo levar pelas suas palavras, eu começo a suplicar pela minha vida em meus pensamentos. Deus, permita que eu viva! Eu não quero morrer sem ver o meu Thor e a minha Sol, por favor, Deus! — Olhe para mim, sua cadela desgraçada! E ele chicoteia as minhas pernas mais uma vez, eu abro os meus olhos, o chicote parece dilacerar a minha pele, e ele sorri ao ver as minhas lágrimas. — Mas olha, a filha da puta durona está chorando? Mas que prazer enorme você me deu agora. Clara Beatriz Monteiro, a mulher que nunca chora, está aqui na minha frente se desmanchando em lágrimas. Renato começa a rir histericamente de mim, eu não me importo que ele ria de mim, eu só queria era sair dali. Porém, cada vez que eu puxava os meus

braços, mas as algemas me machucavam e as minhas pernas ardiam demais. — Chega dessa palhaçada! Ele sobe em cima da cama e vem pra cima de mim, colocando o seu peso em cima das minhas pernas. Eu começo a ficar muito aflita quando sinto suas mãos tocarem os meus seios. Meu peito sobe e desce, meus olhos faltam saltar do meu rosto. — Renato, o que você pensa que vai fazer? — Eu vou fazer o que você queria quando invadiu a minha casa e me pegou com a sua amiguinha Suzana. — Você não quer fazer isso! Você me odeia, lembra? — Eu te odeio com todas as minhas forças, mas isso não quer dizer que eu não te deseje mais. Eu tento mexer as minhas pernas mas é impossível com ele sentado em cima delas, viro o meu rosto pro lado, não quero ver nada, fecho os meus olhos e sinto todo o meu corpo se retesar, o seu toque me causa asco. — Sabia que eu e Suzana transamos em cima da sua cama? — ele segura o meu queixo com força, me obrigando a olhar pra ele — Transamos muitas vezes, e depois riamos dessa sua cara. — Vocês são dois porcos! Eu cuspo na sua cara, ele dá uma gargalhada virando a sua cabeça para trás, depois limpa o cuspe. — Agora você vai beijar o porco aqui. — Prefiro morrer! —Você vai morrer, mas antes nós vamos ter a nossa noite de amor, Clara. Renato vira o meu rosto pro lado e começa a lamber o meu pescoço, eu tento me debater, mas é impossível, a sua língua passeia no meu pescoço e depois sobe e vai até a minha orelha. Eu fecho os meus olhos e mordo os meus lábios, o desespero começa a tomar conta de mim, até que ele vira o meu rosto pro outro lado e repete o mesmo gesto, é quando eu vejo uma sombra se aproximar da porta que está aberta. Antes que eu veja quem é, Renato vira o meu rosto de frente para ele segurando com muita força o meu queixo eu fecho os meus olhos, pois só de pensar naquela boca imunda na minha, sinto que vou morrer antes dele mesmo me matar. — Me beija, sua vadia! Antes que ele encoste a sua boca na minha, alguém o arranca de cima de mim, e quando eu escuto a voz do meu marido, uma mistura de alívio com desespero toma conta de mim. — Seu desgraçado filho da puta!

Chris o joga no chão, montando em cima dele. Chris o soca com tanto ódio que chega a me assustar. — Chris, ele está armado! Tira a arma da cintura dele! Chris parece não me ouvir, eu grito e grito mais, porém ele não me ouve, está cego e surdo de raiva. — Chris, para! Me tira daqui, por favor! Nesse momento Chris parece que me ouviu, solta Renato e vem na minha direção, me abraça e me enche de beijos. — Você está bem? — Sim, sim! Eu pensei que nunca mais ia te ver. Minhas lágrimas voltam a cair e vejo nos olhos do meu marido o alívio em me encontrar com vida, o mesmo alívio que eu senti ao ver ele. — Que casal lindo! Até me comoveram com tanto amor — Renato estava em pé com a arma apontada para nós — Vou aproveitar e matar o casalzinho. Comecei a balançar a minha cabeça em negativo, a cara do Renato estava lavada de sangue. — Se afasta dela! AGORA! Chris não se moveu, e se colocou na minha frente — Renato, deixa o Chris ir... — Gata, não! Eu não saio daqui sem você! — Oh! Mais é muito amor! Estou tão comovido. Sabe, Clara, vou deixar você viver, — ele sorria com os seus dentes manchados de sangue — e todas as noites quando você for dormi, você vai se lembrar do dia de hoje. — ele fala e vem andando pra perto de mim, fazendo gesto com a arma apontada para o Chris se afastar — O dia em que eu matei o seu maridinho por sua culpa. Renato aponta a arma para mim e depois para o Chris, ele fica reversando entre nós dois. Chris dá um passo na sua direção e ele atira na minha direção. — Fica aí, grandão! Eu mato ela e depois mato você! — Deixa ela ir, e você pode fazer o que quiser comigo! —Você é patético! Quer saber? Eu vou matar os dois, já chega dessa ladainha. Vamos tirar na sorte. A mamãe mandou eu atirar nesse daqui, — ele aponta a arma pra mim e para o Chris, enquanto tira a sorte — mas como eu sou teimoso... BANG! Eu vejo Renato desabar lentamente no chão, por trás dele eu vejo o meu irmão com a arma em punhos olhando para o traste do Renato morto com os olhos abertos. — Eu escolho você!

César completou a frase. Chris me agarra e me cobre com o seu grande corpo, ele segura o meu rosto e olhando nos meus olhos pergunta: —Você está bem? —Sim, agora estou! — Onde esse desgraçado colocou as chaves das algemas? César pergunta enquanto procura as chaves, ele olha dentro do bolso da calça do traste e acha a chave. — Pega aí, cunhado. E leva a minha irmã daqui. — César entrega a chave das algemas para o Chris que me solta — Tem um dos meus seguranças lá embaixo, está só esperando por vocês. — O que você vai dizer para a polícia, César? — Deixa que disso cuido eu, cunhado. Agora vai cuidar da minha maninha. — César me dar um abraço longo e apertado e depois me beija — Te amo, gostosa! — Também te amo, meu gostoso! Chris me colocou no seu colo e saímos da casa, o segurança estava nos aguardando e nos levou direto para o meu apartamento. — Vem, eu vou cuidar de você! Chris me deixa sentada em cima da cama e vai para o banheiro, escuto o baralho da água cair, do jeito que ele me deixou eu fiquei, não me mexi. Chris sai do banheiro só de box, ele para na minha frente e começa a tirar a minha roupa, quando ele tira a minha saia longa e ver as marcas das chicotadas que eu levei, Chris fecha os olhos e respira fundo, quando abre os olhos ele tenta tocar, mas eu não deixo, ele me olha e eu começo a chorar. Meu marido se ajoelha e me abraça com tanto amor, que eu simplesmente choro até soluçar, quando não cai mais nenhuma lágrima, ele me carrega no colo e me coloca dentro da banheira e depois entra comigo, e assim ficamos por alguns minutos na banheira. Chris me lavou todinha, sem pressa e com muita paciência. Depois do banho, Chris me deu um comprimido eu tomei, deitei na cama. Ele foi para atrás de mim, me puxou para os seus braços e ficamos de conchinha. Ele faz cafuné na minha cabeça, me senti segura em seus braços. Fechei os meus olhos e dormi, queria apagar da minha memória o dia de hoje.



Clara Acordei com falta de ar e um choro entalado na minha garganta. Estava molhada de suor. Com a mão no peito eu olhei para todos os lados, com a visão ainda turva, demorei a reconhecer onde estava. Fechei os olhos, e respirando e expirando, controlei a ansiedade. Abri os olhos e reconheci o meu quarto, a porta que dava para varanda estava aberta e o vento balançava as cortinas. Olhei para a cabeceira da cama e o relógio marcava oito horas da noite. Levantei da cama, senti as minhas pernas doerem, sentei na beira da cama e fiquei alguns minutos olhando para os roxos. Toquei alguns lugares onde as manchas eram mais evidentes. Engoli em seco, balancei a cabeça e quando a virei para o lado eu vi as roupas do Chris no chão do quarto manchadas de sangue, meu corpo tremeu ao lembrar do acontecido. Balancei a cabeça para afastar as lembranças desagradáveis, quando ouvi uma risada gostosa vindo de fora do quarto. Levantei da cama, e mesmo com as pernas doloridas, eu queria ver a minha filha. Assim que cheguei na cozinha, os dois estavam no fogão mexendo alguma coisa. Sem querer interromper o momento deles, eu fiquei escorada na porta observando os dois. — Não para de mexer, gatinha, senão o macarrão pode grudar no fundo da panela. — Pode deixar, Thor. Ela mexia bem devagar o preparo, enquanto o Chris cortava umas verduras, mas ele não tirava os olhos dela, todo tempo atento com os movimentos dela. Assim que ele terminou, foi até a panela. — Gatinha, deixa o papai colocar essas verdurinhas dentro da sopa. — Ok, Thor. Ela se afasta um pouco para o lado, Chris joga as verduras e ela volta a

mexer a sopa. Ele dá um beijinho na sua bochecha, ela sorri pra ele. Meu coração se enche de alegria com a cena que presencio. Chris faz caretas para Sol que não para de gargalhar, seu riso enche o meu coração de alegria, e a angustia que estava sentido há pouco, evaporou igual fumaça. Começo a sorrir igual uma boba. — Thor, você acha que a Estrelinha vai gostar da nossa sopinha? — Com toda certeza do mundo que eu vou amar essa sopa! — Estrelinhaaaa! Chris ajuda ela descer da cadeira e vem correndo ao meu encontro, com um pouco de dificuldade eu me abaixo e recebo o seu abraço, sinto uma paz invadir todo o meu ser, e uma lágrima teimosa rola pelo meu rosto, rapidamente a enxugo. Sol segura o rosto com as suas dois mãozinhas e sorrindo diz: — Eu estava preocupada com você, Estrelinha. Você dormiu muito, mas o Thor me disse que você estava muito cansada. Você já descansou? — Agora que eu recebi esse forte abraço, eu me sinto bem melhor! — A minha mãe sempre me disse que um abraço cura tudo. — E ela estava certa. — Minhas gatas, a sopa está pronta! Sol bate palmas e vai para a mesa se sentar. Vou até o armário pegar a louça para arrumar a mesa. — Não, gata. Se sente na mesa. Deixa que eu coloco tudo. — Eu posso muito bem ajudar você. — Mas eu quero te mimar, então se senta e deixa tudo com o seu Thor. — Senta do meu lado, Estrelinha —Tudo bem! — dou um selinho no meu Thor e vou me sentar ao lado de Sol — Vocês são dois mandões! A sopa estava muito saborosa, depois do jantar, enquanto o Chris arrumava a cozinha, eu fui dar um banho na Sol. Enchi a banheira, ela ficou eufórica ao tomar banho de banheira, não parava de sorrir e brincar com as espumas. — Por hoje chega, meu amor. — Estrelinha, eu posso tomar banho na banheira todos os dias? — Pode sim! Mas lá na casa do Chris não tem banheira. — Sim, eu sei! Mas ele disse que vamos morar na casa grande. — Sim, vamos! — E lá eu posso ter uma banheira? — Sim, pode! — Ebaaaa! Ela levanta os bracinhos pra cima comemorando, eu aproveito e a tiro de

dentro da banheira, começo a enxugá-la, pego a sua mochila e tiro o seu pijama de princesa e começo a vesti-la. Sol abaixa a cabeça e olha para as minhas pernas e depois me olha de volta. —Você caiu da escada, Estrelinha? E agora? O que eu digo, meu Deus? Não gosto de mentir. Eu sei que a Sol é só uma criança, mas eu não quero mentir para ela. Não quero construir um relacionamento de mentiras com a minha filha, quero ser sua amiga, e quero muito que ela seja a minha amiga e confie em mim. Eu respiro fundo, dou um sorriso sem graça pra ela e começo a enxugar o seu cabelo com a toalha, e depois com o secador. — Sol, você é uma criança muito inteligente, e eu não quero mentir para você, e muito menos te assustar. — Eu não me assusto tão fácil, Estrelinha, já sou uma mocinha. — Eu sei que você é uma mocinha, mas eu te prometo que quando você for maior, eu te conto o que aconteceu, tudo bem? — Quando eu fizer seis anos você me conta? — Hum... —finjo que estou pensando, ela abre um enorme sorriso pra mim — Pode ser! Ela concorda com a cabeça, eu termino de secar o seu cabelo e depois vamos para a cama e nos deitamos as duas, ela abraça o meu Thor de pelúcia e eu ligo a TV. — O que vamos assistir, Sol? Ela coloca a mão no seu queixinho e começa a pensar, enquanto espero ela decidir, Chris entra no quarto com o celular, parece estar ouvindo alguém falar, seu semblante está sério. Ele solta um beijo no ar e vai direto para o banheiro. — Eu quero assistir Enrolados. Eu gosto de ver o José e a Rapunzel. — Então vamos assistir! Procuro o desenho na Netflix, e assim que acho dou play. — Vou no banheiro e já volto para assistir com você, tudo bem? — Sim! Deixo ela assistindo o desenho e vou atrás do Chris no banheiro, bato na porta para ele abrir. —Chris, abre a porta. Chris abre a porta e eu entro, ele já tinha encerrado a ligação — Com quem você estava conversando? — Com o seu irmão. — E? — Está tudo bem. O amigo dele, um tal de Washigton, resolveu tudo.

Não vai ser preciso você ir depor. Na verdade, ninguém vai. Chris passa as suas mãos na sua cabeça e a abaixa olhando para o chão. Ele não fala nada, mas eu sei que a morte do infeliz do Renato está pesando na sua consciência. Meu marido é incapaz de matar uma mosca. Eu me aproximo dele e levanto o seu rosto vejo nos seus olhos culpa. Ele está se culpando. — Não fique assim, meu amor! Você não teve culpa pela morte daquele estrume, você... — Clara, eu não estou me sentindo culpado pela morte daquele bosta, ele já foi é tarde para os quintos dos infernos! — Então... Por que você está assim? — eu aponto pra ele — Eu vejo culpa nos seus olhos. Ele me abraça forte e beija a minha cabeça, encosta a sua testa na minha e de olhos fechados começa a falar: — Eu quase te perdi, eu... senti que ia te perder e... — ele abre os olhos e segura a minha cabeça com as suas mãos — Eu não... Clara, eu não iria viver mais... Eu prefiro morrer a viver sem você! Eu seguro o seu rosto com as minhas duas mãos e olhando nos seus olhos falo com firmeza. — Se ele tivesse conseguido me matar, você iria sim, seguir em frente! — ele balança a cabeça em negativo, e eu seguro firme o seu rosto — Você iria viver pela nossa filha! Nossa Sol! Você está me entendendo? Chris olha dentro dos meus olhos, ficamos assim por alguns infinitos segundos, até que ele me abraça. — Eu te amo tanto que eu não posso cogitar essa possibilidade. — Eu também não, Chris, mas hoje temos uma filha, e vivemos principalmente por ela. — Sim, você tem toda razão. Eu amo a minha gatinha, e não me vejo sem ela também. — Muito menos eu. Agora, tome o seu banho, estamos te esperando na cama para assistir um super desenho de princesa da Disney. Chris sorri para mim e vai para o seu banho e eu volto para cama e entro debaixo das cobertas com a minha Sol, que está atenta em tudo que se passa com a Rapunzel e o José. Dois meses depois... O nosso casamento mais uma vez foi adiado, acho até que o Padre nem quer mais celebrar o nosso matrimônio, mas estamos bem. Chris está conseguindo lhe dar com a ideia de adiar pelo menos por um ano a cerimônia

religiosa. Mentira, meninas! Ele ficou puto da vida, mas eu consegui dobrar ele. Foi um custo dobrar esse homem, mas eu consegui com muito amor e sexo, é claro. Depois que oficializamos a compra da escola de ballet, decidi reformá-la e ela não seria só mais uma escola particular. Resolvi fazer serviços comunitários e assim algumas crianças carentes poderiam também fazer aulas de ballet. Continuaríamos com as nossas alunas, mas eu abri um espaço só para as crianças, contratei mais duas professoras para completar o quadro de profissionais. Chris e Cobranessa fizeram o novo formato da escola e eu amei. É isso mesmo, ela deixou de ser Cascavel, ela não é tão venenosa como eu pensava, mas ainda não confio nela, por isso agora a chamo de Cobranessa. A escola agora vai se chamar Escola de Ballet Sol, estava muito empolgada com a reforma, e a Cobranessa estava para ficar louca comigo, pois ela e o Chris estavam fazendo também a reforma da nossa mansão. Estávamos na mansão, a reforma estava a todo vapor, eu e o Chris estávamos ansiosos para nos mudar, a casa dos fundos se tornou pequena demais para nós três e os nossos bichanos. A Cobranessa estava chamando atenção de alguns operários, a mulher é durona para cacete. Vou contar uma coisa pra vocês, com essas duas reformas ao mesmo tempo, eu vi ela e o Chris chamar atenção dos operários, o Chris parece um pai para eles, tanto que os funcionários quando veem ele, o sorriso deles se alargam, mas quando a Vanessa chega, eles reviram os olhos e só dão bom dia para ela por respeito mesmo, a mulher é foda no que faz, tenho que reconhecer. — Seu Firmino, isso aqui tá mal feito. O senhor não viu isso, não? Olhei para o acabamento, meu Deus, nem eu tinha notado isso, muito menos o Chris. Como essa mulher enxergou essa pequena mancha? Balanço a minha cabeça e o seu Firmino analisa e sai gritando o nome do funcionário que fez o mal acabamento e pelo tom, ele deve está puto. Com certeza vai descontar no pobrezinho do rapaz que fez o serviço mal feito. — Clara, eu trouxe as paletas de cores que você me pediu. — Me deixe ver. Começo a olhar a paleta e analiso as cores uma a uma, estou indecisa em qual cor devo pintar a casa. Viro página por página, e fico em dúvida entre pintar ela de verde ou amarelo. — O que você me diz, Co... — tossi e engulo a saliva, a Cobranessa levanta as sobrancelhas — Vanessa, eu estou em dúvida entre esse amarelo e esse verde.

— Bem, pela sua personalidade e a sua alegria, eu acho que esse amarelo combina muito com você, melhor com a sua família. Tenho que confessar a vocês, meninas, pela primeira vez eu sorrir para Vanessa com sinceridade. Eu gostei demais de como ela se referiu a mim e a minha família, e vi no seu rosto um sorriso sincero para mim. — Eu também acho, Vanessa! Então a casa vai ser amarela. Está decidido! Ela concordou com a cabeça, e assim que passei a paleta para ela, senti uma fisgada no meu ventre. A dor veio com força total que eu me segurei nela para não cair. — Clara, você está bem? Fecho os meus olhos e respiro fundo, a dor me dá uma trégua e eu forço um sorriso amarelo para ela. — Estou bem sim, eu só preciso descansar. Vou para casa, se precisar de qualquer coisa é só me chamar. — Tudo bem. Eu te acompanho até a sua casa. — Não! Não precisa, já passou! — Clara, você está verde! Eu te acompanho até... — Está tudo bem! Pode continuar o seu trabalho. Ando o mais rápido que posso para a casa dos fundos, já tem mais de seis meses que eu interrompi o tratamento e não contei nada a ninguém, nem a Dra. Dora sabe. Como o tecido não voltou a crescer, nem ela desconfiou que eu parei o tratamento, na esperança de engravidar, mas todo mês era um sofrimento com as malditas cólicas e nada de engravidar, o remédio que a atendente na farmácia me vendeu era muito bom e assim eu consegui controlar as fortes dores sem levantar suspeita de ninguém. Mas a fisgada que eu estava sentindo agora, não está igual as outras, essa parecia que o meu útero iria sair pelo meu periquito. Estou na metade do jardim da mãe de Chris quando a fisgada vem, e ela parece não brincar em serviço. Eu não aguento ficar em pé e me abaixo com as mãos na minha barriga, fecho os olhos de dor e sinto que a minha pressão caiu. — Puta que pariu! Tateio a minha calça atrás do meu celular e não o encontro, devo ter deixado em casa. A dor aumenta e a minha visão fica turva, sinto um líquido quente descer de dentro de mim, olho para o meio das minhas pernas e vejo um ponto vermelho na calça jeans. — Ai! Grito de dor e começo a suar frio. Eu tento me levantar, mas não consigo. Começo a ficar tonta e já me arrependo de não ter aceitado a ajuda da Vanessa.

— Estrelinha? Escuto a voz da minha filha, eu não queria que ela me visse desse jeito, passando mal, mas graças a Deus que ela apareceu. — Sol... Ai! Ela corre e se abaixa ao meu lado — Estrelinha, você está bem? — Não, preciso que você corra até a casa grande e chama a Vanessa! Rápido, minha filha! — Tá! Sem demora ela corre na direção da mansão, a dor deu uma trégua por alguns segundos, e quando ela vem, eu tento manter a calma e controlar a minha respiração, mas ela vem forte demais e me vence. Olho mais uma vez para o meio das minhas pernas e vejo que estou toda suja de sangue e antes que eu pudesse chamar mais um palavrão, eu caio no meio das rosas e não vejo mais nada. Escuto uma voz longe chamar pela mãe, a voz me é familiar, mas como estou muito tonta, não consigo abrir os olhos. Ela não para de gritar pela mãe, e a voz cada vez vai ficando mais alta. — Mamãe! Mamãe! Mãeee! Meu coração acelera desesperadamente no meu peito quando eu consigo identificar de quem é a voz. Tento juntar todas as minhas forças para levantar do chão, mas eu não consigo. Meus olhos começam a encher de lágrimas, eu quero acalmar a minha filha, mas eu não consigo se quer abrir meus olhos, e o seu grito de dor e desespero, só me fazem ficar mais nervosa, e eu começo a sentir uma falta de ar. — Mamãe! Tia, ela está sangrando! Fala comigo, mamãe! Por favor, não me deixe! O seu choro me faz chorar e eu mesmo com uma dor enorme, sentindo que estou perdendo todas as minhas forças devido ao sangramento, eu peço que ela me abrace. — Me abraça, Sol... Por favor! Ela se abaixa e me abraça por trás, fica agarradinha comigo. Seu abraço é forte, me agarra com força, o seu abraço e o seu amor me confortam. Ela se acalma e eu também consigo me acalmar nos seus bracinhos. — Seu Firmino, a coloque dentro do meu carro. Rápido! Escuto toda a movimentação ao meu redor, a dor está lá, me lembrando da minha irresponsabilidade em parar o tratamento, mas com a minha gatinha do meu lado, eu consegui me acalmar. Seu Firmino me coloca dentro do carro, Vanessa e Sol entram e antes dela sair comigo escuto ela pedir pra ele ligar para

Chris. — Por favor, avise o Chris que a mulher dele passou mal, e que estou levando-a para o Samaritano. — Sim, senhora! — Agora, seu Firmino! Sol esta sentada e a minha cabeça apoiada nas suas perninhas, sua mão macia fica alisando a minha cabeça. — Vai ficar tudo bem! Viu, mamãe? — Sim, eu sei que vai. Não sei quanto tempo durou o trajeto, eu só sei que a dor aumentou e muito, mas me mantive forte, eu não queria ver a minha filha desesperada de novo. Fui levada as pressas para a emergência, por sorte a minha médica se encontrava no hospital e assim que ela me viu, já foi me medicando e quando eu pensei em falar alguma coisa, o remédio que ela me deu fez efeito e eu dormi. Acordei horas depois, não sentia mais dor, estava só com o corpo um pouco dolorido, mas estava sem dor e me sentindo um pouco tonta. Levo a mão até a fonte, quando escuto a voz do meu marido. — Como você se sente? — Um pouco tonta, mas me sinto bem melhor. Cadê a Sol? — Ela está em casa com a, Fá. — Chris beija a minha testa e me olha com amor — Que susto, gata! Vou avisar a médica que você acordou, ela me pediu pra avisá-la. Chris puxa o celular do bolso e faz a chamada, não demora muito e ele avisa que eu acordei. — Pronto! Ela já está vindo. — A Vanessa que me trouxe. — Eu sei, ela está aí fora. Ela não quis ir embora antes de você acordar. — Você pode pedir pra ela entrar, por favor? Chris concorda com a cabeça e vai chamá-la. Não demora e Chris entra com ela que meia sem graça sorri para mim. — Como você está se sentindo, Clara? — Estou bem graças a você que não se importou em sujar o banco do seu carro para me socorrer. — Imagine, eu nem pensei nisso, eu estava com medo de você... — Morrer? Não vou morrer, Vanessa. Vaso ruim não quebra! Todos rimos. Vanessa não é a pessoa que eu sempre juguei, talvez o meu ciúme possessivo pelo Chris não me deixou perceber que ela é uma mulher

solitária. A porta se abre e a Dra. Dora Fritz entra com uns papeis em mãos. — Boa tarde, senhor e senhora Alencastro! E? — Boa tarde! — Vanessa Gusmão. — Prazer, sou a médica dessa moça teimosa que está bem a nossa frente. Dona Clara, há quanto tempo você está sem tomar os seus medicamentos? Eu vejo a cabeça do Chris virar pra mim igual a menina do exorcista, se eu pudesse eu me enterrava naquele momento. Pelos olhos do meu amado marido percebo que ele quer me matar. No sentido figurativo, meninas, porque esse homem me ama, e nunca que ele teria essa coragem. — Bem... —Eu não acredito, Clara! Você sabe a importância desses medicamentos! Chris está exasperado, ele começa a andar de um lado pro outro, como se não a creditasse no que acabou de ouvir. E eu fico com cara de taxo, morrendo de vergonha pela a minha irresponsabilidade. — Quanto tempo, Clara, você está sem tomar os medicamentos? — Uns seis meses. Falo quase sem voz, não tenho coragem de olhar no rosto de ninguém, eu simplesmente abaixo o meu olhar e fito nas minhas mãos que estão enrolado o lençol. Estou com vergonha da minha infantilidade e irresponsabilidade comigo, com o Chris e com a minha filha. — Como você pode fazer isso com você mesma? — Clara, você sabe do risco que você corre toda vez que suspende os seus medicamentos, e mesmo assim, você prefere não tomar? Nos conte o por quê. — Isso, gata, nos conte! Eu fecho os olhos e respiro fundo, quando volto a abrir os meus olhos olho para o meu marido, fazendo um esforço danado pra não chorar eu confesso: — Eu queria engravidar, poder te dar um filho... eu só queria ser mãe! Silêncio total, o olhar do Chris mudou, de raiva para compaixão. Ele vem até mim e me abraça. —Você me enganou direitinho, dona Clara. Como o tecido não cresceu mais, eu não desconfiei que você tinha suspendido por conta própria os remédios. Agora, como fez para esconder as fortes dores de cólicas? Sim, por que elas não tem como esconder. — Uma moça na farmácia me indicou um comprimido em gel, então... — dou de ombros e a minha médica sorri de canto de boca— É isso, doutora. Ela balança a cabeça para mim. Vanessa está um pouco afastada, mas

ouve de tudo que se passa no quarto. — Bem, não vou poder passar esse medicamento de novo. Agora tudo mudou devido o seu ato de irresponsabilidade e loucura em querer engravidar. Ficamos parados olhando para doutora, ela puxou um papel e entregou para o Chris, e o outro ela abriu era uma ultrassom. Olho para o Chris e eu percebo que ele está amarelo. Eu fico preocupada com ele, parece que viu um fantasma. — Chris, você está se sentindo bem? — Clara... Doutora, o que isso quer dizer? Olho de Chris para a Dra. Dora, a cara do Chris é de incredulidade e a da doutora é de alegria. — É isso mesmo que você está vendo, papai! — Papai? — Sim, Clara. Você conseguiu a proeza de engravidar de gêmeos! — GÊMEOS?! Falamos juntos, Chris olha pra mim e eu olho para ele, um sorriso enorme se faz em nossas caras. Sem ainda acreditar direito, a doutora nos mostra a ultrassom com os dois bebês. Minhas mãos trêmulas pegam o papel da ultrassonografia e olho para os dois pontinhos. — Eu vou se mãe pela segunda vez? — Pela terceira, já que são dois. Agora eu tenho uma lista enorme de coisas que senhora deve e não deve fazer. Chris está tão radiante, que ele puxa o celular do bolso e vocês já devem imaginar pra quem ele vai ligar. Sim, para o parceiro dele. O seu melhor amigo que ele insiste em chamar de primo, quando na verdade já virou irmão. — Primo, seu porra! Escuta aí, eu vou ser pai de gêmeos! Não paro de rir, a doutora me faz uma recomendações, e uma delas é que ainda vou ficar de observação mais dois dias. Assim que ela sai, Vanessa se aproxima. — Bem, eu já vou indo. Você está bem e agora vai ser mãe mais uma vez. Parabéns, Clara. Pela sua família linda e feliz. — Obrigada por tudo, Vanessa. Se não fosse você, talvez eu tivesse perdido os meus bebês. — Não foi nada. Acho que eu e o Chris vamos ter que projetar outro quarto. Rimos as duas e concordo com a cabeça —Eu já vou indo. Você precisa descansar, e ficar a sós com o seu marido curtindo esse momento só de vocês. — Obrigada, mais uma vez!

Vanessa me dá mais um sorriso e acena para o Chris, que está ainda conversando com o seu "Primo" — Tchau, cara! Chris vem até mim, senta do meu lado e segura a minha mão — Você é louca! Estou muito feliz pelos nossos bebês, mas nunca mais faça isso! — Tudo bem. — Tudo bem nada! Promete! — Pra que isso, Chris? — Prometa pelos nossos três filhos. Prometa que nunca mais vai tentar algo contra a sua própria vida. — Tá. Eu prometo que não vou mais tentar nada contra a minha própria vida! — Diga, pelos os nossos três filhos. Começo a rir dele e Chris não devolve o sorriso. Ele está muito sério e eu tento ficar séria também, mas eu não consigo. Sorrindo mesmo, termino o juramento. — Eu prometo pelos nossos três filhos, que eu não vou mais atentar contra a minha própria vida! Enfim ele sorri e me beija vorazmente, me deixando sem ar. — Eu te amo, sua louca de pedra! — E você é mais louco que eu, pois disse SIM diante do juiz. — E eu digo de novo... E de novo... E de novo! Eu nunca vou me arrepender de ter dito sim para nós, minha gata selvagem!

Clara Cinco meses se passaram desde que nós descobrimos que a família aumentou. Há um ano atrás, se alguém me contasse que eu iria casar e ter uma cambada de filhos, eu simplesmente não acreditaria, e ainda rolaria no chão de tanto rir da cara da pessoa. Sentada aqui no balanço bem no meio do jardim da minha sogra, enquanto olho as suas lindas rosas, sinto uma felicidade plena me envolver. Acaricio a minha barriga sentindo o perfume das flores, o sol da manhã aquece a minha pele, fecho os olhos e puxo o ar. — Aí está você! Vamos, minha gata, vai vestir uma roupa! — Só mais cinco minutinhos, Chris! — Nós vamos atrasar a Sol. — Tudo bem. Eu me levanto do balanço e caminho na direção do meu maridinho lindo e gostoso. Chris fecha a cara para mim, eu balanço a cabeça em negativo e começo a sorrir para ele, que não me devolve o sorriso. — É tão difícil para você vestir uma roupa? — Chris, eu estou vestida! Pare de ser ciumento! — Não é ciúme, é cuidado! Agora, você só quer andar de sutiã e shortinho, não quero ninguém cobiçando a minha mulher. — Chris, a ciumenta aqui sou eu! Ele bufa e vem passar a mão ao redor da minha cintura de novo, eu começo a rir dele. — Você faz para me provocar, gata. — Eu juro que não entendo como você pode ter ciúmes de uma mulher gorda, com pé de sapo. Quero entender. — Eu só não entendo a sua necessidade de andar quase nua. —Calor, Chris. Eu sinto muito calor. Por mim, eu andava só de calcinha

e sutiã, não faço isso porque você está muito chato. Entramos na casa, vou até a cozinha dar uma olhada na minha filha, e Chris sobe as escadas. Sol está sentadinha tomando o seu café da manhã, vou até ela e dou um beijinho na sua cabeça. — Fá! Você já chegou! — Oi, Clara! Como vai a mamãe e os bebês? — Estamos muito bem! Hoje descobriremos o sexo dos bebês, estou muito ansiosa para saber. — Pensei que vocês iriam deixar para saber no nascimento. — Oh, não! Desde quando descobri a gravidez, já estava louca para saber o sexo deles. — Eu quero duas meninas! Como uma fatia de bolo de milho com café, Sol começa a tagarelar sobre os bebês. Eu fiquei com muito receio em falar para ela da gravidez, tive medo da sua reação, porém, mais uma vez, Sol me surpreendeu. Ela ficou tão feliz como nós com a chegada dos seus irmãozinhos ou irmãzinhas. —Trouxe esse vestido para você, gata. Cuidem logo vocês duas, nós vamos nos atrasar! — Eu já terminei, papai! — Eu também. — Clara, você comeu só uma fatia de bolo, tem que comer mais, mulher. Você tem duas crianças nessa barriga! — Não se preocupe, Fá, eu já preparei uma bolsa térmica com algumas frutas, mais bolo e uma garrafinha térmica com café. — Clara! A Dra. Fritz já disse para você tomar café só pela manhã. — Chris, sem café não dá! Nunca fui fã de café, mas desde que os enjoos passaram, eu não sei ficar sem café, é como se eu sempre precisasse de café. — Calma, meu amor, esse café é descafeinado. Não sou tão irresponsável assim! — Sei... — Chris! Ele me ajuda a vestir o vestido ali mesmo, na cozinha. Sol e Fá começam a rir da gente. — Por que vocês estão rindo da gente? Chris pergunta sorrindo, enquanto puxa o vestido para baixo. — Papai, o senhor e a mamãe são muito engraçados. A cozinha não é lugar de se vestir. — Eu sei, gatinha, mas a sua mãe agora só quer andar pelada pela casa, e

você não deveria deixar ela fazer isso! — Seu pai está assim, Sol, com ciúmes de uma buchuda. Quando eu não tinha um pingo de barriga, ele nem tchum para mim. Agora está aí, se roendo todo por que ando só de sutiã e de short em casa. Sol e Fá caem na risada. Chris continua sério, ele pega as chaves e o seu paletó, não sei o que deu com ele, que tem ciúmes de tudo agora. — Chris, meu filho, não tem motivos para ter ciúmes da sua buchudinha. Aqui em casa somos só nós. — E o jardineiro? Os seguranças? Não tem cabimento! E vamos que essa conversa já deu nos nervos. Ele vai embora na frente e nós três caímos na gargalhada dele. Bia já me disse que essa mudança de humor de Chris é por causa da gravidez, já que os meus hormônios aparentemente não alteraram, mas o dele oscila toda hora, e ele está muito possessivo. Deixamos a Sol na escola e fomos direto para a clínica para a nossa consulta do pré-natal e fazer a ultrassom para sabermos o sexo dos bebês. — Bom dia, papais! — Bom dia, Dra. Dora — Então estão preparados para saber o sexo dos bebês? — Sim! Ansiedade é o meu nome, doutora. — Tire o vestido, e, Christian, ajude-a a se deitar na maca. Chris me ajuda a tirar o vestido e depois me coloca na maca, me deito e ele segura a minha mão. — Chris, a sua mão está gelada! — Só um pouco. — Você nunca me disse se tem preferência pelo sexo dos bebês. — Por isso que não te disse, pois eu não tenho preferência. Só quero que eles ou elas nasçam com muita saúde! Esse homem não existe! Ou melhor, esse homem é único e eu sou a sortuda. —Bem, vamos lá, papais! A doutora coloca o gel e começa a espalhar com o aparelho. Primeiro, ela verifica se está tudo certo com eles, não consigo entender muita coisa no que vejo, mas percebo que a doutora faz uma expressão de surpresa. — Acho que tenho mais uma novidade para vocês, papais. — Doutora, por favor, não me diga que são trigêmeos? Chris pergunta já alarmado, sinto que agora lascou-se de vez. Já estava preocupada em como iria dar conta de dois, imagina de três? Puta que pariu, Clara!

Mas quer saber? Para mim, se vier mais um com saúde está tudo bem, o pior seria se eles não tivessem bem. Deus os livre! Bato na mesinha ao meu lado três vezes. Olho pra ela preocupada e pergunto: — Doutora, me diga que nossos bebês estão bem, por favor. — Se acalmem! Eles estão bem, vamos ver o sexo deles. Eu me acalmo um pouco, mas a curiosidade começa a me corroer para saber o que ela viu. Aperto a mão do Chris com um pouquinho mais de força, ele dá um beijo na minha testa e alisa o meu cabelo e sussurra: — Está tudo bem! Concordo com a cabeça, espero que esteja tudo bem mesmo. A doutora abre um sorriso e olha para nós dois — E aí, doutora? Estou suando aqui. Não faça mais suspense! — Calma! Vocês conseguem ver aqui o saquinho do primeiro bebê? — Um menino, doutora? —Sim, temos um menino aqui, nesse saco gestacional. Agora vamos para o outro saco gestacional. — Outro saco gestacional? O que isso quer dizer doutora? Chris pergunta curioso, e eu também fiquei curiosa. — Isso quer dizer que os bebês de vocês são gêmeos bi vitelinos, em português claro, eles não são gêmeos idênticos. Provavelmente um vai puxar o pai e o outro a mãe. Eu olho para o meu marido que está com a boca aberta igual um bobo, a sua cara de surpresa é muito engraçada, e eu começo a rir dele, mas o meu riso também é de alegria. Terei dois filhos, porém não serão idênticos. Nossa, isso que é uma surpresa e tanto! — E aqui nesse saco temos outro saco! Ou seja, parabéns, papais! Vocês terão dois meninos. Já podem escolher os nomes. Chris me beija e abraça ao mesmo tempo, depois me desce da maca e diz com convicção: — Eu escolho o nome de um e você do outro. — Tudo bem, seu bobo! — Um se chamará João. Olho pra ele surpresa, como assim ele já tem um nome? — Desde quando você escolheu um nome pro bebê e não me falou nada? Reclamo enquanto limpo a minha barriga, e ele segura o vestido pra mim. A doutora começa a sorrir e fala apontando para porta. — Vou esperar vocês lá fora.

— Gata, eu gosto de João, até pensei em trocar o meu nome pra João. Dou um tapa no seu braço, Chris começa a sorrir e faz um gesto pra eu levantar os braços. Ele me veste e depois beija a minha boca. — Escolha o nome do nosso outro moleque, porque um já tem nome. Bufo e depois o abraço.

Os meses voaram e tudo ia muito bem, prestes a fazer nove meses de grávida e sem poder trabalhar, já que a médica proibiu qualquer esforço físico, e como eu já abusei demais da sorte, resolvi obedecer. Estou sentada em cima de um tecido no meio do jardim só de top e shortinho meditando, quando escuto uma tosse atrás de mim. — Dona Clara, já estou saindo para buscar a Sol na escola. — Espere! Eu vou com você! Tento me levantar sozinha, mas eu não consigo, a barriga monstra não deixa. O motorista vê a minha dificuldade, porém não se aproxima para me ajudar. — Ei, rapaz, me ajuda! — Sim, senhora! O rapaz meio sem jeito vem na minha direção e me ajuda a levantar do chão, assim que fico de pé, ele me solta o mais rápido possível, até parece que tenho uma doença contagiosa. Algo me diz que isso tem o dedo de Chris. — Vou só colocar um vestido e pegar minha bolsa, e já volto. O rapaz nem sequer olha no meu rosto, olhando para outra direção me responde: — Sim, senhora! Revirei os meus olhos e vou andando com as pernas abertas e com a mão nas costas colocar o meu vestido. O motorista para em frente da escola, chegamos uns dez minutos mais cedo. Olho pela janela e vejo uma pequena movimentação, mexo no meu celular e de repente vejo o nome da Valquíria na tela do meu celular, reviro os meus olhos e atendo a ligação. — Oi, Valquíria. — Oi, Clara! Esse final de semana estamos indo passar o feriado na nossa casa em Angra dos Reis, e eu gostaria em levar a Sol com a gente. Balanço a minha cabeça em negativo, depois daquele incidente na casa

dos tios do Chris, eu os evito o máximo que posso, mas nunca privei a Sol em conviver com eles. Eles a amam e ela também, eu não tenho coragem de privar a minha filha do convívio deles. —Valquíria, eu vou falar com o Chris e perguntar a Sol se ela quer ir. Tudo bem? — Tudo bem! Vocês poderiam vir com a gente. — Não sei se eu gostaria em pegar a estrada com essa barriga. Escuto o sinal avisar que a aula acabou. — Valquíria, eu preciso desligar. Tchau! Encerro a ligação e assim que o motorista abre a porta para mim, vejo Sol conversando animadamente com uma garotinha ruivinha. Com o meu barrigão tento apressar os meus passos, mas o peso da barriga não deixa. Sol ainda não me viu, elas duas sorriem sem parar até que um homem se aproxima puxando a ruivinha pelo braço. Eu vejo o sorriso dos rostos delas sumirem, a ruivinha abaixa a cabeça, não sei o que ele diz a ela, mas suspeito que não seja nada agradável. Eu apresso o meu passo sem tirar os olhos dos três. Sol olha para o homem e depois vejo que ela fala alguma coisa e ele grita com ela, e de onde estou eu escuto ele cuspir em cima da minha filha toda a merda do seu preconceito — E você, sua negrinha suja, não se meta! Sol se assusta com o grito, mas apesar do susto ela não abaixa o olhar. Que garotinha corajosa, ela puxou a mãe! Nessa hora sinto que perdi toda a minha sanidade, um ódio tão grande toma conta de mim, parecia que aquele merda tinha chutado nos meus colhões — que eu nem tenho!. Numa velocidade da luz eu me meto na frente da Sol e sem pensar eu o empurro com toda a minha força. Ele quase cai e vem pra cima de mim com um raiva palpável, e com o seu rosto bem próximo do meu e com os olhos vermelhos de raiva, ele fala me cuspindo toda. — Você é uma intrometida! Não vê que essa negrinha suja está falando com a minha enteada! Limpo o meu rosto da sua baba asquerosa. E sem pensar e com muito ódio saindo por todos os poros do meu corpo, eu fecho a minha mão e dou um soco no meio do seu nariz empinado. — NUNCA MAIS... — Começo a gritar — NUNCA MAIS SE REFIRA A MINHA FILHA ASSIM! — Mãe! Mãe! — Sol puxa a barra o meu vestido, sinto todo o meu corpo tremer de raiva — Mãe, vamos embora. Olho ao meu redor e vejo que tem uma multidão de alunos ao nosso

redor, eu perdi completamente o controle, passo a mão pela a minha enorme barriga, sinto uma fisgada nas minhas costas. Respiro fundo e olho para a minha filha com um sorriso forçado no rosto falo: — Não vamos a lugar nenhum, Sol, primeiro vamos à diretoria da escola e depois vamos à delegacia processar esse cidadão. Racismo é crime, e eu vou arrancar tudo de você! Falo apontando o dedo na cara dele, o babaca está com a mão no nariz, que está sangrando muito. Quando viro de costas pra ele balanço a minha mão que está doendo. — Mãe, você é muito forte! Começo a rir, mas só pra mim, não quero que Sol seja como fui, ou melhor, ainda sou. — Sol, o que a mamãe fez foi errado, eu não deveria ter agredido ele. O correto é fazer o que vamos fazer agora, denunciar ele por racismo! — E eu que pensei que só o meu pai Thor era forte. Nossaaa! Aí, Deus! Sou um péssima influência para a minha própria filha! Entramos na sala sem pedir licença, ainda estou um pouco alterada por conta do acontecido. A diretora se levanta da cadeira assustada ao nos ver entrar na sua sala sem pedir licença, nem me sentei, pois o que eu tinha pra falar seria rápido. — Pois não, senhora? Em que posso ajudar? — Bem, agora há pouco eu agredi um pai por chamar a minha filha de negrinha suja. Estou vindo aqui só para lhe comunicar que vou processar ele e a escola. Sol, minha filha, qual é o nome da sua amiguinha? — Ana Alice, mamãe! — Pois bem, o pai da Ana Alice e vocês receberão a intimação. Passar bem! Dou as costas, mas a diretora nos impede de sair ao se meter na nossa frente. — Mãezinha, vamos conversar! Tenha calma, não há nada que uma boa conversa resolva e... — E nada! A senhora, como educadora, deveria saber que esse tipo de atitude é intolerável! E pra mim isso não tem conversa, ele agrediu a minha filha! — eu bato no meu peito— Ninguém vai excluir ou humilhar a minha filha por ser afrodescendente. Ela pode não ter saído do meu bucho, como os seus irmãos vão sair, mas ela é MINHA FILHA, e isso não muda em nada pra mim. Bom dia! Saio da sala bufando de raiva, Sol segura a minha mão e vai caladinha do meu lado, até chegarmos no nosso carro, coloco ela na cadeirinha e me sento ao

seu lado no banco de trás. — Mãe, a senhora está bem? — Estou, filha! Sol, não se deve agredir as pessoas. O que a mamãe fez é errado. — Eu sei, o papai sempre me fala, mas ele também me disse pra não levar a sério as suas atitudes quando estiver brava com alguém. Ela dar de ombros e eu fico de boca aberta em saber que o Chris preveniu a Sol sobre algumas atitudes impulsivas e imaturas minhas. — Sol, eu te amo muito, minha filha, e jamais vou deixar alguém pisar em você! — Eu também amo demais você, Estrelinha! Dou um beijo na sua cabecinha e seguimos o restante do trajeto em silêncio. A noite fomos jantar na casa dos tios do Chris e deixar a Sol que iria passar o final de semana na casa deles em Angra dos Reis. O jantar foi agradável e estávamos os cinco sentados na sala, Chris e o tio Bernardo falavam das obras grandes que eles pegaram no interior da capital, Sol e Valquíria não paravam de fazer os seus planos para o final de semana, e eu sentada ficava só a observar eles quatro. Mesmo ainda com um certo receio em relação aos seus tios, mais em relação a mim mesma, pois é perceptível o amor e o carinho que eles tem pela a minha Sol. Abro um sorriso bobo no meu rosto, agora compreendo aquele ditado popular : "Quem ama os meus filhos adoça a minha boca.", ou algo assim, sei lá. — Gata, vamos? — Sim, vamos! Nos despedimos deixei um monte de instruções para Valquíria, dei um beijo e um abraço longo na Sol e fomos para casa. No meio do caminho senti algo molhar no meio das minhas pernas. A bolsa estourou! — Chris... — Oi, gata! — Os bebês. — O que tem eles? — Eu acho que esses danadinhos... Ai CARALHOOO! Chris freia o carro com tudo e me olha assustado. — O que foi, Clara? — A bolsa estourou! E agora uma dor desgraçada... Aiiiii! — Vamos para a maternidade agora, gata! — Rápido, Chris! Chris liga o carro e sai como um louco no meio do trânsito, eu seguro

com força na janela do carro. — Chris, dirige com calma! Quero chegar viva no hospital para ter os nossos bebês, PORRA! — Mas eu estou dirigindo com calma e — ele nem completa a frase, quando um gato atravessa a nossa frente, Chris desvia e o carro cai num buraco e como íamos em alta velocidade, Chris perde o controle do carro e batemos em um porte. Olho para o meu lado Chris está soltando o cinto de segurança e eu com muita raiva começo a socar ele. — Seu filho da puta! Quer nos matar? Aiiiii! Paro de bater nele e seguro a minha barriga, a dor não dá trégua — Clara, eu vou chamar um táxi... — Nem ouse sair do meu lado! Aiiii! — Mas, gata... Ouvimos barulho de sirene, é uma viatura da polícia. Eu vejo sair quatro policiais de dentro do carro. — O que está aconteceu aqui? — Senhor, a minha mulher está tendo fortes contrações. Por favor, nos leve para o hospital — Aiiiii.... — Senhora, de quanto em quanto tempo as contrações estão vindo? — Seu policial, elas não pararam mais. Depois que ele perdeu o controle... Aiiiiii! — Senhor, acho que não vai dar tempo de chegarem no hospital, coloque ela no banco de trás! — O QUÊ? Como assim? Eu grito uma mistura de dor com medo. —Não, a minha mulher não vai... — Ai... Chris, faz logo o que ele mandou, porra! Chris mesmo contra a sua vontade me coloca no banco de trás da caminhonete — Tira a calcinha da sua mulher. — O quê? Eu não vou fazer isso! — Senhor, pela minha experiência, o seu bebê deve está para nascer. É muito perigoso se ele passar da hora de nascer — São dois bebês, senhor policial! Eu falo entre o dentes, o policial arregala os olhos e enquanto o Chris reluta, eu tiro a minha calçola. — Mas eu não vou mesmo deixar VOCÊ abrir as pernas da minha

mulher! Seguro com força nos bancos e sinto como se algo tivesse saindo de dentro de mim, arregalo os meus olhos e por puro instinto eu faço força. Chris não sai da frente do policial que está com as duas mãos na cintura muito puto com o meu marido ciumento. Os dois começam a discutir. — O bebê... — falo quase sem força — O bebê está nascendo! O policial empurra Chris pro lado e levanta o meu vestido. — Puta que pariu! Ele está coroando! Não feche as pernas. Continue fazendo força, senhora! E eu sigo as suas instruções, sinto uma mão por cima da minha, não preciso olhar pois eu sei quem é. Continuo fazendo força, quando de repente, escuto o choro do bebê. — Nasceu o primeiro! É um lindo menino, senhora! Não consigo nem ver o bebê direito pois as contrações não param, elas veem com mais força. — Aiii! — Tenente Silva, a ambulância já está a caminho! — Soldado, segure aqui o bebê . Vou tocar na sua barriga senhora, só para sentir o outro bebê. Concordo com a cabeça, o Tenente que está fazendo o meu parto parece o ator Rodrigo Lombardi, que sexy ele nessa farda! A contração volta com força total, me tirando dos meus devaneios. — Aiii! Estou suada e me sentindo fraca, a dor está lá e parece não querer me deixar, meus olhos começam a pesar. Sinto as mãos do Tenente Silva na minha barriga, ele parece ajeitar a posição do segundo bebê. Ele me olha e depois olha para o Chris que está mudo ao meu lado. — Senhora, não durma! O segundo bebê precisa da senhora para chegar a esse mundo. Concordo com a cabeça, respiro fundo, a dor volta e eu volto a fazer força — Isso! Continue! — Gata, eu estou aqui do seu lado! — Eu sei! — De novo! Faço uma força enorme e pedindo a Deus que o segundo bebê nasça logo, pois eu estou esgotada. — Mais uma vez, senhora! — Porra! Eu não aguento mais, Tenente!

— Força, mãe! Senão o seu bebê pode morrer! — Eu não vou conseguir! Falo desesperada, sentindo que as minhas forças estão se esvaindo. — Ei, gata! Olhe para mim! Olho para o Chris, seu olhar me passa confiança e força. Ele beija a minha mão e diz: — Você é a mulher mais forte que eu já conheci, nenhuma outra chega aos seus pés, em teimosia, força e coragem. Por causa da sua ousadia em querer me dar filhos, que estamos aqui. Eu sei que você vai conseguir! Eu concordo com a cabeça, a contração vem e segurando a mão do Chris, fecho os meus olhos e faço força, e nada. Faço força de novo, e nada. Na terceira vez, eu faço força e é quando escuto o chorinho do meu segundo bebê. As lágrimas caem como cachoeira, sinto os lábios do meu marido beijar a minha mão, olho para ele e vejo o seu rosto banhado em lágrimas, e começamos a sorrir um pro outro. — É outro menino! São dois meninos, papais! O policial me entrega os dois meninos, um carequinha e o outro cabeludinho, e eu como uma mãe boba que sou, começo a beijar os meus dois garotões. Ao fundo escuto a sirene da ambulância. — Eles são lindos, Chris! — Sim, igual a você! Tenente... — Chris estende a mão pra ele — Obrigado! — De nada, senhor. Já estou acostumado com essas situações. Parabéns pelos garotos! Agora, a ambulância vai conduzi-los para o hospital. Chris Os dias que se seguiram foram os mais difíceis que já vivi. Parecia que um furacão tinha tomado conta da nossa casa. Um não, dois! Uma chamado João, o carequinha, e o outro, Marcos, o cabeludinho. Eu não sabia o que era uma noite de sono já fazia dois meses e a minha gata, hum! Parecia que um caminhão a atropelava diariamente. Por favor, não falem para ela, se ela souber que disso, sou um homem morto! Cheguei em casa mais cedo, não tinha ninguém na sala. Fui até a cozinha e não encontrei ninguém. Comecei a subir as escadas, tirei a minha gravata e entrei no nosso quarto, joguei a gravata em cima da cama, tirei os sapatos, o paletó e a camisa e fui para o quarto dos gêmeos só de calça. Olhei a porta entreaberta e os vi. Coloquei a mão no bolso e fiquei observando a minha gata com os seus gatinhos.

— Agora, Sol, presta atenção em como eu vou colocar a calça do João para você fazer o mesmo com o Marcos. Sol está em cima de uma cadeira e observava a mãe colocar a calça no irmão com muita atenção, e quando a mãe terminou, ela repetiu o gesto. Os dois danadinhos estavam quietinhos, pareciam colaborar com as duas. Eu nunca pensei que ser pai me realizasse por completo. Eu achava que só eu e a minha gata selvagem já estávamos completos, mas me enganei completamente! Um casal só se completa quando o seu melhor ganham vida. E o nosso melhor se chama: Sol, João e Marcos. Meu melhor! Nossos filhos são a nossa melhor parte, e antes deles, eu vivia e achava que era completo. Porém, eu descobri que depois que eles chegaram nas nossas vidas, eu não sei mais viver sem eles, e tive que aprender lidar com um medo constante: não consigo mais me ver sem eles, e só de pensar nisso o meu coração dói. Não estou sendo dramático, meninas, estou abrindo o meu coração para vocês. Minha família é o meu tudo! — Papai! Sol grita e vem na minha direção correndo com os braços abertos. Eu me abaixo para receber o seu carinho. — A mamãe estava me ensinando a vestir os meus maninhos! — E você conseguiu? — Sim! — Faz muito tempo que está aí nos bisbilhotando? Clara coloca os dois dentro do berço e vem até a mim, beijo os seus lábios macios e a abraço, ainda com a Sol no meu colo. — Uns minutinhos. — Estou muito cansada, Chris. Vou pedir a nossa comida. — Não precisa, eu faço a janta. — Eu posso te ajudar, papai? — Eu já ia pedir a tua ajuda. Por que dispensou os funcionários cedo, gata? — Chris, eu não gosto desse negócio de ter um monte de gente para tudo, não sou quadrada! Só a Fá aqui para me ajudar está de bom tamanho. — Eu sei, mas a Fá nem sempre pode vir. Ela tem o restaurante dela, gata. E depois, dois bebês dão muito trabalho, pelo menos uma babá para te ajudar — Não! Já conversamos sobre isso, Chris.

Coloco Sol no chão que sai correndo para o seu quarto, e eu vou até o berço dar um beijo nos meus moleques. — Você é quem sabe. Eu só não a quero tão cansada. — Não se preocupe, até agora tenho tudo sobre controle! Ela sorri para mim e pisca com malícia. Ela disse a verdade, a minha gata está conseguindo manter tudo em dia. Queria saber de onde ela consegue tanto fogo, depois de um dia desgastante com as crianças. Clara Depois do jantar colocamos as crianças para dormi e fui para o banheiro tomar uma ducha. Eu estava precisando tirar o cheiro de leite materno de mim, fora o cheiro de vômitos, babas e xixis. Quero aproveitar a minha noite com o meu Thor. Assim que saio do banheiro dou de cara com uma camisola de seda amarela em cima da cama, abro um sorriso enorme ao lado dela tem um bilhete. Estou te aguardando na sala. Beijos do seu Thor. Visto a camisola e me olho no espelho, a camisola é linda. Passo a mão na minha barriguinha saliente, depois dos gêmeos eu fiquei com uma pochete e algumas estrias. Eu poderia ter vergonha, mas não tenho! Eu escolhi ter filhos, eu escolhi sentir amor incondicional, essas marcas para mim são de vitória, a prova da minha perseverança em querer ser mãe. Desço as escadas e o vejo olhando pela janela, com as mãos no bolso da calça de moletom, parece estar perdido em seus pensamentos. Ao fundo escuto a nossa música, pois mesmo que se passe setenta anos, nós temos a certeza que o nosso amor nunca vai acabar. Enquanto Ed Sheeran canta Thinking Out Loud, ele declara o nosso amor através da sua música, sinto as minhas pernas falharem, meu coração bater alucinadamente dentro do meu peito, mordo os meus lábios de nervosa. Chris parece sentir a minha presença e se vira para mim. Seu lindo peitoral, o seu V que aponta para o seu sexo, enchem a minha boca de água. Eu travo quando lembro de como o meu corpo está, uma insegurança me invade. Chris pega uma rosa amarela que estava na mesinha ao seu lado e vem a mim com a rosa. Ele me oferece a flor amarela, e eu com a mão trêmula a pego. — Dança comigo? Ele me pegou de surpresa com o seu pedido, eu concordo com a cabeça, Chris pega a rosa e coloca em cima do sofá, com o controle que tira do bolso ele volta a música e me estende a mão, quando eu seguro a sua mão, ele leva até a

sua boca e a beija. Eu passo os braços ao redor do seu pescoço, e dançamos a música em silêncio. Chris passa o seu nariz pelo meu pescoço, fazendo todo o meu corpo responder ao seu toque, suas mãos acariciam suavemente as minhas costas. Os bicos dos meus seios ficam duros, sinto a minha boceta piscar e umedecer. Seu martelo começa a cutucar o meu ventre, Chris para a dança e com uma mão no meu rosto e a outra na minha bunda, ele fixa os seus olhos no meu. — Clara, sempre será você. Nunca haverá outra! Nossos olhos não se desviam, sempre fui uma mulher que não gostava de demonstrar as minhas fraquezas, achava que chorar era coisa de gente fraca. Mas tudo isso não passa de bobagens, chorar não te faz fraco e nem ridículo. Chorar só mostra o que estamos sentindo naquele momento, raiva ou alegria. Sorrio pra ele com os olhos marejados, uma lágrima rola e ele limpa com o polegar. — Chris. — Oi, gata. — Me fode logo, antes que os nossos moleques acordem querendo mamar! Chris abre um sorriso enorme e se apodera da minha boca o mais rápido possível, ele começa a me virar para o sofá e eu o interrompo — Não, não. — O que foi gata? — Quero ser fodida imprensada na parede, com as pernas ao redor de você! —Você não pede, você manda gata! Chris me levanta eu enrolo as minhas pernas na sua cintura, ele me imprensa na parede, abaixa só um pouco a sua calça e em uma estocada forte e funda, ele me possui. Eu gemo de dor e prazer, ao ser possuída por ele. Minhas unhas cravam nos seus bíceps, Chris me fode com força, minha boceta aperta o seu pau. — Porra, Clara! Você acaba comigo, gata! Eu sorrio de canto de boca, sinto o meu orgasmo se aproximar e mordo o seu ombro, Chris puxa os meus cabelos, me fazendo olhar para ele. Com os olhos vidrados um no outro, gozamos juntos. Nossas respirações estão alteradas, nossos batimentos cardíacos se misturam. Chris encosta a sua testa na minha. — Eu te amo minha, gata selvagem! Eu o abraçava com todo o meu corpo, senti que o nosso amor alcançou a

plenitude que faltava. — Eu te amo meu Thor! Fim.



Clara Dois anos depois... Estava num sono tranquilo, tranquilo até demais para ser verdade. Dei um pulo da cama vazia, olhei para todos os lados e nem sinal das crianças e do pai delas. A casa está num silêncio tão grande que me deu até medo. Vocês sabem, casa que tem criança silêncio é sinal de perigo! Procurei pelos quartos e desci as escadas vi a sala vazia, tenho quase certeza que eles estão aprontando alguma coisa com o pai deles. Os gêmeos fizeram dois anos e Sol sete anos há pouco tempo. Minha barriga ronca e eu vou para a cozinha atrás de alguma coisa para comer, depois eu ligo para saber onde eles estão. A cozinha está uma bagunça, balanço a cabeça e me sento para tomar o meu café, assim que me sirvo de café vejo um bilhete com a letra da minha filha, abro o bilhete e começo a ler. Mãe, vamos passar o dia na casa do vô Bernardo e da vó Valquíria. Tire o dia para cuidar de você, a senhora merece. Passa a semana inteira cuidando da gente e não tira um tempo pra você. Olho para as minhas unhas - agora curtas - desde que João e Marcos chegaram, se eu fui umas três vezes no cabeleireiro foi muito. Sorrio e balanço a cabeça em negativo, até a minha Sol já percebeu que eu preciso de um trato. Volto a ler a carta: Vamos passar o dia aqui, eu os moleques mais lindos do mundo e o pai mais fofo e lindo! Volte para casa às cinco horas, pois eu tenho algo muito importante para te mostrar. Beijos da sua Sol. Papai tá deixando um beijo também.

Sol. Vejo um envelope em cima da mesa, abro e vejo um cartão de um SPA, é um dos mais caro do Rio. Termino o meu café, tomo um banho, coloco um vestidinho confortável e vou para o SPA, eu preciso mesmo me sentir como uma princesa de novo, já que virei rainha do lar. Porque eu quis, meninas! Opção minha em cuidar dos meus filhotes. Continuo dando aula de balé, mas só pela manhã, enquanto as crianças estão na escola. Saio do estúdio de balé e pego os três na escola e vou direto pra casa fazer o que mais amo, ser mãe dos meus filhos. Assim que chego no SPA, apresento o cartão e descubro que tenho direito ao pacote máster. O meu maridinho não economizou. Passei o dia todo fazendo tudo que vocês possam imaginar. Massagem no corpo inteiro, depilação em todas partes do corpo, banho no ofurô, limpeza de pele. Resolvi clarear só um pouco as madeixas, pintei as unhas, a manicure insistiu para que eu colocasse unhas em gel, eu disse para ela que não, tenho dois bebês e não quero machucálos com as minhas unhas, então ela pintou os meus toquinhos de rosa, gosto muito das minhas unhas vermelhas, mas elas estão muito pequenas para pintar de vermelho. Acho esquisito, sei lá. Depois de um tratamento de princesa, me sinto leve e linda. Me olho no espelho e sorrindo, me sentindo bem comigo mesma, dou uma piscada e digo: — Hoje tem Thor! Pego a minha bolsa, dou uma olhada na tela do meu celular e estranho, não tenho uma mensagem e nem uma ligação perdida. Vai dar cinco e vinte da tarde. — Que merda! Já estou atrasada! Saio o mais rápido que posso do SPA para a minha casa, assim que passo o portão da minha casa, vejo vários carros estacionados. Meu coração acelera, começo a pensar o pior. — Meus filhos! Meu Deus, os meus filhos! Estaciono o carro e saiu como uma louca para dentro da minha casa, meu coração está aflito, eu repreendo os pensamentos negativos que vem a cabeça. Alguns carros eu reconheci lá fora, minha cabeça está a mil e o meu corpo começa a tremer. Não sei se isso é coisa da minha cabeça, mas toda vez que alguém me liga e pergunta: “A senhora é mãe do ou da”, eu já começo a pensar um monte de besteira, tenho um mini ataque cardíaco toda vez que recebo uma ligação dessa. Acho que sou uma mãe neurótica, só pode! Abro a porta da sala e dou de cara com Bia e Kira vestidas como se fossem para uma noite de gala. Mas peraí...

— Bia? Quando você chegou do Canadá? — Vem logo, mulher! Você está muito atrasada, o noivo deve está para morrer te esperando! — Noivo? Bia e Kira saem me arrastando pela escada e eu me deixo ser levada por elas, no topo da escada eu paro e puxo os meus braços delas. — Para! Cadê os meus filhos? — Bem, a Sol está te esperando no seu quarto. Os gêmeos estão com o pai, te esperando no altar! Bia fala com um enorme sorriso nos lábios, e as duas ficam me olhando, eu respiro fundo, dou um sorriso de alívio em saber que eles estão muito bem. — Só quero saber de quem foi essa ideia de casamento surpresa? Por que eu vou matar a criatura! — Eu acho que você não vai matar nada. O que você acha, Kira? — Eu também acho a mesma coisa. — Eu tiro o couro e vou dependura na frente da minha casa e... A porta se abre e a minha Sol sai do quarto num vestido amarelo, o mesmo vestido que eu escolhi para ela usar no dia do meu casamento com o Chris, mas o esterco do Renato me sequestrou e o casamento nunca aconteceu. Eu abro um sorriso enorme pra ela que está com as mãos na cintura e me olha brava. — Mãe! Você está atrasada! Coitado do meu pai esperando naquele altar! — A ideia foi dela. – Bia fala com um tom debochado — Ainda vai tirar o couro? — Esquece o que falei a pouco. — Então entra logo nesse quarto, porque já vai fazer quase uma hora que o Chris está em pé te esperando. Assim que entro no quarto, eu vejo o meu vestido de noiva que eu escolhi no dia em que conheci a Sol. Tantas lembranças veem em minha mente, que as lágrimas rolam pelo meu rosto sem permissão. As minhas amigas e madrinhas me ajudam a vestir o meu vestido, uma maquiagem sutil, arrumam o meu cabelo num coque e a minha linda menina lá, todo tempo do meu lado, com um sorriso enorme estampado no seu rosto. Tão linda! —Pronto mãe! Fico em pé e quando me vejo no espelho, me sinto tão linda e feliz. Vou enfim casar no religioso, como sempre o meu marido quis. Pelo espelho vejo o sorriso no rosto da Sol, me abaixo e seguro na sua mão. — Foi você que planejou tudo? —Sim, mas eu pedi ajuda do meu tio César. Queria que fosse surpresa para

o meu pai, porém ele acabou descobrindo, me brigou no começo e me disse que ia falar com você. Mas, mesmo assim, sem a sua permissão, eu segui com o plano com a ajuda do meu tio. — Mas por que resolveu seguir com o plano, mesmo contrariando o seu pai? Sol olha pra mim e depois para as suas tias e abaixa a cabeça. — Eu ouvir o meu pai falar pro vô Bernardo que ele queria muito casar na igreja com a senhora, e a senhora vivia adiando, então... Ela dar de ombros e me olha desconfiada, eu abro um enorme sorriso pra ela e abraçando-a com força, digo: — Pois fique sabendo que eu amei esse seu plano! Mas, — eu a solto e toco no seu nariz — o seu tio vai se ver comigo! —Vamos, Clara e Sol! Bia nos chama e descemos as escadas. Nanda está sentada no sofá nos esperando com o seu pai e o meu irmãozinho do seu lado. O cachorro me dar um sorriso ordinário igual ele, aponto o dedo pra ele e o ameaço. — Depois a gente conversa bem baixinho! — Você nem vai ter tempo, pois amanhã embarcarão para a Disney com as suas crias! —O quê? Sooool! —Vamos, mãe! Sol sai me puxando pela mão e começo a falar pelo cotovelo para todos que estão ao nosso redor. — Essa menina tá andando muito com o tio, está ficando muito espertinha para meu gosto. Assim que saio da mansão não vejo a carroça que levou a Bia para a capela, olho ao redor e só agora percebo que tudo está ornamentado com rosas de todo tipo de cores. Eu cheguei tão apavorada com a simples ideia de que algo muito ruim poderia ter acontecido com os meus filhos, que não percebi o caminho que se faz até o jardim; um arco com galhos e rosas. Nesse momento sinto que as minhas pernas vão me deixar cair, meu coração batia descompassado no peito, viro pra Bia e digo: — Agora entendo o seu nervosismo! — Aproveite o seu momento, amiga. Você merece! Sempre cuidou de todos ao seu redor, e agora — Bia segura as minhas mãos com umas de suas mãos, a outra está com um buquê de rosas amarelas — se permita ser cuidada por esse homem que tanto te ama, e pelos seus filhos que te amam muito. Eu engulo em seco, tento segurar o choro, Bia limpa o canto dos meus olhos, ela me entrega o buquê, meu pai chega e me dar um braço, eu o seguro,

Nanda e Sol se posicionam na minha frente. Andamos até a entrada do jardim e paramos, vejo o meu marido parado no altar improvisado no fundo do jardim, me sinto uma princesa, casando no jardim da minha sogra, do jeito que o meu marido sempre quis. Nossos moleques estão um em cada lado do pai. Marcos, o moreninho, do lado esquerdo do pai, e João, o loirinho, do lado direito. A marcha nupcial começa a tocar, Nanda joga as pétalas amarelas no tapete vermelho e Sol carrega as nossas alianças. A cada passo que eu dava, não tinha olhos para mais ninguém que estava nesse momento tão importante para a minha família. Meus olhos estavam fixos nos verdes esmeralda do meu Thor. Meu pai me passou para o homem responsável pela a minha felicidade. — Te entrego o meu bem mais precioso, Chris. — Ela é a minha metade, e os nossos três filhos, a liga que nos uniu para todo o sempre! Ficamos nos olhando, nossos filhos ao nosso redor, me sinto completa, realizada... E com uma certeza plena que o nosso amor sempre superará qualquer dificuldade. (...) — Eu vos declaro marido e mulher! Pode beijar a noiva! Chris segura o meu rosto com as suas duas mãos, seu beijo é doce e terno, ele encosta a suas testa na minha, seus polegares acariciam as minhas bochechas, olhando dentro dos meus olhos ele declara o seu amor por mim. — Eu amo tudo em você, mas os seus defeitos me fizeram enxergar a sua melhor qualidade... Essa mulher forte e corajosa, que não mede esforços para proteger e amar a mim e os nossos filhos, sem fugir do seu maior desafio, que é ser mãe. Não sei quando eu me tornei essa manteiga derretida, mas a declaração do Chris acabou comigo. As pernas são abraçadas pelos nossos filhos. Ao fundo escutamos assobios e gritos. Chris A festa foi até as duas da madrugada. O tio Bernardo e a tia Valquíria queriam levar as crianças para a casa deles, e os pais da Clara também queriam levá-los, se gerou uma briga entre os avós ciumentos. Por fim, as crianças não foram com ninguém, porque iriamos viajar amanhã ao meio dia para Disney. Que lua de mel hein!

Mas, a verdade é que essa seria a melhor viagem que iríamos fazer, na companhia da minha mulher e dos meus três filhos. Deitados os cincos na cama, estou preste a cair dela, pois estou na beirinha da cama, ao meu lado, a minha princesa está agarrada em mim, igual um carrapicho. Os meus dois moleques estão atravessados na cama, se intitularam os donos da cama, e na outra ponta, a minha gata. — Que noite de núpcias, hein, gata? — A melhor de todas! Não acha? Passo os solhos na nossa cama e vejo tudo que eu mais amo ali, bem no nosso meio. — Sem dúvida, a melhor de todas! Clara sorrir pra mim e começa a bocejar, vejo as suas pálpebras pesarem, ela vai cair no sono, sorrindo pra ela a chamo: — Gata? — Oi. — Você me ama? — Não, eu te odeio! — Mentirosa! — Eu te amo, seu besta! — Eu também te amo, gata, e não sei explicar o quanto eu te amo! — Se você soubesse explicar, eu teria certeza que você não me ama. Ela boceja e eu abro um sorriso enorme no meu rosto. —Amor não se explica. Se sente, Chris... Ela fecha os olhos e com um sorriso bobo nos lábios, dorme com as perninhas de um dos gêmeos em cima dela. Abraço a minha Sol, jogo as minhas pernas longas por cima deles, até as pontas dos meus pés alcançarem a perna da minha gata e sentir sua pele. Sentindo o calor do corpo de cada um deles, eu fecho os meus olhos e durmo com um sorrisinho besta no rosto.

Bônus! Eu & Você Séries Amores Imperfeitos/Livro III Eles estão chegando... César e Vanessa Prólogo Vanessa Pela décima vez eu me olho no espelho do meu quarto com o meu vestido de noiva, me sinto uma princesa pronta para subir ao altar com o meu príncipe, Bernardo Júnior, meu primeiro amor, meu primeiro e único homem. O seu sorriso ilumina o meu dia, o toque de suas mãos desperta em mim algo que eu nunca imaginei sentir. Eu fico parada admirando a beleza do meu vestido e sonhando de olhos abertos, me imaginando entrando com o meu pai na igreja com o rosto coberto com o véu, a igreja está lotada, mas meus olhos estão fixos no meu amado. Respiro fundo e coloco o vestido em cima cama. Em um mês vamos subir ao altar, estou louca para dividir o mesmo teto com ele e morarmos no apartamento que projetamos juntos. Deito ao lado do meu vestido e passo a mão nele, sem perceber caio num sono profundo e sou acordada com a minha mãe me chamando: —Vanessa! Sonolenta, bocejo e me espreguiço minha mãe tira o vestido do meu lado e coloca em cima da minha mesa de estudo, me dá um sorriso triste. —Desculpa mãe! Eu prometo que essa vai ser a última vez em que vou mexer nele. —Tudo bem minha filha. Tudo bem! Seus futuros sogros estão lá embaixo, eles querem falar com você. Levanto rapidamente da minha cama, olho para o meu despertador e vejo que são 3:37 da madrugada, meus olhos procuram os da minha mãe, mas ela desvia o olhar, sem precisar de mais respostas, eu desço correndo as escadas e antes de chegar no ultimo degrau eu vejo os pais Júnior abraçados, meu pai está com as mãos no bolso e de cabeça baixa. Eu começo a querer subir as escadas de trás pra frente, pois eu estou com

muito medo do que vou ouvir. Meu coração bate descompassado, sinto as minhas mãos e pernas tremulas, antes que eu me vire para voltar para o meu quarto, minha mãe segura no meu ombro e diz: —Eu sinto muito minha filha! Muito mesmo! —Vanessa? Escuto a voz do minha mãe, mas eu vou desabando na escada coloco as mãos nos meus ouvidos, eu não quero não quero ouvir, seja o que for que eles tem a me dizer, eu não quero e nem vou ouvir! —Filha! Todos me olham, pois eu sinto que todos os olhares estão sobre mim, sentada na escada sinto as lágrimas molharem o meu rosto. De repente eu lembro que Júnior me prometeu que não se atrasaria para o nosso primeiro café da manhã em nosso apartamento. Eu me levanto e sub correndo as escadas, escuto vozes chamando o meu nome, eu corro para o meu quarto e passo a chave na porta, procuro o meu celular e não encontro, olho para cima da minha mesa de estudo e jogo o vestido no chão e vejo o meu celular, assim que desbloqueio a tela vejo que tem duas mensagens e uma ligação dele perdida no meu celular. Com a mão trêmula eu abro as duas mensagens, assim que eu abro a primeira que ele me enviou meu coração bate alucinadamente, minha respiração está tão rápida que o meu peito sobe e desce, as lágrimas deixam a minha vista embaçada e com um pouco de dificuldade eu leio: Minha doce Vany, estou louco de saudades de estar nos seus braços, eu não sei como eu vou conseguir dormi sem pelo menos ti ver. Eu te amo! Seu Jr. Eu puxo o ar com dificuldade, coloco a mão na boca para sufocar o meu choro, rapidamente eu abro a segunda mensagem. Vany meu amor, seu Jr esta voltando para você, para nós! Eu liguei mas acho que você já estava dormindo, estou chegando mais cedo para tomar o nosso primeiro café da manhã no nosso lar de pombinhos. Saindo de Petrópolis. Te amo! Seu Jr. Eu desabo no chão e me permito chorar, porque o meu Júnior nunca chegou e nem vai chegar para o nosso primeiro café da manhã no nosso apartamento.

Suas lindas, me sigam nas redes sociais: Wattpad @LiFraser Facebook @li.fraser.5 Instagram @li_fraser5 Gostou do livro? Compartilhe seu comentário nas redes sociais e na Amazon. Indique ele para outras leitoras. Muito obrigada!
EU & ELA - LI fRASER

Related documents

344 Pages • 115,222 Words • PDF • 3.7 MB

2 Pages • PDF • 238 KB

1 Pages • 145 Words • PDF • 51.4 KB

1 Pages • 47 Words • PDF • 9.7 KB

13 Pages • 1,884 Words • PDF • 7.6 MB

138 Pages • 32,900 Words • PDF • 3.5 MB