Elizabeth Lennox-Thorpe Brothers-03-His Secretive Lover-Rev

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Equipe PL Tradução: Anjo Bom Revisão Inicial: Juliana Moraes, Nina, Joana Revisão Final: Ana Leitura Final: Cláudia Mussel Formatação: Lola Verificação: Anna Azulzinha

Sinopse Sendo a filha de um famoso ladrão internacional de arte, Cricket aprendeu muitas coisas e é óbvio sabe como roubar, mentir e enganar sem que ninguém a apanhe. O problema é que Cricket odeia roubar e mentir. Seu pai está decepcionado porque

ela

despreza

suas

habilidades.

Apesar da opinião de seu pai. Cricket é perfeitamente

feliz

levando

uma

vida

normal como contadora de uma grande corporação. Bom, quase sempre normal, porque

ocasionalmente

satisfaz

sua

necessidade de adrenalina. Cricket encontra um

oculto

prazer

em

brincar

ocasionalmente com seu chefe, "roubando"

suas canetas e dando volta a todos seus quadros. Em sua defesa, terá que admitir que seu chefe é uma pessoa insuportável...

Ryker Quando um de seus clientes pede ajuda para descobrir o "ladrão" que rouba suas canetas e cria o caos em seu escritório, Ryker, um poderoso e influente advogado fica intrigado. E muito mais ainda quando no vídeo de segurança do escritório de seu cliente, Ryker reconhece imediatamente a figura da mulher a qual esteve admirando há várias semanas. Ryker sem dúvida desfrutará "apanhando" a tão misteriosa ladra.

Capítulo 1 A silhueta escura parou silenciosamente, ouviu com atenção. Não se atreveu a respirar sequer por um momento. Houve um silêncio pesado, mas advertiu que algo estava errado. O grosso tapete abafava o ruído de seus passos, mas ela sabia que de noite cada som, cada movimento se ouvia com mais força que durante o dia. Fechou os olhos e relaxou a mente, deixando que todos os sons tomassem vida a seu redor e os movimentos se convertessem quase em uma vibração física. Quando relaxava era mais fácil aguçar os sentidos; a sua mente funcionava a toda velocidade para tentar determinar a existência de uma ameaça ou se era só produto de sua imaginação. Foi treinada desde pequena e sabia o que fazer, como reagir e que plano de

contingência

executar

se

fosse

necessário.

Seu

treinamento era exaustivo. O silêncio era total. Manteve os olhos fechados, o corpo quieto, ouvindo. Outra vez, pensou com um sorriso malicioso, ao tempo que o corpo permanecia imóvel. O som de passos arrastados era quase imperceptível, mas alguém estava se aproximando silenciosamente.

Prendeu uma gostosa risada, mas sabia que delataria o lugar onde estava. O silêncio era o aspecto mais importante da operação. Sem silêncio, a apanhariam. Com a descrição aprendida com anos de prática, tomou o último objeto no meio do escritório e logo voltou a subir a corda até o teto. Soltou uma risadinha observando através do duto de ventilação do ar condicionado a enorme e torpe figura que entrava no escritório. As luzes do teto foram acesas e a escura cabeça se moveu da direita para esquerda. Por mais que queria ficar e olhar era especialista o suficiente para saber que não devia permanecer lá mais tempo depois de terminar a missão. Lentamente, se virou e deslizou o corpo através do duto. Não queria ficar para ver se o guarda de segurança, inepto e ávido de reconhecimento, conseguiria vêla através das fitas de segurança. Agilmente correndo através do sistema de ventilação voltou ao ponto de partida. Ela hesitou no último momento e sentiu os cabelos na nuca. Estes pelos salvaram sua pele em mais de uma ocasião, assim aprendeu a prestar atenção a seu sexto sentido. Fez uma pausa e subiu ainda mais, usando toda a força da parte superior do corpo para elevar uns centímetros mais. Dessa maneira, sabia que ficava fora do campo de visão das câmeras, que já programou para que repetissem uma imagem indefinida. Mas sua posição a deixava vulnerável para qualquer um que passasse pela porta de saída que estava justamente abaixo dela. Porém treinou bastante até esse ponto antes que o guarda fosse para a pausa noturna, que

não estava autorizado naquele horário, que era para tomar uma dose de uísque e para fumar. Nesse momento, triplicou seu ritmo cardíaco e sentiu uma nova descarga de adrenalina disparar através de seu corpo. Mordendo os lábios, olhou ao seu redor procurando uma alternativa para escapar. Analisou a porta e a janela que estavam à cima e soube que o podia fazer. Com determinação ergueu o corpo ainda mais, passou a perna por cima do batente da janela e olhou para baixo. Era mais alto que o acostumado, mas ao olhar rapidamente para trás notou que não podia voltar pelo outro caminho. Sorrindo, jogou o corpo adiante e alcançou o batente do lado oposto bem a tempo. As mãos enluvadas seguraram a beirada com força suficiente para impulsionar para frente uma vez mais. Com um suspiro, balançou o corpo para a esquerda, logo para a direita, logo para a esquerda outra vez, conseguindo o impulso suficiente para lançar todo o corpo por cima da cornija1. Finalmente segura. Estava de pé, ficando agachada enquanto corria sobre o telhado. Viu a escada e deu uma olhada ao redor. Como esperado, os guardas seguiam concentrados no lado oposto do edifício. Passou a corda por cima da cabeça e prendeu ao redor da cintura e as coxas. Esta era a melhor parte, pensou divertida. Hmmm embora talvez a melhor fora a parte do roubo. Ou o planejamento. Adorava planejar, resolver todos os pormenores. Ou talvez, a melhor parte fora quando 1

Cornija é um termo usado em arquitetura e na montanha e refere-se a uma faixa horizontal que se destaca da parede

passava

ao

lado

dos

guardas,

sem

que

eles

sequer

suspeitassem de nada. Sorriu ao recordar a tarefa realizada e a incomparável excitação. Gostava de tudo, pensou enquanto inseria o último gancho na posição adequada e se ajustava a eles. Com olhar cauteloso, verificou o perímetro pela última vez. Não era momento para descuidos. Já repassou tudo quatro vezes, mas esta verificação seria tão importante como a primeira. Uma vez que se sentiu segura de que tudo estava em seu

devido

lugar

e

todos

os

conectores

assegurados,

deslocou-se na lateral do edifício parando um momento para olhar aquela bela vista da fabulosa cidade. Chicago era realmente uma cidade bonita. Por sorte, não planejou esta aventura para os meses de inverno, mas inclusive agora, quando o vento de outubro corria sobre o teto e penetrava entre os altos edifícios, sentiu que lhe cortava a pele. Fazia cada vez mais frio. Esta seria talvez a última vez que poderia utilizar esse caminho até a chegada da primavera, pensou com tristeza. Dando de ombros, sorriu para o que estava por vir. Suspirou uma vez mais ao mesmo tempo em que apertava a corda e se jogava por cima da cornija, sem emitir nem um som. Em seguida, caiu no vazio. Com um zumbido, correu para o lado do edifício. Caiu cinquenta andares em apenas alguns segundos, sentindo o chicote de ar frio ao seu redor. Quando já percorreu dois terços do caminho, acionou o freio

para diminuir a velocidade da queda. A dez centímetros do chão, parou silenciosamente por completo. Um par de estalos mais e o polegar pressionou a trava de abertura. A corda estava enrolada e armazenada na bobina, colocou-a na bolsa de couro e guardou o gancho em seu bolso. Só quinze segundos depois de apoiar os pés sobre a calçada, não ficava evidência alguma de que tivesse passado por ali. Colocou tudo na bolsa, inverteu o casaco do preto para o rosa e colocou a mochila no ombro. Tinha conseguido, pensou com grande excitação. Esta devia ser a melhor parte. Afastar do lugar a pé, sentir a emoção do triunfo e a adrenalina que bombeava em seu interior. Entrou no escritório, conseguiu o objetivo e saiu do edifício sem que ninguém soubesse que alguma vez esteve lá. Quase ficou tentada a dar pulos de alegria pela calçada, mas se conteve, sabendo que deveria passar despercebida.

Capítulo 2 Ryker

sorriu

para

seus

funcionários

enquanto

estacionava na vaga. Era conhecido por ser reservado, frio e por ter tudo sob controle, só mostrando suas emoções quando estava com os irmãos. E mesmo assim, como era o mais velho entre eles, agia sempre como uma influência tranquilizadora. Sabia quais eram suas responsabilidades e levava tudo muito a sério. Isso não significava que não pudesse apreciar a vida, pensou enquanto olhava ao redor procurando a mulher. Para um observador casual sabia que parecia sério e ocupado, mas ele não se importava com as opiniões das outras pessoas, tinha coisas mais importantes com que se ocupar do que ser ou não considerado simpático. Ryker não ligava que seus funcionários se sentissem intimidados, isso só facilitava a direção do grupo Thorpe. Não tinha a seu cargo somente a sua divisão, também era responsável pela direção geral da companhia e isso sem incluir seus três irmãos mais novos, que tendiam a ser um tanto bagunceiros. Por sorte, já não brigavam como antes. Quer dizer, Xander ainda era difícil, mas isso por que... Ryker suspirou ao refletir sobre a situação. Xander era o

segundo e estava a cargo da divisão de direito de família do grupo Thorpe. O cinismo que ultimamente seu irmão apresentava não era um bom indício e não havia dúvida de que Xander estava se tornando cada dia mais insensível. Talvez fosse por isso que as discussões entre ele e a gerente do escritório, April, se tornaram mais... violentas. Saiu do sedan Tesla preto, pegou a pasta e caminhou com firmeza para a entrada do edifício. Todos os dias calculava com perfeição e efetivamente, ali estava ela. A deliciosa mulher de cabelo loiro ondulado, apressada como sempre para entrar no prédio ao lado do seu. Era linda e tinha o andar mais sexy que ele já viu, mesmo quando caminhava rapidamente. Esperou

até

que

tivesse

passado

pelas

portas,

observando-a fixamente antes de entrar no prédio. Era um ritual que realizava todas as manhãs e que tinha intenção de encerrar logo que conseguisse que ela fosse jantar com ele. Sabia que era terrivelmente tímida, porque em ocasiões anteriores

tentou

atrair

sua atenção

e

ela

conseguiu

escapulir, dando-lhe apenas um breve olhar. Todas as manhãs cumpriam este ritual, olhando-se do lado de fora do prédio, ambos obviamente interessados, até que ela entrava antes que ele pudesse abordá-la. Quando se viram uma vez na cafeteria tentou conversar, mas ela ficou ruborizada e saiu correndo pela porta esquecendo inclusive de comprar o café em sua pressa de afastar-se dele. De perto era ainda mais bonita.

E o jogo de gato e rato continuava. O cabelo loiro ondulado, a figura extraordinária entrava agoniada pela porta todos os dias. Um homem mais fraco já teria desistido, mas ele não. A mulher valia a pena pensou enquanto apertava o botão do elevador para subir ao seu andar. Muito em breve ela estaria sentada em uma mesa de restaurante com ele. Entrou em seu escritório seguido por sua assistente, Joan, que o encontrou na porta do lobby como fazia todos os dias, para caminhar ao seu lado enquanto lia as primeiras mensagens da manhã. — E por último, Jason Moram deixou uma mensagem ontem à noite, quer falar urgente com você. É a terceira mensagem em duas semanas. — Disse Joan, sem nenhum tipo de expressão no rosto. Ela sabia que não deveria emitir qualquer tipo de julgamento com relação aos assuntos do escritório. Se seu chefe não retornou a ligação era porque tinha seus motivos. Os olhos de Ryker fixaram-se em Joan. — Jason? — Repetiu. Estava visivelmente chateado com a persistência do homem. — Jason não era aquele cliente da Martha? — Perguntou, referindo-se a uma das advogadas do grupo. Sabia que ela retornou a última ligação dele. — Por que precisaria falar comigo? Ryker lembrou-se que Jason Moram trabalhava no edifício ao lado, o mesmo da estranha misteriosa. Talvez isso

fosse promissor pensou, olhando para a agenda. Quem sabe ele poderia dar alguma informação a respeito dela? Tomando uma rápida decisão, devolveu a agenda a Joan e caminhou para seu escritório. — Diga ao Jason que o posso vê-lo esta tarde. Combine para qualquer horário que esteja disponível depois do meu almoço de negócios. Joan assentiu e tomou nota. Depois saiu do escritório para cumprir suas instruções.

Capítulo 3 Cricket apoiou o corpo no interior da porta do escritório, inalando profundamente o ar frio e tentando acalmar o ritmo frenético do coração. Não podia acreditar que estava tão eufórica só porque o homem a observou entrar no prédio. Mesmo de longe ele tinha um olhar tão ardente, tão intenso que sentiu que ia pegar fogo enquanto caminhava do estacionamento até porta de entrada. Várias vezes enquanto dirigia para o escritório, pensava que devia ao menos olhá-lo, talvez saber seu nome e o que fazia da vida. Viu-o de perto uma vez e ele era... incrível! Que idiota foi naquele dia, sentiu que ia falar com ela e saiu correndo. Uma coisa era sentir uma obsessão secreta por um cara, criar histórias sobre ele, outra era efetivamente conhecê-lo. Imaginava-se sentada com ele em um restaurante elegante

e

sofisticado,

desfrutando

de

uma

conversa

inteligente enquanto ele emitia puro magnetismo ao seu lado. Infelizmente esta não era a realidade, sua vida era tediosa e chata, girava em torno de números e de encontrar padrões nas cifras. Talvez fosse capaz de entrar em um prédio de segurança máxima sem ser vista e encontrar uma discrepância ínfima em um projeto multimilionário. Mas conversar com um homem atraente? Não, era muito tímida.

Especialmente quando era um homem alto e forte, que a intimidava ao se cruzarem todas as manhãs. Realmente precisava trocar de horário, para não aparecer à hora exata em que ele chegava. Depois sorriu, dentro do seu pequeno escritório, onde ninguém mais podia vê-la, o corpo já relaxado. Estava decidida enquanto ele continuasse chegando na mesma hora ela continuaria chegando também estacionando seu carro no momento preciso que ele estacionava. Era um prazer sentir essa descarga de energia a cada manhã, quando ele a olhava era melhor do que um expresso duplo. Podia parecer absurdo estar desejando ver um homem todos os dias, mas adorava sua dose de excitação matinal. Se trocasse de horário, acabaria ficando com saudades. Precisava tomar coragem e falar com ele. Programava o despertador

para

poder

chegar

todas

as

manhãs

ao

estacionamento na hora exata. Não tomava café se estivesse atrasada e comia uma maçã para não chegar muito cedo. Tudo para poder vê-lo. Era um pouco patético, disse a si mesma. Mas a ideia de realmente enfrentá-lo, de ficar cara a cara com ele em algum lugar que não fosse a entrada do prédio, fazia seu corpo tremer. O que ele diria? O que podiam ter em comum? Ele parecia algum tipo de executivo enquanto que ela era uma simples contadora. Certamente terminaria tropeçando nos próprios saltos ao se aproximar um pouco mais dele. Ficava nervosa apenas olhando!

Com um suspiro, sentou-se no escritório escuro, aproximou a cadeira para ligar o computador e pegou uma enorme pilha de fichas de gastos caóticos e mal redigidos, obrigando-se a esquecer o homem espetacular que a intimidava. Agora que tomou sua injeção de adrenalina era hora de começar o dia. Cricket sorriu enquanto revisava a pilha de folhas. Talvez fosse uma contadora chata e precavida, mas isso não significava que não gostasse de alguma excitação. E a propósito... Com uma risadinha para si mesma, voltou à porta do escritório para abri-la. Por nada neste mundo queria perder o alvoroço daquela manhã. A aventura de ontem a noite foi mais divertida que todas as outras. Esteve a ponto de ser descoberta

pelo

segurança.

Bom,

na

realidade

estava

exagerando. Teve bastante cuidado na noite anterior, mas desfrutou de um desafio extra quando viu o homem pelo ralo de ventilação. E agora era o momento do espetáculo. Seu chefe entraria no escritório, veria o que ela fez e começaria a gritar. Não via a hora de ouvir o grito de indignação quando o diretor atravessasse a porta. A aventura da noite anterior era uma razão a mais para não ficar pensando naquele deus grego desconhecido. O certo seria que confrontasse de maneira direta as pessoas que a irritavam. Ela era criativa, mas era uma criatividade tola, um comportamento passivo-agressivo. Suas

travessuras podiam ser divertidas, mas mesmo assim... devia procurar um novo emprego, parar de suportar o péssimo comportamento de Jason Moram. Sorriu e voltou a sentar-se, trabalhando nos chatos formulários de gastos que acumularam-se em sua mesa nos últimos dias. Lançou um olhar de desaprovação às notas, manuscritas em sua maioria e tentou interpretar os ganhos. Por que esta companhia não podia informatizar estes documentos? Apresentou uma proposta para isso no mês anterior, havia até mesmo anexado o custo de um programa de software relativamente simples, que aceleraria todo o processo e ajudaria os empregados a serem pagos muito mais rápido. Infelizmente, Jason Moram não escutou uma palavra. Seu silêncio comunicava que de maneira nenhuma ia gastar dinheiro com um pacote de software básico, mesmo que ele fosse para economizar. Quando terminou o relatório de gastos e deixou-o preparado para ser processado e pago, passou ao seguinte, lembrando a si mesma porque ela escolheu ser contadora. Poderia ter feito o curso que quisesse, mas a contabilidade se adaptava perfeitamente a suas necessidades. E, além disso, era competente, prestava atenção aos pequenos detalhes para que o trabalho ficasse perfeito. As habilidades que seu pai e sua mãe ensinaram desde que ela era uma menina ajustavam-se perfeitamente a esta profissão. Qual era o problema que a fazia odiar cada minuto do seu dia? Pagavam bem e tinha a sensação de segurança de que tanto precisava e isso era mais importante que gostar do

emprego. Quando era pequena odiava não se sentir segura, desejava desesperadamente que seus pais não fossem tão ligados no que escolheram para fazer. Assim pôr mais aversão que sentisse por este trabalho, tinha a paz que tanto queria. Esta atividade podia ser terrivelmente aborrecida e tediosa, mas a mantinha fora da prisão, algo que a profissão dos seus pais não podia garantir. Concentrou-se nos informes de gastos e quando entrou no ritmo foi capaz de liquidar a pilha de reintegrações em tempo recorde. Alguns tinham letras ilegíveis e montantes ridículos, mas a maioria era bastante simples, tão fáceis que quase podia fazer dormindo. — Cricket? — Era Debbie, uma das outras contadoras, colocando a cabeça pela porta do seu escritório. — O que acha de irmos almoçar fora? Cricket levantou a cabeça e sorriu. — Eu ia amar. — Replicou. Adoraria ter uma desculpa para relaxar por uma hora dessa tarefa chata, de ficar analisando inúmeros formulários e programas de software. Depois, olhou com desconfiança. — E o senhor Moram? — Perguntou, quase sussurrando. O sorriso da Debbie a iluminou e ela sacudiu a mão no ar para desprezar a preocupação pelo chefe. — Já falei com a Dorothy. — Respondeu, referindo-se a assistente do seu chefe. — Ele tem agendado um almoço então hoje não vai resmungar porque saímos.

— Ótimo! — Exclamou Cricket, aliviada e excitada com a ideia de tomar um pouco de ar fresco e, é óbvio, falar de coisas que não tivessem nada a ver com números. Jason Moram era possivelmente o pior chefe do mundo, pensou Cricket, mas pagava bem e oferecia excelentes benefícios a seus funcionários, talvez porque, como era um ser humano desprezível, o pagamento e as vantagens eram as únicas maneiras de evitar que o pessoal pedisse demissão. Ele caminhava pelo escritório gritando com os empregados exigindo que trabalhassem mais e deixassem de moleza. Os mais jovens não gostavam dele, porque agia como um déspota e os estagiários não duravam mais de uma semana ou duas, porque ele usava o trabalho gratuito para realizar as piores tarefas administrativas, aquelas que ninguém queria fazer. Ele não gostava sequer que os empregados saíssem do escritório para almoçar. Do ponto de vista legal, não podia impedir que os funcionários tivessem uma hora para o almoço,

mas

ele

fazia

comentários

maliciosos

quando

percebia que alguém ia almoçar na rua. Preferia que ficassem no escritório ou na cozinha, onde podia encontrá-los se precisasse. Também interrompia os almoços quando havia muitas pessoas reunidas na cozinha. Por tudo isso, a equipe criou maneiras de escapar na hora do almoço. — Que merda, onde estão todas as minhas canetas? — Gritou alguém do corredor.

Cricket ouviu e teve que fazer um esforço para não soltar uma gargalhada. Debbie permanecia parada na porta, mas, por sorte estava olhando na direção de onde vinham os gritos e ela teve tempo de recuperar a compostura e adotar uma expressão preocupada e interrogativa. — O quê? — Sussurrou Debbie estreitando os olhos. — Outra vez, não! — Soltou uma risadinha e rapidamente cobriu o rosto com as mãos, para evitar que seu chefe a visse rindo. Debbie virou-se para Cricket com um enorme sorriso no rosto travesso. — Oh, isto é genial! Depois da reunião de ontem à tarde, merece muito mais do que apenas roubarem suas canetas... — E como diabos colocaram todos os meus quadros de cabeça para baixo? — Voltou a gritar. Debbie deu um passo para entrar no escritório da Cricket e evitar que seu chefe a visse parada. — Isto é perfeito! — Riu, colocando uma mão na boca enquanto segurava a barriga com a outra. — Quem será que teve a ideia de mexer nos quadros? — Perguntou. Cricket sentiu que estava a salvo para soltar a gargalhada e se uniu a Debbie enquanto seu chefe sapateava pelo corredor, possesso de uma fúria descontrolada e tentando descobrir quem podia ter feito uma coisa dessas. Durante

os

empregados

últimos de

meses

mexer

em

o seu

homem

acusou

escritório,

mas

vários como

normalmente só se roubavam as canetas, a polícia não foi envolvida.

— Isto não tem graça! — Disse bem alto, quando passou com uma cara de fúria pela porta de Cricket e as pegou rindo, assim como vários funcionários parados nos corredores. — Quem quer que tenha feito isto, — gritou a todos — está despedido! Estão me escutando? Despedido! Entrou no escritório e bateu a porta enquanto o resto do pessoal ria silenciosamente da ousadia e criatividade do intruso. É óbvio, isso foi antes do Sr. Moram descarregar sua fúria sobre todo mundo nas horas seguintes. Jogou o café que estava na cafeteira pelo ralo e não deixou que ninguém preparasse outra jarra, proibiu até mesmo que saíssem do escritório para ir a cafeteria que havia na área de recepção, perto das escadas. Também jogou uns papéis do outro lado da mesa da sala de conferências quando alguém tentou fazer uma proposta

para

solucionar

um

problema

administrativo.

Desfilou com uma cara raivosa pelo escritório, roubando as canetas de todo mundo e jogando-as no lixo. Foi uma represália completamente ineficaz, já que todos se limitaram a tirar as canetas dos cestos quando ele saiu do escritório. Mas mesmo assim era deprimente. Cricket se sentia mal pelo que fez. No geral, Jason só gritava e protestava. Jamais se tornava agressivo e fazia a vida deles impossível, como aconteceu hoje. Mas ele parecia estar soltando a sua fúria e realmente queria descobrir quem estava roubando as canetas e virando os quadros.

Cricket ficou com a testa franzida durante toda a manhã enquanto

fazia

a

análise

de

dados.

Quando

estava

terminando seu último relatório de gastos Debbie e mais duas colegas entraram no escritório. — Estão prontas? — Perguntou com alívio, já preparada para fugir desse ambiente de doidos. — Todo mundo já foi há uns cinco minutos. Na realidade somos as últimas a sair para o almoço então pegue sua bolsa e vamos. — Apressou-a. — Estão sabendo que Mona e Jeff pediram demissão esta manhã? — Perguntou Debbie, sacudindo a cabeça chateada. Era bem provável que todo mundo se sentisse como ela, pensou Cricket. Josie ficou com os olhos parados diante do fato. — Nós estamos mais protegidas da fúria do Sr. Moram, porque ele não acredita que nenhuma das pessoas que trabalham no departamento de contabilidade possua algum tipo de imaginação. Para ele, somos meros figurantes trabalhando com dados chatos. Cricket ouvia os comentários enquanto desligava o computador. Depois que pegou a bolsa, as quatro saíram pela porta, indo ansiosamente para o elevador. — Aonde vamos? — Perguntou Cricket, pensando em comer um simples sanduíche. Pretendia estar de volta antes do chefe, não queria ouvir as reclamações dele sobre seus empregados saírem para almoçar, aproveitando-se de sua

ausência. Jason acreditava que, uma vez que pagava todo mundo deveria trabalhar mais do que ele. Josie bateu palmas quando teve uma ideia. — Por que não nos damos um presente e vamos ao Chez Antoine? Vocês não estão com vontade de comer algo decente e engordante? — Eu quero! Por que não pedimos só aperitivos e sobremesa para ficarmos catatônicas com uma overdose de açúcar? — Sugeriu Debbie. Cricket sorriu mais do que pronta para comer o que quer que fosse. Correu aquela manhã, para chegar a tempo ao estacionamento. Acordou quinze minutos depois do seu horário habitual e para não chegar alguns minutos atrasada ao trabalho ou, para ser mais específica, muito tarde para ver seu misterioso galã entrando, ficou sem o café da manhã. Enquanto

esperava

de



atrás

das

outras

três

mulheres, lembrou da excitação que sentiu quando chegou bem a tempo de vê-lo. Mudou sua vida desde que conheceu aquele homem lindo. Realmente estava pulando as refeições para chegar a tempo e sentir a emoção de vê-lo? Mordeu o lábio e balançou a cabeça. Sim estava. Mas quem podia culpá-la? O cara era um deus! Talvez isso fosse contra tudo que pensava, mas a verdade era que o olhar que trocavam pela manhã era, definitivamente, o momento mais emocionante do seu dia.

— Vamos! — Disse Josie, quando as portas do elevador se abriram. — Estou morrendo de fome. Debbie,

Josie

e

Allyson

conversavam

entre

elas,

tentando incluir Cricket, mas como falavam de maridos, filhos e bebês ela não tinha muito a dizer. O elegante restaurante estava localizado há uma quadra e meia do escritório, mas era um desses lugares exclusivos, com preços que não se adequavam aos salários de quatro modestas contadoras. Também era luxuoso, a comida muito melhor que os sanduíches ou os hambúrgueres do Durango, o lugar que normalmente almoçavam. Foram conduzidas a uma mesa logo que chegaram, porque Allyson, a quarta menina do grupo estava saindo com um dos caras que trabalhava no restaurante. Ela era divorciada e tinha dois filhos, mas continuava ativa no mercado de homens. As mulheres sorriram excitadas ao sentar entre a elite de Chicago. Neste lugar se encontravam pessoas poderosas da administração pública, mecenas das artes, ricos turistas e quem controlava o dinheiro: banqueiros e empresários bem-sucedidos. Qualquer um que quisesse ser visto recorria ao Chez Antoine na hora do almoço. Em duas horas, uma grande quantidade de mulheres poderosas de Chicago chegaria para tomar o chá e beber brandy e duas horas depois, o público dos aperitivos iria para o bar, ansiosos por serem vistos entre os clientes habituais do elitizado local. Quando as quatro já estavam sentadas, o namorado da Allyson se aproximou e indicou o que deviam pedir, já que o

menu não tinha preços. Entregou a cada uma um copo de água com rodelas de limão e logo se afastou para deixá-las decidir o que comer e ajudar nas outras mesas. As meninas beberam a água entusiasmadas por fazerem parte deste espetáculo diário. Bom, ao menos três delas estavam. Cricket bebeu um pouco de água, mas analisava com cuidado as pessoas ao seu redor. Conhecia algumas por sua reputação, mas também estava fazendo um inventário mental de seus bens. Não de suas contas bancárias, mas sim de suas coleções de arte e joias. Outras pessoas talvez não tivessem esse tipo de informação, mas Cricket não provinha de uma família normal. Seu pai era um dos melhores ladrões de arte do mundo e sua mãe era uma entre as três ladras na escala internacional que podia roubar quase qualquer peça de joalheria, no momento que quisesse. É óbvio, que eles não guardavam as peças que roubavam. Bem, Cricket não acreditava que ficavam com elas. Sacudiu a cabeça ao pensar nesta possibilidade. Não, a regra de qualquer ladrão era jamais ficar com algo que não queria perder. Sempre poderia aparecer um ladrão novo em ascensão, mais ousado, ou mesmo mais hábil, com a última tecnologia e pronto para roubá-los. Um ladrão jamais confiaria em um sistema de segurança que ele mesmo podia burlar. A outra regra de ouro que jamais deveria ser quebrada era.... Não se deixar apanhar.

Por sorte, até agora seus pais não foram pegos. Mas Cricket vivia aterrorizada que seu pai pegasse algum "projeto" (termo que ele usava, não ela) perigoso demais e que terminasse sendo apanhado em uma armadilha. A polícia estava a par das aventuras do seu pai, mas jamais conseguiu provar nada. Ele era como um fantasma, ou uma lenda na comunidade de ladrões de arte. A polícia não conseguia entender como realizava muitos de seus roubos e ele se orgulhava que ninguém soubesse. Só pegava as missões mais arriscadas e aquelas que podia livrar-se rapidamente do furto. Se um ladrão fosse apanhado era sempre difícil para as autoridades

provarem

que

ele

era

culpado,



que

normalmente não possuíam nenhuma evidência. Assim embora Cricket nunca tivesse roubado nada, foi criada em uma família que vivia para isso e ela se alimentava da euforia de antecipar um furto. Além disso, ensinaram-na todos os truques esperando que se unisse a eles quando estivesse adulta. Mas odiava roubar, só a ideia de pegar algo de valor que não lhe pertencia revirava o seu estômago. Não tinha medo do risco. De fato, adorava o risco, a emoção do desafio e a aventura, isso sem levar em conta a incrível autodisciplina que era necessária para aprender as complexas habilidades da arte de roubar. O processo de planejamento também a deixava fascinada, mas limitou suas missões às façanhas mais comuns, como roubar canetas ou virar quadros.

Não queria o estresse que o medo de ser pega provocava, nem a culpa por levar algo que não era seu, não valia a pena. Só queria a emoção, não o perigo. — Oh, Deus! — Josie falou excitada. — Não é o presidente dos Estados Unidos? — Perguntou, apontando para uma mesa que estava rodeada por homens e mulheres de aspecto severo, todos usando óculos e o que pareciam ser escutas de ouvidos. Ela virou-se para olhar, junto com as outras e então exclamaram ao mesmo tempo quando perceberam que realmente era o presidente. Cricket soltou um gemido ao notar que quem estava almoçando com ele era, nada mais nada menos, que seu homem misterioso. Como isso era possível? O cara trabalhava aqui em Chicago, que negócios podia ter com o presidente? Sim era certo, Chez Antoine era o melhor restaurante, sem dúvida nenhuma. E ficava perto do escritório, no final da rua. Mas, o presidente? Aquilo só confirmava que seu admirador secreto estava fora de alcance, isso sem nem levar em conta o quanto seria perigoso ser amiga dele. A história de sua família e um homem poderoso e bem relacionado, não era uma combinação que funcionasse para nenhum tipo de relação a longo prazo. De qualquer maneira, não havia possibilidade de manter um vínculo com um homem como aquele. Provavelmente, só saía com mulheres glamorosas. O mais certo era que se enganou ao acreditar que ele esteve a ponto de falar com ela

na cafeteria. Um homem como ele não conversava com mulheres como ela. Era muito simples, muito sem graça, droga era só uma contadora! Certamente ele saía com modelos ou mulheres da alta sociedade! Parou de olhar naquela direção, de repente, perdeu o ânimo. Observou o menu. — Acredito que vou pedir um hambúrguer e deixar o chef de cabelos em pé. — Disse, tentando espantar a tristeza. Graças a Deus, as outras voltaram a prestar atenção à mesa, ainda que conscientes de que aquilo era o mais próximo que estariam do poderoso presidente. Não tinha sentido ficar olhando-o encantada, mas isso não a impediu. Ele não estava diretamente em sua linha de visão, mas se virasse a cabeça para a direita, lá estava. Todo o restaurante estava olhando para o presidente, mas ela só tinha olhos para ele. Parecia que cada vez que virava a cabeça em sua direção ele estava olhando-a diretamente nos olhos. Isso era tão desconcertante que nem prestou atenção na comida. Parecia um robô e quando o namorado da Allyson retirou os pratos, não podia dizer o nome de nada que comeu. Seu coração bateu com força ao levantar a cabeça e perceber que os olhos dele se chocaram com os dela. Era como se estivesse quase ignorando o presidente enquanto a olhava. — Por que está tão calada? — Perguntou Josie. Cricket voltou bruscamente à atenção para suas colegas. Todas

desfrutaram de um almoço que estava além de todas as expectativas. — Está fascinada com o presidente? — As garotas perceberam que ela estava distraída durante o almoço. — Você está bem? Seu rosto está vermelho. Será que está ficando doente? Josie sorriu e levantou as sobrancelhas. — Não é nosso ilustre líder que está distraindo Cricket. Debbie e Allyson voltaram-se ao ver que o presidente estava saindo do restaurante, conversando com um homem alto. — Oh! — Exclamou Debbie, ao ver quem Cricket estava olhando. — Esse não é o bonitão que trabalha no edifício ao lado? — Perguntou, suspirando de felicidade enquanto o homem saía do restaurante. Josie e Debbie viram quando ele voltou e saiu novamente. Só restaram alguns agentes do serviço secreto dando uma última olhada no salão, como única prova de que não foi pura imaginação que o presidente estivesse no mesmo restaurante que elas. — Pode ser.... Não sei. — Disse Cricket. — Ele parecia muito bonito, mas não cheguei a vê-lo bem. — Não estava mentindo embora tivesse lançado olhares furtivos durante todo o almoço. Allyson olhou o relógio.

— É melhor voltarmos e esquecer o desconhecido alto, moreno e bonito que a Cricket estava admirando. — Brincou. — O senhor Moram já deve estar retornando e ficará furioso por sairmos no horário que temos direito, por lei, para almoçar. As quatro concordaram e começaram a pegar as carteiras. Mas antes que qualquer uma delas pudesse tirar o dinheiro ou cartão de crédito, o namorado de Allyson chegou magicamente à mesa, colocando a mão no ombro dela com afeto. — A conta já foi paga, senhoras. Elas ficaram olhando-o boquiabertas. — O quê? — Perguntou Cricket, sem entender. — Um homem já pagou. — Repetiu. — Não sei quem, mas meu chefe me pediu que dissesse que já estava pago. — Ele encolheu os ombros e piscou para Allyson, antes de seguir para próxima mesa, ansioso pelas gorjetas dos clientes que ainda iam almoçar. Houve um momento de silêncio atônito enquanto cada uma processava a novidade. Logo, uma por uma delas voltou o olhar para Cricket, sorrindo ao perceber o que aconteceu. — Foi ele! — Gritou Allyson excitada. — De algum jeito você conquistou aquele gostosão e ele pagou o seu almoço e nós todas fomos beneficiadas!

Josie e Debbie sorriam de orelha a orelha e soltaram uma gargalhada quando Cricket ficou com um tom vermelho intenso. — Duvido de que fizesse algo assim por nós. Nem sequer sei quem ele é. — Por que não? — Perguntou Josie. — Você e ele passaram o almoço todo flertando. Os olhares eram ardentes. As três amigas riram enquanto ela continuava vermelha como um tomate. Cricket sacudiu a cabeça. — Certamente foi o namorado da Allyson, que quis ser generoso. — Nãooooo. — Disseram quase em uníssono. Mas não podiam ficar conversando, tinham pouco tempo para retornar e sentar em seus escritórios aparentando estar em plena atividade, antes que o Sr. Moram percebesse. Pegaram as bolsas e casacos e saíram apressadas do restaurante, quase correndo pela rua. O vento da tarde tornou-se mais frio durante a última hora, típico desta época do ano em Chicago. Com o lago apenas a uma quadra de distância,

o

vento

costumava

surgir

inesperadamente,

trazendo o frio com ele. Também explicava porque em Chicago nevava mais que em muitas outras partes do país, mas não tanto quanto em Buffalo ou nas zonas centrais de Nova Iorque. Correram para entrar no prédio e apertaram-se dentro do elevador. O tempo passou rápido demais. Quando chegaram ao seu andar, tinham os rostos fechados, havia

desaparecido toda a alegria do almoço, ao perceberem que estavam mais uma vez no trabalho. — Vou começar a procurar outro emprego. — Disse Josie enquanto caminhava pelos corredores deprimentes. — Pode ser que Jason pague os melhores salários, mas não vale o clima hostil que se vive neste lugar. — Eu também. — Concordou Allyson entrando em seu escritório. — Contem comigo. — Disse Debbie entrando também em seu escritório. Nenhuma delas percebeu que Cricket ficou calada. Não havia dúvida de que desejava outro emprego, mas, se deixasse de trabalhar ali, sentiria falta do ritual matutino. Havia algo mais ridículo? Sentou-se em frente à mesa e pensou que definitivamente ia ter que procurar um novo emprego. Começaria a busca nesta mesma noite. O cara era fascinante, mas suas amigas tinham razão. Não era um escritório bom para trabalhar, precisava de algo novo. Com sorte encontraria um emprego fabuloso neste mesmo prédio e continuaria vendo seu desconhecido todos os dias.

Capítulo 4 Ryker observou a mulher loira do outro lado do restaurante, mais convencido que nunca iria conhecer a preciosa senhorita que trabalhava no edifício do lado. Estava sentada decorosamente frente à mesa durante a hora de almoço espalhando uma serena beleza. Suas amigas riam de algo, mas Ryker notou que sua bela senhorita esboçava um morno

sorriso

diante

o

que

estivessem

falando.

Provavelmente, porque estava mais concentrada em jogar olhadas em sua direção que em prestar atenção ao que conversavam suas amigas. Inclusive Ryker estava distraído de sua conversa com o presidente porque com frequência procurava chamar sua atenção. Por

sorte,

o

presidente

sabia

exatamente

o

que

acontecia. —Vejo que a política global e o sistema legal da nação não estão à altura da bela loira do outro lado do restaurante. Ryker riu embora estivesse sendo descortês. De todos os modos, o presidente não era dos que se ofendiam por algo assim e inclusive a admirou também. —Como se chama? —Perguntou, trocando de assunto, já que havia poucas possibilidades de que Ryker se concentrasse em aceitar um cargo na magistratura federal.

—Ainda não sei. —Replicou Ryker. De repente embargou um sentimento possessivo. —Tão óbvio assim? —Perguntou Ryker, lamentando para si por ter estado tão desconcentrado. Sempre se gabava de seu autocontrole, mas essa mulher tinha algo que o transtornava. —Um pouco, mas só porque te conheço faz tanto tempo. —Depois disso, discutiram questões pessoais mais fáceis de seguir e permitiram que Ryker usasse a maior parte de seu poder mental em pensar em modos de conhecer sua bela dama. Infelizmente, tinha uma reunião justo depois do almoço para a qual teve que sair correndo para o escritório. Saiu do restaurante com o presidente e deram a mão antes que o homem se agachasse para entrar em sua limusine blindada e arrancasse a toda velocidade até perder-se de vista. Ryker estava a ponto de retornar ao escritório, quando lhe ocorreu algo e voltou a entrar no restaurante. Depois de sussurrar algo ao garçom, apontou a mesa onde estava sua bela senhorita, dando instruções para que transferisse para seu crédito. Ao retornar ao seu escritório, sorriu para si. Talvez não tivesse estado sentado do outro lado de uma mesa, mas ao menos pagou o seu almoço. Já é algo, disse para si. Era estranho, mas normalmente não ficava atraído com as mulheres tímidas. No geral, preferia mulher mais agressiva, que tivesse mais confiança em si mesma. Certamente porque não estava acostumado a ter tempo para perder perseguindo mulheres. Além disso, pareciam ser elas quem o perseguia e

ele aceitava suas proposições ou as deixava passar. Seja como fosse. Esta mulher era diferente. Tinha algo que a fazia se destacar numa outra categoria. Talvez devesse ter se aproximado de sua mesa e oferecesse seu cartão pessoal, pedir que o chamasse quando fosse conveniente. Mas pensou duas vezes, certamente não o teria chamado. Sabia que estava interessada, mas nem sequer tinha coragem de olhá-lo nos olhos, salvo se ocorresse ao acaso. Assim teria que analisar primeiro quem era, pensar no que gostava e ir atrás dela com um pouco mais de habilidade e paciência. De volta ao seu escritório encontrava-se folheando vários informes quando Joan o interrompeu para avisar que a pessoa com quem tinha reunião marcada chegou. Ryker olhou o nome e suspirou, desejando ter cancelado a reunião. Não queria lutar com aquele homem justo hoje, pensou, ao tempo que a porta de seu escritório abriu e entrava um homem baixo e rechonchudo, com entradas pronunciadas nas têmporas. —Boa tarde, Jason. —Disse Ryker, ficando de pé e caminhando ao outro lado do escritório para apertar a mão do pequeno homem. Ryker não era um grande admirador do Jason Moram, mas era um cliente. Ao menos, por agora. O homem era um fanfarrão, que acreditou no princípio poder dar ordens ao Ryker. A primeira vez que tentou, Ryker o despediu

cortesmente do escritório, lhe apertando a mão ao chegar no elevador e dizendo que não acreditava que o grupo Thorpe fosse o tipo de empresa que pudesse ser útil à companhia do Jason. O Jason se deu conta rapidamente de seu engano e não tornou a acontecer. Depois desse dia, cada vez que vinha a seu escritório Jason Moram era a personificação do encanto, mas Ryker sabia que o homem maltratava seu pessoal e aquilo dava raiva. Sentia a tentação de dizer que procurasse outro advogado, mas ainda não decidiu talvez esta visita inclinasse a decisão em um sentido ou em outro. Ryker notou que não tinha paciência para ocupar-se de clientes que não respeitava. E como não tinha necessidade de lutar com o homem, não tinha dificuldade em eliminá-lo da lista de clientes ou passá-lo a um de seus associados Júnior. —Obrigado por me receber com tão pouca antecipação. Sei que está extremamente ocupado. —Jason tomou a liberdade de sentar antes que Ryker sequer lhe oferecesse um assento. Ryker permaneceu de pé, comunicando ao homem de menor estatura em termos muito claros, o que pensava de suas maneiras. —Minha assistente mencionou que necessitava de ajuda com urgência. Jason ficou ruborizado, sabendo que Ryker Thorpe era um desses homens poderosos de Chicago a quem um homem de negócios não queria incomodar, um advogado certamente

estava sempre à espreita de clientes, mas Ryker Thorpe tinha muitos amigos influentes. Não convinha insultá-lo. Jason sabia que fez isso mesmo durante sua primeira entrevista e após procurou comportar-se com educação, mas era difícil. Por isso ele respeitava. Ryker Thorpe recebia um pagamento por parte do Jason, portanto o homem devia comportar-se como um empregado, mas não era assim que funcionavam as coisas, ao menos não em relação aos irmãos Thorpe. Contar com o Ryker Thorpe como advogado, ou com qualquer dos irmãos Thorpe, fazia que quase sempre desaparecessem a maioria dos problemas legais. A reputação de ganhar praticamente qualquer caso que tomassem era uma lenda. Os honorários do grupo Thorpe podiam ser o dobro que os de outros advogados, talvez inclusive três vezes mais que as tarifas vigentes, mas eles conseguiam impedir que sequer surgisse

qualquer

problema

jurídico,



fora

por

sua

reputação ou por brindar de assessoramento jurídico de primeiro nível como para não cair em confusões legais. Por desgosto seu esta não era uma dessas situações que poderiam ter evitado com assessoramento jurídico. Agora tratava de uma questão quase pessoal. —Tenho um enorme problema. —Começou dizendo Jason, desejando poder acabar com aquilo, mas sabendo que não seria de nenhuma utilidade, já que Ryker era quase meio metro mais alto que ele. Assim permaneceu sentado. Ao menos podia desfrutar do sofá incrivelmente fofo enquanto permanecia sentindo-se pequeno!

—O

que

está

acontecendo?

—Perguntou

Ryker,

dissimulando sua impaciência. Jogou uma olhada a seu relógio, sabendo que tinha outra entrevista em dez minutos. Só estava atendendo agora para não ter que aguentar sua presença durante um período mais longo depois. Jason esfregou a testa. Sentia quase vergonha de ter que discutir este assunto, mas não tinha nem ideia de como solucionar o problema. —Há

alguém

que

está

roubando

meu

escritório

periodicamente, preciso de ajuda para apanhar ao ladrão. Ryker tratou de permanecer indiferente, mas ficou surpreso com a informação. Não era realmente uma questão legal. Estaria o homem o fazendo perder tempo além de incomodá-lo com sua visita? —Falou com a polícia? - Consultou Ryker, perguntando como podia ajudar. —Se apanhar a pessoa, posso representar seus interesses, mas até então, não vejo como te ajudar. Jason fez uma careta desagradável. Agora que estava pensando em seu problema estava ficando bastante irritado a ponto de explodir com o descaso do Ryker deixando de ser amável. —Acaso

não

tem

investigadores?

—Perguntou

bruscamente. Logo se acalmou quando notou o olhar turvo do Ryker. —Desculpa. Faz tempo que estou arrasado por este problema. A polícia não quer me ajudar porque dizem que não roubaram nada de valor e nem sequer posso provar que

não seja um empregado que esteja me fazendo uma sacanagem. Disseram que tratava de um assunto interno e que para acabar com os roubos deveria apenas discutir o assunto com meus empregados. Não sei a quem mais recorrer. Já contratei um investigador privado, mas não puderam deter o intruso nas últimas quatro vezes que forçaram a entrada. Aquilo foi uma surpresa... e chamou sua atenção. Que tipo de brincadeiras podia fazer em um escritório? Sabia que seu pessoal andava fazendo apostas de algum tipo. De fato, ele mesmo realizou uma aposta privada em relação a seu irmão e a gerente do escritório, mas não parecia que uma aposta no escritório entrasse na categoria de brincadeira. E não estavam roubando nada. Ao menos, nada que tivesse sido reportado. O pessoal estava acostumado a ficar com lápis, canetas, clipes e pequenos artigos de escritório todo o tempo, mas ele não o considerava verdadeiramente um roubo, mas bem, uma questão de "o custo de ter uma prática comercial" e não um delito. —O

que

rouba

esta

pessoa?

—Perguntou

Ryker,

intrigado apesar da arrogância do homem. Jason suspirou e esfregou a nuca. —Canetas. —Disse, tampando a boca com a mão. Ryker ficou quieto, decifrando as palavras do homem. —Sinto muito, Jason, mas acaba de me dizer que o ladrão está roubando canetas? Jason assentiu, olhando ao chão.

Ryker observou com atenção, perguntando se o Jason iria explicar melhor a situação. —São canetas valiosas? —Urgiu ao ver que o infeliz permanecia calado. —Não! —Disse Jason, quase com um grito. Ficou de pé e começou a caminhar de um lado a outro do escritório, que tinha um tamanho mais que o dobro do seu. —De fato, isso é o que me está deixando louco. Ontem à noite havia uma caneta de duzentos dólares sobre minha mesa, mas o que roubou do escritório foram todas canetas baratas, umas dez! Ryker ficou olhando-o, chocado e divertido. —Isso se trata mais de uma brincadeira pesada? — Insinuou, tratando de chegar ao ponto da questão. —Brincadeira

o

diabo!

—Respondeu

Jason.

Logo

esfregou o rosto e a nuca uma vez mais. —O que me importa é apanhar o desgraçado que está fazendo isso e que não aconteça mais! —Caminhou de um lado a outro e logo agitou as mãos no ar exasperado. —E ontem à noite, todos meus quadros foram... —Fez uma pausa. Ryker endireitou o corpo que estava apoiado na mesa. Se havia quadros envolvidos seria algo mais parecido a um delito. —Roubados? —Sugeriu. Jason sacudiu a cabeça. Seu rosto ficou vermelho de vergonha. —Foram colocados invertidos na parede.

Ryker teve a ponto de soltar uma gargalhada. Achou graça de que alguém tivesse a intenção de enlouquecer o pobre coitado e o estressando com as brincadeiras. —Mas isso é.... —Ryker fez uma pausa, tentando referirse ao problema do Jason de maneira diplomática. — Problemático? —Terminou por dizer. Jason estava muito zangado para advertir o tom malicioso de Ryker. —Maldito seja, claro que é! Mas isto é o que proponho. —Disse finalmente, ficando-as mãos sobre os quadris, imitando a pose do Ryker. —Você tem uma grande equipe de investigadores. Em diversas ocasiões me disse que os põe a trabalhar para seus clientes. Estou-te pedindo que agora me ajude com este tema. Ryker se

inclinou

contra o

respaldo

da cadeira.

Considerou o pedido de seu cliente. Finalmente disse: —Acredito que a polícia tem razão neste caso. Parece uma questão mais pessoal que legal, Jason. Se estas brincadeiras estão ocorrendo em seu escritório, interrogaste seu pessoal? Estão contentes e têm vontades de trabalhar ou zangados

por

algum

bônus

eliminado

do

pacote

de

compensações? Ou baixaram os salários? —Ryker sabia que muitas vezes os empregados se desforravam com seus empregadores de modos criativos, mas roubar canetas? — Pelo o que me conta alguém está ficando no trabalho até tarde para entrar sigilosamente em seu escritório.

—Não pode ser um empregado. —Resmungou, com aspecto de estar a ponto de perder o juízo por aquela situação. —Desde que começou isto instalei um novo sistema de segurança, novas medidas, câmeras, dispositivos de controle elétricos equipes para atribuir créditos. Cada vez que forçam a entrada, chamo a minha empresa de segurança e exijo que reparem o sistema para que não aconteça mais, mas este cara tem a capacidade de burlar o que a minha equipe de segurança instala. E não há rastros de nada. A polícia polvilhou a zona com pó para levantar impressões digitais, mas não encontrou nada. E disseram o mesmo que você, assim não estão dispostos a seguir investigando. — Jason respirou fundo. —Ouça, sei que não é realmente sua área, mas também sei que seu investigador Mark e sua equipe são geniais em descobrir o que for. Não quero saber como fazem. Só quero saber quem está bolando estas brincadeiras ou cometendo estes roubos ou como quer chamá-los e fazer que parem. —O homem respirou profundo e esfregou a mão sobre o rosto. —Estou ficando como um idiota e eu não gosto nada disso! Ryker considerou o pedido do homem e, de fato, começou a sentir pena dele. Tinha razão. Este tipo de coisa faz com que um chefe parecesse como um imbecil e perdesse o

respeito

de

seus

empregados.

A

traquinagem

teria

repercussões e uma diminuição nas vendas, terminando com demissões do pessoal. Assim no final, Ryker aceitou ajudá-lo, nem tanto pelo Jason, a não ser para manter a toda essa gente empregada.

—O que você acha se eu falar com o Mark e perguntar como pode ajudá-lo? Se houver algo que possa fazer, direi para manter contato com você. O que parece? Jason soltou um suspiro de alívio. Ao menos havia esperança, pensou. —Parece-me bem. —Replicou, aliviado de ter conseguido ajuda. Apertou a mão do Ryker e desejou poder caminhar pelo corredor ao escritório do misterioso Mark e exigir uma consulta, mas Jason também sabia que não era o modo em que trabalhava o Grupo Thorpe. Jason teria que esperar até que Mark o chamasse. Pelo menos a companhia oferecia um serviço de orientação ao consumidor, assim não seria uma espera por muito tempo embora qualquer tipo de espera, para o Jason era irritante. Não era uma pessoa paciente. Quando queria algo, queria já. Ao sair, cruzou a entrada lentamente, desejando que houvesse uma maneira de solucionar seus problemas, porém teria que esperar a ligação de Mark. Ryker caminhou pelo corredor até o escritório do Mark após a partida do Jason Moram. —Tem um minuto? —Perguntou Ryker. Mark virou a cabeça e olhou para seu chefe, tirando atenção das seis telas de computadores que estava montadas em fileira, uma sobre a outra, para facilitar a visualização.

—Claro chefe, quais as novidades? Ryker explicou rapidamente o problema do Jason, sorrindo no momento em que Mark soltou uma gargalhada. Ao final, Mark disse: —O chamarei logo que fizer um relatório do Axel. Talvez haja algo que possa fazer. —É tudo o que posso pedir. —Disse e saiu do escritório, para sair do edifício e à entrevista que tinha na hora do almoço. Mais tarde, saiu apressado do escritório para ir a um jantar de negócios que não o entusiasmava em nada. Tinha trocado de lugar com o Xander essa noite porque ele se atrasou em uma reunião, mas nesse momento só tinha vontade de ir a sua casa e relaxar na frente da TV assistindo a um jogo de futebol. Então, a viu. Estava saindo do escritório vestindo um casaco para ficar protegida do vento frio que chegou durante o dia. O sol já oculto e as luzes da entrada e as de outros veículos que saíam do estacionamento permitiam vê-la com claridade. Observou só um instante antes de tomar uma decisão. Ryker não chegou tão longe na vida por perder uma boa oportunidade. Saiu de encontro a ela, ultrapassando várias pessoas em seu caminho para interceptá-la. Soube o momento exato em que a jovem se deu conta de que vinha ao encontro dela. Era bastante evidente que o reconheceu. Viu em seus olhos,

no modo em que seu corpo esticou e suas bochechas adquiriram um precioso tom rosado. —Boa noite! —Disse ele, movendo-se com fluidez para que ficassem fora da linha de tráfico dos empregados que se dirigiam ao estacionamento, ansiosos por chegar em casa, a suas

famílias.

—Meu

nome

é

Ryker

Thorpe.

—Disse

estendendo a mão, tomando a dela na sua. —Vi você no outro edifício pela manhã. Como nos cruzamos tantas vezes, pensei que já era hora de nos apresentar. Talvez me deixe te convidar a tomar um café? Ou para jantar alguma vez? — Perguntou. Cricket não podia deixar de tremer. Uma coisa era ver este homem do outro lado do edifício. Outra, completamente diferente era vê-lo assim, de perto e em pessoa. Era mais alto do que antecipou. E muito mais corpulento! Debaixo do traje, tinha uma capa de músculos sobre outra. Sua mãe foi uma excelente professora em distinguir o falso do verdadeiro e os ombros deste indivíduo não tinham enchimento de nenhum tipo. Era puro músculo. —Este... —Gaguejou, sentindo-se como uma idiota. Sua mãe teria estado horrorizada por sua falta de desenvoltura. — Meu nome é Cricket Fairchild. —Conseguiu dizer finalmente, olhando para baixo e desejando poder liberar a mão da sua. —Realmente, devo ir. —Disse. —Devo chegar em casa para... —Não lhe ocorria uma razão válida para apurar por chegar em casa, a não ser fugir da cercania enigmática e aterradora deste homem.

Os joelhos tremiam e o coração batia como se fosse uma adolescente apaixonada. Ryker sorriu e lhe apoiou a mão sobre o cotovelo. —Vamos na mesma direção, assim lhe acompanharei até o seu automóvel. Isso te dará tempo para me contar por que lhe puseram o nome Cricket. Cricket não pôde evitar sorrir. A maioria das pessoas fazia alguma referência irritante ao inseto. Seu comentário estava na mesma linha, mas era muito mais simpático. Também, seu sorriso. Aqueles olhos azuis gelo eram mais que um pouco intimidantes, mas se obtivesse só lhe olhar o queixo ou o nariz, podia pensar com mais coerência. —Meus pais são pouco ortodoxos. Por isso parece que houve um piquenique no meio. Estavam fora na rua, caminhando pela calçada. Viu suas amigas dobrarem a esquina, todas apressadas para chegarem em casa para ver suas famílias. Cricket não as culpava. Se tivesse tido a este homem em casa, também estaria com pressa. Depois de um dia tão exaustivo, todo mundo no escritório sentia uma forte necessidade de retornar a casa e abraçar a seus filhos ou maridos antes de relaxar e beber uma agradável taça de vinho. —Acreditei

que

o

que

mais

incomodava

em

um

piquenique eram as formigas. —Assinalou. Cricket riu. —Meus pais verdadeiramente não fazem nada de um modo convencional.

—A

que

se

dedicam?

—Perguntou,

sentindo

imediatamente curiosidade e desfrutando da caminhada mais do que pensava. Tinha aquele jantar de negócios que começava em menos de trinta minutos, mas pela primeira vez em sua vida queria relaxar com uma mulher em lugar de sair correndo para resolver alguma questão legal ou empresarial. Quando levantou a mão, sacudindo-a no fresco ar outonal, Ryker soube que tentaria mentir ou desprezar a pergunta. —Oh, não têm uma profissão em particular que falem. —Disse ela. Neste instante, seu comentário despertou curiosidade. —Qual é a profissão da que não falam? —Perguntou. Cricket não podia acreditar quão perceptivo era o cara. No geral, seu comentário fazia que a pessoa acreditasse que seus pais eram super-ricos ou lastimosamente pobres. Ou evitavam

discutir

seus

tipos

de

negócios

porque

o

consideravam vulgar, ou não tinham assuntos de negócios de que discutir. Ante o comentário deste homem, não pôde a não ser rir. —Não admite nenhum tipo de ambiguidade, não é? — Perguntou com cuidado. Sorriu encantado por seu sorriso e fascinado pelo brilho de seus transparentes olhos verdes.

—E segue evitando a pergunta. O que significa que seus pais são muito bandidos ou vergonhosamente ricos. Qual dos dois? Cricket não sabia que seus olhos verdes brilhavam enquanto pensava de que maneira responder a sua pergunta sem delatar a seus progenitores. —Isso só me indica que é um homem muito cínico. Por que todo mundo tem que ter um segredo? Ou esconder os pais? Por que não posso ser uma mulher que já não tem pais? Ou que talvez tivesse uma criação difícil e me nego a falar deles...? —Chegaram ao estacionamento e Ryker estava ainda mais intrigado. Nenhuma

mulher

evitou

jamais

responder

tão

eficazmente a suas perguntas. A maioria das mulheres que conhecia estava mais que ansiosa por presumir sobre suas conexões familiares, pensando que lhe interessava esse tipo de coisa. Em realidade, não sentia nenhum interesse, mas algo nesta preciosa mulher com os brilhos de mel no cabelo que brilhavam sob as luzes do teto o fazia pensar em que tinha mais segredos que o FBI. E tinha a intenção de desvendar todos. —Venha tomando-a

jantar

pelo

comigo

cotovelo,

esta

inclusive

noite.

—Ordenou-lhe,

quando

ela

tentou

escapar. Já não lhe interessava mais o jantar de negócios que devia assistir. Ao diabo com todos, pensou. Jamais deixou de ir a uma reunião de negócios, mas se esta mulher aceitasse

um jantar com ele, renunciaria a tudo para descobrir suas verdades ocultas. Cricket sorriu, sentindo-se imediatamente lisonjeada, sem ainda aceitar o convite para o jantar esta noite. —Dê-me seu cartão e te chamarei.

—Era a melhor

maneira que aprendeu para afastar aos homens de seu lado quando queria deixar de vê-los. Por desgraça, não desejava conhecer este homem. Preferia a fantasia, porque a realidade lhe assustava! Ryker considerou seu pedido por uma fração de segundo. —Não o fará. —Disse, sacudindo a cabeça. —Irá e não me chamará. Então terei que te esperar na entrada todos os dias, mas certamente trocará seu horário agora que nos conhecemos. Seus olhos verdes aumentaram ainda mais ao escutar a certeira avaliação de seus planos. —E se prometer te chamar? —Riu, apanhada em sua própria armadilha. Tinha razão. Não o teria chamado. O cara era

absolutamente

encantador,

incrivelmente

sexy

e

totalmente inalcançável para ela. Sabia que seria muito mais simples e sentia a energia de seu olhar de longe. Ryker sacudiu a cabeça. Colocou a mão no bolso e tirou um estojo de couro, do qual extraiu um cartão branco. —Não o fará, mas aqui tem meu cartão de qualquer maneira. Desafio-te a me chamar. —Brincou. —E se não o

fizer, não me preocupa. Tenho maneiras de encontrar às pessoas. —Prometeu. Ao escutar suas palavras, o nervosismo de Cricket se multiplicou por dez. Tomou o cartão, girou sobre seus saltos e saiu quase correndo para o estacionamento, necessitando de repente, com desespero, afastar-se daquele homem estranho, brutalmente direto e incrivelmente viril. Caminhou para seu automóvel e deslizou atrás do volante, sentindo-se um pouco como Alice no país das Maravilhas. O mundo estava realmente de pernas para o ar, quando era abordada por um homem que almoçava com o presidente dos Estados Unidos! Céus, seu pai morreria de um enfarte se souber do interesse que Ryker Thorpe manifestava por ela!

Capítulo 5 O corpo da Cricket ficou rígido quando ouviu a campainha tocar. Levantou o olhar do livro policial que tinha nas mãos e olhou fixo para porta como pudesse de algum modo enxergar através da madeira. Só tinha um ferrolho na porta, porque sabia que era muito fácil e confiável o sistema de segurança, assim para que complicar? Demorou uma hora para ficar calma depois da breve conversa que teve pela manhã com ele. Esteve tão nervosa e alvoroçada que quase errou o caminho para retornar para casa! Talvez não fosse ele tocando a campainha, podia ser que ultimamente pensava tanto no Ryker que o deixava estar com ele.

Assim ao tocar novamente, tentou agir naturalmente.

Podia ser um de seus vizinhos. Talvez, Jennie, a mulher do lado, precisando de uma babá, porque seu marido estava chegando tarde do trabalho e precisava sair por algum motivo. Ou podia ser Leandra, a que morava no apartamento da frente, que vinha devolver o carregador de celular que pediu emprestado na semana passada. Cricket

permaneceu

olhando

fixo

para

porta.

Sobressaltou novamente quando a campainha voltou a tocar porque não abriu a porta.

Com uma grande inquietação, caminhou pela sala. Estava absolutamente segura de que hoje não veria sua novela nem jogaria o Candyland com os meninos. Não, a pessoa do outro lado dessa porta de madeira vertical era seu admirador misterioso, o homem com os olhos estranhos e intimidantes. O homem pelo que deixava de tomar café pela manhã para poder vê-lo. O homem que a atormentava como nenhum outro. Os dedos tremeram ao apoiar a mão sobre o trinco de estilo artesanal. Respirou fundo antes de girar o frio metal. Toda sua mente ouviu o movimento da porta que se abria. O leve chiado quando liberou o ferrolho, a raspagem ao retrair os fechos e o som suave quando o vento trocou de direção assim que abriu a porta. —Pensei que não abriria nunca. —Disse a voz profunda e hipnótica do Ryker Thorpe. Cricket tremeu quando ouviu sua voz e sua mente repetiu as palavras uma e outra vez. —Sabia que era você. —Sussurrou. O fôlego ficou preso na garganta e os olhos aumentaram de fascinação ao observar o homem arrumado e incrivelmente viril parado na porta de sua casa. —Esperava outra pessoa? —Perguntou sorridente. Ela estava linda e iluminada parecendo tranquila, parecia que estava lendo um livro debaixo de uma manta quentinha. Cricket

não

queria

acreditar

rapidamente sacudiu a cabeça.

que

ele

estava

ali,

—Claro que não! —Que bom. Então não interrompo nada? Ela sorriu apesar de estar nervosa. —Posso te ajudar? —Perguntou. Conteve a respiração esperando ansiosa que não estivesse ali só para vender uma assinatura de uma revista ou algo assim tedioso. —Pode abrir a porta e me deixar entrar. —Replicou. Estava apoiado contra o marco da porta. Tinha um aspecto elegante, ultrassofisticado e usava um casaco de aspecto caro aberto até a cintura lisinha. A gravata de quinhentos dólares desapareceu e os primeiros botões da camisa de algodão estavam desabotoados. Que desgraça! Até o pescoço era sexy. Suspirou exasperada consigo mesma, perguntando por que desconfiava tanto deste homem. Todos os dias, conhecia exemplares do sexo masculino. Evitava os jogos de beisebol porque os homens tentavam seduzi-la constantemente. Assim evitava se aborrecer. Com os outros, tinha uma armadura para defender-se, mas sabia que com este estava indefesa. Seu rosto adquiriu um intenso tom rosado e os nervos provocaram algo que nem sequer queria tentar descrever. Mordeu os lábios, perguntando como sairia sem roupas. —Não sei não... humm. Ryker sorriu. Ficou aliviado por não ter fechado a porta na sua cara.

—Acaso não está interessada em saber por que eu vim? —Perguntou. Cricket mordeu o lábio inferior, tratando de decidir quanto temia a este homem e quanto desse temor era infundado. —Não acredito que deva me interessar o motivo pelo qual está aqui. —Respondeu, com total honestidade e o indício de um sorriso tímido. Ele riu baixinho. O som grave de sua risada fez que seu coração palpitasse mais rápido no peito. —Ao menos, é uma resposta sincera. —Endireitou os ombros e se ergueu. Cricket notou de repente como era pequena comparada com o Ryker Thorpe. —O que te parece me deixar entrar e te entrego meu presente? —Sugeriu e levantou a garrafa de vinho que tirou de sua adega. Chamou ao Xander para decidir sobre o jantar de negócios que tinha na sua agenda, mas quando Xander o pôs a par da situação estiveram de acordo com que não era absolutamente necessário que um representante do Grupo Thorpe tivesse que ir a esse jantar em particular, por isso veio esperando desfrutar de uma tranquila noite com a bela Cricket Fairchild. Cricket suspirou bruscamente quando leu a etiqueta do vinho. Levantou o olhar subitamente para aqueles gélidos olhos azuis, desejando que houvesse trazido outra coisa que

não fosse esse. O vinho era sua perdição! E quando se atreveu a olhar para baixo, soltou uma exclamação: —Isso é uma armadilha! —Disse entreabrindo os olhos. Palmer 2009 Margaux era um dos grandes vinhos do ano. E ela amava o vinho! Não era sempre que o bebia, porque não podia dar o luxo de comprar os vinhos caros com seu salário, mas sua mãe lhe ensinou a apreciar e fazer se apaixonar com a intensidade e explosão de sabores que havia em um bom vinho. Ryker apoiou a palma da mão sobre a porta e empurrou com serenidade. —Vou entrar, Cricket. —Disse brandamente. Seus frios olhos azuis jamais se separaram dos seus verdes, que se via a preocupação. Procurava um sinal de resistência, mas ela não podia mandá-lo embora. E não tinha nada que ver com a fabulosa garrafa de vinho que levava na mão. Tinha tudo a ver com a sensação que sentia naquele momento. Ele empurrou um pouco a porta para entrar em sua casa. Pensou que ele era excepcionalmente arrumado quando o via do outro lado do edifício. E hoje enquanto a acompanhava até seu automóvel, foi assombrosamente direto, um rasgo de personalidade que, pelo geral, não gostava. Mas este homem parecia que chegava à perfeição. Agora, tendo-o ali, parado diante dela, fazendo-a sentir pequena e feminina com sua imponente presença e seus ombros musculosos, não podia negar a entrada. Tinha algo que a atraia como nenhum outro homem o fez.

—Taças? —Sugeriu quando ela ficou ali parada na sala. Cricket abobada. Sentia vergonha de ter ficado de pé, olhando fixamente os ombros do indivíduo e afastou o olhar. —Claro! Taças de vinho! —Girou sobre si, de fato surpreendida por ter esquecido do vinho, a estratégia principal para entrar em sua casa. Jamais se esquecia do vinho! Deslocou-se para a cozinha, tentando pôr a mente em funcionamento. —Como sabia onde moro? —Perguntou, ao tempo que estendia os braços para alcançar duas taças de vinho da prateleira à cima da geladeira. Estavam cobertas de pó pela falta de uso, assim que as lavou na pia, olhou pela janela que estava a sua frente. A escuridão exterior transformava a janela em um espelho e, nesse preciso momento cruzou com o olhar dele no reflexo era muito provável que terminasse soltando as taças. Ryker observou com grande interesse à mulher que estirava os braços para cima, o suéter rosa que levantou revelando sua pele das costas, permitindo uma visão ilimitada de seu adorável traseiro. Era redondo e firme e a calça negra que usou essa manhã no trabalho ajustava suas suaves curvas. Permanecia com o suéter rosa, mas já não estava com a mesma calça, trocou por um jeans. Suspeitava que nem sequer sabia o quanto era adorável esgotada e com o cabelo

revolto.

Estava

acostumado

vê-la

perfeitamente

penteada e caminhando com determinação profissional.

Gostava

deste

look.

Ficava

muito

mais

atraente.

E

definitivamente mais sexy. Girou com as taças que agora brilhavam, deslizando com reticência os olhos para os seus e ele quis beijá-la. Quis saber o que sentiria tendo esses peitos suaves e eretos pressionados contra seu tórax, os quentes suspiros dela sobre

o

pescoço.

E

ao

imaginar,

seu

corpo

reagiu

imediatamente ficando duro como rocha. Ela esperou ansiosa, olhando rapidamente para a garrafa. Quando se deu conta do que estava pensando, seu coração acelerou e sentiu as bochechas ardentes. —Oh! —Suspirou e quase esqueceu as taças que levava na mão. Ryker sabia o que ela estava pensando e deixando-a ainda mais nervosa. Não foi sua intenção, mas a mulher transbordava sensualidade em pé na sua frente, com um olhar de confusão. Sorriu e cedeu ligeiramente. —Saca-rolha? —Perguntou. De novo, o corpo do Cricket sobressaltou com a pergunta e com a consciência de que permanecia olhando para aquela boca, como se tivesse praticamente suplicando que a beijasse. Ela confirmou com a cabeça e colocou as taças sobre a mesa detrás dela. Apoiou-as com tanta força que quase as quebrou quando errou a mesa de tão nervosa que estava. Sentia os dedos dormentes enquanto procurava nas gavetas

da cozinha. Quando finalmente achou o saca-rolha, girou, sustentando o instrumento em alto, com um olhar triunfal. —Encontrou. —Disse ele, com uma faísca divertida nos olhos. —Devo supor que não bebe vinho com frequência? — Perguntou enquanto abria a garrafa com extrema habilidade. Ela sorriu encostou-se à mesa, aliviada de ter uma pausa para pensar por uns instantes. —Não, quase nunca. —Toma cerveja então? —Perguntou, servindo vinho em ambas as taças antes de dar uma para ela. —De vez em quando eu gosto de tomar uma cerveja. — Disse, aceitando a taça com excitação crescente. —Mas tenho que admitir que morro por uma boa garrafa de vinho. Isso explica por que neste momento está parado em minha cozinha. —Disse sorrindo timidamente. —Uma verdadeira interesseira...! —Riu e tocou na taça dela. —Brindo por finalmente nos conhecermos. Cricket pensou em suas palavras e logo sorriu e aproximou a taça ao nariz. Inalou longamente o cheiro do vinho para desfrutar o aroma frutado enchendo as fossas nasais e todos seus sentidos. Bebeu um primeiro gole e deixou que o vinho deslizasse suavemente pela boca sentindo a explosão de sua fragrância sobre a língua, deliciada pelo extraordinário sabor.

—Céus! —Suspirou feliz, com os olhos ainda fechados enquanto saboreava seu primeiro gole. —Isto é realmente maravilhoso. Ryker observou enquanto a mulher que considerava o ser humano mais sexy sobre a Terra terminava de o provocar com a imagem mais sensual que viu em sua vida. Desfrutava de um gole de vinho como todo mundo, mas observar Cricket Fairchild dando seu primeiro gole no Palmer Margaux provocou um desejo irresistível de possuí-la. Queria que toda essa paixão e sensibilidade erótica estivessem dirigidas a ele, ou compartilhadas com ele enquanto a levava ao topo do clímax. Estava em pé, a um metro de distância dela, na pequena cozinha azul, olhando-a com estranheza. Tinha a garrafa de vinho em uma mão e a taça de vinho na outra, mas ele só atinou a ficar ali, parado, admirando aquela linda mulher. —Não vai provar? —Perguntou ela, levantando o olhar para observá-lo com curiosidade. Ryker piscou e olhou seu copo. —Não acredito que preciso. Só de ver o prazer que sentiu ao degustar é a coisa mais interessante que eu já vi na vida. —Disse e observou com fascinação como ficava ruborizada. Era lindo vê-la daquela forma acentuando sua pele pálida, pensou, admirando o brilho platinado do seu cabelo. —Então em que trabalha? —Perguntou, tratando de trocar de assunto para que ela ficasse mais relaxada em sua presença. Sabia por instinto que devia ir com calma,

primeiro, que ela se acostumasse com ele antes de poder avançar, mesmo que tivesse morrendo de vontade de tê-la em braços, tinha que acelerar o processo de conhecimento ou de outro modo ficaria consumido pelas brasas do desejo. Conduziu-o fora da cozinha, para ficar mais à vontade em sua pequena sala de estar. —Trabalho como contadora no escritório do Jason Moram. Aquilo o surpreendeu, sabendo como Jason tratava seu pessoal. Esta mulher parecia uma pessoa de poucas palavras. —E você gosta de trabalhar lá? —Perguntou, pensando que não tinha aspecto de contadora. Tinha o perfil mais de uma bailarina ou de uma chef gourmet, alguém com paixões ocultas e secretas que ele queria descobrir. Cricket encolheu os ombros: —Paga minha hipoteca. —Disse e dirigiu seu olhar ao redor de sua aconchegante casa. —É pequena, mas amo esta casa. —Explicou. Só tinha uma sala de estar e uma cozinha com um banheiro de visitas no andar de baixo e dois pequenos quartos em acima, mas era toda dela. Pagava a hipoteca religiosamente todos os meses e mantinha um registro minucioso de seus ganhos e gastos. Aprendeu desde criança que ladrões não podiam jamais ser donos de propriedades; tinham que estar preparados para fugir a qualquer momento. Cricket morou por todo mundo e falava perfeitamente francês, italiano e espanhol. Também

alemão, o suficiente para defender-se e um pouco de português. Mas só porque sua mãe e seu pai a arrastaram por todo o planeta, atrás dos melhores roubos "projeto". Cricket aprendeu a adaptar-se, a passar despercebida e aprender rapidamente a cultura de cada cidade; inclusive, absorver o dialeto e os sotaques, para que o povo da região acreditasse que não era uma estranha. Os estranhos eram perigosos. Para ter amigos era melhor apostar por alguém que "falasse o mesmo idioma". Ryker também deu um olhar a seu redor, impressionado pelo conforto do ambiente. Era como se houvesse um fogo aceso na lareira, mas na realidade eram os tons quentes e a suave

iluminação.

Realizou

um

grande

trabalho

para

conseguir que a sala iluminasse as prateleiras e cômoda. —Faz quanto tempo que mora aqui? —Perguntou. E a conversa continuou durante horas. Sentada diante dele ela ficou deitada como um novelo em sua enorme poltrona, relaxando à medida que o vinho penetrava

sua

corrente

sanguínea

e

a

tornava

mais

comunicativa que o normal. Ele era um homem fascinante. Visitou quase todas as cidades nas quais ela esteve e também falava vários idiomas. No final sentia que o conhecia mais em profundamente, mas jamais aceitou que poderia chegar a conhecer sua mente. Este homem não tinha nada a ver com os outros que conheceu no passado. Enquanto falavam de arte e história, a universidade, suas comidas favoritas, Cricket começou a admirar a

personalidade complexa de Ryker. Ele tinha várias facetas. Era um cara surpreendente. Sinceramente podia dizer que nunca conheceu alguém mais inteligente nem bem educado, incluído seu pai, o qual isso já dizia muito. Talvez seu pai não tivesse frequentado a nenhuma universidade, mas podia conversar

sobre

qualquer

assunto

com

profundo

conhecimento. Ficava orgulhoso de ler tudo o que caísse em suas mãos, mas o homem que estava sentado na sua sala de estar era muito mais culto, capaz de conversar quase sobre qualquer tema. Inclusive sabia sobre arte, um tema que muitas pessoas detestavam. É óbvio, Cricket não entrou em detalhes sobre seu próprio conhecimento nas artes e história da arte e nem sequer tocou no assunto de sua habilidade para distinguir os diamantes reais dos falsos, muito menos, de sua capacidade para definir um diamante perfeito em qualquer sala que se achasse. Não, todas as habilidades que herdou de seus pais só levariam a perguntas. Perguntas que não podia responder ou ao menos que não devia responder. As respostas gerariam outras dezenas de perguntas. Terminaram a garrafa de vinho e Cricket abafou um bocejo.... Não queria que ele o visse porque provavelmente levantaria e iria embora, mas desta vez, não pôde reprimi-lo e ele

olhou

rapidamente

seu

relógio,

assustado

com

o

adiantado da hora. —Será melhor que te deixe dormir. —Disse Ryker, ficando de pé.

Cricket também ficou em pé, sentia-se triste pela conversa que chegou ao fim. Desejou fazer ou dizer algo para fazê-lo ficar mais um pouco em sua companhia e que continuassem conversando. Mas agora que o tinha mais perto, sentiu que paralisava sua mente. —Bom... —Começou a dizer, ocultando as mãos atrás das costas, sentindo ficar nervosa de repente como uma adolescente em seu primeiro encontro. —Este..., obrigada por trazer o vinho, estava incrível. —Isso! Que grande maneira de limpar o ambiente e dizer adeus. Se só pudesse ficar deste lado da mesa redonda então talvez isso evitasse se jogar em seus braços e roubar um beijo de boa noite. Ryker sabia perfeitamente o que queria fazer e não ia permitir. Quis beijá-la do momento em que entrou em sua casa e não ia deixar que uma mesa atrapalhasse. —Acompanha-me até à porta? —Perguntou, sem esperar que respondesse estendendo o braço para tomar sua mão e conduzi-la para a porta. Quando estavam parados ao lado da porta, com a mão de Cricket ainda na sua ela fixou o olhar para frente, olhando só para seu peito. Não podia observá-lo aos olhos nem à boca. Se fizesse isso ele saberia quanto estava desesperada para beijá-lo. Desejava que a tomasse entre seus braços e fizesse amor apaixonadamente. Porém queria ser a filha de qualquer outra pessoa e ser livre para escolher com quem ficar. Mais cedo, viu este homem com o presidente dos Estados Unidos. Agora sabia

que era advogado, o qual significava que era um oficial da justiça..., a só um passo da polícia. Um advogado e uma ladra não deviam juntar-se sob nenhum pretexto, disse a si mesma com firmeza. —Boa

noite!

—Sussurrou,

tratando

de

ocultar

o

nervosismo e a tristeza que penetravam em sua voz e em seu olhar. Ryker não a deixaria tão rápido. Sabia que ambos necessitavam do que estava a ponto de acontecer. Inclinou-se mais, pôs um dedo sob seu queixo e levantou o rosto para que o olhasse. Ali nesse olhar viu o que estava procurando. A mesma necessidade que percorria seu corpo. E foi toda a permissão que faltava. Abaixou ainda mais, tomou seus lábios com os seus, beijando-a com suavidade, lento, provocando-a para despertar seu desejo. O fôlego de Cricket brotou em um gemido suave no mesmo tempo que levantou o olhar. Mas aquilo só durou uma fração de segundos antes que levantasse a boca mais uma vez, pedindo em silêncio que continuasse beijando. Sabia que era um engano, que isto não podia chegar a nada, mas só uma única vez, um único beijo, desfrutaria de todas as sensações, da surpresa e de sentir um calor nos braços deste homem. Não controlava seus próprios braços, deslizando-os pelos seus ombros e ao redor de seu pescoço, afundando os dedos em seus cabelos, sentindo a textura de surpreendente suavidade. Houve um momento em que tudo começou a girar em volta dela, mas logo sentiu a porta por detrás e se deu

conta de que ele a deslocou, para tê-la contra a porta e pressionando contra seu corpo. A sensação produziu uma vertigem gostosa. Pressionou suas suaves curvas contra ele, soltando um fôlego de surpresa e deleitada com o poder que exercia este homem forte e viril. Teve as mãos em sua cintura, mas ela tremeu quando sentiu que deslizavam para cima e envolviam ao redor de suas costelas. Suplicou em silêncio que continuasse subindo. Ryker teve que fazer um esforço sobre humano para reagir. Esta mulher era tão voluptuosa e sexy que a única coisa que desejava era seguir beijando-a assim. Tentou parar, mas nesse momento a mão lhe tocou a bochecha e voltou a perder o controle. Levantou-a e as mãos dele se moveram para seus quadris para logo sujeitar suas pernas, que ficaram envoltas ao redor de sua cintura. Cricket não podia acreditar o que estava acontecendo. Não podia estar fazendo isto, pensou quando levantou a cabeça. Logo a urgência por lhe tocar a pele foi tão forte que tirou a mão de seu cabelo e lhe roçou a sólida curva da mandíbula com os dedos, fascinada com a textura. Era mais áspera do que acreditou, mais fascinante e ardente ao tato. Não se deu conta de que estava ofegando em sua tentativa por respirar, nem que seu peito se agitava contra o seu. Quão único sabia era que lhe ardiam às pontas dos dedos do simples contato com sua pele. E logo perdeu o controle absoluto. As mãos dele levantaram-na ainda mais e reclamou sua boca com um beijo violento. Necessitava ainda mais! Não era suficiente e ela moveu o corpo. Quando sentiu

aquela dureza, deixou cair à cabeça para trás..., não, já não o tinha sobre o estômago estava... Justo naquele lugar! Acreditou que os olhos lhe começariam a girar na cabeça pela quebra de onda de prazer que lhe percorreu o corpo uma e outra vez, mas nem sequer isso era suficiente. Tudo era tão maravilhoso. Cada vez que ele movia a mão,

cada

lugar

que

tocavam

seus

lábios

duros

e

demandantes só incrementava o desejo ainda mais. Jamais experimentou nada como suas carícias e seus beijos e queria mais. Ryker afastou a cabeça para trás e a olhou fixo aos olhos. —Cricket, se não pararmos agora, vou subir as escadas contigo e vamos fazer amor. —Observou-a, tão excitado pelo seu olhar que lhe custou sequer falar. —Entendeu? — Perguntou impaciente quando ela seguiu lhe dirigindo um olhar abrasador de seus preciosos olhos verdes. Maldição! Sentia um desejo quase primitivo por esta mulher. Não podia acreditar na rapidez com que as coisas saíram de controle. Queria lhe dar um suave beijo de boa noite e logo ir embora. Como chegou ao ponto de estar duro como uma pedra e rogando em silêncio que desse permissão para seguir? Suas palavras chegaram por fim através da bruma do desejo e Cricket soltou um grito afogado quando se deu conta da posição em que estava. —Céus! —Exclamou e se liberou de seus braços.

—Espera! Cricket, não... —E gemeu quando os quadris dela se moveram contra ele. Cricket sabia exatamente o que ele estava sentindo, pois era o mesmo que sentia. Esse desejo frenético e quase enlouquecedor quando moveu contra sua ereção. Ficou gelada, sem querer que o corpo voltasse a fazer nada que provocasse essa sensação outra vez. E, entretanto..., talvez se ela... —Cricket...! —Gemeu ele, fechando os olhos e sacudindo a cabeça. —Sabe exatamente o que está fazendo, não é? — Perguntou com um ligeiro sorriso naqueles lábios que agora Cricket sabia podiam entregar tanto prazer. Como podia um homem com um aspecto tão severo e reservado saber beijar assim? —Sinto muito. —Sussurrou e seus dedos se agarraram a seus ombros para evitar qualquer movimento. —Como faço para baixar sem....? —Não podia dizer as palavras e sabia que o rosto lhe ardia de vergonha. —Se agarre em mim. —Disse-lhe e se aproximou, tomando os quadris com as mãos. Com delicadeza extrema, levantou-a e a apoiou uma vez mais sobre o chão. —Preparada? —Grunhiu, mas suas mãos não se separaram dela e seu corpo voltou a pressionar-se contra o seu uma vez mais. —Tenho que ir. —Disse com essa voz rouca e sexy. Não partiu. Seu corpo pressionou o dela contra a porta e lhe buscou a boca com seus lábios para voltar a beijá-la. Esta vez

foi mais suave, sensual, mas ainda mais ardente que o anterior. Ela gemeu e voltou a lhe passar os braços ao redor do pescoço, arqueando-se contra seu corpo, reclamando esse prazer, necessitando ainda mais. —Tenho que ir. —Voltou a dizer, mas seus lábios se moveram contra seu pescoço e a fizeram tremer de prazer quando encontrou um lugar na base onde parecia que todas as terminações nervosas se uniam, incitando ainda mais o desejo. Ela se afastou apenas, surpreendida. —Tem que ir... —Sussurrou, mas os dedos seguiram presos em seu cabelo e seu corpo seguia movendo-se contra o seu. —Agora irei. —Disse e apertou os dentes. —Desta vez conseguiu. —Separou-se e apoiou os braços contra a porta de madeira detrás dela. —Obrigado por esta noite. —Disse e lhe tocou a bochecha com o dedo áspero. Ela suspirou, ao tempo que sentia que se derretia contra a porta que tinha detrás. Logo que podia mover os dedos para fazer funcionar o trinco, mas ao fim conseguiu. Girou, sem obter sucesso na primeira vez e o tentou de novo. Essa vez foi capaz de acionar o trinco e abrir a porta. Quase se esqueceu de apartar-se da porta, mas como tropeçou sobre os pés ao abrir porta, deu-se conta de que devia mover-se.

—Boa noite, Cricket. —Voltou a dizer e saiu caminhando para a noite fresca. Cricket saiu apagando as luzes em toda a sala o mais rápido possível. Logo correu ao fundo da sala bem a tempo para vê-lo entrar no seu automóvel. Quando tinha a porta aberta e um pé dentro ele parou e voltou a olhar a casa. Cricket ficou olhando, mordendo o lábio e rogando que retornasse e terminasse o que começou. Ela mesma não tinha a coragem para pedir, mas não havia célula em seu corpo que não estivesse preparada para averiguar como seria fazer amor com Ryker Thorpe. Ao final ele sacudiu a cabeça e se meteu no assento do condutor. Um instante depois, seu automóvel poderoso transpôs a rua e Cricket desabou contra a parede, tão decepcionada que pensou que romperia em pranto. Em troca, levantou as duas taças e a garrafa vazia de vinho. Pôs a garrafa na lata de lixo da reciclagem e os copos na pia e foi para cima. Preparou-se para deitar, pegou sua camisola de flanela e a passou por cima da cabeça. Desejou estar fazendo o oposto. De fato, ruborizou-se ao dar-se conta de todos os pensamentos que lhe percorriam a mente enquanto escovava os dentes e lavava o rosto. Em realidade, não

queria

que

Ryker

retornasse,

pois

o

conheceu

recentemente. Teve que recordar a si mesma uma e outra vez que este era o tipo de homem que jantava com pessoas importantes. Não era o homem para ela!

Capítulo 6 Cricket levantou-se na manhã seguinte sentindo-se renovada e viva e com mais entusiasmo para ir trabalhar que em muito tempo. Apressou-se para terminar com sua rotina matinal, ansiosa para chegar ao escritório. Não tinha nada a ver com seu emprego e tudo com a ideia de observar Ryker entrando no prédio ao lado. Estava preparada para receber o estímulo matinal que seu corpo precisava. Tomou banho e se vestiu, fazendo de tudo para brilhar esta manhã. Escolheu uma saia mais curta do que as que estava acostumada a usar e saltos bem altos, pensando que não faria mal parecer um pouco mais sexy, afinal, o candidato em questão era perfeito. Todas as apreensões da noite anterior desapareceram da sua mente. Que mal podia haver? Só estava indo trabalhar e, com sorte ele iria para o escritório no seu horário habitual. Assim, se por acaso se cruzassem, isso não significava nada, não era um compromisso, só uma descarga de adrenalina matinal. Pegou as chaves do carro e a carteira e estava dando uma última olhada no espelho para conferir o batom quando seu celular tocou.

O corpo de Cricket ficou tenso e ela sacudiu a cabeça. Não era importante, disse a si mesma, decidida a ignorá-lo. A chamada caiu automaticamente no correio de voz e quando por fim parou, respirou aliviada. Estava a ponto de sair para o ar fresco da manhã quando o celular começou a tocar novamente. Olhou para o telefone. Quem seria a esta hora da manhã? Talvez fosse uma daquelas horríveis chamadas de ativistas políticos para fazer uma pesquisa. Ou podia ser seu pai. De qualquer maneira não ia atender. Decidida, pegou o casaco, ajustou o cinto e saiu correndo pela porta. Sentiu no rosto o ar frio da manhã como um sopro fresco e revigorante e sorriu ao ver o sol aparecendo pelo horizonte. Sim, ia ser um bom... O telefone de novo! — Merda! — Parou em sua pequena varanda, tirou o telefone da bolsa e atendeu com voz irritada. — Bom dia, papai! A gargalhada que ouviu como resposta só conseguiu deixar o seu corpo mais tenso. —

Bom

dia,

minha

linda

filha.

Você

está

excepcionalmente arrumada esta manhã. Estou notando um brilho de excitação em seu rosto, será que está encantada de ouvir seu velho?

Cricket olhou ao redor, tentando descobrir onde seu pai estava escondido. Mas não viu nada e sabia que se ele não quisesse ser visto, não seria visto. — O que faz de pé tão cedo? — Perguntou, olhando para as árvores no parque do outro lado da rua, onde ele podia estar escondido. Trabalhava a noite, então como acordou tão cedo? Ao escutar a pergunta ele riu era evidente que se divertia provocando sua única filha. — Quem disse que acordei cedo? Talvez eu não tenha dormido. — Cricket parou abruptamente no caminho para o carro, contendo o fôlego. — Não fez nada aqui em Chicago, não é, papai? — Esperou vários segundos, preparando-se para o pior. Tinham um acordo, droga! — Você me prometeu. — Sussurrou a ansiedade aparecendo em sua voz. Esperou que confirmasse ou negasse. Será que estava a ponto de fazer, um projeto dentro da área metropolitana de Chicago? Ele prometeu não operar nessa cidade enquanto ela morasse aqui, mas ninguém podia garantir que cumprisse com sua palavra. Era um ladrão evidente que tinha um problema com a ética. Embora o amasse era plenamente consciente de suas limitações. Se tivesse que fazer algo em Chicago, uma promessa infantil a sua filha não o deteria. Caminhou para seu carro e abriu a porta, sem deixar de olhar para ver se conseguia localizar onde ele estava.

— Faz anos que não tenho nenhum negócio em sua área, querida. Oh, que pouca fé tem nas minhas promessas. — Disse estalando a língua. – Mas você ainda não respondeu a minha pergunta. Por que está tão arrumada? Tanto capricho só para ir trabalhar em seu escritório frio e aborrecido,

onde

Perguntou,

com

analisa um

números

toque

de

o

dia

sarcasmo

inteiro? que



sempre

acompanhava suas palavras quando se referia à ocupação que ela escolheu. — Ou o brilho em seus olhos tem a ver com o homem que esteve em sua casa ontem à noite? — O tom agora era cortante, a voz não tinha mais a cordialidade de minutos atrás. Cricket, que estava a ponto de ligar o carro, parou de repente preocupada. — Você esteve aqui ontem à noite? Viu... — Estava a ponto de dizer o nome de Ryker, mas se conteve. Se seu pai não sabia quem ele era, não ia dar pistas para que descobrisse. — Sei o que está acontecendo e é melhor você se manter afastada de Ryker Thorpe. — Advertiu. — O cara não é estúpido, é um dos melhores advogados do país, Cricket. Talvez não seja um integrante das forças armadas, mas não deve ser provocado. É um deles. — Disse com firmeza, pronunciando a palavra "deles" como se fosse um insulto que deixava um sabor amargo na boca. Seu

pai

sempre

foi

super

protetor.

Quando

era

adolescente, só podia sair com os meninos mais novos.

Independente do lugar que estivessem no mundo, seu pai não queria deixá-la sair com os amigos e foi só graças à influência tranquila de sua mãe que Cricket conseguiu sair com rapazes. Até ir para a universidade, não tinha liberdade alguma para ter encontros amorosos. O irônico em toda a situação é que eles a ensinaram como assaltar um prédio e a roubar peças valiosas que pertenciam a outros, mas quando se tratava de alguém convidando sua garotinha para sair, seu pai era tão protetor como uma mamãe ursa protegendo seus filhotes. Sacudiu a cabeça diante esta última invasão à sua privacidade.

Queria

discutir

com

seu

pai,

mas

não

encontrava palavras, possivelmente porque ele tinha razão, Ryker era perigoso. Ontem, quando contou que era advogado, um calafrio a percorreu com o que isso poderia significar. — Se não está trabalhando em Chicago, não há motivos para preocupar-se. — Ponderou com o que considerava uma lógica irrefutável. Se não estava fazendo nada ilegal, não precisava preocupar-se que sua filha estivesse saindo com alguém que trabalhava no âmbito da lei. Mas soube, antes de terminar, que seu pai não concordava com isso. Sentiu sua fúria e frustração através do telefone. — O rapaz é um perito em direito internacional. — Afirmou ele, como se ela estivesse fazendo um esforço para ser ridiculamente teimosa e lenta. — Isso significa que não tem contatos só em Chicago, Cricket, deve ter no mundo

todo, principalmente com a Interpol. E o cara passa metade do ano viajando, não vai ser um bom marido para você. Deveria estar procurando um homem que fique em casa com os meus netos, ajudando-a a criá-los, não um que viaje toda hora enquanto que você fica em casa trocando fraldas. Cricket não podia acreditar. — Papai! Eu não saí de fato com Ryker. Ele passou por aqui e trouxe-me uma garrafa de vinho, foi só isso. Houve uma longa pausa antes que seu pai falasse. — Cricket, não sei se está mentindo para mim ou para você mesma, mas de qualquer maneira, fique longe dele. É perigoso. Com essas palavras, deu por terminada a conversa. Cricket inclinou a cabeça contra o volante e pensou em como gostaria de ter pais normais e que a profissão escolhida por eles não fosse tão perigosa a ponto de interferir em sua vida. Ligou o carro decidida a ignorar a ordem do pai. Gostava de Ryker ele era diferente dos outros homens com quem saiu. Era amável e sensível, apesar de ser um pouco arrogante. E muito inteligente. Ele a fazia rir com algumas de suas observações, melhor ainda, ria com ela! A maioria dos homens não entendia seu senso de humor, sabia que seu modo de pensar era pouco convencional. A noite anterior ele riu quando ela contou suas histórias e gostou muito disso. E

havia

enlouquecedora...

aquela

atração

alarmante,

quase

Deus! E quando a tocava? Jamais experimentou uma coisa assim! Sentia um arrepio só de lembrar. Sonhou com ele na noite anterior, fazendo coisas atrevidas e eróticas. Mas enquanto dirigia pelas ruas de Chicago, que rapidamente estavam virando um caos com todo mundo chegando à cidade para trabalhar, soube que seu pai tinha razão. Além disso, por que perder tempo desfrutando de sua companhia para descobrir depois, que no fundo era um idiota? Estaria colocando seus pais em perigo por nada. Os homens sempre se mostravam legais quando começavam uma relação, mas quando a novidade terminava, surgia o verdadeiro ser humano. Não podia arriscar a liberdade de seus pais só porque o homem era gostoso e sexy demais. Aquele pensamento fez que surgisse outro na sua cabeça. Imediatamente apertou o botão de ligar no volante, para falar outra vez com o pai. — Papai, o fato de estar nervoso significa que há evidências contra você? — Perguntou de repente preocupada. — É óbvio que não. — Resmungou. Ela feriu seu orgulho. — Você nos conhece bem. — Ele se considerava um profissional

e

Cricket

tinha

que

admitir

que

jamais

houvessem aparecido evidências que a polícia de algum país pudesse usar para conectá-lo a algum roubo. Se isso era verdade, seu comentário sobre Ryker não fazia sentido. — Então, por que esta preocupação toda por eu ter conhecido um advogado? — Rebateu, sem estar convencida.

Houve uma pausa antes que seu pai respondesse. — Você sabe muito bem que este homem é mais que um conhecido, Cricket. Não insulte minha inteligência. Ela sacudiu a cabeça e tentou voltar ao assunto inicial. — Por que você está com medo? — Porque desconheço tudo o que a Interpol sabe sobre mim ou sua mãe, minha querida. — Cricket percebeu que sua paciência estava esgotando. — Talvez tenham nossas imagens embora eu duvide, ou talvez saibam que estamos conectados.

Sabe

como

funciona,

Cricket.

Fomos

extremamente bem-sucedidos em nossas carreiras. — Aquele orgulho inoportuno apareceu outra vez em sua voz. — E duvido que sua mãe ou eu tenhamos cometido algum engano, mas não somos perfeitos. Apesar da seriedade do tema, teve que rir. — Está bem, papai. — Apertou o botão no volante para desligar

e

prestou

atenção

no

trânsito.

Mas

não

foi

diretamente para o escritório, onde iria cruzar com Ryker, como acontecia a cada manhã. Estacionou em uma cafeteria. Como não podia ter sua cota de adrenalina habitual dos olhos azuis gelo, tomaria um copo de café especial duplo. Dez minutos depois, ao sair da cafeteria, soube que o café não tinha o mesmo impacto sobre seus sentidos que Ryker Thorpe a observando entrar no prédio. Colocou o café no suporte do carro e entrou no trânsito em direção ao escritório, desanimada e irritada, desejando ter uma vida normal.

Não podia acreditar no quanto estava deprimida ante a perspectiva de não o ver mais e repetiu várias vezes para si mesma que estava se comportando de maneira ridícula. Esteve na companhia dele apenas uma noite. Não estava apaixonada! Durante a infância, tudo o que desejava era ser normal, ter amigas que poderia ver todos os dias no colégio. Mas, pela profissão dos pais, havia anos em que sequer frequentava uma escola regular. Por sorte, seus pais eram mais exigentes que qualquer professor e além de todas as "habilidades extras", também a ensinaram a ler escrever e solucionar problemas matemáticos. A parte científica sempre foi uma coisa natural para ela, talvez por todas as aptidões que desenvolveu junto a eles. Entendia física porque aprendeu fórmulas que facilitavam entrar e assaltar prédios; tinha um profundo conhecimento de informática, porque foi ensinada a hackear qualquer rede de computação ou sistema de segurança. Suspirou e conduziu o carro através do estacionamento, zangada com os pais por submetê-la a uma criação tão louca. Sim, viu o mundo, mas odiou cada instante dessa etapa. Quando finalmente foi para a universidade e fez amigos, parecia que tocava o céu com as mãos. Foi seu primeiro contato com uma vida normal, foi a primeira vez que se viu livre da preocupação constante de que capturassem seus pais. Foi maravilhoso. E agora o que seus pais faziam, mais uma vez estava interferindo na sua vida. Só que desta vez era pior.

Trabalhou mecanicamente, com relutância. Talvez não gostasse do que fazia, mas pelo menos podia se orgulhar de analisar aqueles formulários de dados excepcionalmente bem. Durante os três dias que não viu Ryker, chegou à conclusão que realmente odiava seu trabalho. Olhando pela janela de seu escritório seu único desejo era poder ver o homem lindo e musculoso saindo do prédio e se dirigindo ao estacionamento. Não estaria traindo seu pai, não é? Embora

abandonar seus amigos tenha sido uma

experiência terrível, por algum motivo que não entendia bem, não ver Ryker todas as manhãs parecia imensamente pior. Quando

chegou

a

sexta-feira

estava

esgotada,

deprimida, zangada com seu pai enfim, cansada de tudo. Entrou em sua pequena casa, que era maravilhosa para ela, jogou a bolsa no sofá e subiu as escadas para o quarto, onde caiu de costas na cama. Não olhou em direção ao enorme frasco de vidro cheio de canetas. Não queria cair na tentação de satisfazer o vício que era ver a humilhação do seu chefe nas primeiras horas do dia. De qualquer maneira, não ajudaria em nada. Hoje, nenhuma descarga de adrenalina seria suficiente para superar o desânimo que sentia. Suspirou e fez um esforço para recuperar a compostura. Realmente queria pôr em perigo a segurança de seus pais por um caso passageiro? Precisou pensar na resposta e quando se deu conta que estava pensando para responder, sacudiu a

cabeça. É óbvio que não! Seus pais podiam ser delinquentes profissionais, que tinham a sorte e a inteligência para não serem apanhados e exceto por arrastá-la através do mundo, foram

excelentes

pais.

Eram

atentos

e

carinhosos

e

proporcionaram experiências que nenhuma outra menina podia sequer imaginar. Qual o problema de ter viajado por mais de vinte países diferentes e em seu passaporte oficial só constar dois? Conhecia vários idiomas e tinha presente em sua memória às lembranças de todas essas aventuras. É claro que seu estômago revirava ao pensar no que faziam ou pelo medo de que um deles fosse pego, mas isso era um preço pequeno. Caso ela saísse com alguém tão bem relacionado e poderoso como Ryker Thorpe, a vida de seus pais correria perigo. E não iria funcionar. Embora sentisse que todo seu corpo derretia com o toque das mãos de Ryker, sabia que era impossível qualquer relação com ele. Além disso, não tinha esperança que continuasse interessado nela. Era somente uma contadora! Levantou-se, tirou a roupa que foi trabalhar e para ficar mais confortável colocou um jeans bem velho e macio. Uma das pernas tinha buracos desfiados e também faltava um dos bolsos traseiros, mas era seu jeans favorito pela maciez proporcionada por muitas lavagens. Também vestiu uma camiseta e prendeu os cabelos em um rabo de cavalo. Já se sentia bem melhor. Depois de guardar a roupa de trabalho, desceu as escadas descalça para preparar o jantar.

Infelizmente não havia nada nos armários que a agradasse

e

suas

opções

eram

bem

limitadas.

Como

detestava ir às compras e fazia duas semanas que não ia ao supermercado, só encontrou uma lata de sopa de tomate e uma embalagem de comida pré-pronta, nada que parecesse apetitoso. Devia sair e ir a um happy hour com suas amigas. Mas infelizmente não tinha muito assunto para conversar com a Josie, Allyson e Debbie. Eram mulheres extraordinárias, mas suas vidas giravam em torno dos filhos, maridos ou exmaridos. Era difícil identificar-se com elas já que era solteira e não tinha filhos. Pegou a lata de sopa com um gesto de desagrado. Se tivesse saído com elas, poderia ter relaxado um pouco e comido algo mais saboroso que.... Abriu o freezer e examinou as pilhas de comidas congeladas... Frango e brócolis. Droga! Por que diabos comprou isto? Odiava brócolis! Suspirou. Papai! entrou escondido em sua casa e abasteceu o freezer com comidas saudáveis. Fechou a porta do freezer e tomou coragem para abrir a geladeira e.... Claro! Estava cheia de frutas e verduras. Sabia que não estavam ali há dois dias, porque ontem comeu um iogurte no café da manhã. Mas não podia determinar quando ele abasteceu, se foi ontem ou hoje, porque não tomou café da manhã e comprou para o almoço um iogurte na cafeteria do edifício.

Quando a campainha tocou esperava realmente que fossem seus pais. Estava louca para vê-los, chorar um pouco no ombro deles. Sua mãe seria melhor pensou ela entenderia a situação pela qual estava passando. Seu pai daria um simples tapinha no seu ombro e diria que Ryker não era o tipo certo para ela, que deveria esquecê-lo e encontrar um homem agradável, confiável e que não tivesse nada que ver com o mundo das leis. E então apaixonar-se e dar netos a eles. Depois de devolver a embalagem de comida congelada ao freezer, saiu correndo em direção à porta de entrada. Quando já estava abrindo, lembrou que não espiou pelo olho mágico. Também lhe ocorreu que seus pais não tocariam a campainha, nem bateriam na porta. Se fossem eles estariam sentados em sua sala de estar, lendo o jornal ou um livro. Enquanto todos esses pensamentos cruzavam velozes pela sua cabeça, abriu a porta e se viu diante da figura enorme e corpulenta de Ryker Thorpe. — Você esteve me evitando. — Disse ele, dando um passo para entrar no minúsculo saguão. — E não me ligou. — Ryker aproximou-se, tirando sua mão da porta e fechandoa atrás dele. — Assim, resolvi deixar de esperar. Quando ele a tomou nos braços, Cricket ficou paralisada por um ou dois segundos, antes que o calor de seus braços e o movimento calmo e imperativo dos lábios a fizessem voltar bruscamente à realidade. Então o abraçou e devolveu o beijo

com todo o ardor que guardou ao evitá-lo a cada manhã desta semana. Esmagou seu corpo contra o dele, sentindo todos aqueles músculos duros, tão diferentes dos seus e que provocavam descargas de energia em todo o seu ser. Ele aprofundou o beijo e ela deixou escapar um gemido, seus braços apertando-o cada vez mais. Mudou a posição da perna para que o.... Era isso...? Sim.... Empurrou o ventre, sentindo sua ereção e todo o corpo dele se fundindo ao seu. A parede estava atrás dela e ele aproveitou-se disso, para pressionar ainda mais o corpo. Cricket ergueu-se nas pontas dos pés para senti-lo em todos os lugares e quando a mão dele penetrou debaixo de sua camiseta, quase soltou um grito. Não podia controlar a excitação. E não queria controlar. Jamais sentiu algo assim e não queria que terminasse. Era dez vezes melhor que burlar um sistema de segurança! Nenhuma descarga de adrenalina poderia fazê-la sentir tanta... Euforia! Cricket percebeu que ele levantou seu corpo esmagando suas costas contra a parede. Instintivamente elevou as pernas e as envolveu na cintura dele enquanto o corpo do Ryker a pressionava mais. As mãos foram para baixo de sua camiseta e ela soltou um gemido ofegante com o contato. Abriu os olhos e seus olhares se encontraram. Lentamente, muito lentamente, a mão dele moveu-se sobre a sua pele nua alisando, apertando com um desejo feroz. Cricket não estava consciente da sua boca abrindo, dos olhos fechando ou dos quadris se movendo.

Ouviu-o grunhir por algum motivo, mas a única coisa que importava era suas mãos sobre a pele. E queria mais. Precisava de mais! — Por favor, não pare! — Suplicou, quando as mãos se afastaram. — Não tenho intenção de parar. — Disse ele, com a voz profundamente rouca, levantando-a ainda mais em seus braços. Cricket não tinha ideia do que estava acontecendo, só que moveu os quadris e já não sentia aquela pressão deliciosa. Contorceu-se em seus braços, tentando recuperar aquela sensação, para acalmar o desejo cada vez mais forte. — Ryker, não pare... — Calma. — A voz dele era apenas um gemido abafado. Suspirou de felicidade quando percebeu que ele abria o sutiã e então sentiu algo macio.... Sua cama. Não ligou que ele a trouxe para seu quarto, sem que ela sequer percebesse como chegou lá. Só importava voltar a sentir os dedos fortes na sua pele. Pegou a mão dele e a colocou no estômago e deslizou as próprias mãos para os botões da camisa, quase a arrancando em seu desespero para abri-la e descobrir o que estava por baixo. Ficou impressionada. Seus dedos exploraram a pele ardente, sentindo os músculos se contraírem onde tocava. Estava tão fascinada que levantou a cabeça e colocou a língua para fora, provando a pele deliciosa enquanto os músculos fascinantes flexionavam sob seus dedos.

Ele tirou sua camiseta por cima da cabeça e a jogou longe. Cricket não queria pensar, já se preocupou e castigou o suficiente. Desejou este homem três noites atrás e a cada momento depois disso. Não aguentava mais! Arqueou o corpo e gemeu quando ele chupou seu seio, lambendo como se fosse o melhor sorvete do mundo. Ela levantou a perna, apertando-a contra a sua coxa, seus quadris sentindo toda a dureza, procurando aquela pressão especial que descobriu da última vez. Queria-o dentro dela desesperadamente! — Por favor! — Pediu, quando ele afastou a boca do seu seio e depois suspirou de felicidade quando apertou e deu o mesmo tratamento ao outro, tomando o mamilo em sua boca e sugando-o. Ryker soltou um gemido feroz e ela gritou com as novas sensações que a sacudiam. Apertou os quadris contra ele, tentando encontrar aquele lugar especial em seu corpo, onde sentia sua excitação por ela. A sua boca se deslocou mais para baixo e os dedos mágicos abriram o botão do jeans. Um instante depois, a calça desapareceu, junto com a calcinha de renda branca. Estava completamente nua e precisava tocá-lo, mas não conseguia estava presa embaixo dele. Quando Ryker beijou seu estômago contorceu-se, sorrindo ao sentir cócegas. Logo a boca encontrou seu monte e estava a ponto de gritar outra vez. Ele imobilizou seus quadris com um braço, impedindo qualquer fuga embora ela não tivesse intenção de afastar-se. Era quase impossível suportar essa intensidade de

prazer. Ryker começou a sugar e deslizou um dedo dentro dela. Então, simplesmente já não podia conter-se, o desejo chegou a um nível impossível de suportar, gozou loucamente em sua boca, o corpo inteiro tremendo. Fechou os olhos enquanto gritava, o clímax sacudindo todo seu ser como uma explosão meteórica. Quando finalmente acabou, ficou deitada na cama ofegante, com os olhos fechados, sem saber como voltar a abri-los e olhar para ele, depois de uma experiência assim. Ryker ficou de pé e tirou a roupa. Depois de estar nu, olhou para baixo, para a mulher sobre a cama, rodeada por lençóis

e

travesseiros

floridos,

ainda

embriagada

pela

intensidade do seu clímax. Maldição, jamais esteve tão impaciente era como se fosse adolescente outra vez. Não podia negar que Cricket era a mulher mais sensual que já viu na vida. Saborear seu orgasmo quase o fez perder o controle. Foi único presenciar seu prazer, vê-la derreter-se enquanto a tocava. Tirou a camisinha da carteira, sem deixar de observá-la deslizar sobre os lençóis, tentando acalmar seu clímax. Depois de colocar a camisinha inclinou-se e a beijou no pescoço encontrando o ponto mágico que descobriu uns momentos

atrás.

Ela

ofegou

e

reagiu

imediatamente,

levantando os braços e segurando seus ombros. Pensou em ir devagar, porém, quando deslizou os dedos dentro dela, soube que estava pronta novamente.

— Você me quer Cricket? — Perguntou, levantando os braços dela para que rodeassem seu pescoço. — Olhe para mim. — Disse e abriu suas pernas ainda mais para acomodar seus quadris. Com um ligeiro movimento, deslizou apenas um centímetro. Quando os olhos dela se abriram ele a penetrou ainda mais, afundando-se lentamente em seu calor. Retirou-se e observou seu rosto para ver se estava gostando ou esperava mais. Sentia o suor escorrer enquanto lutava com todas as forças para não a penetrar. Queria que a primeira vez com ela fosse incrível e estava fazendo um esforço

sobre-humano

para

ir

devagar,

querendo

que

desfrutasse tanto quanto ele. Mas à medida que a boceta dela o acomodou, foi mais fundo. Quando a viu contrair o rosto e fechar os olhos, parou. — Cricket? Você está bem? Sentiu que ela movia os quadris ligeiramente, tentando acostumar-se a seu tamanho. Cricket mordeu o lábio e moveu-se novamente, o rosto ainda contraído, até que abriu os olhos e notou que alguma coisa estava acontecendo. Tocou o rosto dele. — O que estar havendo? — Sussurrou preocupada que tivesse feito alguma coisa errada. — Machuquei você? — Droga, não! Mas acredito que eu acabo de machucar você. — Tentou não se mover, suspeitando que fosse sua primeira vez. Não queria machucá-la mais que o necessário.

Amaldiçoou-se por transar com ela tão rápido. Devia ter sido mais paciente, tentado conhecê-la melhor. Se tivesse ido mais devagar, conversado, teria descoberto que era virgem. — Sinto muito, Cricket. — Balbuciou, repreendendo-se por ser tão idiota. — Não sabia... Ela voltou a mover os quadris. A dor desapareceu e a necessidade de senti-lo era mais forte do que podia imaginar. — Estou bem. — Disse, dando um gemido sufocado quando ele saiu um pouco. Ela sacudiu os quadris e posou as mãos em seu peito, a necessidade de mover-se cada vez mais urgente. — Ryker, por favor, não pare! — Ofegou e voltou a fechar os olhos quando ele avançou, soltando o peso do corpo e

movimentando-se

dentro

dela.

Um

prazer

delicioso,

assombroso e incontrolável, atravessou todo seu corpo. Fechou os olhos, arqueando-se na direção dele para voltar a senti-lo. Era tudo o que Ryker precisava. Retirou seu pênis ligeiramente e voltou a penetrá-la uma e outra vez, mais e mais rápido. Vê-la subir ao topo do prazer junto com ele, o deixou ainda mais excitado e saber que era o único homem na vida dela era um presente dos deuses. Quando ela gritou durante o segundo orgasmo, sua boceta apertada o levou ao ápice. Queria observá-la, mas não conseguiu. Ela estava tremendo embaixo dele e isso o impulsionou a ter seu próprio clímax.

Cricket flutuou nas ondas de um prazer tão intenso, que viu luzes mais brilhantes que as estrelas. Quando tudo terminou, deixou-se cair no colchão, sentindo-se aérea. Percebeu que ele saiu da cama, mas não sabia dizer o que estava fazendo. Ryker retornou do banheiro e se aconchegou contra as costas dela, aproximando-a enquanto beijava seu ombro e pescoço. Ela suspirou feliz quando os dedos roçaram o quadril, depois sentiu cócegas quando passaram por sua barriga. Estava rindo quando a sua mão começou a subir e virou-se para olhá-lo por cima do ombro. Ryker estava apoiado sobre o cotovelo, olhando-a e ela ficou vermelha. — Acredita que isso vai me deter? — Perguntou, com a mão deslizando para seu estômago e apertando-a ainda mais contra o peito, as nádegas dela encaixadas em seu membro. — Não. — Sorriu ela e esfregou as nádegas nele. Sentiu uma forte ardência quando levou uma palmada na bunda. Não foi suficientemente forte para machucar, mas a surpreendeu. Olhou por cima do ombro novamente, interrogando-o com o olhar. — Você está me tentando, quer que eu faça tudo de novo, mas preciso comer algo antes que volte a me seduzir. Ela riu alegremente, mas sentia um formigamento no corpo depois da palmada e do olhar nos olhos dele.

— Acredito que preciso pensar para chegar à conclusão de quem seduziu quem esta noite. — Disse rindo. Sentiu frio quando ele levantou da cama e puxou o suave cobertor, também para ocultar sua nudez. Mas ficou olhando todo o esplendor do corpo musculoso de Ryker enquanto ele se dirigia ao banheiro. — Tenho comida congelada no freezer se estiver com fome. — Disse, acomodando os travesseiros sob a cabeça para poder sentar-se e apreciar melhor a vista. Ele retornou ao quarto, divertindo-se por ela ter puxado a coberta. — Na realidade, trouxe comida Chinesa. Ela se surpreendeu e imediatamente ficou com água na boca. — Sério? Onde está? Ryker colocou as mãos nos quadris e sacudiu a cabeça, aparentemente confuso. — Suponho que continua na sala. Acho que a larguei por lá quando você me atacou algum tempo atrás. — Quando eu ataquei você? — Perguntou erguendo-se e dando um grito enquanto cobria os seios com a manta. Inclinou-se sobre os travesseiros outra vez e uma faísca brilhou nos seus olhos. — Espero que meu cachorro não tenha comido. — Brincou. Ryker ficou paralisado e a olhou, surpreso.

— Você tem um cachorro? — Ele correu imediatamente para a porta em direção as escadas, mas quando olhou para trás e viu o brilho travesso em seus olhos, parou. Cricket não pôde deixar de soltar uma gargalhada ao ver sua expressão surpresa e confusa. — Não, mas você acreditou por um momento, não é? Ryker não ia tolerar algo assim. Estava com vontade de rir, mas entrou como uma cara séria no quarto e arrancou a manta do corpo dela. — Você vai pagar por isso. — Disse um instante antes de pegá-la pelo tornozelo enquanto ela tentava afastar-se dele às gargalhadas. Cricket viu que não tinha chance e um momento depois estava de novo entre seus braços, a boca dele cobrindo a sua, sentindo aquele fluxo de desejo, que já estava se tornando familiar, mas que ainda assim era perturbador. Levantou os braços e envolveu o pescoço dele entregando-se totalmente. Depois de uma hora e de uma ducha revigorante, sentaram-se à mesa da cozinha, comendo a comida chinesa direto das caixas e conversando animadamente. Cricket separou o frango dos brócolis enrugando o nariz quando ele colocou um em seu garfo e ofereceu. Ryker riu quando ela afastou o rosto. — Você não gosta de brócolis. — Disse, colocando um na boca e piscando os olhos na sua direção. — E jamais fez sexo antes de hoje. Continua com vergonha de andar nua na minha frente? — Provocou-a e tentou olhar dentro do decote

do robe que ela vestiu depois do banho. — E não tem cão? O que mais desconheço sobre você? — Perguntou. Cricket pensou em seus pais, mas procurou afastá-los de sua mente. Ryker não gostaria de saber a história de sua vida. — Odeio supermercado, odeio cozinhar e tenho medo de aranhas. Que mais quer saber? Ele a puxou para seu colo e envolveu os braços em sua cintura enquanto comia. Ela descansou as costas em seu peito, também continuando a comer exceto quando ele roubava um pedaço. E todo o tempo conversaram sobre seus gostos, conhecendo mais um ao outro, Ryker pensou que deveria ter feito isso antes de fazerem sexo. Ela era doce e maravilhosa, mas percebeu que Cricket estava preocupada com alguma coisa e não queria falar, estava atendo a cada movimento e palavras dela. Quando terminaram, levou-a para o quarto no colo e fizeram amor a noite inteira. Muito tempo depois, quando estavam aconchegados sob a colcha florida e com os corpos relaxados, ouviu-o dizer: — Venha para Paris comigo. Ela estava sonolenta, mas despertou, sentindo que ele permanecia excitado embora ela estivesse com vontade de abraçar seu travesseiro e o empurrar para o lado. Abriu um olho e tentou verificar se falava sério. O olhar naqueles olhos azuis indicou que ele falava com total seriedade. Então se virou agora completamente acordada.

— Não posso ir para Paris. — Respondeu. Estava surpresa, mas ficou feliz por ele tê-la convidado. Ryker trocou de posição para que ela ficasse sob ele. — É claro que pode. Diga a seu chefe que precisa tirar uns dias folga por questões pessoais. — Disse, beijando seu ombro e depois o braço. Quando colocou seu dedo na boca e começou a sugar, uma maré de excitação tomou conta e ela ofegou. — Paris, não... — Tentou dizer, mexendo o corpo para conseguir o que desejava, ele dentro dela, movendo-se com aquela magia colocava por terra sua vontade e a fazia sentir como se estivesse flutuando entre as estrelas. — Por que não? — Perguntou, deslizando dentro da boceta quente e observando seu rosto. O corpo dela contraiuse, a boca abriu e os olhos fecharam-se, seu rosto lindo sem maquiagem era a expressão do prazer absoluto. As ondas loiras do cabelo estavam estendidas sobre o travesseiro e o corpo espetacularmente nu movia-se por instinto com o seu. Ryker podia dizer com total sinceridade que jamais teve uma experiência sexual tão incrível, com nenhuma outra mulher. E não queria parar, apesar de ter uma reunião importante em Paris no dia seguinte. — São só três dias e podemos estar juntos. — Parece perfeito. — Replicou, apertando os ombros dele. — Mas se concentre no aqui e no agora... — Disse e levantou os quadris, pedindo em silêncio que a penetrasse mais rápido, investisse mais fundo.

Ryker, depois de horas fazendo amor com esta mulher, sabia exatamente o que ela desejava, mas não deu. Negou embora seu próprio corpo clamasse para que cedesse e se entregasse ao gozo incrível de senti-la. Ele queria que isto durasse. Se fosse possível, para sempre. — Então, vamos para Paris. Cricket estava a ponto de gritar. Só necessitava que ele... — Paris é muito longe. — Podemos estar lá em seis horas. — Argumentou, movendo a mão em sua bunda e massageando como ela gostava. — Não posso! — Gemeu, movendo-se mais uma vez, sabendo que ele gostava que.... Sim, assim, sorriu quando ele soltou um gemido. — Sim, pode. — Respondeu, com um sussurro. Como resposta ela acariciou as costas dele, traçando com os dedos sobre a pele. E quase riu em voz alta quando ganhou a discussão e ele terminou dando a ambos o que desesperadamente necessitavam.

Capítulo 7 Cricket sorriu ao abrir a porta da sua casa, pensando no convite de Ryker naquela manhã. Convidou-a para ir a Paris. Que romântico! A casa estava silenciosa agora que ele partiu. Carregou as sacolas de supermercado para a cozinha, porque seu pai deixou à geladeira cheia, mas esqueceu de incluir as quantidades necessárias de carboidratos que ela tanto gostava. Cricket comprou comidas congeladas, batatas fritas, peito de frango e algumas outras coisas para preparar um bom prato. Pensava em fazer um jantar romântico para Ryker, quando ele voltasse de Paris em três dias. Disse que ligaria para avisar a hora da chegada e ela adorou o modo como se despediu aquela manhã. — Apague esse sorriso idiota do rosto! Cricket deu um gritou assustado, pulou meio metro para trás e soltou as duas sacolas de compras no chão. Com o impacto as compras espalharam-se e o pote de sorvete abriu, sujando todo o piso. Cricket ficou olhando o desastre, antes de levantar o rosto com uma expressão estupefata. — Papai, o que você está fazendo na minha casa? — Exclamou furiosa.

Seu pai era um desses ladrões extremamente bem vestidos e perigosamente encantadores. Até hoje, não havia fechadura que não pudesse abrir, nem caixa forte que não pudesse arrombar. Para ele, os sistemas de segurança eram mais um passatempo que um impedimento. — Eu preciso de uma desculpa para visitar minha filha favorita? Cricket não estava com humor para brincadeiras. — Sou sua única filha! E sim, deveria esperar um convite, antes de entrar como se fosse o dono da casa. — Pegou a vassoura e começou a varrer o cereal e os biscoitos do chão. — Espero que pelo menos tenha usado a chave que eu dei. Arrombou a fechadura? — É óbvio que não usei a chave! — Disse, com desprezo, observando-a limpar o desastre e sacudindo a cabeça como se as compras o escandalizassem. — Para começar, por que teve que fazer compras? Alguns dias atrás comprei tudo o que você precisava. Ela esvaziou o conteúdo da pá na lixeira. —Você sabe que eu não gosto de brócolis, papai. — Respondeu, levantando o pote de sorvete e suspirando quando viu que não havia nada dentro. Precisava jogá-lo no lixo. — Por que não me avisou que estava aqui? Ele cruzou os braços, fulminando-a com um olhar de recriminação. — Não queria encontrar alguém inconveniente.

Cricket olhou para ele, já na defensiva. — Sobre isso... — Começou a dizer. — Ainda está saindo com ele. — Rugiu seu pai, sacudindo os braços no ar com profunda decepção. — Mesmo depois que mandei você deixar de vê-lo, Ryker esteve aqui, não é mesmo? Cricket recusava deixar a fúria de seu pai intimidá-la. Esta era sua casa e ele não tinha o direito de decidir quem podia ou não entrar. — Como você sabe que estou vendo-o? — Gritou também. Não sentia medo, sabia que cão que ladra não morde. Na realidade, seu pai era uma seda. Algumas pessoas podiam temê-lo, mas tinha certeza que jamais faria mal a ela. Porém, a deixava louca de vez em quando. E continuava exercendo uma profissão que podia levá-lo a prisão, isto a assustava. — Está tirando onda com a minha cara filha? — Perguntou cortante.

Queria que ela sentisse que estava

bravo. — O cara esteve aqui à noite toda! Desceu as escadas pelado... — Não diga mais nada! — Disse Cricket, colocando a mão nos ouvidos. — Não se atreva a dizer mais nada, porque então terei certeza que estava me espionando e consideraria isso uma terrível violação da confiança que acreditei que tínhamos um no outro. Edward levemente.

Fairchild

tocou

sua

bochecha

e

apertou

— Qualquer confiança é nula e sem efeito quando você começa a dormir com o inimigo. Não podia acreditar no que estava ouvindo! — Ryker Thorpe não é um inimigo. É uma excelente pessoa e muito agradável. Edward esperou que continuasse, mas quando ela ficou quieta ele acalmou-se. — Não me diga que você está se apaixonando por um advogado! Sabe o que isto faria com a sua mãe! Cricket abriu os olhos, horrorizada. — O que está acontecendo com a mamãe? — Perguntou imediatamente preocupada. Seu pai continuou olhando-a furioso, mas ao ver a preocupação em seu olhar, cedeu um pouco. — Nada. Ainda. Mas se ela souber que você está dormindo com homens por aí, morre! Cricket respirou com dificuldade, tentando esconder de seu pai como isso a afetava. — Mamãe está aqui? — Perguntou, baixando o rosto. Edward a olhou fixo, sabendo que estava à beira das lágrimas. — Neste momento está em Roma. Acredito que fazendo compras.

Cricket ficou completamente imóvel, olhando para o pai, a ansiedade aparecendo na profundidade de seus olhos verdes. — Fazendo compras mesmo? Ou com a intenção de comprar algo... Em particular, que talvez não seja...? — Só está gastando dinheiro, querida. Nada ruim. — Pegou as mãos dela e afastou-a do balcão onde estava encostada para abraçá-la. — Não se preocupe com a mamãe. — Disse com suavidade. — Mas não deixe que ela fique em perigo continuando com esta relação. É um pássaro de mau agouro. Sei o que digo. Cricket sentiu o coração partido. Desejava tanto dizer a seu pai que continuaria vendo Ryker. Queria que ele compreendesse que ele a fazia sentir-se especial, bonita e feminina. E o jeito que a tocava! Jamais sentiu algo assim com outro homem. E mesmo se não houvesse a atração física, adorava simplesmente conversar com ele. Mas como poderia ser feliz quando essa felicidade representava um perigo para seus pais? — Ele é um homem bom, papai. — Tinha esperança que ele pudesse compreender. Seu rosto era implacável. — É parte do sistema. Já tivemos esta conversa. — Vocês poderiam parar de roubar. — Sugeriu. — Isso acabaria com o problema e eu poderia seguir vendo Ryker. — Ficaria tão feliz se seus pais fizessem outra coisa, ou se

aposentassem! Que mal poderia haver em deixar seus projetos de lado? Seu pai afastou-se e sacudiu a cabeça. — Tenho que ir, amor. Vejo você em breve, ok? Cricket observou-o sair furtivamente da sua casa com um ressentimento cada vez maior. Pelo menos, desta vez, abriu a porta com a chave. Era um passo à frente, pensou. Mas isso não bastava para diminuir a dor que sentia por não voltar a ver Ryker. Inclinou-se para terminar de limpar o chão, salvando o que podia. Estava tão deprimida com as exigências de seu pai que pegou a embalagem resgatada de bolachas Oreo, sentouse em sua poltrona favorita e comeu todas, deixando de lado as frutas e verduras que ele trouxe. Era uma resposta tola e infantil, mas fez com que sentisse que tinha um mínimo controle sobre sua vida. Quando terminou de comer e ainda não se sentia melhor, lembrou-se que havia uma coisa que poderia ajudá-la a sair do estado depressivo e deixar sua cabeça mais leve. Sorriu, antecipando a aventura. Subiu rapidamente ao quarto para

colocar

sua

roupa

"noturna",

uma

roupa

de

mergulhador em cima da cama. Era uma tarde fria e seria uma noite mais fria ainda. Perfeita para o que pretendia fazer. Esta era uma das razões pelas quais não condenava totalmente seus pais pelo estilo de vida que levavam. Conhecia a vertigem do êxito e a euforia do planejamento.

Foi a uma ferragem e comprou o equipamento que precisava, depois se dirigiu a uma loja de festas para comprar papel de presente. A caixa a olhou com curiosidade quando se aproximou com vinte cilindros de papel de presente diferentes, mas quando disse que era uma surpresa para seu chefe ela sorriu e cobrou os artigos. Correu de uma loja a outra, reunindo os equipamentos que precisava, tendo cuidado de pagar em dinheiro e não gastar muito em um só lugar. A loja de festas foi a exceção, mas sabia que não teria problema com isso, porque as pessoas costumavam comprar coisas estranhas nessa loja, para seus projetos e festas. Cantarolou enquanto caminhava pela rua, sentindo-se um pouco mais como uma pessoa normal e esperando que a vissem assim. Mas por dentro, sua mente verificava cada detalhe, por menor que fosse antecipando o novo sistema de segurança que Jason poderia ter instalado e repassando as informações sobre as rotinas dos guardas de segurança. Quase começou a rir de emoção! Finalmente escureceu o suficiente para começar sua expedição. Entrou no prédio, desta vez por um caminho diferente e olhou ao redor, inspecionado o novo equipamento. Agora havia um sensor de calor, o que era uma estratégia inteligente, pensou. Este tipo de sensor era difícil sequer de perceber, quanto mais de burlar, já que os termostatos eram ajustados para manter a área em temperatura constante e o alarme disparava quando aumentava o calor no local.

Com um brilho nos olhos, desativou o sensor e aplicou um script ao programa de software, para evitar que o sistema detectasse que estavam desativados. Correu e desativou dois módulos, ao mesmo tempo em que olhava o local procurando por mais. Quando achou que estava suficientemente segura, começou a trabalhar. Levou mais de uma hora para terminar e quando estava tudo pronto voltou para o telhado, fazendo uma rota diferente e reativando todos os sistemas de segurança. Sentia-se muito melhor.

Capítulo 8 Cricket suspirou ao sair do automóvel alguns dias após. Hoje não veria Ryker embora soubesse que retornou de Paris ontem pela tarde. Ele deixou uma mensagem no celular, onde dizia que chegou e queria convidá-la para jantar. Ela não devolveu a chamada e essa manhã trocou drasticamente de horário para evitar cruzar com ele. Devia ser valente e chamá-lo explicando que não poderia mais vê-lo, mas sabia o que aconteceria ao ouvir sua voz: Cairia por completo e trataria de pensar em uma maneira de estar com ele escondido de seu pai. Era

inútil,

disse

a

si

mesma.

Devia

ser

firme,

principalmente com sua mente e seu corpo, que morriam só por vê-lo. Adoraria aconchegar-se em seus braços e sentir esse maravilhoso comichão que só ele podia provocar, mas devia manter-se afastada dele. Agora, se pudesse deixar de pensar nele! Ao dar a volta na esquina de seu escritório, entrou por atrás para garantir que não... Soltou um grito abafado quando alguém tomou o braço com força e a puxou para um dos corredores do edifício. Estava a ponto de resistir, dando rédea solta a seu instinto natural, quando se deu conta de que era a mão do Ryker e o

corpo do Ryker que a empurravam contra a parede e, logo suspirou de felicidade quando a boca do Ryker descendeu sobre a sua e afogou qualquer protesto que tivesse estado a ponto de emitir. Beijou-o de volta com toda a emoção contida, ávida de voltar a saborear e senti-lo. Levantou a cabeça apenas um instante para olhá-la e sorriu: —Voltou!

—Suspirou,

movendo-se

contra

ele

e

desejando desesperadamente que fosse verão e não tivesse posto esse infernal casaco. —Não posso mais te ver. — Sussurrou, mas sua cabeça se arrojou para trás, lhe suplicando que a beijasse. Ele deve ter sentido a mesma coisa, porque seus dedos se afastaram de sua cintura e habilmente desabotoaram o casaco, aproximando seu corpo ao dele. Cricket suspirou de desejo ao sentir os planos duros, os ângulos retos de seu corpo. —É maravilhoso te tocar. —Sussurrou, apertando os dedos sobre seus ombros. —Por que não retornou minha mensagem? —Disse enquanto aproximou ainda mais a cabeça para lhe beijar o pescoço. Ela inclinou a cabeça para o lado, gozando do chiado de excitação que lhe atravessou o corpo. —Não pude. —Foi tudo o que disse para explicar. Tratava de pensar em uma solução que deixasse a seu pai tranquilo, mas quando a tocava assim era incapaz de pensar em outra coisa que em suas carícias.

Ele mordeu o pescoço dela com força suficiente para fazê-la soltar um gemido e afastar-se bruscamente, mas não o suficiente como para que doesse. —Dê um motivo mais válido. —Grunhiu em sua orelha. —Porque não posso vê-lo. —Disse com um gemido enquanto suas mãos percorriam o corpo dos ombros ao estômago excitando-o igualmente como ele fazia em seu pescoço. Pegou suas mãos antes que pudessem descer ainda mais. —Isso

não

me

explica

nada. Nem tampouco

vai

funcionar. O que houve? Ela suspirou e apoiou a cabeça sobre a parede detrás dela. — Não, não podemos nos ver. Ele soltou uma gargalhada. —Vai ter que dar uma explicação melhor. —Disse e pressionou o joelho entre suas pernas. Imediatamente, seu corpo

inteiro

se

convulsionou.

Fechou

os

olhos.

Ele

pressionou os quadris dela contra sua perna, movendo e esfregando

seu

membro

duro

como

uma

rocha

imperceptivelmente até que estava começando a entregar-se. —O

que

está

acontecendo,

Cricket?

—Perguntou,

agarrando os quadris para que sentisse seu desejo por ela e não pudesse se afastar dele.

Ela mordeu os lábios, tratando de controlar a reação do seu corpo, mas era inútil. Só estiveram uma noite juntos, mas ele já conhecia seu corpo o suficiente, conhecia o que desejava e como fazer que seu corpo vibrasse de desejo. —Está jogando sujo. —Ela sussurrou através dos dentes cerrados. —Sempre jogo sujo. Agora, diga o que está acontecendo. —Ele falou sussurrando em seu ouvido. —Meu pai não quer esse namoro. Suas mãos subiram sobre a blusa de seda até encontrar facilmente os mamilos sob o fino tecido. Seu polegar foi impiedoso ao puxar a ponta até endurecê-los. Ela tentou agarrar suas mãos e afastar, mas nesse momento não era mais o que devia fazer e sim o que desejava, que ele a satisfizesse sexualmente. —Seu pai não pode nos controlar, Cricket. É uma pessoa adulta. —Não entende. —Disse, suplicando com os olhos para parar de torturá-la assim. Ryker suspirou. Balançado entre a frustração e o desejo. Não planejou seduzi-la no corredor do seu escritório; deu tudo errado ao retornar. Ela não retornava suas ligações, não chegava ao mesmo horário pela manhã para que pudesse encontrá-la, assim ficou frustrado e decidiu verificar o que aconteceu nos últimos três dias. Jamais pensou que seus pais iriam interferir.

Para a sorte dela ele tinha uma reunião e sabia que ela tinha que chegar cedo ao trabalho. —Venha jantar comigo esta noite e discutiremos sobre isso. —Disse, movendo a perna ligeiramente com a esperança de que aceitasse seu pedido. —Não posso. —Replicou, mas seu corpo voltou a se contorcer. Ryker sabia exatamente o que estava fazendo, se sexo fosse a única maneira de convencê-la então o usaria. Desejava esta mulher, muito mais do que somente sexo. Afastou o corpo do dela e quase soltou uma gargalhada ao notar o olhar de decepção no seu rosto. —Saia para jantar comigo e continuaremos com isto depois. —Persuadiu, inclinando-se e avançando diretamente naquele ponto do seu pescoço que a fazia derreter. Cricket choramingou, puxando ele para mais perto e logo querendo empurrá-lo para longe. Puxou seus cabelos com força, não sabendo o que fazer: fazê-lo parar ou terminar o que começou. —Não posso! ... Os dedos dele subiram para acariciar seu peito mais uma vez e o polegar circulou o mamilo. —Só jantar, Cricket. Não tem nada de mal em sair para jantar comigo. Cricket conteve o fôlego. Seu corpo inteiro se preparava para sentir seu polegar sobre o mamilo, mas ele não a tocou,

só manteve a mão acima, deixando ela ainda mais louca do que seria possível. —Só jantar. Perfeito! —Gritou e foi recompensada quando o polegar voltou a friccionar o mamilo. Estava incrivelmente gostoso, já que não havia modo de acalmar este encontro e o desejo por ele a estava deixando louca. Ryker deu um passo atrás. Nos seus olhos brilhava o ardor de seu próprio desejo. —Irei te buscar no seu apartamento. —Disse. —Não! —Ofegou. Não queria que seu pai visse Ryker chegar. —Te encontrarei em algum lugar. —Replicou. —Só me diga onde! O Ryker não gostou da sugestão. Queria encontrá-la e conversar

com

ela

em

particular

onde

ninguém

os

incomodasse. Tinha realmente a intenção de levá-la para jantar, mas primeiro queria respostas. Mas ao notar que ela não daria o braço a torcer neste assunto, terminou cedendo. A necessidade que tinha de estar com ela era muito mais forte do que discutir. —Está bem, vamos nos encontrar no Simpson's as sete, de acordo? —Perguntou com ternura, desejando pegá-la de novo em seus braços e encontrar um lugar mais privado para terminar o que começou, mas isso era impossível. —Simpson's. —Repetiu ela e confirmou para estar segura. —Sim. Às sete. Estarei lá.

Observou-a com atenção, percebendo algo em seu olhar que o preocupou. —Se não for, Cricket, irei a sua casa e esperarei até que chegue. Não vou dar por vencido. E não importa o que esteja acontecendo, iremos resolver. Ela concordou nervosa, mas passou do seu lado roçando nele, quando passou apressada para o lobby principal. Apertou o botão do elevador. Tremia da cabeça aos pés estava ansiosa para chegar ao seu escritório e recuperar a compostura. Maldição esse homem era malditamente gostoso! Uma vez que entrou em seu escritório, fechou a porta ficando encostada nela respirando fundo várias vezes. Foi até a sua mesa e percorreu a mão no montante de faturas e informes, procurando concentrar na realidade de sua vida. Ryker era pura fantasia. Isto era real. Isto era o que importava. O normal. Seus pais. Ryker era um namorico passageiro que podia destruir a sua família, mas seu emprego e seus pais permaneceriam com ela para sempre. Sim,

falando



com

firmeza

enquanto

ligava

o

computador e iniciava a análise para ver suas mensagens era nisto que deveria concentrar-se. Não devia permitir que a beijasse. Não devia sequer falar com ele. Se voltasse a vê-lo manteria distância. Veio à imagem de seu forte peito musculoso. E todas as maneiras em que fizeram amor e o que fez com aquele peitoral musculoso cheio de gominhos a noites passada. Sabia bem, tinha um detalhe tão sexy justo debaixo do peito.

Percorreu o dedo sobre aquele ponto várias vezes, fascinada com o lugar. Ele inclusive tremeu quando beijou seus mamilos. Sorriu ao recordar e seu corpo reagiu. —Quem é? —Perguntou Josie, recostada contra a porta do seu escritório. Cricket se sobressaltou e quase caiu da cadeira quando ouviu a voz de Josie. Pensou que estava sozinha! —Quem é quem? —Perguntou, sentando na cadeira em seu lugar. Alisou os cabelos e apoiou as mãos sobre os papéis no escritório. —Quem é o gostosão em que está pensando? — Esclareceu. Seus olhos brilhavam diante a perspectiva. —Jason já chegou? Não deveríamos estar trabalhando? —Perguntou. —Jason está de viagem esta semana, assim temos alguns dias de tranquilidade. —Explicou encantada. Afastouse da porta e veio sentar em sua cadeira. —Então, diga, quem é o homem? Cricket encolheu os ombros. —Que homem? Josie riu e sacudiu a cabeça. —O fato de que permanece repetindo essa frase só me convence ainda mais de que tem um novo admirador em sua vida. Assim me diga quem é. —Exigiu. —Vamos, me dê uma pista. Estive casada quinze anos e tenho quatro meninos. Tenho que suportar suas correrias e esta é a primeira vez que

vejo fazer outra coisa que não seja trabalhar. Assim conte logo! —Brincou. Cricket sacudiu a cabeça. —Não estou saindo com ninguém. —Disse a Josie. E era só uma meia verdade. Não deveria ver Ryker. E porque aceitou jantar com ele não significava que de fato iria ao restaurante. Além disso, seriamente o viu essa manhã? Foram apenas uns minutos embora supusesse que tecnicamente contava, mas a maior parte do tempo esteve com os olhos fechados, assim não sentia que estivesse mentindo para sua amiga. —Então, se não é um homem, por que tem esse olhar romântico e sonhador? —Perguntou, sem acreditar nem um minuto na Cricket. Cricket sentiu que o rosto começava a ruborizar até o pescoço e tratou de ficar calma, mas como nunca sentiu isso em uma relação, não tinha ideia se era possível. —Está saindo com alguém! —Riu, apontando com o dedo para as bochechas avermelhadas da Cricket. —Quem é? —Perguntou. Andou ao lado da cadeira. —É alguém que trabalha neste edifício? —Não! —Exclamou Cricket, preocupada que Josie a seguisse e soubesse da verdade. —Sério, não estou saindo com ninguém. —Voltou a afirmar com voz forte e rogou que Josie acreditasse. Não podia imaginar que vergonha seria se alguém a pegasse se esfregando com Ryker pelo corredor do

prédio como dois cachorros no cio. Só de lembrar ficou molhada. Josie bateu palmas encantada. —É sexy? É muito bonito? Ou tem uma personalidade um pouco nerd ou um romântico desesperado? Cricket olhou fixo para a Josie durante um longo tempo antes de registrar as palavras da mulher. Ficou rindo e recostou em sua cadeira, perguntando como diabos ocorriam estas ideias a Josie. —Josie, tem lido muitos livros românticos. —Sei. Agora deixa de trocar de assunto e diga como ele ganha a vida. É rico? —Entreabriu os olhos ao observar Cricket para ver se captava alguma reação em seu rosto. — Não, certamente é um desses homens desesperadamente pobres, que são mais apaixonados e atraentes. —Por que pensa isso? —Não pôde evitar a pergunta. Josie riu e ficou inquieta em sua cadeira. —Porque você é uma dessas mulheres que não faz mal a uma mosca. Assim seria natural que se sinta atraída por alguém que precisa de carinho e atenção que só você sabe dar. Cricket piscou, perguntando de onde Josie tirou aquela ideia de que era uma boa pessoa. Jamais pensou nisso, sua grande preocupação era apenas ser uma pessoa normal. —Você me acha uma boa pessoa? —Perguntou.

Uma surpreendente onda de calor percorreu seu corpo ao pensar. Também teve que rir da ideia de Ryker Thorpe como um homem que necessitasse de ternura e compreensão. Não o conhecia muito, mas o que sabia era que não era o tipo de homem que necessitasse ao outro e muito menos de sua ternura. E compreensão? Ele fazia das suas, abrindo seu próprio caminho. As pessoas vinham a ele para que as compreendesse e não o inverso. —É óbvio que é uma boa pessoa. —Replicou Josie, revirando os olhos. —Talvez, boazinha demais, motivo pelo qual tem que contar quem é e deixar esse homem, para averiguar se é suficientemente bom para você. Eu não gostaria que te apaixonasse por um babaca, te esquentando como uma geleia para depois te abandonar. Cricket pensou nas mãos e na boca do Ryker aquela manhã. Sim, definitivamente podia dizer que a "esquentou como uma geleia" essa manhã. Piscou e voltou a concentrarse no que a Josie falava, sacudindo a cabeça diante os pensamentos ridículos que estavam cruzando sobre o Ryker. —Estou bem. E permaneço igual a ontem e antes de ontem. —Era de uma afirmação perfeitamente sincera. —E não há nenhum homem em minha vida. Tenho um pai muito ciumento que se mete na minha vida, cada vez que começo a sair com alguém, assim isso complica muito minha vida. Talvez, mais adiante. —Disse a Josie, sentindo que lhe

contraía o coração ao pensar em que jamais voltaria a ver o Ryker. Mas assim tinha que ser. O telefone de Cricket tocou nesse momento e começou seu dia de trabalho. Só porque o chefe estava fora do escritório, não significava que não houvesse trabalho por fazer. Cricket ficou trabalhando sobre as pilhas de faturas na sua mesa, assegurando-se com diligência de que estivessem todas corretas e dentro do sistema para poderem ser pagas. Quando terminou a pilha, trouxe para si à segunda. Negava a sucumbir à sensação de que era um hámster que corria sobre uma roda sem terminar de avançar. Isto era o que queria, disse. Não havia nada mais normal que a contabilidade. Enquanto completava seu trabalho aquela tarde, pensou desesperada no que faria sobre o jantar dessa noite. Disse que ia, mas isso foi essa manhã. Nesse momento, tinha a intenção de chamá-lo e de cancelar. Depois pensaria em como manter-se afastada de sua casa para que não pudesse encontrá-la. Era uma atitude covarde, mas não ocorria uma ideia melhor. Ficou sentada em seu escritório, considerando suas opções. O que devia fazer era enviar uma mensagem dizendo que não ia poder jantar. Sem explicações, sem desculpas. Diretamente romperia toda comunicação com ele. Mas sabia que não podia deixá-lo esperando. Merecia um pouco mais de consideração. Agora além de sentir-se terrivelmente atraída por ele, respeitava-o. Escutou enquanto conversavam e suspeitava que realmente fosse um advogado

brilhante e poderoso e uma boa pessoa. Não era todo o dia que conhecia um homem com semelhantes qualidades. Levou quarenta e cinco minutos para chegar ao restaurante, porque teve que contornar o caminho, pois acreditou ter visto seu pai em um momento, mas não teve certeza. Quando chegou sentiu que estava completamente agitada de tanto caminhar e chegou atrasada, parou na entrada e trocou rapidamente as sapatilhas para voltar a calçar os sapatos de salto alto antes que Ryker desse conta de que caminhou todo o trajeto. Suspeitava que isso o deixasse furioso e não queria discutir com ele. Estava dando volta para falar com a garçonete, quando Ryker apareceu. Levantou uma sobrancelha ao observá-la colocar rapidamente as sapatilhas na bolsa. —Precisava fazer um pouco de exercício. —Disse-lhe. Ryker levantou ainda mais a sobrancelha e Cricket mordeu os lábios esperando que não pedisse explicações. Porque em realidade, não tinha nenhuma. Especialmente, porque poderiam ter vindo ambos no automóvel dele, ou no dela. Trabalhavam em edifícios que se achavam ao lado do outro. Não, isto não ia funcionar, disse enquanto seguia Ryker e à garçonete que os conduzia a mesa. Quando o pedido foi anotado a mesma se afastou deles, Cricket recostou sobre sua cadeira, sabendo que devia pôr fim a isto, mas sem saber como. Estava transformando a relação em uma espécie de ioiô, pensou sombriamente. Em um momento, queria jogar-se

em seus braços e ao mesmo tempo sentindo tão ofuscada por seu pai se os apanhasse juntos tentando pensar em como terminar a relação que acabava de começar. Estava histérica! Jamais se sentiu tão patética em sua vida! Seu pai a estava enlouquecendo! Respirou fundo, preparada para começar a discussão, mas ao mesmo tempo, apareceu o sommelier com o vinho que Ryker

pediu.

Fechou

a

boca

com

força

e

esperou

pacientemente enquanto levava a garrafa no processo de servir o vinho. Quando partiu e estavam outra vez sozinhos, bebeu um gole do excelente vinho. Ao voltar a posar a taça sobre a mesa ele já estava esperando evidentemente sabendo que tinha algo para dizer. —Não podemos voltar a nos ver. —Disse finalmente. Imediatamente, fechou os olhos dando-se conta de quão horrível pareceu. Voltou a abrir, tratando de medir sua reação.

Estranhamente,

não

parecia

nem

calmo

nem

zangado. —E por quê? —Perguntou, inclinando-se para frente e olhando-a por cima da toalha de linho. A luz das velas fazia que seu rosto parecesse mais anguloso, mas ao mesmo tempo suavizava sua feição. Até seus olhos azuis gelos pareciam, por algum motivo, mais claros. Cricket tentou dar um motivo que soasse coerente, mas como dizer a um homem magnífico, sexy e seguro de si que seu pai não o aprovava? No caso do Ryker, a ideia era ridícula.

—É complicado. —Soltou finalmente. —Então me explique isso e me dê seus motivos. —Bebeu um gole de vinho. —Obviamente, não é por falta de uma atração mútua entre nós. Ela ruborizou diante o comentário, porque tinha razão. Era muito difícil para ela negar que estava por ele, pois era difícil se controlar quando estavam juntos, sentia um desejo irresistível. —Não, acredito que tem razão a respeito de que isso é óbvio. Então, qual é o problema? Cricket segurou na taça de vinho como se fosse um salva-vidas. —Não tenho uma família muito convencional. —Disse, sabendo que não esclarecia bem, mas não sabia o que devia dizer sem revelar algo que o poria em uma situação comprometida e a seus pais, na cadeia. —Conte-me

sobre ela.

—Animou-a com paciência.

Quando ela seguia evitando ele começou a lhe contar histórias sobre sua infância sendo o mais velho de quatro irmãos. Cricket estava tão cativada pelo relato que esqueceu de que devia explicar por que não o podia ver mais. —Assim, quando seus pais morreram, seus irmãos já estavam todos na universidade? —Perguntou, fascinada. —Sim em diferentes etapas e em todo o país.

—E você foi dar a notícia pessoalmente a cada um. —Já deduziu a partir de algumas das outras coisas que ele contou. —Sim e trouxe todos de volta para o enterro. —Isso deve ter sido difícil, porque estavam nos quatro pontos do país. Como conseguiu trazê-los a tempo? Ryker sorriu ligeiramente. —Apesar

da

nossa

infância

e

das

loucuras

que

cometeram os três menores na escola secundária, são todos bastante responsáveis. —Assim subiram contigo no avião e voltaram? —Basicamente, sim. Ela assentiu a cabeça. Cada vez que falava com ele, ficava mais impressionada. —E durante todo esse tempo você mesmo estava tendo que lutar com sua própria dor. —Trazer meus irmãos de volta para casa me deixou mais aliviado. —E agora todos trabalham juntos. Como foi que os quatro terminaram sendo advogados? Ele sorriu, recordando algumas das discussões que tiveram em sua casa sobre o assunto. —Talvez

sejamos

todos

advogados,

mas

nos

especializamos em diferentes áreas do direito. Por exemplo,

Xander faz direito de família, que, basicamente, significa que é um muito bom advogado de divórcio. Cricket sentiu certo desgosto, pensando no impacto psicológico que podia ter em um advogado solteiro. —Assim vê o pior na maioria das relações, não é? —Sim eu não queria que exercesse essa área do direito. Sabia que seria duro. —E que impacto teve finalmente nele? É um ano mais novo que você, não é? —Sim, mas são vinte anos mais cínico sobre o matrimônio e as relações humanas. E quando está com alguém, não se aproxima dela porque teme que termine com um casamento falido e tenha que se divorciar, ficou traumatizado. —Suponho que alguns de seus casos se tornam bastante desagradáveis, não? Ryker assentiu sabiamente. —Alguns, sim. Teve que separar alguns casais em que o marido e a mulher travavam uma batalha campal. Cricket fez um gesto de espanto, imaginando a situação. —E por que escolheu exercer essa área da profissão? —Saiu com um montão de garotas no secundário e na universidade, várias das quais não tinham... —Fez uma pausa, tratando de encontrar o modo apropriado para descrever os problemas do Xander com as mulheres.

—Valores morais? —Sugeriu, começando a entender. — Não eram sinceras? Não tinham valores éticos? Está tratando de dar voltas para me dizer que saía com mulheres que enganavam a seus namorados e noivos? —Não intencionalmente. Ao menos, não a princípio. Xander era o tipo de homem que é encantador e ri muito. As mulheres se sentem atraídas por ele como abelhas ao mel. E ele também as ama. Mas quando descobriu que algumas já estavam comprometidas com outro, sentiu que veio ao mundo para destruir uma relação. Porém ele tinha uma espécie de reputação. Cricket sorriu, advertindo que desejava ser franco, mas sem trair a confiança de seu irmão. —Bom na cama? —Voltou a sugerir. —Como você? Ryker piscou o olho, mas assentiu: —Se compararmos minha conduta com as mulheres com a do Xander daquela época, a minha é um jardim de infância. Ela assentiu, sabendo que nem tudo era cor de rosa. —Mas seus outros irmãos estão bem, não? Ryker sorriu: —E tem o outro irmão o Ash! Nenhum de nós queria que Ash se metesse em direito penal, mas ele é cabeça dura. Queria ajudar os mais carentes. —E o que aconteceu com ele? —Perguntou.

—Teve um banho de realismo. Segue sendo um excelente advogado defensor, mas já não tem o idealismo inocente do início. Embora pegue muitos casos pró-bônus. Especialmente

quando

sabe

que

alguém

está

sendo

perversamente explorado pelo sistema legal e não pode pagar um bom advogado. —E isso causa conflito entre os quatro? —Perguntou, sabendo a resposta de antemão. —Causa nada. Todos tomamos casos pró-bônus. Mais do que nos exige, mas nós apoiamos. Especialmente quando há um assunto pessoal no meio. O garçom levou seus pratos e ela se sentiu ligeiramente perdida, sem saber bem o que fazer com as mãos. Dedicar-se a comer serviu como uma espécie de amortecedor. E Ryker t levou adiante a conversa enquanto tratava de provar que tampouco ele teve uma infância tradicional, mas não tinha nem ideia do que se passava com sua família. Agora brincou com sua taça de vinho, perguntando como dar por terminada definitivamente a relação com ele. —De qualquer maneira... —Começou a dizer. O garçom voltou a interromper com um pedaço de torta de chocolate mais mortalmente deliciosa que já experimentou na vida. E não era só uma torta de chocolate. Tinha em cima uma calda espessa de chocolate, nata batida de chocolate, mais calda de chocolate e por debaixo a torta escura de chocolate, que parecia tão úmida que poderia ter sido um pudim.

—Pedi isso? —Exalou e encheu a boca d’água só de ver a sobremesa que estava entre os dois. —Sim. —Brincou e entregou um dos garfos que o garçom colocou ao lado do prato. —Parece estar estressada demais e me pareceu que isto poderia te relaxar um pouco. Cricket não podia acreditar na delícia que a torta era. Com a primeira garfada, fechou os olhos como se estivesse no céu. —Céus! —Suspirou. —Isto é incrível! Ele também provou um bocado e percebeu os olhos frágeis de Cricket. —Alegro que tenha gostado. Ficaram sentados comendo a sobremesa e Cricket desfrutou de cada pedacinho degustado na companhia dele. —Amanhã vou ter que correr alguns quilômetros mais para queimar o excesso de calorias. —Disse, recostando para trás em sua cadeira e limpando a boca com delicadeza com o guardanapo de linho. Ryker assinou a conta que o garçom trouxe. —Vou me assegurar de que não tenha que correr esses quilômetros a mais. —Disse-lhe e tomou a mão, para levantála facilmente da cadeira. Cricket pegou a bolsa e o seguiu embora não entendeu bem a que se referiu com o comentário. Mas logo que estavam na frente do restaurante ele entregou ao frentista o ticket do carro, depois a tomou entre seus braços e a beijou.

Esse beijo não parecia em nada aos outros dois que compartilharam aquela manhã. Era mais potente, mais intencionado. E derreteu igual ao chocolate da sobremesa, agarrada a ele, como se fosse a única coisa do mundo que importava. O frentista pigarreou parado detrás de ambos. Ryker se afastou um pouco dela, com um olhar satisfeito quando deu conta de que os olhos dela estavam frágeis mais uma vez, desta vez pelo beijo e não pela torta de chocolate. —Vamos! —Disse e tomou a mão para ajudá-la a entrar em seu luxuoso automóvel. Quando Cricket recuperou a prudência, já estavam afastando-se do restaurante. —Aonde vamos? —Perguntou, de repente nervosa. —Vamos para a minha casa. —Disse e tomou a mão para

aproximá-la

de

modo

que

seus

dedos

ficaram

entrelaçados com os dela. Mas o que fez que sua mente ficasse em branco foi o modo em que apoiou as mãos de ambos sobre sua coxa. Podia sentir o movimento dos músculos cada vez que trocava do acelerador ao freio. Não se deu conta, mas ficou olhando as mãos ou sua coxa durante todo trajeto para a sua casa. Como vivia relativamente perto, foi uma viagem curta. Quando deu conta, Ryker estacionava em uma garagem e a tomava nos braços. Nem sequer resistiu quando a levantou do assento. Sua mão rapidamente soltou o cinto de segurança para sentá-la no seu colo.

No momento em que a tocou, Cricket perdeu o controle. Era impossível preocupar-se com seu pai ou com qualquer outra coisa quando Ryker a tocava. As diferenças de suas vidas desvaneceram. Queria isso todos os dias. Do primeiro momento em que a deixou louca de desejo essa manhã, esteve desejando suas carícias. Os sensores reprimidos durante a visita de seu pai ganharam vida agora e ficaram mais exigentes que nunca. A primeira vez que ficaram juntos foi desesperado e voraz. Esta vez havia uma urgência que não podia apaziguar. Em algum lugar de sua mente sobrevoava a possibilidade de que esta seria a última vez que o veria. Precisava dele com toda a sua força. Agora!... Ele colou a boca na sua, olhando seus olhos na penumbra da luz da garagem, mas ela queria e sentia a mesma urgência que ele. —Saia do carro, Cricket. -Ordenou. Depois de dizer estas palavras, Ryker se afastou um pouco dela, mas quando se deu conta do que estava acontecendo ele já estava do seu lado de fora do carro, mas não se deteve ali. Com braços fortes a levando, pressionou contra o carro e a excitou ainda mais esfregando e alisando através das roupas. Ela não parou para ver o que ele faria. Com dedos tremendo, arrancou sua gravata com um puxão e começou a desabotoar os botões de sua camisa. Quando finalmente conseguiu,

suspirou

de

felicidade

quando

seus

dedos

conseguiram tocar sua pele ardente. Mas nesse mesmo momento ele liberou seus peitos do sutiã. Os braços dela continuavam presos na sua camisa e em seu sutiã, mas não lhe importou. A boca dele prendeu um dos mamilos e ela gritou com o intenso calor de sua boca que combinou com o fresco ar noturno da garagem. Ryker levou a mão para baixo e levantou a saia, arrancando a calcinha. Quando sentiu seu dedo dentro de sua vagina quente e molhada a sensação de perfeição pareceu surreal. —Sim! —Cricket gemeu, fechando os olhos e inclinando a cabeça para trás uma vez mais para apoiá-la sobre o teto do automóvel. Mas não era suficiente. —Mais! Por favor, Ryker, não pare! —Ofegou e deslocou os quadris de lugar, tratando de mover de modo em que aprendeu uns dias atrás, que provocava tanto prazer. E logo o dedo dele desapareceu! Abriu os olhos, quase enlouquecida pelo desejo de voltar a tê-lo dentro dela, movendo cada vez mais. Ouviu rasgar o pacote de papel metálico e quis ajudá-lo, mas tinha os braços presos em sua blusa e em seu sutiã. Só podia agarrá-lo pela cintura com suas pernas enquanto as mãos dele ajustavam a camisinha sobre sua ereção. Um instante depois, suas mãos enormes voltaram para seus quadris e não vacilou em penetrá-la. Por completo! Ela ofegou, movendo-se contra ele. À medida que afundou mais profundo dentro dela, a urgência só se intensificou.

—Mais... —Sussurrou. E ele cumpriu. Com a terceira ou quarta investida ela sentiu que seu corpo estalava em mil partículas. O mesmo não demorou muito em chocá-la com força,

com

seu

próprio

clímax.

Foi

tão

intenso,

tão

alucinante, que Cricket pensou que desmaiaria de prazer. Quando finalmente recuperou o ritmo normal de respiração, abriu os olhos e olhou a seu redor. Permanecia com os braços ao redor dele e acreditou que o podia estar estrangulando, mas logo sentiu seus beijos sobre os ombros e pescoço e sorriu. Evidentemente, não estava sufocando. —Sinto muito. —Disse engasgada e afrouxou os braços que o fortemente aprisionaram. Quando ouviu sua risada, relaxou. —Por favor, não peça desculpa por nada, Cricket. — Levantou a cabeça e a beijou com doçura. —Acredito que talvez pudéssemos fazer isso de novo embora melhor, uma vez que entrarmos na casa. Ela sorriu. Não podia esconder a felicidade que sentia depois de uma descarga desse tipo. —Não acredito que possa melhorar. —Respondeu. — Acreditei que ia desmaiar desta vez. Ele jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada, ao mesmo tempo em que continuava segurando entre seus braços. —Por favor eu adoraria desmaiar diversas vezes em seus braços. —Falou ele ainda meio excitado.

Deu um passo atrás e ajeitou a roupa. Logo pegou sua mão e a conduziu por sua casa, direto para o quarto. Ali a despiu lentamente, beijando cada parte de seu corpo com suavidade até que ela voltou a retorcer debaixo dele novamente. Esta vez a conduziu mais lentamente, saindo quase por completo dela até que ela pedisse que voltasse. Uma e outra vez levou-a justo a beira do abismo, mas não a deixou cair. Quase chorava de desejo antes que ele a deixasse alcançar o clímax em seus braços. E a acompanhou durante todo o caminho. Cricket sentiu que gozava com ela e pensou que era o homem mais incrível que conheceu em sua vida. Recostada em seus braços essa noite, sentindo os dedos que a acariciavam com suavidade, riscou um plano que permitiria gozar de sua companhia um tempo a mais. Seria difícil, mas teria criatividade e cuidado, para não enfrentar seu pai e nem largar Ryker. Durante as próximas três semanas, as programou para ver o Ryker às escondidas. Passava todas as noites com ele e os fins de semana quando era possível, mas jamais ficava para dormir e antes das dez da noite devidamente deixava sua cama morna e cômoda, para poder chegar em casa numa hora razoável. Sabia que isto o aborrecia muito, mas Cricket seguia tendo o pressentimento de que seu pai a estava observando e que não duvidaria em meter-se com quem estava saindo.

Capítulo 9 Quando chegou o sábado, Ryker estava a ponto de explodir com o nervosismo de Cricket. Além disso, ficava irritado com a insistência para dormir em sua própria casa. O único momento em que ela não estava olhando para trás, ou sobressaltada quando ele a surpreendia era deitada na cama dele. Suspeitava que Cricket não visse futuro na relação. Na realidade, não conseguia falar sobre o futuro, porque cada vez que tentava ela trocava de assunto rapidamente. Mas isso ia terminar, queria que esta mulher ficasse em sua vida para sempre. Seja qual for o motivo que a impedisse de ficar com ele, se encarregaria de solucioná-lo. Terminaria com o problema. — E agora o que vai acontecer? — Perguntou Ryker em um tom de interrogatório, logo que chegaram em casa depois do jantar. Ela afastou o olhar da janela, por onde esteve olhando para ver se foram seguidos. Observando a reação dele, Cricket piscou confusa. — Sobre o que você está falando? — Perguntou, preocupada por talvez ter sido muito óbvia. Ryker pegou a mão dela e a levou para sala. Depois de largar sua bolsa na poltrona, sentou-se com ela ao lado.

— Cricket estivemos fazendo seu joguinho há semanas, nos escondendo por toda cidade. Cada vez que quero falar com você, tenho que ligar um número novo de celular. Sempre nos encontramos em lugares afastados, quando poderíamos simplesmente nos ver em sua casa ou você vir à minha. E não há um minuto em que não esteja olhando para trás quando pegamos um táxi, ou pelo retrovisor do meu carro, como se estivesse fugindo de alguém. — Fez uma pausa e prosseguiu. — Você está envolvida em algum tipo de problema? Cricket teve que rir. — Não. Posso dizer com total honestidade que não cometi nenhum delito, nem estou tentado escapar dos braços da lei. — Disse com um sorriso. Aproximou-se mais, sentindo o calor que emanava dele e desfrutando do modo como os braços envolviam naturalmente seus ombros, de modo protetor. — Então por que tanta intriga e mistério? — Perguntou, relaxando sobre os almofadões do sofá. Ryker sentia que havia algo que não estava certo, algo que a impedia de comprometer-se totalmente. Mas era impossível saber o que era. Ela estava paranoica e nervosa e ele, com certeza, ia solucionar o que estava deixando-a neste estado.

Jamais

manifestou

um

instinto

protetor

particularmente forte com as mulheres que saiu no passado, mas Cricket era diferente, soube disso no momento em que a viu e não deixaria que nada acontecesse a ela.

No momento resolveu relaxar, ela estava em seus braços e estava a salvo. Também tinha um dos melhores sistemas de segurança instalado em sua casa, assim, se alguém tentasse forçar a entrada ele saberia. — O que tem de intrigante e misterioso no que temos feito? — Perguntou, passando a mão na coxa dele para distraí-lo. Sabia que ele estava impaciente com a situação e isso significava que não aguentaria por muito tempo, acabaria rompendo com ela. Ninguém podia aguentar uma mulher que se comportasse assim ele iria atrás de outra que não fosse tão complicada. Tinha consciência de que não o conhecia há muito tempo, mas estava perdidamente apaixonada. Devia ter se protegido desde o começo para que não acontecesse algo assim, mas ele era um homem incrível, não conseguiu evitar. Considerava cada momento com ele um presente, algo que guardaria como lembrança do tempo que estiveram juntos. Ele certamente encontraria alguém melhor e ela ia precisar de todas essas lembranças para ter algum consolo, porque sabia que jamais encontraria alguém tão inteligente, gracioso, sexy e maravilhoso como Ryker. Ele suspirou. — Os telefones descartáveis. — Respondeu, sentindo-a ficar rígida em seus braços. — O desvio pelas ruas para nos assegurar

de

que

não

estamos

sendo

seguidos,

os

restaurantes afastados, onde é menos provável que a reconheçam.... Tudo isso é uma confirmação de que você está

escondendo alguma coisa. — Esperou um momento antes de continuar.

— O que você está escondendo, Cricket? Posso

ajudar se confiar em mim. Ela se aproximou e sentou-se em seu colo. — Há algumas coisas que simplesmente não posso contar. — Disse e baixou o rosto para beijá-lo com ternura. Era a primeira vez que iniciava algum tipo de demonstração amorosa. No geral era ele quem a beijava, abraçava ou pegava sua mão enquanto caminhavam pela rua. Sentiu que ele ficou surpreso, mas ela o conhecia bastante, conhecia seu corpo e sabia como distraí-lo. Ele fazia com frequência a mesma coisa embora não acreditasse que com a mesma intenção. Chegou a sentir uma pontada de remorso pelo que estava fazendo, mas logo as mãos dele subiram para procurar seus seios e já não podia pensar em mais nada. — Fez isso de propósito, não? — Perguntou Ryker, deitado sobre ela, algum tempo depois. Talvez em outro momento ele tivesse ficado chateado, mas agora se sentia muito bem com ela relaxada entre seus braços. — Fiz o quê?

— Rebateu ela, passando os dedos

brandamente sobre seus braços e ao longo do peito, se funcionou uma vez, não havia razão para que não pudesse funcionar de novo. Só que desta vez ele não entraria no seu jogo. Pegou as mãos dela e colocou-as acima da cabeça, pressionando o joelho entre suas pernas. Ela ficou completamente sob o seu

controle. Para provocá-la ainda mais, apertou os bicos dos seios... E não a deixou fugir de suas caricias. — Agora que está a minha mercê... — Disse estendendo o braço para a mesa de cabeceira e tirando algo da gaveta. Ela sabia o que Ryker normalmente tirava dessa gaveta e esperou, sorrindo. Mas o que ele tinha na mão não era nada do que ela pensava. — Sei que nos conhecemos há pouco tempo, mas... — Ele abriu a pequena caixa preta e ao ver o brilhante maravilhoso, Cricket deu um grito abafado. — Quer se casar comigo? — Perguntou com suavidade, observando-a para avaliar a reação. Os dedos do Cricket tremeram ao estender a mão para tocar o anel. Possivelmente, tratava-se do brilhante mais bonito que viu em sua vida e isso dizia muito, pois aprendeu tudo sobre eles com a sua mãe. Não disse nada por um longo tempo, só ficou olhando, sem nem perceber que estava com a boca aberta e os olhos cheios de lágrimas. — Seu silêncio é um sinal? — Brincou Ryker, tirando o anel da caixa para deslizar em seu dedo. — Amo você, Cricket. Sei que tem segredos, mas com o passar do tempo farei que confie em mim e juntos vamos solucionar qualquer problema. Cricket sacudiu a cabeça, sem tirar os olhos do belo brilhante em seu dedo.

Não podia acreditar. Ele queria casar com ela? — Não pode estar falando sério. — Disse, tocando o anel com a outra mão. Sacudiu a cabeça e voltou para olhá-lo. Quase não podia vê-lo através das lágrimas embora o rosto dele estivesse a poucos centímetros. — Estou falando sério. Quero que case comigo. Quero ter filhos e envelhecer com você, quero que possamos viver e sorrir juntos. Ela negou com a cabeça. — Mas você nem me conhece. Não conhece minha família... — E ao dizer estas palavras, sentiu o peso da tristeza, porque era aí que morava o verdadeiro problema. — E você precisa de alguém mais presente, alguém que seja um pouco mais...? — Não conseguia pensar em uma palavra adequada. — Não quero mais ninguém e mais nada que não seja você, Cricket. Desde o momento em que a conheci, é a única coisa que eu quero. — Não. — Disse, agarrando-se ao único ponto onde eram incompatíveis e que podia discutir abertamente. — Você precisa de uma pessoa mais social. Eu não sou, não gosto de sair, de ir a festas ou reuniões sociais e você, como um grande advogado, necessita fazer essas coisas. Eu gosto de ficar em casa e ver meus filmes. Na minha casa, só meus amigos íntimos, porque fico sem palavras quando estou com alguém que me intimida. Você sabe, me conheceu assim, sou

muito tímida. Lembre-se, saí em disparada quando vi você de perto pela primeira vez. Ryker riu. — Eu sei. Mas isso é o que faz você mais encantadora. E sim, no meu trabalho tenho que ter vida social, mas não tanta como imagina. Além disso, tenho outros três irmãos, que podem fazer isso durante um tempo. Podemos ficar em casa e praticar para fazer bebês. — Com um sorriso malicioso, deslizou a mão pela sua cintura, até o quadril e ainda mais para baixo. Muito depois, Cricket estava deitada entre seus braços, ouvindo a respiração profunda enquanto ele dormia. Tinha os braços em volta dela, como se não pudesse soltá-la nem mesmo em sonhos. Adorava ficar assim com ele, pensou, passando

os

dedos

pelo

braço,

deleitando-se

com

as

sensações dos pelos e dos músculos dos ombros, que continuavam enormes, inclusive enquanto dormia e estava relaxado. Cricket sabia que não podia aceitar sua proposta de casamento. Olhou o anel em seu dedo, brilhando na escuridão. Era lindo, porque não era só um anel era um símbolo do amor que sentia por ela e por isso era mais precioso que qualquer coisa que tivesse ganhado na vida. Vestiu-se, ignorando as lágrimas que escorriam por seu rosto ao olhar para o homem que dormia na cama, ao lado de onde ela esteve alguns instantes atrás. Esta teria que ser a última vez que olhava para ele. Devia procurar um novo

emprego para não se sentir tentada a observá-lo, cada vez que caminhava do seu escritório para o carro. Enxugou as lágrimas com força enquanto pegava a bolsa. Foi para o sistema de segurança, colocou o código e saiu sem fazer barulho. Podia ser que estivesse abandonando Ryker, mas queria que ele estivesse a salvo de qualquer perigo. Não que o alarme fosse impedir se algum intruso quisesse forçar a entrada, mas duvidava de que houvesse perigo a essa hora. Não chamou um táxi e ao caminhar pela rua percebeu que as pessoas que passavam nos carros a olhavam de forma estranha. Não era o tipo de vizinhança que uma pessoa ia caminhando para qualquer lugar, a não ser que estivesse de roupa esportiva. As pessoas que viviam neste bairro só caminhavam por motivo de saúde, para todo o resto usavam carros de mais de cem mil dólares. Ryker ouviu a porta fechar e percebeu que ela foi embora sem falar com ele. Virou-se na cama, suspirando e se perguntando o que estava acontecendo com Cricket. Maldita mulher! Estava completamente angustiado por sua segurança e o que fazer ou dizer. Olhou a sua volta e exalou aliviado. Pelo menos ficou com o anel, nem tudo estava perdido. É óbvio, não era garantia de que não o devolveria logo que chegasse ao escritório... Enquanto fixava o olhar no teto liso do seu quarto, decidiu que era hora de ser um pouco mais proativo em relação a ela. Sabia que não era uma delinquente então só

podia estar fugindo de alguém ou escondendo alguma pessoa que tinha algo contra a lei. Afastou a colcha e decidiu ir trabalhar. Estava muito furioso para conseguir dormir e já arquitetando um plano para encurralar sua noiva e obter a informação que precisava. Suspeitava que ela estava tentando deixá-lo, mas não ia permitiria isso. Enquanto tomava banho e se vestia, traçou um plano de ação, um onde Mark o ajudaria a proteger Cricket até que conseguisse levá-la ao altar. Também pensou em chamar um velho amigo. Mitch Hamilton estava à frente de uma das melhores companhias de segurança do mundo. Foram colegas de universidade e permaneceram em contato ao longo dos anos. Ele casou recentemente com uma mulher chamada Claire, lembrou. Talvez pudesse sair com ele e pedir alguns conselhos. Ryker decidiu ligar para Mitch logo que chegasse ao escritório. Podia pegar um avião nessa mesma tarde e sair para tomar uns drinks com ele, retornando a tempo de ir para cama com Cricket, antes que ela tivesse ido dormir. Ou, melhor, poderia acordá-la! Enquanto isso, Ryker sabia que tinha muito que fazer até a hora que ela chegasse ao trabalho. Teria que contar aos irmãos,

pensou.

Seria

uma

conversa

difícil,

dada

às

circunstâncias. Sorriu ao imaginar as expressões em seus rostos e quase soltou uma gargalhada porque sabia o quanto ficariam surpresos.

Bom, talvez, não. Ash mencionou que seu trabalho defendendo Mia Paulson era importante embora ele ainda não tivesse determinado o grau de importância. Ryker percebeu de que esteve tão ocupado com Cricket, que não conversou com seus irmãos. Cada um estava vivendo em seu próprio mundo. De repente, começou a se dar conta de algumas coisas. April e Xander não estavam brigando, como de costume. Perguntou-se o que aconteceu. E Axel, também estava agindo de modo estranho, desde ontem. Sim, sem dúvida, algo estava acontecendo. Terminou seu banho, pegou uma toalha para envolver ao redor da cintura e outra para secar o cabelo e dirigiu-se ao closet, considerando a possibilidade de que, talvez, seu irmão tivesse decidido por fim ignorar essa briga irritante com a April e dar um passo para a paz. Certamente esperava que fosse isso.

Capítulo 10 Ryker ficou frustrado. Não teve muita sorte com seu plano estava lutando com uma mulher muito hábil. Ao chegar ao estacionamento viu que ela não estava ali. Ligou para o celular várias vezes e deixou mensagens, mas ela não retornou. Quando ligou para a recepcionista do escritório onde Cricket trabalhava foi informado que ela se ausentou por enfermidade. Também não respondia ao telefone de casa então continuou deixando mensagens no celular e no trabalho. Até o final do dia, não recebeu qualquer resposta. Enquanto dirigia para casa recebeu uma mensagem de texto que o deixou completamente transtornado. "Amo você, mas não podemos ficar juntos." Foi tudo o que ela disse, nenhuma explicação, nenhuma despedida, nada! Ryker leu e releu a mensagem e depois foi direto à casa dela, porque de maneira nenhuma ia permitir que fugisse. Quando estacionou viu que estava tudo escuro, bateu na porta e não houve resposta. Ela simplesmente desapareceu. Ainda bem que mandou aquela mensagem, caso contrário teria ficado preocupado. Acabou voltando para sua casa e servindo-se de um copo de uísque. Caminhava entre sala e o quarto como se

tivesse enjaulado, cada vez mais furioso com esta loucura. Era quase meia-noite quando por fim deitou-se no sofá, não podia dormir na cama sem ela. Mas enquanto os olhos fechavam, repassou mentalmente tudo o que ia fazer para castigá-la pelo sofrimento que estava passando. Jamais, nem nos momentos mais deprimentes da noite, permitiu-se pensar que podia perdê-la. Não, aquilo não era nem sequer uma opção. No final da semana, seguia soltando faíscas, mas adotou uma tática diferente. Continuou ligando para ela todos os dias para dizer o quanto a amava também e que não ia desistir. Quando voou para Barcelona na quarta-feira, ligou para avisar que ficaria ausente por dois dias, mas que a amava. Ao retornar de Barcelona e fazer escala em Londres para ver um de seus clientes, contou o que estava fazendo, dizendo também que a amava demais e estava esperando que voltasse e explicasse qual era o problema. Durante todo esse tempo, Cricket enviou mais uma mensagem. "Amo você, mas nada entre nós é possível." Ryker sorriu ao ler a mensagem. Estava entrando na reunião com seu cliente de Londres e sacudiu a cabeça pela inocência dela. "Doze horas mais, amor", foi sua mensagem de resposta. Sentou-se com o cliente sem deixar de pensar, nem por um instante em tudo o que ia fazer quando voltasse para Chicago.

Cricket leu a mensagem e começou a chorar. Fazia dois dias que informou que iria faltar no trabalho porque estava doente, mas quando soube que Ryker viajaria para fora do país, se encheu de coragem, tomou um banho e foi trabalhar. Sabia que estava com uma cara horrível, com os olhos vermelhos de chorar, abatida pela falta de sono dos três últimos dias e sem conseguir comer nada mais que não fosse um copo de leite ou biscoitinhos. Só a ideia de comer revirava o seu estômago. Desejava tanto estar os braços do Ryker que sentia o corpo inteiro doer de saudades. Se houvesse uma maneira de proteger os seus pais e permanecer com ele.... Não conseguia pensar em nada, nem sequer em uma única explicação que mostrasse como ganhavam a vida e que seria satisfatória para Ryker. Bom, na realidade, poderia pensar, se estivesse disposta a mentir. Mas realmente não queria ser desonesta, amava-o muito e não podia manchar esse sentimento com uma mentira. Assim, viu que a única alternativa era romper. Josie passou por seu escritório na quarta-feira. — Como está...? — Deteve-se na metade da frase quando viu o rosto pálido e os olhos tristes da Cricket. — Você está doente? Cricket respirou fundo e assentiu. Estava doente de saudades do Ryker, isso definitivamente era verdade. Não podia responder com palavras, porque sua garganta doía de tanto chorar.

Josie sacudiu a cabeça e sentou diante da cadeira da Cricket. — Você não deveria estar trabalhando. Por que não volta para casa e descansa por mais alguns dias? Cricket pegou um lenço de papel e fingiu assoar o nariz. — Posso trabalhar. Está tudo bem. — Disse, finalmente escondendo as lágrimas atrás do lenço até recuperar o controle da situação. Não queria voltar para casa porque tudo o que fazia era pensar em Ryker e no quanto sentia saudades. Se ficasse por aqui podia pensar em outras coisas que não fosse a vontade de estar com ele. A amiga sacudiu a cabeça. — Não acho que deva estar aqui. Mas como Jason está viajando bastante, pelo menos você não tem que conviver com a irritação dele. — Josie ficou de pé e olhou para Cricket. — Se precisar e alguma coisa me chame, ok? Cricket assentiu e pegou uma das faturas da pilha, piscando rapidamente para evitar que outras lágrimas caíssem. Estava furiosa com seu pai! Ele podia fazer qualquer outra coisa e ela estaria com Ryker, sem preocupar-se que eles pudessem ser presos. Levantou o telefone pensando em ligar para sua mãe. Se havia um momento que precisava dela e de seu ombro para chorar era agora. Sua mãe viria voando e daria uns tapinhas nas suas costas, mas seu pai tinha razão, não havia realmente nenhuma maneira de que eles continuassem fazendo o que faziam se ela decidisse casar-se com Ryker. Os

dois mundos eram incompatíveis. Decidiu não ligar e voltou a trabalhar nas faturas que precisavam ser pagas. Mas por que tinha que ser ela sempre a que se adaptava? Estava furiosa, golpeou com força o teclado para colocar os dados no sistema de contabilidade. Toda sua infância se adaptou ao estilo de vida deles! Não era hora de começarem a pensar em se adaptar ao seu? Levou a mão ao anel que estava pendurado em uma corrente no seu pescoço. Para ela, o lindo brilhante era o tesouro mais precioso do mundo. Tocou o dedo onde o anel esteve nos três últimos dias, sentindo-o vazio, nu, como se faltasse algo ali. Não havia o que fazer.... Sacudiu a cabeça e obrigou-se a ficar concentrada em seu trabalho. Tinha que esquecer Ryker. Sabia que precisava devolver o anel, mas a ideia de não o ter, nem no dedo, nem perto do coração, provocou uma nova onda de lágrimas, que ela afastou furiosa. No final do expediente estava tão esgotada que pensou em faltar no dia seguinte, mas como Ryker continuava na Espanha, precisava ter coragem e vir trabalhar. Quando chegou em casa à noite, sentou-se na pequena sala e escreveu uma carta de demissão. Precisava se demitir e começar a procurar um emprego imediatamente, mesmo sem ter nada em vista. Teria que aceitar que não havia solução. Levou a carta na bolsa nos seguintes dias, mas não entregou,

sempre

inventando

desculpas

para

não

a

apresentar. E ao final de cada dia, quando sua supervisora ia

embora e ela perdia a oportunidade de entregar a carta, sentia uma estranha sensação de alívio.

Capítulo 11 Quando Ryker entrou no edifício na semana seguinte, Mark o interceptou na porta do seu escritório. — Está tudo bem? — Perguntou Ryker entrando e sentando-se. Conferiu todos os números de celular que Cricket usou nas últimas semanas, tentando descobrir alguma coisa. No voo de volta da Europa seu estado de ânimo passou da irritação à expectativa. As mensagens de Cricket mostravam de maneira clara e contundente que o amava, nesse ponto não havia ambiguidade. A única dúvida era o porquê ela achava que não poderiam ficar juntos. Até que tivesse uma explicação para isto, não ia se render. Tinha um plano, ia convencê-la a resolver qualquer problema que ela acreditasse ser um o obstáculo à relação deles e a levaria ao altar. Mark sorriu, impaciente. — Lembra daquele cara, Jason Moram? Aquele que contou que estavam fazendo brincadeiras pesadas com ele? Ryker sorriu. Imediatamente pensou em Cricket, porque ela trabalhava para aquele idiota. — Sim, lembro vagamente.

Esse era outro problema que precisava resolver. Cricket odiava seu trabalho. Precisava ajudá-la a descobrir o que queria fazer fora da contabilidade. — Revisei o sistema de segurança e a rede de informática. Ele está adicionando aparelhos de última geração para tentar pegar a pessoa que está invadindo o escritório. — Mark apoiou o laptop sobre a mesa de Ryker. — Há

algumas

semanas,

acrescentei

outras

coisas,

mas

também optei por soluções caseiras. Quero mostrar a você o que captei com uma câmera oculta, dessas que os pais colocam nos ursos de pelúcia para controlar as babás, ver se não estão fazendo nada errado. Quando

Ryker

assentiu

ele

apertou

o

botão

do

computador. — Coloquei a câmera dentro de um porta retrato e isto é o que foi filmado. Não estou certo de quando aconteceu, porque estava monitorando somente as câmeras de última geração. Ontem resolvi pegar está e vi a gravação quando cheguei em casa à noite. Ryker observou a tela em preto e branco. Não estava interessado em pegar essa pessoa, só queria encontrar uma solução para que Jason não ocupasse mais espaço em sua agenda e pudesse passar seu caso a outra pessoa do departamento. Durante alguns instantes, nada aconteceu, até que um movimento chamou sua atenção. Algo estava acontecendo no teto. Foi muito lento, muito sutil, como se a pessoa estivesse observando a cena antes de se mover.

Quando achou que estava tudo em ordem, uma placa no teto foi afastada e um corpo sexy, muito feminino e vestido de negro, pulou agilmente para o chão. Logo que a mulher aterrissou, Ryker sentiu o estômago contrair. E quanto mais via, mais piorava a sensação. A pessoa no vídeo estava completamente coberta, inclusive com uma máscara, mas a roupa justa revelava todos os contornos do corpo. E se tratava de um corpo que ele conhecia bem, um que apenas há uma semana apertou contra o seu. Mark riu, achando a brincadeira divertida, quando a pessoa envolveu várias peças do mobiliário com papel de presente. Mas Ryker não achou graça, quanto mais olhava, mais se enfurecia. Então sua inocente noiva era uma delinquente? Desta vez não roubou nada, mas e, das outras? Quando a mulher subiu facilmente para o teto, Mark desligou o vídeo e ficou de pé, com um enorme sorriso no rosto. — Isto ainda não nos ajuda a identificar o indivíduo, porque não deu para ver seu rosto. Quem quer que esteja fazendo isto é inteligente. De fato, brilhante. Recostando-se no assento de couro, Ryker examinou todos os aspectos da questão. Se Cricket fosse descoberta ele podia alegar que, na realidade, não entrou ilegalmente, afinal era uma das funcionárias da empresa. Jason entregou uma identificação a seus empregados para que tivessem acesso ao

prédio a qualquer hora do dia ou da noite. Podia argumentar que essas identificações davam a seus empregados permissão para entrar e Cricket só escolheu um método menos convencional. Também não roubou nada de valor. Neste momento lembrou-se de um vaso de cristal cheio de canetas que viu no chão do quarto dela um tempo atrás. Perguntou o que era aquilo e Cricket respondeu que odiava ficar sem canetas, por isso tinha muitas. Mas agora suspeitava que elas eram roubadas do escritório de Jason. Teriam algum valor? Duvidava. E se Jason fizesse questão de levar o caso à justiça, Ryker sabia que poderia transformar a questão das canetas roubadas em objeto de brincadeira e deboche. Suspeitava que não existia uma só pessoa no país que não tivesse roubado, de propósito ou inadvertidamente, uma caneta de um hotel, um escritório ou uma empresa, pelo menos uma vez na vida. Merda ele mesmo tinha uma caixa de canetas de diferentes lugares embora tivesse uma excelente em sua pasta. —



mostrou

ao

Jason?



Perguntou

Ryker,

quebrando a cabeça para resolver que caminho seguir. Sua mente funcionava a toda velocidade. — Ainda não. Pretendo ligar para ele agora de manhã. — Mark pegou o laptop, sentindo-se bastante orgulhoso de si mesmo.

Ryker juntou as mãos e olhou para elas com um olhar perdido, pensando em todas as ramificações possíveis enquanto batia com os polegares levemente. — Não mostre nada para ele ainda. Talvez tenhamos um conflito de interesses neste assunto. — Disse, ao mesmo tempo em que levantava o telefone e teclava um número. Só esperava que ela atendesse desta vez. Mark não discutiu. Trabalhava a tempo suficiente com os irmãos Thorpe para saber que, com frequência, um tema tinha

mais

arestas

do

que

aparentava.

Simplesmente

assentiu e foi embora do escritório de Ryker levando o laptop. Cricket atendeu o telefone enquanto dirigia, sem pensar. Sentia-se desligada depois de um fim de semana longo e sombrio. Ficou na cama o tempo todo, comendo pipoca e vendo filmes românticos. Seu pai ligou cinco ou seis vezes, mas estava muito zangada para atendê-lo. E o pior, Ryker não ligou nenhuma vez. Estava deprimida e irritada, com seu emprego em particular e pela vida em geral. Com tudo isso terminou esquecendo de olhar o identificador de chamada, antes de atender o celular. — Cricket Fairchild. — Disse com todo o entusiasmo que podia, o que não era muito. A mandíbula de Ryker contraiu.

— Pensei que você tinha perdido o telefone. — Disse em tom de desafio, desejando que ela estivesse em frente a ele para observar aqueles bonitos olhos verdes enquanto mentia. Ao ouvir a voz profunda e sexy, Cricket sentiu o coração subir até a garganta. Também podia imaginar a fúria nos olhos azuis e por um instante, teve dificuldade para respirar. — Encontrei. — Inventou rapidamente. — Aconteceu alguma coisa? Ouvir a voz dele era maravilhoso e ela olhava o telefone com desespero. — Além do fato de você ter saído escondida da minha casa a semana passada, antes das cinco da manhã e sem dar tchau? Ah e de desaparecer da minha vida e ignorar as minhas ligações e mensagens durante os últimos sete dias? Houve uma pausa antes que ela respondesse. — Eu... — Começou a dizer e parou. Não conseguia pensar em absolutamente nenhuma explicação plausível. A única coisa que vinha à sua mente era dizer que o amava e sentia saudades. Não o ver por uma semana foi um tormento. Fechou os olhos tentando ser forte, não podia ceder à tentação. Continuava muito apaixonada. — Nem tente mentir. — Disse ele, com voz suave e aveludada, mostrando que não estava para brincadeiras. — Vou descobrir a verdade e vamos ficar juntos. Pode estar certa disso.

Cricket suspirou esfregando a testa à medida que uma dor de cabeça subia lentamente pela nuca. O trânsito estava terrível, todo mundo parecia louco. Talvez devesse virar à esquerda e simplesmente voltar para casa... Mas não podia continuar faltando ao trabalho. Além disso, tinha que apresentar sua carta de demissão e deixar para trás esta história com Ryker. Como se isso fosse possível, pensou angustiada. — Ryker, você não compreende... — Replicou, para acalmá-lo. Ele respirou fundo e tentou recuperar sua tão famosa capacidade de autocontrole. Mas o fato de que ela não contasse algo que parecia ter o poder de intimidá-la, o deixava enfurecido, porque se sentia impotente para ajudá-la, para protegê-la. E ficava com mais raiva ainda por ela não confiar nele. — Tem razão, não compreendo. Mas você vai me explicar logo que chegar ao escritório hoje. Acabou isto de me evitar ou de ignorar minhas mensagens. Vamos conversar, Cricket. — Olhou para o seu relógio. — Está chegando em cinco minutos? — Perguntou, querendo saber se ela estava seguindo sua rotina habitual. Cricket achou o tom da voz dele meio estranho e sentiu o estômago contrair de apreensão. — Sim estou chegando. Mas o que está acontecendo? — Será que descobriu o que seus pais faziam? Teria alguma informação que pudesse prejudicá-los de alguma maneira?

Repassou o que sabia dos seus projetos, mas no momento não tinha ideia do que andavam fazendo, porque não falava mais com seus pais sobre os "trabalhos" que realizavam. Não queria saber absolutamente nada sobre as atividades deles. — Venha para o meu escritório. — Disse Ryker com firmeza. — Temos que conversar. Cricket desligou o telefone. Sua cabeça funcionava a toda velocidade, procurando uma forma de começar a conversa com Ryker. De repente, lembrou que deixou de falar com ele porque um diálogo formal, dizendo que não era possível ficarem juntos, seria um suplício. As palavras não sairiam de sua boca. Além disso, se não conversassem sobre o assunto, podia continuar fingindo que estava com ele, ou que iriam voltar a qualquer momento. Era uma ilusão estúpida, mas que ela mantinha viva no coração. Talvez por isso disse que o amava, inconscientemente esperava encontrar uma maneira de resolver os problemas e fazer esta relação dar certo. Mas percebeu que não havia solução. Estacionou o carro e continuou sentada, todo seu corpo tremia. Agora não tinha mais como fugir da realidade. Mordeu os lábios e tentou afogar um soluço enquanto tocava com suavidade o lindo brilhante que usava com o maior orgulho, porque era a prova do amor que Ryker tinha por ela. Quando não tinha ninguém por perto, colocava no dedo, quando estava com outras pessoas, ficava na corrente. Já tinha decidido devolver, porém gostava da ideia de ser sua

mulher e mesmo que por pouco tempo, fingir que estava com ele e não sozinha mergulhada na escuridão. Chegava em casa à noite e não conseguia segurar o choro, porque não havia ninguém ali para dar amor e carinho, como acontecia com suas amigas. Deslizou o anel sobre o dedo, o metal estava morno pelo calor do corpo. Tentou tirá-lo, mas não conseguiu e não porque estava apertado em seu dedo, apenas porque queria conservá-lo ali. Era melhor não tirar do dedo até devolver, assim não corria o risco de perdê-lo. Era um brilhante valioso, de qualidade e cor extraordinárias. E o mais importante era especial para ela. Desceu do carro e estava a ponto de cruzar a entrada para o prédio de Ryker, quando, com o canto do olho, um brilho chamou sua atenção. Olhou para a esquerda, de onde veio o brilho, mas não viu nada diferente. Tentando passar despercebida deu vários passos, pensando que objeto havia emitido aquele brilho e no motivo pelo qual tinha um estranho pressentimento de que alguma coisa estava errada e de que alguém a estava vigiando. Seu pai lhe ensinou a confiar em seus instintos e nesse instante eles não faziam nada mais que alertá-la do perigo. Alguém a estava seguindo? Não queria que Ryker fosse envolvido em alguma coisa que seus pais pudessem ter feito. Se eles tivessem deixado alguém zangado essa pessoa podia

estar atrás dela para vingar-se e isto poderia colocar Ryker em risco. Seu pai foi a sua casa e a seu escritório várias vezes nos últimos dias. Cricket não tinha ideia do que eles andavam fazendo, mas isso tinha que parar especialmente se suas atividades estivessem colocando Ryker em perigo! Sentiu os cabelos da nuca arrepiarem, como se seu corpo estivesse avisando que alguma coisa ruim ia acontecer. Achou melhor ir a cafeteria para despistar. Pediu um copo de café. Depois iria diretamente para seu escritório. Nunca vinha à cafeteria para comprar somente um copo de café, porque o melhor de lá eram os bolos e a não ser que Jason estivesse sofrendo violentos ataques de raiva, sempre havia uma cafeteira com café grátis na cozinha do escritório. Embora não fosse uma delícia, tinha cafeína, que era tudo o que a maioria das pessoas procurava. Mas hoje a cafeteria estava servindo para despistar e analisar o percurso da rua até a entrada do prédio. Talvez, se a pessoa que a estivesse observando acreditasse que estava envolvida com outra coisa, seria menos precavida e ela poderia ver quem ou que objeto estava fazendo seu "radar de perigo" disparar em alerta máximo. Infelizmente, não viu nada fora do comum. A manhã mal começou e com a onda de frio na cidade, não havia pessoas passeando pela entrada. Todo mundo tinha pressa para entrar ou sair dos escritórios, cada um preocupado com sua própria vida.

Saiu da cafeteria esquentando as mãos com o café, que não tinha nenhuma intenção de beber e foi caminhando em direção ao prédio onde trabalhava. Nem sequer olhou para o lado da entrada de Ryker, não queria que ninguém a associasse com ele. Quando chegou ao escritório, sentou-se em sua mesa, preocupada. Resolveu ligar para Ryker. — Onde você está? — Disse ele, logo que atendeu o telefone. — Surgiu um problema. — Respondeu Cricket, ficando de pé e olhando através das persianas para ver se conseguia localizar a pessoa que podia estar seguindo-a. — Podemos nos encontrar mais tarde? — Perguntou, frustrada por não ver ninguém suspeito. Ouviu um longo suspiro. Podia visualizar a mão forte de Ryker percorrendo o espesso e escuro cabelo. — Primeiro você me evita durante uma semana, agora me informa que ocorreu algo e não me diz o que é e eu estou sentindo que é algo ruim pela sua voz. — Fez uma pausa esperando que ela falasse o que estava acontecendo e quando o silêncio persistiu, continuou: — Cricket, juro que posso ajudar com qualquer problema. Você me disse que queria ser minha esposa. — Falou, suavemente. — Isso significa compartilhar as dificuldades e preocupações. Cricket fechou os olhos e tentou conter as lágrimas. — Não acredito... — Começou a dizer, mas porque ele era tão incrível e ela o amava tanto, não conseguiu continuar.

Precisava dizer que não podia casar com ele, mas isso era algo que não dava para falar por telefone. — Amo você, mas não posso conversar agora. — Ficou chateada, sua voz estava falhando e isto revelava que ela não estava bem. — Ligo depois. Voltou a sentar-se atrás da mesa e pegou um lenço de papel para secar as lágrimas e arrumar a maquiagem. Respirou lenta e profundamente, precisava acalmar-se e parar de pensar em Ryker. Demorou uns minutos, mas finalmente se acalmou um pouco. Só tinha que tirá-lo da mente e resolver o que iria fazer com sua vida... A porta abriu-se de repente e ela levantou a cabeça surpresa. — O que está acontecendo? — Perguntou uma voz grave. Cricket abriu a boca assustada quando viu Ryker em carne e osso em seu escritório. Parecia abatido e triste, mas ainda assim, lindo como sempre. Teve a impressão que passou um século desde a última vez que esteve com ele. Ryker estava... magnífico! Não soube quanto tempo ficou olhando-o, mas pouco a pouco recuperou o calor do corpo. Uma sensação de bem-estar e prazer a invadiu enquanto contemplava sua imponente figura. Mas em seguida, a realidade da sua chegada repentina veio à tona e ficou com medo.

— O que você está fazendo aqui? — Sussurrou histérica. Sentia o coração na garganta pela preocupação de que se alguém estivesse seguindo-a, poderia vê-lo ali. Entrou em pânico e correu para fechar as persianas, quase tropeçando no tapete, depois correu até ele e ignorando a expressão confusa em seu rosto, fechou a porta. Finalmente encostouse e respirou fundo, tentando acalmar a agitação que o pânico provocava. Ryker a observou com atenção, procurando uma pista do que estava acontecendo. — Vim vê-la porque não foi ao meu escritório. — Já expliquei. — Disse ela, olhando-o furtivamente e logo baixando os olhos, incapaz de sustentar o olhar enquanto mentia. — Surgiu algo. — O quê? — Perguntou ele, sarcasticamente. Ryker colocou as mãos nos bolsos e esperou que ela respondesse, como se tivesse todo o tempo do mundo. Ela mordeu o lábio e olhou ao redor, procurando desesperada algo para distraí-lo. — Não tem reuniões esta manhã? — Tentava pensar em algum motivo para afastá-lo do escritório. E dela. Não o queria por perto até saber se estava em perigo. — Pelo menos continua usando meu anel. — Disse ele, com amargura. Cricket levantou a mão direita para cobrir a esquerda de maneira protetora. Esquecera de tirar a anel!

— Eu... nós... — Baixou o olhar para contemplar o espetacular anel que tinha no dedo, furiosa porque as lágrimas ameaçavam cair. Tinha que ser forte. Tinha que protegê-lo! — Não acredito... — Começou a deslizar o anel do dedo, mas o tom brusco de Ryker a fez parar. — Nem pense em fazer isso! — Falou, brusco, colocando as mãos sobre as dela, para impedi-la de tirar o anel, dominando-a com sua presença. — Existem, obviamente, questões que temos que resolver. A primeira delas é a sinceridade. Mas você não vai me deixar. Nós vamos casar, Cricket. E você vai me contar o que está acontecendo, mas enquanto isso, olhe o que tem aqui. — Ryker deixou cair um pen drive na sua mão. Cricket sentiu os músculos do pescoço relaxarem um pouco por não ter que tirar o anel imediatamente. Teria que devolvê-lo, mais cedo ou mais tarde, mas pelo menos teria mais algum tempo para desfrutar da sensação de que estava comprometida com ele. Só umas horas a mais, pensou. Quando se sentou em frente ao computador, sentiu que estava a ponto de desmaiar tal a fraqueza nas pernas. Olhou para o pen drive com curiosidade. — O que é isto? Ryker cruzou os braços e endireitou o corpo. — Veja, Cricket. — Disse, com aquele tom grave, carregado de autoridade, que fazia um calafrio percorrer todo o seu corpo.

Levantou o olhar e colocou o pen drive no computador, sem pensar em nada. Logo que o arquivo abriu apareceu à imagem

do

escritório

de

Jason

Moram,

vazio.

Não

demonstrou que sabia o que ia acontecer, mas quando viu o escritório, soube exatamente o que apareceria na tela. Tal como imaginou, alguns segundos depois, observou sua imagem digital, descendo do teto e tocando o chão, preparada para a fuga, como seus pais ensinaram. Tinha o rosto e o cabelo cobertos pela máscara e, na realidade, não havia nada que pudesse identificá-la com total certeza. Mas, quando olhou para os olhos azul gelo de Ryker, compreendeu que ele sabia que a pessoa na tela era ela. Respirou com dificuldade, os músculos do pescoço ficando imediatamente tensos. Desviou o olhar do dele e mais uma vez olhou para a tela. Uma onda de vergonha deslizou sobre ela, ao ver-se envolvendo a cadeira de Jason, o monitor do computador, os quadros.... Tudo o que havia no escritório, até as canetas foram envolvidas em papel de presente florido Ouviu um barulho do lado de fora e alguém bateu à porta. Cricket afastou o olhar bruscamente da tela para a porta e logo em seguida para Ryker, com o medo aparente no rosto. Minimizou o arquivo com rapidez, temendo que alguém a reconhecesse na filmagem, mesmo com o disfarce. Com um suspiro, Ryker inclinou o corpo para perto dela e falou suavemente em seu ouvido. — O que vamos fazer com isto, Cricket?

Ela suspirou em desespero enquanto ouvia baterem outra vez. — Eu... este... A porta do escritório abriu e Josie entrou. — Oh! Perdão por ter interrompido. É só que... — Neste momento ela notou o homem lindo e alto que estava em pé ao lado de Cricket e sua voz foi morrendo à medida que a presença de Ryker apagava tudo com sua beleza. — Já estou de saída, nos dê só um minuto, por favor. — Ele falou, com absoluta serenidade, quase com suavidade. Josie ficou olhando fixo para ele durante um longo tempo, até que percebeu que precisava responder. —

Este...

sim,

claro

está

bem.



E

lenta

e

cuidadosamente saiu do escritório, fechando a porta. Cricket estava certa de que Josie saiu correndo para contar tudo a suas amigas. Com certeza ia espalhar que Cricket estava trancada em seu escritório com um homem divino. Esqueceu-se de Josie e maximizou o arquivo, voltando à atenção para a tela com um gesto de desgosto. Cricket estava com a carta de demissão pronta na bolsa, mas ainda não entregou ao Sr. Jason. Não queria sair dessa forma, como uma ladra. Ficou olhando a cena em que saía do escritório de Jason pelo teto exatamente como entrou uns minutos antes.

— O que você vai fazer a respeito disso? — Perguntou, tentando desesperadamente pensar em uma maneira de resolver este dilema sem ser demitida. — O que você gostaria que eu fizesse? — Rebateu ele com carinho. Ryker cruzou os braços diante do peito musculoso e olhou para baixo, onde estava sentada. Cricket não gostou de sentir-se abaixo dele. Ficou de pé e se afastou. — Este... eu gostaria que você perdesse esse arquivo. — Seus pais teriam vergonha se soubessem que deixou evidências. Mas o pior era que não tinha ideia do que Ryker pensava sobre sua aventura noturna. Estava zangado? É óbvio que estava zangado! Por que não deveria estar zangado? Ryker observou com cuidado enquanto ela encostava-se contra a parede, para sentir-se mais segura. Aproximou-se dela. Quando estava a menos de um centímetro, levantou o braço para apoiá-lo sobre a parede atrás de Cricket, tão perto que podia sentir o perfume feminino que vinha dela. — O que está disposta a fazer para que eu o destrua? — Perguntou. Ela mordeu o lábio e perguntou-se se realmente ele estava fazendo uma proposta deste tipo. Ryker não! Por favor, isto não! Não gostou da forma que ele falou, parecia estar exigindo que se vendesse. Estreitou os olhos e se jogou sobre ele empurrando seus ombros.

— Afaste-se de mim. — Disse esmurrando o peito dele, chateada com a sua proposta. É óbvio que ele não se moveu um milímetro. Ryker soltou um profundo suspiro de alívio quando ela não tomou o caminho mais fácil. Viu que tudo o que pensava estava certo. Era uma mulher doce e boa, que fez uma brincadeira com seu chefe, mas não era moralmente corrupta. Poderia ter vendido os segredos da empresa aos competidores, mas somente colocou os quadros virados, tirou as cadeiras do lugar, roubou canetas vagabundas e envolveu o escritório inteiro com um ridículo papel de presente. Não era uma pessoa mal-intencionada e sim travessa e criativa. De repente, teve uma ideia esperando que ela fosse honesta com ele, para que desse certo. — Dê-me um dólar! — Disse, com os olhos iluminados pelo que sentia por esta mulher. Sua mulher! E ele protegia o que era dele. Merda, agora que sabia que não era falsa, a amava ainda mais! Tinha que admitir que estava sexy com aquela roupa preta, que mais parecia de uma espiã do que de uma ladra. Não se importaria de vê-la usando, porém preferia que fosse quando estivessem a sós em seu quarto, onde podia explorar todas essas curvas sob o fino tecido negro. Ela

não

entendeu

nada.

Foi

tratada

como

uma

prostituta e agora ele pedia dinheiro? Teria jurado que o olhar que cruzou aqueles olhos azuis foi de alívio. Mas por que ele sentiria alívio? Não tinha nenhum motivo. E por que

precisava de um dólar? O homem era incrivelmente rico! Em sua casa, cada espaço foi decorado por algum arquiteto famoso. Cricket piscou. Seguia sem entender nada. — O quê? — Dê-me um dólar! — Repetiu, com suavidade e orgulho na voz. — Rápido, Cricket. — Estava consciente que os outros empregados passavam pelo corredor para mais um dia de trabalho e sabia que tinha que resolver esta questão rápido, para não a prejudicar. Cricket passou por baixo de seu braço e procurou a carteira na bolsa. Tirou um dólar e estava a ponto de entregar, mesmo sem entender nada, quando parou. — Para que você quer um dólar? — Você não confia em mim? — Perguntou, quase rindo da expressão de desconfiança dela. Cricket o observou por um longo tempo, a ponto de sacudir a cabeça para responder que não confiava nele, quando se ouviu dizendo "sim". Ficou surpresa por sua resposta, porque não confiava em ninguém. Tinha amigos e conhecidos,

mas

nunca

deixou

que

seus

sentimentos

pessoais chegassem ao ponto de confiar em algum deles. Até que o conheceu. Estava literalmente pondo sua vida nas mãos deste homem e ele podia fazer com que a despedissem. Não gostava disso, nem um pouco.

Mas ao olhá-lo, percebeu que realmente confiava nele. Confiava totalmente. Sabia que jamais faria alguma coisa para prejudicá-la, nem mesmo entregá-la a seu chefe como culpada da última travessura no escritório, que Jason não viu ainda, porque estava viajando a negócios desde a semana anterior. Amava-o e esta nova sensação de amar e confiar em alguém eram completamente novas. — Bom. — Disse ele escondendo o alívio que sentia. — Então, me dê à nota de um dólar. — Pediu mais uma vez. Lentamente, Cricket entregou o dinheiro, tentando entender o que ele ia fazer. Ryker pegou o dinheiro e o colocou em seu bolso. —

Muito

bem.

Agora

que

você

me

pagou

antecipadamente, sou seu advogado. Prometa-me que jamais vai entrar em alguma empresa ou casa de alguém sem permissão. Cricket não conseguiu evitar um sorriso, pelo jeito que ele contornou a situação. — Prometo! — Respondeu, com uma gargalhada. Viu no seu olhar azul gelo o quanto a amava e quase derreteu ao perceber isso. — Bem. Agora, isto é o que vai acontecer. — Disse, voltando para perto dela e colocando as mãos em seus quadris, para puxá-la na direção dele. — Em primeiro lugar,

você nunca mais vai fugir da minha cama, nem da minha casa. Entendido? — Entendido. — Ela respondeu, sem concordar, mas confirmando que compreendia suas palavras. Talvez fosse um detalhe técnico, mas não estava garantindo que, se estivesse zangada com ele, não sairia da sua cama. E como estava treinada para escapar ele podia interpretar como um ato furtivo. Abriu os olhos porque sabia o que estava fazendo. — Jamais voltará a evitar minhas ligações e ignorar, seja lá qual for o motivo. Quando estiver zangada comigo ou tiver um problema, resolveremos juntos. — Fez uma pausa, dando um tempo para que pensasse em suas palavras. — E esta noite vamos sair para jantar no Antoines e não vamos sair escondidos, nem fazer desvios para verificar se estamos sendo seguidos. Nada de paranoia estamos entendidos? Cricket queria concordar com isso, mas não podia. — Este... poderíamos em troca, ir ao... — Não. — Interrompeu com firmeza. — Vamos ao Antoines e você vai escutar o que vou dizer. E qualquer um que queira nos encontrar também terá que reservar mesa lá. A ideia deixou Cricket angustiada, sabendo que seu pai era incrivelmente criativo para entrar e sair de qualquer lugar. — Vou esperar você lá. — Disse ele.

— Tudo bem, assim eu aceito. — Respondeu, sabendo que não tinha ideia de como chegaria ao restaurante, só que chegaria

e

jantaria

com

ele.

Percebia

o

que

estava

acontecendo era uma loucura, mas daria um jeito de resolver. — Então encontro você às sete. Depois destas palavras ele a soltou e afastou-se, mas antes de sair voltou, abraçou-a e deu um beijo tão apaixonado que, quando levantou à cabeça ela estava completamente entregue. Cricket quase chorou quando ele deu um passo atrás e teve que se segurar na parede do escritório para não cair. Tal como suspeitava ele abriu a porta e encontrou Josie, Debbie e Allyson paradas evidentemente tentando ouvir o que estava acontecendo. Elas ficaram literalmente boquiabertas quando viram Ryker passar pela porta. Ele fez um gesto cortês com a cabeça e foi embora. As três se amontoaram no escritório de Cricket, pedindo explicações de maneira insistente e ruidosa. Cricket olhou entre elas por um tempo enquanto jogavam bombas de perguntas. Depois de um minuto, Cricket levantou as mãos para tentar deter, ou ao menos apaziguar, a enxurrada de perguntas, mas parou quando ouviu o grito da Allyson. — O que é isso? É ele o motivo pelo qual tinha um aspecto tão deplorável à semana passada? É por ele que nos deixou plantadas tantas vezes durante as últimas semanas? Eu também o teria escolhido!

Estavam atordoadas e ficaram ainda mais ao ver o anel. — Isso é um anel de noivado? Cricket apertou a mão enroscando os dedos para que o anel não caísse. Esqueceu por completo de tirar depois do beijo e jamais foi tão esquecida! Antes que pudesse explicar, ouviram a voz do chefe que vinha do corredor, gritando para todos fosse trabalhar em seus lugares. Com um suspiro de irritação, as três mulheres saíram em fila do escritório de Cricket, para começar um novo dia de trabalho. Era evidente que ele não entrou ainda em seu escritório, ou estaria gritando por um motivo completamente diferente. Qualquer outro dia estaria antecipando sua ira, mas hoje não. Tinha outras coisas na cabeça. Cricket sentou-se e imediatamente puxou uma pilha de faturas. Tinha

que

analisar os dados de

cada uma,

assegurar-se que estavam corretos e fazer que fossem pagas. Deixou os dedos voarem pelo teclado e terminou a pilha em tempo recorde, sem ligar para os gritos de fúria de Jason enquanto arrancava o papel de presente dos móveis. Durante todo o tempo, queimava os neurônios pensando em uma explicação plausível para dar a Ryker, uma que estivesse o mais perto possível da verdade. Não queria terminar com ele. Não liberou nenhuma das faturas, sabendo que não estava concentrada o suficiente e isso afetaria a qualidade do seu trabalho. Mas pegou outra pilha, porque precisava de

uma distração, realizar uma tarefa mecânica para que a outra parte do seu cérebro pudesse dedicar-se a processar a conversa que tiveram esta manhã. Ele não parecia zangado, mas também não conhecia a história completa. E, pensando bem, o vídeo não revelava sua identidade, como ele descobriu que era ela? Estava tão concentrada nisso tudo que esqueceu de almoçar. Mas às duas da tarde, um sanduíche aterrissou em sua mesa, pelas mãos da recepcionista. — O que é isto? — Perguntou. Sally sorriu. — Acabaram de entregar aqui. — Respondeu ela. — Mas é estranho, porque uma hora atrás uma mulher ligou para perguntar se você foi almoçar. Cricket ficou olhando o sanduíche e sorriu. — Obrigada. — Estava comovida com o gesto doce de Ryker!

Ele

queria

acalmá-la,

pensou

enquanto

desembrulhava a refeição. E era de peito de peru defumado no pão de centeio, com a mostarda especial que tanto gostava! Só saíram para almoçar uma vez, mas ele lembrou exatamente do que ela gostava. Comeu o sanduíche e suspirou com a sensação de saciedade e felicidade. Não percebeu o que estava fazendo até que estava na área de recepção do escritório de Ryker.

— Será que eu poderia falar com Ryker Thorpe? — Perguntou, nervosa. A recepcionista sorriu e levantou o telefone. — Tem uma entrevista marcada? Cricket sacudiu a cabeça, mordendo os lábios. — Não, mas diga a ele que Cricket deseja vê-lo, se tiver um minuto. Não é importante então se.... A porta da área de recepção abriu-se e uma mulher mais velha e sofisticada apareceu. — Senhorita Fairchild? — Perguntou estendendo a mão. — Sou Joan, a assistente do senhor Thorpe. Por favor entre! — Disse, colocando a mão na maçaneta da porta. Cricket

cumprimentou

a

mulher,

mas

continuava

aturdida por sua repentina aparição no lobby. Olhou para a recepcionista. — Como...? Joan riu suavemente. — Não, não tenho superpoderes. — Replicou. — Estava abrindo a porta e ouvi quando disse a Diane, nossa recepcionista, o seu nome. Foi uma coincidência. Cricket suspirou. Sentia-se aliviada que a mulher não fosse tão rápida, nem tão eficiente. Seria esquisito! — Ryker está ocupado? Não quero interrompê-lo. — Acaba de entrar em uma reunião, mas não acredito que se importe de ser interrompido para vê-la. De fato, ficaria

zangado se soubesse que esteve aqui e não foi avisado. — Disse com um sorriso, abrindo a porta que dava para o escritório enorme e luxuoso de Ryker. — Pode esperar aqui. Gostaria de um café ou chá? Rapidamente, Cricket sacudiu a cabeça. — Não, mas, sério, não o interrompa. Eu não... — Cricket nem sequer sabia o que dizer. Ontem estava destroçada por não voltar a vê-lo, hoje descobriu que foi pega em flagrante. E até agora não resolveu absolutamente nada. — Não há problema. — Sorriu Joan, que já estava enviando uma mensagem para o celular dele. Um instante depois, a porta da sala de conferências do outro lado do corredor abriu e Ryker passou por ela. Literalmente, o homem era de tirar o fôlego. Não podia tirar os olhos de cima dele e nem percebeu que estava sorrindo ao vê-lo caminhar em sua direção. — Obrigado, Joan. — Disse, ao passar ao lado de sua secretária. Fechou a porta um instante antes de tomá-la em seus braços e beijá-la. E não parou até que os braços de Cricket estivessem em volta do seu pescoço. Pressionava seu corpo, demonstrando que precisava continuar beijando-a. — Veio sozinha? — Perguntou com um grunhido grave e rouco, quando finalmente levantou a cabeça. — Você me mandou um sanduíche. — Replicou com um sorriso cada vez maior e uma forte sensação de que isto era certo. Tinha que haver um jeito de incluir Ryker em sua vida, sem colocar em perigo a liberdade de seus pais!

O olhar de Ryker ficou sério. — Achei que estaria muito preocupada com o arquivo e com nosso jantar a noite para se lembrar de almoçar. E duvido de que tenha tomado café da manhã. Não tomou, não é? — Perguntou. Ela

o

olhou,

sorrindo

envergonhada.

Continuava

desesperada para encontrar uma maneira de resolver os problemas que estavam enfrentando. Mas isso seria depois. Nesse

momento,



queria

desfrutar

os

braços

dele,

novamente. — Não, você tem razão. E é muito meigo ter pensado em mim. Sei que está terrivelmente ocupado. Interrompi uma reunião importante? — Perguntou. Nem se incomodou em tentar olhar sobre seus ombros, porque ele era muito mais alto que ela. — Podem esperar. Ela riu. Estava eufórica em seus braços. Sentir suas carícias e estar em seus braços parecia algo tão certo que nesse instante tomou uma rápida decisão. Solucionaria as coisas com seus pais e de alguma forma, faria isto funcionar. — Vou contar tudo esta noite. — Disse. Tendo tomado essa decisão, sentiu que tirava um peso enorme de cima dos ombros. Levantou a cabeça para beijá-lo e não ia se conformar com um simples beijo. Soltou um gemido quando ele finalmente afastou-se.

— Vou acompanhá-la até lá fora. — Ryker murmurou. — Talvez possa te apresentar a um ou mais de seus futuros cunhados. Cricket sentiu certa apreensão diante disso, mas achou que se ia contar a respeito de seu passado e de sua família, bem, podia conhecer seus irmãos. Ele colocou a mão na parte de baixo das suas costas enquanto a conduzia pelo escritório. Desceram uma elegante escadaria e entraram em uma sala cheia de pessoas que corriam apressadas de um lado para o outro. — Aquele é Ash. — Disse, apontando um homem que era, mais alto que ele. —

Esse

é

seu

irmão?



Perguntou,

olhando

sobressaltada para o cara enorme. Ryker olhou para Ash e depois de novo para o olhar assombrado de Cricket. — Sim, por quê? Ela sacudiu a cabeça. — Não acredito que possa existir alguém mais alto que você. — Riu quando levantou o olhar e notou o meio sorriso de Ryker. — Todos seus irmãos são altos? — Perguntou. — Sim. Você vai conhecer todos. — Respondeu, dando uma piscadinha. Estava a ponto de cumprimentar o irmão de Ryker quando uma foto que ele tinha nas mãos chamou sua atenção.

—Estão me seguindo? — Perguntou a Ryker, que estava atrás dela. Seu rosto adquiriu uma expressão de leve irritação com sua pergunta. Ryker a olhou abruptamente. — Por que está perguntando isso? — Devolveu. Então olhou o arquivo que Ash tinha nas mãos e algo passou pela sua cabeça. — Conhece o homem da foto? — Perguntou, ao mesmo tempo em que pegava a pasta das mãos do seu irmão mais novo e entregava a ela, para que pudesse observar melhor. Cricket dirigiu a Ryker um olhar de fúria, perguntando a si mesma se toda a tensão desta manhã foi em vão. Voltou a olhar para o sorridente casal da foto, que estava grampeada a uma pasta cheia de papéis, lembrando do desagradável dia anterior. Sua irritação só aumentou ao levantar a foto. — Estas duas pessoas são os diretores da organização beneficente que meu chefe quer que analise para dedução de impostos. Estive com eles ontem à tarde. Está me dizendo que não estou sendo seguida por ninguém? Ash foi em direção à bela loira, mas seu irmão o empurrou para o lado e passou o braço protetoramente ao redor dos ombros dela. Mas ele não tinha tempo para repreender o irmão, precisava esclarecer esta nova reviravolta nos acontecimentos. — Não sei quem é você... — começou a dizer.

Ryker o interrompeu. Não estava disposto a deixar que seu irmão mais novo se comportasse de maneira grosseira com sua noiva, mas também suspeitou que Cricket não ia querer anunciar sua relação com ele neste momento. E esta suspeita o irritava, porque queria gritar aos quatro ventos que esta era sua mulher, para que ela não pudesse escapar como na semana anterior. — Esta é Cricket Fairchild, minha cliente. — Disse. Cricket abafou um sorriso. — Está bem, agora que esclarecemos quem sou, alguém poderia me explicar por que estão interessados nas pessoas que estou investigando? — Perguntou, aliviada que Ryker não tivesse

contado

da

relação

deles

para

todo

mundo

especialmente porque tinham que falar sobre o vídeo e ele tinha que escutar tudo sobre ela, antes de apresentá-la aos irmãos. Cricket não notou antes, mas haviam quatro oficiais de polícia e uma linda mulher de cabelo castanho parados atrás do Ash Thorpe. O grupo estava voltado em direção a eles, manifestando um interesse inusitado nas duas pessoas da fotografia. Um oficial de polícia interveio nesse momento. — Senhorita está me dizendo que ontem à tarde esteve com este homem? Cricket assentiu com a cabeça, os cachos loiros balançando ao redor de sua bela face. O oficial de polícia

ficou ligeiramente ruborizado sob o olhar direto daqueles olhos verdes. — Não acabei de dizer isso? Foi um almoço de negócios a pedido deles. — Explicou. — O homem pediu um bife e ela comeu um pescado nojento. Vários pares de olhos assombrados a olharam. — E estaria disposta a testemunhar? — Perguntou o oficial. Cricket olhou em volta, seu rosto mostrando que gostaria de entender por que todo mundo estava tão tenso, como se sua resposta fosse uma questão de vida ou morte. — É óbvio. Por quê? Por acaso alguém levou a organização a falência ou algo parecido? Eles disseram que querem salvar as baleias que se encontram perto da costa da Groenlândia. Cricket achou que a paixão deles pelas baleias era um tanto exagerada, mas pegou todas as informações para passar ao chefe. Ryker observou com um alívio cada vez maior os olhos de Ash ficarem calmos e até mesmo aparecer um sorriso em seu rosto. — Cricket este homem foi dado como assassinado recentemente. — Explicou o Ryker com calma. Ela ficou um instante surpresa, mas logo riu e sacudiu a cabeça.

— Não ele não está morto. Estavam tentando me convencendo a financiar o próximo navio que pensam em comprar. Cricket observou com espanto como, de repente, o ânimo geral mudou. A tensão desapareceu imediatamente e a bonita mulher que esteve parada atrás do enorme homem pareceu dar saltos de felicidade. Cricket não entendeu bem o porquê, mas suspeitou que a polícia esteve a ponto de prendê-la. — Você é a heroína do momento. — Disse Ryker, no ouvido dela e a conduziu fora da grande área, depois de apertar a mão do irmão e dizer: — Continue! Quando Cricket olhou para trás e viu o sorriso no rosto de todos, soube que deu uma informação vital. — O que está acontecendo? — Perguntou, já no corredor. — A mulher que estava atrás do meu irmão foi presa por assassinar o ex-noivo. A suposta vítima era o homem da foto, que você conheceu ontem no almoço. Isso significa que não foi assassinado e que está vivinho da silva e aprontando. Assim, você não só salvou à mulher, que suspeito ser muito importante para o meu irmão, baseado em suas recentes atitudes, mas também salvou, potencialmente, várias outras pessoas de serem extorquidas. Se tivermos sorte, a polícia trocará as acusações de assassinato por fraude. O rosto de Cricket se iluminou de emoção.

— Isso é incrível! Fico feliz por ter ajudado justamente neste momento. — Eu também. — Replicou Ryker, tomando-a nos braços, sem se importar que o resto do mundo estivesse observando enquanto a beijava em seu próprio lobby. — Vamos nos ver a noite. — Disse, quando levantou a cabeça. — E vamos conversar e solucionar o que for preciso. Ela

saiu

de

seus

braços e tentou

dissimular

a

preocupação. —

Ok.

nervosamente

Até com

a

noite. a



cabeça.

Despediu-se, Talvez

assentindo

tivesse

aceitado

mentalmente dar as informações, mas continuava nervosa. Jamais contou a alguém a história de sua família, isso era um enorme progresso para ela. Estava esperando o elevador quando apareceu a bela jovem

de

cabelos

castanhos,

acompanhada

por

outra

espetacular mulher, também de cabelos castanhos e mais alta que a primeira. Eram bonitas de maneiras diferentes. A mais baixa parecia mais simpática, a outra tinha a figura esbelta, como a de uma modelo de passarela, sem o jeito pedante. Também não parecia matar-se de fome e as curvas sensuais de seu corpo eram muito mais atrativas que os esqueletos anoréxicos que caminhavam pelas passarelas, desprovidos por completo de massa corporal para fazer que suas maçãs do rosto parecessem mais proeminentes. Apertou o botão do elevador com mais força que o necessário, já que se sentia pálida e insossa ao lado destas

duas chamativas mulheres. Onde havia uma planta para esconder-se quando precisava? — Você é a mulher que acaba de impedir que eu fosse presa. — Disse a mais baixa, com um enorme sorriso no rosto. — Você está bem? Cricket tocou o anel, precisava sentir que era real, que ele realmente deu a ela um símbolo tão maravilhoso do que sentia. Certamente ia querer de volta depois que terminassem o jantar. Mas no momento era dela e não ia ocultá-lo na corrente. — Estou bem. — Disse. Gostaria que as coisas fossem diferentes, que sua vida não fosse tão complicada. — Nada que um bom Martini não possa remediar. — Replicou com um sorriso, mentindo para si mesma. Pensou em seu pai e em Ryker. Ainda não sabia o que podia fazer para que tudo terminasse bem com o homem que amava. — É que os homens são tão difíceis de entender! — Por que não vem conosco? Não sei como são os Martinis, mas as margaritas do Durango são perfeitas para remediar qualquer mal. Cricket pensou no convite. Não conhecia aquelas duas moças, mas não via nada de mal em sair e se divertir com duas mulheres jovens como ela. — Não sei se neste momento estou em condições de estabelecer qualquer tipo de conexão com a espécie humana. — Respondeu, pensando no enorme problema que pesava

sobre ela. Seu amor ou o pai.... Que obstáculo difícil de ultrapassar. — Sinto-me exatamente assim. Meu nome é Mirna Paulson e estamos indo celebrar o fato de eu não ter ido parar na prisão pelo resto da minha vida. A mais esbelta deu um passo à frente nesse momento e estendeu a mão, cumprimentando Cricket com calidez e simpatia. — Eu sou April. Trabalho como gerente de escritório do Grupo Thorpe e sei perfeitamente o quanto os homens podem ser frustrantes! Cricket sorriu, apertando a mão de April com mais segurança do que sentia. Fazia muito tempo que não tinha amigas da sua idade. Lembrou-se da fúria de Jason com seu escritório envolto em papel de presente e decidiu não retornar. Já tinha a carta de demissão impressa. Então, por que não tomar um Martini com elas? — Parece uma excelente maneira de começar o fim de semana. Acho que vou acompanhá-las. Quinze minutos depois estavam instaladas em uma das mesas de fundo do bar local, com uma jarra de margarita na frente e três taças cheias. — Brindo por evitar a prisão e aos homens! — Disse April. — Esperem! — Gritou, no meio brinde. Em um instante ficou de pé e se dirigiu a outra mesa, onde uma mulher estava sentada sozinha. Ela olhava seu Martini como se fosse um inimigo e tentava conter o cabelo cacheado que ficava

caindo no rosto. Quando elas retornaram à mesa, April a apresentou. — Esta é Kiera, uma das novas integrantes do Grupo Thorpe. Mirna estava tão entusiasmada em conhecer a mulher que quase saltou da cadeira. — Ela encontrou a informação sobre o novo BMW que a noiva mais recente de Jeff comprou. — Explicou a Cricket, com um enorme sorriso. — Se não fosse por vocês duas, neste momento estaria na cadeia, acusada de assassinato. Quando as quatro voltaram a sentar-se, Kiera pegou uma margarita para brindar com elas. Depois comeram batatas fritas e falaram mal dos homens, rindo de suas falhas e do quanto era difícil conviver com eles. A gerente do escritório, April era muito legal, Cricket gostou

muito

dela.

Embora

parecesse

uma

modelo

espetacular era simpática e tinha os pés no chão. E, aparentava ter problemas com os homens, como as outras. Cricket riu e participou da conversa com animação. Tinha uma conexão com estas mulheres que não sentia há muito tempo. Josie, Allyson e Debbie eram especiais, mas estavam em uma etapa diferente da vida, uma que ela ainda não chegou. Ela não podia conversar com suas amigas do escritório o que podia falar com estas três mulheres. Quando Ryker apareceu, Cricket soltou um resmungo. E ao ver outros três homens iguais a ele, olhou para sua taça de margarita, pensando que talvez tivesse bebido demais.

Voltou a levantar os olhos para vê-lo parado ao lado dela, pegando sua taça e bebendo o resto. — O que faz aqui? — Perguntou irritada, quando ele roubou sua bebida. — Estou salvando você de você mesma. — Explicou, piscando os olhos para ela, sexy demais. — Por que são tantos? — Perguntou, voltando a sorrir esquecendo por um instante do quanto estava nervosa por ter que explicar sua história para ele. Bom e pelo fato de que ele ia fugir apavorado quando soubesse a verdade. Ia desfrutar destes últimos minutos com ele, pensou. Ryker a levantou com cuidado da cadeira e esteve a ponto de rir quando ela se apoiou nele como um saco de batatas. — Eu sou um só, meu amor. Os outros são meus irmãos. Os olhos dela quase pularam das órbitas. — Sério? Poderia ter sido cunhada deles! — Suspirou, desejando que as coisas tivessem outro final. — Eles vão ser seus cunhados. — Respondeu, levando ela do bar. Não viu quando ele se despediu dos irmãos, mas também não estava prestando muita atenção. Notou que cada um se encontrava convencendo a sua respectiva mulher, discutindo e tentando tirá-las dali. Os quatros irmãos estiveram sentados no bar escutando as lindas mulheres enquanto soltavam o verbo contra cada

um deles em particular e contra os homens em geral. Suspeitou que Cricket não estava bêbada, apenas muito relaxada. Quando chegaram à porta, olhou para trás e percebeu que eles pareciam sentir a mesma coisa: um sentimento de posse em relação à mulher que tinham em seus braços. Que interessante, pensou, mas não tinha tempo para analisar a situação. Queria ficar a sós com Cricket e aproveitar que ela estava relaxada pela margarita. Com sorte ela revelaria todos os segredos. Na verdade, deveria comportar-se como um cavalheiro e levá-la para casa e deixá-la se curar da bebedeira, mas queria a informação. Assim que soubesse o que estava errado, seria mais fácil protegê-la. E ela não fugiria mais dele, que era justamente o que ele suspeitava que queria fazer. Cricket ficou arrepiada ao sentir o ar frio da noite. Estava a ponto de protestar e afastar-se dele quando sentiu um pesado casaco em seus ombros. Levantou os olhos e viu Ryker caminhando ao lado dela, somente com uma camisa fina de mangas compridas. Ele queria que ficasse aquecida! Cricket

olhou

e

sorriu,

se

aproximando

automaticamente e ele abraçou-a pelos ombros. — Será que terminou tudo bem depois que fomos embora? — Perguntou alegremente, desfrutando do calor morno do casaco e do braço que a estreitava contra ele. Ele riu ao pensar na cena do Durango.

— Acredito que tudo vai terminar mais que bem. Mirna Paulson deve estar neste momento nos braços do Ash. — Respondeu. April e Xander, já era outra história, aquilo podia ser

explosivo.

Mas

quando

se

lembrou

dos

dois

no

restaurante, não pareciam estar agredindo-se como de costume. Que esquisito, pensou. E estranhamente Axel parecia seguro do que Kiera sentia por ele. Que bom, pensou Cricket, suspirando aliviada por sua nova amiga estar fora de perigo e feliz. Quando

entraram

no

exclusivo

restaurante,

a

recepcionista os atendeu rapidamente. — Sua mesa está pronta, senhor Thorpe. — Disse, pegando dois menus e os conduzindo por entre as mesas em sua maioria ocupadas. Uma vez que estavam sentados, Cricket usou o menu para cobrir seu rosto enquanto observava ao redor. Agora estava com calor. Não devia ter bebido aquela segunda margarita, pensou, tentando concentrar-se no menu. Não tinha nem ideia do que queria comer, porque as batatas fritas tiraram sua fome. Mas ia pedir algo, para agradar Ryker. De repente, voltou a sentir aquela sensação estranha, de que algo estava errado e iria acontecer alguma coisa ruim. Não sentiu nada no Durango, mas estava certa de que alguém

neste

lugar

está

vigiando-a.

Olhou

em

volta

dissimuladamente, tentando ver alguém escondendo-se atrás de um menu ou olhando em sua direção.

Como não viu nada, acalmou-se e baixou o menu. Ao levantar os olhos, percebeu que Ryker olhava para ela com as sobrancelhas arqueadas. Parecia perguntar o que estava acontecendo. Maldição! Definitivamente, não devia ter bebido aquela última margarita! Com cuidado, colocou o menu ao lado e respirou fundo, pronta para contar tudo. Nesse momento, chegou o garçom. — Posso anotar os pedidos? — Perguntou, com um pouco mais de ímpeto que o esperado. Cricket

observou

o

enigmático

garçom,

surpresa.

Quando se deu conta de quem era, seus olhos ficaram arregalados, sem acreditar no que via. — Papai? — Exclamou, apavorada, sem conseguir impedir que a palavra saísse da sua boca. Sim, as margaritas eram potentes! Os olhos de seu pai se estreitaram e ela suspeitou que, se pudesse ver as sobrancelhas elas revelariam sua fúria. Usava uma peruca cacheada, que escondia as orelhas e a testa. Tinha inclusive um bigode falso e embora usasse óculos grossos, reconheceu-o imediatamente. — Você está ridículo, papai. — Disse, quase sem pensar. Devia estar nervosa e ansiosa por ele estar interferindo outra vez espionando enlouquecendo-a. Mas só sentia raiva... pelos mesmos motivos. Ele estava novamente se metendo em sua vida, não a deixava em paz. — Tire esse disfarce horrível e vá

embora daqui. Estou conversando com Ryker e depois falo com você. Não podia acreditar que estava falando assim com seu pai, mas, claro, também não podia acreditar nele. Pela primeira vez em sua vida, Cricket sentiu-se realmente irritada pelo fato do seu passado interferir no seu futuro. Sempre protegeu o "negócio familiar" e todos os segredos que se escondiam atrás de suas escolhas ruins. Mas por algum motivo, provavelmente pela tarde que acabara de passar, bebendo e conhecendo três mulheres a quem admirou enormemente, já não aguentava mais. Todas as mentiras, os segredos, as atividades ilegais e o estranho código de ética, tudo isso não fazia mais parte da vida dela. — Papai... — Começou a dizer. Mas ele a interrompeu. — Antes que fale alguma coisa, você precisa saber que sua mãe também está na cidade... — Posso falar por mim mesma. — Interrompeu sua mãe, imperiosamente, vinda de trás dele e parando ao lado da mesa. Cricket sempre admirou sua mãe, por seu estilo sofisticado e seu bom gosto para vestir-se. Esta noite não era uma exceção. Usava um conjunto Versace azul pálido, que se ajustava perfeitamente as suas formas. O cabelo estava penteado e preso. Sua mãe esteve em mais festas da alta sociedade que qualquer outro ladrão no mundo.

Possivelmente

pela

quantidade

de

álcool

ingerido,

Cricket riu ao ver o enorme colar de brilhantes que adornava o pescoço da sua mãe. Era completamente falso! Levantando a mão em um gesto altivo, Lydia Fairchild chamou um garçom e pediu que trouxesse duas outras cadeiras. Imediatamente, suas ordens foram cumpridas. Ryker já estava em pé para cumprimentá-la com um aperto de mão. — Ryker esta é minha mãe, Lydia Fairchild. — Explicou Cricket, com um suspiro resignado. "Os melhores planos de ratos e homens frequentemente se frustram...", disse, citando Robert Burns e encostando-se em sua cadeira. — É um prazer conhecê-lo, senhor Thorpe. — Disse sua mãe com sinceridade e um enorme sorriso carismático. — Você é o cavalheiro que recentemente colocou esse lindo anel no dedo da minha filha? — Sou. — Respondeu Ryker com calma embora seus planos para o jantar tenham sido arruinados. Cricket observou o olhar do pai no momento em que pousou

bruscamente

em

sua

mão.

A

fúria, de

fato,

aumentou. Podia sentir sua irritação, mas já não tinha medo. — Sente-se, mamãe. — Disse Cricket. — Você também, papai. — Indicou a cadeira, sem ligar para o olhar indignado que ele lançou. Quando ambos estavam sentados, suspirou de alívio. Ryker tornou a sentar-se.

— Agora que estamos todos aqui reunidos. — Olhou para seu pai com irritação. — Quero que saibam que Ryker me pediu em casamento. Lydia sorriu e seus olhos brilharam de felicidade. — Estou tão feliz por você, querida. Estava começando a me preocupar que jamais encontraria a mesma felicidade que seu pai e eu compartilhamos ao longo da vida. — Olhou para Ryker e novamente para a filha. — Agora sei que você conseguiu. E é um bom homem. — Disse, olhando para o brilhante. — Mamãe, Ryker é um bom homem porque é inteligente, sensível e me faz rir. Não porque tenha bom gosto para escolher joias. — Mas sempre é um bom sinal, amor. — Sua mãe piscou para Ryker, que deu uma risada maliciosa ao escutar o comentário. Cricket virou a cabeça e olhou para seu pai enfrentando sua fúria sem evitar o motivo que havia por trás. — Papai, sei que está preocupado por mamãe, mas não acredito... — Espere um minuto, querida. — Interrompeu ela, inclinando-se para o marido e lançando um olhar fulminante. — Edward, há quanto tempo sabe sobre o romance de Cricket? — Perguntou, com cuidado. Cricket abriu os olhos quando seu pai se encolheu em sua cadeira.

— Bem, querida... — Não se atreva a me enganar Edward. O que você sabe? — Perguntou furiosa. O garçom chegou nesse momento, o verdadeiro garçom e ficou surpreso ao encontrar outro garçom sentado ali. — Não pergunte. — Ryker interveio, para tranquilizar o rapaz que ficou desorientado. — Poderia nos trazer uma garrafa de Hiedsieck Diamont Bleu, por favor? O garçom imediatamente deu um passo atrás, ansioso por trazer rapidamente o champanhe solicitado. Mas Ryker o chamou outra vez. — E um café. Cricket nem sequer ficou com vergonha quando Ryker olhou suas bochechas excessivamente vermelhas. Sorriu, agradecendo com o olhar porque realmente não desejava beber nada mais de álcool. Depois que o garçom se retirou, Ryker voltou-se mais uma vez para Cricket, pedindo em silêncio que prosseguisse. Cricket respirou fundo e voltou a olhar para o pai. — Papai, sei que fica preocupado em relação a mamãe, mas... — Estou encantada! — Interrompeu Lydia expressando o que sentia e olhando para seu marido como se dissesse: "se disser uma só palavra, vai se arrepender." Cricket olhou fixo para a mãe e depois para o pai.

— Então, por que me falou dias atrás que eu não me preocupava com a mamãe? — Perguntou irritada. Edward inclinou-se para frente, tentando encontrar uma forma de suavizar a situação. — Sua mãe estava fazendo compras e.... — E ainda posso falar por mim mesma e dizer o que penso. — Voltou a interrompê-lo. — Estou encantada, querida. Muito feliz que finalmente tenha encontrado alguém para amar. Eu desejo o melhor a você. — Inclinou-se e deu um beijo no rosto da Cricket. Depois encostou-se e voltou a fulminar seu marido com o olhar. Cricket observou a interação silenciosa entre seus pais, desejando que compreendessem que estava a ponto de contar para Ryker toda a história deles. — Vou contar a Ryker toda a verdade. Sua mãe sorriu com doçura. — Amor, não há realmente nada para contar. Cricket piscou e sacudiu a cabeça. — O que significa isso? — Querida, não temos nenhum projeto especial desde que você tinha oito ou nove anos. — Respondeu Lydia sorrindo sutilmente. —

Quando

percebemos

o

quanto

isso

realmente

incomodava você. — Resmungou seu pai, cruzando os braços, apesar de ser visivelmente desconfortável no ridículo casaco de garçom.

Não podia acreditar no que estavam dizendo. Não roubavam mais? Não ficavam à espreita de alguma "joia" para matar o tédio? Eles eram os melhores no mercado! — Mas vocês me treinaram de todas as maneiras possíveis. — Será que realmente não faziam nada há tanto tempo? — Amor ensinamos a você tudo o que sabemos, como os pais normalmente fazem. — Explicou Lydia movendo as mãos em um gesto dramático. Cricket sacudiu a cabeça, pasma com esta última revelação. — Não, mãe. Os pais ensinam a seus filhos a ler e a entregar as tarefas no prazo, a evitar homens maus e a não beber quando vão para a universidade. Edward deu um grunhido. — Você aprendeu tudo isso sozinha. Nós ensinamos o que não sabia, transmitimos nosso legado. Cricket não conseguia entender. — Do que viveram todos estes anos? Como puderam manter este estilo de vida? Edward sorriu com orgulho e se endireitou ainda mais em sua cadeira. — Só porque já não nos dedicamos a esse tipo de negócio, não significa que não investimos o que ganhamos... E tivemos lucro ao longo dos anos.

Edward deu uma olhada para Ryker, tentando analisar o quanto seu futuro genro estava entendendo da conversa e no que isso implicaria. — Seu pai é um excelente investidor. — Disse a mãe, com orgulho. Ela passou o olhar de sua elegante e bela mãe a seu habitualmente arrumado pai, sem poder acreditar. — Nenhum dos dois faz... nada há tempos? — Bom, ainda conservamos nossas habilidades bem afinadas e treinamos para isso... — Explicou ele em um tom indignado. — Mas não, não tiramos proveito de nossas atividades de maneira nenhuma. Não queríamos que se sentisse incomodada. Sua cabeça rodava com a notícia de que seus pais não roubaram nada em anos. Quase décadas! — Por que não me contaram isso? — Perguntou. Ambos encolheram os ombros. — Pensamos que sabia. Cricket se encostou, sacudindo a cabeça. — Então, por que teve aquela reação semana passada, papai? Seu pai suspirou. — Eu somente...

Lydia observou seu marido com cuidado e sentiu o coração derreter pelo homem que amou sua filha com tanta devoção ao longo dos anos. — Não queria que você encontrasse um homem que o substituísse. — Disse Lydia, olhando com reprovação para seu marido. — Peça perdão a sua filha Edward. Ele se mexeu inquieto na cadeira. — Não acreditei que você fosse ser feliz com este homem. — Resmungou. Cricket sacudiu a cabeça. — Isto parece com um filme da pior qualidade! — Afirmou, sentindo a fúria subir dentro dela. — Sabem o que têm me feito passar? Estive tentando proteger Ryker porque pensava que tinha alguém me seguindo! Mas era você papai! O garçom chegou e ficou assustado pelo clima de tensão. Serviu o champanhe, apoiou a cafeteira de prata e a xícara de porcelana sobre a mesa e foi embora o mais rápido possível, deixando a garrafa no balde de gelo. Ryker olhou ao redor da mesa, surpreso com os acontecimentos. — Bem, vamos ver se compreendi tudo o que disseram nos últimos minutos. — Olhou para Edward. — Você e sua esposa, — olhou rapidamente para Lydia — são ladrões, é isso? — Observou-os com atenção, procurando um sinal que indicasse que estava errado.

— Colecionadores aposentados. — Corrigiu Edward com segurança. — Gostava de colecionar arte e minha esposa, que gosta mais de coisas que brilham, colecionava lindas joias. A mente do Ryker funcionava a toda velocidade. — E ambos se retiraram ao perceber que Cricket não gostava deste estilo de vida, mas mesmo assim ensinaram todos os truques do ofício, no caso dela descobrir que gostava de realizar esse tipo de atividade. — Todas as peças começavam a se encaixar com perfeição: sua aversão ao roubo, o vídeo no escritório, sua coleção de canetas no quarto. — E porque tinha talento para isso. — Confirmou Edward, orgulhoso das habilidades de sua filha. — É excepcionalmente boa no que faz. — Disse Lydia, concordando com o marido e sorrindo para sua filha, maravilhada. — Se pudesse aguentar os obstáculos. — Suspirou dramaticamente, como se os obstáculos fossem arquivar papéis ou dobrar roupas e não vender artigos roubados no mercado negro. Neste momento Ryker entendeu tudo o que estava acontecendo. — Cricket adora assaltar escritórios e fazer algumas brincadeiras e até a semana passada jamais foi descoberta. — Fez uma breve pausa. — Estou esquecendo algo? As três pessoas sacudiram a cabeça. Cricket sorriu ao ver que Ryker sabia ler nas entrelinhas sutilmente. E o melhor? Não parecia afetado por nada do que ouviu. Mas e se

não estivesse tão tranquilo como aparentava? As palavras que vieram a seguir não deixaram lugar para dúvida. — Como advogado de Cricket, devo informar que tudo que me contaram é informação privilegiada, mas se alguma vez souber que cometeram algum delito, serei obrigado, por lei, a informar à polícia. Edward protestou, irritado por que alguém se atrever a lhe dar ordens. — Então não falaremos sobre nenhuma de nossas atividades quando estiver em nossa presença. — Afirmou Edward com firmeza, como fosse a decisão mais óbvia que pudesse aceitar. Cricket riu e sacudiu a cabeça. — Isso significa que não fará nada de errado. — Traduziu ela, olhando seu pai diretamente nos olhos, até que ele pigarreou decepcionado e cruzou os braços, olhando para o outro lado. Quando seu pai aceitou a contragosto ela voltou-se para Ryker, levantando a xícara de café para um brinde. — Então, tudo combinado. — Seu ânimo era igual ao de uma criança que foi pega fazendo algo errado e conseguiu se safar. — Ao futuro... — Disse feliz. Todos levantaram as taças e brindaram, mas algo no olhar do Ryker a fez duvidar que estava tudo bem. Bebeu com dificuldade um gole de café, preocupada que ele estivesse arrependido de tê-la pedido em casamento. Tinha uma

família maravilhosa, entretanto ele acabava de compreender o que seus pais faziam da vida e o que aquilo significava. Ryker soube exatamente o que Cricket estava pensando. — Nem pense nisso, Cricket. Vamos nos casar, o quanto antes, melhor. — Falou em seu ouvido. Virou-se para olhá-lo diretamente nos olhos, querendo compreendê-lo.

Certamente

deviam

conversar

antes

do

compromisso, mas até agora não fez nada normal em sua vida, assim, por que começar agora? — O que você está pensando? — Perguntou a ele. — Vamos deixar isso para mais tarde, agora vamos jantar. Ela sorriu levemente, mas permanecia nervosa com o que ele iria falar. Mal tocou na comida, tensa e com medo de perder o único homem que realmente sabia como falar com ela, fazê-la feliz e era muito bom de cama. Ficou vermelha ao pensar nisso e Ryker notou seu rubor. Aquelas sobrancelhas sensuais e escuras, que podiam comunicar-se em silêncio, se elevaram, interrogando-a. E quando sacudiu a cabeça, apenas sorriu e piscou o olho para ela maliciosamente. Maldição! Ele sabia exatamente o que se passava por sua cabeça! Pensando bem, não importava que ele percebesse o que a fez ficar ruborizada. Todo seu corpo estava quente e baixou o olhar para o prato. Não queria saber se a estava

observando-a agora. Era vergonhoso que pudesse ler sua mente e linguagem corporal com tanta facilidade. Uma hora depois, levaram seus pais ao hotel. Cricket virou-se ligeiramente no banco para olhar Ryker enquanto ele dirigia o poderoso carro com facilidade. Não precisava ficar ziguezagueando no trânsito para provar que dirigia bem e isto a fazia se sentir muito tranquila. Estava impressionada com seu controle e habilidade e por ser tão seguro de si não era presunçoso nem arrogante. Quando percebeu tudo isso relaxou, desfrutando do passeio e antecipando o momento em que a tomaria nos braços. Pelo menos esperava que fosse tomá-la nos braços. Ficou tensa novamente e voltou a olhá-lo. —

O

que

está

pensando?



Perguntou

Ryker

estacionando na frente da casa dele. Ela pensou em não responder. Tinha medo de parecer muito sedutora se falasse em voz alta. Mas lembrou-se de que estava decidida a ser honesta então respirou fundo e falou: — Perguntava-me o que ia acontecer ao entrarmos em sua casa. Ele deu uma gargalhada. — A esta altura, acho que você não deveria duvidar nem por um instante do que vai acontecer. Faz mais de uma semana que estou sem você. Tem ideia da saudade que estou do seu corpo?

O rosto dela se iluminou e relaxou contra o assento de couro enquanto ele colocava o carro na garagem e descia, sem sequer esperar que a porta da garagem fechasse para sair e dar a volta pela frente do carro. Pensou que talvez devesse esperar que ele chegasse ao seu lado e abrisse a porta, mas não podia esperar. Estava muito desesperada. Depois do que passou o dia inteiro, precisava sentir suas carícias para assegurar-se de que iam ficar juntos, de que não estava arrependido depois de tudo o que soube a respeito de sua família delirante e anormal. Quando ele chegou ao seu lado, fez exatamente o que ela queria. Pegou-a nos braços e pressionou suas costas contra o carro, imobilizando-a com o corpo para beijá-la profundamente, até deixá-la tremendo. Nem percebeu que envolveu as pernas ao redor da cintura dele até ouvi-lo. — Você devia usar saia sempre! — Por quê? — Perguntou, gemendo e mordiscando o pescoço e o ombro dele. Ele não respondeu, mas não precisava falar, dava para saber pela maneira que pressionou os quadris contra ela. Sorriu ao sentir sua ereção. Ele a levantou nos braços e entrou em casa, sem parar sequer para ligar as luzes. Subiu as escadas para o quarto e quando chegou lá colocou-a no chão, rapidamente tirando suas roupas, antes de voltar a beijá-la até que ficasse tonta. — Não vale!! — Ela reclamou quando suas mãos o encontraram ainda vestido.

— Só estou me aproveitando da situação, não me culpe. — Brincou, colocando-a no meio da cama e erguendo o corpo para olhá-la. Seus olhos ficaram acesos ao contemplar sua bela nudez. Ela riu, mas não ia ficar calada. — Você é um homem magnífico, Ryker. — Sussurrou. Depois destas palavras ele arrancou as próprias roupas e ficou entre suas pernas. Com uma rápida investida, afundou-se nela. Cricket suspirou de felicidade e ele a levou o mais alto que jamais acreditou ser possível.

Capítulo 12 Cricket suspirou enquanto aproximava as costas contra ele, desfrutando da sua risada profunda. Sua enorme mão alisava seu ventre e a aproximou ainda mais contra seu peito. —Se voltar a fazer isso, teremos que começar tudo de novo. Ela não apresentou nenhuma objeção, mas sorriu enquanto a puxava pela cintura ficando na posição de conchinha. —Por que quer casar comigo? —Perguntou. Depois de um longo silêncio, pensou que poderia ter dormido,

mas

sua

imediata

resposta

contradisse

tal

possibilidade. Sentiu-o sorrir na escuridão ao escutar sua pergunta um instante antes de lhe beijar o pescoço. —Durante o último mês, as manhãs te observei cruzando a entrada e me alegrava o dia. —Acariciou seu quadril com a mão, até alcançar suas nádegas. —A via sorrir e tudo parecia brilhar mais. Agora que te conheço e te sinto, não vejo a hora para estar casado contigo. Quero passar cada minuto do dia contigo, te fazendo sorrir e te protegendo.

Seu sorriso aumentou e teve que fechar os olhos para que ele não visse as lágrimas de felicidade que caiam deles. —Só por isso? —Riu brandamente, mas escapou um soluço como uma gargalhada e sentiu que seu braço a rodeava com mais força para aproximá-la ainda mais. —Também porque te amo. Amo sua risada e seu cheiro. Amo falar contigo e seus gritos quando goza totalmente entregue a mim. —Sua mão deslizou para cima, para acariciar o bico do seio e ela exalou um gemido; a intensidade do desejo lhe atravessou o corpo como um raio. —E cada vez que fazemos amor, preciso voltar a fazer outra vez. Parece que não me canso nunca de seu corpo fogoso e sensual. Ela voltou a cabeça, olhando-o por cima do ombro. —E se eu engordar? Ou se ficar grávida? Ele soltou uma risada alegre: —Vou me empenhar fortemente para assegurar de que aconteça a segunda opção, porque quero uma família grande. —Beijou seu ombro e disse: —Embora, só meninas, por favor!! Cricket riu divertida, referia-se a seus três irmãos menores. —E o que me diz da minha família? Ele suspirou e apoiou o corpo sobre o cotovelo, de modo que ela ficou de barriga para cima olhando para ele. —Queria discutir isso contigo até que me distraiu esta noite.

Ela riu e deu um murro no braço dele de brincadeira. —Eu te distraí? Estava sentada inocentemente no assento de passageiro quando... —Quando você desceu do carro. —Assegurou com firmeza, como se tudo o que tivesse que fazer era ficar de pé para que ele estivesse preparado para ela. —Não acredito que possa considerar realmente como um método de sedução. —Apontou para cara dele, mas suas mãos deslizaram sobre seus braços musculosos, gozando da diferente textura da sua pele sob as pontas dos dedos. —Sim, foi você que me seduziu. —E lhe deu um beijo para que deixasse de discutir. Cricket começou a derreter com a trilha de beijos que ele dava enquanto prendia suas mãos por cima da cabeça. —Mas agora temos que falar de algo importante. Ela levantou a perna contra sua coxa e moveu ligeiramente. —Eu acredito que isto é muito importante. —Disse exalando uma respiração entrecortada quando seus quadris se

moveram de

encontro onde ele queria encaixando

direitinho dentro dela. Bom... quase. —O arquivo de vídeo. —Disse e essas três palavras a fizeram ficar imóvel, com os olhos abertos pelo medo e olhou seu rosto sério. —O arquivo... —Suspirou. —É igual a sua mãe e seu a pai, não é?

Ela tentou afastar-se. Não gostou nada da pergunta. —Não sou nada parecida com eles. —Replicou, tratando de escapar de seus braços, mas ele a segurou com suavidade e não pôde desembaraçar-se. —É sim. Talvez não roube objetos, mas vi o seu olhar, nesse vídeo. Desfruta quando invade uma propriedade privada, não é? Cricket o olhou furiosa. Recusando a responder sua pergunta. Ryker riu de sua carinha zangada enquanto se achava nua debaixo dele. —Admita, gosta da descarga de adrenalina, não é? Cricket encolheu ligeiramente os ombros. —Sim e o que? Admito! Eu adoro forçar a entrada de escritórios e casas só para ver se posso fazê-lo. Eu gosto da emoção de que não me apanhem e escapar sem que ninguém fique sabendo que estive ali. Isso significa que quer terminar comigo? Fugirá apavorado? Ele riu e inclinou a cabeça ainda mais para beijá-la, mas quando ela desviou a cabeça para o lado, simplesmente mordeu o lóbulo da orelha para castigá-la. Não com muita força, mas o suficiente para lhe mostrar que continuava dominando seu corpo e que não devia sequer tentar fugir dele. —Acredito que deva pedir demissão do seu emprego. — Disse com suavidade, mordiscando o pescoço outra vez. —

Tenho um amigo na Virginia, justo nos subúrbios de Washington que é dono de uma empresa de segurança. Falei com ele esta manhã, contei sobre você, tem uma divisão que põe a prova os sistemas de segurança das companhias. Ela ficou intrigada e virou imediatamente. Voltou o rosto para poder vê-lo no escuro do quarto. —Do que está falando? Como fez isso? —Mas sabia perfeitamente como e para que! E seu corpo inteiro vibrou de excitação ante a possibilidade. Ryker riu e voltou a movimentar seu corpo. Ela gemeu sem fôlego. —Tem uma equipe que assalta edifícios, testando uma maneira que a companhia possa melhorar a segurança de sua propriedade intelectual ou física. São uma combinação de pessoal ex-militares e de inteligência e todos gostam do desafio de violar o sistema de segurança e encontrar maneiras de melhorá-lo. Com toda sua força ela girou e subiu em cima dele. —E? —Perguntou, incorporando-se para ficar sentada sobre seu corpo. Ryker tomou os quadris com as duas grandes mãos e a moveu onde queria que estivesse, adorava observá-la em torno do seu pau entregue a paixão. E quando a deixou louca de desejo inclinou a cabeça para trás enquanto seu corpo se ajustou a sua invasão.

—E... —Disse enquanto colocava uma camisinha um instante antes de mover os quadris, levantando-a contra ele e logo deixando que voltasse a deslizar para baixo. —Tem uma entrevista com ele depois de amanhã. Está interessado em te contratar. —Ryker! —Sussurrou com todo o amor e a excitação que sentia. Aquelas foram as últimas palavras que pôde pronunciar até que voltou a desabar-se sobre seu peito, caindo sobre seu corpo ao retornar lentamente de seu clímax. —Te amo! —Exalou enquanto caía em um profundo sono, com um sorriso no rosto e a sensação de que seu mundo agora era perfeito por estar em seus braços. Com a proposta de trabalho, sabia que ele a aceitava do seu jeito, com suas raridades e excentricidades e tudo o que havia no meio.

Capítulo 13 Cricket correu pelo aeroporto, tentando fazer uma lista de tudo o que tinha para fazer. Casava-se em... logo, pensou, porque não sabia direito o dia. Mas não podia acreditar no novo emprego, muito menos na primeira tarefa! Mitch Hamilton a contratou durante a entrevista, que não foi bem uma entrevista e sim um teste para provar suas habilidades. Quando saiu encontrou Mitch e os outros membros da equipe parados ao lado do prédio "como medida de segurança", todos com a boca aberta de espanto ao vê-la aparecer por trás. Riu ao lembrar-se dos quatro homens, todos enormes e corpulentos, vestidos como membros da SWAT, com calça cargo preta e camisetas que se esticavam sobre os peitos musculosos, também pretas. Dois deles com armas presas nas coxas, ao estilo cowboy. Os quatro tinham o olhar fixo no edifício esperando que ela saísse por cima. Assim, quando apareceu atrás deles com a pasta do arquivo na mão, realmente os surpreendeu. Todos voltaram-se rapidamente, preparados para atacar e ficaram paralisados ao vê-la sorrindo para eles. As únicas palavras ditas foram: "Está contratada" e foram pronunciadas por Mitch enquanto um sorriso aparecia no rosto dos outros homens.

Passou um tempo pensando na primeira missão. Tinha as plantas do prédio dentro da mochila embora não tivesse escolhido ainda como entrar. Em cada um dos trabalhos que iria realizar, sozinha ou com a equipe da Hamilton Securities, devia quebrar o sistema de segurança da companhia que os contratou e colocar um bilhete no escritório de algum funcionário. Quando conseguisse entrar e sair sem que ninguém percebesse, a missão estava completa. Depois disso, tinha que escrever um relatório para o cliente, dizendo onde existiam falhas na segurança e também recomendar as alterações. Mitch cobrava uma nota preta pelos serviços prestados, mas também pagava muito bem sua equipe. Contratou Cricket com um salário que era o triplo do que ganhava em seu emprego como contadora. Teve que entregar a Jason Moram sua carta de demissão e o deixou furioso quando não cumpriu as duas semanas de aviso prévio. Mas como tinha que vender sua casa, fazer a mudança dos móveis para casa de seu noivo e ainda planejar o casamento, ficava difícil. E nesta primeira missão tinha que pensar em uma maneira de entrar no museu que mais parecia o Fort Knox. Tudo isso ao mesmo tempo? Impossível então a primeira providência foi sair do emprego para começar o novo. Oh e tinha que convidar as amigas para o seu casamento. Sim, isso também era prioridade.

Suspirou ao sair do aeroporto O'Hare em Chicago, pensando em tomar um táxi para a casa de Ryker. Talvez pudesse preparar um jantar especial... — Precisa ir a algum lugar moça bonita? — Perguntou uma voz profunda, atrás dela. Cricket deixou cair o braço que ergueu para chamar o táxi e jogou-se nos braços de Ryker, sorrindo. — Fui contratada! — Exclamou excitada. Tudo o que podia pensar era casar com este homem e fazê-lo tão feliz como ele a fazia. — Amo você! — Disse, antes de ficar na ponta dos pés para beijá-lo. Ryker a olhou sorrindo também e feliz por vê-la tão entusiasmada. Sabia que ela estava contratada porque Mitch ligou pela manhã perguntando onde a encontrou. Quando explicou que Cricket era sua noiva, Mitch riu e Ryker inclusive pode ver pelo Skype seu amigo sacudindo a cabeça. — Desejo uma vida longa e muita felicidade, amigo. — Disse ele. Isso era o que ele também esperava! Ryker abraçou sua bela noiva e a conduziu para o carro.

Epílogo —

Pensou

alguma

forma

de

comunicar

nosso

compromisso à meus irmãos depois da festa? — Perguntou Ryker, ajustando a gravata do smoking em frente ao espelho. Cricket desapareceu há vários minutos dentro do closet e ele não tinha nem ideia do que estava acontecendo. — Cricket? — Chamou, colocando as abotoaduras de ouro que Ash deu de presente aos padrinhos do seu casamento. Cricket saiu do closet e as sobrancelhas de Ryker juntaram-se quando lançou um olhar furioso para o vestido de cetim azul, que moldava as curvas do corpo dela. — Que diabos de vestido é esse? — Perguntou zangado, olhando o corpo espetacularmente sensual envolvido em cetim azul. Cricket sorriu calorosamente, dando voltinhas para ele. — É um vestido de dama de honra, bobo! — Respondeu, alisando o cetim sobre os quadris. — O que você está pensando? Ryker sentiu a boca seca e a fulminou com o olhar. Pensou que estava com vontade de arrancar esse vestido. Não podia deixá-la sair à rua com ele.

— Acho que você deve procurar outra coisa para vestir. — Disse, com voz grave. Cricket o olhou, surpresa. Depois caminhou para ele com um enorme sorriso no rosto. — Acho que Mirna deve estar tramando algo. — Explicou, deslizando as mãos sobre a camisa de seda do smoking. Ryker apertou os quadris dela com força. — Missão cumprida! — Sua voz ficou rouca à medida que as mãos percorriam seu corpo explorando as deliciosas curvas sob o vestido fino. De repente ele parou e a olhou surpreso. — O que está acontecendo? — Perguntou, nervosa com o olhar dele. — Todas as damas de honra vão vestir este modelo? — Ele estava pensando que gostaria que uma pessoa em particular vestisse o mesmo modelo. — Sim, parecido. — Replicou ela, confusa. — Por quê? Ryker sorriu e a beijou atrás da orelha. — Porque significa que Xander verá April com este vestido. Cricket ficou com o olhar perdido por um tempo, até que entendeu o que ele queria dizer e sorriu também. — Sim, claro que vai ver! — Exclamou, ficando na ponta dos pés para abraçá-lo. — Acha que vai funcionar? — Perguntou. Seu corpo vibrava antecipando o momento.

Ryker encolheu os ombros. — Até agora nada conseguiu fazer aqueles dois pararem de brigar. — Pensou que eles começaram a se acertar, porque deixaram de provocar-se. Mas ultimamente a hostilidade voltou, inclusive estavam mais agressivos que antes. — Não sei por que April simplesmente não beija o Xander. — Disse Cricket, afastando-se de Ryker para colocar o colar e os brincos de pérolas falsas. Ryker a observou com as sobrancelhas franzidas. — Você está precisando de joias de verdade. — Falou com firmeza. — E April não fará isso porque Xander se comporta como um imbecil com ela. —Tirou uma caixa que escondeu no bolso e mostrou a Cricket. Ela olhou a caixa com medo de tocá-la. — O que é isso? — Perguntou, colocando as mãos atrás das costas para não poder pegar e ver o que tinha dentro. — Por que não abre para ver? — Sugeriu, com um brilho quase maligno nos olhos. Cricket sacudiu a cabeça. — Não. É uma joia e não vou aceitar mais presentes. Já gastou muito comprando esse anel. — Disse, colocando a outra

mão

sobre

o

anel

frequentemente. — Pegue a caixa, Cricket. Ela sacudiu a cabeça.

de

noivado,

como

fazia

— Ryker, guarde e devolva para loja. — Pegue a caixa. — Repetiu, o brilho de seus olhos se transformando em um desafio. Cricket cruzou os braços e sacudiu a cabeça mais uma vez. — Você não pode me dar ordens o tempo todo. — Disse com firmeza. Ele não respondeu, somente arqueou uma sobrancelha. Ela soltou um gritinho. — Tudo bem. Você pode dar ordens na cama. Às vezes. — Riu cinicamente. Ele soltou uma gargalhada e colocou a caixa em cima da cama para abri-la e tirar um deslumbrante colar de diamantes. As belíssimas pedras cobriam seus dedos como uma cascata de brilhantes. Cricket deu um grito abafado e o olhou fixo. Seu corpo inteiro ficou paralisado com semelhante extravagância. — Não! — Sussurrou, com reverência e indignação. Ele sorriu ao perceber seu olhar. — Sim. — Sussurrou ele, virando-a para o espelho enquanto beijava seu pescoço. As mãos moveram-se com perícia para colocar o colar. Olhou-a no espelho, arrumando os diamantes que formavam um círculo perfeito ao redor do pescoço delicado. — Assim eu gosto mais. Cricket levantou a mão e tocou a joia, maravilhada.

— Isto é muito. — Disse com suavidade. Seu olhar de preocupação cruzou com o dele no espelho. — Não posso aceitar. — Você não tem alternativa. — Respondeu estendendo o braço atrás dela para levantar a caixa novamente. Ela quase desmaiou quando viu os brincos que faziam par com o colar. — Ryker! — Tremeu, sentindo as pernas fracas. Encostou-se contra ele para não cair de emoção e sentiu quando Ryker envolveu sua cintura com o braço para firmála. — Isto é escandaloso! — Agora tenho direito de enchê-la de presentes. — Disse estendendo os brincos na frente dela. — É melhor se acostumar. Tenho muito dinheiro guardado e não tinha ninguém com quem gastá-lo. Assim, aguente. Tire as pérolas, Cricket. Ryker acariciava a pele atrás da sua orelha, provocando um calafrio de prazer. — Não. Por favor, devolva-os. — Suplicou. — Não posso devolvê-los. — Riu carinhosamente. — E me faz feliz ver você com estas joias. Por favor, coloque os brincos. Quando

ele

pedia

assim

era

impossível

negar.

Rapidamente tirou o outro par de brincos e os substituiu pelos brilhantes.

— Você vai acabar me acostumando mal. — Disse, virando-se sorridente e acariciando o seu rosto. — Não se trata disso meu amor. — Ele a beijou com doçura. — Agora, vamos andando. Quero ver o que o Xander vai fazer quando olhar April nesse vestido. — Pegou a mão dela e a conduziu para porta. — Além disso, quanto mais rápido chegarmos, mais rápido poderemos sair. Eu quero fazer amor com você. Sem esse vestido. — Você é impossível. — Disse, rendendo-se a paixão de sua vida. O amor não precisava mais esperar.

FIM
Elizabeth Lennox-Thorpe Brothers-03-His Secretive Lover-Rev

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