Devney Perry - Jamison Valley Series 2 - The Clover Chapel

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Sinopse

Ela pegou um desafio e se apaixonou. A verdade teria sido a escolha mais inteligente. Depois de anos vivendo sob o polegar de seu pai, Emmeline está pronta para se libertar. Ela abandonou sua vida como uma socialite de Nova York para seguir seu sonho de se tornar uma professora de jardim de infância em uma cidade pequena e saudável. Ver o homem que quase a quebrou não era absolutamente o que ela esperava encontrar em Prescott, Montana. Nick não via sua Emmy em nove anos, mas isso não significa que ele esqueceu algo sobre a mulher que ama. Depois de apenas uma noite feliz como marido e mulher, ele desistiu dela, sacrificando sua própria felicidade para mantê-la segura - longe dele. Mas no momento em que ela volta para sua vida solitária é o momento em que ele decide nunca deixá-la ir de novo. Ele não vai desperdiçar sua segunda chance. Tudo o que ele tem que fazer é reconquistar o coração de Emmeline, mantê-la a salvo das sombras em seu passado e provar a ela que apostar nele é uma aposta certa.

Prólogo

— Eu não sou uma pirralha mimada! O homem sentado ao meu lado bufou. — Você está sentada aí no canto nos encarando. Você não disse uma palavra até agora. Toda vez que alguém fala em fazer algo divertido você revira os olhos. Sim. Você é uma pirralha mimada. Ele estava certo. Eu estava olhando para todos e não disse uma palavra por mais de uma hora e eu posso ter rolado meus olhos uma ou duas vezes. Eu realmente tinha feito isso na menção de ir a um show de stripper masculino. Mas este fim de semana não estava saindo como planejei e, por isso, meu mal humor. — Eu não sou uma pirralha. Só não estou me divertindo. Minhas amigas e eu havíamos planejado esta grande viagem a Las Vegas na primavera para celebrar meu aniversário amanhã e nossa futura formatura em Yale. Desde que todas as nossas férias de primavera anteriores foram gastas estudando ou fazendo estágios, nós decidimos que na nossa última folga, aventura e loucura eram muito necessárias. Eu deveria estar me divertindo com minhas amigas, fazendo memórias que durariam a vida toda.

Em vez disso, eu estava infeliz. A última coisa que eu queria era estar sentada na nossa limusine, espremida no canto de trás, porque agora havia quatro caras amontoados com a gente. Minhas amigas, ao contrário de mim, ficaram muito felizes por estar com esse grupo de estranhos. Steffie estava imprensada entre dois dos homens, ambos olhando para o amplo decote despejando seus seios para fora de seu pequeno vestido prata. Marian e Alice estavam penduradas no bad boy, um homem vestindo uma camisa sem mangas para mostrar seus enormes músculos e sua infinidade de tatuagens. Isso me deixou no canto, ao lado de um cara que claramente não tinha nenhum problema em insultar um estranho. — É culpa sua se você não está se divertindo. — ele disse. — Suas amigas não estão com medo de se divertir. Não é como se fosse difícil. Estamos em Vegas. — Estou ciente da nossa localização. Ele estava certo novamente. As garotas estavam genuinamente se divertindo, aproveitando ao máximo esta noite na cidade do pecado, se permitindo enlouquecer. Por que eu não podia? Triste e derrotada, eu afundei ainda mais no assento. — Esta deveria ser a nossa última aventura — eu disse. — Um fim de semana louco juntas que nós nos lembraríamos pelo resto de

nossas vidas. Esta viagem era para nos divertimos juntas, mas ontem à noite, todas elas encontraram caras diferentes para sair e me abandonaram. E desde que eu não queria ter um caso de uma noite ou ficar bêbada sozinha em algum bar desagradável, eu assisti TV no nosso quarto de hotel. — Se você quer ter uma noite louca, você vai ter que relaxar. Você está tensa. — Eu sou n... — Eu comecei, pronta para me defender novamente, mas parei. Em vez disso, eu me virei para a janela e murmurei a verdade. — Eu sei. Eu esperava que ele me ignorasse agora e me deixasse sozinha no meu canto, eventualmente tentando roubar as atenções de Marian ou de Alice de seu amigo “bombadão”. Então, quando ele envolveu seu braço em volta da parte de trás dos meus ombros e me afastou da janela, eu ofeguei, surpreendida tanto pelo seu toque quanto pela sua proximidade. E então eu congelei. Quando os homens entraram na limusine, eu estava tão ocupada olhando para Steffie convidando-os para vir junto que eu realmente não tinha olhado para ele. E porque ele sentou ao meu lado, eu só vislumbrei o seu perfil. Uau, eu perdi isso. Ele era impressionante.

A visão fez meu coração bater com força, seu ritmo ecoou por todo o meu corpo. Seus olhos castanhos eram emoldurados por cílios espessos e escuros. Sua mandíbula estava coberta por uma curta e escura barba castanha. Aposto que era macia e faria cócegas se ele beijasse o lado do meu pescoço, ou outros locais. Seu nariz era reto com uma pequena saliência na ponte. Seu cabelo estava desgrenhado e excessivamente longo, mas a aparência bagunçada

não

o

fez

parecer

desleixado. Era

sexy

e

despreocupado. Ele não dava a mínima se o seu cabelo estava uma bagunça. Eu agarrei a bainha do meu vestido para evitar que minhas mãos se estendessem e enroscassem meus dedos através dos fios grossos. Então eu me forcei a inalar. Seu lindo rosto por si só me deixou tonta. Ele era de longe o homem mais bonito de seu grupo. — Eu posso ajudar com isso. — disse ele, sua boca virando para um lado em um sorriso torto que fez minha barriga tremer. — O quê? — Eu estava tão impressionada com suas características magníficas, que eu tinha esquecido o que eu disse. Com minha pergunta, sua boca se alargou em um sorriso completo. Sob seus lábios carnudos estavam dentes perfeitamente retos e brancos. Eu queria beijar essa boca. Eu nunca beijei um homem com um sorriso tão bonito antes.

— Se você continuar olhando para minha boca, eu vou beijar você. — disse ele. Eu estudei seus lábios quando ele formou as palavras, incapaz de puxar meus olhos para longe de sua boca. Eu queria isso. Eu queria tanto que ele me beijasse que meu corpo começou a tremer. A atração que eu senti por ele foi o sentimento mais forte e intenso que já tive. — Ainda não. — ele sussurrou. Eu tirei meu olhar da sua boca e olhei em seus lindos olhos. Rodeados com um círculo de cinza escuro, os centros eram verdes salpicados de marrom dourado. Mesmo com a luz moderada da limusine, as cores eram vibrantes e ousadas. — Você ainda quer uma aventura? Eu pisquei algumas vezes, me forçando a sair do meu transe. — Sim. — eu sussurrei, surpresa com a minha resposta e que eu realmente fui capaz de responder. Seu sorriso ficou maior. — Eu posso fazer isso. Ele pode ser um estranho, mas eu me sentia segura ao seu lado. Não importa o que faremos hoje à noite, seria incrível só porque eu estava com ele. — Qual é o seu nome? — Ele perguntou. — Emmeline Austin.

— Emmy. Eu sou Nick Slater. **** — Você já esteve em uma montanha russa? — Nick perguntou quando a limusine se afastou da calçada. — Uma vez quando eu era mais jovem. Isso me assustou e eu não gostei. — Eu não fiquei com medo da altura, mas a velocidade insana e os giros violentos me deixaram a beira das lágrimas. — Vai ser montanha russa então. — Você não acabou de me ouvir dizer que isso me assustou? — Claro. — Ele deu de ombros. — Mas isso é uma aventura. E qualquer aventura que valha a pena é um pouco assustador. — Que tal bebidas em vez disso? Ou poderíamos assistir a um show? Ele pegou minha mão. — Vamos, Emmy. Nós vamos dar um passeio. Eu não perdi sua insinuação brega, então eu dei a ele o meu melhor revirar de olhos enquanto caminhava atrás dele. Com um puxão forte ele me trouxe para o lado dele. Nunca soltando minha mão, andamos lado a lado pela calçada lotada. Minha mão pequena se encaixou perfeitamente em seu grande aperto e meus dedos naturalmente entrelaçaram com os dele.

— Lá em cima. Esse é o nosso passeio — ele disse, levantando nossas mãos unidas para apontar o Hotel Stratosphere. Eu olhei para cima. Um carro de montanha russa circulava o topo do arranha-céu. — Não. De jeito nenhum. Montanhas-russas que começam no nível do solo são assustadoras o suficiente. Eu não preciso experimentar uma que fica a trinta andares do chão. — Eu te desafio a fazer isso. — Um desafio? Nós não estamos no ensino médio, Nick. Ele parou de andar e entrou no meu espaço, seu hálito de menta bateu na minha bochecha. — Um desafio é um desafio, Emmy. Não importa quantos anos você tem. Você pode dizer muito sobre uma pessoa por sua reação a um desafio. Uma onda de calor se espalhou pelo meu rosto em seu tom íntimo e sua proximidade. Meu coração começou a acelerar novamente. Seus olhos vibrantes estavam olhando para mim com tanta

intensidade

que

minhas

preocupações

e

reservas

desapareceram. Enquanto eu pudesse olhar naqueles olhos, tudo ficaria bem. **** — Divertido? — Nick perguntou, me ajudando a sair do carro da montanha-russa.

— Sim. — No segundo em que o passeio terminou, um enorme sorriso tinha rompido em meu rosto. — Bom. A seguir, vamos a um clube de strip-tease. — Absolutamente não. Eu não tenho nenhum desejo de ver você cobiçando mulheres nuas, perfeitamente plastificadas, enquanto elas dançam na sua frente. Um sorriso torto se estendeu por sua boca. — Te desafio. — Oh pelo amor... — Eu murmurei e passei por ele, o arrastando para trás de mim. — Vamos. Nick assumiu a liderança quando batemos na calçada e nos levou ao nosso show. Eu estava tão feliz por estar com ele, ainda que no alto da montanha-russa, eu tenha apagado o mundo a nossa volta e me agarrei firmemente ao seu lado. Quando chegamos perto, ele me pediu para fechar os olhos e confiar nele. — Ok. Abra seus olhos, Emmy — ele disse contra meu ouvido, enviando um arrepio pelo meu pescoço. O sorriso no meu rosto desapareceu quando eu abri meus olhos. De alguma forma ele conseguiu proteger os cartazes do cassino porque, se eu tivesse visto aonde ele estava me levando, eu teria protestado veementemente. — O quê? — Meus pés se recusaram a entrar na sala. Nós tínhamos acabado de atravessar as portas para o Thunder From

Down Under. — Eu achei que você disse que estávamos indo para um clube de strip. — Nós estamos. Você só presumiu que eu quis dizer strippers femininos. — Não vou ver homens cheios de óleo vestidos como os Village People girando no palco. — Muito tarde. O show começa em três minutos. Vamos pegar uma bebida rápida e depois ir para os nossos assentos — disse ele, me arrastando para o bar. Nick ergueu o queixo, chamando a bartender que ignorou as massas de mulheres nos cercando e veio diretamente a ele. Ela provavelmente estava feliz por ter uma pausa do estrogênio e servir o único homem neste show ridículo. Também não ajudou que Nick estava muito gostoso. — Quatro lemon drope. Duas doses de Jack sem gelo. — pediu Nick. Um minuto depois, todas as seis doses foram alinhadas na nossa frente. — Aqui está, Emmy. Comece. — Ele apontou para os lemon drops. — Eu não posso tomar quatro doses! Eu vou vomitar! — Esse comentário me rendeu estranhos olhares das mulheres por perto. — Apresse-se. — disse ele, tamborilando os dedos no bar. — Você vai precisar disso.

— E você? Ele respondeu pegando as doses de uísque e tomando, um logo após o outro. Se eu não começasse, ele apenas me desafiaria novamente, então eu relutantemente peguei um copo e coloquei a borda coberta de açúcar em meus lábios. Depois de uma respiração funda, eu inclinei minha cabeça para trás e deixei o líquido doce rolar direto na minha garganta, queimando todo o caminho até a minha barriga. Eu fiz uma careta, mas consegui repetir o processo com as outras três doses. — Eu nem sequer tive que te desafiar dessa vez. Você está relaxando, Emmy. — Nick sorriu abertamente me levando para longe do bar, para os assentos da seção VIP. Me afundei em uma cadeira de encosto reto, levemente almofadada, depois me inclinei para sussurrar no ouvido de Nick. — Sem julgamento se você for, talvez eu tenha interpretado mal as coisas entre nós, mas essa é a sua maneira de me dizer que você é gay? Ele jogou a cabeça para trás e riu alto. Sua risada era incrível. Rica. Profunda. Honesta. E longa. Ele continuou até que o show começou e seu som foi abafado pela música tocando e os gritos do público. Quando ele finalmente

parou de rir, ele virou e colocou ambas as mãos no meu queixo. Suas mãos grandes emolduraram meu rosto completamente. Eu olhei para sua boca, esperando para ver o que ele ia dizer, mas ao invés de falar, ele lambeu os lábios, enviando um formigamento direto para o meu centro. Então sua boca desceu para a minha, seus lábios macios assumindo, persuadindo minha boca aberta para que ele pudesse mergulhar a língua dentro e me provar. Antes que eu pudesse beijá-lo de volta, ele recuou um centímetro. — Isso responde a sua pergunta? — Suas mãos ainda estavam emoldurando meu rosto, mas eu consegui dar um aceno de cabeça. Ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz antes de virar para o palco. Eu observei, sem piscar, seu perfil, só vendo o show perifericamente. Um homem seminu tinha acabado de tirar a camisa e estava desfilando com um chapéu de bombeiro e calça larga. Eu mal ouvi os gritos quando o stripper começou a desabotoar suas calças. A batida do meu coração e a pressão do sangue em meus ouvidos eram ensurdecedores. Eu estava em choque. O jeito que os lábios de Nick se moveram nos meus e a carícia suave de sua língua tinha sido como nenhum outro beijo que eu já tive. Absorvida em pensamentos, eu me assustei quando uma mão pousou na parte de trás da minha cadeira. Me virei para ver o que

estava acontecendo em uma fração de segundo antes do braço de um homem me puxar do meu lugar e sair da seção VIP. — Divirta-se! — Nick falou antes de eu ser levada ao palco por um stripper vestido como policial. — De jeito nenhum! — Eu gritei, me afastando do policial falso. Meus pés estavam apontados para a saída, mas eu não dei nem dois passos para minha fuga antes do bombeiro quase nú e do policial agora sem camisa me empurrarem para uma cadeira no centro do palco. Eu sentei, mortificada, quando os dois começaram a balançar suas partes viris na minha cara e a roçar nas minhas pernas. As risadas e os gritos da plateia soaram alto em meus ouvidos quando meu rosto ficou violentamente vermelho. E acima de todo o barulho feminino estava a risada máscula, estrondosa de Nick. Olhando através das luzes brilhantes do palco, procurei por ele na plateia. Eu perdi a noção quando um terceiro stripper se juntou ao show, este vestido com um chapéu de cowboy e cueca marrom estampada com ferraduras. Nick estava certo. Eu precisava daquelas quatro doses. Depois de uma eternidade, fui libertada daquela cadeira tortuosa, mas não voltei para Nick. Eu marchei direto para o bar agora deserto, onde eu prontamente pedi mais duas doses.

— Você se saiu bem, Emmy. — disse Nick quando chegou do meu lado. — Mas eu acho que já chega de loucura por um tempo. Tem vontade de jogar? — Se isso significa que podemos sair daqui, então, absolutamente, sim. Ele se abaixou e colocou um beijo curto e doce na minha testa. — Vamos. De mãos dadas saímos do meu primeiro, e espero que único, show de strip masculino para continuar nossa aventura em Vegas. O ar da noite no deserto tinha esfriado, mas ainda estava quente o suficiente para andar no meu pequeno vestido preto. Eu comprei este vestido especialmente para a viagem, esperando que fosse sexy o suficiente para que eu não parecesse uma bibliotecária em comparação com o guarda-roupa de Steffie de vestidos justos e mini blusas sexy. Ele tinha mangas compridas e um decote generoso que emoldurava os pequenos seios que eu tinha. Seu ajuste curto e apertado dava ao meu corpo pequeno a ilusão de curvas. A maioria dos homens ao nosso redor estavam vestidos com ternos completos. O tipo de homem que meu pai esperava me ver caminhando. Se ele me visse agora, passeando com o Nick, seu rosto me daria aquele olhar de desaprovação que eu conhecia muito bem. Nick estava vestido com uma camiseta preta que estava agarrada firmemente em seu peito largo. Quando ele cruzava os

braços, apertava em torno de seus grandes bíceps, exibindo todos os contornos do seu corpo esculpido. Ele usava um par de jeans desbotados que assentava perfeitamente em seus quadris e coxas musculosas. Sem mencionar as coisas maravilhosas que fazia por sua bunda. Ele tinha uma aparência melhor do que qualquer um dos homens vestidos com ternos pelos quais passamos. Querendo saber mais sobre o meu novo amigo lindo, perguntei: — Onde você mora? — Colorado. — Oh. — Eu fiz uma careta. Colorado e Connecticut estavam em lados opostos do país. — O que você está estudando? — Ele perguntou. — Marketing e relações públicas. — Isso é o que você quer fazer? Respirando fundo, contei algo que só Steffie sabia. — Não. Mas meu pai espera que eu vá trabalhar em sua empresa de arrecadação de fundos políticos. Eu odeio isso, na verdade. Parece como se eu estivesse aprendendo a ser falsa e a tirar o dinheiro das pessoas. Eu sempre quis ser professora. Eu realmente amo crianças, mas isso não é uma possibilidade para mim. — A vida é curta, Emmy. Faça o que te faz feliz.

A aceitação de meu pai me faria feliz e a única maneira de obtêla era obedecendo seus desejos. Não querendo mergulhar nesse tema deprimente, mudei de assunto. — E você, Nick? Você faz algo que te faz feliz? Seu corpo ficou tenso e ele demorou um momento antes de responder. — Mais ou menos. — Seu tom era definitivo e não haveria mais explicações. O resto da nossa caminhada até o cassino foi em silêncio, mas Nick nunca soltou a minha mão. Quanto mais caminhávamos, mais firme ele segurava, e quando nos sentamos em uma mesa de blackjack, nós dois nos livramos de nossos humores e voltamos a sorrir e rir. Trezentos dólares depois, eu tinha um vago senso das regras e poderia acrescentar um muito, muito ruim no blackjack em meu currículo. Os jogos de azar se transformaram em mais bebidas e depois passeamos pela Strip. Nós viemos parar em frente à Ilha do Tesouro, onde Nick e eu assistimos a batalha de piratas renegados se enfrentando em meio a explosões pirotécnicas. De pé no meio da multidão, Nick envolveu ambos os braços em torno de mim, me puxando seguramente em seu peito. Minhas mãos seguraram seus musculosos antebraços. Mesmo que tivéssemos compartilhado um beijo, isso pareceu mais íntimo. Não foi tão elétrico quanto quando nossos lábios se tocaram, mas com nossos corpos descansando um contra o outro eu senti uma conexão com Nick que eu não queria cortar.

Nós nos encaixamos perfeitamente. Seu grande corpo embalou o meu pequeno corpo, como se seus braços fossem feitos para se enrolar em volta de mim e só de mim. Minhas bochechas doíam de sorrir. Nick me fez rir mais em uma noite do que eu poderia lembrar de fazer em anos. Talvez nunca. E ainda tínhamos o resto da noite juntos. O pensamento me deu borboletas. Pela primeira vez, eu não tive que agir de uma determinada maneira ou me comportar de acordo com os padrões estabelecidos pela minha família. Eu poderia apenas ter um bom tempo com o belo homem de pé atrás de mim. Sem regras. Sem estresse. Sem expectativas. Estar com Nick fez com que eu me sentisse livre. Sua confiança e graciosidade eram contagiantes. Eu poderia ser eu mesma. Fazer o que eu quisesse. Dizer o que eu quisesse. Esta Emmeline era relaxada. Feliz. — Vamos nos casar. — Nick sussurrou em meu ouvido. — O que? — Eu engasguei, me virando para olhar para ele com os olhos arregalados. — De onde veio isso? — Vamos nos casar. Você disse que queria loucura. Nada é mais louco do que duas pessoas que acabaram de se conhecer se casar em Las Vegas. — Não podemos nos casar!

Seus olhos vibrantes brilharam quando sua boca formou um sorriso torto e presunçoso. — Te desafio. **** — Você não precisa comprar esse anel para mim. É muito caro. — eu disse. Eu virei meus olhos para a joia. Em cima de um pano de veludo havia um diamante de dois quilates. Um anel com diamantes menores o enfeitava e uma variedade de diamantes retangulares refletiam luzes nas laterais como raios de sol. As bordas formavam um luxuoso hexágono em ouro rosa. Era requintado. Era caro. Muito caro. Eu não sabia da situação financeira de Nick e nunca o colocaria em uma situação que tivesse que gastar demais. — Muito caro? — Ele repetiu. — Diz a garota que fica na suíte do Bellagio, que passeia em uma limusine privada e acabou de gastar cinco mil em um pedaço de metal para mim. — Eu não preciso de nada extravagante, Nick. Segurando meu queixo em suas mãos grandes, ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. — Comprar um anel que faz seu rosto se iluminar como o sol é algo que eu quero fazer. Eu faria praticamente qualquer coisa para

ver esse olhar no seu rosto todos os dias. Eu não estou sem dinheiro, Emmy. Eu posso comprar esse anel. Mas mesmo se eu fosse pobre, encontraria uma maneira de consegui-lo. Uau, isso foi bom de ouvir. Meu rosto se abriu em um sorriso radiante. Não durou muito porque Nick se inclinou e capturou minha boca. Bem no meio da joalheria

nossas

línguas

se

emaranharam

em

um

beijo

profundo. Minhas mãos exploraram os cumes definidos de seu peito enquanto seus braços se uniam em volta das minhas costas e puxava meus quadris firmemente contra os dele. Quando ele finalmente se afastou, eu estava sem fôlego e meu coração estava saindo do meu peito. Sua dureza se esfregou contra o meu quadril e eu estava em chamas. Balançando para os lados com os joelhos trêmulos, me agarrei à camisa de Nick para não cair. Eu queria um beijo assim todos os dias pelo resto da minha vida. Uma limpeza na garganta quebrou nossa bolha feliz. Nick se virou para a vendedora, mas manteve um braço ao redor da minha cintura para me firmar em meus pés. Ele pegou o anel da mão da funcionária e deslizou lentamente no meu dedo. Arrepios se espalharam na minha mão, e subiram pelo meu braço quando o anel ficou posicionado perfeitamente contra a minha junta.

Eu admirava a joia e como ela parecia perfeita no meu dedo. Como minha mão parecia perfeita na de Nick. Olhando em seus olhos vibrantes, eu sabia que Nick era o único homem para mim. Eu encontrei a pessoa certa. O destino, algo que eu não acreditava até hoje à noite, nos uniu. Nós apenas estivemos juntos por algumas horas, mas eu estava inegavelmente apaixonada. — Quando vocês dois vão se casar? — Perguntou a vendedora. — Hoje à noite. — Disse Nick, não tirando os olhos dos meus. — Oh parabéns! Qual capela vocês escolheram? — Ela perguntou. — Nós não escolhemos uma ainda. — Bem, se eu puder lhes fazer uma recomendação... Uma hora depois Nick me ajudou a sair de um carro em uma vila em frente à Capela The Clover. — Uau. — Meus olhos percorreram o encantador edifício. As paredes de estuque branco eram pontilhadas de intrincados vitrais feitos em azul e verde. Um pequeno campanário no topo do telhado continha um sino de latão. Videiras com pequenas flores brancas subiam pelas paredes cobrindo o estuque. A vendedora não estava errada. Era incrível.

Senti o calor de Nick ao meu lado e meus dedos naturalmente encontraram os dele. Eu corri para puxá-lo para dentro, mal contendo minha animação para ver o interior da capela. O ar evaporou dos meus pulmões no instante em que cruzamos as portas de madeira clara com um pequeno trevo de quatro folhas preso ao topo de sua armação. A beleza dessa capela estava além de qualquer um dos meus sonhos mais loucos. Através de uma entrada arqueada bem à nossa frente havia um pequeno corredor alinhado com pequenos bancos de madeira. No seu final tinha uma pérgula com vegetação, galhos brilhantes, luzes pisca-pisca e magnólias brancas. Flores brancas de glicínia suspensas enchiam o teto aberto. Nós tínhamos acabado de entrar em um jardim das maravilhas. Alguém tinha entrado em minha mente e criado o cenário para o casamento dos meus sonhos. Magia. — Olá! Bem-vindos à Capela The Clover. — disse a recepcionista. — Como posso ajudá-los? — Nós gostaríamos de nos casar hoje à noite. — disse Nick. — Parabéns! Clover vai ficar tão animado. — Ela abriu um fichário para nos mostrar seus pacotes de casamento. Quando fizemos nossa escolha, ela mesma saiu para encontrar o Padre Clover.

— Você vai se arrepender disso? — Nick perguntou, me puxando em seus braços. Sua pergunta era sincera. Ele não me culparia se eu escolhesse desistir desse desafio. Mas isso não era mais uma aventura louca para mim. Era real. Nós éramos reais. Não importava que eu não estivesse usando um vestido de grife e meu cabelo não estivesse em um penteado elaborado. Eu não queria gastar uma fortuna no meu casamento. Eu odiava os fiascos pretensiosos e exagerados que meus amigos noivos planejavam. Tudo que eu queria era casar com um homem que era o único para mim. Nick era esse homem. Eu não conhecia todos os detalhes mundanos de sua vida ou seu passado. Eu aprenderia isso com o tempo. Por enquanto eu sabia o que era importante. Nick era gentil, generoso e carinhoso. Ele olhava para mim como se eu fosse a única mulher no mundo. — Não, não vou me arrepender de me casar. Você vai? — Eu esperava com todas as minhas forças que a resposta fosse não. — Absolutaporramente, não. Minha respiração engatou e eu lutei para engolir o nó em minha garganta. Nunca na minha vida essa frase ridícula tinha soado tão maravilhosa.

— Estamos prontos para vocês. — disse a recepcionista, colocando a cabeça para fora na entrada. Nick esticou o cotovelo e passei meu braço pelo dele antes que ele me escoltasse pelo corredor. Passo a passo nós caminhamos juntos para o padre Clover em pé sob o arco. Dez minutos depois éramos marido e mulher. Nós repetimos os votos tradicionais, prometendo amar e respeitar um ao outro até que a morte nos separasse. Com permissão para beijar sua noiva, um sorriso se espalhou pelo rosto de Nick quando ele me levantou em seus braços. — Oi, esposa. — Oi, marido. A luz em seus olhos estava dançando. Imaginei que os meus pareciam do mesmo jeito. Eu deixei meus lábios nos seus para um beijo que eu nunca esqueceria. O momento em que nossos lábios se tocaram o mundo ao nosso redor se dissolveu. Havia apenas nós. Deixando a capela, mal nos falamos quando a recepcionista nos entregou nosso certificado e fotos do casamento. Os sorrisos nos nossos rostos eram tão grandes que não podiam ser quebrados por palavras. Nunca na minha vida eu tinha sido tão delirantemente feliz.

— Você acredita em destino? — Eu perguntei a Nick enquanto voltávamos para o Bellagio. — Sim. — Vamos fazer isso funcionar? — Eu sussurrei. — Foda-se! Claro que vamos. Qualquer

ansiedade

persistente

no

meu

estômago

desapareceu. — Como? — Nós apenas vamos. Nós pertencemos um ao outro. Amanhã vamos descobrir o que faremos. Hoje à noite vamos apenas ser nós dois. — OK. Vamos ser apenas nós. — eu disse, agradecendo a todos os anjos no céu que eu tive sorte o suficiente para tê-lo como meu. **** — Nick? — eu chamei através da sala de estar da suíte do hotel. Eu tinha acabado de acordar sozinha, e depois de procurar no quarto e no banheiro, eu andei para a área comum, na esperança de encontrá-lo com café. As doses da noite passada tinham me dado uma leve dor de cabeça e eu precisava de cafeína. Ele não estava no sofá nem na cozinha. Voltei para o quarto para vestir alguma roupa, mas parei quando um objeto brilhante na mesa do foyer chamou minha atenção.

Quanto mais me aproximava da mesa, mais pesados meus passos soavam no chão de mármore polido. Eu conhecia aquele objeto brilhante. Era a aliança de platina que eu coloquei no dedo de Nick na Capela The Clover na noite passada. Eu estendi a mão e deixei meus dedos acariciarem o metal frio. Deslizando a aliança para o lado, eu li a nota de apenas uma palavra. Desculpa.

Capítulo Um Nove anos depois...

— Emmeline? — Oi! Entre, Rich. — falei sorrindo para o diretor da escola e meu chefe. Rich Garcia, um homem hispânico baixinho de quarenta e poucos anos, atravessou o piso de linóleo para a minha sala de aula. — Eu só queria checar e ver como está indo o seu primeiro dia de reuniões com os pais. — Tem sido ótimo! Eu só tenho mais três famílias para conhecer. Todo mundo tem sido acolhedor e gentil. Estou ansiosa para começar com as crianças na próxima semana. — Oh, bom. — Seu corpo relaxou. — Às vezes essas apresentações de pais e professores podem ser difíceis. Eu não queria que ninguém te assustasse. Estamos tão felizes por você ter se mudado para Prescott e se juntado à nossa equipe. Eu sorri largamente. — Não há como me assustar. Este é o meu emprego dos sonhos. Tem sido uma longa jornada para que eu finalmente chegasse até aqui e não vou desistir. — Bom. Deixe-me saber se você precisar de alguma coisa. Qualquer coisa. — ele diz antes de sair da sala, se esquivando do casal chegando.

— Xerife Cleary. Gigi. É bom ver vocês dois. — disse Rich. — Rowen vai começar na escola este ano? O

xerife

apertou

a

mão

de

Rich. —

Sim. Ela

está

animada. Georgia nem tanto. Chora todas as noites ao pensar nisso. — Não me julgue, Jess. — disse Gigi. — Eu estou autorizada a ficar triste que a minha filhinha está crescendo e começando o jardim de infância. E eu não chorei todas as noites por causa disso. Eu estou cheia de hormônios. Eu choro por tudo. Ontem à noite eu estava chorando porque você comeu todos os biscoitos. — Eu não estou julgando, Sardenta. — disse Jess. — Apenas constatando os fatos. E eu te vi com a sua cara enfiada na geladeira ontem à noite devorando aquele último pedaço de chocolate quando você

pensou

que

eu

não

estava

olhando. Você

chorou

porque você comeu todos eles. Ela estreitou os olhos para o marido, que era uns bons sete centímetros maior que ela. Mordi o lábio para não rir enquanto eles brincavam. A maioria dos casamentos que testemunhei se desenvolvendo tinham sido estranhos e falsos. Os casais não ousariam se provocar em público. Mas isso é o que eu secretamente desejei ter para mim. Algo natural e leve. Algo real.

Quando ela terminou de fazer uma careta, Gigi se virou para mim e estendeu a mão. — Oi. Eu sou Gigi Cleary. O xerife ali é meu marido, Jess. Nós somos os pais de Rowen Cleary. — Prazer em conhecê-los. Eu sou Emmeline Austin. Eu serei a professora de sua filha. Eu tenho algumas coisas para discutir com vocês. Vocês gostariam de se sentar? — Eu disse, balançando minha mão para as cadeiras na frente da minha mesa. Gigi estava provavelmente com cinco ou seis meses de gravidez. Sua barriga protuberante estava um pouco escondida por trás de uma túnica drapeada, mas começava a ocupar boa parte de sua cintura. Ela estava deslumbrante. Seu longo cabelo castanho ondulado estava reluzente e abundante. Sardas cobriam o nariz dela e seus olhos eram de um belo tom de azul profundo. Seu marido, Jess, não era apenas um homem grande, mas também muito bonito. Ele tinha uma mandíbula forte e ombros largos. Ele usava uma camisa marrom com um distintivo brilhante no quadril. A arma dele estava enfiada em um coldre debaixo do braço. Quando ele puxou a cadeira para a esposa, seus olhos azuis brilharam para ela. Aqui estava um homem completamente apaixonado por sua esposa. — Estou ansiosa para conhecer Rowen na próxima semana. — eu disse a eles. — Antes da escola começar eu queria aproveitar a oportunidade para encontrar com vocês dois e descobrir se vocês têm

qualquer coisa especial que gostariam que eu trabalhasse com ela neste ano letivo. Eu pratiquei meu discurso de apresentação tantas vezes no espelho que eu quase apressei as palavras. Mesmo que eu tenha falado com dez outros casais hoje, eu ainda estava nervosa. Eu queria desesperadamente causar uma boa impressão nos pais dos meus futuros alunos. Eu respirei antes de terminar. — Além disso, se vocês tiverem alguma preocupação, podemos discutir também. Jess e Gigi compartilharam um olhar. Isso não poderia ser bom. — Vivemos um drama no início do ano. — disse Jess. — Georgia foi sequestrada e isso abalou Roe. Eu acho que ela superou isso, mas de vez em quando ela tem pesadelos. Eu duvido que qualquer coisa surgirá na escola, mas achamos que você deveria saber. — Oh meu Deus. — eu ofeguei. — Eu estou contente que você esteja bem. — Estou bem. — disse Gigi enquanto acariciava seu bebê. — Rowen também está bem. Jess é apenas um pouco superprotetor e Roe sabe como manipular o pai. Ele fica em casa com ela nas manhãs depois destes ‘pesadelos’. — Ela não está fingindo, Georgia. — Ela está totalmente fingindo, Jess.

— Eu posso ficar atenta a sinais de aflição ou ansiedade em Rowen. Apenas no caso. — eu disse. — Obrigada. — disse Gigi. — Ela está tão animada para a escola, tenho certeza que ela vai ficar bem. E sobre você? Você acabou de se mudar para cá, certo? Você está gostando de Prescott? — Seu sorriso e natureza fáceis acalmaram meus nervos. — Sim, eu acabei de me mudar e estou gostando muito daqui. Eu nunca estive em Montana antes e só ouvi histórias sobre o quão bonito é. Eu não fiquei desapontada. Eu só estou aqui há algumas semanas, mas estou completamente apaixonada. — Rowen e eu nos mudamos para cá há apenas um ano e meio e nos apaixonamos por isso aqui também. De onde você veio? — Perguntou Gigi. Eu sorri. — Nova York. Seus olhos ficaram arregalados. Foi a mesma reação que recebi de todos os pais hoje. — Eu terminei minha licenciatura na NYU na primavera passada e decidi que precisava de uma mudança de ritmo. Depois que comecei a procurar emprego me deparei com o anúncio de Prescott para professora de jardim de infância e eu apenas segui em frente. Quero dizer, o que é uma mudança maior de ritmo do que se mudar de Manhattan para a pequena cidade de Montana?

— Eu pensei que a minha mudança de Spokane tinha sido das grandes. — disse ela. — Bem, seja bem-vinda! Se você precisar de alguma coisa, sinta-se à vontade para nos ligar. O xerife local é ótimo em carregar caixas. — Piscou e deu um tapinha no braço de Jess. — Obrigada. — Eu adicionei um tique mental para a contagem na minha cabeça. Em um dia, dezessete diferentes pessoas haviam me recebido em Prescott e oferecido ajuda com o que eu precisasse. E com cada oferta minhas dúvidas sobre a decisão de deixar minha antiga vida para trás estavam desaparecendo. Aos trinta e um anos de idade, eu havia recomeçado. Foi um risco enorme, mas eu estava feliz por ter assumido. Eu não sabia se ficaria em Prescott por mais de um ano, mas por enquanto, era o lugar perfeito para mim. **** — Oi, querido. — eu disse ao meu telefone enquanto dirigia para casa no meu jipe vermelho-cereja. — Oi. — disse Logan. — Como foi seu primeiro dia? — Muito bom. Eu não consigo parar de sorrir. As crianças foram todas ótimas. Meu plano de aula funcionou perfeitamente e todos eles ficaram envolvidos com aquele exercício de matemática que eu estava preocupada. Isto não poderia ter sido melhor.

— Fico feliz, querida. — ele disse. — Embora eu secretamente fiquei esperando que fosse horrível e que você voltaria para casa para mim. Eu respirei longa e profundamente. — Você sabe porque eu tive que fazer isso, Logan. Não é para sempre. — Eu sei. — disse ele. — Mas isso não significa que eu gosto do fato de que minha namorada vive em outro estado. — Nós conversamos sobre isso. — eu lembrei a ele. — Você disse que entendia por que eu precisava fazer essa mudança. Logan havia prometido que apoiaria minha decisão de tirar um ano de Nova Iorque. Ele sabia que a cidade que eu amei uma vez começou a me sufocar, que eu me sentia exposta e constantemente sob um microscópio de escrutínio público. Fugir da cidade parecia minha única opção. — Eu só sinto sua falta. — disse Logan. — Eu odeio que você esteja por aí sozinha e eu estou aqui. Só me prometa que depois desse ano letivo você vai pensar em voltar para casa? — Eu prometo. — O que você vai fazer hoje à noite? — Ele perguntou. — Rever meu plano de aula para amanhã. Eu quero estar preparada caso as coisas não corram tão bem como hoje. Então vou continuar desembalando as caixas. E você?

— Eu ainda estou no escritório. Eu preciso fazer algumas horas extras no processo civil que vamos apresentar semana que vem contra aquela empresa farmacêutica. Logan tinha acabado de receber uma promoção em seu escritório de advocacia, e esse processo seria seu primeiro caso como gerente associado. Sua carreira estava em um ponto crucial e eu entendi porque ele não podia se afastar para ir para o oeste para tentar um estilo de vida mais simples. E mesmo que Logan tenha apoiado sua namorada que está morando em Montana, eu suspeitava que ele pensava que a minha mudança era apenas um capricho e que eu mudaria de ideia logo e voltaria. Mas ele não percebeu o quão miserável eu estava. Quão solitária e triste eu me encontrava. Ele trabalhava muito entre seu emprego no escritório de advocacia e a fundação de sua família. Nós raramente tínhamos tempo para passar juntos fora das funções sociais, sexo e sono. Eu estava esperando que nosso relacionamento de longa distância nos aproximasse. Que mesmo se fosse só pelo telefone, que nós arranjaríamos tempo para nos relacionar, o que não tínhamos na cidade. Eu queria voltar ao ponto que estávamos no começo, espremendo o tempo desesperados para ficar juntos tanto quanto possível. Passar longas noites falando sobre qualquer coisa e tudo mais.

— Você quer me ligar quando chegar em casa? — Eu perguntei esperançosa. — Vai ser tarde. — disse ele. — Estou a duas horas mais cedo do que você. Eu estarei acordada. Você poderia me dizer boa noite. Nós poderíamos falar por um tempo. Pôr a conversa em dia. — Uh, talvez, mas não espere. — Documentos arrastam no fundo. — Eu posso virar a noite e dormir aqui no sofá. — Estou preocupada com você. — Ele parecia estressado e exausto. — Não use minha partida como um motivo para se enterrar no trabalho. — O que mais eu devo fazer, Emmeline? Você foi embora. — Logan, não. — eu sussurrei. — Desculpa. Eu vou deixar você ir. — Ok. — eu suspirei. — Eu te amo. — Eu também te amo. — ele disse rapidamente e desligou. Eu olhei para o meu celular por um segundo antes de jogá-lo no banco do passageiro. Eu esperava que essa ligação não fosse o indicio de outras que viriam. Logan e eu estivemos juntos nos últimos cinco anos. Nós nos conhecemos em uma festa de angariação de fundos onde eu estava

trabalhando para o meu pai e ele participava como convidado, representando a extraordinariamente rica família Kendrick. Eu estava dançando com meu pai quando Logan se aproximou e pediu para interromper. Meu pai me entregou de bom grado depois de me dizer para eu não “foder o seu arranjo”. Eu me senti tão confusa naquele momento. Eu não queria estar com alguém porque ele passou nos critérios do meu pai como apto a namorado ideal, mas eu também não fui capaz de me afastar de Logan. Seu sorriso branco e rosto bonito tinham sido irresistíveis. Eu fui hipnotizada por seus olhos castanhos profundos e a visão de seus músculos magros embrulhados perfeitamente em um caro smoking italiano. Então eu passei o resto da noite dançando em seus braços, rindo enquanto ele me contava histórias embaraçosas sobre alguns dos convidados de gala. Minha separação de Logan foi a única coisa que me entristeceu ao me mudar para Prescott. Ele foi uma parte importante da minha vida e eu não queria perdê-lo. Eu só esperava que depois de ter conseguido passar algum tempo fora de Nova York, que eu tivesse uma ideia melhor de qual direção minha vida estava tomando. Até então, eu precisava equilibrar minha vida em Montana e manter meu relacionamento.

Eu trabalharia para encontrar essas pequenas maneiras de me relacionar com Logan. Eu telefonaria e enviaria mensagens com frequência quando eu pudesse. E para mim, me concentraria em meus alunos. Eu passaria minhas noites na paz e na quietude da minha nova casa e exploraria essa parte nova para mim da América. Eu iria procurar por aquela felicidade indescritível que eu estava perdendo ultimamente, na esperança de encontrar uma parte dela aqui em Montana. **** Dois meses se passaram desde o meu primeiro dia de aula e eu estava me preparando para outra reunião com os Clearys. Sentada na minha cadeira tirei um minuto para olhar em volta da sala de aula, me certificando de que tudo foi guardado durante a tarde. Livros e blocos de cálculo seriam espalhados por todo o tapete do alfabeto, logo que as crianças chegassem na parte da manhã, mas por enquanto a sala estava limpa e arrumada. Uma batida na porta parou minha inspeção e eu olhei para cima quando os Clearys entraram. — Oi, Gigi, Jess. — eu disse, sorrindo quando eles se sentaram. — Obrigada por virem nesta tarde. — Não tem problema, Emmeline. Há algo de errado com Rowen? — Gigi perguntou nervosamente acariciando sua barriga protuberante. Jess estendeu a mão e agarrou as mãos de sua esposa.

Ela parecia muito maior do que a última vez que a vi. Ela estava se aproximando da data prevista ou seu bebê ia ser enorme. — Não é nada sério. — eu disse a eles. — Rowen é uma garotinha maravilhosa e brilhante. Ela é cheia de energia e é muito positiva. Mas eu queria que vocês soubessem de uma situação. Jess assentiu enquanto o rosto de Georgia empalidecia. — Isso realmente não é nada sério. Por favor, não fique preocupada. Tem sido uma alegria ter ela na minha sala de aula nestes últimos dois meses. Eu só queria que vocês soubessem que eu tive que repreender Rowen algumas vezes nessas duas últimas semanas. — Oh, não. — Gigi murmurou. — Eu tive que pegar no pé dela recentemente por usar linguagem imprópria na escola. Entendo que as crianças nos dias de hoje estão expostas a xingamentos em casa e nos meios de comunicação. Não estou tentando mudar o que vocês falam em casa, mas como é o jardim de infância, não quero deixar indícios de linguagem ruim na sala de aula. — Eu sabia! — Gigi chorou antes que eu pudesse continuar. Ela se virou para encarar Jess. — Eu sabia que isso iria acontecer, Jess! Eu tenho dito a você uma e outra vez para vigiar a PO da linguagem na frente dela. Mas você continua xingando. Dizendo que vocês dois têm um acordo que se ela repetir essas palavras você terá que prendê-

la. Agora olhe onde estamos! Se ela está xingando, então ela nem tem mais medo da cadeia! O que vem depois? Bebidas? Drogas? Olhe o que você fez! — Georgia, relaxe e respire. — disse ele. — Você está ficando nervosa e nós não precisamos que você entre em trabalho de parto. Acenei minhas mãos para chamar sua atenção. — Na verdade, se eu puder interromper... — Desculpe. — disse Jess quando Gigi bufou e cruzou os braços em cima de sua barriga. — Não, eu que peço desculpas. Eu deveria ter sido mais específica. Rowen não está xingando. Ela está apenas usando palavras de substituição. E embora elas não sejam realmente ruins, eu não quero que as crianças adquiram o hábito de adicionar xingamentos ou substituições às suas frases. Estamos trabalhando para expandir seu vocabulário e criar frases completas. Rowen adiciona uma palavra em particular com bastante frequência. Ela diz muito —PO. O queixo de Gigi caiu aberto. A cabeça de Jess se inclinou para trás e ele rugiu de rir. Quanto mais ele ria, mais eu lutava contra o desejo de rir junto com ele. O olhar culpado no rosto de Gigi era hilário. — Você sente vontade de me dizer que sente muito? — Jess perguntou a Gigi com um sorriso maroto após seu riso diminuir.

— Não. — ela murmurou. — Nós vamos ter uma conversa com Roe. — Jess me disse com um enorme sorriso. Ele se levantou, então se abaixou para ajudar Gigi a levantar de sua cadeira. — Eu sinto muito, Emmeline. — disse Gigi envergonhada. — Isto é minha culpa. Eu vou ter a certeza de falar para Roe não dizer mais isso. — Eu apreciaria. Mais uma vez, não é um grande negócio, mas eu queria que vocês soubessem que eu tenho pedido que ela pelo menos pare de falar na escola. — Claro. Tenho certeza que ela vai parar só porque você pediu a ela. Ela te adora e já aprendeu muito. Você é uma professora maravilhosa. — Obrigada. — Eu não tentei esconder meu sorriso. Meu coração inchou com o elogio dela. Eu queria muito ser uma boa professora. O elogio dela fez com que todas as mudanças recentes em minha vida valessem o estresse e a ansiedade. Reforçou que eu tinha feito a coisa certa, optando por perseguir meus sonhos, apesar de todos os protestos da minha família e amigos. E eu adorei ouvir que Roe me adorava porque eu a amava também. Rowen Cleary era uma luz brilhante e radiante. — Você tem algum plano na sexta à noite? — Perguntou Gigi antes de chegarem à porta. — Nós vamos fazer uma festa de

Halloween em nossa fazenda. Eu meio que enlouqueço no Halloween. — Meio? — Jess murmurou. Gigi lhe deu uma cotovelada nas costelas, mas sorriu. — Nós adoraríamos que você fosse se não tiver planos. Não é nada extravagante. Sem fantasias ou qualquer coisa. Apenas um monte de gente se reunindo e depois doces ou travessuras na Main Street. Sete horas? Desde que me mudei para Prescott minhas noites durante a semana

consistiam

em

aquecer

uma

refeição

congelada,

desempacotar algumas caixas, raros telefonemas com Logan quando ele podia e ler sozinha na cama até adormecer. Fins de semana foram gastos fazendo o mesmo, embora que agora eu estava passando minhas tardes de sábado explorando o centro da cidade. Durante as primeiras três semanas, pensei que as noites calmas e relaxantes e os fins de semana eram surpreendentes. Mas agora que já se foram mais de dois meses, eu estava ficando solitária. Eu tinha uma agenda social agitada em Nova York. Sempre havia algo para participar pelo menos quatro ou cinco noites por semana. Os fins de semana costumavam ser repletos de jantares beneficentes e festas de gala. Eu não senti falta da agenda agitada e louca, ou dos vestidos de festa desconfortáveis, mas eu sentia falta de

estar perto de pessoas. Passar meus dias com crianças de cinco e seis anos de idade não satisfazia meu desejo por interação social. Então foi fácil responder à pergunta de Gigi. — Eu estarei lá. Uma noite longe da minha casa na presença de outros adultos parecia mágica. ****

Nick —E aí, cara? — Silas perguntou, me entregando uma garrafa de cerveja na cozinha da fazenda. — Nada de especial. Não vejo a hora de Gigi começar a ficar toda irritada sobre algo hoje à noite e observar Brick se contorcer tentando acalmá-la. Ele está apavorado que ela entre em trabalho de parto mais cedo. Meu amigo normalmente duro e teimoso, apelidado por seu tamanho e massa sólida, estava se dividindo em dois por causa da sua esposa muito grávida. — Jess vai chutar o seu traseiro se você a irritar. — alertou Silas. — Vale a pena. Eu amava provocar meu amigo sobre a tendência super protetora que ele tinha quando se tratava de sua esposa, filha e filho por nascer.

Mas brincadeiras à parte, fiquei feliz por Jess. Ele mereceu toda a alegria que Gigi e Rowen trouxeram para sua vida. Já fazia quase uma década desde que eu conheci Jess e nunca o vi tão feliz como ele estava desde que conheceu Gigi. Essa felicidade era algo que eu invejava, mas não tinha vontade de tentar criar para mim mesmo. O sonho de ter uma família minha morreu há muito tempo. Silas cutucou meu ombro. — Jess disse que eles foram chamados na escola hoje pela professora de Rowen. Adivinha? Roe tem dito 'PO' assim como Gigi faz. A professora disse que não quer as crianças fingindo xingar. Eu comecei a rir. — Esse será meu ponto então. Onde está Gigi? Silas inclinou o queixo e ergueu a cerveja no ar. — Ela está lá em cima com Rowen e a professora. Você já a viu? — Quem? A professora? — Eu perguntei quando Silas acenou com a cabeça. — Não. Por quê? — Eu sei que você não gosta de ruivas, mas ela é gostosa demais. — disse Silas. — Eu faria uma exceção à regra. Tem todo esse cabelo ruivo. Sorriso irradiante. Corpinho delicado. — Não vai dar. Sem ruivas para mim. Se ela é tão gostosa, vai atrás dela você. Silas zombou e balançou a cabeça. Meu amigo tinha alguns problemas quando se tratava de mulheres, ou uma mulher em

particular, então eu não fiquei surpreso que ele preferisse ficar fora do mundo do namoro. Depois de tomar um longo gole da minha cerveja, entrei na sala de estar. O lugar inteiro estava repleto de decorações, por dentro e por fora. Gigi perdia a cabeça no Halloween, mas pelo menos alguns deles eram engraçados. Quando cheguei mais cedo eu ri das lápides no gramado da frente. Uma delas dizia Hugh Jass, um nome fake usado em brincadeiras em que o original é Huge Ass, Bunda grande, e outra dizia Bea Yotch, uma maneira disfarçada de dizer cadela ou vadia. Entrei no grupo de Jess, bati-lhe no ombro e apertei sua mão. — Onde está sua esposa, Brick? Preciso falar com ela sobre seu linguajar. — Vai se foder, Slater. Mencione isso para ela e eu vou chutar sua bunda. — Tudo bem. — eu disse, segurando minhas mãos em sinal de rendição. — Vou deixar isso para lá. Onde está Roe? Eu preciso dar um beijo na minha princesa. — Se eu não fosse chatear Jess por irritar o temperamento de Gigi, eu brincaria com ele sobre Roe, que tinha uma paixonite por mim. Quando a mandíbula de Jess apertou com força, eu ri e virei para as escadas, ouvindo Gigi e Rowen descendo. — Nick! — Rowen gritou e correu.

Curvando-me, olhei em seus olhos azuis. — Ei princesa. Adorei a fantasia. Quem você é esse ano? Girando em torno de um vestido azul, ela disse: — Princesa Elsa de Frozen. — Ei, Nick. — disse Gigi. Eu levantei para lhe dar um abraço, mas congelei. No segundo que eu reconheci a mulher ao lado de Gigi, aquele lindo rosto, meu coração parou de bater. Ela estava mesmo aqui? Quando seus olhos bateram nos meus ela inalou bruscamente, seu rosto empalideceu enquanto apertava a mão no coração dela. Silas descrevera muitas das boas características de Emmy na cozinha. O cabelo dela. Seu corpo. Ele não mencionou sua pele impecável de porcelana ou seus lábios carnudos e rosados. Mais importante, ele esqueceu de mencionar seus olhos. Sua melhor característica. Cinza com uma pitada de verde nos centros. Os círculos que continham as íris eram tão escuros que eles eram quase negros. Eu memorizei as cores quando ela estava presa em meus braços e eu tinha me enterrado dentro dela. Apenas algumas horas depois que ela se tornou minha esposa. — Nick, esta é minha professora, Srta. Austin. — disse Rowen, puxando meu braço.

Foi preciso encará-la por alguns segundos para processar que ela estava bem aqui na minha frente. Ela não era como a ilusão que eu sonhei tantas vezes antes. Emmy não mudou muito. Ela só ficou mais bonita com o tempo. O cabelo dela estava um pouco mais longo e seu rosto um pouco mais fino. Anos de fantasias, e nenhuma jamais chegou perto da beleza diante de mim. Nenhuma vez eu tive a tentação de pesquisar no Google ou encontrar o número dela. Eu tinha permanecido fiel a minha promessa de libertá-la. Isso e eu sabia que arriscaria minha própria sanidade em saber como ela estava. Descobrir que ela encontrou a vida que eu desejei para ela, uma com um marido e crianças, teriam explodido meu coração já partido em pedacinhos. — Nick? — Perguntou Gigi, mas não respondi nem tirei os olhos de Emmy. Ela estava congelada assim como eu estava. Finalmente Emmy se movimentou. — Desculpa. Eu tenho que ir. — ela murmurou antes de correr para a porta. — O que é que foi isso? Você a conhece? — Jess perguntou. Nenhum dos meus amigos havia descoberto sobre Emmy e o que eu fiz com ela. Casar com ela tinha sido algo que eu sempre mantive em segredo. Em parte, porque eu queria aquelas memórias só para mim. Em parte, porque eu era um idiota e a abandonara, mesmo que tenha sido por sua segurança.

Sim. Eu conhecia ela. — Ela é minha esposa. — eu disse e então corri para fora da porta, ignorando os rostos chocados e suspiros surpresos vindos dos meus amigos.

Capítulo Dois — Emmy, espere! — Nick gritou, mas eu não parei de correr em direção ao meu jipe. Assim que eu alcancei a maçaneta da porta sua mão agarrou meu cotovelo e me girou. — Não. — eu disse, soltando meu braço. A noite estava escura, exceto pelas luzes vindo da casa e da garagem. Mas mesmo a escuridão não podia diminuir a luz que brilhava nos olhos dele. — Desculpe. — disse ele, levantando as mãos. — O que você está fazendo aqui, Emmy? — Emmeline. — eu corrigi. Ele era a única pessoa que já me chamou de outra coisa a não ser meu nome completo, e por mais que eu tivesse amado todos aqueles anos atrás, ouvi-lo agora era doloroso. Ele franziu a testa. — Emmy. O que você está fazendo aqui? — Eu moro aqui. O que você está fazendo aqui? — Eu moro aqui. Há anos. Eu engoli uma risada exasperada. Quais eram as chances? De todas as pequenas cidades da América eu havia me mudado para a mesma onde meu marido há muito tempo perdido morava. Um

marido que meu investigador particular passou nove anos procurando sem sucesso. Anos se passaram e tudo o que eu tinha conseguido eram relatórios afirmando que o paradeiro de Nick era desconhecido. Um profissional pago não pode encontrá-lo, mas aqui estava eu, de pé em sua frente porque, por acaso, escolhi Prescott como minha casa. Merda. Nick olhou para mim, sem falar nada. Fiquei tão chocada ao ver seu

rosto

que

não

sabia

por

onde

começar

ou

o

que

dizer. Aparentemente ele estava tendo o mesmo problema. Duas vezes ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas depois fechou antes que as palavras saíssem. — Emmy... — Finalmente ele começou, mas meu telefone tocou e o interrompeu. Lutando para encontrá-lo na minha bolsa, pressionei o telefone no ouvido. — Oi, querido. — eu disse a Logan. — Você pode esperar um segundo? — Eu apoiei o telefone entre minha orelha e o ombro, abrindo a porta do carro para subir. — Precisamos conversar. — disse Nick estendendo a mão. Eu me encolhi antes que seus dedos pudessem me tocar. Olhei e balancei a cabeça furiosamente. Ele franziu a testa, mas não insistiu. Minha conversa com Nick tinha acabado por esta noite. Eu precisava me recompor e colocar minha cabeça em ordem antes de

termos uma discussão. Eu não queria ouvir nada que ele tivesse a dizer. Não essa noite. — Emmeline. — Logan chamou depois que eu bati a porta do carro. — Desculpa. Estou aqui. — eu disse, saindo da entrada de cascalho, vendo Nick se afastar do meu carro. — Onde você está? — Logan perguntou. — Eu estava em uma festa de Halloween. — Você se divertiu? — Uma pitada de desdém tingiu sua voz. Ele estava provavelmente louco com a ideia de eu ir a festas e fazer amigos aqui em Prescott. Amigos significava que eu estava construindo uma vida aqui. Algo que ele não queria. Meu olhar viajou para Nick no meu espelho retrovisor. Ele ficou no meio do caminho, pernas abertas com os braços cruzados sobre o peito. — Não. Não me diverti muito. **** Eu fiquei ao lado da janela do meu quarto escuro olhando para a noite negra.

As noites de Montana eram notavelmente diferentes das de Nova York. Embora, o mesmo acontecia com quase todos os aspectos da minha vida aqui em Prescott. Na cidade nunca ficava realmente escuro. Em algum lugar uma luz de um prédio ou lâmpada da rua iluminava as sombras. Mas aqui não havia luzes. Nada interrompia a escuridão. Algumas pessoas podem achar um pouco assustador, mas eu adorava poder ver o céu estrelado. Eu nunca soube que havia tantas estrelas. Na minha primeira noite em Prescott eu fiquei do lado de fora por uma hora, olhando para a Via Láctea. Mas esta noite, todas as estrelas do universo não poderiam iluminar a escuridão. Nada poderia ter me preparado para ver Nick esta noite. A emoção estava me sufocando. Eu vagamente me lembrei da minha curta conversa com Logan quando eu tinha saído da fazenda e corrido para casa. Eu dei a ele um resumo rápido da festa dos Cleary, mas não mencionei Nick. Eu não estava pronta para discutir o assunto com Logan ainda. Primeiro, eu precisava envolver minha cabeça em torno ideia. Logan sabia que eu tinha sido casada, mas ele não conhecia nenhum dos detalhes. Ele também não sabia que eu ainda estava legalmente ligada a outro homem. Esse fato não iria passar batido. O que eu ia fazer?

Peguei meu telefone da mesa de cabeceira e disquei o número da minha amiga. — Ei! — Steffie respondeu. — Já conheceu algum cowboy gostoso? Eu ri. Ela sabia que eu estava em um relacionamento sério com Logan, mas isso não a impedia de querer que eu encontrasse um homem da montanha para trepar. Steffie era bastante aberta com sua sexualidade. Na faculdade suas travessuras tinham sido divertidas e... instrutivas. Quando ela começou a namorar meu pai, eu disse a ela em termos inequívocos para nunca trazer sua vida sexual para mim novamente. — Nenhum cowboy, embora eu tenha encontrado meu marido. — Eu segurei o telefone longe da minha orelha, esperando pelo grito que eu sabia que estava chegando. — O quê! — Ela gritou. — Você está brincando comigo! — Não estou brincando. — Pelos próximos dez minutos eu lhe contei sobre os detalhes da festa e como eu reagi ao ver Nick. — O que você vai fazer? — Ela perguntou. Suspirei. — Eu não sei. Eu tenho que contar a Logan todos os detalhes, mesmo que ele fique com muita raiva. Mas omitir dele parece uma traição. — Eu só tinha dado a Logan um relato vago do meu casamento, culpando minha decisão pela juventude e pelo álcool. Ninguém além de Steffie sabia a verdade sobre aquela noite e

porque eu me casei com Nick. Que eu me apaixonei por ele em apenas cinco horas. — Sim, Logan vai ficar furioso tal como Trent. Eu estremeci com a menção do meu pai. — Eu sei que isso não é justo da minha parte, mas por favor não conte a ele. Ainda não. Não estou pronta para lidar com ele. —Entendo. Considere meus lábios selados. Eu não tinha um relacionamento amoroso entre pai e filha, mas mesmo meu pai sendo seu namorado, ela nunca mediu esforços para nos aproximar. Trent Austin nunca teve interesse em sua filha. Eu gostaria de poder identificar quando isso começou, identificar o que provocou e juntar as peças que faltam, mas desde que eu podia lembrar ele apenas... não gostava de mim. Ele tolerava meu irmão, Ethan, e às vezes fazia algum esforço no caso de seu filho. Mas eu nunca tinha sido muito mais do que apenas outra pessoa que vive em sua casa. Depois que eu nasci seu casamento com minha mãe começou a se deteriorar. Talvez ele me culpasse, em vez de si mesmo, por persegui-la

e

enviá-la

para

os

braços

de

outro

homem. Independentemente da razão, meu pai e eu nunca tínhamos sido próximos. E eu nunca fui boa o bastante.

Foi apenas alguns anos atrás que eu finalmente parei de tentar alcançar seus padrões inacessíveis. Era aceitável que ele desfilasse com mulheres mais jovens e que meu irmão tivesse um divórcio atrás do outro, mas ser envergonhado por sua filha era deplorável. Meu casamento era um embaraço de proporções insondáveis. No voo de Las Vegas para casa eu tinha debatido em não contar ao meu pai sobre o meu casamento. Se eu não precisasse discutir minhas opções de divórcio com seu advogado, eu teria mantido Nick em segredo. Sendo o casamento de um Austin sem um acordo prénupcial nossa família foi colocada em risco financeiro e eu fui forçada a ter uma conversa extremamente desagradável com meus pais. Eu tinha menosprezado a reputação da nossa família, agindo como uma prostituta estúpida, aquelas foram suas palavras exatas. Na época ele estava transando com a secretária de vinte e dois anos de idade. — Então? O que você vai fazer com Nick? — Steffie perguntou, me puxando dos meus pensamentos. — Eu não sei. Voltar no tempo e não ser tão estúpida? Não me apaixonar. Foi amor? Nove anos foi muito tempo para dissecar cada pedaço da nossa única noite, mas em todo esse tempo eu ainda não conseguia encontrar a resposta certa. No fundo, uma parte de mim

ainda acreditava que minha conexão com Nick foi real e ele deve ter tido um bom motivo para ir embora. — Faz um bom tempo. Converse com ele. Parta daí. — disse Steffie. — Você está certa. Vou demorar alguns dias para me recompor e então me aproximar. Obrigada. E obrigada por não mencionar isso ao meu pai. — Garotas antes de paus. Eu revirei meus olhos antes de rir. — O que você vai dizer ao Logan? — Ela perguntou. — A verdade. — eu disse. — Ele merece a história completa. Mas antes de fazer qualquer coisa preciso de um plano e preciso falar com meu advogado sobre o divórcio. — Boa ideia. Logan vai aceitar muito melhor se ele souber que você estava apenas esperando encontrar Nick para poder resolver o divórcio. Eu esperava que ela estivesse certa e que depois que Logan soubesse que eu ainda estava legalmente ligada a Nick, não ficasse muito louco. Que talvez ele entendesse por que eu havia recusado suas duas propostas de casamento. Eu não havia negado porque não o amava. Eu só não estava livre ainda. Uma parte do meu coração ainda pertencia a Nick e eu

não poderia me casar com Logan até que eu tivesse isso tomado de volta. — Obrigada por ouvir. — eu disse. — É para isso que eu estou aqui. E para dar ao seu pai... — Pare. Imediatamente. — eu interrompi. — Você não é mais divertida. — Ela riu. — Mantenha-me informada. — Eu vou. Tchau. Eu olhei para a noite negra, processando tudo o que tinha acontecido esta noite. Pensando em tudo o que aconteceu naquela época. Jogando meu telefone na minha cama eu fui até minha cômoda e peguei a pequena caixa que eu tinha mantido escondida atrás das minhas calcinhas durante anos, com a única finalidade de guardar dois anéis, uma foto esfarrapada e um CD. Peguei o anel primeiro, o deslizando no meu dedo indicador e o girando como eu fiz tantas vezes. Nenhuma vez eu coloquei de volta no dedo pretendido. Em seguida peguei a foto. Não havia luz no meu quarto, mas não importava. Eu podia ver a foto como se fosse dia.

Nick e eu estávamos de perfil sob a pérgula da capela. O padre acabara de se afastar para nos dar um minuto a sós. Foi o momento em que Nick me levantou com seus grandes braços em volta das minhas costas e quadris. Meus pés em saltos pendiam no ar e meus dedos passaram pelos cabelos na parte de trás do pescoço dele. Nossas testas descansavam juntas e nós dois tínhamos sorrisos enormes espalhado por nossos rostos. Então o amor estava escrito no meu rosto. Agora, estava destruído com lágrimas e angústia. Cinco minutos passados na presença de Nick tinham aberto os cortes no meu coração que eu passei anos costurando. Se a vida de Nick estava em Prescott, eu não poderia ficar aqui. Mas eu não sairia até que eu tivesse algumas respostas para as perguntas rodando na minha cabeça. Perguntas que me fiz inúmeras vezes. De alguma forma eu encontraria forças para perguntar a Nick por quê. Por que ele me deixou naquela manhã? Se a nossa noite juntos significou tão pouco que ele pode me abandonar, nunca se incomodando em olhar para trás? Por que ele não me procurou para o divórcio ou a anulação? Meu nariz começou a arder quando lágrimas perfuraram as pálpebras dos meus olhos. Nick era o responsável pelos meus rios de lágrimas. Lágrimas pela decepção esmagadora de que eu estava tão

errada sobre ele. Lágrimas porque tudo o que ele me disse naquela noite tinha sido uma mentira. Eu inalei uma respiração irregular, tentando engolir o nó na garganta. — Eu gostaria de não me sentir assim. — eu disse para a foto dele. — Eu queria que você parecesse diferente. Não como o homem que venho imaginando há anos. Eu queria que você não fosse real e que isso não doesse tanto. Sobretudo, eu desejei que pudesse simplesmente esquecê-lo. **** — Emmeline, me desculpe, mas não há muito mais que possamos fazer. — Eu simplesmente não entendo. Por que não podemos ter os papéis do divórcio esta semana? — Perguntei a Fred Andrews, advogado da minha família. Eu tinha ligado para ele na segunda-feira de manhã antes de ir para o trabalho. — Como eu já disse, estamos em uma posição precária aqui. Meu conselho é prosseguir com cautela, e isso levará algum tempo. No mínimo, um mês. Eu sei que você gostaria de terminar isso o mais rápido possível, mas apressar o divórcio neste momento pode colocar você e sua família em uma situação financeira injusta. — Como pode ser isso? Não vejo Nick há nove anos.

— Correto, mas durante o casamento a sua limitação ao fundo fiduciário expirou e todo o dinheiro de seus avós foi totalmente liberado. Ele poderia reivindicar uma parte desses fundos sem acordo pré-nupcial em vigor antes da sua união. — Isso é ridículo, Fred. — eu zombei. — Estivemos juntos por menos de vinte e quatro horas. — Verdade. E se isso for levado ao tribunal, duvido que qualquer juiz possa decidir a favor dele. Mas preciso de tempo para redigir os documentos apropriados. Eu posso entrar com o processo de anulação dentro de uma semana. Um acordo de divórcio que garanta que seus ativos estejam protegidos será muito mais seguro. — Tudo bem. — eu disse. — Há algo que eu deveria fazer enquanto você trabalha nos papéis? — Não há mais nada para você fazer. Você pode ter alguma publicidade indesejada, mesmo que você não viva mais na cidade, mas duvido. Vou notificar você e seu pai antes de o acordo ser apresentado, já que este trabalho irá contra suas despesas de honorários. — Não. Por favor, me cobre diretamente. Obrigada, Fred. — eu disse a ele antes de nos despedirmos e terminar a chamada. Eu deixei minha cabeça cair em minhas mãos enquanto caía na cadeira da minha escrivaninha. — Teimosa e estúpida. — eu murmurei para a sala de aula vazia.

Anos atrás Fred tinha me dito que ele poderia anular meu casamento com Nick por motivos de abandono. Eu tinha escutado? Não. Porque eu fui teimosa e estúpida. Eu estava muito zangada e chateada por deixar Nick escapar tão facilmente. Eu tinha insistido que meu investigador particular rastreasse Nick em pouco tempo e eu teria a chance de olhar nos olhos dele e observar como ele explicaria por que ele mentiu e foi embora. Desesperada pelo encerramento eu me recusei a me divorciar até obter minha explicação. Eu não tinha ideia de que Nick Slater seria um fantasma impossível de encontrar. Que minha teimosia seria tão profunda que, anos depois, eu ainda não teria terminado com o divórcio. Agora, olhando para trás, eu deveria ter engolido meu orgulho e esquecido a ideia de um impasse com Nick. Eu deveria ter me divorciado. **** — Ok, classe. Esse é o sino do almoço. Todos vocês podem pegar seus casacos para o recesso e caminhar até a cantina. Gritos de alegria encheram a sala de aula quando catorze crianças de cinco anos correram para a entrada.

Nós tínhamos acabado de terminar o círculo da história e eu estava arrumando os livros, pensando em como eu sentiria falta das crianças e da minha sala de aula quando saísse de Prescott. Eu não tinha ideia para onde me mudaria, mas com Nick morando aqui, eu não podia ficar. A ideia de desapontar meus colegas e abandonar meus alunos me deu uma forte dor de estômago, mas o pensamento de encontrar Nick com frequência, ou vê-lo com outra mulher, parecia ainda pior. Ele estava com alguém agora? Ele tinha filhos? Apenas o pensamento afunda meu coração. Eu precisava sair daqui antes que ele me deixasse em pedaços. Talvez eu pudesse passar o verão e terminar

o

ano

letivo. Se

eu

vivesse

como

uma

eremita,

permanecendo perto da escola e de casa, eu provavelmente poderia evitar ver Nick. Perdida em pensamentos, eu pulei quando uma voz estridente soou na sala. — Emmy? Evitar Nick ia ficar muito difícil se ele invadisse minha sala de aula. Eu respirei forçadamente antes de virar, meus olhos analisando-o da cabeça ao dedo do pé. Ele estava tão lindo como sempre. Não mudou muita coisa nele ao longo dos anos. A barba estava um pouco mais curta e ele tinha mais músculos em seu corpo.

— Emmeline. — eu corrigi. — O que você está fazendo aqui, Nick? — Eu te disse sexta-feira. Nós precisamos conversar. — Eu não estou pronta para falar ainda. — Nove anos não foi tempo suficiente para pensar em algo para dizer? Eu estremeci com a piada dele. — Isso era para ser engraçado? Porque não foi. — Desculpe. — ele murmurou. Ele me olhou de cima a baixo. — Porra, Emmy. É isso que você usa todos os dias? Eu abaixei meu queixo para inspecionar minha roupa. O que havia de errado com essa roupa? Eu usava calças pretas de pernas largas com saltos de couro nude e uma blusa creme com colarinho alto. Porque a blusa era transparente, por baixo havia uma camiseta de renda. No meu pulso estava o relógio Chanel de ouro rosa e grande que minha mãe tinha me dado no Natal do ano anterior. Eu usava esse tipo de roupa quase todos os dias. Era elegante e profissional, exatamente a imagem que eu queria retratar como professora. Nada sobre minha roupa era inadequado para um ambiente de jardim de infância, embora possa ter sido um pouco chamativo para a rural Montana. — O que há de errado com a minha roupa?

— Nada. Você está linda. — ele disse. Fechei meus olhos e respirei fundo. — Por favor, não diga coisas assim para mim. — Eu não posso te dar um elogio? — Não. Não mais. — Emmy. — ele disse suavemente. — Precisamos conversar sobre nós. — Emmeline. E não há nós. Mesmo se houvesse, não vamos conversar aqui. — eu disse e sentei atrás da minha mesa. Eu fiz tudo que podia para evitar seus olhos. Era muito difícil olhar para ele. Primeiro eu me ocupei organizando minhas canetas. Então eu reorganizei os papéis em cima da minha mesa. Por fim, eu peguei minha caneca de café e fiz uma inspeção minuciosa. Eu estava obcecada por canecas divertidas e, ao longo dos anos, colecionei muitas. Hoje era uma caneca branca simples que dizia “Oh pelo amor da raposa”. mas em vez da palavra raposa havia uma raposa dos desenhos animados usando óculos de leitura. — Emmy. — disse Nick. — Porra você não vai olhar para mim? — Não. — eu disse para minha caneca. Duas mãos bateram em cima da minha mesa. — Nós estamos conversando agora.

— Não. — eu bati e saí da minha cadeira. — Nós vamos conversar quando eu estiver pronta. Desta vez, vamos fazer as coisas do meu jeito. Na minha linha do tempo. E agora eu preciso almoçar para que eu possa estar pronta quando meus alunos voltarem para a aula. Eu não vou discutir isso com você. Preciso falar com meu advogado sobre nossas interações e, dependendo de seu conselho, vou considerar falar com você em uma data posterior. — Seu advogado? — Ele perguntou. — Por que você precisa falar com o seu maldito advogado antes de ter uma conversa comigo? — Pare de xingar. Você está em uma escola cheia de crianças impressionáveis. — Responda a porra da pergunta. Eu cruzei os dois braços sobre o peito. — Meu advogado vai dar o pontapé inicial em nosso processo de divórcio. Eu preciso descobrir se ele acha que devemos limitar nossas interações para aquelas supervisionadas pela assessoria jurídica. — Eu tinha esquecido de perguntar a Fred hoje de manhã, porque eu não sabia qual resposta eu queria que ele me desse. Nick se afastou da mesa e piscou algumas vezes. — Divórcio? Como isso podia ser uma surpresa para ele? O que ele achou que aconteceria? — Sim. Absolutamente. Agora que eu localizei você, podemos oficialmente terminar nosso casamento. E quando esse

desastre finalmente acabar, não haverá razão para você pensar que precisamos conversar ou nos vermos novamente. — Não. Nenhum divórcio. Absoluta “porramente”, não. — Todo o choque em seu rosto foi instantaneamente substituído pela raiva. Desta vez foi a minha vez de ficar chocada. — Eu odeio essa palavra! E o que você quer dizer com 'não'? Eu não coloquei os olhos em você em mais de nove anos. Você me deixou na noite do nosso casamento depois de ter passado horas mentindo através de seus dentes. Eu estou junto com outro homem há cinco anos. Em que planeta você realmente acha que nosso relacionamento se parece com um casamento que vale a pena manter? Então sim. Vamos nos divorciar. Assim que meu advogado tiver a chance de redigir os papéis. — Eu nunca menti para você, Emmy. — ele disse gentilmente. — Eu perguntei se iríamos fazer funcionar e você disse que sim. Isso foi uma mentira. Eu merecia uma explicação e você vai dar para mim. Mas não agora. Quando estiver pronta para falar, você será o primeiro a saber. Então depois que eu tiver minhas respostas, eu vou finalmente estar livre de você. Agora você pode sair. — Jantar. — Com licença?

— Jantar. Você quer respostas, você pode tê-las durante o jantar. Esta noite. — Eu não vou jantar com você. — eu disse com os dentes cerrados. — No meu tempo. Lembra? — Eu não dou a mínima para o seu cronograma. Vamos jantar esta noite. Você quer respostas. Você vai tê-las. E não vou esperar por um advogado. — Tudo bem. — eu cortei. — Eu venho buscá-la aqui às cinco. — disse ele, virando-se para sair da sala. — Não. — Eu disse para suas costas. — Eu vou dirigir eu mesma. Onde eu encontro você? Ele resmungou algo baixinho antes de responder. — The Black Bull Steakhouse. — Bem. Eu estarei lá às seis. Ele não disse mais nada enquanto passava pela porta. Eu zombei. Pelo menos desta vez eu pude vê-lo sair. E hoje à noite eu finalmente conseguiria minhas respostas.

Capítulo Três O Black Bull Steakhouse ficava localizado a cerca de oito quilômetros de Prescott. O exterior do prédio estava coberto com madeira de demolição e janelas de vidro âmbar escuro. O letreiro do restaurante era feito de madeira com imagens de touros montados no topo. Exatamente o que eu teria esperado para uma churrascaria em Montana. Enquanto inspecionava o prédio, uma ideia surgiu na minha cabeça para o meu restaurante em Manhattan. Eu rapidamente fiz algumas anotações em um bloco antes de pegar meu celular para discutir a ideia com Logan. Mas meus dedos pararam antes que eu pudesse apertar seu número. Meu advogado havia avisado que poderia haver alguma publicidade em torno do meu divórcio, embora eu duvidasse que as pessoas se importariam agora que eu não morava em Nova York. Mas a última coisa que eu queria é que Logan soubesse do meu casamento com as fofocas dos jornais. A conversa no restaurante teria que esperar. Eu não poderia demorar mais tempo para contar a ele sobre Nick.

Endureço minha coluna, pressiono seu nome e espero por sua resposta. — Logan? Tudo que eu podia ouvir eram pessoas rindo e conversando ao fundo. — Logan! — Oi. — ele finalmente respondeu. — Um segundo, querida. Eu o ouvi manobrar através do que parecia ser uma grande multidão. O que ele estava fazendo em uma festa em plena segundafeira à noite? Eu tinha falado com ele ontem e ele não tinha mencionado quaisquer planos sociais. — Desculpe. — disse ele depois de encontrar um local longe do barulho. — Tudo bem. Onde você está? — Um coquetel beneficente em Midtown para a Fundação Kohlberg. Eu encontrei sua amiga Alice hoje no almoço. Ela está trabalhando para eles e me convidou para vir junto com ela. — Alice Leys? — Perguntei. Alice e eu não nos aproximamos depois de me formar em Yale. Embora ambas tivéssemos nos mudado para Nova York, ficamos ocupadas tentando dar o pontapé inicial em nossas carreiras e perdemos contato. Nossos caminhos se cruzaram ocasionalmente quando eu estava em Austin Capital, empresa da minha família, mas eu não a via desde que eu saí.

Eu estava realmente surpresa que Logan se lembrasse dela. Eles só tinham se encontrado algumas vezes e me lembro de ficar um pouco insatisfeita com o quanto Alice tinha se atirado para ele. Na época, eu pensava que era apenas para ter acesso aos milhões de dólares que os Kendricks doavam todos os anos. Mas agora eu estava imaginando se o interesse dela era mais pessoal. — Sim, essa Alice. — disse ele. — Ela está me convidando há anos para seus eventos. Nós sempre tivemos conflitos em nossos horários. Mas agora que você está em Montana, e eu estava disponível... — Bem. Conveniente para ela isso, não. — Eu murmurei. — Ciúmes? — ele perguntou. — Sim. — eu admiti. — Bom. Isso significa que você não esqueceu de mim. Eu sorri enquanto ele brincava. — Você vai sair tarde? Eu preciso falar com você sobre algo importante. — Provavelmente. Eles trouxeram um palestrante da fundação para tentar separar todos nós do nosso dinheiro. Duvido que chegue em casa antes da meia-noite. — OK. Me ligue mais tarde? Amanhã? — Eu perguntei quando o ruído de fundo aumentou. — Claro. Conversaremos então. — ele disse e desconectou.

Eu realmente queria contar a Logan sobre meu casamento antes do meu jantar com Nick. Mas não tive essa sorte. Cinco minutos depois eu estava sentada em frente ao meu futuro ex-marido. E eu estava fazendo tudo que eu conseguia pensar para me distrair do seu belo rosto até que eu conseguisse me acalmar. — O que você está fazendo? — Nick perguntou. — Bem, esse aparelho é o que eles chamam de smartphone. — eu disse. — Você aperta essa pequena coisa de círculo ao redor, em seguida, empurra essa outra coisa de pequeno círculo aqui e tira essa coisa moderna chamada de imagem. — Engraçado. Por quê? — Vou enviar um e-mail destas e algumas do lado de fora para a equipe do meu restaurante. Este seria um ótimo tema para uma churrascaria em Nova York. — Eu esperava que as fotos ficassem boas mesmo tiradas no escuro. Esse ia ser o próximo tema do meu restaurante em Manhattan. Eu já podia ver meus amigos pretensiosos se vestindo com suas botas de caubói falsas e camisas de faroeste de grife para comer um bife de cem dólares. O interior era um espaço mal iluminado com paredes revestidas com a mesma madeira de demolição igual ao lado de fora. Lustres

feitos de chifres de animais pendiam do teto com vigas de madeira e davam um brilho suave e amarelo. Nós estávamos sentados em uma cabine estofada em um vinil marrom profundo e a mesa estava coberta com marcas chamuscadas de gado. Fiquei contente com o assento com encosto alto que nos proporcionaria privacidade da bisbilhotice dos vizinhos. — É assim que você ganha dinheiro? Através de restaurantes? — Nick perguntou. — Não. Eu ganho meu dinheiro ensinando. — O aviso do meu advogado ainda estava fresco e eu não queria falar sobre dinheiro se o nosso divórcio fosse desagradável. — Certo. — ele disse, não acreditando em mim. Nós nos sentamos por alguns momentos em silêncio até que nossa garçonete chegou para entregar meu vinho tinto e a cerveja de Nick. Eu estava grata por ter o copo para segurar e ocupar meus dedos se contorcendo. — Aquele cara que te ligou na sexta-feira. Quem é ele? — Meu namorado, Logan. — Vocês dois estão sérios? — Ele perguntou. — Sim. Nós moramos juntos em Nova York. — Se vocês estão comprometidos por que você o deixou? — Ele perguntou.

— É uma longa história, mas basicamente se resume em precisar sair da cidade. Logan acabou de se tornar sócio em seu escritório de advocacia e ele não poderia comprometer sua carreira para me seguir para o oeste. — Hmm... — ele murmurou. Ficamos em um silêncio desconfortável por alguns minutos. Eu cuidadosamente bebi meu vinho e estudei os desenhos na mesa, evitando contato visual com Nick. — Você falou com seu advogado de novo? — Ele perguntou. — Não, mas vou falar com ele enquanto ele elabora nossos papéis de divórcio. Uma vez que ele terminar, ele pode trabalhar diretamente com seu advogado, se você quiser. Eu só preciso do nome dele ou dela e número de telefone. Isso me deu outro “humm” antes dele drenar o resto de sua cerveja. Ele deve ser cliente regular no The Black Bull porque a garçonete não se incomodou em perguntar se ele queria outra, ela apenas trouxe. — Por que você esperaria? — Nick perguntou. — Esperar pelo quê? — Para se divorciar. — disse ele. Eu respirei fundo. Admitir a Nick por que eu me apeguei ao casamento por tanto tempo não ia ser fácil. — Eu não queria anular o casamento em termos de abandono. Meu orgulho tolo não me

deixaria. Então eu contratei um investigador particular para procurálo. Você sabia que existem 723 Nick Slaters vivendo no Colorado e nenhum deles era você? Ele não respondeu. Ele apenas inclinou a cabeça para estudar sua cerveja. — E eu queria saber o porquê. — eu disse. — Por que você fez um show tão convincente? Todas aquelas palavras ousadas e doces. Eu nunca conheci um homem que pudesse deixar mentiras rolar de sua língua tão facilmente. E isso é dizer alguma coisa, considerando que meu pai e todos os seus associados são enganadores de classe mundial. Ele se encolheu e seus olhos se voltaram para os meus. — Eu te disse hoje cedo, Emmy. Eu não menti para você. Eu respirei fundo. Mantenha-se firme. Esse ato magoado dele era apenas isso. Um ato. Eu era a parte prejudicada aqui e a última coisa que eu precisava era me apaixonar por mais mentiras de Nick e perder minha coragem. — Então, por que gastei milhares de dólares em um investigador particular para encontrá-lo? Você não estava morando no Colorado? — Quando nos conhecemos, eu estava. — disse ele. — Pouco depois, eu não estava. Eu mudei para cá alguns meses depois de Vegas.

Mais mentiras. O sangue começou a ferver nas minhas veias. — Eu comecei a procurar por você imediatamente, Nick. Você. Não. Estava. Lá. — Acalme-se. — disse ele. — Acalme-se? — Eu assobiei. — Explique porque eles não conseguiram encontrar você. Agora. Embora eu estivesse fervendo, Nick manteve a compostura. Na verdade, quanto mais furiosa eu ficava, mais o rosto dele ficava gentil. — Meu primeiro nome não é Nick. É Draven. Meu pai é Draven, e eu usei meu nome do meio, Nicholas, toda a minha vida. Tenho certeza de que seus investigadores não procuraram Draven Slater morando no Colorado. Se eles tivessem, eles teriam me encontrado. — Então não estamos nem casados. Se você não colocou seu nome legal em nosso certificado de casamento, todo o tempo gasto procurando por você foi para nada. — Eu coloquei meu nome legal no certificado. Você simplesmente não estava prestando atenção. Você estava ocupada demais olhando por toda a capela. Merda.

Meu investigador particular me enganou. Não havia como ele não ter sido capaz de encontrar uma cópia da nossa licença de casamento. Nick havia deixado seu anel, talvez para que eu pudesse vendêlo, mas ele levou o certificado quando me abandonou no hotel. Mas mesmo

sem

o

papel,

meu

investigador

deveria

tê-lo

encontrado. Draven era um nome muito singular. Um pouco de esforço e ele ganharia todo aquele dinheiro pago a ele. Em vez disso, ele se contentou em sentar e mentir para mim. Amanhã eu pararia seu pagamento depositando seu último cheque, não que isso me fizesse sentir melhor. Minha credulidade tornou toda essa situação ainda mais embaraçosa. Porque eu não podia culpar o investigador completamente. Eu tive a opção de contratar outra pessoa. Em vez disso, eu tinha apenas optado por empurrar tudo para o fundo e tentar esquecê-lo. Outro erro Quando a garçonete entregou os nossos bifes, aceitei a interrupção como uma oportunidade para me acalmar. Eu precisava de alguns minutos para me recompor e reunir coragem para lhe fazer a pergunta que eu estava temendo. Por que ele me deixou?

Comemos nossa refeição em silêncio. Enquanto Nick limpava seu prato, eu remexia minha comida. Isso estava delicioso, mas eu perdi meu apetite. Com cada minuto que passava, eu dizia a mim mesma para perguntar, mas as palavras não se encaixavam. Por que eu não conseguia libertá-las? Depois que a garçonete tirou os pratos, Nick estendeu a mão por cima da mesa e capturou a minha mão com a dele. Eu tentei afastá-la, mas quando eu fiquei tensa, seu aperto se firmou e minha mão permaneceu presa. — Eu quero uma chance. — disse Nick. — Uma chance para o quê? — perguntei. — A chance de começar de novo. Minha boca se abriu. Ele estava falando sério? — O que? Por quê? — Você me perguntou se eu acreditava no destino. Eu não acreditava até conhecer você. E passei nove anos pensando que eu nunca mais veria seu rosto. Mas o destino trouxe você de volta à minha vida e eu não vou estragar tudo de novo. Eu lutei para engolir o nó na garganta e falar. — Você me deixou. — Por favor, acredite que eu fiz isso por um bom motivo. E nem um dia se passou que eu não tenha me arrependido. — Ele acariciou o lado da minha mão presa com o polegar.

— Por quê? — Meus olhos se encheram de lágrimas no segundo em que as palavras passaram pelos meus lábios. — Eu prometo que vou explicar. Só não esta noite. — ele disse. Meu coração afundou e eu caí no assento acolchoado do banco pesadamente. Este foi seu teste e ele falhou miseravelmente. Eu não queria um desvio, uma promessa para explicar depois. Ele poderia desaparecer amanhã por mais nove anos por tudo que eu sabia. — Não. — eu disse. — Sem chances. Você poderia ter me procurado. Você poderia ter explicado. Você perdeu sua chance. Sua mandíbula apertou e o músculo em sua testa se contraiu. Se ele realmente pensasse que algumas frases doces, que faltavam desculpas, devo acrescentar, me faria cair em cima dele novamente, ele estava muito enganado. — Eu fiquei longe de você porque achei que você teria ido embora. Mas você não é feliz. Eu posso ver isso claro como o dia. Me dê uma chance? Eu olhei para a mesa. — Não. Eu quero o divórcio. — Você não vai conseguir um. — O que? — Eu engasguei, meus olhos agarrando-se a ele. — Nenhum divórcio. Eu vou contestar.

— Você realmente acha que desafiar a mim e minha equipe jurídica é uma boa ideia, Nick? Você vai desperdiçar nosso tempo e dinheiro. — Eu não me importo. Eu farei o que for preciso. — Isso é sobre o meu dinheiro? É isso que você quer? Então tudo bem. Diga seu preço. Apenas me deixe ir. — Não é sobre o seu maldito dinheiro. Nunca foi. Mas eu não vou deixar você ir até que eu tenha minha chance. — Estou apaixonada por outro homem. Suas chances acabaram. Seu corpo estremeceu tão violentamente que quase me causou dor física. — Um mês. Eu quero um mês. E então eu vou deixar você ir. Eu parei por um minuto, ponderando minhas opções. Eu poderia fincar meus saltos e dizer-lhe para ir para o inferno. Ou eu poderia deixá-lo pensar que tinha uma chance. A única maneira de receber minhas respostas era com o último. E eu precisava dessas respostas desesperadamente. Eu precisava seguir em frente com a minha vida. — Um mês é muito tempo e não vou prolongar isso. Vou te dar uma semana. — Bem. Mas eu quero cinco encontros. Você não vai me dar o fora durante uma semana e depois dizer que eu tive minha chance.

— Ok— eu resmunguei. — Cinco encontros. — Uma semana. — Legal. Nós começamos amanhã. Depois de trocar números de telefone, peguei minha bolsa e deslizei para fora da cabine, caminhando até a saída do restaurante. Mas logo antes de Nick poder abrir a porta para mim, uma mulher loira e magra veio correndo e começou a bajulá-lo. — Oh, Nick! — Ela disse, agarrando seu braço e acariciando seus bíceps. Ela inclinou-se tanto no espaço dele que seus seios cirurgicamente aumentados esfregavam contra o seu lado. — Eu estive me perguntando quando eu te veria novamente. Coincidência que ambos estaríamos aqui para o jantar. — Adeus, Andrea. — disse Nick, retirando o braço. — Não saia! Ainda não! Eu vim aqui com uma amiga, mas eu estava esperando que você pudesse me dar uma carona para casa. — ela implorou. Com Nick distraído por essa mulher Andrea, eu fui embora. A última coisa que eu queria era testemunhar meu futuro ex-marido ser paquerado. Praticamente correndo para meu jipe, fechei a porta e caí contra o volante. Cinco encontros.

Eu só tinha que passar por mais cinco encontros com Nick e então eu poderia esquecer tudo isso. E amanhã eu poderia falar com Logan. Dirigindo para casa tentei me concentrar na linda paisagem ao meu redor, mas minha mente continuava voltando para o jantar. Nick tinha sido sincero? Ou foi apenas mais um dos seus jogos? Eu saí do jantar com mais perguntas do que respostas. Eu estava doente de raiva pelas perguntas sem respostas. E eu estava doente de raiva do quanto Nick me consumiu nesses últimos dias. Mesmo agora, quando eu deveria estar mais preocupada com Logan e organizar meu divórcio, eu não conseguia me livrar dos arrepios indesejáveis que percorriam minha espinha da imagem mental daquela mulher Andrea esfregando-se contra Nick no restaurante. Eu estava chateada que Alice estava dando muita atenção a Logan, mas esse ciúme era apenas uma pitada em comparação com a torção angustiante que eu estava sentindo por Nick. Pensar nele fazendo sexo com ela, ou com qualquer outra mulher, me deixava enjoada. Isso tinha que acabar antes que eu enlouquecesse. — Cinco encontros. Uma semana. — eu disse para mim mesma. — Então tudo isso vai acabar.

Capítulo Quatro A sala de cinema de Prescott ficava no meio da rua principal, entre a lanchonete e uma loja de pesca. Main Street era o polo de Prescott, preenchida com empresas locais e estabelecimentos comerciais. Ela passava pelo meio da cidade, eventualmente conectando-se com a rodovia. A rodovia tinha outros negócios, incluindo um motel e supermercado, mas até o momento, eu passei a maior parte do meu tempo vagando no centro da cidade. Andando pela calçada vi Nick parado do lado de fora da janela da bilheteria do teatro. Sua jaqueta de lona exibia seus ombros largos. Sua calça jeans moldava perfeitamente suas coxas e destacava a forma perfeita de sua bunda. Ele estava usando um boné de beisebol verde escuro e o cabelo mais longo em seu pescoço estava solto, enrolando-se nas pontas. Meus pés vacilaram e eu quase caí. Depois de todos esses anos, a visão dele ainda fazia meus joelhos fracos. Eu me amaldiçoei por deixar sua aparência me afetar, mas olhando pelo lado positivo, pelo menos ele não estava olhando e tinha perdido o meu tropeço. — Oi — eu chamei. — Ei. — disse ele. Um sorriso torto se espalhou por seu rosto enquanto seus olhos percorriam meu corpo.

Seus olhos estavam famintos e eu estava feliz por ter conseguido voltar para casa depois da escola para vestir algo menos lisonjeiro do que o vestido que usei para trabalhar. Eu estava de jeans e um suéter castanho com proteção de camurça nos cotovelos. Porque eu sempre ficava com frio nos cinemas, coloquei um gorro marrom desleixado. O primeiro dos nossos cinco encontros exigidos era um filme. Nick queria jantar, mas eu consegui convencê-lo (através de uma longa troca de mensagens de texto) que eu estava morrendo de vontade de conferir o Teatro Rialto de Prescott. Embora não tenha sido uma mentira, minha verdadeira motivação era porque não poderíamos conversar. Eu tinha mais quatro noites para obter sua explicação. Esta noite era tudo sobre evitar e acabar logo com isso. Entregando o meu bilhete, ele perguntou: — Lanche? — Pipoca. Skittles. Balas de menta. Coca Diet. — eu pedi. — O que? Não me olhe assim. É o meu jantar. O saguão do teatro estava cheio de gente. Ao lado da pequena bilheteria havia um longo balcão de atendimento onde quatro crianças do ensino médio faziam freneticamente pedidos de alimentos e bebidas. — É sempre assim tão movimentado? — Perguntei.

— Terça-feira à noite eles administram um especial, onde tudo está com a metade do preço. — ele disse. Nós esperamos a nossa vez em um silêncio constrangedor. Este não era o lugar para uma conversa séria, mas bate-papo casual não era uma opção também. Nós tínhamos muita bagagem. Depois do que pareceu horas, nós pegamos nossos lanches e entramos no teatro. A sala de dois andares era muito maior do que eu teria imaginado do lado de fora do edifício. Uma pequena galeria estava acima do piso principal. As paredes eram cobertas com cortinas marrons amarradas com cordões dourados de berloques. A guarnição de madeira era esculpida em intricados redemoinhos. — Este lugar é incrível. — eu disse, seguindo Nick para assentos livres no primeiro andar. — Sim. Alguns anos atrás eles reformaram o lugar, mas este é o teatro de Prescott desde o início dos anos 1900. Naquela época eles costumavam fazer shows variados. O palco sob a tela do filme é o original. — Muito interessante. Você vem aqui com frequência? — Eu espalhei meus lanches ao meu redor para facilitar o acesso durante o filme. — Não. Eu pulei no meu lugar quando senti sua respiração no lado do meu rosto. Eu fiquei tão ocupada arrumando minha pipoca que eu

não tinha percebido que ele tinha chegado tão perto. Os assentos no teatro eram espremidos, tão próximos que meu braço se esfregaria contra o dele a noite toda. Merda. Talvez o filme não tenha sido uma boa ideia, afinal. Pelo menos com o jantar, eu teria tido uma mesa nos separando. O filme começou e embora meus olhos estivessem presos na tela, eu não estava absorvendo o conteúdo. Todo o meu foco estava no homem sentado ao meu lado e no braço que ele tinha envolto dos meus ombros. Por duas horas, Nick desenhou círculos no meu ombro com as pontas dos dedos. Eu deveria ter me afastado e dito a ele para parar. As palavras estavam bem na ponta da minha língua, mas eu não conseguia dizêlas. Por que eu deixei ele me tocar? Porque eu estava maluca. É por isso. Quando a multidão se levantou para sair, dei um suspiro de alívio que a noite tinha acabado. — Boa noite. — eu disse quando estava em segurança na calçada, mas antes que eu pudesse escapar, Nick pegou meu cotovelo e me girou. — Amanhã à noite. Jantar. — Eu não posso amanhã. Quinta-feira também não. Eu preciso passar algum tempo terminando meus planos de aula. — eu menti.

Meu trabalho de preparação para as aulas estava pronto desde o fim de semana, mas eu tinha que conseguir me afastar um pouco de Nick. Minha estabilidade mental estava em jogo. Sair a noite passada com ele no The Black Bull e então hoje à noite no teatro era demais. — Planos de aula? Você não ensina crianças pequenas? — Ele perguntou. — Depois de passar um dia tentando manter quatorze crianças de jardim de infância entretidos sem um plano de aula, você pode questionar sua necessidade. Até então, confie em mim quando eu disser que eles são essenciais. — Tudo bem. — ele disse com um sorriso maroto. — Sextafeira. Jantar. Prescott Café. Seis horas. Eu balancei a cabeça e corri para longe antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. Qual era daquele sorriso arrogante que ele me deu? Eu tinha perdido uma piada? Não foi até que eu estava sentada no banco do motorista que percebi porque ele tinha sorrido. Tínhamos quatro encontros para encaixar em seis dias. Se eu adiasse a data do segundo até sexta-feira, significava que eu iria vê-lo sexta-feira, sábado, domingo e segundafeira. Um fim de semana inteiro com Nick. — Oh pelo amor... — Eu murmurei antes de bater na minha testa contra o volante.

**** — Senhora Austin! — Porra. — Nick murmurou. Meus olhos examinaram a sala, procurando pela criança que acabara de chamar meu nome. No meio do restaurante, Rowen Cleary estava acenando descontroladamente. — Oi, Rowen. — Acenei de volta, feliz por poder usá-la como uma desculpa para conseguir algum espaço de Nick. Estávamos no segundo encontro no Prescott Café. Nick estava esperando por mim do lado de fora quando eu cheguei, e assim que eu estava perto o suficiente, ele se inclinou para beijar minha bochecha. Eu tinha certeza que o lado esquerdo do meu rosto ainda estava vermelho brilhante porque minha pele estava em chamas. Quando cheguei à mesa dos Clearys, Jess se levantou para me cumprimentar e apertar a mão de Nick enquanto eu dava um abraço em Rowen. — Oi, Gigi. — eu disse. — Emmeline! Ótimo ver você! Desculpe, eu não posso me levantar. — Ela franziu a testa, esfregando sua barriga. — Jess tem que praticamente me levantar das cadeiras ultimamente. Nós não podemos nem sentar em nossa cabine habitual ali perto da janela porque eu não me encaixo.

— Bem, você parece radiante. Gravidez absolutamente combina com você. — Sua pele estava brilhando e seu cabelo era espesso e brilhante. — Obrigada. — Ela sorriu. — Quando vai nascer? — Dez de dezembro. — Ela riu quando meus olhos se arregalaram. Sua aparência demonstrava que a data prevista era para ontem, mas ela ainda tinha mais de um mês pela frente. Esse bebê ia ser um gigante. — Mamãe, a Srta. Austin e Nick podem sentar conosco? — Perguntou Rowen. — Ótima ideia, querida! — Gigi disse. — Acabamos de chegar e ainda não pedimos. Por favor comam conosco. Isso fará com que eu me sinta menos monstruosa se você ocupar um pouco do espaço extra nesta mesa grande. Eu senti Nick nas minhas costas. — Obrigado, Gigi, mas nós não pod... — Nós adoraríamos! — Eu interrompi seu protesto. Eu peguei o assento final para que Nick não pudesse se sentar ao meu lado e me tocar de novo como ele tinha feito no teatro. Eu me acomodei e rapidamente examinei o restaurante. O café tinha uma lanchonete de aparência antiquada. Cabines de vinil azul

se estendiam pelas laterais da sala. Um longo balcão com bancos combinando forraram os fundos e, atrás dele, havia uma visão aberta da cozinha e dos cozinheiros. — Como vai a escola? — Perguntou Gigi. — Minha garotinha está se comportando? — Ela é perfeita. — eu disse. O rosto de Rowen se dividiu em um sorriso radiante. Comecei a rever o menu, mas olhei para cima quando Nick perguntou: — Nenhuma foto hoje à noite? Você não quer recriar o Prescott Café no centro de Nova York? — Engraçado. — eu brinquei. — E não. O Black Bull é exatamente o que eu estava procurando. — O Black Bull? — Jess perguntou. — Emmy vai fazer uma churrascaria de Montana em Manhattan. — disse Nick. Eu olhei para três rostos céticos. — Eu tenho um restaurante em Manhattan que eu transformo todos os anos. — eu expliquei. — Nós redesenhamos e redecoramos o espaço enquanto meu chef cria um novo menu. Todos os rendimentos vão para caridade e eu acho que uma churrascaria temática de Montana vai funcionar. No ano passado fizemos um bistrô italiano à moda antiga e deu três ponto quatro milhões de dólares.

Eu

sempre

escolhi

temas

autênticos

e

clássicos

de

restaurantes. A maioria dos donos de restaurantes escolhiam algo moderno, como gastronomia molecular ou um Poke bar, mas os alimentos reconfortantes sempre me atraíram mais. Grandes porções de comida simples e deliciosa. Dada a enorme resposta que tivemos ao longo dos anos, eu sabia que não estava sozinha no meu desejo por algo despretensioso. — Isso é impressionante. — disse Gigi, enquanto Jess e Nick me olhavam surpresos. — Obrigada. Este será o sétimo ano em que minha equipe fará a transformação. — Para quais instituições de caridades você doa? — Jess perguntou. — Eu me alterno a cada ano, mas sempre escolho uma cujos principais beneficiários sejam crianças. — Por que crianças? — Perguntou Gigi. — Meus avós foram dedicados às crianças da cidade de Nova York e gastaram muito tempo de voluntariado em organizações no centro da cidade. Eu costumava ir com eles e descobri uma paixão por isso. Essas foram algumas das minhas melhores experiências enquanto crescia. Eu adorava meus avós, e o tempo gasto com eles foi precioso. Eles me deram uma perspectiva diferente da vida e eu tentei

honrar suas memórias com o restaurante e continuando seus trabalhos. — Isso é notável, Emmeline. — disse Gigi. — Com certeza. — acrescentou Jess. — Obrigada. — abaixei a cabeça para esconder minhas bochechas coradas. O restaurante demandou muito tempo e energia para sair, mas a cada ano, tornava-se melhor e mais bem-sucedido. Fora de receber o meu diploma de licenciatura, era o meu maior orgulho e realização. Fiquei feliz em saber que as crianças estavam recebendo refeições e roupas quentes tudo porque eu fui capaz de convencer as socialites esnobes de Nova York que uma despretensiosa refeição valesse quatrocentos dólares por prato. — Você não me disse nada disso na outra noite. — disse Nick. — Você não perguntou. Nós nos encaramos por um momento até que nossa garçonete chegou e nossa conversa na mesa se dividiu. Enquanto Nick e Jess estavam conversando, Gigi se inclinou para mim. — Então, você e Nick são o que exatamente? — Antigos conhecidos. — eu disse ao mesmo tempo que Nick disse: — Casados. Eu acho que ele não estava tão envolvido em sua conversa com Jess quanto eu pensava.

— Certo. — Gigi sorriu. — É complicado — eu disse quando Nick assentiu em concordância. — Por que você se mudou para Prescott? Não por esse idiota, espero. — brincou Jess. — Uh, não. — Eu balancei a cabeça. Não querendo mergulhar no drama que foi meu casamento, eu disse a eles como eu encontrei Prescott. — Eu me formei na NYU na primavera passada e comecei a procurar cargos de professor de jardim de infância em todo o país. É realmente bobo como eu desembarquei em Prescott. Eu escolhi o mascote que eu mais gostei. — Sério? — Gigi riu. —

Sim,

e

me

deixe

dizer,

havia

algumas

opções

interessantes. Tartarugas mordedoras. Beterrabas. Pôneis Azuis. Eu queria algo diferente de Leões, Tigres ou Ursos, então quando eu vi que Prescott tinha os Mustangs, eu gostei e... aqui estou eu. — eu ri. Jess e Gigi riram comigo, mas Nick franziu o cenho. — O quê? — Eu perguntei. — Você disse que estava em Yale. — disse ele. — Eu estive. Nove anos atrás. Eu não fiquei na faculdade esse tempo todo. — Revirei os olhos. — Depois que trabalhei por alguns anos, as coisas mudaram. Voltei para a faculdade na NYU para me tornar professora.

Um silêncio desajeitado caiu sobre a mesa. — Parece que vocês dois têm que colocar a conversa em dia. — disse Gigi, finalmente esclarecendo as coisas. — É complicado. — repeti. A conversa se acalmou quando Rowen assumiu, contando histórias e fazendo perguntas. No final da refeição todo o constrangimento de antes tinha desaparecido e todos nós saímos alegremente do café. Eu estava feliz que as coisas não tinham sido desconfortáveis com os Clearys. Eu não os via desde que eu tinha rudemente fugido de sua festa de Halloween e fiquei aliviada por eles guardarem seu julgamento. Depois de me despedir de Jess, Gigi e Rowen, eu fiquei na calçada, esperando Nick dizer adeus. Não havia como escapar de uma discussão com Nick sobre o terceiro encontro, então eu fiquei em vez de correr para o meu carro. Com um último aceno para minha aluna, eu me virei para Nick. — Amanhã à noite vou na sua casa. Não há mais distrações ou lugares públicos, Emmy. Eu não discuti sobre a localização do encontro porque ele estava certo. Além disso, um ambiente privado nos daria tempo para conversar.

— Emmeline. — eu corrigi. — Há algum recheio de pizza que você não goste? Eu vou pedir uma para nós. — Cogumelos. Tudo o mais está bom. — disse ele. — Vejo você amanhã. — eu balancei a cabeça e fui embora. Dois encontros já foram. Faltam três. **** — Merda! — Eu gritei quando voei para frente. Desde o dia em que me mudei eu estava tropeçando em uma pequena ruga no tapete de lã bege da sala de estar. Normalmente eu cairia em minhas mãos e joelhos. Mas esta noite fui puxada para trás por um braço forte em volta da minha cintura. — Te peguei. — Nick disse no meu cabelo. Se contorcendo para me soltar, eu saí do seu espaço. — As fadas malvadas do tapete da sala me fazem tropeçar naquele local há meses. — eu desabafei, tentando me livrar de como era bom me sentir pressionada contra seu peito rígido. — Eu geralmente entro pela cozinha e evito essa área completamente. — Quer que eu veja se consigo esticar o tapete? Tirar essa ondulação? — Ele perguntou. — Não, tudo bem. Eu só preciso lembrar que está lá. Eu poderia substituir tudo isso por madeiras de qualquer modo. — Eu dei outro

passo para longe. — Ainda temos cerca de quinze minutos até a pizza estar pronta. Vamos continuar o tour? Minha casa moderna e rústica estava situada na floresta na base das montanhas. Além de um pequeno gramado na frente, todo o lugar estava cercado por grandes pinheiros. Havia três níveis na casa. Os dois andares superiores ficavam em cima da garagem e a adega lá fora, um conjunto de largas escadas de pedra se curvavam na entrada da garagem até a minha porta da frente. — Lugar grande. — Nick murmurou enquanto nos movíamos para a sala de estar. — É mais espaço do que eu preciso, mas eu amo todas as janelas e varandas. Eu me imaginei morando em uma pitoresca cabana em Montana. Infelizmente, nenhuma estava à venda. Então eu me decidi por este lugar, sabendo que estaria rodeada de árvores em vez de arranha-céus. A sala de estar era feita principalmente de janelas do chão ao teto, exceto por uma parede com uma enorme lareira de pedra. Eu fiquei dentro enquanto Nick inspecionava a varanda que rodeava todo o comprimento da sala.

Eu pulei o tour de cima para poder evitar mostrar a Nick meu quarto. A ideia dele em pé ao lado da minha cama era inquietante e íntimo demais. — Você gostaria de uma cerveja? — Eu perguntei quando entramos na cozinha. — Claro. Isso é uma cozinha e tanto. — disse Nick. Fui até a geladeira e peguei um copo de vinho e para ele uma cerveja light. — Você não está errado. A cozinha ocupava quase toda a parte de trás da casa, passando atrás da sala de jantar e se juntando à sala de estar. Armários ricos em amieiro marrom cobriam as paredes. O refrigerador tinha quase um metro e meio de largura, o fogão a gás tinha sete bocas e havia dois fornos com a configuração de convecção empilhados. No centro havia um enorme balcão. Na maioria das noites eu comia em uma das quatro banquetas na borda com a ilha retangular. Também me sentia solitária para sentar na minha mesa de jantar de oito lugares. — Você gosta de cozinhar? — Nick perguntou. — Eu não tenho muita experiência. Quando eu estava crescendo

minha

família

tinha

um

chef,

então

eu

nunca

aprendi. Logan e eu comemos fora na maioria das refeições. — Eu não perdi o modo que sua mandíbula apertou na menção do nome de

Logan. — Eu tenho tentado aprender desde que me mudei para cá, mas é um sucesso ou um fracasso. — Aposto que você está enlouquecendo aqui nas montanhas sozinha. — Um pouco. Eu sinto falta de estar perto de adultos, mas eu não sinto falta de todos os sorrisos forçados e conversa fiada. Essa cena sempre foi do meu pai. Depois que eu parei de trabalhar para ele eu teria parado de ir a esses tipos de eventos completamente se não fosse pelas responsabilidades de Logan. — Quais são essas responsabilidades? — Ele perguntou. — Logan supervisiona a fundação de sua família. Os Kendricks dão enormes somas às instituições de caridade todos os anos, e Logan ou o CEO da fundação tentam participar pessoalmente da maioria dos eventos. — Hmm. — Ele tomou um longo gole de sua cerveja. Isso era miseravelmente desconfortável. Eu tinha decidido anteriormente que eu iria tomar qualquer oportunidade de mencionar Logan hoje à noite. Nick precisava do lembrete de que eu tinha um namorado e se eu estivesse sendo honesta comigo mesmo, eu também. Mas agora que a sala estava cheia de tensão, eu estava repensando meu plano.

Nós dois ficamos parados na ilha em silêncio até que o timer do forno apitou. Nós comemos silenciosamente de lados opostos. Nick estava imerso em pensamentos e me concentrei em minha comida. — Esta é a vida que você quer, Emmy? Chefs, jantares de caridade. Dinheiro. — ele perguntou quando nós terminamos nossa refeição. — Emmeline. E essa é a vida que eu conheço. Não necessariamente o que eu quero. — Ok. — ele suspirou. Eu tinha acabado de lhe dar permissão para me ajudar a encontrar a vida que eu queria? Merda. — Desculpa. Eu não pensei em pegar nada para a sobremesa. — eu disse limpando nossos pratos. Sem responder Nick entrou na despensa e fez o inventário. Ele surgiu com seus braços cheios de suprimentos. — O que você está fazendo? — Eu perguntei enquanto ele colocava açúcar, chocolate, arroz Krispies e alguns outros ingredientes. — Ensinando você a fazer um dos meus favoritos. — disse ele. — Qual é? — Eu perguntei. — Scotcheroos. Eles são como bolinhos de arroz com esteroides.

Nos próximos vinte minutos Nick pairou ao meu lado enquanto me dava o passo a passo das instruções sobre como fazer uma mistura de açúcar e manteiga de amendoim para o cereal de arroz que nós cobriríamos com chocolate derretido. Foi só por acaso que eu tinha os ingredientes necessários. Eu tinha enlouquecido na mercearia algumas semanas atrás, então falhei espetacularmente em fazer cookies para mim. Quando as barras estavam esfriando na geladeira, nos sentamos na sala de estar e conversamos sobre nada sério. Eu estava muito cansada para uma conversa sobre o passado. Podia esperar até o quarto ou quinto encontro. — O que você faz? — eu perguntei, tomando meu vinho. — Eu sou o chefe do corpo de bombeiros. — Prescott tem um posto grande? — Eu perguntei, ignorando o entusiasmo que eu tive em descobrir que Nick era um bombeiro. — Não. Eu sou o único funcionário pago em tempo integral. O resto da minha equipe é formada por voluntários. Não há atividade de

incêndio

suficiente

aqui

para

ter

uma

equipe

grande. Principalmente, eu me certifico de que os voluntários estejam em treinamento no caso de recebermos uma ligação. No verão, ajudamos o Serviço Florestal com pequenos incêndios florestais que queimam muito perto da cidade. — Você gosta disso? Seu emprego?

— Sim. Eu gosto da variedade e tenho uma ótima equipe de voluntários. — Isso é bom. — Fico feliz que você conseguiu ser uma professora como você sempre quis. Eu sorri. — Eu também. Meu telefone toca, interrompendo nossa conversa. Logan. Eu tentei falar com ele a semana toda e contar a ele sobre Nick, mas toda vez que nos falamos, ele estava correndo para algum lugar. Claro que ele escolheria esse momento para me ligar de volta. — Desculpa. Eu preciso atender isso. — Coloquei o telefone no meu ouvido, e caminhei para fora da sala de estar quando eu tropecei novamente naquela ruga ameaçadora. — Merda! Malditas fadas do mal! — Emmeline? — Logan perguntou. — Oi eu estou aqui. Desculpa. Eu apenas tropecei. — Você está com visitas? — Ele perguntou, o riso de Nick ecoando ao fundo. — Oh, uh, isso é só a TV. — eu menti. — O que você está fazendo? — Apenas estacionando no Waldorf. Vou me encontrar com meus pais para o jantar.

— Oh. — Isso significava que em menos de dois minutos, ele iria encerrar a ligação. Mais uma vez ele estava ocupado demais para termos uma conversa. — Eu realmente preciso falar com você. Você pode me ligar amanhã? — Vou tentar. Mas estou planejando um café da manhã com Tom para que possamos acompanhar o caso. E depois vou para o escritório. — Bem. Mas se você não me ligar amanhã eu vou passar por cima de você e conversar com a sua assistente para que ela possa marcar um horário na sua agenda. — Uh, claro. O que você quiser. — ele disse. Ele estava distraído e esse telefonema não era uma prioridade. — Boa noite, Logan. — eu disse e não esperei por sua resposta. Nosso relacionamento estava se deteriorando. Ou talvez eu estivesse percebendo agora que isso já tinha acontecido. Nós não éramos prioridade na vida um do outro, não como nós costumávamos ser. E, além de mudar de casa, eu não fazia ideia do que fazer sobre isso. O pensamento de perdê-lo era deprimente, mas morar na cidade não era uma opção. Chocolate. E mais vinho. Isso é o que eu precisava. Eu entrei na cozinha e encontrei Nick cortando os scotcheroos. — Você está bem? — ele perguntou.

— Ótima! — Eu menti. Ele não acreditou e entrou no meu espaço, colocando as mãos dos lados do meu rosto. — Sem mentiras, Emmy. — Ele se inclinou e beijou a ponta do meu nariz. O segundo que seus lábios tocaram a minha pele, todos os músculos do meu corpo ficaram tensos. Esse toque era dolorosamente familiar. Eu me lembrava de cada uma das carícias de Nick e dos beijos de Las Vegas. Naquela época eles tinham significado o mundo para mim, mas agora eles machucavam meu coração. Não importava o quanto eu odiasse, ainda me sentia atraída por ele. Nossa atração era magnética. Quanto mais forte eu a empurrava, mais forte ela recuava. Nós precisávamos de mais distância se eu quisesse sair desses cinco encontros inteira. — Por favor. Não faça isso. — implorei. Sua testa descansou contra a minha por um breve momento antes que o calor de seu corpo desaparecesse e meu rosto fosse libertado de seu alcance. Pegando uma grande scotcheroo da panela, ele disse: — Até amanhã. Eu fiquei na varanda e observei as lanternas traseiras da enorme caminhonete vermelha desaparecerem entre nas árvores. Outro encontro terminou e eu ainda estava sem respostas. Foi um erro não pressionar e esperar até amanhã, porque esta noite eu senti uma mudança.

Talvez eu não quisesse uma explicação. O que quer que Nick me falasse poderia me fazer odiar ele de novo. E no fundo eu temia esse pensamento. **** — Três encontros realizados. O que ele planeja para o próximo? — perguntou Steffie. — Não tenho certeza. Ele apenas disse “Até amanhã” antes de sair. —

Você

consegue. Aguente

estes

dois

últimos

encontros. Quando você souber mais, você pode começar a tomar decisões. Eu tinha ligado para Steffie para me aconselhar não muito depois de Nick ter ido embora. Além de Nick e eu, Steffie era a única pessoa que conhecia todos os detalhes sórdidos sobre Las Vegas. Eu estava tão quebrada que ela teve que praticamente me carregar pelo aeroporto na manhã em que ele partiu. — Você está certa. Eu posso suportar mais duas noites com Nick. — Eu posso suportar. Eu estava suportando por um longo tempo. — Você já se perguntou? — Ela perguntou. — Se perguntou o quê? — Perguntou-se e se? O que teria acontecido se ele não tivesse te deixado em Vegas?

— Não. — Minha resposta foi clara e verdadeira. Eu sempre tinha me protegido de imaginar o que nossos nove anos poderiam ter sido. — Não comece agora. — ela avisou. Droga, Steffie. Suas palavras tiveram exatamente o efeito oposto. Em um flash, imagens indesejadas assaltaram minha mente. Eu vi Nick na minha formatura de Yale, em pé no meio da multidão ao lado da minha família, aplaudindo alto e assobiando enquanto eu caminhava pelo palco e recebia meu diploma. Eu imaginei ele me deixando na pequena faculdade da cidade todas as manhãs onde eu estava recebendo meu diploma de professora. E eu vi um garotinho lindo perseguindo um filhote de pastor alemão. Seu cabelo escuro era da cor exata do cabelo de Nick, mas ele tinha meus olhos cinzentos. A irmãzinha do menino brincava na grama, o cabelo ruivo enrolado nas pontas, igualzinho ao do pai. A clareza das imagens as tornou quase reais. E isso era ainda mais doloroso. — Eu vou deixar você ir. — eu disse a Steffie, sufocando as palavras além do meu aperto na garganta. Eu desliguei o telefone, em seguida, apertei meus olhos fechados, segurando a mão no meu coração. Usando todo o poder

mental que eu tinha, eu empurrei aquelas imagens melancólicas até que tudo que eu vi ficou preto. Havia algumas coisas que eu não poderia suportar.

Capítulo Cinco O toque da minha campainha me acordou de um sono profundo. Disparando para fora da cama, olhei para o relógio. Eram apenas seis da manhã. Considerando que eu conhecia muito poucas pessoas em Prescott e que menos ainda sabiam onde eu morava, meu primeiro visitante matinal era provavelmente Nick. Depois de encolher meus ombros no meu robe de seda preto estampado floral, eu desci as escadas e abri a porta. — São seis da manhã. Você disse que me veria amanhã. Não é amanhã ainda. Vá embora. Ele riu, depois abriu caminho para dentro. — Você poderia ter pelo menos trazido café. — eu disse, o seguindo para a cozinha. Indo direto para o balcão, ele sem palavras pegou um scotcheroo e deu uma enorme mordida. Ontem à noite, depois que ele partiu, eu fiquei louca e comi três. A camada de chocolate com manteiga em cima do cereal crocante coberto com manteiga de amendoim era deliciosa e viciante. Mas consumir tanto açúcar às seis da manhã não poderia ser bom para você. No entanto, Nick não parecia o tipo de cara que

realmente se importava com alimentos saudáveis e dietas da moda. Com todos esses músculos para queimar as calorias, ele provavelmente poderia comer tantos doces quanto ele quisesse. — Café da manhã dos campeões? — Perguntei. Sua boca formou um sorriso torto enquanto ele mastigava. — Vou fazer café. — eu disse. Examinei minha extensa coleção de canecas, eu escolhi uma das minhas favoritas. Lia-se: NÃO LEIA A PRÓXIMA SENTENÇA. Sua pequena rebelde. Eu gosto de você. Sorrindo, fui em direção da minha cafeteira Keurig. Eu estava tão focada na caneca de café que eu quase não ouvi os passos de Nick quando ele invadiu o espaço nas minhas costas. Meus músculos travaram no lugar, não precisava me virar para saber que ele estava perto. Muito perto. O espaço ao meu redor aqueceu e seu perfume encheu minhas narinas. Ele deve ter acabado de tomar

banho porque o aroma

picante e fresco de seu sabonete permaneceu ao redor dele. Era a mistura perfeita de noz-moscada e casca de laranja. O cheiro de Nick, combinado com o do café, era relaxante. Tão relaxante que eu quase me recostei no peito dele. Quase. Eu saí do

meu transe. O que estava errado comigo? Por que eu apenas fiquei lá e deixei Nick invadir meu espaço? Porque eram seis da manhã. Isso e eu estava muito louca. É por isso. Me esquivei ao redor dele, voltei para o balcão para pegar uma caneca de café. — Café? — Eu perguntei. Ele assentiu e eu senti seus olhos castanhos nas minhas costas enquanto eu fazia seu café. Depois que eu lhe entreguei a caneca cheia, caminhei pela ilha, a usando como uma barreira entre nós. Sua caneca era preta com nada do lado de fora. A única decoração era dentro no fundo, onde estava escrito “você foi envenenado” em pequenas letras brancas. Eu estava ansiosa para ver sua reação quando atingisse o fundo. Eu tinha usado aquela caneca para meu pai muitas vezes, sempre apreciando o olhar nervoso que ele me dava quando tinha terminado o conteúdo da caneca. Depois de tomar alguns goles, Nick finalmente falou. — Vamos para uma caminhada. — Uma caminhada? Eu nunca fiz trilha antes. — eu disse. — Hoje é o seu dia. O tempo vai mudar em breve, então este é um dos últimos fins de semana para explorar as montanhas. Eu

imaginei que você provavelmente não fez muito disso, garota da cidade. Mas não se preocupe, você vai gostar. — Não devemos esperar até que fique um pouco mais quente? Está quase sem luz. Para mim, uma caminhada diz 'tarde.' Não antes do amanhecer. — Temos coisas para fazer primeiro. — disse ele. — Vamos tomar café da manhã na cafeteria. Então nós precisamos pegar alguns sanduíches para o almoço. Depois disso, vamos em direção da montanha. Abri a boca para protestar, mas ele me cortou. — Sem discussão. Você tem tempo para tomar banho e se trocar. Certifiquese de usar algo quente. Vai ser mais frio para onde estamos indo do que aqui embaixo. — Tudo bem. — eu resmunguei. Depois de reabastecer minha caneca de café, subi as escadas. Quando acabei de subir o último degrau, a gargalhada de Nick preencheu o andar debaixo. Meu coração gaguejou e eu sorri para o som. Ele deve ter visto o fundo da sua caneca. Eu realmente gostava dessa caneca. **** Meu futuro ex-marido era mau. O bastardo provavelmente usou esse truque de caminhada como uma forma de levar as mulheres para a cama inúmeras vezes

ao longo dos anos. Porque neste exato momento, eu estava tão excitada que não fazia muito mais do que colocar um pé na frente do outro. Eu estava andado atrás de Nick na trilha da montanha por mais de uma hora. Toda vez que eu olhava para cima, meus olhos pousavam imediatamente em seu traseiro esculpido. Durante anos, eu achei que a bunda de nenhum homem poderia ser tão boa quanto a de Logan em seus ternos sob medida. Bem, eu estava completamente errada. A bunda de Nick chutava a bunda de Logan. A calça que ele usava não era justa, mas o corte destacava todos os contornos arredondados e musculosos de sua bunda. Quem diria que calças de lona marrom poderiam ser tão sexy? Só de olhar para sua bunda, meu corpo inteiro vibrava. Tudo que eu queria fazer era alcançar e pegar um punhado. Mas o que eu precisava fazer era parar de pensar no traseiro de Nick. Eu odiava que ainda estivesse insanamente atraída por ele. — Você está bem aí atrás? — Nick perguntou por cima do ombro. — Ótima! — Eu menti, olhando para cima em seu rosto sorridente. Ele tinha acabado de me pegar olhando. Merda.

— Ainda falta muito? — Eu perguntei, tentando não parecer culpada. — Estamos quase lá. Dez minutos, talvez. — Este lugar é um dos seus favoritos? — Sim. Tem uma excelente vista de Jamison Valley. E a caminhada em si é bastante fácil. Não queria te levar a nada muito difícil na primeira vez. — Fácil. Certo. — Eu estava bufando e soprando por vinte minutos. Minhas coxas estavam queimando e minhas panturrilhas estavam rígidas. Meu corpo não trabalhou tão duro em anos. Tinha a sorte de ter uma estrutura pequena e metabolismo rápido, o que significava que eu não tinha entrado em uma academia desde a faculdade. E mesmo assim, enquanto eu não enlouquecesse com comida calórica, eu seria capaz de manter meu corpo sem muito exercício. Fiel à sua palavra, Nick logo desviou da trilha e nós manobramos através das árvores para uma grande abertura em frente a um penhasco rochoso. Quando meus olhos observaram a vista diante de mim, arrepios percorreram meus membros. Magia.

Jamison Valley estava localizado no sudoeste de Montana, e a partir desta posição pudemos o ver o horizonte. Nick até me mostrou a distância onde o Parque Nacional de Yellowstone começava. Os prédios marrons de Prescott eram minúsculos daqui. A vista aérea me permitiu ver como a cidade preenchia o espaço ao longo do rio Jamison. Milhas de distância havia outra Cordilheira azul-escura elevando-se sobre as planícies douradas entre nós. Os pinheiros ao redor do penhasco rochoso ficaram altos. Sua cor verde forneceu um contraste impressionante para o céu azul claro, sem nuvens acima. — Vista bonita. — disse Nick. — Montana não é feia. Rindo, ele perguntou: — Você quer um café? Eu balancei a cabeça e o segui para um ponto vazio no chão onde nós dois nos sentamos de frente para a vista deslumbrante. De sua mochila ele tirou uma garrafa térmica grande e duas xícaras. Com café na mão, isso tinha acabado de se tornar meu lugar favorito na terra. Peguei meu celular e tirei algumas fotos. Elas ficaram boas, mas nenhuma imagem poderia fazer justiça ao cenário. Respirando fundo algumas vezes, pensei em todas as palavras para descrever o incrível ar da montanha. Puro. Pétreo. Leve. Não havia nada parecido.

— Está com frio? Seu nariz está um pouco vermelho. — disse Nick, estendendo o dedo para gentilmente tocar meu rosto. — Não. — eu disse me afastando. — Eu estou bem. O café fumegante estava fazendo maravilhas para aquecer meu nariz e bochechas, as únicas partes frias do meu corpo. O ar estava frio e fresco, mas as camadas adicionais de minhas roupas estavam definitivamente me aquecendo. Quase quente demais. Meu cabelo suado estava grudado no meu couro cabeludo debaixo do meu gorro de lã. Nós nos sentamos em silêncio, apreciando a vista, até que Nick começou a fazer perguntas sobre o meu passado. — Você me disse que não poderia ser professora. Que você tinha que trabalhar para seu pai. O que mudou? — Depois que me formei em Yale trabalhei para ele por quase sete anos. — eu disse. — O que você fazia? — Meu trabalho era fazer contato com potenciais doadores com muito dinheiro e convencê-los que deveriam doar a qualquer candidato político que estávamos promovendo na época. — Hmm. Como você fez isso? Fazer esses contatos. — ele perguntou. — Passei muito tempo pesquisando por eles e suas famílias. Basicamente eu tive que agir como uma perseguidora. Eu

faria amizade com suas assistentes pessoais para que eu pudesse ter acesso a seus horários particulares. Então eu casualmente encontrava com eles em restaurantes ou em outros eventos de caridade. E se seus filhos tinham programas ou shows, eu teria a certeza de ir, depois mentiria e diria que estava lá por minhas sobrinhas e sobrinhos inexistentes. — Isso não soa como você, Emmy. — Emmeline. E não era eu. Era meu pai. Eu era seu fantoche. O que quer que ele precisasse que eu fizesse, eu faria. Até que ele me traiu e eu parei. — Ele traiu você? Como? Apenas duas pessoas conheciam essa história. Eu mantive isso em segredo de todos, exceto minha mãe e Logan. Steffie e eu nunca falamos sobre Austin Capital, e meus outros amigos não eram confiáveis, mas eu me senti segura dizendo a Nick. Ele não ia vazar para a imprensa por um dinheirinho fácil ou fofocar sobre isso pelas minhas costas. — Um doador importante chamou meu pai para apresentar uma queixa sobre uma das minhas funcionárias, Tiffany. O doador disse ao meu pai que ela havia prometido favores sexuais em troca de uma doação significativa. Quando eu a confrontei, ela confessou, mas me contou que foi instrução pessoal do meu pai. Que foi ele quem disse a ela para fazer isso.

— Ele fez isso? — Nick perguntou. — Ele jurou de pé junto que Tiffany estava mentindo. Até hoje não acredito que pensei que ele estava me dizendo a verdade. Mas acreditei nele e limpei a bagunça. Tiffany concordou com uma grande indenização em troca de sua promessa de nunca processar ou caluniar a companhia. — É por isso que você desistiu? Você descobriu que ele estava mentindo? — Não. — eu disse. — Ele estava mentindo, mas não foi por isso que eu desisti. Um mês depois eu estava em uma festa de gala com Logan. O doador que reclamou com meu pai se aproximou e praticamente começou a me acusar de ser uma prostituta. Eu me lembro de ficar ali sem palavras, atordoada e sem fazer ideia do que ele estava falando. Felizmente Logan se intrometeu e descobriu a história toda. — Que foi? — Meu pai botou a culpa de todo o incidente de Tiffany em mim. Ele disse que eu era a única encorajando-a a fazer avanços sexuais e que ele não sabia nada sobre isso. Ele tinha até mesmo sugerido que comecei a namorar Logan para ter acesso a fortuna dos Kendrick. Foi por isso que eu saí. Ele viu uma situação em que sua reputação profissional poderia ter sido manchada, e em vez de

reconhecer seu erro, ele falsamente colocou a culpa de tudo em sua filha. Sua reputação pessoal era questionável, mas profissionalmente, meu

pai

sempre

foi

o

epítome

de

empresário

respeitado. Mentira. Tudo mentira, mas ele era bom em contar elas. Ele tinha que ser para ganhar o dinheiro que ele era tão extremamente apaixonado. — Mas há um lado positivo. — eu disse. — Foi o empurrão que eu precisava para me libertar. Eu odiava aquilo de qualquer forma. O melhor dia que eu já tive em Austin Capital foi o dia em que empacotei as coisas do meu escritório e entreguei meu crachá na segurança. — Então você voltou para a faculdade? — Nick perguntou. — Sim. Eu comecei as aulas no próximo semestre. Desde que eu já tinha meu diploma de graduação, eu só tive que ir por dois anos. Então me deparei com os Mustangs e aqui estou. Depois de alguns momentos de silêncio, Nick disse: — Não sou fã do seu pai. — Eu também não. — Eu ri. Crescendo, eu sempre tentei agradá-lo. Mas não importava o que eu fizesse, ele sempre ficava desapontado comigo. Nada era bom o suficiente. Nem minhas notas perfeitas. Nem meu trabalho

voluntário exemplar. Nada. Levei muito tempo para perceber que eu não era a decepção. Ele era. — Ele foi a razão pela qual você saiu de Nova York? Você não poderia ter conseguido um emprego de professora lá? — Nick perguntou. — Eu não diria que meu pai foi o motivo, mas ele certamente foi o catalisador. Tenho certeza que eu poderia ter encontrado um emprego lá, mas era hora de mudar. Hora de ser apenas eu. Emmeline Austin. Não a antiga Emmeline Austin, onde tudo era sobre dinheiro e prestígio. Você é medido pela sua posição social e pelo número de vezes que você sai nas colunas sociais. Eu não queria mais viver aquela vida. — Você sente falta? Da cidade? — Nick perguntou. —

Sinto

falta

de

algumas

coisas. De

Logan,

principalmente. Sinto falta do meu restaurante. Lavanderia de roupa vinte e quatro horas. Vendedores ambulantes de cachorroquente. Mas além disso, é bom viver uma vida mais simples. Nova York pode ser um lugar frio para quem está no centro das atenções. — Você não sente falta dos seus amigos? — Ele perguntou. — Não. — eu zombei. — A maioria dos meus 'amigos' não falam comigo desde que saí. — E aquelas garotas que estavam com você em Vegas? O que aconteceu com elas?

— Marian se mudou para Los Angeles e perdemos contato. Alice mora na cidade, mas nós estávamos tão focadas na carreira depois de Yale que perdemos contato também. — eu disse. — Embora, aparentemente, ela esteve procurando por Logan. — E quanto a outra? Aquela com os implantes? Eu engasguei com o meu café. — Steffie? Nós ainda somos amigas. Nosso relacionamento é... diferente. Cerca de seis meses antes de eu parar de trabalhar para o meu pai fui até a cobertura dele sem aviso prévio. Adivinha quem ele tinha nua e debruçada sobre as costas do seu sofá? — Steffie? — Eu ainda sinto náuseas quando penso nisso. As coisas foram estranhas

no

começo,

mas

conseguimos

continuar

amigas,

independentemente de seu relacionamento com meu pai. — Interessante. — ele disse sarcasticamente. — As coisas sempre foram um pouco não convencionais na propriedade Austin. — E sua mãe? —Ele perguntou. — Ela mora na Itália. Logo depois que me formei no ensino médio ela se mudou para lá com seu namorado italiano, Alesso. Ela começou a ter um caso com ele quando eu tinha dezesseis anos. Quando seu visto de trabalho expirou ela decidiu se mudar para a Itália com ele permanentemente.

— Ela estava traindo seu pai? — Oh, sim. — eu disse. — Desde que me lembro eles se casaram e

ambos

continuaram

descaradamente

com

seus

casos

publicamente. Eles só se divorciaram há cinco anos. — Porra. Isso é muito drama. — Nick disse quando minha história acabou. — Você não está errado. Ficamos sentados em silêncio por um tempo, depois vagamos devagar pela trilha e comemos sanduíches na parte de trás de seu caminhão antes de Nick me levar para casa. — Obrigada. Eu gostei da caminhada. Nós estávamos de pé na minha porta da frente e eu estava tirando minhas chaves, mentalmente me preparando para perguntar por que ele me abandonou. Eu tinha decidido na viagem de volta que o tempo dele estava acabando. Ele tinha me prometido uma explicação e ainda tinha que dar. Durante todo o dia conversamos e nem uma vez ele abordou o assunto. Ele ficou sabendo muita coisa sobre a minha vida, mas compartilhou pouco sobre a dele. Então, esta tarde eu exigiria respostas. E eu queria que isso acontecesse aqui na minha casa, na minha privacidade, onde me sentia segura para ter qualquer reação emocional que fosse preciso.

— Nick, eu preciso de você para... — fui interrompida pelo suave toque de seus lábios nos meus. Por um segundo todos os meus pensamentos foram consumidos por quão maravilhosos seus lábios pareciam. Como, por anos, eu tinha desejado senti-los novamente, mesmo depois de jurar odiar esse homem por despedaçar o meu coração. Mas esse segundo passou. Eu não podia permitir que Nick me beijasse. Eu não era dele. Eu pertencia a Logan. Um homem leal, bonito e brilhante que não quebrou o meu coração. Virando a cabeça para o lado, eu quebrei o contato antes de colocar uma mão em seu peito e empurrá-lo. — Não. — Emmy. — Emmeline! — Emmy. Você sempre será minha Emmy. — Eu não sou nada sua, Nick. — Você é minha esposa. — Um certificado de papel não me faz sua esposa. — eu disse. Seu corpo se encolheu e seus olhos se encheram de arrependimento. — Me perdoe. Nos dê uma chance. Nós temos algo aqui e você sabe que estou certo. — Não há nós. E como posso te perdoar? Você nem me disse por quê.

— E se eu fizer? — Eu não sei. Eu posso perdoar você, mas isso não apaga a dor. Eu te dei meu coração e você traiu minha confiança. Sua explicação pode curar algumas das feridas do passado, mas nós não temos um futuro. Logan é meu futuro. Sua gentileza evaporou. — Ele não é seu futuro. Eu sou. Porque seu coração ainda pertence a mim. — O que? Você está louco? — Eu engasguei. — Você é minha. Você é minha esposa. — Você é louco. — Você não o quer. Está tudo apenas na sua cabeça porque você está com raiva de mim. Seu rosto não se ilumina quando ele te liga, não como quando você olha para mim. Você fala sobre o que vocês dois fazem, mas não como ele faz você se sentir. E se você realmente o amasse, de jeito nenhum no inferno você ficaria casada comigo por nove anos. Você poderia ter conseguido esse divórcio a uma porra de muito tempo atrás. Eu pisquei para ele, surpresa. Como ele poderia ficar ali e criticar meu relacionamento com Logan? Como ele poderia pensar que três jantares e um filme compensariam suas ações em Vegas? Mas ele estava certo. Eu deveria ter conseguido esse divórcio há muito tempo atrás. Algo que eu iria remediar imediatamente.



Nós

terminamos. Meus

advogados

entrarão

em

contato. Saia. Agora. — Eu apontei para o caminhão dele. — Eu estarei aqui amanhã depois do trabalho para buscála. Nós não terminamos. —

Nós. Terminamos. Você

funcionou. Não



mais

jogou

o

seu

encontros. Chega

jogo de

e

não

fugir

da

verdade. Apenas vá! — eu gritei. — Você acha que isso é um jogo? — O que mais poderia ser? Isso é tudo que você já fez. Você está brincando comigo novamente, mas desta vez eu não vou ser a idiota estúpida que se apaixona. — Você realmente acha que eu estou brincando com você? — Sim! Erguendo a cabeça para o céu, ele rugiu. — Porra! — Seu peito arfava e seus olhos se fecharam quando ele tentou se acalmar. — Amanhã à noite. É melhor você estar aqui quando eu aparecer. Se você não estiver, eu vou te achar. — ele ameaçou. — Você quer saber de tudo? Bem. Você terá todas as respostas que quiser. Talvez então você veja que isso não é um maldito jogo para mim. Esta é a porra da minha vida! — ele gritou e desceu as escadas. Correndo para dentro eu caí contra a porta da frente no segundo em que o trinco clicou. Seu carro roncou para a vida lá fora e se afastou. Segurando minha barriga, afundei no chão.

Eu não podia fazer isso. Eu não poderia mais estar perto de Nick. Isso machuca. Mas mesmo com a dor torcendo ao meu lado, eu tinha que saber a verdade. Tudo o que ele tinha a dizer, provavelmente, esmagaria meu coração de novo, mas a coisa que eu mais temia era que tudo que ele acabara de dizer fosse verdade.

Nick — Porra! — Eu gritei para o painel do carro. A velocidade do meu carro combinava com o ritmo frenético da minha pulsação. Emmy não ia me perdoar. Eu podia ver isso nos olhos dela. Eu esperei estupidamente que, se passássemos um tempo juntos, pudéssemos voltar para onde estivemos uma vez. Que talvez ela deixasse o passado para lá e eu não teria que contar a ela a verdade. Mas isso foi apenas um maldito sonho. Minha única chance era contar tudo. Anos atrás, eu tinha tomado a decisão de deixá-la para sua própria segurança. Nós não falamos sobre isso na noite em que nos casamos, mas eu sabia que ela tinha dinheiro. Dinheiro que atrairia os demônios que destroem o mal e a alma. E essa era minha família. Então eu arranquei meu próprio coração para salvar o dela.

A imagem dela na manhã que eu parti ficou gravada na minha mente. Seu corpo nu dormindo pacificamente, enrolado no lugar onde eu estivera deitado. Seu lindo cabelo espalhado em suas costas nuas e em todos os travesseiros. Um pequeno sorriso brincando em seus lábios rosados. Lembrei-me de levantar gentilmente uma mecha de cabelo de seu rosto de porcelana antes de sussurrar que eu a amava. Palavras que ela nunca me ouviu dizer. E depois com um buraco dolorido no peito, eu silenciosamente saí da suíte do hotel, deixando para trás a única pessoa que podia trazer calor para o meu coração frio. Nove anos e eu ainda podia ouvir o clique daquela porta da porra do quarto do hotel. Ela estava melhor sem mim. Naquela época eu estava profundamente envolvido com a vida perigosa da minha família para mantê-la segura. Eu jurei ficar longe, mas as coisas eram diferentes agora. Ela estava aqui. E eu aprendi que viver uma vida sem afeto não era vida alguma. No momento em que eu tinha colocado os olhos nela novamente, o entusiasmo se espalhou como fogo através do meu peito. E eu sabia que lutaria até a morte para reconquistá-la. Cada minuto que eu passei com ela esta semana reforçou meu desejo de continuar lutando.

O namorado poderia ir se foder. Ela era minha. Emmy era uma pessoa incrível há nove anos, mas de alguma forma o tempo tinha conseguido torná-la ainda melhor. Ela era tão inteligente e espirituosa. Nunca nenhuma vez ela exibiu sua riqueza. E ela tomou medidas extras para garantir que aqueles ao seu redor não fossem intimidados ou ameaçados por ela. Ela era gentil e amorosa. O jeito que ela sorria para Rowen Cleary me fez querer desesperadamente ver aquela luz brilhar nas crianças que faríamos juntos. Linda. Ela era de tirar o fôlego. Hoje na montanha, com as bochechas coradas e o nariz rosado, levou cada gota da minha força de vontade para não a tomar ali mesmo nas árvores. — Foda-se os segredos. — Não importava o que fosse preciso, eu ia ter minha esposa de volta. Minha Emmy. Mesmo que isso significasse lhe dizer coisas que jurei nunca revelar.

Capítulo Seis — Você se mudou por ele? — perguntou Logan. Eu apertei meu telefone com mais força. — Não, eu não me mudei por ele. Eu acabei de te contar, eu nem sabia que ele morava aqui. Se você precisar dos relatórios do investigador particular para provar que eu não sabia, eu vou mandá-los esta noite. — Eu não sei se posso acreditar em você. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Uau, isso doeu. — Como você pode dizer isso, Logan? Eu nunca menti para você. — Mesmo? Você acha que não me dizer que você ainda era casada não é uma mentira? — Não, quero dizer, sim. Eu só... não sei porque não te contei. Mas não foi para te machucar. — Você ligou para Fred Andrews? — ele perguntou. — Sim. Eu falei com ele logo depois que encontrei Nick. Ele está trabalhando nos papéis do divórcio. Espero no telefone, ouvindo Logan respirar. — Eu não sei o que fazer, querida. — sua voz suave causou uma nova onda de lágrimas.

— Acredite em mim quando digo que não esperava que ele estivesse aqui. E que lamento por não me divorciar há nove anos atrás. — Preciso de um tempo. — Ok. — eu funguei tentando me recompor. — Eu odeio que estamos tendo essa conversa pelo telefone. — Eu também. Eu amo você, Logan. — acrescentei antes que ele pudesse desligar. — Eu também te amo. Eu tenho que ir. Hoje foi um desastre e o pior ainda estava por vir. Quinto encontro. Depois que Nick foi embora ontem, nossa conversa se repetiu em minha mente várias vezes. O sono me evitou e eu finalmente me levantei às três e meia e fiz faxina. Fui para a escola totalmente exausta esta manhã, mas pelo menos a minha casa estava impecável. A única pausa que tive hoje foi com meus alunos. Eles foram uns anjos, como se pudessem sentir que eu estava à beira de um colapso e, em vez de me empurrar, eles se agarraram aos meus pés e me mantiveram ancorada. Quando cheguei em casa eu relutantemente liguei para Logan. Não deixando que ele me dispensasse mais uma vez eu forcei

a inevitável conversa. Agora que acabou eu tinha que mentalmente me preparar para outra noite com Nick. Eram apenas cinco e meia. Eu supunha que Nick não chegaria antes das seis, o que me dava pelo menos trinta minutos para sentar no meu sofá e chorar. E foi exatamente o que eu fiz. — O que há de errado? — Nick perguntou quando eu atendi a porta. — Nada. — eu menti. — O que vamos fazer esta noite? Nick cruzou os braços sobre o peito. Eu imitei sua postura e nós nos encaramos. Eu não lhe devia nenhuma explicação. Se eu estava chateada, isso era problema meu. Não dele. E não havia nenhuma maneira no inferno que eu ia dizer a ele que eu estava chorando por causa do meu telefonema com Logan. Meu relacionamento, meu negócio. — Porra, você é uma mulher teimosa. — ele murmurou. Levantei minhas sobrancelhas e estiquei meu queixo, o lembrando silenciosamente que ele ainda tinha que responder a minha pergunta. — Nós vamos para minha casa. — Tudo bem. Vamos. — eu disse e passei por ele, batendo a porta atrás de mim.

Nós fomos para a casa de Nick em silêncio. O sol estava começando a se pôr atrás das montanhas. O céu laranja e amarelo desvanecendo lentamente em tons brilhantes de rosa e roxo. Eu achava que Nick morava na cidade, mas ele realmente morava perto de mim. Depois de sair da rodovia começamos a entrar por uma estreita estrada de cascalho coberta de árvores altas. O final da estrada terminava em uma clareira pequena e redonda na floresta. No centro tinha uma cabana de madeira de dois andares. Uma varanda coberta percorria toda a extensão da casa, e duas grandes janelas de sótão se projetavam do telhado no segundo andar. Atrás da cabana havia uma grande oficina marrom. Aquela era a cabana pitoresca de Montana que eu queria. Ver este lugar fez com que me arrependesse de ter comprado minha casa. Era muito grande e ostensiva. Mas um lugar como este seria o ideal. A porta da frente se abriu para um espaço amplo e aberto. O brilho das luzes brancas suaves criou uma atmosfera calorosa e acolhedora. Os pisos eram feitos com um corte bruto de madeira marrom, e quando olhei de perto, vi as ranhuras circulares feitas pelas lâminas de serra. Em um canto da sala principal ficava uma cozinha quadrada cheia de armários escuros. Um balcão alto separava o resto da sala de

estar. Uma lareira de pedra era cercada por móveis de couro marrom apontados para uma grande televisão no canto. Em frente a sala de estar havia uma mesa de jantar cercada por seis cadeiras. A mesa e as cadeiras eram feitas com a mesma madeira e mesmo estilo da mesa de centro da sala de estar. Ao examinar o interior da casa me arrependi ainda mais da minha compra extravagante. — Você quer algo para beber? — Nick perguntou. — O que você tem? — Cerveja. Uísque. Água. — Uísque, por favor. — Não havia nenhuma maneira que eu ia passar pela conversa de hoje à noite sem álcool, e como eu não era uma grande bebedora de cerveja, uísque teria que servir. Quando Nick foi para a cozinha, eu caminhei em direção a um conjunto de estantes de livros na parte de trás da sala, ao lado da escada da escada que levava ao segundo andar. A coleção de livros de Nick me surpreendeu. Eu não tinha pensado nele como leitor, mas as prateleiras me provaram o contrário. Ele tinha alguns clássicos, bem como alguns romances policiais mais recentes. Eu também notei alguns de conteúdo automotivos grossos na prateleira de baixo.

Uma longa prateleira no meio era totalmente dedicada a porta retratos. Todas as fotos eram pequenas, mas havia tantas lotando a prateleira que eu não conseguia ver as que estavam atrás. Algumas das fotos mostravam um Nick mais jovem. Em uma delas, ele estava com um grupo de homens vestindo coletes de couro e de pé ao lado de uma fila de grandes motos. Em outra ele estava em um banco com uma linda mulher morena com um garoto do outro lado. As fotos restantes eram do Nick que eu conhecia, com seu cabelo bagunçado e barba cerrada. Em uma delas, ele e outros três homens usavam macacões verdes. Atrás deles estavam os restos de uma floresta completamente queimada com árvores negras saindo da terra queimada. Deslizando algumas das fotos para o lado comecei a examinar as escondidas na parte de trás. Meus olhos ficaram presos em uma foto pequena e sem moldura enfiada na junção de canto da estante. Eu agarrei sua borda e a tirei da madeira. Eu ofeguei quando a luz atingiu a foto. Era uma foto minha de Las Vegas. Eu estava dormindo em um travesseiro branco. Meu cabelo estava em ruínas, se espalhando por todo o lugar. Eu ainda estava maquiada da noite anterior que estava borrada nas minhas pálpebras. Meus lábios estavam vermelhos e inchados de uma noite

de beijar Nick. Eu parecia uma bagunça. Mas até dormindo eu parecia feliz. Lágrimas encheram meus olhos e a imagem ficou embaçada. Nick havia tirado uma foto minha na manhã antes de me deixar sozinha no Bellagio. E ele a guardou todo esse tempo. As bordas da foto estavam gastas e enrugadas, como se ele tivesse a segurado nas mãos e a estudado inúmeras vezes. Ela apresentava o mesmo desgaste e idade que a nossa foto de casamento que eu mantinha escondida. — Por quê? — Eu sussurrei para a foto. — Porque você é minha esposa. — disse Nick atrás de mim. — O que isso significa? — Isso significa que nós pertencemos um ao outro. Ele havia dito exatamente essas mesmas palavras logo depois de termos nos casado, logo depois de sua mentira mais descarada. Quando ele prometeu que faríamos nosso relacionamento funcionar. O fato dele ter as mencionado novamente me deixou instantaneamente irritada. Eu me virei. — Você disse isso para mim uma vez antes. Eu gostei da primeira vez. Agora, nem tanto. Conselho? Não reutilize seu material de Vegas.

Sua mandíbula apertou e ele respirou fundo pelo nariz. — Beba isso. — ele me cortou, empurrando um copo de uísque no meu rosto. —E se acalme porra. Eu bufei e rolei meus olhos. Esta ia ser uma longa noite. — Venha, sente-se. — disse ele, caminhando para o sofá da sala. Eu afundei em uma cadeira de couro de grandes dimensões em frente ao sofá e tomei um longo gole do meu uísque, fazendo uma careta enquanto o licor âmbar queimava seu caminho pela minha garganta. — Você quer que eu misture isso com um pouco de água? — Nick perguntou, descansando os cotovelos em suas coxas. — Não. — eu tossi. — Está bom. Explique, por favor. Vamos acabar com isso. — Tudo bem. Você viu aquela foto com a mulher e duas crianças na prateleira? Eu assenti. — Essa era minha mãe comigo e meu irmão mais novo. — disse ele. — Ela morreu quando eu estava com dezesseis. Eu fechei meus olhos. — Eu sinto muito. Eu não podia imaginar como seria doloroso perder a sua mãe tão jovem. Minha mãe não era o exemplo mais notável, mas ela ainda era minha mãe. Ela sempre esteve lá para mim.

— Ela foi assassinada por causa do meu pai. — acrescentou Nick. Os músculos do meu corpo ficaram travados. — Seu pai matou sua mãe? — Ele não puxou o gatilho, mas foi por causa de suas escolhas egoístas que ela foi morta. — O que aconteceu? — Perguntei. Nick se inclinou para frente e tomou um gole de seu próprio uísque antes de falar. — Meu pai é o presidente de uma gangue de motoqueiros. E é uma gangue. Todo mundo chama de clube, eles fingem que são apenas um grupo de rapazes fazendo passeios de fim de semana em suas Harleys, mas são uma gangue. Eles usam a violência para intimidar pessoas que não fazem o que querem. Eles têm pouco respeito pela lei. E eles cobram de seus clientes uma porra de uma fortuna para que possam ganhar um monte de dinheiro todos os meses. — Que tipo de clientes? — Principalmente, eles fornecem serviços de proteção para quem pagar. Algumas empresas locais em Clifton Forge. É de onde eu sou. Eles dirigem um circuito de lutas clandestinas ao redor do estado e recebem a arrecadação de cada luta. Mas seus maiores clientes são contrabandistas de drogas. O clube oferece proteção para

embarques vindos do Canadá. Eles garantem que as drogas não sejam roubadas ou apreendidas pelos policiais. — Canadá? — Perguntei. — Eu pensei que a maioria das drogas importadas viessem através das nossas fronteiras do sul. —

Drogas

à

base

de

extratos

vegetais. Maconha. Cocaína. Heroína. Mas muita metanfetamina é trazida do Canadá. Chega pelo Norte e depois é levada para baixo. A segurança é rígida pelos oficiais nas fronteiras, mas o estado de Montana é grande. Há muitas fronteiras que não são vigiadas. — Então eu suponho que de alguma forma toda essa atividade ilegal levou ao assassinato de sua mãe? — eu perguntei. — Sim. A operação de papai estava se expandindo e eles irritaram uma gangue rival. Eles retaliaram indo para a nossa casa no meio da porra do dia e executando minha mãe enquanto ela estava no jardim. Meu irmão e eu a encontramos quando chegamos da escola. Uma dor aguda viajou do meu coração e se estabeleceu no meu estômago. — Eu não sei o que dizer. — Não diga nada, Emmy. Só preciso que você entenda como minha vida tem sido. — Ok. — eu balancei a cabeça. — Quando eu era pequeno, mal podia esperar para estar no clube. Então depois que minha mãe morreu, eu não pude esperar

para me libertar. Papai se vingou, acabou com o outro clube e agiu como se tudo estivesse bem. Ele continuou expandindo e penetrou mais fundo na clandestinidade. Ele nunca admitiu que sua necessidade de ter o clube mais poderoso do Noroeste é o motivo pelo qual não tenho mãe. Eu balancei a cabeça, mas permaneci em silêncio. — Isso causou muita tensão entre papai e eu. Ele sempre planejou que eu assumisse o clube, mas deixei claro que não ia prospectar. Eu fiz dezoito anos uma semana antes da formatura, recebi meu diploma e fui para o Colorado. Eu comecei a ir para a faculdade de lá para ser um mero mecânico. Eu recebi minha certificação alguns anos depois e comecei a trabalhar em uma oficina. — Foi quando você me conheceu? — Sim. — ele disse. — Foi quando te conheci. Eu e aqueles caras que estavam comigo todos trabalhávamos em uma oficina no Colorado. Nós decidimos por um capricho fazer uma viagem a Las Vegas para o final de semana. Eu bebi meu uísque. — Por que você saiu do Colorado? — Meu irmão mais novo estava se formando no ensino médio. Eu pensei que se eu morasse em Montana talvez eu pudesse convencê-lo a morar comigo e não se juntar ao clube. A vaga de trabalho no Corpo de Bombeiros foi aberta e eu decidi experimentálo. Desisti de ser mecânico e vim para Prescott.

— Ele se juntou ao clube? — Sim. — Ele franziu a testa antes de engolir o resto de sua bebida em um grande gole. Nós nos sentamos em silêncio, mas meu coração bateu mais e mais alto. Eu tomei algumas respirações irregulares e ignorei a energia nervosa que se acumulava na minha barriga. Porque esse era o fim. Eu me apeguei a Nick, ou a ideia de Nick, por quase dez anos. Depois desta noite tudo estaria acabado. Eu poderia seguir em frente com a minha vida. Eu não teria razão para pensar nele novamente. Para olhar para a nossa foto de casamento. Para secretamente usar meu anel. — Por que você me deixou? — Apenas fazer a pergunta doía. — Recebi uma ligação do meu pai depois que você caiu no sono. Ele estava em uma briga com outro clube. Novamente. Um dos caras mais jovens do clube do papai foi baleado e morto. Ele tinha a minha idade e nós crescemos juntos. De qualquer forma, papai disse que eles estavam recebendo ameaças contra membros da família. Que tanto meu irmão quanto eu estávamos em risco. Disse para vigiar minhas costas. Meu nariz começou a queimar e senti lágrimas nos olhos. Esta era a desculpa dele? Que sua partida foi para o meu próprio bem?

Os homens tomaram decisões em meu nome por toda a minha vida. Decisões sem me comunicar. Sempre dizendo depois que era melhor e nunca se incomodavam em perguntar como eu me sentia. — Eu nunca quis machucar você, Emmy. — disse ele. — Mas você não estava segura comigo. Não naquela época. Eles teriam vindo atrás de você e do seu dinheiro. E eu não podia arriscar sua vida. Eu não correria o risco de que você morresse como minha mãe. Então eu parti. Fechei os olhos e deixei as lágrimas caírem pelas minhas bochechas. Eu não queria essa explicação. Eu queria uma diferente. Uma em que ele foi forçado a sair do quarto de hotel com uma arma e preso por nove anos. Uma explicação como essa faria a dor do meu coração desaparecer. Em vez disso, sua escolha de sair sem falar comigo fez doer ainda mais. Ele se ajoelhou ao lado dos meus pés antes de deixar de lado o meu uísque e pegar minhas mãos nas dele. — Eu sinto muito. Eu sinto muito, Emmy. — ele sussurrou, salpicando minhas mãos com beijos. — Por que você não me disse nada disso? — perguntei. — Você poderia ter me contado naquela época. Nós poderíamos ter feito alguma coisa.

— Porque eu sabia que se eu olhasse nos seus olhos novamente, eu nunca deixaria você ir. E você era boa demais para essa vida. Você precisava de alguém que pudesse lhe dar muito mais do que eu jamais poderia. Ele me deixou completamente confusa. Se eu era boa demais para a vida dele, então por que ele estivera me pressionando tanto durante esta semana? Por que ele disse que meu coração ainda pertencia a ele? Somente minutos atrás, ele havia declarado que eu era dele e ele era meu. — Então qual o objetivo desta última semana? Sua chance? — eu perguntei. — Eu não entendo como eu era boa demais para você naquela época, o que eu não era a propósito, mas agora tudo é diferente. Seus olhos castanhos encaram profundamente os meus. — Você sempre teve meu coração, Emmy. Eu sei que fodi tudo por ir embora, mas eu achei que era a minha única escolha. Demorei muito tempo para perceber que eu tinha outras opções. E então, fiquei com medo que fosse tarde demais. Que você tivesse se mudado e seguido em frente com sua vida. Mas no momento em que te vi, soube que tinha uma chance de acertar. Nenhum homem pode te fazer feliz porque nenhuma outra mulher me fará completo. Somos feitos um para o outro. Tão bom quanto essas palavras soassem e parecessem, ele estava errado. Era tarde demais.

— Me leve para casa. — eu pedi e me levantei da cadeira, o forçando para fora do meu espaço. Ele ficou comigo, mas antes que eu pudesse me afastar, suas mãos emolduraram meu rosto e meu queixo, então fui forçada a olhar para ele. Suas sobrancelhas estavam juntas. Claramente ele tinha esperado uma reação muito diferente ao seu discurso. — Me leve para casa. — eu disse novamente. — Não. — Seus lábios bateram nos meus antes que eu pudesse protestar. Eles eram firmes e determinados. Sua língua acariciou meu lábio inferior até que finalmente me abri para ele. Então sua língua estava dentro, deslizando contra a minha enquanto ele assumia o controle. Minhas mãos agarraram sua camisa de flanela para que eu não caísse de joelhos. O passado veio à tona quando me lembrei de como foi maravilhoso beijar Nick. Como ele era o único homem que poderia me fazer acender em segundos. Nossos lábios se moviam freneticamente para frente e para trás enquanto apagávamos nove anos de história e voltávamos no tempo. Agora, éramos apenas nós. Suas mãos viajaram pelo meu rosto, pelo meu corpo, esfregando e apertando meus lados. Quando chegaram aos meus quadris, seus dedos seguraram minha carne com força e ele me

levantou. Minhas pernas automaticamente se enrolaram em sua cintura enquanto ele me esmagava ao seu corpo esculpido. Um de seus braços passou ao redor das minhas costas enquanto o outro amassava minha bunda. Ele me carregou para trás, mas eu não abri meus olhos. Tudo em que eu podia focar era na minha boca fundida na dele. A sensação de sua língua deslizando contra a minha. Meu núcleo latejante pressionado firmemente contra a dureza em seus jeans. Minhas costas bateram em uma parede, e quando a boca de Nick viajou pelo meu pescoço, eu abri meus olhos. Ele me carregou para uma parede em frente a uma das grandes janelas da cabana. Eu podia ver suas costas em nosso reflexo e minhas pernas em volta de sua cintura. Nos meus pés havia um par de botas. O couro castanho contrastava brilhantemente contra o azul escuro do jeans de Nick. Logan me deu essas botas antes de eu me mudar. Ele me disse para usá-las assim meus pés não ficariam frios. Ele sabia que meus pés estavam sempre frios. Gelo percorreu minhas veias. Aqui estava eu, beijando outro homem, quando poucas horas atrás eu disse a Logan que o amava. O que eu fiz? — Pare. — eu disse e desenrolei meus braços e pernas de Nick. — Eu sinto muito. Eu não posso fazer isso.

Eu não farei isso. Eu não sou essa pessoa. — O que? O que há de errado, Emmy? — Nick perguntou. — O que está errado? Eu tenho um namorado! Isso é o que está errado! Eu preciso ir. Forcei minha passagem ao redor dele, corri para a porta e coloquei meu casaco. — Emmy. — Nick começou, mas eu fechei meus olhos e furiosamente balancei a cabeça. — Não. Por favor, Nick. Por favor, me leve para casa. — eu implorei, minha voz falhando enquanto eu lutava contra as lágrimas. Que tipo de pessoa eu me tornei? Eu não traía. Eu jurei nunca ser como meus pais. Como eu poderia fazer isso com Logan? Meu namorado maravilhoso e doce que estava tendo dificuldade em se ajustar ao fato de que sua namorada estava morando em Montana enquanto ele ficou em casa em Nova York. — Eu sou uma pessoa terrível. Como eu poderia fazer isso com Logan? — Perguntei a mim mesma. Ouvir minhas próprias palavras causou uma nova onda de lágrimas. — Você não é horrível, Emmy. — Nick sussurrou para minha cabeça enquanto ele envolvia seus braços ao meu redor. — Deixe-me ir, Nick. Por favor. — solucei em seu peito.

— Nunca mais. — disse ele, me puxando mais apertado em seu calor. Por um momento, o deixei me abraçar enquanto chorava. Eu deixei seu cheiro suave e seus braços fortes me confortarem até que eu encontrei a força que eu precisava para afastá-lo e pedir uma última vez. — Me leve para casa.

Capítulo Sete — Rich? — Eu chamei no escritório do diretor. — Emmeline! Entre, por favor. — disse ele, se levantando da mesa. — O que posso fazer por você? — Eu não tenho certeza do que fazer com um aluno e eu queria saber se eu poderia ter a sua opinião. — eu disse enquanto nós dois nos sentamos. — Claro. Qual aluno? — Mason Carpenter. Ele franziu a testa. — Eu me perguntei se teríamos problemas com Mason. O que está acontecendo? — Faz quase um mês desde que ele se mudou para cá e ele mal fala. Estou ficando preocupada que seu comportamento não seja apenas porque ele é tímido. Ele não faz contato visual comigo. Se eu chego muito perto, ele se afasta. Ele não se relaciona com as outras crianças, exceto Rowen Cleary. Ele cochicha para ela e então ela vem me dizer o que ele disse. — Isso é um pouco extremo. Eu vi algumas crianças agirem assim nos primeiros dias, talvez até uma semana, mas depois eles se acostumam com o novo ambiente. Ele não melhorou em nada no mês passado? — Rich perguntou.

— Não. Eu me preocupo com o comportamento dele, mas acima de tudo, sua aparência levanta suspeitas. Todos os dias desta semana ele chegou sujo e está usando chinelos para vir a escola. Eu não o vi com meias ou um par de tênis ainda. Está muito frio para usar chinelos. Minhas preocupações com Mason Carpenter haviam crescido significativamente, especialmente depois dessa manhã. Seu cabelo normalmente castanho estava quase preto de graxa e ele tinha sido obscurecido com um odor fétido. Seus pobres dedinhos estavam quase azuis. Se algo não fosse feito, e em breve, ele estaria em risco de congelar. — Deixe-me fazer algumas verificações ao redor. — disse Rich. — Ele foi transferido de Bozeman para cá. Vou ligar para a escola anterior e ver se eles podem compartilhar alguma coisa. Eu também vou bisbilhotar um pouco e ver se eu posso descobrir mais sobre sua situação em casa. Você pode tentar perguntar a ele sobre isso também. — OK. Duvido que ele me diga, mas vale a pena tentar. — Vamos começar a documentar tudo isso. Você pode fazer algumas anotações e enviá-las para mim? Vamos precisar de datas e exemplos específicos caso precisemos envolver o Serviço de Proteção à Criança.

— Sim. Absolutamente. Farei isso esta tarde quando as crianças saírem. Mais alguma coisa que nós podemos fazer? E os sapatos dele? — Perguntei. — Infelizmente, não há muito que você possa fazer. —E se ele não tiver sapatos quentes? Eu poderia comprar alguns para ele? — Eu tomaria cuidado. Sua oferta é muito generosa e eu não estou dizendo que você não pode, mas há uma linha tênue entre comprar presentes para seus alunos e fornecer coisas que devem ser responsabilidade dos pais e guardiões. Especialmente se você comprar para apenas uma criança. — ele disse. — Entendido. É apenas desolador. Quanto tempo levará para as autoridades se envolverem se houver algum tipo de abuso ou negligência acontecendo em casa? — Dependendo da gravidade da situação, pode levar meses. Vamos nos concentrar em criar um dossiê minucioso, e quando for o suficiente, podemos entrar em contato com o serviço social. Mas mesmo depois de envolvê-los, isso pode ser um processo demorado. A menos que possamos provar irrefutavelmente que Mason está em perigo imediato, ele provavelmente vai ficar onde está por algum tempo. — Isso não é bom. Não se ele está sendo negligenciado.

— Concordo. Não deve demorar tanto tempo. Mas, agora, a coisa mais importante para você fazer é manter Mason seguro enquanto ele está aqui. Esteja lá para ele, caso ele decida falar. Forneça a ele um ambiente de aprendizado seguro. Eu balancei a cabeça e afundei na cadeira. Eu me senti desesperada e desamparada. Fazer tudo que posso para Mason, enquanto ele estava na escola, era um bom conselho. Mas e quando ele não estava comigo? Quem cuidaria dele então? Porque quem deveria estar fazendo esse trabalho estava claramente se esquivando de seus deveres. — Tenha fé, Emmeline. Como professora você pode fazer muito para mudar o futuro de uma criança. — Obrigada. Eu aprecio seu tempo. — Por nada. — Ele relaxou em sua cadeira. —Você está ansiosa para a Ação de Graças na próxima semana? Você tem planos com a família ou amigos? — Sem grandes planos este ano. Eu acho que vou me esconder e ficar presa em algum trabalho doméstico. — Como se a situação de Mason Carpenter não fosse deprimente o suficiente para falar sobre isso, discutir meus planos de férias certamente me deixaria com um humor sombrio. Este ano eu ficaria sozinha. Nenhuma festa de comida chinesa de Ação de Graças com Logan. Meus planos incluíam

uma farra de Netflix enquanto trabalhava o meu caminho através de duas pizzas e um litro de sorvete. — Você é bem-vinda para se juntar a mim e minha família. Nós sempre temos muita comida e minha esposa adoraria nada mais do que contar histórias embaraçosas sobre mim. — ele ofereceu. — Obrigada, Rich. Isso é muito legal da sua parte. Vou manter o convite em mente. Eu quase cheguei à porta quando um pensamento passou pela minha cabeça. — Os professores costumam comprar presentes de Natal para seus alunos? — A maioria faz. Por quê? — Eu só estou curiosa. Eu estava pensando em comprar algo para todos eles, mas não queria ser a única professora a comprar presentes. — eu disse. — Tudo o que você quiser fazer por eles, tenho certeza que eles adorarão. Correndo de volta para minha sala de aula, reorganizei mentalmente meu plano de aula para amanhã. E hoje à noite eu teria uma ideia genial para uma nova atividade de arte onde de alguma forma descobria o tamanho de sapato de cada criança. Se para comprar um novo par de sapatos para Mason Carpenter significava que cada um dos meus alunos tenham um novo par, por mim tudo bem.

**** Uma semana depois todos os meus alunos estavam abrindo seus presentes de Natal. — São para mim? — Mason sussurrou. Enquanto

todas

as

outras

crianças

estavam

gritando

loucamente e mostrando um para o outro seus tênis novos, eu me ajoelhei ao lado de Mason, que estava olhando para o seu com os olhos arregalados. O Dia de Ação de Graças era amanhã, então hoje a escola só ia até o meio dia. Eu tinha certeza que uma vez que todas as crianças chegassem em casa, eu passaria minha tarde ouvindo inúmeras mensagens de pais preocupados com o meu presente extravagante. Mas eu não me importava. Enquanto Mason Carpenter tivesse algo quente para colocar em seus pés, eu aceitaria qualquer crítica que fosse jogada na minha frente. — Você gostou deles? — Eu perguntei. Ele assentiu e, pela primeira vez, me olhou nos olhos. Seus lindos e grandes olhos marrom estavam cheios de lágrimas de alegria. — Você não tem outros sapatos, Mason? Ele olhou para baixo e balançou a cabeça. — Então eu acho que é uma coisa boa que os duendes do sapato do Dia de Ação de Graças vieram hoje.

Um pequeno sorriso se espalhou no rosto de Mason, revelando uma covinha na bochecha esquerda. Não importava o que eu tivesse que fazer, eu ia fazer da minha missão na vida ver aquela covinha adorável todo dia. **** — Você ligou para Logan Kendrick. Por favor deixe uma mensagem. — Logan. Sou eu novamente. Por favor, me ligue de volta. — Eu estava dirigindo de volta para casa para o feriado do Dia de Ação de Graças. Fazia mais de duas semanas e meia desde que eu tinha dito a Logan que eu ainda era casada, na mesma noite eu tinha beijado Nick e não tinha falado com nenhum dos dois desde então. Quando Nick me deixou naquela noite, pedi a ele para me dar algum espaço. Ele tinha imediatamente rejeitado o meu pedido, mas depois eu implorei para ele me dar um tempo para processar tudo, então ele relutantemente concordou. Porém, meu tempo estava chegando ao fim. Antes de ir embora, ele declarou: — Você tem até o Dia de Ação de Graças para pôr a cabeça no lugar. Eu não vou deixar você ir, mas vou te dar um tempo. Não foi por falta de tentativas que eu não falei com Logan. Eu tinha ligado para ele todos os dias, mas ele não atendia as minhas chamadas. Nós nos tornamos tão distantes nestes últimos meses, nós não tínhamos sequer feito planos de férias. Eu estava tentada a fretar

um jato para voltar a Nova York, então eu podia vê-lo amanhã no Dia de Ação de Graças e poderíamos conversar cara a cara. Nosso relacionamento poderia ser reparado? A culpa que senti por beijar Nick foi esmagadora e eu nunca seria capaz de manter isso em segredo. Mas se eu contasse a Logan, seria o fim. Ele nunca me perdoaria por beijar outro homem. E embora fosse doloroso pensar na minha vida sem Logan, eu não o culparia. Isso era tudo culpa minha. Eu estacionei na minha garagem, que atualmente estava ocupada por um grande Cadillac SUV preto. A porta do motorista se abriu e um homem alto saiu, vestindo um casaco de lã preto e jeans. Logan Eu não tinha ideia do que ele estava fazendo em Montana, mas isso não importava. Quaisquer que sejam suas razões, eu estava feliz em vê-lo. Pulando do jipe eu caminhei direto para ele e passei meus braços ao redor de sua cintura, enterrando minha cabeça em seu peito. Prendi a respiração, esperando por sua reação, esperando que ele não me afastasse. Quando seus braços se fecharam em volta dos meus ombros e sua bochecha caiu na minha cabeça, o ar saiu dos meus pulmões. — Senti sua falta.

— Eu também senti sua falta. — disse ele, beijando meu cabelo. — Você está aqui para terminar comigo? Ele riu. — Eu não estava planejando isso. — Bom. — eu disse, o apertando com mais força. Tomei algumas respirações profundas, inalando sua colônia Armani, antes de me afastar. Logan sempre cheirava bem. Nick cheira melhor. Essa comparação indesejada passou direto pela minha mente sem controle. Silenciosamente me repreendi, olhei nos olhos castanhos de Logan. Meu cérebro involuntariamente evocou a imagem daqueles vibrantes olhos cor de avelãs de Nick. Os olhos de Nick também são melhores. O que estava errado comigo? Por que eu estava aqui com meu incrivelmente lindo namorado pensando em Nick Slater? Porque eu estava muito louca. É por isso. — Você está bem? — Logan perguntou. — O que? Oh. Sim. Acho que ainda estou em choque por você estar realmente aqui. — menti. — Desculpa. Eu deveria ter ligado, mas eu só precisava de um tempo. Estou cansado de ter conversas por telefone. — Eu também. Nós precisamos conversar.

— Nós precisamos, mas não neste momento. Eu estava pensando que poderíamos nos trancar na sua casa e acampar no quarto. Nós podemos conversar lá, entre outras coisas. — Ele sorriu. —

Eu

gosto

desse

plano. Mas

vamos

precisar

de

suplementos. Caso contrário, vamos morrer de fome. Tudo o que me resta na casa é coca Diet e um peixe meio comido. — Existe um lugar chinês na cidade onde poderíamos obter alguma comida para o Dia de Ação de Graças amanhã? — ele perguntou. Um sorriso enorme tomou conta do meu rosto. Eu estava terrivelmente deprimida pensando em passar meu primeiro feriado em Prescott sozinha. Mas agora com Logan aqui, seria como de costume. — Você está com sorte, querido. Juntamente com uma pizzaria, existem exatamente quatro restaurantes em Prescott, um dos quais é o Peking Garden Chinese. — Excelente. Me mostre esta sua cidade, querida. Consiga nosso banquete de Ação de Graças. Cinco minutos depois estávamos dirigindo o jipe para a cidade. — Quando você tem que voltar? — Sexta à noite. — disse ele. — Certo. — eu fiz uma careta. Isso significava que não iríamos ficar todo o final de semana juntos. Em vez disso teríamos menos de quarenta e oito horas.

— Eu estou atrasado, Emmeline. Tirar alguns dias de folga agora não está ajudando. Eu só espero que, se eu verificar o trabalho por algumas horas hoje e amanhã, não voltarei para casa para um desastre. Não foi minha ideia que ele voasse até aqui. Se isso era uma viagem tão inconveniente, por que ele se incomodou em vir? Nós poderíamos ter falado ao telefone. Ele estava aqui para me fazer sentir culpada por dois dias? Porque eu não precisava da ajuda dele para isso. Eu mantive meus olhos na estrada e mordi meu lábio. Eu não queria entrar em uma discussão com Logan estando a apenas vinte minutos em sua presença. — Eu pensei que seria mais bonito. Mais verde talvez. — Logan disse. — O que você quer dizer? — Montana. Eu pensei que seria mais bonita. Tudo é marrom. — Está maluco? É lindo. — eu disse. — Eu acho que o contraste aqui entre as planícies e todas as montanhas e florestas ao nosso redor é de tirar o fôlego. E a grama está dourada porque é inverno. — Não se ofenda. Eu só tinha uma imagem diferente na minha cabeça. — ele disse e olhou para o seu telefone. Eu usei o resto da viagem para me acalmar.

Por que estávamos nos atacando? Nós nunca havíamos brigado quando eu morava na cidade. Ultimamente fomos breves um com o outro, mas eu achei que era porque estávamos nos ajustando a um relacionamento de longa distância. Talvez houvesse mais por trás dessas ligações do que eu queria admitir. — Vamos andar pela avenida principal um pouco. — eu disse. — É muito bonito e eu poderia te mostrar alguns dos meus lugares favoritos. Eu adorava a aparência peculiar dessa avenida. Talvez Logan também. Todas as lojas tinham personalidade. Nada combinava, mas tudo era perfeito. E isso se encaixava naturalmente, não forçado como em muitas das ruas de Manhattan onde eu havia morado. As vitrines não foram projetadas por profissionais. As placas não eram habilmente coordenadas. Prescott não era chique ou complexa, mas tinha um verdadeiro charme. Seu fascínio estava nas pessoas que se orgulhavam de seu trabalho e cidade. Logan segurou minha mão enquanto caminhávamos pela rua. Eu ocasionalmente mostrei lojas diferentes que eu gostava, mas em vez de encontrar algo positivo sobre elas, ele fez alguns comentários sobre a infinidade de roupas country e a abundância de ferraduras. Eu ignorei suas observações e continuei andando. Esperando que ele não fosse tão crítico durante toda a sua visita.

Ao passarmos pela loja de artigos esportivos, vislumbrei nosso reflexo no vidro da porta e ri. — O quê? — Logan perguntou. — Nós parecemos fora do lugar. Eu ainda estou vestida para a escola. Você está perfeitamente produzido como sempre. A única coisa sobre nós que combina com Prescott é o seu jeans. — Isso é porque estamos fora de lugar, Emmeline. Minha risada parou imediatamente ao ver seu rosto sério. — Foi uma piada Logan. Por que você está agindo assim? — Sua piada não foi engraçada e estou agindo como sempre. Peço desculpa por não estar muito feliz em passar o Dia de Ação de Graças em Montana, andando por uma pequena cidade com minha namorada, que de alguma forma se convenceu de que ela se encaixa aqui. — Então por que você veio? — Eu perguntei, parando na calçada. — Porque precisamos conversar sobre seu casamento. Eu tenho uma teleconferência agendada com Andrews na manhã de sexta-feira antes de ir embora. Eu preciso me informar melhor sobre o que ele está fazendo, mas ele não vai discutir o processo de divórcio comigo a menos que você esteja presente. — Logan, me diga que você não foi até Fred Andrews. Não depois que eu te disse que eu estava cuidando disso.

— Você teve nove anos para cuidar disso e você não fez. Então sim, eu passei a sua frente. — Por quê? — Perguntei. — Por quê? Talvez porque eu esperava que algum dia você fosse minha esposa. Que o anel que eu tentei lhe dar duas vezes agora possa realmente ir em seu dedo. Minha raiva foi imediatamente substituída por culpa. Merda. Eu estava tão obcecada para receber uma explicação de Nick, que eu não tinha tomado medidas suficientes com Logan. Quando eu me vi morando na mesma cidade que meu marido perdido, eu deveria ter voltado imediatamente para Nova York, explicado tudo para Logan e depois pegar pessoalmente meus papéis de divórcio. Em vez disso, eu passei uma semana saindo em encontros com Nick e depois fiquei com ele, grudada em uma parede de sua casa. Eu não era uma boa namorada. Assim que eu estava abrindo a boca para me desculpar, uma voz familiar ressoou atrás de mim. — Sem chance, cara. Ela é minha. — Isso não está acontecendo. — eu murmurei e me virei para encarar Nick. — Fique fora disso, Nick.

— Não. — disse ele. — O marido, eu presumo? — Logan ficou ao meu lado e jogou o braço ao redor dos meus ombros, todo o seu corpo rígido. — Sim. E já que sou o marido, que tal você tirar as mãos dela? — Eu vou tocá-la sempre que quiser. Como eu fiz nos últimos cinco anos. — Chega! — Eu disse, terminando este show ridículo de machão antes que eles se empolgassem. — A única pessoa que decide quem me toca, e quando, sou eu. Parem de agir como Neandertais. — Hora de ir, Emmeline. — declarou Logan e agarrou minha mão, me puxando para trás enquanto marchamos de volta ao jipe. Ouvi o som do baque das botas na calçada atrás de nós. Eu tirei minha mão da de Logan e me virei, novamente encarando Nick. Eu estava desesperada para ele me deixar em paz. A última coisa que eu queria era que Nick mencionasse que nos beijamos. Essa era a minha história para contar a Logan, em meus termos, mas os olhos de Nick estavam determinados. Ele faria o que fosse necessário para me manter longe do Logan. — Pare. — eu sussurrei. — Me deixe ir. — Nunca. — Seu rosto suavizou e ele olhou para mim com seu próprio desespero. — Emmy, não faça isso. Não fique com ele só

porque você ainda está apegada a ideia de que a vida vai voltar a ser como era. Tudo mudou. Seja honesta consigo mesma e com ele. Somos feitos um para o outro. Você voltou para a minha vida e eu não vou te deixar novamente. E no fundo você não quer que eu deixe você ir. — Emmeline. — Logan chamou. Eu engoli o nó na garganta e afastei minhas lágrimas. — Estou indo. A volta para casa foi silenciosa, mas no momento em que estacionei na garagem, Logan pegou minha mão. — Você o ama. — Ele não estava com raiva ou gritando. Ele parecia derrotado e triste. Eu balancei a cabeça. — Não. Mas eu amei uma vez. — Ainda ama, querida. — disse Logan, acariciando as costas da minha mão com o polegar. Eu queria protestar, mas não consegui. Eu estava muito confusa sobre meus sentimentos por Nick. Em uma noite eu me apaixonei por ele. Eu pensei que anos de raiva e ódio tinham apagado todo esse amor. Mas passar um tempo com ele, beijá-lo, trouxe tudo de volta. Só que o ódio ainda estava lá também. Como eu poderia me livrar de um sem o outro? — Quando você se afastou dele... eu nunca vi tanta dor assim em seu rosto antes. Nem mesmo quando seu pai estava em seu

pior. Eu quero ser o homem que vai ter isso de você Emmeline, que vai levar essa dor para que você possa viver uma vida de felicidade. Mas nunca serei eu. — O que? O que você está dizendo, Logan? — Eu perguntei. — Eu nunca tive uma chance. Nada que eu possa fazer será o suficiente. Ele sempre terá esse pedaço de você. Eu balancei a cabeça. — Você está imaginando coisas. Ele só me aborreceu. E você e eu estávamos discutindo. Havia muita emoção no ar. Vamos esquecer e ter um bom Dia de Ação de Graças juntos. Por favor? — Ele chama você de Emmy. — Ele sempre chamou. O que importa? — Quando nos conhecemos, eu chamei você de Emmy uma vez. Você me corrigiu e disse que odiava esse apelido. Mas isso não era verdade. Você não queria que eu te chamasse de Emmy porque já era dele. Ele estava certo. Havia coisas que eu não lhe permitia porque Nick esteve lá primeiro. Eu me convenci que odiava apelidos e beijos na ponta do meu nariz. Eu não odiava realmente, mas eu disse a mim mesmo que sim. Porque doía muito me lembrar de Nick. Ele tinha razão. Tudo havia mudado.

Morar em Montana tinha colocado em perspectiva os problemas que Logan e eu tínhamos antes mesmo de Nick ser adicionado na mistura. Logan e eu queríamos estilos de vida diferentes. Eu encontrei uma casa em Montana e ele amava Nova York. Eu estava feliz vivendo uma vida mais tranquila enquanto ele prosperava em dias de trabalho ocupados e uma agenda social agitada. — Não é só o Nick, é? — eu sussurrei. — Sou eu aqui. Você lá. Eu não vou voltar. E você nunca vai sair. — Não. Não é apenas ele. Ficamos em silêncio por alguns momentos até Logan falar. — Acho que é melhor mudar minha resposta à sua pergunta anterior. Eu acredito que estou aqui para terminar com você. Eu sabia que isso ia acontecer, mas não fez com que fosse menos doloroso de ouvir. Minha respiração ficou presa e eu lutei para recuperá-la. Quando eu inclinei meu pescoço para olhar em seus olhos, a dor no meu peito cresceu tão feroz que eu temia que meu coração parasse de bater. — Eu sinto muito, Logan. — Eu também. — Passando por cima do painel, ele segurou a parte de trás da minha cabeça e me puxou para um beijo. Deixei nosso beijo de despedida transmitir todas as coisas que eu não disse. Que eu era grata por cada momento que tivemos

juntos. Que eu nunca seria capaz de agradecer o suficiente por todas as coisas maravilhosas que ele tinha feito por mim nos últimos cinco anos. Que eu sempre me lembraria dele e me importaria profundamente. — Seja feliz. — disse ele, em seguida saiu do meu jipe e entrou em seu SUV, saindo da minha garagem e fora da minha vida. Quando ele não estava mais no meu espelho retrovisor, eu desmoronei no volante com soluços angustiantes.

Capítulo Oito — Você sabe que eu amo ver você, querida. Especialmente nos feriados. Mas eu acho melhor você me dizer por que você ligou para dizer “Feliz Natal” e catorze horas depois, você está aqui na Itália. Minha mãe e eu estávamos sentadas lado a lado no spa Casta Diva Resort no Lago de Como. Meu corpo estava envolto em um roupão branco de luxo e meus pés estavam recebendo uma pedicure elaborada. Ontem de manhã eu estava em casa em Montana. Hoje eu estava na Itália por uma não planejada, mas necessária férias. — É uma longa história, mamãe. — eu disse. — Então é melhor pegarmos uma garrafa de vinho enquanto você me conta o que está acontecendo. — É melhor pegar duas. Uma hora depois, ela foi envolvida em minha vida amorosa complicada e nós duas estávamos bêbadas. — O que aconteceu depois que Logan foi embora? — Ela perguntou. — Eu dirigi até o supermercado e comprei um monte de porcaria. Então eu acampei no sofá pelo resto do fim de semana vendo episódios antigos de Friends por quatro dias.

— Você falou com ele? — Logan? Não. Enviei uma mensagem dizendo Feliz Natal, mas foi só isso. — Deixei de fora a parte onde ele tinha respondido me pedindo para não mandar mensagens novamente porque ele precisava colocar alguma distância entre nós. Aparentemente, dois mil quilômetros não eram suficientes. — E Nick? — Ela perguntou. — Ele veio à minha escola na segunda-feira depois do Dia de Ação de Graças. Eu disse que não estava pronta para ver ele ainda e lhe pedi para parar de me pressionar. Ele concordou, mas acho que foi só porque eu disse a ele que Logan e eu terminamos. O olhar de alívio no rosto de Nick ficou gravado em meu cérebro. Eu queria dar um tapa nele por ficar tão feliz que eu estivesse com o coração partido. Mas ao mesmo tempo, esse olhar tinha sido honesto e puro. Tudo o que ele tinha me dito era verdade. Ele não estava jogando. Ele queria outra chance e estava genuinamente com medo de que eu escolhesse Logan. — Eu não o vi, mas ele me envia mensagens todos os dias. — eu disse. — Normalmente só diz olá. Me conta o que ele está fazendo. Elas são atenciosas. — Hmm. E por que você veio para cá? — Ela perguntou. — Eu estava sozinha. — confessei. — Me joguei no trabalho depois do Dia de Ação de Graças. Tem esse garoto na minha classe

que eu tenho tentado com que ele se abra comigo, então eu gastei muito mais tempo criando atividades especiais que ele possa gostar. Mas a escola está em pausa agora e eu estava sentada em casa, sozinha, e precisava sair de lá. Toda a cidade de Prescott foi enfeitada para o Natal. Eu nem sequer tenho uma árvore. É deprimente. — Parece que você está fugindo para fazer beicinho. — Eu não... — eu comecei, mas travei minha boca. — Eu sei. — eu suspirei. — O que você quer fazer sobre Nick? — Eu não sei. O que você faria? — Não é minha decisão, Emmeline. Mas na minha opinião, há uma razão pela qual você não se divorciou. E isso não tem nada a ver com a absurda lógica ou orgulho de seu pai. É a mesma razão pela qual você rejeitou Logan quando ele pediu que você se casasse com ele. O fato de que você se mudou para a mesma cidade onde Nick vive... é impressionante. É o destino. Se fosse eu? Eu veria até onde isso vai. Vocês dois podem não conseguir. Mas pelo menos você finalmente teve a chance de tentar. — E se eu não conseguir superar isso, perdoá-lo por me deixar? — perguntei. — Querida, seu coração já fez. — disse ela. — Você só precisa dar uma chance ao seu cérebro para recuperar o atraso.

Os jornalecos da sociedade adoravam retratar minha mãe como esnobe e superficial. De muitas maneiras, ela era. Seus casos sempre apareciam na coluna de fofocas e ela nunca tentou esconder sua riqueza. Mas ela tinha um lado mais suave, um que ela reservava principalmente para seus filhos e entes queridos. Um que ela manteve escondido dos olhos do público como um meio para manter os abutres afastados. Collette Austin era incrivelmente inteligente e gentil. E quando o assunto era eu, ela tinha a estranha capacidade de ler minhas emoções reprimidas. Mamãe sempre sabia como eu estava me sentindo antes mesmo que eu soubesse. Para uma socialite novaiorquina que virou turista italiana permanente, ela era incrivelmente sensata. — Obrigada, mãe. E obrigada por me deixar invadir seus planos de férias. E Alesso? Vai ficar chateado? — eu perguntei. — Eu amo ter você aqui a qualquer hora. Fazendo beicinho ou não. — ela sorriu. — E Alesso está bem. Ele te ama. Eu acho que ele ficou aliviado, na verdade, quando eu disse a ele que íamos passar o dia inteiro no spa. Sua família está visitando, e sempre que eles estão por perto ele tem que interpretar para mim. Eles falam rápido demais para eu acompanhar. — Você sabe, você poderia aprender sua língua.

— Ridículo. — ela acenou com a mão no ar para rejeitar a ideia. — Quanto tempo você vai ficar? — Vou passar o ano novo. Eu preciso voltar alguns dias antes que a escola comece de novo para me preparar. — Excelente! Eu quero ir em uma excursão no lago para ver todas as luzes de Natal, mas Alesso tem medo de barcos. Você pode ir comigo. — Parece maravilhoso. — eu disse. Fazer um cruzeiro ao redor da costa do lago Como seria frio, mas admirar os belíssimos edifícios italianos cobertos de neve enfeitados com luzes de Natal cintilantes... valeria a pena enfrentar o frio. — Eu senti sua falta, querida. — disse ela. — Nós vamos planejar uma viagem para Montana. Eu preciso ver o que é todo esse alarido. — Eu senti sua falta também. Visite a qualquer hora antes do verão. Eu não me alonguei sobre o tempo em que pedi a visita. Em vez disso eu relaxei no meu lugar e fechei os olhos. Enquanto uma profissional cuidava de minhas unhas, outra iniciava um tratamento facial.

Se eu decidir me afastar de Prescott, o Lago de Como, na Itália, estava rapidamente subindo na minha lista de novas cidades em potencial.

Nick Foda-se o espaço. Eu tentei respeitar os desejos de Emmy e deixá-la sozinha por um tempo, mas essa merda não estava funcionando mais para mim. Agora que ela estava de volta de onde quer que ela tenha ido passar os feriados, o espaço dela tinha praticamente desaparecido. Já fazia mais de um mês que eu a tinha visto e, apesar de ter mantido contato, de ter enviado uma mensagem todos os dias não era o mesmo que olhar para o rosto bonito dela. Eu precisava tocá-la. Sentir o cheiro de côco no cabelo dela. Olhar nos olhos dela. Então, foda-se o espaço. Eu ia mudar de tática. Eu a pressionei demais em Vegas com meus desafios e ousadias. E desde que eu tive melhores resultados, então, eu tentaria isso novamente agora. Levantando meu punho, bati em sua porta.

Eu a vi marchar através de uma das cinco janelas retangulares que enchiam a porta da frente, revirando os olhos quando percebeu que eu estava em sua casa. Cristo, eu adorava esse revirar de olhos. — O que você está fazendo aqui? — ela perguntou. Eu não respondi. Eu só me abaixei para pegar as sacolas descansando aos meus pés e empurrei ela para entrar na casa, indo direto para a cozinha. — Nick! — Ela gritou, mas eu a ignorei novamente. Eu depositei as compras na ilha enquanto ela fazia uma careta para mim da porta da cozinha. Meus dentes cerraram e eu lutei contra uma maldição. Ela havia perdido peso e havia olheiras escuras sob seus olhos. — Vamos, Emmy. Vamos fazer o jantar. Pelo que parece, você precisa de uma boa refeição. — O que diabos isso quer dizer? — Isso significa que você parece uma merda. Quando foi a última vez que você comeu? Essas roupas estão penduradas em você. — O vestido preto que ela usava parecia mais uma bolsa grande do que um vestido justo. No entanto, suas pernas ainda pareciam muito atraentes naqueles sapatos altos. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu um centímetro. — Desculpe? Me insultar não está te favorecendo.

— Emmy, mesmo exausta e infeliz, você é a mulher mais linda do mundo, por isso não fique muito perturbada. Agora entre aqui para começarmos a cozinhar. Seu rosto corou e me virei para começar a desempacotar as compras, sorrindo para mim mesmo. Dei a ela alguns instantes e depois pedi: — Emmy. Venha aqui. Encontre uma tábua de corte e uma faca. — Você não vai me deixar em paz, vai? Eu me virei para olhá-la diretamente nos olhos. — Absoluta porramente, não. — Oh pelo amor... —Ela murmurou e pisou na cozinha. — Traga uma frigideira também. E uma grande colher de pau. Ela

abriu

armário

após

armário

para

pegar

minhas

ferramentas. Canecas de café estavam em cada um. Ela deve ter uma centena delas escondidas. — O que você vai fazer? — Ela perguntou. — Fajitas — eu disse. — E você vai fazê-las. — Eu suponho que você vai me ajudar? Eu sorri. Seus olhos se moveram para a minha boca e sua respiração engatou. Ela estava tão afetada por mim como eu estava por ela. Eu só precisava levá-la a admitir para que pudéssemos seguir em frente.

Cinco minutos depois ela estava na ilha tentando cortar um pimentão verde. Puta merda, ela era ruim nisso. — Você está indo bem. Suas fatias eram seis vezes mais largas, nada parecido com o exemplo que eu mostrei a ela. Seus cortes não eram só desiguais, mas também fazia com que demorasse muito. Se eu não intervisse para ajudar, nós não comeríamos até a meia-noite. — Eu também vou fazer alguns desses. — eu disse, pegando uma cebola. Eu queria provocá-la, mas decidi deixar para um dia diferente, quando estivéssemos em bons termos. Quando ela finalmente terminou com um pimentão, eu fatiei os outros três, a cebola e a galinha. — Temperos a seguir. Polvilhe uma colher de chá de todos os três sobre a carne e legumes. — eu disse, entregando três pequenos potes. Depois de terminar sua tarefa, ela pulou no balcão para beber o copo de vinho que eu tinha entregado a ela. Eu respirei fundo e convoquei toda a minha força de vontade para não entrar no espaço entre suas pernas e tomar sua boca. Algum dia, em breve, eu ia tê-la novamente. Ela estaria bem aqui na cozinha, naquela posição exata, gemendo meu nome. — Onde você aprendeu a cozinhar? — Ela perguntou.

— Principalmente fazendo experiências sozinho. Depois que minha mãe morreu meu pai tentou cozinhar para nós, mas a comida dele era uma merda. Ele desistiu e nos levava para o McDonald's ou Taco Bell. Eu fiquei doente de tanto comer fast food, então comecei a brincar na cozinha. Eu não era bom no começo, mas depois comecei a pegar o jeito. — Eu sinto muito. — Não sinta. Apesar de mamãe não estar lá, eu gostei. — Eu fui para a geladeira e peguei uma das cervejas que eu trouxe. — Para onde você fugiu? — Eu decidi ir ver minha mãe no último minuto. — disse ela. — Espera. Como você sabia que eu estava fora? — Eu vim para lhe dar seu presente de Natal e vi que você tinha saído. Eu verifiquei a casa algumas vezes enquanto você estava fora. — Oh. Você não precisava fazer isso, mas obrigado. Você realmente me comprou um presente de Natal? — ela perguntou. — Não é costume comprar um presente ao seu cônjuge? Isso significa que você não me comprou qualquer coisa? — eu fingi surpresa. — Você não é engraçado. Eu sorri. — Você diz isso agora, mas espere até receber o meu presente.

Eu consegui uma caneca de café para sua coleção. Eu achei que era hilário e esperava que ela também gostasse. Mas agora, depois de ver o interior de seus armários de cozinha, eu estava preocupado que ela já tivesse uma igual. — Eu acho que você disse que sua mãe morava na Itália. É para onde você foi? — Ela mora. E sim, eles moram em Milão, mas costumam passar as férias em um resort em Lago de Como. Passei algumas semanas com ela e Alesso lá. — Estou feliz que você pôde ir vê-la. — Eu também. O que você fez? — Nada demais. Peguei alguns dias de folga. Passei algum tempo cortando lenha. Lendo um livro. — Você não foi a lugar nenhum para o Natal? — Perguntou ela. — Eu fiz. Eu vim aqui. Seus ombros caíram. — Desculpa. Eu só precisava de um tempo longe. Eu andei até estar ao seu lado e me inclinei para baixo em seu rosto, gentilmente segurando o queixo dela. — Eu entendo isso, Emmy. Mas não fuja mais. Eu te disse que não vou deixar você ir, então você precisa se acostumar a me ter em sua vida. Todo dia. Sem mais espaço.

— Não estou pronta. Acabei de terminar um relacionamento de cinco anos. — Prepare-se. — eu disse. — Eu pensei em você todos os dias durante nove anos, imaginando o que você estava fazendo. Eu tinha perguntas que queria fazer, mas não podia. Esses nove anos são minha culpa. Esse foi meu erro, me afastar de você, mas não vou fazer isso de novo. E eu não vou deixar você fazer isso também. Tudo o que estou pedindo é tempo. Eu vou provar que você pode confiar em mim novamente. — Eu não posso prometer te perdoar, Nick. Ainda dói. A dor por trás de suas palavras era como um soco no estômago. Eu fui tão idiota. — Eu não preciso de uma promessa. Apenas uma chance de apagar essa dor. — eu disse e me inclinei para baixo, roçando meus lábios nos dela. Ela estava congelada, dura, mas isso não me impediu de manter meus lábios contra os dela por alguns segundos perfeitos. Quando me inclinei para trás, lágrimas brilhavam em seus olhos. — Não chore, minha doce Emmy. Ela fungou e piscou as lágrimas. — Podemos mudar de assunto? — Sim. Para qual?

— Que livro você leu no Natal? Eu andei até o fogão. — O conde de Monte Cristo. É o meu favorito. Durante a hora seguinte conversamos sobre livros e jantamos. Emmy relaxou e nós fomos capazes de desfrutar da companhia um do outro sem drama ou estresse. Foi a melhor refeição que eu tive em anos. Porque eu finalmente estava com minha Emmy.

Emmeline — O que há de errado? — Nick perguntou. — Nada. — eu menti, desfazendo a carranca no meu rosto. Nick tinha acabado de contornar o fluxo de crianças correndo pela porta. Ele sorriu para cada uma delas, mas quando Rowen Cleary correu para ele, ele a pegou e a jogou no ar, a chamando de princesa e perguntando sobre o dia dela. Nick seria um ótimo pai. Estava acontecendo de novo. Pensamentos espontâneos sobre Nick. Aquele veio do nada e fez meu rosto se retorcer. Minha merda de loucura insana estava piorando. — O que você está fazendo aqui?

— Pegando você para o jantar. — disse ele. — São apenas três e meia. Eu prefiro colocar pelo menos seis horas entre as refeições e eu almocei meio dia. — Eu não estou aqui para te levar agora, Emmy. Vim te avisar que voltarei às cinco e meia. Não dirija para casa. — Você poderia ter me mandado uma mensagem de texto. — eu disse. — Sim. Mas então eu não teria sido capaz de fazer isso. Ele cruzou o espaço entre nós em uma fração de segundos e capturou minha boca, envolvendo seus braços em volta da minha cintura. Seus lábios pressionaram rudemente contra os meus enquanto sua língua varria meu lábio inferior. Mais e mais ele acariciou até que minha boca se abriu. Quando sua língua encontrou a minha, eu derreti. Calor irrompeu por todo o meu corpo e meus joelhos cederam. Quando eu comecei a afundar no chão, ele parou de me beijar, mas apertou ainda mais a minha cintura. — Peguei você. — um sorriso torto se formou em seus lábios. Eu levei um momento para firmar minhas pernas e ficar de pé antes de recuar um passo. A pele ao redor da minha boca estava certamente rosa do contato com a barba dele. Mas pelo menos combinava com minhas bochechas coradas. — Cinco e meia. — disse ele e saiu pela porta.

Merda. Pensar claramente não era uma opção depois de um beijo de Nick, mas eu realmente precisava me recompor. Eu passei a última noite me remexendo, relembrando todas as coisas que Nick tinha me dito nestes últimos meses. Você sempre teve meu coração, Emmy. Somos um para o outro. Eu pensei em você todos os dias durante nove anos. E pensei no que minha mãe dissera. Que meu coração já tinha perdoado e eu só precisava por minhas ideias em ordem com esse conceito. Afundando na minha cadeira, deixei minha cabeça cair em minhas mãos. — O que eu vou fazer? Eu tentei imaginar como nossa vida poderia ser. Eu feliz. Nick e eu vivendo uma vida normal. Mas toda vez que a imagem surgia na minha cabeça, foi imediatamente seguida pela visão de acordar sozinha com uma nota dizendo que sentia muito. O tempo estava passando e eu precisava tomar algumas decisões. Meu advogado tinha me enviado um e-mail enquanto eu estava na Itália para informar que ele teria meus documentos de divórcio redigidos até o final do mês. Nick não pararia de se inserir em minha vida a menos que eu deixasse claro que nós terminamos. Nós terminamos?

Por nove anos eu pensei que sim. Mas era muito diferente agora. Ele era tudo que eu lembrava. Gentil. Afetuoso. Inteligente. E teimoso. Toda vez que eu tentava afastá-lo, ele apenas pressionava mais duramente. Mas honestamente, eu realmente não tinha lutado muito contra seus avanços. — Dez segundos atrás você o deixou enfiar a língua em sua garganta sem lutar, Emmeline. — eu murmurei em minhas mãos. — Senhora Austin? Minha cabeça voou para cima. Mason Carpenter estava em pé na frente da minha mesa. — Mason. Me desculpe. Eu pensei que todos vocês tinham ido para casa. Você está bem? — Eu perguntei, me levantando, então me ajoelhando a seus pés. Desde que eu comprei os sapatos, Mason começou a se abrir para mim. Ele ainda não falava com nenhum de seus colegas, com exceção de Rowen, mas agora ele falava comigo enquanto eu estivesse de joelhos a sua frente e nenhum outro aluno estivesse ouvindo. — Eu queria saber se amanhã eu posso almoçar aqui dentro com você. — ele sussurrou. — Claro. — eu disse. — Você pode me dizer por que você não quer ir para fora com as outras crianças? — Está muito frio lá fora. E hoje Rowen me deu seu casaco extra, mas as outras crianças estavam tirando sarro de mim porque era rosa.

Como eu não tinha notado Rowen trazendo outro casaco para ele? Ou que ele não estava vestindo um quando chegou na escola? Eu fiz uma nota mental para enviar um e-mail para Rich novamente, esperando que isso fosse o suficiente para começar a investigar ainda mais a situação da casa de Mason. — Você sabe? Isso funcionará perfeitamente. Eu ia perguntar se você não se importaria de me ajudar durante o almoço. Eu estou realmente tendo dificuldade em fazer todo o meu trabalho e preparar a sala de aula para nossas atividades da tarde. Talvez você possa me ajudar? Ele assentiu e me deu um pequeno sorriso. — Talvez possamos verificar se Rowen quer ajudar também. Desta vez recebi a covinha. **** — Onde estamos indo? — Para o posto de bombeiros. — disse Nick, dirigindo pela estrada. Passados dois postos de gasolina, a avenida principal se fundiu com a rodovia que levava para fora da cidade. Além das minhas idas ao supermercado, eu não tinha explorado os negócios nessa área, então eu olhei pela janela, observando tudo. Nós estávamos quase chegando ao hospital quando Nick virou à esquerda e seguiu por uma rua lateral para um edifício alto e

estreito feito de blocos de concreto cinza. No seu centro havia uma grande garagem com porta branca. Uma placa do Corpo de Bombeiros de Prescott se arqueava acima. Nick estacionou ao lado do prédio e saiu para abrir a minha porta. Ele pegou minha mão e me puxou para trás dele quando destrancou uma porta de vidro colorido e caminhou para dentro do local. — Uau. — Meus olhos viajaram ao redor da grande sala de concreto. — É muito maior por dentro do que eu teria imaginado. — O passeio é bem simples, já que você pode ver tudo desse ponto. Mas esse é o caminhão dos bombeiros. — disse ele, apontando o óbvio. O caminhão vermelho ocupava metade do prédio comprido, além de algumas ferramentas montadas nas paredes. — Naquela parede do outro lado tem todos os armários dos voluntários onde guardamos o equipamento. Meu escritório fica ali. — ele disse, indicando uma sala feita principalmente de painéis de vidro no canto de trás. — Atrás é o banheiro. E aqui é o posto de plantão. — Ele me puxou para uma sala de descanso a nossa esquerda. O espaço estava preenchido com dois sofás antigos e três poltronas reclináveis, todas elas estavam em direção a uma enorme TV. Sob a televisão havia um armário cheio de todos os consoles de vídeo games imagináveis e uma pilha de filmes de ação.

— O que é um posto de plantão? —Um lugar para os voluntários de plantão ficarem. Nesta época do ano não temos os voluntários que ficam na estação. Quem está de plantão só tem que se certificar de estar na cidade e de que pode ser alcançado em seus “pagers”. Mas durante a temporada de incêndios florestais, temos que ficar aqui. Eu assumi os turnos do dia, uma vez que a maioria deles tem empregos regulares, mas eles chegam e me liberam para a noite. — Eles são pagos? Ou são verdadeiramente voluntários? — perguntei. — Eles são pagos. Não é suficiente para ganhar a vida, mas faz com que valha a pena o tempo que passam aqui. E todos nós ganhamos uma fatia maior se formos chamados para um incêndio. — Interessante. Então o que estamos fazendo aqui? Você está de plantão ou algo assim? — Não. Pensei em te mostrar o lugar e fazer o jantar. — Aqui? — Havia uma cozinha atrás da área do salão, mas era pequena. — Sim. Espaguete? — Ele perguntou. — Certo. No entanto, eu não deveria ter usado um top branco hoje. — de alguma forma eu sempre conseguia derramar molhos vermelhos em mim mesma. Ele sorriu. — Você pode pegar um suéter emprestado.

Eu subi em um banquinho perto da cozinha e conversei com ele enquanto cozinhava, admirando a maneira como ele se movia no pequeno espaço. Para um homem com tantos músculos e tão alto, Nick era gracioso, e na cozinha, isso o deixava sexy como o inferno. Felizmente ele me perguntou sobre o meu dia, então ao invés de sentar e cobiçar seu corpo, eu o envolvi em toda a minha história sobre Mason. — Você falou com Jess? — ele perguntou. — Jess? Não. Por que? — Tenho certeza que ele investigaria para você. — Eu gostaria, mas não quero passar por cima de Rich. Eu não sei se isso seria profissional. Embora, eu adoraria mudar isso um pouco mais rápido. Está muito frio agora. E se Mason não tiver aquecimento em casa? Ou comida? — O pensamento do pequeno Mason Carpenter congelando ou morrendo de fome fez meu estômago doer. — Basta perguntar ao garoto, Emmy. Se você acha que ele está em risco, fale com Garcia novamente. Se ele ainda ficar adiando para envolver Jess, passe por cima dele. A última coisa que você quer é que algo horrível aconteça com esse garoto porque você estava hesitante em insistir. — Você está certo. — Eu fiz uma careta. Eu não queria me indispor com Rich, ou pior, arriscar meu trabalho, mas se isso é o

necessário para Mason sobreviver durante o inverno, isso é exatamente o que eu terei que fazer. — Eu vou te animar. — disse Nick depois de colocar um punhado de macarrão em uma panela de água fervendo. Eu dei a ele um olhar de lado e levantei minhas sobrancelhas. Ele sorriu e puxou uma caixa quadrada de uma bolsa no balcão. Estava embrulhada com um papel verde e uma fita vermelha e branca por cima. — Meu presente? — Eu espero que você não tenha. Com cuidado desdobrei o papel da caixa e levantei uma caneca branca de cerâmica de café. Em preto, estava escrito. Desculpe eu estou atrasado... Eu não queria vir. Meu nariz começou a queimar e eu rapidamente pisquei as lágrimas. Era perfeita. Logan sempre tirou sarro de mim por minha obsessão por canecas de café e me desencorajou de comprar tais “bugigangas sem graça”. Ele nunca teria me comprado uma. Nick franziu a testa. — Você não gostou. — Não! É maravilhosa. — eu disse. — Obrigada. — Não é muito. Mas eu vi e isso me fez pensar em você.

— É apenas o tipo de caneca que eu mesma teria comprado. Me desculpe, eu não comprei nada para você. — Eu só preciso de você, Emmy. — disse ele e voltou para o fogão. Uau, isso foi legal. Vinte minutos depois eu estava sentada em um dos sofás de couro da área de plantão, usando um enorme moletom vermelho do Corpo de Bombeiros Prescott e comendo o melhor espaguete que eu já provei. Se ser casada com Nick significa que eu posso comer refeições assim regularmente, eu posso ter que ligar para Fred Andrews e cancelar os papéis do divórcio. Outro pensamento espontâneo sobre Nick.

Capítulo Nove Eu estava a meio gole com uma lata de Coca Diet pressionada aos meus lábios quando uma figura escura entrou na minha sala de estar. Eu tentei gritar, mas engasguei em vez disso. O refrigerante se alojou na minha garganta e eu comecei a entrar em pânico. A figura atravessou o vestíbulo e entrou na luz. Não era outro senão meu atual, talvez ex futuro, marido. — Porra. — Nick murmurou, correndo para o meu lado. — Respire, Emmy. Coca Diet estava escorrendo pelo meu queixo e saindo do meu nariz enquanto ele acariciava minhas costas. — Lenço. — eu sufoquei. De seu bolso ele pegou uma bandana vermelha e a empurrou na minha cara. — Aqui. Eu limpei meu rosto e respirei fundo algumas vezes, saboreando o oxigênio. — Que porra é essa, Emmy? — Nick gritou. — O que? Nada de 'Que porra é essa, Emmy?' para mim! Que porra é essa para você? Por que você está invadindo minha casa? Você me assustou pra caramba! — Por que o seu alarme está desligado? São cinco e meia. Eu acabei de chegar em casa.

— Você precisa configurar isso para o tempo todo. Eles só funcionam quando estão ligados. — Relaxe. — eu disse, revirando os olhos. — Eu duvido muito que às cinco e meia da noite de sexta-feira em Prescott, Montana, alguém vai tentar um arrombamento. Mesmo que esteja escuro. — Sim? Talvez você queira perguntar a Gigi Cleary a que horas ela foi sequestrada. Minha raiva diminuiu quando percebi que ele estava bravo porque estava com medo. Logan era do mesmo jeito, superprotetor e se zangava rápido quando ele pensava que eu estava sendo descuidada. Então, por mais que me incomodasse, eu cedia. Eu não tinha energia para debater seu pedido ridículo e massagear seu ego masculino de forma errada. — Ok. — Eu levantei minhas mãos em sinal de rendição. — Eu vou configurar isso para o tempo todo. Agora o que você está fazendo aqui? Eu pensei que você queria jantar na cidade. Hoje cedo ele me mandou uma mensagem perguntando se poderíamos jantar na cafeteria. Tinham se passado duas semanas desde que Nick começou a jantar comigo e ele não tinha perdido uma única noite. Na maior parte do tempo comíamos em minha casa, mas algumas vezes ele havia me buscado na escola e me levado a lugares diferentes na cidade. Nos fins de semana ele tinha vindo cedo, e em

vez de cozinhar para mim, ele cozinhava comigo, minhas aulas de culinária duravam toda a tarde. — Jess me ligou e disse que eles estão fazendo uma festa de última hora na fazenda. — E a minha presença é necessária? — perguntei. Parte de mim queria sair e fazer algo social, mas a outra estava contente em ficar em casa em calças de yoga. — Minha presença é necessária, portanto, a sua também é. — disse ele. — OK. Deixe eu me trocar. — Quinze minutos depois eu estava pronta para ir. Eu tinha optado por um jeans skinny, porque eram quase como calças de yoga, e um suéter preto de grandes dimensões. Mas como eu não queria parecer muito desleixada, eu os vesti com um par de botas de camurça preta acima do joelho. Descendo as escadas examinei a casa para encontrar Nick. Eu adorava isso de degraus flutuantes onde eu podia ver quase todo o andar de baixo e a cozinha. Nick estava andando ao longo da parede da sala de estar de costas para as janelas, o telefone pressionado ao ouvido dele. Quando ele ouviu meus pés em salto baterem no patamar, ele rapidamente desligou o telefonema. — Está tudo bem? — eu perguntei. — Sim. Pronta?

— Sim. Precisamos levar alguma coisa? — Cerveja. Eu comprei no caminho para que não tivéssemos que dirigir até a cidade. Enquanto dirigíamos pela escuridão, Nick estendeu a mão e pegou a minha. Ele trouxe para seus lábios e falou contra a minha pele. — Essas botas são interessantes. — O quê? — eu perguntei. — O que há de errado com elas? — Elas são sexys pra caralho. Em algum momento eu vou ver como você fica usando-as e nada mais. — disse ele. Fiquei contente que a cabine do caminhão estava escura e ele não podia ver minhas bochechas coradas. Um arrepio percorreu através do meu corpo e meu sexo começou a latejar na imagem mental que ele invocou. Nick e eu não tínhamos feito nada além de beijar essas últimas semanas e ele manteve todos eles classificados como proibido para menores. Ele tocava seus lábios rapidamente contra minha bochecha ou minha têmpora, sua barba macia me dando arrepios. Mais frequentemente, ele se inclinava e beijava a ponta do meu nariz. E era exatamente assim que eu queria. Eu não estava pronta para levar as coisas adiante. Mas meu corpo estava protestando contra a decisão do meu cérebro. Neste exato momento, estava ficando quente.

Eu racionalizei isso como falta de atividade sexual. Eu não fazia sexo desde que me mudei de Nova York, cinco meses atrás. Naquela época, Logan e eu tínhamos uma ótima vida sexual. Meus sentimentos eram apenas o resultado de um período de carência. Certo? Nick riu. — Pare de pensar em sexo, Emmy. Merda. A tensão sexual na caminhonete era sufocante. Claro que ele sabia que eu estava pensando em sexo, assim, não adiantava negar. Felizmente o caminho era curto e logo nós entramos na pista de cascalho que levava à casa dos Clearys. A fazenda ficava fora da cidade e não tão longe da minha casa. Seu lugar era localizado mais para dentro da pradaria, mas a parte de trás de sua propriedade se ligava contra a mesma floresta que cercava onde eu morava. Enquanto caminhávamos em direção à enorme garagem, que era perpendicular a fazenda, toda a energia sexual que eu estava sentindo foi substituída por ansiedade. Nick deve ter sentido meu nervosismo ou escutado meu batimento cardíaco acelerado, porque ele mudou o pacote de seis que ele estava carregando e agarrou minha mão. Sua mão deveria ter sido reconfortante, mas na verdade estava fazendo as coisas piores.

Eu tinha fugido logo após a festa de Halloween ter começado na última vez que estive aqui. Eu vi os Clearys desde então, mas ninguém mais daquela noite. Prescott era muito pequena para os amigos e conhecidos de Nick não saberem quem eu era. O que eles acharam de mim? Normalmente eu não me importava muito com o que as pessoas pensavam, mas aqui as coisas eram diferentes do que eram na cidade. Eu queria me encaixar em Prescott e me preocupava que não o fizesse. Mas isso não me impediria de tentar. Eu queria ser um membro amado da comunidade, como Gigi Cleary. Todo mundo falava sobre ela com admiração. Mesmo que ela não fosse natural de Montana, ela era uma das adoradas cidadãs de Prescott. Eu queria ser a professora de jardim de infância adorada. Pelo menos enquanto eu morasse aqui. Todas as pessoas aqui esta noite eram amigos de Nick e residentes de longa data de Prescott. O que eles iam pensar de mim dançando em uma festa, segurando a mão de Nick? — Não se estresse, Emmy. — disse ele. — Fácil para você dizer. Esses são seus amigos. Eu sou apenas a esposa distante.

Nick nos parou a poucos metros da porta da garagem. — Estas são pessoas boas e eles não vão julgar. Além disso, todos sabem que a razão pela qual nos separamos anteriormente foi por minha causa. — O que? Você contou a eles? — eu perguntei. — Sim. Eu não entrei em detalhes, mas deixei eles saberem que qualquer raiva ou hostilidade que você tivesse por mim era bem merecido. Todos sabem que eu sou o único errado. — Por que você diria isso a eles? — Prescott é um lugar pequeno. Eu não queria mexericos voando por aí e saindo de controle. — ele disse. Ele protegeu minha reputação sem me perguntar. Ele nunca saberia o quanto isso significava para mim, mas era o mundo. — Obrigada. — eu sussurrei. — Nós vamos entrar lá e as mulheres vão roubar você. — Tenho certeza que vou ficar bem. — Você ficará. Eu não. Eu gostei de ter você só para mim nessas últimas semanas. Ele poderia ser tão incrivelmente doce. — Eu estaria mentindo se dissesse que não senti um pouco do mesmo. — Nós vamos fazer isso, Emmy. — Ele me puxou para dentro antes que eu pudesse responder.

A garagem estava enfeitada com balões, serpentinas e papel crepom. Na parte de trás da parede estava uma enorme faixa que dizia Feliz Sequestro-versário! — Senhorita Austin! — Rowen chamou ao mesmo tempo em que sua mãe exclamou: — Emmeline! Nick não estava errado. Não fazia nem cinco segundos que eu tinha entrado antes de Gigi me puxar para o amontoado de mulheres ao lado da mesa de lanches. Estava preenchido com tanta comida que rivalizava com alguns dos jantares que eu tinha servido para captação de fundos do meu pai. — Emmeline, conheça Maisy Holt. — disse Gigi, me apresentando a uma linda mulher loira com olhos cinzas em forma de corça e um sorriso caloroso. Um bebê fofo moreno com olhos castanhos escuros estava empoleirado no quadril dela. — E este é o filho dela, Coby. Ele não é a coisa mais fofa? — Ele é adorável. — eu disse, inclinando para arrulhar para o bebê. — Quanto tempo ele tem? —Perguntei a Maisy. Ela sorriu. — Cinco meses. Eu soube sobre Maisy Holt nos arquivos de notícias que eu havia descoberto no outono passado. O pai de Coby foi o traficante de drogas maluco que havia sequestrado Gigi e Maisy com a intenção de assassiná-las.

— Esta é minha sogra, Noelle. — Gigi continuou com as apresentações. — E esta é Sara Phillips. Ela trabalha comigo no hospital, e seu marido, Milo, é um dos oficiais de Jess. Sara era uma jovem mulher com cabelo loiro-morango e olhos verdes. — Onde está seu bebê? — Perguntei a Gigi quando as apresentações terminaram. — Eu estou morrendo de vontade de conhecê-lo. Todos os dias, Rowen vinha para a escola e me dava um relato sobre o que o bebê Ben tinha feito na noite anterior. Ele nasceu duas semanas antes do Natal e sua orgulhosa irmã mais velha falava sobre ele sem parar. — Eu vou raptá-lo de Jess. Ele monopoliza Benny. — Ela sorriu e foi para o outro lado da garagem onde os homens se reuniram. — Senhorita Austin, você quer ver meus gatinhos? — Rowen perguntou, puxando minha mão. — Oh, eu adoraria. — eu disse enquanto ela me levava para uma pequena alcova. Eu conheci todos os seus gatos antes de Gigi vir com um bebê dormindo em seus braços. — Ele é grande, não é? — Eu perguntei quando ela o colocou em meus braços. Eu não estive perto de bebês muitas vezes, mas fiquei surpresa com o quão pesado ele era para apenas seis semanas

de idade. Bem não era tão menor do que Coby Holt, apesar da diferença entre eles. — Ele é enorme. Noventa e cinco por cento na tabela de crescimento. — Nossa. — eu disse. — Então, para que é esta festa? Eu não tive a chance de perguntar ao Nick quando cheguei aqui. — A faixa original me deixou curiosa. — Maisy e eu fomos sequestradas há um ano e decidimos que, em vez de nos escondermos em casa, faríamos uma festa. A reação exagerada de Nick ao meu sistema de segurança desarmado fez mais sentido agora. Ela me deu um sorriso travesso. — Jess não estava muito feliz com a nossa ideia da festa. Desde que Ben nasceu ele não me deixa fazer nada. Mas eu estou ficando louca com a licença maternidade, então Maisy e eu planejamos a festa enquanto ele estava no trabalho. Então de manhã, fui até a delegacia e disse a ele que trouxesse algumas bebidas para casa e chamasse os amigos. Eu ri. A maneira como ela manipulou a super proteção de seu marido foi divertida. — Emmeline. — Jess disse ao meu lado. — Oi, Jess. Parabéns pelo pequeno Ben aqui. Como você está? — Estou bem. Ficaria ainda melhor se minha esposa me ouvisse.

— Não está acontecendo, xerife. — disse Gigi. — Estava querendo ir na escola e conversar com você. Se importa se fizermos isso agora? — Perguntou. — De modo algum. — Tenho que falar sobre esses sapatos. — disse ele. Meu nariz franziu e eu não tentei esconder minha careta. Como eu esperava, recebi muitos telefonemas de pais preocupados depois de dar aos meus alunos sapatos antes da Ação de Graças. Além dos pais de Mason, os Clearys eram os únicos com quem eu não tinha conversado ainda. Com cada ligação eu havia contado aos pais a verdade. Ou uma versão vaga da verdade. Que um amigo rico de Nova York doou para minha primeira turma de alunos. Isto na verdade, tinha sido ideia do diretor Garcia em não admitir que eu tinha comprado pessoalmente os sapatos. Ele não queria criar qualquer animosidade com outros professores ou chamar a atenção para a vida doméstica de Mason. Fiquei contente com o conselho dele e, até agora, minha história funcionou. Mas eu tinha a sensação de que uma meia-verdade vaga não satisfaria o xerife do Condado de Jamison. — Sinto muito se ofendi você. — eu disse a eles. — Não ofendeu. Eu percebi que havia algo acontecendo quando Rowen chegou em casa e nos contou sobre seu amigo

Mason. As coisas que ela tem me contado não são boas. Conversei com Nick hoje e peguei a pista. — disse Jess. — Eu acho que você comprar calçados infantis para todos só para que ele pudesse ter um par foi maravilhoso. — Gigi disse. — Obrigada. Ninguém sabe que esse foi o verdadeiro motivo. Eu meio que menti para todo mundo. Eu só não quero que as pessoas bisbilhotem a vida de Mason. Ele não precisa disso. — Vou começar a investigar. — disse Jess. — Mas antes disso, queria ver o que você sabe. — Não muito. — eu fiz uma careta. — Ele provavelmente contou a Rowen mais do que contou para mim. Eu perguntei a ele algumas semanas atrás, como era a casa dele e ele se fechou. — Hmm. — ele murmurou. — O diretor Garcia disse que antes de podermos ir às autoridades, precisávamos ter uma boa base de documentação. É por isso que não procurei você ainda. — Vou me certificar de que ele não saiba que você veio até mim. Que me aproximei de você. — disse Jess. — Mas Garcia esquece que não moramos em Los Angeles. Ele não precisa montar um caso antes de eu olhar uma situação. Especialmente quando se trata de crianças. — Obrigada. Você não imagina como estou preocupada com Mason.

— Você é uma boa professora, Emmeline. — disse Gigi. — Estou feliz por Rowen ter você. Um sorriso enorme se espalhou pelo meu rosto e eu o virei para Ben ainda dormindo em meus braços. Eu não tinha certeza do que aconteceria, mas uma parte de mim esperava que eu ainda estivesse em Prescott no momento em que ele fosse velho o suficiente para estar na minha aula. Depois da nossa conversa sobre Mason, Gigi e eu voltamos para conversar com as mulheres e comer das bandejas de comida abundantes. Maisy e eu nos demos bem imediatamente. Ela era doce e enérgica e eu adorava ouvir suas histórias do Fan Mountain Inn, o único motel de Prescott, onde trabalhava como gerente. A festa na garagem dos Clearys estava entre os meus cinco melhores eventos sociais, e nem sequer tinha acabado ainda. Gigi estava terminando uma história de como a garagem foi construída para substituir um velho celeiro onde ela foi mordida por uma cascavel quando senti o calor de Nick nas minhas costas. Esticando o pescoço por cima do ombro, perguntei: — Há cobras na minha casa? — Não. Você está muito longe nas montanhas. Está frio demais. — Bom. — Só de ouvir a história de Gigi me deu arrepios. Eu não era fã de répteis ou insetos.

— Vamos, Emmy. Estamos jogando sinuca. — disse Nick. — Você também, Maisy. Você será parceira de Silas. — Eu não sei jogar sinuca. — eu disse enquanto caminhávamos em direção à mesa na parte de trás da garagem. — Tudo bem. Maisy não é nada boa, então eu e Silas vamos levar vocês, senhoras. — Ei! Eu vou fazer você saber que estou melhorando. — disse Maisy. — Com certeza você está. É por isso que Silas me disse para implorar a Gigi para jogar com ele e só levar você como último recurso. — Ele não disse. — disse Maisy. — Ele fez. — Silas Grant! — Maisy gritou. Ela decolou para onde todos os homens estavam conversando e bateu em um homem loiro no braço antes de transferir Coby para um homem musculoso de cabelos escuros e uma barba castanha espessa. Ele era o único homem no grupo que era mais alto que Jess, e seu tamanho era intimidante. Os ângulos quadrados de sua mandíbula lhe davam uma aparência severa, mas quando ele colocou Coby em um bíceps volumosos, todo o rosto relaxou. Quando Nick e eu chegamos ao grupo, ele começou as apresentações.

— Emmy, este é Beau Holt. — disse ele. — Beau trabalha para o Serviço Florestal e lidera a equipe de busca e resgate do condado de Jamison. Talvez tenham sido as três taças de vinho que eu já tinha tomado, eu não sei, mas a minha normal saudação educada não saiu imediatamente da minha boca. Em vez disso, quando eu inclinei minha cabeça para trás, para olhar para o rosto de Beau, eu disse algo em voz alta que era para ficar dentro da minha cabeça. — Você não é pequeno. — Eu bati minha mão sobre a minha boca rude e olhei para Beau com os olhos arregalados. — Desculpe! — Eu disse através dos meus dedos. Um enorme sorriso surgiu no rosto de Beau e todo o grupo explodiu em gargalhadas. Nick riu. — Este é Silas Grant. — Silas era o homem loiro que Maisy tinha batido. Sua estrutura magra e musculosa era semelhante a de Nick, embora Silas fosse um ou dois centímetros mais alto. Depois de apertar sua mão me virei para o último homem do grupo. Eu não precisei de Nick para me apresentar. Depois de ouvir a história de Sara sobre encontrar seu marido em uma unidade de queimaduras, eu sabia que este era Milo. Ele tinha uma cicatriz de queimadura enrugada em cima da testa e outra no lado de sua mandíbula. — Milo Phillips. — disse ele.

— Emmeline Austin. — Emmeline, eu ouvi que você ficou temporariamente insana há alguns anos e se casou com um idiota. — disse Silas, empurrando o queixo para Nick. — Você é tão engraçado. — Nick murmurou. — Vamos jogar sinuca ou o quê? — Maisy perguntou. — Vamos jogar. — disse Silas. — Coby, você pode ficar com o tio Beau? — Sim. — respondeu Beau por ele. Meus olhos corriam de um lado para o outro entre os irmãos Holt. Eu nunca teria adivinhado que aquela pequenina e loira Maisy era a irmã do gigante de cabelo escuro. — O que vamos apostar? — Nick perguntou a Silas. — Jantar? — Maisy sugeriu. — Todos nós poderíamos nos encontrar na cafeteria uma noite. O perdedor paga. — Combinado. — Nick e Silas concordaram simultaneamente. Cinco minutos depois, as bolas na mesa estavam espalhadas por toda parte e Nick estava inclinando-se sobre o meu ombro, me ensinando a alinhar a mira. Quinze minutos depois eu estava ficando irritada com a incessante oscilação de Nick. Toda vez que eu me preparava para dar uma tacada ele me interrompia e me dizia para acertar uma bola

diferente. Eu estava insinuando aos poucos para ele me deixar tentar, mas ele não me ouvia. Finalmente eu me cansei daquilo. — Você pode me deixar em paz? Você está me deixando louca. Você é um péssimo professor! — O que? Não, eu não sou. Eu sou um professor incrível. Você que é uma aluna ruim. Não é a melhor tacada. Eu senti o temperamento subir no meu peito, mas antes que eu pudesse estourar de novo respirei fundo algumas vezes e me lembrei que a festa inteira estava assistindo nosso jogo. — Seu ego está muito inflado. Você pode apenas me deixar tentar do meu próprio jeito? Quem se importa se eu errar? — Eu me importo. Estamos vencendo. — Sai fora. — Mire na bola verde. Não na azul. — Não. — Emmy. — ele rosnou. — Bola verde. — Você está me pressionando, Nick. Você não vai gostar quando eu revidar. — Oh sim? O que você vai fazer? Eu virei meu olhar para o nosso público. — Vocês sabem que Nick tem uma obsessão com shows de strip masculino? Seu show

favorito em Las Vegas é Thunder From Down Under. Ele adora tanto que me fez ir em um antes de nos casarmos. A garagem explodiu em gargalhadas. Silas foi para o lado de Nick e segurou um de seus ombros quando ele se inclinou berrando, sacudindo o corpo de Nick. — Eu a amo! — Silas gritou. Eu atirei um sorriso presunçoso para Nick enquanto ele olhava para mim. — Bola azul. Ou eles saberão sobre como você grita como uma garotinha quando está em uma montanha-russa. A risada na sala ficou ainda mais alta quando Nick lutou com um sorriso. Ele se inclinou para falar na minha orelha. — Isso nem é verdade, Emmy. — Bola azul. — repeti. — Bem. Acerte qualquer bola que você quiser. — ele disse Eu perdi a tacada, mas não me importei. Com um sorriso no rosto, me inclinei contra a parede enquanto Maisy tomou sua vez. — Vocês dois brigam mais que Jess e Gigi. É divertido pra caralho. Mal posso esperar pelo jantar — disse Silas. — Obrigada. — eu disse. As palavras de Silas confirmaram algo que eu havia começado a perceber nas últimas semanas. Nick e eu tínhamos aquela brincadeira fácil que eu ansiava. Algo que eu invejava sobre Jess e

Gigi. Estar com Nick era confortável. Nós nos encaixamos e eu poderia ser eu mesma em torno dele. Eu tinha anos de prática fingindo ser a Emmeline Austin que a alta sociedade de Nova York esperava que eu fosse. Aquela Emmeline só dizia o que era adequado e polido. Suas maneiras eram impecáveis. Suas opiniões declaradas nunca foram muito rígidas ou centradas. Meu pai esperava que eu fosse aquela Emmeline. Meus amigos. Mesmo Logan até certo ponto. Eu não gostava daquela Emmeline. Mas nem uma vez durante as duas últimas semanas de jantares com Nick eu senti a necessidade de mascarar minhas emoções ou sufocar minhas opiniões. Ele gostava de mim assim como eu era. Sem pretensão. E o meu verdadeiro eu floresceu em torno dele. Tudo o que eu sempre quis em um relacionamento tive com meu marido. Que irônico. No dia em que percebi que talvez Nick e eu tivéssemos um futuro foi o mesmo dia em que os papéis do divórcio chegaram pelo correio.

Capítulo Dez Sirenes estridentes encheram meus ouvidos. O som era tão alto que me atirei da cama e imediatamente procurei meu celular na mesa de cabeceira, estremecendo quando a luz iluminou a sala escura. Tentando discar 9-1-1, corri para o meu closet e me fechei. — Qual é a sua emergência? — O atendente respondeu. — Meu sistema de alarme acabou de disparar. — eu sussurrei. Meu coração estava trovejando no meu peito e eu estava tendo dificuldade em respirar. Sair de um sono profundo para despertar instantaneamente, e aterrorizada, estava causando estragos ao meu corpo. — Qual o seu nome? — Emmeline Austin. — eu disse. — Aguarde. Vou enviar um carro de patrulha. — Sua voz estava no fundo, mas eu não conseguia distinguir suas palavras. Um bip tocou nos meus ouvidos e eu puxei meu telefone para ver que eu tinha outra ligação. O mais provável é que fosse minha empresa de segurança. O protocolo deles era tentar entrar em contato comigo primeiro e então notificaria a polícia se eu não respondesse.

Não muito tempo depois de o barulho parar o telefonista entrou na linha. — Senhora Austin, eu tenho sua empresa de segurança na outra linha. Você está em um local seguro? — ele perguntou. — Estou me escondendo no meu armário. — Bom. Fique aí. O carro de patrulha está a caminho e deve estar aí em breve. Eu vou informar ao oficial onde você está se escondendo. Não saia do armário. Quando o policial chegar aí, ele irá até você. Seu nome é Sam Eklund. — Ok. — eu sussurrei. —Espere enquanto eu falo com sua empresa de segurança. — disse ele. Eu estava feliz que ele não tinha desligado o telefone. Isso me fez sentir como se eu não estivesse totalmente sozinha durante um dos momentos mais assustadores da minha vida. A adrenalina percorrendo meu sangue estava fazendo meu corpo tremer. Eu envolvi meu braço livre em torno dos meus joelhos para impedi-los de bater juntos enquanto minha mente começou a trabalhar, pensando em todas as possibilidades para o meu alarme disparar. Alguém estava tentando invadir minha casa? E se o intruso estivesse vindo para o meu quarto? Encolhida no canto fechei os olhos e me concentrei em ouvir. Se eu pudesse ouvir meu intruso antes dele chegar ao armário, talvez eu pudesse pelo menos dizer ao telefonista antes de algo de ruim

acontecer comigo. A explosão do alarme, digitação do telefonista e minha respiração ofegante era tudo o que eu ouvia. Cada minuto que passava parecia uma hora. Imaginava que a qualquer momento uma figura escura abriria a porta do meu armário e encontraria meu esconderijo. Eu mentalmente comecei a me preparar para lutar sozinha. Talvez se eu me esforçasse o bastante, eu poderia atrasar meu atacante o suficiente para que o oficial de polícia chegasse a tempo de me salvar. Quando passos soaram no meu quarto, eu prendi a respiração e olhei através da escuridão em direção à porta, esperando que do outro lado estivesse um policial e não meu intruso. — Senhora Austin? Aqui é o policial Sam Eklund. — duas batidas breves vieram na porta do armário. Afundando ainda mais no chão, soltei o ar que estava segurando. — Ele está aqui. — eu sussurrei e desliguei o telefone. — Estou saindo. — eu disse, levantando do chão. A luz do meu quarto estava ofuscante depois de ter estado no armário escuro. — Você pode desativar o alarme? — Sam perguntou, gritando sobre as sirenes. Assentindo eu desarmei usando o aplicativo no meu celular. — Você está bem? — ele perguntou. —

Não

realmente.



eu

acontecendo? Alguém tentou entrar?

disse. —

O

que

está

— Ninguém está aqui, mas o sensor na sua porta do porão disparou. Eu vou ligar para a delegacia e atualizá-los. Que tal você se vestir e descer? Me dê uma chance de verificar mais atentamente ao redor. Quando percebi o quão escasso era meu traje, passei os braços em volta do peito para tentar encobrir minha roupa de dormir. Eu usava uma camisola de seda marrom fina e shorts combinando. Com toda a emoção uma das alças escorregou do meu ombro e eu estava a centímetros de distância de mostrar a Sam um dos meus seios. — OK. Eu já vou. — eu disse, voltando para o meu armário. Eu puxei um robe comprido forrado com peles artificiais. Minha mãe e eu compramos no spa do Lago de Como. Foi uma compra extravagante, mas quando eu deslizei meus braços no roupão creme felpudo, eu não me arrependi de um único centavo. Meus pés me levaram rapidamente pelo corredor, mas quando uma voz familiar gritou, eu comecei a correr pelas escadas. — Emmy! — Nick gritou. — Aqui em cima! Nick não esperou por mim na entrada. No segundo que me viu acima nas escadas ele correu em minha direção, subindo dois degraus de cada vez. Ele me alcançou no topo da escada e me envolveu com

seus braços fortes. — Você está bem? — ele perguntou na minha cabeça. — Não. — eu sussurrei. — Eu entendo você. Eu deixo meu corpo relaxar e entro em seu abraço. O cheiro de sua camisa de flanela era uma mistura de Nick e sabão em pó. Eu respirei profundamente, saboreando a segurança e o calor do abraço de Nick. — Nick. — Sam chamou no andar de baixo. — É melhor vir ver isso. Agarrando minha mão, Nick me levou para baixo das escadas e me colocou em uma cadeira de couro marrom na sala de estar. — Fique aqui. Eu volto já. Ele contornou a curva da cozinha e desapareceu no pequeno corredor na parte de trás da casa. Se o alarme tivesse sido disparado pelo sensor que levava ao porão, então quem invadiu minha casa fez isso através da garagem e, em seguida, tentou entrar pela escada interior. Enquanto os minutos passavam meus olhos vagaram de um lado para o outro pelas janelas das paredes. Meu intruso estava à espreita me observando? O pensamento me deu arrepios. Eu odiava estar sozinha aqui, me sentindo exposta

e vulnerável. Onde estavam Nick e Sam? Por que estavam demorando tanto tempo? Passos no chão de mármore da cozinha capturaram minha atenção. Nick veio diretamente para mim quando Sam foi até a entrada e pegou o telefone. — Você encontrou alguma coisa? — eu perguntei, já de pé. — Sim. — disse Nick. — Nós vamos ligar para Jess. Aguente firme. Nós vamos repassar tudo com você quando ele chegar aqui. —A espera está me destruindo, Nick. Sua grande mão envolveu minha nuca enquanto ele inclinava a testa para baixo na minha. — Sinto muito, Emmy. Mas será melhor se conversarmos quando Jess chegar. Dessa forma nós só temos que fazer isso uma vez. — Ok. — eu sussurrei. O calor e a voz gentil de Nick acalmaram meus nervos. — Vou fazer uma xícara de chá para mim. — Eu vou fazer isso. — ele ofereceu. — Eu preciso fazer outra coisa além de sentar e me preocupar. Me faça companhia. Enquanto minha Keurig fervia, eu pulei para sentar em um balcão. — Como você soube que precisava vir? Eram quase duas da manhã. Ele provavelmente estava dormindo.

— Ouvi a ligação chegar através da central. — Oh. Você estava acordado? — Eu perguntei, confusa por que ele estaria monitorando chamadas 9-1-1 em uma terça-feira à noite. — Não. Eu tenho um scanner na minha cama. Quando não tenho um voluntário de plantão, monitoro as chamadas de casa. — Certo. — eu murmurei. Bebi meu chá quente, esperando que isso acalmasse meus nervos, mas não estava ajudando. — Estou enlouquecendo. Nick atravessou a cozinha e me puxou do balcão, em seus braços. — Estou enlouquecendo também. Piores dez minutos da minha vida, dirigir para cá sem saber o que encontraria. — Eu estou bem. — eu disse, esperando que as palavras nos confortassem. — Eu nunca me dei conta de como Jess deve ter se sentido quando Gigi foi levada. — disse ele. — Não até esta noite. Eu não sei como ele conseguiu manter sua cabeça no lugar quando ele chegou em casa e ela não estava. Não sei o que teria feito se você não estivesse aqui. — Eu estou bem. — eu repeti. Faróis cintilando do lado de fora nos chamaram a atenção e saímos da nossa bolha para correr para a porta. Cinco minutos depois, Jess e Sam tinham terminado de examinar o corredor dos fundos novamente e estávamos todos sentados na sala de estar.

— Obrigado por ser paciente, Emmeline. Desculpe por fazer você esperar. Mas nós queríamos fazer isso de uma vez. Dessa forma, todos nós teremos a mesma história. — disse Jess. Eu assenti. — Alguém entrou na garagem. — disse Jess. Lágrimas se acumularam em meus olhos e eu respirei em uma respiração irregular. Uma parte de mim esperava que tudo isso fosse apenas um alarme falso. Que meu sistema de segurança de última geração tinha dado defeito e amanhã todos nós riríamos de como tínhamos exagerado. Em vez disso, a realidade era que um estranho tinha invadido a minha casa. — Ele conseguiu passar pelo sensor de alarme na porta lateral da garagem. Não deve ter esperado que tinha um no topo da escada. Pelo que podemos dizer, assim que o alarme soou o invasor fugiu. — Jess disse. — Eu procurei por impressões em ambas as portas. — disse Sam. — Não encontrei nada. Significa que o ladrão limpou as duas portas. — Então, o que fazemos? Como podemos pegá-lo? — perguntei. — Vou voltar de manhã e dar uma olhada ao redor da propriedade à luz do dia. — disse Sam.

— Podemos encontrar algum rastro ou pistas do lado de fora. Mas para esta noite, fizemos tudo o que podíamos. — Você acha que ele vai voltar? — Não é provável. Mas ninguém te culparia se você não ficasse aqui esta noite. Eu posso ligar para o motel, arranjar um quarto para você. — Jess ofereceu. — Eu vou ficar. — disse Nick. — Imaginei isso. — disse Jess. Eu relaxei um pouco ao lado de Nick, a tensão nos meus ombros diminuindo, sabendo que eu não estaria sozinha esta noite. — Você pode nos dar um rápido resumo do seu sistema de segurança, Emmeline? — Sam perguntou. — Certo. Eu pedi para uma empresa em Bozeman vir e instalar. Eles disseram que era o melhor sistema. As portas da frente e da garagem têm painéis para eu ativar e desativar o sistema. Eu posso fazer isso do meu celular também. Eles colocaram sensores em todas as portas de vidro deslizantes da varanda. Se o sistema estiver armado, não consigo abrir nenhuma delas. Eu tenho sensores de movimento na sala de estar, sala de jantar e cozinha. Mas não os tenho ativado quando estou em casa. — À noite, quando você for dormir, comece a ajustar os sensores de movimento. Eu não me importo se recebermos alguns alarmes falsos na delegacia. — disse Jess.

Eu assenti. — Alguma ideia de quem queria invadir? Algum inimigo? — Jess perguntou. — Não. Eu não conheço muitas pessoas em Prescott ainda. Certamente ninguém que eu consideraria um inimigo. — E fora de Prescott? Alguém da cidade? — Ele perguntou. — Não consigo pensar em ninguém. — E os possíveis perseguidores? Alguém parece muito interessado em você? Pode ser alguém que você conhece. Poderia ser um visitante frequente da escola. Ou colega de trabalho com quem você se deparou por 'acidente' mais de duas ou três vezes. — Ninguém daqui me vem à mente. Embora, cerca de um ano atrás, eu passei por uma situação em Nova Iorque. Eu comecei a perceber um cara de uma das minhas aulas da NYU muito em torno de mim. Ele aparecia no meu café favorito ou em um restaurante onde eu estava almoçando. Eu não pensei muito nisso até que ele começou a aparecer para os jantares de caridade que Logan e eu participávamos. Ele estava me dando uma sensação assustadora, então Logan e meu pai insistiram que eu tivesse um guarda-costas comigo na escola e durante o dia. Logo depois disso parei de ver o cara. E então um dia ele parou de vir para a nossa aula. — Você pediu uma ordem de restrição? — Sam perguntou.

— Não. Como ele parou de me seguir não achei que fosse necessário. — Qual é o nome dele? — Jess perguntou. — Eu não sei. Na aula ou quando eu o via por perto, ele nunca falava comigo. Ele apenas estava sempre um pouco perto demais e estava constantemente me observando. Isso foi o que me assustou. — Quem é Logan? — Sam perguntou. — Meu ex namorado. Nós terminamos antes do Dia de Ação de Graças. — Alguma chance de ele não ter aceitado o rompimento tão bem e vir aqui para te assustar? — Jess perguntou. — Não. Absolutamente não. Ele está na cidade e nunca faria uma coisa dessas. — Você se importa se nós o contatarmos? Excluir essa hipótese? — Eu preferiria que você não fizesse, mas entendo se você precisar. — Não é o ex, Brick. — disse Nick. — O cara não é desse tipo. Você estaria perdendo seu tempo. — OK. Vamos ver o que podemos encontrar amanhã e partir daí. Deixarei vocês dois tentarem descansar um pouco. — Jess disse, se levantando do sofá. — Manteremos contato.

Nick acompanhou Sam e Jess até a porta quando eu comecei a desligar as luzes na sala de estar e cozinha. Subimos juntos e paramos do lado de fora da porta do quarto de hóspedes. — Deve haver uma escova de dentes extra no banheiro. E há cobertores extras e travesseiros no armário se você precisar deles. — Eu não vou ficar aí, Emmy. — disse ele. — Você pode ficar no sofá, mas a cama daqui é muito mais confortável. — Vou dormir com você. — Não. Este é o quarto de hóspedes, Nick. E você é um convidado. — Se ele estava pensando que poderia usar o sufoco desta noite como uma maneira de entrar na minha cama, ele estava enganado. — Eu não sou um convidado. Sou seu marido. — Um marido que dorme no quarto de hóspedes. — Ele fechou a distância entre nós em um flash e antes que eu pudesse voltar atrás sua boca estava batendo na minha. A intensidade do seu beijo me pegou completamente desprevenida. Meus joelhos tremeram e eu agarrei sua camisa de flanela. Sua língua se emaranhou com a minha enquanto sua barba fazia cócegas na pele sensível do meu rosto. Embora ele estivesse apenas tocando minha boca, parecia que faíscas começariam a disparar dos meus dedos das mãos e pés a qualquer momento.

Quebrando nosso beijo, ele sussurrou contra meus lábios. — Eu não vou te deixar sozinha até nós descobrirmos quem invadiu esta noite. Me assustou pra caralho ouvir essa ligação. Eu preciso de você perto. E isso significa que vou dormir na sua cama. O beijo de Nick, junto com seu apelo gentil, quebrou minha determinação. Se ele não estivesse aqui para mim esta noite, eu não sei o que teria feito. Porque ele estava ficando comigo, eu me senti segura dormindo na minha própria cama. Se dormir ao meu lado esta noite ajudaria alguns de seus medos, eu poderia dar isso a ele. — Só por esta noite. — eu disse e caminhei para o meu quarto. Meu quarto ficava na parte dos fundos da casa acima da cozinha. As duas paredes externas eram feitas inteiramente de vidro e uma sacada no canto do quarto. Com a visão aberta da floresta, meu quarto foi desenhado para combinar. Paredes escuras. Um profundo edredom verde. Móveis de madeira na cor café. Parecia uma caverna. Sem dizer uma palavra eu tirei meu robe e subi na cama de costas para Nick. Eu escutei o farfalhar de suas roupas e o baque de suas botas enquanto batiam no chão. Com cada peça caindo, meu coração batia mais rápido. O que eu estava pensando há um minuto atrás? Eu não conseguiria dormir ao lado dele. Eu estava louca por concordar com isso.

Quando seu peso atingiu o colchão, parei de respirar. Felizmente, minha cama era larga, e mesmo se eu me movesse um pouco durante o sono, seria improvável que nos tocássemos. Eu só esperava que Nick respeitasse o limite da linha imaginária entre nós. Não tive essa sorte. Assim que seu corpo afundou no colchão ele se mexeu e estendeu a mão para mim. Um forte antebraço envolveu minha cintura e ele me arrastou para o meio da cama. Seus braços me seguraram enquanto ele enterrava o rosto no meu cabelo. — Durma, Emmy. — disse ele, deslizando uma de suas grandes pernas entre as minhas. O cabelo em seu peito pressionado contra a pele nua das minhas costas e seu batimento cardíaco contra a minha espinha... de jeito nenhum eu ia dormir. Além disso, eu odiava conchinha. Sempre que Logan tentava se enrolar em minhas costas eu sempre virava para que eu estivesse de frente para ele. Nick havia arruinado a conchinha para mim em Vegas. A memória agrediu minha mente. Eu me lembrei de adormecer em seus braços, pensando que era assim que eu fosse dormir nos próximos cinquenta anos, que eu morreria uma mulher feliz. Eu não pude fazer isso.

Eu não podia ficar aqui com ele assim. A familiaridade de nossa posição criou uma dor esmagadora no meu peito. Tudo que eu podia fazer era fechar meus olhos e tentar respirar através da dor. Eu queria desesperadamente escapar do abraço de Nick, mas não tinha energia para outra discussão. Então, em vez disso, esperei. E esperei. Finalmente, quando seu corpo relaxou no sono, eu saí da cama e silenciosamente rastejei para o andar de baixo. Afundando em um sofá da sala, pude respirar novamente. Mas quando o ar encheu meus pulmões, as emoções que eu estava segurando surgiram. Meu corpo se enrolou em uma bola apertada enquanto soluços balançavam meu peito. Não foram apenas os eventos desta noite causando meu colapso. Foi um acúmulo de meses e meses de estresse e ansiedade. Me

mudar

para

longe

para

começar

um

novo

emprego. Encontrar Nick depois de anos de procura. Todas as memórias e dores de cabeça que vieram ao vê-lo novamente e terminar meu relacionamento com Logan. Era demais. Então, fiz o melhor que pude para chorar baixinho, esperando poder recuperar o controle antes do amanhecer. — Ponha tudo para fora, minha doce Emmy. — Nick sussurrou enquanto seus braços me rodeavam, me puxando em seu colo.

Eu não lutei com ele ou tentei sufocar minhas lágrimas. Me enterrei completamente em seu peito nu e deixei ele me abraçar. Quando eu finalmente parei de chorar, levantei meu queixo e olhei para seus vibrantes olhos castanhos. Sua mão se moveu para o meu queixo e seu polegar acariciou minha bochecha, enxugando a umidade. — Desculpe. — eu sussurrei. — Você não precisa se desculpar, Emmy. Nunca. Isso é tudo culpa minha. — Não. Não é só você. — eu disse. — Isso vem crescendo há um tempo. — Você não estaria chorando se eu tivesse ficado em primeiro lugar. Eu não tinha uma resposta para isso. O que eu poderia dizer? Sim,

você

está

certo? Nós

poderíamos

ter

tido

nove

maravilhosos anos juntos? Nós poderíamos ter sido alegremente felizes e apaixonados? Você jogou tudo fora porque você foi muito covarde para falar comigo sobre seus medos? — Eu não sei se eu vou conseguir superar isso, Nick. Sua testa caiu para a minha. — O que eu posso fazer? A resposta foi simples. — Fique.

— Eu nunca vou deixar você de novo. — ele prometeu. Talvez se ele dissesse isso o suficiente, eu começaria acreditar que era verdade. — Isso significa que você vai nos dar uma chance? Eu assenti. Seus braços me apertaram com força e ele suspirou contra a minha testa. O alívio passou por mim também. Admitir para ele como eu estava me sentindo e concordar em nos dar uma chance me permitiu desistir da luta. Eu não tinha percebido quanta energia eu estava usando para manter a minha guarda. Exaustão se instalou em meu corpo. Era apenas uma noite de segunda-feira ou terça de manhã agora. Eu não tinha ideia de como ia conseguir passar o dia amanhã. — Precisamos dormir um pouco. Nós dois temos trabalho amanhã. — Nick murmurou. Eu balancei a cabeça, mas por outro lado não me movi. Toda minha energia se foi. Nick também sabia disso, porque eu não precisei invocar o poder de me mover. Ele nos levantou para fora do sofá e me levou para cima, para a cama. Quando ele me aconchegou em seus braços, de costas para o seu peito, ele respirou fundo algumas vezes contra o meu cabelo. — Boa noite, esposa. — ele sussurrou.

Meu coração inchou com o seu carinho. Eu consegui engolir o caroço na parte de trás da minha garganta. — Boa noite, Nick.

Capítulo Onze No sábado, após o arrombamento, Nick e eu estávamos andando no centro da cidade em direção a cafeteria para encontrar Silas e Maisy. Depois que perdemos o jogo de sinuca no último fim de semana, Nick e Silas insistiram para que nós acertássemos rapidamente a aposta. Silas não queria que nós voltássemos atrás e Nick queria marcar outro encontro. Não que ele precisasse me coagir mais para ter outro encontro. Eu quis dizer o que eu disse a ele. Eu estava nos dando uma chance. Então aqui estávamos nós. Namorando. Eu tinha empurrado meus papéis de divórcio em uma gaveta da cozinha e decidi tirá-los novamente se e quando fosse a hora certa. Desde o arrombamento, Nick estava colado ao meu lado. Ele esteve na minha casa para jantar toda noite. Depois, nós nos enrolávamos no sofá da sala e assistíamos a um filme. Ele tinha dito que minha coleção de faroeste não estava completa, agora que eu era um Montanesa, e ele havia se encarregado de remediar a situação. Nick não me deixou dormir sozinha, apesar dos meus protestos iniciais. Dormir ao lado de Nick a cada noite ainda era difícil. Eu

ficava acordada por horas, imaginando se ele teria ido embora quando eu acordasse. Nick tinha sentido meu desconforto porque ele não tinha pressionado. Nem uma vez. Nós dormíamos próximos, mas isso era tudo. Nem uma vez ele fez um movimento para sexo. Mas ia acontecer. Esta manhã, Nick sugeriu que fôssemos caminhar na neve. E por sugestão, ele empurrou um par de sapatos de neve em minhas mãos e ordenou que eu os colocasse. Quando eu vim para o andar de baixo vestindo legging térmica preta, os olhos de Nick, cheios de luxúria, tinham travado nas minhas pernas e bunda. Não demoraria muito e Nick faria um movimento para acabar com o nosso intervalo sexual. Eu só esperava que, quando chegasse a hora, eu estivesse pronta. Mas eu não estava me preocupando com isso agora. Em vez disso,

eu

estava

animada

para

jantar

com

Silas

e

Maisy. Principalmente, eu estava ansiosa para conhecer Maisy melhor. Sentia falta de ter amigas perto de casa e eu invejava seu relacionamento com Gigi. Talvez um dia eu poderia considerá-las boas amigas. Se eu ficasse em Prescott, claro. — Então Silas e Maisy são um casal? — Perguntei a Nick. Na festa eles pareciam próximos, mas eu não os tinha visto se tocar e não queria fazer nenhuma suposição errada. — Eles são apenas amigos. — disse Nick.

Eu não tive a chance de cutucar mais porque no segundo que nós cruzamos o limite na cafeteria e nos juntamos a Silas e Maisy em uma

cabine,

eles

vieram

logo

me

questionando

sobre

o

arrombamento. — Eles não encontraram nenhuma pista ou qualquer coisa na floresta? — Maisy perguntou. — Não. — Eu fiz uma careta. — Sam procurou durante todo o dia seguinte e não encontrou nada. Ele pensa que alguém deve ter caminhado até a casa ao longo da calçada onde a neve foi arada. Não havia pegadas em qualquer lugar, exceto na beira da garagem. — Assustador. — disse ela. — E você não tem ideia de quem poderia querer entrar em sua casa? — Nenhuma. Jess tinha parado ontem para me dizer que eles estavam em um beco sem saída. Eu estava desanimada e com medo. Me aterrorizava que o criminoso ainda estivesse à solta. — O que você acha? — Silas perguntou a Nick. — Eu não sei. Jess, Emmy e eu fizemos algumas suposições, mas não conseguimos muita coisa. Isto pode ser um assalto aleatório, alguém invadindo uma casa chique na montanha para marcar um monte de itens de caro penhor. No entanto, duvido que um ladrão comum viria à noite quando alguém provavelmente estaria em casa ou teria a habilidade de desarmar seu sistema de segurança.

— E os garotos? — Silas perguntou. — Alguns desses estudantes são bastante experientes em tecnologia. Poderia ter sido uma brincadeira? — Talvez. Eu pude ver alguns deles passando pelo painel de segurança dela. Mas para não deixar vestígios, limpar impressões, pensar nas pegadas? Parece um pouco sofisticado demais e muito perfeito para uma brincadeira. Achamos que isso foi profissional. — disse Nick. — Como um ladrão profissional? — Maisy perguntou. — Por quê? — Dinheiro. — eu disse. — Eu sou de uma família próspera e alguém pode ter invadido na esperança de obter um grande pagamento. Assustar-me para entregar um maço de dinheiro e joias extravagantes. — Oh meu Deus! — Maisy gritou. — Você não pode ficar lá então! E se alguém quiser sequestra-la pelo resgate? Você está em perigo, Emmeline! — Maze, acalme-se. — disse Nick. —Acalme-se? Como posso me acalmar? Como você não está levando isso mais a sério? — Ela perguntou. — Estamos todos levando isso a sério — disse ele.

Nós estávamos tão envolvidos em nossa conversa que nenhum de nós ouviu a aproximação de uma mulher em nossa cabine. —Nick Slater e Silas Grant. É meu dia de sorte. Eu olhei para cima para ver a mulher que se pressionou contra Nick meses atrás quando ele me levou para o Black Bull. — Vá embora, Andrea. — disse Nick. — Nojenta — disse Maisy. Silas ignorou completamente a presença dela. — Não há razão para ser rude, Nick. Eu só queria ver como vocês dois estavam. Ver se você precisa de alguma coisa? Qualquer coisa. — Suas palavras foram preenchidas com insinuações e os seios foram esticados até onde ela conseguiu. Esta mulher era uma verdadeira bruxa. — Ele não precisa de nada. — eu disse. Ela riu. — Você acha que só porque você está jantando com Nick e seus amigos que ele realmente vai se interessar por você? É um fato bem conhecido por aqui que Nick não gosta de ruivas. Espero que você não tenha tido esperanças. — Eu acho que você está enganada. Ele não acha que as ruivas sejam repulsivas. Afinal, ele se casou comigo. O sorriso presunçoso caiu de seu rosto quando seus olhos dispararam entre Nick e eu. — Você é casado?

— Sim. Sai fora, Andrea — repetiu Nick. Esta mulher não era apenas uma bruxa, ela também era uma vadia, porque ela não fez como Nick pediu. Em vez disso, ela abriu a boca e vomitou veneno puro. — Tudo bem. Eu acho que Silas é mais meu tipo. — ela disse. Curvando-se e empurrando seu falso decote no rosto de Silas, ela sussurrou: — Você pode conseguir algo melhor que Maisy Holt. Não esqueça, ela matou o último homem que ela fodeu. A cabeça de Maisy se ergueu em descrença total quando os homens dispararam para fora da cabine de punhos cerrados, forçando Andrea para trás alguns passos. — Você precisa sair. Imediatamente. — eu disse, minha voz firme e alta. Eu deslizei para fora da cabine e fiquei entre Nick e Silas, entrando diretamente no espaço de Andrea. Eu tinha lidado com o meu quinhão de piranhas antes, afinal eu era uma ex-socialite de Nova York. Então, se essa vagabunda queria ser uma vadia, ela encontrou o par certo. — Você fede a desespero. Encontre alguém que aprecie seu tipo falsificado e nos deixe em paz. O que você realmente achou que aconteceria hoje à noite? Você viria até aqui, sacudiria esses implantes e um desses dois homens bajularia você? Com a bolsa na cabine, arranquei minha carteira e tirei a primeira nota que meus dedos tocaram.

— Aqui. — eu disse, empurrando uma nota de cem dólares na cara dela. — Compre alguma noção para você. Andrea olhou para o dinheiro na minha mão com os olhos arregalados. Seu choque logo se transformou em raiva e ela me deu um sorriso malicioso. Mas eu permaneci firme. Seu grunhido era como uma calorosa carícia em comparação com aqueles que meu pai distribuiu. Ela poderia me dar aquele olhar o dia todo e eu nunca me moveria. Um aplauso lento começou no fundo. Eu olhei por cima do meu ombro para ver que Maisy tinha um enorme sorriso no rosto e tinha começado a bater palmas. Antes que minha cabeça pudesse girar de volta, toda a cafeteria explodiu em aplausos e risos. As pessoas estavam se levantando de suas cadeiras, rindo histericamente da cara agora vermelha brilhante de Andrea. Ela não ficou por muito tempo antes de juntar seus saltos imponentes de grife e sair pela porta. No segundo em que ela se foi, Nick me virou e bateu a boca na minha. O barulho no restaurante desapareceu quando todo o meu mundo se tornou sobre Nick. Seus lábios eram firmes e ásperos contra os meus. Suas mãos embalaram meu rosto, me puxando em direção a ele. Tão rapidamente quanto começou, acabou. — Isso foi foda demais, esposa.

Eu respirei fundo e sorri. — Foi, absolutamente. Tenho certeza de que ele estava falando de Andrea. Eu estava me referindo ao beijo. **** Saímos do café pouco depois de comermos, pois Maisy precisava pegar Coby na casa dos pais dela. Depois de pagar o jantar e se despedir, Nick decidiu parar no supermercado para comprar suprimentos para o café da manhã. Então, agora estávamos passeando pelos corredores da Jamison Foods às oito horas de um sábado à noite, pegando ovos e uma infinidade de legumes para sua quiche “foda pra caralho”. — É necessário que você substitua todos os itens que eu coloco no carrinho pelas exatas mesmas coisas? Parece bastante ineficiente. — eu disse quando Nick tirou a cebola que eu acabara de pegar e escolheu outra. Até agora, ele não gostou da minha escolha de tomate, abacate ou pimentões. — Sim. Quando você pega a coisa errada. — ele disse. — Essa cebola parece exatamente como a que eu acabei de pegar. — A que você escolheu era uma cebola amarela. Eu quero uma cebola doce. Elas parecem iguais, mas tem gosto diferente. — Que tal eu empurrar o carrinho? — eu sugeri. — Então você pode escolher o que você quiser.

— Funciona para mim. — disse ele. Eu tomei o seu lugar e comecei a empurrar, mas parei quando ele pressionou contra as minhas costas. Suas mãos descansaram no guidão do lado de fora quando ele me prendeu entre o carrinho e seu peito duro. — Sério? — eu perguntei. Ele sorriu. — Vamos lá. Dei-lhe uma revirada de olhos, mas comecei a andar. — Eu poderia passar sem ver sua amiga Andrea novamente. — Eu também. O que ela significava para Nick? Ele tinha dormido com ela antes? Era essa a razão pela qual ela estava tão desesperada para chamar sua atenção? Ou foi tudo apenas um jogo para brincar comigo? Ela tinha aproveitado a chance para me intimidar e me envergonhar mesmo que sua tentativa tivesse saído pela culatra. Ela era

uma

completa

estranha,

mas

eu

conhecia

o

tipo

dela. Possessiva. Ciumenta. Fútil. — Eu odeio perguntar. — eu disse. — Qual é a história entre você e ela? Nick abruptamente parou o carrinho, forçando meu estômago para o guidão. As mãos dele agarraram meus ombros e me virei no espaço apertado.

— Eu gostaria de poder dizer que não houve mulheres na minha vida nestes últimos nove anos, mas eu não posso mentir. Eu posso te dizer que não houve ninguém sério. E nunca, nenhuma vez eu fui lá com Andrea. Eu não era burra. Tinha que ter havido mulheres em sua vida, assim como houve homens na minha. Mas até agora, em nossa segunda chance, eu era capaz de fingir que ele não tinha um passado. Como não falamos sobre isso, o histórico dele não era uma realidade. Agora era e eu não gostei do jeito que meu estômago torceu com o pensamento de Nick com outra mulher. — Tudo bem. — eu disse. — Supermercado não é o lugar para essa conversa. Podemos ir? — Você que perguntou, Emmy. — Eu sei. — eu balancei a cabeça e olhei para o chão. — E eu não deveria estar chateada. Mas estou. Nick colocou o queixo na minha cabeça. — E isso não deveria me fazer sentir bem, mas faz. Eu pirei naquele dia em que te vi na rua com o seu ex. Pensando que você o levou para casa e estava o beijando. Que você poderia estar fodendo com ele. Eu bebi uma garrafa inteira de uísque naquela noite só para poder dormir. De alguma forma, sua declaração aliviou o enjoo no meu estômago. Não é que eu fiquei feliz que ele ficou chateado comigo e

Logan. Era que nós dois poderíamos admitir abertamente que éramos ciumentos. E eu estava feliz por ele não ter estado com Andrea e que ela não podia jogar um passado de encontros sexuais na minha cara. Eu levantei meus braços e os envolvi em torno de sua cintura, dando-lhe um breve aperto antes de inclinar meu queixo para trás para encontrar seus olhos. — Vamos. Vamos sair daqui. — eu disse. — Talvez você possa me fazer biscoitos quando chegar em casa. Sem uma palavra, ele nos levou para o corredor dos freezers e pegou um rolo de massa de biscoito pré-misturada. Manteiga de amendoim e chocolate. Meu favorito. **** — Temos oito minutos antes que isso fique pronto. — eu disse depois de colocar uma assadeira no forno. Eu estava orgulhosa de mim mesma por assumir o preparo dos biscoitos enquanto Nick guardava os mantimentos. Não que fazer biscoitos pré-cozidos fosse difícil, mas ainda assim, um ano atrás eu não tinha ideia do que fazer com aquele rolo de massa. Eu estava dando passos lentos na direção de um dia me tornar uma cozinheira decente. O peito duro de Nick pressionou contra minhas costas e me assustou. — Então nós temos sete minutos para fazer outra coisa.

A sensação do seu hálito quente contra a minha pele e a pressão das pontas de seus dedos no meu quadril fez meu corpo tremer instantaneamente. — Nick, o que está... — Sua boca caiu para o meu pescoço e seus lábios macios viajaram para cima e para baixo em minha pele. — Nick. — Eu suspirei quando uma de suas mãos se moveu ao redor do meu quadril para a frente do meu jeans. Meu estômago revirou quando seus dedos levemente acariciaram sob a bainha do meu suéter. Meu coração começou a bater quando os dedos dele deslizaram sob o cós do meu jeans. — Nick, não sei se... — eu não consegui terminar a frase. Minha mente estava dividida. Eu devia colocar um freio, mas ao mesmo tempo eu realmente queria ver o que Nick ia fazer. — Shh, Emmy. — ele sussurrou. — Pare de pensar. Apenas sinta isso. Um pequeno gemido escapou da minha boca. Eu estava me sentindo bem. Eu estava sentindo Nick em todos os lugares. Seu peito firme nas minhas costas. Seus lábios atrás da minha orelha. Uma mão prensando meu quadril. Os dedos da outra desabotoando minha calça jeans e abrindo o zíper.

Quando sua mão deslizou em minha calcinha de renda roxa, eu gemi e fechei meus olhos. Deitei minha cabeça contra seu ombro para que ele tivesse melhor acesso ao meu pescoço. Sua boca grudou sobre mim enquanto seus dedos se moviam ainda mais em minha calcinha. — Oh meu Deus. — eu engasguei quando seu dedo do meio encontrou meu centro. Ele circulou dando voltas e mais voltas, espalhando minha umidade. O braço de Nick prendeu minha barriga quando minhas pernas começaram a tremer e a se dobrar. Sua boca e mão nenhuma vez pararam enquanto ele me impedia de cair. Seu dedo no meu núcleo mergulhou dentro e pressionou contra as minhas paredes internas. Dentro e fora, de novo e de novo. — Nick, por favor. — eu implorei. Seu dedo parou de afundar e foi para o meu clitóris inchado. Seus golpes começaram suaves e lentos, meus quadris balançando para frente e para trás para combinar com seus movimentos. Eu comecei a ofegar quando seu dedo trabalhou mais rápido e mais forte entre as minhas pernas. Quando meu orgasmo chegou, um gemido alto veio do fundo do meu peito, enchendo a cozinha enquanto meu corpo tremia. Nick continuou trabalhando o dedo até que eu estivesse mole em seus braços.

Tomei algumas respirações irregulares e coloquei pressão de volta em meus pés. O temporizador do forno fez meus olhos se abrirem. Eu tinha acabado de deixar Nick me foder na minha cozinha. Mesmo que ele tenha explorado uma vez cada centímetro do meu corpo, eu estava envergonhada. Nós tínhamos acabado de cruzar a fronteira sexual. Como eu deveria agir? Me empurrando em seus braços, eu tentei sair do seu abraço, mas quanto mais eu lutava, mais apertado ele me abraçava. — Emmy. — disse ele. — Pare de lutar comigo. — Eu não estou. Eu só preciso tirar os biscoitos do forno antes que eles queimem. — eu menti. — Podemos fazer outra fornada. — Me deixe ir. Por favor. Ele não me deixou ir, mas seu corpo relaxou e sua testa caiu no meu cabelo. — Você ainda não está pronta. Eu soltei um longo suspiro e meus ombros caíram. — Não. Posso pegar os biscoitos? Ele me soltou e pegou uma cerveja na geladeira. Merda.

Transferindo os cookies para um suporte de refrigeração, eu coloquei a minha cabeça em ordem. Eu não quis ferir os sentimentos de Nick ou seduzi-lo, e eu não estava tentando afastá-lo ou ferir seu ego. Eu só não queria ir muito rápido. Nós ainda tínhamos muito a percorrer. Adicionar sexo a mistura era obrigar a tornar isso mais difícil do que já era. — Sinto muito. — eu disse para os cookies. A garrafa de cerveja atingiu a ilha e seus passos vieram em minha direção. — Não se desculpe. — ele disse, envolvendo os braços em volta de mim. — Esse foi o momento mais quente que tive em nove anos. Nós vamos tão rápido ou tão devagar quanto você quiser. Eu posso esperar. Mesmo que demore mais nove. Uau, isso foi bom. Quase tão bom quanto o orgasmo que ele me deu. Eu sorri e levantei minhas mãos para seus antebraços. — Obrigada. — De nada, minha doce Emmy.

Capítulo Doze — Olá. — eu disse no meu telefone enquanto me encolhia em uma cadeira na sala de estar. Meu pai tinha me chamado repetidamente durante a última semana e eu ainda não tinha atendido suas ligações. Ele ligou principalmente enquanto eu estava ensinando e não tinha sido capaz de falar. E eu tinha ignorado uma de suas ligações porque Nick e eu estávamos assistindo a outro faroeste. Provavelmente ele queria me repreender sobre terminar com Logan, então eu não estava com muita pressa em retornar suas chamadas. Mas agora era um domingo de manhã cedo e eu não tinha uma boa desculpa para me esquivar de outra chamada. Nick ainda estava dormindo na minha cama no andar de cima e era melhor atender essa ligação mais cedo do que mais tarde. — É extremamente rude não retornar um telefonema, Emmeline. — disse meu pai. — Eu concordo e peço desculpas. Esta foi uma semana agitada, mas eu entendo que não é uma desculpa válida.

— Não é. Seus modos estão diminuindo. Provavelmente por causa do seu novo ambiente. É a selvageria do povo do campo te contagiando? Normalmente eu deixaria esse insulto passar, mas eu ainda estava meio adormecida e ainda tinha que consumir qualquer cafeína, então minha resposta escapou facilmente. — Agora quem esqueceu seus modos? — Não fale comigo nesse tom! Eu estremeci e segurei o telefone longe da minha orelha. — Por favor, posso perguntar a razão para esse telefonema de manhã cedo, pai? Afinal, são apenas seis horas da manhã em Montana. Certamente você se lembra de que estou em um fuso horário diferente. — Não gosto desse tom, Emmeline. — disse ele. — Estou ligando porque encontrei com Logan no último fim de semana em um evento beneficente para o Met. Minha intuição estava correta. Ele ligou por causa de Logan. Fiquei surpresa que tivesse levado tanto tempo. Era o começo de fevereiro e nos separamos em novembro. — E? — E ele estava com uma amiga sua da faculdade. Uma Alice Leys. Isso doeu um pouco, mas eu não fiquei muito surpresa. Eu não tinha dúvidas de que quando Alice descobrisse que Logan estava

mais uma vez solteiro, ela imediatamente investiria. Eu só esperava que ela tivesse sentimentos genuínos por ele, não apenas por sua carteira. Mas eu certamente não deixaria meu pai falar sobre isso. Eu só esperava que a ligação dele fosse apenas para me repreender sobre Logan e que Steffie não tivesse escorregado e dito a ele sobre Nick. — E? — Eu perguntei novamente. — E? — Ele gritou. Eu não sei porque eu pulei. Não deveria ter me surpreendido que ele estivesse gritando. Desta vez não coloquei o telefone de volta no meu ouvido. Ele continuou gritando e pelo amor do meu tímpano, eu escutei a alguns centímetros de distância. — Como você pode ser tão tola? Você escolheu morar em uma cidade caipira para que? Ensinar os filhos burros de adultos retardados? Volte imediatamente para cá e conserte as coisas com Logan. Aquela sua suposta amiga estava pendurada em cima dele. Se você tiver sorte, você ainda pode ter a chance de recuperá-lo. Estou enviando um avião. Agora, Emmeline. — Eu não vou voltar para a cidade. — eu disse. Minha voz era firme embora minha pulsação estivesse acelerada e meus dedos tremessem. — Você vai. — ele ordenou.

— Eu não vou. A gritaria parou, o que significava que as coisas estavam prestes a ficar muito piores. Sempre que Trent Austin queria fazer um ponto com seus filhos, ele fazia isso com ataques cruéis, mas silenciosos. Enquanto ele estava gritando, tinha uma chance. — Estou surpreso com você, Emmeline. — Seu tom era normal, provavelmente o mesmo que ele usava com seus colegas de velejar ou seu Alfaiate. — Mesmo quando penso que você não pode me desapontar

ainda

mais,

você

desce

abaixo

das

minhas

expectativas. Não é surpresa que você teve que negociar favores sexuais para ser bem-sucedida. Me conta. É por isso que sua equipe sempre esteve tão à frente? Porque você estava fodendo nossos contribuintes mais ricos? Fechei os olhos e afundei ainda mais na cadeira. Ele sabia que eu nunca iria me prostituir para arrecadar doações de campanha, mas ele estava lançando a mentira, como um lembrete de que ele ainda poderia manchar minha reputação. Por que seus insultos ainda doem? Na maior parte da minha vida eu fiz tudo o que pude para agradá-lo. Eu pensei que eu deixaria tudo de lado depois de sua traição. Que desde que eu saí do meu trabalho e me mudei para Montana... que já não iria doer quando ele me dissesse que eu era uma decepção. Mas aconteceu.

Assim como doía que ele contasse mentiras cruéis e imundas sobre sua própria filha simplesmente porque não casei com o homem de sua escolha. A menina dentro de mim ainda esperava que um dia ela pudesse deixar seu pai orgulhoso. Eu precisava ter uma conversa franca com aquela garotinha e dizer a ela para ficar esperta. Nunca irá acontecer. — Você sabe que eu nunca dormi com um cliente. Isso é mentira, pai. — De acordo com você. — disse ele. — Entre naquele avião. — Não. — Pegue a porra do avião e faça a coisa certa! Desta vez, quando me encolhi, meu telefone não parou a dois centímetros do meu rosto. Em vez disso, viajou até o ouvido de Nick na mão que o arrancou da minha. O rosto de Nick se transformou em pedra e o músculo em sua testa se contraiu quando meu pai continuou seu discurso. — Cale a boca. — Nick rosnou. — Você não vai falar assim com ela novamente. Esforçando meus ouvidos, mal consegui entender a resposta do meu pai: — Vou falar com minha filha do modo que eu achar melhor.

— Você já acabou, amigo. Ligue para ela novamente e diga qualquer outra coisa além de quão bonita, inteligente ou gentil ela é e você vai falar comigo. — ele disse e desligou o telefone. Nick e eu levamos alguns momentos para nos recompor. Seu peito arfava com respirações profundas e eu assumi que ele estava tentando acalmar seu temperamento. Meu peito fez o mesmo, mas foi para não chorar lágrimas de felicidade. Isso era a sensação de ter alguém que me defendia sem questionar ou se conter? Incrível. Quando criança, minha mãe sempre foi mediadora, mas suas táticas contra meu pai sempre foram mudar de assunto. Ela o distraía de qualquer fúria que ele estivesse e eu me esgueirava para longe. Infelizmente ele costumava me encontrar de novo quando ela não estava por perto para agir como protetora. E porque exigia uma energia incansável, eu raramente me defendia. Mas não Nick. De pé na minha sala de estar, vestindo apenas calças de pijama de flanela, ele ficou furioso. Tudo o que ele ouviu foi suficiente. Sem hesitação ele tinha me defendido da única pessoa que sempre me fez sentir como se eu fosse inferior. Nick conseguiu se recompor antes que eu e se ajoelhou na frente da minha cadeira.

— Porra. Me desculpe, Emmy. Ele é um idiota. Você está bem? Meus

olhos

embaçados

olharam

para

Nick

e

eu

assenti. Estendendo a mão, meus dedos deslizaram para os pelos macios em seu rosto enquanto eu me inclinei para frente e pressionei meus lábios contra os dele. Eu queria estar o mais perto possível de Nick. Eu estava pronta. Eu suavemente beijei a boca de Nick até que ele pegou e assumiu. Eu abri e sua língua deslizou para dentro, acariciando de um lado para o outro enquanto seus lábios pressionavam cada vez mais fundo nos meus. O gosto dele invadiu minha boca e, enquanto eu respirava irregularmente, seu perfume encheu meu nariz. Cada um dos meus sentidos foi consumido por Nick. Suas mãos vieram até a minha cintura e ele me levantou da cadeira. O robe que eu estava vestindo caiu quando minhas pernas envolveram em torno de seus quadris e meus tornozelos se uniram em suas costas. Eu dei a sua barba um último afago antes de envolver os dois braços em volta do seu pescoço. Sua boca nunca se afastou da minha quando ele me levou para cima, para a minha cama. Quando nós caminhamos, Nick empurrou o tecido de algodão fino do meu pijama e deslizou as mãos embaixo deles, na minha calcinha.

Eu engasguei quando suas palmas apertaram minha bunda e ele puxou meu núcleo para a dureza sob suas calças de flanela. Sentir o quanto ele me queria enviou faíscas por toda a minha pele. Cada centímetro do meu corpo estava formigando. Meu sexo estava latejando e eu enterrei meus quadris nos dele, tentando conseguir alguma fricção para aliviar a dor. Nick nos abaixou na cama e seu peso se instalou em cima de mim, me empurrando profundamente no colchão. Eu embalei seus quadris com os meus e olhei em seus vibrantes olhos cor de avelã cheios de luxúria e fogo. Sem quebrar o contato visual, ele estendeu a mão para a mesa de cabeceira e voltou com um preservativo. Quando ele os colocou lá? Não importava. Eu só estava feliz que ele fez isso. Quando ele se afastou da cama, levantei a cabeça para poder observar seus movimentos. Seu peito era magro e firme, os músculos dos peitorais e abdômen perfeitamente definidos. Eu não podia esperar para rastrear as linhas fortes em seus quadris com a minha língua. Meus dedos estavam coçando para percorrer o caminho de pêlos escuros no peito e na parte inferior da sua barriga. Eu estava tão preparada e pronta para ele que todo o meu corpo se contraiu quando ele colocou dois polegares no cós da calça e deslizou-a para fora. A visão de seu pau duro enviou uma nova onda de formigamentos ao meu núcleo.

Com o preservativo, ele veio até mim e puxou o pijama dos meus ombros. Seguido logo pelas minhas calças e calcinha. As mãos de Nick atravessaram minhas costas quando ele me pegou, me colocando mais para cima na cama. Então com um poderoso impulso ele afundou profundamente em mim. Meus olhos se fecharam enquanto eu saboreava a queimadura e o alongamento, meu corpo se moldando para ele. — Emmy. — ele gemeu quando seus quadris empurraram com força nos meus. Por um momento, nenhum de nós se moveu. Quando abri os olhos, os dele estavam fixos em mim. Uma memória brilhou. De nós nessa posição exata, não muito depois de termos nos casado. Nove anos não haviam entorpecido essa lembrança nenhum pouco. Estendendo a mão, suas mãos encontraram as minhas e nossos dedos naturalmente se entrelaçaram. Ele trouxe nossas mãos entrelaçadas acima da minha cabeça e se abaixou para beijar a ponta do meu nariz. A dor no meu núcleo estava me dominando e eu precisava que Nick se movesse. — Nick. — implorei, pressionando meus quadris contra os dele.

Sem pausa, ele começou a fazer amor comigo. Seu pau entrou e saiu com um ritmo constante e sem pressa. O cabelo em seu peito roçava meus mamilos duros a cada golpe. Eu saboreei a sensação da nossa conexão. Estar com um homem nunca foi tão bom como com Nick. E o tempo não mudou isso. Meu orgasmo foi construído lentamente, mas com força. Longo e duro, meu corpo tremeu quando minhas paredes internas apertaram em torno de seu pau. Os gemidos que escapavam da minha boca eram altos e sem filtro. Tudo naquele momento era puro e real. Não muito tempo depois que eu comecei a gozar, os músculos de Nick se juntaram e ele deixou cair a cabeça na curva do meu pescoço, gemendo enquanto gozava. Ficamos grudados juntos por alguns momentos enquanto nós dois trabalhamos para recuperar nossa respiração e acalmar nossos corações trovejantes. — Eu senti sua falta, esposa — Nick sussurrou em meu cabelo. — Também senti sua falta. Ele saiu de cima de mim, então me deu um leve beijo na base da minha clavícula antes de ir para o banheiro para lidar com o preservativo.

Eu deixei a felicidade calorosa do momento fluir através de mim antes de voltar para os travesseiros e me cobrir com os cobertores macios. Ainda era cedo e eu não queria nada além de tirar uma soneca. Então poderíamos começar este dia novamente. Desta vez, sem o telefonema grosso do meu pai. No entanto, eu faria pressão por uma repetição desse inacreditável sexo. Seu peso bateu na cama, então ele me puxou para o peito e me envolveu com força em seus braços. Minha teoria sobre por que ele sempre queria ficar de conchinha era porque o colocava na melhor posição para cheirar meu cabelo. Ele sempre

tomava

algumas

respirações

longas

quando

se

aconchegava. Com todo inalar e expirar, seu corpo relaxou até que ele estava dormindo. Eu respirei fundo e sorri novamente. Sexo, uma soneca e Nick. Estava caminhando para ser um domingo maravilhoso. **** Depois do nosso cochilo, Nick e eu tínhamos feito amor novamente antes de descermos para começar o café da manhã.

Enquanto o sexo na primeira vez foi lento e doce, a segunda experiência envolveu muito mais preliminares e terminou com Nick me fodendo por trás. Eu estava faminta no momento em que ele puxou a torta de ovos do forno. — Isso é realmente bom. — meu traseiro estava em um banquinho da ilha e eu estava cheirando um enorme pedaço de quiche. A crosta era dourada e folhada. Os ovos eram leves e cremosos. Os legumes deram ao prato uma variedade de sabores e cores. Eu estava faminta. A única coisa que eu não amei na quiche foi que demorou quase uma hora para assar. Ele sorriu. — Melhor que cereal? — Diga o que quiser sobre meus cereais, pelo menos eles são rápidos de preparar. Durante toda a semana ele estava zombando da minha seleção de cereais. Foi somente quando fui para a faculdade que eu tinha sido apresentada ao cereal gelado. Agora eu não conseguia o suficiente. Na minha despensa havia atualmente onze caixas, todas de diferentes tipos de cereais infantis cheios de açúcar. — O que você gostaria de fazer hoje? — ele perguntou. Era quase meio-dia e a única coisa produtiva que fiz até agora foi tomar banho.

— Eu tenho que trabalhar no meu plano de aula para amanhã. Está quase pronto, só preciso de trinta minutos. Você? — Eu estava pensando que poderíamos ir para as fontes termais. Elas não devem estar muito cheias de turistas nesta época do ano, e é divertido ficar todo quente na água e pular na neve. — ele disse. — Parece bom. Mas vou deixar a parte de pular na neve para você. Rindo, ele pegou o telefone tocando. — Brick. Eu realmente esperava que Jess estivesse ligando para dizer a Nick que haviam encontrado meu invasor. Eu me sentia segura com meu sistema de alarme e Nick ficando a noite, mas seria um peso considerável fora da minha mente se o criminoso fosse pelo menos identificado. Então talvez pudéssemos descobrir porque minha casa tinha sido um alvo. — Sim. Nós estaremos aqui. — ele disse e desligou. — Jess está chegando em cerca de dez minutos. Ele quer falar conosco sobre algumas coisas. — OK. Eu vou correr e me vestir. Você acha que ainda teremos tempo para as fontes termais? — eu perguntei. Mesmo que ele tenha acabado de mencionar a ideia, eu tinha me apegado a ela. Uma hora sentada em um lago quente parecia incrível. Meus músculos estavam começando a ficar rígidos de andar

na neve ontem. E de bônus eu poderia checar o corpo incrível de Nick em calções de banho. — Se o negócio de Jess não demorar muito, ainda devemos ter tempo. Apenas coloque seu traje sob suas roupas. Não há lugar para se trocar lá. Assentindo subi as escadas, esperando que Jess tivesse boas notícias. Quinze minutos depois estávamos todos amontoados ao redor da ilha da cozinha. — Desculpe pela intromissão no seu domingo. — disse Jess. — Mas eu pensei que você gostaria de uma atualização assim que possível e não queria incomodá-la na escola. — Sem problemas. É sobre o arrombamento? — eu perguntei. — Não tenho nada novo para lhe dizer. Estamos em um beco sem saída. — Ele franziu a testa. — Estou aqui sobre Mason Carpenter. Fazia uma semana desde a festa “Sequestro-versário” e eu não tinha ouvido falar de Jess. Ele prometeu olhar a situação da casa de Mason, e se ele estava aqui, significava que ele tinha encontrado algo. Com sorte, algo para ajudar meu aluno. — Eu tive uma reunião com Garcia esta semana. Disse que estava preocupado com um dos colegas de Rowen. Ele me deu as

informações que você tem enviado para ele nestes últimos meses. — Jess disse. — Você disse a ele que eu me aproximei de você? — Eu perguntei. — Não. Mas eu lembrei a ele que um dossiê preparado de antemão não era necessário para que ele pudesse ligar para mim. Ele realmente parecia aliviado. Acho que ele estava preocupado que eu diria a ele para ir dar uma volta. — ele disse. — Obrigada. — eu não acho que meu chefe teria se importado com a nossa conversa, mas ao mesmo tempo, não queria que ele pensasse que eu não respeitava sua autoridade. — Então o que você descobriu? — Nick perguntou. — Não muito. Mas é um começo. O garoto se mudou de Bozeman para morar com sua tia, Kira Robertson. — disse Jess. — Não a conheço. — disse Nick. — Você não poderia. Ela não chega nem perto de gente honesta. Investiguei seu passado. Antes de Prescott ela foi pega em duas acusações de porte de maconha e uma por embriaguez e desordem. Aqui ela foi discreta até agora, mas eu perguntei ao redor da delegacia e ela foi vista com alguns dos velhos conhecidos de Wes. — Porra. — Nick murmurou. — Desculpe, estou um pouco perdida. Wes? — perguntei.



Wes

Drummond. Ele

administrou

o

comércio

de

metanfetamina no condado de Jamison. Morreu a pouco mais de um ano atrás. Assassinado pelas mesmas pessoas que sequestraram Maze e Georgia. — disse Jess. — Por que Mason está vivendo com ela então? — Sua tia ter problemas com substâncias ilegais deve ser motivo para remover Mason de seus cuidados. Um nó estava se formando no meu estômago enquanto pensava sobre o que poderia estar acontecendo naquela casa. — Entrei em contato com o departamento de polícia de Bozeman e mandei puxar o arquivo do garoto. A mãe de Mason foi enviada para a prisão há alguns meses atrás. É por isso que ele está com a tia. A mãe de Mason faz Kira parecer uma santa. Posso perceber porque um juiz iria mandá-lo para cá. Qualquer coisa era melhor do que onde ele estava. — Jess disse. — O que aconteceu com a mãe dele? — Nick perguntou. — Sentença mínima de cinco anos por prostituição e posse de drogas. Sua ficha é um livro. A prisão final que desequilibrou a balança foi um pouco antes de o garoto ser mandado para cá. Eles prenderam ela alta como uma merda de pipa, dando a um cara um boquete enquanto Mason estava encolhido no canto. Encontraram seu apartamento cheio de todas as drogas imagináveis. Parece que ela estava guardando para o namorado dela, que era um cafetão viciado e de pouca importância.

Eu me sinto doente. A qualquer momento o quiche no meu estômago vai voltar. Que tipo de coisas horríveis Mason viu em sua curta vida? Ele provavelmente teve sorte de estar vivo. Não é de admirar que ele tenha guardado tudo para si mesmo. — Isso continua piorando. — eu disse. — Mason passou de uma situação terrível para uma melhor. Mas ainda não é aceitável. Tem que haver um lugar melhor para ele. Minha voz falhou no final do meu discurso e meu lábio tremia. Nick passou um braço em volta dos meus ombros, me puxando para perto. — Conversei com a assistente social do condado. — continuou Jess. — Ela está fazendo visitas de rotina e diz que toda vez que ela passa por lá, confere o local. A casa deles é velha, mas ela me disse que está limpa e que Mason parece ser bem cuidado. O garoto ficou quieto, mas quando ela perguntou se ele gostava de morar lá, ele disse que sim. — Isso não pode ser verdade! — Eu gritei. — Ele está imundo na maioria dos dias quando o vejo. E ele parece miseravelmente infeliz. — Quando mostrei seus relatórios para a assistente social, ela ficou chocada. — disse Jess. — O que ela vai fazer sobre isso?

— Ela vai fazer uma checagem aleatória em algum momento na próxima semana ou em dez dias. Aparecer por lá sem avisar e ver como está a situação. — Ela pode fazer isso? — Nick perguntou. — Sim. A tia ainda está em período de teste como guardiã de Mason. Qualquer merda e o garoto será removido. Kira perde seus cheques bimestrais do estado. Não é de surpreender que quando a assistente social faz visitas, tudo está em ordem. Mas eu concordo com

Emmeline.

Algo

está

acontecendo. Nós



precisamos

provar. Espero que façamos isso antes que a tia perceba que a professora de Mason está desconfiada. — disse Jess. — E se a inspeção aleatória funcionar? O que acontece depois? — eu perguntei. — Ele vai para uma família adotiva na cidade. —E isso será melhor ou pior do que sua situação atual? Jess sorriu e lutou contra uma risada enquanto o peito de Nick começou a tremer nas minhas costas. Claramente eu havia dito algo engraçado. Eu simplesmente não fazia ideia do que era. — O que? — Emmy, isso não é Nova York. Noventa e nove por cento das famílias que vivem em Prescott são pessoas boas e honestas.

— OK. Então o orfanato seria uma melhoria. — Sim. — ele respondeu. — O que eu posso fazer? — perguntei a Jess. — O mesmo que você tem feito. Envie suas preocupações para Garcia. Ele as encaminhará para mim. Aguente firme até que a assistente social faça a sua verificação. Vou deixar vocês dois voltarem ao seu fim de semana. — Jess acenou com a mão quando se virou para a porta da frente. — Obrigado, Brick. — disse Nick. — Jess? — eu chamei antes dele sair. — Obrigada por enviar um casaco azul para a escola por Rowen, Mason ficou radiante por poder brincar no recreio sem ser provocado. — Vou repassar o recado para a Geórgia. — disse ele e saiu. — Você acha que Mason vai ficar bem? — eu perguntei a Nick. — Com você como sua professora, é a melhor chance que ele tem.

Capítulo Treze — Fred, agradeço sua preocupação, mas não decidi o que fazer com meu divórcio. Tenha certeza de que quando eu fizer, vou informá-lo. Meu advogado me ligou esta tarde, perguntando por que ele não tinha recebido meus papeis de divórcio assinados. Dado que durante a nossa última conversa eu estava frustrada com o atraso de sua parte, então um atraso da minha foi inesperado. — Devo avisá-la, Emmeline, quanto mais você esperar, o mais provável é que será necessário uma reformulação do divórcio ou um novo acordo de compensação. Eu odiaria ver você incorrer nesse custo desnecessário. — disse ele. — Entendido. Se tudo der certo, ficarei feliz em pagar a você e sua equipe a taxa para ter os papéis refeitos. — Seu pai não ficará satisfeito em ver a repetição de encargos honorários contra sua funcionária. — Fred, eu te disse no último outono que esses encargos não devem ser colocados sobre a responsabilidade do meu pai. Eu vou te pagar pessoalmente. Isso não é da conta do meu pai. — Sim, claro. — ele recuou. Ou ele tinha esquecido minha instrução ou ele tinha ignorado. Eu estava realmente esperando pelo

primeiro, mas suspeitei do último, já que ele e meu pai muitas vezes jogavam golfe juntos. — Vou notificá-lo quando tiver tomado minha decisão. Adeus. — eu disse e desliguei. Já fazia um mês desde o telefonema irado de papai e eu não tinha ouvido falar dele desde então. Embora Steffie tivesse ligado. Aparentemente ela cedeu e disse a ele que o homem que havia gritado com ele naquela manhã não era outro senão meu marido. Mas se Fred lhe dissesse que eu estava atrasando o divórcio, meu pai ficaria muito mais intruso, e até os encantos de Steffie não o impediriam de tramar algo desagradável. Merda. Eu precisava decidir o que fazer. Não apenas para responder as inevitáveis perguntas do meu pai, mas por minha causa. E de Nick. Eu gostava de estar com o Nick. Nosso relacionamento era normal. Satisfazia os desejos que eu tive toda a minha vida por algo genuíno e real. Mas não parecia que estávamos casados. Parecia exatamente como era: dois adultos que estavam namorando. Nós estávamos vendo como o outro se encaixava em nossa vida cotidiana sem promessas a longo prazo. Algum dia eu queria o que meus avós tiveram em seu casamento. Amor. Honra. Comprometimento. Confiança. Amizade.

Nick e eu tínhamos isso? Em pequenos pedaços, mas não como um todo. Parte de mim se perguntou se poderíamos avançar se não fizéssemos algo drástico. Realmente começar de novo. Nós dois estávamos contentes com o andamento das coisas. Mas o que viria a seguir? Se já éramos casados, o que poderíamos esperar? Talvez um dia viver sob o mesmo teto? Eu queria mais. Eu queria Vegas de volta. Toda aquela paixão e emoção de saber que eu era a mulher mais sortuda do mundo. Ser totalmente consumida pelo amor. E nessas últimas semanas comecei a pensar que o divórcio poderia ser nossa melhor opção. Eu

não

queria

desistir

de

Nick. Eu



queria

continuar namorando com ele. Então eu podia ansiar pelo dia em que poderíamos nos casar novamente. E a segunda vez, seria sem segredos ou dúvidas. Nick ficaria furioso quando eu mencionasse o tema do divórcio. Isso perturbaria a normalidade que havíamos encontrado, e por isso mantive os papéis escondidos. E eles ficariam escondidos até eu conseguir coragem para falar com o meu marido sobre uma mudança de título. Riscar o marido. Escrever namorado.

Eu deixei o telefonema de lado e terminei minhas tarefas na escola. Então dirigi para a casa de Nick para nossa nova rotina noturna. — Estou aqui. — chamei, já na casa dele. — Cozinha, Emmy. Eu tirei meu casaco e sapatos na porta da frente e atravessei a sala principal. Isso estava se tornando minha parte favorita do dia. Andar descalça pela sua aconchegante casa. Saboreando o calor do fogo em chamas na lareira. Cheirando qualquer refeição que ele estava cozinhando para o jantar. Dois minutos na cabana e eu estava completamente relaxada. É assim que todas as casas devem se parecer. Eu teria trocado minha enorme mansão de infância para voltar para casa em qualquer dia da semana para um lugar como este. Quando cheguei à cozinha, Nick estava em pé no meio da sala com suas mãos plantadas em seus quadris e uma carranca no rosto. — O que? — Eu não te vi hoje de manhã. — disse ele. — Sim. Você viu. Caso não se lembre, nós fizemos sexo antes de eu entrar no chuveiro. Como você pode não lembrar? — tocando meu dedo indicador no meu queixo, perguntei ao teto: — Estou perdendo o jeito?

Ele sorriu. — Você saiu quando eu estava no chuveiro. Eu não vi o que você estava vestindo. — E? — eu perguntei. Em dois longos passos ele atravessou a sala e colocou o corpo dele no meu. A dureza em seu jeans era como pedra contra o meu quadril. — E se eu tivesse visto esse vestido, eu teria fodido você de novo enquanto ele estivesse amontoado acima da sua bunda. — ele disse antes de pegar o lóbulo da minha orelha entre os dentes. Um arrepio percorreu minha nuca, minha espinha e meu sexo. Conversa suja. Outra parte favorita de vir à casa de Nick à noite. Suas preliminares verbais continuariam a noite toda até que ou eu não aguentasse mais e o arrastasse lá para cima ou o atacasse no sofá. — Você tem a minha permissão para tentar isso mais tarde. Com um gemido ele enterrou sua ereção no meu quadril antes de beijar levemente minha bochecha e voltar para o fogão. Meu vestido era cinza claro, feito sob medida com mangas compridas. Era uma peça que eu raramente usava. Esta noite acabara de se tornar uma necessidade. — O que você está fazendo? — perguntei, me erguendo no balcão. — Eu fiz um assado de panela hoje.

— Parece delicioso. O que posso fazer? — Perguntei. Ele colocou um par de pratos e se virou para mim. — Nada. Você quer um pouco de vinho? — Meu nome é Emmeline Austin. Depois da minha primeira visita a sua casa, eu tinha certeza que ele tinha vinho estocado para que eu não fosse forçada a beber uísque novamente. Eu posso não saber como agir em torno de uma cozinha, mas com um saca-rolhas era uma história diferente. As duas últimas semanas foram gastas principalmente na cabana de Nick quando eu não estava no trabalho. Ele tinha perguntado se poderíamos ficar em sua casa em vez da minha para que ele pudesse monitorar as chamadas do Corpo de bombeiros. Aparentemente, o sistema dele estava ligado à casa, e o mover teria sido um grande aborrecimento. Realmente, acho que ele sentiu falta de sua cozinha, onde os armários estavam cheios de utensílios e não de canecas de café. Meu lugar ainda estava marcado pelo arrombamento, então eu estava mais do que feliz em sair de lá. Eu fui para casa todos os dias para pegar itens de vestuário, mas depois vinha ao Nick para jantar e dormir. — Como foi seu dia? — perguntei. — Bom. Sossegado. Você?

— Maravilhoso. Eu amo minhas crianças. Eles se divertiram muito fazendo esse projeto de arte da lua cheia que eu te falei. Hoje minha aula foi sobre a lua. Durante o mês de março eu estava planejando apresentá-los a todo o sistema solar. Nós estávamos lentamente montando uma grande maquete à medida que aprendíamos sobre o sol, a lua e os planetas. — Sabia que eles iriam. Crianças e pintura a dedo, não há como errar. — disse Nick. — Verdade. Eu os deixei enlouquecidos também. Havia tinta em todos os lugares. Algumas das crianças tinham até em seus cabelos. E obviamente eu não poderia mandá-los para casa assim. Então os sujos tiveram uma visita aos vestiários da escola. — Certo. E, por algumas crianças, você quer dizer apenas Mason Carpenter? — perguntou ele. — Aquele pobre garoto estava apenas coberto de tinta. — eu menti. Mason estava impecável, ao contrário de seus colegas de classe. — Eu só tive que limpar o cabelo dele. Infelizmente, enquanto eu estava lavando, eu acidentalmente derramei água em toda a sua roupa. Um desastre. Ainda bem que eu tinha algumas extras bem acessíveis. No último mês eu estava manipulando meus planos de aula para que eu pudesse lavar Mason pelo menos uma vez por semana e lhe

vestir

algumas

roupas

limpas. Projetos

de

arte

bagunçados. Derramamentos durante a hora do lanche. O que quer que fosse necessário para que, enquanto as outras crianças estivessem no recreio, eu pudesse tirar um pouco do cheiro dele. — Emmy, tenha cuidado. Não pise nos calos da assistente social. — disse Nick. — Eu não sei porque isso deveria importar. Ela não está obtendo nenhum resultado. Duas inspeções aleatórias e ela não encontrou nada. Eu não estou paranoica com isso, Nick. Alguma coisa está acontecendo naquela casa. Se ela não pode fazer nada sobre isso, eu vou. — Não fique na defensiva. — disse ele, vindo até mim no balcão. — Eu não estou dizendo que você está fazendo errado. Eu só quero que você seja cuidadosa. Se outros pais perceberem tratamento especial com Mason... pode te causar problemas. Meus ombros caíram. — Eu sei que você está certo. Mas eu odeio isso. Eu odeio me sentir impotente. É como se eu fosse a única que ele tem. Ele estendeu a mão e esfregou meus braços. — Jess cuidará disso. Confie nele. Se a assistente social não tiver alguns resultados em breve, ele vai começar a ir lá sozinho. Se a tia não começar a levar sua tutela a sério, ele fará sua vida miserável. Essa merda do caralho não acontece em sua cidade.

— Tudo bem. — eu disse. — Algo para saber sobre mim. Paciência não é meu forte. Ele riu. — Descobri isso já. Eu pensei que você fosse arrancar minha cabeça na outra noite quando minhas costeletas de porco precisaram de mais tempo no forno. Eu revirei os olhos. Com um leve beijo na ponta do nariz, ele voltou a cozinhar. Uma hora depois minha barriga estava cheia do melhor assado de carne que eu já comi. Era tenro e suculento. Quando Nick descreveu os poucos passos necessários para preparar a refeição, decidi que talvez cozinhar de leve pudesse se tornar meu forte. Enquanto nossos estômagos se acomodavam, nos enrolamos no sofá para assistir TV. O faroeste desta noite era outro clássico de John Wayne. — O Homem que Matou o Facínora. Nós estávamos apenas na metade do filme, mas eu esperava que fosse realmente bom. Eu era uma grande fã de James Stewart e o nome de seu personagem, Ransom, era um dos principais candidatos a qualquer futuro filho que eu possa ter. Ransom Slater. Outro

pensamento

espontâneo

sobre

Nick. Eles

me

procuravam regularmente por meses. Desde a minha separação com

Logan. Eu precisava de terapia. — Oh pelo amor... — murmurei para mim mesma. — O que foi? — Nick perguntou. Muito. Louca. — Nada. — eu disse. Nick se inclinou para frente e pegou o controle remoto, parando o filme. — Eu preciso falar com você sobre uma coisa, Emmeline. Meu corpo ficou instantaneamente em alerta. Ele usou meu nome completo. Nick nunca usava meu nome completo. Eu dei a ele um olhar de lado. — OK? — Você se sente confortável aqui? — Ele perguntou. — Aqui? — Eu perguntei, apontando para o chão. — Na sua casa? Ou você quer dizer em Prescott? — Ambos. — Sim para ambos. Por quê? — Você sabe por que eu te deixei em Vegas. — disse ele. — O teu dinheiro. Meu estilo de vida e família. A combinação colocou você em uma posição perigosa. Sentei-me reta no sofá, meu estômago revirando. Onde ele estava indo com isso? A pausa que ele fez antes de continuar fez meu coração bater forte. O fogo crepitante ecoou na sala silenciosa.

— Seu dinheiro ainda me preocupa. Não pelas mesmas razões, mas... — ele mudou de posição no sofá. — Eu não dou a mínima para dinheiro, mas não posso... Seus dedos estavam inquietos e seu pé estava saltando no chão. Nick sempre foi calmo e sereno. Seu nervosismo era inquietante. Meus olhos procuraram em seu rosto por algum tipo de pista sobre o que ele estava lutando para dizer. — O que? Ele soltou um suspiro alto e soltou: — Eu preciso saber se você vai eventualmente me deixar porque eu não tenho dinheiro. Levantando do sofá, ele juntou as mãos através de seu cabelo. — Pelo menos não o tipo de dinheiro que você está acostumada. O que acontece quando você decidir que a vida de Montana em uma cabana de madeira não é suficiente? Que você preferiria estar de volta à cidade? Você vai embora quando seu pai a deserdar porque você ficou aqui comigo? Ele é um maldito idiota, Emmy. Ele vai tirar tudo de você só porque você não voou para Nova York e implorou ao seu ex para te aceitar de volta. Havia muito em seu discurso incoerente para absorver, então me sentei imóvel, formulando minha resposta enquanto ele andava em frente à lareira. — Você pode voltar para o sofá? — eu perguntei.

— Não. — Nick. Venha cá. — eu pedi. — Apenas me diga. Sim ou não. — Sim ou não para o quê? Ele parou de andar e abriu os braços. — Sim ou não, você vai embora porque eu não tenho dinheiro pra caralho? — De onde vem tudo isso? — Eu perguntei, chocada com o quão chateado ele estava. Não faz muito tempo nós estávamos rindo durante o jantar e conversando sobre nosso dia. — O sucesso desse homem foi baseado em uma mentira, Emmy. — disse ele, apontando para a TV, então fez uma pausa em uma imagem pausada de James Stewart. Eu não tinha ideia do que ele estava falando. Eu mentalmente registrei o número de cervejas que Nick bebeu durante o jantar. Ele não deveria estar bêbado depois de duas. Certo? Talvez minha maluquice de merda estava passando para ele. — Comece de novo, por favor. — eu disse. — James Stewart mentiu? Quando? — Ele não atirou em Liberty Valance. John Wayne fez. Mas ele levou todo o crédito. — Alerta de spoiler. — eu murmurei. Me movendo. — Diga-me como você saiu desse filme. — Eu disse, apontando para a tela. —

Para mim indo embora de Montana. E enquanto você faz isso, você provavelmente deve me explicar melhor porque você acha que eu sou uma criança mimada que só se importa com dinheiro. E porque você acha que eu largaria minha vida aqui e voltaria correndo para a cidade se eu tivesse um zero saldo na minha conta bancária. Até este ponto eu estava confusa com o seu surto. Mas quando as palavras voaram passando por meus lábios, a forma como eu tinha segurado meu temperamento se desfez. Ele honestamente me achava tão superficial assim? Não deixei claro o quanto eu desprezava meu ganancioso pai? Que eu não era nada parecida com ele? E como ele poderia não entender como eu amava morar fora da cidade? Eu falava sobre isso constantemente. — Não foi isso que eu quis dizer. — disse ele. — Eu não acho que você é uma criança mimada. Eu me levantei do sofá. — Então explique. Agora. — No filme, James Stewart viveu sua vida arrependido. Eu não quero isso para você. Ou para mim. Eu pensei que seria claro quando você veio para cá. Que eu poderia parar de me arrepender pela escolha que fiz de te deixar em Vegas. Mas eu estive pensando sobre isso por um tempo. E se você acordar um dia e perceber que a vida que você tinha era melhor? Eu não posso te dar isso, Emmy. Meu temperamento arrefeceu quando Nick caiu em uma cadeira e sua cabeça caiu em suas mãos. — Eu disse que não te

deixaria e que não te deixaria ir. Mas eu vou. Se é isso que você precisa para ser feliz. Eu vou deixar você ir. Eu andei em volta da mesa de café e fiquei acima de Nick. Correndo meus dedos através de seu cabelo, eu disse: — Você está pirando. — Eu sei. — ele suspirou e olhou para mim. — Eu só não quero perder você de novo. — Então pare de ser um idiota. Quando ele abriu a boca para responder, pressionei meus dedos nos lábios dele. — Minha vez. — eu disse e empurrei seus ombros para trás para que eu pudesse montar suas coxas. Meus dedos brincaram com o cabelo na base do pescoço e comecei a acabar com suas preocupações. — Vamos começar com você pensando que vou querer voltar para a cidade. Por favor acredite em mim quando digo que não vou. Nunca. Prescott pode não ser o último lugar para mim, mas eu não vou voltar para Nova York novamente. E se você esteve me ouvindo

durante

os

últimos

meses,

você

saberá

que

é

verdade. Entendido? — Sim. — Em seguida, meu pai. Desde que me formei em Yale, ele não teve nada a ver com minhas finanças pessoais. Sua única influência foi sobre meu salário enquanto eu trabalhava para a sua empresa. Ele

poderia me oferecer bilhões e eu nunca aceitaria. Eu não quero o dinheiro dele e eu nunca vou querer. Ele assentiu. — Por último, dinheiro. Se tudo que eu tivesse fosse o meu salário de professora para viver, eu seria feliz. Eu não preciso de riquezas e coisas extravagantes. Sim, eu os tive toda a minha vida. Mas eu não preciso disso. — Você nunca ficou desprovida, Emmy. Como você sabe? — Eu nunca fiquei. — eu disse. — Mas eu sei até o fundo da minha alma que é verdade. Você só tem que confiar em mim quando digo que o dinheiro não é importante para mim. Sim, isso facilita a vida. Não, isso não garante que a vida seja boa. Eu vi pessoas ricas miseráveis e famílias pobres felizes. Eu sei o que é importante. — quando ele não falou nada, perguntei: — Você acredita em mim? Ele assentiu. — Crise resolvida? Ele assentiu novamente. — Eu não vou deixar você porque você não tem dinheiro. Eu vou te deixar se você estragar o final de todos os filmes que assistimos. Sua risada silenciosa trouxe um sorriso ao meu rosto.

— Estou pegando mais vinho. Então eu vou te contar a história do dinheiro para você saber. Enquanto eu servia meu copo, eu ri comigo mesma com o quão paranoica eu tinha sido há apenas alguns meses pensando que Nick poderia estar interessado em minhas riquezas. Andrews tinha certeza de que Nick iria contestar nosso divórcio sem a promessa de uma grande recompensa. Absolutamente um pensamento imbecil. Nick não se importava com dinheiro. Em absoluto. Ele só precisava saber que eu também não. — Meus contracheques são importantes, mas não porque financiam meu estilo de vida. — eu disse a Nick quando nos sentamos novamente no sofá. — É porque cada centavo desses cheques é parte das minhas conquistas pessoais. Fico orgulhosa de que esse dinheiro veio dos meus esforços. Minhas ideias. Não é dinheiro entregue para mim porque eu nasci na família certa. — A família do meu pai tinha uma boa situação, nada extravagante, mas ele foi capaz de usar o dinheiro de seus pais como base para se tornar o homem rico que ele é hoje. A família da minha mãe por outro lado, era extremamente rica. Eles eram extravagantes. — Como assim? — Nick perguntou.

— Meu avô era um investidor profissional. Ele despejou dinheiro em uma pequena empresa start-up e os ajudou a se tornar uma corporação de bilhões de dólares. Quando ele morreu, ele tinha uma quantidade considerável de ações na maioria dos gigantes da tecnologia de hoje. — Seu dinheiro é dele? — Sim. Meus pais me apoiaram quando criança, obviamente. E eu precisava do meu pai para pagar a faculdade. Mas depois disso, recebi uma enorme quantia do meu avô. Minha herança dependia de obter meu diploma. — eu disse. — Não foi para sua mãe? Eu balancei a cabeça. — Apenas uma porção. Minha avó faleceu antes do meu avô. Eu acho que se ele tivesse morrido antes dela, sua totalidade teria ido para a mamãe. Mas não funcionou desse jeito. Dizer que meu avô e meu pai se odiavam seria um eufemismo. Vovô não queria que meu pai ficasse com o dinheiro dele, então minha mãe ficou com suas economias disponíveis e suas propriedades. Mas a maior parte de sua fortuna foi dividida entre meu irmão e eu. — Eu não sabia que você tinha um irmão. — Ethan. — eu disse. — Eu não falei muito com ele no ano passado. Ele vive de seu fundo fiduciário na cidade. Sua atual esposa, número quatro, é uma verdadeira bruxa, então eu os evitei quando

eu morava em Nova York. Ele me enviou um e-mail algumas vezes desde que me mudei para cá, mas nós não falamos muito. — Hmm. — Nick murmurou e se sentou em silêncio pensativo. — Eu posso ver porque você quer ensinar. Era o seu sonho. Mas por que você não usou o dinheiro do seu avô depois de Yale? Você poderia ter evitado trabalhar para o seu pai. Por que você trabalhou na empresa dele se você não precisava do dinheiro? — ele perguntou. Dei de ombros. — Hábito. Esperança, talvez. Nenhum desses dois bons motivos, mas eu fiz muito para tentar ganhar a aprovação do meu pai. Foi difícil sair desse ciclo. — Eu entendo. — disse ele. Depois da faculdade, eu pensei que, trabalhando na Austin Capital, poderíamos finalmente quebrar as barreiras entre nós. Que poderíamos nos aproximar através de sua amada companhia. Levei algum tempo para descobrir que não importava o quanto eu me destacasse ou quantas doações eu trouxesse, ele nunca ficaria orgulhoso. Quando ele sacrificou minha reputação por ele, eu sabia que era hora de desistir. Então eu usei meu fundo pela primeira vez para pagar pela NYU. — Você quer saber de quanto dinheiro estamos falando? — Eu perguntei. Era um grande número e eu não discuti isso com

ninguém. Mas se ele quisesse saber a quantia, eu contaria a ele. E se ficássemos juntos, ele eventualmente teria que saber. — Na verdade não. — Tudo bem. — fiquei aliviada que poderíamos atrasar essa conversa para um dia diferente. — E agora? — Agora você me deixa pedir desculpas. — disse ele. — Eu poderia ter lidado melhor com isso. Era quase reconfortante a maneira como ele exagerou, com medo de que eu o deixasse. Nós dois tivemos o mesmo medo. —Você pode fazer seu pedido de desculpas oficial na cama. Seu embaraço foi substituído por um sorriso sexy. Ele se moveu em um flash, levantando do sofá e me puxando por cima do ombro. Meu rosto estava de cabeça para baixo e com uma visão próxima da sua incrível parte de trás. Com as duas mãos eu dei um aperto firme em sua bunda. — Você vai pagar por isso. — ele disse. Usando a mão que não estava trancada em meus joelhos, ele deslizou para cima, sob a barra de meu vestido. Sua palma deslizou para baixo da minha calcinha e amassou uma bochecha antes de deslizar para fazer o mesmo do outro lado. Então ele mergulhou o polegar para baixo e brincou com meu clitóris. — Nick. — eu engasguei e me contorci.

Ele circulou seu polegar novamente antes de me jogar em sua cama. Um movimento rápido e meu vestido estava subindo pela minha cintura e minha calcinha estava em algum lugar no chão. A boca de Nick estava trancada em mim e um dedo estava acariciando dentro. Minhas pernas estavam tremendo e eu estava quase lá quando ele levantou a cabeça um centímetro e murmurou: — Sinto muito, Emmy. Ele não esperou pela minha resposta antes de voltar para mim, me fazendo gozar duro e demorado com a boca e depois novamente com o pau. Quando nós dois estávamos desgastados e aconchegados para dormir, eu sussurrei para seu alívio. — Você está completamente perdoado. Sorrindo, adormeci com o som de sua risada soando em meus ouvidos.

Capítulo Catorze — Vamos, Emmy! — Nick gritou da entrada. — Três minutos! — eu gritei de volta. Merda. Eu precisava de trinta e três minutos. Eu estava atrasada para a festa de aniversário de Rowen Cleary porque eu fiquei tão envolvida embrulhando o presente dela que perdi a noção do tempo e entrei no chuveiro uma hora atrasada. — Merda, merda, merda. — murmurei para mim mesma, passando a minha maquiagem. Pelo lado positivo, pelo menos eu estava vestida. Escolher uma roupa costumava ser o meu processo mais demorado. — Desculpe. — eu disse a Nick depois de subir em sua caminhonete, trinta minutos depois. Agarrando minha mão, ele enlaçou seus dedos com os meus e os levou aos seus lábios. Eu adorava o raspar suave da barba dele contra a minha pele. — Tudo bem. Nós não temos que estar lá até as três. — O que? Você me disse duas e meia! Ele apenas continuou sorrindo. — Você está notoriamente atrasada, esposa. E vai demorar um pouco para chegar lá.

— A viagem dura cinco minutos. Nós temos que ir à cidade para alguma coisa? — eu perguntei. Nós já compramos a cerveja e o vinho. O presente de Rowen estava lá atrás. O que mais nós precisamos? — Vamos precisar de mais tempo para chegar. Você vai ver. — ele disse. Nick não estava errado. Nós estacionamos e tivemos que descer todo o caminho de cascalho para chegar à casa. Carros foram alinhados ao longo de ambos os lados por todo o caminho de volta para a estrada de asfalto do condado. Aparentemente, toda a cidade de Prescott foi convidada para a festa de aniversário de uma criança de seis anos de idade. — Uau! — eu disse quando chegamos à casa. A garagem estava aberta e cheia de gente, e pelas janelas da casa da fazenda, vi que a casa estava cheia também. — Gigi tem uma tendência a exagerar. — disse Nick. — Jess me disse ontem que ela esteve decorando durante toda a semana. Ele está muito feliz por ela voltar a trabalhar em breve. Então as festas voltarão ao seu nível normal de exagero. Não essa porra de loucura. Eu não classificaria a festa como louca, mas certamente era alegre. A festa era tema de princesa com uma abundância de decorações

rosas

e

roxas

espalhadas

por

toda

a

casa

e

garagem. Balões. Serpentina. Banners. Gigi até encontrou alguns

recortes de papelão de princesa em tamanho real para montar nas mesas de presentes e cupcake. Os convidados também estavam decorados. Todas as mulheres usavam coroas ou tiaras e os homens recebiam capas de cerveja rosa. Rowen estava em uma fantasia de princesa completa com saltos de plástico e luvas de cetim. Vagando pela casa e garagem, Nick e eu caminhamos através da

multidão

enquanto

ele

me

apresentava

aos

muitos

convidados. Felizmente, anos de jantares e festas me prepararam para esse momento. Eu podia finalmente colocar em prática minhas habilidades de memorizar nomes em Prescott. Ao contrário da festa de aniversário de sequestro de um mês atrás, Nick ficou do meu lado a tarde toda e durante a noite também. Se estivéssemos andando por aí, ele seguraria minha mão. Se nós estivéssemos em pé, o braço dele estaria em volta dos meus ombros para que eu pudesse envolver meu braço em torno da sua cintura e enfiar a mão no bolso de trás da sua calça jeans. Jess e Gigi nos cumprimentaram brevemente, mas com o caos da festa, nós ficamos na cozinha com Silas, Maisy e Beau. A aniversariante

percorreu

a

casa,

sorrindo

brilhantemente

e

conduzindo ao redor o filhote de cachorro que Jess tinha comprado para ela.

— Como você faz isso? Ensina uma sala inteira cheia de crianças como ela o dia todo, todos os dias? — Beau perguntou. — Eu bebo muito à noite. — eu ri. — Ela tem um dom. Algumas das coisas que ela pensa em fazer com essas crianças é brilhante pra caralho. — disse Nick. — Essas crianças têm sorte de tê-la. Gostaria de ter tido uma professora assim. Orgulho cresceu em meu peito e um largo sorriso se espalhou pelo meu rosto. — Obrigada, Nick. — eu sussurrei. Ele me puxou para mais perto do seu lado e se inclinou para beijar minha cabeça. — Você sabe, eu costumava entrar e dar aulas de segurança contra incêndios florestais. Eu não fiz isso ainda este ano. Nós poderíamos planejar uma visita para suas crianças. — Beau ofereceu. — Isso seria incrível! — Eu aposto que você poderia convencer Nick a se juntar a mim também. Traga a velha técnica simples de segurança contra incêndios ensinada a crianças 'Pare, deite e role'. Faça uma aula maior disso. Segurança contra incêndios em casa e ao ar livre. — disse Beau. Nick assentiu. — Boa ideia. Só queria ter pensado nisso primeiro. Ela vai ficar toda irritada mais tarde que eu não fiz. — Se você vir ensinar na minha aula, prometo ficar louca apenas por um dia ou dois. — eu disse.

— Combinado. — O sorriso no meu rosto era gigante. Eu não podia esperar para ver o olhar nos rostos dos alunos depois de passar uma tarde com Nick e Beau. — Então, quando vocês dois vão ter filhos? — perguntou um homem. Eu não reconheci a voz, então procurei na sala, tentando determinar

quem

tinha

acabado

de

fazer

uma

pergunta

extremamente pessoal a um estranho. Meus olhos pousaram em um homem mais velho de pé do outro lado da cozinha. Ele estava olhando para Nick e para mim, esperando por uma resposta. — Oh, Seth. Não se meta. — Maisy disse a ele. Eu fiquei instantaneamente grata por sua interrupção. Isso me deu tempo para pensar em uma maneira de educadamente me esquivar de sua pergunta. Os moradores de Prescott se metiam nos assuntos uns dos outros. Bisbilhotar vinha do território, e às vezes pareciam mais intrusos do que os paparazzi de Nova York e colunistas de fofocas. Nick e eu ainda tínhamos muito a superar. Estávamos longe, muito longe, de adicionar crianças a mistura. — Ignore-o, Emmeline. — Maisy disse calmamente. — Ele não faz por mal, mas ele é um dos velhos intrometidos da cidade. Eles vivem para fofocas e dramas.

— Eu não sei porque você está perguntando, Balan. Você e todos os seus amigos aposentados... enfim, basta inventar uma história quando vocês se encontrarem na cafeteria na próxima semana para tomar café. — disse Nick. — Vocês, crianças jovens. — Seth riu. — Tão sensíveis hoje em dia. Tudo bem, tudo bem. Eu entendi a dica. Vou dizer a todos que você tem disfunção erétil e o Viagra não está funcionando. As pessoas na cozinha começaram a rir e até mesmo Nick não conseguiu ficar de cara séria. Horas depois e meu sorriso não vacilou. Quando adolescente, eu adorava frequentar encontros com meus pais. Mas as coisas eram diferentes agora. Aquelas festas extravagantes e jantares pretensiosos empalideceram em comparação a um encontro casual com pessoas boas e amizades sinceras. — Você tem sorte de ter amigos tão bons. — eu disse a Nick enquanto nos dirigíamos para sua casa. — Eles são seus amigos também, Emmy. Eu não concordei, mas não ia discutir. Talvez algum dia eu os considerasse meus amigos. Não era que eu não os quisesse como amigos, mas agora, eles pertenciam a Nick. Embora, eu estivesse animada para passar algum tempo com Maisy e Gigi na próxima semana. Maisy tinha me convidado para me juntar a elas em sua noite mensal de garotas no Prescott

Spa. Faríamos

pedicure

e

beberíamos

vinho

enquanto

elas

desfrutariam de algumas horas de conversa de adultos sem seus filhos interrompendo. Eu não podia esperar. — Você quer filhos? — Nick perguntou. Não

foi

inesperado,

mas

sua

pergunta

ainda

me

surpreendeu. Durante a festa, eu tinha sido grata quando ele se esquivou da pergunta de Seth Balan. Mas era uma daquelas que uma vez perguntado, era difícil ignorar. — Sim. — eu disse. — Você? — Sim. Quantos? — Ao menos dois. Minha mãe era filha única e sempre reclamou sobre como solitária sua infância foi. — Vamos ter três. — disse ele. O que? Vamos ter três? Não era uma discussão hipotética? Não percebi que estávamos falando sobre quantas filhos nós teríamos juntos. Essa discussão de divórcio não poderia mais ser adiada. Nós estávamos em páginas diferentes para onde nosso relacionamento estava indo. Talvez não o objetivo final, mas certamente a velocidade em que estávamos chegando lá. Tomei algumas respirações profundas e trabalhei com a coragem de iniciar essa discussão. Isso ia causar uma briga horrível.

— Nick, eu queria conversar... — Que porra ele está fazendo aqui? Eu segui seu olhar pela calçada até ver um enorme caminhão preto na frente de sua casa. O veículo era enorme. Janelas escuras. Cromado. Suspensão alta. Eu teria que ser içada para o banco do passageiro de tão alto que era. — Quem é aquele? — Fique aqui. — disse ele, estacionando o caminhão e pulando para fora. A porta se fechou atrás dele quando ele caminhou até o homem de pé em seus degraus. Ele estava vestido completamente de preto. Uma corrente pendurada no bolso da calça jeans na frente até a parte de trás. Em cima de sua camiseta ele usava um colete de couro preto coberto com patches bordados. Tinha que ser alguém da gangue de motoqueiros de seu pai. Dado o que Nick me contou sobre eles, fiquei instantaneamente nervosa. Eu assumi que sua associação com o clube era limitada a membros da família, mas talvez eu estivesse enganada e esta visita significava problemas. Enquanto conversavam, o visitante desceu os degraus para ficar em pé de igualdade com Nick.

Ele tinha aproximadamente a mesma altura e o mesmo cabelo castanho. Esse poderia ser o irmão mais novo dele? Estava muito escuro para eu comparar suas fisionomias. Depois de mais de um minuto conversando, Nick relaxou e envolveu os braços no homem em um rápido abraço e tapa nas costas. Enquanto Nick veio até mim, o homem pegou uma mochila que eu não tinha notado e atravessou a porta da frente. — Parece que temos companhia para a noite? — eu perguntei quando ele abriu a porta do passageiro. — Sim. Desculpe. — Não se desculpe. É sua casa. Eu deveria ir para casa? — eu perguntei. — Absolutamente não. — disse ele e me ajudou a descer. Quando entramos, o homem já tinha se servido de uma cerveja na geladeira e estava esperando por nós na sala. — Dash, conheça Emmeline Austin. — disse Nick. — Emmy, esse é meu irmão Kingston Slater. Irmão. Certo. — Olá. Prazer em conhecê-lo, Kingston. — eu disse, estendendo minha mão. — Dash. Todo mundo me chama de Dash. Exceto Nick quando quer ser um idiota. Prazer em conhecê-la também, Emmeline.

As semelhanças entre Nick e Dash eram muitas. Mesmo que ele não fosse apresentado como irmão de Nick, eu teria feito a suposição. Eles tinham o mesmo formato de corpo e cabelo, embora Dash tivesse inúmeras tatuagens em seus antebraços e seu rosto estava coberto com barba por fazer, diferente da barba cerrada de Nick. — Qual é a da coroa de princesa? — Dash perguntou. — Oh. — Corei e puxei a tiara do meu cabelo. — Nós estávamos em uma festa de aniversário com tema de princesa. — Uma festa de princesa? Você sabe como se divertir, Nick. — Foda-se. — disse Nick. — Você sabe que poderia encontrar outro lugar para ficar esta noite, idiota. Há um hotel aqui. — De jeito nenhum. Eu e Emmy temos muito o que conversar. — disse Dash, afundando no sofá. — Emmeline. — Nick e eu corrigimos. — Vou pegar uma cerveja. Você quer alguma coisa? — Nick me perguntou. — Vinho, por favor. — O que te trouxe a Prescott, Dash? Nick disse que você mora em Clifton Forge, certo? — perguntei, sentando na cadeira em frente a ele.

— Sim. Vim porque pensei que Nick poderia querer me ajudar com um carro. E eu não tenho visto o filho da puta em meses. Ele nem voltou para o Natal este ano. Eu fiz uma careta, me sentindo culpada por ter mantido Nick longe de seus planos tradicionais de férias. Que ele ficou em Prescott por mim, embora eu estivesse na Itália. Eu odiava que ele tivesse perdido tempo com sua família porque eu tinha fugido. — Que carro? — Nick perguntou da cozinha. — Tenho um Plymouth Road Runner 1970 que estou restaurando para um cara em Washington. Eu nunca trabalhei em um antes, mas lembrei que você fez no passado. Pensei que você pudesse me ajudar a acertar a cronometragem — disse Dash. — Eu posso fazer isso. Onde você deixou? — Reboquei comigo. O reboque está na sua garagem. — Dash é um mecânico de merda. — Nick sorriu quando me entregou a minha taça de vinho. — Comparado a você, todo mundo é um mecânico de merda. — Dash zombou. — Não dê ouvidos a ele Emmeline. Eu sou foda demais. Eu mudaria seu óleo a qualquer momento. — ele piscou. — Você está dando em cima da minha esposa? A cerveja espirrou da boca de Dash por todo seu corpo e no sofá. Nick murmurou: — Porra. — E correu para pegar um pano na cozinha.

— Você é casado! — Dash gritou depois de já estar com o pano em mãos. — Sim. — disse Nick. Dash levantou do sofá e jogou o pano no rosto do irmão. — Que porra é essa Nick? Como você não pôde nos contar? Pelo menos para mim? Eu teria ido ao casamento. — Relaxe, Dash. — disse Nick e se sentou no sofá. Dash resmungou uma maldição em voz baixa e sentou também, tomando alguns longos goles de sua cerveja. — Nosso casamento foi há nove anos. — disse Nick. — Em Las Vegas. Você estava no ensino médio. Não fique com raiva. Eu não contei a ninguém, ok? — E nos últimos nove anos você não pensou em mencionar que tinha uma esposa? Talvez levá-la para casa para conhecer sua família? — Nós estávamos afastados. — eu disse. — Eu morava em Nova York, onde cresci. Eu apenas mudei para Montana no outono passado, e agora que estou em Prescott, nos reconectamos. — Uh-huh. — Dash murmurou. Nick me deu um olhar confuso, mas eu apenas dei de ombros e sorri, silenciosamente pedindo para deixar isso para lá. Ele teria admitido que me deixou em Las Vegas, mas eu não queria que ele precisasse explicar toda a nossa provação ao seu irmão. Ele ficaria

livre de acusações pelo menos uma vez. Algumas dessas antigas feridas estavam começando a cicatrizar e eu não queria que elas se abrissem ao ouvir nossa história novamente. — Posso perguntar? Por que todo mundo te chama de 'Dash'? Os dois homens se entreolharam e sorriram. — Minha mãe começou a me chamar de Dash quando eu era criança. Nick construiu um kart para mim e pode ter desabilitado os freios. — Era tudo o que podíamos fazer para fazê-lo colocar a merda do capacete. — Nick riu. Dash encolheu os ombros. — Eu sempre fui um viciado em adrenalina e velocidade. — Me conte mais sobre esse carro. — disse Nick. Durante a hora seguinte os irmãos conversaram sobre carros enquanto eu me sentei em silêncio, ouvindo e saboreando meu vinho. Eu descobri que o clube de motocicletas tinha uma oficina de sucesso em Clifton Forge, onde Dash trabalhava como mecânico e o pai de Nick era o gerente. Eu percebi que durante toda a conversa eles sempre conseguiram evitar discutir negócios do clube. Dash mencionou seu pai brevemente, mas Nick não reconheceu ou perguntou mais sobre o seu bem-estar. Mas foi a paixão de Nick por carros e mecânica que me surpreendeu. Eu raramente o vi tão animado. Quando ele falou sobre

os projetos de Dash e deu conselhos a seu irmão, havia um fogo em seus olhos. Eu imaginei que eu tinha a mesma luz quando falava sobre ensinar. — Emmy. — Nick sussurrou, colocando a mão no meu ombro e me assustando. — O que? Oh. Desculpa. — Não se desculpe. Vamos para a cama. — ele disse, me pegando. — Eu posso andar. — Eu disse a ele, mas fechei os olhos e descansei minha cabeça em seu ombro. Eu amava como Nick muitas vezes me carregava. Isso me fazia sentir como se eu fosse preciosa. — Noite, Emmeline. — Dash falou. — Boa noite, Dash. — eu disse. — Vamos fazer com que Nick faça sua quiche pela manhã. — Ela é uma mulher inteligente, irmão. Não tenho certeza por que ela se casou com você. — Dash disse a Nick quando nós fomos para o andar de cima. — Eu também. — disse ele. — Mas porra, eu sou um homem de sorte porque ela fez. — acrescentou baixinho, então só eu pude ouvir. **** — Bom dia. — disse Dash, se juntando a nós na cozinha. — Bom Dia.

— Café? — Nick segurou uma caneca para seu irmão. — Eu esqueci o quão confortável é a cama em seu quarto de hóspedes. — disse Dash. — Posso ter que estender minha viagem por alguns dias. — Fique o tempo que você quiser. — disse Nick. Depois de um delicioso café da manhã com quiche e batatas fritas, eu segui os homens para a oficina. Em todo o meu tempo na casa de Nick, eu não tinha estado na construção. Era muito parecido com o seu quartel de bombeiros, a oficina estava intocada. Armários com ferramentas vermelhas e prateleiras de metal pretas rodeavam as paredes e havia um elevador de carro hidráulico no meio do chão de cimento. Tomando meu café, observei os homens trabalharem do meu lugar em uma bancada de ferramentas. Dash era um aluno hábil e Nick estava em seu elemento. — Eu acho que você conseguiu. — Dash disse, dando um tapinha nas costas de Nick algumas horas depois. — Sim. — ele respondeu, limpando a graxa de suas mãos com um pano vermelho. — Você quer dar uma volta com ele e ver? — Foda-se, sim! O motor rugiu para a vida quando Dash passou com o Plymouth amarelo através da porta alta da garagem. Quando ele caiu na estrada, o barulho aumentou enquanto ele saía em disparada.

— O que é 'Slater's Station'? — Eu perguntei a Nick, apontando para a enorme placa que estava pendurada na parede em frente a mim. — Nada. Apenas um sonho antigo. — Me conta. — Você sabe quando eu estava trabalhando naquela garagem no Colorado? — ele perguntou. — Sim. — eu balancei a cabeça. — Antes disso trabalhei para o meu pai na garagem do clube onde

Dash

trabalha

agora. Eu

aprendi

cedo

e

tudo

veio

naturalmente. Então, quando eu comecei no Colorado, o proprietário não tinha muito a ensinar que eu já não sabia ou não aprendi com minhas aulas de certificação, assim, em vez de me ensinar sobre carros, ele me ensinou a administrar um negócio. Encorajou-me a começar minha própria loja. Quando eu disse a ele que estava desistindo para ir para casa, ele me deu essa placa. — É uma peça impressionante. — a enorme placa de aço inoxidável foi moldada como uma chave inglesa e pendurada no teto por duas correntes grossas. As letras foram fundidas no metal em uma barra sólida. — Sim. Ele era um cara legal. Faleceu há alguns anos de câncer. — disse Nick.

— Eu sinto muito. Por que você não começou sua própria oficina? — Dinheiro, principalmente. Segurança. Quando cheguei aqui, eu esperava que Dash viesse morar comigo e deixasse o clube. Eu queria ter a estabilidade de um salário. Começar uma oficina pode ser arriscado, especialmente em uma cidade pequena onde já existe uma boa loja. Eu compreendia seu ponto de vista. A população de Prescott não era nada senão leal. E se houvesse uma oficina na cidade onde as pessoas confiavam no proprietário, eles relutariam em mover seus negócios para alguém novo. Mas Nick não era mais um estranho na cidade. Ele era amado nesta comunidade. Os moradores de Prescott o apoiariam se ele começasse sua própria oficina. — Você ama isto, Nick. Eu nunca te vi tão animado com o seu trabalho. Por que você não tenta agora? — Eu gosto do Corpo de Bombeiros. É bom fazer parte de algo que protege a comunidade. Toda a minha infância foi passada com caras que evitavam a lei e qualquer tipo de autoridade. É bom abraçála em vez de combatê-la. Além disso, sou bem remunerado e o estresse é razoavelmente baixo na maior parte do tempo. — Mas não é sua paixão.

— Não, não é. Eu gosto do desafio de trabalhar em um carro. É como montar um quebra-cabeça. Fazendo todas as peças se encaixarem. — Então faça. Ele encolheu os ombros. — Talvez algum dia. Sua excitação me disse que ele tinha desistido desse sonho há séculos. Mas eu não ia parar de encorajá-lo. Eu abandonei uma carreira por outra para poder perseguir meus sonhos, e nem uma vez eu me arrependi da minha decisão. Pode levar algum tempo, mas eu continuaria empurrando até que ele tivesse o emprego dos seus sonhos também. Dash voltou e aproveitamos o resto da tarde e a noite juntos. Aproveitei o tempo para conhecer Dash e ver Nick interagir com um membro da família. Ele era carinhoso e afetuoso e era óbvio que ele gostaria de ver Dash mais vezes. — Obrigado, irmão. — disse Dash, apertando a mão de Nick quando estava saindo. — A qualquer momento. Foi bom te ver — Fico feliz em ter te conhecido, Emmy. Faça este idiota te levar até Clifton Forge um dia desses. — Dash me disse. — Claro. — As chances de Nick me levar para sua cidade natal eram escassas na melhor das hipóteses.

— Papai sempre reclama de ter muito trabalho por encomenda para acompanhar. Aposto que ele enviaria alguns carros aqui se você quiser um projeto para mexer. — Dash disse a Nick. Eu estava pressionada contra o lado de Nick com meus braços ao redor de sua cintura. Com a menção de seu pai, a tensão irradiou através de seu corpo. — Não, obrigado. — disse Nick. — Isso foi o que eu pensei. Talvez um dia vocês dois possam superar essa maldita merda, então eu posso te ver mais de uma vez por ano. — Você sabe como me sinto sobre todos os negócios do seu clube. Minha postura não mudou. — Eu acho que você não sabe nada sobre o meu clube. — Verdade. Vamos continuar assim. — disse Nick. — Dirija com cuidado. Dash balançou a cabeça e caminhou até a caminhonete. Enquanto ela rugia pelo caminho, fiquei pensando que era uma pena terminar essa visita de forma tão amarga. Nós tivemos um domingo tão bom juntos, trabalhando em seu carro, grelhando bifes para o jantar, rindo e compartilhando histórias. Agora o dia estava maculado. — Você está bem? — eu perguntei enquanto observávamos seu irmão ir.

— Não. Eu não deveria ter estourado. Ele sempre banca o intermediário entre papai e eu. Gostaria que ele percebesse que eu não posso estar perto do velho e apenas desistisse. — Eu acho que ele só sente sua falta. — Sim. — ele suspirou. — Sinto a falta dele também. — Ele parece legal. Eu acho que quando você me disse que sua família estava em uma gangue de motoqueiros, eu imaginei uma versão muito mais assustadora de seu irmão. Alguém sombrio e ameaçador. Ele zombou. — Isso é o que é assustador, Emmy. Tudo em suas vidas parece normal até o minuto em que eles estão batendo uma chave de cano ao corpo de um homem ou segurando uma arma na sua cabeça. Eu estremeci com a imagem mental e Nick sabia que ele tinha me assustado. — Desculpe. — Está tudo bem. — eu disse. — Vamos lá, esposa. Vamos assistir a um filme. É hora de você ser apresentada ao Butch Cassidye o Sundance Kid. Eu já tinha ouvido falar desse filme antes. Paul Newman e Robert Redford? Ele não teria quaisquer objeções de mim.

Capítulo Quinze No segundo em que meu celular parou de tocar no andar de baixo, o rádio de Nick disparou. — Milo, aqui é a central. Recebi outro telefonema da empresa de segurança de Emmeline Austin. O alarme dela foi acionado e ela não atendeu quando ligaram. — Roger. Eu vou para lá agora. Me dê o endereço. — Porra. — Nick amaldiçoou e saiu da cama. — Oh meu Deus. — eu ofeguei. — Você acha que foi outra invasão? — Eu não sei, Emmy. Mas precisamos ir até lá. — Certo. Devemos chamar a central para que eles saibam que eu não estou em casa? — O telefone de Nick já estava em seu ouvido. Seguindo-o até o armário, eu coloquei algumas roupas e mentalmente me preparei para o que quer que fosse encontrar em casa. — Por que isso está acontecendo? — eu perguntei a Nick enquanto ele corria para minha casa. O relógio no painel marcava 3:16 da manhã. — Eu não sei, mas vai ficar tudo bem. — disse ele, levantando a minha mão aos seus lábios.

— Eu espero que você esteja certo. Milo já estava na minha casa. As luzes de sua viatura estavam piscando e ele estava em pé na entrada observando nossa aproximação. — Porra. Espero que ele não tenha vindo aqui com aquelas luzes acesas e tenha fodido qualquer chance de pegar esse cara. — Nick cortou. — Tenho certeza que ele sabe o que está fazendo. Ele grunhiu. — Eu gostaria que estivéssemos aqui esta noite. Eu adoraria pegar esse cara no ato. Eu sentia exatamente o contrário, mas fiquei quieta. Desejar estar kaqui era estúpido. Um criminoso perigoso e potencialmente armado esteve aqui há pouco tempo. Eu me sentia sortuda por não estarmos aqui. Duas tentativas de invasão em apenas um mês de intervalo não poderiam ser aleatórias. Alguém estava alvejando minha casa. Talvez eles estivessem me alvejando. Quem sabe o que poderia ter acontecido se nós estivéssemos aqui? — O que você encontrou? — Nick perguntou a Milo enquanto nos reuníamos perto da viatura. — Nada. A porta da frente estava escancarada quando eu subi. Quem invadiu já tinha ido há muito tempo quando cheguei. — disse Milo.

— Você verificou a área? — Nick perguntou. — Sim. Pegadas na neve levam para a lateral da casa e depois para o sul, para as árvores. Eu não as acompanhei muito longe. Jess está a caminho. Ele pode não querer caminhar até lá à noite. Suponho que ele espere até o amanhecer. — disse Milo. — Porra. — Nick sussurrou. — Eu vou com vocês quando vocês averiguarem. — Claro, Nick. — Você revistou a casa? Milo assentiu. — A primeira coisa que fiz. O lugar está limpo. — Emmy, vá em frente e desarme essa coisa. Eu usei meu telefone para silenciar o alarme estridente. — Vamos. Vamos entrar antes que você fique com muito frio. — Nick disse, pegando minha mão e me puxando pelos degraus da frente. Nada foi como no primeiro arrombamento. Quem entrou não foi cuidadoso e tranquilo. A maçaneta da porta da frente estava quebrada e solta. Minha mesa de entrada estava derrubada. Tinha rastros de neve na entrada e nas escadas. — Caralho. — Nick murmurou. — Essas pegadas são suas, Milo, ou elas estavam aqui?

— Elas não são minhas. — Milo pegou o telefone. — Antes de vocês irem longe demais, me deixe tirar algumas fotos. — Estou com medo. — disse a Nick enquanto Milo trabalhava. — Estou com você. — ele prometeu, me segurando perto. Uma hora depois eu estava de volta a uma posição muito familiar: encolhida ao lado de Nick em um sofá enquanto Jess me esclarecia sobre o arrombamento. — Sinto muito, Emmeline. Gostaria que pudéssemos ter pego esse cara da primeira vez. Odeio que estamos aqui de novo. — disse Jess. — Não é sua culpa. — eu disse. — Pelo menos desta vez temos algumas pistas. — disse ele. — As pegadas que Milo encontrou mostrou ele indo embora através das árvores. Ou ele não deixou nenhuma pista vindo para casa ou nós apenas ainda não as encontramos. Nós saberemos mais pela manhã. Assim que amanhecer eu vou caminhar atrás da casa. — Eu vou com você. — disse Nick. — Ok. — Jess assentiu. — Você acha que é o mesmo cara da primeira invasão? — perguntei. — Provavelmente. O alarme não o assustou, o que me diz que ele sabia que iria ativar quando a porta abrisse. E ele não perdeu

tempo. As pistas mostram ele subindo as escadas dois degraus de cada vez. Indo e voltando. Como se ele soubesse exatamente onde estava indo. — Meu quarto é no andar de cima. Você acha que ele estava vindo por mim? Nick deve ter pensado a mesma coisa porque o agarre que ele tinha na minha mão ficou dolorosamente apertado. — Eu não sei. — disse Jess. — Pode ser onde ele suspeitou que joias ou objetos de valor estariam. Poderia ser sobre você. De qualquer maneira, não fique aqui sozinha até nós sabermos o que está acontecendo. — Não se preocupe. Ela está na minha casa há semanas. É onde ela vai morar em um futuro próximo. — disse Nick. — Você acha que poderia ser um perseguidor? Estou em perigo? — perguntei a Jess. — Não posso ter certeza. — disse ele. — Você notou alguma coisa estranha ultimamente? Alguém te dá arrepios? — Não. — eu disse. — Tudo tem sido normal. — Bom. Eu duvido que alguém esteja perseguindo você. Se ele estivesse, saberia que você não estava aqui esta noite. Meu palpite é que seu intruso viu que seu veículo não estava e pensou que poderia fazer dinheiro rápido. Dito isto, seja diligente. Preste atenção nas pessoas ao seu redor.

— Ok. — Você não vai mais vir aqui sozinha, Emmy. — disse Nick. — Se você precisar de roupas ou alguma coisa, você espera que eu venho com você. Eu assenti. — Eu tenho que ir para casa. Então depois voltarei. Vocês ficarão aqui ou voltarão para o Nick? — Minha casa. — disse Nick. — Chegue às sete. — Jess disse a ele. — Estarei aqui. Nick e eu voltamos para sua casa, mas dormir não valia a pena. Nós dois sugamos uma xícara após outra de café antes que ele insistisse em me levar para o trabalho. Foi a pior segunda-feira da história. Eu estava exausta. Manter o foco foi uma luta. Todo lugar que eu ia, eu olhava por cima do ombro. Se Jess não encontrasse a pessoa ou as pessoas que invadiram minha casa, eu ia alcançar um nível histórico de loucura. No minuto em que os alunos deixaram o prédio, mandei uma mensagem para Nick vir me buscar. Mesmo que Jess tivesse dito que eu não estava em perigo, a ideia de ficar sozinha na minha sala de aula me assustava.

Com uma pizza no caminhão, nós paramos na minha casa para pegar roupas para algumas semanas. No minuto em que chegarmos à casa de Nick, eu vestiria minhas calças de yoga, comeríamos metade da nossa pizza especial e iríamos para a cama. — Eu não posso acreditar que você não encontrou nada. — eu disse, jogando uma pilha de suéteres na minha mala de viagem. — Eu também. — disse ele. No caminho ele me disse que ele, Jess e Milo tinham seguido as pistas através das árvores, mas quando as marcas circularam de volta para a estrada, eles perderam a trilha. Meus ombros afundaram. — E agora? — Jess está puxando as imagens da câmera do semáforo da Main Street. Era uma hora incomum. Se o cara tivesse voltado pela cidade, poderíamos identificar uma placa. Eu joguei uma calça na cama. — Isso é tão frustrante! — Eu sei. — disse Nick, me puxando em seus braços. — Mas nós vamos pegá-los. Amanhã vamos colocar algumas câmeras de segurança ao redor da casa. Se a filmagem do semáforo não nos levar a qualquer lugar, espero que o cara seja estúpido o bastante para voltar. — E se forem pessoas diferentes? Nós nem sequer temos uma pista! — eu chorei em seu peito. — Não vamos mais nos preocupar com isso hoje à noite, ok? — ele disse. — Nós dois estamos exaustos. Vamos para casa, jantar e

dormir um pouco. Amanhã nos encontraremos com Jess depois do trabalho e começaremos a debater os próximos passos. Eu respirei fundo. Ele estava certo. Nada ia ser resolvido hoje à noite e eu estava cansada demais para pensar direito. — Você pôs na mala o vestido cinza? — Ele sussurrou no meu cabelo. Eu inclinei minha cabeça para trás e olhei em seus olhos cor de avelã. Hoje as manchas marrons estavam mais pronunciadas que o verde sálvia. — E um verde extravagante para que você possa me levar para jantar no The Black Bull? Acho que você vai gostar disso. Eu não posso usar calcinha ou sutiã com ele. —Mudança

de

esposa. Casa. Sexo. Pizza. Dormir. Amanhã

planos, depois

de

nos

encontrarmos com Jess, nós vamos ao Black Bull. Um arrepio percorreu minha espinha enquanto eu caminhava de volta para o armário. Eu não estava mais tão cansada. Sexo com Nick não decepcionava. Ele sempre cuidava de mim, geralmente mais de uma vez. Ele adorava me fazer gozar com a boca. Se eu caísse sobre ele, ele fazia questão de me recompensar completamente pelos meus esforços. E meu homem tinha resistência. Ele poderia durar muito, daí a sua capacidade de distribuir múltiplos orgasmos todas as noites.

Com um sorriso no rosto, terminei de arrumar as malas e mandei Nick para o caminhão com minhas bagagens enquanto lia algumas mensagens na minha cozinha. — Emmy, você está esperando companhia? — Nick disse. — Não. Por quê? — Dois Escalades negros estão vindo nessa direção. — O que? — Eu engasguei, correndo para a porta da frente. Minha mãe e Alesso saíram do primeiro SUV. Seu assistente e chef pessoal surgiram a partir do segundo. — Hoje não. — eu murmurei, fechando os olhos. — Você os conhece? — Nick perguntou. — Essa é minha mãe e sua comitiva. — ficamos juntos na porta e observamos a tripulação subir apressadamente os meus degraus de pedra. — Emmeline, querida! Surpresa! — Minha mãe disse e jogou seus braços ao meu redor. — Oi, mãe. — eu disse, a abraçando de volta. Mesmo que a visita dela tenha sido um choque, era bom tê-la aqui depois de um dia tão péssimo. — O que você está fazendo aqui? — Estávamos entediados e senti sua falta. Quando falamos ao telefone na semana passada, você soou tão relaxada. Eu pensei que nós poderíamos visitar e te perturbar um pouco. Este é meu genro?

— ela perguntou, me abandonando e se aglomerando direto no espaço de Nick para um abraço e um beijo duplo nas bochechas. — Nick Slater. — disse ele. — Prazer em conhecê-lo, Nick Slater. Eu sou Collette Austin. — ela disse. — Este é meu noivo, Alesso Nespola. — Noivo? — perguntei chocada. Minha mãe concordar em se casar com Alesso depois de quinze anos juntos era novidade. Notícia de coluna social. — Oh sim. Nós finalmente decidimos nos casar. Outro motivo para a nossa visita. Nós precisamos comemorar! — Parabéns, mamãe! — dei outro abraço nela, depois me virei para Alesso. — Estou muito feliz por você! — eu disse enquanto nos abraçávamos. Alesso era mais jovem que minha mãe alguns anos. Seu cabelo preto estava generosamente raiado de cinza, e a pele verde-oliva em seu rosto bonito estava vincada com linhas de riso. Ele se manteve em boa forma, mas não era corpulento. Ele era o cabelo grisalho da mamãe. — Eu também. — disse ele, me apertando com força. — Desculpe nós invadirmos, Bella. — Vocês são sempre bem-vindos. Estou feliz em ver vocês dois.

Nick e Alesso trocaram saudações e eu o apresentei aos assistentes da mamãe. Frannie e o chef Samuel. O casal estava com minha mãe há anos, muito antes de se mudar para a Itália. Frannie e Samuel eram casados e sem filhos e era a coisa mais próxima que eu tinha de uma tia e um tio. Quando mamãe decidiu se mudar com Alesso, não fiquei surpresa quando eles a seguiram através do Atlântico. — Você vai para algum lugar? — Mamãe perguntou quando ela viu minhas malas. Eu fiz uma careta. O pensamento de recontar as histórias dos arrombamentos, ambas, era assustador. Eu omiti a primeira dos nossos telefonemas quinzenais e sabia que ela não ficaria satisfeita que eu tivesse omitido isso dela. — Vamos para a sala. — eu disse. — Nós tivemos um pequeno problema. Depois de uma breve recapitulação dos meus problemas, numerosos suspiros e mil perguntas, saímos da minha casa e todos fomos para a de Nick. — Eu amo este lugar, querida. É tão confortável. — disse mamãe, vagando pela sala principal. Nick, Alesso, Frannie e Samuel estavam todos na cozinha, rindo e conversando, enquanto os quatro supervisionavam a pizza assando.

— Eu também acho. — eu disse. — Tem certeza de que não quer ficar com a gente? — Não. Não. Não. — ela disse. — Nós não vamos ficar com você. Frannie nos encontrou esse maravilhoso chalé rústico para a semana e Samuel não vai parar de falar sobre experiências com bisão e a truta de Montana. Está tudo decidido. — OK. Se eu puder tentarei encontrar uma substituta até o final da semana. — Não, você não vai! — ela zombou. — Você vai trabalhar e moldar as mentes do futuro. Não se preocupe conosco. Frannie planejou atividades para nos manter ocupados durante toda a semana enquanto você ensina. Você e Nick podem planejar se juntar a nós para o jantar à noite e, em seguida, neste fim de semana todos faremos algo juntos. — Obrigada. Isso soa maravilhoso. — eu disse, grata por minha mãe ser tão solidária com a minha carreira docente. — Que linda foto. — ela disse, levantando a foto que Nick tinha feito minha em Las Vegas. Em algum momento entre a minha primeira visita e meu retorno da Itália, Nick tinha encontrado um porta retrato, e a foto agora estava na frente, no centro de sua estante. — Isso não é recente. — disse a mãe. — Não. Não é.

Ela me deu um sorriso maroto e continuou bisbilhotando. — Estou preocupada, Emmeline. Eu não gosto do som desses problemas que você está tendo. Devo ligar para o seu pai? Apesar de todas as suas falhas ele sempre se certificava de estarmos seguros. Lembra daquele terrível guarda-costas que você teve no seu último ano? Qual era o nome dele? — Dale. E não, eu não quero o pai no meio disso. Eu decidi quando me mudei para cá que eu não ia mais ter ninguém me seguindo por aí. Eu quero viver uma vida normal. Além disso, preciso de algum tempo antes de poder falar com o pai novamente. Quando ele descobriu que Logan e eu havíamos terminado, ele disse algumas coisas que foram desnecessárias. — Desculpe querida. Eu gostaria de poder dizer que fiquei surpresa. — ela franziu a testa. — Você falou com ele ultimamente? Eu balancei a cabeça. — Não, mas conversei com Steffie há alguns dias. Seus olhos se voltaram para os meus. — Ouvi dizer que Alesso e eu não somos os únicos comprometidos. — Eu não tinha certeza se você tinha ouvido falar. — Seu irmão me ligou esta manhã para contar as novidades. — Desculpe mamãe. Eu deveria ter contado.

Ela estendeu a mão e acariciou a minha. — Não se desculpe. Seu pai e eu acabamos há muitos e muitos anos. Fico feliz que ele tenha encontrado alguém, mesmo que ela seja um pouco azeda. — É da minha futura madrasta que você está falando. — eu brinquei. — Ugh. Isso não é algo que eu pensei que diria sobre a minha colega de faculdade. Nós duas rimos. — Vamos discutir uma união muito mais normal. — eu disse. — Estou feliz por você e Alesso. — Obrigada, querida. Eu também estou. — Ela sorriu. — Está na hora. Anos de batalha e eu finalmente consegui me divorciar de seu pai, e Alesso nunca esmoreceu apesar de tudo. Ele sempre ficou ao meu lado e eu o amo muito. — Ele é um bom homem. — Um dos melhores. — ela me abraçou e eu descansei minha cabeça em seu ombro. — Estou feliz que você esteja aqui, mãe. — sorri quando ela não me deixou ir. Seu abraço apertado e as risadas vindas da cozinha de Nick fizeram milagres para acalmar minha mente perturbada. Horas depois nos despedimos na varanda. Eu senti o calor de Nick nas minhas costas um segundo antes que seus dedos deslizassem sob a bainha do meu suéter e começassem a desenhar círculos no meu quadril.

— Lá em cima, Emmy. — quatro palavras e eu estava com calor. Sem demora, nós dois corremos para dentro, para o seu quarto. Minhas roupas começaram a voar através do ar enquanto eu corria para me despir primeiro para poder assistir Nick. Eu adorava o jeito que ele tirava sua camiseta, a agarrando pela nuca e a arrancando fora de seu corpo. Aquele movimento fluido flexionava todos os músculos de seus braços e estômago. Quando ele soltou o cinto, a calça jeans caiu no lugar certo, agarrada perfeitamente ao seu quadril esculpido. Me provocando com o que estava por baixo. Mas a melhor parte foi a maneira como ele enganchou os polegares no cós de suas boxers e lentamente as puxou para baixo. Foi uma tortura magnífica. Prendi a respiração quando ele empurrou o elástico preto para baixo, revelando a espessura de seu pau centímetro por centímetro. Quando

ele

finalmente

saltou

livre,

eu

estava

praticamente babando. — De costas, Emmy. Abra bem as pernas. Meu corpo todo estava doendo para ser tocado. O algodão frio nas minhas costas não fez nada para diminuir o fogo no meu sangue. Eu precisava de Nick. Ele se tornou tão vital para o meu corpo quanto a água.

Quando o preservativo estava no lugar, Nick se ajoelhou na cama. A mão dele estava em volta de seu pênis e ele se acariciava lentamente. Vendo-o se tocar quase me empurrou para a beira de um orgasmo. Ele me teria contorcendo embaixo dele em segundos. Enquanto uma mão acariciava, a outra veio para mim, levemente tocando minha pele com seus dedos. Eles arrastaram meu torso e umbigo. Por duas vezes eles circularam meus seios cuidadosamente evitando meus mamilos. Eu estava me contorcendo e desesperada por mais. Quando seus dedos finalmente rolaram sobre um mamilo, eu respirei fundo e deixei escapar com um gemido suplicante. —Paciência. — Nick sussurrou. Seus dedos novamente começaram a viajar, desta vez trabalhando minhas costelas, fazendo cócegas do meu lado. Eu fechei os olhos, saboreando o rastro de formigamento que eles deixavam quando se arrastavam pelo meu quadril. Com a quantidade certa de pressão, o polegar de Nick assumiu e começou a circular meu clitóris. Calor entrou em erupção pelo meu corpo enquanto ele persuadia o primeiro orgasmo para fora de mim. Um grito rasgou através dos meus lábios e o som encheu o quarto. — Porra, Emmy. Isso é tão gostoso. — Nick disse. — Eu amo quando você grita.

Minha cabeça foi pressionada de volta para a cama e meus olhos estavam apertados enquanto cada centímetro do meu corpo vibrava. Apenas quando me senti começar a acalmar, Nick agarrou atrás dos meus joelhos, pressionando meus quadris nos dele enquanto empurrava seu pênis para dentro. Um segundo orgasmo explodiu longo e duro quando Nick bateu em mim com um ritmo constante. Mais e mais seus quadris se moviam como pistões até que ele se plantou fundo e nos reposicionou. Uma de cada vez, ele moveu minhas pernas para cima, sobre os ombros, o novo ângulo permitindo que ele afundasse ainda mais dentro do meu corpo. — Oh Deus, Nick. — eu engasguei quando ele moeu seus quadris contra a minha bunda. Ele começou suas investidas novamente. Não demorou muito para gozarmos. Meu orgasmo não foi tão forte ou demorado quanto os outros dois tinham sido, mas ainda me deixou mole. Abaixando suavemente uma perna e depois a outra, Nick manteve nossa conexão e trouxe seu peito no meu. O suor dos nossos corpos se misturou enquanto nós dois ofegamos para acalmar nossos corações acelerados. Nick riu. — Foda-se! Muito melhor o fim do dia do que o começo. Eu ri. — Você não está errado.

Rir com Nick depois de sexo quente? Absolutamente melhor. Ele me acomodou do meu lado e cuidou do preservativo antes de se juntar a mim na cama. — Eu gostei da sua mãe. — Nick disse no meu cabelo. Seu corpo nu estava embalando o meu. — Eu a imaginava de forma diferente. Não tão pé no chão. — Ela nem sempre foi assim. Na cidade, ela desempenhou seu papel como a herdeira rica. Mas Alesso a ama. — Ele é um cara legal. Ele a chama de la mia vita, o que isso significa? — Ele perguntou. — É italiano e quer dizer 'a minha vida'. — E Bella é 'linda'? Eu assenti. — Alesso começou a me chamar de bella quando eu era adolescente. Embora tenha sido estranho, ser apresentada ao namorado da minha mãe enquanto ela era casada com meu pai, eu me acostumei rapidamente com Alesso em minha vida. Ele era tão diferente do meu pai. Calmo. Paciente. Afetuoso. Ele não deixava minha mãe se empolgar e era óbvio que seu amor por ela era profundo. — Estima verdadeira. — disse Nick. — Ele é um pouco tendencioso, já que eu pareço muito com a minha mãe.

— Não. Ele só tem olhos. Eu sorri e relaxei ainda mais em seus braços. Parecia que há uma vida atrás nós estávamos em minha casa lidando com o arrombamento. A visita da mamãe foi perfeitamente cronometrada. Tê-la aqui ajudou a colocar tudo em perspectiva. Se alguém estivesse determinado a roubar minhas joias extravagantes ou minha herança, o que importava? Eu tinha pessoas maravilhosas na minha vida, e as coisas materiais simplesmente não eram importantes. E ela estava certa sobre o meu pai. Ele sempre se certificou de que estivéssemos seguros. Talvez chamá-lo e receber seu conselho não fosse uma ideia tão ruim. — Nunca conheci o cara, mas não consigo ver sua mãe com seu pai. — disse Nick. — Não após tudo o que você me contou sobre ele. — Eles nunca se encaixaram. Não me lembro de uma época em que eles pareciam gostar da companhia um do outro. Eu acho que ela se casou com ele porque ele era ambicioso. Eu sei que ele se casou com ela pelo prestígio de seu nome de família. Agora o por que ela ficou casada com ele é o grande mistério. — Pelo menos agora ela encontrou uma pessoa melhor. — disse ele. — Muito melhor.

— Estou feliz que eles possam estar aqui hoje. Pena que eles moram tão longe. — Isto é. Embora Frannie me confidenciou hoje à noite que mamãe e Alesso estão observando fora da área com o propósito de potenciais imóveis. Quando eles se casarem, o visto de imigrante vai mudar e eles não precisarão gastar tanto tempo na Itália. Eu deixei de fora a parte da minha conversa em que Frannie também mencionou a palavra “Neto”. Aparentemente, mamãe e sua equipe

estavam

apostando

quanto

tempo

levaria

para

eu

engravidar. Embora seria bom ver minha mãe com mais frequência, eu poderia fazer isso sem a pressão dela para procriar. — Vamos torcer por nenhum drama amanhã. — disse Nick. — Absolutamente. Teremos que adiar nossa visita ao The Black Bull, mas pelo menos podemos relaxar amanhã à noite. Samuel vai fazer um grande jantar para que você não precise cozinhar para mim. — Eu gosto de cozinhar para você. — disse ele. — Mas estou interessado em ver como ele faz essa truta. Eu nunca peguei a manha do peixe. — Bem, depois de aprender, você pode começar a adicionar salmão ao cardápio. É o meu favorito. — Tudo o que seu coração desejar, minha doce Emmy. Você. Só você.

Outro

pensamento

sobre

Nick

espontâneo

e

desprotegido. Embora eu ainda tivesse que descobrir como pará-los, pelo menos eles eram todos verdadeiros.

Capítulo Dezesseis — Nós voltaremos em breve, Bella. — Alesso me puxou para seus braços e eu sorri contra seu peito, apreciando o som de seu forte sotaque e o cheiro de sua rica colônia. — Eu gosto do seu Nick. — Eu também. — Dê-me ela, Alesso. É a minha vez. — disse minha mãe. Revirando os olhos, dei um último abraço, depois deixei minha mãe me sufocar antes de sua tripulação partir para o aeroporto e retornar à Itália. Nós tivemos uma semana maravilhosa com eles, e apesar das tentativas de minha mãe, a visita deles não tinha me atrapalhado. Fiquei triste por ver eles partirem. Todas as noites Nick e eu fomos ao chalé deles para o jantar. Samuel tinha saído do seu habitual para experimentar os alimentos locais, e cada refeição tinha sido deliciosa. Mamãe, Frannie e eu passamos muito tempo conversando. Elas tinham escutado atentamente histórias sobre meus alunos e minhas preocupações com Mason Carpenter. Alesso imediatamente se aproximou de Nick. Ele estava encantado com o quanto Nick sabia sobre as trilhas nas montanhas. Todas as noites Nick tinha desenhado para ele um mapa para a aventura na neve do dia seguinte.

Frannie tinha uma agenda lotada para a viagem. Todas as tardes o grupo explorava a área. Eles mergulharam nas fontes termais, passearam pelo centro da cidade e até dirigiram para Bozeman para visitar uma destilaria de uísque. E uma tarde, os quatro me surpreenderam com uma visita à minha sala de aula. Eu não fui a única que adorou o sotaque de Alesso. As crianças praticamente o atacaram. Eles o encheram de perguntas sobre de onde ele veio e por que ele parecia diferente. Ontem, todos nós apreciamos um sábado viajando por Yellowstone. Frannie tinha arranjado um veículo de neve para nos levar para o Old Faithful para sua última excursão em Montana. Eu nunca tinha visitado um parque nacional antes e a experiência tinha sido como nenhuma outra. A paisagem era espetacular. Neve cintilante cobria as colinas. Poças quentes e pequenos fluxos em ebulição se fundiam aos vales. Nós tínhamos visto alces, búfalos e um urso pardo nos campos abertos entre florestas verdes. Old Faithful, é um gêiser localizado no Parque Nacional de Yellowstone, em Wyoming, nomeado por sua previsibilidade, e com razão. A água do gêiser tinha se espalhado alto e branco contra o céu azul sem nuvens. A próxima vez que mamãe nos visitasse, nós planejamos ir novamente.

— Se cuide, Emmeline. — disse minha mãe antes de um último abraço. A única sombra em uma semana perfeita era a atualização de Jess sobre o arrombamento. Nenhum veículo passou pela câmera do semáforo da cidade e ele não tinha pistas. Nick havia providenciado para que a maçaneta da minha porta fosse consertada e as fechaduras com trava de segurança colocadas em todas as portas exteriores. Ele também estava instalando câmeras em volta da minha casa e propriedade. Mas a segurança adicional fez pouco para apagar meus medos. — Você vai ligar para o seu pai? — perguntou mamãe. — Não. Eu pensei sobre isso, mas decidi que não. Eu confio no xerife local. Ele está fazendo tudo o que ele pode e a última coisa que ele precisa é papai enfiando o nariz na investigação. — eu disse. — Tudo bem, querida. Se você acha que é o melhor. — ela suspirou. — Eu vou ficar bem. Sua cabeça girou para Nick e depois de volta para mim antes de sorrir. — Sim. Você vai. — Te amo mãe. — Amo você também. Ligue para mim na semana que vem.

Enquanto minha família se afastava, Nick me puxou para o lado dele. Eu me concentrei em respirar o ar fresco da montanha para que eu pudesse lutar contra as lágrimas. — Você está bem? Eu assenti. — Estou feliz que eles decidiram comprar aquele chalé. Será bom vê-los mais frequentemente. Por sorte o chalé que haviam alugado também estava à venda. Mamãe e Alesso imediatamente acertaram a compra, e dentro de um mês o lugar seria deles. Depois que eles construíssem uma casa na propriedade para Frannie e Samuel, eles estariam de volta para uma estadia prolongada. — O que você está com vontade de fazer hoje? — pela primeira vez em semanas, não tínhamos planos. Nenhuma festa de aniversário de seis anos. Nenhum visitante da família. Nenhuma exploração de Montana. Nada. Então eu tinha a resposta perfeita para a pergunta dele. — Você. **** Duas semanas depois eu estava correndo para o spa para encontrar Gigi e Maisy para a nossa noite das meninas. Maisy havia adiado nossa data original porque Coby estava doente e, infelizmente, elas tinham remarcado para uma noite em que eu não seria uma boa companhia.

Amanhã era o nosso aniversário, meu e de Nick, e isso estava consumindo minha mente. Eu afundei em uma cadeira preta enorme entre Gigi e Maisy e coloquei um sorriso no meu rosto. Talvez isso fosse exatamente o que eu precisava para tirar meus pensamentos de Nick. E nossos dez anos. Eu era legalmente casada com um homem por dez anos e só tinha passado meses em sua presença. Como eu poderia agir normalmente amanhã? Eu considerei fingir uma doença e me esconder em um hotel. — Emmeline? Você está bem? — Perguntou Gigi. Ela estava conversando com Maisy enquanto eu fiquei perdida em meus próprios pensamentos. — Oh. Sim. Eu sinto muito. Eu tenho estado uma bagunça e distraída durante todo o dia. — Quer falar sobre isso? — Maisy perguntou. — Tudo bem. Eu odeio sobrecarregar vocês duas com meus problemas triviais. — É para isso que os amigos servem. Além disso, estamos sem fofocas suculentas. Derrame. — disse Gigi. Este era provavelmente o melhor lugar para arrumar alguns conselhos. —Nick contou como nos conhecemos e nos casamos? — perguntei.

— Algumas partes, mas ele provavelmente deixou de fora todas as coisas boas. — disse Maisy. Vinte minutos depois elas sabiam de toda a história de Vegas. — Que idiota! — Gigi gritou. — Você sabe, Nick disse a Jess e a mim sobre o que aconteceu, mas ele definitivamente nos deu a versão abreviada. Agora que eu sei de toda a história, da próxima vez que eu ver Nick ele vai ter um tapa na cabeça. Eu ri e genuinamente sorri pela primeira vez o dia todo. Foi bom tê-la do meu lado. — Então, por que você está uma bagunça hoje? — Maisy perguntou. — Amanhã é nosso aniversário. É estranho comemorar. E eu não acho que Nick se lembra. Ele esteve completamente normal durante toda a semana e não mencionou nada ou trouxe isso a nenhuma conversa. O que na verdade está piorando tudo. O que devo fazer? — Vocês finalmente estão juntos novamente! Você tem que fazer alguma coisa. Não precisa ser chique. Sair para um bom jantar, talvez? Não, o cinema! Foi lá que vocês tiveram o seu primeiro tipo de encontro, não foi? É perfeito! Vá até lá. — disse Gigi. — Você não pode ouvi-la. — disse Maisy. — Ela se tornou uma romântica sem esperança desde que conheceu Jess. Você deveria têla visto antes de conhece-lo. Ela era totalmente satisfeita em não ter

um homem em sua vida. Agora ela está em uma missão para ter certeza de que suas amigas estejam comprometidas. — Ela pode estar certa. — Gigi murmurou. — Vou pensar sobre isso. Obrigada por ouvir. — eu disse. Mesmo que eu não estivesse nem perto de ordenar meus pensamentos, foi bom compartilhar meus fardos com minhas amigas. Além disso, se Nick e eu passássemos uma noite normal juntos, seria melhor do que os últimos nove aniversários. Neste aniversário, eu poderia pelo menos fazer sexo com meu marido. **** — Nick! — Rowen Cleary gritou de sua mesa. As crianças deveriam estar traçando a letra T, mas agora eles estavam todos olhando para Nick na porta. — Ei, crianças. — Nick chamou. — Vocês estão aprendendo muito hoje? — Sim! — Todos eles gritaram em uníssono. — Olá, classe — Rich chamou, seguindo Nick para a sala de aula. — Olá, Sr. Garcia. — disseram em coro. — O que está acontecendo? — eu perguntei a Nick. — Está tudo bem?

Ele se inclinou e me deu um beijo rápido na bochecha, o que provocou um coro de “Ohhs” e “Ewws” da minha turma. — Está tudo ótimo. Sr. Garcia vai assumir para o resto do dia. Você vem comigo. — O que? Por quê? É sobre as invasões? — Não. — Senhora Austin, você se importaria de repassar o seu plano de aula comigo? Eu tentarei manter tudo nos trilhos até você voltar na segunda-feira. — Ah, claro, Sr. Garcia. — eu disse e descrevi o resto do meu plano de aula da tarde de sexta-feira. — Eu acho que posso administrar. Vocês dois tenham um bom fim de semana. — ele disse antes de Nick me arrastar da sala para o seu caminhão. — O que está acontecendo, Nick? — Eu perguntei depois de apertar o cinto de segurança. — Paciência. — disse ele. Sua atitude arrogante era irritante e eu odiava segredos, mas nada estava errado. Ele não seria tão convencido se houvesse um problema. — É por isso que você insistiu em me levar para trabalhar esta manhã? Então você poderia me sequestrar? — Sim.

— Outra resposta de apenas uma palavra. Você acha que pode juntar mais algumas em sequência e realmente responder com uma frase completa? De preferência uma onde você me diz o que está acontecendo? — eu perguntei. — Aproveite o suspense, Emmy. Eu fiz uma careta quando borboletas começaram a voar na minha barriga. Isso tinha que ser sobre o nosso aniversário, certo? Por que mais ele estaria tentando me surpreender? Eu desprezava surpresas e a angústia que vinha junto com elas. O nervosismo me deixava enjoada, sem entusiasmo. Eu era o tipo de pessoa que lia o último capítulo de um livro antes do primeiro, só para ter certeza que tinha um final feliz. Meu estômago revirou quando Nick saiu da cidade. Depois de alguns quilômetros de estrada, ele dirigiu para uma estrada de terra que passava através de um campo aberto. A neve no chão tinha começado a derreter, mas ainda havia largas camadas caindo nas depressões e curvas das planícies. — Nick. — Eu ofeguei quando ele passou por um bosque e eu percebi o nosso destino. No meio de uma grande clareira havia um balão de ar quente amarrado ao chão. O balão era feito de tecido vermelho com grandes sóis laranja e amarelo padronizado no centro. O piloto estava de pé na cesta, monitorando o queimador.

Nick estacionou o caminhão e se inclinou sobre o painel, me beijando levemente nos lábios. — Feliz aniversário, esposa. — Você se lembrou? — perguntei. — Eu não tinha certeza se ... — Eu comecei, mas não pude continuar. Meu nariz começou a queimar e fechei os olhos para não chorar. Isso foi tão romântico. Nick não tinha acabado de se lembrar do nosso aniversário, ele fez de tudo para me surpreender com algo especial. — Valeu a pena esperar? — ele sussurrou. — Sim. — eu balancei a cabeça antes de pressionar meus lábios contra os dele. O beijo que eu dei nele foi duro e desesperado. Minhas mãos foram enfiadas na sua barba enquanto minha língua tomava sua boca. Quando nós dois estávamos sem fôlego, eu me afastei e sussurrei: — Feliz aniversário, Nick. — Agora eu preciso de um minuto antes de podermos sair. — ele sorriu. — Eu duvido que o piloto queira voar comigo de pau duro. — Provavelmente seria melhor se você guardasse isso só para mim. — Só para você, minha doce Emmy. Nós nos sentamos com as nossas testas pressionadas juntas por alguns momentos até que ele se afastou.

— Nós precisamos nos agasalhar. Vai estar frio pra caralho lá em cima. — disse Nick. — Nossas roupas estão na mochila. Quinze minutos depois estávamos flutuando. Era mágico. Nick estava certo, o ar estava pesado e frio. Mas isso não importava. A felicidade em meu coração me manteve quente. O início da primavera estava começando a aparecer. Botões verdes estavam ganhando vida nas árvores e flores silvestres estavam florescendo. Rios e riachos estavam correndo com a água derretida da neve. O Vale de Jamison estava vivo com nova vida e cor. — Isso é incrível. — eu disse a Nick. Após uma hora de viagem o piloto do balão de ar quente nos colocou em outro campo aberto do outro lado do Vale. Nick estava tramando outra coisa, porque não muito longe da nossa área de pouso estava o meu Jipe. — Você vai me dizer o que estamos fazendo ou você planeja continuar esta tortura? — Tortura. Eu gosto de fazer você se contorcer. — ele piscou. Nós nos despedimos do piloto e partimos para a próxima parte da surpresa de Nick. O sol estava se pondo e o céu estava iluminado com cores vivas.

Nick atravessou um labirinto de estradas de cascalho até subirmos uma colina incrivelmente íngreme. Quando o Jeep se estabilizou, nós nos deparamos com um bangalô de madeira em forma de A, construído ao lado de uma montanha. As grandes janelas da frente eram um sinal dourado. — Vamos ficar aqui? — eu perguntei, nem mesmo tentando conter minha excitação. — Sim. Aluguei para o fim de semana inteiro. — Uau! — eu sussurrei. Nick me puxou para dentro para que eu pudesse explorar enquanto ele pegava nossas malas e mantimentos que guardou no carro. O interior da casa tinha um toque semelhante a cabana de Nick. Madeiras nobres misturadas com pedras brutas. Móveis acolhedores. Lareira enorme. — Você gosta disso? — É lindo. Obrigada. — eu disse. — Você quer uma bebida antes do jantar? — Sim. Vou começar a cozinhar em um instante. — disse ele. — Certo. Vou pegar uma cerveja para você. Você trouxe vinho? — eu perguntei. — Seu nome é Emmeline Austin. Isso significava sim.

Eu sorri e caminhei até a cozinha, onde uma abundância de itens alimentares estava descansando no balcão ao lado de duas garrafas do meu vinho favorito. Nick era romântico. Algumas de suas declarações nos últimos meses ainda me deixavam sem fôlego. Mas isso foi além dos meus sonhos mais loucos. Enquanto Nick se movimentava na cozinha preparando o jantar, eu relaxei em frente a lareira e desfrutei do meu vinho. Cheiros deliciosos encheram a casa, e no momento em que estávamos sentados à mesa, minha boca estava salivando. — Você fez salmão? — Eu me certifiquei de perguntar a Samuel como você gostava antes que eles fossem embora. — separando em escamas, comi, um gemido escapou da minha garganta quando o sabor explodiu na minha língua. — Bom? — ele perguntou. — Surpreendente. Você se superou. E Samuel também. Nós comemos principalmente em silêncio, ambos satisfeitos desfrutando da refeição e do ambiente tranquilo. — Eu vou limpar. — ofereci. Parte de nossa rotina noturna era Nick cozinhando e eu lavando os pratos. Ele deve ter suspeitado que eu seria voluntária porque

quando eu entrei na cozinha parei e vi duas caixas embrulhadas colocadas em cima da ilha. Por que eu não comprei algo para ele? Eu deveria saber que ele se lembraria do nosso aniversário. Nick se lembrava de tudo de Las Vegas. Obviamente a data não tinha escapado de sua mente. Em vez de procurar o presente perfeito, eu estava ocupada duvidando dele. — Eu não comprei nada para você. Eu deveria. Eu sinto muito. — eu soltei. — Eu não quero nada. Tudo que eu preciso é você. — ele beijou a ponta do meu nariz. Pegando os pratos de minhas mãos, Nick os colocou de lado e foi para as caixas. — Você não deveria. O balão. Esta casa. Agora presentes? Isso é demais. — Tudo o que seu coração desejar, Emmy. Isso é o que eu vou te dar. Se você quer um silencioso fim de semana juntos, é seu. Você me disse há algum tempo que queria ir a um passeio de balão. Feito. Eu tenho nove aniversários perdidos para compensar. E eu prometo fazer isto. Minha visão ficou embaçada. Eu não queria nada mais do que ter aqueles nove anos com Nick de volta. Voltar a Vegas e começar de novo. Mas isso não era possível. — Obrigada. — eu sussurrei. — Por tudo. — Não me agradeça. Apenas seja feliz.

— Eu sou. — balancei a cabeça. — Posso abri-los? — Este primeiro. — disse ele, me entregando um pacote retangular. Eu sabia pelo seu peso e forma que Nick estava me dando um livro. — Isto é para o nosso primeiro aniversário. O presente tradicional é de papel. — disse ele. Eu

cuidadosamente

desembrulhei

um

livro

amarelado. Quando eu examinei sua capa desgastada, meus olhos travaram nele, sem piscar. Nick me comprou a primeira edição de Rebecca por Daphne Du Maurier. Meu livro favorito. Tinha que ter lhe custado centenas de dólares. Folheando através de suas páginas amareladas, eu inalei seu cheiro único. — Oh, Nick. Isto é incrível! Imagine onde esteve, quem leu isso antes de mim? Eu adorei. Obrigada! — Eu abracei o livro no meu peito. — Quanto eu marquei com isso? — ele perguntou. — Fora do normal. — eu sorri. — Bom. O seguinte. Dez anos. — disse ele. — Estanho ou zinco. Mas o presente mais moderno é diamantes. Então eu fiz para você algo com todos os três. Dentro de uma pequena caixa quadrada havia um anel simples. O círculo foi feito com ouro rosa, embutido com listras de metal. Eu assumi que os fios de prata eram de estanho e zinco

conforme a introdução de Nick. Os metais em si eram especiais, mas com os diamantes no centro, esse anel era único. Uma onda de diamantes brutos foi invertida no aro. O ouro acima das pedras preciosas era irregular, como cadeias de montanhas espelhadas, com as joias sob a superfície. — Você desenhou isso? É... Eu não sei o que dizer. — eu sussurrei. Os talentos de Nick nunca deixaram de me surpreender. Ele pegou o anel de minhas mãos e o colocou no dedo anelar da minha mão direita. Eu estava feliz por ele não ter ido para a esquerda. Ele já me comprou um anel para aquela mão. Eu não tinha dito a ele que eu ainda tinha nossos anéis de casamento. Até que eu soubesse qual seria nosso destino, esses anéis estavam em segredo. — Sim. Pensei que seria legal ter os diamantes abaixo do metal. Mais ou menos como se você os encontrasse em uma mina. Você gostou? Eu assenti. — Adorei. — Fora de série? — Fora deste mundo. — enquanto admirava o anel no meu dedo, pensei sobre todos as coisas que eu deveria ter comprado para Nick. Um conjunto de colecionador de filmes de John Wayne. Um novo par de raquetes de neve porque a dele estava ficando velha. Uma nova camisa de flanela para substituir a que eu tinha pego emprestada sem intenção de devolver.

— Eu gostaria de ter te dado um presente. Pressionando seus lábios na minha têmpora, ele ri. — Um boquete de aniversário não seria desvalorizado. Eu lambi meus lábios e comecei a trabalhar. Quando terminei, ele me levantou. — Fora deste mundo. — ele sorriu. Nós lavamos os pratos e Nick me arrastou para o quarto principal para o sexo de aniversário, e isso não decepcionou. — Obrigada por um dia maravilhoso. — eu sussurrei para Nick deitado ao meu lado. Abandonando nossa posição normal, estávamos de frente um para o outro, separados por centímetros. Um lençol estava jogado sobre suas pernas e eu tinha o puxado para o meu peito. — De nada. Eu também gostei. — Certamente venceu o meu ritual de aniversário normal. — eu provoquei. Nick estremeceu e seu rosto se apertou. — Eu sinto muito, Emmeline. — ele sussurrou. — Eu sinto muito porra. Isso me corrói. Eu nunca vou reparar o mal que lhe fiz. Estendendo a mão, gentilmente acariciei sua barba. — É disso que se trata hoje? A surpresa. Os presentes. Você estava tentando se desculpar?

— Não. Talvez um pouco. — disse ele. — Eu queria que fosse especial para nós desta vez. Dez anos. Dez anos. Nós não éramos casados há dez anos. Não o tipo de casamento que eu queria de qualquer maneira. Hoje tinha sido maravilhoso, mas parecia o nosso primeiro aniversário, não o nosso décimo. Eu queria um aniversário de diamante com o homem que dormiu ao meu lado todas as noites durante uma década. Não meses. Essa era exatamente a razão pela qual eu queria que nos divorciássemos. Mas primeiro Nick precisava parar de se punir. — Você tem que se perdoar. Nada que você possa fazer mudará o que aconteceu. — Como posso me perdoar quando você não pode? — Ele perguntou. Eu já fiz. Em algum lugar ao longo da estrada, meu cérebro alcançou meu coração. Eu o perdoei. Eu já tinha superado ele ter me deixando em Vegas. Eu gostava de pensar nisso? Não. Falar sobre isso? Um pouco. Mas

isso

era

tudo

sentimento

residual. Qualquer

ressentimento ou raiva que eu sentia por Nick tinha desaparecido.

Eu finalmente tinha superado isso. — Eu te perdoo. Confusão substituiu a dor em seu rosto. — Você faz? Eu assenti. — Eu não preciso de grandes surpresas e presentes extravagantes. Eu sei que você se arrepende do que aconteceu no passado. Nós dois precisamos esquecer e parar de falar disso. Vamos ser apenas nós agora. Ok? — Tudo bem. — disse ele. — Vamos ser apenas nós. Eu não gostei do espaço entre nós, então eu mudei para o meu outro lado e esperei por Nick me puxar para o peito dele. — Meu pai sempre fez de tudo para a mamãe em seu aniversário. — Nick disse no meu cabelo. — Todo ano ela corria pela casa ansiosa para ver o que ele fizera por ela. Eu amei que ele fez isso. Pelo menos uma vez por ano, ela via como era especial. Eu prometo maneirar nos presentes, mas não posso prometer que não farei surpresas. Isso significa algo para mim. O grande show. Eu quero isso para você. Eu beijei seu braço mais próximo dos meus lábios. — Eu posso viver com isso. Nós dormimos enrolados juntos até a manhã seguinte, quando Nick me acordou e me arrastou para a cozinha.

— O que você quer para o seu café da manhã de aniversário? — Nick perguntou. Lembrar que era meu aniversário foi impressionante. Em Las Vegas eu havia mencionado apenas de passagem, então ou ele tinha um cofre de memória ou ele recentemente deu uma espiada na minha carteira de motorista. Eu suspeitava do primeiro. Meu homem era esperto. De qualquer maneira, eu ia gostar de ser mimada. — Você ia me fazer um bolo hoje? — perguntei. — Sim. — Então bolo, por favor. — Vai demorar um pouco. — Tudo bem. Eu quero ler o meu livro. — eu disse, roubando minha primeira edição do balcão. Duas horas depois ele interrompeu minha leitura e me entregou um enorme pedaço de bolo. — Bolo de Confetes com granulados coloridos como o arco-íris? — eu gritei. — Como você sabia que era meu favorito? — Eu liguei para sua mãe. Um enorme sorriso se espalhou pelo meu rosto. Ele era bom. — Obrigada. — eu disse. Minha boca estava cheia de bolo, então saiu mais como “Briga-aa”.

Rindo ele voltou para a cozinha, provavelmente para tomar um café da manhã não feito inteiramente de açúcar. Nós apreciamos um fim de semana maravilhoso juntos. Um dos melhores que eu já tive. — É ruim eu não querer ver meus alunos? Eu gosto da nossa bolha feliz aqui. — eu disse a Nick quando carreguei minha mala. Ele tinha lutado com a bagagem, mas eu lhe dei elogios por tentar. Mas para a próxima viagem surpresa, eu tinha sugerido que ele deveria contratar Gigi ou Maisy para ajudar. — Eu gosto disso também. Nós vamos planejar uma viagem para voltar. — ele prometeu. Quando saímos da garagem, acenei. — Adeus, bangalô. — Eu tive um pressentimento que nunca mais veria esse lugar. E eu estava certa.

Capítulo Dezessete — O vento está frio! Você se importaria se eu te deixasse por um minuto? Eu quero correr para dentro e pegar meu casaco mais quente. — perguntei à professora da quinta série de Prescott. Nós estávamos em dupla para o serviço de ônibus esta semana, supervisionando as crianças enquanto elas se preparavam para suas viagens de volta para casa. — Apenas entre e fique lá. — ela sorriu. — As crianças estão quase todas embarcadas e eu posso terminar aqui. Você entra e se aquece. — Obrigada! — Meus dentes batiam enquanto corria para dentro. Meus passos curtos se transformaram em passos largos quando um grito frustrado ecoou da minha sala de aula. Meus calcanhares pararam quando eu corri pela porta e vi Mason Carpenter revirando freneticamente a lata de lixo da minha mesa. Como ele voltou para dentro sem que um professor percebesse? E o que diabos ele estava fazendo no lixo? — Mason? Ele se virou com os olhos arregalados.

Dando-lhe um sorriso gentil, atravessei a sala e me ajoelhei na frente dele. — O que você está fazendo na lata de lixo? Seus olhos se encheram de lágrimas e seu queixo começou a tremer. O desespero em seu rosto era como um tiro no coração. — Estou com fome! — ele gemeu e caiu contra mim. — Eu estava tentando encontrar a maçã que você comeu na hora do lanche. A dor atravessou meu coração e eu lutei contra minhas próprias lágrimas enquanto segurava Mason contra meu peito. Minha agonia foi rapidamente substituída por uma fúria ardente. Um menino de seis anos estava comendo lixo. Suas roupas estavam sujas e seu corpo estava imundo. Isso não poderia continuar por mais tempo. Isso não iria continuar por mais tempo. A assistente social teve meses para ajudar Mason. Ela teve sua chance. Agora era a minha vez. Não importava o que fosse preciso, eu ia entrar na casa da tia dele e provar que não havia lugar para essa criança. Mas primeiro eu precisava acalmar Mason e pegar um pouco de comida para ele. — Tudo vai ficar bem, querido. Respire fundo. — eu disse, esfregando suas costas. — Você quer fazer uma viagem especial a sala dos professores comigo? Eu vou fazer um sanduíche de manteiga de amendoim e geleia para você. E eu acho que há alguns brownies lá também.

Ele assentiu e se afastou, enxugando as lágrimas dos olhos. Dez minutos depois eu tinha invadido os armários da sala e sentado com Mason enquanto ele inalava seu sanduíche, um saco de batatas fritas e dois brownies. — Mason, você não almoçou hoje? — normalmente quando eu pressionava por informações ele me deixava de fora, mas eu esperava que hoje fosse diferente e ele se abriria. Ele balançou sua cabeça. — Você mora com sua tia? — perguntei. Ele assentiu. — Por que ela não fez um almoço para você? — O namorado dela comeu toda a nossa comida. Ela disse que eu teria que esperar até sexta-feira quando ela poderia ir ao mercado. — Você jantou ontem à noite? Ele balançou sua cabeça. — Ela disse que eu poderia apenas pegar o almoço da escola. — ele murmurou. — Mas ela esqueceu de pagar a minha taxa de almoço. Hoje era quarta-feira. Sua tia estava realmente esperando que uma criança passasse dias sem comida? Meu sangue estava fervendo. Eu não era uma pessoa violenta, mas eu não queria nada mais do que dar uma surra na sua tia.

— Da próxima vez é só pedir ao professor de plantão para colocar na minha conta, ok? — eu disse. Ele assentiu e voltou para suas batatas. Apertando minha mandíbula, fechei os olhos e tomei três respirações calmantes. Elas não funcionaram, mas pelo menos eu consegui não xingar na frente do meu aluno. — Como você vai para casa depois da escola? — perguntei. — Eu ando. — Ok. Esta tarde vou te dar uma carona. Amanhã trarei refeições para você. Ele caiu em sua cadeira. — Você vai arranjar problemas para tia Kira? Ela disse que se eu dissesse a alguém sobre ela a polícia viria me levar para a cadeia com a mamãe. Aquela cadela manipuladora tinha assustado Mason para ele permanecer em silêncio. Meu temperamento continuou subindo. Como a assistente social não viu tudo isso? — Mason, você se lembra de uma mulher que vai a sua casa e olha em volta? Ele assentiu. — Ela lhe fez algumas perguntas sobre você gostar de morar com sua tia? Ele assentiu novamente.

— Você disse a ela a verdade? Ele balançou a cabeça e seus olhos se encheram novamente de lágrimas. — Está bem. Você não está em apuros, querido. Vá em frente e termine de comer. Eu preciso fazer uma chamada telefônica. Entrando no corredor, peguei meu telefone para pedir reforços. **** — Senhora Robertson? — eu chamei, batendo meu punho na porta dela. A casa de Kira Robertson era um trailer na periferia da cidade com um Toyota branco enferrujado estacionado no gramado. Eu não estive neste bairro antes, mas era como uma lembrança dos meus dias gastos como voluntária nas áreas mais difíceis de Manhattan. O painel externo do trailer estava sujo e saindo em alguns lugares. Quando eu puxei a maçaneta da porta, ela quase se soltou. O nó no meu estômago apertou enquanto eu continuava batendo sem resposta. Mas eu não ia me acovardar. Mason precisava de mim. Ele estava atualmente seguro no Fan Mountain Inn com Maisy e Coby. Quando liguei para Maisy e lhe dei um resumo abreviado da situação, ela tinha sido mais do que feliz em ajudar, embora ela estivesse um pouco preocupada com o meu plano. Ela achava que eu

deveria recrutar a ajuda de Jess em vez de ir sozinha para a casa de Mason para confrontar a “Tia Kira”. Não liguei para Jess, mas prometi que uma visita ao xerife seria minha segunda parada. Kira não tinha respondido a porta para qualquer uma das visitas de Jess e não era como se ele pudesse forçar sua entrada. Minhas chances de passar pela porta dela seriam muito maiores se eu não estivesse com um policial. — Senhora Robertson! Meu plano para esse confronto era simples. Entrar, usar a câmera do meu celular para tirar algumas fotos da casa, e, se eu tiver muita sorte, enganar Kira em admitir que estava em falta com seu cuidado por Mason. Tendo namorado um advogado por anos, eu sabia que as conversas gravadas caíam em uma área obscura em que estavam em causa provas concretas. Mas eu estava disposta a arriscar, imaginando que o juiz seria indulgente, já que isso era sobre a sobrevivência de uma criança. — Olá? Senhora Robertson! — eu gritei. — Aqui é a Sra. Austin. Professora de Mason. Você tem um momento? Quando a porta finalmente se abriu, eu esperava ver Kira. Em vez disso, um homem desprezível usando uma camiseta branca suja

e uma calça de moletom cinza atendeu a porta. — Quem diabos é você? —

Oh. Eu

sinto

muito. Estou

procurando

por

Kira

Robertson? Eu estou na casa errada? — Ela está ocupada. — disse ele, tentando fechar a porta na minha cara. Empurrando meu pé no batente da porta, gritei: — Espere! Eu só quero falar com ela sobre Mason. Eu sou sua professora. Esse cara tinha pelo menos cinquenta quilos e seis centímetros a mais que eu. Com o mínimo de força ele poderia empurrar meu pé para o lado e fechar a porta na minha cara. Mas ele não me afastou. Ele alcançou as costas e tirou uma pistola preta, pressionando o cano para a direita na minha testa. Consumida com puro medo, eu congelei. — Por favor não faça. Eu sou apenas a professora de Mason. — eu sussurrei. Meu pedido evocou um sorriso ameaçador. Este homem era completamente desprovido de bondade ou compaixão. Seu olhar vítreo não era nada além de mal. Ele era um psicopata. Tudo o que ele tinha que fazer era apertar o dedo e eu estaria morta. Mas eu não queria que esse fosse o fim. Eu queria ir ao casamento da minha mãe. Eu queria ver a covinha de Mason

novamente. Eu queria beijar Nick e adormecer em seus braços. Eu ainda não terminei de viver minha vida. — Por favor. — eu implorei novamente. Lágrimas inundaram meus olhos. Ele pressionou a arma ainda mais na minha pele, forçando minha cabeça para trás um centímetro. — Dê o fora daqui porra. No instante em que tive permissão para sair, me virei para trás. Meu calcanhar tropeçou no degrau de cimento rachado e eu voei para o chão, aterrissando na minha bunda. Enquanto o homem ria e zombava, me levantei e corri para o meu jipe. Agarrando o volante com as juntas brancas, cumpri minha promessa para Maisy e dirigi imediatamente para a delegacia. **** — Você e Georgia precisam se acalmar e me deixar fazer o meu trabalho. Cristo, vocês mulheres são difíceis. — disse Jess. — O que? Gigi não vai lá, não é? — eu engasguei. — Não. — disse ele. — Georgia sabe que eu perderia a minha cabeça se ela fizesse a façanha que você fez. Ela está ameaçando me fazer dormir na garagem se eu não trouxer Mason para casa esta noite. Rowen disse a ela no caminho para casa hoje que ela precisava de dois almoços amanhã, então Mason poderia comer. Eu desliguei o telefone com ela dois minutos antes de você entrar correndo.

— Oh bom. — eu suspirei. O último lugar que eu queria era Gigi no trailer de Kira Robertson. Quando cheguei ao departamento do xerife, o recepcionista deu uma olhada em meu rosto pálido e me arrastou para uma sala de conferências. Minutos depois Jess e Sam se amontoaram ao meu redor, ouvindo atentamente enquanto eu relatava o incidente. — Sinto muito. — era tudo que eu conseguia pensar em dizer. Eu sabia que estava pisando no calo de Jess antes de eu ir ao trailer de Kira, mas meu temperamento tinha tirado o melhor de mim e vencido meu bom senso. Além disso, como eu ia saber que um homem enlouquecido e armado estava vivendo com a tia de Mason? — Eu entendo seus motivos, Emmeline. — disse Jess. — Seu timing é uma droga. Mason seria retirado daquela casa amanhã de manhã. — Ele seria? — eu perguntei com os olhos arregalados. — Sim. Eu tinha um policial na casa do vizinho, observando a casa de Kira todas as noites por uma semana. Ontem à noite ele viu o namorado

dela

vender

drogas

para

alguns

usuários

conhecidos. Prendemos os usuários esta manhã e eles entregaram o namorado como seu traficante. Meu

estômago

estava

nauseado

e

meus

músculos

fracos. Fechando meus olhos eu respirei longamente, tentando manter minhas emoções sob controle. Mas foi demais. Fiquei aliviada

que Mason estava saindo daquele lugar e eu estava feliz por ter sobrevivido à tarde. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Jess deslizou sua cadeira ao meu lado e me puxou para seu ombro, usando seu braço livre para pegar seu telefone do bolso da calça jeans. — Slater. Brick. Melhor vir para a delegacia. Emmeline está aqui. O ombro de Jess foi logo substituído pelo de Nick, e enquanto ele me segurava com força Jess deu a ele uma recapitulação da minha tarde. Quanto mais Jess falava, mais o abraço de Nick se tornava apertado. Fiquei grata que Jess pudesse explicar o tormento a Nick. Eu não achei que pudesse contar a história novamente. — O que vem a seguir? — Nick perguntou a Jess. — É necessário que Emmeline assine alguns documentos para apresentar oficialmente as acusações. Nós vamos adicionar isso para a detenção e acusá-lo de tráfico e de prender a namorada. Ele está fodido. Com a sua ficha já existente e mais isso adicionado ao topo, ele será preso por alguns anos. Nick me soltou e se levantou da cadeira, andando pela janela e limpando a mão através de seu cabelo. — Foda-se! — ele gritou e eu estremeci. — Como diabos a assistente social não viu nada disso, Brick?

Jess sacudiu a cabeça. — Depois que o namorado foi pego em flagrante pela posse de drogas, comecei a investigar quem ele era. Ele se mudou para cá há alguns anos atrás. Tem família na cidade. Adivinha para quem sua irmãzinha trabalha? — Greenfield. — disse Nick. — Sim. Ela é uma das secretárias da prefeitura. Bryant a trouxe algumas horas atrás. Ele ainda a tem em interrogatório. Ela admitiu que avisava Kira quando Greenfield estava chegando. Disse que seu irmão estava tomando o dinheiro do estado que a tia estava recebendo para Mason. — Quem é Greenfield? — perguntei. — A assistente social. — respondeu Nick. Então é por isso que a casa de Kira estava sempre limpa e o namorado nunca estava lá. E provavelmente por isso que nenhum deles atendia a porta quando Jess ia. — O que vai acontecer com o garoto? — Nick perguntou. —

Chamei

Jack

e

Annie

Drummond. Eles

estão

a

caminho. Vamos ver como Mason fica em torno deles. — disse Jess. — Espero mandá-lo para sua fazenda esta noite. — Bom lugar para ele. — disse Nick. — Emmeline, se você puder ficar por perto e ajudar com que essa introdução ocorra sem problemas, eu apreciaria. — Jess disse.

— Claro. — eu respondi. — Quem são os Drummonds? — o nome era familiar e normalmente eu seria capaz de recordá-lo. Mas menos de uma hora atrás uma arma havia sido pressionada contra a minha testa, então eu estava um pouco desligada. — Eu vou deixar Nick esclarecer para você. — disse Jess. — Dême alguns minutos para juntar os papéis para você assinar. Dessa forma, quando terminarmos com Mason, vocês dois podem ir para casa. Quando Jess saiu, voltei minha atenção para Nick. Ele ainda estava de pé na grande janela de vidro, olhando para a delegacia de costas para mim. — Jack e Annie Drummond tem uma fazenda fora da cidade. Seu filho, Wes, foi morto no ano passado. Agora me lembrei. Wes Drummond era o traficante de drogas que havia sido assassinado pelas mesmas pessoas que sequestraram Gigi e Maisy. Seus pais eram realmente as melhores pessoas para cuidar de um menino que provavelmente estava com muito medo? — Essa é a melhor escolha de famílias adotivas? — Eles são boas pessoas, Emmeline. — Nick estalou. — Sinto muito. — eu disse. — Eu não estou tentando ser crítica. Eu só quero que Mason esteja no melhor lugar possível. Ele soltou um suspiro alto e se virou para mim. — Jack e Annie eram bons pais, Emmy. Wes apenas escolheu um caminho escuro. Eles fizeram tudo que podiam para tirar Wes daquilo. Ele só

não queria desistir daquela vida. Eles passaram por muito, mas não existe muitos lugares melhores para Mason do que em sua fazenda. Não muito tempo depois de assinar minha declaração, a sala de conferências estava cheia de pessoas. Sam entrou com um Mason muito assustado. Jess ligara para a assistente social, a sra. Greenfield, e ela chegou para facilitar a reunião. Ela apertou minha mão, mas fez uma careta. Eu acho que ela não estava muito feliz por eu ter me inserido em seu caso. Jack e Annie Drummond chegaram por último, parecendo nervosos e animados. Nick finalmente parou de andar e se sentou ao meu lado, mas ele ficou quieto, não falou comigo ou com qualquer outra pessoa na sala. Minhas tentativas de conversar com ele enquanto nós esperávamos não foram correspondidas. Um horrível mal-estar se instalou no meu estômago. Eu odiava que ele estivesse com raiva e eu não queria nada mais do que esclarecer isso, mas me lembrei de ser paciente. Primeiro precisávamos lidar com os arranjos da vida de Mason. June Greenfield fez o melhor que pôde para falar com Mason, mas ele estava de boca fechada a excluindo com firmeza. Nós todos assistimos por trinta minutos enquanto ela conversava com ele sem ter uma única palavra murmurada em resposta.

Eu finalmente tive o suficiente e decidi me intrometer. A assistente social já não gostava de mim pela minha interferência esta tarde. Eu poderia viver com isso. Especialmente se isso significava que Mason saísse ganhando. — Mason, você pode olhar para mim? — Eu perguntei, girando a cadeira para que ele estivesse de frente para mim e da Sra. Greenfield. Ele me ignorou e continuou olhando para os pés. — Você não está em apuros, Mason. Não estamos aqui para te mandar para a cadeia. OK? Seus grandes olhos castanhos subiram para os meus e ele parecia esperançoso pela primeira vez o dia todo. — Estávamos todos pensando que você gostaria de ter umas férias. O Senhor e a Sra. Drummond ali. — eu disse, apontando para o casal. — Eles têm uma fazenda e eles gostariam que você fosse conferir. Isso não parece divertido? Ele assentiu e por um segundo pensei que estávamos chegando a algum lugar. Mas então os olhos dele voltaram para seus sapatos. — Tia Kira está com problemas? — Sim. — eu disse a ele. — Ela deveria cuidar bem de você e ela não fez. Seus olhos se encheram de lágrimas e seu queixo estremeceu.

— O que é isso? — eu perguntei. — O que há de errado? Você gostava de morar lá? Ele balançou a cabeça violentamente. — Então, o que é? — O que acontece quando minhas férias acabarem? Eu não quero voltar para tia Kira ou para a mamãe! — ele gritou e jogou seu corpinho no meu. Puxando-o para o meu colo, pressionei minha bochecha em seu cabelo sujo e o segurei perto. — Você não tem que voltar para a casa de sua tia ou para a sua mãe nunca mais, Mason. — June Greenfield disse. Eu sorri e fiz um agradecimento. Eu tinha assumido que ele não iria voltar, mas foi legal ouvi-la dizer isso. Segurando Mason, girei minha cadeira para poder olhar para Jack e Annie Drummond. — Sr. e a Sra. Drummond, vocês têm animais em sua fazenda? — Jack e Annie. — disse Jack. — E sim, nós temos. Nós temos alguns cavalos. Uma vaca leiteira e seu bezerro. E Annie tem um galinheiro cheio de galinhas. — E nós temos um cachorro. Se chama Boxer. — disse Annie. — Que tipo de cachorro? — perguntou Mason em voz baixa.

— Ele é um Labrador preto. Sua coisa favorita é lamber seu rosto. — disse Annie. — Você acha que quer dar uma olhada na fazenda deles? Conhecer esses animais? — perguntei a Mason. — Tudo bem. — ele murmurou. **** — Eu vou dar uma corrida. Nós tínhamos acabado de voltar para a casa dele e a primeira coisa que Nick fez foi subir e se trocar. Ele veio vestindo calça preta e uma camiseta cinza justa com tênis vermelho brilhante em seus pés. — É seguro correr no escuro? — perguntei. Ele zombou quando cruzou a sala principal. Ele não se incomodou em me olhar antes de andar até a porta da frente e a fechar. Merda. Eu precisava de vinho. E doce. Duas garrafas de vinho, um saco de Skittles e três quartos de chocolate depois, eu estava furiosa com Nick. E bêbada E meu estômago não estava se sentindo tão bem. Como eu poderia ter previsto tudo isso? Que uma visita à casa de Mason acabaria com uma arma na testa, uma declaração

juramentada de ameaça criminosa e uma noite passada na delegacia de polícia? Nick estava agindo como se eu tivesse feito isso de propósito. Que eu conscientemente me coloquei em perigo. Como ele ousa ficar com raiva de mim? E como ele ousa me deixar? Ele estava louco e seu primeiro instinto foi sair. O som de passos na varanda me fez olhar para a porta enquanto Nick entrava. Sua camiseta estava coberta de manchas molhadas e seu cabelo pingava de suor. Ele veio para mim no sofá e se inclinou para beijar o topo da minha cabeça. — Eu vou tomar um banho rápido. — ele disse gentilmente. Sua raiva deve ter queimado enquanto ele estava correndo. Muito ruim para ele eu estar furiosa. Ele estava delirando se achava que teríamos uma discussão racional agora que ele tinha se resolvido. A hora para isso era antes. Ele deveria ter ficado por perto quando chegamos na cabana e não me deixar sozinha. A briga que estávamos prestes a ter era culpa dele. E se eu tivesse uma ressaca amanhã, isso ia ser culpa dele também. Eu estava fervendo no sofá quando seus pés descalços atravessaram o chão de madeira. Eu mantive meus olhos apontados para a frente em direção ao fogo, porque ele provavelmente usava apenas um par de calças de pijama de flanela. Eu amava o jeito que

eles pendiam em seus quadris. Se eu olhasse para ele, minha resolução enfraqueceria. Às vezes ele era muito sexy. — Emmy. — disse ele, afundando no sofá ao meu lado. — Nick. — eu bati. — Você está chateada. — Você está certo. — Por quê? — Por quê? — eu disse, pulando do sofá tão rápido quanto minha bunda bêbada podia se mover. Tipo, não tão rápido, porque eu tropecei e quase coloquei o rosto na mesa de café. — Devagar. — disse ele, estendendo a mão para me firmar. — Você está bêbada? — Sim! — eu gritei. — Eu tive que ficar bêbada. De que outra forma eu devia lidar com tudo isso? Não é como se eu pudesse falar com você. Você me deixou para correr. — Eu precisava de ar. — O que diabos você acha que eu tenho respirado pela última hora? Tem ar aqui! Ele mordeu o lábio inferior. — Não se atreva a rir de mim. Minha ameaça piorou. A sala se encheu com o som do riso de Nick.

— Urrrgh! — eu rosnei, apertando meus punhos do meu lado. Aparentemente isso também era engraçado porque sua risada ficou tão alta que meus ouvidos começaram a doer. — Durma no sofá! — eu gritei, atravessando a sala e subindo as escadas. Claro que ele não me escutou. Quando saí de seu banheiro principal cinco minutos depois, ele tinha atirado as calças no chão e estava apoiado na cama. Meu lábio superior rosnou para o sorriso arrogante em seu rosto. O bastardo sabia que eu não podia expulsá-lo de seu próprio quarto. — Vamos começar a dormir na minha casa. — eu disse, jogando as cobertas para trás. — Então eu não vou me sentir mal por te chutar para fora da cama. — Não está acontecendo. — disse ele. — Você está vestindo pijama. — E você é observador. — eu bufei e caí no colchão até ficar confortavelmente descansando no meu estômago quando o meu rosto se afastou de Nick. — Não vá dormir chateada, Emmy. — seus dedos se estenderam através da cama e começaram a traçar padrões leves no meu ombro. — Você ficou com raiva de mim por fazer a coisa certa. Por tentar ajudar uma criança. Então quando você teve sua chance de

falar comigo sobre isso, você foi embora. Alguém apontou uma arma para mim hoje. O metal estava tocando minha pele, bem aqui. — eu disse, tocando minha testa. — Foram trinta segundos que eu pensei que ia morrer. E você me deixou. Minha voz falhou quando um novo lote de soluços rasgou meu peito. Nick me puxou para o seu colo e me embalou enquanto eu chorava. E mesmo que eu estivesse brava, eu me agarrei ao pescoço dele. A realidade da situação se instalou e eu estava com medo. Meu corpo tremeu com terror reprimido enquanto meu peito arfava. E segura nos braços de Nick, deixei as emoções saírem e transmiti meus medos para ele. Demorou um pouco, mas quando meus soluços se transformaram em gemidos suaves, ele começou a falar. — Eu fiquei com raiva porque eu estava com medo, Emmy. Quando Jess me disse que o filho da puta tinha segurado uma arma na sua cabeça, eu o queria morto. Mas eu não podia dirigir para aquele trailer e matar o filho da puta, então eu fiquei chateado. E eu descarreguei isso em você. Eu sinto muito. — Eu não sabia que isso iria acontecer. Eu só fui lá para falar com a tia de Mason. Ele estava morrendo de fome hoje. Ele estava cavando através do meu lixo para encontrar comida. Eu tive que fazer algo.

— Entendi. Por isso você foi lá? — ele perguntou. — Eu não deveria ter saído quando voltamos, mas eu precisava respirar. Não foi sobre você. Me perdoe. — Você não pode me deixar quando as coisas estão ruins, Nick. — eu disse. — Isso traz de volta muitos sentimentos antigos. Talvez algum dia possamos entrar em uma briga e você pode correr pela floresta para se acalmar. Mas não agora. Você tem que falar comigo primeiro, então eu sei que você voltará. — Eu sempre voltarei. Mas não vou sair de novo quando estivermos brigando. — Promete? — Prometo. — disse ele. — Só não faça uma façanha dessas novamente. — Ok. — eu balancei a cabeça. Ele podia ter certeza de que eu nunca mais iria à casa de um aluno sem avisar. E eu não estaria me intrometendo nos negócios do Serviço de Proteção à Criança também. — E nós não usamos pijama nesta cama. Eu sorri contra seu peito. — OK.

Capítulo Dezoito Nick

— Vamos Emmy. Faça um esforço. Pare de palhaçada. Manter uma cara séria enquanto a assistia era quase impossível. Seus pés estavam deslizando para trás sobre o piso do Costco’s enquanto ela tentava empurrar um carrinho carregado com mais de trezentos quilos de mistura de panquecas, xarope, gotas de chocolate e manteiga de amendoim. Seu rosto ficou quase tão vermelho quanto o seu cabelo toda vez que ela prendia a respiração e empurrava o carrinho. O carrinho se mexia um centímetro, mas não se movia mais. — Bem! Você estava certo. Eu não posso fazer isso. — ela bufou. — Eu sou muito pequena. Fazendo beicinho com os braços cruzados ela parecia mais um dos seus alunos do que uma mulher de trinta e dois anos de idade. Era adorável como o inferno. Se tivéssemos uma filha um dia, eu gostaria que ela puxasse o temperamento ruivo de sua mãe.

Emmy geralmente guardava tudo, mas quando ela soltava o fogo, eu ficava duro em segundos. Mesmo quando eu estava chateado com ela. — Eu te disse isso. — eu sorri, na esperança de conseguir seu rolar de olhos. Ela não me desapontou. — Mova-se, esposa. Deixe um homem assumir. — falei. — Devo esperar até que você bata seu punho em seu peito e solte um rugido de homem das cavernas? Ou você está pronto para fazer isso agora? — Engraçada. — com uma mão eu coloquei o carrinho em movimento. Do canto do meu olho eu não perdi outro rolar de olhos. — Você acreditou que podia empurrar o carrinho? — rolar de olhos número três. Eu ia tentar sete hoje, um novo recorde. — O que mais está na lista? — perguntei. — Ovos. Bacon. Linguiça. Café. — Vamos pegar o café primeiro e colocar embaixo. Depois a carne. Você pode colocar todos os ovos no carrinho. Amanhã era o café da manhã de panquecas anual do Corpo de Bombeiros de Prescott. Todo ano o quartel dos bombeiros preparava um enorme café da manhã para arrecadação de fundos no domingo

anterior à Páscoa. Apesar de ser um trabalho da porra, era uma das minhas coisas favoritas sobre o meu trabalho. Toda a comunidade acabaria por apoiar a estação e os nossos voluntários. Nos últimos anos levantamos uma tonelada de dinheiro. Os recursos sempre foram direcionados para melhorias que eu não conseguia encaixar dentro do meu orçamento operacional normal, que já estava muito curto. Este ano eu estava esperando coletar o suficiente para obter quatro novos conjuntos de equipamentos e pelo menos cinco novos rádios top de linha. Então, depois do sexo matinal, eu peguei Emmy e dirigi até a cidade mais próxima, Bozeman, para comprar suprimentos do grande café da manhã. — Quanto dinheiro você quer arrecadar? — ela me perguntou enquanto passávamos pelos corredores do armazém. — Dez mil ajudaria muito. Ela assobiou. — Isso é um monte de panquecas. — Sim. Podemos não conseguir arrecadar tudo isso este ano, mas qualquer coisa ajuda. — Você deve se lembrar, Chefe Slater, uma vez eu tive uma carreira na captação de fundos. — Sim? Eu não tinha ideia. — eu provoquei. — É verdade. Isso não é como arrecadar dinheiro para candidatos políticos, mas eu ficaria feliz em ajudar a discutir novas

ideias. Talvez eu pense em algumas coisas que podem lhe dar algum dinheiro extra. — Você não se importa? — Nem um pouco. — Ela sorriu. Eu pensei em perguntar sobre suas ideias mais cedo, mas eu não sabia como ela reagiria. Sempre que ela falava sobre sua antiga carreira e trabalhar para o pai, ela ficava magoada e amarga. Mas agora que ela se ofereceu, eu ia aproveitar. Ela poderia apenas ter oferecido para doar uma grande quantidade de dinheiro. Dez mil provavelmente não era nada para ela. E significava muito para mim que ela não atirasse seu dinheiro por aí. Em vez disso, ela estava usando seu tempo e talento para me ajudar a alcançar o objetivo. Nós terminamos nossas compras e pela próxima hora Emmy falou sobre suas ideias enquanto nós dirigíamos para casa. Sua inteligência me surpreendeu. Suas ideias eram criativas e inteligentes. E quando ela tinha uma boa, o cinto mal a mantinha no banco do passageiro. Adorava que ela tinha uma ideia antes de eu vetar ou ter chance de responder, me dizendo: — Não importa. Deixa para lá. Isso não vai funcionar em Prescott. — enquanto ela balançava as mãos no ar. No final da viagem havíamos chegado a duas para arrecadação de fundos, além do café da manhã.

Uma era uma rifa para ganhar o que ela chamou de “tour de restaurante”. Ela ia entrar em contato com restaurantes locais e providenciar para que o casal vencedor tivesse um banquete com vários pratos, cada prato de um chef diferente. Sua segunda ideia era um concurso de fotografia para um calendário do Corpo de Bombeiros de Prescott com empresas locais. Embora nenhum dinheiro fosse coletado imediatamente, ela pensou em anunciar o concurso no café da manhã, o que criaria um burburinho de entusiasmo. — Eu amo essas ideias, Emmy. — eu disse. — Mas como você planeja fazer tudo isso para amanhã? — Não se preocupe. Eu fiz coisas de última hora como essa por anos. Geralmente era porque meu pai me mandava fazer. Pelo menos agora são as minhas ideias e tenho uma visão clara do produto final. Isso vai ser perfeito! Eu amava seu entusiasmo. O jeito que seus lindos olhos cinzentos dançavam de excitação. Como ela jogava o cabelo em volta dos ombros, enviando o leve aroma de coco flutuando pelo ar. Mordi minha língua antes que eu pudesse dizer a ela que eu a amava. Eu a amava há uma década e ela nunca me ouviu dizer as palavras. Mas hoje não era o dia. Eu tinha muito o que fazer ainda. Quando eu dissesse a ela que eu a amava, e eu rezava para que

ela dissesse de volta, eu queria que acontecesse em um dia em que pudéssemos passar ele todo na cama. Não, hoje não. Mas logo. ****

Emmeline Nick estava em seu elemento. Estávamos acordados desde as quatro da manhã preparando o quartel de bombeiros para o café da manhã. Não muito depois de chegarmos os bombeiros voluntários de Nick apareceram. Ele realizou uma rápida reunião para descrever o plano para o dia e depois todos se separaram para realizar suas tarefas. O caminhão de bombeiros foi movido para fora. O centro do piso da estação estava cheio de mesas redondas e cadeiras dobráveis. A mobília no poço do plantão foi movida para a parte dos fundos e uma praça de alimentação foi instalada em seu lugar. As frigideiras e os fogões do acampamento estavam alinhados em duas mesas compridas para cozinhar panquecas e ovos mexidos. Lá fora, um dos voluntários estava cuidando de um enorme churrasco, assando uma mistura de bacon e linguiça. Nick me disse ontem que a estação não podia comportar todos os participantes do café da manhã, então há alguns anos eles

começaram a dividir o fluxo em partes. A semana toda os moradores de Prescott estavam comprando ingressos para uma das três porções do café da manhã. Eles estavam esperando quase quinhentas pessoas hoje, quase dois terços da totalidade da população de Prescott. Enquanto Nick e seus voluntários preparavam o café da manhã, eu montei minha sessão de rifa na mesa em frente à entrada. Todos os restaurantes que eu havia chamado ontem ficaram encantados com a ideia “tour de restaurante”. Eu felizmente passei horas no computador do escritório de Nick fazendo cartazes e imprimindo bilhetes. — Parece ótimo, esposa. Você precisa de mais alguma coisa? — Nick perguntou, examinando minha arrumação. — Acho que tudo está pronto. — eu disse. — O que mais posso fazer para ajudá-lo? — Você não precisa ajudar, Emmy. Apenas aproveite o café da manhã. — Você tem mais do que trabalho suficiente para fazer. Deixeme ajudar. — Você quer ficar por aqui e ajudar Michael a pegar os ingressos na porta? Eu sorri. — Eu posso fazer isso. Isso me dará a chance de promover o sorteio também.

Ele se inclinou e me deu um beijo suave. E eu corei quando as vaias de seus homens começaram a soar através do ar. — Volte ao trabalho, idiotas preguiçosos! — Nick gritou por cima do ombro com um sorriso. Às oito horas o primeiro participante do café da manhã entrou pelas portas. Ao meio-dia a comida estava quase acabando, as minhas rifas estavam esgotadas e eu precisava de uma soneca. — Isso foi demais. — eu disse a Michael. Michael era o mais novo bombeiro voluntário de Nick, e também o irmão mais novo de Maisy e Beau Holt. Ele não era tão grande quanto seu irmão, mas eu podia ver semelhança familiar. — Nem me diga. — disse ele. — Eu só venho como convidado. Isso foi uma loucura. Eu não sei como Nick fica tão calmo. Eu estava orgulhosa de assistir Nick esta manhã. Com uma multidão de pessoas tentando chamar sua atenção, ele nunca se atrapalhava. Ele

falava

enquanto

cozinhava,

sem

esforço,

conversando enquanto lançava centenas de panquecas. Ele

era

um

líder

natural. Inspirador. Estável.

Genuíno. Trabalhador duro. Se minha casa pegar fogo, eu não quero mais ninguém encarregado de apagar isso. — Obrigado pela sua ajuda, Emmeline. — disse Michael quando a mesa estava guardada no depósito. — O prazer foi meu.

— Foi legal da sua parte cuidar de Coby para que Maisy pudesse comer sem ele no colo. — Eu fiquei feliz em ajudar. Ele é um menino tão doce. — eu disse. — Eu não sou tão bom com bebês. Beau é melhor. — Michael franziu o cenho. — Não se preocupe. Ele não será um bebê por muito tempo. Você pode ambicionar a ser o tio que ensina ele a pescar ou pode levá-lo para acampar. — o cenho franzido em seu rosto se transformou em um sorriso feliz. Aparentemente eu tinha acabado de dar uma ideia a ele. — Certo. O meu trabalho aqui está feito. Enquanto vocês terminam de arrumar as mesas eu vou tirar uma soneca no sofá de Nick. — Obrigado novamente, Emmeline. Nick tem sorte de ter uma esposa tão boa. — disse ele. Esposa. Desde o começo Nick só tinha me chamado por dois apelidos, Emmy e Esposa. Eu gostava que eu não fosse o seu bebê, doçura ou querida. Eu era esposa. E ele era meu marido. Embora eu não o tivesse chamado assim desde Vegas. Eu não sabia o que, mas algo estava faltando agora. Uma parte de mim sentiu que usar esse apelido

depreciava

o

significado

verdadeiro

da

palavra

de

certa

forma. Tornava menos especial. Então eu não dizia. Mas eu não queria que Nick parasse de me chamar de esposa. Esse carinho era só para mim. Nenhuma outra mulher tinha adormecido em seus braços com aquela palavra ecoando em seus ouvidos. Eu me joguei no sofá e fechei os olhos, mas não consegui dormir. Havia muito barulho do lado de fora do escritório de Nick e dúvidas estavam rodando em minha mente. Precisamos do divórcio para começar de novo. Certo? Além disso, mesmo se terminássemos o primeiro casamento, isso não significava que não poderíamos tentar novamente algum dia. Se eu pudesse encontrar uma maneira de explicar, Nick certamente entenderia minha posição. Que eu não me sinto casada. E mesmo que eu gostasse de ouvir Nick me chamar de esposa, eu estava disposta a desistir do título. Por um tempinho. Porque quando eu conseguisse de volta, nada estaria faltando. **** — Olá?

— Coloque Nick no telefone. — uma voz áspera ordenou. Eu me sentei na cama e me forcei a acordar. Merda. O telefone na minha mão não era meu. — Nick. — eu disse, balançando seu ombro. Fiquei surpresa que ele não tinha acordado quando seu telefone começou a vibrar na cabeceira. Ele normalmente tinha sono leve, mas nós tivemos um dia incrivelmente longo e ambos estávamos exaustos. Despertamos as quatro da manhã. Chegamos na estação às cinco. Panquecas e

mais

panquecas. E

novamente,

panquecas. Limpar. Jantar na cafeteria. Sexo. Quando adormecemos às oito horas, nós estávamos mortos para o mundo. — Aqui. — eu disse, entregando o telefone. — Desculpe, eu atendi. Eu pensei que era o meu. — Está tudo bem, Emmy. — ele esfregou a mão sobre o rosto e sentou-se contra a cabeceira da cama. — Olá. — ele rugiu. Nick acordou totalmente no segundo em que a voz na linha começou a falar. Eu estendi a mão e acendi uma lâmpada. O rosto de Nick se transformou em pedra e seus olhos estavam tentando queimar um buraco nos pés de sua cama. — Não. — cortou Nick.

Eu ouvi a voz do homem através do telefone, mas não conseguia entender as palavras. — Não me ligue de novo. — Nick encerrou e desligou. Eu fiquei quieta, me apoiando ao lado de Nick e olhando para o quarto. No canto mais distante do quarto estava a porta que dava para o quarto principal e para a entrada do armário de roupas. Do outro lado da cama havia uma cômoda larga. Ao lado de seu relógio e algumas peças das minhas joias estava uma foto dele e de Dash quando eram mais jovens. Nick estava com o braço em volta dos ombros de Dash e ambos estavam encostados no capô aberto de um carro. Ao lado dessa foto havia uma nova adição. Uma foto que o piloto tinha tirado de mim e Nick em nosso passeio de balão de ar quente. Nick estava em minhas costas, inclinando-se para que seu queixo descansasse no meu ombro. Seus braços estavam amarrados no meu peito. Nossos narizes e bochechas estavam rosas do ar frio, mas nossos sorrisos eram quentes e brilhantes. — Você está bem? — eu perguntei a Nick depois de alguns minutos. — Sim. — ele murmurou. — Você quer conversar? — Não.

— Ok. — eu apaguei a luz e me mexi sob os cobertores. Eu confiei que Nick me contaria o que estava acontecendo quando ele estivesse pronto. E eu estava muito cansada para pressioná-lo hoje à noite. Não muito tempo depois que ele me enfiou na curva de seu corpo, adormeci. Não durou muito tempo. Uma batida na porta da frente nos acordou algumas horas depois. Nick correu para fora da cama enquanto eu corria para o armário para vestir o pijama e meu robe, então eu poderia me juntar a Nick lá embaixo e descobrir quem estava na sua porta às quatro horas de uma segunda-feira de manhã. — Que porra você está fazendo aqui? — Nick disse do andar de baixo. — Eu te disse no telefone que precisávamos conversar. Eu não reconheci a voz do homem, mas tinha que ser o mesmo que tinha ligado a algumas horas atrás. Quando cheguei à sala principal, três homens estavam em frente a Nick. — E eu te disse que não ia acontecer. — Nick estalou. Os homens deslocaram os olhos ao me ver descer a escada. Nick olhou por seu ombro nu quando eu vim direto para o lado dele.

Todos os três homens estavam vestidos inteiramente de preto, usando coletes de couro cheios de patches. Dash estava usando um colete quando ele nos visitou semanas atrás, mas antes que eu pudesse inspecioná-lo, ele o tinha guardado em

sua

mochila. Mas

isso

não

importava. Aqueles

coletes

significavam que esses homens eram de uma gangue de motoqueiros. — Esta é minha nora? — perguntou o homem do meio. Não é uma gangue. É a gangue do pai de Nick. E este era o Sr. Draven Slater em pessoa. Na cabeça ele usava uma bandana preta coberta de crânios brancos. Havia cachos aparecendo debaixo do pano que eram cinza escuro e combinava com a cor da barba. Nick e Dash devem ter herdado os olhos cor de avelã de sua mãe porque os olhos de seu pai eram castanhos sólidos. — Você não fala com ela. — Nick rosnou, parado na minha frente. — Vamos, Nick — disse um dos outros homens. — Estamos aqui apenas para conversar. — Fique fora disso, Stone — disse Nick. Stone era o mais velho dos três. Sua cabeça era careca, mas seu rosto estava coberto por uma longa barba branca trançada no queixo. Suas bochechas eram coradas e enrugadas.

— Oi. Eu sou Jet. — o terceiro homem disse, olhando em volta do corpo de Nick para me dar um pequeno aceno. Jet era um homem nativo americano atraente, provavelmente da minha idade. Seu corpo atlético era semelhante ao de Nick e ele tinha um largo sorriso no rosto. Ele estava alheio à tensão na sala ou ele simplesmente não se importava. — Olá, sou Emmeline. Jet andou a passos largos entre Draven e Nick e se sentou no sofá. — Emmeline. Ótimo nome. — ele disse. — Caralho que robe fenomenal! Minha garota adoraria isso. Onde você conseguiu? — Obrigada. Eu comprei isso em um spa na Itália. — Legal! Você tem café? — perguntou ele. — Eu estou esgotado. A viagem para cá levou uma eternidade. Eu não tinha ideia do que dizer então apenas olhei para ele até que ele piscou para mim. Eu olhei para Nick, que encolheu os ombros, minha deixa para sair e fazer algo. — Claro. Mas antes que eu pudesse me mover para a cozinha, Draven estendeu a mão para mim. — Draven Slater. — Eu sou Emmeline Austin. — eu disse, em seguida, apertei a mão de Stone, assim que meus modos assumiram. — Prazer em conhecer vocês dois. Café?

— Sim. — disse Draven. — Nós vamos ficar por aqui um pouco. — sua última frase foi para Nick. — Porra, você é teimoso, velho. Deixe-me colocar uma camisa — disse Nick e correu para o andar de cima. Eu me ocupei com o café até que Nick voltou e todos nós sentamos na sala. — Você gostaria de explicar por que você dirigiu três horas para falar comigo quando eu te disse no telefone que não ia acontecer? — Nick perguntou. Ele estava sentado ao meu lado no braço da poltrona com os braços cruzados sobre o peito. — Eu queria conhecer sua esposa. — disse Draven. — Agora você conheceu. Tchau, pai. — Há outra coisa. — Imaginei. — Nick murmurou. — Emmeline. Esta não é uma conversa para você. Que tal você subir? — Não. — disse Nick, colocando a mão no meu joelho para que eu não subisse. — Se você tem algo para discutir comigo que você não quer que minha esposa ouça, então você deveria ter escolhido um momento melhor para visitar. Acho que eu fui bem claro ao telefone. A sala ficou em silêncio. Os olhos de Draven se estreitaram para Nick antes de virem para mim. Eu endureci minha coluna e segurei

seu olhar com igual intensidade. Determinação percorreu minhas veias. Draven zombou, esperando que eu desistisse, mas eu não ia dar a ele essa satisfação. Quando se tratava de pessoas que eu não gostava, nunca recuava. E eu não gostava de Draven. Ele era rude. Primeiro, ele ligou no meio da noite. Então ele invadiu a casa de Nick antes do alvorecer. Agora ele estava dizendo que não era meu lugar me sentar na sala de estar da casa onde eu basicamente morava há meses. E esse olhar era apenas uma tática de intimidação. Mas eu não deixaria que ele me tirasse da sala, não enquanto Nick dissesse que eu poderia ficar. De muitas maneiras o comportamento de Draven me lembrou do meu pai. E apesar de eu sempre ter tido dificuldades de enfrentar Trent Austin, fazer frente a Draven não era tão desafiador. — Porra. Ela tem coragem. — Draven finalmente disse, se afastando. — Ela me lembra de sua mãe. — Stone riu. — Elas são muito parecidas. — disse Nick antes de olhar para o pai. — Emmy pode se defender. Mas vou avisá-lo uma única vez. Se você olhar para ela assim de novo, eu vou bater em você e te deixar por um fio.

Eu engoli um suspiro na declaração de Nick. Draven olhou para o chão e assentiu. — Eu me desculpo, Emmeline. — O que você quer? — Nick cortou. — Merda está para acontecer com os Arrowhead Warriors. Está ficando fora de controle e precisamos acabar com isso. Alguma coisa séria. Estamos

querendo

enviar

uma

mensagem. Os

Gypsies

precisam de um favor. — Draven disse. — Que tipo de favor? — Preciso de você para nos ajudar a começar um incêndio.

Capítulo Dezenove Eu fechei minha boca e escutei enquanto Nick, seu pai e os homens de seu pai tiveram sua conversa. Eu fiquei em silêncio, mas isso não significava que minha mente não estava acelerada. — Não. — Nick disse ao pedido de Draven. Iniciar um incêndio? Nick apagava incêndios. Ele não os iniciava. — Eu não perguntaria se eu tivesse outra pessoa para fazer isso. — disse Draven. — Preciso que isso seja feito corretamente. Sem vestígios. — Sem chance, pai. Não vou me envolver com sua merda. Draven se sentou calmamente no sofá e olhou para Nick, seus olhos castanhos sustentando os de seu filho quando ele se recusou a desistir. — Só preciso que você venha e nos dê algumas dicas, ajudenos a descobrir como incendiar este lugar sem que meus homens sejam incriminados. — Não. — Nick repetiu, sua postura firme e inabalável. — Por que não? — Stone perguntou. — Essa merda é séria, Nick. Mostre alguma porra de lealdade.

Fiquei surpresa com a repentina raiva do homem mais velho. Se alguém na sala estivesse prestes a perder a calma, eu esperava que fosse Draven. Até mesmo Jet estava agora usando um olhar sério. Mas não Draven. Sua expressão permaneceu impassível. Erguendo a mão, Draven imediatamente silenciou o protesto de Stone. — Este acordo com os Warriors não vai acabar bem se não tivermos a sua ajuda. — Não fale comigo sobre finais ruins. Eu vi em primeira mão o que pode acontecer com os inocentes pegos em uma rivalidade entre gangues de motoqueiros. — disse Nick. — O que aconteceu com os Travelers e sua mãe foi trágico. — disse Draven. — Eu os subestimei e não farei o mesmo com os Warriors. Você de todas as pessoas deveria entender minha necessidade de atacar primeiro, manter os danos e baixas contidas. À menção de sua mãe, o corpo já tenso de Nick se tornou uma rocha. Os músculos de seus antebraços pulsavam enquanto suas mãos se apertavam em punhos. — Ela ficará mais segura se você nos ajudar. — disse Draven. — Eu sinceramente duvido muito. — Nick estalou. “Ela” deve ser eu e eu tive que concordar com Nick. Ajudar a gangue de seu pai só causaria problemas.

— Pense nisso. — disse Draven casualmente, como se estivesse pedindo a Nick para considerar os planos para o jantar e não para ele ir contra tudo o que representava como bombeiro. — Minha resposta não vai mudar — disse Nick. — Vamos ver. — Draven murmurou e se levantou do sofá. Jet e Stone o seguiram. Todos os três se dirigiram para a porta sem outra palavra. De costas para mim, dei uma boa olhada nos remendos nas costas dos coletes. Em letras inglesas antigas, os Gypsies arqueavam-se sobre um crânio primorosamente costurado. Abaixo, estava escrito “Viver para Montar” e “Ando Livre”. Metade do rosto do crânio era de um cigano com um pano colorido na cabeça e outra parte uma caveira mexicana costurada ao redor do olho, boca e nariz. A outra foi costurada inteiramente com fios prateados, fazendo com que parecesse metal. Atrás dessa metade do crânio havia uma onda de chamas vermelhas, laranjas e amarelas. Em uma tela, eu teria considerado a obra de arte bonita. Na parte de trás de seus coletes, era arrepiante. Da porta, Nick e eu assistimos os homens subirem dentro de um grande caminhão preto e se afastarem. — Você já ajudou antes? — eu perguntei quando eles estavam fora de vista. — Uma vez. Eu respirei fundo e fechei os olhos.

— Não é algo que eu tenha orgulho de admitir, Emmy. — ele sussurrou e caminhou até o sofá. — Quando? — perguntei. — Logo depois de Vegas. — disse Nick. — Dash estava decidido a se juntar ao clube e o meu amigo tinha acabado de ser morto. Eu imaginei que se eu ajudasse, talvez as coisas se acertassem e Dash pudesse aprender como se proteger. Então ajudei papai a incendiar o clube dos Warriors. Eu tinha acabado de terminar meu treinamento aqui com o antigo chefe dos bombeiros. Eu me certifiquei de que o fogo não seria rastreável quando fosse investigado. — Alguém morreu? — perguntei. — Não. — ele balançou a cabeça e afundou no sofá. — Eu disse ao papai que não estava ajudando a menos que ele pudesse garantir que o prédio estivesse vazio. — o corpo dele estava encolhido, seus ombros curvados quando a cabeça dele voltou-se para o chão. Eu tinha certeza de que Nick havia se punido durante anos por ajudar seu pai. Enquanto isso, minha cabeça ainda estava girando enquanto eu tentava processar o fato de que Nick tinha ajudado seu pai a cometer um crime grave. — Não tenho certeza do que dizer. — Diga que você não vai me deixar agora que você sabe sobre o meu passado.

Minha resposta foi automática e verdadeira. — Eu não vou deixar você. — Diga isso de novo. — Eu não vou deixar você. Nick se levantou do sofá e veio direto para o meu espaço. Ele tocou seus lábios contra os meus, em seguida, acariciou sua bochecha barbada no meu pescoço e beijou a dobra do meu queixo. Um gemido saiu da minha garganta. O beijo no queixo era uma coisa nova. Ele estava fazendo isso há algumas semanas, e cada vez, formigamentos explodiam na minha bochecha. Esse homem sabia exatamente como me fazer tremer. A boca de Nick bateu na minha e eu soltei outro gemido. Sua língua dominou minha boca e eu não tive escolha senão inclinar minha cabeça e dar-lhe acesso total. Alcançando minhas costelas, ele me levantou em seus braços e me levou para a cozinha, tirando o short do meu pijama antes de me colocar no balcão. Quando minha bunda bateu no granito, só estava coberta com uma calcinha preta de cetim. E então não estava mais. — Feche os olhos, Emmy. — ele colocou uma mão no meu peito e gentilmente me empurrou para trás, então eu estava deitada no balcão. Suas mãos viajaram lentamente para os meus joelhos, acariciando a pele nua das minhas pernas. Começando com o meu lado direito, ele arrastou beijos ao longo da minha coxa enquanto

empurrava suavemente meu joelho para o lado. Então ele fez o mesmo com o esquerdo. Essa barba ia ser a minha ruína. Eu queria abrir os olhos, mas sabia que não deveria ignorar suas ordens. Quando nós estávamos brincando ele ficava no comando. E desde que isso sempre funcionou muito, muito bem para mim, não protestei. Esperar

Nick

me

tocar

era

uma

agonia. Eu

estava

completamente preparada e pronta para a sua boca, mas ela nunca veio. Instantes passaram sem qualquer ruído, nem mesmo sua respiração. Meus batimentos cardíacos acelerados e respiração ofegante eram os únicos sons na sala. O jeito que Nick podia antecipar e ler meu corpo sempre me deixava perplexa. Antes que eu estivesse prestes a quebrar, sua respiração estava contra o meu centro. Um longo golpe de sua língua e minhas costas arquearam no balcão. — Minha doce Emmy. — ele sussurrou antes de um segundo golpe, este se arrastando todo o caminho para cima para que ele pudesse apertar meu clitóris com a ponta da sua língua. Eu engasguei quando ele desistiu dos golpes e abocanhou meu clitóris, chupando suavemente e mordiscando até que todos os músculos do meu corpo estivessem tremendo.

Nick normalmente me levava para cima e para baixo algumas vezes antes de finalmente me fazer gozar. Mas não esta noite. Ele continuou em mim até meu orgasmo crescer. Quando explodiu, eu gritei o nome de Nick, contorcendo-me no balcão enquanto a sensação balançava meu corpo, sua língua mergulhando dentro do meu sexo pulsante. — Tão bom. — eu ofeguei quando meu orgasmo finalmente parou. — Nós não terminamos ainda, esposa. — senti a ponta do seu pau

na

minha

entrada,

espalhando

minha

umidade

no

preservativo. Ele deslizou para dentro, parando por um momento para deixar meu corpo se ajustar, e então ele se soltou. Suas mãos agarraram a parte de trás dos meus joelhos, os mantendo afastados, enquanto seus quadris batiam para frente. Nick me fodeu duro e firme. O som da sua pele batendo contra a minha ecoava na cozinha. Manchas brancas explodiram atrás das minhas pálpebras fechadas enquanto eu agarrava minhas mãos contra a superfície de granito, procurando me segurar quando outro orgasmo intenso rasgou meu corpo. Cada músculo no meu núcleo pulsava em torno de seu pau grosso.

As estocadas de Nick ficaram desesperadas enquanto ele corria em direção à sua própria libertação. Eu abri meus olhos para vê-lo gozar. Sua cabeça estava inclinada para o teto. Ele então abriu a boca e soltou um gemido profundo. Envolvendo minhas pernas ao redor dos quadris de Nick, eu me empurrei para cima do balcão para que eu pudesse pressionar meu peito contra o dele. Seu pau duro ainda estava se contorcendo dentro de mim enquanto eu enfiava meus dedos pela barba dele e puxava sua boca até a minha, saboreando seus lábios. Eu quebrei nosso beijo para inalar algum oxigênio muito necessário e desmoronei contra ele. O cheiro picante do suor de Nick encheu meu nariz enquanto eu respirava pesadamente contra seu pescoço. — Diga isso mais uma vez. — ele sussurrou. — Eu não vou deixar você. **** No final do dia eu estava cansada e feliz por estar de volta à casa de Nick para a noite. A primeira coisa que fiz foi trocar minhas roupas de trabalho para um par de meias de lã e uma das camisas de flanela dele. Então eu me juntei a ele na cozinha, tomando um copo de vinho enquanto ele nos preparava um jantar. — Como foi seu dia? — Nick perguntou.

— Longo. — eu disse. — Estou exausta. O trabalho foi bom embora. Eu não posso te dizer como é bom sentar e ver Mason chegar à escola limpo e bem alimentado. Ele está realmente saindo de sua concha. Estas duas últimas semanas nos Drummonds fizeram maravilhas para Mason. Eu tive alguns pesadelos desde o incidente na casa de Kira Robertson, mas Nick tinha sido meu salvador naquelas noites, me puxando para perto e dizendo que tudo estava bem. Ver Mason feliz hoje fez todos os pesadelos valerem a pena. Ele foi finalmente capaz de agir como o garoto de seis anos que ele era. Eu só esperava que o tempo dele com os Drummonds pudesse durar, que talvez eles encontrassem em seus corações a vontade de fazê-lo uma parte permanente de sua família. — Estou feliz. — disse Nick. — Esse garoto merece um pouco de felicidade. — Absolutamente. Como foi o seu dia? — Brutal. Eu estou cansado pra caralho. — ele disse. — Eu corri em torno da cidade pegando caixas de dinheiro dos ingressos do café da manhã, o que provavelmente foi uma coisa boa para eu fazer hoje. Eu teria adormecido na minha mesa. Vamos dormir cedo. — Você não vai me ouvir discutir. Então você contou o dinheiro? Ele assentiu e sorriu.

— E? — eu perguntei, o cutucando no peito. Ele riu, segurando o peito. — Ai! Eu revirei meus olhos. — Nick! Conte! — Nove mil, duzentos e cinquenta dólares. — Sim! — eu gritei, levantando um braço no ar. — Vamos facilmente fazer o resto com as vendas do calendário. — As vendas de rifas foram grandes. Eu não posso te dizer o quanto eu aprecio ter você ajudando. — Não precisa agradecer. Eu fiquei feliz com isso. Trabalhar lado a lado com Nick para alcançar seus objetivos foi divertido. Claro, eu poderia ter apenas assinado um cheque para os dez mil dólares, mas eu não queria usar meu dinheiro para ajudá-lo, eu queria usar minha mente. E o resultado valeu todo o trabalho adicional. — Então, alguma notícia do seu pai? — eu perguntei. Ele assentiu. — Sim. Mas vamos conversar sobre isso depois do jantar. — Ok. Os problemas com Draven consumiram a maior parte da minha cabeça hoje. Principalmente, eu estava preocupada sobre como Nick estava se sentindo. Se ele quisesse esperar até mais tarde para conversar, não podia significar coisas boas.

Comemos sanduíches simples, mas deliciosos para o jantar e nos retiramos para a sala para relaxar antes de dormir. Nick trabalhou para acender a lareira enquanto eu descansava no sofá, aproveitando o estalo e o crepitar quando o fogo veio à vida. Casa. Minha casa ficava a cinco minutos de distância. Mas aqui com Nick, isso parecia minha casa. Seria maravilhoso viver juntos aqui algum dia. Isso é, se eu não o distanciar completamente pedindo o divórcio. E quanto mais eu adio, mais fica provável que isso aconteça. Mas com todo o drama de seu pai hoje, não era hora de falar sobre isso. Nick não precisa de mais stress do que ele já estava lidando, então eu atrasaria a nossa conversa, novamente. O fogo estava rugindo e Nick se acomodou ao meu lado no sofá. — Jess me ligou hoje e me deu uma atualização sobre o namorado de Robertson. — E? — O namorado se declarou culpado de todas as acusações. Nós não vamos vê-lo por perto novamente por um longo tempo. Nenhum julgamento e uma estadia prolongada em uma instituição correcional significavam que as chances de eu ver aquele rosto de maluco novamente eram nulas.

— E fica melhor. — disse ele. — Adivinha quem fez as malas e mudou-se para o Wyoming no final de semana? — Tia Kira? — eu perguntei esperançosa. — Oh sim. —Ah Deus. — eu sorri e acenei minha mão no ar. — Essa foi a coisa boa, Emmy. — disse Nick. Meu nariz se encolheu. — Papai me ligou durante todo o dia. Até mesmo Dash tentou algumas vezes. Ele está colocando pressão para eu ajudar. — Você está considerando isso? — Não. — disse ele. — Mas telefonemas e visitas são apenas o começo. Papai é teimoso pra porra e raramente não consegue o que quer. Ele começará a aumentar suas técnicas de persuasão. — O que isso significa? — eu perguntei. — Ameaças. Ele provavelmente encontrará algum jeito de usar você contra mim. Me forçar a isso. — Oh meu Deus! — eu sussurrei. — Não surte ainda. — disse ele. — Muito tarde. — Ele não vai te machucar, Emmy. — Você acabou de dizer que ele me ameaçaria.

— Sim, ele vai. Mas não com violência física. Meu palpite é que ele já fez algumas investigações e descobriu que você tem dinheiro. Isso é provavelmente por onde ele vai começar. Eu posso vê-lo me chantageando. Ele provavelmente vai ameaçar hackear sua conta bancária e esvaziá-la. — Boa sorte, Draven. Meu pai era paranoico com relação à segurança e ataques cibernéticos. Ele gastou centenas de milhares de dólares mantendo todos nós fisicamente seguros. Mas Trent Austin gastou milhões protegendo sua fortuna e as de seus filhos. Mesmo que ele não tivesse pessoalmente herdado a fortuna do meu avô, ele sempre se certificou de que meu dinheiro e do meu irmão estavam seguros. — Seu hacker é bom. Isso pode acontecer. — disse Nick. — Duvido. — eu disse. — Mas são bem-vindos para tentar. Na verdade, espero que eles tentem e que quando eles se depararem com os bloqueios de segurança do meu pai, isso os irrite. — Se ele entrar, você nunca mais verá o dinheiro. — Se é isso que é preciso para você não ter que cometer um crime... — Honestamente, Emmy? Eu não sei se posso deixar isso acontecer. Arriscar que você perca tudo só por mim.

— Ele é um idiota manipulador. Não se atreva a ceder para ele, Nick. — eu disse. — Não é certo. E se você não resistir a ele, ele nunca desistirá e nos deixará em paz. — Eu sei. — ele soltou um longo suspiro e seus ombros caíram. Nick carregava tanto naqueles ombros. Eu queria que sua família parasse de aumentar a carga. Eu odiava vê-lo assim derrotado. — Eu desprezo seu pai! — levantei do sofá e comecei a andar em frente a lareira. — Ele não é minha pessoa favorita também. — O que mais? Além de ir atrás do meu dinheiro, o que mais ele faria? — Eu não sei. — disse ele, passando a mão pelo cabelo. — Ele vai ser criativo. — Existe alguma coisa que podemos fazer para que ele recue? — Na verdade não. Quando conversei com Dash hoje, pedi a ele que ajudasse a explicar para o papai por que não posso fazer isso. Eu acho que ele entendeu, mas no final do dia, Dash sempre vai ser fiel ao pai e esse clube de merda. — Então vamos ter que lidar com o que vier. Eu não tenho medo de Draven. Ele pode pressionar tão forte quanto ele quiser, eu não vou desistir. E você também não. — Continuei andando e anotando

mentalmente tudo o que eu ia dizer para Draven na próxima vez que o visse. — Vem cá, Emmy. — disse Nick. — Não. Estou com muita raiva para me sentar. Nick me agarrou pelo pulso e me puxou pelo espaço entre nós, diretamente em seu colo. — Eu amo esse temperamento, Emmy. Eu amo que é por mim. Estou te dizendo tudo isso, então você estará preparada. Mas eu não quero que você fique nervosa e se preocupe. Nós vamos fazer como você disse. Lidaremos com isso quando acontecer. Ok? Eu assenti. — Significa o mundo para mim que você desistiria de seu dinheiro apenas para que eu possa evitar a adição de outro ponto negativo a minha ficha. Mas eu não acho... Pressionando meus dedos em seus lábios, silenciei seu argumento. — É só dinheiro. Não é tudo que importa. Isto é. — eu disse, colocando minha mão em seu coração. — Por favor, não dê para ele. — Eu não vou. — Promessa? — Promessa. ****

Domingo de Páscoa. Um dia que me lembrava de vestidos com babados em tons pastel. Meu pai sempre insistiu que eu usasse um conjunto elaborado de menininha para o almoço anual que minha família organizava na nossa propriedade de Nova York. Nossa equipe passaria a semana preparando os jardins com guloseimas escondidas. Todas as crianças, incluindo meu irmão, corriam para fora para ver onde as guloseimas de Páscoa haviam sido escondidas. Todas as crianças, menos eu. Eu tinha sido forçada a permanecer na nossa varanda com uma cesta previamente cheia de doces para que meus vestidos não corressem o risco de serem destruídos. A caça aos ovos perdeu seu apelo na minha adolescência, e estudantes universitários não pensariam em participar de uma atividade tão juvenil. Então, este ano eu estava finalmente livre para fazer algo que eu quis fazer toda a minha vida. Rastejar em torno da grama e da sujeira, procurando acima e abaixo por ovos de plástico cheios de doces. E eu pedi a Nick para ajudar. Ele estava atualmente lá fora escondendo ovos enquanto eu estava na janela da sala de jantar espiando. Nós estávamos passando férias tranquilas juntos. Um pernil caramelizado estava no forno junto com um incrível prato de batatas que Nick criou. Nós também tínhamos uma salada em camadas que

eu fiz na noite passada. Gigi me deu a receita e me garantiu que eu não conseguiria estragar. — Emmeline! — Nick gritou, me assustando longe do vidro. Ele estava apontando para mim através da janela da sala de estar. —Pare de trapacear! Eu estendi a minha língua e abandonei o meu posto para pegar outra Coca Cola diet. Por que eu pensei que isso seria divertido? A antecipação estava me matando. Enquanto esperava por Nick, seu telefone tocou. Draven. — Draven! — Eu disse ao telefone, apertando o botão vermelho. Fazia uma semana desde a visita indesejada do pai de Nick e Draven não desistiu de seus telefonemas. Toda hora o telefone de Nick tocava e ficava sem resposta. Na sexta-feira, Draven decidiu começar a ligar para o meu telefone também. É claro que no segundo que o telefone de Nick parava de tocar, o meu começava. — Oh pelo amor... — mas não era o pai de Nick ligando para o meu telefone. Era o meu. Eu não tinha falado com meu pai há meses, não desde que ele ligou para me repreender por terminar meu relacionamento com Logan. Nossa única comunicação era via e-mail e atualizações através de Steffie. Eu mandei uma nota para ele parabenizando-o por seu noivado. Ele tinha me encaminhado o recibo por pagar a Fred Andrews pelos meus papéis de divórcio.

— Olá Pai. — Emmeline. Olá. — Feliz Páscoa. Steffie mandou uma mensagem para dizer que o seu brunch anual correu bem. — Realmente. Você tem planos para o seu feriado? — Nick e eu vamos ter um bom jantar em breve. Então imagino que vamos relaxar. — Claro. Seu marido. — disse ele. — Exatamente o motivo da minha ligação. Fred Andrews me disse que ele ainda não recebeu seus papéis de divórcio. Quando você planeja acabar com esse seu casamento ridículo? Eu endireitei minha coluna e respirei fundo. Era hora de dizer ao meu pai para ficar fora da minha vida. Nervosismo estava correndo pelo meu corpo, mas eu me lembrei de manter uma voz firme. — Isso não é da sua conta, pai. E antes que você me interrompa, quero deixar claro. Não vou discutir isso com você. Meus relacionamentos são exatamente isso. Meus. O que eu decido fazer sobre o meu casamento não é da sua conta. Agora estou feliz em conversar se você tiver outros tópicos que deseja discutir. Mas esse aqui está fechado. Entendido?

— Estou surpreso com você, Emmeline. — meu pai respondeu em sua voz gelada. — Sua estupidez. Que você ousaria falar comigo desse jeito. Eu poderia arruinar você. — Faça o que você precisar, pai. Destrua minha reputação entre seus amigos. Eu não me importo. Eu não voltarei para Nova York. Minha vida está aqui e nada que você possa fazer mudará isso. — Eu não te entendo. — ele retrucou. — Não! E você nunca tentou! — eu gritei. — Eu sempre quis um relacionamento com você. Sempre. Mas viver de acordo com seus termos não é mais uma opção para mim e eu não vou continuar a ter você me ameaçando e me repreendendo só porque eu estou vivendo uma vida que finalmente me faz feliz. Adeus, pai. Feliz Páscoa. Eu terminei a ligação e joguei o telefone no balcão. Eu fiz isso. Finalmente. Eu coloquei meu pai no lugar dele. Eu deveria ter feito isso anos atrás, em vez de sempre fugir dele e evitar o confronto. Eu andei rapidamente para fora. Meu coração estava batendo e eu ainda estava tremendo, mas havia orgulho nos meus passos. Eu pulei os degraus da varanda e fui direto para Nick. Ele estava debruçado sobre uma árvore, mas se levantou quando ouviu meus passos. No momento em que eu estava a poucos metros dele, eu estava correndo. Ele se levantou e se preparou, abrindo os braços

quando eu lancei meu corpo para o dele. Minhas pernas enrolaram em volta da cintura dele. Meus braços nos ombros dele. — O que há de errado? — ele perguntou, me segurando com força. Com a luz de fora, o verde-sálvia do centro de seus olhos vibrantes eram ferozmente brilhantes. Um enorme sorriso se espalhou pelo meu rosto. — Pela primeira vez eu não me contive e eu acabei de repreender meu pai. — meus braços voaram no ar e joguei minha cabeça para trás. — Sim! Então nós dois começamos a rir. Trinta minutos depois havia sujeira sob minhas unhas. Meu jeans tinha manchas de grama nos joelhos. Havia um galho no meu cabelo. E o sorriso no meu rosto parecia permanente. Eu tinha encontrado cada um de seus ovos escondidos, menos um. — Eu desisto. — eu disse a Nick. — Bem ali — disse ele, empurrando o queixo para a varanda. E com certeza, um ovo amarelo brilhante estava escondido à vista de todos. — Obrigada. — Tudo o que seu coração desejar, Emmy. Minhas bochechas ficaram rosa. Eu realmente amava quando ele dizia isso.

Com a caça aos ovos de Páscoa completa, Nick e eu trabalhamos juntos na cozinha para preparar nosso jantar. Com pratos postos, sentamos na mesa da sala de jantar para comermos. — Então, o que seu pai queria? — Nick perguntou. Eu estava tão empolgada com a minha própria vitória pessoal que ele não perguntou enquanto estávamos do lado de fora. Mas agora que ele fez, era a minha chance de dizer a verdade. Que eu pensava que o divórcio seria uma coisa boa para o nosso relacionamento. Eu encontrei a coragem de falar com ele sobre isso na semana passada, mas tinha me distraído quando ele disse que seu pai estava pressionando-o para ajudar o clube. Desde então, não achava a hora certa para trazer o assunto. Mas agora eu gostaria de ter forçado isso antes. Ter esta conversa hoje certamente arruinará a nossa Páscoa. Aqui vai. Eu abri minha boca e, em seguida, apertei-a quando seu rádio da central disparou no andar de cima. Isso foi seguido por um bipe estridente de seu Pager e o toque em seu celular. — Porra. — ele murmurou, correndo para seu Pager. — Está tudo bem? — O cinema está em chamas.

Capítulo Vinte — Pegue seu casaco, Emmy. Depressa. — Nick estava lutando para encontrar suas chaves enquanto calçava suas botas. — Você vai. Eu só te atrapalharia. — eu disse, embora ainda estivesse correndo para o cabide. — Eu não quero me preocupar com você aqui sozinha, não com toda essa merda do meu pai acontecendo. Preciso me concentrar no incêndio e não vou conseguir com você aqui. A viagem de dez minutos para a cidade levou três. Enquanto Nick acelerava pela estrada, ele fez ligação após ligação, dando ordens aos homens que o haviam seguido até o quartel dos bombeiros. Quando chegamos à rua principal, vi fumaça saindo das portas da frente do teatro. O carro de polícia de Jess estava estacionado, bloqueando a estrada, com as luzes da polícia piscando. Nick saiu direto da avenida principal, manobrando pelas ruas laterais para evitar o bloqueio. Quando nós voltamos para a estrada, dois carros de polícia cruzaram conosco, indo na direção oposta. Parando em frente ao quartel, Nick saltou e correu para dentro. Eu desliguei a caminhonete, peguei minha bolsa e corri atrás dele.

A maioria dos bombeiros voluntários já estavam aqui e os que estavam vestidos com equipamentos de proteção estavam subindo no caminhão. Os outros estavam perto dos armários, puxando casacos, botas, luvas e capacetes. Nick vestiu seu equipamento em segundos. — Tranque a porta! —

ele gritou, correndo pelo chão de

concreto e pulando para o caminhão quando manobrou para fora da estação. No minuto em que as rodas do carro de bombeiros atingiram a estrada, as sirenes gritaram enquanto voava pela estrada. Eu chequei meu relógio. Sete minutos Parecia que tínhamos jantado horas atrás, não minutos. Eu só esperava que fosse rápido o suficiente e os homens pudessem salvar o cinema. O som da sirene desapareceu e foi substituído por um silêncio sinistro. A movimentação em torno de mim se foi, mas meu cérebro ainda estava girando. Quando as portas estavam trancadas, envolvi meus braços em volta

do

meu

estômago

e

caminhei

para

o

poço

de

plantão. Afundando em um dos sofás esfarrapados, eu me deixei entrar em pânico. E se Nick se machucasse? Ou pior. A imagem mental dele correndo para um edifício em chamas consumiu minha mente.

Nick tinha um trabalho perigoso, mas durante meses nada havia acontecido. Eu tinha me enganado em acreditar que seu trabalho era todo de treinamento voluntário, café da manhã com panquecas e demonstrações no jardim de infância. Agora eu estava diante da realidade incapacitante. Ele poderia ser gravemente ferido em um incêndio. Bombeiros morriam. E se ele não voltasse? — Pare de surtar. — eu disse a mim mesma. Eu tinha que parar com esses pensamentos negativos. Eu estava perdendo minha mente. E a quietude da sala estava me deixando ainda mais louca. Eu estava orgulhosa de Nick por combater incêndios. Era heroico e corajoso. Mas agora, neste momento, a preocupação estava me consumindo. Eu precisava de uma distração. Algo para manter minha mente ocupada enquanto esperava. E eu sabia exatamente o que fazer. Nas três horas seguintes, sentei no computador de Nick e pesquisei o custo de iniciar uma oficina. Pelos meus cálculos, trezentos mil comprariam a Slater’s Station. Era tarde demais em uma noite de domingo para transferir dinheiro das minhas finanças, mas amanhã de manhã ligaria para o meu gerente financeiro. Até o final da semana esse dinheiro estaria disponível no Banco de Jamison Valley. Se Draven acabasse vindo

atrás da minha fortuna, eu queria financiar a oficina de Nick em dinheiro. Eu estava desligando o computador quando a porta da garagem começou a abrir. Os bombeiros de Prescott lentamente saíram do carro. Eles estavam todos cobertos de fuligem escura e suor. Eu quase caí de joelhos quando Nick caminhou em minha direção. — Você está bem. — eu suspirei, passando minhas mãos por seu casaco sujo. Eu não me importava se minhas mãos ficassem sujas enquanto eu pudesse tocá-lo. — Sim. Estamos todos bem. — disse ele. Fechei os olhos e me forcei a não chorar. Por horas eu fiquei ansiosa imaginando os piores cenários possíveis. — Eu estou bem. — Nick me tranquilizou. Eu balancei a cabeça e inalei outra respiração calmante. — O que eu posso fazer? — Nada. Temos que descarregar o caminhão e ter o equipamento preparado e guardado. Eu vou provavelmente tomar um banho aqui, tirar um pouco do cheiro antes de irmos para casa. — Certo. Eu vou ficar fora do caminho. — eu disse.

Alcançando seu rosto barbudo, eu inclinei meu queixo para que Nick pudesse se abaixar e levemente roçar os lábios dele contra os meus. Ele cheirava mal. Como pipoca queimada e fumaça de fogueira. O fedor ficaria no meu cabelo e eu sentiria o cheiro a noite toda. Mas eu não me importava. Estava escuro quando nos afastamos da estação. Nick tomou um banho rápido, mas ele ainda estava uma bagunça. Seu cabelo precisava de pelo menos mais duas rodadas de xampu, e a fuligem na pele áspera de suas mãos provavelmente vai ficar lá toda a semana. — É ruim? — eu perguntei quando ele virou na Main Street. Eu não sabia se poderia suportar ver o cinema em cinzas. — Não. Parece o mesmo do lado de fora. O interior está uma bagunça, mas a coisa boa é que chegamos rápido. A maior parte do dano ficou isolada na área de conveniência. Os donos devem ser capazes de reformar novamente. — Isso é ótimo. Você sabe o que causou o incêndio? — Malditas crianças. Um dos garotos do ensino médio que trabalha no cinema decidiu entrar lá hoje com a namorada dele. — Na Páscoa? — perguntei. — Sim. O cinema estava fechado. Eles precisavam de um lugar vazio para fazer sexo.

— O que te faz pensar isso? Nick não respondeu, mas começou a rir. Depois de alguns momentos, suas risadas se transformaram em gargalhadas. Sua barriga estava agitando e suas mãos golpeavam o volante enquanto ele rugia. — Nick! — eu gritei. —Diga-me! — seu sorriso era contagiante. Sua risada morreu quando passamos pelo cinema. Um carro de polícia ainda estava do lado de fora, mas todos os espectadores e outros funcionários haviam ido para casa. — Esse garoto foi estúpido o suficiente para ficar lá dentro. Ele veio correndo do banheiro, tossindo e abanando a fumaça, com dois copos de Coca-Cola cheios de água. Eu agarrei ele pela camisa, pronto para colocá-lo para fora, quando olhei para baixo para ver sua minúscula pica saindo de sua calça. Nick começou a rir de novo. — Pica? — eu perguntei. — Sim. Você sabe? Seu pau. — Entendi. Não há necessidade de mais explicações. Eu só não acho que eu já tenha ouvido alguém dizer a palavra pica. — Eu ri. — Eu posso ter que dizer isso com mais frequência então. — Não, obrigada.

Nick não tinha uma “pica”. Ele tinha um pau. Era grande e grosso. Isso me dava um prazer imensurável, e se ele o chamasse de pica, eu ia acabar com os boquetes das noites de sexta-feira. — Então, o que ele fez que causou o incêndio? — perguntei. — Ligou a máquina de pipoca. Ele deve ter colocado muito óleo. Ele e sua garota entraram no cinema e esqueceram que a maldita máquina

estava

ligada. Aqueceu

muito

e

pegou

fogo. Isso

praticamente destruiu a área de conveniência. Uma das paredes terá que ser derrubada e substituída. Fiquei tão aliviada que segurei a mão de Nick em silêncio pelo resto da viagem. Eu estava exausta, mas feliz que tudo terminou bem. Assim que eu colocasse os pratos do jantar para enxaguar, eu ia direto para o andar de cima dormir. Talvez no próximo domingo pudéssemos passar o dia inteiro sem drama. Eu adoraria nada mais do que entrar em uma segundafeira com uma noite inteira de sono. — Emmy? — Sim? — No próximo domingo, vamos desligar todos os nossos telefones e trancar a porta. Ele não ia ouvir nenhum argumento meu. ****

Nick — Eu preciso ir a minha casa hoje à noite. — Emmy me disse pelo telefone. — Faz um mês desde que eu limpei e tenho certeza que há um centímetro de poeira por toda parte. — Ok. Eu estava pensando em tirar minha moto da garagem. Está bem quente hoje. Eu queria levá-la para um passeio rápido, então vou descobrir se há alguma coisa que eu preciso ajustar antes do verão. — Você tem uma moto? — ela perguntou. — Meu pai é o presidente de um clube de motos. — Um clube que você não gosta. — Eu não gosto do clube. Eu nunca disse que não gostava das motos. — eu disse. — Certo. Então você vai fazer o seu passeio enquanto eu limpo? — Não. Eu ajudo você a limpar e depois fazemos o passeio juntos. — Eu na parte de trás de uma moto? De jeito nenhum. Sem chance. Eu abri minha boca para desafiá-la, mas fiquei em silêncio. Emmy tinha me dito que ela me perdoou por Vegas, mas ela também estremecia sempre que eu fazia algo que a lembrava da nossa noite de núpcias.

Talvez com o tempo pudéssemos chegar a um ponto onde ela gostaria dos lembretes, quando ela gostaria de relembrar o quão especial aquela noite foi. Mas não agora. Eu estava finalmente a levando a um bom lugar, o lugar onde agíamos como marido e mulher. Tudo o que eu tinha era fazer com que ela viva permanentemente sob o meu teto e colocar meu anel de volta em seu dedo. Porra, eu esperava que ela ainda tivesse nossos anéis. Que por algum milagre ela os tenha guardado por dez anos. Colocá-los de volta em nossos dedos seria de muita ajuda para aliviar minha mente. Para curar as feridas que eu havia infligido a nós. Se eu tivesse que nos comprar novos, eu faria, mas odiaria. Meu segundo maior arrependimento de Vegas foi deixar meu anel para trás. Eu tinha colocado ele em cima do meu bilhete idiota de uma palavra e, em seguida, saí pela porta. Cinco passos pelo corredor eu tinha me virado para recuperá-lo, mas o quarto era de Emmy e eu não tinha a chave. Durante anos eu toquei o local onde ele havia descansado. Eu só o usei por horas, mas seu peso sempre esteve lá. Eu ainda podia sentir a ponta dos dedos de Emmy quando ela o deslizou no meu dedo. E às vezes, aquele local doía como um filho da puta. Toda vez que eu estive com outra mulher, não que houveram muitas, a área

queimava e coçava. Mas eu merecia essa punição por trair minha esposa. — Nick? — Emmy chamou, me afastando dos meus pensamentos. — Sim. Desculpa. — Você precisa de mim para deixá-lo ir? — Não. Vamos nos encontrar na sua casa por volta das cinco e meia. Vou para casa pegar minha moto. Você pode nos comprar um pouco de comida. — Ok. O que você está com vontade de comer? — Tanto faz. E Emmy, você não entra naquela casa sem mim. Espere no jipe. — Certo. — disse ela. Eu não podia ver, mas eu estava bastante certo de que ela tinha rolado os olhos. No segundo que eu desliguei com Emmy, meu pai ligou. Novamente. — Porra, você é teimoso. Na verdade, eu estava ignorando essas ligações pelos últimos dez dias, mas estava ficando doente delas e queria reiterar meu ponto. Sob nenhuma circunstância eu ajudaria os Tin Gypsies em sua guerra contra os Arrowhead Warriors.

— Então você é uma cópia exata do seu velho, filho. — papai retumbou. — Eu não vou ajudar você. — Não é o motivo da minha ligação. — disse Draven. — O que é? — Apenas um alerta. Merda aconteceu ontem à noite. Tome cuidado. Antes que eu pudesse perguntar o que havia acontecido, eu estava ouvindo o ar morto. Porra. **** — Essa é a sua moto? — Emmy perguntou com os olhos arregalados. — Sim. Minha moto era bonita pra caralho. No ano passado eu tinha melhorado e comprei uma nova Dyna Low Rider, então a incrementei. Cromada. Tinta

vermelha

fosca

com

aros

combinando. A cor era quase exatamente a sombra do cabelo de Emmy, a cor que eu tinha visto em meus sonhos por nove anos e agora conseguia respirar todas as noites antes de adormecer. — Eu gosto disso. — disse ela sem fôlego.

Sim. Ela gostou com certeza. O rubor das bochechas e o jeito que seus ombros fecharam me disseram que ela gostou muito disso. Meu pau empurrou no meu jeans. Antes do jantar eu a deixaria nua na sala de estar. Então, depois da limpeza, eu a levaria para uma volta. Eu não podia esperar para levá-la na parte de trás da minha moto. Eu queria ter suas coxas pressionadas contra as minhas. Seu peito nas minhas costas. As pequenas mãos dela em volta da minha cintura. — Dentro, Emmy. — eu disse, pegando as sacolas de comida chinesa de suas mãos. Sexo. Chinês. Limpeza. Passeio. Sexo. Não é um mau caminho para passar a noite. **** — Onde está seu material de limpeza de cozinha? — gritei para Emmy no andar de cima. Eu tinha desistido de procurar depois de abrir cinco armários, incluindo o que estava embaixo da pia, para encontrar apenas canecas de café. — Ao lado da geladeira! — Da geladeira. — eu murmurei. Eu encontrei o material de limpeza e comecei a trabalhar. Não muito tempo depois de começar, os balcões estavam livres da poeira e os eletrodomésticos inoxidáveis limpos.

— Porra, ela recebe um monte de publicidade. — Durante semanas eu tinha visto Emmy pegar sua correspondência e enfiar em uma gaveta. Agora a gaveta estava transbordando e uma pilha enorme estava amontoada no balcão molhado. — Posso jogar fora seu lixo postal? — eu gritei. — Pode! Catálogos. Puta

merda,

minha

mulher

tinha

catálogos. Catálogos de decoração para casa. Catálogos de moda praia. Catálogos de roupas. Mais catálogos de roupas. Eu ia precisar de outra lixeira de reciclagem só para colocar seus malditos catálogos depois que ela se mudasse. Eu verifiquei através da pilha e decidi começar na gaveta. Meus olhos

capturaram

um

grande

envelope

pardo

estampado URGENTE. O carimbo era datado do final de janeiro, quase três meses atrás. Eu resmunguei e abri o selo. Emmy normalmente era organizada. Fiquei surpreso que ela era tão ruim em verificar sua correspondência. Eu só esperava que o que quer que estivesse dentro não fosse realmente urgente. As primeiras palavras que chamaram minha atenção foram Sentença de Divórcio. O segundo foi meu nome e o de Emmy, ambos enunciados na íntegra.

Eu fiquei tão tonto que quase caí. Segurando o balcão com as duas mãos eu deixei minha cabeça cair entre meus braços enquanto eu tentava puxar um pouco de ar. Por que ela ainda tem isso? Ela quer o divórcio? Depois de tudo que passamos nos últimos meses? Eu vasculhei meu cérebro, tentando descobrir onde estávamos em janeiro. Ela tinha voltado da Itália. Nós fomos a festa ridícula de aniversário de sequestro de Gigi e Maisy. Foi antes ou depois que ela prometeu dar uma segunda chance à nossa segunda tentativa? Antes. Tinha que ter sido antes, então pelo menos isso era alguma coisa. Ela não impediu seu advogado de redigi-los, mas talvez isso fosse apenas por causa do momento. Ela não iria querer se divorciar de mim agora, iria? Como ela poderia querer acabar com o nosso casamento quando finalmente estávamos o reconstruindo juntos? Isso tudo tinha que ser um mal-entendido. Mas isso não aliviou a dor no meu peito.

****

Emmeline — Eu pensei que você queria dar uma volta?

— Não mais. Além disso, você disse que não havia jeito de você ficar na parte de trás da minha moto. Então não. Sem passeio. — ele retrucou. Em algum momento entre sexo no sofá da minha sala, comida chinesa e limpeza, Nick tinha ficado chateado comigo. Eu só não sabia por que. Eu tinha me acostumado com a ideia de andar com Nick. Sua moto era grande e brilhante. E quando eu tinha parado e Nick estava sentado, eu corei com o quão quente ele parecia. — Tudo bem. — eu disse. — Se você tem certeza. — Tenho certeza. Vamos dar o fora daqui. A viagem até a casa de Nick foi tensa e estressante. O que eu poderia ter feito para fazê-lo pirar? Foi a limpeza? Ele se ofereceu para ajudar, caso contrário eu teria ficado feliz por fazer isso sozinha. Não fazia sentido que ele ficasse chateado, mas eu ainda tenho essa temida sensação de mal-estar no estômago. Ele levou sua moto para a garagem enquanto eu estacionei e esperei por ele na porta da frente. Seus longos passos ao redor do lado da casa até os degraus foram feitos sem contato visual. — O que há de errado? Por que você está com raiva de mim? — eu perguntei quando nós dois estávamos lá dentro.

Ele caminhou para a sala de estar e colocou a mão atrás de suas costas, sob o casaco. Do cós da calça jeans ele tirou um envelope pardo e acenou no ar. Merda. Ele havia encontrado os papéis do divórcio. Provavelmente quando ele estava revisando minha correspondência. Por que eu não tinha pensado nisso? Merda. Merda. Merda. Chegou a hora dessa discussão. Atrasada, realmente. Eu só queria não ter sido uma covarde e trazer o assunto eu mesma. Eu poderia ter tido uma chance de impedir Nick de ficar enfurecido, mas havia pouca chance disso agora. Eu podia praticamente ver o calor irradiando fora de seu corpo e o vapor vindo de suas orelhas. — Eu estava querendo falar com você sobre isso. — Por quê? — Ele perguntou. — Por que você tem isso? Digame que é só porque o seu advogado não sabe que estamos juntos. — Você vai me deixar explicar? — eu perguntei, sentada no sofá. — Sente-se. Por favor. Ele bufou, mas se sentou. Tenho certeza de que havia uma abordagem melhor para essa conversa se eu fosse a única a mencioná-la. Mas agora era tarde demais, então decidi ir direto para o ponto.

— Acho que devemos nos divorciar. Ele ficou de pé. — Você está de sacanagem comigo! — Por favor, sente-se para que eu possa explicar o meu raciocínio. — eu estava tentando manter a calma, mas minha voz rachou. — Nem fodendo eu vou me sentar. Por quê? Você disse que não me deixaria porque eu não tenho dinheiro. Ou por causa da minha família. Então por que? — Eu não vou deixar você. — eu disse. — Eu só não quero estar casada. — Isso não faz nenhum sentido. Como você pode não estar me deixando se você quer o divórcio? —

Eu

quero

permanecer

junto

de

você. Continuar

namorando. Você será meu namorado. — Seu namorado? Não temos dezesseis anos! — Ainda estaremos juntos, Nick. — E o que? Nós namoramos para sempre? — ele perguntou. — Não. Talvez. Eu não sei. Nós namoramos como outros casais. Se decidimos nos casar mais uma vez, vamos adiante. Isso seria apenas um novo começo para nós. Como apertar o botão de reset.

— Um novo começo? O que porra você acha que estamos fazendo desde que você se mudou para cá se não começar do zero? — ele passou as mãos pelo cabelo e esfregou o rosto. — Eu não sinto que estamos casados. — eu admiti. — O que? — sua mão esfregou seu coração e a expressão de seu rosto partiu o meu. Isso não estava indo como eu esperava. Sim, eu esperava que Nick ficasse bravo. Mas machucado? Eu não queria machucá-lo. — Como você pode não se sentir como se estivéssemos casados, Emmy? — ele perguntou. — Aquela noite em Vegas não significou nada para você ao ponto de você jogar tudo fora? — Aquela noite significou tudo para mim! Tudo! Eu quero me livrar dos nove anos depois disso. Isso é o que eu quero jogar fora. Os nove anos da nossa separação. Nove anos de mágoa. Nove anos de você transando com outras mulheres. Por nove anos eu fingi que talvez um dia eu poderia me contentar com outra pessoa porque o amor da minha vida acabou comigo. — Nós nunca vamos superar isso. — disse Nick. — Você não me perdoou. — Eu perdoei você e não estou culpando você nem segurando Vegas contra você. O que eu quero dizer é que não quero olhar para trás, para a nossa vida conjugal e ter uma lacuna. Eu quero um

primeiro aniversário real. Não um “dez anos” depois. — agora as lágrimas estavam escorrendo pelo meu rosto. Os olhos de Nick estavam cheios de angústia e dor. — Eu não estou fazendo isso para te machucar. Estou fazendo isso para que possamos ter uma chance real. — Na noite em que te encontrei. — ele disse. — Na noite em que nos casamos, foi a melhor noite da minha vida. Eu tranquei cada momento no meu coração para nunca esquecer um único. Agora você está os levando para longe de mim. Ele estava certo. Eu estava levando Vegas embora. Mas eu também estava levando os nove anos. Nós não poderíamos ter um sem o outro. — Eu não quero que você me deixe, Emmy. — Eu não vou. — eu disse. — Eu te disse que não ia. Não é isso que estou fazendo. — Então por que parece que acabei de perder você? Uau, isso doeu. Eu suguei uma respiração irregular e pensei sobre o que eu estava pedindo. Valia a pena a dor? Não, não valia. Se essa minha ideia ia nos separar, eu não ia seguir em frente com isso. Eu não precisava de um divórcio para ser feliz. Eu só precisava de Nick. Mas antes que eu pudesse lhe dizer alguma coisa, a porta da frente se abriu.

Dash invadiu, seguido por outro Tin Gypsy que eu não conhecia. Dash caminhou direto para o espaço de Nick e ficou cara a cara com seu irmão. — Você vai nos ajudar caralho. — Saia da minha frente. — Nick rosnou. Dash deu um passo para trás e puxou o cabelo dele com as duas mãos. Seu amigo tinha um olhar igualmente frágil. Nick e eu tínhamos ficado tão consumidos com nosso próprio drama que nenhum de nós ouviu a aproximação das motos do lado de fora. — Você entra na minha casa assim de novo, e eu vou te derrubar, irmão. O que você está fazendo aqui? — Merda aconteceu ontem à noite. Warriors atacaram. Alguns de nós estávamos bebendo em um bar assistindo os playoffs. Eles agarraram Stone e o levaram para fora. Antes de qualquer um de nós saber o que diabos estava acontecendo, eles atiraram nele. Caralho! Estilo de execução, cara. Assim como a mãe. Engoli em seco e bati a mão na boca para não gritar. — Porra. — Nick sussurrou. Suas mãos se fecharam ao seu lado e seu corpo inteiro ficou tenso. — Porra! — ele rugiu. O barulho era tão alto e angustiante que estremeci. — Vamos. — ordenou Nick a Dash.

— Nick, não. — eu ofeguei. — Não faça isso. — ele não se perdoaria se cruzasse aquela linha. Inimigo ou não, isso iria torturálo. — Eu vou. — disse ele, seguindo Dash e o outro homem até a porta sem me olhar de volta. — Você prometeu que não sairia se estivéssemos brigando. E você prometeu que não iria ajudá-los. — eu disse a ele de volta. Ele fez uma pausa e virou o queixo para o ombro. — Eu prometi a minha esposa. Você é só minha namorada.

Capítulo Vinte e Um Dizer que os últimos quatro dias da minha vida foram infelizes seria um eufemismo. Depois que eu assisti Nick acelerar e se afastar em sua moto, lado a lado com seu irmão, eu o perdi. Desmoronando no chão, eu tive um colapso completo. Uma parte de mim achou que Nick voltaria quando ele tivesse algum tempo. Depois dele ter esfriado a cabeça e colocado alguns quilômetros entre nós. Talvez quando ele percebesse que tinha acabado de me deixar novamente. Mas horas depois, eu ainda estava sozinha e chorando em sua casa. Então eu me levantei e fui para o meu lugar. Durante o resto da semana eu agi automaticamente. Eu não ouvi uma palavra dele desde a nossa briga. Minhas ligações para o telefone dele tinham ido diretamente para a caixa postal e todos as minhas mensagens não foram respondidas. Eu não sabia onde ele estava ou se estava em segurança. Sua ausência me deixou constantemente enjoada. E ainda por cima, eu peguei o resfriado que estava circulando pela minha sala de aula.

Mas apesar do meu nariz entupido e tosse seca, eu tinha ido trabalhar todos os dias. Ficar em casa não era uma opção. Eu precisava dos meus alunos para me ajudar. Agora é sexta e eu estava em casa. Sozinha. Tirando minhas roupas tomei um banho quente, deixando a água quente acalmar meus músculos doloridos. Minha cabeça estava embaçada e meu pequeno resfriado havia se transformado em algo sério. Respirar era uma luta e eu tive uma febre escaldante. O remédio para resfriado que eu tomei estava começando a me deixar sonolenta, mas ainda não conseguia desligar minha mente. Fui consumida com pensamentos de Nick e da nossa briga. Eu estava completamente fodida. Eu

era

a

única

culpada

por

como

eu

estava

me

sentindo. Doente. Solitária. Depressiva. Isso foi tudo minha culpa. Eu deveria ter falado com Nick sobre o divórcio há muito tempo. E embora suas palavras de despedida tivessem sido duras, eu as mereci. Quanto mais eu relembrava nossa discussão, mais eu entendia por que ele tinha ficado tão magoado. Ele me deixou em Vegas para que eu pudesse ficar segura. Ele sacrificou seu coração por mim e eu lhe pedi para ignorar tudo aquilo. E para que? Para que pudéssemos fazer tudo de novo?

Eu não precisava de outro casamento. Nossa cerimônia na Capela Clover foi um sonho. O que precisávamos era de tempo. Tempo para se adaptar a uma vida a dois. Tempo para construir

novas

memórias

que

superariam

os

anos

de

separação. Tempo para amar um ao outro. Minhas ações provavelmente tiraram minha possibilidade de conseguir esse tempo. A água do banho começou a esfriar, então eu saí, encolhendo os ombros em uma das camisas de flanela de Nick e indo imediatamente para a cama. Sem a distração dos meus alunos, eu não tinha ideia de como iria conseguir passar pelo fim de semana. Minha perspectiva era bastante desoladora. Talvez se eu me mantivesse chapada com os remédios para o resfriado, eu pudesse dormir com tudo isso. **** Eu ouvi o barulho do vidro quebrando antes do alarme. Minha cabeça se levantou do meu travesseiro, mas minha mente estava bloqueada, sem saber o que fazer. O coquetel de pílulas que eu tomei estava fazendo seu trabalho e minha cabeça estava confusa. O barulho em meus ouvidos parou assim que começou. Estranho.

Eu

devo

ter

tido

um

pesadelo

desde

o

primeiro

arrombamento. Os sons de vidro quebrando e o alarme eram apenas um sonho. Foi uma luta para manter meus olhos abertos, então eu os deixei fechar enquanto eu colocava o rosto de volta no meu travesseiro. Eu me forcei a ficar acordada por mais alguns segundos enquanto eu tentava ouvir outros barulhos, mas a casa estava em silêncio. Momentos depois eu estava quase voltando a dormir quando meu telefone começou a zumbir na mesa de cabeceira. Desta vez eu rolei e sentei, esperando desesperadamente que fosse Nick. Mas antes que eu pudesse alcançar o telefone, todas as luzes do meu quarto se acenderam. Eu estremeci jogando minhas mãos sobre os olhos para protegê-los da luz ofuscante. Minha cabeça girou para a porta e meu corpo ficou em choque. Eu não tinha sonhado com o alarme. Ele foi disparado. Dois

homens

de

roupas

escuras

entraram

no

meu

quarto. Ambos usavam coletes de couro preto de motoqueiro, mas estes não eram Tin Gypsies. O pânico me consumiu quando tentei desvencilhar minhas pernas dos lençóis. Em um flash um homem pulou em cima de mim. Meus pulsos estavam presos acima da minha cabeça e seu corpo me esmagou no colchão.

— Ela é bonita. — disse ele. Ele fedia a cerveja velha e cigarros. Eu me contorci e retorci sob ele, esperando me libertar, mas ele era muito grande. — Me solte! — Quieta. — disse ele, reforçando seu aperto. Ele manteve meus braços presos contra a cabeceira da cama e começou a me apalpar com sua mão livre, abrindo os botões da camisa de flanela de Nick que coloquei para dormir. Quando alguns deles se soltaram, ele agarrou meu peito e apertou com tanta força que eu gritei de dor. — Não! Por favor, não. — implorei. Eu resisti e balancei meus quadris, tentando me libertar, mas eu não conseguia ter qualquer vantagem. Meus pés, cobertos com enormes meias de lã, não conseguiam atrito contra os lençóis. — Jinx. — o outro homem estalou. — Saia de cima dela porra. O alarme disparou quando você quebrou o vidro, seu filho da puta estúpido. Policiais estarão aqui em um minuto. Pegue ela e vamos dar o fora daqui. — Você não é divertido, Wrecker. — disse Jinx, em seguida, se sentou de joelhos, ainda me prendendo a cama com seus quadris, mas deixando meus braços soltos. Então num piscar de olhos a mão dele desceu, me dando um tapa na bochecha.

A dor explodiu no meu rosto quando ele bateu na lateral. Minhas mãos voaram para o meu rosto segurando minha bochecha enquanto a picada afiada se espalhava de um lado para o outro. Os pontos brancos começaram a clarear e eu tinha acabado de abrir meus olhos quando a mão de Jinx desceu novamente. Desta vez seu punho bateu nas minhas costelas. O ar desapareceu dos meus pulmões. Depois de levantar, lutei para puxar algum oxigênio quando ele riu acima de mim. Jinx saiu da cama conversando com Wrecker sobre minha caixa de

joias

enquanto

eu

rolava

de

lado

e

apertava

meu

estômago. Lágrimas escorriam pelo meu rosto quando a dor se intensificou. Eu nunca tinha sido ferida assim. Eu não tinha ideia de quanta dor física uma pessoa poderia infligir sobre outra. Então eu estava em movimento. Num segundo eu estava me contorcendo de dor na minha cama, no próximo eu estava sendo levada para fora da minha casa por cima do ombro de Jinx. — Não! Socorro! — Eu gritei, chutando e socando suas costas. A dor nas minhas costelas e rosto ficou pior com cada um dos meus movimentos, mas a adrenalina correndo pelo meu sangue estava me estimulando a lutar. O telefonema deve ter sido da minha empresa de segurança, o que significava que um policial estava a caminho. Talvez se eu

pudesse atrasá-los tempo o suficiente, eu seria resgatada. Mas nada que eu fiz retardou a sua fuga. Jinx me levou para fora com pressa. Eu olhei no escuro, esperando ver as luzes se aproximando na minha garagem, mas tudo que vi de cabeça para baixo foi uma van preta. O ar frio da noite beliscou minhas pernas nuas, mas eu não deixei os calafrios pararem a minha luta. Eu me mantive gritando e lutando. Se eu pudesse me libertar, talvez pudesse correr para a floresta e me esconder. — Solte-me! — eu chorei, usando toda a energia que tive para acertar Jinx. Mas minha luta era em vão. — Chega. — Wrecker gritou do meu lado. Eu levantei minha cabeça bem a tempo de ver seu punho tatuado vindo direto para minha testa. E então tudo ficou preto. ****

Nick Essa foi a pior semana da minha vida. Eu

tinha

magnificamente

fodido

com

Emmy

e

a

deixado. Novamente. A única coisa que ela me pediu para fazer foi ficar e, em vez disso, corri.

E por que? Porque ela tinha sido honesta comigo sobre o nosso casamento? Porque ela se sentia diferente de mim sobre isso? Claro que ela iria querer um novo começo. Nossos nove anos separados foram gastos pensando em coisas totalmente diferentes. Eu tinha pensado que ela seria mais feliz e segura sem mim. Eu passei meu tempo lembrando dela com saudade. Com amor. Ela tinha pensado que eu tinha abandonado ela porque não era boa o suficiente e que eu não me importava. Ela passou nove anos se lembrando de mim com dor. Com ódio. Eu nem sequer escutei a explicação dela. Eu fiquei tão enfurecido que a ignorei e disse coisas cruéis e imperdoáveis. Eu era um babaca filho da puta. Pelo menos eu mantive minha promessa de não ajudar meu pai a iniciar um incêndio ilegal. Mesmo que eu estivesse em Clifton Forge, deixei claro que estava aqui para o funeral de Stone e nada mais. Bem, para o funeral e para ficar bêbado a cada noite. Bêbado era a única maneira que eu poderia lidar com o que eu fiz para Emmy. O que eu ainda estava fazendo com ela. Emmy ligou nos últimos dias, mas eu ignorei o telefone. As mensagens no correio de voz me pediam para ligar de volta. Suas mensagens de texto eram muito parecidas. Eu ansiava pelo som de sua voz, mas temia o que ela diria. Eu não queria ouvi-la dizer que tínhamos terminado.

Ela nunca me perdoaria por isso. E quando ela me deixasse, seria completamente justo. O fim do nosso relacionamento foi a porra da minha culpa e ela tinha todo o direito de se divorciar da minha bunda estúpida. — Bebendo já? — Dash perguntou, entrando no salão de festas do Tin Gypsy. Eu grunhi. Sim, eu já estava bebendo. Eram apenas seis horas da manhã, mas hoje eu ficaria bêbedo e desmaiaria. Espero que antes das dez. O salão de festas era onde os Gypsies entretinham seus convidados. Ele continha um bar totalmente abastecido, e nos últimos quatro dias tinha sido minha casa. A viagem de três horas a Clifton Forge na noite de segundafeira esfriara meu temperamento. No minuto em que desliguei minha moto pensei em montar de volta e ir para casa. Ficar de joelhos enquanto implorava a Emmy que me perdoasse. Mas eu fui muito covarde. Temia demais que ela dissesse não. Então eu fui direto para o clube dos Gypsy e fiquei bêbado. Estava levando uma cerveja aos meus lábios quando meu telefone tocou. Pegando, fiquei surpreso ao ver o nome de Jess. Eu esperava que fosse Emmy. — Merda. — eu murmurei.

Emmy e Gigi provavelmente ficaram juntas esta semana e agora os Clearys sabiam de tudo sobre o quanto eu era um idiota. Jess provavelmente estava ligando para dar um esporro na minha bunda por tratá-la tão mal. Isso ou algo estava errado no quartel. Eu chamei alguns dos meus voluntários e lhes disse que eu tinha uma emergência familiar. Eles estavam todos pegando turnos dobrados e cobrindo a estação até minha volta. — Brick. — eu respondi. — Onde diabos você está? — Em Clifton Forge. — Volte para casa. Agora. — ele cortou. — Por quê? O que há de errado? — Sua esposa quase foi sequestrada às quatro horas desta manhã. Eu estava fora do banquinho e minha garrafa de cerveja estava voando pela sala no segundo que suas palavras registraram no meu cérebro. Ela bateu contra a parede de tijolos. Vidro e espuma pulverizando em um velho sofá gasto. Eu não estava bêbado, mas eu me balancei em meus pés e caí na minha bunda. Sentado no concreto eu coloquei minha cabeça entre os joelhos e tentei respirar, mas o ar não parava em meus pulmões. A pressão no meu peito estava muito apertada.

No fundo eu podia ouvir Dash falando no meu celular com Jess, mas não conseguia entender a conversa deles. O som do meu coração batendo descompassado era muito alto. **** Parado do lado de fora do quarto do hospital de Emmy, bati no ombro de Jess. — eu não sei como te agradecer. — Não precisa agradecer. Estou feliz pra caralho por ter terminado assim e não pior. Eu não me permitia sequer pensar sobre o que poderia ter acontecido se Jess não a tivesse encontrado. — Aqui. — Dash disse, me entregando uma xícara de café enquanto se juntava a Jess, papai e eu no corredor. — Ela ainda está dormindo? Eu assenti. — Sim. Eu não queria ficar longe de Emmy por muito tempo, mas eu tinha que conseguir algumas respostas. Uma atualização de um minuto que Jess me deu quando eu entrei correndo pelas portas do hospital não foi o suficiente para satisfazer todas as perguntas que corriam pelo meu cérebro. Depois que eu praticamente desmaiei no clube, Dash me puxou do chão e me deu um soco na cara. Eu ia ficar com um olho roxo, mas fiquei feliz por ele ter feito isso. Eu precisava desse golpe para me recompor.

Nunca

na

minha

vida

me

senti

tão

assustado

ou

desamparado. Um telefonema e todo o meu mundo tinha desabado. Eu passei anos correndo para dentro de edifícios desabando e incêndios florestais. O medo que eu senti até então se empalideceu em comparação com o terror de quase perder minha Emmy. Esse terror alimentou minha viagem de volta a Prescott. A viagem de três horas de Clifton Forge até aqui levou apenas duas. Minha moto nunca correu tanto. Papai e Dash estavam em meus calcanhares o tempo todo. Não foi até que eu a vi, dormindo na segurança de uma cama de hospital, que meu pânico começou a diminuir e as perguntas vieram. — Tudo bem. — eu disse a Jess. — O que aconteceu? Com detalhes desta vez. Ele assentiu, respirando fundo antes de recapitular os acontecimentos da manhã. — Rowen trouxe para casa um resfriado da escola e passou para Ben. Georgia e eu ficamos acordados a noite toda com ele e, por volta das três e meia, ficamos sem Tylenol por causa de sua febre. Então eu saí da fazenda para ir à farmácia. Eu estava me preparando para sair da estrada e ir para casa quando meu rádio disparou. A central recebeu um telefonema da empresa de

alarme de Emmeline novamente. Desde que eu estava a apenas um quilômetro de distância, resolvi dar uma olhada. Meu coração afundou. Nada além de pura sorte colocou Jess na estrada no momento certo para salvar minha esposa. — Cheguei na casa e vi uma van que descia a estrada. Consegui manobrar minha caminhonete bem a tempo de cortá-los. Os dois caras saltaram. O motorista fugiu imediatamente. O outro cara puxou uma arma e atirou algumas vezes na minha caminhonete. Eu me escondi e depois revidei, mas como estava escuro eu o perdi no segundo em que ele chegou nas árvores. — Alguma ideia de quem eles eram? — Papai perguntou. Jess sacudiu a cabeça. — Não dei uma boa olhada em seus rostos, mas estou esperando que as câmeras do lado de fora tenham conseguido alguma coisa. Ambos estavam vestidos de preto. O motorista parecia estar usando um colete com um patch, como o que você usa. — a acusação de Jess era clara. Ele sabia que essa bagunça estava de alguma forma ligada ao meu pai. — Ei, não fomos nós. — disse Dash. — Ela é da família. — Eu vou deixar as filmagens de segurança confirmarem isso. — disse Jess, cruzando os braços sobre o peito. — Então o que aconteceu? — eu perguntei. — Então tirei Emmeline da parte de trás da van. Ela estava com frio. Um daqueles filhos da puta deu um duro golpe no rosto dela. Eu

a coloquei no meu caminhão e a trouxe direto para cá. Ela acorda de vez em quando, apenas por alguns minutos. Mas ela está chamando por você. E eu não estava aqui. Eu não mantive minha promessa de mantê-la segura. Para todos os efeitos aqueles homens deveriam ter sido capazes de levá-la. Resgatar Emmy essa manhã não foi nada menos que um milagre. Eu deveria estar aqui. Porra! Como eu pude ser tão estúpido? Eu não considerei que minhas conexões causaram os problemas de Emmy. Nós estávamos tão focados em sua vida que eu em nenhuma vez pensei que talvez fossem os inimigos do meu pai que tinham como alvo a minha esposa. Estúpido pra caralho. No minuto em que pusera os pés em Prescott ela correra perigo. Eu estava tão focado em fazer com que ela me amasse novamente que eu não tive a certeza que ela estaria segura. — Eu tenho que ir para a delegacia. — disse Jess, me tirando dos meus pensamentos. — Eu quero ver essa filmagem das câmeras e eu preciso checar as coisas com meus oficiais. Eles vasculharam a área, e com alguma sorte, um ou ambos os filhos da puta estão agora

em uma cela. Eu também espero encontrar algumas evidências na van que nós apreendemos. — Obrigado, Brick. Eu não... — Não se preocupe com isso. Apenas cuide de Emmeline. — disse ele, batendo a mão no meu ombro e se virando para sair. — Você sabe quem foi? — eu perguntei a papai e Dash, uma vez que Jess estava fora do alcance da minha voz. — Só pode ser os Arrowhead Warriors. — disse papai. — Nós vamos cuidar disso, Nick. — disse Dash. — Eles vão pagar. — Papai e Dash trocaram um olhar. As chances dos policiais encontrarem os atacantes de Emmy antes dos Gypsies eram quase nulas. — Eu tenho que voltar para Emmy. Tchau. — meu tom era claro. Eles não eram bem-vindos para ficar. Ambos assentiram e se viraram para sair. Eles sabiam tão bem quanto eu que nada teria acontecido com a minha esposa se eles não tivessem arrastado essa porcaria para a minha vida. — Pai? — eu chamei e ele se virou. — ela é meu tudo. Ele assentiu e olhou para os pés. Mensagem recebida. Dada a escolha, eu sempre escolheria Emmy. Mesmo que isso significasse que eu cortaria todos os laços com ele e Dash.

— Sinto muito, filho. — disse ele. — Por tudo. Sua mãe. Emmeline. Eu vou consertar as coisas. Eu balancei a cabeça e me dirigi para dentro do quarto de Emmy. Só o tempo diria se papai cumpriria sua promessa. Mas eu não poderia me preocupar com isso agora. Eu precisava me concentrar na minha esposa. ****

Emmeline Eu acordei com o cheiro do hospital. Meus olhos pareciam inchados, mas eu consegui abri-los, dando-lhes um minuto para se ajustarem a luz branca do painel acima da minha cama. Piscar doía. Respirar doía. O ritmo acelerado na minha cabeça causava novas ondas de dor a cada barulho. — Emmy? Eu me virei para o som da voz de Nick ao meu lado. Angústia e mágoa estavam gravadas em seu rosto, mas ele ainda era uma bela visão. — Você está aqui. — As palavras enviaram rios de lágrimas aos meus olhos. — Eu estou aqui. — seus olhos estavam brilhando também. — Oi, marido.

— Oi, esposa. Eu sorri antes de meus olhos se fecharem e eu voltar a dormir.

Capítulo Vinte e Dois — Emmy? — a voz gentil de Nick estava ao meu lado. Forcei meus olhos a se abrirem e tentei lembrar onde estava. O hospital. Eu virei em direção a voz de Nick. Ele estava encostado na beira da minha cama com as minhas mãos pressionadas entre as suas. — Como você está se sentindo? — ele perguntou. Eu

levei

um

momento

para

respirar

e

avaliar. —

Dolorida. Cansada. Com sede. Ele ajudou a me sentar e colocou um copo de plástico nos meus lábios. Doeu engolir, mas logo a água aliviou um pouco da sensibilidade na minha garganta. — Melhor? — ele perguntou. Eu balancei a cabeça e olhei ao redor do quarto. A TV estava ligada em um jogo de basquete e a luz do banheiro estava acesa. Embora as cortinas estivessem fechadas, eu poderia dizer que estava escuro do lado de fora. — Que horas são? — Cerca de dez. — disse ele. Eu passei o dia inteiro dormindo. Eu lembrei de Jess me trazendo aqui esta manhã e uma breve conversa com o médico, mas

depois de acordar e ver Nick, eu não pude me lembrar de qualquer outra coisa. — O Dr. Peterson voltou? — perguntei. Ele assentiu. — O que há de errado comigo? — Você está com pneumonia. — ele franziu a testa. Eu não fiquei surpresa. Esse resfriado foi o pior que eu já tive e meus níveis de estresse durante os últimos dias tinha sido fora do comum. Foi a receita perfeita para uma pneumonia. — Por quanto tempo eu tenho que ficar aqui? — Três ou quatro dias. Você está no antibiótico e Dr. Peterson disse que pode levar algum tempo para fazer efeito. Você estava muito desidratada também, então eles vão administrar soro em você. E ele deu-lhe algum remédio para dor. Você tem duas costelas quebradas, o que vai doer por um tempo. Ele enfaixou, mas elas demoram a cicatrizar. — E meu rosto? — era pura vaidade, mas eu realmente esperava que não houvesse danos permanentes na minha bochecha. — Apenas inchado. Deve se desvanecer em um belo tom de roxo, verde e amarelo em alguns dias. Eu sorri e cedi com alívio na cama. — É meio fofo. Temos olhos negros iguais. — disse ele.

Meu sorriso murchou quando meus olhos se voltaram para seu rosto. Na sala mal iluminada, com meus olhos inchados, eu não tinha reparado na sua lesão. Mas agora que eu estava olhando de perto, o vergão vermelho no lado do seu olho direito era óbvio. — Quem bateu em você? — Dash. — ele resmungou. — Por quê? — Eu não lidei bem com a notícia. Me socar na cara foi o jeito dele me dizer para me recompor. — Oh. — A culpa que sentia sobre a nossa luta aumentou, agora me sentia horrível por fazê-lo passar por esse sofrimento. — Precisamos conversar. — eu disse olhando para o meu colo. Havia muito a ser dito. Tanta coisa que precisávamos resolver. O que eu ia fazer se não pudéssemos ficar juntos? — Não até você estar bem, Emmy. Eu olhei em seus olhos e implorei. — Por favor. Eu não posso deixar as coisas assim. Beijando minha mão ele disse: — Eu não quero discutir isso tudo enquanto você estiver doente. Precisamos nos concentrar na sua melhora. Então poderemos conversar. Por enquanto, vamos ser apenas nós. Ok? — Ok. — eu disse com relutância.

Nós dois olhamos para a TV por um tempo e meus olhos começaram a se fechar pouco depois que a enfermeira entrou para me verificar. Eu estava acordada há menos de uma hora, mas estava exausta. — Você deveria ir para casa e dormir um pouco. — eu disse. — Eu não vou embora. — Por que não? Essa cadeira não pode ser confortável. — Não é, mas eu não me importo. Eu não vou deixar você. Um sentimento feliz se espalhou pelo meu coração. Eu estava feliz por ter Nick de volta. Sim, nós tínhamos muito para falar, mas por enquanto eu iria desfrutar da sua presença reconfortante. Eu precisava dele por perto. Então respirei fundo e me preparei para a dor. Com um forte impulso eu deslizei meu corpo para a beirada mais distante da cama. Dor disparou pelo meu lado e eu respirei fundo. — O que você está fazendo? — Nick disse, pulando de seu assento. — Me ajustando. — Por quê? — Então você pode dormir comigo.

— Não. Volte para o meio da cama. — ele disse, chegando para me pegar. Eu golpeei as mãos dele e dei-lhe uma carranca. — Emmy. — ele rosnou. Eu revirei meus olhos. — Não discuta comigo. Eu estou doente. Eu quero que você fique aqui comigo. Ainda estou com frio e você pode me manter aquecida. Ele soltou um suspiro e murmurou. — Foda-se. — mas então começou a tirar suas botas. Delicadamente ele deitou seu grande corpo ao lado do meu, em seguida colocou um braço debaixo do meu pescoço para que eu pudesse descansar minha cabeça na curva de seu ombro. Não era tão bom quanto conchinha, mas eu preferia isto do que ficar sozinha. **** Duas mulheres estavam do lado de fora do quarto de hospital sussurrando uma para a outra. Ou pelo menos elas pensaram que estavam sussurrando. Elas estavam realmente falando em um volume normal. — Eu vou entrar. — Não, você não vai. — Sim eu vou. — Não toque nessa porta! Você vai acordá-los!

— Cale-se! — Não me diga para calar a boca! — Cale a boca! — Vocês duas fechem a matraca. — disse Nick. — Façam mais barulho aí fora e eu vou trancar a porta. — PO tente! — uma das vozes sibilou. Gigi. Eu comecei a rir contra seu peito. — Vocês duas acordaram Emmy. — Nick estalou. — Oh, que bom! Você está acordada. — disse Gigi entrando no quarto, seguido por Sara Phillips. Ao contrário de Gigi, que não se sentia envergonhada por nos acordar, a linda loira morango que eu tinha conhecido na festa da garagem da Gigi estava corando e evitando os olhos dela. Ela carregava um enorme buquê de rosas amarelas junto com um monte de balões. Ambas as mulheres vestindo avental, provavelmente para começar a trabalhar após a sua visita. Gigi também tinha flores, margaridas e gérberas em todas as cores. Na outra mão dela segurava uma enorme caixa branca. Nick gentilmente deslizou o braço de trás de mim e sentou-se na cama, balançando as pernas para o lado. — O que vocês duas estão fazendo aqui?

— Somos o comitê de boas-vindas! — disse Gigi. Ela esvaziou as mãos e veio até mim na cama, gentilmente acariciando minha bochecha dolorida. — Caramba! Me desculpe, Emmeline. — Obrigada. O que é o comitê de boas-vindas? — O clube das sequestradas. — ela sorriu. — Oh, caralho. — Nick murmurou enquanto eu ria. — Ooh! Ai não me faça rir. Dói demais. — eu disse segurando minhas costelas que agora estavam em chamas. — Desculpe. — disse ela. — Oh, não olhe para mim assim. — ela disse a Nick. Ele estava atualmente fazendo uma careta para ela enquanto pairava sobre mim para ver se eu estava bem. — Estou bem. — eu disse. Ele resmungou um pouco, mas afundou em sua cadeira. — O que você nos trouxe para o café? — ele perguntou, projetando o queixo na direção da caixa branca. — Bom, nós amamos comida hospitalar. — Sara brincou. — Mas nós pensamos que você poderia querer algo especial. Pela primeira vez, senti fome. Era segunda de manhã e eu passei quase todo o fim de semana dormindo. — Nós ligamos para Tina da cafeteria e ela preparou um lote especial de rolinhos de canela e caramelo. — disse Gigi. —

Normalmente ela só os faz aos domingos, mas ela se sentiu tão mal pelo que aconteceu com você que abriu uma exceção. — Diga-me que você trouxe mais de dois. — disse Nick. — Seis. — Sara sorriu. Ele bateu palmas, as esfregando para frente e para trás. Gigi estendeu a caixa, mas antes que ele pudesse alcançá-la, ela a puxou de volta. — Nós ficamos enquanto Emmeline quiser. — disse ela, estreitando os olhos. — Ela começa a se cansar e você está fora. — disse Nick. — De acordo. Eu nunca tinha tido um dos famosos rolinhos de Tina antes e não pude comer muito, mas cada mordida estava deliciosa. Os rolos estavam quentes e pegajosos com a mistura perfeita de especiarias de canela, açúcar e pão caramelizado folhado. Nick demoliu os outros cinco. Quando ele enfiou o último pedaço na boca, eu olhei para ele com os olhos arregalados. — O quê? — ele disse com a boca cheia de comida. Eu ri e estremeci. — Não me faça rir. — Merda. — ele se desculpou. Revirei os olhos e olhei para Gigi. — Então, qual é a do Clube de Sequestro?

— Exatamente isso. Você, eu e Maisy somos os únicos membros. Maisy queria ver você, mas ela não põe os pés dentro deste prédio, então Sara é sua representante do clube. Estamos aqui para fazer sua iniciação. — Gigi sorriu. — Mas eu não fui realmente sequestrada. Ela acenou com a mão no ar. — Perto o suficiente. — Ok. — eu disse lentamente. — Há uma iniciação? — Você está enlouquecendo-a, Gigi. — disse Sara. — Não se preocupe, Emmeline. Eu estava lá quando ela e Maisy inventaram essa “iniciação” vinte minutos atrás. Não é nada sério. — Sua iniciação ao clube requer apenas uma coisa. Você tem que assinar nosso contrato. — Gigi disse. De sua bolsa ela puxou um pedaço de papel dobrado e entregou para mim enquanto procurava por uma caneta.

Clube dos sequestrados. Solenemente juro fazer o seguinte; 1 - Todos os anos comparecer ou organizar uma festa para todos os membros do clube para celebrar o aniversário do seu sequestro (ou tentativa de sequestro). Os convites não se limitam aos sócios do clube. 2 - Comparecer, no mínimo, a seis reuniões do clube a serem realizadas no Spa Prescott.

3 - Prometer se apoiar em cada um dos membros do seu clube sempre que se sentir assustada, triste ou sozinha. 4 - Amparar suas companheiras do clube antes que comecem a se descontrolar. Gigi Cleary Maisy Holt

No final, Gigi e Maisy assinaram seus nomes. Nos poucos momentos em que fiquei presa na parte de trás da van de Jinx eu tinha certeza que não era forte o suficiente para sobreviver a um sequestro. Que isso iria me quebrar. Eu percebi agora que eu não precisava ser forte o suficiente para suportar sozinha. Eu poderia confiar nos meus amigos para me apoiar. Meus amigos. Não apenas de Nick. Essas mulheres haviam me abraçado totalmente e me puxado para suas vidas. Por isso, fiquei grata. — Posso pegar a caneta, por favor? — eu rabisquei meu nome ao lado do delas. Gigi se inclinou para me dar um abraço. — O próximo mês será o pior, se apoie em Nick. E em mim. E Maisy. Nós estaremos aqui. Não tente seguir sozinha.

Meu nariz doeu quando lágrimas picaram meus olhos. Eu funguei e assenti. — Tudo bem, temos que começar a trabalhar. — disse Sara. — Obrigada pela visita. E pelas lindas flores. — E pelo café da manhã. — disse Nick. — Não precisa agradecer. Estamos felizes que você esteja de volta sã e salva. — disse Gigi. — Estas flores são nossas. — disse Sara, apontando para as rosas. — E estas são da sua turma. — disse Gigi, acenando para as margaridas. Ela procurou em sua bolsa novamente e pegou um cartão laranja brilhante. — Eles te escreveram um cartão hoje de manhã. E porque eu sempre aproveito as oportunidades para me gabar da minha filhinha, a caligrafia de Rowen é de longe a melhor. — Ela é muito talentosa. — eu sorri. — Quem está ensinando enquanto eu estou no hospital? — Garcia. — disse Nick. — Eu liguei para ele ontem e disse que você não iria durante a semana. Talvez na próxima semana também. Ele disse que pegaria sua classe e que era para você não se preocupar. Eu soltei um suspiro de alívio por meus alunos não serem impactados negativamente pela minha ausência. Rich não era apenas um bom diretor, ele também era um professor notável.

Meus alunos estavam em boas mãos. — Você precisa de alguma coisa, Emmeline? — Sara perguntou. — Não, obrigada. — Bem, eu estou trabalhando aqui hoje, então se você precisar apenas toque no botão de chamada e eu venho te ver. — E se ela não responder rápido o suficiente, pressione o botão de chamada de emergência atrás de você e eu subirei do prontosocorro. — Gigi piscou. Mais abraços, mais brincadeiras e mais despedidas até que minhas amigas finalmente saíram. Alguns minutos depois o Dr. Peterson entrou para avaliar meus ferimentos. — Você está melhorando. — disse ele. — Ainda posso levá-la para casa amanhã? — Nick perguntou. Na palavra “casa” eu fechei meus olhos e fiz uma careta. Como eu ia entrar na minha casa de novo? Nick viu o meu estremecimento e pegou minha mão, a apertando com força. — Amanhã ela deve estar bem para sair. — disse Peterson. — Ligue se a dor piorar, Emmeline. — Como você está? — Nick perguntou depois que o médico saiu. — Foi uma manhã movimentada. Estou ficando cansada.

— Jess precisa pegar sua declaração. Ele disse que nos traria o almoço. Que tal você dormir por uma hora antes que ele chegue? Vou manter todos os visitantes fora. — Ok. — eu disse, relaxando no travesseiro e fechando os olhos. Senti sua respiração quente antes de seus lábios pressionarem contra a ponta do meu nariz. — Durma bem, Emmy. Uma hora depois Jess e Nick estavam sentados em cadeiras ao lado da minha cama. Minha soneca tinha sido curta, mas me sentia descansada. — Desculpe incomodá-la. — disse Jess. — Mas eu tenho que pegar sua declaração. — Sem problema. — Nós vamos fazer isso rápido. — ele prometeu. Pelos próximos vinte minutos eu repassei para Jess e Nick os eventos em minha casa. Nick ficou tão irritado quando eu contei a eles sobre os ataques físicos de Wrecker e Jinx que nós tivemos que fazer uma pausa para que ele pudesse andar pelo corredor e se acalmar. — Você tem alguma coisa a acrescentar? — Jess perguntou a Nick. — Como quem eram esses homens? Seu pai e seu irmão pareciam ter uma boa ideia quando estávamos conversando no sábado. — Oficialmente. — disse Nick. — eu não tenho ideia.

— Extra oficialmente... — disse Jess. — É uma longa história. — Nick suspirou. — Eu tenho tempo. Que tal você me contar enquanto Emmeline come seu almoço? — Jess perguntou. Jess trouxera comida para Nick e para mim da lanchonete da cidade. Os donos do restaurante tinham embalado uma refeição enorme. Nick tinha um sanduíche grande e eu tinha uma sopa caseiras de macarrão e frango. Nick começou a explicar e não omitiu nenhum detalhe a Jess. Ele contou sobre sua infância no clube de Draven, o assassinato de sua mãe e como ele uma vez cometeu um incêndio criminoso. Acho que falar com um amigo o ajudou a digerir tudo. Nick carregou esses fardos pesados sozinho por um longo tempo. Eu fiquei muito feliz quando ele contou sobre sua última semana. Em como ele disse que não ajudara o clube como Draven e Dash queriam. Em vez disso ele foi para o funeral de Stone e ficou na oficina de Clifton Forge. — Pelo menos agora sabemos quem estava invadindo sua casa. — Nick disse quando terminou sua história. — Só gostaria de ter pensado sobre os Warriors como uma ameaça antes que as coisas ganhassem esta proporção. — Não é sua culpa. — eu disse, estendendo a mão para ele.

Ele pegou e beijou minha palma. Nick estava se culpando pelo meu sequestro. Era por causa das relações de sua família com outras gangues, mas não era culpa dele. E eu certamente não o responsabilizaria. Eu desejei que ele não tivesse saído durante a nossa discussão. Que os Warriors não me achassem sozinha. Mas eles estavam invadindo minha casa há meses, foi apenas uma questão de tempo. Nick não podia estar comigo a cada segundo, e desde que os Warriors

estavam

claramente

determinados

a

me

pegar,

eventualmente eles fariam. Foi muito ruim que tenha acontecido depois da nossa briga. — Tudo certo. Eu vou nessa. — disse Jess. — Emmeline, deixeme saber se você lembrar de algo mais. Ambos os homens se levantaram, mas em vez de apertar as mãos, Nick puxou o xerife para um breve abraço. Jess deu um tapinha nas costas dele e depois veio para o meu lado. Ele se abaixou e me deu um beijo suave na testa. — Fique bem, Emmeline. Eu lutei contra as lágrimas. Jess me salvou de um sofrimento impensável. Quem sabe o que os Arrowhead Warriors teriam feito se tivessem conseguido me levar? Eu seria eternamente grata a Jess por vir em meu socorro. — Obrigada. Por tudo. — eu disse. Ele assentiu e saiu do quarto. — Obrigada também. — eu disse a Nick. — Por voltar.

— Não me agradeça, Emmy. — dor e culpa estavam gravadas em seu rosto bonito. — Não é sua culpa. — eu sussurrei. — Sim, é. — Não é. Por favor, não se torture por isso. Eu estou bem. Eu estarei bem. E eu não vou ser capaz de superar isso se você se culpar. A cabeça de Nick caiu na beira da minha cama e seus ombros começaram a tremer. Meu homem forte, corajoso e honesto estava desmoronando. — Eu quase perdi você. — ele sussurrou. Quando ele olhou para cima, seus olhos estavam molhados. — Eu não posso viver em um mundo sem você. Lágrimas escorriam pelo meu rosto também. — Você não precisa. — Eu estendi minha mão e coloquei no rosto de Nick, meu polegar gentilmente acariciando sua barba macia. — TOC, TOC! Nosso visitante tinha um timing horrível. Limpando as lágrimas do meu rosto, eu puxei algumas respirações calmantes. Nick fez o mesmo. — Oi, Silas. — eu disse quando ele entrou na sala. — É um momento ruim?

Eu balancei a cabeça enquanto Nick estava de pé para apertar sua mão. — Não. Entre. — Trouxe algumas coisas para você usar para ir embora amanhã. — disse Silas, tirando uma grande mochila de seu ombro. — Obrigado. — disse Nick, revirando a bolsa. A primeira coisa que ele tirou foi uma das suas camisas de flanela. — Você pode se inclinar para frente? — Nick me perguntou. Eu balancei a cabeça e me inclinei o melhor que pude com a faixa apertada em volta das minhas costelas quebradas. Nick colocou a camisa sobre meus ombros e em cada braço. Então ele enfiou as costas atrás de mim e me ajudou na parte da frente. Quando respirei fundo, cheirei Nick e imediatamente me senti melhor. A dor no meu lado se aliviou e as dores nos meus músculos diminuíram. Magia.

Capítulo Vinte e Três — Por que você vai passar pelo caminho da escola? — a direção para a casa de Nick era direto pela rodovia e pela Main Street. Ir pela escola eram fora do caminho. — Eu queria que você visse isso. — disse ele, apontando para a janela da frente. Na placa da escola as letras pretas foram organizadas para se ler ‘Melhore depressa, Sra. Austin!’ — Eu amo Prescott. — eu disse. Era terça-feira à tarde e eu acabara de receber alta do hospital. Eu estava aliviada por estar fora, mas nervosa com a inevitável conversa que viria a seguir. Nick e eu não tínhamos falado sobre a nossa briga, sobre os papéis do divórcio ou sobre ele fugir de mim. Nós dois descansamos e eu tinha sarado. Minhas costelas ainda estavam sensíveis, mas eu podia me mover novamente sem sentir dores agudas. Eu estava aproveitando da sensação de tomar uma respiração completa sem chiado ou tosse. E meu olho era agora um lindo amarelo esverdeado que combinava com o de Nick.

Enquanto percorríamos a cidade e partíamos para as montanhas, o nó no meu estômago se apertou. Minha ansiedade atingiu o pico no segundo em que ele virou em sua entrada. O tempo para ignorarmos nossos problemas acabou. Nick me ajudou a entrar, mas eu congelei na entrada. Eu fiquei na porta e olhei para o lugar onde eu o tinha visto sair e tinha caído no chão. Meus olhos encontraram o envelope dos papeis do divórcio que ainda estavam na mesa de centro. A porta se fechou atrás de mim e Nick entrou no meu espaço. — Não podemos mais adiar. — eu disse. — Nós precisamos conversar. — Sim. Nós precisamos. — ele disse baixinho. — Entre e sentese. Eu balancei a cabeça e mordi meu lábio inferior para impedir meu queixo de tremer. — Eu acho que não posso. Se eu entrasse significava que eu poderia perder Nick. Ele pode não me perdoar pelos papéis de divórcio. Por machucá-lo. Se eu ficar parada na entrada impedisse isso de acontecer, ficaria feliz em ficar aqui para o resto da minha vida. Ele entrelaçou os dedos nos meus e se inclinou para beijar meu cabelo. — Venha. — ele gentilmente me puxou para o sofá. Eu abri minha boca para me desculpar, mas ele me calou.

— Sinto muito, Emmeline. Eu sinto muito por isso. Eu não sei mais o que dizer. A emoção inchou do meu peito para a minha garganta, quase me estrangulando. — Não, eu que peço desculpa. Isto foi minha culpa. Ele estendeu a mão e pegou os papéis do divórcio. — Eu vou assinar. E então eu vou deixar você ir. Meu coração afundou no meu estômago. Eu comecei a balançar a cabeça, mas ele estava tão focado nos papéis que ele não percebeu. Sua voz triste encheu meus ouvidos. — Me desculpe, eu te decepcionei. — ele disse. — Por não ter ficado. Você merece alguém que possa manter suas promessas. Eu assino os papéis e você pode ser livre. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. — Pare. Por favor. — eu disse, pressionando meus dedos contra os seus lábios. — Não foi sua culpa. Foi minha. Eu deveria ter falado com você sobre como eu estava me sentindo há muito tempo. — Não. Não, Emmy. Eu nunca deveria ter te deixado em Vegas. E eu fiz isso novamente quando você me pediu para não fazer. Nada disso teria acontecido com você se eu tivesse ficado. A culpa é toda minha. — Eu não culpo você. — eu disse. — Você deve.

— Eu não culpo. Ele balançou a cabeça e se inclinou para frente, pegando uma caneta da mesa. Então ele rapidamente puxou os papéis do divórcio e começou a folhear as páginas. — O que você está fazendo? — eu engasguei. — Eu disse a você que eu iria assinar isso. — ele sussurrou. — Se é para terminar, vamos acabar logo com isso. Você pode seguir em frente. Vamos assinar isso e depois eu te levo para onde você quiser ir. Casa. Hotel. Aeroporto. Onde quer que seja. Por que ele não estava me ouvindo? Eu disse que me senti mal por não falar com ele sobre uma decisão que afetava nós dois. Ele não estava me dando a chance de perdoá-lo. Ele estava apenas desistindo. Como ele ousa me deixar ir sem lutar? Minha tristeza e confusão se transformaram em raiva. — É simples assim? Fim de discussão? Você dificilmente me deixa falar! Como você sabe que eu não vou perdoar você? Você apenas assume que eu não posso e é isso? Agora você está apenas tomando a decisão de que terminamos? — Eu pensei que era isso que você queria. — disse ele. Pulando para os meus pés, eu puxei os papéis do divórcio para longe dele e acenei com eles no ar. — Eu quero que você pare de assumir que eu não posso e não vou te perdoar. Eu quero que você pare de pensar tão pouco de si

mesmo que você ache que eu poderia ser feliz com qualquer outra pessoa. Porque eu não posso. Eu soube disso na noite em que nos casamos. Pensar que um divórcio faria isso mais fácil foi apenas um erro estúpido. Se alguém tem que se desculpar aqui, sou eu. Eu te machuquei e... Meu discurso foi imediatamente silenciado pela boca de Nick. Seu beijo foi cheio de paixão e intensidade. De esperança. De perdão. Nós

íamos

colocar

essa

discussão

ridícula

no

passado. Nenhum de nós precisava de mais palavras para seguir em frente. Bem, talvez só mais algumas. Nick se afastou do beijo e emoldurou meu rosto com as mãos. Seus olhos cintilantes enxergaram direto no centro da minha alma. — Eu te amo. — disse ele. Ouvir essas palavras... finalmente! A sensação era melhor do que qualquer outra que eu já tivera antes. — Eu amo você também. Um sorriso torto se espalhou pelo rosto de Nick. — Porra, é bom ouvir isso. Nick apagou o sorriso no meu rosto com outro beijo. — Você pode acender o fogo? — perguntei. — Agora?

— Sim. Por favor. Ele relutantemente me soltou e foi até a lareira. Quando a madeira estava queimando, eu me ajoelhei ao lado de Nick e joguei os papéis do divórcio no fogo. Nós dois assistimos o papel branco ficar marrom no centro e pegar fogo nas bordas. Quando eles estavam totalmente negros e desaparecendo enrolados em deformação, eu sorri. **** Sentada no balcão da cozinha, sorri enquanto dobrava o jornal e o enrolava embaixo de uma pilha de correspondências. O jornal local escreveu um artigo de primeira página sobre minha tentativa de sequestro e sobre minha doença na edição desta semana. Considerando que nenhum de nós tinha dado entrevista e a declaração oficial de Jess tinha sido extremamente breve, eu fiquei surpresa com a forma como o editor sabia a fundo sobre tudo. Eu odiava o quão pública minha vida tinha sido em Nova York, mas nada sobre o boletim da gazeta de Prescott me incomodou. Foi a primeira vez na minha vida que não me encolhi depois de ver meu nome na fonte digitada. O artigo não era intrometido ou crítico. Era carinhoso e doce. A comunidade estava simplesmente preocupada com a professora do jardim de infância.

Eu tinha voltado a trabalhar esta semana, e embora eu chegasse muito antes de Nick, eu gostei, estar com meus alunos tinha feito muito para me ajudar a voltar ao normal. Era sexta-feira à tarde e eu saí do trabalho cedo, correndo de volta para a casa de Nick, pronta para começar o fim de semana. — Ei. — Nick chamou. Eu olhei para o relógio. Ele chegou em casa cedo. Eu esperava que tudo estivesse bem porque eu acho que eu não poderia ter muito mais drama. — Você cozinhou? — Nick perguntou, entrando na cozinha. — Não soe tão chocado. Ou cético. — eu disse. — Eu usei a panela elétrica e decidi que essa vai ser minha especialidade. — Considerando que tudo que você tem a fazer é despejar tudo e ligá-la, você deveria ser capaz de lidar com isso. Eu o cutuquei no peito e revirei os olhos. — O que você está fazendo aqui afinal? Você chegou cedo e arruinou minha surpresa. — Eu não estou arruinando sua surpresa. — disse Nick. —Você está arruinando a minha. — Você tem uma surpresa para mim? — Sim. — E? O que é?

— O quanto você está entusiasmada com àquelas almôndegas? — Ele perguntou. Na panela tinha almôndegas tailandesas e eu ia servir com arroz de jasmim. — Considerando que é a primeira refeição comestível que eu já fiz para você? Muito entusiasmada. — Ok. Nós vamos comer e então você pode ter sua surpresa. Eu franzi o rosto e fiz beicinho. — Posso ter agora? — Não. — Eu odeio surpresas. — eu disse. Ele sorriu. — Eu sei. Nós

jantamos

e

então

Nick

me

carregou

para

sua

caminhonete. Eu percebi que ele estava me levando para ver um filme ou sorvete, então quando ele saiu da estrada e entrou na minha garagem, eu comecei a ter um leve ataque de pânico. — Você está me levando para minha casa? Isso não é uma surpresa. Isso é tortura. Eu não estou preparada ainda. — Minha pele estava úmida e uma onda de náusea rolou pelo meu estômago. — Você teria que vir em algum momento, Emmy. — disse ele, pegando minha mão. — Eu estarei com você o tempo todo. — Eu acho que não posso. Ele parou seu caminhão na frente da garagem e se virou para mim, pegando minhas duas mãos.

— Você sabia que Maisy era enfermeira? — Sim. Li em um artigo sobre o sequestro delas depois que me mudei para cá. — Então você sabe que ela e Gigi foram sequestradas e mantidas no porão do hospital. Eu assenti. — Maisy não pôs os pés naquele prédio desde que aconteceu. Ela desistiu de sua carreira porque ela não poderia superar esses medos. Eu não quero isso para você, ter medo de uma construção. Este é apenas um lugar. Tem lembranças boas e ruins. Mas isso não pode te machucar. Eu mastiguei meu lábio inferior. Ele estava certo. Evitar isso não poderia durar tanto tempo. Era minha casa. Mas reconhecer os fatos não me fez sentir menos ansiosa. Ele levou uma das minhas mãos aos lábios e saiu da caminhonete. Quando subimos as escadas de pedra, minhas mãos começaram a tremer. Na minha cabeça eu podia ouvir minha voz gritando por socorro enquanto Jinx me levava para a noite. — Você consegue fazer isso. Estou bem aqui. — disse Nick. Ele empurrou a porta da frente e me levou para dentro. Eu agarrei sua mão com as minhas. — Você está indo bem. Vamos arrancar o Bandaid. Direto no andar de cima no seu quarto.

Segui pelas escadas e pelo corredor. Quando nos aproximamos, meus pés se transformaram em pesos de chumbo. Nós cruzamos o limiar e eu olhei em volta do meu quarto. Ele deve ter vindo esta semana porque a cama tinha sido feita e tudo estava de volta ao seu devido lugar. Eu respirei fundo e me lembrei que este era apenas um lugar. Nada aqui ia me machucar. Os medos ainda estavam na minha cabeça, mas eles estavam ligados a Jinx e Wrecker. Meu quarto era apenas um quarto. — Estou bem. — Eu sabia que você ficaria. — disse ele enquanto me envolvia em um abraço apertado. — Agora você recebe a sua surpresa. — É melhor não ser apenas sexo, porque poderíamos ter feito isso em sua casa e evitado todo esse drama. E se for apenas sexo, é melhor você estar planejando algo grande por fazer isso comigo. — Oh, é grande, Emmy. — disse ele, pressionando sua crescente ereção no meu quadril. Eu revirei meus olhos. — Não foi isso que eu quis dizer. — Embora, ele estivesse certo. Isso era grande. Muito grande. Ele riu. — Sexo não é a surpresa. — Então diga a sua pica para se acalmar e descer. — Meu pau não é uma pica.

— Eu não gosto de surpresas e você me fez esperar por horas. Você tem exatamente trinta segundos para produzir essa surpresa ou toda e qualquer referência futura à sua masculinidade incluíra o termo ‘pica’. Quinze segundos depois estávamos na cozinha. — Você ia me fazer fajitas? — Sim. E scotcheroos. — disse ele. Eu adorava que ele planejasse recriar as refeições de nossas primeiras experiências culinárias nesta cozinha. — Nós deveríamos ter colocado as almôndegas na geladeira e comido aqui. — eu disse. — Isso tudo vai ser guardado para amanhã. — Obrigada. Foi uma linda surpresa. — A comida não é a surpresa, Emmy. — disse ele. — Não? Então o que é? Nick me levantou na ilha e ficou entre as minhas pernas. Pescando no bolso, ele puxou um chaveiro com uma única chave de prata. — O jantar era um adeus. Eu pensei que poderíamos comer aqui uma última vez e então você poderia voltar para casa. Para sempre. Meu coração acelerou e minha respiração engatou.

Casa. — Esta é a minha chave? — Eu perguntei. — Se você quiser. Eu não demorei em pegar a chave de suas mãos. — Com certeza. Me surpreendia o quanto minha vida tinha mudado para melhor em menos de um ano. Isso tudo era real? O destino me trouxe de volta para Nick. Não havia outra explicação para nos encontrarmos novamente. Nós estávamos destinados. Meu corpo inteiro estremeceu quando ele chupou meu lóbulo entre seus lábios. — Antes de partirmos, vamos celebrar. — Como? — eu ofeguei. — Eu sempre quis fazer sexo naquela coisa enorme de sofá que você tem lá fora. — No lado de fora? De jeito nenhum. Está frio demais. Ele me deu um sorriso torto que logo se transformou em um enorme sorriso. — Eu te desafio. Acontece que não estava tão frio assim.

****

Era o sábado depois que Nick me pediu para morar com ele e nós estávamos dando uma “festa de mudança”. Nós passamos a manhã empacotando as coisas na minha casa com a ajuda de Beau, Silas, Maisy e os Clearys, e agora estávamos de volta à cabana para descarregar. — Eu acho que você pode ter que construir um armário maior um dia desses. — eu disse a Nick. Ele estava em pé na sala de estar, vasculhando uma das seis caixas cheias de canecas de café. — Feito. — Eu estava brincando, Nick. — Mas eu não. Eu passei uma hora empacotando suas roupas. O espaço do armário é a prioridade número um. — Engraçado. — eu disse. — Essa caixa vai para a garagem. Ele me deu um beijo rápido e se virou para a porta, então congelou. — Que porra eles estão fazendo aqui? Eu segui seu olhar para ver duas motos se aproximando. Uma carregava Dash, a outra Draven. Merda. As mãos de Nick se fecharam ao lado do corpo e sua mandíbula se apertou. Era cedo demais. Ele não estava pronto para ver seu pai ainda.

— Você sempre pode lhes pedir para sair. — eu disse. — Tenho certeza que eles entenderiam. Ele encolheu os ombros. — Eu não tenho certeza do que fazer. Papai está tentando. Ele me liga todos os dias para verificar você e para pedir desculpas por ter você envolvida em sua merda. Isso era novidade e suavizou meus sentimentos em relação a Draven. — Bem, seja o que for que você decidir, eu vou te apoiar. Ele me puxou em seus braços. — Eu sei. — ele sussurrou no meu cabelo. — Vamos sair e ver o que eles querem. Vou começar por aí. De mãos dadas saímos para encontrar a família de Nick e nossos amigos todos reunidos nas caminhonetes cheias de meus pertences encaixotados. — Dash. — cumprimentou Nick. — Papai. — Ei, cara. — disse Dash, dando um abraço rápido no irmão. Depois que eles fizeram a sua coisa viril, dando tapas nas costas, Dash caminhou até mim para um abraço. Seus braços prenderam os meus aos meus lados quando ele os envolveu com força e, em seguida, me levantou do chão. — Ei, mana. — disse ele. — Coloque-a no chão, Dash. Suas costelas ainda estão doloridas. — ordenou Nick.

— Merda. Desculpe, Emmeline. — disse Dash, imediatamente me colocando no chão. — Eu estou bem. — sorri. — Nick. — Draven disse, estendendo a mão. Nick observou por um minuto, mas finalmente cumprimentou seu pai. Assim como Dash, quando Draven terminou de cumprimentar Nick, ele veio direto para o meu espaço. Seu abraço era menos exuberante que o do filho, mas tão quente quanto. — Emmeline. Fico feliz em vê-la novamente. — Draven disse. — Obrigada. — O que vocês estão fazendo aqui? — Nick perguntou. — Queríamos ver como Emmeline estava. — disse Draven. Nick assentiu. Ele estava obviamente lutando sobre o que fazer. Com todos nossos amigos em pé ao nosso redor, ele não pediria a sua família para sair. — Você está se mudando? — Dash perguntou, examinando todas as caixas. — Emmy está se mudando. — disse Nick. — Legal! Nós vamos ajudar. — Dash levantou uma caixa da caminhonete de Jess. — Onde devo colocar isso? Meus olhos procuraram Nick. Ele estava olhando para trás, silenciosamente me perguntando o que deveria fazer. Eu dei um

pequeno sorriso e encolhi os ombros. Se Draven e Dash estivessem tentando consertar o relacionamento com Nick, eu não ficaria no caminho. Era a decisão de Nick até que ponto iria deixá-los entrar em nossas vidas. Os ombros de Nick relaxaram e ele sorriu para o irmão. — Essa caixa vai para a cozinha. Vocês gostariam de ficar para o jantar? Depois que tudo estiver descarregado, vamos comer pizza. — Foda-se, sim! — Dash respondeu. E com isso, Dash e Draven se juntaram à minha equipe de mudança. Com as mãos adicionais, minhas caixas foram logo descarregadas e Nick e alguns dos caras foram para a cidade pegar pizza e mais cerveja. — Como você está se sentindo, Emmeline? — Draven perguntou enquanto me ajudava a desembrulhar as canecas de café. — Melhor. Minhas costelas estão um pouco sensíveis, mas nada que eu não possa viver. — Seu olho parece melhor. — disse ele. — Está. Eu posso cobrir a cor que restou da contusão com maquiagem. — Tudo isso são canecas de café? — Dash perguntou quando ele abriu outra caixa empilhada na mesa de jantar. Maisy e Gigi, que estavam brincando com as crianças na sala de estar, começaram a rir.

— Emmeline tem uma bela coleção. E são todas totalmente hilárias. — disse Maisy. — Todas elas vão para a garagem. — eu disse. — Eu só vou manter as que estão dentro desta caixa. — Maisy, você quer me mostrar a garagem? Eu sou conhecido por saber usar a bancada de ferramentas. — Dash piscou. — Dash! Sem dar em cima das minhas amigas. — eu repreendi. — Porra. — ele disse. — Você não é divertida, mana. — Eu acho que vou gostar de ter você em nossos jantares de feriados. — disse Draven. — Vai ser bom ter alguém do meu lado para manter os meninos na linha. Eu dei-lhe um pequeno sorriso e voltei para minhas canecas. Eu não tinha ideia se passaríamos feriados juntos. Nick e eu tínhamos muitos ressentimentos em relação a Draven, mas eu tinha que dar crédito ao homem. Ele estava genuinamente tentando sarar as feridas. Horas depois eu estava oficialmente morando com Nick. Cada caixa foi aberta. Obras de arte agora adornavam as paredes, o quarto de hóspedes tinha roupa de cama nova, e minhas roupas estavam enfiadas em todos os cantos e recantos disponíveis que pudemos encontrar. Eu estava exausta, mas feliz.

Depois de uma noite divertida de pizza, cerveja e vinho, todos tinham ido embora, exceto Draven e Dash. Enquanto Dash estava descaradamente

flertando

com

Maisy,

apesar

das

minhas

advertências, ele convencera seu pai a arrumar quartos em seu hotel na cidade e passar a noite. Mas antes de nos deixarem, queriam ter uma conversa particular. — Os Warriors não vão incomodá-los novamente. — Draven nos assegurou quando nos sentamos na sala. — Você tem certeza? — Nick perguntou. — Absoluta. — disse Dash. — Você sabe que normalmente não compartilhamos negócios do clube com pessoas de fora. — disse Draven. — Mas eu vou fazer uma exceção se você me der a sua palavra que vai manter isso em segredo. Ambos assentimos. — A mudança está chegando para os Gypsies. — disse Draven. — Nós votamos para começar a sair do tráfico de drogas. Não vai acontecer da noite para o dia, provavelmente no próximo ano, mas a patrulha da fronteira está fechando o cerco e nenhum de nós quer arriscar passar uma década na prisão. Os distribuidores não estão nos pagando tão bem quanto antes. Então paramos.

— Fizemos um acordo com os Warriors para nossas rotas de proteção vindas do Canadá. Eles estão comprando conosco, e nós pegamos os caras que mataram Stone e os que tentaram prender Emmeline. — Dash acrescentou. — E você acha que eles vão nos deixar em paz depois disso? — Nick perguntou. — Se não fizerem, eles estarão mortos. — disse Draven, enviando calafrios pela minha espinha. — Seu presidente sabe que eles cruzaram a linha indo atrás de Emmeline. Eu acho que ele está com medo. E eles seriam estúpidos ao retroceder quando estamos mudando o foco para o nosso negócio mais legítimo. — Papai e eu estamos falando em expandir a oficina. Trazer mais dinheiro para compensar as rotas de proteção perdidas. — disse Dash. Nick assentiu. — Isso é inteligente. Vocês têm uma boa reputação. Se vocês investirem pelo caminho da personalização, poderiam fazer um bom dinheiro. — Vocês dois gostariam de se mudar para Clifton Forge e ficar a frente da oficina? — Draven perguntou. — O quê? — Nick perguntou. Seus olhos estavam arregalados, muito parecidos com os meus. — Estou me aposentando. — disse Draven. — E você, Dash?

Ele encolheu os ombros. — Você seria melhor nisso. Além do que, gosto de trabalhar como mecânico. Eu não quero ter que lidar com o incômodo de administrar o lugar. Se eu fosse o gerente, eu não conseguiria trabalhar em tantos carros. Nick pegou minha mão. — Eu agradeço a oferta. Mas eu não vou voltar. Nós estamos bem aqui. Felizes. Emmy tem um ótimo trabalho. Nós temos nossos amigos. Não é para mim. — Achei que era um tiro no escuro, mas eu tinha que perguntar. — disse Draven ao se levantar. — Nós vamos deixá-los em paz. Draven apertou a mão de Nick antes de vir até mim e se inclinar para beijar minha bochecha. — Você é boa para ele, Emmeline. Ele está feliz. Obrigado por isso. — Somos bons um para o outro. — Eu realmente sinto muito por tudo. Eu nunca quis que isso acontecesse. — disse ele. — Desculpas aceitas. É bom saber que acabou. E é um alívio saber quem vinha invadindo minha casa. Suas sobrancelhas se uniram. Ele não sabia sobre meus arrombamentos? Ele sacudiu sua confusão rapidamente e inclinou-se para um breve abraço. — Espero que possamos deixar isso para trás. — Nós não nos conhecemos bem, Draven, mas você deve saber que eu não sou habilidosa em guardar rancor.

— Eu aprecio isso. Nick e seu pai tinham um longo caminho pela frente para curar suas feridas passadas, mas hoje eles haviam dado o primeiro passo. E embora uma parte de mim ainda estivesse zangada com Draven por colocar minha vida em perigo, eu estava disposta a deixar passar. Seu pedido de desculpas foi sincero e os verdadeiros culpados eram Jinx e Wrecker. Com perdão em meu coração, eu fiquei ao lado de Nick e acenei em adeus a Draven e Dash. E as quatro canecas de café que eu tinha enviado com eles.

Capítulo Vinte e Quatro — Este lugar é real? — eu sussurrei. Meus olhos estavam colados ao lindo cenário à minha frente. Lago de cristal. Apropriadamente chamado porque a água era cristalina. Nick tinha acabado de me guiar pelo caminho do nosso acampamento para que eu pudesse ver o lago antes que escurecesse. Ele estava em pé atrás de mim com os braços em volta do meu peito enquanto seu queixo descansava na minha cabeça. — Não parece verdade que a água no meio da floresta possa ser tão limpa. — eu disse. Aos meus pés eu podia ver cada pedra abaixo da superfície da água. Mais adiante no lago, peixes minúsculos nadavam entre as ervas verdes. — Eu amo aqui em cima. — suspirou Nick. Nós só tínhamos estado aqui por dez minutos, mas eu senti o mesmo. — Eu não tenho viajado muito, mas de todos os lugares que eu estive, é o meu segundo favorito. — Qual é o seu primeiro? Seus braços me abraçaram mais apertado. — A capela Clover. Felicidade pura cresceu em meu coração.

Nick finalmente me soltou, ligando o mindinho ao meu para me afastar do lago. — Vamos montar o acampamento. Então amanhã poderemos levar a canoa para a água. — Mais um segundo. — eu disse. O pôr-do-sol estava lindo enquanto refletia na água espelhada. Eu tomei um último momento para aproveitar a luz fraca antes de subir o caminho de cascalho atrás de Nick. Nosso acampamento era um círculo de cascalho aberto cercado por árvores altas. Havia um anel de pedras no centro e uma velha mesa de piquenique de madeira em um lado. — O que eu posso fazer? — perguntei. — Arrume as cadeiras. — disse ele, apontando para as cadeiras fechadas. — E então plante sua bunda em uma. — Você percebe que eu poderia ajudar? — Eu cuido disso, Emmy. Sente e relaxe. Se você quiser beba um copo de vinho, eu coloquei uma garrafa no cooler azul. Copos e saca-rolhas estão na bacia de plástico. — Ok. — dei de ombros. Se ele quisesse carregar todas as coisas enquanto eu apreciava a paisagem, por mim tudo bem. E por paisagem, eu quero dizer ele. Não era difícil para mim cobiçar sua bunda coberta com aquela

maldita calça de lona bege. Especialmente se eu tinha que sentar e beber vinho desta vez em vez de caminhar por uma montanha. O ar da noite esfriou rapidamente quando o sol se pôs e eu me envolvi em um suéter quente enquanto Nick começou a acender uma fogueira. Então ele me surpreendeu cozinhando bifes, batatas e aspargos assados nas chamas. Eu nunca tinha acampado antes e tinha assumido que estaríamos comendo salgadinhos e sanduíches frios. — Então, qual é o nosso plano para amanhã? — eu perguntei depois do jantar. Minha barriga estava cheia, eu tinha um copo de um malbec incrível

na

minha

mão,

e

Nick

estava

me

fazendo

marshmallow assado. Adorei acampar. — Existem cavernas de gelo a alguns quilômetros acima da montanha. Eu pensei que nós poderíamos caminhar até lá de manhã e voltar antes do almoço. Então poderíamos andar de canoa ao redor do lago. — disse ele. — Excelente. — Aqui. — disse ele, me entregando a minha sobremesa. Eu só comi marshmallow em restaurantes chiques de Nova York. Por um ano ou mais, estava no auge. Chefs tinham feito seus próprios biscoitos e os serviram com chocolates ridiculamente extravagantes. Então você assaria um marshmallow sobre a chama de

uma vela antes de montar a sobremesa no seu prato. Isso custava uma fortuna. O marshmallow que Nick me fez, com uma barra de chocolate ao leite, caixa de bolachas e uma fogueira de verdade, era inigualável. Durante o resto da noite, nos sentamos na escuridão, lado a lado, olhando para o fogo. De vez em quando nós conversávamos, mas nós dois estávamos satisfeitos em apenas sentar e desfrutar da paz silenciosa enquanto o fogo crepitava e estalava, lançando faíscas no céu escuro. — Eu nunca vou me cansar de olhar para tantas estrelas. — eu disse a Nick quando inclinei minha cabeça para o céu. — Você não vê isso na cidade. Eu cantarolei meu acordo e bocejei. — Vamos, Emmy. Hora de ir para a cama. — Ele me levou até nossa grande tenda e acendeu uma lanterna a gás, então eu poderia subir em nosso colchão de ar. Eu adormeci enquanto Nick saiu para apagar o fogo e fazer o que mais você faz à noite enquanto acampava. Quando ele deslizou para a cama ao meu lado, eu me virei para que ele pudesse se enrolar nas minhas costas. — Você está acordada? — ele sussurrou em meu cabelo. — Não.

— Então acorde. — ele riu. — Não. — Por favor? Quando eu rolei, ele tirou o cabelo do meu rosto. — Eu encontrei algo esta semana. Algo que eu esperei encontrar há muito tempo. Ele trouxe uma mão entre os nossos rostos. Na ponta do dedo indicador haviam dois anéis. Minha aliança e a sua. — Como você encontrou isso? — eu engasguei. Eu achei um lugar especial para escondê-los em uma caixa com a nossa foto do casamento. E eu pessoalmente os transferi para a casa de Nick. Então eu coloquei a caixa atrás de uma pilha de roupas no armário. — Eu estava no armário, tentando descobrir como eu poderia torná-lo maior. Minhas bochechas ficaram quentes. Eu estava envergonhada por ele ter encontrado algo que eu sempre escondi. — Eu senti falta deste anel por uma década. — disse ele. — Eu odiava que eu não o tivesse para segurar quando sentia a sua falta. Eu ainda podia senti-lo no meu dedo, mas quando olhava para baixo, ele não estava. E eu odiava o pensamento de que nunca o conseguiria de volta.

Quantas vezes eu fui tentada a doá-los para caridade? Mas eu estava tão arrasada que não fiz. Eu os mantive todo esse tempo e nunca cedi à vontade de doá-los. — Eu ia esperar até amanhã para te dizer, mas não posso. — disse ele. — Já se passaram três dias desde que os encontrei e sinto que estão queimando um buraco no meu bolso. Emmeline Austin, amor da minha vida, você me daria a grande honra de usar meu anel no seu dedo? De permanecer sendo minha esposa? Eu balancei a cabeça freneticamente. — Sim. Um largo sorriso encheu minha visão. As manchas marronsdouradas se espalham através das íris verdes de Nick. — Oi, esposa. — ele disse enquanto deslizava meu anel no meu dedo. — Oi, marido. — eu disse, fazendo o mesmo por ele. Quando foi colocado contra o dedo dele, Nick se inclinou para frente e colocou um suave e doce beijo contra os meus lábios. Então ele levantou minha mão e beijou meu dedo anelar. Eu deslizei minha mão na dele e na sua barba, gentilmente acariciando seu lábio inferior com o meu polegar. — Eu te amo, Nick. — Eu amo você, Emmy. Sempre. Lágrimas inundaram meus olhos. As lágrimas mais felizes da minha vida.

Eu odiava que Nick e eu tivéssemos perdido tanto tempo juntos, mas essa dor estava quase acabando. Não havia garantia de que teríamos ficado juntos, que teríamos conseguido. Nós dois éramos tão jovens quando nos casamos. Eu era ingênua. Ele estava aprendendo a colocar distância entre ele e sua família. Aqueles nove anos tinham nos mudado e nos fizeram as pessoas que somos hoje. Quem nós tínhamos nos tornado era quem nós deveríamos ser, duas pessoas que se apegaram um ao outro até o final. Que iriam saborear

cada

momento

juntos. Nick

tinha

meu

coração

completamente e eu tinha o dele. Ele me rolou de costas e capturou minha boca. Então suas mãos começaram a vagar. Quando meu corpo começou a tremer, eu puxei as roupas de Nick. — Preservativo. — disse ele, quebrando nosso beijo e estendendo a mão para sua bolsa. — Não. — eu disse, pegando sua mão e trazendo de volta para mim. Eu queria meus sonhos. Eu queria uma família com Nick e não queria esperar. — Você tem certeza? — ele perguntou. Eu assenti.

Não demorou muito para que nossos beijos se tornassem frenéticos. Seus lábios se separaram dos meus, então ele poderia tirar minhas roupas. — Depressa. — implorei. Eu estava encharcada e latejando. Nick não demorou a alinhar seu pênis e empurrar para dentro. Seus

quadris

eram

lentos

enquanto

ele

penetrava

profundamente. — Mais. — implorei. — Diga que você me ama. — ordenou Nick, pressionando ainda mais profundamente para que seu pau estivesse contra o meu útero. — Eu te amo. — Diga que você quer meu bebê. — Eu quero seu bebê. Muito. — Cristo, Emmy. Eu também quero isso. — disse ele. Então começou a se mover. Firme e profundo. Seu ritmo não era apressado, e após cada impulso ele apertou seus quadris para frente, de modo que a base de seu pênis ficasse pressionada contra mim. A pressão se concentrou no meu clitóris. Eu estava tão perto da gozar que tremia embaixo dele. Quando senti o orgasmo se construindo, agarrei o saco de dormir ao meu lado e segurei firme. Duro e longo, meu orgasmo me sobrecarregou. Um

gemido profundo veio da parte de trás da minha garganta antes de eu gritar em êxtase. Nick abandonou seu ritmo lento e começou a bater em mim, enviando outro orgasmo através do meu núcleo. Quando gozei, abri os olhos para ver Nick me penetrando sem parar, indo em direção ao seu próprio orgasmo. Quando ele se aproximou, jogou a cabeça para trás e gemeu. A barraca foi preenchida pela sua voz áspera e sexy. Quando os movimentos de Nick se acalmaram, eu envolvi meus braços e pernas ao redor de seu corpo, puxando ele o mais perto que pude. — Isso vai ser divertido. — ele disse no meu pescoço. Eu ri. — Você tem razão. O som de nós dois rindo juntos escapou das paredes de tecido da nossa tenda e ecoou através da floresta, na noite estrelada. — Parte favorita do acampamento? — Nick perguntou enquanto voltávamos para casa dois dias depois. — Canoagem no lago. Nick remou para todos os cantos do pequeno lago. Devia ter pelo menos seis metros de profundidade em algumas partes e eu podia ver diretamente o fundo. O sol acima de nós tinha lançado uma sombra do barco no chão do lago enquanto flutuávamos em volta. — Seu? — eu perguntei.

— Além do sexo na tenda, que a propósito, eu estou um pouco magoado por não ser sua parte favorita, provavelmente a comida. Eu amo churrasco. — Estava delicioso. — eu disse. — E o sexo na barraca foi uma dádiva. Eu acredito que expressei o quanto eu gostei esta manhã quando estava em cima de você. — Oh, sim. — ele sorriu. — Sinta-se livre para se expressar assim novamente. A qualquer momento, Emmy. — Anotado. Eu menti para Nick. Canoagem não foi meu favorito. O sexo também não foi. Minha parte favorita era que eu podia olhar a mão de Nick e ver sua aliança de casamento. E quando eu andava, eu podia vislumbrar a minha, brilhando na minha mão enquanto ela balançava do meu lado. **** De pé em frente ao espelho, alisei a saia do meu vestido. Hoje à noite eu finalmente teria a oportunidade de usar meu vestido verde sexy. Aquele que eu tinha provocado Nick todos aqueles meses atrás. Aquele que exigia que eu renunciasse à roupa íntima. A frente do meu vestido era aparentemente conservadora, feita de tecido verde com uma sobreposição de renda combinando. A gola era alta e tinha pequenas mangas. Era as costas, ou a falta dela, que

marcava esse vestido. Um enorme recorte começava na minha nuca e se estendia até os meus lados, até logo acima da minha bunda. Eu esperava que Nick ficasse tão apaixonado pelo vestido que o deixasse em um humor agradável. Esta noite estávamos comemorando seu aniversário. E esta noite eu ia levá-lo para o prédio vazio na cidade que eu tinha comprado para ser a sua oficina. Eu estava apreensiva que ele fosse odiar. Eu não queria que ele se ressentisse do fato de eu ter usado meu dinheiro para o seu negócio em potencial. No lado positivo, minha ansiedade seria de curta duração. Eu tinha acabado de fechar o negócio do prédio esta manhã, e dentro das próximas duas horas eu saberia como Nick se sentiria sobre o meu presente. — Pronta? — Nick perguntou enquanto eu descia as escadas. Ele estava em pé ao lado da porta vestindo um blazer. Eu nunca tinha visto ele tão bem vestido para o jantar antes. Nunca. Ele ainda estava de jeans e uma camiseta preta, mas com o paletó de tweed preto e a ausência do boné de beisebol verde, ele estava parecendo quente. Muito quente. Eu não podia esperar para deslizar o casaco de seus ombros largos quando chegarmos em casa. Isto é, se ele não estivesse com raiva de mim por comprar um prédio para ele.

— Eu gosto do seu vestido, Emmy. Eu sorri antes de lentamente girar ao redor. — Foda-se. — ele sussurrou. — Nós vamos pular o jantar. — Paciência. — eu disse. — Você está esperando há algum tempo para dizer isso para mim, não é? — Talvez. — eu sorri. Não muito tempo depois de sairmos, estávamos no The Black Bull e eu estava demolindo o bife diante de mim. — Isso está maravilhoso. Obrigada. — eu disse a garçonete enquanto ela me trazia o meu segundo copo de vinho e Nick sua terceira cerveja. — Como vai o seu restaurante em Nova York? — Nick perguntou. — Muito bem. Meu gerente de projetos me enviou um e-mail na terça-feira com uma atualização sobre o progresso. Eles têm o design pronto e estão recebendo propostas para a construção. Meu chef está na lua que o menu vai ser simples. Ele vai trabalhar na criação de alguns molhos especiais de manteiga para servir sobre os bifes, mas fora isso, ele só vai se concentrar em obter carnes e produtos de alta qualidade. — Quando isso será feito? — ele perguntou.

— Está programado para fechar no início de julho, quando todos partem para o Hamptons, em seguida, abrir novamente no final de agosto. — eu disse. — Qual nome você escolheu? Minhas bochechas coraram. Eu estava orgulhosa do nome, mas com vergonha de contar a Nick. — O quê? — ele perguntou. — Pedi a eles que chamassem de Nicks. Seus olhos brilharam quando o sorriso cresceu em seu rosto. Ele estendeu a mão para segurar a minha, enlaçando seus dedos com os meus na mesa. — Melhor presente de aniversário de todos. — Eu posso ter te comprado uma pequena outra coisa. Ele deu a meus dedos um aperto final e então nós dois voltamos para as nossas refeições. — Devemos voar para a abertura? — Para Nova York? — eu perguntei, quase engasgando com um pedaço de feijão verde. — Sim. Se ele abrir cedo o suficiente, poderíamos ir lá e voltar antes do ano letivo começar. — Você iria comigo? — Você é minha esposa? — ele perguntou. — Sim. — Eu te amo?

— Sim. — O restaurante é importante para você? — Sim. — Então aí está a sua resposta. — disse ele. Eu acho que nós iríamos para Nova York no final do verão. No final do jantar meus nervos estavam me deixando tremula. Nós subimos no caminhão e me sentei em minhas mãos para evitar que elas se mexessem. — Você pode fazer uma curva à direita aqui? — eu perguntei. O prédio que eu comprei para ele era localizado fora da rodovia. Era apenas a alguns quarteirões de distância do quartel de bombeiros e a dois prédios da delegacia. — Por quê? — Seu presente de aniversário. — eu disse sem mais explicações. — Ok. — ele disse e fez a curva. Nick era claramente melhor em desfrutar de surpresas do que eu. — Então a esquerda aqui. — eu disse. — E pare no prédio à direita. Nada sobre o lugar parecia uma oficina mecânica, mas eu escolhi porque tinha um grande potencial. A maior parte da longa estrutura retangular era de aço vermelho escuro, mas no outro

extremo o metal fazia a transição para a fachada de madeira, onde um pequeno escritório foi separado do armazém. Meu corretor disse que ele foi originalmente construído por um fabricante de móveis fora do estado. Ele havia se mudado da Califórnia para Prescott, mas os invernos congelantes não tinham combinado com ele. Ele vibrou com a minha oferta em dinheiro, feliz por finalmente vender o lugar. Eu pulei para fora do caminhão e andei até as portas. As botas de Nick bateram no pavimento atrás de mim. Puxando as chaves da minha bolsa, destranquei a porta de vidro do escritório, apertando o interruptor de luz quando entrei. — Aqui é onde eu terei a minha mesa de café e a sala de jantar. — disse Nick brincando. Ele estava casualmente olhando ao redor do escritório, passando os dedos sobre a mesa que ainda permanecia no centro. Seu comportamento relaxado e fácil estava fazendo meu nervosismo aumentar. Como ele conseguia fazer isso sem saber o que estávamos fazendo aqui? Eu seria uma bagunça desastrada. Caminhei mais para dentro do prédio, ligando os muitos interruptores no painel de luz. O armazém ganhou vida sob as lâmpadas fluorescentes brilhantes penduradas no teto industrial. Meus saltos cruzaram o chão de cimento enquanto eu caminhava para uma mesa na parede lateral. Nela havia um punhado

de cartões de visita que estava escrito Slater’s Station. Eu pedi ao meu gerente de projetos do restaurante um favor, e com base em uma foto que eu tinha enviado da placa de Nick, ele foi capaz de conseguir que um designer gráfico criasse um logotipo para a oficina. Os cartões eram apenas um modelo, mas eu achei que eles ficaram surpreendentes. Eu só esperava que Nick gostasse deles também. Eu me virei e o vi em pé no centro da sala. Seus braços estavam cruzados sobre o peito e as pernas bem abertas. — No futuro, esposa, eu prefiro que façamos nossas compras imobiliárias juntos. Meu queixo caiu. — O que? Você sabe que eu comprei este prédio? — Descobri esta manhã. Seu corretor de imóveis tomou café na cafeteria depois que você assinou os papéis. Seth Balan estava lá com seus amigos aposentados. Sua primeira parada depois do café foi o posto de bombeiros. — Eu não posso acreditar nisso! — eu gritei. — Ele arruinou a minha surpresa. O sorriso tímido no rosto de Nick se transformou em um sorriso largo. — Oh, fiquei surpreso, Emmy. Quando ele me disse que você estava comprando este lugar e queria saber o que faríamos com isso, acredito que minhas palavras exatas foram: 'Do que você está

falando? Eu acho que eu saberia se minha esposa estivesse comprando um armazém.' Demorou quase cinco minutos para Balan parar de rir de mim. — Aquele homem é um inconveniente. Ele precisa conseguir outro emprego para ficar fora do negócio de outras pessoas. — eu estourei. Não é de admirar que Nick tivesse sido tão casual no caminho de volta. — Ele nem é o pior desse velho bando. Espere até conhecer o pai de Silas, Elliot. — disse Nick. Jogando minhas mãos no ar, eu soltei um suspiro alto. —Agora o que eu faço? Eu tinha todo esse discurso planejado. Mas você já sabe de tudo, então não importa. — Diga de qualquer maneira. — Não. É estúpido agora. — Por favor? — ele implorou. Em uma voz monótona e apressada, eu disse a ele o que eu estava praticando o dia todo. — Feliz aniversário, Nick. Eu comprei este prédio para você, então você pode abrir sua própria oficina e finalmente ter o emprego dos seus sonhos. Se você decidir que não é para

você,

tudo

bem. Eu



queria

que

você

tivesse

a

oportunidade. Então aqui estão suas chaves. Você pode fazer o que quiser com o espaço. Eu vou te apoiar, não importa o quê. Eu te amo e mal posso esperar para celebrar muitos mais aniversários juntos.

Quando terminei, soltei outro suspiro. — Aí. Esse era o meu discurso. Passei o tempo todo me preocupando com isso hoje e foi uma perda de tempo. Tudo por causa daquele maldito Seth Balan. Com passos largos, Nick atravessou a sala. — Sinto muito que você não tenha me surpreendido. — ele disse, tomando meu rosto em suas mãos. — E eu gostei do seu discurso, embora você pudesse ter dito isso com um pouco mais de sentimento. Sua piada provocou um revirar de olhos. — É um ótimo presente, Emmy. Não sei se mereço. — Claro que você merece. Você não está bravo por eu ter comprado, está? — Não. Eu prefiro que você gaste seu dinheiro com você mesma em vez de gastar comigo. Mas eu não sou louco. — ele disse. — Eu não posso fazer essa promessa. — eu disse. — Esse dinheiro não é mais só meu. É nosso. Eu já tinha tomado a decisão de adicionar Nick à minha herança e meu advogado estava atualmente elaborando os documentos para a alteração. Nick era uma parte permanente da minha vida. Meu dinheiro não era mais meu, porque éramos uma equipe. Ele tinha o direito de usá-lo tanto quanto eu tinha. Não que eu achasse que ele faria. Eu duvidava que ele fosse pegar um centavo. — Essa é uma conversa para um dia diferente. — disse ele.

— Certo. Estou disposta a interromper a conversa do dinheiro desde que é seu aniversário. — eu disse. — Mas logo precisamos discutir isso. — Tudo certo. — Aqui. — eu disse, entregando os cartões de visita. — Eu mandei fazer estes para você. Eles não são os finais. Eu só queria lançar a ideia. Nick levantou os cartões para o rosto e os estudou atentamente. — Proprietários Nick e Emmeline Slater? — Podemos mudar isso. — eu disse rapidamente. — Eu não preciso fazer parte da oficina e, se você preferir fazer isso sozinho, eu entendo completamente. Mas se você quiser minha ajuda com o trabalho de escritório ou contabilidade, eu ficaria feliz em ajudar. O que você desejar. — Eu gosto do seu nome aí, Emmy. Especialmente seguido pelo meu último. — disse ele. — Oh. — eu disse, olhando para o chão quando minhas bochechas coraram. — É só que eu sempre achei que levaria o nome do meu marido. Eu acho que sou tradicional nesse sentido. Isso te incomoda? Ele se abaixou e roçou os lábios contra os meus. Sua língua disparou e provocou meu lábio inferior. Eu empurrei para frente, esperando por mais, mas ele se inclinou para trás.

— Isso responde à sua pergunta? — O que você acha de começar uma oficina? — perguntei. — Balan não sabia por que você comprou este lugar, então quando ele saiu da estação eu quebrei minha cabeça tentando descobrir o porquê você tinha feito isso. Eu tive alguns outros palpites, mas percebi que isto era o mais provável. Provavelmente foi bom eu ter tido o dia para pensar. — Como assim? — perguntei. — Meu primeiro pensamento foi que eu não poderia fazer isso e que você desperdiçou um monte de dinheiro. Mas então comecei a pensar em começar uma oficina personalizada. Se eu pudesse construir uma reputação do outro lado do Noroeste, eu não pegaria os clientes da oficina do centro da cidade. — Você é um bom homem, Nick, por se preocupar com os negócios de outra pessoa. Ele encolheu os ombros. — Eles são boas pessoas. — E o posto de bombeiros? Você acha que um de seus voluntários estaria interessado em seu trabalho? — Talvez. Eu preciso pensar mais sobre isso. Fazer as contas e falar com papai e Dash. Eu não sei se é inteligente abrir meu próprio negócio se estivermos tentando ter um bebê. — Por quê? — perguntei. — Eu acho que é a hora perfeita. Pense em quanto você poderia ensinar nossas crianças. Eles

poderiam trabalhar com você aqui, assim como você fez com sua família. Um pequeno sorriso puxou sua boca. — Vou ligar para papai e Dash mais tarde. — disse ele. — Talvez conversar com Ryan na Jamison Valley Construction também. Ver quanto custaria reformar este lugar. — Oh. Sobre a reforma. — eu disse, franzindo o nariz. — Eu já posso ter discutido isso com ele. E o dinheiro para a reforma está na mesa do escritório. Essa é a próxima parte do seu presente. — Estou achando que a conversa do dinheiro precisará acontecer mais cedo do que eu esperava. — ele disse. — Isso provavelmente não é uma má ideia. — Obrigado, Emmy. Por acreditar em mim. — É fácil acreditar em você. — Vamos para casa, esposa. Quero sexo de aniversário com você nesse vestido... nesses saltos. Mas eu não vou transar com você nessa oficina fria. Pelo menos, ainda não. Eu tremi quando caminhei pelo lugar, e não porque estava frio.

Capítulo Vinte e Cinco — Você pode ser minha professora no próximo ano? — Tchau! — Você virá para a minha festa de aniversário neste verão? Meus alunos estavam se revezando e me abraçando enquanto se arrastavam para fora da sala de aula para suas férias de verão. As crianças estavam animadas para se mudar para a primeira série e eu estava ansiosa para ter uma nova turma de crianças para ensinar, embora eu fosse sentir falta dessa turminha. Minha primeira classe sempre teria um lugar especial no meu coração. Especialmente Rowen e Mason. Mas a coisa maravilhosa sobre Prescott era que as crianças nunca estariam longe. Eu os encontraria na rua ou na cafeteria. Nos corredores da escola eu iria assistir eles crescerem de crianças de jardim de infância para formandos do ensino médio. Prescott era minha casa e seria para o resto da minha vida. Quando a fila terminou eu examinei a sala de aula e encontrei o aluno que eu estava esperando. Não foi surpresa que Mason tivesse se contido. Ele não era de se mover com a multidão. — Você está animado para o verão na fazenda? — eu perguntei, me ajoelhando na frente dele.

Ele assentiu, retornando meu sorriso e me mostrando sua covinha. — Jack e Annie disseram que eu poderia mudar meu sobrenome de Carpenter para Drummond. E desde que eu vou ser um Drummond agora, a fazenda será minha também. Eu não tenho que ir embora nas férias. — Uau! Isso é incrível, Mason! — eu disse fingindo surpresa. Annie Drummond me pediu para escrever uma carta de recomendação quando ela e Jack tinham decidido adotar oficialmente Mason. Ela estava preocupada que o juiz se oporia devido a sua idade, mas ele tinha assinado sem demora. O juiz havia concordado com uma adoção imediata com a condição de que a mãe biológica de Mason abrisse mão de seus direitos parentais. Jack escolheu visitar a mulher na prisão, e sem demora ela assinou os papéis e ele foi embora. — Você virá me visitar? — perguntou Mason. — Eu poderia mostrar a você os arredores. E você poderia conhecer meu cachorro. — Eu adoraria. Agora é melhor você ir embora. Tenho certeza que Annie está do lado de fora esperando você. Acho que ela mencionou algo sobre sorvete para comemorar. Ele disparou em volta de mim e correu pela porta. Ele não foi muito longe antes de seus passos voltaram em minha direção. Mason correu direto para mim, jogando seus pequenos braços em volta dos

meus quadris enquanto me abraçava apertado. Eu me abaixei e fiz o meu melhor para abraçar ele de volta. — Eu vou sentir sua falta, Sra. Austin. Quero dizer, Sra. Slater. — ele disse, lembrando do meu novo último nome. — Eu também vou sentir sua falta, Mason Drummond. Tão rapidamente quanto ele voltou, ele estava correndo de novo. Meu nariz começou a arder e as lágrimas não estavam muito atrás. Eu sabia que hoje seria emocional para mim. De muitas maneiras, essas crianças me ampararam ao longo do ano. Quantas vezes eu pensei em me mudar? Eu duvidava que eu teria ficado em Prescott se não fosse por eles. Então, de certa forma, sem meus alunos, Nick e eu talvez não tivéssemos conseguido. Eu poderia ter desistido. Quando meu telefone tocou, não fiquei surpresa ao ver o nome de Nick na tela. Mesmo do outro lado da cidade, ele sabia quando eu precisava dele. — Oi— eu respondi. — Como vai você? — Estou triste. — Não fique triste, Emmy. Você vai vê-los novamente.

— Eu sei que sim. Mas ainda estou triste. Vou sentir falta de ver seus rostinhos. — Você ficará bem. Você terminou por hoje? — ele perguntou. — Quase. Preciso guardar algumas coisas e deixar minha folha de notas no escritório. Eu provavelmente precisarei de trinta minutos. — Ok. Quando estiver pronta me encontre no prédio. — disse ele. — Seu prédio. — Nosso prédio. Te vejo em breve. Não demorei muito tempo para entrar no depósito. Nick estava em pé no meio com dois outros homens, Ryan da empresa de construção e Jess. Jess inclinou para me dar um abraço rápido e Ryan apertou minha mão. Então Nick me segurou ao seu lado e explicou por que estávamos todos aqui. — Nós estamos planejando diferentes layouts para a oficina. Eu pensei que poderíamos adicionar duas grandes portas na frente e uma na parte de trás, colocaríamos dois elevadores no meio do piso, e balcões e armários de ferramentas ao redor das paredes. A tristeza em meu coração desapareceu. Isso significava que ele ia montar seu negócio? Desistir do Corpo de Bombeiros e começar sua própria oficina?

— Tudo o que você achar que é melhor. — eu sorri. — Nós estávamos conversando sobre a construção de uma cabine de pintura nos fundos. Talvez ampliar o escritório. Manter esse revestimento de madeira para que pareça bonito. Isso me pouparia espaço aqui para que eu possa encaixar dois, talvez três carros de uma vez. — Tudo bem. — eu estava tão feliz que tive dificuldade em dizer qualquer outra coisa. — Este lugar vai ficar ótimo, Nick. — disse Jess. — Obrigado, Brick. Agradeço por você ter vindo dar uma olhada. — Nick disse. — A qualquer hora. — ele estendeu a mão para um aperto. — Estou indo nessa. Georgia quer celebrar o último dia de Rowen no jardim de infância. — Eu vou sentir falta dela. — eu disse a Jess. — Ela vai sentir sua falta também. — Vou embora também. — disse Ryan, também apertando a mão de Nick. — Eu vou ter a proposta original que fiz para Emmeline atualizada neste fim de semana. Mando para você na segundafeira. Eu tenho mais mão de obra agora. Alguns dos jovens que trabalharam para mim no verão passado voltaram da faculdade para casa. Talvez possamos começar no final de junho, se quiser.

— Vamos conversar sobre isso hoje à noite e eu vou deixar você saber. Obrigado, Ryan. Quando ficamos sozinhos, olhei para Nick com um sorriso esperançoso. — Isso significa que você está considerando uma mudança de carreira? — Sim. — Sim! — eu gritei, o som ecoando por todo o lugar vazio. Nick me pegou e me rodou. Eu joguei minha cabeça para trás e observei o lugar girar em torno de mim. As coisas continuaram melhorando. Foi difícil até mesmo processar essa felicidade. — Eu amo você, Emmy. — disse ele, olhando para mim. — Eu te amo, Nick. Nós estávamos finalmente começando a viver o nosso final feliz. Começando a vida que tanto desejamos todos aqueles anos atrás. Era uma pena que os demônios do passado não nos deixassem viver em paz. **** Eu detestava o verão.

O que era incomum, considerando que era minha segunda temporada favorita depois da primavera. Fazia apenas um mês desde que a escola terminou e eu estava morrendo de tédio. Eu me esforcei para encontrar atividades suficientes para ocupar o meu tempo durante o dia até Nick chegar em casa. Eu vivia para os nossos fins de semana, e desde que eles se tornaram tão preciosos, eu andava em um humor particularmente rabugento uma vez que Nick estava no trabalho. Hoje era um dos sábados que sua equipe de voluntários fazia treinamento de campo durante todo o dia. Com a temporada de incêndios florestais começando em breve, eles estavam fazendo exercícios de simulação de como apagar incêndios nas montanhas fora da cidade com Beau do Serviço Florestal. Ao invés de ficar dentro de casa sozinha me sentindo infeliz e observando os ponteiros do relógio, assim que amanheceu eu pulei no jipe e fui até a loja de jardinagem. Eu ia repaginar a varanda da frente com flores. Eu tinha alguma ideia sobre o plantio? Não. As flores provavelmente iriam morrer dentro de duas semanas? Definitivamente. — Você sabe que eles vendem outras cores de flores, certo? — Ahh! — eu gritei, saltando para os meus pés e girando ao redor. Terra e uma grande Petúnia saíram voando pelo ar.

— Desculpe! — Nick disse, levantando as mãos. — Eu pensei que você tinha me visto chegar. — Eu não vi. — eu ofeguei. A música que saía da casa estava muito alta e eu fiquei concentrada na minha tarefa. — Você quase me matou de susto! Ele chupou o lábio inferior entre os dentes e tentou impedir que seu peito tremesse. — Não é engraçado, Nick! Eu quase tive um ataque cardíaco! — eu cruzei meus braços sujos sobre a minha camisa suja e olhei para o meu marido quando ele explodiu em histeria. — Eu sinto muito. Você parece adorável. — disse ele, atravessando o pátio. — Estou uma bagunça. — Uma bagunça adorável. — ele pegou a sujeira e folhas presas no meu rabo de cavalo. — Você chegou em casa cedo. — eu disse. — Como foi o treinamento? — Impressionante. A equipe acabou o treino em tempo recorde. Vejo que você esteve ocupada. — ele disse, examinando a varanda. — Elas provavelmente vão todas morrer dentro de uma semana. — fiz uma careta.

— Então você pode simplesmente replantá-las todas de novo. — disse ele, beijando minha testa. — Isso deve lhe dar algo para fazer, pelo menos. — Estou ficando louca. — eu disse. — Eu nunca fiquei tão ansiosa antes. O que há de errado comigo? — Nada. Você está apenas se adaptando a uma nova rotina. No final do verão você vai amar o ritmo mais lento. — Duvido. — Ryan me ligou enquanto eu estava dirigindo para casa. — disse Nick. — Eles estão prontos para começar a obra da oficina na próxima semana. Eu disse a ele que você ia coordenar tudo. — Obrigada Senhor. Eu não posso esperar por um projeto. Nick agarrou minhas mãos e as prendeu nas minhas costas. Com o peito apertado contra o meu, ele olhou para mim e sorriu. — Tenho mais algumas boas notícias hoje também. Michael Holt está pensando em deixar o seu emprego atual, então eu conversei com ele sobre me substituir no posto de bombeiros. — Mesmo? Isso seria ótimo! O que ele disse? — eu perguntei. — Ele ficou meio intimidado no início, mas conversei com ele por um tempo. Eu acho que ele se encaixaria bem. — disse Nick. — Enquanto eu permanecer como voluntário, o conselho rural deve aprová-lo. Ele é bem jovem, mas acho que faria um bom trabalho.

Nas duas últimas semanas, Nick e eu conversamos muito sobre a oficina e como nós administraríamos juntos. Todos os dias ele ficava cada vez mais animado, mas ele estava hesitante em deixar o corpo de bombeiros completamente. Ele construiu sua vida como bombeiro e se ele não iria dirigir o departamento, ele sentia que deveria pelo menos continuar como voluntário. Isso me assustou um pouco, mas eu estava orgulhosa de sua coragem e dedicação. — Fico feliz que tudo tenha dado certo. — eu disse. — Eu também. Você percebe que eu odeio a cor amarela, certo? — ele sussurrou. — O que? — minha boca se abriu. Se ele odiava amarelo, então a abundância de flores que eu plantei na varanda da frente foi um erro gigantesco. — Brincadeira! — ele riu. Eu revirei meus olhos. — Isso é o que eu pretendia. — disse ele, o que lhe rendeu outro revirar de olhos. — Dois seguidos. — Pare de me provocar. Nick se inclinou para roçar os lábios contra os meus. — Nunca. Eu amo esse revirar dos olhos. E só porque isso o faria feliz, lhe dei mais um.

Durante a hora seguinte terminei de plantar minhas flores amarelas enquanto Nick me fazia companhia. Nós conversamos sobre a oficina, suas ideias de design e pensamentos para obter novos negócios. No minuto em que entramos na casa, meu telefone tocou. — É meu pai. — eu resmunguei. Eu não tinha falado com ele desde a Páscoa. Eu tinha tomado a decisão de não compartilhar os detalhes da minha tentativa de sequestro com ele ou minha mãe. Mamãe só se preocuparia enquanto ele iria por toda a culpa disso em Nick e guardar a informação para usar contra ele no futuro. Eu franzi o nariz, mas decidi atender a ligação. — Olá pai. — Emmeline! — Steffie? — eu disse. — Está tudo bem? Por que você está me ligando do telefone do meu pai? — Oh, ele está aqui também. — disse ela. — Diga oi, Trent. — Emmeline. Olá. — ele murmurou. Claramente, esse batepapo em grupo não foi ideia dele. — Estamos indo visitá-la. — anunciou Steffie. — Uh... — minha língua parecia grande demais para a minha boca. Ver Steffie seria legal. Mas meu pai? No mesmo lugar que Nick? Nada de bom poderia vir desta visita. — Olá? — disse Steffie. — Você me ouviu?

Eu balancei a cabeça um pouco e recuperei o controle do meu discurso. — Sim. Quando vocês estarão aqui? — Segunda-feira. — ela disse. — O que? Você quer dizer depois de amanhã? — Sim. Você não está trabalhando, certo? — Hum, não. — Está bem então. Nós estaremos aí segunda-feira. Eu vasculhei meu cérebro, procurando freneticamente por qualquer desculpa para atrasar a viagem, melhor ainda, fazê-los cancelar, mas eu não conseguia pensar em nada. — E nós gostaríamos de nos hospedar com você. Não. Eles absolutamente não poderiam ficar aqui. Eu não tinha passado um dia inteiro no mesmo lugar com meu pai há anos. —Bem, eu não tive a chance de te contar, mas Nick e eu estamos morando juntos. Vocês provavelmente ficariam mais confortáveis em um hotel. — Você não tem um quarto de hóspedes? — Steffie perguntou. — Está apenas um pouco cheio agora. Eu não desfiz as malas. — menti. — E se vocês dois ficarem na minha casa? — Pode ser na sua casa. — ela concordou. — Eu não quero ficar em um Hotel. Agora que isso está resolvido, Trent tem algumas coisas que gostaria de lhe dizer.

— Sim, pai? — perguntei, me preparando mentalmente para suas inevitáveis críticas. — Emmeline, eu gostaria de me desculpar pelo meu comportamento nesses últimos telefonemas. Eu entendo que eu deveria ter lidado com a notícia do seu casamento de forma diferente. Este telefonema foi absolutamente ideia de Steffie. O pedido de desculpas também. A palavra “casamento” soou como se lhe tivesse causado dor física. Mas eu decidi apenas aceitar e seguir em frente. — Obrigada. Eu aprecio suas desculpas. — Muito bem. Agora que resolvemos isso, vamos discutir nossos planos de férias. Steffie me convenceu a passar algum tempo conhecendo seu marido. — havia aquele tom novamente. — Por favor, planeje algo para nós dois fazermos sozinhos enquanto vocês garotas colocam a conversa em dia. — Tenho certeza de que isso pode ser providenciado. — eu disse. — Bem. Agora temos outra novidade. — Sim? — Estou grávida! — anunciou Steffie. Eu estendi a mão, passando-a no ar, tentando encontrar algo para segurar. Minhas pernas estavam amolecendo e eu estava tonta.

— Porra. Eu estou aqui. — Nick disse, correndo para me pegar. Foi uma coisa boa que ele tinha ficado de pé perto de mim ou eu teria batido no chão. — Respire, Emmy. Eu balancei a cabeça, puxando algumas respirações para impedir minha cabeça de girar. — Eu estou bem. — eu disse, me estabilizando. — Emmeline? — meu pai gritou. — Você está bem? — Sim. Eu estou bem. — eu disse, colocando o telefone de volta no meu ouvido. Completamente chocada, mas bem. —Parabéns. Eu engoli uma náusea familiar. Foi a mesma que eu tive quando encontrei meu pai transando com Steffie. Não que eu não estivesse feliz

pela

minha

amiga,

mas

toda

a

situação

era

apenas... esquisita. Steffie me contou que não queria ter filhos. Essa era uma das razões pelas quais ela estava contente em namorar meu pai. Ela disse que com ele não havia nenhum risco de que ela recebesse a pressão do marido para procriar. — Obrigada. — disse Steffie sem rodeios. Ela soava tão animada quanto uma mulher fazendo um exame pélvico. Meu choque anterior foi substituído pela preocupação com minha amiga. — Estou animada para ver você. — eu disse a ela. — Eu também. — Ligue para a minha assistente se você precisar de alguma informação sobre nossa viagem. — disse meu pai. — Eu tenho que ir.

Eu disse adeus e desliguei, olhando para o meu telefone por um minuto, tentando descobrir por onde começar meu resumo para Nick. Você pode por favor tirar alguns dias do trabalho de última hora? Meu pai, um homem que provavelmente vai te odiar, não importa o que você faça, está vindo em dois dias. Ah, e eu vou ser uma irmã mais velha. Decidi começar do início e, cinco minutos depois, ele estava tão aturdido quanto eu. — Você tem certeza que está bem com eles nos visitando? — Nick perguntou. — Eu tenho uma escolha? Eu gostaria de ver Steffie, mas isso é tudo tão estranho. Meu pai tem cinquenta e oito anos de idade. Ele está tendo outro filho. Com minha amiga e colega de faculdade. Eu andei pela sala e tomei respirações calmantes, tentando aliviar o nó no meu estômago. Não era incomum que homens mais velhos tivessem filhos, eles estavam casados afinal. Mas essa visita apressada e o anúncio da gravidez... tudo parecia errado. — Seu pai e eu vamos ter problemas se ele for um idiota para você. Será melhor que ele controle seu temperamento. — declarou Nick. — Vamos esperar que ele decida vir aqui com a mente aberta. — eu disse. — Estou chocada que ele se desculpou, embora suspeite que tenha sido ideia de Steffie. Independentemente disso, eu nunca o

ouvi admitir que estava errado antes. Talvez ele tenha decidido fazer as pazes. O que você acha? — Eu acho que ele é um tolo pela maneira como te trata, mas se ele foi genuíno, eu tenho certeza que vocês dois poderiam resolver as coisas. Você é a pessoa mais indulgente que eu já conheci. Você fará a escolha certa. — Eu não tenho tanta certeza sobre isso. — eu disse. — Sua capacidade de ignorar as falhas das pessoas me surpreende. Eu nunca vi nada como isso antes. Eu te deixei na noite após o nosso casamento e você mesmo assim conseguiu que seu coração me perdoasse. Não sei se mais alguém teria feito isso. — Isso é porque eu te amo. — Sim? E o meu pai? Seu clube te sequestrou e você o abraçou na primeira vez que o viu depois de sair do hospital. Isso é incrível, Emmy. Você dá as pessoas o seu amor livremente e não segura os seus erros contra eles. É o que faz de você uma professora maravilhosa. Uma grande amiga. A mulher perfeita. Seu pai não terá que fazer muito para reparar seus erros. Tudo o que ele tem que fazer é abrir essa porta e você vai deixá-lo entrar. Suas palavras aqueceram meu coração. Ele sempre soube o que dizer para aumentar meu ânimo.

— Estou nervosa. — eu disse. — Sou uma pessoa diferente ao seu redor. Ele me faz sentir mais fraca. Menos confiante. E se você não gostar dessa versão minha? — Eu amo todas as suas versões. E você não precisa ser forte quando ele está por perto. Esse é o meu trabalho. **** — Pare de limpar. — ordenou Nick. — Eu só quero tirar a poeira de cima da lareira. Eu estava correndo pela minha antiga casa, fazendo uma limpeza de última hora antes que meu pai e Steffie chegassem. Foi a segunda vez que eu limpei em dois dias e o lugar estava impecável. Eu simplesmente não podia evitar. Meus nervos estavam tirando o melhor de mim. Eu não queria drama entre Nick e meu pai. Eu só queria que todos se dessem bem para o meu pai ver que eu estava feliz aqui e parasse de me julgar pela minha escolha de ficar. — Relaxe. — disse Nick, agarrando-me pela cintura antes que eu pudesse subir na lareira. — Eu não posso. — eu disse, me contorcendo para me libertar. Fui novamente para a beirada, mas quando meu espanador tocou a lareira, eu estava voando pelo ar. Nick me pegou e me jogou em um sofá.

— Oh pelo amor... — eu disse com um revirar de olhos. Eu empurrei meus cotovelos, mas Nick estava em cima de mim em um instante, me prendendo. — Me deixe subir. Eu preciso terminar a limpeza. — Está limpo. — disse ele. — Você poderia comer em qualquer superfície aqui. Basta. — Mas eu... — Nick me silenciou com a boca. Enquanto sua língua se emaranhava com a minha, seus quadris me pressionavam mais profundamente no sofá. Eu consegui mexer uma perna livre para que eu pudesse envolvê-lo em torno de sua bunda e puxá-lo ainda mais apertado em mim. Pressionando meus quadris nos dele, trabalhei para criar algum atrito para aliviar o latejar entre as minhas pernas, mas com nós dois vestindo jeans, não estava acontecendo. — Mais. — implorei. — Mais tarde. — disse ele, me levantando do sofá rapidamente. A campainha tocou. —Vamos, esposa. — disse Nick, pegando minha mão e me puxando para fora do sofá. Ele assumiu a liderança e foi até a porta. Eu fiquei atrás dele, esperando para cumprimentar nossos convidados quando eles entrassem.

No momento em que Nick abriu a porta, a voz de Steffie encheu a entrada. — Uau! Eu esqueci quão quente você é. Que tal um abraço? Eu vou te avisar, minhas mãos tendem a perambular. Eu ri e saí de trás de Nick para cumprimentar minha amiga. Eu não esperava uma entrada menos dramática. — Assim como eu digo aos meus alunos: guarde mãos, pés e outros objetos para você mesmo. Ela riu e me puxou para um abraço apertado. Talvez tenha sido devido à gravidez, mas seus peitos cresceram um tamanho ou dois desde que eu a vi pela última vez. Eles estavam presos firmemente em uma blusa verde que ela tinha combinado com jeans skinny e salto alto de seis centímetros. — Bem-vinda a Montana! — eu disse. — Entre. — eu olhei em volta dela hesitante, esperando ver meu pai. — Ele está terminando uma teleconferência. — disse ela. — Ele vai estar aqui em um minuto. — Claro. — Austin Capital em primeiro lugar. — Então esta é a sua casa? — ela disse, andando pelo foyer e olhando ao redor. — Era. Nick e eu moramos mais acima nas montanhas. — Espero que não demore muito para um corretor de imóveis vender este lugar para mim. Eu tive tempo de sobra para verificar isso durante os meses de verão, mas uma vez que a escola recomeçar, eu não queria manter o peso de um imóvel vazio e mobiliado.

— Emmeline. — meu pai disse, caminhando pela porta. Ele deu Nick um olhar de lado, mas veio diretamente para mim. Eu parecia tanto com minha mãe, era difícil encontrar qualquer semelhança com Trent Austin. A forma de nossas bocas era nossa única semelhança. Talvez seja por isso que ele não gostava muito de mim. Eu não era nada parecida com ele. — Olá, pai. — eu disse, lhe dando um breve abraço enquanto ele se inclinava para beijar minha bochecha. — Você parece bem. — disse ele. — Você também. Meu pai parecia o mesmo da minha infância, exceto pelas mechas cinzentas em seu cabelo castanho e algumas rugas ao redor dos olhos. Fiquei feliz em ver que ele se vestiu casualmente e deixara seu terno cinza e gravata azul em Nova York. — Deixe-me apresentar meu marido. — eu disse. — Nick Slater, conheça meu pai, Trent Austin. — Prazer em conhecê-lo. — disse Nick, apertando sua mão. — Prazer. — mentiu meu pai. — Trent, este lugar não é encantador? E florestal? — Steffie perguntou, deslizando para o lado do meu pai. Ele deu a ela um olhar cético antes de deslizar a mão para baixo até a polpa da sua bunda.

Steffie e meu pai sempre exibiam seu relacionamento altamente sexual. Eu desejei que apenas uma vez eles se lembrassem do quanto era estranho para mim testemunhar esse contato íntimo. — Fizemos reservas para o jantar hoje à noite. — eu disse. — Vocês têm tempo para se acomodar primeiro. Eu abri uma garrafa de vinho se você quiser, pai. Ou Nick tem cerveja. — Vinho. — disse ele. — Bom. Por favor, entrem e se sentem. — eu disse, os levando para a sala de estar. — Eu vou ajudá-la na cozinha, Emmy. — disse Nick quando meu pai e Steffie estavam espremidos juntos em um sofá. — Emmeline. — meu pai o corrigiu. — Emmy. — eu disse. — Nick me chama de Emmy. Meu pai resmungou algo em voz baixa, mas eu já estava indo embora, então deixei passar. — Isso poderia ter sido pior. — disse Nick. — Mesmo? — Nós só temos que fazer isso durante o jantar e então podemos escapar. — disse ele. — Certo. Jantar depois casa. Eu poderia suportar. ****

Nick e eu havíamos sobrevivido, mas o jantar fora um desastre. — Como vamos chegar até quarta-feira? — perguntei. — Vai ficar tudo bem. — disse Nick. — Nós apenas temos que passar pela trilha e depois outro jantar. — Nick levaria meu pai para uma trilha amanhã para a diversão masculina que Steffie tinha solicitado enquanto nós, meninas, passávamos a manhã no Spa Prescott. — Ele foi tão rude! — eu gritei quando joguei minha bolsa na mesa da sala de jantar. — O comportamento dele esta noite foi horrível! Eu queria pegar o telefone da mão dele e colocá-lo em meu copo de água. E você notou que toda vez que nos tocávamos ele nos encarava? — Eu notei. — disse Nick. — Por que você acha que eu comecei a tocar sua perna debaixo da mesa? Era isso ou causar uma cena dizendo para ele se foder. — Obviamente toda essa viagem foi ideia de Steffie. Ele não quer estar aqui e não poderia ter deixado isso mais claro. — Minha parte favorita da noite foi quando ele começou a falar sobre o seu ex. — disse Nick. — Eu realmente gostei de ouvir que foi uma vergonha que você não conseguiu mantê-lo. Ah, e como bemcriados seus filhos teriam sido. — Eu sinto muito, Nick.

— Não se atreva a se desculpar por ele. — ele atravessou a sala e me puxou em seus braços. — Ok. — eu caí ainda mais em seu peito, jogando o meu peso nele. — Essa porra é uma merda. Eu balancei a cabeça em concordância enquanto meu estômago se agitava. — Eu acho que vou ficar doente. ****

Draven Quando meu punho se conectou com a bochecha do homem, senti os ossos quebrando antes do barulho alto ecoar pela sala. — Mais uma vez, Wrecker. Quantas vezes você invadiu a casa da minha nora? — eu perguntei. Wrecker estava atualmente preso a uma cadeira de metal no porão do complexo do Tin Gypsy. Os Warriors honraram seu acordo em entregar Jinx e Wrecker. Jinx era história. Wrecker seria também, mas não antes de eu descobrir se os Warriors foram os únicos a invadir a casa de Emmeline. — Só uma vez. — Wrecker murmurou através de uma boca sangrando cheia de dentes quebrados.

— Acho que ele está dizendo a verdade, Prez. — disse Jet ao meu lado. — Sim. Quando Emmeline mencionou que sua casa havia sido invadida

mais

de

uma

vez,

eu

tive

uma

sensação

desconfortável. Clubes como Tin Gypsy e Warriors raramente cometiam

erros. Cagadas

significavam

tempo

na

prisão. Ou

morte. Não me convenceu de verdade que os Warriors iriam armar duas tentativas de arrombamento antes de finalmente agarrá-la na terceira. Agora eu sabia por que estava me sentindo tão desconfortável. Nick e todos os outros fizeram a suposição errada. Os Warriors não eram os únicos que foram atrás de Emmeline. Havia outra pessoa. Eu prometi a Nick que faria as coisas certas. Pela primeira vez eu queria cumprir um compromisso com meu filho. Eu não consegui manter sua mãe segura. Mas eu poderia ter certeza que sua esposa estivesse fora de perigo. Alguém lá fora estava ameaçando minha família e eles pagariam. Eu só tinha que descobrir quem.

Capítulo Vinte e Seis Nick — Você tem certeza que está bem? Eu posso cancelar a trilha. — eu disse a Emmy. — Estou bem. — disse ela, acenando para eu sair do quarto. — Você esteve doente a noite toda. —É apenas estresse e nervosismo. Assim que chegar ao spa e puder relaxar, beber um pouco de água de pepino, eu ficarei nova em folha. E estou ansiosa para conversar com Steffie. Eu senti falta dela. Precisamos de um tempo de garotas. — Água de pepino? Isso parece nojento. — eu provoquei. — É delicioso. — ela sorriu. — Agora saia daqui. Eu preciso pular no chuveiro e você não pode se atrasar para pegar meu pai. Não vamos lhe dar mais munição. — Tudo bem. — eu disse. — Vou levá-lo na mesma trilha que levei você. A cobertura de celular é boa então se você precisar de alguma coisa, é só ligar. — Ok. Amo você. — ela disse, saindo da cama. Eu me inclinei para beijar sua cabeça enquanto ela caminhava para o banheiro. — Amo você também.

Eu me senti como um idiota por deixar minha esposa doente. Era essa merda de visita do pai dela. Ela estava tensa e ansiosa como eu nunca tinha visto. Eu duvidava que Trent quisesse fazer essa caminhada mais do que eu, mas o bastardo provavelmente usaria isso contra mim para sempre se eu cancelasse. Pelo menos nos daria a chance de conversar sem Emmy por perto. Eu tinha visto em seus olhos ontem à noite no jantar. Ele tinha algumas coisas para me dizer. Bem eu tinha que escolher algumas palavras para Trent. Hoje nós dois teríamos a oportunidade de dizer o que pensamos, e espero que Emmy não saiba de nada. Então não foi nenhuma surpresa que no minuto em que eu peguei Trent, ele não fez rodeios. — Eu não aprovo seu casamento com minha filha. — disse Trent. — Eu não dou a mínima. Nem Emmy. — Você nunca vai colocar as mãos no nosso dinheiro. Eu zombei. — Isso pode te surpreender, Trent, mas nem todo mundo é como você. Eu não dou a mínima para o seu dinheiro. Mantenha-o. — Todas as pessoas querem dinheiro.

— Eu não. Eu tenho tudo que preciso. — eu disse. — Perdoe-me por não acreditar em você. — disse Trent. — Eu acho muito coincidência que após anos de indiferença, você decida reatar um relacionamento com a minha ingênua e estúpida filha apenas um ano depois que sua herança foi liberada para ela. Meu sangue começou a ferver e eu agarrei o volante, lutando para manter o controle sobre o meu temperamento. — Eu não convenci Emmy a se mudar para cá em algum esquema elaborado para ter acesso ao seu dinheiro. A única coincidência aqui foi que ela escolheu aleatoriamente se mudar para a cidade onde eu tenho vivido por quase uma década. — Isso é uma coincidência. Certamente, você pode entender meu ceticismo. — disse Trent. — É uma loucura, mas é verdade. Você também pode aceitá-lo de uma vez. Eu não vou a lugar nenhum, então você vai ter que me aturar. — Veremos. — Sim, veremos. — eu disse. — Ah, e se você alguma vez chamar Emmy de ingênua ou estúpida de novo, ou qualquer outro insulto, eu vou quebrar o seu maldito nariz. Veja como você fala sobre a minha esposa. — Ela é minha filha. Eu vou falar sobre ela do jeito que achar melhor.

— Não mais. Último aviso, amigo. Não brinque comigo sobre isso. Trent afundou em seu assento, mas sabiamente escolheu manter a boca fechada. Eu odiava esse cara. Toda a bondade de Emmy deve ter vindo de Collette e de seus avós, porque seu pai era um pedaço de merda. Como poderia Trent ter tão pouco respeito por sua própria filha? Emmy era inteligente e engraçada. Ela amava completamente e perdoava facilmente. Seu calor e beleza atraíam você. Cinco minutos em sua presença e você não queria ficar sem ela novamente. É por isso que Gigi e Maisy adicionaram Emmy tão rapidamente ao seu time feminino. Por isso meus amigos nunca deram a mínima por eu passar todo o meu tempo livre com ela. Eles sabiam como especial ela era e como eu tinha sorte de tê-la. — Por que você está aqui mesmo? — perguntei a Trent. — Steffie insistiu em visitar Emmeline e eu lhe dei uma oportunidade. — Você não queria ver Emmy? — perguntei. — Por que eu deveria? Eventualmente ela vai cair em si e voltar para casa. Eu posso vê-la então. — Ela não vai voltar. — Ela vai. — insistiu Trent.

Esse cara estava delirando. Ele realmente pensava que Emmy estaria de volta em Nova York em breve. Todas as coisas que eu queria dizer a Trent eram inúteis, então mantive minha boca fechada. Ele não tinha ideia do tipo de pessoa que sua filha era e ele não parecia se importar que ela tinha encontrado a felicidade na sua vida em Montana. Tudo o que ele se importava era de ter a certeza de que eu não estava atrás da fortuna dele. Mudança de planos. Passei pelo desvio do início da trilha que eu planejei tomar. Eu não daria a Trent a caminhada fácil que planejei. Em vez disso, eu ia levá-lo na porra da trilha mais íngreme que eu já havia caminhado. Eu não poderia socar o pai de Emmy, mas eu poderia tornar sua vida miserável pelas próximas três horas. **** — Quanto falta? — Trent ofegou. Ele havia parado de novo na trilha e estava apoiando suas mãos nos joelhos, tentando recuperar o fôlego. Eu

chequei

meu

relógio

GPS. —

Cerca

de

meio

quilometro. Vamos lá. Trent gemeu, mas prosseguiu. A trilha era rochosa e estreita. As inclinações íngremes eram compridas e os espaços planos entre elas curtos.

Eu tinha que dar crédito ao homem, Trent estava em boa forma e estava fazendo melhor do que eu esperava. E já que tínhamos a mesma altura, ele tinha sido capaz de acompanhar meus longos passos. Se não fosse pela presença de Trent, teria sido uma caminhada incrível. O ar da manhã ainda estava frio e fresco. O sol brilhava intensamente no céu azul claro. Emmy adoraria tudo, mas seria uma caminhada difícil para suas pernas curtas. A trilha estava na verdade perto da cabana que eu tinha alugado para nosso aniversário. Olhei em sua direção. Eu não podia ver a casa através das árvores, então eu inclinei minha cabeça para o céu, na esperança de ter um vislumbre de uma águia ou um falcão, mas eu parei quando vi uma fina corrente de fumaça vindo da direção da cabana. No inverno eu não teria pensado duas vezes sobre a fumaça. Mas era o meio do verão. Ver a fumaça nesta época do ano significava problemas. Por que alguém iria acender uma fogueira quando a previsão era de atingir a mínima de vinte e sete graus hoje? Eu olhei para a fumaça por um minuto e respirei fundo algumas vezes. Não havia cheiro, o que era um bom sinal. Eu olhei de volta para o meu GPS. Nós estávamos mais perto da cabana do que eu tinha previsto no início. Eu estava forçando Trent pela trilha com firmeza e rapidez.

— O que? — Trent disse. — Nós terminamos? Podemos voltar? — Não. — eu tomei mais algumas respirações, procurando pelo menor cheiro de madeira queimando. Mas tudo que consegui sentir foi o cheiro dos pinheiros. Então eu escutei. Incêndios florestais, mesmo pequenos, soltavam um barulho único quando as árvores chiavam. Tudo que eu podia ouvir era uma leve brisa que agitava as árvores e um pica-pau esculpindo uma nova casa à distância. Eu inclinei minha cabeça para trás novamente e estudei a fumaça. Não estava ficando mais pesada ou mais escura, então decidi continuar caminhando e ficar de olho nela. — Vamos. — eu disse a Trent. Cinco minutos depois parei de novo e olhei para o céu. Desta vez a fumaça estava mais grossa e cinzenta. — Algo está errado. — O que? Do que você está falando? — Trent ofegou. — Vê essa fumaça? — eu disse, apontando para o céu. — Precisamos dar uma olhada. — Eu não vou caminhar na direção de um incêndio! — Trent disse. — Você está louco? — Bem. Você pode encontrar seu caminho de volta sozinho então.

— Espere! — Trent agarrou meu braço antes que eu pudesse sair da trilha. — Você não pode me deixar sozinho. E se eu me perder? E se eu for atacado por um animal? — Você tem duas opções, Trent. — eu disse, me livrando do seu aperto. — Você pode seguir a trilha de volta para baixo ou você pode vir comigo. Mas eu não estou de brincadeira aqui. Você vem comigo, você continua. Eu não vou parar e esperar você recuperar o fôlego. Vou deixar sua bunda no meio da floresta. Você tem dois segundos para decidir. O que vai ser? — Vou continuar. — Trent assentiu. — Espero que você esteja em forma, velho. Caminhar pelas árvores não era fácil. O chão áspero estava coberto de agulhas de pinheiro e galhos caídos. Ocasionalmente eu parava e procurava a fumaça, checando para ter certeza de que estávamos caminhando na direção certa, mas fora isso, eu andei com determinado silêncio. Trent caiu atrás de mim, mas continuou no meu ritmo acelerado. — Você está bem? — eu falei por cima do meu ombro. — Sim! Eu diminuí um pouco. Eu não queria causar um ataque cardíaco ao pai de Emmy, o pressionando muito. E eu posso precisar do conjunto extra de mãos, dependendo do que encontrarmos no fim dessa nuvem de fumaça.

Quando chegamos mais perto, o cheiro que eu procurara anteriormente

preencheu

minhas

narinas. Algo

estava

definitivamente em chamas. Eu só esperava que fosse a cabana e não a floresta. A casa poderia ser reconstruída rapidamente, mas a destruição de um incêndio florestal levava anos para ser reparado. E havia outras casas na área. Um incêndio florestal também os ameaçava. O ar nas árvores ficou embaçado. Nós estávamos perto. Dez metros à minha frente estava a clareira. Eu empurrei minhas pernas cansadas, correndo a distância restante e atravessei a linha das árvores. Porra. A cabana onde Emmy e eu passamos nosso fantástico fim de semana de aniversário estava em chamas. Havia fumaça saindo pelas janelas e as chamas eram visíveis pela porta aberta. Um barulho de tosse fez minha cabeça girar em direção ao galpão da garagem. Um homem idoso arrastava uma mangueira na direção da casa. Seu rosto estava coberto de fuligem preta e ele estava lutando para ficar de pé. Correndo para o lado dele, eu o ajudei a ficar de pé. — Tem mais alguém lá dentro? — Minha esposa! — o homem gritou. — Eu preciso pegá-la. Ela está presa no andar de cima!

— Eu vou pegá-la. Fique aqui. — ajudei o homem a se sentar no chão e me virei para a casa. — Aqui! — eu gritei para Trent, que tinha acabado de sair das árvores. — Use isso e ligue para 911. Diga-lhes que estamos na cabana na antiga trilha Haggerty. Entendeu? Trent se esforçou para pegar o telefone que eu tinha jogado nele. — O que você está fazendo? Você não pode entrar aí! — gritou Trent. Eu o ignorei e dei dois passos de cada vez. No segundo que eu atravessei a porta, uma onda de calor assaltou minha pele. Fumaça sufocou minha garganta e queimou meus olhos. Eu acabara de me deparar com uma parede em chamas. ****

Emmeline Um bastão branco, dois minutos, uma palavra e toda a minha vida mudou. Grávida. — Oh meu Deus. — eu sussurrei, lágrimas caindo dos meus olhos. Comecei a rir e chorar ao mesmo tempo. Isso era real? Foi um momento tão profundo da minha vida que eu tive dificuldade em acreditar que era verdade. O pavor que eu sentia antes com a perspectiva de lidar com meu pai havia desaparecido.

Ele podia criticar tanto quanto quisesse. Eu não me importava. Era irrelevante. Eu tinha coisas muito mais importantes para me preocupar. Tipo como eu ia compartilhar essa novidade incrível com Nick e como eu ia decorar o quarto do bebê. **** — Bom dia. — eu disse a Steffie. — Oi. — ela murmurou. Eu tinha acabado de entrar em casa e a encontrei sentada no sofá da sala, digitando algo em seu telefone. — Você quer tomar café da manhã na cafeteria antes de irmos para o spa? — eu perguntei. — Não. Eu quero ficar aqui. — ela abaixou o telefone e olhou para fora da janela da sala, recusando-se a me encarar. — Ok. Sentei-me em silêncio por alguns minutos enquanto esperava Steffie dizer alguma coisa. Não era comum ela ser tão quieta. Ela sempre foi extrovertida e maravilhosamente barulhenta. Ela odiava silêncio. Na faculdade eu tive que estudar exclusivamente na biblioteca porque o nosso apartamento sempre foi movimentado demais.

— Você está bem? — eu finalmente perguntei. Talvez a gravidez dela estivesse a incomodando. Eu estava contente que Nick e meu pai estavam ocupados em sua caminhada para que eu pudesse falar com ela sobre como ela era realmente se sentia com a ideia de ser mãe. Se não fosse por Nick não saber ainda, eu teria dito a Steffie sobre as minhas próprias emocionantes notícias para que pudéssemos comemorar juntas. — Estou bem. — Você não parece bem. — eu disse. Ela se virou para mim e disse: — Você está certa. Eu não estou bem. — Vamos conversar a respeito disso. Eu quero ajudar. Ela riu secamente. — Você quer ajudar? Isso é irônico. Eu levantei minhas mãos em sinal de rendição e tornei a me calar. — Oh, olhe, ela está fazendo beicinho. É uma surpresa. — Steffie. — eu disse magoada. — Por que você está agindo assim? O que há de errado? Ela olhou para o telefone e um sorriso torto se espalhou pelo seu rosto. O que era tão engraçado? Ela nunca pareceu tão cruel. — Steffie?

— Cale a boca. — ela me dispensou e voltou a digitar em seu telefone. — Ok. — eu disse, levantando do sofá. Eu não preciso de sua atitude arrogante neste dia tão especial para mim. — Eu não sei o que há de errado com você, se você está apenas hormonal ou com raiva de mim por algo, mas você está sendo maldosa. Então, a menos que você queira me explicar o que está acontecendo e começar a agir como minha amiga, acho que seria melhor se ignorássemos o spa. Eu me virei para sair, mas parei quando ela chamou meu nome. — Você se lembra daquele cara que estava perseguindo você na NYU no ano passado? — ela perguntou. Meu corpo sacudiu quando cada músculo ficou tenso. — Sim. — Ele está vindo. — Desculpe-me? — Do que ela estava falando? Como ela conhecia meu perseguidor? Por que ela conhece meu perseguidor? — Ele está vindo. — ela repetiu. — Para matar você. Eu pisquei algumas vezes e foquei em suas palavras, então eu relaxei e revirei os olhos. — Engraçado, Steffie. — eu brinquei. — Embora eu esteja preocupada que seu senso de humor esteja se tornando um pouco mórbido.

— Sério. Ele está a caminho daqui agora. Eu o contratei para te matar e fazer parecer como um roubo que não deu certo. A tensão imediatamente retornou ao meu corpo. Seu tom era inegavelmente sério. Antes que eu pudesse reagir, Steffie me chocou novamente ao se levantar do sofá e puxar uma pequena pistola preta do cós da calça jeans. Quando ela apontou para o meu peito, minhas mãos instintivamente foram para a minha barriga. — Não se mova. — ela ordenou. — Você vai ficar onde está até o seu maior fã chegar aqui. Minha cabeça começou a girar. Isso tinha que ser algum tipo de brincadeira. Eu tinha que estar em um daqueles pesadelos onde, mesmo depois que você acorda, fica assombrada por horas. Isso tinha que ser um sonho. Minha amiga estava apontando uma arma para mim. — Eu não entendo. — eu disse. — O que está acontecendo? — Não é complicado, Emmeline. Você tem o que eu quero. — meu olhar perdido a fez zombar. — Dinheiro. — Você quer o meu dinheiro? — eu perguntei, ainda completamente confusa. — Bem, não é como se você fosse usá-lo. — ela retrucou. —Você vale mais de cem milhões de dólares, Emmeline. Você pode estar disposta a deixar todo esse dinheiro ficar intocado no banco, mas eu

não estou. Seu pai não é tão rico quanto gosta que todos pensem. Você sabia que ele me colocou para receber uma mesada? O que diabos estava acontecendo? Eu olhei para ela congelada de choque. Ela realmente pensou que minha morte lhe daria minha fortuna? — Como é que me matar vai te dar o dinheiro? — eu não podia acreditar que eu estava perguntando isso. — Simples. Você morre. Trent herda seu dinheiro. Eu pego de Trent. — Mas Steffie, meu dinheiro vai para Nick. — agora que eu tinha escancarado uma falha em sua lógica, eu esperava que ela parasse de apontar a arma para mim e meu bebê. — Errado, Emmy. — ela sussurrou. — Fred Andrews não fez a alteração de seu beneficiário. Ele está enrolando. Ainda está listado como seu pai. Minha mente continuava girando. Como ela poderia saber disso? Será que ela o subornou com meus milhões? Ou ela usou alguns de seus outros “atrativos” pessoais para obter informações dele? — Você realmente acha que vai se safar com o meu assassinato, depois casar com o meu pai? — eu perguntei, novamente atordoada por essa conversa. — Isso é loucura. Você não pode estar falando sério. Me diga que você está brincando.

— Estou falando sério. — Seus olhos desesperados e insanos estavam presos nos meus. — Eu passei muito tempo planejando isso. Eu sacrifiquei tudo para chegar aqui e não vou parar agora. Essas férias apressadas de repente faziam sentido. Ela tinha que cometer meu assassinato antes de Nick se tornar o beneficiário da minha herança. Minha mente acelerou pelos últimos anos, vendo as coisas de um novo ângulo. Eu já tinha confessado a ela que estava pensando em doar minha herança para caridade. Ela tinha terminantemente me convencido a desistir disso. Eu havia perguntado uma vez se ela amava meu pai. Ela apenas sorriu e disse que ele era o que ela sempre planejou. Não amou. Não desejou. Planejou. E quando eu disse a ela que estava sendo perseguida, ela nunca me encorajou a ir para a polícia. Em vez disso, ela me pediu para mostrá-lo a ela. — Meu perseguidor? Você estava por trás dele o tempo todo? — eu perguntei. — Ah não. Ele é genuinamente obcecado por você. E naquela época, duvido que ele teria te machucado. Mas depois de Logan tê-lo rastreado e quase o espancado até a morte por perseguir você, sua obsessão virou um pouco... digamos... pior. Quando me aproximei dele com um grande e gordo maço de dinheiro, ele estava mais do que disposto a cooperar.

O que? Eu não tinha ideia de que Logan tinha feito isso. Não importava. Não quando Steffie tinha uma arma apontada para o meu peito. Não quando minha amiga mais antiga estava pagando alguém para me matar. A dor atravessou meu coração. Todas as minhas preciosas memórias com Steffie tinham acabado de ser maculadas por sua ganância insaciável. Agora eu sabia o quanto ela valorizava nossa amizade e minha vida: menos de cem milhões de dólares. — Você é minha amiga. — eu sussurrei. — Isso não significa nada para você? Ela encolheu os ombros. — Eu vou comprar novos amigos. Minha tristeza foi rapidamente substituída por raiva. Eu não tinha passado o suficiente este ano? Lutas pessoais à parte, eu tive um traficante de drogas pressionando uma arma na minha testa e uma gangue de motoqueiros desonestos tentando me sequestrar. Agora minha amiga, noiva do meu pai, estava ameaçando me matar? — Você vai apodrecer na cadeia. — eu assobiei. — Eu não vou. — ela rosnou. — A polícia vai chegar aqui e me encontrar amarrada e desamparada, soluçando sobre o seu corpo sem vida. Seu perseguidor estará a caminho do Canadá com o dinheiro dentro da minha bolsa, para nunca mais ser visto ou ouvido de novo. Apenas outra invasão que deu errado. Você teve azar com essa

depois de tudo. Só que desta vez estou aqui para garantir que ele não estrague tudo. Eu fiquei boquiaberta por um momento, assimilando tudo. Não haveria nenhuma súplica por minha vida, não havia chance de amolecer seu coração com histórias do passado. Ela não mudaria o rumo de nada. A determinação estava gravada em todo o seu rosto bonito. A amiga que eu sempre amei era apenas um fantasma. Uma nuvem de mentiras dissimulava a morena estranha na minha sala. Ela estava contando com sua arma para me manter parada, mas eu não ficaria aqui apenas esperando meu executor chegar. Eu tinha muito a viver. Eu lutaria ferozmente para salvar esse bebê dentro de mim. E eu estava apostando no fato de que a arma de Steffie estava tremendo em sua mão desde que ela a puxou para fora de sua calça. Então convoquei toda a coragem que pude encontrar e respirei fundo. Uma. Duas. Três Vezes. No segundo que Steffie olhou novamente para a janela, eu virei e corri para a porta. Um estalo alto me fez abaixar a cabeça. Ele ecoou na sala uma fração de segundo antes de uma das grandes janelas ao meu lado se quebrar. Ela errou! Steffie soltou um grito frustrado e gritou meu nome.

Dando uma olhada por cima do meu ombro, eu esperava vê-la apontando a pistola novamente. Em vez disso, ela estava se levantando do chão. Ela deve ter tentado me seguir, mas tropeçou na ruga do carpete da sala de estar. Sua queda foi provavelmente a razão pela qual a bala atingiu a janela em vez de mim. Aquela ruga, a que amaldiçoei cem vezes, acabara de salvar minha vida. Agora tudo que eu tinha que fazer era sair antes que ela atirasse de novo e eu pudesse escapar pelas árvores. A adrenalina bombeava nas minhas veias e me impulsionava mais e mais rápido. Quando eu alcancei o piso do hall da entrada, eu me atrapalhei um pouco, mas fui capaz de ficar em pé e abrir a porta. — Volte aqui! — gritou Steffie. Dois passos lá fora e eu pensei que estava fora de perigo. Mas um braço forte envolveu meu estômago, me puxando para trás ao mesmo tempo que uma mão apertou minha boca, abafando meu grito. — Não! — eu gritei, lutando e arranhando meu captor. Mas apesar do meu bater e chutar, ele foi capaz de me arrastar para o lado da casa. — Calma, Emmeline.

Eu parei de lutar e a mão na minha boca se soltou. Eu estiquei meu pescoço e vi um rosto familiar. — Dash? Ele pressionou um dedo nos lábios e me calou. Então ele soltou seu aperto, agarrou minha mão e me puxou para trás de uma grande árvore perto da minha casa. Ao longe, Steffie delirava como uma lunática. — O que você está fazendo aqui? — sussurrei, me agachando perto do chão para me esconder. Ele balançou a cabeça, sinalizando para eu ficar quieta. Eu balancei a cabeça e me virei, olhando ao redor da árvore. Eu estava tão aliviada por estar fora daquela casa, mas mais confusa do que nunca. Minutos se passaram enquanto nos escondíamos e ouvíamos qualquer sinal de Steffie. Ela tinha parado de gritar e eu não tinha ideia de onde ela poderia ter ido. O movimento no canto do meu olho me fez recuar. Eu assisti com os olhos arregalados quando o meu perseguidor saiu de trás da casa, se arrastando lentamente para frente com uma pistola na mão. Ele parecia exatamente como eu me lembrava, cabelos ruivos e estrutura magricela. Os olhos dele eram redondos e muito próximos da ponte do nariz.

Um arrepio percorreu minha espinha quando ele deslizou pelas árvores, felizmente inconsciente da nossa presença. Dash cutucou meu braço, empurrando o queixo em direção ao canto de trás da casa. Outra figura emergiu do mesmo lugar de onde o meu perseguidor tinha acabado de vir. Draven. Com passos de gato, ele fechou a distância com o meu perseguidor. O gatilho da arma de Draven encheu o ar silencioso. — Largue isso. — Draven ordenou. Meu perseguidor jogou a arma no chão sem hesitação. Então com um rápido, mas poderoso golpe, Draven bateu no alvo com sua arma na parte de trás do crânio do meu pretenso assassino, enviando seu corpo ao chão. — Saia. — Draven chamou. — Você pegou a vadia? — Dash gritou. — Sim. Ela está amarrada lá dentro com Jet. Dash me levantou e me puxou para trás enquanto caminhávamos em direção a Draven e o homem inconsciente a seus pés. — Amarre esse cara. — disse Draven. Enquanto Dash obedecia ao comando de seu presidente, o choque da situação me atingiu. Eu envolvi meus braços em volta da

minha barriga quando meus ombros começaram a tremer, mas antes que eu pudesse entrar em colapso, Draven me envolveu em um abraço apertado. — Você está bem. — disse ele. O tremor se transformou em soluços e eu enterrei meu rosto em sua camisa. — Você está bem, Emmeline. — disse ele. — Você está bem. Acabou. **** — Onde ele está? — eu perguntei pela centésima vez. Eu estava na sala de conferências na delegacia, assim como da última vez que eu tive uma arma apontada para mim. Mas desta vez, Nick não estava ao meu lado. Em vez disso, eu estava cercada por Draven e homens do seu clube. E ninguém estava me dizendo onde meu marido estava. Toda vez que eu ligava para o celular dele, ia direto para o correio de voz. Fazia quase quatro horas desde o ataque de Steffie. Depois que eu me recompus, Draven me levou para a cidade. A delegacia do xerife, que estava praticamente deserta quando chegamos, estava agora com muita atividade. Jess veio e tomou minha declaração. Pouco depois ele havia desaparecido. Milo trouxe águas engarrafadas. Então ele também desapareceu.

O único outro oficial que eu conhecia era Sam e ele estava atualmente em uma sala de interrogatório com meu perseguidor. Steffie estava trancada em uma cela de prisão. — Algo aconteceu. Por que eles não estão me dizendo o que está acontecendo? — eu perguntei a Draven. — Eu não sei, garota. — a voz de Draven estava cheia de preocupação. Eu estava enjoada e tremendo, provavelmente pela combinação gravidez e ansiedade. Eu precisava de algo para comer antes de desmaiar. — Algum de vocês se importaria de me encontrar alguns biscoitos? E talvez um pouco de suco de laranja? — perguntei aos homens de Draven. — Eu vou pegar. — disse Dash. — Você pode conversar comigo? A quietude está piorando as coisas. — perguntei a Draven. — Certo. Sobre o que você quer falar? — Como você acabou na minha casa? Draven tinha dado sua declaração para Jess, mas não explicou como ele tinha ido para lá em primeiro lugar. — Quando você me contou sobre seus outros arrombamentos, algo não se me convenceu, então eu comecei a investigar. Descobri

que não eram os Warriors como você pensava, então olhamos para seus parentes. Esta manhã, meu hacker encontrou alguns e-mails suspeitos entre aquela vadia e o cara que eu acertei. Ela os enterrou profundamente, mas meu cara os cavou. Então ele descobriu que ela vem ganhando dinheiro nessas últimas semanas. Perto de meio milhão nos últimos dez dias. Nós viemos para avisar você e Nick que algo suspeito estava acontecendo. Assimilei sua explicação. O que eu teria feito se não estivessem lá? — Porra de sorte. — Draven disse, soprando um suspiro alto. Absolutamente. — Como você sabia onde me encontrar? — perguntei. — Uh, Dash pode ter roubado seu telefone no outro final de semana e colocado um rastreador nele. — ele disse, esfregando a nuca. Eu nunca pensei que ficaria tão feliz em ter minha privacidade invadida. Se não fosse por Draven, provavelmente eu estaria morta. Eu teria escapado de Steffie, mas correria direto para os braços do meu perseguidor. Eu me esforcei para acreditar em quanta sorte nós tivemos. Se Draven tivesse escolhido esperar até a tarde para vir a Prescott ou o

hacker encontrasse os e-mails de Steffie só mais tarde, as coisas teriam ficado muito piores. — Obrigada. — eu sussurrei. — Por não desistir. Por me salvar. — por nos salvar. — Fico feliz que estávamos lá. — disse ele, pegando minha mão. — Onde está Nick? — perguntei. Minha voz falhou e lágrimas inundaram

meus

olhos. Alguma

coisa

estava

terrivelmente

errada. Eu só queria que alguém me dissesse o que era. Uma alta comoção do lado de fora da sala fez com que Draven e eu saíssemos de nossas cadeiras e corrêssemos pela porta. Minha mão voou até minha boca enquanto Nick corria pela sala. Ele estava coberto de cinzas e fuligem, mas ele estava bem. Eu perdi a visão do seu rosto quando ele me apertou em seu peito. — Você está bem. — eu sussurrei em sua camisa queimada. Seu cheiro fez meu estômago revirar, mas eu não me importei. Tudo o que importava era que ele estava aqui e nós dois estávamos seguros. — Você está bem. — disse ele. Cercado por policiais e criminosos motoqueiros, Nick e eu seguramos apertado um ao outro. O mundo ao nosso redor desapareceu. Draven estava certo mais cedo. Tinha acabado.

Eu senti isso dessa vez. Nós passamos por isso. Agora tudo o que nos foi deixado era uma vida feliz para construir nossa família. Para aproveitar cada momento juntos. — Vamos para casa? — perguntei. — Vamos para casa. **** Mesmo que fosse no meio da tarde, Nick e eu tomamos um longo banho e depois subimos na cama. Eu estava emocionalmente exausta e precisava dormir. Havia uma multidão de pessoas no andar de baixo esperando para nos ver, mas eu não me importei. Eles esperariam por algumas horas enquanto passávamos algum tempo sozinhos. Vestindo uma das calças de flanela de Nick e minhas meias de inverno, minhas costas estavam enroladas em seu peito. Parecia que dias, não horas, haviam se passado desde que eu tinha acordado nessa mesma posição. Foi difícil de acreditar que esta manhã soube que estava grávida. Meu desejo de surpreender Nick com um anúncio elaborado se foi. Agora tudo que eu queria era que ele soubesse. — Estou grávida. — eu disse sem preparações ou drama. Nós não precisamos disso. A notícia em si é grande o suficiente.

Seus braços me puxaram para mais perto e seu peito expandiu com uma respiração profunda. — Eu te amo, Esposa. — Nick sussurrou em meu cabelo. — Amo você, marido. Sua

mão

viajou

do

meu

peito

para

minha

barriga. Delicadamente ele levantou a bainha da minha camisa de flanela e espalmou a palma da mão na minha barriga lisa. — Também te amo, bebê.

Epílogo Dois anos depois...

— Mãe, eu vou desligar o telefone agora. — Espere! — ela gritou. — Podemos falar sobre as flores? — Terá que esperar. Eu te vejo em menos de uma hora. Isto é, se você me deixar desligar o telefone para que eu possa terminar de me arrumar e ajeitar Draven. — Tudo bem. — ela bufou e desligou. Eu olhei para o meu bebê brincando no chão e sorri. Draven Nicholas III tinha quase um ano e meio de idade e não é mais um bebê. Ele era uma réplica exata de Nick, menos a barba. — Vovó está me deixando louca com este negócio de casamento. — eu disse a ele. Ele me deu um sorriso que derreteu meu coração e voltou a empilhar uma torre de copos. Minha mãe e Alesso se casaram no outono após a confusão com Steffie. Eles tinham ido a Prescott e tiveram um casamento sem complicações na prefeitura. Na época, eu fiquei impressionada com a decisão da mãe de pular as festas. Então naquela noite no jantar, a verdadeira Collette apareceu e anunciou que eles estavam tendo um casamento com uma enorme recepção. Ela só queria se casar

rapidamente para que ela e Alesso pudessem se mudar para seu chalé em Montana. A recepção levou quase dois anos para ser planejada, mas finalmente tudo estava se encaixando. Em um mês, nós teríamos a festa, e eu jurei nunca mais me envolver na coordenação de um casamento. — Pronto para ir, amigo? — eu perguntei a Draven, o pegando do chão e beijando sua bochecha gorda. Era o Dia da Independência e nós estávamos dando uma festa na oficina. Esta era a nossa primeira reunião de Quatro de Julho na Slater’s Station, mas eu esperava que se tornasse um evento anual, uma tradição para nossas famílias e amigos. Esta noite encheríamos o estacionamento com cadeiras de acampamento enquanto os homens faziam churrasco, as mulheres conversariam enquanto as crianças brincavam. Então todos nos juntaríamos para o show de fogos de artifício de Prescott. — Estamos aqui! — eu chamei na oficina de Nick. Três cabeças surgiram debaixo do capô de um carro esportivo verde. Quando Nick, tio Dash e vovô Draven atravessaram a sala, eu dei um beijo no meu filho. Provavelmente seria a última vez que eu iria segurá-lo até bem depois do anoitecer quando ele estivesse inquieto pela mãe.

— Hey. — disse Nick, beijando minha bochecha quando vovô Draven pegou Draven dos meus braços. — Oi. — eu sorri. — Você pode me ajudar a descarregar? — Dash e eu podemos cuidar disso. — disse Nick. — Ok. Traga a cerveja primeiro, por favor, e eu vou começar a colocá-la na geladeira. — Como está meu homenzinho hoje? — Nick perguntou ao nosso filho antes de bagunçar seu cabelo castanho e caminhar para o meu jipe. Deslizando para o lado de Draven, lhe dei um abraço de lado. — Como você está? — Bem. Fico feliz em estar aqui. — ele sorriu e beijou minha testa. Quando Nick descobriu que Draven salvou minha vida, o vínculo quebrado entre eles se curou. Eles construíram uma forte relação de trabalho, e tanto a oficina de Nick quanto as de Draven em Clifton Forge eram agora extremamente lucrativas. Nick ficou tão ocupado que eu não consegui acompanhar a contabilidade e trabalho de escritório, então no ano seguinte à mudança para Montana Alesso começou a gerenciar o escritório. — Quantos carros você trouxe com você desta vez? — eu perguntei a Draven.

— Três. — ele sorriu. Revirei os olhos e lhe dei um olhar exagerado. — Eu nunca vou ver Nick com esse ritmo. Ele fica tão envolvido com eles que esquece que horas são. Ele perdeu o jantar duas vezes esta semana. Draven riu. — Tal pai tal filho. Eu lembro de uma vez que Chrissy ficou tão brava comigo por fazer o mesmo que trouxe dez despertadores para a oficina e os colocou para despertar com um minuto de diferença. No momento em que o último disparava, era tão alto que eu não podia mais ignorar. — Ela era uma mulher inteligente. — eu disse. A tática da mãe de Nick foi brilhante e amanhã eu ia as compras. — Sim, ela era. — Draven concordou com um sorriso triste. — Você pode segura-lo enquanto eu preparo a comida? — perguntei. Ele assentiu antes de fazer cócegas no neto e sair para o lado de fora. Draven pode não ter sido melhor pai, mas ele era um avô maravilhoso. Alesso também. Eles eram os únicos avôs que Draven poderia ter. Meu pai não tinha nada a ver com a minha vida e eu não permitiria ele estar com meu filho. Trent Austin se recusara a acreditar que sua adorada noiva me atacou. Não foi até depois de seu julgamento e ela ser mandada para a prisão que ele tinha percebido o quanto ela o manipulou. Ela não estava grávida. Tudo tinha sido uma mentira para garantir que ele se

casasse com ela. Eu ainda me perguntava se ela planejava matá-lo também. — Emmeline! — mamãe estava entrando na garagem, puxando meu irmão, Ethan, atrás dela. — Você pode por favor dizer ao seu irmão que trazer sua exmulher para a recepção do casamento é completamente inadequado? — ela disse. — Oi. — disse Ethan, me dando um rápido abraço e beijo na bochecha. — Olá. Qual ex-mulher? — perguntei. — Eu convidei Rachel. — Eu gosto da Rachel. — eu disse à minha mãe. — O quê? — ela gritou. — Como você pôde dizer isso? Ela começou a ter um caso com o seu pai enquanto ela era casada com o seu irmão. — Essa não foi Rachel. — disse Ethan. — Ela não é a loira? — perguntou a mãe. — Não. — Qual delas era a loira? — ela perguntou. — Número quatro. — Ethan e eu respondemos em uníssono. — Então qual é a Rachel? — minha mãe perguntou.

— A segunda. Morena. Alta. Tipo esbelta. Eu estava no casamento deles. — eu disse. — Ok. — ela assentiu com a cabeça. — Eu gosto dela também. Ela está convidada. Ethan murmurou uma maldição e depois declarou que ia ajudar Nick na churrasqueira. Ele estava de férias estendidas em Montana após seu divórcio número quatro. Eu não era o único membro da minha família que não falava mais com Trent Austin. Meu pai tinha começado a dormir com a esposa de Ethan não muito depois de Steffie ter saído de cena. Número quatro tinha tomado um pedaço da herança do meu irmão e estava atualmente enfiada na propriedade Austin. No lado positivo, isso foi o despertar que Ethan precisou para mudar sua vida. Ele percebeu que seu estilo de vida ganancioso nunca lhe daria a felicidade que ele desejava, e eu estava orgulhosa de dizer que ele estava se tornando um homem melhor. — O que vem a seguir? — mamãe perguntou, examinando minha arrumação na mesa de comida. A carne estava pronta e a oficina estava transbordando de bebidas. Gigi e Maisy estavam trazendo saladas. Samuel, o chef da mamãe, havia feito sobremesas. Era o verão perfeito para um churrasco.

— Agora você pode me falar sobre essas flores e depois aproveitaremos a noite. — eu disse, passando meu braço pelo dela e a levando para fora. **** — Você sente falta de ajudar com os fogos de artifício? — perguntei a Nick. — Eu sei como vocês se sente sobre explodir coisas. Quando ele trabalhava no corpo de bombeiros, Nick sempre ajudou com o show dos fogos de artifício. Mas agora que ele estava apenas

na

equipe

de

voluntários,

Michael

Holt

estava

supervisionando. Nick se abaixou para beijar o cabelo do nosso filho e depois pegou minha mão na dele. — Nenhum pouco. Nós estávamos lado a lado em um par de cadeiras de acampamento assistindo ao show. Draven estava desmaiado no peito de seu pai e eu estava enrolada em um cobertor para me manter aquecida. Depois que as coisas se acalmaram no dia em que Steffie atirou em mim, eu soube sobre o incêndio que manteve Nick longe. Ele conseguiu salvar a mulher idosa que estava presa no incêndio da cabana, mas o lugar ficou muito danificado para salvar. Embora me amedrontasse pensar no que poderia ter acontecido com ele, eu fiquei extremamente orgulhosa de Nick. Ele era um herói.

— Ryan me disse esta noite que eles estão prontos para derrubar as paredes. Você decidiu se você quer ficar na casa da sua mãe ou no hotel? — Nick perguntou. Este verão nós construiríamos uma adição na casa. Adição não era o termo certo. Era mais como construir uma segunda casa e conectá-la à existente. Quando tivesse terminado, teríamos uma sala de entretenimento e uma sala de jogos no andar de baixo com dois novos quartos e outro banheiro no andar de cima. E eu finalmente conseguiria um armário maior. — Eu odeio ter de incomodar minha mãe por uma semana inteira. — eu disse. — Então prefiro o hotel, eu acho. Nick riu e levou minha mão aos lábios para um beijo suave. — Eu tenho outra ideia. — ele disse. — Nós poderíamos voar para Vegas durante a semana. — Certo. Sin City com uma criança seria o máximo. — Ele poderia ficar com sua mãe e Alesso. — Eu duvido que eles queiram com toda a atividade que eles estão fazendo. Ele sorriu. — Isso não é o que Collette disse quando eu perguntei a ela. — Você disse a ela que estávamos indo? — Sim.

Eu revirei meus olhos. — E a oficina? Você esteve extremante ocupado. Você pode se dar ao luxo de ficar afastado por uma semana inteira? E se atrasar as coisas? — Alesso pode gerenciar o escritório. Os carros que papai e Dash trouxeram não são trabalhos urgentes. Estou bem. — disse ele. — Vai estar muito quente lá. — Pense nisso como uma lua de mel. Nós vamos ficar dentro do nosso quarto com ar condicionado. — Lua de mel? Está mais como voltar à cena do crime. Inclinando-se, ele roçou os lábios na base do meu queixo. Eu adorava quando ele fazia isso. — Nós poderíamos ver se Clover ainda está por perto e renovar nossos votos na capela. Talvez começar a trabalhar no bebê número dois. — ele sussurrou. Eu realmente queria ver a nossa capela novamente, mas outro bebê? — Não. De jeito nenhum. É muito cedo. Ele se inclinou para trás e sorriu. Seus olhos vibrantes brilharam quando os fogos de artifício explodiram no céu acima de nós e no meu coração. — Te desafio. Eu balancei a cabeça e dei-lhe um sorriso. — Isso não funciona mais comigo. Você usou todos os seus desafios. — Tudo bem. — disse ele. — Eu te desafio em dobro.

FIM.
Devney Perry - Jamison Valley Series 2 - The Clover Chapel

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