#1 Lord of London Town

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Lord of London Town Tillie Cole

Adley Firm #1

Distribuição: Tradução: Revisão: Leitura Final e Formatação:

Novembro/2020

Tillie Cole

Lord of London Town Adley Firm #1

Lord of London Town Tillie Cole

Adley Firm #1

CHESKA HARLOW-WRIGHT NASCEU EM UMA VIDA DE LUXO E PRIVILÉGIO. NUNCA LHE FALTOU NADA. TINHA UM FUTURO CONFORTÁVEL COMO UMA SOCIALITE CASADA EM LONDRES ESPERAVA POR ELA. Mas desde os treze anos de idade, Cheska guardava um segredo — uma fixação inabalável por um garoto que nunca poderia oferecer a ela algo próximo a conforto. Um garoto mergulhado em pecado e envolto em depravação. Um garoto nascido no abraço possessivo da escuridão. Quando o mundo aparentemente perfeito de Cheska foi destruído por um inimigo desconhecido, mas mortal, havia apenas uma pessoa para quem ela poderia correr. Uma pessoa no mundo que tinha o poder de mantê-la segura. A única pessoa que seu coração fraco e despedaçado ansiava. Arthur Adley. O novo chefe da família do crime mais temida de Londres. Forçado, muito jovem, a assumir o comando da empresa Adley, Arthur tornou-se ainda mais implacável, formidável e frio do que nunca. Seus inimigos estavam ao redor, e ele devia lutar — e matar — para manter a posição de sua família no topo do submundo do crime em Londres. Não havia espaço para fraqueza, emoção ou perda de controle. Mas então, Cheska voltou para sua vida com a força de uma bola de demolição. Ela não tinha lugar neste mundo escuro, cruel e sanguinário. E pior, ela é a rachadura solitária em sua armadura impenetrável. Ele já a afastou uma vez, mas desta vez ela precisava desesperadamente dele. Ela estava arruinada, perdida e em perigo, e ele é o único que poderia ajudar. Arthur devia protegê-la. Ele devia destruir aqueles que se atreveram a ameaçá-la, caçar aqueles que tomariam o que é seu. Ele arrasaria Londres inteira para mantê-la segura... mas ele também poderia se proteger?

O infame Lorde das Trevas da cidade de Londres enfrentaria sua batalha mais brutal: o peso paralisante do passado, os inimigos implacáveis à espreita, nas sombras... e a destruição que a presença de Cheska estava causando na fortaleza de granito que era seu coração.

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PRÓLOGO ARTHUR

Treze anos de idade

Eu encarei o fogo. As chamas aumentavam cada vez mais, subindo pela chaminé de pedra. Senti o calor escaldante em minha testa e bochechas, senti minhas sobrancelhas começarem a queimar. Inclinei-me ainda mais perto. Eu queria saber como seria quando as chamas lambessem minha pele. Queria saber o que elas sentiram quando ficaram presas, quando o fogo as queimou vivas. Estendi minha mão, meus dedos se aproximando das chamas. A dança delas se refletiu em meus óculos. Tudo o que pude ver foi uma aura laranja, vermelha e amarela. Minha pele começou a queimar quando meus dedos quase tocaram a chama. Senti o cheiro dos pelos do meu braço queimando. Aproximei-me cada vez mais, quase tocando... “Arthur!” Alguém puxou meu ombro, puxando-me de volta para a velha poltrona. “Que porra é essa, filho?” Meu pai se agachou diante de mim. Eu olhei em seus olhos, mas ainda podia ver as chamas me chamando para mais perto com o canto do olho. “O que diabos você estava fazendo?” Ele segurou meus braços e depois minha mão latejante. Estava vermelho brilhante onde as chamas tinham chegado muito perto. “Cristo, Arthur! Olhe o maldito estado de sua mão!”

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“Eu queria saber o que elas sentiram,” eu disse, olhando para minha pele vermelha e borbulhante. Papai se levantou e foi até a cozinha. Quando ele voltou, estava segurando um saco de ervilhas congeladas. Ele o pressionou contra minha palma. Doeu pra cacete, mas eu não diria isso a ele. Não me importava se doía. Eu queria que isso doesse. “Mantenha isso pressionado aqui,” papai disse, então foi até o balde de água ao lado do fogo e o jogou nas chamas furiosas. O fogo morreu instantaneamente até que assobiou ao perder o fôlego e a fumaça negra subiu pela chaminé. Eu assisti a escuridão se afastar. Mas a escuridão em meu coração e minha cabeça nunca foi embora. Eu vi nossa casa de campo em minha mente. Nossa casa de família quando tudo o que restou foram tijolos queimados e madeira carbonizada... e apenas os dentes da minha mãe e da minha irmã mais nova. Corpos reduzidos a nada. O fogo havia comido sua carne como um demônio das profundezas do inferno. Papai se agachou novamente e segurou meu queixo. Eu encontrei seus olhos. “Eu sei que é difícil, filho. Você perdeu sua mãe, perdeu Pearl.” Pensei em mamãe e Pearl. Pearl me irritava. Era sempre uma sombra atrás de mim e de meus amigos. Sempre querendo estar no meu quarto, na porra da minha vida. Ela era apenas um ano mais nova do que eu, mas ainda era minha irmã mais nova. Sempre a protegi. Em nossa vida, tive que fazer. Mas eu não a protegi no final. Quando ela mais precisava de mim. Quando fechei os olhos, imaginei-a segurando mamãe no meio da sala de estar do chalé, o fogo derrubando a porta para pegá-las, consumi-las, queimá-las vivas. Eu podia ouvir seus gritos em meus ouvidos. Podia ouvir Pearl me chamando para salvá-la. Eu falhei com ela. Ela e mamãe.

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“Se você tivesse ido com elas, eu também teria perdido você, filho.” A voz do meu pai estava firme, baixa. Ele nunca demonstrou emoção — ele era uma caixa de gelo quando se tratava de seus sentimentos. Ele era duro e brutal. Nunca falou sobre amor e merda. Mas quando ele mencionou mamãe e Pearl, ouvi um leve estalo. Mesmo que quase nunca falasse sobre elas, sabia que ele sentia falta delas também. Sua mão se moveu do meu queixo para a parte de trás da minha cabeça. Ele me puxou para seu peito. Ele cheirava a tabaco e menta. Papai me impediu de ir para a cabana um mês atrás. Ele tinha negócios aqui na cidade. Eu tinha acabado de fazer treze anos. Ele me queria com ele; chegara minha hora de conhecer os negócios da família. Ainda podia sentir a faca em minha mão. Senti meus dedos em volta de seu cabo enquanto eu estava na frente de nosso inimigo em nosso armazém deserto em Mile End. Eu nem mesmo vacilei quando corri para frente e mergulhei a faca direto no peito do filho da puta. Ele era um dos Yakuza. Ele nos delatou para um inimigo. Ele merecia morrer. Foi minha introdução ao nosso estilo de vida. Eu era um verdadeiro Adley agora, legitimamente parte da empresa. Enquanto eu matava o inimigo, meu batismo no notório legado de nossa família do crime, minha mãe e irmã deram seu último suspiro quando nossa cabana em Cotswolds desabou ao redor delas. Meu pai se afastou de mim, procurando meu rosto. Eu não choraria. Eu não queria chorar. Não estava triste; estava furioso pra caralho. A raiva corria espessa em meu sangue. Queria encontrar o responsável e matá-lo. Tanto o corpo de bombeiros quanto a investigação policial disseram que foi uma falha elétrica

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— um problema comum com essas antigas casas de campo. A nossa tinha mais de quinhentos anos. Não foi o suficiente. Eu não me importava com quem, mas alguém precisava pagar por eu perder minha mãe e minha irmã. Precisava culpar alguém. Não podia acreditar que fosse um acidente. Eu precisava dolorosamente.

que

alguém

morresse...

lentamente...

“Arthur,” meu pai disse, me puxando de volta da escuridão. “Somos apenas nós agora. Nós e nossa empresa — eles são nossa única família agora. Você tem Charlie, Vinnie, Eric e Freddie. Eles são seus irmãos. Sempre foram. Eles estarão com você por toda a sua vida, assim como seus pais estiveram ao meu lado na minha.” Papai colocou a mão no meu ombro, segurando-o com força. “Precisamos continuar, Arthur. Sem olhar para trás. Temos uma empresa para administrar. Não podemos permitir que nada nos torne fracos.” Papai se levantou. Larguei o saco de ervilhas congeladas na mesa ao meu lado. Eu queria sentir minha pele escaldante. Queria que as cicatrizes do fogo me lembrassem o que e quem eu perdi. Papai olhou para as ervilhas descartadas e seus lábios se curvaram em um sorriso orgulhoso — meu velho adorava qualquer demonstração de força, especialmente se fosse minha. “Pegue seu casaco. Tenho uma reunião. Você irá.” Segui meu pai até o corredor e peguei meu casaco preto grosso. Saímos da nossa velha igreja em Bethnal Green e em direção ao carro que nos esperava. A noite estava gelada, meu hálito quente se transformando em fumaça branca ao atingir o ar gelado. Eu subi na parte de trás do Rolls Royce. Meu pai se sentou ao meu lado. Sem palavras, saímos de nossa garagem e pegamos as estradas do nosso reino — East London. Olhei pela janela enquanto as ruas que possuíamos passavam. Eu mantive meu

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foco no lado de fora, a paisagem mudando de armazéns destruídos com janelas fechadas, casas populares com terraço e pubs decadentes para restaurantes e bares de luxo, mansões e carros de cem mil libras. Chelsea filha da puta. Jack, o motorista pessoal do meu pai, parou em frente a uma mansão na SW3. Jack manteve o motor funcionando. A chuva havia começado a cair do lado de fora, as gotas pesadas trovejando nas janelas e no teto do carro como bombas. Jack saiu do carro e abriu a porta do meu pai. Ele abriu um guarda-chuva preto de golfe para protegê-lo da chuva. Alfie Adley sempre teve que parecer imaculado. Eu o segui para fora do carro e papai tirou o guarda-chuva de Jack. “Não vamos demorar”, disse ele a Jack. Caminhamos até a casa e papai bateu na porta. Um fodido mordomo de algum tipo atendeu. Papai passou por ele, jogando-o para trás em um vaso sem dúvida caro, mas feio pra caralho. “Estou aqui para ver George.” “Mas, senhor, espere!” o mordomo argumentou. Papai abriu a porta do corredor e eu fechei a porta da frente, trancando-nos dentro. Um homem mais ou menos da idade do meu pai desceu correndo uma enorme escada central e parou no patamar. “Espere aqui, Arthur. Eu não vou demorar,” papai disse, seus olhos travando no filho da puta que estava olhando para ele com olhos arregalados e com medo. Meu pai lançou um olhar mortal para o mordomo. “Certifique-se de que Alfred aqui não faça algo estúpido como ligar para o Velho Bill.” Papai estalou o pescoço, sem tirar o olhar do mordomo. “Este é um encontro amigável, certo, George? Não há necessidade de as coisas darem errado.” “Está tudo bem, James,” o homem — George, eu imaginei — no patamar disse para o mordomo, e meu pai o seguiu escada acima. Colocando minhas mãos nos bolsos, mudei para a parede

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do corredor e as fotos que estavam penduradas lá, mantendo o mordomo na minha periferia. Limpei os óculos na minha camisa, esfregando a chuva das lentes para que eu pudesse ver. Quando os coloquei de volta, estava na frente da foto de uma garota da minha idade. Ela tinha cabelos escuros, olhos escuros e pele morena. Passei por fotos de uma mulher morena e George. Terminada a inspeção, sentei-me no sofá vermelho ornamentado no foyer e olhei ao redor da casa. Dinheiro. Quem quer que fosse esse idiota do George, ele tinha uma tonelada de dinheiro. Meus olhos se moveram das obras de arte e esculturas elegantes e voltaram para a garota na foto. Então eu não desviei o olhar. Assim que me perguntei quem ela era, as escadas rangeram. Meus olhos se levantaram. Cabelo castanho. Olhos castanhos. Pernas longas. Pele morena. A garota da foto congelou na escada, seus olhos se arregalando quando me viu. Meus olhos caíram para suas roupas. Ela estava de pijama. A blusa branca sem mangas, e a parte de baixo eram shorts com bolinhas rosa. Seu cabelo castanho caído sobre os ombros. Eu assisti silenciosamente enquanto ela vasculhava ao redor do foyer, suas bochechas em chamas vermelhas. Ela desceu mais as escadas até que estava no chão de ladrilhos preto e branco do corredor. “Q-quem é você?” Seu sotaque chique navegou em meus ouvidos. Uma garota de Chelsea certamente. Sem dúvida, criada com uma colher de prata na boca. E que fodida boca ela tinha. Lábios carnudos e rosados que pareciam fazer beicinho

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permanentemente. Eric, um dos meus melhores amigos, chamava aqueles lábios sugadores de pau. No caso desta menina, eu tive que concordar. Ela cruzou os braços sobre o peito, mas se aproximou. “Quem é Você?” perguntou novamente. Encostei-me no sofá. “Arthur.” “Arthur”, ela repetiu e se aproximou novamente. Estava a apenas alguns metros de distância. Sua pele levemente bronzeada e macia, e seus shorts mostravam suas coxas perfeitas. Meninas elegantes nunca mexeram comigo. Mas pela contração do meu pau, esta parecia ser a exceção. “Arthur...” ela disse de novo, seu sotaque elegante envolvendo meu nome. De repente, o som de vozes elevadas veio de cima. Sua cabeça girou naquela direção. “Papaizinho? Essa é a voz do papaizinho.” Ela me encarou em pânico. “Quem está lá com ele?” “Meu pai.” “Por quê?” Dei de ombros. “Negócios.” Ela franziu a testa e disse: “Você não revela muito, não é?” “Qual o seu nome?” Eu perguntei, ignorando sua pergunta. “Cheska.” “Cheska...?” “Cheska Harlow-Wright.” Ela ergueu o queixo — estava orgulhosa de seu nome. Meus olhos encontraram uma foto que tinha visto na parede, uma na frente de uma fábrica, “Harlow” escrito na placa. Toda a riqueza de repente fez sentido.

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“Biscoitos Harlow.” De repente, soube como eles poderiam pagar para morar em uma casa como esta no melhor código postal de Chelsea. Não havia uma casa em toda a Inglaterra que não tivesse um pacote de biscoitos no armário para mergulhar em xícaras de chá. “Sim.” Ela seguiu meu olhar. O quadro na parede era antigo. Um velho esquisito estava parado do lado de fora da fábrica de biscoitos. Havia um homem mais jovem lá também, e uma garotinha, de não mais do que quatro anos, usando um boné e um casaco vermelho. “Minha mãe,” ela disse e foi até a foto. Ela apontou para a menina. “Quando ela era pequena, com meu avô e meu bisavô.” Não olhei para a foto. Eu estava muito ocupado olhando para ela. Cheska, a garota de Chelsea. “Onde ela está agora?” O rosto de Cheska murchou. Quando encontrou meus olhos, os dela estavam brilhando. “Ela morreu há dois anos.” Meu peito doeu com a tristeza em sua voz, mas mantive minha expressão firme. Meu pai me ensinou desde muito jovem a não demonstrar nenhuma emoção. Para ser neutro em todos os momentos. Não deixar nenhum filho da puta me ler. Ser sempre o homem cinzento da sala. Cheska sentou-se cautelosamente ao meu lado. Ela cheirava a rosas. Quando ela olhou para mim, vi que seus olhos não eram tão escuros quanto eu pensava. Eles pareciam verdes às vezes, quando sua cabeça refletia a luz em um determinado ângulo. Ela cruzou os braços sobre o peito. Seus seios eram pequenos, mas nela não importava. “Sua mãe está em casa?” ela perguntou. “Ela está morta,” eu disse francamente e olhei para as escadas, então através de um conjunto de portas de vidro para outra sala onde o mordomo estava se ocupando limpando. As vozes elevadas pararam.

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Eu me perguntei o que Papai tinha sobre o pai de Cheska. Ou o que ele fez para merecer a atenção pessoal do meu pai. Minha cabeça virou para o lado quando senti uma mão na minha. Eu me movi em um flash e agarrei o pulso de Cheska instintivamente, segurando-o no ar. Ela se engasgou, os olhos como fodidos pratos, e eu lentamente soltei seu pulso. Os olhos de Cheska ainda estavam enormes enquanto ela esfregava a pele. “Eu só queria dizer sinto muito”, disse. “Sobre sua mãe.” Minha bochecha se contraiu. Eu modifiquei minhas feições e endireitei a gola do meu casaco. “Eu sei o que é ficar sem ela,” sussurrou. Seu lábio inferior tremeu. “Como pode ser solitário.” Eu a encarei, afugentando a sensação de pontada em meu estômago que suas palavras causaram. A garota de Chelsea tinha longos cílios negros que beijavam suas bochechas quando ela piscava e sardas espalhadas sobre a ponta do seu nariz. Uma única bonita marca pequena estava acima de seu lábio superior. Eu queria prová-la na minha língua. A respiração de Cheska ficou mais rápida e vi seus mamilos endurecerem sob o pijama. Eu sorri enquanto ela rapidamente cruzou os braços sobre os seios novamente. Aquele rubor estava de volta em suas bochechas. A garota de Chelsea era definitivamente inocente. Ela parecia ter minha idade. Mas ao contrário da minha bunda de gangster do East End, que foi sugada e fodida no minuto que eu pude gozar, ela ainda estava intocada. Enquanto meus olhos deslizavam pelo corpo da Garota de Chelsea, eu sabia que ela ficaria ainda melhor de joelhos. O rosto de Cheska brilhou como se pudesse ler meus pensamentos. O som de uma porta se abrindo veio de cima, tirando a atenção de Cheska de mim. Eu dei a ela uma última olhada. Sem dúvida, esta seria a única vez que a veria. Não nos misturávamos

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exatamente nos mesmos círculos. Ela sem dúvida vai para alguma escola para garotas ricas pra caralho. Vozes abafadas se aproximaram. Papai e o pai de Cheska apareceram no patamar e desceram as escadas. Os olhos do pai de Cheska se arregalaram quando a viu ao meu lado no sofá, vestindo quase nada. “Cheska. O que você está fazendo acordada? Volte para a cama. Está tarde.” Cheska saltou de pé, obedecendo ao comando do papaizinho. “Eu precisava de uma bebida e vi Arthur aqui.” Ela lançou um olhar nervoso para mim. “Nós... estávamos apenas conversando.” “Vá para a maldita cama!” o pai gritou de novo e Cheska correu, correndo para as escadas. Seu velho er0a um idiota. “Boa noite, Cheska”, eu disse em voz alta. O rosto do seu pai estalou para mim e ficou vermelho de raiva. “Foi bom conhecer você.” Cheska se virou para mim, parando na escada. Eu vi seus lábios se contraírem e um sorriso aparecer em seu rosto deslumbrante. “Sr. Adley, James o acompanhará”, disse o pai dela, gesticulando para o mordomo, que havia aparecido da outra sala. Eu encarei Cheska por mais alguns segundos, então encontrei o olhar furioso do seu pai. “Sr. Adley”, disse o mordomo. “E Menino Adley. Esse caminho por favor.” Os olhos de Cheska ficaram enormes enquanto ela me encarava e sussurrava: “Arthur Adley...” Suas bochechas empalideceram, e soube naquele momento que ela tinha ouvido falar da minha família, nossa empresa, nosso maldito sobrenome. Não havia muitas pessoas em Londres que não conhecessem a família Adley. Sabia que éramos os ceifeiros de

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Londres. Quando visitamos, era porque você fez um trato com o diabo. O próprio fodido lorde das trevas. Eu levantei meu queixo com orgulho ao som do meu nome em seus lábios, então seu papaizinho a conduziu para longe da vista. Eu caminhei ao lado do meu pai quando o mordomo abriu a porta da frente, e entramos na noite fria e úmida de Londres. Os sons de táxis pretos passando e idiotas pomposos caindo de bares pretensiosos nas proximidades encheram o ar. Ao voltar para o carro, dei uma última olhada na casa SW3. E na janela superior direita havia uma mão pressionada contra a vidraça e um par de olhos castanhos com reflexos verdes olhando para trás, me observando sair.

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CAPÍTULO UM ARTHUR

Marbella, 18 anos de idade

“Dê o fora daqui, idiotas. As vistas são espetaculares!” Eric piscou, então subiu as escadas em direção ao convés do iate, vestindo seu short apertado que ele afirmava mostrar seu pau com perfeição. O idiota era um vagabundo de merda, que me surpreendia não ter morrido por causa de uma DST ou alguma merda. Ao meu lado, Charlie tomou um gole de gim e jogou a cinza do cigarro no cinzeiro de cristal sobre a mesinha de vidro. “Se a frase 'vista espetacular' não for um harém de homens que acabaram de descer de uma competição de CrossFit, cobertos de óleo e esperando de joelhos, então ficarei profundamente desapontado.” Eu sorri para meu primo sentado como a porra de um rei em um trono de couro italiano. “Artie!” Eric gritou do deck traseiro. “Venha. Para. Porra. Fora! Estamos na maldita Marbella. Se não estivermos bêbados e afundados em buceta em duas horas, vou atirar em alguém.” Ele não estava brincando. Raramente vi alguém gostar de matar como Eric. E o psicopata faz isso com seu fodido sorriso extravagante estampado em seu rosto. Acendi um cigarro, levantei-me da cadeira e chutei o pé de Charlie. Depois de inalar uma longa tragada, eu disse: “Dê o fora desse fodido assento. Você também vem.”

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A porta se abriu atrás de nós. “Nós chegamos?” Freddie perguntou, esfregando o sono de seus olhos. De todos nós, Freddie era o mais quieto, o mais introvertido. Mas enquanto Eric gritava de novo, até ele sorriu e tirou sua camiseta, ficando somente com seu calção de banho preto. Ele passou por nós e subiu as escadas para se juntar a Eric no topo. Charlie suspirou e se levantou de sua cadeira. “Só para você saber, essa é minha ideia de inferno. Marbella em julho, que porra de original.” “Mas pelo menos temos um mega iate maldito para estar aqui, seu idiota miserável de merda,” Eric disse, abaixando a cabeça para dentro da cabine para verificar se estávamos chegando. Ele levantou o queixo para mim. “Artie, peça cervejas. E que elas continuem vindo.” Eu olhei para o filho da puta tentando me dar uma ordem. “O que? Estamos de férias. Você pode tirar seu chapéu de líder gângster por alguns fodidos dias e ser apenas um dos caras. Todos por um e toda essa merda.” Eric desapareceu antes que eu pudesse cravar meu punho em seu rosto bonito para calá-lo. Charlie pegou o telefone e fez o pedido das bebidas com a equipe. “Calma, garoto”, me disse depois. Ele pegou uma bandeja de prata com nosso melhor golpe já classificado em linhas perfeitas em sua superfície. Pegando um cachimbo de vidro ornamentado ao lado dele, ele inalou uma linha. Ele me ofereceu a bandeja. Eu peguei uma linha e respirei profundamente quando ela atingiu o fundo da minha garganta. “Melhor?” Charlie perguntou. Eu balancei a cabeça, sentindo a coca envenenando minhas veias e me acordando pra caralho. “Então vamos curtir as delícias de Marbella e de nossos conterrâneos de merda que visitam essas praias.” Eu estava indo para as escadas quando a porta dos quartos se abriu novamente e Vinnie passou por ela. Seus olhos estavam vermelhos e voando pela sala de estar do iate como se tudo o que

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ele visse fossem demônios vivos e respirando ao seu redor. Suas mãos tremiam e seus dentes arranharam o lábio inferior. “Estamos aqui? Eu gostaria de estar aqui agora. Não gosto muito das ondas, Artie. Não gosto muito das ondas agora. Estou farto da oscilação”, disse ele, olhando para o mar pelas janelas, os músculos das costas se contraindo. “Vamos subir, meu velho”, disse Charlie, apontando para a escada. “Uma 'vista espetacular' nos espera, aparentemente.” A bochecha de Vinnie se contraiu. Eu me movi na frente dele até que ele encontrou meus olhos. Em branco como sempre, ilegível, como poços sem emoção. “Você já tomou seu remédio?” Vinnie deu sorriso largo e perturbador de curinga, sua boca mostrando um tipo de alegria fodida que seus olhos não refletiam. Vinnie possuía o sorriso que causava medo em nossos inimigos. Isso mostrava o quão fodido da cabeça meu amigo realmente era. “Acabei de tomar, Arthur. Acabei de tomar o comprimido mágico. Ele desceu pela minha garganta e desceu para o meu estômago. Sim, sim, o comprimido sumiu”, disse ele, sua mania psicótica vazando através de sua conversa incessante. Sua medicação não fazia nada além de mantê-lo um pouco mais calmo do que o normal. Isso diminuía sua imprevisibilidade, tornava-o um pouco mais fácil de controlar. Mas isso não tirava as alucinações, ou as vozes em sua cabeça. Vinnie era mais alto do que eu alguns centímetros, e musculoso pra caralho com os pesos que levantava para desabafar. Seu cabelo loiro caído sobre os ombros, uma bagunça selvagem em sua cabeça. Seus olhos vazios eram verdes brilhantes, sua pele coberta de cicatrizes e tatuagens das coisas mais aleatórias — formas, animais e uma porra de uma confusão enorme nas costas. Ele mataria qualquer um que ameaçasse a empresa em um segundo, rindo histericamente o tempo todo. Ele também era um esquizofrênico paranoico e havia passado alguns

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anos entrando e saindo do manicômio, o que acalmou merda nenhuma, se é que não o deixou mais perturbado e desequilibrado. E ele era tão próximo de mim como um irmão. Todos os meus amigos eram. Éramos o futuro da empresa Adley, não importa o quão fodidos todos nós éramos. Charlie, em seus shorts Burberry, subiu as escadas primeiro. Vinnie o seguiu, quicando e cantarolando todo o caminho como uma criança indo para a Disneylândia. Tirei minha camiseta, jogando-a no sofá e amarrei a cintura do meu short. Havíamos atracado em Marbella há uma hora. Estávamos no iate de cinquenta milhões de libras do meu pai e acabamos de estacionar ao lado das outras “famílias abastadas”. Sem dúvida, o dinheiro deles não foi feito da mesma forma que o nosso. E eles nos odiavam por isso. Uma pitada do nosso sotaque cockney do East End e eles viravam seus narizes tensos para nós. Nós não estávamos nem aí. Empurrei meus óculos no nariz e subi as escadas. O calor do sol espanhol bateu em mim como um punho de ferro e empurrei meu cabelo escuro para trás da testa. Prédios brancos do Mediterrâneo nos cercavam e turistas sentavam-se em restaurantes e bares, olhando boquiabertos para nosso iate. Juntei-me aos meus amigos no deck traseiro com vista para os restaurantes e peguei uma cerveja de Eric. Ele abriu os braços. “É a porra do paraíso, meninos.” Tomei um gole da minha cerveja e olhei para o iate ao nosso lado. Não vi ninguém no convés de trás, mas ouvi as pessoas conversando na frente do barco, olhando para o mar. “Então, onde estão as vistas espetaculares?” Charlie perguntou a Eric, acendendo outro cigarro. Eric estremeceu ao encontrar o olhar ansioso do meu primo. “Bem, talvez não seja espetacular para você, Chuck, mas definitivamente é para o resto de nós.” Ele desviou os olhos para

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Vinnie, que estava circulando o convés de trás como se fosse uma pista, e torceu o nariz. “Ok, talvez não para o nosso maluco residente, já que ele já tem uma garota. Mas para mim, Freddie e Artie, que vista é esta!” “A história da porra da minha vida.” Charlie sorriu para mim. Eu segui Eric enquanto ele se dirigia para o deck principal na frente do iate. “Já está mais calmo?” Perguntei a Vinnie. Ele acenou com a cabeça, e eu pude ver em seus olhos que seu medicamento fez efeito. Suas pupilas dilataram um pouco e o tremor em suas mãos diminuiu. “Ficando mais calmo a cada segundo, Artie. Ficando mais calmo a cada segundo.” Ele sorriu de novo, suas covinhas profundas fazendo-o parecer muito mais inocente do que realmente era. Eu coloquei minha mão em seu ombro, bem sobre o rosto do Nosferatu com seus afiados dentes vampíricos que estavam tatuados lá. “Então, estamos ancorados ao lado de quem?” Freddie perguntou a Eric. Freddie tinha um metro e oitenta e oito de altura, cabelos castanhos escuros e olhos castanhos. Ele era esguio, mas podia lutar como um maldito rottweiler. Seu velho morreu há um tempo, pela empresa, baleado bem na porra da testa por um russo. Meu pai praticamente adotou Freddie depois disso. Ele morou conosco na velha igreja nos últimos dois anos. Ele era quieto antes da morte do seu velho. Agora, em comparação com o resto dos meus amigos desbocados, ele era quase mudo. “Espere até ver,” Eric disse, balançando as sobrancelhas. Eric tinha um e noventa e três, era loiro e coberto de tatuagens de palhaços brilhantes com a temática de horror. Seu cabelo parecia algo tirado diretamente da Segunda Guerra Mundial — penteado como um bom soldado britânico. Diziam que garotas ficavam molhadas por causa disso — todos nós sabíamos que se referia principalmente a Betsy,

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minha prima e irmã mais nova de Charlie. Mas nem ele nem Betsy jamais falaram sobre isso. Ele também raramente fechava a boca. Mas isso não importava quando a merda atingia o ventilador. Ele protegia você, cem por cento sem questionar. Quando fizemos uma curva, vi movimento no iate ao nosso lado. Garotas em biquínis, algumas em topless. Eu não poderia me importar menos. Viu-se um par de seios, viu todos. Já entediado, acendi outro cigarro e fui para a frente do iate. Olhei para o oceano. “Belos seios, querida!” Eu ouvi Eric gritar atrás de mim. Olhei para o iate ao nosso lado e vi duas garotas tomando banho de sol, olhando em nossa direção — uma com pele escura e cabelos negros que caíam em cachos até os ombros, e uma com pele clara sardenta e cabelos ruivos até a cintura. Fui virar a cabeça novamente, quando alguém saiu do convés inferior em direção às duas banhistas. A mão segurando meu cigarro parou a caminho da minha boca quando vi suas pernas longas e pele morena. O cabelo escuro que estava puxado para cima de sua cabeça. Ela estava usando um biquíni branco, curvas fodidas como uma ampulheta. Como se estivesse sentindo meu olhar, ela olhou e, no minuto em que o fez, reconheci aqueles olhos. Aqueles olhos grandes de merda que estavam fixos em mim, se arregalando a cada segundo. Olhos castanhos esverdeados que eu nunca esqueci... Cheska Harlow-Wright… A memória esmagou meu cérebro como um pé de cabra. A memória do seu sotaque chique afundou como garras em meus tímpanos. A garota de Chelsea. Em todos esses anos, eu nunca esqueci essa fodida garota chique de Chelsea.

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Cheska parou de repente, a bebida vermelha em sua mão derramando-se para os lados. “Cheska!” uma de suas amigas disse, enxugando a bebida de seu abdômen. Mas Cheska não se mexeu. Ela apenas continuou olhando para mim. Meus olhos caíram para seu corpo, devorando cada centímetro. A garota de Chelsea estava crescida. E ela era ainda mais linda do que naquela época. Eu finalmente dei uma tragada no meu cigarro, sem tirar os olhos dela, e me aproximei dos meus amigos. Os olhos de Cheska me seguiram por todo o caminho, o vermelho explodindo em suas bochechas. Eu pensava nessa garota com frequência. E aqui estava ela, de pé, bem diante de mim, em Marbella. Parei ao lado de Charlie, meu pau inchando só de olhar para os lábios vermelhos e chupadores de pau da garota de Chelsea. Meu primo se aproximou. “Uma amiga sua, meu velho?” perguntou ele, apontando Cheska com o queixo. Eu estreitei meus olhos para meu primo; Charlie riu com conhecimento de causa. Eu não estava rindo. Estava imaginandoa debaixo de mim, imaginando-me rasgando-a, empurrando três dos meus dedos em sua buceta molhada. Charlie se deixou cair na espreguiçadeira atrás de nós. “Acorde-me quando algo interessante acontecer.” Ele se deitou na espreguiçadeira creme e fechou os olhos. Eu sorri para a garota de pele escura olhando para Charlie como se ele fosse sua próxima refeição. A pobre cadela não tinha nada em seu menu que Charlie queria. Buceta não fazia nada além de ofendê-lo. Mas as mulheres sempre o quiseram. Ele tinha cabelos castanhos e olhos castanhos, um metro e noventa e musculoso. Freddie o chamava de sonho molhado de garotas. Meu primo também era o filho da puta mais cruel que já conheci. Ninguém fodeu com Charlie Adley e viveu para ver o dia seguinte. Era por isso que ele era meu braço direito e melhor amigo. Eu confiava nele com minha vida.

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“Quais são seus nomes, senhoritas?” Eric gritou para Cheska e suas amigas. A ruiva ergueu o dedo médio no ar em resposta. Eric colocou a mão sobre o peito. “Você me magoa assim, linda. Você me feriu!” “Então caia fora!” ela gritou. Eric riu, mas a garota não tinha ideia de que ela acabara de se tornar sua próxima conquista. Rastreei Cheska enquanto ela colocava sua bebida na mesa ao lado de suas amigas. Seus olhos continuaram se afastando dos meus antes de voltar. Tomei um gole da minha cerveja. Ela parecia respirar mais rápido enquanto eu mantinha meu olhar sobre ela. Observei seus mamilos endurecerem e não queria nada mais do que os sentir contra minha língua — eu queria saboreála por inteiro. Seus seios, sua pele bronzeada e sua buceta chique. Joguei meu cigarro no chão quando os motores rugiram à minha direita. Quatro caras estavam andando de jet skis em direção ao iate de Cheska. Estreitei meus olhos para os idiotas enquanto eles desligavam os motores na lateral do iate, subiam a escada e caminhavam para o convés. Um lindo menino loiro foi até Cheska e beijou-a na bochecha. Meu sangue ferveu. Tive a necessidade repentina de arrancar a porra da cabeça de seus ombros. Os olhos de Cheska permaneceram fixos nos meus, mesmo quando o filho da puta colocou a mão em sua bunda e apertou. A garota de Chelsea tinha um namorado. Para mim, ele só parecia carne morta. Então o merdinha olhou para o meu iate. “Quem diabos são esses caras?” Ele perguntou às garotas, seus amigos patéticos vindo para ficar atrás dele como se pensassem que poderiam ser ameaçadores. Eles não tinham a porra da ideia de quem eles estavam olhando.

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Como se meus pensamentos fossem uma ordem, os merdinhas diante de nós pareceram de repente ver a tinta de Eric. Suas tatuagens brilhantes eram imagem após imagem de palhaços loucos e psicóticos — dentes e garras afiadas, bocas sádicas e pingando sangue. O sorriso de Eric para a ruiva passou de pervertido para louco em um segundo, e os sorrisos deles se derreteram em seus rostos aristocráticos. “Fico feliz em nos apresentar,” Eric disse, um tom sombrio em sua voz, seu sotaque cockney engrossando. Freddie chutou a espreguiçadeira de Charlie e meu primo abriu os olhos. “Você queria ser acordado quando algo interessante acontecesse.” Freddie apontou para os cuzões do outro iate. “Bem, algo interessante pra caralho está acontecendo.” Charlie chegou ao meu lado em um flash, o corpo vibrando de excitação. “Colírio para os olhos ou carne morta?” “O último”, respondi. “Que pena. O cara da direita está em forma. Parece que ele aguentaria meu tipo de jogo duro.” Eric acenou com a mão para Freddie ao lado dele. “Freddie Williams.” Eric apontou para Vinnie. “Vinnie Edwards.” Vinnie correu para o lado do iate e riu loucamente, os músculos protuberantes em seu pescoço e ombros. Quando sua risada desapareceu, um sorriso largo e perturbado permaneceu em seu rosto enquanto ele ficava ali parado olhando. Os filhos da puta chiques deram um passo temeroso para trás, como se meu irmão fosse saltar com vara sobre o mar abaixo de nós e pousar em seu convés. “Fique calmo”, disse a Vinnie para que só ele pudesse me ouvir. Eu o ouvi inspirar e expirar, fazendo o que eu disse, mas seu sorriso permaneceu. A boa coisa sobre Vinnie é que ele sempre me ouvia. Eu era o irmão mais velho da

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sua alma gêmea. Ele nunca me trairia em um milhão de anos. Por causa de Pearl. Tudo o que ele fez foi para ou por causa de Pearl. “Sou Eric Mason.” Eric gesticulou para Charlie. “Este é Charlie Adley.” Então Eric veio até mim e colocou o braço em volta do meu pescoço. Eu coloquei meu olhar de volta em Cheska. “E este é Arthur Adley.” Eric fez uma reverência zombeteira para os idiotas do iate oposto. “Prazer em conhecê-lo.” Seu humor caiu. “Você deve ter ouvido falar de nós.” O babaca que beijou Cheska e abriu sua maldita boca perdeu seu sorriso superior. O sangue foi drenado de seu rosto. Claro que o babaca já tinha ouvido falar de nós. As companheiras de Cheska, que estavam deitadas em espreguiçadeiras, olharam rapidamente para Cheska. Ela estava me olhando como um falcão. Suas pálpebras baixaram ligeiramente e um rubor subiu por seu pescoço. Eu queria seguir aquele rubor com a minha língua, sabia que a garota de Chelsea iria adorar isso. “Vamos,” o idiota disse para seus companheiros, que estavam praticamente se mijando de medo atrás dele. A coragem foi completamente perdida. “Vamos tomar uma bebida no convés.” Eles correram como ratos covardes que eram, e as amigas de Cheska rapidamente trotaram atrás deles. “Vamos,” Eric disse a todos nós. “Vamos para os bares de praia. Buceta chique é muito parecida com trabalho duro. E se eu tiver que olhar para aqueles idiotas de novo, vou acabar com eles.” Ele balançou as sobrancelhas. “Não posso me divertir muito no primeiro dia ou o resto do feriado será um fracasso. É melhor manter o derramamento de sangue para mais perto do fim. Ir embora com a porra de uma explosão.” Freddie riu e jogou o braço em volta dos ombros de Eric, as tatuagens de palhaço parecendo estar rastejando de sua pele.

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“Bar de praia. Brilhante,” Charlie disse sarcasticamente enquanto Eric e Freddie saíam do iate para a marina. Charlie colocou a mão no ombro de Vinnie. “Vamos andar de bonde, meu velho. Deixar você assustar os turistas um pouco. Vai ser divertido.” “Eu gosto deste jogo. Vai ser divertido até Pearl acordar.” Vinnie estalou os nós dos dedos e saltou para a frente do iate. Charlie se virou para mim. Eu não me mexi. Eu estava muito fixado em outro lugar. “Se vou suportar areia na porra da minha bunda rachada, você também irá, primo”, disse ele. Eu balancei meu queixo, sem palavras, dizendo a ele que eu estaria lá. Quando ele não se moveu, lancei um olhar em sua direção. Charlie franziu a testa e olhou para Cheska, que ainda estava no convés do iate, ainda na minha linha de visão. “Puta merda”, ele murmurou e desapareceu. Acendi outro cigarro enquanto Cheska ficava olhando para mim. Enfiei uma mão no bolso do short. Seus olhos castanhoesverdeados percorreram meu corpo, prendendo-se em minhas tatuagens do Big Ben e da velha London Town no meu torso. Suas bochechas queimaram novamente e eu senti meu pau começar a inchar. Ela se aproximou da lateral do iate. Eu fiquei parado, observando o que ela faria. Seus seios ainda eram apenas um punhado, mas caberiam perfeitamente na minha mão. Dei outra tragada no meu cigarro assim que Cheska alcançou o parapeito. Depois de alguns segundos olhando para a água abaixo dela, ela ergueu a cabeça e foi abrir a boca, mas o fodido apareceu atrás dela. “Ches?” Seus ombros caíram. Eu me perguntei se ela queria que esse puto se fodesse tanto quanto eu. Eu queria ouvir sua voz. Queria saber o que ela me diria depois de cinco anos. Quando o fodido me viu, ele lutou para parecer firme, segurando os ombros

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para trás e estreitando os olhos para mim. Ele provavelmente estava tentando não cagar em si mesmo. No minuto em que sorri com sua tentativa débil, ele ficou tenso. O pânico encheu seu rosto. Pegando a mão de Cheska, ele a puxou de volta. “Vamos, Ches. Vamos.” Cheska o seguiu e eu a observei ir, deixando a nicotina encher meus pulmões. Quando Cheska deu uma última olhada em mim por cima do ombro, joguei meu cigarro no mar e saí do terraço para seguir meus companheiros. Quando cheguei à calçada da marina, todos os meus irmãos estavam esperando. Olhei para o iate de Cheska e, como cinco anos atrás, na janela de cima estava a garota de Chelsea, olhos castanhos-esverdeados fixos em mim, me observando partir.

A cocaína e o ecstasy correram densamente no meu sangue. Luzes coloridas circulavam a pista de dança e música trance soava nos alto-falantes ao nosso redor. Alguma garota em um vestido azul curto subiu em cima de mim, seus lábios carnudos beijando meu pescoço enquanto eu bebia uísque e fumava meu baseado. Eu estava muito bêbado para empurrála. Rolei minha cabeça para a pista de dança, observando as pessoas se esfregando umas com as outras da nossa mesa na sala VIP enquanto a mão da vagabunda deslizava para dentro do meu short e corria sobre minha boxer, acariciando meu pau. Todo mundo estava louco por causa das drogas, da bebida e da liberdade que veio com suas duas semanas de férias ao sol, longe dos céus cinzentos da Inglaterra e de suas vidas mundanas. A vagabunda no meu colo segurou meu pau enquanto um grupo de pessoas se movia para uma mesa ao nosso lado. As luzes laser verdes no clube se refletiram em meus óculos, borrando minha visão... mas quando estreitei meu olhar, vi uma morena em

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um vestido rosa justo... e então ela era tudo que eu podia ver, porra. Cabelo castanho nas costas, pernas longas, corpo esbelto pra caralho ... e seu foco direto em mim. Cheska. Quando as luzes mudaram de verde para amarelo, ela ficou cristalina. Eu sorri, apenas para o sorriso cair quando o fodido do iate agarrou seu rosto e a beijou. Meu batimento cardíaco martelou em meus ouvidos; as drogas incharam minhas veias e foderam meu cérebro. Cheska o beijou de volta, meio incoerente. Seus olhos estavam abertos. Eles estavam fixos em mim. “Foda-me”, disse a prostituta no meu colo. Ela era uma total idiota. E ela estava se engasgando com meu pau. Na verdade, ela nos viu no VIP e queria escapar da pista de dança principal lotada por uma noite e ficar perto dos homens que poderiam lhe dar bebidas de graça. Mas ela não parou de me tocar desde que colocou os olhos em mim. “Toque-me”, disse ela novamente. Eu não queria tocar nessa cadela rançosa. Eu simplesmente não conseguia lutar contra ela. As drogas eram rápidas e ela estava aqui, nada mais do que isso. Eu não foderia o buraco dessa vagabunda por todo o dinheiro do mundo... mas agora Cheska estava aqui. E eu queria vê-la queimar. Com os olhos fixos em Cheska, cuja boca estava sendo fodida desleixadamente pela língua do Fodido, deslizei minha mão por baixo do vestido da vagabunda. O olhar de Cheska seguiu cada movimento meu. Minha atenção nunca se afastou dela. Eu empurrei a calcinha da puta de lado e deslizei um dedo dentro dela. A prostituta no meu colo gritou, suas unhas cravando em meus ombros. O fodido beijou o pescoço de Cheska, sugando sua pele, dando-lhe uma visão completa de mim e do que minha mão estava

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fazendo. Os olhos de Cheska se arregalaram e suas bochechas arderam. Seu peito subia e descia, sem fôlego, enquanto eu mergulhava meus dedos na buceta da vagabunda. Eu não estava nem aí para satisfazer essa vadia. Mas queria que Cheska visse essa prostituta como ela. Ela no meu colo de merda, não sendo babada pelo pau que atualmente tenta comer seu pescoço. A vagabunda gritou e sua buceta apertou em torno dos meus dedos enquanto eu a fazia gozar. A música alta abafou seus gritos, mas eu sabia que Cheska a tinha ouvido pela abertura de seus lábios. A prostituta tentou desabar contra mim, mas eu a empurrei pela testa, sem tê-la perto de mim. “Cai fora,” eu disse, nem mesmo olhando em sua direção. Empurrei sua bunda de cima de mim, jogando-a na cadeira e me levantei. Eu precisava da porra de um cigarro. Atravessei a sala e saí para fora no beco. Tirei um cigarro do bolso e acendi, inalando profundamente. A porta se abriu ao meu lado, olhei para cima e vi a garota de Chelsea passar. Ela se fechou atrás dela, fazendo-a pular. Coloquei meu cigarro na boca e a encarei, encostado na parede. Como se ela sentisse o peso do meu olhar, ela se afastou da porta e me encarou. Ela inalou uma respiração trêmula. “Não sei por que te segui...” Ela deu um passo à frente. Porra, as drogas eram boas. Nossas, é claro, então eu sabia que elas eram puras. Mas elas fizeram essa garota chique que vi pela primeira vez anos atrás parecer um anjo do caralho. “Arthur Adley,” ela disse e sorriu. Senti algo apertar meu peito com o meu nome em seus lábios. “Cheska Harlow-Wright,” eu disse, meu forte sotaque cockney1 soando comum como a merda em torno de seu nome extravagante.

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Um cockney, no sentido menos estrito da palavra, é um habitante do East End de Londres.

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“Você lembra de mim?” Fechei os olhos, encostei a cabeça na parede e dei outra tragada no cigarro. “Você gostou do show lá atrás?” Abri meus olhos. A garota de Chelsea ficou de boca aberta e suas bochechas ficaram vermelhas. Eu sorri e esperei ela falar, mas a porta de incêndio se abriu. Freddie estava procurando por mim. “Artie,” ele disse, todo profissional. Alto ou não, meu corpo imediatamente entrou em alerta. “Eric está se intrometendo com um grupo de idiotas galeses tagarelas”, foi tudo o que ele disse. “Será uma carnificina sangrenta.” Fechei os olhos e minha cabeça caiu para trás contra a parede. Abri os olhos e joguei meu cigarro no chão. Passei por Cheska, segui Freddie e me dirigi aos meus amigos. Charlie caminhou ao meu lado, afastando-se de algum barman que ele claramente estava conversando. “Não podemos passar algumas horas sem derramar sangue.” Ele sorriu para mim, os dentes brilhando. “Eu não estou reclamando. Jason estava me dando nos nervos de qualquer maneira. Todo musculoso, sem cérebro suficiente”, disse ele. “Estou entediado pra caralho. Eu poderia quebrar alguns narizes.” “Quantos?” Perguntei a Freddie, quando vi Eric perto da porta da frente, dando seu sorriso mortal para os caras ao seu redor. Eu lancei um olhar para Vinnie, que estava saltando em seus pés quando se juntou a nós. “Eu acho que é hora de lutar”, disse Vinnie para o ar ao lado dele. “É hora de lutar, baby. E eu quero lutar. Gosto do cheiro e do sabor do sangue. Gosto de sentir os ossos sendo esmagados sob minha mão.” Vinnie se voltou para mim. “Nós vamos brigar, certo, Artie?” ele perguntou, as bochechas coradas. “Certo, Charlie?”

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“Sem dúvida, meu velho”, disse Charlie, enrolando as mangas da camisa. “É sobre Eric que estamos falando. Ele poderia começar uma luta com sua própria sombra sangrenta.” Vinnie olhou ao lado dele. E ele sorriu, mas este não era seu sorriso maníaco. Este foi um sorriso verdadeiro. Um que ele sempre teve para ela. “Eu prometo, tesouro,” ele disse novamente para o ar. “Eu não vou me machucar. Nunca me machuco. Nunca quero ver você chateada.” Minha irmã. Vinnie tinha alucinações com a minha irmã. Isso acontecia desde que ela morreu, sua morte piorou seus problemas. Vinnie passou a mão pelo rosto imaginário dela, acariciando nada além do espaço vazio. “Você sempre se preocupa comigo, Garota-Brilhante. Mas eu nunca te deixaria, assim como você nunca me deixará.” Para todos os efeitos, Vinnie estava em um relacionamento com o fantasma da minha irmã há anos. Era o único relacionamento que ele provavelmente poderia ter. “Há nove deles”, disse Freddie, puxando meu foco de volta para ele. “Eric estava tocando uma de suas garotas contra a parede do clube, e o amigo dela viu.” Parei quando alcançamos Eric. Ele não desviou o olhar dos idiotas musculosos que o cercavam. Eu coloquei minhas mãos nos bolsos e olhei para o imbecil com o rosto vermelho atualmente disparando adagas em meu companheiro. “Algum problema?” Perguntei, e os olhos do imbecil se voltaram para mim. “Bom. Mais dos malditos”, um deles disse e fechou os punhos. Eu sorri friamente. Então dei um passo à frente e antes que o veado tivesse tempo de balançar o punho, agarrei sua mandíbula e enterrei minha cabeça em seu nariz. Ele caiu no chão, e todo o inferno começou. Foi um borrão de punhos e ossos quebrando enquanto as picadas ao nosso redor tentavam nos

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levar, cada um caindo no chão, nem mesmo nos acertando — a menos que fosse intencional. Eric abaixou os punhos e deixou o cara principal dar um soco no rosto dele. A cabeça de Eric virou para o lado, sangue escorrendo de seu lábio. Ele passou a língua pelo sangue e sorriu, alargando o corte. O cara congelou com a reação de Eric. Então Eric foi para cima dele. Jogando-o no chão e esmurrando seu rosto até que o cara apagasse. Eu recuei, tirei um cigarro e olhei para os filhos da puta no chão. Eu inalei uma tragada, deixando Eric se encher de sangue derramado, então, descansando o cigarro entre meus lábios, puxei-o do maldito idiota no chão. “Lá fora,” pedi a Eric. Ele estava respirando com dificuldade, os nós dos dedos se cortaram de todos os golpes. Passamos pelos seguranças. Eu sacudi meu queixo para a massa de idiotas gemendo tentando se levantar do chão. “Resolva aquilo.” Os seguranças foram até os galeses sem questionar. Os Adley governavam esta cidade. Qualquer pessoa que trabalhasse aqui não ousaria questionar uma palavra do que eu dissesse, a menos que desejasse morrer. Minha família tinha homens pagos em toda a Europa. Corremos a Espanha com nosso material. Segui pela rua lotada, ingleses bêbados caindo e ficando na porra do meu caminho. Eu empurrei um imbecil de lado quando ele caiu no meu caminho. “Oi, cara! Você tem um fodido desejo de morte?” Ele retrucou, tentando se aproximar de mim enquanto tropeçava em seus pés. Charlie caminhou em direção a ele e deu um tapinha na testa do babaca, depois voltou a andar ao meu lado como se nada tivesse acontecido. O filho da puta caiu como um saco de batatas e seus companheiros correram ao seu redor. Paramos do outro lado da rua e joguei um cigarro em Eric. O filho da puta piscou e sorriu antes de acender. O sangue ainda

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cobria seu queixo, e o idiota não fez nenhum movimento para enxugá-lo. Eu olhei em volta da minha família. Todas as nossas juntas estavam ensanguentadas. “Tudo isso por dedilhar alguma vagabunda?” Freddie disse a Eric. “É melhor ela ter valido a pena.” Eric levantou a mão e colocou os dedos sob o nariz de Freddie. “Você me diz.” Freddie afastou a mão, deixando Eric rindo. Tirei meus óculos, limpando as manchas de sangue das lentes quando ouvi “Adley”. Eu me virei e atrás de mim estava Ollie Lawson. Meu lábio se curvou só de ver seu maldito rosto pretensioso. Coloquei meus óculos de volta, dei uma tragada no cigarro e apaguei bem na cara dele. As narinas de Ollie dilataram-se, mas ele não ousaria fazer merda nenhuma comigo. Seu pai era dono de algumas docas em Londres. Um negócio legítimo. Importar e exportar. O pai de Lawson tinha oferecido milhões ao meu pai ao longo dos anos para receber os nossos também. Nunca com muita sorte, claro. Os Lawsons eram presunçosos, bajuladores e verdadeiros pés no saco. Especialmente esse filho da puta. Só a visão do seu rosto me fez querer quebrar seu crânio. “Lawson!” Eric estendeu os braços. “Sem abraço para mim?” “Você tem sangue por todo o queixo”, disse Lawson, claramente enojado. Eric certificou-se de que Lawson assistia enquanto ele lambia o sangue. “Eu peguei tudo?” Eric perguntou, sabendo que ele não tinha. Charlie e Freddie riram. Vinnie sussurrou no ouvido de Pearl e apenas olhei irritado para ele. Eu odiava esse idiota. Foi criado com uma colher de prata na boca e andava por aí como se fosse o dono da nossa cidade.

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“De qualquer forma, pensei em dizer olá”, disse Lawson, apontando para seus companheiros. “Estamos aqui de férias, assim como você. Uma pausa da Big Smoke, certo?” Ele olhou para cada um dos meus companheiros, mas sua atenção permaneceu em meu primo. “Charlie, chupou algum pau bom ultimamente?” “Só o seu velho”, disse meu primo. “Mas aquele inútil dificilmente poderia ser classificado como um pau.” Os olhos de Ollie brilharam. Mas todos nós sabíamos que ele não levantaria o punho. Lawson não era um lutador. Ele não era nada. E não desperdiçamos nossa energia com nada. Então os olhos de Ollie vagaram por cima do meu ombro e ele abriu um sorriso enorme. “Desculpe interromper nossa conversa, Artie, mas achei alguém que preciso ver.” Lawson e seus companheiros passaram por nós e se dirigiram para o clube que acabamos de entrar. Eu os observei ir, apenas para aquele filho da puta caminhar direto para Cheska. Eu fiquei tenso, pronto para atacar o idiota por falar com ela. Então ele a abraçou; Cheska o abraçou de volta. “Aquela é a garota do iate ao nosso lado”, disse Freddie. “Ela conhece Lawson?” Minhas unhas cortaram minha palma quando cerrei meu punho com tanta força que meus ossos praticamente quebraram. Como diabos Cheska conheceu Ollie Lawson? Ela tinha fodido com ele? Senti minha raiva crescendo como a porra de um demônio dentro de mim. Isso era novo. Nada mais me fazia sentir muito. Eu os observei entrar no clube, o braço de Lawson em volta da cintura de Cheska. Enrolei minha mão na faca em meu bolso e lutei contra o desejo de segui-los. Eu tinha acabado de respirar fundo quando meu celular tocou no bolso. Peguei e vi o nome do meu pai.

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“Pai,” eu disse, meus olhos ainda fixos em Lawson através da janela, no bar com Cheska. Ela estava sorrindo para ele. Ela claramente o conhecia bem. “Eu preciso que você faça uma visita ao seu tio Johnny Bailey.” “Que tipo de visita?” Eu perguntei. Meus companheiros se reuniram ao redor, me observando. “Uma completa,” papai disse. Eu balancei a cabeça para Charlie, e ele pegou seu celular e chamou nosso transporte. “Nós iremos vê-lo agora.” Afastei-me do clube e fui em direção à rua principal. “O tarado idiota tem dado presentes à esquerda, à direita e no centro, e sabemos que ele não pode pagar”, disse meu pai. Isso era código, apenas no caso da Scotland Yard ou alguma outra agência estar ouvindo, tentando conseguir algo sobre a nossa empresa — isso nunca aconteceria. Éramos muito cuidadosos. Papai estava me dizendo que Johnny estava guardando os lucros do golpe para si, em vez de mandá-los de volta a Londres como um bom menino. Não importava que ele estivesse no círculo íntimo do meu velho há anos em Londres, executando uma das rotas aqui em Marbella apenas nos últimos anos. Papai era implacável. E ele queria que eu e meus caras enviássemos uma mensagem para qualquer outra pessoa em terras estrangeiras que tentasse roubar da empresa Adley. “Eu te ligo mais tarde,” eu disse e desliguei. No momento em que chegamos à rua principal, uma van escurecida estava esperando por nós. Entramos e Eric fechou a porta. Meus companheiros olharam para mim. “Vocês estão prontos para um pouco mais de diversão?” Eu perguntei, e cada um deles sorriu.

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Chegamos em uma villa longe de tudo e de todos. O motorista da van piscou os faróis enquanto caminhávamos pelas estradas de cascalho que levavam à villa de Johnny e ao porão onde ele mantinha o material. Eu não queria que ele soubesse que estávamos chegando. Queria pegar aquele filho da puta de surpresa. Paramos do lado de fora da villa e eu saí pelo lado do passageiro. Subi o caminho principal para a porta da frente, meus homens nas minhas costas. Eu não bati ou toquei a campainha. Empurrei a porta com o ombro, abrindo a fechadura. Meus olhos percorreram a villa e a escada que levava ao andar de cima. Nenhum filho da puta estava aqui. “O porão”, disse Charlie, movendo-se ao meu lado. “Eu posso ouvir música.” Inclinei minha cabeça para o lado e ouvi também, vagando pela cozinha. Acenei a cabeça nessa direção. Procurando minha faca no bolso, abri a porta do porão e desci as escadas. A música ficou mais distinta e, à medida que descíamos, a vista também. Mesa após longa mesa de golpes, os homens de Johnny enfiavam tudo em pacotes. Então, na frente, fumando um cigarro e sentado como a porra de um rei usurpador em uma poltrona, estava Johnny. Sua cabeça se ergueu. Eu mantive meus olhos nele. Por um segundo, vi a porra do verdadeiro medo passar pelo rosto dele. Então ele controlou sua expressão e se levantou. Olhei para meus irmãos atrás de mim e dei-lhes um aceno curto — preparemse para jogar. “Artie, venha aqui e dê um abraço no seu Tio Johnny. Não sabia que você estava vindo para ver um velhote como eu.” Caminhei até ele, observando seus homens na minha visão periférica. Eles estavam alcançando por baixo das mesas. Sem dúvida, para armas.

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Parei na frente de Johnny. Seu rosto estava vermelho pra caralho, e o ladrão imbecil estava suando, gotas escorrendo por sua pele manchada e caindo no chão coberto de golpes sob nossos pés. Ele jogou o cigarro no chão e abriu os braços. Eu não me mexi, porra. Apenas olhei para o idiota com olhos mortos. Johnny engoliu em seco e seus olhos redondos se moveram para meus homens, que estavam apenas esperando meu sinal para desencadear o inferno sobre esses fracotes. “Ainda é um filho da puta temperamental, pelo que vejo”, ele tentou brincar. Estendeu a mão e me puxou para seu abraço. “Artie. Sem abraço para o seu velho tio?” Ele disse quando meus braços ficaram ao meu lado. Colocando minha boca perto de sua orelha, disse baixinho: “Por que diabos eu abraçaria o homem que está roubando a porra de sua família?” Ele ficou tenso. Então seu braço se moveu e sabia que ele estava pegando a arma que vi em seu bolso. Empurrando o filho da puta um passo para trás, eu torci seu braço em volta de suas costas, me movi para trás e agarrei o idiota por seu cabelo. Esse movimento foi todo o sinal de que meus caras precisavam. Eles se voltaram contra os homens de Johnny, que haviam alcançado suas armas. “Observe”, eu disse calmamente no ouvido de Johnny. Puxei seu cabelo com mais força para que tivesse uma visão perfeita de seus homens que estavam prestes a ser destruídos diante de seus olhos. Johnny lutou contra meu aperto, mas sua bunda fraca não fez nada comigo. Uma bala de um de seus homens passou voando pela cabeça de Charlie. Meu primo sorriu, então, tirando duas facas do bolso, ele agarrou o filho da puta pela camisa, sentou-o em uma cadeira de madeira próxima e enfiou as duas facas em suas coxas. Ele removeu as lâminas, mergulhou ambas em seu peito, puxou-as novamente e então as mergulhou nos olhos do filho da puta.

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Eric investiu contra um homem e o jogou contra a parede do porão. O idiota largou a arma e Eric pegou-a e colocou na boca do filho da puta. Ele inclinou a arma para cima e puxou o gatilho. Seu cérebro redecorou as paredes. Vinnie rugiu, então correu com força total contra um homem segurando um facão. Vinnie o jogou no chão, então deixou seus punhos voarem. Vinnie gostava de matar com as próprias mãos. E ele era perfeito nisso, o tempo todo cantando “Humpty Dumpty” no topo de sua voz: “...não consegui juntar Humpty de novo...” Freddie silenciosamente bateu uma faca no coração do babaca restante, torcendo a faca e olhando o filho da puta até que o sangue espirrou de sua boca. Freddie cuspiu em seu rosto enquanto puxava a faca. O idiota atingiu o chão. “Artie, pare com isso,” Johnny disse enquanto o último de seus homens caía no chão, banhando-se em seu próprio sangue. Vinnie enfiou a mão no bolso e tirou o alicate. Ele abriu a boca mutilada do homem que acabara de pulverizar e arrancou um dente. Ele mantinha um dente de todos que matou em potes em casa. “Um dente para mim e para a Pearl. Não é mais seu.” Vinnie o segurou no ar. “Veja, Pearl”, disse ele ao fantasma da minha irmã. “Eles não podem mais machucar nossa família.” Ele cantarolou, então parou e olhou para o espaço vazio ao lado dele, suas bochechas ficando vermelhas. “Eu também te amo, tesouro.” Ele colocou o dente na lata de viagem que carregava no bolso da camisa e se levantou, seus olhos se voltando em nossa direção. Johnny enrijeceu em meus braços. “Artie, escute”, disse Johnny, seu tom subindo para níveis maníacos. “Você é apenas uma criança. Vocês todos são. O que seu velho mandou você fazer aqui não está certo.”

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Eu resmunguei em seu ouvido. “O que não está certo é você desviar os lucros da empresa que o atendeu bem.” “Eu não fiz, juro...” Eu o empurrei para o chão e olhei ao nosso redor. Havia alguma corda no canto. Eu me ergui sobre o pedaço gordo de merda no chão enquanto o sangue de seus homens rastejava mais perto de sua pele suada. “Pegue a corda,” disse a Freddie. Ele pegou. Olhei para Eric e Charlie. “Levante-o.” Apontei para os tubos de metal no corrimão. “Amarre os braços dele na parte inferior dos tubos.” Charlie e Eric carregaram Johnny até a escada, e Freddie amarrou seus pulsos a alguns tubos de metal. A parede era alta e, quando eles se moveram para trás, o filho da puta simplesmente ficou pendurado lá como algo de fora da Torre de Londres. Quando meus caras deram um passo para trás, a umidade apareceu na calça de Johnny. “Ah, ele está se mijando”, disse Charlie, limpando as facas em um lenço branco com relevo que tirou do bolso. “É uma pena que ele não tenha ficado tão assustado quando pensou que seria uma boa ideia nos roubar às cegas.” “Desabotoa a camisa dele,” disse a Eric. Vinnie se moveu atrás de mim, sentando-se na cadeira em que Johnny estava sentado antes. Seus braços envolveram o fantasma da minha irmã, e ele estava contente em abraçá-la e assistir o show que sabia que estava por vir. Voltei-me para Johnny; sua camisa estava rasgada, seu torso descoberto. Tirando minha faca favorita do bolso, aquela que meu velho me deu no meu décimo terceiro aniversário, aquela que usei na minha primeira morte, e todas as mortes depois, eu me aproximei de Johnny.

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“Vou devolver tudo.” O branco de seus olhos brilhava com o medo que mordia sua carne e seus ossos. Lambi ao longo do metal da minha lâmina. Eu saboreei o tom metálico que deixou na minha língua. “Artie, me escute, garoto.” Ele sorriu para mim — não atingiu seus olhos. “Eu te conheço desde que você nasceu. Sou seu Tio Johnny. Eu costumava buscar você na escola.” Parei a um passo dele e encarei seus olhos mortos. O silêncio encheu o porão. “Deixe-me falar com o seu velho. Ligue para ele. Eu posso resolver isso com ele.” Ele riu, e isso imediatamente fez meu interior ferver. “Vocês ainda são apenas crianças. Você não deveria estar fazendo isso ainda. Você deveria estar lá fora, semeando sua aveia, não fazendo o trabalho sujo de seus pais.” Eu lutei contra um sorriso malicioso. Este filho da puta estava lá na minha primeira morte. Deu-me um tapa nas costas, um cigarro e uma dose de uísque de parabéns. Ele não se importava por eu ser uma criança naquela época. “Você roubou da empresa.” Eu assisti aquele sorriso ofensivo de merda escapar de seu rosto. Olhei para Eric. “Segure os joelhos dele.” Eric foi até Johnny e empurrou os joelhos como se estivesse sentado em uma cadeira invisível. Aproximei-me de Johnny e acenei para Freddie. Ele sabia o que eu queria. Ele trouxe uma das cadeiras do outro lado da sala e colocou-a sob as pernas de Johnny. Eric soltou as pernas e os pés de Johnny pousaram no assento, os joelhos ainda dobrados. “O que você está fazendo?” Ele perguntou, a voz tremendo. Eu olhei em sua barriga nua. O babaca tinha comido muitos assados no domingo. Isso seria como estripar um porco. “Você disse que queria meu velho.” Encontrei o olhar arregalado do meu “tio”. “Você deveria saber. Papai é o tipo de homem 'mate-os rápido e passe por cima de Dodge'.” Apontei a faca para seu rosto. “Você sabe disso. Ficou ao lado dele a maior

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parte de sua vida.” Eu balancei a cabeça em direção aos meus caras. “Assim como meus irmãos fizeram comigo.” “Eu estraguei tudo, Artie. Realmente estraguei tudo. Deixeme compensar.” “Charlie?” Eu disse, nunca tirando meus olhos do pedaço de merda diante de mim. “Você me trairia?” “Nunca, primo,” ele disse claramente. “Eric?” “Nem em um milhão de anos.” “Freddie?” “Isso nunca aconteceria, Art.” “Vinnie?” “Nunca, nunca, nunca. Nem por todo o dinheiro do mundo”, cantou. “Isso machucaria Pearl. Eu nunca machucaria minha Pearl.” Eu inclinei minha cabeça, olhando para as rugas no rosto de Johnny. As marcas de cicatrizes e vasos estourados. Nossa empresa foi boa para ele. Protegeu-o. Deu a ele tudo o que quis. “Lealdade.” Pressionei a ponta da minha faca em sua bochecha gorda. “Tudo o que pedimos em troca é lealdade.” Pressionei a faca com tanta força que o sangue jorrou e escorreu por seu rosto como uma lágrima carmesim. “Na Empresa Adley, nossa palavra é nosso vínculo. Você jurou lealdade ao meu velho.” Eu puxei a faca. “E você quebrou seu vínculo.” Coloquei o cabo da faca entre os dentes e arregacei as mangas da camisa até os cotovelos. Peguei a faca novamente. “Você estava certo em querer que meu velho fosse seu fiador. Ele pode ser implacável, mas é rápido e

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misericordioso.” Um sorriso lento apareceu em meus lábios. “Eu sou tudo menos isso.” “Você é louco”, cuspiu Johnny, sabendo que não tinha mais cartas para jogar. “Você sempre foi um filho da puta sádico.” Seus olhos percorreram meus caras. “Vocês todos. Totalmente malucos.” Ele cuspiu no chão aos meus pés. “Isto é indigno do nome de Adley, agir assim.” Seu nariz torceu como se fôssemos os filhos da puta com o pior cheiro do mundo. “Há dignidade em ser gangster de Londres. Eu estava ao lado do seu velho quando ele criou a empresa. Vivíamos por um código. Éramos gângsteres cavalheiros, não os malditos assassinos malucos que vocês se tornaram.” “Assassinos malucos”, disse Charlie, assentindo. “Isso soa bem.” “Este é o futuro da Empresa Adley?” Ele zombou. “Sua laia?” Ele balançou a cabeça. “Ficarei melhor morto.” “Que bom que finalmente concordamos em algo,” eu disse e, antes que ele pudesse acreditar, passei minha faca em seu estômago, profundamente e em três direções. Johnny gritou. O sangue escorria dos cortes abertos. Por dentro, sorri com a maneira como ele gritou. Para o vermelho em seu rosto de dor. Eu me movi ao lado dele, e seu olhar cheio de dor me seguiu. “Já ouviu falar em estripação?” Johnny empalideceu. Eu tomei isso como um sim. Coloquei meu pé na lateral da cadeira que sustentava suas pernas dobradas. “Acabei de cortar seu estômago de uma maneira que, no minuto em que você soltar as pernas, suas vísceras irão derramar de seu corpo e cair no chão. Você vai morrer lentamente e será doloroso.” A respiração de Johnny estava ficando cada vez mais rápida. Seu corpo estremeceu quando meu pé balançou a cadeira embaixo dele.

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“Não, por favor,” ele implorou. Nunca tirei meus olhos de seu olhar. Ele deve ter percebido que ia morrer, quando disse: “Você vai queimar no inferno um dia, Artie.” “Você está certo,” disse. “Mas esse dia ainda não chegou, e até então...” Arranquei a cadeira debaixo dele. A cadeira derrapou pela sala e Johnny gritou enquanto segurava as duas pernas no ar usando apenas sua força. “Aposto que você gostaria de ido mais à academia do que aos pubs, hein, Johnny?” Charlie disse, e todos os meus caras ficaram ao meu lado enquanto observávamos suas pernas abaixarem, sua força central diminuindo e seus cortes se abrindo. Em um grito final, seu esforço falhou e suas pernas caíram até que os dedos dos pés rasparam contra o concreto do piso do porão. Em segundos, os cortes que eu fiz se abriram e derramaram suas entranhas em uma pilha no chão. Os olhos de Johnny me procuraram e, sem outra palavra, fui para a escada. Ouvi Freddie tirando as fotos que meu velho vai gostar de distribuir para qualquer outro de nossos homens que pensar em nos foder. Eric pediu limpeza e a recuperação do golpe. Saí para a noite quente e deslizei para o banco de trás da van. Meus caras se amontoaram e voltamos para o iate. Olhei pela janela, para Marbella e os bêbados caindo para fora dos bares. Johnny estava certo. Eu era um assassino sádico. Porque eu me sentia fodido sobre matá-lo. Sobre estripá-lo como um porco, apesar de conhecê-lo por toda a minha vida. Todas as minhas emoções queimaram em um inferno escaldante ao lado de minha irmã e minha mãe na noite em que a cabana pegou fogo e arrancou-lhes os ossos e a carne. Eu não tinha mais nada. E tudo o que ainda permanecia, gostava de matar e causar dor aos outros. Algo gritava comigo para punir, para buscar vingança pela minha família que morreu.

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“Vou mandar fazer crachás para nós.” Eric começou a rir. Assim como Freddie. “Clube dos Assassinos Malucos.” “Vamos voltar para a balada?” Freddie perguntou. “Eu ainda tenho pelo menos quatro horas de bebida e merda restantes em mim.” Eu podia sentir Charlie olhando para mim. Não dei a mínima para o que fizemos. Claramente, meu primo recebeu essa mensagem. “Tom”, disse Charlie ao nosso motorista. “Leve-nos ao clube mais imoral de Marbella. Precisamos ter todos os tipos de confusão esta noite. “ “Vocês terão isso”, disse Tom. Tirei meu celular do bolso. BOM TRABALHO, FILHO, meu velho mandou uma mensagem. Charlie cutucou meu braço e me entregou a foto que Freddie tirou do porão. Eu fui imediatamente recebido com sangue, carnificina e Johnny pendurado como se estivesse em uma estaca com suas entranhas penduradas... e porra, isso me fez sentir bem.

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CAPÍTULO DOIS CHESKA

“Se você olhar mais para aquele maldito iate, vai fazer um buraco na lateral dele.” Olhei do iate de Arthur para Arabella. Ela estava deitada em sua espreguiçadeira no deck, a cabeça inclinada para trás, sua pele escura encharcada de filtro solar brilhando sob o sol escaldante de Marbella. Tomei um gole do meu mojito, deixando a hortelã e o limão me esfriarem. Eu vi alguns amigos de Arthur no convés. Mas ele não estava lá. Eu não o via desde a noite no clube. Não muito tempo depois de Ollie Lawson e seus amigos chegarem, Arthur e seus homens haviam desaparecido. Eu não tinha ideia de para onde. Mas não voltaram. Minhas bochechas brilharam quando pensei nele me olhando bem nos olhos enquanto tocava a garota em seu colo. Quando seus olhos rolaram para trás e ela gemeu alto enquanto seu orgasmo a percorria. Uma mão acenou na frente do meu rosto, me puxando de volta da outra noite. De Arthur... seu cabelo escuro, olhos azuis e óculos de aro preto que simplesmente fizeram alguma coisa comigo. Eu não conseguia lê-lo. Ele era tão impenetrável quanto o Fort Knox. Mesmo quando seu olhar estava fixo no meu, eu não consegui fazer uma maldita leitura dele. Ele não revelava nada. Era como se não tivesse alma. Como se não tivesse nenhuma emoção básica. Legal.

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Calculista. Mortal. A mão diante do meu rosto se moveu mais rápido. Quando balancei a cabeça, me afastando dos pensamentos de Arthur e daqueles olhos tão inquebráveis quanto um cofre de banco, foi para ver Freya. Ela sorriu, mas pude ver um toque de preocupação em seus olhos escuros. Ela me estudou e colocou a palma da mão na minha testa, como se estivesse verificando minha temperatura. Afastei a mão dela. “Frey”, eu disse, suspirando. “Estou bem.” “Só checando se você não tem febre ou algo assim. Ou exaustão pelo calor.” Ela tomou um gole do seu Chardonnay. Seu biquíni roxo de alguma forma deixava seus traços irlandeses mais pronunciados, e fazia suas curvas parecerem algo saído de uma pintura renascentista. “Estou completamente bem.” Arabella sentou-se e tirou os óculos escuros Gucci dos olhos expressivos. Seus cachos emolduravam seu belo rosto. “Você sabe que aquele iate pertence a Alfie Adley, certo?” Seus lábios estavam franzidos de preocupação. “Aquele cara que você fica olhando é Arthur Adley. O Arthur Adley, herdeiro da empresa Adley e seu império de morte e destruição.” “Eu sei quem ele é. Sei disso desde que nos conhecemos aos treze, lembra?” “Sim, nos lembramos”, disse Freya. “Mas você lembra? Alfie Adley estava lá para lucrar com uma dívida que seu pai tinha. Ele não estava lá para uma noite de bebidas e bilhar.” “Eu sei disso,” rebati. Freya e Arabella se entreolharam como se eu tivesse perdido a cabeça. Talvez tenha. Tudo que eu sabia era que, ao longo dos anos, Arthur se tornou uma obsessão

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minha. E agora ele estava aqui. Pessoalmente. Ancorado próximo a nós. Olhando na minha direção com aquele olhar de aço que parecia deixar meus joelhos fracos e fazia minha mente perder todos os seus sentidos. “Papai cometeu um erro. Ele explicou tudo para mim. Ele fez um mau investimento.” Dei de ombros. “Ele resolveu e não negociou com os Adleys desde então.” “No entanto, aqui está você, querendo foder Arthur de todas as maneiras e formas.” Arabella ergueu uma sobrancelha para mim, esperando minha resposta. O som de uma risada rouca veio do iate Adley, e olhei para trás. Nesse momento, Arthur saiu para o convés com um grande copo de gim na mão. Ele parecia frequentemente estar bebendo gim, percebi. Deve ter sido sua bebida de escolha — puro, com gelo, sem mistura. Ele estava sem camisa, vestindo shorts azul marinho, seus óculos de aro preto firmemente no lugar. Cristo, ele era a perfeição. Sua pele era levemente beijada pelo sol e seu cabelo escuro parecia ônix sob os raios do sol do meio-dia. Como se sentindo meu olhar, ele olhou, seus olhos pousando diretamente nos meus. Seu primo, Charlie, seguiu seu olhar, seus olhos se estreitando em mim como se eu fosse um problema que ele quisesse resolver. Minha respiração ficou mais rápida quando Arthur não desviou o olhar de mim. Nem mesmo quando Freddie Williams ficou ao lado dele e começou a falar em seu ouvido. “Sério, Cheska,” Freya disse, e eu relutantemente olhei para minha melhor amiga. “Vá foder seu namorado ou algo assim. Tire qualquer pensamento de Arthur Adley de sua cabeça. “ Arabella riu. “Você pode imaginar levá-lo para casa para seu papaizinho? Ele teria um maldito ataque cardíaco. “

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“Talvez Arthur não seja tão ruim quanto você pensa,” eu disse. “Eles são gangsters do East End”, disse Freya. “Eles são assassinos! Todos nós ouvimos os rumores.” “Freya!” Eu verifiquei que nenhum dos meninos Adley a tinha ouvido. Eles estavam sentados ao redor de uma mesa, conversando, jogando cartas e bebendo. Pelo menos a maioria deles estava. Arthur estava encostado nas portas de vidro que davam para o iate. Ele ficou em silêncio, como sempre. E seus olhos ainda estavam em mim. Minhas coxas se apertaram quando ele acendeu um cigarro e deu uma longa tragada. Por que isso era tão sexy? “O que? É verdade. Todo mundo sabe sobre eles. Eles são famosos, Cheska. Se Arthur não tivesse essa aparência...” seu dedo se moveu para cima e para baixo “...então você ficaria tão petrificada com ele quanto nós.” “Como você acha que eles conseguiram aquele iate?” Arabella disse. “Não foi por meio de empresas legítimas como nossas famílias. Foi por meio de drogas, armas e extorsão.” Ela bufou uma risada enojada. “Provavelmente nem funciona com gasolina. Deve ser alimentado pelo sangue das pessoas que mataram.” Revirei os olhos com as palavras dramáticas de Arabella. “Você tem assistido a muitos documentários policiais. Sua imaginação está descontrolada.” “Se você acha que Arthur Adley não pertence a esses documentários, como o bad boy, então você pertence ao Broadmoor hospício”, disse Freya. “Ninguém, em toda a Europa, tem nada com os Adleys. Eles são criminosos da pior espécie — intocáveis. Precisa se manter afastada. Você não duraria um dia em seu mundo.”

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“E você tem Hugo”, disse Arabella. “Está com ele há anos. O pai dele trabalhava com o seu antes de morrer. Agora que ele está sendo cuidado pelo seu velho, sempre estará com você. Sabe que vai se casar com ele, como o seu pai quer. E ele te adora.” Meu estômago revirou quando pensei em Hugo. Eu amava o Hugo — ele era doce, gentil e eu sabia que seria leal a mim. Mas eu não ardia por ele. Nada que ele fazia me acendia. Mas Arabella estava certa. Meu pai queria que nos casássemos — não, esperava que nos casássemos. Ele nunca cogitou outra coisa. “Falando em...” Freya acenou com a cabeça na direção dos quartos. Hugo e Percy — seu melhor amigo — vieram em nossa direção. Hugo se inclinou e deu um beijo em meus lábios. Foi suave, gentil e amoroso. Eu sabia, no meu íntimo, que Arthur não beijava assim. Seu beijo seria selvagem e dominante. “Estarei de volta em alguns dias.” Hugo olhou para os Adleys, uma pitada de preocupação em seu olhar. Quando segui seu olhar, Arthur nem havia reconhecido Hugo; ele ainda estava olhando diretamente para mim. “Que porra ele está olhando?” Disse Hugo. Mas não foi alto o suficiente para Arthur ou seus amigos ouvirem. Hugo não se atreveria a enfrentá-los. “Barcelona?” Freya perguntou a Hugo, distraindo-o. Hugo se virou para ela. “Sim. George me pediu para fechar um negócio lá enquanto estivéssemos aqui. Quando voltarmos, vamos levar o iate para Ibiza, certo?” “Parece bom,” eu disse. Percy e Hugo deixaram o iate e pegaram um carro em direção ao aeroporto. Hugo trabalhava ao lado do meu pai há alguns anos, durante as férias, enquanto ele terminava o sexto ano em seu colégio interno. Neste verão, ele começou em tempo integral. Ele não precisava de universidade ou diploma. Ele foi preparado para seguir os passos do meu pai na empresa — as qualificações não significavam nada quando o

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nepotismo era um fator. Hugo era um bom homem. Eu sabia. Ele era o filho que meu pai nunca teve. Meu pai me amava. Mas eu não era filho. Ele sempre quis um filho. Seu relacionamento com Hugo era indiscutivelmente melhor do que o dele comigo. Meus olhos se voltaram para Arthur novamente, apenas para vê-lo entrando no iate. Meus olhos estavam fixos em sua tatuagem de Londres em sua barriga e no peito. Ele era musculoso e tonificado, mas não excessivamente volumoso. Era um coquetel vivo de pecados mortais. “Vamos”, disse Arabella. “Vamos nos encontrar com Ollie e todos esta noite para o jantar.” Ela riu e balançou a cabeça. “Nós podemos vê-lo pairando sobre você com Hugo não estando lá. É trágico.” Fiz uma careta. Eu gostava de Ollie, mas não de uma forma romântica. Ele claramente gostava de mim, porém, e quando Hugo não estava por perto, não escondia isso. Hugo e Ollie participaram do sexto ano juntos. Foi assim que todos nos tornamos amigos. Freya enfiou o braço no meu. “Vamos, Cheska. Vamos ter uma boa noite. Isso vai te ajudar a esquecer o diabo no barco vizinho.” Diabo. Parecia um bom título para Arthur. A maioria das pessoas tinha medo dele. Ele era inacessível, com olhos que podiam te cortar onde você estava. E ele tinha o fascínio de Satanás também. Um ímã para o pecado e a tentação, despertando vontades e desejos dentro de mim que eram tudo menos castos e sagrados. E se os rumores fossem verdade, ele tinha a maldade do Lorde das Trevas também.

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Entramos no clube, Ollie colocando a mão nas minhas costas enquanto nos guiava pela pista de dança lotada para a seção VIP. Sentamo-nos à nossa mesa fixa e o garçom nos trouxe garrafas de Cristal, Grey Goose, gim e uma tonelada de misturas. “O que você quer, querida?” Ollie perguntou. “Gin,” eu disse e imediatamente pensei em Arthur. Ollie me serviu o gim e adicionou tônica automaticamente. “Então?” Ele perguntou. “Você gostou do jantar?” Ele se inclinou e passou a ponta do dedo pelo meu braço. Eu me mexi na cadeira, recuando, esperando que ele não ficasse ofendido. “Foi agradável.” Dei a ele um sorriso amigável, esperançosamente platônico. “Hugo teria adorado. É uma pena que ele não pode estar aqui.” O sorriso no rosto de Ollie caiu com tanta força que tive certeza de que atingiu o chão abaixo de nós com um baque ensurdecedor. Ele tomou um longo gole de sua vodca, depois se virou para mim e disse: “Ele não é bom o suficiente para você.” Eu fiquei tensa, piscando em choque por Ollie ser tão direto. Ele geralmente dançava em torno de sua antipatia por Hugo. Não havia como contornar este comentário. “Ollie,” avisei. “Não faça isso. Você é meu amigo. Hugo é meu namorado. Não vou fazer isso com você.” Algo semelhante à escuridão apareceu nos olhos de Ollie. Os pelos dos meus braços e da minha nuca se arrepiaram. Ollie levou um segundo para se recompor antes de sorrir novamente. “Perdoe-me”, disse ele, mas suas palavras pareciam forçadas e rígidas. “Você está certa. Eu não deveria falar sobre ele dessa maneira. Ele é bom, de verdade.” Ollie verificou

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algo em seu telefone e deixou seus olhos vagarem pelo clube. Ele congelou de repente. “Fodidos.” Eu instintivamente segui seu olhar. Ele pousou em alguns dos caras Adley, que estavam no lado oposto da seção VIP em uma cabine privada de paredes altas. Eu reconheci Charlie quando ele se levantou de seu assento para deixar Eric Mason sair. Os olhos de Charlie caíram sobre nós. Ele se virou e disse algo para alguém na cabine. Meu coração bateu forte no peito enquanto me perguntava se Arthur estava lá. Se ele tinha outra garota em seu colo, chupando seu pescoço, seus dedos dentro dela. “Nick”, disse Ollie, desviando a atenção do melhor amigo de Freya. Ollie acenou com a cabeça na direção dos Adleys. Nick seguiu seu olhar, então acenou com a cabeça, alguma conversa não dita, que eu não sabia o que era, acontecia entre eles. “Você não gosta dos Adleys?” Perguntei. Ollie recostou-se na cadeira e passou o braço pelas costas da minha. “Não.” Eu não achei que ele fosse expor isso, pois seus olhos se estreitaram e ele bebeu sua vodca, mas então disse: “Eu particularmente não gosto dos maricas do East End, assim como sua família nojenta. Eles causam problemas sem fim aos negócios do meu pai. Acham que têm o direito de comandar todas as docas de Londres apenas por serem quem são. Eles são um câncer para empresas honestas. Só tive que lidar com Arthur algumas vezes. E isso foi vezes demais.” Sua mão congelou no ar enquanto abaixava sua bebida. “Por quê? Você não conhece os Adleys, não é?” Eu balancei minha cabeça, a mentira saindo da minha língua. “Não. Acabei de ouvir falar deles, assim como todo mundo.” Senti os olhos de Arabella fixos em mim do outro lado da mesa, mas não olhei em sua direção com medo de que Ollie pudesse ver através de minha mentira. Ollie exalou um longo suspiro. “Bom.” Sua mão envolveu meu bíceps. “Não brinque com eles,” ele disse, sua voz profunda e

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não tolerando nenhum argumento. A inquietação passou por mim como uma tempestade. Tentei mover meu braço, mas os olhos de Ollie apenas escureceram e seu aperto ficou mais forte. “Falo sério, Cheska. Não se envolva com os Adleys. Principalmente Arthur. Ele não é bom da cabeça.” Ollie finalmente soltou seu aperto. Meu braço latejava, e mesmo na boate mal iluminada, eu podia ver as marcas vermelhas de seus dedos. Eu não tinha dúvidas de que ficariam marcados. Meus olhos se arregalaram em choque. Ollie rapidamente deu um sorriso suave. Eu vacilei quando ele esfregou suavemente a mão sobre minha pele machucada. “Só não quero que você se misture com a turma errada, Cheska.” Sua voz era como seda, mas por baixo daquela seda, que eu agora conhecia, escondiamse lâminas afiadas e irregulares. “Eu me importo com você.” Gelo desceu pela minha espinha quando ele se aproximou. “Você sabe disso, não é?” Ele tirou meu cabelo escuro do ombro. “Eu gosto muito de você.” Fiquei de pé. “Vou ao banheiro.” Não me virei para ver se alguém estava me seguindo. Corri pela porta e fui direto para os espelhos. Eu encarei meu reflexo. Minha respiração estava pesada com o choque. Ollie... Ollie Lawson me machucou. Encarei as marcas vermelhas em minha pele. O que diabos aconteceu? Eu precisava de um cigarro. Raramente fumava, mas agora, precisava do cheiro e do sabor para me acalmar. Saindo do banheiro, escapei pela saída de incêndio que levava a um beco isolado. Alcançando minha bolsa, tirei meus cigarros e o isqueiro. Respirei fundo, deixando a nicotina inundar meus pulmões e acalmar meus nervos em frangalhos. Eu mal tinha dado minha segunda tragada quando o som de passos veio do final do beco. Algo apertou meu estômago, me impulsionando a empurrar a parede contra a qual estava

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encostada. Meu coração disparou e corri em direção à porta de incêndio. Eu mal tinha dado três passos quando quatro homens saíram da escuridão. Minha garganta apertou em pânico, meus pulmões parando de respirar. Com a mão trêmula, mergulhei para a maçaneta da porta, mas assim que o fiz, os homens correram para mim. Meu grito foi perdido pelo bloqueio na minha garganta, e fui jogada contra a parede, uma mão cortando meu rosto. Tentei pensar, tentei formular um plano para fugir daqueles homens, mas meu cérebro não funcionava. Minha bochecha latejava e minha cabeça doía e eu não conseguia formar nenhum pensamento coerente. A ansiedade cresceu dentro de mim como areia movediça, engolindo-me por inteira, inundando-me de puro terror. Sempre se ouve falar de pessoas sendo atacadas, sempre se presume que, se fosse com você, poderia fugir. Você lutaria, resistiria e seria capaz de escapar. Mas eu estava paralisada de medo — músculos travados e olhos arregalados enquanto sentia o gosto de sangue na minha boca, minha visão turva enquanto tentava me concentrar em meus agressores. Meus ouvidos zumbiam como os sinos da Catedral de St Paul´s, ensurdecendo-me, fechando meus sentidos. Tentei respirar, procurando uma maneira de acalmar meu coração acelerado. Mas a tontura me consumiu. Pisquei, conseguindo me concentrar o suficiente para ver um homem alto se mover diante de mim e envolver minha garganta com a mão. Ele tinha cicatrizes de acne no rosto e uma cicatriz vermelha profunda na sobrancelha esquerda preta. Encontrando um pedaço de luta dentro de mim, eu silenciosamente gritei e empurrei seu peito. Mas ele permaneceu impassível. Imóvel. Então ele usou seu aperto no meu pescoço para me jogar de volta contra a parede. Uma dor incandescente cortou meus ombros. Então congelei totalmente, empurrando o pânico e a névoa mental para

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perceber que sua mão livre estava levantando a barra do meu vestido. Agi por instinto, o pânico se afastando para permitir que a determinação passasse. “Pare!” Bati minhas mãos com mais força contra seu peito. Uma pedra de granito disfarçada de punho bateu em meu estômago, tirando o ar de mim. Eu ofeguei para respirar, as pernas fraquejando, assim que outro homem levantou minha cabeça pelo meu cabelo para me manter de pé. Não, não. Não... por favor…! Eu tentei gritar alto com a dor ardente rasgando meu couro cabeludo, mas uma mão sufocou minha boca antes que qualquer barulho pudesse escapar dos meus lábios. Eu me debati enquanto mordia os dedos, mas não adiantou. Nada estava funcionando — não conseguia lutar contra eles. Eu não poderia lutar contra eles! Pense, pense, pense! Mas não consegui. Tudo estava acontecendo muito rápido. Eles eram muito fortes, muitos deles. Eu fui virada e jogada contra a parede. Um homem se moveu atrás de mim, empurrando meu vestido até minha cintura. Mesmo através da minha espessa névoa na cabeça, ouvi o som revelador de um zíper sendo puxado para baixo. Meu pânico turbulento e minha agitação desesperada chegaram a uma parada repentina. Como se todo o oxigênio dentro de mim tivesse sido sugado para o vácuo, me deixando imóvel. O tempo diminuiu para metade da velocidade, o ar ao meu redor ficou estagnado e pesado e a presença iminente do homem atrás de mim pressionou sobre mim como uma colcha de escuridão sufocante. Minha pulsação trovejou em meus ouvidos como uma trilha sonora pesada de tambores em uma contagem regressiva, ameaçadora, para seu ataque. Consegui mover minha cabeça

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uma fração, o tijolo áspero da parede raspando contra minha bochecha. Isso foi o suficiente para rasgar minha paralisia. A argila do tijolo perfurou minha bochecha, fazendo meu corpo e minha mente se moverem. Mordi com mais força a mão sobre a boca, cravando os dentes na carne o mais forte que pude. “Sua vadia de merda!” O homem atrás de mim rosnou, puxando sua mão. Aproveitei o momento e roubei um longo suspiro muito necessário, sugando o ar úmido e salgado da Espanha. Eu precisava continuar respirando. Só precisava continuar respirando. Precisava continuar me movendo, para continuar escorregando de suas garras. “Pare!” Eu implorei inutilmente, tentando chutar minhas pernas, meus braços, qualquer coisa para tirá-los de mim. “Eu disse pare!” Joguei minha cabeça para trás, conseguindo dar uma cabeçada no nariz do homem atrás de mim. O barulho de osso quebrado ricocheteou nas paredes do beco. “Fodida puta Harlow mimada!” Uma voz sibilou e duas mãos envolveram minha garganta por trás, cortando minha respiração novamente. Seu aperto estava mais forte desta vez. Eu o irritei. O ar pegajoso beijou meu traseiro nu, meu vestido ainda enrolado até a cintura, deixando-me exposta aos olhos deles. Pontos negros dançaram em minha visão quando o homem empurrou seus dedos contra minha traqueia. Eu me debatia cada vez mais, com toda a força que pude reunir. Mas como seu aperto só ficou mais forte, eu sabia que era isso. Minhas chances de escapar estavam diminuindo junto com minha capacidade de respirar. Enquanto dançava à beira da consciência, meus braços foram forçados a cada lado meu, como se eu estivesse amarrada a uma cruz. Mãos inflexíveis me seguraram quieta, mas as mãos

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em volta do meu pescoço se afrouxaram o suficiente para eu sugar um fôlego pela minha traqueia em chamas. Meus olhos se encheram de lágrimas. “Pare,” eu disse asperamente, minha garganta parecendo que tinha sido retalhada por navalhas. “Por favor, pare...” sussurrei. Mas eu sabia que eles não iriam. Então... “Eu acredito que ela mandou você parar.” Congelei. Naquele momento, o som do forte sotaque cockney era como a voz do próprio Deus no beco deserto. “Cai fora daqui, idiota,” um dos homens cuspiu. “Não posso.” Consegui mover minha cabeça para o lado, minha pele raspando contra o tijolo áspero, apenas para ver uma cabeça familiar de cabelo preto e olhos azuis penetrantes atrás de óculos de aro grosso encarando meus atacantes. “Arthur,” consegui sussurrar, lágrimas de alívio enchendo meus olhos. Seu olhar voou para o meu por apenas um segundo antes de voltar aos agressores. Arthur enfiou a mão no bolso e tirou uma faca. Os homens atrás de mim riram. “Última chance para cair fora,” eles disseram. Seus sotaques definitivamente não eram ingleses ou mesmo espanhóis. Eu não tinha ideia de onde eles eram ou por que me queriam. “Ou você não vai conseguir sair deste beco também.” Meu coração desmoronou. Eles iam me matar. Eu lutei contra a náusea e rezei para que minhas pernas me mantivessem de pé, mesmo enquanto meu corpo tremia profusamente de terror. Arthur apontou sua faca em minha direção. “Sejam bons meninos e cubram a senhorita que vocês desnudaram, e posso considerar não matá-los.” Ele falou sem emoção, seu rosto não

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revelando nada. “Devolva a modéstia dela e posso apenas mutilar vocês.” “Quem diabos você pensa que é?” Disse o líder do grupo. “Mate-o”, ele instruiu seus homens. Meus braços foram liberados enquanto os homens que me seguravam corriam para Arthur. Eu balancei quando o medo, verdadeiro e absoluto, me tomou em seu domínio enquanto os três homens atacavam. Arthur não se mexeu. Nem mesmo mudou sua postura. Ele simplesmente esperou o primeiro homem atacar e, em um segundo, cortou sua garganta com a faca. O homem caiu no chão. Antes que os outros tivessem a chance de atacar, Arthur esfaqueou um no peito, direto no coração, e esfaqueou o outro no pescoço, bem na jugular. Os homens caíram como moscas ao redor dele, o chão do beco instantaneamente se inundando de vermelho. O homem atrás de mim tirou as mãos do meu pescoço. Eu afundei contra a parede, tentando fazer meu cérebro acompanhar tudo o que estava acontecendo. Eles estavam mortos. Arthur os matou. Eu me arrastei ainda mais contra a parede. Deixei meus olhos incrédulos procurarem Arthur. Ele não tinha um fio de cabelo fora do lugar. Nenhuma gota de sangue estava evidente em sua camisa branca. Ele não estava sem fôlego. Ele estava completamente inalterado pelo que acabou de fazer. Arthur apontou sua faca para o homem que levantou meu vestido. Sua cabeça inclinada para o lado enquanto o estudava como uma pantera faria com sua presa — furtiva, fria, controlada. “Quem te mandou?” Arthur perguntou.

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Meu atacante balançou em seus pés de um lado para o outro, os olhos correndo ao redor do beco, claramente procurando uma fuga. Não havia nenhuma. Nenhuma, a menos que ele conseguisse passar por Arthur. “Ninguém”, disse ele. Arthur se aproximou. “Eu fiz uma pergunta simples. Você não me deu uma resposta.” Arthur estendeu a mão e, como uma píton, agarrou o atacante pela garganta. O homem atacou com os punhos, mas Arthur era forte demais para ele. “Eu não faço perguntas duas vezes.” Olhando o atacante bem nos olhos, Arthur empurrou sua lâmina, lentamente, através do ombro do homem. O homem gritou de dor. Arthur parecia não incomodado que as pessoas ouvissem os gritos ou não. Eu estava imóvel como uma estátua, congelada em choque. Concentrei-me na respiração, minha bochecha latejante e pescoço ignorados enquanto eu assistia ao show de terror diante de mim. Enquanto observava o garoto por quem havia sido obcecada por anos, casualmente abraçar a escuridão que eu havia sido avisada que vivia dentro dele. Este era o Arthur Adley de que todos já tinham ouvido falar. Esse era o garoto que deixava todos em Londres apavorados. Mas esse também era o homem que acabou de salvar minha vida. Arthur puxou a faca de seu ombro e acenou com a cabeça em direção ao fim do beco atrás de mim. “Tem um pouco de vidro quebrado lá. Você vai pegar um pedaço.” Eu fiz uma careta em confusão junto com o atacante. “O que?” Ele disse. “Você quer me dar uma arma?” “Você tem cinco segundos, ou vou te matar onde você está, lenta e dolorosamente.” O homem correu e pegou um longo caco de vidro dentado. Meu estômago revirou.

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O que Arthur estava pensando? “Arthur...” eu sussurrei, em advertência. Mas Arthur nem tomou conhecimento. Sua atenção estava fixada exclusivamente no atacante e na arma que ele agora apresentava. O homem se agachou, pronto para atacar. Arthur colocou uma das mãos no bolso. Eu me perguntei se ele estava procurando por outra arma, um revólver talvez. Rapidamente ficou claro que ele estava simplesmente colocando a mão no bolso de uma maneira casual e relaxada. “Abra seu zíper de novo”, disse Arthur, e o ar no beco ficou estagnado com uma pausa na respiração. Ele apontou para o atacante com a ponta da faca — uma faca que agora pingava quatro tipos de sangue — o sangue de suas vítimas mortas. O atacante fez o que Arthur disse. Virei minha cabeça e vi o pau do atacante. Ele não usava cueca. A bile subiu pela minha garganta. Ele iria se forçar em mim. Se Arthur não tivesse aparecido... Arthur ficou firme e forte. Ele gesticulou para o vidro na mão do atacante e disse: “Agora corte seu pau.” Eu parei de respirar. Os olhos do atacante se arregalaram. “Se você acha que estou...” A faca de Arthur voou pelo ar e mergulhou no outro ombro do homem. Ele gritou e caiu de joelhos. Arthur caminhou em sua direção, calmo como uma brisa de verão, e arrancou a faca da carne do homem. Ele o segurou na garganta. “Faça o que eu digo e vou deixá-lo viver. Não faça isso e você morre. Essa é sua escolha.” Arthur deu um passo para trás, esperando pacientemente. Com as mãos trêmulas, o atacante ergueu o caco de vidro, olhando para ele como se fosse sua morte. Ele o trouxe para seu pau e segurou-o alguns centímetros acima, os olhos

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movendo-se rapidamente de um lado para o outro, como se ele estivesse tentando encontrar uma fuga rapidamente. Sua respiração estava entrecortada e as lágrimas começaram a se formar em seus olhos. Não havia como escapar. Isso era óbvio. Arthur era uma sentinela mortal e imponente, parada em silêncio diante de sua vítima, esperando que suas instruções fossem obedecidas. Meus pés não se moviam. Eu precisava sair, para não ver isso, mas estava congelada. Era como se um lugar escuro subconsciente dentro de mim quisesse ver esse ato depravado de vingança realizado. Arthur deu um passo à frente, a faca pronta para cortar a garganta do atacante. “Espere. Espere!” O atacante disse e, segurando seu pau, trouxe o caco de vidro para pressionar levemente contra a carne. Ele cerrou os dentes e começou a serrar. Eu fechei meus olhos com força no segundo que ele fez o primeiro corte, mas ouvi os ruídos guturais que saíram de sua garganta e o som pegajoso de vidro cortando a carne. Em pânico, abri meus olhos e foquei apenas em Arthur. Eu precisava vê-lo para me acalmar. Ele parecia tão inalterado como quando matou os homens que estavam ficando frios no chão. Quando um berro alto soou atrás de mim, olhei para o meu atacante e lutei contra a náusea ao ver seu pau decepado caído no chão. O sangue jorrou entre suas pernas e o suor escorria em riachos por seu rosto vermelho brilhante. “Deixe-me ir,” o atacante implorou, sua voz rouca de dor. Arthur acenou com a cabeça uma vez, uma resposta silenciosa e sucinta. O homem se levantou com dificuldade, levando consigo seu membro cortado. Ele cambaleou na direção de Arthur, que permaneceu imóvel. Assim que passou por Arthur, Arthur estendeu o braço em um piscar de olhos e cortou a garganta do atacante. Um olhar de pura descrença brilhou nos olhos do homem por um momento

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antes que ele caísse de joelhos e caísse para frente, o sangue escorrendo de suas feridas enquanto ele pousava ao lado de seus amigos. Arthur enxugou a faca na camisa do agressor enquanto o homem gorgolejava com sangue, então tirou o celular do bolso e mandou uma mensagem para alguém. Ele se levantou e a compreensão do que eu acabei de testemunhar, do que acabou de acontecer comigo, me atingiu como balas de metralhadora. “Venha.” Arthur veio em minha direção. Ele não foi gentil em sua abordagem. Ele deu passos largos até onde eu estava, então me ergueu em seus braços e desceu o beco até a entrada. Fechei os olhos enquanto passávamos pelos corpos deitados imóveis e sujos no chão. Quando tempo suficiente passou, abri meus olhos e passei meus braços em volta do pescoço de Arthur. Senti seus braços fortes me segurando, mantendo-me perto de seu peito. Olhei para o rosto dele. Ele era tão bonito que eu mal conseguia suportar. Ele me salvou. Ele tinha me vingado. E ele matou por mim. “Obrigada,” sussurrei. Arthur manteve o rosto voltado para a frente, mas notei um pequeno e rápido aperto de sua mandíbula. E se eu não estava enganada, seus braços me seguraram um pouco mais apertado. Ouvi a porta de um carro se abrir e percebi que havíamos chegado ao fim do beco. Arthur me colocou no banco de trás do carro e se sentou ao meu lado. Eu deveria estar nervosa em ir a qualquer lugar com ele, mas estava o oposto disso. Estava em segurança. Sabia que estava segura com ele.

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Quando começamos a nos afastar, vi uma van parar atrás de nós. Homens com roupas pretas e balaclavas desceram e subiram o beco. “Limpeza”, presumi. Encarei Arthur, que estava enviando mensagens de texto em seu telefone, sentindo a dor crescer em minhas feridas. Olhei para o garoto que conheci aos treze anos. O menino em quem pensei com mais frequência do que o normal. E agora ele me salvou. Eu não o conhecia. Nosso breve encontro de infância foi fugaz, mas parecia que tinha sido gravado em meu cérebro com um ferro quente. Estava sozinha com ele pela primeira vez em cinco anos. Eu estava machucada e espancada, mas viva. Vivendo, respirando, o coração batendo por causa de um homem. Tudo por causa do homem que todos me disseram para evitar. O lindo diabo que acabou de matar quatro homens na minha frente... e perturbadoramente, isso não diminuiu minha atração por ele nem um pouco. Isso só me fez querer conhecê-lo mais. Quem era Arthur Adley? Eu precisava descobrir.

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CAPÍTULO TRÊS CHESKA

O carro parou no iate de Arthur. Meu celular vibrou e o tirei da bolsa, que Arthur havia pegado do chão do beco. FREYA: Onde você está? Estamos preocupados. Eu respirei fundo. Fui para casa. Tive uma dor de dormir. Divirtam-se. Não se preocupem comigo.

cabeça. Eu

vou

Coloquei meu telefone na bolsa e tentei não me sentir culpada por omitir a verdade sobre o que aconteceu. Mas apesar da minha bochecha latejante e do meu contato com os atacantes, precisava saber o que Arthur planejava fazer a seguir. Eu queria falar com ele. Queria atravessar os muros altos que ele claramente construiu ao seu redor. Ele era um mistério profundo e sombrio envolto em um pacote sedutor, e eu tinha a intenção de entendêlo. O motorista abriu a porta ao lado de Arthur e ele saiu. Ele contornou a parte traseira e abriu minha porta. Desci, estremecendo quando meu estômago apunhalou de dor — resultado do soco que levei no meu torso. Assim como no beco, Arthur não hesitou; ele me pegou em seus braços e me carregou em direção ao seu iate. Os nervos explodiram em meu peito. Arthur caminhou para o convés de trás e para os aposentos. Eu vaguei meu olhar ao redor da área, olhando entorpecida para os acabamentos em madeira de cerejeira e os

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móveis italianos. Um homem mais velho estava esperando, e quando vi sua bolsa preta, percebi que ele era um médico. “Não aqui”, Arthur disse a ele e me carregou pelo corredor central do barco até um grande quarto principal. Ele me colocou em uma cama enorme que estava coberta com roupa de cama preta. Arthur deu um passo para trás, mas pela maneira como cruzou os braços sobre o peito e permaneceu a apenas alguns metros da cama, ficou claro que ele não iria embora. O médico olhou para ele, parecendo um pouco nervoso. “Señor? Vou examiná-la agora.” Arthur acenou com a cabeça para o médico espanhol, mas ficou onde estava. “Você pode sair da sala.” “Não”, foi tudo o que Arthur disse. Arrepios estouraram em meus braços com sua resposta curta e fria. O médico me procurou em busca de orientação. “Estou bem com ele ficando,” eu disse. O médico suspirou, mas me examinou da cabeça aos pés. Ele hesitou, olhando para trás para Arthur quando disse: “Você foi exposta, señorita?” Levei um momento para entender seu significado. Quando entendi, balancei a cabeça. “Não,” eu disse, vendo a mandíbula de Arthur apertar novamente. O médico se levantou e começou a colocar o equipamento de volta na bolsa. “Tome banho, então coloque gelo em sua bochecha para o inchaço. Vou deixar analgésico para você tomar. Não há danos duradouros ou significativos. Você ficará bem assim que os hematomas desaparecerem.” “Obrigada”, eu disse, e o médico saiu do quarto. Um homem vestido com um terno escuro veio levá-lo embora. Eu olhei para o meu vestido rasgado e ensanguentado, senti nojo e as brasas residuais de medo rolando por mim.

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O que teria acontecido se Arthur não tivesse me encontrado? “O chuveiro é por aqui.” Arthur apontou para um banheiro privativo. Quando me esforcei para me levantar da cama, ele estendeu a mão. Nossas palmas se beijaram, meu coração acelerou e arrepios percorreram até a medula dos meus ossos. Arthur me ajudou a sair da cama. Não havia motivo para eu não ir tomar banho no meu iate ao lado. Mas não queria voltar lá sozinha. Esse pensamento me forçou a lembrar de algo e senti meu estômago desmoronar. “Eles sabiam meu nome”, sussurrei, encontrando os olhos de Arthur. Sua mão me segurou uma fração mais apertada com essa informação. Eu respirei fundo. “Eles me chamaram de puta Harlow mimada.” Engoli a bile que estava subindo pela minha garganta. “Arthur... eles sabiam quem eu era. Sabiam que eu era uma Harlow.” O medo que senti do ataque aumentou dez vezes ao saber que era o alvo. Que eles me seguiram até o beco. Que estavam esperando a hora certa para me capturar. Para me machucar. Para me levar… Arthur se aproximou, tão perto que senti o cheiro de água doce de sua loção pós-barba e a pitada do que deve ter sido seu sabonete corporal. “Eles não vão te pegar aqui,” ele disse, e eu senti a verdade daquela declaração me lavar como uma chuva refrescante de verão. Ele cutucou o queixo em direção ao banheiro. “Vá para o chuveiro. Tire o cheiro daqueles filhos da puta da sua pele.” Com sua atitude brusca, entrei no banheiro e fechei a porta. Antes de fechar, vi Arthur tirar o telefone do bolso e começar a ligar para as pessoas. Eu fui até o chuveiro e liguei. O vapor encheu o espaço luxuoso e tirei meu vestido, evitando o espelho. Quando estava nua, fui me mover sob o spray, mas peguei meu reflexo na visão periférica.

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Eu tinha que ver isso. Tinha que ver o que aqueles monstros fizeram comigo. Meu estômago revirou — eu tinha vergões vermelhos de seus punhos, e minha bochecha estava ligeiramente inchada e dolorida do golpe em meu rosto. Mas, estranhamente, o que mais prendeu meu foco foram as marcas de dedos que Ollie Lawson deixou em meu braço. Uma fissura de desconforto desceu pela minha espinha enquanto pensava em como ele havia mudado em um segundo do amigo gentil e atencioso que ele sempre foi para o garoto controlador e agressivo que se transformou no clube. E ele odiava Arthur. Arthur que acabou de me salvar. Minhas pernas estavam fracas quando entrei no chuveiro, o spray quente caindo na minha cabeça como água benta encanada de Lourdes. O choque ainda deve ter me dominado; minhas pernas se dobraram e eu bati no chão de ladrilhos. Aqueles homens sabiam meu nome. Eles vieram atrás de mim. Quem são eles? O que queriam comigo? Tremendo, tentei ficar de pé, mas minhas patéticas pernas não se moviam, o choque residual do ataque as tornava inúteis. A porta do banheiro se abriu de repente, e lá estava Arthur, iluminado por trás da luz fraca do cômodo, parecendo um anjo caído. “Não consigo me levantar”, sussurrei, desprezando o tremor em minha voz. Arthur caminhou em minha direção. Ele não olhou para o meu corpo nu nem uma vez quando me pegou em seus braços. “Você se limpou?” Ele olhou para o meu cabelo meio úmido e pele ainda suja, deve ter decidido por si mesmo que não. Ele tirou os óculos e os colocou ao lado da pia. Eu não conseguia tirar os olhos

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do seu rosto, a visão desobstruída de seus profundos olhos azuis e longos cílios escuros. Como se eu não pesasse nada, ele me carregou sob o spray. Sua camisa branca e short azul marinho ficaram encharcados, e seu cabelo escuro passou de penteado de lado para escorrido contra a testa. Ele parecia muito mais jovem assim. Às vezes, esquecia que tínhamos a mesma idade. Ele sempre pareceu muito mais velho. Arthur me sentou na beirada da cabine e pegou o xampu na prateleira do canto. Ele despejou um pouco em sua mão e começou a lavar meu longo cabelo escuro. Eu estremeci quando ele alisou um hematoma que estava se formando no meu couro cabeludo, onde os agressores puxaram meu cabelo para trás. As mãos de Arthur pararam de se mover e ele exalou um suspiro longo e constante. Ele voltou a lavar meu cabelo, mas desta vez foi mais suave, mais cuidadoso, tão gentil em seu toque e ternura que lágrimas brotaram de meus olhos. Quando inclinei minha cabeça para trás, as lágrimas derramaram em meu rosto, escorrendo pelo meu pescoço e derretendo com a água quente. Fechei os olhos, para tentar detê-las, para não mostrar nenhuma fraqueza diante de um homem tão forte e formidável. Arthur se afastou, vendo claramente minhas lágrimas. Abri os olhos e, quando o fiz, ele estava me encarando como nunca antes. Seus olhos de aço pareciam mais suaves de alguma forma, simpáticos. Sua cabeça se inclinou para o lado e ele colocou as duas mãos no meu rosto, tomando cuidado com minha bochecha machucada. Com o toque de uma pena, ele limpou as lágrimas da minha pele com os polegares. Eu engoli com o peso do momento. O toque de suas mãos em meu rosto foi como um bálsamo para meus nervos cortados, para o medo que corria tão intensamente em minhas veias que todo o meu corpo doía.

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A camisa branca de Arthur ficou transparente, e através do material eu vi seus músculos definidos e tatuagens pretas assustadoras. O horizonte de Londres em seu torso parecia sinistro e gótico — a Londres de antigamente, vitoriana, misteriosa. Ele ficou em silêncio diante de mim enquanto eu derramava lágrima após lágrima, exorcizando as imagens dos atacantes, seus toques indesejados. Quando elas secaram, ele pegou o chuveiro e enxaguou meu cabelo. Ele pegou uma flanela da prateleira, cobriu-a com sabonete líquido e se abaixou até ficar ao nível dos meus olhos. Estendi os braços e Arthur passou a flanela na minha pele avermelhada. Minha respiração ficou mais difícil com cada golpe que ele fazia. Ele moveu a flanela sobre meu pescoço e desceu sobre meus seios. Fiquei sem fôlego enquanto ele roçava minha pele, mas ele nunca olhou para mim com desejo. Não neste momento. Ele estava cuidando de mim depois de um ataque. E fiquei atraída por ele ainda mais por isso. Arthur arrastou a flanela pelas minhas pernas e pés. Quando ele se levantou, enganchou seu braço em volta da minha cintura e me virou. Com um braço me mantendo firme, passou a flanela nas minhas costas, depois na bunda e topo das minhas coxas. Eu lutei contra as lágrimas de tristeza e alívio. Tristeza pelo ataque, mas alívio por Arthur ter me salvado. Virando-me de volta para sentar na borda, Arthur trouxe o chuveiro para mim e enxaguou o sabão. Quem era este homem? O homem que acabou de matar quatro outras pessoas na minha frente, sem esforço ou culpa. O homem sádico que forçou alguém a se castrar enquanto eu observava. E agora estava aqui, cuidando de mim como um santo, quando todos sabíamos que ele era tudo menos isso.

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Arthur me carregou para fora do chuveiro e envolveu uma toalha enorme em volta de mim. Ele me colocou na cama e voltou para o banheiro. A porta estava entreaberta, bloqueando a visão de Arthur. Mas quando levantei os olhos, vi seu reflexo no espelho sem névoa. Eu vi cada centímetro dele enquanto tirava sua camisa e short. Engoli quando seu corpo levemente bronzeado entrou em visão perfeita. Em seguida, ele tirou a boxer e senti minhas bochechas corarem enquanto ele se movia totalmente diante do espelho, totalmente nu, passando uma toalha pelo cabelo escuro. Minha respiração ficou pesada e não consegui desviar os olhos. Ele era alto, musculoso, tatuado e mais do que bem dotado. Arthur enxugou as lentes dos óculos com um pano e colocou-os de volta no rosto. Antes que eu pudesse desviar meus olhos, seu olhar encontrou o meu no espelho. Eu queria me afastar. Mas não consegui. Agarrei a toalha com mais força em volta de mim e fiquei paralisada enquanto Arthur se enxugava, nunca tirando os olhos de mim, movendo a toalha sobre cada centímetro de sua pele — pele que estava marcada em vários lugares. Mas as cicatrizes não podiam tirar nada de sua beleza robusta. Gotas d'água escorreram por seus músculos. Eu queria senti-los sob minhas mãos. Eu queria enfiar meus dedos em seu cabelo úmido e sentir seus lábios carnudos contra os meus. Arthur não se parecia em nada com Hugo. Na verdade, era o oposto em todos os sentidos. Nunca desejei Hugo. Eu nunca quis que ele me possuísse, me possuísse e me fizesse esquecer a própria essência de quem eu era. Arthur voltou para o quarto com a toalha amarrada na cintura. De seu guarda-roupa, ele tirou uma camiseta longa e uma boxers limpa. Ele as jogou na cama ao meu lado. “Para você.”

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“Obrigada”, eu disse. Ele tirou um short preto de pijama para si, colocando-o sob a toalha. Arthur inclinou a cabeça para trás e suspirou. Eu me perguntei o que ele estava pensando. Se estava se arrependendo de eu estar aqui. Quando abaixou a cabeça, disse: “Vistase. Precisamos colocar gelo em sua bochecha. “ Nós. A emoção que aquela palavra inspirou foi patética, mas mesmo assim real. Eu rapidamente vesti as roupas que me deu. Elas cheiravam a ele. Tabaco, água doce e qualquer que seja o sabão em pó que a equipe do iate usou. Quando terminei, ele passou o braço em volta da minha cintura e me guiou para fora do seu quarto. Seu corpo era duro e forte ao lado do meu, sua mão espalmada na minha barriga para me manter firme. Sua proximidade me deixou sem fôlego, tonta e com a pele queimando. Na sala principal, ele me ajudou a sentar no sofá. Ele encheu um pano de prato limpo com gelo do freezer e trouxe para mim. “Obrigada.” Eu segurei a toalha na minha bochecha, sibilando com a picada. Arthur se ocupou no bar, os músculos das costas flexionando a cada movimento que fazia. Ele voltou para mim com um copo de uísque e um gin puro com gelo para ele. Ele se encostou no bar e olhou para fora das portas duplas para o céu escuro e as luzes cintilantes da bela marina de Marbella. “Arthur”, eu disse, precisando ouvir algo dele, qualquer coisa. Ele mal falou, e isso estava me deixando louca. Ele se virou para mim. “Obrigada.” Ele acenou com a cabeça como se o que tivesse feito não fosse nada. Como se matar quatro homens não

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fosse um grande negócio, apenas uma parte do dia a dia de sua vida. A julgar pelos rumores sobre sua empresa, isso poderia ser verdade. Tomei um gole do meu uísque, sentindo o calor do álcool cobrir minha garganta. Também me deu coragem para dizer: “Você matou aqueles homens.” Arthur não reagiu às minhas palavras; elas rolaram nele tão alegremente como se eu tivesse mencionado que estava quente lá fora. “Você os matou, Arthur... e o que fez ao último homem, com o vidro...” Arthur me observou atentamente e disse, sua voz neutra: “Já fiz pior, princesa. Princesa… Apesar do carinho, o sangue foi drenado do meu rosto. “Não, eu não acredito nisso...” Arthur se aproximou e se agachou na minha frente. Seus olhos azuis procuraram os meus. Eram de um tipo escuro de azul, quase marinho, uma cor única que combinava com sua personalidade escura e misteriosa. Como o céu ao anoitecer antes da escuridão chegar e cobri-lo com a sombra da noite. “Acredite nisso, princesa.” Ele estudou meu rosto, levantando a bolsa de gelo de volta para minha bochecha. Eu assobiei com o frio, mas ele segurou minha mão no lugar de qualquer maneira. Ele lambeu os lábios e não pude deixar de rastrear o movimento com meus olhos. Ele lambeu os lábios na minha casa cinco anos atrás, um hábito bobo dele que eu sempre me lembrei. Estava tão paralisado por ele agora quanto naquela época. Arthur deu um gole em seu gim. “Tudo o que você ouviu sobre mim e meus homens provavelmente é verdade.” Seu lábio se curvou uma fração — um lampejo de diversão, ou talvez de

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orgulho. “O que você ouviu sobre toda a minha família também, sem dúvida, é verdade. Na verdade...” Ele inclinou a cabeça para o lado enquanto tirava uma mecha de cabelo do meu rosto. Prendi a respiração com a ação. “Fizemos pior do que você imaginaria.” Olhando-me bem nos olhos, ele disse: “Muito pior.” “Você tem apenas dezoito anos, assim como eu,” disse, estupidamente, como se isso de alguma forma o tornasse inocente. Eu balancei minha cabeça, tentando ordenar meus pensamentos sobre o que queria dizer, o que queria saber. “Quero dizer, você é muito jovem. E aqueles homens esta noite... foi fácil para você. Matá-los.” Sua expressão em branco apenas confirmou que isso era verdade. “E o último homem. O que você o fez fazer a si mesmo...” Arthur soltou minha mão segurando a bolsa de gelo e arrastou o polegar na minha bochecha, puxando minha pele para baixo. A sensação de sua mão no meu rosto fez minha temperatura subir a níveis terríveis. “Tão inocente,” ele disse, seu hálito quente passando pela minha bochecha. “Uma verdadeira princesinha numa torre de marfim.” Lambi meus lábios. A atenção de Arthur voltou-se para o movimento. Seu cheiro viciante me cercou, me afogando, me puxando para baixo a qualquer nível de inferno em que ele residia. Eu fiquei quente, as roupas de Arthur de repente pareciam um cobertor de fogo. Meu olhar caiu para o corpo de Arthur, para o horizonte da cidade gótica de Londres tatuada em seu peito e abdômen. Subi minha mão pelo seu peito; seu nariz se alargou quando meus dedos roçaram seus peitorais duros. Ele colocou seu gim no chão ao nosso lado e colocou as mãos em cada lado meu no sofá. Ele estava aqui, diante de mim, me envolvendo com seu corpo alto e musculoso, uma gaiola de carne e osso. Eu arrastei minha mão de seus peitorais até seu abdômen. Arthur estava tão

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calmo quanto no beco. Nunca conheci alguém capaz de mascarar suas respostas e sentimentos tão bem quanto ele. Sem reação. Nada parecia abalá-lo. Eu queria vê-lo quebrar. Queria ser a única a passar pelo escudo invisível que ele usava ao seu redor. “Arthur,” sussurrei, minha mão mergulhando mais para baixo, em direção a seus quadris estreitos. Eu o vi endurecer sob o pijama. Eu o senti pressionando contra a minha coxa enquanto ele se inclinava ainda mais perto. Lutei para estabilizar minha respiração, querendo sentir cada parte dele sem roupas. Querendo senti-lo empurrando dentro de mim, seu peito pressionando contra o meu enquanto me fazia desmoronar... Então meu telefone tocou, quebrando a tensão que pulsava entre nós. Quando estava no quinto toque, Arthur se levantou e tirou o telefone da minha bolsa. Seus olhos brilharam para a tela e ele a entregou para mim. Eu olhei para a tela. Ollie. Ollie Lawson estava ligando. “Ollie?” Eu disse quando respondi. Uma tempestade negra eclodiu no rosto de Arthur. Foi a primeira testemunhei.

rachadura

em

sua

armadura

que

“Freya disse que você está em seu iate”, disse ele. “Estou chegando.” “Não!” Afastei minha cabeça de Arthur. “Já estou na cama. Vou dormir. Estou com dor de cabeça. Eu vou... vejo você amanhã ou algo assim.” Ollie parou por tanto tempo que pensei que ele tivesse desconectado. Então ele disse: “Mas você está bem? Acabou de sair do clube sem contar a ninguém. Eu procurei por você. Achei

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que tivesse saído, mas o beco estava deserto.” Virei-me para Arthur, que estava olhando pelas portas de vidro da marina, um cigarro na mão. O beco já estava vazio? Os homens de Arthur trabalharam rápido. “Ollie. Estou bem. Por favor, aproveite sua noite.” “Mas você não está ferida? Nada aconteceu?” Um deslizar de desconforto percorreu minha pele com suas perguntas persistentes. “Não. Por quê? Por que você acha que estou ferida?” Eu ouvi alguém falar com Ollie ao fundo, mas não consegui entender as palavras. “Então, porra, verifique de novo”, ele retrucou para quem estava conversando. Balançando a cabeça em frustração, eu disse: “Tenho que desligar, Ollie.” “Vejo você amanhã”, disse ele após uma longa pausa. Suas palavras soaram mais como uma ameaça do que uma promessa de carinho. Desliguei e fui até Arthur, confusa com o comportamento estranho de Ollie. Meu estômago ainda estava dolorido enquanto eu dava passos firmes, mas a dor inicial estava diminuindo um pouco depois do meu banho e dos analgésicos que o médico me deu. “Você conhece Ollie Lawson?” Arthur perguntou casualmente quando parei ao lado dele. Ele manteve os olhos nas luzes brilhantes da marina. “Sim.” Estudei Arthur para outra reação. Eu não sei por que me incomodei. Eu estava aprendendo que Arthur não revelava absolutamente nada, a menos que quisesse — imaginei que quase nunca isso acontecesse. “Da escola.” Senti um frio repentino no lugar, então passei meus braços em volta de mim. “Eu fui para

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um colégio interno só para meninas. Privado, é claro. Hugo estava do lado dos meninos da escola. Ollie foi para a sexta série como um aluno do dia. Só o conheço há alguns anos. Temos amigos em comum.” “Hugo”, disse Arthur. “Hugo Harrington. Seu namorado.” Odiei ouvir a palavra “namorado” dos lábios de Arthur em relação a Hugo. “Sim,” eu disse. Arthur bebeu o resto do seu gim de uma vez. Ele apagou o cigarro no cinzeiro e imediatamente acendeu outro. “Vamos te levar para casa, princesa,” ele disse, e meu estômago caiu no chão. Eu tinha ganhado mais tempo sem meus amigos. Eu queria ficar com Arthur mais um pouco. Mas principalmente, não queria ir para casa. Eu fui atacada. Não estava segura sozinha. Sabia que estaria segura com ele. “E se eles me encontrarem novamente esta noite?” Eu disse, meus nervos em frangalhos se infiltrando em minhas palavras. “Eu já tenho homens vigiando seu iate. Eles estiveram a bordo e fizeram uma pesquisa. Ninguém está lá e ninguém incomodará você. Posso te garantir isso. “ Eu pisquei surpresa. “Obrigada,” disse, surpresa com sua generosidade. Arthur voltou para o sofá e pegou minha bolsa, depois passou por mim e abriu as portas que levavam ao deque dos fundos. Decepção acompanhando cada passo meu, eu segui Arthur para fora do barco e para o meu. Eu me virei para encará-lo. “Obrigada de novo”, disse. Ele me devolveu minha bolsa. Uma nuvem de tabaco cobriu meu rosto quando Arthur exalou. “Boa noite, princesa.” Ele voltou para seu iate sem outro

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olhar. Eu pulei ao ver dois homens em ternos pretos se movendo por perto. Meu coração bateu forte e nervoso, até que eles acenaram para mim em saudação e eu percebi que eram os homens de Arthur que ele ordenou que me protegessem. Envolvendo meus braços em volta de mim, subi no meu barco e fiz meu caminho para o meu quarto. Enquanto me enrolava na cama, senti o cheiro da loção pós-barba de Arthur nas minhas roupas emprestadas e fechei os olhos, deixando-a envolver em mim. Meu estômago revirou quando pensei nos acontecimentos da noite, nos atacantes, mas mais em Arthur matando-os de forma tão eficiente, tão fria, tão brutalmente. Eu não sabia que tipo de pessoa isso me fazia, mas enquanto eu repassava a cena repetidamente em minha cabeça, tudo que conseguia pensar era que ele me salvou. Ele matou para me salvar, sem uma única grama de remorso em sua alma sombria. Encarei minhas mãos, as mãos que correram sobre seus peitorais, seu abdômen e seus quadris. Apesar de saber que era uma merda e errado, queria senti-lo assim novamente. Só que desta vez, não queria que ele se contivesse. Não queria que ele mantivesse distância. Queria que ele me sufocasse e fizesse esquecer meu nome. Talvez então eu pudesse me livrar dessa obsessão por ele de uma vez por todas. Talvez.

A música voou pelos alto-falantes do iate, e os poucos copos de sangria que eu tinha bebido me fizeram sentir solta e livre. Meus olhos viajaram para as pessoas dançando no deck, o sol se pondo no horizonte lançando um brilho laranja

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quente. Arabella e Freya se aproximaram de mim enquanto eu me apoiava na amurada do iate. “Você está se sentindo bem?” Arabella perguntou. Toquei meu rosto, deixando meus dedos roçarem no meu pescoço. O inchaço havia diminuído um pouco, mas o hematoma deixou uma sombra roxa feia na minha bochecha e marcas vermelhas de dedos em volta da minha garganta. Minha base e corretivo os cobriram bem o suficiente para que as pessoas não percebessem. Eu disse a Arabella e Freya que havia caído feio no meu quarto. Eu não tinha certeza se elas acreditavam em mim, mas nenhuma delas havia me questionado mais. Em nossos círculos, muitas perguntas não eram feitas. Ninguém queria manchar nossas vidas aparentemente perfeitas com uma coisa trivial como a verdade. Eu olhei para o iate Adley ao nosso lado. Eu não tinha visto Arthur ontem à noite ou hoje. Hugo voltaria amanhã e tínhamos marcado o embarque para Ibiza. Eu olhei para as pessoas dançando no deck. Na maior parte conhecidos de Arabella e Freya, alguns que conhecíamos de nossos círculos sociais em Chelsea. Embora alguns de nossos conhecidos estivessem ausentes. Ollie Lawson veio me ver ontem, como prometido. Eu tive certeza de que estaria fora do iate e em um restaurante com minhas amigas. Depois da outra noite, uma sensação de peso se instalou em meu estômago sempre que eu pensava em Ollie. Algo parecia errado com ele. Algo que eu só poderia descrever como sombrio, que parecia permanecer em seus olhos. No entanto, ele manteve seu jeito charmoso e atencioso de sempre no restaurante. Ele havia deixado Marbella agora, foi chamado de volta a Londres por seu pai. O que restou esta noite. Uma noite sem Hugo e sem Ollie me observando de perto. O som de vozes do iate Adley chamou minha atenção.

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“Seu fodido chato!” Eric Mason gritou para alguém dentro dos aposentos enquanto saía em short e uma camisa de linho branca, seu cabelo jogado para o lado como sempre. Freddie Williams estava em seus calcanhares, dando um tapa na nuca de Eric. “Ele tem negócios que precisam ser resolvidos, idiota”, disse ele. “Ou você quer ligar para Alfie e dizer a ele que seu filho está fodendo ao invés de trabalhar, para que todos nós tenhamos que ir e ficar ferrados por isso?” “Bom ponto,” Eric disse depois de fingir pensar por alguns segundos, eles deixaram o iate e se dirigiram para os bares da avenida principal. “Ugh. Pelo menos eles não tentaram embarcar aqui esta noite”, disse Freya. Ela se endireitou quando Benedict Shaw se aproximou e pegou sua mão, levando-a para a pista de dança improvisada sem dizer uma palavra. “Ela é tão louca por pau,” disse Arabella, e praticamente caiu de joelhos quando Cassius Lock se aproximou dela também. Ela rapidamente virou as costas e engoliu a margarita. Quando sorri e levantei uma sobrancelha questionadora, ela apontou seu dedo médio para mim. “Coragem holandesa, ok? Não me julgue.” “Arabella?” Disse Cássio. Ele cutucou a cabeça na direção do bar interno. “Você quer pegar uma bebida?” Arabella sorriu amplamente para mim enquanto Cassius a conduzia para dentro do iate. Eu vi pessoas que conhecíamos em casa ficarem gradualmente mais bêbadas. As pessoas formaram pares e o céu escureceu. “Vamos lá, meu velho”, disse uma voz do iate Adley. Charlie Adley e Vinnie Edwards estavam saindo do barco. Vinnie saltava enquanto caminhava, como se tivesse recebido uma injeção de adrenalina pura e seus músculos não tivessem escolha a não ser

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se mover. Charlie, com o braço em volta dos ombros de Vinnie, o conduziu até um carro que o esperava. Eles aceleraram, as luzes traseiras do carro desaparecendo na distância. Eu bebi o resto da minha sangria enquanto o DJ aumentava a música um pouco mais. Todas as pessoas em nosso iate gravitaram para a pista de dança, pílulas e doses imediatamente sendo distribuídas. Vi Freya perto do bar e Arabella conduzindo Cássio para o quarto dela. Eu encarei as pessoas na minha frente. Cada um deles era rico. Cada um falava com a pronúncia tradicional como eu. Todos haviam frequentado uma escola particular, e não qualquer uma — a melhor que a Inglaterra tinha a oferecer. Todos nós almoçávamos com frequência no Bluebird em Chelsea — e todos estávamos destinados a nos casar nos mesmos círculos. Famílias de “sociedade” adequadas. Eu não era diferente. E era completamente sufocante. Colocando meu copo em uma mesa próxima, deixei as luzes e a música dançante do solário e caminhei para a parte de trás do iate. A música se acalmou quando me inclinei sobre a parte de trás do barco e olhei sem ver os restaurantes atrás de nós. O cheiro familiar de fumaça de cigarro interrompeu meu devaneio. Mesmo na escuridão do cais, tive um vislumbre da ponta de um cigarro aceso, o brilho laranja do tabaco se transformando em cinzas antes de cair no chão. Arthur. Eu me levantei, vendo o rosto de Arthur iluminado enquanto ele dava outra tragada. Seu iate estava quase escuro, mal havia uma luz à vista. Mas eu vi o momento em que ele me pegou em sua visão periférica. Sua cabeça inclinada para o lado, e seus olhos azuis correram pelo comprimento do meu

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vestido. Era roxo e com um corte em V profundo no umbigo, as laterais dos meus seios aparecendo através do tecido transparente. Ele fluía para os meus pés. Meu longo cabelo escuro estava preso para trás do meu pescoço com alguns grampos bem colocados. Eu engoli meus nervos enquanto ele me bebia. Sua mão permaneceu em seu bolso, sua postura era a epítome da calma. Tentei espelhar seu corpo, mas por dentro meu coração estava batendo tão rápido quanto as asas de um beija-flor. As pessoas neste iate eram a coisa mais distante de Arthur que poderiam ser. Arthur pode ter sido mais rico do que o pecado, mas ele foi criado no East End de Londres. Ele não frequentou as melhores escolas, nem passou férias em países exóticos como todos nós. Ele era do deprimido e sujo Bethnal Green, com a marca registrada do forte sotaque cockney para combinar. Ele tinha o sangue de seus rivais sob as unhas e fragmentos de seus ossos trancados na gaiola que era seu coração sombrio. No entanto, aqui estava eu, seguindo meus pés quando eles deixaram meu iate e deram alguns passos curtos até onde ele estava. Arthur ainda estava fumando, ainda com uma das mãos no bolso. Mas ele me viu se aproximando como um leão observa uma gazela, meu reflexo piscando nos óculos de aro preto que ele sempre usava. Meu peito parecia que estava sendo pressionado por um demônio enquanto eu subia os degraus da parte de trás do seu iate. O rico piso de madeira rangeu quando me endireitei e enfrentei o homem que possuía todos os meus pensamentos ultimamente. Meu vestido soprou com a brisa quente espanhola, as fendas na saia expondo minhas pernas nuas. Arthur jogou o cigarro ao mar, depois se virou e atravessou as portas de vidro para os aposentos. Corri minha mão sobre meu peito para ter certeza de que meu coração não tinha saltado para fora da caixa torácica. Cada parte de mim gritou para eu ir embora, para parar com essa tolice. No entanto, algo dentro de

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mim, algo cru, selvagem e sádico, me forçou a ficar. Eu vi Arthur ir para o bar, a única luz da sala entrando sorrateiramente dos bares e restaurantes do lado de fora. Eu olhei para o meu iate. Vi pessoas dançando. Ouvi-os rindo, bebendo e se divertindo. Eu deveria ter me virado e deixado este barco. Eu deveria ter voltado para Freya e Arabella e me divertido, esperando que Hugo voltasse amanhã, e então viver minha vida abençoada e estável. Esfreguei os braços, não para afastar o frio, mas para enviar sangue ao cérebro, para me acordar e evitar a tentação a me atrair. Porque querer alguém como Arthur Adley só era aceitável em minhas fantasias. Não na vida real. E nunca no meu círculo social. Fechei os olhos, decidindo que era hora de ir. Para deixar essa obsessão patética com ele no passado. Foi uma paixão estúpida de escola secundária pelo bad boy do outro lado da cidade. Respirei fundo e abri os olhos, decidida a fazer a coisa certa. Mas quando minha visão se concentrou, todas as minhas boas intenções vazaram de mim. Arthur estava na minha linha de visão, no centro da sala de estar, seu olhar azul profundo e proibido fixo em mim. Ele tinha uma bebida na mão, um cigarro balançando em seu lábio inferior, e com seus músculos definidos claramente visíveis sob a camisa, eu sabia que iria ficar. Ele me pegou em sua armadilha, joguei fora toda a lógica com o vento espanhol e fui atraída de bom grado. Com as mãos trêmulas, forcei-me a desligar os sons do meu iate e caminhei pela escuridão, passando pela soleira da porta para Arthur. Virando-me, fechei as portas atrás de mim, nos selando dentro e bloqueando o mundo real. Todo o barulho de fora foi expulso pelas caras portas à prova de som. Eu estava no vácuo. Um vácuo cheio de tentação e pecado e o objeto proibido de minha obsessão.

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Arthur deu uma tragada no cigarro e puxou-o da boca, a fumaça se formando em torno de nós. Exceto quando eu mesma fumava, geralmente não gostava do cheiro de cigarro. Mas não quando se tratava de Arthur. Nunca, jamais. Vindo dele, cheirava ao próprio céu. “Você não deveria estar aqui, princesa,” Arthur disse, sua voz profunda circulando ao meu redor com tanta força quanto a serpente do Jardim do Éden. Ele se aproximou de mim, e os cabelos da minha nuca se arrepiaram apenas com sua presença viciante. Minha mente tentou me avisar para sair, mostrando-me os destaques da noite no beco. De Arthur matando homens com o dobro de sua idade a sangue frio. Dele ordenando ao meu agressor que se castrasse, sem expressão em seu rosto perfeito, sem remorso em sua alma corrupta. Mas ele salvou você, argumentou o meu lado depravado recém-adquirido, substituindo meu cérebro. Ele salvou sua vida. Antes que eu pudesse me convencer do contrário, avancei e parei bem na frente dele. Arthur bebeu seu gim; uma garrafa meio vazia de Bombay Sapphire estava no balcão atrás dele — sua marca preferida. Ele apagou o cigarro no cinzeiro do balcão. A visão da barba em sua mandíbula e bochechas só o fez parecer mais áspero e severo. Arthur encontrou meus olhos. Então ele lambeu os lábios e senti minhas bochechas queimarem. “Corra”, disse ele, a voz grossa com o aviso. Levantando o dedo indicador, ele o colocou na minha mandíbula. Ele o moveu, leve como uma pena, pelo meu pescoço, passando pela frente da minha garganta e para baixo no centro do meu peito entre os meus seios. Minha respiração estava difícil e meus mamilos endureceram, enviando uma onda de calor entre minhas coxas. “Corra, princesa. Corra para longe, de volta ao seu castelo de marfim e aos valentes cavaleiros que protegem você.”

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Eu não estava pensando. Estava agindo puramente por instinto. Quando seu dedo se levantou do meu peito, eu o peguei em minha mão e o levei à boca. Seguindo um lado rebelde meu que eu nem sabia que existia, peguei seu dedo entre meus dentes e mordi com força. Os olhos de Arthur brilharam, uma tempestade de fogo acendendo em suas profundezas de safira. Ele não fez nenhum som quando meus dentes encontraram sua pele. Eu não era uma princesinha delicada. Agora, eu queria ser tudo menos perfeita ou boa ou alguém que Arthur não queria corromper. Ele agiu rapidamente. Em um flash, ele pressionou sua mão no meu rosto, seu dedo indicador ainda na minha boca, e me empurrou contra uma ampla mesa de café da manhã. Minhas costas bateram na bancada de mármore com um baque. Eu estava entorpecida para qualquer coisa, exceto Arthur e a expressão ímpia em seus olhos. Seus dedos sobressalentes estavam espalhados em minhas bochechas. Seus olhos estavam derretidos enquanto perfuravam os meus. Mordi seu dedo com mais força até sentir o gosto de sangue. Arthur sibilou, pressionando seu peito contra meus seios, arrastando um gemido de meus lábios. Ele gostou. Ele gostou que eu lhe causasse dor. Arthur tirou o dedo da minha boca. Estava muito escuro para ver, mas eu sabia que haveria marcas de dentes embutidos em sua pele cortada. Corri minha língua ao longo dos meus dentes, o gosto metálico de sangue escorrendo pela minha garganta. Seu sangue. O sangue diabólico de Arthur que, na minha língua, tinha gosto de maná dos deuses.

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Arthur elevou-se acima de mim, seu corpo duro e musculoso pressionado contra o meu, seu aliado da escuridão envolvendo-se em torno de nós. A ponta de seu nariz correu pela minha bochecha. Ele ainda me segurou em suas mãos, seu hálito quente lambendo minha pele corada e desejosa. Ele recuou alguns centímetros e passou o polegar pelo meu lábio inferior, sem dúvida manchando meu batom vermelho brilhante. “Eu vou te destruir, porra,” ele avisou suavemente, sombriamente, verdadeiramente. Minhas costas arquearam com sua promessa depravada. Meu clitóris latejava e meus músculos doíam apenas esperando o que viria a seguir. Seu polegar borrou continuamente meus lábios até que os senti começar a inchar. Ele enfiou o polegar na minha boca e esperou. Eu sabia o que ele queria e mordi com força até que meus dentes cortassem a pele. A mandíbula de Arthur apertou e seus quadris empurraram em minha direção, seu pau endurecendo contra meu quadril. Eu rodei minha língua em torno de seu polegar como se fosse seu pau, a mistura de seu sangue e minha saliva explodindo como Cristal vintage em minhas papilas gustativas. Os músculos do pescoço de Arthur se contraíram e ele tirou o polegar da minha boca. Eu mal tive tempo de respirar antes que ele me arrastasse pelos ombros até a mesa de jantar e me jogasse em cima dela. Eu gritei com o impacto das minhas costas batendo na madeira, mas antes que minha voz pudesse se elevar no ar, Arthur rasgou meu vestido em dois e arrancou minha calcinha. Ele a jogou de lado e, com uma intenção assassina em seu olhar, afastou minhas pernas. Eu estava completamente nua para seus olhos, uma oferta nua. Suas mãos correram pelas minhas coxas, travando-as separadas, e ele abaixou a cabeça e chupou meu clitóris. Eu gritei alto enquanto minhas costas arqueavam para fora da mesa, o prazer incandescente me rasgou, devorandome até a alma. Arthur nunca desistiu. Ele chupou e lambeu ao longo do meu clitóris e o atravessou com uma intensidade

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enlouquecedora, tão intensa que eu não pensei que pudesse aguentar. Suas mãos eram armadilhas de aço mantendo minhas pernas separadas, imobilizando-me. Pisquei na escuridão pesada, as luzes da marina refletindo no cabelo escuro de Arthur e na armação de seus óculos. Precisando desesperadamente tocá-lo, eu me abaixei e corri minhas mãos pelos fios de ébano. Seu cabelo parecia seda entre meus dedos, e tentei ser gentil. Mas quando Arthur trocou sua língua implacável pelos dentes, ele mordeu meu clitóris, e estrelas explodiram diante dos meus olhos com o coquetel viciante de hedonismo e dor. Seus dedos morderam minhas coxas e eu puxei seu cabelo. Um grunhido agudo alimentado pelo sexo escapou dos lábios de Arthur, evidência de sua necessidade esgueirando-se através de suas paredes impenetráveis. Aquele som... aquele deslizamento do escudo que ele parecia usar sempre, era como um fósforo na gasolina. Eu puxei seu cabelo enquanto sua língua deslizava dentro de mim, empurrando, lambendo, girando. Eu gemi, incapaz de suportar, tomar sua língua e todas as coisas que eu nunca senti antes. Arthur empurrou um dedo dentro de mim e mordeu meu clitóris novamente. Isso foi tudo que precisei para me estilhaçar. Minha pele era uma fornalha, e eu tinha acabado de atingir o auge do meu orgasmo quando Arthur se levantou e puxou seu pau do short. Meus seios doíam para ser tocados e apertei meus mamilos enquanto minha buceta apertava, segurando os resquícios de prazer. Meus olhos se arregalaram quando vi seu pau — ele era grosso, comprido e maior do que eu já tive antes. Arthur jogou sua camisa no chão e acariciou seu pau antes de me prender com seus braços e fixar seu olhar no meu. Suas narinas dilataram-se, e assim que estendi a mão para colocar minha palma em sua bochecha mal barbeada, ele bateu dentro de mim. Meus lábios se

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separaram e eu gritei com a intrusão, com a plenitude e a leve dor que veio ao tomar alguém tão grande. Eu estava longe de ser virgem, mas sentia como se esse homem, Arthur Adley, o aparente demônio, tivesse acabado de rasgar minha inocência e destroçar a memória de todos os amantes do passado. Era ele e eu e a escuridão pulsante. Arthur não era suave nem lento. Ele me fodeu. Duro. Ele me fodeu como o demônio vivo que dizia ser — áspero e selvagem e com intenções impiedosas. “Arthur,” sussurrei. Assim que falei, ele levou a mão à minha garganta e envolveu meu pescoço para que eu não pudesse falar novamente. Uma luz brilhou em seus olhos quando ele apertou. Senti toda a sua incrível força naquele aperto único. Havia um brilho pecaminoso em seu olhar enquanto me segurava à sua mercê, precariamente em duvida entre me foder e me matar se ele desejasse. Ele apertou com mais força até que só pudesse respirar um pouco, mas eu não o temia. Queria que ele me empurrasse o mais longe que pudesse ir; queria cada parte fodida deste homem. Se esta fosse a única noite em que teria Arthur, eu o queria em sua totalidade. Queria a diabrura, queria o sadismo, e queria que este homem, o homem que fez um homem adulto cortar seu próprio pau, me fodesse com igual quantidade de facilidade depravada. Eu arqueei, inclinando minha cabeça para trás, oferecendo a ele meu pescoço. Eu queria que ele me tivesse — queria que ele me empurrasse até meus limites e me fodesse como se eu fosse a última buceta que ele teria. Um gemido baixo e feroz saiu da boca de Arthur, e sua mão livre segurou minha garganta também. Ele bateu em mim com mais força, como se estivesse exorcizando o que era bom de mim. Eu ficaria dolorida. A maneira como ele batia dentro de mim prometia hematomas e desconforto, mas agora, neste momento

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surreal, suspenso, ele me encheu como ninguém antes, a pele dura raspando contra meu ponto G, me fazendo perder a cabeça. Arthur aproximou seu rosto do meu, seu nariz roçando meu nariz. Seus olhos estavam fixos nos meus enquanto ele segurava meu pescoço como se fosse sua posse, como se fosse seu o direito de me quebrar se ele assim desejasse. Gotas de suor se acumularam em sua testa, uma mecha de seu cabelo ônix caindo na frente de seus olhos. Eu arrastei minhas mãos por suas coxas nuas tonificadas, precisando tocá-lo. Seus dedos flexionaram no meu pescoço enquanto minhas mãos viajavam mais alto, mas não apertaram. Meus olhos tremularam com os sentimentos profundos abordando meu corpo, mas lutei para mantê-los abertos. Eu não queria perder um segundo de estar com Arthur, de ser tomada assim — tão brutalmente, tão completamente, tão perversamente. Senti meu canal apertar enquanto suas estocadas se tornavam mais rápidas. Eu iria gozar. Corri minhas mãos sobre a parte de trás de suas coxas e para seu traseiro firme, puxando-o para perto de mim. Sem acreditar que isso fosse possível, senti Arthur empurrar mais fundo em mim e gritei com a sensação de plenitude, com a mistura de dor e êxtase, de ser abraçada e controlada. “Eu vou gozar,” sussurrei, suas mãos no meu pescoço inibindo o volume da minha voz. “Arthur, estou gozando...” gemi e explodi. Eu me separei, meu corpo empolando em calor e sensação, o orgasmo eufórico tomando-me em seu aperto de garras afiadas. Então as mãos de Arthur apertaram apenas o suficiente para parar momentaneamente minha respiração. A ação só aumentou a sensação, me enviando para o alto, a cabeça girando, saindo da minha pele. Então seu aperto afrouxou e comecei a cair. Eu mergulhei de volta em meu corpo, respirando profundamente, apenas para ser virada para a minha frente.

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Arthur me empurrou para a mesa e bateu em mim por trás. Sua mão envolveu meu cabelo, fazendo pressão, e seu peito estava nivelado contra minhas costas. Eu fui incapaz de me mover, travada no lugar, enquanto Arthur me fodia. Ele fez mais do que me foder; ele me consumiu, me possuiu. Ele me destruiu. Ele me disse que faria. Não, ele prometeu. E ele fez. Arthur empurrou em mim com tanta força que senti um segundo orgasmo se formando. Eu não poderia protelar, não poderia fazer isso durar. Arthur puxou a última gota de prazer de mim enquanto eu estava paralisada embaixo dele. Enquanto minha buceta ordenhava seu pau, ele puxou meu cabelo e, com um rosnado selvagem, gozou dentro de mim. Ele empurrou dentro de mim mais algumas vezes, saboreando o fim de seu orgasmo. Eu respirei fundo, minha cabeça girando com o que acabou de acontecer. A respiração de Arthur estava pesada, mas ele manteve a mão no meu cabelo, um aviso silencioso para não me mover. Eu não queria. Não queria quebrar esse momento. Nunca tinha sido tomada assim. Não tinha ideia de que sexo poderia ser assim. Qualquer expectativa ou fantasia que pudesse ter sobre Arthur acabara de ser obliterada. Como alguém poderia se comparar a ele? Minhas palmas estavam apoiadas na mesa abaixo de mim, minha bochecha apoiada na fria superfície de madeira. Minhas mãos tremiam, muita adrenalina correndo em minhas veias. Depois de alguns minutos de silêncio, Arthur se mexeu e eu estremeci. Ele saiu de dentro de mim e a umidade escorregou pelas minhas coxas. Fechei os olhos e agradeci a Deus por estar tomando pílula. Afastei qualquer outro pânico pelo fato de ele ter me levado desprotegido e tentei focar no aqui e agora.

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Então senti um beijo suave no centro da minha espinha. Eu congelei. Por um segundo, acreditei que havia sonhado. Sonhei que o homem que acabou de me levar de forma tão selvagem estava me beijando tão suavemente. Tão afetuosamente. Era um grande contraste com a forma como ele me tratou até agora. Prendi a respiração, os olhos fixos na janela do iate, sem piscar, esperando para ver se ele faria de novo. Sua respiração era profunda, o calor do seu corpo como um cobertor pesado acima de mim. Eu não respirei fundo, apenas esperando, precisando, procurando... então ele beijou o topo da minha espinha e eu exalei um suspiro trêmulo. A mão de Arthur ainda estava em meu cabelo. Ele puxou os longos fios de lado e beijou a pulsação no meu pescoço. Meu coração disparou enquanto arrepios corriam sobre mim. Arrisquei um olhar para ele, virando meu corpo apenas uma fração para que pudesse ver seu rosto. Suas bochechas estavam vermelhas. Ele era devastadoramente bonito. Mesmo quando tinha treze anos, eu o achava assim. E mais ainda agora que transei com ele. Eu engoli o nervosismo, sem saber se ele iria me mandar sair do iate ou se mover friamente de mim, sem mais afeto. Mas por trás da proteção de suas lentes, vi olhos azuis profundos suavizarem um pouco. Arthur passou o polegar pelos meus lábios como antes. “Eu quero arruinar você”, disse ele, sua voz grave e profunda rolando pelo meu corpo como uma inebriante tempestade elétrica de verão. Seu peito duro ainda estava liso contra minhas costas, mas ele se mexeu o suficiente para que pudesse se inclinar até minha boca. E ele a pegou. Ele beijou meus lábios, então mergulhou sua língua dentro. Seus dedos deslizaram entre minhas pernas e empurraram dentro de mim. Eu

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me engasguei com a ternura, com a sensibilidade de ser tomada com tanta força. Arthur saiu da minha boca. “Quero degradar você.” Eu não conseguia respirar, meu corpo estremecendo quando seus dedos empurraram meu ponto G novamente. Eu gemi e vi seus olhos brilharem. “Quero bagunçar você pra caralho.” Ele agarrou minhas bochechas e me forçou a encontrar seus olhos. “Quero quebrar você, princesa.” Eu congelei com suas palavras duras, mas meu corpo ganhou vida como um fio elétrico, pulsando com estática em seus desejos sombrios. Porque eu também queria. Meu Deus, ansiava por sua mão pesada. Eu precisava de mais do que ele acabou de me dar. Eu não sabia o que isso dizia sobre mim, mas estando aqui, embaixo dele, não me importei. Meus olhos se fecharam enquanto seus dedos dentro de mim se moviam mais rápido. “Eu não sei se aguento mais,” sussurrei, meu núcleo doendo. “Você aguenta”, disse ele e pressionou contra o meu ponto G até que minhas coxas começaram a tremer. Os dentes de Arthur arranharam minha mandíbula e meus lábios. Eu lutei para respirar enquanto sentia outro orgasmo se formando. Seu peito me prendeu, os músculos cortados e definidos. Ele mordeu meu pescoço e desceu para os meus seios. Quando sua boca envolveu meu mamilo, sua língua chicoteando para frente e para trás, eu gozei. Eu chorei, as lágrimas crescendo em meus olhos enquanto o orgasmo me rasgava como um fogo furioso. Era muito, muito para aceitar depois do que Arthur já tinha me dado. Meu corpo estava destruído e arruinado, exausto, mas muito vivo enquanto eu respirava através da crista do prazer. Minhas pálpebras estavam pesadas, mas senti Arthur tirar seus dedos de dentro de mim e o observei levá-los aos lábios e sugar a evidência de nós em sua boca.

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E eu sabia que tinha acabado. Sabia que ninguém jamais poderia se comparar a ele esta noite, a Arthur e sua presença perversa e o turbilhão de sentimentos que veio com ele. Arthur foi até a mesa e pegou um cigarro. Ele acendeu a ponta e inalou, exalando uma nuvem branca no ar. Rolei lentamente de costas, deixando meus olhos percorrerem seu corpo nu. Eu queria tocá-lo. Queria passar uma noite inteira explorando-o, sem pressa, sem barreiras entre nós. Mas eu sabia que era impossível. Esta noite era tudo o que conseguiríamos. Em nenhum mundo pertencíamos um ao outro. Os olhos de Arthur se fixaram nos meus. Eu vi seu pau se contorcer enquanto ele movia seu olhar pelo meu corpo antes de encontrar meus olhos novamente. Ele deu outra tragada no cigarro e rastejou sobre mim enquanto eu permanecia deitada na mesa. Seu rosto pairou sobre o meu, ele agarrou meu queixo e abriu minha boca. Inclinando-se, ele exalou e a fumaça do cigarro entrou em meus pulmões. Fechei meus olhos enquanto a nicotina inundava meu corpo. Eu timidamente corri minhas mãos pelos braços de Arthur em cada lado. Seus músculos flexionaram. Eu estudei seu corpo. Cicatrizes estavam espalhadas em sua pele. Eu olhei em seus olhos para encontrá-lo me observando. Seus lábios estavam ligeiramente separados e suas sobrancelhas estavam puxadas para baixo, como se ele não pudesse entender por que ele estava me deixando tocá-lo com tanto carinho. “Arthur”, tentei dizer, mas ele controlou a expressão, deu outra tragada no cigarro e o soprou na minha boca como antes, interrompendo minhas palavras. Ele repetiu a ação até que o cigarro acabou e eu estava totalmente exausta. Ele apagou-o no cinzeiro mais acima na mesa. Então se abaixou e me beijou. Ele me beijou e beijou até eu ficar sem ar. Não me importei. Eu poderia morrer feliz assim. Lábios machucados e corpo esgotado.

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Arthur finalmente se afastou. Ele colocou as mãos sob meus braços e me levantou da mesa para ficar diante dele. Meu vestido estava pendurado ao lado do corpo, expondo meu corpo nu. Enrolei o vestido em volta de mim, usando uma mecha rasgada como um laço em volta da minha cintura. Arthur vestiu o short, deixando o zíper e o botão abertos. Eu ainda podia ver o topo do seu pau e o V definido, que só me fez desejá-lo mais. Ele foi até o bar e serviu-se de um gim. Quando se virou, estendeu um copo para mim também. Eu peguei e tomei um gole. Arthur estava encostado no bar, me observando. “Partimos amanhã,” eu disse, precisando cortar a forte tensão pulsante que se formou entre nós. Arthur deu um gole em seu gim. “O namorado está voltando, hein?” Ele disse. Meu estômago embrulhou com Hugo sendo trazido para este momento. Eu tinha um namorado. Um namorado que meu pai adorava. E eu apenas o traí. Acabei de transar com Arthur Adley, da infame empresa Adley. E não pude reunir uma grama de arrependimento. “Estamos indo para Ibiza.” Engoli o gim e Arthur casualmente o completou. Seu corpo estava rígido e seus olhos não paravam de correr para o meu iate. Imaginei que ele geralmente não era do tipo que conversa depois do sexo. Tristeza cresceu em meu peito. Isso, fosse lá o que fosse, estava claramente acabado. “Vou embora.” Coloquei meu copo agora cheio de Bombay Sapphire sobre a mesa onde Arthur acabou de me ter. Acabei de abrir a porta para sair quando senti a mão de Arthur se enroscar na minha. Eu chicoteei minha cabeça para encará-lo em estado de choque. Seus olhos estavam fixos em sua mão na minha. Sua mandíbula cerrou e sua mão apertou em torno dos meus dedos. “Arthur?” Eu sussurrei, o coração batendo forte.

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“Você vai ficar em Londres agora que o sexto ano terminou?” Perguntou. Eu fiz uma careta em confusão, mas queria desesperadamente ficar no momento com ele. “Vou para Oxford em setembro. Estudos de Negócios.” Arthur levantou a cabeça e a sombra de um sorriso malicioso em seus lábios fez minhas pernas ficarem fracas. “Filha da puta inteligente, hein?” Sorri e o calor encheu meus ossos enquanto a mão de Arthur apertava a minha com mais força. Ao som do meu nome sendo chamado, olhei para o meu iate. Espiei pela janela e vi Arabella no terraço, claramente procurando por mim. Desta vez, tive que ir. Nenhum dos meus amigos poderia saber sobre isso. Voltando-me para Arthur, vi uma caneta no bar. Peguei a mão que segurava a minha e escrevi o número do meu celular em sua palma. Eu não tinha ilusões. Não esperava que Arthur me ligasse. E sabia que era a coisa mais estúpida que já fiz. Mas, agora, não dou a mínima. Enquanto escrevia o último dígito, dei um beijo lento e suave na ponta dos dedos, inalando seu perfume e jurando guardá-lo na memória. Soltei a mão de Arthur e o encontrei me estudando. “Para o caso de você estar em Oxford,” disse e avancei. Arthur me observou me aproximar dele. Coloquei minhas mãos em seu rosto, sem saber se ele iria afastar esse carinho. Quando não se moveu, pressionei um único beijo em seus lábios. “Adeus, Arthur Adley.” Saí correndo do seu iate, sem olhar para trás. Entrei no iate e fui direto para o meu quarto. Eu me tranquei por dentro, indo imediatamente para o banheiro. Eu estava respirando com dificuldade, as implicações do que acabei

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de fazer finalmente chegavam em mim. Acendi a luz do espelho da penteadeira e olhei meu reflexo. Eu parecia depravada. Meu batom vermelho estava manchado por toda a minha boca, meu rímel tinha escorrido sob meus olhos e tinha marcas vermelhas na minha pele de onde Arthur tinha me agarrado pelo pescoço, de onde ele me segurou e me fodeu. Uma risada incrédula escapou dos meus lábios inchados. Arthur cumpriu sua promessa. Ele me arruinou. Estragou-me para todos os outros. E realmente me destruiu.

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CAPÍTULO QUATRO ARTHUR

Com vinte e três anos

“Aqui.” Freddie me passou um copo de gim. Eu o peguei e ele se sentou na cadeira à minha frente com seu uísque. O fogo rugiu ao nosso lado. Estávamos todos na minha igreja convertida, vestidos, com botas e prontos para uma visita de merda a alguns dos sócios de negócios de nossos pais. “A que horas os velhos virão?” Charlie perguntou. “Meia-noite”, Eric respondeu e se sentou ao lado de Charlie no sofá. Ele passou a mão no rosto. “Você pode realmente imaginar fazer negócios à luz do dia?” Eric disse. “Quero dizer, eu não me importo com essa porra de vida de vampiro, mas muitas vezes me pergunto como é fazer negócios com o fodido sol no céu, onde todos podem ver.” “Tenho certeza de que poderíamos arranjar um trabalho das nove às cinco para você”, Charlie disse. “Trabalho de escritório? Empilhador de prateleiras? Um segurança no Velho Bill?” Charlie encolheu os ombros. “Pode ser bom para você, meu velho. Manteria você sob controle.” “Então, quem salvaria sua bunda no dia-a-dia?” Eric disse, sorrindo para meu primo. “Nah, vou apenas me limitar ao tráfico de drogas, armas e assassinato a sangue frio. Parece que é aí que estão os meus talentos.”

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“Eu gosto de matar”, Vinnie disse casualmente, com o braço sobre o encosto do assento. Eu sabia que Pearl estava ao lado dele, com sua cabeça encostada, pela maneira como ele inclinou o corpo para dentro em direção a ela. Muitas vezes me perguntei como ela parecia em sua mente. Como teria parecido mais velha. Linda, sem dúvida. “Vamos matar novamente em breve? Eu fico com a porra de uma ereção quando sugo sangue das minhas mãos.” Ele sorriu para Pearl. “Pearl gosta que eu transe com ela depois que tiro a vida de um idiota. Ela grita mais. Agarra mais minhas costas. Diz que é melhor para ela.” “Obrigado, Vin. Esse é um visual que todos nós precisamos em nossas cabeças, porra”, Freddie disse secamente e olhou para mim, balançando a cabeça em descrença. Costumava me irritar que Vinnie falasse sobre minha irmã morta dessa maneira. Mas eu já estava acostumado com isso. Que ele a imaginasse viva e bem, se quisesse. Se isso o impedia de superar, o que diabos eu me importava? Não perderia mais ninguém na minha vida. Eu estava a uma morte da insanidade neste momento. Eu sabia — todos eles sabiam. A porta se abriu e Vera, Ronnie e Betsy entraram na sala. “Olhe para esses filhos da puta miseráveis.” Vera parou na nossa frente, olhando para nossos rostos entediados. “Quem mijou nas suas fogueiras?” “Olá, mana”, Eric disse, beijando Vera na bochecha. “Foi chamada à unidade pelos nossos velhos. Estamos esperando que eles coloquem suas bundas enrugadas aqui para que possamos ir e eu possa voltar a foder minha última conquista.” “Prostitutas novamente?” Betsy disse, passando por Eric e se sentando ao lado de seu irmão, Charlie, no braço do seu lado do sofá. “Elas são as únicas desesperadas o suficiente para transar com você, não é? Ninguém te foderia por vontade própria.”

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Eric sorriu para Betsy, mas havia um humor de merda ali. “Isso faz de você uma prostituta, então?” Ele disse, e o sorriso de Betsy se transformou em um rosnado familiar. “Você já cavalgou bastante esse pau para se qualificar.” Eric relaxou em sua cadeira como se fosse o rei da porra do mundo. “Por sua própria vontade.” “Você me deixa enojada”, ela retrucou, estreitando os olhos. “Continue dizendo isso a si mesmo, tesouro.” “Agora, crianças”, Charlie disse para Eric e Betsy. “Não precisamos ouvir mais nada sobre sua história sórdida. Poupenos, por favor. Já era difícil lidar com isso quando estava acontecendo. Este cabo de guerra constante que vocês dois estão envolvidos é cansativo pra caralho.” “E é isso que é. História.” Betsy foi até o bar e serviu-se de uma grande taça de vinho. Os olhos de Eric a rastrearam por todo o caminho, o mesmo olhar possessivo em seu rosto que ele sempre tinha perto dela. Malditos psicopatas, os dois. Como Fred e Nancy ou alguma outra besteira tóxica. Não podiam estar juntos, não podiam ficar separados. Betsy ignorou Eric e deu um beijo na cabeça de Vinnie ao passar, depois deu um beijo em “Pearl.” “Vinnie, Pearl, vocês dois estão bem?” Ela perguntou, como se não estivesse tudo fodido, todos nós apenas fingíamos que minha irmã ainda estava aqui conosco. Vinnie sorriu tão largo quanto a porra de um palhaço. “Estamos bem, Bets. Pearl diz olá.” “Estou com saudades, menina Pearlie.” A verdade da declaração de Betsy brilhou em seu rosto, antes que ela controlasse sua expressão e se sentasse diretamente em frente a Eric, olhando para ele enquanto bebia seu vinho. Betsy e Pearl eram inseparáveis quando crianças. Tão próximas uma da outra e de Vera quanto os caras eram de mim. Achei que o motivo dela

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ter aceitado as alucinações de Vinnie tão bem era porque também não suportava aceitar que Pearl havia morrido de verdade. Ronnie pegou sua bebida e acendeu seu cigarro. Ela se sentou em uma cadeira ao lado do fogo. Vera se sentou no colo, envolvendo os braços com força ao redor da namorada. “E o que há esta noite?” Perguntou Vera. Ela e Ronnie sempre usavam ternos — coletes e relógios de bolso incluídos. Elas eram boas lutadoras, boas atiradoras também, mas nossos velhos nunca deixariam mulheres entrarem em nossa empresa. Eles eram da velha escola e acreditavam que as mulheres precisavam ficar em casa. Isso veio do fato de que a única mulher que restou de todas as nossas mães foi minha avó. O resto tinha sido morta, se matando ou se mandando anos atrás, incapazes de lidarem com esta vida. Era preciso um certo tipo de pessoa para prosperar neste submundo fodido. Papai não acreditava que as mulheres foram feitas para a vida de gangster. Uma olhada nessas três e qualquer um poderia ver que era besteira. Mas não havia como convencê-lo do contrário. Se eu estivesse no comando, as teria lutando ao meu lado em um segundo. “Russos.” Engoli meu gim. “Negociando as rotas para o novo carregamento de metanfetamina que acabamos de garantir.” “A doca leste seria melhor para os Reds”, Ronnie disse, sua mão deslizando pelos longos cabelos loiros de Vera. Ela disse que a ajudava a pensar. O cabelo escuro de Ronnie era cortado curto e caía em ondas como algo dos anos 1940. Seus olhos escuros estavam perdidos em pensamentos. Ela era jamaicana de herança, mas nasceu em Londres, uma garota londrina por completo. Ela e Vera já estavam juntas há alguns anos. Ronnie tinha uma mente de gênio do caralho para essa merda de negócios. Mas o fato dela ter uma buceta fazia dela uma reclusa para nossos pais.

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“Artie?” Papai disse, entrando pela porta, terno Saville Row e chapéu no lugar. “Vocês estão prontos?” Eu me levantei, assim como Eric, Charlie, Freddie e Vinnie. As meninas ergueram os copos para nós em despedida e seguimos o passo de nossos velhos. Entramos na van. Sentei-me ao lado do meu pai, como sempre. “Nós entraremos. Cuidem da frente em busca do Velho Bill”, meu pai disse enquanto saíamos do terreno da igreja. “Eu deveria estar na reunião com você”, eu disse. Charlie acenou com a cabeça do assento oposto. “Esses babacas são da velha escola. Não aceitariam bem que você estivesse lá ainda. Será uma reunião rápida, então vamos comer.” Meu pai sorriu para o meu rosto carrancudo. “Já está atrás minha coroa, Artie?” Eu balancei minha cabeça. “Não, mas esses idiotas não são de confiança. Já faz tempo. Você deve ter mais apoio na sala do que apenas você. Tenho ouvido falar sobre divisões em suas famílias, facções se separando e querendo outras coisas além da merda normal de drogas e armas.” Todos os velhos olhavam para mim, divertidos. Isso apenas me irritou. “Devemos ter certeza de que estamos preparados para o que quer que eles possam fazer. Mataremos eles se precisarmos.” “Alf, a sede de sangue dele está em outro nível até mesmo do seu”, meu tio Trevor disse. Ele era o irmão do papai, o pai de Charlie e Betsy. “Eu não sei disso?” Papai brincou, mas seu sorriso para mim era orgulhoso pra caralho. Eu me virei e mantive meu olhar fixo em nossa rota para o antigo armazém nas docas do leste. Eles podem pensar que sou jovem, mas estudei nossos 'associados'. Eu sabia mais sobre a mudança do submundo do que até mesmo papai me dava crédito.

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Nós paramos. Os Reds já estavam dentro do antigo armazém. Todos nós saímos. “Fiquem na frente, rapazes. Fiquem de olho”, disse meu pai. Eu agarrei seu braço. “Devíamos ter soldados aqui. Não temos homens suficientes se algo acontecer. Estamos muito desprotegidos. Nunca devemos ficar desprotegidos.” Papai colocou a mão no meu ombro. “Artie, eu conheço Alexei e Sergei há anos. Esta é uma reunião de cavalheiros. Isso é tudo. Não há necessidade de malditos soldados.” Ele colocou a mão no meu rosto. “Filho, você precisa parar de ser tão terrível sobre tudo. Podemos viver uma vida fodida, mas há um código para tudo isso. Moral, em nossos próprios caminhos confusos.” “As coisas mudam”, avisei. “Artie. Já basta.” Com isso, eles entraram no armazém. Eu e meus caras nos movemos na frente das portas do armazém para ficar de guarda. Estava chovendo; o céu estava úmido e cinza pra caralho, uma névoa de fumaça pairando sobre o solo. Os poucos postes de luz espalhados pelo cais quase não emitiam luz na névoa. Peguei um cigarro e acendi. Dei uma longa tragada, tentando ouvir o que quer que estivesse acontecendo lá dentro. “Nós vamos ficar encharcados aqui”, Eric reclamou, colocando as mãos e soprando um hálito quente nelas. “Estou congelando meu saco enorme.” “O único gangster em Londres que pode ser derrotado pelo frio”, Charlie disse, sorrindo para Eric. Eric ergueu o dedo médio. O som de vozes altas dentro de repente me deixou tenso. Eu tranquei os olhos com Freddie ao meu lado. Seu rosto me disse que ele também não gostou do som disso. Cada um dos meus irmãos se fechou em torno de mim, ouvindo. Assim que minha mão se moveu para a maçaneta para nos levar para dentro, sons

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de tiros se espalharam pela noite como a porra de bombas blitzkrieg. Abri a porta e corri para dentro, para ver nossos velhos sendo atacados em semiautomáticas, sangue e carne rasgando de seus torsos enquanto os idiotas diante deles bombeavam chumbo em seus corpos. Uma névoa vermelha desceu sobre meus olhos. Peguei minha arma e comecei a atirar. Eu corri para frente, não dando a mínima para os russos atirando contra nós. Bala após bala deixou meu cano e cortou a carne Red, rasgando corações, fígados e pulmões, derrubando os filhos da puta no chão. Eu continuei atirando. Andei para frente, sem me importar com a bala que raspou meu bíceps direito. Eu cheguei o mais perto que pude dos idiotas, pressionando meu cano em suas cabeças e espirrando seus cérebros pelas paredes do antigo armazém. Também ouvi as armas dos meus irmãos disparando. Vi Vinnie cortando gargantas e corações dos Reds com suas facas, vi Freddie e Eric disparando seus revólveres em um ritmo rápido. Meu primo cortou a garganta do último homem em pé, sangue escorrendo pelo rosto e pescoço de Charlie, carmesim cobrindo suas mãos. Eu podia ouvir minha respiração bombeando em meus ouvidos. Sentia a porra do meu coração batendo forte no peito. Examinei a sala, vendo cada um dos russos se afogando em seu próprio sangue. Como se estivesse em câmera lenta, vi meus irmãos correndo para seus velhos, caindo de joelhos. Eric puxou seu pai em seus braços. Observei quando ele jogou a cabeça para trás e gritou. Os olhos do tio Bill estavam arregalados e seu peito abrigava um buraco de merda, sangue escorrendo para o chão. Tinha ido.

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Charlie estava curvado sobre o tio Trevor, sua testa pressionada contra a de seu pai. Os braços de Charlie tremeram enquanto tio Trevor olhava para o teto sem ver. Charlie o sacudiu, mas não havia mais vida em seu corpo. Tinha ido. Vinnie estava perto do seu pai. Seu cabelo loiro na altura dos ombros estava penteado de vermelho. Suas mãos e camisa branca estavam cobertas com o sangue do seu pai. “Pai,” ele disse, sua voz um pouco mais alta, o suficiente para quebrar o zumbido em meus ouvidos. “Papai! Levante-se!” Ele gritou. Mas quando olhei para baixo, tio Winston estava no pior estado de todos eles. Metade de sua cabeça estava faltando; outra bala havia estilhaçado sua bochecha, derrubando seu rosto. “Pai, porra, levanta!” Vinnie gritou, suas bochechas ficando vermelhas e seu pescoço cheio de veias. Vinnie se agachou e ergueu o tio Winston nos braços. “Salve-o”, ele me disse. Foi o que me fez voltar para o aqui e agora. “Artie. Salve-o para mim. Por favor.” “Eu... eu...” Não consegui terminar minhas palavras. Charlie estava de repente ao meu lado. Olhei para meu primo e segui seus olhos vazios. Meu olhar chocado travou em Freddie, que estava carregando meu pai. “Ele ainda tem pulso!” Freddie disse com urgência, torrentes de lágrimas cortando as marcas do sangue em suas bochechas. “Arthur, ele ainda está vivo! Rápido!” Como se meu coração tivesse sido apunhalado por uma injeção de adrenalina, agarrei meu pai e corri para a van. “Pegueos e vamos lá!” Eu gritei. Deitei papai no banco e nem sequer olhei para cima enquanto meus irmãos colocavam os corpos de seus pais na traseira também.

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“Dirija porra!” Gritei para o motorista e pressionei minha mão sobre o peito do meu pai para tentar parar o sangue. “Freddie, ligue para o doutor. Diga que ele precisa estar na igreja nos próximos cinco minutos ou vou cortar sua garganta.” O rosto do meu pai estava branco, o sangue escorrendo de seu corpo. Eu queria que ele abrisse os olhos. Queria que ele falasse e dissesse que esse show de merda ia ficar bem. Mas ele ficou em silêncio. Ficou em silêncio, porra. Olhei para cima e vi meus irmãos segurando seus pais. “Eles se foram”, Charlie disse, sua voz soando como um grito de merda na van. “Eles todos se foram, porra.” “Artie”, disse Vinnie, segurando o pai contra o peito. Metade do crânio do tio Winston estava faltando. Aqueles bastardos Red tinham tirado metade da porra da cabeça dele. “Ele está ficando frio. Papai está ficando frio.” Eric estava olhando para o nada, perdido em seu choque e tristeza. Ele segurou seu pai nos braços, mas não disse nenhuma fodida palavra. Eu não sabia o que fazer. Estavam todos esperando por mim, olhando para mim, e eu não sabia o que diabos fazer! A van parou e o motorista abriu a porta. Outro carro parou. Peguei minha arma, pronta para atirar, mas o médico saiu. Seus olhos se arregalaram quando saímos da van, nossos velhos em nossos braços. “Ele ainda está vivo”, eu disse ao doutor e corri para a porta da frente. Eu a atravessei e corri com meu velho para seu quarto, e o médico e a enfermeira que ele trouxe imediatamente começaram a trabalhar nele. Eles o despiram de suas roupas e o lavaram para ver o dano. Freddie ficou ao meu lado enquanto todos os ferimentos de bala do meu velho eram descobertos. Buraco após buraco cobriu

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seu corpo, de onde aqueles malditos haviam atingido toda a nossa empresa. Meu pai... nossos tios... Um grito alto e estridente rasgou a igreja. Foi uma das meninas. Gritos incontroláveis, choros e soluços percorreram o corredor. “Eu preciso operar”, o médico para quem pagamos uma tonelada de dinheiro me disse. “Então, porra, opere!” Eu gritei, e Freddie me afastou. “Ele precisa de um hospital. Não posso fazer isso aqui.” Eu apontei para o rosto do doutor, perto de estrangular o filho da puta. “Aqui. Nada de hospitais, porra. Sem porra de polícia. Você vai fazer isso aqui. E você vai salvá-lo, ou vou matálo eu mesmo.” A enfermeira correu para o carro, colocando em movimento o medroso de merda. O médico se virou e começou a preparar meu pai para a cirurgia. A enfermeira voltou correndo e eles começaram a trabalhar no meu pai. “Não é higiênico”, sussurrou a enfermeira para o médico. “Esta cama não é estéril.” O médico me lançou um rápido olhar. “Não importa. Nós apenas temos que salvá-lo.” “Artie.” Freddie colocou a mão no meu peito. “Precisamos deixá-los para fazer isso. Eles funcionarão melhor se não estivermos no quarto.” Meus pés pararam enquanto eu os observava cortar meu velho, fios e tubos sendo enfiados nele. Por mais que eu quisesse ficar, deixei Freddie me puxar para o corredor. Ele me guiou em direção à sala e abriu a porta. Estava vazia. Ele colocou um uísque na minha mão. “Beba. Beba, porra, Artie!” Fiz o que Freddie disse, mas senti algo mudando dentro de mim. Algo travando e se transformando em aço. Como se todo

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oxigênio que eu tinha em meu corpo estivesse sendo sufocado, deixando apenas a morte em seu rastro. Morte. Tudo estava morto. Não sei quanto uísque bebi. Eu não sei quanto tempo se passou, mas meus irmãos finalmente entraram na sala. Olhei para Charlie, Vinnie e Eric. Seus rostos estavam devastados. Charlie balançou a cabeça para mim e isso me atingiu de novo. Eles estavam mortos. Todos os meus tios. Estavam mortos, porra. Os líderes da empresa Adley, mortos a tiros a sangue frio pelos Russos. “Tio Alfie?” Eric perguntou. “Sendo operado”, Freddie respondeu por mim. Papai era praticamente o pai de Freddie também. Fazia muito tempo, porra. Eu levantei minha cabeça e olhei para Freddie. Sua mão tremia quando ele levou o uísque à boca. Ouvi passos atrás de nós e as meninas entraram lentamente. Vera e Ronnie estavam conseguindo se controlar. O rosto de Betsy estava molhado de lágrimas, a pele pálida. Seus braços estavam em volta de si mesma. Charlie puxou sua irmã em seus braços, mantendo-a perto. “E agora?” Vera perguntou, e eu senti um tipo estranho de fogo acendendo dentro de mim. Uma porra de um incêndio que conseguiu se espalhar pelo resto do meu corpo antes mesmo de Vera parar de falar. “Artie?” Eu virei minha cabeça para ver minha avó na porta. Ela manteve a cabeça erguida, sua expressão como a porra de uma pedra. Vovó era a maior filha da puta que eu já conheci. Setenta anos, mas parecia apenas cinquenta. Cabelo grisalho, mas bem penteado. Ela estava vestida com uma calça preta elegante e uma blusa branca. Balancei minha cabeça. Seu

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corpo estremeceu como se ela própria tivesse levado uma bala. Meu pai e tio Trevor eram filhos dela, mas nossos outros tios eram praticamente filhos dela também. Vovó manteve sua merda sob controle. Então, “Eu preciso vê-los.” Ela se virou e caminhou pelo corredor. Quando ela recuou, minhas mãos começaram a tremer. Não por medo ou choque. Mas do maldito veneno que encheu meus ossos até a porra da medula. Com a memória de nossa família morta no chão, seu sangue escorrendo para o chão sujo do armazém. Reis eliminados como animais. Eu me senti como se estivesse sendo refeito e reformado, com o próprio fogo do inferno substituindo meu sangue. Eu me senti entorpecido. Senti qualquer porra de humanidade que eu tinha queimar até as cinzas, e soube que nesse momento dei minha alma para a porra do demônio. Sangue. Traição. Perda. Morte. Morte. Morte filha da puta! Rugindo minha raiva em voz alta, lancei meu copo do outro lado da sala. Ele se estilhaçou ao atingir as paredes de duzentos anos. Eu tinha que matá-los. Tinha que matar os russos responsáveis. Todos eles. Todos os idiotas traidores e suas famílias e qualquer outra pessoa que teve alguma parte nesse massacre.

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Erguendo minha cabeça, enfrentei meus irmãos e irmãs. “Reúna os malditos soldados”, eu disse a Charlie. “Cada um deles.” “Artie?” Charlie disse. “Nós os mataremos.” A adrenalina correu em minhas veias com a ideia de acabar com nossos inimigos. “Nós mataremos todos eles. Agora. Esta noite. Nenhum filho da puta sobreviverá.” Eric se afastou da parede em que estava encostado. Ele assentiu, a vida faiscando em seus olhos mortos. Suas mãos se fecharam em punhos e um sorriso sádico se espalhou em seu rosto. Ele estava dentro. “Sim, vamos matá-los”, disse Vinnie, esfregando as mãos. “Vamos matar todos eles, Artie. Todos eles. Vamos vingar nossos pais. Eles ficarão felizes com isso. Sei que eles vão me dizer isso quando terminarmos.” Eu olhei para Vera, Ronnie e Betsy. “Vocês também.” As meninas se entreolharam, perguntas e choque em seus rostos. “Vocês queriam entrar na porra da empresa?” Estendi meus braços. “Então, bem-vindas à empresa filha da puta.” Vera e Ronnie deram sorrisos frios e sanguinários. Betsy moveu-se ao lado delas, o queixo erguido e os olhos intensos. “Pegue todas as malditas armas. Vamos fazer uma merda de visita aos Russos.” Empurrei a porta e caminhei para o quarto do meu pai. Eu parei na entrada. Vovó estava parada no caminho, observando o médico tentar salvar meu velho. “Eles têm que morrer”, disse ela casualmente, como se estivesse falando sobre o tempo. Ouvi o som de um metal batendo em metal quando o médico puxou uma bala do meu velho e a colocou em uma tigela de metal. Vovó se virou para mim e, apesar do sangue me cobrindo, ajeitou a gola da minha jaqueta e apertou minha gravata. “A liderança desta empresa agora está sob sua responsabilidade,

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filho.” Ela colocou a mão em minhas bochechas. “Você deve vingar seu pai e tios.” Senti a retidão dessas palavras me atingirem com total concordância. “Não podemos ser vistos como fracos.” Vovó puxou para trás um pouco do meu cabelo que estava encharcado de sangue. Ela teve sangue em suas mãos por anos. Isso não a incomodou nem um pouco. “Já está circulando o conhecimento de que os anciãos da empresa Adley foram mortos. Isso significa que os lobos logo estarão na porta.” “Eu vou destruí-los, porra”, rosnei, ganhando um pequeno e orgulhoso sorriso da minha avó. “Ninguém estará nos levando para fora. Vão morrer pelas minhas mãos se eles se atreverem a tentar.” “Eles vão tentar, Arthur. Receio que estejamos prestes a entrar em um caminho rochoso. A maior e mais poderosa empresa de toda Londres acaba de ser demolida...” “Não, não foi”, interrompi, convicção em minha voz. “Eles não têm ideia do que diabos acabaram de começar. Eles abriram os portões do inferno, e a porra do diabo e seus demônios agora estão liderando o ataque.” “Artie?” Charlie chamou do corredor. “Os soldados estão aqui. Estamos prontos.” Vovó beijou minha testa e, quando ela se afastou, havia sangue manchando sua bochecha. Ela voltou a observar meu pai em silêncio. Eu andei pelo corredor. Minha família — homens e mulheres — estavam esperando. Estalei meus dedos e todos nós deixamos a casa, sangue e carne ainda grudando em nossas peles e roupas. Estávamos prestes a adicionar mais alguns. Quando nosso comboio de carros e vans saiu da igreja em direção às docas e ao prédio que abrigava os Russos, senti o desejo de matar me dominar, me possuir. E deixei isso me consumir.

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Quando os veículos pararam, meus irmãos e irmãs olharam para mim. Estávamos todos na van que ainda tinha o sangue de nossos pais no chão de madeira. Eu só tinha uma ordem para eles: “Não deixe nenhum desses veados vivos.” Pulei para fora da van e vi os soldados Adley prontos e esperando, vestidos com ternos, todos segurando semiautomáticas e facas. Quando cheguei ao primeiro prédio onde eu sabia que os malditos ratos se escondiam, chutei a porta e comecei a atirar. Os próximos trinta minutos foram um vórtice nebuloso de sangue, carne e ossos. De gritos, de mortes, de pessoas implorando por suas vidas. Nenhuma misericórdia foi dada. Nem para um único. Seus apelos por suas vidas ricochetearam na minha pele de Teflon. Sem fôlego e sentindo o gosto do sangue de meus inimigos revestindo meus dentes, saí dos prédios Russos. O sol estava começando a nascer sobre a Big Smoke. Peguei um cigarro e acendi o bastão manchado de sangue. Eu dei uma longa tragada e me virei para os soldados e minha família, que estavam exaustos, mas zumbindo como fios elétricos de suas mortes. Eu olhei para minhas irmãs; suas primeiras mortes deram sentido a suas vidas geralmente entediantes. Nada de abrigo para elas. Estavam nessa merda agora também. “Isso não acabou. Está longe de acabar.” Andei na frente deles. “Eles virão para nossas docas. Virão atrás de nossas rotas. Virão para o nosso território.” Parei e apontei para cada membro da minha família. “Eles virão atrás de nossas gargantas.” Sorri friamente, sabendo que sangue russo manchava meus dentes, e gritei, “DEIXE-OS VIREM, PORRA!” Fechei meus olhos e dei outra tragada, em seguida, com um sorriso de merda no rosto, disse: “Deixe-os tentarem nos derrubar, Adleys. Veremos quem morre primeiro.” Sirenes da polícia soaram ao fundo. “Vamos”, disse e caminhei até a van. Minha família me seguiu para

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dentro. Ficamos em silêncio durante todo o caminho de volta, o fedor de pólvora e sangue úmido obstruindo o ar. Quando paramos do lado de fora da igreja, entrei e fui direto para o quarto do meu pai. Eu parei quando entrei. Ele estava deitado em sua cama, tubos e fios saindo dele, máquinas criando um halo fodido ao redor de sua cabeça. Estava coberto por um lençol branco. Ele já parecia morto. “Coma”, minha avó disse atrás de mim. Encarei o rosto adormecido do meu pai. Ele estava cinza e já tinha um pé na cova. Vovó ficou ao lado de papai e afastou o cabelo do seu rosto como minha mãe costumava fazer comigo. “O médico acha que ele nunca vai sair dessa. Ele o salvou. Mas não tem mais vida em seu cérebro. Seu corpo pode estar vivo, mas sua alma já está abaixo do solo.” Deixei essas palavras passarem por mim, mas não as deixei me atingir. Não as deixei me causar qualquer merda de dor. Nada jamais me causaria a porra de dor novamente. Eu não deixaria. “Está feito?” Vovó perguntou. Eu assenti. Ela passou uma flanela fria na testa de papai. “Essa foi uma batalha do que será uma guerra muito pesada, Artie”, ela disse, e eu sabia que era verdade. Londres inteira e além estariam tentando tomar o lugar do meu pai no submundo do crime agora. Eu não ia deixar isso acontecer. Havia um novo maldito rei no castelo. Fui para o chuveiro, ignorando o sangue lavado da minha pele. Quando saí, minha fodida pele estava coçando e sabia que não seria capaz de dormir. Eu coloquei algumas roupas e peguei meu telefone e carteira. Ao passar pela sala de estar, vi meus irmãos e irmãs lá dentro. “Onde você vai?” Eric perguntou. “Sair”, disse. Os olhos deles se fixaram em mim.

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Quando eu estava quase saindo, Charlie disse: “Ela não vai entender o que vai acontecer.” Eu parei de repente. Meus músculos ficaram tensos e minha raiva cresceu tão forte que pensei que me incineraria no local. Eu me virei para meu primo. Ele estava fumando seu cachimbo, mas seus olhos estavam grudados em mim. “Ela não é deste mundo. As coisas que terão que ser feitas para evitar que nossa empresa seja descartada... ela não vai entender, Artie.” Pensei nos olhos castanho-esverdeados, no cabelo castanho e na buceta que estive fodendo e lambendo por cinco malditos anos. A porra da buceta viciante que sempre me atraiu de volta para ela, uma e outra vez. “Estou saindo”, disse, meu olhar mortal dizendo a Charlie para calar a boca. Ela era minha heroína do caralho. Eu não ia desistir dela. “Ela vai se machucar”, disse Charlie, e desta vez eu o circulei. Charlie não vacilou quando o encontrei frente a frente, pronto para arrancar sua cabeça de merda se ele falasse mais uma vez. Senti meus irmãos e irmãs nos observando, mas Charlie manteve sua voz baixa o suficiente para que apenas eu ouvisse suas próximas palavras. “Sei que você gosta dela, Artie. Realmente gosta dela. Todos nós sabemos que isso é mais do que uma foda, apesar de como você faz parecer. Não somos estúpidos.” Sua mão pousou no meu ombro. “Mas você é o chefe de Adley agora. Não é mais o herdeiro. Com isso, vem muito mais responsabilidade. Com isso, surge um novo alvo em sua cabeça.” Charlie deu um passo para trás e ergueu seu uísque no ar. “O rei está morto; vida longa ao rei.” Apesar de querer arrancar a porra da língua dele, sabia que meu primo não estava sendo um idiota. Eu vi a porra da dor em seus olhos enquanto ele falava. Meu pai não estava morto, mas

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mesmo que acordasse, não estaria em condições de liderar esta empresa. Dependia de mim agora. Tudo dependia de mim. Meus irmãos e irmãs ergueram suas bebidas no ar, todos ecoando: “Vida longa ao rei”, e tomaram longos goles. Vera sorriu para mim com tristeza. Eu tinha que sair. Não poderia ficar aqui agora, porra, com os fantasmas dos meus tios recentemente nas paredes e meu pai como um vegetal em sua cama. “Eu tenho algo para fazer.” Peguei uma garrafa de uísque fechada do bar quando saí. Entrei no banco de trás do carro e recebi a confirmação de que meus homens haviam limpado os dois locais de morte e os porcos não tinham nada contra nós. Então recostei-me e fechei os olhos, bebendo o uísque enquanto era levado para o único lugar do qual não poderia ficar longe. Não tinha feito isso por cinco malditos anos. Oxford. Dela. A única que me fez voltar para mais.

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CAPÍTULO CINCO CHESKA

Abri as cortinas e deixei o sol da manhã inundar meu apartamento. No minuto em que o sol passou pelo vidro, eu o vi brilhar no grande diamante... o diamante que agora estava no dedo anelar da minha mão esquerda. Meu estômago revirou só de pensar em duas noites atrás. Hugo ajoelhado no laranjal na casa do meu pai em Chelsea. Meus amigos e os amigos dele se reuniram ao nosso redor, sorrisos largos e taças de champanhe cheias. As comemorações, os abraços e beijos de felicitações. E o único rosto que entrou na minha cabeça no minuto em que “sim” escapou dos meus lábios. Olhos azuis por trás de óculos de armação grossa. O rosto que nunca seria meu. Meu peito apertou quando pensei em ser esposa de Hugo. Sobre estar ligada a esta vida para sempre. Sobre desistir do que eu realmente amava — não, não o quê. Quem. Sentei-me na ponta da cama e olhei para o relógio. Tinha que me preparar para a universidade. Eu agora estava estudando para meu mestrado em Estudos de Negócios em Oxford. Oxford era meu lugar precioso de solidão, longe do meu pai e Hugo. Da vida que aos poucos me sufocava dia a dia. Decidi pelo meu mestrado para poder ficar aqui um pouco mais, evitando a vida que me esperava.

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E principalmente porque Oxford era onde nos encontrávamos em segredo, longe de olhares curiosos. Onde, por algumas horas todas as semanas, eu o tinha em meus braços e na minha cama. Onde eu poderia fingir que ele era meu. Onde poderíamos fingir que nossos mundos imensamente diferentes não nos mantinham separados. Este anel mudou tudo. Eu tinha que contar a Arthur. Não sabia como faria isso. Não sabia como poderia dizer adeus a ele para sempre. Tinha certeza que isso me quebraria. Obriguei-me a levantar e tomar banho. Eu tinha acabado de vestir minha calça jeans e suéter quando a campainha tocou. Franzindo a testa, imaginando quem chamaria tão cedo, olhei para a câmera e meu coração disparou. Arthur estava encostado na parede. Ele estava vestindo um suéter Aran creme, calça preta e estava segurando uma garrafa de uísque quase vazia. Eu o liberei para subir, abrindo a porta e parando no patamar para esperar por ele. Ouvi seus passos lentos e pesados nos degraus de mármore que levavam ao meu apartamento no último andar. Ele nunca pegava o elevador, sempre subia os cinco lances de escada. No minuto em que vi seu cabelo escuro, meu peito apertou. Ele estava tão bonito como sempre. Um tipo letal e perigoso de beleza que roubava cada grama da minha sanidade mental sempre que eu olhava para ele. Mas aquela onda de desejo rapidamente se transformou em preocupação quando ele olhou para cima e eu vi a devastação completa em seu olhar de safira. “Arthur”, eu disse, assim que ele cambaleou no último degrau e tomou outro gole do seu uísque. Ele rapidamente se endireitou e caminhou em minha direção, tirando um cigarro do

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bolso. Ele colocou um na boca e, aproximando-se de mim, empurrou-me de volta para o apartamento. Ele bateu a porta atrás de nós e me apoiou contra a parede. Ele tirou outro cigarro do seu maço e o colocou entre meus lábios. Levantando seu isqueiro no pequeno espaço entre nós, ele acendeu uma chama e acendeu nossos dois cigarros. Arthur deu uma tragada profunda; fiz o mesmo. Expirei a fumaça e passei a mão em seu suéter. Ele nunca se vestia assim, tão casual. Sempre usava ternos com coletes e lenços. Relógios de bolso e sapatos caros. Quando olhei em seus olhos, procurando suas profundezas, vi que eles estavam em carne viva, e olheiras profundas estavam abaixo. “Arthur, o que há de errado?” Perguntei. Suas narinas dilataram-se. Eu podia sentir o cheiro de uísque em seu hálito e sua colônia usual em suas roupas. Foi a única coisa que me trouxe algum conforto neste momento. Algo estava errado. Algo estava muito, muito errado. “Arthur...” Minha frase foi cortada quando Arthur colou seus lábios nos meus. Eu gemi quando sua mão deslizou em meu cabelo e ele me pressionou ainda mais contra a parede. Eu mal conseguia respirar; o peso de todo o seu corpo me manteve presa e imóvel. Meu cigarro caiu no chão e pude sentir o cheiro do tabaco queimando nas tábuas do assoalho. Arthur também deve ter largado o seu, pois sua outra mão segurou meu queixo e me manteve exatamente onde queria. Ele me beijou. Ele devorou minha boca, deixando-me uma bagunça fraca e trêmula contra ele. Girando-me, ele me jogou na cama. Eu inalei profundamente, tentando recuperar o fôlego. Arthur estava olhando para mim, a barba cobrindo suas bochechas. As pupilas de seus olhos quase erradicaram o azul. Eu vi a promessa mortal

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em seu olhar. A promessa de que ele estava prestes a me arruinar novamente. Ele fazia isso todas as vezes, mas de vez em quando as coisas eram ainda mais intensas. Mais agressivo. Mais adequado para o que fazia para viver. Eu sabia que era o lado diabólico de Arthur. O lado com pouca ou nenhuma moral, uma quantidade inebriante de escuridão em sua alma e controle absolutamente zero quando se tratava de pegar o que ele queria — agora, isso era eu. Ele tropeçou para fora da cama para fechar as cortinas. Para manter o que fazíamos aqui para nós. Luz suficiente passou pelo fino material das cortinas para que eu pudesse ver cada movimento daquele corpo que conhecia tão bem. Arthur tirou o suéter e a calça e voltou a subir na cama. Seu pau já estava em sua mão, e ele estava acariciando o comprimento duro — ele não estava usando cuecas. Eu me deitei e Arthur rastejou sobre mim. Meu coração saltou para minha garganta quando ele levantou a mão para o meu rosto e suavemente correu os dedos pela minha bochecha. Um nó se formou em minha garganta quando olhei em seus olhos e poderia jurar que os vi brilhar. Arthur não fazia carinho. Ele não era suave e amoroso. Eu estava totalmente apaixonada por ele há muitos anos. Eu não tinha ideia se ele sentia o mesmo. Ele nunca deixou nada escapar. Nunca se deixou escorregar na minha presença, não importa quantas vezes estivemos juntos. Mas havia algo diferente nele hoje. Meu corpo estava mergulhado em pavor. Fosse o que fosse, não era bom. “Arthur”, sussurrei, capturando sua mão e levando-a aos meus lábios. Beijei sua palma e ouvi sua exalação rápida e gaguejada. Mas Arthur puxou a mão para trás e ergueu a barra do meu suéter. Ele o puxou pela minha cabeça, puxou para baixo minha calça jeans e jogou-a no chão. Meu sutiã e calcinha foram os

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próximos. Deitei-me nua na minha cama, Arthur acariciando seu pau cada vez mais rápido, seu desespero evidenciado pelo aperto de sua mandíbula. “Chupa,” ele disse, seu forte sotaque do East End fazendo meu corpo responder como sempre. Eu rastejei de joelhos e passei minha língua em seu pau. Arthur ficou tenso quando minha boca lambeu sua pele. Eu olhei para cima e vi seus olhos grudados em mim enquanto envolvia meus lábios em sua ponta, então o levei em minha boca. A cabeça de Arthur foi jogada para trás e sua mão se enroscou no meu cabelo. Ele puxou com força os fios, e meu corpo prosperou com a dor, como sempre acontecia com ele. Ele me deu algo que nunca soube que precisava. Eu parecia dar algo a ele também. Arthur guiou minha cabeça, e eu o levei o mais fundo que pude em minha garganta. Eu coloquei suas bolas em minhas mãos; ele grunhiu e empurrou com mais força em minha boca. Agora eu sabia do que ele gostava. E ele sabia exatamente como me fazer gozar. Éramos uma dança fodida de necessidades, dores e desejos. E só nós dois conhecíamos a coreografia. Arthur tirou minha cabeça do seu pau e me jogou de costas. Eu bati no colchão com um baque e ele jogou minhas pernas sobre seus ombros largos. Eu fiz uma careta quando vi uma bandagem na parte de trás do seu braço. Não tive tempo para pensar nisso por muito tempo — Arthur passou sua língua pela minha buceta, fazendo minhas costas arquearem para fora da cama e tirando todos os pensamentos da minha mente. Ele chupou meu clitóris até que vi estrelas. Ele trabalhou duro e rápido, não me dando descanso enquanto me fazia gozar. Gritei em êxtase, e antes mesmo que tivesse a chance de descer da minha altura, colocou-me de joelhos e segurou minhas mãos na estrutura da cama.

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Como ainda estava sentindo o latejar do meu orgasmo, Arthur bateu dentro de mim. Ele bateu em mim mais forte e mais rápido do que nunca. Engasguei-me com a agressão, com o ritmo enlouquecedor e a sensação dele se soltando dentro de mim. Era como se estivesse fodendo os demônios de sua alma. Mas então sua cabeça caiu no meu ombro e ele deu um beijo suave lá. Arrepios estouraram na minha pele. O beijo foi um grande contraste com o impulso violento de seus quadris. Então seus dedos apertaram os meus. Eu não conseguia desviar o olhar de nossas mãos unidas enquanto ele entrelaçava os dedos nos meus na cabeceira da cama. Ele estava segurando minhas mãos. Estava me fodendo como uma prostituta, mas me acariciando com sua boca e um toque gentil. Eu não sei por que, mas lágrimas surgiram em meus olhos. Arthur nunca segurou minhas mãos. Ele raramente era afetuoso. Sempre aceitei isso como quem ele era. Mas eu tinha sonhado com o momento em que ele me mostraria que se importava. Que eu era mais para ele do que apenas um garota chique com a qual ele se divertia fodendo uma vez por semana. Eu não poderia lutar contra o orgasmo crescendo dentro de mim. Queria saborear este momento, desfrutar um pouco mais. Não queria que isso acabasse. Porque isso tinha que acabar. Eu iria me casar. Isso, agora, era o fim. Arthur beijou meu pescoço enquanto empurrava dentro de mim. Eu não sabia por onde ele começou e acabei tremendo, gritando seu nome. Então Arthur se acalmou e senti seu calor inundar dentro de mim. Meus braços e pernas ficaram dormentes e mal conseguia respirar. Arthur pousou a testa no meu ombro novamente. Só que desta vez eu o senti tremendo. A princípio pensei que fosse devido

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ao esforço, mas então senti as lágrimas escorrendo pelas minhas costas. Meu coração parou. Ele estava chorando. Guiei nossas mãos ainda unidas para fora da cabeceira da cama e virei minha cabeça. Arthur jogou a cabeça para trás e vi as marcas de lágrimas em suas bochechas. “Arthur,” sussurrei, ouvindo minha própria voz tremer em empatia. Abaixei-me na cama, trazendo Arthur comigo. Ele me deixou guiá-lo contra mim para descansar em meus braços. Uma explosão de calor passou por mim quando ele colocou a cabeça na minha barriga. Ele nunca tinha me deixado segurá-lo assim antes. Nunca me deixou acariciá-lo e cuidar dele. E nunca tinha feito o mesmo comigo. “Está tudo bem,” eu o acalmei, sentindo os ombros de Arthur tremerem e suas lágrimas implacáveis acumularem em minha barriga. Ele me segurou com tanta força, como se eu pudesse desaparecer se não mantivesse um aperto bem forte. Um nó se formou na minha garganta e sabia que não queria ouvir o que aconteceu com ele. Porque o que quer que fosse, o havia mutilado. Arthur, que sempre foi o homem mais inquebrável e formidável que já conheci, foi destruído. Corri minhas mãos por seus cabelos, tentando fazê-lo se sentir seguro, desejado, amado. Não tinha certeza de quanto tempo ficamos assim. Mas os ombros trêmulos de Arthur se acalmaram e suas lágrimas em minha barriga quase secaram. Ele estava acordado. Sabia disso porque estava desenhando círculos hipnóticos preguiçosamente na minha barriga. E ele não se afastou. Isso me afetou mais do que eu estava disposta a admitir. “Eles se foram”, finalmente disse asperamente, sua voz cansada soando como vidro quebrado na sala silenciosa. Eu fiquei tensa. “Papai está em coma, mas eles acham que nunca vai acordar.”

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Meus olhos se arregalaram na escuridão, então inalei lentamente, tentando organizar meus pensamentos dispersos. “Quem se foi, baby?” Perguntei timidamente, mantendo minha voz suave e baixa. Eu nunca tinha chamado Arthur de “baby” antes. Mas não pude evitar enquanto o segurava de forma tão protetora em meus braços. “Todos eles”, disse, movendo o dedo até o meu peito. “Meus tios, meu pai... todos os chefes da nossa empresa.” Meu estômago revirou quando percebi a gravidade dessa informação. Seu pai e seus homens eram notórios. Gangsters infames, os homens mais temidos em Londres, na Inglaterra e, inferno, na maior parte da Europa. “Foram para onde?” Perguntei, estupidamente, precisando ouvir as palavras reais de seus lábios.

mas

“Mortos.” Arthur segurou minha cintura como se a admissão fosse tirar suas forças. Eu fechei os olhos com força em simpatia pela dor que devia ter sentido. Então, ocorreume. Arthur era filho de Alfie Adley. Isso significava que Arthur era o herdeiro e, portanto ... Arthur se inclinou sobre mim, seu abdômen pressionado contra o meu. Ele colocou a mão na minha bochecha e eu instintivamente me inclinei para o seu calor. Beijei seu pulso e ouvi seu assobio quase silencioso ao meu toque. O olhar de Arthur percorreu cada parte do meu rosto como se fosse a última vez que ele o veria. Eu ainda podia sentir o cheiro de uísque nele e sabia que a única razão pela qual ele teria se permitido a liberdade de derramar lágrimas e me tocar tão intimamente, com amor, era porque estava bêbado. “É a minha hora de governar o inferno.” Suas palavras me cortaram como uma faca. “É a minha hora de abraçar a escuridão, princesa.” Ele arrastou o polegar sobre meu lábio inferior, o movimento que sempre amei. Ele tinha feito isso no iate em

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Marbella todos aqueles anos atrás, quando estivemos juntos pela primeira vez. Mesmo agora, isso me fez ansiar por ele, me colocou estritamente sob seu comando. “Arthur, não”, implorei, não querendo que ele falasse assim. Era muito perturbador, muito triste, muito definitivo. Ele sorriu para mim e quase parou meu coração. “Minha alma não é mais minha”, disse, inclinando-se e beijando meus seios. “É de Satanás. E, amanhã, vou me tornar o diabo na terra.” “Arthur...” “Você foi a coisa boa, princesa,” ele disse, me cortando. “Você foi a única coisa boa que recebi.” Mas agora isso acabou, terminei por ele, sabendo que era o que queria dizer. Eu trouxe sua boca até a minha e o beijei. Eu o beijei suavemente e com amor, exatamente como queria há anos. E se fosse realmente isso, não tinha nada a perder. Arthur me beijou de volta e repassei suas palavras na minha cabeça — Eu me tornarei o diabo na terra. Não acreditei que ele pudesse ser o diabo. Eu não era ingênua. Sabia que ele tinha uma escuridão que nunca alcancei, que, francamente, era aterrorizante. Mas até agora tinha sido um mero fragmento do menino por quem eu era obcecada desde os treze anos. Uma parte dele que estava isenta de conhecer, exceto no quarto. A maneira como ele fodia era depravada. A maneira como me beijava era selvagem e revelava que ele era feito de qualquer coisa, menos bom e suave. Mas ele ainda era meu. Esse era o meu Arthur, um que eu estimava e, ao longo dos anos, nunca quis perder. Não sabia como era Arthur Adley, chefe do sindicato do crime de Adley. Não o conhecia como aquele homem naquele papel. E sabia pelo seu tom que nunca iria descobrir.

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Então eu o beijei e beijei até meus lábios ficarem machucados e ele adormecer em meus braços. Fiquei olhando para ele e me perguntando que caminho estava diante dele. Enquanto acariciava seu cabelo, o anel de noivado de quatro quilates que Hugo tinha me dado menos de quarenta e oito horas atrás olhou para mim. Naquele momento, aquele anel parecia mais ameaçador do que Arthur jamais poderia ser. Eu não queria isso. Não queria ser a esposa de Hugo. Mas não sabia ser outra coisa senão Cheska Harlow-Wright, filha da dinastia Harlow e em breve esposa de Hugo e socialite de Chelsea. Fechei os olhos e tentei não pensar nas grandes questões da minha vida. Eu sabia que esse tempo com Arthur era limitado e me esforcei para permanecer no agora. Para segurar isso enquanto podia. Seu corpo estava quente em cima do meu, seu peso me mantendo calma. Eu ainda sentia o eco dele dentro de mim, de sua língua e de suas mãos que ficaram gravadas na minha pele. E rezei para que as evidências nunca desaparecessem.

Uma brisa fresca bateu contra minha pele. Pisquei e o quarto lentamente entrou em foco. Minha lâmpada de cabeceira estava acesa e os eventos do dia lentamente se infiltraram em meu cérebro. Arthur... Arthur! Eu me esforcei para sentar e vi as costas nuas de Arthur. Ele estava sentado na beira da cama, com a coluna ereta e os ombros tensos. Eu olhei para o meu relógio; marcava nove da noite. Tínhamos adormecido e dormido o dia inteiro.

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Lembrando-me de como Arthur estava chateado, estendi a mão e corri meus dedos por sua coluna. Ele ficou tenso e puxei minha mão de volta. Senti mais do que a brisa fria passar por mim. Arthur se levantou e começou a se vestir. Sentei-me, mantendo meu edredom enrolado em volta de mim. “Arthur,” sussurrei, minhas palavras suavemente faladas quebrando a quietude. Arthur enxugou os óculos no suéter, colocou-os de volta no rosto e se virou lentamente. Eu imediatamente desejei que ele não tivesse. Foram-se os olhos suaves que se quebraram em mim na noite passada, confiando em mim com sua necessidade de conforto. Em seu lugar havia pedras de obsidiana geladas. Frio e escuridão eram as únicas coisas que se escondiam em suas profundezas. E, amanhã, vou me tornar o diabo na terra. Essas palavras giraram em volta da minha cabeça. Ele não estava mais bêbado e agora estava sóbrio, essas palavras pareciam verdadeiras. Eu conhecia cada centímetro do rosto desse homem. Tinha guardado cada mancha e cicatriz em sua pele na memória. Eu conhecia seus olhos – os olhares, o pensativo e o caloroso, o engraçado e o magoado. Esse olhar, esse olhar assustador e brutalmente agressivo, não era nada que já tivesse testemunhado antes. “Arthur”, eu disse, lutando contra o nó na garganta. “Você está chateado. Por favor, eu posso ajudar—” “Não sou mais seu problema, princesa.” Ele me deu um sorriso malicioso. Eu vivia para seus sorrisos. Mas esse sorriso foi um que desejei nunca ter recebido. Era desdenhoso. Era paternalista. E isso me fez sentir mesquinha. Arthur se inclinou para a cama e me perguntei o que ele iria fazer. Ele finalmente pegou minha mão esquerda e acenou seu queixo arrogante na direção do diamante. “Vejo que finalmente aconteceu.” Ele jogou minha mão para longe, e ela caiu no colchão

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com um baque. Ele pegou a carteira e o telefone e foi até a porta. Lágrimas surgiram em meus olhos, mas não as deixei cair. “Parabéns, princesa,” ele disse, e encontrei seus olhos. “Parece que o cavaleiro branco te pegou afinal. Divirta-se na porra da sua torre de marfim.” Ele abriu a porta e peguei sua mão. Envolvi meus dedos em torno dos dele, rezando para que ele segurasse os meus. Arthur parou no meio do caminho, mas sem olhar na minha direção, jogou minha mão para longe e saiu. E eu sabia. Sabia que aquela seria a última vez que o veria. O Arthur que eu conhecia havia morrido e em seu lugar estava esse diabo frio que ele me avisou que se tornaria. O menino que eu amava vendeu sua alma ao mal. E enquanto eu caminhava para minha janela e observava seu motorista conduzindo-o embora, senti como se meu coração estivesse naquele carro com ele. Ele poderia não o ter desejado. Poderia tê-lo odiado só de pensar nisso. Mas era dele mesmo assim. Mesmo que eu nunca o visse novamente, era dele. Eu acreditava que tinha sido desde o nascimento, e para sempre seria.

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CAPÍTULO SEIS CHESKA

Treze meses depois

Hugo deu um beijo na minha bochecha e sentou-se à minha frente. Ele me deu um sorriso fugaz antes de verificar seu celular. “Problemas?” Perguntei, enquanto a garçonete deixava meu gim com tônica. “Não, apenas coisas do trabalho,” ele disse, mas eu o observei mais de perto enquanto a garçonete colocava seu IPA diante dele. Ele estava agindo de forma superficial ultimamente, e eu não sabia por quê. Devíamos nos casar em menos de um mês. Meu estômago revirou com esse fato. Já estava na hora. Virando a esquina. Realmente, iria me casar com Hugo. Sempre esteve nas cartas, mas ter isso se concretizando era surreal. “Olá, crianças.” Meu pai se sentou entre mim e Hugo. “Você está bem, Ches?” Ele me perguntou em seu jeito calado de sempre. Eu amava meu pai. Realmente amava. Mas não era segredo que ele nunca foi o pai afetuoso e amoroso que a maioria das pessoas conhecia. Minha mãe era afetuosa. Meu pai era um homem de negócios por completo, e isso ocupava todo o seu tempo. A família sempre foi uma reflexão tardia para ele. Sabia que ele me amava. Mas eu não era seu mundo inteiro e nunca fui.

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“Você está pronta para o casamento?” Papai me perguntou. A garçonete colocou o sanduíche e o latte na mesa diante dele. “Pegarei o vestido na próxima semana. Fora isso, tudo está resolvido.” Bebi minha sopa. “É a minha despedida de solteira neste fim de semana. Arabella e Freya têm tudo planejado. Não tenho ideia do que faremos.” “Parece bom”, disse meu pai com desdém e deu um tapinha na minha mão. Ele se virou para Hugo. “Acabei de desligar o telefone para...” me desliguei quando papai começou a falar sobre trabalho com Hugo. Eu me vi observando as outras pessoas no café. Meu pai tinha deixado claro que, apesar de ter um mestrado em negócios em Oxford e desejar entrar para o império Harlow Biscuit, este não era meu lugar. Eu lutei contra minha ira crescente e me concentrei nos casais e famílias, todos sorrindo e felizes enquanto conversavam durante o almoço. Eu me perguntei como seria ser eles por um momento. Estar tão animada para ver os pais ou irmãos. Tínhamos dinheiro e nunca quis nada. Mas todas as riquezas do mundo não podiam compensar a pobreza emocional que acompanhava a falta de afeto familiar. Brincando com o limão na minha bebida, de repente avistei um homem de cabelos escuros. Ele estava vestido com um terno impecável e usava óculos de aro preto. Meu coração acelerado se alojou na minha garganta. Eu me concentrei mais, tentando distingui-lo, mas em uma inspeção mais próxima não era ele. Respirei fundo e me esforcei para me acalmar. O homem sentou-se ao lado de uma mulher com um longo vestido vermelho, beijando-a na bochecha e segurando sua mão. Raramente me dei o luxo de pensar em Arthur. Desde que ele saiu da minha vida, treze meses atrás, não o vi nenhuma vez. Não recebi um único texto.

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Mas isso não significa que não ouvi falar dele. Todos em Londres e fora dela sabiam de Arthur agora. Nos treze meses desde que assumiu o comando da empresa Adley, ele causou o que só poderia ser descrito como um caos no submundo do crime. Assassinato. O Bethnal Green Brute. O próprio Diabo. Ou, como era mais conhecido, o Lorde das Trevas da cidade de Londres — alguma manchete cativante com a qual um dos tabloides trashes o havia rotulado e isso pegou. Lembrei-me dos olhos frios e sem emoção que se despediram de mim em Oxford um ano atrás. Como, nas horas que ele dormiu em meus braços, ele se transformou de um homem com escuridão em sua alma no que se dizia ser o mal encarnado. Ele havia acordado em meu apartamento em Oxford como o infame gangster de sangue frio que agora era conhecido por ser. Ele governava nossa cidade com punho de ferro. Deixava um rastro de miséria e corpos em seu rastro. Mas a polícia nunca poderia pegá-lo. Arthur era intocável. Era temido. E, apesar de tudo, meu eu estúpido ainda estava loucamente apaixonada por ele. “Cheska!” Eu balancei minha cabeça enquanto era puxada para fora do meu devaneio por uma voz familiar rindo do meu torpor. Tirei minha atenção do homem de terno e olhei para cima para ver Ollie Lawson de pé em nossa mesa, vestido com um terno cinza claro. Ele estava sorrindo, o mesmo sorriso largo que sempre deu para mim. “Você está bem, amor? Você estava longe com as fadas agora mesmo. “ “Desculpe,” sorri e me levantei para beijá-lo nas bochechas. “Como você está? Não vejo você há um tempo. Desde o jantar de Freya alguns meses atrás.” Ele apertou suavemente meus braços. “Estou bem. Você?” Perguntou, e eu me sentei. Ollie sempre foi muito afetuoso comigo. Mas era doce e inofensivo. Aquele estranho ato

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de agressão dele em Marbella anos atrás era agora uma memória distante. “Estou bem, obrigada.” Fiz um gesto para meu pai e Hugo. “Só estou me encontrando com meus meninos para o almoço.” Hugo estava se mexendo estranhamente em sua cadeira, lançando um olhar irritado para Ollie. Meu pai sorriu para ele, mas pude perceber uma estranha apreensão com sua presença. Não havia amor desprendido entre Hugo e Ollie. Nunca existiu. Ollie estava trabalhando com o pai dele agora também. Importação e exportação. Pelo que pude constatar das pessoas em nossos círculos sociais, o departamento que Ollie dirigia estava indo incrivelmente bem, ainda melhor que o de seu pai. Ele certamente se vestia para o papel, e tinha uma casa totalmente nova nos apartamentos mais caros de Knightsbridge para mostrar. Talvez meu pai não gostasse dele porque Hugo não gostava. Meu pai e meu noivo eram muito próximos, então isso faria sentido. Isso, ou porque Ollie era incrivelmente bem-sucedido. Nada irritava mais os ricos em nossos círculos do que alguém os superando quando se tratava de riqueza. “Ouvi dizer que você vai se casar em algumas semanas?” Ele acenou com a cabeça para o meu anel de noivado. “Sim.” “Bem, parabéns.” Ollie ergueu a mão para a garçonete. “O almoço deles é por minha conta. E mande uma garrafa do seu champanhe mais caro.” “Ollie, não...” “Eu insisto”, disse ele, inclinando-se e beijando as costas da minha mão.

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“Sério, você não precisa”, disse Hugo, sorrindo, embora eu pudesse dizer por seus dentes cerrados que ele se sentiu enfraquecido. “Por minha conta. Considere isso como um presente de casamento antecipado”, disse Ollie. “Então, obrigada,” eu disse, para tentar acalmar a estranha tensão que emanava do meu pai e meu noivo. “Sem problemas.” Ollie sorriu amplamente e piscou para mim. “Eu esperava que talvez pudesse roubar seu coração um dia, mas este aqui atingiu você primeiro”, disse ele, apontando para Hugo. “Uma chance perdida.” Hugo praticamente olhou para ele. “De qualquer forma”, disse Ollie, olhando por cima do ombro e acenando para dois homens que acabaram de entrar no café. “Negócios me esperam. Aprecie a sua refeição e parabéns novamente.” Ele se afastou e exalei de alívio. “Eu odeio esse cara”, disse Hugo quando a garçonete chegou com o champanhe. “Dinheiro novo”, disse meu pai. “Sem classe.” Revirei os olhos para os dois agindo como idiotas pomposos e pensei em Arthur novamente. Pela primeira vez, ele tinha algo em comum com meu pai e Hugo. Ele parecia odiar Ollie também. “De qualquer forma, eu estava falando sobre o contrato da China quando fomos rudemente interrompidos por aquele”, disse meu pai a Hugo, reiniciando a conversa. Então, eu comi minha comida e fiquei quieta. Exatamente como deveria fazer.

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“Pelo menos você não me deu um colar de pau brilhante para usar”, disse a Arabella enquanto se sentava na cama super king-size no meu quarto. “Tudo a seu tempo, querida.” Ela balançou as sobrancelhas e riu, servindo-me outra taça de champanhe. Freya e Arabella me levaram a um spa chique em Knightsbridge. Amanhã mais amigos se juntariam a nós para uma noite na cidade. “Podemos relaxar e nos embebedar hoje à noite com essas coisas, e amanhã viver isso no Sparrow Room. Reservei uma mesa para nós — o serviço completo.” O quarto brilhou quando ela disse para onde iríamos amanhã. Arabella e Freya já estavam me encarando quando olhei para cima, claramente esperando minha reação. “Sparrow Room”, falei, com a garganta seca de repente. Eu bebi o resto do meu copo, então rapidamente o enchi. Arabella riu da minha expressão obviamente chocada. “Você tinha que ver sua cara!” Ela cutucou Freya. “Sei que você costumava ter uma obsessão pelo dono, mas isso foi há muito tempo.” “Além disso”, disse Freya, agindo indiferente, “quem não quer se divertir no clube pertencente ao gangster mais mortal do mundo?” Ela se levantou na cama e abriu dramaticamente os braços. “O notório Lorde das Trevas da cidade de Londres!” Arabella riu de Frey e puxou-a de volta para a cama. Mas eu não conseguia respirar. Tinha certeza de que estava tendo um ataque cardíaco. Eu não poderia ir para aquele clube. Havia uma razão para nunca ter ido lá ou aos três outros clubes que ele possuía em Londres. A empresa Adley não mantinha mais seus negócios no leste de Londres. Eles se espalharam. Como um câncer, certa vez ouvi meu pai criticar a notícia. Eles agora eram donos de toda Londres

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— norte, sul, leste e oeste. Seu maior e mais bem-sucedido clube era aqui em Knightsbridge. Eu tinha calafrios toda vez que passava pelo Sparrow Room de táxi, me perguntando se Arthur já havia estado lá. Eu ouvi que esteve, muitas vezes. Mais uma razão para eu ficar longe. Sabia que era um clube épico; muitos dos nossos conhecidos deliravam o suficiente sobre isso para eu perceber. Mas o que ninguém sabia, ou mesmo suspeitava, era o caso de cinco anos que tive com Arthur. “Já escolhemos sua roupa para amanhã e” — Freya pulou da cama — “para o jantar esta noite.” Ela ergueu um vestido maxi Fendi de seda roxa e um par de Jimmy Choos de salto baixo. Ela se aproximou e me enxotou da cama. “Temos um jantar reservado para daqui a vinte e cinco minutos. Então se apresse!” Peguei o vestido e os sapatos e fui para o banheiro. Assim que fechei a porta, encostei-me nela e tentei conter meu pânico. Eu faria este jantar esta noite, então choraria amanhã à noite. Alegaria que era intoxicação alimentar ou algo assim. Não poderia entrar naquele clube. Não aguentaria mais ver Arthur depois de todo esse tempo. E certamente não poderia aceitar sua rejeição. Porque sabia que seria o que me encontraria. Ele não era o homem que eu conheci; isso estava claro. E sabia que só tinha ouvido a ponta do iceberg do que ele e sua empresa tinham feito a outras gangues e sindicatos do crime nos últimos treze meses. Haveria mais. Muito mais. “É melhor você se mexer, querida! Quinze minutos agora,” Freya gritou através da porta. Isso fez eu me mover. Coloquei um pouco mais de maquiagem, amarrei meu cabelo em um coque baixo e puxei meu vestido. Eu me encarei no espelho. Estava pálida. Parecia nervosa. Fui para a janela e abri uma fração, sugando o ar frio. Fiquei olhando para a rua, bem na direção da Sparrow

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Room. Não era longe daqui. A uma curta distância. Se me concentrasse o bastante, seria capaz de ouvir o som de sua música. Não ficava realmente lotada até mais tarde, mas abria suas portas agora para aqueles que queriam começar cedo. “Cheska!” Arabella gritou. “Estou indo!” Abri a porta para minhas amigas.

Jantamos, e o tempo todo tentei ficar no momento, para aproveitar todo o esforço que minhas melhores amigas colocaram nesta noite. Eu as amava. Eram realmente como minhas irmãs. Eu era uma péssima amiga. Fui eu que mantive uma grande parte da minha vida longe delas por muito tempo. Eu não as merecia. No momento em que voltamos ao quarto depois de beber, Freya e Arabella estavam sem pernas. Eu estava bêbada, mas mantive a cabeça ereta por medo de dizer algo sobre Arthur se o álcool controlasse minha língua. Joguei minha bolsa na mesa quando o som de uma mensagem veio. Rindo de Freya tentando dar uma cambalhota na cama em seu macacão Gucci, abri a tela e me esforcei para entender o que estava vendo. Demorei apenas alguns segundos para entender. Era um vídeo, sem som. Minhas mãos começaram a tremer quando a câmera fez uma panorâmica. “Não”, solucei, quando meu pai e Hugo apareceram. Eles estavam ensanguentados e machucados. Apenas um dos olhos do meu pai permanecia aberto. Freya e Arabella vieram correndo para mim. Freya cobriu a boca com a mão quando viu a tela. Arabella segurou meu braço. E nós assistimos.

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Vimos meu pai e Hugo serem espancados e feridos. Então, um homem com uma balaclava e vestido de preto avançou com uma arma. Meu pai lutou contra suas restrições, mas o homem apontou uma arma para sua cabeça. Ele puxou o gatilho. Eu gritei quando a cabeça do meu pai caiu para frente e a vida foi drenada de seu corpo. Hugo também lutou, olhando horrorizado para meu pai. Hugo se virou para o atacante. Ele estava falando com ele freneticamente, implorando por alguma coisa. Por misericórdia, imaginei. Mas o assassino apenas apontou a arma para a cabeça e disparou uma bala, matando-o também. Minhas pernas ficaram fracas e eu desabei no chão. Freya e Arabella me seguiram, as duas envolvendo seus braços em volta de mim. “Pai... Hugo...” eu chorei, repetindo o vídeo na minha cabeça. “A polícia.” Freya se levantou. “Precisamos chamar a polícia.” Ela tinha acabado de pegar o telefone quando a porta do nosso quarto se abriu e três homens marcharam para dentro. Eu fui gritar quando vi que estavam vestidos com as mesmas roupas pretas e balaclavas que os homens do vídeo. Mas eles se moveram antes que eu pudesse. Um agarrou Freya e cobriu sua boca para impedi-la de gritar. Um agarrou Arabella pelos cabelos e arrastou-a pelo tapete até perto de Freya. Ele puxou um rolo de fita adesiva do bolso, amarrou as mãos dela e enfaixou a boca. Freya teve o mesmo feito com ela. Então um veio para mim. Tentei me levantar e correr, mas ele me agarrou pela cintura e me deu um soco no rosto. Senti o gosto de sangue, senti-o escorrendo do meu lábio e pelo pescoço.

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“Vadia,” rosnou e chutou minhas pernas debaixo de mim. Eu mergulhei no chão acarpetado, e minhas mãos e boca também foram coladas. Eles nos alinharam ao lado da cama, então um deles puxou uma câmera. As lágrimas corriam pelas faces de Freya e Arabella. Eu não daria a esses homens o prazer de me ver quebrar. Tinha que manter minha compostura. Tinha certeza que estava em choque depois de ver meu pai e Hugo mortos de forma tão brutal. E agora eles estavam aqui. Para mim. “Puta Harlow.” O homem aproximou a câmera do meu rosto. “Seu pai e seu noivo irritaram algumas pessoas muito más.” Eu vi sua balaclava mudar e sabia que ele estava sorrindo por baixo dela. “Eles deviam dinheiro a alguns homens muito poderosos.” Ele se ajoelhou diante de mim. “E achavam que eram bons demais para pagar o preço.” Ele acenou com a cabeça para um dos outros homens, o que estava perto de Freya. “E agora estamos recuperando a dívida deles.” Em um piscar de olhos, o homem golpeou e cortou a garganta de Freya com a faca. Eu gritei, a fita adesiva impedindo qualquer barulho de sair. Os olhos de Freya se arregalaram e ela olhou para mim, bem nos olhos, enquanto a ferida se abria e seu sangue escorria em riachos por seu pescoço. Eu gritei. Gritei e gritei quando ela caiu no chão, o corpo se contorcendo enquanto lutava para se segurar à vida. Seus olhos permaneceram em mim enquanto a vida era drenada dela... até que seu corpo parou de se mover, parou de lutar... parou de viver. Os homens riram e a raiva pura cresceu em meu peito. Arabella sussurrou algo ininteligível ao meu lado e encontrei seus olhos escuros aterrorizados. Eles se fecharam enquanto mais lágrimas caíam. Quando se abriram novamente, seus olhos se voltaram para o homem que se aproximava

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lentamente dela. Ela não lutou. Minha melhor amiga observou com uma calma inquietante e distanciada enquanto o homem que a havia amarrado com fita adesiva se ajoelhou e enfiou uma longa faca em seu coração. Eu virei minha cabeça quando Arabella começou a gorgolejar, e desta vez, senti toda a luta vazar de meus ossos. Depois de reunir alguma força, olhei para trás, para Arabella deitada no chão, os olhos abertos, mas o corpo morto, o sangue acumulando-se debaixo dela. Eles iam me matar. Meu pai e Hugo se ferraram de alguma forma, e agora todos íamos morrer por causa disso. Arabella e Freya eram inocentes. Eu era uma Harlow. Era quem eles queriam. “Sorria”, disse o homem com a câmera, trazendo a lente para o meu rosto. “Suas amigas estão mortas. Papai e Hugo estão mortos. Isso só deixa você.” Prendi a respiração quando ele puxou a faca do peito de Arabella e limpou o sangue da minha amiga na parte superior dos meus seios. Esperei que me apunhalasse também, mas em vez disso ele me puxou pelo braço. “Não, não há morte para você. Temos outras coisas planejadas. Coisas realmente fodidas. A morte é uma saída muito fácil.” Ele me colocou de pé. Eles estavam nus, meus sapatos largados há muito tempo e minhas solas estavam no sangue ainda quente de Arabella e Freya. Eu lutei contra a náusea enquanto era arrastada para o corredor, tentando manter meus olhos nas minhas amigas, rezando para que não tivessem morrido — mas elas tinham. Eu vi a luz desaparecer de seus olhos. Procurei alguém para ajudar, mas o spa estava silencioso. Os homens me arrastaram da escada principal e dos elevadores para a escada da saída de emergência. Fiquei surpresa quando tropecei e tentei me afastar. Eles deram socos na minha barriga, no meu rosto e, finalmente, na minha cabeça. Minha visão girou e senti outro tapa estourar meu lábio ainda mais.

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Senti-me como se tivesse desmaiado por um tempo. Quando acordei, um dos homens estava falando ao telefone. Não conseguia ouvir o que estava dizendo. Eu me senti tonta, desconforto e dores me abordando do meu lado até a cabeça. Tentei manter a compostura, manter a consciência. Eu tinha que escapar. Tinha que sair daqui. Precisava de ajuda. Não podia deixá-los me levarem. Mas quando rompemos pela saída e entramos em um beco, fui arrastada para as portas de uma van que estava esperando. Dois dos homens entraram. Um estava atrás de mim. Eu rapidamente olhei para ele; a faca que usou em Arabella estava enfiada na cintura. Assim que ele agarrou meu braço para me empurrar para dentro, empurrei meu corpo contra ele. Ele riu, pensando claramente que tropecei novamente. Ele certamente não suspeitou que agarrei sua faca e a enfiei em sua barriga. Ele tombou e eu corri. Corri o mais forte e rápido que pude pelo beco. Podia ver a rua principal à distância. Meu coração batia cada vez mais rápido quando ouvi passos nas pedras de paralelepípedo, alguém me perseguindo. Mas eu tinha a rua principal à vista; era meu alvo. Era minha salvação. Puxei a fita em volta dos meus pulsos, trabalhando enquanto corria. Arranquei a fita adesiva da minha boca com as mãos. Eu lutei e lutei enquanto corria, levantando meus braços e puxando-os para baixo, conseguindo soltar uma das mãos. Arrisquei um olhar rápido para trás e vi os outros dois homens logo atrás de mim. Mas o fim do beco estava a apenas alguns metros de distância. Quando entrei na iluminada rua principal, uma pontada de alívio me atingiu. Mas não baixei a guarda. Corri para o ponto de táxi perto da frente do spa. As pessoas me olharam enquanto eu passava. Eu os ignorei. Precisava ir para a segurança

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de um táxi. Conhecia apenas uma pessoa que poderia me ajudar. A única pessoa que eu precisava ver agora, mais do que Deus. A fila estava vazia e mergulhei na parte de trás do primeiro táxi. “Dirija!” Gritei para o taxista. Seus olhos se arregalaram no espelho retrovisor. “Maldição, amor. Você está bem?” “Por favor!” Eu implorei, sentindo o choque retardado começando a arranhar minha garganta, a ansiedade tentando me sufocar com seu corpo pesado. “Por favor, apenas dirija.” Olhei para trás e não consegui ver os homens em lugar nenhum. Seria muita exposição para eles serem vistos em público vestidos como estavam. Mas isso não significa que não estavam me rastreando de alguma forma. “Aonde amor?” O taxista disse e virou para a rua principal. “O...” Prendi a respiração. “O Sparrow Room.” Eu sabia que era na mesma rua, mas precisava de tempo para recuperar o fôlego. Eu não poderia chegar ao clube a pé. Minha energia estava esgotada e não me sentia bem. “Eles não vão deixar você entrar assim, querida. Lá é tão elegante quanto o Palácio de Buckingham.” “Eu o conheço”, murmurei e recostei-me no assento de couro, sentindo as feridas que haviam sido infligidas em mim começarem a latejar e arder. Meu corpo inteiro parecia pulsar e achei que podia sentir o cheiro de sangue. Afastei da cabeça as imagens de Freya e Arabella, de papai e Hugo sendo baleados nos assentos aos quais estavam amarrados. Eu ainda não estava segura. Só tinha que chegar até Arthur, e então estaria segura. Ele iria me ajudar. Mesmo se não me quisesse mais, ele me manteria segura.

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Puxei meu cabelo do seu coque baixo e tentei o meu melhor para esconder meu rosto. O táxi parou. A entrada do Sparrow Club ficava à minha esquerda. Era um prédio enorme com seguranças grandes protegendo a porta. Eu só tinha que entrar. “Não posso te pagar”, sussurrei para o taxista quando o peguei me encarando. “É por conta da casa, querida”, disse ele e destrancou as portas para mim. A gentileza inesperada quase me fez chorar, mas me contive. Eu só tinha que me controlar um pouco mais. “Eles não vão deixar você entrar,” o taxista disse novamente. Observei um segurança remover a corda para permitir que as pessoas entrassem e soube que era assim que entraria. Poderia passar quando as cordas fossem puxadas para trás. Então eu só precisava encontrar o escritório de Arthur. Rezei para que ele estivesse lá. O segurança fechou a corda novamente e esperei. Eu mantive minha mão apoiada na maçaneta da porta do táxi. Quando o segurança maior que controlava a corda se moveu para abri-la novamente, abri a porta e corri sem parar. Corri o mais rápido que pude, passando pela corda e direto para a entrada. “Oi!” Ouvi um segurança gritar atrás de mim, mas continuei correndo. Não parei. Passei correndo pelo vestiário, seguindo a batida da música de dança até entrar no corpo principal do clube. Estava lotado e escuro e de parede a parede com pessoas dançando. Entrei na multidão, sabendo que os seguranças estariam procurando por mim em todo o clube. Procurei ao meu redor, tentando encontrar meu rumo. O interior de três andares parecia um teatro ou ópera, mas com dançarinos e um DJ no palco principal. Havia dançarinos em gaiolas e os bares estavam lotados de gente comprando bebidas. Mas então vi alguém de terno entrar pela porta dos fundos perto do palco. Um segurança abriu a porta e, quando a

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luz iluminou o rosto do homem, atingiu. Charlie. Era Charlie Adley.

o

reconhecimento

me

A esperança me levou adiante. Eu empurrei os dançarinos e tentei pensar em como entrar pela porta. Mas um poder superior deve ter percebido que me devia uma bênção — uma briga estourou ao lado do segurança, e ele foi puxado para a briga, deixando a porta travada. Corri novamente, usando o que restava da minha energia para passar pela porta. Fechei-a atrás de mim, ouvindo o clique da fechadura no lugar, e estremeci com a luz fluorescente brilhante. Meu lado começou a latejar com mais intensidade e, quando olhei para baixo, notei sangue escorrendo do meu lado. Eu fui esfaqueada? Não me lembrava de ter sido esfaqueada. Aconteceu na escada quando eles me bateram? Eu pensei que tinha desmaiado... Sentindo-me tonta, corri pelo corredor. Passei por uma porta de depósito, mas não havia escritórios. Subi um lance de escadas no final do corredor, rezando para chegar ao topo antes de desabar. Vozes abafadas vieram de trás de uma das portas. Subi os degraus, tentando ignorar a dor cortando minhas costelas, o inchaço dos meus lábios e a energia que parecia estar se esgotando mais e mais a cada segundo. Quando cheguei ao topo da escada, vi o nome de Arthur em uma das portas e me dirigi naquela direção. As vozes ficaram mais altas quando me aproximei. Minha mão caiu na maçaneta e eu a girei, conseguindo abrir a porta. Havia uma enxurrada de atividades ao meu redor, mas não prestei atenção. Tudo o que vi foi o homem atrás da mesa. Um homem em um terno de grife, com cabelo escuro e olhos azuis brilhantes por trás dos óculos de armação preta.

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E apesar de tudo, senti o alívio me inundar, trazendo-me luz. Nesse momento, ver Arthur foi tão poderoso quanto ver o próprio Cristo. Estendi minha mão em direção a ele e sussurrei, “Arthur... eu te encontrei... finalmente te encontrei...” Então fechei meus olhos e sucumbi à escuridão.

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CAPÍTULO SETE ARTHUR

Eu pulei da minha cadeira e me movi ao redor da mesa, empurrando-a para fora do meu caminho. Charlie, Eric, Vinnie e Freddie sacaram suas armas e apontaram para Cheska no minuto em que ela estourou pela porta. Abaixei-me, rolei-a e vi sangue derramando em seu vestido. Ela foi nocauteada, seu lábio cortado e sua bochecha machucada, mas porra, mesmo neste estado, era linda pra caralho. Mas seus ferimentos ... seus malditos ferimentos... O fogo brilhou dentro de mim. Alguém a machucou. Alguém tinha batido nela. Rasguei o vestido em dois para encontrar uma facada em seu lado. “Ligue para o médico. Faça-o vir à minha casa”, ordenei a Charlie e levantei Cheska em meus braços. Eu estava com a porra da Cheska Harlow-Wright em meus braços novamente. Não a vi em mais de um ano, e agora ela estava nos meus fodidos braços, sangrando e espancada até virar uma polpa maldita. “Chame a porra do motorista para a saída dos fundos,” instruí Eric quando entrei no corredor e desci correndo as escadas. Eu ouvi passos seguindo atrás de mim. “Cheska? Esta é a garota que você ficava fodendo o tempo todo?” Eric perguntou. Eu o ignorei e corri para a saída dos fundos, abrindo-a com o pé. O carro já estava lá. Entrei e a segurei em meus braços.

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“Casa. E, porra, nos leve lá rápido!” Eu fiz o pedido e o motorista derrapou na estrada principal. Afastei o cabelo castanho escuro do rosto de Cheska e estudei seus cortes e hematomas. Um tipo de dor estranha e fodida rasgou meu peito quando vi seu lábio inchado e a ferida ao seu lado. Meu peito doía como se eu estivesse sentindo algo. Como se me importasse. Mas parei de me importar com tudo há muito tempo. Tudo o que sentia atualmente era raiva e vingança e a necessidade de derrubar qualquer filho da puta que estivesse no meu caminho. Pressionei minha mão contra o seu lado para tentar parar o sangramento. Seu sangue estava quente contra a minha mão e sua respiração estava estável, mas oca. Cheska não acordou quando a toquei. Ela estava desmaiada. Eu já tinha visto feridas de faca o suficiente para saber que não era profundas, mas ela estava perdendo sangue; isso estava claro. “Mais rápido”, disse ao motorista. Pressionei com mais força seu ferimento e senti algo apertar meu interior. Minha mandíbula apertou quando me atingiu de novo, como a porra de uma alavanca no meu estômago. Cheska. A maldita Cheska Harlow-Wright. Ela sempre foi capaz de fazer essa merda comigo. Seu rosto deslumbrante, seu corpo que eu sempre desejei, e aqueles olhos de duas cores que me atraíam. “Princesa, mas que porra?” Eu disse contra sua bochecha e a segurei com mais força. Seus seios estavam à mostra desde que eu tinha rasgado o vestido dela. Ela não estava usando sutiã. Olhei para o motorista. Sua atenção estava na estrada, mas uma onda de possessividade me dominou. Eu não queria que nenhum filho da puta a visse assim. Só eu. Só eu sempre olhei para seus seios e corpo dessa forma.

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Tirei meu paletó e a envolvi com ele. A respiração se alojou na minha garganta ao vê-la em meu paletó. Ela era magra, e minha roupa ensanguentada a cobriu. Mas gostei de vê-la nela. Porra, podia sentir o cheiro da minha colônia se misturando com o perfume dela e a segurei com mais força. O sangue encharcou minha camisa enquanto ela estava colada em mim, mas não me importei. Eu bati meu pé no chão. Minha maldita pele coçou com a necessidade de colocá-la em segurança. Só precisava levá-la para a minha fodida casa. No minuto em que saímos da rua principal para o terreno da igreja, me permiti respirar. Quando paramos em casa, me lancei para fora do carro e corri para a porta da frente. O médico estava esperando. Ele sabia que não devia me foder, e eu pagava a ele uma tonelada de dinheiro para ficar à minha disposição. “Meu quarto,” ordenei e corri para dentro. Deitei Cheska na cama e, relutantemente, saí do caminho do médico. Mas eu mantive a porra da mão dela na minha. Mantive meus dedos em volta dos dela. Não conseguia tirar meus olhos dela, porra, deitada na cama. Minha maldita cama. Cabelo escuro. Olhos castanho-esverdeados que sempre me viam e ... “Arthur... eu te encontrei... eu finalmente te encontrei...” A voz dela. Sua voz rouca e elegante enquanto cambaleava para dentro do meu escritório, e a porra do seu estado quando caiu no chão. Cheska. Cheska, que eu tinha deixado em Oxford há pouco mais de um ano para nunca mais ver, porra. O médico começou a limpá-

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la e eu precisava de uma bebida. Precisava de uma porra de uma bebida grande e uma tragada do meu cigarro. Soltei sua mão e sai para fora do quarto. Encarei minha mão enquanto caminhava pelo corredor. Ainda estava quente. Mesmo perdendo sangue, ela aqueceu a porra da minha mão. Fui direto para o bar, me servi de um enorme uísque e bebi meio copo. Memórias me agrediram. Memórias que tentei esquecer, e que precisava para me alimentar. Eu fui até ela no dia em que todos foram mortos. O dia em que papai foi baleado pelos malditos Russos. Meus olhos se desviaram na direção do quarto do meu velho, onde ele ainda estava. Ainda em coma, porra, corpo atrofiado e paralisado. Nenhum sinal de sair disso. Cheska. Fodida Cheska Harlow-Wright. Ouvi minha porta da frente abrir e sabia quem seria. Alguns segundos depois, Eric, Charlie, Vinnie e Freddie entraram. Estavam todos olhando para mim, esperando por algo. “O QUE?” Eu rugi, não ia lidar com a merda deles. Estava na porra do limite. Estava sentindo muito. Escolhi não sentir nada além do fogo alimentado pelo ódio dentro de mim há um tempo. Ela estava fodendo com minha mente. Cheska estar aqui e machucada, me procurando depois de um ano de intervalo estava fodendo com minha cabeça. “Em primeiro lugar, acalme seus peitos, psicopata,” Eric disse, cruzando os braços sobre o peito. “E em segundo lugar, sua antiga garota tropeça no clube, espancada e esfaqueada, e você pergunta 'o quê?'“ Peguei meus cigarros e acendi um. Respirei fundo, a nicotina atingindo minhas veias e me dando um segundo de alívio do caralho.

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“Ela irrompeu no clube, passou direto pela porra dos seguranças e foi para a pista de dança.” Charlie se serviu de um conhaque ao meu lado. “Nada mal para uma garota que foi esfaqueada.” Ele sorriu para mim. “Coisinha tenaz, não é?” “Ela veio atrás de você”, disse Vinnie, falando diretamente como sempre. “Veio atrás de você, Artie.” Ele bateu no lado dos olhos. “Os olhos dela. Os olhos dela mudaram quando viram você. Como Pearl faz quando olha para mim.” Vinnie enfiou as mãos nos bolsos e começou a assobiar “Ring a Ring o 'Roses”, os olhos agora fixos na pintura da paisagem de uma casa de campo na parede. “Ela não vai se casar logo ou algo assim? Vi suas fotos em todas as páginas da sociedade,” Freddie perguntou, sentando-se em uma poltrona. “Você olha as porras das páginas da sociedade?” Eric disse a Freddie, escondendo um sorriso com a mão. “A maioria dos filhos da puta que nos deve dinheiro está nessas páginas, idiota. Eu os acompanho para que não tentem se esquivar da cidade. Essas páginas parecem saber mais sobre os ricos do que até mesmo suas próprias famílias.” “Oh, não sabia que vocês estavam todos aqui”, disse Betsy, entrando na sala. “Pensei que estivessem no clube esta noite.” Ela franziu a testa enquanto olhava para todos nós, então endireitou os ombros. “O que aconteceu?” Charlie inclinou a cabeça em minha direção. “Cheska Harlow-Wright. O que mais poderia abalar nosso destemido líder assim?” Os olhos de Betsy se arregalaram e eu sabia que o filho da puta estava falando sobre mim para sua irmã. Entre isso e os comentários espertinhos, eu estava a cerca de cinco segundos de arrancar sua cabeça. “A Cheska?” Perguntou Betsy.

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“A única.” Charlie sorriu quando lancei a ele um olhar mortal. Meu primo e amigos eram as únicas pessoas na porra do planeta que não se irritavam na minha presença. “A Cheska. O que diabos isso quer dizer?” Eu rebati, ficando mais fodido com minha família a cada segundo. “Nada”, disse Betsy, encolhendo os ombros e também se servindo de uma bebida. Acendi outro cigarro e me inclinei contra a lareira, observando as chamas dançarem pela chaminé. Imaginei Cheska ainda criança na casa do pai. Depois, aos dezoito anos, de biquíni no iate. Ela se pressionou contra mim, em seguida, se espalhou na mesa de jantar em nosso iate enquanto eu a fodia, enquanto eu batia nela, precisando afugentála. Em vez disso, depois, ela só me quis mais. Depois, anos. Anos fodidos de levá-la de todas as maneiras imagináveis. Ela gostava do áspero como eu precisava. Agarroume e lutou comigo e me deixou viciado. A sala estava silenciosa e eu não podia aguentar. Sabia que todos estavam me olhando. “O que?” Eu gritei, virando-me com os braços abertos. “O que é essa porra de silêncio?” Foi Betsy quem falou, não afetada por minha explosão. “Só não vejo você assim desde...” Ela parou, e todos nós sabíamos o que queria dizer. A noite depois que voltei de Oxford, depois que nossos pais estavam acabados e tive que assumir o comando. A noite em que desviei todos os sentimentos e emoções que tinha por Cheska e me tornei o que precisava para que esta família sobrevivesse. Nós tínhamos ido para a guerra naquela noite. E estivemos lutando na linha de frente desde então. “Ela significa algo para você”, acrescentou Betsy, claramente escolhendo as palavras com cuidado. “Se for honesto consigo mesmo, ela sempre significou.”

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“Eu fodi ela! Isso é tudo,” cuspi e joguei meu cigarro no fogo, farto dessa conversa e dissecação da porra da minha vida. Eu marchei para fora da sala e direto para o meu quarto. Quando entrei, o médico estava movendo suas coisas. Uma bolsa de sangue estava sendo transfundida no braço de Cheska. Mas ela estava limpa, meu lençol e edredom puxados até os ombros. “Ela perdeu sangue, mas não tanto quanto eu temia.” Ele gesticulou para o rosto dela. Seu rosto espancado. Minhas mãos se fecharam em punhos. Ninguém tão perfeito quanto ela deveria parecer assim. “Limpei o rosto dela, mas eram ferimentos superficiais. Dei a ela uma injeção de antibiótico e deixei remédios para tomar quando acordar — tanto para dor quanto para prevenir infecções. Ela deve tomá-los até que terminem.” Ele apontou para os comprimidos na mesa de cabeceira. Ele passou por mim. “Deverá acordar depois de descansar. Ela saiu relativamente ilesa, considerando o que imagino que passou nesta noite para chegar a este estado.” “E a memória dela?” Perguntei. Eu precisava saber o que aconteceu com ela. Precisava saber quem diabos tinha feito isso com ela, para que pudesse matar os idiotas. “Não deve ser afetada. Isso fisicamente, é claro. Não levei em consideração o trauma. Isso pode ser um problema potencial para ela.” O médico saiu quando fiquei em silêncio, sem perguntar mais nada. Ele fechou a porta atrás de si e encarei Cheska. Meus dentes doíam de tanto trincá-los. Pensei no último dia em que fui até ela em Oxford. Quando estava fodido com o uísque e só precisava dela. De todos, escolhi me virar para ela. E não apenas para foder, mas para estar em outro lugar que não fosse esta igreja ou com minha família, ou com meu velho deitado em uma cama em que ficaria por meses e meses. E porque gostei da

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sensação dela em meus malditos braços. Naquele momento, naquele momento escuro fodido, ela era a única que eu queria. Balancei minha cabeça quando flashes de memória me mostraram chorando nela como um bichinha. Me mostrou aquela porra de anel em seu dedo, aquele diamante brilhante chamando minha atenção bêbada. Ela ficou noiva alguns dias antes daquela noite. Um olhar para aquele anel filho da puta e eu estalei. Eu precisava dela, precisava fodê-la, e aqui estava o anel de outro idiota em seu dedo. Um dedo que tinha acabado de ser enrolado no meu cabelo, segurando a porra do meu rosto e envolvendo o meu pau. Aproximei-me da cama e vi sua mão ainda usando a porra do anel. Ela se casaria em breve. Freddie me disse isso um tempo atrás, como se eu não soubesse, porra. Sabia todos os detalhes. Casaria-se na Catedral de St Paul´s e depois no Ritz. Eu sabia, porra. Sabia tudo sobre esta garota. Ela agarrava-se em minha cabeça diariamente, fazia isso desde a primeira vez que a conheci. Como a porra de uma bruxaria. Eu não podia seguir por aquela estrada fodida novamente. Cheska era criptonita pura. Era a porra do guardião da merda que eu precisava manter firmemente trancado. Eu precisava sair. Precisava enviar Betsy para vigiá-la e cuidar dela quando acordasse. Eu tinha trabalho a fazer, negócios de família para lidar, e essa garota não tinha mais lugar na minha vida. Mas então meus pés me levaram para frente, e eu arrastei a poltrona do canto do meu quarto para o lado da cama, como se estivesse sendo puxado por uma corda invisível ao lado dela.

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Acendi um cigarro e olhei para o rosto dela. Mesmo machucada e espancada, ela era uma tentação. Mas ela não pertencia a este mundo em que eu vivia. Nunca, porra. Não me impediu de levá-la embora. Eu a roubei da luz e a fiz minha na escuridão. Pensei que seria apenas uma vez, uma foda inevitável que ambos sabíamos que tínhamos que arrancar de nossos sistemas. Mas uma amostra de Cheska Harlow-Wright não foi suficiente. Mesmo aos dezoito anos, quando minha alma só estava fraturada, não estilhaçada — irreparavelmente eliminada. Depois de transar com ela em Marbella, só a desejei mais. Eu deveria pegar sua buceta uma vez e ir embora. Ela não foi feita para me enredar. Não era para eu ficar viciado. Voltei para Londres com o número do celular dela ainda manchado na palma da minha mão. Uma semana depois, estava afundado até os joelhos em sua buceta novamente e fiquei lá por cinco malditos anos. Até aquela noite. Até a noite em que tudo mudou e tive que jogá-la para fora do caminho dos malditos demônios que tinham se apoderado dos meus tornozelos e me puxado para o inferno. Mas ela me encontrou de qualquer maneira. Treze meses depois, ela me encontrou, longe de onde deveria estar. Um anjo procurando ajuda do diabo. Exatamente que tipo de ajuda? Eu não sabia, porra. Então, esperarei nesta cadeira de merda até descobrir.

Acordei com o som de uma tosse. Abri os olhos e vi Cheska estremecer de dor. Seus olhos piscaram lentamente e se abriram. Apaguei a luz principal e acendi uma lâmpada para que o quarto não ficasse muito claro. E esperei. Quando os olhos de

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Cheska se abriram, observei a confusão envolvê-la. Ela olhou em minha direção e o reconhecimento passou por seu rosto. Mesmo estando pálida, suas bochechas ficaram vermelhas. “Arthur,” sussurrou, sua voz fraca. “Princesa,” eu disse. Seus olhos suavizaram com esse nome. “O que-?” Foi dizer, então congelou, parecendo se lembrar do que diabos tinha acontecido com ela. Suas mãos começaram a tremer na cama, então seus olhos se encheram de lágrimas. Sua mão trêmula cobriu a boca e ela se encolheu, sentindo os dedos ao longo dos lábios inchados. “Eles os mataram,” disse, a voz embargada de dor e meu corpo ficou tenso. Cheska olhou para mim, seu olhar torturado. “Alguém matou minhas amigas na minha frente, Arthur. Freya e Arabella. Eles cortaram a garganta de Frey e apunhalaram Arabella bem no meio do coração.” Um soluço saiu de sua garganta. Eu não aguentava, porra. Não podia suportar aquele som horrorizado ou as lágrimas em seus olhos tristes. Eu me afastei da cadeira e me sentei no colchão ao lado dela. Ela olhou para o meu rosto, as mãos tremendo enquanto se agarrava ao edredom. “Hugo, Papai... eles se foram também.” “Mortos?” Ela assentiu. “Baleados.” Ela começou a chorar, desesperada, e peguei um copo d'água para ela na mesa de cabeceira. Quando suas mãos tremiam para segurar, eu o levei para sua boca. Segurei sua nuca e certifiquei-me de que ela tomasse um gole. Cheska puxou o copo, mas segurou meu pulso antes que pudesse me afastar. Seus dedos estavam fracos como merda em torno de mim, mas porra, isso fez algo apertar meu interior bastardo. “Enviaram um vídeo para o meu telefone”, disse. Ela

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engoliu em seco como se tivesse um nó na garganta. “Eles matando Papai e Hugo.” Ela respirou fundo. Seus olhos se desfocaram, seus pensamentos, sem dúvida, a levando de volta ao início desta noite. “Então foram ao spa em que estávamos e nos capturaram. Mataram Freya e Arabella no quarto, mas disseram que iam me levar para outro lugar. Eles tinham outros planos para mim.” Ela voltou a se concentrar em mim e segurou meu pulso com mais força. “Algo lento e doloroso.” A raiva me consumiu. Lento e doloroso ... Quando eu colocasse minhas mãos nos idiotas que fizeram isso com ela, eu me certificaria de que suas mortes fossem prolongadas e agonizantes. Eu podia sentir meu sangue começar a ferver, a ponto de alguém, em algum lugar, precisar morrer pelas minhas mãos para eu me acalmar. Abaixei o copo meio cheio com a mão livre. “Arthur, eles tentaram me arrastar para uma van em um beco, mas ... mas consegui escapar.” Ela soluçou e mudou seu aperto do meu pulso para a minha mão. Seus dedos envolveram os meus, e eu senti a porra de um choque de eletricidade passando por mim como se tivesse sido apunhalado por um aguilhão de gado. Puxei minha mão para trás, precisando manter distância dela. Mas ela segurou com mais força. Bruxaria do caralho. Essa garota era a única no mundo que fodia minha cabeça tão bem. Eu não dava as mãos. Só com ela. Quando o feitiço de bruxa dela se envolvia em torno de mim. “Eles disseram que Papai e Hugo tinham uma dívida com pessoas perigosas, mas nunca pagaram. Então, receberam o pagamento com suas vidas. Com a vida das minhas melhores amigas.”

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Cheska finalmente parou de chorar, o choque claramente se instalando. Ela apertou minha mão com mais força. “Virão atrás de mim. Eles me querem como pagamento. Arthur ... eles vão voltar para mim. Ainda não estão satisfeitos.” Suas palavras, misturadas com a porra do terror puro em sua voz rouca, me fizeram querer quebrar o pescoço de algum idiota. Enquanto ela falava cada maldita palavra, sentia o fogo dentro de mim escaldar minha fodida carne até que o único remédio seria o sangue de alguém cobrindo minhas mãos. Ela estava tremendo e suas pupilas estavam dilatadas de medo. “Arthur,” sussurrou, e então pressionou sua bochecha contra as costas da minha mão, quase me fazendo cair de joelhos. “Todo mundo se foi. Toda minha família, minhas amigas... todos se foram. Estou completamente sozinha...” Seu lábio ferido se arrastou ao longo da minha pele, abrindo o corte e manchando minha pele com seu sangue. “Estou com tanto medo.” Ignorando o fato de que ela estava ferida, puxei-a para mais perto até que seu rosto pairou na frente do meu. Agarrei sua mandíbula e me certifiquei de que seus olhos estavam bem em mim. “Não irão chegar perto de você,” rosnei; Cheska exalou de alívio. E vi o que mais estava em seu olhar. Eu conhecia esse fodido olhar. Sabia exatamente o que Cheska sentia por mim. Para uma garota tão inteligente, era estúpida quando se tratava de mim. Imprudente. Era como uma criança colocando a mão em uma fogueira que ruge, mesmo quando foi avisada muitas vezes para recuar ou seria queimada. Mas aqui estava ela, com a mão no fogo mais uma vez. “Ninguém ousará foder com você agora que está sob minha proteção”, prometi. “Arthur,” ela sussurrou, aquele sotaque chique lavando sobre mim da mesma forma que sempre fazia, porra. Como ópio

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ou alguma merda assim. Acalmando-me até o inferno. Eu não tinha a porra da ideia de como conseguia fazer isso, mas ela era a única coisa na minha vida que tinha esse efeito em mim. Era perigosa pra caralho. Afastei o cabelo do seu rosto. Ela cheirava a antisséptico, mas por baixo estava ela, aquele cheiro familiar que costumava grudar na minha pele por semanas depois que fazia uma visita à meia-noite em Oxford e a fodia. O cheiro que quase me deixava louco por dias, até que eu estava entre suas pernas novamente. Aquele perfume de rosa que sempre usava. “Você não tem ideia de quem eram esses idiotas?” Perguntei, a quase dois segundos de subir na cama e transar com ela novamente. Ela estava viva, e o diabo a enviou aqui, só para eu possui-la. Um presente por fazer seu trabalho com perfeição. Fazia muito tempo. Eu precisava senti-la embaixo de mim, arranhando minhas costas e arranhando meu cabelo. Me dizendo para foder com ela mais forte — então eu saberia que ela ainda estava viva. Não me importava se estava machucada e espancada; a parte sombria dentro de mim só precisava estar dentro dela para saber que estava bem. Que esses idiotas usando balaclava não a tinham arruinado. Machucado, matado. Os estúpidos idiotas não tinham ideia de que tinham acabado de colocar a porra de uma recompensa Adley por suas cabeças. “Nenhuma,” ela disse, me arrancando dos pensamentos, me trazendo de volta à terra. Ela olhou para o nada. “Nem sabia que o negócio estava com problemas, que meu pai estava lidando com pessoas perigosas novamente.” Eu sabia que o “de novo” vinha do fato de o pai de Cheska ter lidado com o meu no passado. Um empréstimo. Foi assim que nos conhecemos. O querido e velho papaizinho havia feito um empréstimo com meu velho e ele estava

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atrasado com o pagamento. Então, Alfie Adley fez uma visita ao Sr. Wright e eu colidi com a porra de sua filha com a força de um asteroide colidindo com a Terra. O pai de Cheska pegou sua pequena princesa virginal e colocou-a diretamente na minha linha de visão. Fez um fodido garoto do East End tomar conhecimento de sua bunda chique pra caralho proibida. O futuro Lorde das Trevas encontrando sua pequena deusa inocente, ganhando tempo até que a roubou sob o olhar negligente de Papaizinho e a trouxe para o lado negro. Agora o papai se foi. Assim como sua beldade de noivo. Ela estava à deriva, sem casa, sem família ... “Você disse que enviaram um vídeo para o seu telefone?” Eu disse, precisando me afastar dela. Os hematomas em seu rosto e corpo estavam ficando mais escuros, e eu podia ver por suas pálpebras pesadas que estava ficando cansada. Eu precisava recuar, porra. Precisava me acalmar. Precisava pensar. Nunca poderia pensar ao redor de Cheska. “Não estou com o meu telefone. Ainda deve estar no spa. Tudo aconteceu tão rápido que não consegui pegá-lo.” “Podemos invadir seu número e mensagens. Só preciso do seu número.” Ronnie era uma gênia do caralho nesse tipo de merda. Os olhos de Cheska ficaram ainda mais pesados. “Durma,” eu disse. Segurei-me para não beijar sua boca destruída. Cheska fechou os olhos e seu corpo começou a perder a tensão. Finalmente soltei sua mão. Vi aquele fodido anel novamente e queria arrancá-lo de seu dedo. Hugo, o veado chique, estava morto. Não tinha mais direitos sobre ela. Saí da cama, precisando limpar a porra da minha cabeça. Enquanto me levantava, os olhos de Cheska se abriram e ela olhou para sua mão, vazia agora que eu puxei a minha. “Qual

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é o seu número de celular?” Perguntei, aquela maldita expressão devastada em seu rosto me atingindo com força no peito. “O mesmo de sempre.” Cheska me encarou, e o olhar que ela estava lançando na minha direção fez meu peito apertar. “Não quis mudá-lo.” Ela respirou fundo, ficando de lado quando o fez. “Apenas no caso de…” Apenas no caso de eu ligar para ela novamente, precisar dela novamente. Ela estava esperando. Esta maldita garota estava esperando que eu voltasse para ela. O que ela não percebeu é que eu dirigia esta cidade. Não precisava ligar para ela para saber como estava. Poderia ter descoberto o que ela estava fazendo em qualquer dia e não saberia nada sobre isso. “Durma, princesa,” disse e a observei fechar os olhos. Ninguém se atreveria a entrar nesta porra de casa, a menos que desejasse morrer. Ela estava segura aqui. E até eu descobrir quem tinha vindo atrás dela, não colocaria os pés na minha porta da frente. Esperei até que sua respiração se estabilizasse, parando no final de sua cama como um demônio pronto para arrebatar sua alma e arrastá-la para meu covil no inferno. Quando dormiu, voltei para a sala de estar, repetindo tudo que ela me disse na cabeça. Ronnie e Vera também estavam na igreja agora. Bom. Era hora de uma reunião de família do caralho. Eles me observavam em silêncio quando entrei na sala e me servi de um gim. Eu bebi um copo e enchi-o novamente até a borda. Virei-me para eles, encostado no balcão do bar. “Seu velho e noivo foram assassinados esta noite, junto com suas duas melhores amigas. Os agressores também tentaram sequestrar Cheska, mas ela escapou. Veio me encontrar. É por isso que ela apareceu no clube. “

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“Foda-se,” Freddie disse, balançando a cabeça, e Ronnie se levantou. Se havia uma coisa que acendia um fogo sob a bunda de Ronnie, eram mulheres sendo atacadas. Ainda mais se fosse por caras. “O que você precisa?” Disse ela, ansiosa para canalizar sua raiva para o trabalho. Eu tinha o trabalho certo para ela. “Enviaram a ela um vídeo de seu velho e o idiota do seu noivo sendo baleados e mortos. Quero ver essa merda de vídeo.” “Número?” Eu disse o número do celular, nem mesmo dando a Charlie a hora do dia, sentindo o olhar conhecedor que ele me deu enquanto eu recitava os dígitos de cor da minha cabeça. Ronnie saiu para ir ao escritório e pegar o que eu queria. “E a garota chique?” Vera perguntou, uma ponta de curiosidade em sua voz rouca. “Ela vai ficar aqui.” “A polícia pode lidar com isso, Art,” Eric disse. “Ela é rica. Alguém para quem eles realmente se importam em cuidar. Vão cobri-la com proteção. Deixe os porcos cuidarem disso. Já temos o suficiente acontecendo.” “EU DISSE QUE ELA VAI FICAR AQUI!” Eu gritei, e Eric ergueu as mãos enquanto minha voz ecoava pela sala. “Tudo bem, Artie. Acalme-se. Eu só estava dizendo.” A porra do sorriso presunçoso em seu rosto me disse que ele sabia exatamente o que estava fazendo ao me empurrar. Babaca. Betsy escondeu um pequeno sorriso com a mão. Foi provavelmente a primeira vez em anos que ela realmente sorriu para Eric e não lhe enviou adagas.

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Freddie estava jogando em seu telefone. Ele encontrou meus olhos. “Acabou de ser noticiado, Artie.” Ele girou o telefone para que eu pudesse ver a tela. “Eles relataram as mortes do pai e do noivo. Os policiais receberam o vídeo deles sendo baleados por um número anônimo. Eles relataram a morte de suas melhores amigas também.” Freddie leu o artigo. “Suspeitam que Cheska foi sequestrada. Sem pistas. O sistema de câmeras de vigilância em toda aquela parte da cidade foi cortado brevemente.” “Eles não vão achá-la aqui. Nem saberão onde procurar. Ela não vai a lugar nenhum enquanto aqueles malditos ainda estiverem caçando-a. “ “Ela vai ficar com você então?” Betsy perguntou, e eu vi aquela porra de alguma coisa nos olhos dela. Algo como esperança. “No seu quarto?” “Não é assim”, eu disse, tomando outro copo de Bombay Sapphire e sentindo-o inundar meu estômago. Virei-me para o bar e lutei contra a imagem de Cheska presa ao colchão embaixo de mim, gritando meu nome enquanto envolvia minha mão em sua garganta e afundava meu pau dentro de sua buceta molhada. “Ela não pertence a este mundo.” Algo cedeu em meu peito quando disse isso. Olhei para o espelho na parede e me vi olhando para trás. Mas enquanto olhava, tudo o que vi ao meu redor foi uma sombra negra e cada centímetro de mim coberto de sangue — não o meu. Nunca o meu, porra. “Você não diria que isso depende dela?” Betsy empurrou. Eu tirei meus olhos do meu reflexo ensanguentado e apontei para minha prima. Ela apenas olhou para mim sem expressão, sem medo, como de costume. “Não,” avisei, minha voz grossa com o comando. Comando para ficar fora do meu negócio e sair.

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“Só estou dizendo”, disse Betsy, levantando-se da sua cadeira para se mover ao meu lado no bar. Ela se serviu de um porto e me encarou. “Você nunca se preocupou em excluir mulheres do rebanho de Adley. Nossos pais não estavam nem frios quando você deu as boas-vindas a mim, Vera e Ronnie na empresa, armas na mão e, horas depois, sangue Russo sob nossas unhas.” “Não tem nada a ver com ela essa porra aqui”, rebati. “Não.” Charlie foi para o lado de sua irmã. “Tem a ver com o fato de que a Sra. Harlow-Wright é a sua garota. Não é verdade, Artie?” Olhei para o meu melhor amigo. Ele não se importava. Eu conhecia Charlie tão bem quanto me conhecia. Sabia que estava preocupado comigo, já fazia algum tempo. Ele mal havia saído do meu lado nos últimos treze meses, desde que eu assumi o papel de feitor nesta família fodida. Ele caminhou ao meu lado, passo a passo profano, enquanto eu caía mais fundo na porra do abismo. E nunca reclamou nenhuma vez. Mas eu sabia que ele estava com medo de que eu me perdesse na depravação de tudo isso — a morte, o sangue, o submundo que governava com a porra de um punho de ferro. Enfrentei Betsy, ignorando Charlie. “Você está no comando de Cheska. Vai cuidar dela enquanto estiver aqui. Fique com ela e a proteja.” “Será um prazer,” disse Betsy, depois foi se sentar ao lado de Vera no sofá. “Suas cores combinam”, disse Vinnie quando a sala ficou em silêncio. Vinnie morava comigo agora. Seu velho cuidava dele quando estava vivo — todos nós entendemos que Vinnie não podia ser deixado sozinho. Ele precisava ser vigiado. Se tivesse espaço, o filho da puta sairia como Jack, o Estripador, assassinando londrinos por diversão das formas mais fodidas. Além disso, ele me disse que Pearl ficava mais clara para ele na igreja. Foi a

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primeira dica que ele me deu de que sabia que Pearl era uma alucinação e não realmente minha irmã, toda adulta e parada ao lado dele, em carne e osso. “O que você está falando, cara?” Eric perguntou, franzindo a testa para Vinnie. Os olhos de Vinnie estavam fixos em mim. Sua mão estava ao lado dele no sofá, aberta como se estivesse segurando a mão de alguém. “Tudo ao seu redor está preto.” Vinnie balançou a cabeça, seu cabelo loiro na altura dos ombros cobrindo um pouco do seu rosto. “Não costumava ser. Também costumava ser vermelho.” Sua mão apertou em torno do ar. “Foi por sua causa que a escuridão veio primeiro”, disse ele, o que presumi ser para a alucinação de Pearl. “Quando você e sua mãe queimaram. Parte do vermelho foi e foi assumido pelo preto.” Vinnie levou a mão invisível à boca e beijou-a. Ele me encarou novamente. “Quando o seu velho morreu, mais e mais vermelho foi substituído pelo preto. Mês a mês, eu o via ficar mais e mais preto até que pensei que não havia mais vermelho.” “Mas?” Eu perguntei, sentindo que estava ficando louco também, realmente ouvindo o que Vin tinha a dizer. “Sobrou um pouco. Mas só percebi quando você segurou Cheska. Ela fez sua luz vermelha brilhar.” Meu peito apertou pra caralho. Trevas. Eu sempre soube que tinham vindo para mim, tinha me engolido... Vinnie viu isso claro como o dia. O pedaço de vermelho que restou era apenas Cheska Harlow-Wright. “O dela é quase todo vermelho”, disse Vinnie. Ele sorriu, e parecia o sorriso dos rottweilers que mantínhamos em nossas docas para guardar o lugar. “Mas há uma linha fina de preto ao redor dela também. A escuridão a infectou. Ela pode não saber ainda... mas ela vai.”

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Eu. Eu era aquela escuridão bastarda. Fui eu quem a infectou. Manchou sua inocência. “Porra, Vin, você vai nos matar um dia, certo?” Eric se inclinou para a frente em sua cadeira. “Vamos acordar uma noite com você no final de nossas camas prestes a nos esfaquear. Você está latindo, cara.” “Eric,” Charlie avisou. Eric sorriu para Charlie, e eu sabia que o filho da puta não havia terminado. “Você não tem esquizofrenia paranoica, tem? Você é um maldito médium ou algo assim. Fala com os mortos o dia todo, todos os dias, e foi isso que o mandou para o hospício.” Eric apontou o polegar para Vinnie. “Podemos ganhar muito dinheiro com esse filho da puta.” Eric piscou para Vinnie; Vinnie sorriu. Era uma visão fodida, esses dois palhaços sádicos sorrindo um para o outro. Normalmente, apenas suas vítimas podiam ver esses sorrisos malucos. “Falo com eles”, disse Vinnie, e todos nós o encaramos. Ele encolheu os ombros. “Nossos velhos. Falo com eles o tempo todo.” Ele olhou para mim. “Até Alfie. Ele vem até mim também.” Minha mandíbula cerrou. Entendi o contexto. Ele estava me dizendo que meu velho estava praticamente morto. Mas me recusei a acreditar nisso. Recusei-me a deixá-lo ir. Ele acordaria. Eu sabia que ele iria acordar. Que merda de dia. O sorriso de Eric caiu. Seu rosto empalideceu com a menção de nossos velhos. Ele abriu a boca para dizer algo, quando Ronnie voltou para a sala. Ela pressionou algo em seu tablet e a TV acima da lareira ganhou vida. Segundos depois, estávamos assistindo homens vestidos de preto matando silenciosamente o pai e o noivo de Cheska. Quando a tela ficou preta, Ronnie disse: “Sem som. Sem rastro. Quem quer que sejam esses caras, são bons. Bons pra

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caralho.” Ronnie olhou para Vera, e Vera imediatamente se levantou. Ela colocou o braço em volta de Ronnie. “O que é, baby?” Ronnie rebobinou o vídeo, então parou em uma parte específica. Ela deu um zoom nas mãos de um dos homens. Estreitei os olhos para ver o que estávamos olhando e vi o pedaço de pele entre sua luva de couro e a ponta de sua jaqueta. Ronnie estava me observando, esperando que eu visse. “Meus traficantes.” Ela esfregou a marca em seu ombro. A mesma que o filho da puta usava em seu pulso. O fogo cresceu aos meus pés e começou a subir. Eu o senti incinerar meus ossos até que estava em toda parte. Até que fosse tudo o que eu era. A escuridão, o fogo, o mal que vivia dentro de mim, assumindo o controle total. “Que porra é essa?” Vera disparou. “Eles apareceram de novo?” “Já faz um tempo”, disse Charlie, passando a mão sobre a barba por fazer. “O que eles querem com os Harlows?” Eu estava queimando. Estava fervendo, pronto para explodir. “Eles não irão chegar perto de Cheska”, rosnei. “Onde estão?” Eu disse a Ronnie. Seus ombros caíram. “Sem endereço. Sem rastro. A mesma porra de sempre.” “Covardes!” Eu gritei e joguei meu copo no fogo, vendo-o rugir enquanto o álcool alimentava as chamas já altas. “Estou farto desses idiotas!” Freddie ficou de pé, olhando para o telefone. “Pelo amor de Deus!” Ele se virou para mim. “Nós fomos atingidos de novo.” Eu parei e encarei meu irmão. Ele virou o telefone para me mostrar a

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mensagem e a foto da doca oeste, os contêineres vazios e os guardas mortos sangrando no chão. “O que diabos está acontecendo?” Eu disse, pegando meu casaco nas costas de uma cadeira. Eu o vesti e meus irmãos seguiram o exemplo. Esta foi a quinta batida em nossas docas e navios de transporte nos últimos seis meses. Algum filho da puta estava tentando chegar até mim. E estava funcionando. Ninguém, porra, assumiu a empresa Adley. E ninguém me desafiou e viveu para contar a história. “Covardes,” eu disse. “Escondendo-se atrás de ataques furtivos e matando guardas. Enfrentem-me, cara a cara. Covardes. Porra, enfrentem-me!” Abri o cano da minha arma e verifiquei se estava cheio. Coloquei-o de volta no lugar e a coloquei no coldre do meu casaco. “Nós vamos dar uma olhada.” Eu me virei para Betsy. “Olhe Cheska. Não a perca de vista.” “Eu prometo, Artie,” ela disse, e eu senti o fogo se acalmar um pouco. Então saí da sala, meus caras atrás de mim. Quem quer que estivesse fodendo com nosso material iria morrer. Assim como os traficantes que haviam fodido com Ronnie e agora estavam de olho em Cheska. O diabo dentro de mim não me deixaria falhar.

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CAPÍTULO OITO CHESKA

Minhas pernas estavam presas. Tentei movê-las, correr para Freya rastejando no chão a alguns metros de distância, mas não consegui alcançá-la. Seus olhos se arregalaram e ela alcançou sua garganta. Sangue. Tanto sangue começou a escorrer de sua garganta, de seus ouvidos, de seus olhos. “Não!” Eu chorei, sentindo meu coração partir ao meio. “Cheska?” Virei minha cabeça para a direita e vi Arabella cambaleando em uma névoa. Ela estava procurando por mim, estendendo a mão para eu pegar. Para guiá-la para casa. “Arabella,” disse e estendi minha mão. Seus dedos quase encontraram os meus quando uma faca saiu da névoa e acertou seu peito. Seus lábios se moveram em um grito silencioso por ajuda. Mas ela caiu no chão. Eu gritei quando ela caiu, enquanto o corpo de Freya desaparecia em uma poça do seu próprio sangue. Então a névoa se dissipou. Dissipou-se e lá estavam todos eles. Freya, Arabella, papai e Hugo. Eles se foram ... estavam mortos. Minha garganta estava dolorida de tanto gritar e minhas bochechas doíam de tanto chorar. Eu não pude salvá-los. Não pude salvar suas vidas ... Ouvi o zumbido antes mesmo de abrir meus olhos. Era Freya. Ela estava sempre cantando enquanto se arrumava. Sorri,

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aliviada por ter sido apenas um pesadelo. Meu coração acelerado se acalmou enquanto eu tentava tirar o sonho terrível da minha mente. Abri meus olhos, apenas para ver um teto desconhecido. O zumbido ondulava no ar, mas era mais profundo do que a voz suave de Freya. Era mais suave e um pouco mais desafinado. Confusa, rolei minha cabeça para o lado e avistei uma mulher que nunca tinha visto antes. Ela tinha longos cabelos castanhos que caíam em ondas soltas sobre os ombros. Um lado do seu cabelo estava preso para trás, revelando pele de porcelana e olhos azuis brilhantes. Era alta e esguia, vestia jeans skinny preto com uma camisa branca enfiada na cintura. Ela era bonita. Eu fiz uma careta, imaginando quem poderia ser, então minha memória assumiu e começou a colocar os eventos recentes em mim como tijolos, o peso dos quais esmagou meu peito. Pai... Hugo... Freya... Arabella... Não foi um sonho. Não foi tão simples quanto um pesadelo. Foi real. Foi tudo real. Um soluço de dor escapou de meus lábios. Eles latejavam ao mesmo tempo. Eu levantei minha mão até a boca e senti que meus lábios estavam inchados, e me lembrei de ser atingida, ser arrastada para uma van... correndo. O Clube Sparrow. Arthur. Arthur… “Arthur,” sussurrei, minha garganta ardendo. “Shh.” A mulher trouxe um copo d'água à minha boca. Peguei o copo e tentei me sentar. Eu tinha que fazer algo. Meus amigos ... papai ... Hugo ... “Deixe-me ajudar”, disse ela, seu sotaque me atingindo, embora minha cabeça parecesse estar cheia de névoa. Ela era uma cockney, como Arthur. Ela colocou as mãos sob meus braços e me ergueu até que eu me sentasse. Deixei cair o copo, encharcando o lado da cama, pois a tontura me fez perder o equilíbrio. Segurei minha mão na cabeça e respirei até que o quarto se acalmou e a onda de náusea diminuiu.

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“Sinto muito,” eu disse, abrindo meus olhos e deixando minha mão cair na cama úmida. “Não se desculpe, querida,” a mulher disse e puxou os lençóis. Eu olhei para baixo; estava vestida com uma camisola. Não me lembrava de tê-la colocado. Eu não sabia o que estava acontecendo. Tudo parecia muito surreal. Como se estivesse lendo minha mente, ela disse: “Limpei e vesti você depois que o médico te examinou esta manhã.” “Esta manhã?” Eu perguntei, a confusão crescendo enquanto olhava ao redor do cômodo. Havia velhas vigas por toda parte; o telhado era inclinado, as paredes brancas e irregulares como muitos prédios antigos pareciam ser. Móveis vintage decoravam o quarto minimalista. A casa de Arthur. Sua famosa igreja convertida. A mulher parou ao meu lado. Eu procurei seu rosto de perto. Ela era tão bonita, com um punhado de sardas pontilhadas no nariz. “Querida, você está dormindo há cerca de vinte e quatro horas.” “Sério?” “Você estava exausta, garota. Seu corpo precisava de tempo para descansar depois do que passou.” Ela enrolou os lençóis e puxou-os da cama. “Você está forte o suficiente para se sentar nesta cadeira se eu te ajudar a se levantar? Preciso trocar os lençóis.” Movi meus pés e, apesar da dor em meu lado, fui capaz de movê-los para fora da cama. A mulher segurou meu braço e me ajudou a levantar. Engasguei-me um pouco quando a dor cortou minha ferida. Quando diminuiu, deixei que ela me ajudasse a sentar na cadeira. Era a cadeira em que Arthur estava sentado quando veio me ver. Se é que ele veio me ver. Talvez eu também tenha imaginado isso.

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“Sou Betsy.” A mulher me deu um sorriso devastadoramente lindo. “Betsy Adley.” Minhas sobrancelhas devem ter se erguido quando ela falou seu sobrenome, porque piscou e disse: “Prima de Arthur.” “Oh.” Apertei sua mão estendida. “Cheska.” “Oh, eu sei quem você é.” Não tinha certeza do que isso significava ou como interpretar o tom de suas palavras. Minha cabeça latejava e mal conseguia me concentrar. “Aqui”, disse Betsy. Ergui o olhar para dois comprimidos e um copo de água em sua mão. “Seu remédio do médico. Para a dor.” Entorpecidamente, peguei-os dela e engoli, rezando para que fizessem efeito rapidamente. Betsy tirou a roupa de cama e a cobriu novamente. Ela continuou olhando na minha direção enquanto o fazia. Quando terminou, ajudou-me a voltar para a cama, ajeitando travesseiros para colocar nas minhas costas para que eu pudesse sentar-me ereta. Senti-me como se estivesse em algum tipo de sonho horrível. Grandes ondas de emoções continuaram me atingindo como pedras. Tristeza, raiva, entorpecimento... entorpecimento... Eu valorizava o entorpecimento. Estendi a mão o mais forte que pude e me segurei naquela dormência. Então pensei em Arthur. Olhei para minha mão e pensei que podia sentir sua palma contra a minha. Seu toque suave. Meu olhar vagou para a porta. “Ele não está aqui”, disse ela. Eu olhei para ela. “Todos estão fora.” Betsy me entregou uma bandeja que não tinha notado em uma pequena mesa de centro perto de uma grande lareira. Sopa de tomate e pão com manteiga. “Eu estava deixando esfriar um pouco.” Ela colocou a bandeja no meu colo. “Experimente e coma um pouco. Você deve estar morrendo de fome.”

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Mas meu estômago revirou enquanto minha mente me forçava a voltar para minhas amigas no spa, para o vídeo de meu pai e Hugo. Meu corpo estremeceu e me engasguei para respirar. Não conseguia respirar. Senti que não conseguia respirar! A cama afundou e Betsy encontrou meus olhos. “Respire.” Betsy respirou fundo e acompanhei sua ação. Minha pulsação acelerada começou a diminuir e o torno que prendia meus pulmões em um aperto começou a afrouxar. Eu inspirei e expirei, espelhando Betsy até que o pânico diminuiu e deixou apenas feridas em meu peito. “Coma, Cheska. Você precisa de sua força.” Fiquei olhando para a sopa de tomate e tudo o que vi foi sangue. O sangue carmesim de Freya, o sangue de Arabella ... Papai e Hugo caindo nas cadeiras. “Eu não consigo tirá-los da minha cabeça,” sussurrei, meus olhos vidrados e minha mente me levando de volta para aquele lugar novamente. Mas quanto mais fundo eu caia nas memórias, mais sentia algo crescendo dentro de mim. Paredes. Paredes que se empilhavam umas sobre as outras em uma velocidade vertiginosa, tentando bloquear as memórias, tentando me impedir de estilhaçar. “Eu sei”, disse Betsy com compreensão. “Já estive em uma posição semelhante.” Ela encolheu os ombros. “Quero dizer, estar lá quando alguém que você ama foi morto. Bem na sua frente.” “Sério?” Eu perguntei, ao mesmo tempo em que me sentia como se estivesse sendo anestesiada. Cada respiração em meus pulmões e cada bombeamento de sangue em meu coração tirava a dor das emoções que estavam me destruindo, me devorando, me matando lentamente. Choque. Deve ser um choque. Eu não me importei. Só não queria sentir nada agora.

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“Minha madrasta”, disse Betsy, trazendo meu foco de volta para ela. Ela se levantou e me serviu outro copo d'água da garrafa na mesinha de cabeceira. Esvaziei o copo novamente. “Foi morta há um tempo por um inimigo dos Adley.” “Na sua frente?” “Bem na minha frente.” Betsy mal se encolheu ao dizer isso. Ela puxou meu cabelo para trás, juntou-o em sua mão e prendeu-o em um coque para mantê-lo longe do meu rosto. “É tudo muito recente para você. E esse tipo de evento não é a norma em sua vida. Mas, para quem vê esse tipo de coisa com mais frequência, fica mais fácil. Não o que aconteceu com eles, mas a perda. A capacidade de seguir em frente.” “Fica?” Perguntei. Mas já estava começando a sentir um pouco menos. Como se a dor estivesse sendo engaiolada em uma parte profunda de mim para me proteger. Presa com um cadeado até que eu estivesse pronta para libertá-la. Mas quando pensei no rosto de Arthur, senti tudo. Senti todas as emoções que já experimentei com ele — amor, felicidade, frustração e dor. Mas principalmente necessidade. Uma necessidade ardente, consumidora e abrangente. Tudo dentro de mim estava entorpecido, seguro atrás de paredes altas ... exceto ele. Ele era o guardião vigiando sua porta. Betsy sentou-se na cadeira de Arthur e guardei essa necessidade por Arthur. Em seu porto seguro. “Coma, querida.” Mergulhei roboticamente a colher na sopa e comi. Eu mal saboreei. O tempo todo, senti Betsy me observando. Não tinha certeza se era com suspeita ou preocupação. Quando terminei, ela retirou a bandeja, deixando-me sozinha por apenas alguns minutos antes de voltar. Eu a ouvi

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conversando com alguém no corredor. Meu coração imediatamente disparou com a ideia de ser Arthur. Eu queria vêlo. Precisava vê-lo. Ele me fez sentir segura. Estranhamente, ele sempre me fez sentir segura. Mas quando Betsy voltou, estava sozinha. Ela tinha uma taça de vinho na mão. Sentou-se na cadeira de Arthur e me estudou. “Então,” disse, depois de alguns minutos tensos. “Você é ela.” Não era uma pergunta, mas sim uma declaração de fato. “Ela?” Perguntei, engolindo o arrepio de mal-estar que surgiu dentro de mim com o estranho comentário. O lábio de Betsy se curvou para o lado. “Aquela que mantém um pedaço de vermelho na constante mortalha de escuridão de Arthur. Pelo menos é assim que Vinnie coloca. Por mais exagerado que seja, achei que foi muito poético.” “Eu ... não entendo.” Betsy deu um gole em seu vinho tinto. “Sei que não. Porque ele nunca te contaria. Porque meu primo teimoso e abnegado nunca pegaria o que precisava ou queria. Em vez disso, ele se permitiu ser consumido pelo mal, dia após dia, para poupá-la, até que não houvesse mais nada dele além de um fantasma sem alma de quem ele foi, cheio apenas de pecado, assassinato e morte.” “Arthur?” Perguntei, tentando decifrar os enigmas que ela estava falando. A porta se abriu, me interrompendo, e prendi a respiração. Mas uma mulher loira entrou, seguida de perto por uma deslumbrante mulher afro-caribenha segurando sua mão. As duas estavam vestidas com ternos pretos de três peças, ambas de salto alto. Mesmo com a minha dor, não pude deixar de pensar em como elas eram impressionantes juntos. Elas pararam no final da cama. “Vera”, disse Betsy, indicando a loira. “E a namorada dela, Ronnie.”

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“Olá”, eu disse, me perguntando quem eram e por que tinham vindo me ver. “Bem, você é ainda mais bonita pessoalmente, e isso é com o seu rosto neste estado lamentável”, disse Vera. Ronnie encolheu os ombros. “Eu entendo por que ele está tão preso a ela”, disse a Vera, colocando o queixo em seu ombro para me estudar mais um pouco. Vera sorriu maliciosamente e depois olhou para Betsy. “Então? O que vamos fazer?” “Acho que, pela maneira como ela fica olhando para a porta e prendendo a respiração toda vez que alguém entra, parece promissor.” “Do que você está falando?” Uma ponta de raiva rastejou através da névoa pesada em minha cabeça, incendiando o entorpecimento em meu coração. Betsy se inclinou para frente em sua cadeira. Vera cruzou os braços sobre o peito. “Por que você ia se casar?” Perguntou Betsy. Fiquei tensa e encarei Betsy em estado de choque. “O que?” Sussurrei, recusando-me a imaginar Hugo naquela cadeira, implorando por sua vida, apenas para receber uma bala na cabeça. “Por que você ia se casar?” Vera ecoou, e encontrei seus olhos azul-gelo que estavam friamente fixos nos meus. A expressão de Ronnie estava em branco, mas sua atenção estava em mim também. “P-porque eu o amava.” A meia-mentira parecia pecaminosa enquanto escapava da minha língua. Betsy recostou-se na cadeira, parecendo entediada. “Você o amava? Hugo Harrington?”

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Olhei para o anel em meu dedo e senti a energia sumir de mim, o fingimento. Lembrei-me de Hugo, de joelhos, me pedindo em casamento há um ano, e de como meu coração e meu estômago doeram porque ele não era quem eu queria. De como apenas um rosto veio à mente quando ele o fez. Arthur. Sempre Arthur. “Era esperado de mim.” Tirei o anel. Meu dedo parecia leve sem ele. Eu me odiava por pensar isso, mas parecia um fardo caindo. Segurei o anel de diamante de quatro quilates em minha mão, a pedra projetando lanças de luz da lâmpada ao meu lado na roupa de cama. “Meu pai... não teria permitido que eu recusasse.” Pisquei para conter as lágrimas e a dor residual que senti no peito pelo fato de que meu pai nunca se importou realmente com a minha felicidade. Ele precisava que o casamento acontecesse para que Hugo tivesse direitos sobre o negócio como herdeiro do meu pai. Para que a sociedade nos visse como um casal digno. Ele queria todos os seus patos em uma pequena linha organizada. “Você o amava?” Perguntou Vera. Olhei para ela, chocada com a pergunta direta vinda de alguém que eu não conhecia. “Hugo. Você o amava? E não minta. Não suporto mentirosos.” Parecia uma traição aos recém-mortos, mas eventualmente balancei a cabeça e sussurrei: “Não desse jeito, não”. Sorri sem alegria. “Mas acho que ele me amava, se isso importa.” Suspirei. “Estive com ele por anos. E não é como se eu tivesse mais alguém reclamando pela minha mão.” “Você tem certeza disso?” Ronnie perguntou. Fiz uma careta. “Mais que tudo.” “Você ama Arthur?” Betsy perguntou, tão diretamente quanto Vera. Virei minha cabeça para ela e senti o sangue fugir

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do meu rosto. Balancei minha cabeça, mas ao contrário da verdade que lutou para escapar quando me perguntaram se eu amava Hugo, a mentira sobre não amar Arthur foi menos expansiva. Um sorriso triunfante se espalhou pela boca de Betsy. Ela se virou para Vera e Ronnie, e uma conversa silenciosa foi compartilhada entre elas. “Ele não me ama,” finalmente disse, quebrando sua estranha comunicação silenciosa. Isso chamou a atenção delas. “O que importa se eu o amo se não for correspondido?” Endireitei meus ombros e juntei toda a coragem que ainda tinha dentro de mim. “Eu fui sua companheira de foda por cinco anos, isso é tudo. Ele me fodia e me deixava. Não me deixou entrar em sua vida, não me disse nada sobre ela.” Sorri, e até para mim parecia amargo. “Eu era a buceta chique que ele fodia porque podia. O amor nem mesmo entrou na equação para ele.” “Você é cega pra caralho”, disse Vera. Olhei para ela. “Como assim?” Ela balançou a cabeça, rindo para si mesma. “Por que sou cega, porra?” Retruquei, não me importando mais se ela fazia parte da empresa e poderia atirar em mim onde eu estava. O que diabos ainda tinha a perder? “Oh, olá. Aqui está ela, porra.” Vera olhou para Ronnie, sobrancelha levantada. “O que Vinnie disse? Ela tinha uma linha fina de escuridão ao seu redor também? Parece que acabamos de esbarrar nisso.” Betsy se levantou da cadeira e sentou-se ao lado da cama ao meu lado. “Cheska Harlow-Wright. O que minha irmã de armas está tentando lhe dizer é que Arthur, meu querido primo, é obcecado por você, com anzol, linha e chumbada. E que você...” ela fez aspas no ar “...a 'buceta chique' que ele fodia, é a única em

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toda a vida de Arthur que conseguiu mexer com algo dentro dele. A única pessoa que fez seu coração de concreto rachar o suficiente para deixar entrar qualquer tipo de luz.” Minha respiração estava presa, embora meu coração batesse como um punho. Não pude entender o que Betsy estava dizendo. Ela tinha que estar mentindo... mas por que ela mentiria? “Cheska, se acha que meu primo não te ama — de forma obsessiva, possessiva e um tanto perversa...” Ela sorriu. “Então você não é tão inteligente quanto seus vários diplomas em Oxford nos fazem acreditar.” “Ele me deixou,” argumentei, algo como uma luta acendendo dentro de mim, erradicando o entorpecimento que tinha me coberto nos últimos dias. “Naquela noite, depois de...” Olhei para as três mulheres ao meu redor e percebi que eram seus pais que tinham morrido naquela noite. “Quando você perdeu seus pais. Depois daquela noite, ele me deixou. Friamente. Brutalmente. Nunca mais ouvi falar dele. Ele me jogou de lado como se fosse um lixo.” Vera riu novamente. O som condescendente irritou meus nervos. “Ele foi até você. Em Oxford. Perdemos todos os líderes de nossa família, nossos pais. O pai dele entrou em coma, o nosso feitor, o chefe da nossa empresa. A merda atingiu a porra do ventilador para todos nós, e ele foi até você. O herdeiro do trono de Adley. Ele deixou todos nós aqui em estado de choque, entorpecidos e viajou para Oxford para você. E você acha que era apenas uma foda?” Vera se inclinou sobre o pé da estrutura da cama. “Você pode ser uma boa trepada, eu posso imaginar isso, boneca, mas nenhuma buceta é tão boa para que um cara como Arthur largasse todas as suas responsabilidades, no meio de um show de merda assassino, só para terminar com ela.” Eu a encarei, sem saber o que dizer, meu pulso disparado tão rápido que pensei que isso causaria um ataque cardíaco. “Mas a maneira como ele saiu...”

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Betsy tirou o anel da minha mão. Ela o segurou no ar. “Ele nunca disse, e nunca diria para nós — Arthur é uma maldita fortaleza.” Ela estudou o diamante. “Mas acho que pode ter algo a ver com isso.” Meu estômago despencou. Lembrei-me de acordar com ele segurando minha mão, olhando o anel, em seguida, jogando minha mão de volta para o colchão como se eu o enojasse. Não, eu não. Isso. Esse anel manchado de sangue. “Foi o início da sua ascensão.” Ronnie se sentou na ponta da cama e encostou-se na estrutura da cama, casual em minha companhia, como se fôssemos amigas por anos. “Sua ascensão ao Lorde das Trevas de Londres.” Ela falou aquele título dado pelo tabloide com um revirar de olhos cansado. “Ele voltou para casa naquela noite mudado. Qualquer luz que havia dentro dele foi apagada.” “Você,” disse Vera, sentando-se em frente à namorada na cama, o salto de sua bota quase perfurando o edredom. “Naquela noite ele perdeu nossos pais, o pai dele e ... você.” “Você não é uma garota chique com quem ele fodeu por alguns anos, Cheska. Você é a única que ele deixou entrar, mesmo que tenha sido pouco. Foi o máximo de sua alma que ele deu a qualquer outra pessoa. Você é a sua maldita salvadora”, disse Betsy. “De que?” Sussurrei, incapaz de processar tudo. “De si mesmo. Da escuridão que o devorou quase completamente”, disse Ronnie. “Isso o levará para baixo até que não tenha mais nada dentro dele, nenhuma humanidade, nenhuma vida de merda.” “Todo mundo tem medo de Arthur, e é por isso que ninguém se mete com a nossa empresa. Não se pode vencer um homem que não teme a morte”, disse Vera.

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“E por mais que isso nos sirva bem como uma família do crime, amamos nosso primo mais do que nosso lugar no topo do submundo de Londres”, disse Betsy. “Se ele continuar vivendo assim, morrerá sozinho, sem nunca conhecer o amor, e constantemente assombrado pelos fantasmas de todas as pessoas que morreram por sua mão.” Betsy suspirou. “Assim como seu pai.” Ela deu um gole em seu vinho. “Por mais que eu adorasse meu tio Alfie, na verdade, ele morreu anos atrás. Morreu quando minha tia e prima queimaram no incêndio de casa. E em vez de amar Arthur com mais força, ele o transformou em um homem que nunca poderia ser fodido. Que seria o chefe do crime mais formidável de Londres. Ele tornou seu filho impenetrável. Insensível. Ele o tornou mortal pra caralho.” “E um bruto que não conseguia expressar seus sentimentos. Tio Alfie temia que Artie ficasse fraco se o fizesse.” Vera estendeu o braço e segurou a mão de Ronnie. “Amor, Ches. Arthur foi criado para pensar que o amor era um caminho rápido para a ruína.” Ela sorriu, mas estava cheio tristeza. “O forte e formidável Arthur Adley, que mata sem remorso, corre para muito, muito longe à primeira vista do amor. Irônico, não? Eu diria que é a única coisa na vida que realmente o apavora.” “Então vem você,” Ronnie disse. “Rica, elegante e de um lado diferente do seu estilo de vida.” Ela encolheu os ombros. “Tenho certeza que foi fácil se convencer de que vocês dois nunca durariam, nunca iriam realmente começar.” Ela apontou para o anel. “E na noite em que ele deixa suas barreiras caírem e admite que precisa de você, deixando todos nós para trás em busca de você, ele desperta para isso.” Lembrei-me dele chorando, sentindo as lágrimas na minha barriga e seus braços apertados em volta da minha cintura enquanto me dizia que tudo tinha sido levado embora. Então me lembrei de seus olhos frios e mortos quando ele deixou meu apartamento sem nunca olhar para trás.

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Eu vi o que elas estavam descrevendo. Vi a rachadura que ele abriu em sua armadura grossa. Por algumas horas adoráveis, eu tinha visto o homem por baixo, o homem mantido escondido atrás de uma gaiola de ferro. E em vez de acariciá-lo, mergulhei minha espada na fratura e perfurei o corpo frágil por dentro, observando enquanto ele sangrava. “Ele está se mantendo longe de você”, disse Betsy. Eu mal conseguia vê-la com minha visão turva. “Ele me colocou para cuidar de você.” “Ele vai mantê-la segura, mas à distância”, disse Vera. “Não quero que ele faça isso,” disse, sentindo um novo tipo de propósito passando por mim. Com Arthur como objetivo. Eu iria apagar a dor que o anel indesejado havia causado. Iria curar, não alargar, a rachadura em sua armadura. “Não importa.” Vera inclinou a cabeça para o lado. “Ele está fodido, sabe?” Ela sorriu, e eu sabia que não era pena de Arthur. Era com orgulho. “Ele matou. Muito. Ele é a porra de um mestre libertador da morte.” “Eu sei.” Pensei nos homens em Marbella quando tínhamos dezoito anos. Como ele os cortou facilmente e fez o quarto cara cortar seu próprio pau. “E isso não te incomoda?” Perguntou Vera. Tentei encontrar ódio em meu coração pelo que e por quem Arthur era. Mas eu sempre soube. Sempre soube da família dele, do que havia feito. Testemunhei isso e ainda voltei para mais. E não conseguia encontrar dentro de mim algo que odiasse alguém que salvou minha vida. Duas vezes. Já tinha me salvado duas vezes.

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O mundo estava fodido. Talvez fosse necessário estar igualmente perturbado para realmente prosperar. Neste momento, principalmente com dormência e amargura correndo em minhas veias, isso não me incomodou em nada. “Não como deveria,” finalmente respondi. Todas as mulheres se entreolharam. Eu vi algo como alívio, e talvez uma pitada de excitação, uma faísca em seus olhares. Isso me fez sentir algo. Isso fez com que uma parte cavernosa de mim se enchesse de algo desconhecido. Mas principalmente, deixei o fato de que estavam dizendo que Arthur me amava afundar em meus ossos, erradicando as dores. Não pude acreditar. Uma parte de mim queria questionálas, acreditar que elas estavam me enrolando, me provocando de alguma forma, tentando me fazer fugir da casa de Arthur. Mas eu poderia dizer por seus rostos sinceros que não estavam. Elas adoravam Arthur; qualquer um poderia ver isso. Mas estavam com medo por ele também. Com medo de que esta vida que todos amavam o estivesse engolindo, puxando-o para um nível de inferno do qual ele nunca poderia retornar. “Não será fácil”, disse Betsy. Eu não tinha certeza se era para mim, para Vera e Ronnie ou para todas nós. Seu olhar se perdeu no fogo que ardia na lareira. “Ele vai lutar contra isso. Vai testá-la. Empurrá-la ao limite para ver o que ela aguenta.” Betsy piscou, voltando ao aqui e agora. “Ele vai desafiá-la se você tentar mostrar-lhe o seu amor. Ele vai resistir, porque é tudo o que sabe fazer. Tentará sabotar isso. Um futuro que disseram que ele nunca poderia ter, que foi avisado para não ter.” “Isso não é um passe para ele agir como um idiota completo, é claro,” Ronnie disse, curvando os lábios em um sorriso malicioso. “Não deixe o filho da puta arrogante escapar impune de qualquer coisa que te irrite. Não permita que ele te trate como merda.” Eu me vi sorrindo para ela. Ela piscou. “Empurre-o de volta. Desafie-o. Dê a ele um gostinho do seu próprio remédio.”

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Tentei imaginar um mundo onde Arthur pudesse me amar e eu pudesse amá-lo livremente. Eu nunca tinha me permitido acreditar nisso, só nas minhas fantasias mais profundas, então era um conceito difícil de entender. Mas essas mulheres estavam me dizendo que era possível. Que ele me queria tanto quanto eu o queria. Que estava lá para ser levado, se eu pudesse mergulhar em sua escuridão para encontrá-lo. A luz bruxuleante que aparentemente ainda permanecia. Eu estava me afogando em luto. Ondas esmagadoras de tristeza estavam me engolindo por inteira, me arrastando para as profundezas. Mas a possibilidade de ter Arthur — amando-o e ele me amando em troca — era semelhante a ter sua mão mergulhando no mar agitado e revolto, puxando minha cabeça para fora da água. Eu pensei em minha vida agora. O caminho estranho e desconhecido que estava diante de mim, construído com sangue e as mortes daqueles que eu amava. A inquietação estremeceu dentro de mim ... mas não quando pensei em Arthur caminhando ao meu lado. Segurando minha mão. Com ele me segurando, eu ficava calma. “Eu o amo,” disse novamente, mais forte desta vez, com mais convicção. “Sempre o amei. Ninguém mais. Só ele.” Sorri, não me importando que o corte em meu lábio ardesse enquanto eu fazia. Guardei essa confissão por muitos anos, nunca a confessei a ninguém. Mas estava confessando isso agora, tão honestamente quanto um peregrino católico esvaziando sua alma para o padre. Parecia adequado que a confissão fosse feita em uma igreja convertida, e ironicamente sobre um homem que foi apropriadamente comparado ao próprio diabo.

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“Ótimo”, disse Vera, e percebi seu sorriso fugaz. Talvez ela não fosse tão difícil quanto aparentava ser. “Agora, mudando de assunto.” Ronnie puxou um pedaço de papel do bolso e colocou uma foto diante de mim. Levei alguns minutos para me concentrar novamente na brasa de esperança que acendeu em meu coração partido. A imagem apresentava algum tipo de marca, uma marca na pele de alguém. Era circular com uma forma de V no interior. “Você reconhece isso?” “Não,” eu disse, franzindo a testa. “Eu deveria?” “Era dos seus atacantes”, disse Betsy, então olhou cuidadosamente para Ronnie. Ronnie se sentou e tirou a jaqueta e o colete. Ela desfez a gravata e os primeiros botões da camisa e puxou a camisa de lado. Sua pele escura era lisa e lindamente rica em cores, exceto por uma pequena marca no centro de sua omoplata. Inclinei-me para olhar mais de perto e parei. Era a marca da foto. A que os atacantes usaram. “Você trabalhava para eles?” Eu disse, sentindo o medo instantâneo afundar em mim profundamente. Ronnie girou a cabeça e seus olhos escuros ficaram gelados. “Eu não trabalhei para eles, Ches. Fui levada por eles.” “O que?” O quarto ficou silencioso e cheio de tensão enquanto Ronnie se vestia, até seu paletó. Ela se recostou na cama. “É uma história para outra hora, mas fui sequestrada por eles.” Vera segurou a mão de Ronnie. Ronnie apertou seus dedos com força. Além desse movimento revelador, Ronnie estava ilegível, parecendo inabalável. “Fui traficada, Ches. Eu fui prostituída e escravizada.” A bile subiu pela minha garganta. Ronnie respirou fundo. “Os Adleys me salvaram. Trouxeram-me para o seu rebanho.” Ela apontou para a foto da marca. “Tenho procurado

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por esses malditos desde então.” Ela ergueu os olhos para mim, promessa em seu olhar. “E quando eu os encontrar, vou matálos. Cada um deles.” “Eles não podem ser rastreados”, explicou Vera. “Raramente deixam qualquer sinal de si mesmos para trás. Ninguém sabe quem eles são. Estamos perto de muitas famílias e organizações criminosas em Londres, merda, em todo o Reino Unido. Ninguém os conhece.” “Seu vídeo foi a primeira evidência que tivemos sobre eles em anos”, disse Betsy. “Esperávamos que você pudesse lançar alguma luz sobre eles.” Eu balancei minha cabeça. “Não tenho ideia de quem são eles.” Fiz uma pausa quando algo veio à mente. “Meu pai. Os homens mencionaram que meu pai e Hugo deviam dinheiro a eles. Que não os pagaram por algum tipo de empréstimo.” Outro pensamento me ocorreu. “Harlow Biscuits? Quem está comandando lá agora? As pessoas estão procurando por mim? A polícia?” “O conselho interferiu nos negócios de sua família. Eles têm tudo sob controle por enquanto. Mas você é oficialmente uma pessoa desaparecida.” Vera sorriu largamente ao dizer: “Mandamos os porquinhos em uma caçada para levá-los para muito, muito longe de nós. Isso nos dá algum tempo para descobrir exatamente com quem estamos lidando.” “Arthur não vai parar até que ele os encontre. Eles foderam com o que é dele. Então, todos vão morrer. Essa é a lei da fodida terra dele.” “Dele ...” eu disse, gostando do jeito que soou quando saiu da minha língua. Gostei demais.

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“Quer ele admita ou não, você é dele”, disse Betsy, pura travessura em sua expressão. “Ele anda adormecido sobre isso, Ches. Eu diria que é hora de acordá-lo.” Um pensamento rapidamente veio à mente. “Os computadores do meu pai. Seu e-mail de trabalho. Seu telefone. Seu laptop doméstico. Talvez eles possam ajudá-lo. De Hugo também. Eles tinham que se comunicar com alguém sobre tudo isso. Deve haver algo em algum lugar que possa lhe dar uma pista.” “Bem pensando, querida.” Ronnie puxou seu telefone. “Vou pedir para trazê-los para mim.” Enquanto Ronnie digitava em seu telefone, eu a observei, me perguntando o que ela havia passado. Quando o fiz, percebi a realidade do que estava acontecendo comigo. “Eles iam me traficar”, eu disse em voz alta, um calafrio me envolvendo. “Era sobre esse pagamento que eles estavam falando, não era? Não me mataram porque iam me vender? Recuperar o dinheiro que meu pai e meu noivo deviam?” “Você teria sido um bilhete de alto preço também,” Ronnie disse, como se estivesse falando sobre mantimentos em geral. “Já vi leilões suficientes para saber. Eles vão ficar muito chateados que você fugiu.” “Então eles vão me querer de volta,” percebi. Se poderiam ter me vendido por muito dinheiro, isso significava que eu era um ativo que não perderiam. Uma mão passou pela minha e imediatamente afugentou um eco do frio. “Você é uma Adley agora. Ninguém vai te pegar,” Betsy disse, seu toque exatamente o que eu precisava. “Uma Adley,” repeti. Betsy disse isso com tanta certeza, tanta convicção, que me fez acreditar. Fez-me desejar isso. Fezme querer ser digna disso.

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“Onde está Arthur?” Eu perguntei. Betsy sorriu com conhecimento de causa. “Ele viajará a negócios nos próximos dias. Mas deve voltar no fim de semana. Isso lhe dará muito tempo para descansar e se curar. O médico disse que você já deveria estar se sentindo melhor. Quase de volta ao normal, eu diria.” “Sábado à noite”, disse Vera, seu anúncio me confundindo. Ela saiu da cama. “Vamos ver se nossa princesa de Chelsea consegue convencer o 'senhor' de que ela pode vir conosco em nossa pequena noite fora.” “Onde?” Eu perguntei. “Você vai ver”, disse Ronnie, claramente confiante de que Arthur iria ceder e me levar a tudo o que elas estavam se referindo. Quando o casal saiu da sala, Vera gritou por cima do ombro: “Vamos torcer para que você não tenha mentido quando perguntamos se a linha de trabalho de Arthur a incomoda ou não”. Isso significava que só uma coisa nos esperava no sábado. A única coisa que Arthur parecia trazer em abundância para a cidade de Londres: morte.

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CAPÍTULO NOVE ARTHUR

Joguei meu casaco no armário de cabides e caminhei pelo corredor. Abri a porta do quarto do meu pai. Sua enfermeira estava trocando suas bolsas de nutrientes. “Nenhuma mudança, senhor”, ela disse, reconhecendo-me, e assenti. Olhei para o rosto do meu pai. Ainda pálido. Ainda magro. Ainda em um maldito coma. Fechei a porta atrás de mim e fui para o quarto de hóspedes. Eu pretendia passar da porta do meu próprio quarto. Na verdade, prometi a mim mesmo que manteria minha maldita cabeça baixa e simplesmente ignoraria. Em vez disso, parei bem na frente dele e girei a maçaneta. Já passava das duas da manhã. Estava muito escuro lá fora e eu estava exausto. Mas não exausto o suficiente para lutar contra o fodido puxão que me trouxe para dentro do quarto. Eu abri a porta. As luzes estavam apagadas, mas a luz do fogo ardente foi o suficiente para vê-la. Tentei ficar na porta, para vê-la de longe, mas ela se virou dormindo, rolando em minha direção, e me vi entrando. Dei somente seis passos antes de ficar completamente imóvel. Os hematomas em seu rosto quase desapareceram. O inchaço em seus lábios havia reduzido, tornando-os do tamanho normal, e os cortes em seu corpo mal estavam lá. Ela parecia a Cheska que conheci. Minha garota certinha de Chelsea, aquela em que me afundei semana após semana. Nunca foi o suficiente. Nunca a fodi o suficiente.

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Encarei a porta aberta atrás de mim. Vá embora, seu idiota de merda, eu disse silenciosamente para mim mesmo. Mas não fiz isso. O estúpido sádico que sou se sentou na poltrona e apenas a ouviu respirar. Assisti seu peito subir e descer. E tentei não imaginar o que teria acontecido com Cheska se os traficantes a pegassem. Onde diabos ela estaria agora? Para onde diabos eles a teriam levado? Meus punhos estavam cerrados com tanta força que meus ossos doíam. Não havia nada. Nada que a pesquisa de Ronnie tivesse sinalizado até agora. Nada que meus conhecidos tivessem ouvido. Foi um trabalho de um desgraçado inteligente. Ninguém sabia de merda nenhuma. E isso estava me irritando pra caralho. Sou um homem que precisava de respostas. Quando se tratava de Cheska Harlow-Wright, e eu não tinha nada. Ela sempre fodeu com minha mente. Tipo uma fodida equação de álgebra que meu professor idiota esperava que eu resolvesse. Incrivelmente impossível. Cheska se moveu e o edredom escorregou por seu corpo. Ela estava vestida com uma camisola de seda roxa. Isso me fez pensar na primeira vez que a fodi em Marbella. Ela estava vestindo roxo naquela noite, parecendo uma maldita deusa enquanto subia no meu iate na escuridão da noite. Pensando nela naquela época, e vendo-a agora, precisei de todas as minhas forças para não subir na cama ao seu lado e transar com ela como nos velhos tempos. Mas eu me forcei a ficar de pé. Não faria isso. Eu não seria pego nisso novamente. Mas quando ia sair, vi sua mão. A maldita mão esquerda. A fenda no meu peito que nunca fechou começou a doer, a se alargar com a visão do dedo anelar esquerdo sem aquele maldito diamante em volta dele. Ele se foi. Aquela algema com Hugo, o babaca, havia

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sumido. Eu não conseguia desviar o olhar. Não conseguia desviar o olhar daquele dedo nu. Saia. Agora, idiota, eu disse a mim mesmo e tirei minha cabeça das nuvens. Eu estava cansado. Estava cansado pra caralho. Isso era tudo. Saí do quarto e tomei banho, tirando o peso dos últimos dias de mim, fazendo novos contratos com traficantes e perseguindo pistas sobre quem diabos pensava que seria uma boa ideia foder com minhas docas. Nada. Exatamente como o que estávamos encontrando sobre os fodidos que tentaram levar Cheska. Uma pilha de nada. E estava me deixando mal. Limpei o vapor do espelho do banheiro e encarei meu reflexo. Eu tinha que manter a porra da minha cabeça no jogo. Encontraria os idiotas que pegaram Cheska e depois a deixaria ir. Essa garota havia dominado minha cabeça muitas vezes nos últimos dias. Betsy estava verificando-a de perto e me dando atualizações. A porcelana da pia rangeu. Quando olhei para baixo, minhas mãos estavam cerradas na borda, quase a partindo em duas. Movi minhas mãos e as corri pelo meu rosto. Coloquei meus óculos e me deitei na cama, olhando para o teto. Eu não poderia me permitir fazer isso. Tinha minha família para proteger. Uma tonelada de gente para manter longe de nossas portas. Cheska era uma distração que eu não podia ter.

“Quem diabos está aqui?” Eric perguntou enquanto caminhávamos em direção ao armazém abandonado nos arredores de Essex. Eric parou ao lado de uma Mercedes. “E que

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filho da puta insípido preferiria um carro alemão a um britânico? Eles não ouviram falar dos Bentleys? Aston Martins? Idiotas não patrióticos.” “O velho Sammy disse que tinha outro grupo para o qual estava pensando em vender o cais”, Charlie disse, mantendo-se ao meu lado. “Arthur aqui disse que respeitava muito o velhote para forçá-lo a nos dar isso.” Charlie sorriu e me cutucou. “Claro, seria um jogo fodido se o Velho Sam for com o outro comprador. Eles desejarão nunca ter nos conhecido.” Um cara cheio de esteroides do sindicato do velho Sammy abriu a porta do armazém. A mesa de reunião estava bem à nossa frente. O velho Sammy estava sentado à cabeceira da mesa e à sua esquerda estava... “Os malditos Lawsons. Claro que são eles”, Freddie murmurou ao meu lado. O porra do Ollie Lawson se levantou da mesa, seu capacho de mão direita, Nick, seguindo o exemplo de seu feitor. Ollie era todo sorriso, seus dentes brancos ofendiam meus olhos. “Aqui estão eles, Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda.” “É melhor eu ser Lancelot neste cenário”, Eric disse, flanqueando Freddie. “Ele era o cara bonito, certo?” “E o que isso faz de vocês?” Charlie disse para Ollie. “Os plebeus abaixo de nós?” Charlie ajustou sua abotoadura e eu vi a mandíbula de Ollie flexionar. O filho da puta nos odiava tanto quanto nós o odiamos. Quase. Éramos óleo e água. Nossos negócios funcionavam noite e dia. Nós não nos misturamos.

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“Sente-se, sente-se”, disse o Velho Sammy, apontando para as cadeiras do lado livre da mesa. Puxei meu assento ao lado de Sammy e me sentei. Isso me colocou diretamente em frente à Lawson. Ele me encarou, e precisei de tudo para não puxar meu revólver e fazer um buraco em sua testa. Mas, como meu pai me ensinou, não reagi. Eu não dei porra nenhuma. Permaneci neutro. Ele não valia a pena a bala desperdiçada. “O que está acontecendo, Sammy?” Charlie perguntou. “Você será legítimo com a gente?” Charlie se virou para Ollie. “Ou vocês desonrarão e venderão sua alma para o lado negro?” “Meu negócio é legítimo”, disse Ollie. “Na verdade, está indo tão bem que preciso de mais docas para atender à demanda. Alguns de nós não precisamos recorrer ao crime para ter sucesso.” Eu acendi um cigarro e soprei a fumaça sobre a mesa, bem na cara de Ollie. As narinas dele dilataram-se. “O que você quer por isso, Sammy?” Eu perguntei. Queria acabar com isso e pronto. “Corte a maldita teatralidade e faça sua escolha — este fracote patético ou nós.” “Mais drogas para fornecer às massas?” Ollie perguntou, sorrindo. Uma arma disparou. Os homens do velho Sammy saíram rastejando de seus postos, com as próprias armas em punho. Virei os olhos pela mesa em direção a Vinnie, que havia disparado para o ar. Ele riu alto. “Apenas verificando se estava carregada.” Vinnie apontou a arma direto para a cabeça de Lawson. Ollie congelou quando Vinnie inclinou a cabeça, fechando um olho enquanto mirava. Ollie pulou fora de si quando Vinnie bateu com a mão na mesa e gritou: “BANG!”

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Vinnie riu mais alto, sua risada doentia e provocadora dirigida diretamente a Ollie, que se retraía. A risada que a maioria das vítimas de Vin ouvia antes dele rasgar suas gargantas. “Ra-ta ta, Ra-ta ta”, ele cantou, então apontou o dedo para Ollie e Nick, a porra da morte em seu olhar. “Todos eles caem.” “Você está de brincadeira”, Ollie rosnou, batendo em sua cabeça. “Fodido da cabeça.” “Uma avaliação correta”, disse Freddie, o olhar em seus olhos apenas desafiando Ollie a atacar. Ollie enfiou a mão no bolso. Eu o observei como um falcão. Mas o idiota não ousaria nos atacar; não era quem ele era. Apenas puxou um pedaço de papel e o colocou na mesa diante de Sammy. “É isso que estamos preparados para lhe dar. Deixeme saber o que você decidir.” Ollie balançou a cabeça para Nick e os dois saíram da reunião. Quando a porta foi fechada, Sammy disse: “Nunca daria nada para aquele idiota pomposo. Eu devia um favor ao pai dele. Sempre pago minhas dívidas. Essa foi a última — apenas deixar aquele idiota chique entrar aqui para esta reunião já foi pagamento suficiente para seu velho. Dívida paga.” “O pai dele morreu no ano passado”, Eric disse. “Pode me chamar de antiquado, mas uma dívida pendente ainda é uma dívida pendente.” Sammy balançou a cabeça, rindo e chupando o cachimbo. “A doca é sua.” Ele piscou para mim. “Sempre será dos East Enders. Se você não nasceu e foi criado nessa região, não vai receber merda nenhuma de mim.” Eu me levantei e apertei a mão de Sammy. “Essex, Sammy. Sério?” Ele encolheu os ombros. “A bola e a corrente velha queriam sair da cidade. Eu não poderia ser incitado a lutar por isso. Estou velho e não tenho mais a porra da energia.”

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“O dinheiro será entregue hoje à noite”, Eric disse, apertando a mão de Sammy também. Quando nos viramos para sair, Sammy disse: “Pesada é a cabeça que usa a coroa, Arthur.” Parei e me virei para um dos amigos mais próximos do meu velho. Ele estava recostado em sua cadeira, cachimbo na boca. E estava olhando diretamente para mim. “Felizmente, eu tenho um pescoço forte pra caralho.” Sammy não reagiu, mas assentiu, recebendo a mensagem para deixar isso pra lá. Se alguém mais tivesse dito isso, não teria sido sem consequências. Mas este era o Velho Sammy. Ele era uma fodida lenda do East End. Ele era família. “Além disso, você não ouviu?” Eric passou o braço em volta do meu pescoço. “O Rei aqui tem a porra de sua Távola Redonda para mantê-lo sob controle. Basta perguntar a Lawson.” “Isso ele tem”, Sammy disse e acenou para seu homem abrir as portas. Saímos e eu subi no primeiro carro. Charlie também entrou. O resto dos caras se sentaram no carro atrás de nós. Quando saímos, a caminho de Bethnal Green, Charlie disse: “Estou mandando gente para observar Lawson. Aquele filho da puta me irrita.” Acendi meu cigarro e respirei fundo. “Ele é um maldito falso. Um rico idiota brincando com o dinheiro do papai.” Eu dei outra tragada. “O idiota não saberia o que fazer se realmente quisesse jogar fora das regras e entrasse no submundo. Ele estaria destruído no segundo que passasse pelos portões.” “Mesmo assim, a maneira como ele olhou para você”, Charlie disse, olhando pela janela, observando as árvores se transformarem em uma longa linha escura. “Estou colocando homens sobre ele. Quero saber se ele cagar da maneira errada. Esse filho da puta não me desce bem.”

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Lembrei-me de como, em Marbella, ele cobria Cheska como uma maldita segunda pele. O cara era um fodido canalha. Mas deixei Charlie segui-lo. Se aquele filho da puta pisasse um centímetro fora da linha, eu queria saber. Abaixei minha janela e joguei meu cigarro acabado na estrada. O vento frio encheu o carro e eu o deixei lavar meu rosto. “Você arrumou tudo para amanhã à noite?” Perguntei a Charlie. “Feito.” Meu primo sorriu. “Está tudo pronto.” Eu balancei minha cabeça. Eu mal podia esperar, porra. Tinha uma raiva reprimida que precisava libertar. E eu a libertarei, porra.

Sentei-me ao lado do fogo no escritório do meu velho. Não havia janelas na pequena sala. Estantes de livros do chão ao teto cobriam as quatro paredes. Duas escadas de biblioteca encostavam-se a elas de cada lado da sala. A velha escrivaninha ocupava o lado norte, e duas poltronas com encosto lateral estavam diante da grande lareira. Uma pequena mesa estava entre as cadeiras. E no topo estava o velho tabuleiro de xadrez do meu avô. Sentei-me em uma das poltronas. Estive aqui por horas. Eu sabia que estava escuro lá fora, mas não fazia a porra da ideia de que horas eram. Duas da manhã, talvez? Não me importava, porra. Eu era noturno por natureza. Tarde da noite não era novidade. Um grande copo de gim estava na minha frente. Apenas as luzes do fogo e uma lâmpada de pé enchiam a sala. Este era o

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lugar favorito do meu velho. Um lugar onde podia se excluir do mundo e das pressões de liderar a família por um minuto. Era meu lugar favorito por esse motivo também. Bebi meu gim e movi um peão no tabuleiro de xadrez. Eu encarei as peças. Minha vida inteira foi apenas um grande jogo de xadrez entre mim e Deus. Eu não tinha certeza de quem diabos estava ganhando. A porta se abriu lentamente. Eu estava prestes a dizer a quem quer que fosse para ir se foder e me dar algumas malditas horas de paz, quando vi o familiar cabelo escuro e olhos castanhos esverdeados aparecerem na porta, não abri minha boca. O olhar de Cheska percorreu o escritório. Um lampejo de sorriso apareceu em seus lábios enquanto ela se perdia na massa de livros. Enquanto estava ocupada observando os livros, eu estava ocupado olhando para ela. Seus hematomas estavam praticamente desaparecidos, havia apenas um lugar em sua bochecha, onde um leve tom azul era aparente em sua pele morena. Ela usava jeans skinny e uma camiseta branca curta. Não havia um resquício de maquiagem em seu rosto, e ela ainda parecia uma maldita modelo. Como se tivesse ouvido esse elogio, ela se virou para mim e endireitou os ombros. “Então, é aqui que você está se escondendo?” Seu fodido sotaque chique de Chelsea tomou conta de mim. Normalmente eu não aguentava essa besteira inglesa da realeza, mas era perfeito vindo dela. Acendi um cigarro e apenas a observei, perguntandome o que ela poderia fazer, por que ainda estava aqui. Eu deveria tê-la mandado embora, de volta para o meu quarto e fora da minha vista. Mas minha boca escolheu ficar fechada.

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Ela deu um passo mais para perto, olhando para mim por cima do ombro enquanto se virava e fechava a porta. Quando a fechou, ela se encostou na madeira velha. Cheska encontrou meus olhos de frente. Então seu olhar me examinou. “Arthur Adley sem paletó, colete e gravata”, ela disse, sorrindo. “Uma visão rara.” Eu os tirei no minuto em que cheguei em casa do armazém do Velho Sammy. Eu terminei os negócios por esta noite. Abri alguns botões da minha camisa e me sentei aqui para beber e fumar, sem pensar. O problema me encontrou de qualquer maneira. Problema na forma de uma garota rica com pernas longas e a buceta mais doce que eu já provei. “Coleção impressionante”, Cheska disse, caminhando ao longo das estantes. Sua mão correu ao longo da lombada de centenas de velhos livros de capa dura. Ela estava se aproximando de mim, usando os livros como desculpa para atrair a atenção. Ela parou no carrinho prateado de bebidas do meu velho. “Posso?” Ela ergueu um copo de gim de cristal. Eu balancei a cabeça, dando outra longa tragada no meu cigarro. Cheska serviu-se de um gim com tônica e passou por mim, parando na poltrona livre à minha frente. Eu não a estava convidando para se sentar, mas queria ver se ela fugiria da minha falta de educação ou se sentaria mesmo assim. Cheska me olhou bem nos olhos e abaixou-se para se sentar. Minha bochecha se contraiu com o desafio em seus olhos. Seu queixo se ergueu e me perguntei se isso era o que aquela escola particular chique que ela frequentou lhe ensinou. “Você não foi me ver”, ela disse, sem rodeios, e tomou um gole de gim. Ela claramente queria que eu a visse como uma

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destruidora de bolas que não dava a mínima para a minha permissão para estar aqui. Mas o leve tremor em sua voz adequada denunciou seu nervosismo. “Tenho estado ocupado.” Baixei meu gim sobre a mesa e tirei os óculos. Limpei meus óculos na minha camisa e os coloquei de volta no rosto. “Ocupado...” Ela assentiu. “Estou me sentindo melhor agora, obrigada por perguntar.” Ela ergueu as pernas até a cadeira, enrolando o corpo enquanto se inclinava para mais perto do fogo. O reflexo das chamas laranja e vermelha dançaram em suas bochechas, colocando fogo em seus olhos enquanto ela olhava para mim. Ela agarrou o gim nas mãos, olhando-me por cima da borda do copo de cristal. “Que tipo de negócio você tinha?” Ela perguntou, nesse momento soube que ia me ferrar com a reação a alfinetada dela. “Negócio de família”, respondi. Ela acenou com a cabeça, mas vi o flash de rejeição em sua expressão. Ela inalou profundamente. Seus seios pressionados contra sua camiseta, e levou tudo que eu tinha para manter minha bunda no assento e não virar a porra do tabuleiro de xadrez entre nós e fodê-la no chão. Cheska não tinha uma maldita ideia do que eu estava imaginando, como eu a queria presa contra os livros que ela tinha acabado de admirar enquanto batia nela por trás. Ela gesticulou em direção ao tabuleiro de xadrez. “Você está jogando sozinho?” Terminei meu cigarro e o joguei no fogo. “Você joga?” Amaldiçoei a porra da minha língua por fazer a ela a pergunta. Eu tinha jurado manter a garota de Chelsea à distância. Nós encontraríamos os filhos da puta que a tinham caçado, e ela correria de volta para sua vidinha perfeita, longe do Lorde das Trevas com quem ela fodeu por um tempo. Eu sabia

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como essa história se desenrolava. Realeza e a plebe não se misturavam. “Deus, não.” Ela riu. O som viciante encheu a sala. Não havia janelas para aquela risada escapar. E eu sabia que aquele som me assombraria toda vez que entrasse neste maldito cômodo de agora em diante. “Eu nem saberia por onde começar.” Ela se inclinou para frente, e a gola da sua camiseta mostrou-me seus seios sem sutiã por baixo. Os seios que tive na boca centenas de vezes. Os mamilos que eu rolei na minha língua e mordi para fazêla gritar. Ela olhou para mim através de seus longos cílios. Ela sabia o que estava fazendo, mas não mostrei uma fodida reação. Deixeia tentar me seduzir como uma maldita sereia. Queria ver o quão longe a princesinha chique estava disposta a ir para tentar me colocar no chão. Ela apontou para uma das peças. “Quem é este?” “Um peão.” Cheska acenou com a cabeça, absorvendo. “Uma peça de valor inferior?” “Um soldado”, eu disse. “Não tem tanto poder quanto os outros, mas é necessário mesmo assim.” “Como seus soldados?” Ela perguntou. “Para sua empresa?” Claramente, a garota de Chelsea estava fazendo sua pesquisa. Sem dúvida, a informação veio de Betsy. Eu sabia que minha prima gostava de Cheska. E vi a ideia e astúcia nos olhos de Betsy sempre que ela mencionava Cheska para mim. Eu não sabia o que minha prima estava fazendo. Mas o que quer que fosse, não funcionaria. “Como meus soldados”, confirmei.

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Cheska acenou com a cabeça e depois foi até a torre. Ela apontou para a peça do castelo. “Só consigo movê-la lateralmente ou para frente e para trás”, expliquei. Ela apontou para o cavalo. Falei com ela sobre as peças até que restassem duas. “Então”, ela disse, “estes devem ser o rei e a rainha. Não sei muito sobre xadrez, mas sei o mínimo.” “Eles são o rei e a rainha.” Cheska recostou-se na cadeira e estudou o quadro. “Então, todos esses...” ela apontou para as peças. “O objetivo do jogo é proteger o rei?” Eu balancei minha cabeça. “Se o rei cair é xequemate?” Eu balancei a cabeça novamente. “E deixe-me adivinhar”, ela disse, com uma boa dose de malícia em sua voz. “O rei tem mais poder?” “Pelo contrário”, respondi e terminei meu gim. Eu coloquei meu copo na mesa. “Essa honra pertence à rainha.” A boca de Cheska se abriu, mas nenhuma palavra saiu. Peguei o rei e estudei a peça de ébano ornamentada. O topo coroado com a cruz. “O rei é uma das peças mais fracas. Precisa de todos os outros para protegê-lo, pois suas habilidades são limitadas.” Eu fixei meu olhar em Cheska. “Ele precisa especialmente da rainha.” Cerrei os dentes, mas me permiti dizer: “Ela é a peça mais importante para ele. Sua proteção. Sua força.” “Sério?” Cheska disse e sua voz diminuiu. Um rubor cobriu suas bochechas e ela lambeu os lábios. “E sem ela?” “O rei é facilmente capturado. Xeque-mate. Fim de jogo.” Cheska concordou. Ela olhou para os livros que nos cercavam, mas eu sabia que ela não estava olhando seus títulos ou capas. Ela voltou para o tabuleiro de xadrez, então pegou a rainha. Era marfim, ostentando orgulhosamente a coroa.

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Cheska terminou seu gim, baixou o copo sobre a mesa e, em seguida, corajosamente encontrou meus olhos. “Então eu diria que é do interesse do rei parar de afastá-la.” Deixei suas palavras afundarem. Então deixei a tocha que ela tinha acabado de trazer para a minha pederneira acender. Cheska nunca desviou o olhar de mim. Ela estava me pressionando. Desafiando-me. Tentando foder comigo. Isso era novo. Eu sorri. Largo. Seus olhos se arregalaram. Inclinei-me para frente, apoiando os cotovelos nas pernas. “O rei não gosta de jogos mentais”, disse e observei o peito de Cheska subir e descer com mais força. “Ele não perde seu tempo com rainhas que têm um lugar fodido em seu mundo.” Larguei meu rei de ébano bem ao lado de sua rainha de marfim. Uma luz. Uma escuridão. Lados opostos. “Rainhas que fingem que anseiam pela escuridão, mas na verdade querem um nobre cavaleiro em um cavalo branco que a levará para um castelo como a porra de um conto de fadas.” Inclinei-me ainda mais sobre o tabuleiro. Cheska ficou onde estava, sua falta de submissão fazendo meu pau se contorcer na calça. Eu podia sentir o cheiro do gel de banho que ela estava usando — amêndoa ou alguma porcaria assim. Algo doce. Algo que me fez querer lamber cada centímetro de sua pele. “O rei que a rainha pretende provocar é essa escuridão.” As bochechas de Cheska ficaram vermelhas, sua pele morena incapaz de disfarçar sua necessidade crua de merda. “Ele não mora em um castelo de marfim. Ele vive entre os monstros na floresta assombrada. Não há luz do dia em seu mundo, apenas noite. Uma fodida noite perpétua. Sem lua e sem estrelas no céu, a paisagem com nada além de árvores sem vida com galhos quebrados e roseiras mortas entrelaçadas com espinhos como adagas.”

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Estudei o rosto de Cheska, fodendo-me ao tentar imaginála em meu mundo. Tentando imaginá-la ao meu lado — uma rainha da primavera caída, segurando minha mão manchada de sangue. Eu empurrei isso da minha mente. Não era real. Nunca poderia ser real. “E ao redor do seu reino havia os piores horrores que cada nível do inferno poderia conjurar. Demônios e feras, todos em busca do trono maléfico do rei, abutres circulando, se preparando para roubar sua coroa. Seu trono foi construído sobre os ossos de seus inimigos, pelas vítimas que ele dilacerou com suas mãos e garras.” Inclinei-me ainda mais perto. Tão perto que senti a respiração de Cheska deslizar pelo meu rosto. “As vítimas que ele gostava de matar, gostava de derrubar, roubando seu último suspiro enquanto ele as via lutar por respirar.” Cheska respirou fundo. “No entanto, a rainha ainda o quer”, disse, e a rachadura que ela provocou no meu peito de concreto anos atrás começou a latejar. Eu segurei seu olhar. Desafiando-a a desviar o olhar. Dizendo-lhe silenciosamente para correr. Para pular da cadeira e correr enquanto ainda podia. “A rainha sabe quem e o que é o rei das trevas, e ela ainda quer ficar ao seu lado.” Ela baixou os olhos. Eu inalei uma respiração, sabendo que ela acabaria falhando em meu desafio. Mas seus olhos voltaram para os meus, girando com a porra de fogo. “Ela sempre quis estar ao lado dele. Mesmo quando não sabia o que significava estar com ele, o que isso implicava. Quando ela não sabia de tudo.” “Ela não sabe de tudo, porra”, rebati, minha voz pingando veneno. Levantei-me da cadeira e contornei a mesa até a dela. Chutei a mesa que segurava o tabuleiro de xadrez, as peças caindo no chão de madeira atrás de mim. Eu prendi Cheska, minhas mãos nos braços de sua cadeira.

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“A rainha não sabe de porra nenhuma”, eu disse. “Ela sabe apenas o que se permitiu ouvir. Ela finge que sabe o que o rei tem que fazer para manter o controle do seu reino.” Fiz uma pausa e sorri. “O que ele gosta de fazer.” Inclinei-me ainda mais perto, tão perto que meu nariz passou pela ponta do dela. “A rainha não tem ideia do que está pedindo. Ela é apenas uma princesinha ingênua brincando de usar uma coroa de menina grande.” A expressão de Cheska ficou sombria e, me pegando de surpresa, ela ergueu a mão e agarrou meu queixo. Eu não me surpreendia facilmente. E eu vi vermelho. Vi vermelho, porra. Mas ao invés de querer arrancar sua cabeça por ousar me tocar, tive que lutar contra a necessidade de jogá-la contra a parede e destruir sua buceta. Fode-la até que gritasse e não tentasse foder comigo novamente. “Esta rainha não está brincando de se vestir”, ela murmurou. “Ela está esperando o rei parar de falar em enigmas e expor quem ele realmente é.” Ela sorriu, e a visão arrogante ferveu minha mente. Suas unhas se afundaram na pele da minha mandíbula e meu pau se encheu de sangue. “Ela está esperando pelo monstro contra o qual foi advertida para não brincar, não a bela fachada atrás da qual ele se esconde.” Cheska aproximou meu rosto do dela, roçando seus lábios nos meus e falando contra minha boca. “Ela está esperando, tem esperado que o rei mostre suas verdadeiras cores.” “Então ele perceberia que ela não está esperando o valente cavaleiro em seu cavalo branco para levá-la para o seu feliz para sempre. Em vez disso, está esperando a porra do dragão aparecer, queimar qualquer pretendente que fique em seu caminho e reivindicar a rainha de uma vez por todas. Ela quer o dragão, Sua Majestade”, ela disse zombeteiramente. “Ela quer o fogo. Quer os espinhos e os galhos afiados como navalhas. Quer a porra da escuridão eterna. Quer se sentar ao lado do rei em seu precioso trono de ossos.”

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Cheska respirava com dificuldade, como se a adrenalina bombeasse seu sangue como corredeiras por seu corpo. Eu agarrei seu pulso e apertei até que seus dedos caíram do meu rosto. Eu poderia dizer pela picada que aquelas unhas deixaram para trás que ela havia rompido a pele e tirado sangue. Meu coração estava trovejando no peito e meu sangue era lava, fervendo e incinerando as paredes das minhas veias. “Você quer escuridão?” Eu disse a ela, empurrando-a para trás com meu peito largo até que estava presa contra o encosto da cadeira. “Então você terá escuridão. Você quer a porra do dragão, o fogo e o sangue? Então terá o maldito dragão. Quer os ossos, a carne e a morte…?” Eu acariciei sua bochecha e desci por seu pescoço, então raspei meus dentes contra sua garganta. “Então vai ter a porra da morte”, disse contra sua pele escaldante. Eu me afastei, olhando para Cheska enquanto ela se recostava no encosto da cadeira, segurando os braços e olhando para mim como se eu fosse em cada centímetro o Lorde das Trevas que os patéticos papéis ensanguentados afirmavam que eu era. “Amanhã à noite, você pode vir conosco, e veremos se ainda quer todo o sadismo e depravação que afirma que faz sua buceta ficar molhada.” Seus olhos se estreitaram com a minha grosseria, mas enquanto eu caminhava para a porta, precisando ficar longe de Cheska e de todas as coisas fodidas que minha alma maligna queria ouvir, ela disse: “Eu quero o Lorde das Trevas na carruagem de obsidiana, cavalos pretos nos levando para o inferno. Não o cavaleiro branco. Eu já o tive e me deixei ser resgatada por ele. E ele provou ser inútil.” Cheska se levantou, pegou um maço de cigarros da lareira e acendeu um. “Eu quero o rei de coração negro dos meus pesadelos.” Cheska olhou para baixo e em sua mão estavam a rainha de marfim e o rei de ébano. Cheska deu outra tragada no cigarro, depois cravou a ponta acesa e acinzentada no coração da

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rainha de marfim, uma marca preta manchando o branco. Eu enfrentei o desafio nos olhos de Cheska com os meus, então abri a porta e fui para o quarto de hóspedes em que tenho ficado enquanto ela dormia em minha cama. Amanhã à noite. Amanhã à noite ela veria a porra do verdadeiro rei das trevas, ela disse que queria ser arrastada para o inferno. Então veríamos se sua convicção era tão boa quanto sua conversa. Veríamos se ela realmente queria ser a rainha ao meu lado. Através de sangue e tortura. Através da escuridão e do inferno.

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CAPÍTULO DEZ ARTHUR

Eu estava no bar esperando por Betsy e Cheska. “Tem certeza de que é uma boa ideia, cara?” Freddie disse ao meu lado. “Ela quer estar neste mundo, então este é o seu teste”, Vera respondeu por mim. “Ele vai se conter.” Charlie sorriu arrogantemente para mim. “Não vou”, eu disse, os olhos fixos na porra da porta. “Ela quer ver toda essa merda, como vivemos. Então ela verá tudo. Não há malditos limites.” “Devemos preparar uma limusine para levar sua senhoria embora depois que ela ver o covil?” Eric disse. “Posso deixá-lo em espera na porta dos fundos, com sacos de enjoo prontos.” “Cheska vai ficar bem”, Vinnie disse, com os olhos arregalados, se preparando para esta noite. De todos os meus homens, ele era o que ansiava mais por essas noites. Quase tanto quanto eu. “Eu vejo isso.” Vinnie olhou para cima e acenou com a cabeça para o teto como o louco que era. “Há mais preto ao redor dela agora. Ainda um pouco vermelho, mas muito mais preto. Todo mundo está morto. Toda sua família está morta. Isso sempre traz mais preto. E isso nunca vai embora.” Algo apertou meu interior com isso. Afastei-me do bar, ajustando minhas abotoaduras, assim que a porta da sala se

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abriu e Betsy e Cheska entraram. Eu congelei ao ver a garota de Chelsea. Ela estava vestida de preto. Calças justas de couro preto coladas em suas pernas como uma segunda pele. Pernas que pareciam enormes. Ela usava um top preto colante enfiado nas calças de cintura alta. Seu cabelo estava solto e ela usava maquiagem. Eu não a tinha visto usando maquiagem desde que ela desabou no chão da minha boate. Seus sapatos altíssimos a deixaram apenas alguns centímetros mais baixa do que eu. Eles tornariam mais fácil para mim virá-la e afundar em sua buceta, se ela conseguisse durar à noite. Ronnie e Vera se levantaram. A sala estava silenciosa. Betsy me lançou um olhar presunçoso e foi ficar ao lado do irmão, ligando seu braço ao dele. “Vamos”, eu disse, movendo-me para sair da sala. “Uma coisa primeiro”, Ronnie disse, e eu parei. Ela se virou para Cheska, que a observava com um olhar desconfiado. O rosto de Ronnie era de aço quando ela caminhou em direção a Cheska e a empurrou contra a parede. As costas de Cheska bateram na parede com um baque. Eu cerrei meus dentes, pronto para arrancar Ronnie do caminho. Fiz menção de me mover, mas Vera me lançou um olhar furioso. Ela balançou a cabeça, me dizendo para sair. Eu disse à minha prima com minha fodida expressão fria que se alguma coisa acontecesse com Cheska agora, elas se arrependeriam. “Você acha que está pronta para esta noite?” Ronnie disse. Cheska acenou com a cabeça, o queixo erguido como estava no escritório na noite anterior. Nunca soube que uma garota chique poderia lutar tanto. Ronnie sorriu, então segurou o rosto de Cheska e prendeu sua cabeça contra a parede. Com a mão livre, Ronnie enfiou a mão no bolso e puxou algo. Avancei, suspeitando que fosse uma lâmina. Mas ela ergueu o item de metal prateado e sorriu. “Então

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é melhor você usar a porra de um vermelho assassino para combinar com esses saltos”, ela disse e torceu o tubo em sua mão até que o batom vermelho saiu. Revirei meus fodidos olhos para sua encenação e empurrei todos eles. Virei meus olhos para Cheska quando passei, apenas para vê-la sorrindo para Ronnie enquanto pintava seus lábios de vermelho escarlate. Betsy riu e meus caras seguiram atrás de mim. Entramos nos carros e, pela minha visão periférica, vi Cheska entrar nos fundos com Betsy, Vera e Ronnie. Não haveria nenhuma tentativa de esconder sua identidade no lugar para onde estávamos indo. As pessoas de lá não dariam a mínima para quem ela era de qualquer maneira. E eles sabiam melhor do que foder comigo. Podem ser meus sócios nos negócios, mas eu tinha muita sujeira de todos eles. O lugar para onde estávamos indo era meu maldito domínio. Ninguém se atreveria a foder com nenhum de nós, Adleys, lá. E se o fizessem, então era o lugar perfeito para retribuição. “Pronto, meu velho?” Charlie perguntou. Eu sabia que ele não estava se referindo a esta noite pelo olhar arrogante em seu rosto. Era sobre Cheska. Mas eu não estava falando sobre ela agora. Cheska veria um de nossos negócios esta noite e iria embora. Fora da minha vida e de volta ao mundo dela. Então eu voltaria a respirar direito. Porque não tinha certeza se tinha respirado profundamente desde que ela explodiu de volta na minha vida.

Os carros pararam no antigo armazém em Mile End. Eu levantei a gola do meu casaco e acendi um cigarro, o frio congelante me envolvendo, então liderei o caminho em direção ao armazém. Para pessoas normais, era apenas isso — um depósito cheio de peças de automóveis e outras merdas mecânicas. Para

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nós e aqueles em meu mundo, era a porta de entrada para a porra do pecado. Abri a porta e desci a escada. Os soldados Adley abriram as portas de aço que levavam à masmorra. “Tudo bem, chefe”, disseram enquanto abriam as portas. “Casa cheia esta noite.” No minuto em que as portas à prova de som foram abertas, o som de punhos batendo na carne veio como um tiro na noite do East End. Olhei por cima do ombro para ver Cheska caminhando com Betsy, Ronnie e Vera. Eu sacudi meu queixo para Eric. Ele acenou de volta para mim, recebendo minha ordem de ficar de olho nela e nas mulheres. Suor e sangue encheram o ar quando entramos no covil do armazém. Esta era a porra do meu clube de verdade, não o Sparrow Room cheio de idiotas pretensiosos. Este era o clube que me rendia dinheiro de verdade. “Arthur”, os homens cumprimentaram quando passei por eles. A sala estava lotada de homens e mulheres. Todos dos sindicatos do crime, que não mexiam conosco. Associados. Conhecidos e aqueles que eu não tinha tido uma desculpa para matar ainda. Fosso após fosso submerso estava cheio de lutadores. Nus, claro, nada de covardes nos ringues. Os assentos ao redor dos fossos ficaram lotados de espectadores, Césares olhando para seus gladiadores. Guiei minha família por entre os espectadores reunidos, enquanto os soldados de Adley faziam as apostas e colocava todos sob controle. Caminhamos para a parte de trás do armazém até que a porra do fosso real apareceu. Os lutadores principais da noite. Os ingressos que valiam muito dinheiro. Aqueles em que a única saída era ser carregado na porra de um caixão. Meus homens se certificaram de que as coisas estivessem em ordem e nossos assentos estivessem prontos. Eles tinham uma visão privilegiada, garantindo que todos pudessem nos

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ver. Vejam quem dirigia este maldito castelo. Quem era o verdadeiro imperador, governando sobre todos eles. Tirei meu casaco e acendi um cigarro, olhando para o fosso principal para ver dois homens se despedaçando. Um tinha a mandíbula quebrada e não conseguia ver com um olho, mas o idiota não desistia. Ele estava perto do caixão. Betsy e Cheska se sentaram atrás de mim, alguns lugares à minha direita. Eu olhei para a garota de Chelsea. Seus olhos estavam arregalados enquanto observava o lugar, mas ela não tinha corrido ainda. Como se sentindo que eu a observava, ela olhou para mim e endireitou os ombros. Ela então se concentrou no fosso, assim que o pescoço do lutador fortemente espancado quebrou e ele caiu no chão. O árbitro deu o sinal de que estava tudo acabado e ergueu o braço do vencedor. Cheska engoliu em seco, mas além disso não deu nenhum sinal de que o que estava testemunhando era demais. A aspirante a rainha das trevas estava aguentando firme para jogar na corte viciosa. “Arthur, seu idiota de merda”, disse uma voz familiar. Eu me virei, dando uma tragada no meu cigarro, apenas para ver Royal, o presidente do Hades Hangmen MC, capítulo de Londres. “Há quanto tempo.” “Royal.” Olhei para trás e vi seus homens assistindo as lutas. Meus olhos se estreitaram nos motoqueiros quando percebi que faltava alguém muito importante para nós. Royal apertou minha mão e se afastou. “Onde está Rudge, porra?” Perguntei, não vendo o idiota tagarela em qualquer lugar. “O fodido babaca nos deixou pelo Texas”, Royal disse, empurrando para trás o cabelo castanho na altura dos

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ombros. Ele estava vestido — como sempre — com jeans, botas de motoqueiros, camiseta branca e seu colete Hangmen. Os Hangmen estavam entre nossos associados mais próximos. E Royal era uma das pessoas que eu conhecia melhor fora da minha família. Uma das únicas pessoas que eu poderia tolerar que não representava o nome Adley. Nossa história era longa, e o filho da puta atualmente me devia um favor por trazer de volta uma das cadelas sequestradas do clube. “Texas?” Eu perguntei. “Que porra é essa no Texas?” “O capítulo mãe dos Hangmen”, Royal disse, balançando a cabeça. “O babaca foi até lá para fazer um circuito sem camisa e nunca mais voltou. O maldito nariz castanho está tão enfiado na bunda do presidente do capítulo mãe que está praticamente limpando os malditos dentes dele por dentro.” “Ele vai nos deixar com lutadores a menos”, eu disse. “Não, ele não vai.” Royal apontou com o queixo em direção a seu vice-presidente, Jag. Jag se aproximou e apertou minha mão. Um cara da minha idade, talvez mais jovem, saiu de trás dele. Esguio, tatuado da cabeça aos pés, com olhos escuros que prometiam a porra da morte. “O primo de Rudge, Chrome.” “Chrome?” Charlie perguntou ao meu lado, apertando a mão dos Hangmen e medindo o novo lutador. “Como no Chromium, um dos metais mais duros do mundo”, Jag disse. “Você pensou que Rudge era o melhor lutador sem camisa que você já viu? Espere até ver este pequeno filho da puta. Fico feliz que seu primo ficou em Austin. Agora temos um upgrade.” Um juiz convocou a próxima luta e Royal me deu um tapinha no braço. “Somos nós.” Os Hangmen voltaram para seus lugares e Chrome saltou para dentro do fosso. Sentei-me e assisti

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com grande interesse enquanto Chrome matava seu oponente em trinta segundos, e vinte primeiros malditos segundos eram apenas ele brincando com sua presa. “Tudo o que vejo são sinais de libras quando olho para aquele cara”, Freddie disse. “Não tenho ideia de porque diabos alguém escolheria o Texas em vez de Londres, mas estou feliz que Rudge escolheu. Eu estava a uma piada estúpida de arrancar os dentes dele.” O árbitro sinalizou a próxima luta. Eric se levantou de seu assento e tirou as calças. Os olhos de Cheska se arregalaram e ela sussurrou algo para Betsy. Antes que Betsy pudesse responder, Eric se aproximou de minha prima. “Beijo para dar sorte?” Eric disse a Betsy. Betsy se inclinou e os olhos de Eric se arregalaram. Ela parou diante de seus lábios. “Coma merda e morra, Mason.” Ela deu um tapa em sua bochecha, o som alto o suficiente para os espectadores ouvirem. “Vadia de coração frio”, Eric disse, sorrindo. Ele apontou para ela. “Eu vou te foder depois de ganhar isso.” Betsy revirou os olhos e Eric desceu para o fosso. Suas tatuagens de palhaço sadicamente sorridentes cobriam cada centímetro de sua pele. Ele ia contra o novo lutador dos chechenos. Dez minutos depois, Eric estava cansado, com sangue nas mãos e na boca, um checheno morto comendo areia a seus pés. Vinnie saltou em seguida. Ele sorriu e se inclinou para a minha irmã, os italianos próximos o olharam como se ele fosse louco. Ele era. E é por isso que ele batia em qualquer um que colocássemos na frente dele. Nunca aposto contra ele. No minuto em que entrou no fosso, Vinnie se tornou o animal que sabíamos que ele era. O filho da puta que vivia para o sangue e as entranhas abraçou o desejo de matar. A única coleira

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que ele tinha atualmente era o fantasma da minha irmã. Se ela o deixasse, haveria mais do que eu para me preocupar na cidade de Londres. Vinnie destroçou seu oponente da Manchúria, suas facas cortando seu oponente em pedacinhos muito depois de ele estar morto. Quando Vinnie terminou, o lutador da Manchúria era apenas um monte destroçado de carne e ossos despedaçados. Vinnie jogou a cabeça para trás e gritou quando o árbitro finalmente chamou a luta. Vinnie saltou do fosso, os olhos negros de adrenalina. “Onde agora?” Ele me perguntou. Eu inclinei meu queixo para o árbitro no próximo fosso. Ele chamou Vinnie e Vinnie saiu para lutar novamente. Eu verifiquei Cheska, que ainda estava como uma maldita estátua em seu assento. Meu peito apertou. A garota de Chelsea não estava lidando bem com o covil. Ela chamou minha atenção. Então, com o olhar ainda preso no meu, puxou um maço de dinheiro do sutiã e o entregou ao vendedor que estava ao nosso lado. “Tudo isso”, ela disse, certificando-se de que ouvi sua voz extravagante de merda dar o comando. “No irlandês.” O carteador deu a ela um comprovante de aposta e Betsy sorriu maliciosamente na minha direção. Cheska olhou para mim novamente, uma porra de desafio em seus olhos. Eu não sabia onde essa garota tinha se escondido todos esses anos, mas a princesa estava sacudindo seu vestido rosa e possuindo aquela fodida calça de couro que ela enfiou em sua bunda perfeita. Seamus, o chefe da multidão irlandesa, se aproximou. Vano, o chefe dos Romani juntou-se a nós. Esses filhos da puta e os Hangmen eram os mais próximos que eu deixei alguém chegar de mim e minha família.

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As lutas prolongaram-se até o meio da noite. Quando os últimos foram vencidos, meus soldados escoltaram o último dos lutadores e jogadores para fora do armazém. As únicas pessoas restantes éramos nós, os Hangmen, os irlandeses e a família de Vano. “O que está acontecendo?” Ouvi Cheska perguntar a alguém. Levantando-me da cadeira, olhei para a garota de Chelsea. Eu tirei minha jaqueta e camisa, deixando meu torso nu. Seus olhos se fixaram em meu peito, então deslizaram até meus olhos. “Pegamos algumas feras tentando entrar no meu reino”, eu disse, sabendo que apenas ela entenderia a referência. “E agora o rei tem que rasgá-los.” Os olhos de Cheska se arregalaram e eu pulei no fosso. Um dos meus homens puxou uma corrente tirada de uma de nossas docas. Pesada, que ajudava a ancorar nossos barcos de transporte. A corrente caiu aos meus pés, e um cara foi arrastado para o fosso, um saco de algodão preto sobre a cabeça. Um dos meus soldados chutou suas pernas e o jogou no chão. O idiota caiu e depois arrancou o saco. Ele balançou a cabeça, tentando descobrir onde estava. Então seus olhos se fixaram em mim e o sangue sumiu do seu rosto. “Sr. Adley.” Ele caiu para trás, de bunda no chão, como o maldito rato que era. Acendi um cigarro e exalei a fumaça no ar. “Você disse à Yakuza de onde um de meus navios viria.” O covarde no chão começou a balançar a cabeça, mas uma olhada em seu lábio inferior trêmulo me disse que ele era culpado. Isso e a porra da gravação de voz de sua ligação com Hiro, o líder da Yakuza, que Ronnie havia encontrado. “E eles afundaram o navio, e todo o equipamento que estava sendo contrabandeado dentro dele, e aceitaram o negócio.”

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Eu balancei a cabeça para Ronnie, e ela veio até a borda do fosso. Ela pegou o celular e tocou a voz do canalha para todas as minhas testemunhas ouvirem. “Arthur”, disse o idiota, depois bateu na própria cabeça como um maldito psicopata. “Estraguei tudo. Eu realmente estraguei tudo. Por favor...” eu o circulei, sentindo a porra do fedor de mentiras e medo escorrendo de sua pele cheia de suor. Estendi meus braços. “Você era um Adley. Protegido pelo nosso nome.” Apontei para a porra de sua caneca feia. “Você deveria ter usado nosso nome com orgulho. Em vez disso, você fodeu tudo. Você se perdeu com tudo que somos quando nos vendeu para Hiro e seus homens.” O idiota balançou a cabeça, mas eu não queria ouvir porra nenhuma de sua boca. Se eu tivesse que ouvir mais, eu costuraria a boca do filho da puta. O fogo em meu sangue já estava fervendo, o mal dentro de mim salivando para matar, sussurrando para eu começar. Olhei para Seamus, Royal, Vano e seus homens e, finalmente, para Cheska, que estava sentada na ponta de sua cadeira. Coloquei meu cigarro entre os dedos, abri bem os braços e disse: “Este é o Tribunal de Adley!” Charlie acenou com a cabeça em aprovação; ele vivia para essa merda tanto quanto eu. Vinnie saltou na porra do seu assento, rindo, esperando o sangue derramar. Freddie assistiu com um sorriso silencioso no rosto, e Eric bateu palmas no ar. “Onde traidores são julgados. E eles lutam por suas vidas.” Eu me virei e abordei o pedaço de merda na areia já encharcada de sangue. “Dennis Short”, eu disse em voz alta, minha voz ecoando pelo fosso e pelo armazém vazio. “Bem-vindo ao Tribunal Adley. Você foi acusado de traição.” O filho da puta se encolheu. “A palavra de um Adley é seu vínculo. Um vínculo que você quebrou. E estou aqui para cobrar.”

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Parei bem na frente do babaca fungando e me abaixei. Empurrei a ponta do meu cigarro contra sua testa e observei o filho da puta gritar. Endireitando-me, deixei a fúria espumando dentro de mim explodir. “Sr. Adley, por favor”, Dennis, o rato, implorou de joelhos. “Escolha sua arma”, eu disse, apontando para a mesa cheia de armas. Dennis virou a cabeça naquela direção. “Arthur, por favor...” “Mais uma porra de palavra e eu cortarei sua língua”, eu avisei, e pelo menos o filho da puta estava esperto o suficiente para fechar sua armadilha de boca. “Escolha a porra de uma arma, então me enfrente.” Dennis balançou a cabeça. “Você se voltou contra nós. Agora vai dançar com o diabo.” Eu apontei para o meu peito. “Conheça a porra do demônio.” Peguei a corrente aos meus pés. O metal estava pesado na minha mão, e meu pau ficou duro com a dor nos meus músculos, com o fato de que sangue estava prestes a ser derramado aos meus pés. Dennis correu até a mesa e pegou uma longa vara de metal. Eu acendi outro cigarro, deixando a nicotina me impedir de matar esse idiota de uma vez. Ele precisava pagar. Os homens ao meu redor precisavam ver que quando se tratava de Londres, era a porra da minha cidade. Todos os outros eram apenas inquilinos. No minuto em que alguém saísse da linha, seria castigado. O cigarro estava pendurado no meu lábio inferior enquanto eu empurrava meu cabelo para trás dos olhos. A luz fraca do fosso refletiu em meus óculos. Comecei a balançar a ponta da corrente em pequenos círculos. O queixo de Dennis caiu quando comecei a circundá-lo também.

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Ele segurou a vara como a porra de uma corda de salvamento. Eu levantei minha mão e, com meus dedos ainda na corrente, acenei para ele atacar. Eu vi o momento em que o rato decidiu lutar. Eu vi seus dentes cerrados e seu aperto em torno da vara. Ele investiu contra mim com a vara no ar. Quando cheguei perto, ele atacou. Eu saí do caminho e, balançando a corrente, bati o metal pesado contra suas costas, sorrindo quando ouvi o estalo de costela quebrando. Dennis caiu no chão, a vara bateu no chão. Eu inalei meu cigarro e soltei a fumaça. “Fique de pé, porra”, exigi enquanto ele rolava no chão. Dennis gemeu e ignorou meu comando. “Eu disse para ficar sobre seus pés traidores!” O som da minha voz elevada fez Dennis lutar para se levantar. Eu fiquei imóvel, deixando meus braços caírem para que a corrente ficasse baixa. Depois de pegar a vara do chão, ele se virou. Eu fiquei completamente parado enquanto ele atacava. Nem me movi quando ele empurrou a vara contra meu abdômen. Dennis soltou um suspiro ao tropeçar no fosso. Eu me virei, o latejar no meu abdômen apenas aumentou minhas chamas. “Você é louco.” Ele olhou ao redor do lugar para os espectadores, todos curtindo sua morte lenta e prolongada. “Minha vez”, eu disse e, içando a corrente, bati os elos grossos em seu rosto. Eu ouvi outro estalo e soube que sua mandíbula estava quebrada. Dennis gritou e tentou vir para mim novamente. Mas o filho da puta perdeu a pouca compostura que tinha. Ele atacou, tentando erguer a vara até meu rosto, mas minha corrente o atingiu primeiro, batendo em seu estômago, e a vara caiu no chão. O golpe o fez cair de joelhos, saliva e sangue se misturando enquanto ele cuspia na areia. Meu cigarro ainda estava descansando no meu lábio, então dei uma tragada muito necessária, exalando a fumaça pelo

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nariz. Dennis tinha sangue no rosto; a corrente tinha estourado seu lábio. “Por favor”, ele implorou, e sua fraqueza irritante fez minha pele arrepiar de nojo. Girei a corrente em círculos largos e caminhei ao redor dele. Dennis estendeu a mão, tentando agarrar a vara e me acertar com ela. Mas eu estava farto de sua cara de rato e boca mentirosa. Era hora do idiota se foder e morrer. Parado bem na frente do seu rosto, esperei até que ele encontrasse meus olhos. Mudei o ângulo da corrente, soltei-a e observei se enrolar em seu pescoço como uma jiboia de ferro. Dennis agarrou a corrente quando ela começou a sufocá-lo, seu rosto pálido ficando vermelho enquanto lutava para respirar. Como seus braços fracos foram incapazes de puxar a corrente pesada de sua garganta. Eu nunca desviei o meu olhar, observando e fumando enquanto o traidor lutava para permanecer vivo. Ele não lutou por muito tempo. Estendeu a mão em minha direção, um movimento final por misericórdia. Eu chutei a porra da mão dele, quebrando seu pulso, e o babaca tombou, seus olhos revirando para trás de uma forma que só a morte poderia fazer. Eu levei minha mão à boca, puxei uma última tragada do meu cigarro e joguei a cinza em seu corpo ainda quente. Naquele momento, pensei na rainha de marfim de Cheska e na mancha de cinza que havia colocado em seu peito imaculado. Eu olhei para minha família e procurei a única que eu precisava ver. Ela já estava me observando. Ela tinha perdido um pouco de cor no rosto, mas seus ombros ainda estavam altos, aquele fodido nariz arrebitado real ainda no ar, me desafiando a mostrar mais escuridão.

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Eu sorri com seu desafio. Ela não sabia porra nenhuma. Porque o covarde morto aos meus pés era apenas o começo. Estalei meus dedos em um de meus soldados. Ainda segurando o olhar confuso de Cheska, fui até a mesa, peguei um chicote gato-de-nove-caudas medieval e disse: “Traga-me o próximo.”

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CAPÍTULO ONZE CHESKA

Este é Arthur Adley, disse silenciosamente para mim mesma enquanto observava outro homem morrer em suas mãos. Suas mãos muito fodidas e sádicas. A areia em que ele estava não era mais bege, mas um tapete carmesim. A pele de Arthur não estava mais levemente bronzeada; nenhuma cor natural podia ser vista sob a evidência de seu apetite insaciável pela morte. Sua tatuagem do horizonte vitoriano de Londres agora estava manchada com pedaços de carne e osso que ele havia arrancado de suas vítimas. Vítimas que gritaram, choraram e imploraram por misericórdia. Nenhuma misericórdia foi concedida. Na verdade, se implorassem para serem poupados, sua morte e a dor que Arthur infligia seriam ainda mais prolongadas. Era ele me empurrando. Ronnie, Vera e Betsy me disseram que seria o caso. Arthur me trouxe aqui para ver o lado mais sombrio dele. Ele me queria aqui para que eu fugisse, deixasse-o com sua maldade inflamada e o mal que se tornou sua segurança. Deixasse-o na jaula pecaminosa em que ele se trancou. Eu mantive meus olhos no fosso quando ele atingiu seu quarto “traidor” com uma espada no topo de seu crânio. Eu forcei de volta a náusea subindo pela minha garganta enquanto o homem caiu de costas no chão. Arthur se virou com a espada na mão. Rei Arthur. Eu não pude evitar fazer essa comparação enquanto o olhar azul do meu rei fodido se fixou no

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meu. Enquanto ele se levantava, o torso exposto, mas usando uma armadura com o sangue de suas vítimas e mentiras sobre seu coração sanguinário. E em suas mãos assassinas, ele segurava sua própria Excalibur. Betsy apertou meu joelho em apoio, um pedido silencioso para ser forte. Quando entramos nesses fossos, eu não estava preparada para como a noite terminaria. O sangue, as lutas, a morte. Tanta morte. E depois havia os “associados”. Os infames motociclistas que andavam por Londres como se fossem uma lei em si mesmos. As máfias irlandesas e ciganas das quais todos tinham ouvido falar, mas ninguém que eu conhecia tinha feito negócios. Todos aterrorizantes por si mesmos, e todos olhando para Arthur como se ele realmente fosse o Lorde das Trevas que ele afirmava. Royal, o homem que Betsy me disse ser o presidente dos Hangmen, levantou-se. “Um show de merda como sempre, Adley.” Seus homens começaram a se dirigir para a saída. “Até a próxima vez, companheiro.” Arthur acenou com a cabeça para cada um de seus “companheiros” enquanto saíam, deixando apenas os Adleys. Mas Arthur não havia saído do fosso. Seus olhos selvagens permaneceram nos meus e eu não conseguia me mover. Era um coelho em sua armadilha, presa no lugar. “Acho que essa é a nossa deixa para ir,” Eric disse sarcasticamente, então apontou para o rosto de Betsy. “Você e eu temos um compromisso, tesouro.” “Cai fora, Eric” respondeu Betsy, mas havia um toque de excitação em sua voz e ela se levantou, os lábios se curvando. Eric

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a agarrou e a girou. “Você estará andando no meu pau no minuto em que estivermos naquele carro.” Ele vestiu a camisa sobre o peito ensanguentado, e o vermelho vazou pelo material caro. “Já faz muito tempo.” “Se é que você pode chamar aquilo de pau” retrucou Betsy. Mas suas pupilas estavam dilatadas e sua pele estava corada. Eric rosnou, então a arrastou do armazém. Assim que chegaram à porta, Betsy gritou de volta: “Vera, Ronnie, vejo vocês de volta na igreja. Parece que vamos pegar o caminho mais longo para casa.” Eu não liguei para todos os outros saindo ao meu redor. Eu estava concentrada demais em respirar, em acalmar minha pele, que parecia estar pegando fogo quando o peito de Arthur subia e descia no fosso e o ar se entupia de tensão. Eu vi o sangue no chão e em sua pele. Um soldado Adley arrastou o corpo final do fosso e desapareceu do armazém. Tentei sentir tristeza pelos homens que Arthur havia assassinado tão brutalmente esta noite, mas tudo que vi em seus lugares foram meus agressores. Os homens que mataram meu pai e Hugo. Os homens que haviam cortado a garganta de Freya com tanta facilidade e esfaqueado Arabella bem no meio do seu coração. “Arthur protegeu esses homens, proveu-lhes, deu-lhes um lugar à mesa de nossa família”, disse Vera enquanto Arthur brincava com os homens no fosso como um leão brincando com sua presa. “Os filhos da puta o traíram. São fodidos Judas, todos eles”, ela cuspiu, raiva atada em sua voz rouca. “Eles sabiam o que estavam assinando”, Ronnie disse enquanto Arthur apunhalava um homem na orelha. “Sua ganância e falta de lealdade trouxeram isso a eles. Idiotas, todos eles. Merecem morrer. Eles conheciam o contrato quando

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ingressaram na empresa. Eles o quebraram. Eles convidaram suas próprias mortes.” Este era o mundo em que ele vivia, um mundo que eu pensei que existia apenas em pesadelos. Na verdade, estava em todas as nossas portas, apenas esperando para nos pegar desprevenidos e nos arrastar para baixo ao seu nível fodido. Eu tinha vivido uma vida “normal” e, no entanto, estava à mercê dos traficantes. O mal esperava por qualquer oportunidade para afundar suas garras. Pelo menos no reino cruel de Arthur, havia alguma aparência de código e honra. Eu sabia que algo depravado devia ter penetrado em minha alma quando percebi que ansiava por ver os homens que assassinaram minha família com a espada suja de sangue de Arthur. Eu ansiava por vê-los implorar a seus pés por misericórdia e, em vez disso, receber prescrição de dor e agonia. Eu ouvi uma porta sendo fechada. Lançando meus olhos ao redor do armazém, percebi que estávamos sozinhos. Arthur ainda não havia se movido. Ele ainda estava parado com um cigarro balançando em seu lábio inferior, seus músculos dilacerados e retalhados pelas lutas, sua pele sufocada por sangue frio. E ele ainda estava me observando. Estava esperando o que eu faria. É isso, pensei enquanto me levantava. A escolha. A decisão que tive que tomar. Arthur ou minha antiga vida. Não houve competição. Eu caminhei até a escada que levava ao fosso. Arthur me examinou todo o caminho para baixo. Eu me vi em seus óculos quando me aproximei, nem mesmo pestanejando quando meus saltos agulha pousaram no chão arenoso do fosso e o fedor acobreado de sangue e fumaça de cigarro impregnou o ar.

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O fosso parecia muito maior quando eu estava dentro dele. A mesa de armas estava ao meu lado. Passei a mão pelas armas, à maioria das quais nunca tinha visto antes. Era como algo saído da câmara de tortura do Grande Inquisidor. Eu circulei o fosso, Arthur rastreando cada movimento meu. Finalmente, parei na frente dele. Enfiando a mão no bolso, tirei a peça da rainha de marfim do seu tabuleiro de xadrez. Eu tinha pegado ontem à noite quando ele saiu do escritório. Depois que me provocou e eu o provoquei de volta, iniciando a cadeia de eventos desta noite. A mancha do cigarro ainda estava no peito da minha rainha. Peguei o cigarro pendurado na boca de Arthur, coloquei-o entre os lábios e dei uma longa tragada. A fumaça encheu meus pulmões e senti o gosto de Arthur na língua. Eu soprei a fumaça em seu rosto. Então coloquei a rainha na base da garganta de Arthur. Fixando meu olhar no dele, eu a arrastei para baixo através da espessa camada de sangue em sua pele, manchando sua limpeza restante. Manchando a evidência de morte e tortura em sua superfície lisa e polida. Parei quando alcancei o cós de sua calça. Tinha caído em seus quadris, o V levando a seu pau proeminente, uma calha perfeita para o sangue e suor que escorriam por seu corpo. Chegando mais perto, tão perto que eu podia sentir o calor escaldante pulsando em sua pele, coloquei a rainha no bolso da calça, seu pau duro roçando minha mão enquanto eu fazia. Soltei a rainha, em seguida, envolvi minhas mãos em seu comprimento através do material fino e dei-lhe um golpe lento e duro antes de puxar minha mão.

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Terminei o cigarro, soprando a fumaça no rosto de Arthur uma última vez antes de jogar a guimba no chão. A mandíbula de Arthur cerrou-se, então ele colocou a mão em volta da minha garganta e me empurrou alguns metros para trás até que minhas costas bateram contra a parede. Seus olhos estavam selvagens e suas narinas dilatadas. Ele estava respirando com dificuldade, ameaça rugindo entre seus lábios, mas o aperto na minha garganta não estava forte, apenas um espaço reservado, uma maneira de me manter quieta e obediente enquanto ele exercia seu domínio. Arthur ergueu a espada que ainda segurava e colocou a ponta na minha garganta, acima da mão que me segurava no lugar. “Você está assustada?” Ele perguntou, sua voz caindo uma oitava. A luz fraca no fosso se refletiu nas poucas lascas de aço limpo na lâmina da espada. “Não,” eu disse, nada além de verdade em minha resposta. “Você não vai me machucar.” “Você tem certeza sobre isso? Eu poderia matar você”, ele disse, pressionando a ponta com mais força contra minha pele. Eu podia sentir sua nitidez, quão facilmente ele poderia cortar minha garganta, perfurar minha carne. “Você não vai,” eu disse, sabendo que era verdade. Eu sei que é verdade ... Aqui estava o homem mais perigoso de Londres, sua mão em volta da minha garganta e uma espada precariamente pressionada contra minha pele. E eu sabia. Sabia com fé inabalável que ele não me faria mal. Foi uma revelação, uma explosão clara de sol em um dia cinzento e chuvoso. Eu era uma das únicas pessoas que poderia dizer com verdadeira certeza que Arthur Adley, Lorde das Trevas da cidade de Londres, nunca me machucaria.

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Eu engoli, algo mudando dentro de mim com esse conhecimento, algo em um nível celular. Irreversível. Um eclipse, sua lua lançando-me em uma sombra muito necessária. Era a aceitação de deixar minha antiga vida e renascer — meu batismo purificador no fogo furioso do inferno. Era uma onda inebriante de poder cobrindo minhas veias. A espada de Arthur cortou minha garganta, me levando de volta ao momento. Um minúsculo filete de sangue desceu pelo meu pescoço e em direção aos meus seios — minha comunhão, minha promessa sanguínea de me juntar a ele. Os olhos de Arthur eram de pedra, pedras roladas em lava e cinzas e erupções solares, enquanto ele me empurrava e me empurrava. “Você está tão certa”, disse ele, a cabeça inclinada. Seus olhos se estreitaram como se procurasse minha decepção, qualquer dúvida em meu coração. Não havia nenhuma. Nenhum pingo de dúvida. Certificando-me de que tinha toda a sua atenção, disse: “Eu sou sua rainha.” Arthur parou de respirar. Aproveitando sua pausa, levantei minha mão e pressionei a lâmina até que ela estivesse de volta ao seu lado. Ele me deixou tirar sua ameaça. O resíduo das tragédias recentes desapareceu e um novo sentimento foi despertado. A abertura de uma nova porta em meu coração. Aquela que só era permitida para Arthur e sua família. Aquela que me manteve segura, protegida em seu abraço perigoso. Eu me senti mais alta, mais forte ... Mudada. Pressionei minha palma em seu peito, compartilhando o sangue que ele acabou de derramar. “Eu sou sua rainha, manchada e corrompida.” “Você não está pronta para mim,” ele rosnou, mas peguei uma pitada de desejo em sua voz. Ele estava rachando diante de mim, do jeito que o chão se rachava durante as primeiras dores

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de um terremoto. O aviso de que sua devastação estava chegando. Uma vez que sua ira fosse liberada, não haveria como as coisas voltarem a ser como antes. Uma vez que Arthur me deixasse entrar em seu coração de granito, eu nunca poderia deixá-lo. “Experimente,” provoquei, e segurei seu pau com minha mão livre. Ele estava duro como uma rocha sob a calça e sibilou quando eu o apertei. Tive a certeza de que ele estava olhando diretamente para mim quando disse: “Faça o seu melhor para me destruir, Arthur. Tente o seu melhor para me quebrar. Mas ainda estarei aqui quando você estiver exausto, minhas garras cravadas profundamente em sua pele enquanto você nos arrasta para o inferno.” “Eu não vou deixar você ir,” ele avisou, e arrepios percorreram minha espinha com a honestidade malévola da ameaça. “Você quer governar ao meu lado? Então eu nunca vou deixar você me deixar. Se você andar ao meu lado, nunca poderá sair, porra.” Eu estava fazendo um contrato vinculativo com o diabo. A palavra de Adley é seu vínculo ... Foi o que Arthur disse no fosso. Ele estava esperando que o acordo verbal fosse assinado. Esperando que eu finalmente entregasse minha alma. “Eu sou sua rainha. E você é meu rei. Seu reino sombrio agora é nosso.” Tirei minha mão ensanguentada de seu peito e desenhei uma cruz sobre meu coração com o dedo. “Para sempre.” E foi então que ele quebrou. Meu mundo tremeu quando Arthur esmagou sua boca na minha. Ele não era gentil, mas nunca esperava que fosse. Ele era selvagem e amaldiçoado com uma maldade que nasceu da perda em uma idade jovem e um pai

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que via a violência, a morte e a supressão de sentimentos como uma forma de união. Mas eu o amaria. Todo — o perverso e o caloroso. Eu sempre amei. Eu nunca quis que ele mudasse, apenas para me deixar entrar. A língua de Arthur deslizou pela minha e eu gemi, agarrando seu cabelo. Suas mãos caíram para o meu couro. Ele apertou o botão e eu o ouvi cair no chão. Ele puxou a calça até os tornozelos e eu chutei uma perna do chão. Arthur arrancou minha calcinha e enfiou dois dedos dentro de mim. Seus lábios se afastaram dos meus e se arrastaram pelo meu pescoço. Ele mordeu minha pele e eu joguei minha cabeça para trás, meu clitóris pulsando em sua aspereza. Eu puxei seu cabelo com tanta força que ele não teve escolha a não ser olhar para cima. “Eu te amo”, eu disse, e Arthur parou. Sua mandíbula cerrou e suas mãos se moveram para minha cintura, segurando-me com força. Meus olhos ficaram turvos. “Eu te amo, Arthur Adley,” disse, mais suavemente, e segurei seu rosto. Sua pele estava fervendo e meu peito cedeu quando ele virou a cabeça e beijou minha palma. Foi a única centelha de ternura que ele ofereceu. Uma expressão fugaz de suavidade antes que a escuridão nos cobrisse novamente. Um segundo depois, ele puxou seu pau e me ergueu contra a parede do fosso. Com o sangue sufocando nós dois, ele empurrou dentro de mim, batendo em mim com um grunhido selvagem. Eu gritei, segurando suas costas enquanto ele me enchia depois de tantos meses sem ele. Eu tinha sentido falta dele. Percebi o quanto. Nada parecia assim. Ninguém nunca me preencheu dessa maneira, me possuiu dessa maneira. Naquele momento, nunca tive mais certeza de nada do que de que Arthur foi feito para mim. Quando senti suas mãos

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machucando minhas coxas enquanto ele se chocava contra mim, seu corpo largo e musculoso me prendendo, eu sabia que nunca iria voltar atrás em minha promessa. Eu nunca sairia do seu lado. Não havia mais escolha. Eu estava me soldando a ele. Fundindo nossas almas, unindo nossos corações. Eu o beijei. Quando minha buceta começou a apertar, eu o beijei e beijei enquanto seus quadris se moviam mais rápido. Sua língua duelou contra a minha, fodendo minha boca tão forte quanto ele estava me fodendo. “Eu te amo”, murmurei contra sua boca, vendo seus olhos dilatarem enquanto as palavras atingiam seus ouvidos como balas. Arthur me fodeu até minhas pernas ficarem dormentes. Até que eu fosse ele e ele eu, o sangue e a carne de suas vítimas que marcavam sua pele se espalharam na minha pele também. Suas vitórias, minhas, e seus pecados, meus pecados também. Os grunhidos e gemidos de Arthur eram ferozes, e eu senti a tensão na parte inferior das minhas costas, o orgasmo que ele estava arrancando de mim. Eu raspei suas costas com minhas unhas compridas, seu sangue se juntando ao coquetel carmesim que já tatuava sua pele. Minha buceta apertou, e com o ritmo implacável de Arthur, gozei forte, gritando minha liberação na boca vazia do covil do armazém. Fechei meus olhos, arrastando minha bochecha contra a barba por fazer no rosto de Arthur. Sua pele estava escaldante e eu me senti queimada, em chamas, incinerada enquanto ele me tomava cada vez mais forte até que ele se acalmou, e eu o senti gozar dentro de mim. Ele rugiu, e todos os músculos do seu corpo ficaram tensos quando ele me fez sua — totalmente, totalmente, finalmente. Respirei fundo, meu corpo clamando por oxigênio, pela chance de se recuperar. O corpo de Arthur cedeu contra mim, prendendo-me com tanta força contra a parede que eu sabia que

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teria arranhões do tijolo áspero da cova. Minhas mãos ainda estavam em seu cabelo, emaranhadas e com nós nos fios escuros. Eu o amava. Amava Arthur mais do que a própria vida. Sua escuridão e seu estilo de vida não significavam nada comparado a isso. Eu o amava apesar da malícia em sua alma. Eu o amei por causa disso. Nem todo mundo foi feito para uma vida de rosas e dias de verão, lindas pétalas e cheiros perfumados. Alguns foram feitos para uma vida de inverno e espinhos. Isso não significa que eles não poderiam ter amor. Arthur beijou meu pescoço, sua língua disparando para provar o suor que sua porra havia induzido. Ele ainda segurava minhas pernas em volta de sua cintura; seu pau ainda estava dentro de mim, se contorcendo e enviando tremores de prazer subindo pela minha espinha. Minha respiração se acalmou no momento em que seus lábios encontraram minha boca. Seus óculos estavam sujos de suor e sangue, e tortos, mas ele ainda parecia perfeito para mim. Ainda tinha gosto de céu enquanto me beijava até que meus lábios estivessem inchados e doloridos. Quando ele se afastou, seus olhos azuis estavam colados nos meus. Eu gostaria de poder ler sua mente. Gostaria que ele me contasse o que sentia em seu coração enquanto olhava para mim, desleixada, mas agora dele. Mas eu sabia que não devia pressioná-lo muito. Nós estávamos aqui. Juntos. Ele me deixou quebrar suas paredes altas e impenetráveis. Eu sabia que demoraria para quebrar o resto. Mas não fiquei perturbada com a tarefa. Eu estava inspirada. Para saber tudo sobre este homem. Para que ele me ame e me deixe ver sua alma. Tudo valeu a pena.

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“Você me destruiu há muito tempo,” disse, minha voz ecoando nas paredes cavernosas. Tirei os óculos de Arthur do seu rosto. Ele parecia tão jovem sem eles. As grossas armações pretas eram quase seu escudo, e sem elas ele estava nu e vulnerável. Eu coloquei um beijo em cada lado de seus olhos enquanto ele respirava pesadamente. Movendo minha boca para seu ouvido, eu sussurrei: “É a minha vez de destruir você.” Ele ficou tenso. Mas quando suas mãos flexionaram em minhas coxas, eu sabia que ele gostou do que eu disse. E era verdade. Os membros de sua família me disseram que ele me amava, que eu era a única pessoa a ter qualquer direito sobre seu coração de ferro. Mas eu não queria apenas uma reclamação. Queria consumi-lo. Queria possuí-lo como ele me possuía. Eu precisava de sua ruína. Era justo — ele já tinha a minha. Arthur me beijou de novo, e eu só podia imaginar nossa aparência, sangue e suor sufocados, cheirando a sexo e pecado. Limpei seus óculos na minha blusa, em seguida, empurrei-os de volta em seu rosto, meu senhor me segurando em seus braços. Sem palavras, ele saiu de mim. Eu engasguei com a perda. Ele me colocou no chão e minhas pernas tremeram do esforço. Arthur se agachou e puxou minha calça de volta pelas minhas pernas. Eu fiquei chocada. Ele estava cuidando de mim. Docemente. Suavemente. Como se eu pudesse me quebrar a qualquer minuto. Quando minhas roupas estavam no lugar, ele enfiou-se de volta dentro da calça, então se virou para a escada que levava para fora do fosso. Nem uma única palavra foi dita. Ele não tinha me dito que me amava. Eu não esperava que ele fizesse. Sabia que

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esse era apenas o primeiro passo para Arthur. Um novo território que ele nunca tinha visto ou sentido antes. Ele começou a sair do fosso, mas de repente parou. Seus ombros se curvaram e depois se soltaram. Eu me perguntei o que estava errado. Mas então ele se virou, acendeu um cigarro e inalou. Sua cabeça tombou para trás e ele fechou os olhos. Ele era perfeito. Perfeição crua, selvagem, tatuada e cheia de cicatrizes. Ele lançou a fumaça em uma nuvem branca, então baixou a cabeça e encontrou meus olhos. Deixando o cigarro balançando em seu lábio inferior — um movimento que eu estava cada vez mais achando irresistível — ele lentamente ergueu a mão. Levei um momento para perceber que ele estava me oferecendo. Ele queria segurar minha mão. Com a pulsação trovejando no meu pescoço, estendi a mão e deixei a sua envolver a minha. Seus dedos se entrelaçaram com os meus, segurando-os com tanta força que quase doeu. Eu não me importava se ele quebrasse todos os dedos. Ele estava segurando minha mão. O gesto simples, para Arthur, era tão difícil quanto mover uma montanha. Mas ele estava fazendo isso. Estava tentando. Era assim que ele estava me mostrando que se importava. A ilha de um homem só, convidando-me a romper sua costa de areia preta. Eu me movi ao lado dele e juntos, lado a lado, saímos do armazém. Seu carro esperava por nós fora do prédio agora abandonado, seu motorista esperava pacientemente por seu chefe. Sentamo-nos nos bancos traseiros. Minha bunda mal havia tocado o couro antes de Arthur me puxar para o lado, seu braço pendurado no meu pescoço, possessivamente me prendendo

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contra ele. Ele acendeu outro cigarro e sem palavras o passou para mim. Peguei o cigarro e afundei contra ele, depois o devolvi. Ele ainda estava sem camisa, o paletó e a camisa dobrados ao lado dele no banco de trás. Eu estendi a mão para onde sua mão estava sobre meu ombro e enfiei minha mão na dele. A fumaça encheu o ar enquanto viajávamos de Mile End de volta a Bethnal Green. Ele apertou minha mão novamente quando entramos na igreja. Nós passamos por alguns de sua família na sala de estar, e sorrisos conhecedores se espalharam por seus lábios. Com orgulho do meu passo, eu o segui até seu quarto e direto para o chuveiro. Ele me fodeu contra a parede de azulejos, então novamente em sua cama. Nossa cama. Porque eu sabia que nunca iria embora. Depois de tudo isso, ainda não tínhamos falado uma palavra. Mas a conversa não era necessária. Fizemos um juramento, um contrato assinado com sangue, suor e sexo. Ele veio me buscar em sua carruagem e me levou rapidamente para sua casa, para o inferno. Para estar ao seu lado. Para nunca mais sair. A senhora para seu senhor. Uma rainha das trevas para seu rei das trevas, perpétua e impenitente.

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CAPÍTULO DOZE CHESKA

Três semanas depois

Entrei na sala de estar, apenas para encontrá-la vazia, exceto por Freddie. Nas semanas que se seguiram à noite nos fossos, eu mal havia saído do lado de Arthur. Só quando ele começou a trabalhar é que fiquei na igreja. A menos que ele estivesse indo para a Sala dos Pardais; então ele me levava com ele. Eu estava permanecendo escondida. A polícia ainda estava atrás de mim. Arthur se recusou a me deixar sair da igreja, a menos que estivesse ao seu lado. Meus agressores não foram encontrados e não estávamos mais perto de descobrir quem eles eram. Eu não queria deixar a igreja de qualquer maneira. Tornouse meu refúgio. Esta noite, Gene Mason voltou. Eu nunca o conheci. Ele era o irmão mais novo de Vera e Eric. Arthur não tinha sido particularmente aberto quando se tratava do menino. Só que ele esteve em uma instalação privada. Vera me explicou que seu irmão de 20 anos tinha muitos demônios, a depressão no topo da lista. Sua passagem pela reabilitação acabou e eu sabia que Arthur o queria em casa de qualquer maneira. Os ataques a seus navios e transportes não haviam cessado e ele estava ficando mais agitado à medida que mais respostas não chegavam.

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Arthur amava sua família como nada que eu já tivesse conhecido. Ele trabalhava noite e dia para mantê-los seguros. Ele não falava com clareza, mas era óbvio em tudo o que fazia. O mundo exterior acreditava que ele era mau — não poderiam estar mais errados. No entanto, Arthur não fazia nada para dissuadi-los dessa crença. Ele alegava que era melhor que alguém fora de sua família pensasse assim. Ele ainda não falava muito comigo também. Nunca me disse que me amava. Nunca sequer pronunciou um murmúrio elogioso em minha direção. Mas a maneira como ele me segurava na cama, a maneira como pegava minha mão, a maneira como me beijava e me fodia e rastreava cada movimento meu, onde quer que fôssemos, me mostrava tudo que eu precisava saber. Mas havia momentos em que eu via frustração e raiva em seu rosto; suas sobrancelhas se arqueavam e uma expressão assombrada cintilava sobre suas belas feições. Havia momentos em que seu humor era sombrio, tão sombrio que ele praticamente pulsava com malícia. Ele ficava distante. Bebia mais. Fumava mais. Houve até momentos em que ele me deixava sozinha, apenas para me encontrar mais tarde e me foder com tanta força que seu aperto marcava minha pele e eu o sentia dentro de mim muito depois dele ter saído. Eu ainda não descobri o motivo desse humor. Mas eu confiava em nós. Achava que um dia ele me contaria. “Cheska,” Freddie me cumprimentou, puxando-me da minha cabeça. Ele me entregou um gim com tônica; estava segurando um Martini. “Arthur ainda não voltou?” Eu perguntei, apenas para dizer algo e tirar a preocupação do meu peito.

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Ao conhecer a família Adley, ficou claro que Freddie era o mais quieto, além de Arthur. Ele era sempre gentil e acessível, mas ficava mais feliz sentado na companhia de todos, apenas oferecendo conversas de vez em quando ou quando lhe perguntavam direta0mente. “Ainda não.” Freddie se sentou e me sentei em uma poltrona ao lado dele. Era a primeira vez desde que cheguei que ficávamos a sós. “Todos eles devem voltar logo. Eric e Vera foram para Gene.” Freddie consultou o relógio e depois o telefone. Recostei-me na cadeira enquanto ele digitava uma mensagem. “Então?” Freddie disse, avaliando-me, enquanto colocava o telefone ao lado dele. “Como você está?” Ele sorriu. “Como você está encontrando a vida do outro lado dos trilhos?” “Bem,” eu disse, sinceramente. “Acredite ou não, sinto-me mais em casa nesta igreja convertida do que jamais me senti em Chelsea.” Freddie concordou. “Eu sei.” Eu sabia que Freddie morava aqui há anos. Seu pai havia morrido alguns anos atrás. Eu não sabia dos detalhes, mas sabia que ele era praticamente irmão de Arthur. “Você já mora aqui há algum tempo”, disse, meio declaração, meio pergunta. “Sim”, disse Freddie, olhando para seu Martini. “Arthur contou o que aconteceu com meu velho?” “Na verdade não.” Freddie sorriu, e seu calor me fez espelhá-lo. Ele estava claramente pensando em seu pai. Ele o amava. Nem tinha falado sobre ele ainda, mas seu rosto me disse isso sem palavras. “Ele era um velhote decente”, disse Freddie. “Um falador, ao contrário de mim. Um maldito batalhador. E um general leal ao lado de Alfie.” Ele tomou um gole do seu Martini. “Ele era um

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cockney adotado. Nasceu no sul de Londres, mas mudou-se para Bethnal Green quando era adolescente. Começou a trabalhar com Alfie quando era criança. Alfie gostava dele. Meu pai fazia a merda, sem perguntas, e Alfie respeitava isso.” “Parece um grande homem.” Freddie encontrou meus olhos. “Ele era.” “O que aconteceu?” Perguntei, ultrapassado o limite.

esperando

não

ter

“Um negócio deu errado.” O calor que ele estava exalando se transformou em um frio do Ártico. “Havia um rato na empresa, um dos soldados. Vendeu-nos para um rival. Houve uma armação, um acordo que foi infiltrado. Houve um tiroteio, e meu velho foi quem pagou o preço.” “Sinto muito. Quantos anos você tinha?” “Dezesseis.” “Sinto muito, Freddie.” Estendi a mão e apertei sua mão. Ele olhou para a mão e terminou sua bebida quando me afastei. “Fui morar com Alfie naquela noite. Estive aqui desde então.” “Ele é como seu pai também.” Dor ou algo semelhante brilhou em seus olhos. “Sim.” “Arthur acredita que ele vai acordar”, disse, sabendo que a dor de Freddie era consequência do coma de Alfie. Arthur nunca visitou seu pai em seu quarto. Ele consultava sua enfermeira pessoal várias vezes ao dia, mas nunca o visitava. Nunca falava com ele ou segurava sua mão.

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“Ele tem que acordar”, disse Freddie, sua voz rouca. “Ele tem que acordar.” Freddie se levantou e foi até o bar. Meu coração se partiu por ele. Perder outro pai ... Meu estômago embrulhou. Eu sabia o que era perder pessoas que você amava. Parecia um peso constantemente em suas costas. Tirava seu fôlego de vez em quando. Era muito pesado em alguns dias para se mover. As emoções trancadas que eu mantive enjauladas dentro de mim estremeceram. Prendi a respiração e afastei a dor que lutei tanto para não sentir. Eu não estava pronta para desencadear isso. Vi Arthur me observando às vezes, de perto, como se esperasse que eu quebrasse a qualquer momento. Mas não consegui. Não. Depois de tudo o que aconteceu com todos eles ... não tinha certeza se algum dia me recuperaria se o ferro das portas da gaiola segurando aquelas emoções se dobrasse e as libertasse. Enquanto eu abracei a familiar dormência da evasão e respirei. Freddie estava fazendo outro Martini, olhei para ele e jurei que sentia seu peso também. Achei que talvez ele também tivesse uma gaiola fechada com cadeado. “Você perdeu sua mãe também?” Eu perguntei. Os ombros de Freddie ficaram tensos, mas ele balançou a cabeça e se virou para mim. Ele hesitou um segundo, depois disse: “Eu era pequeno quando ela morreu. Éramos só eu e meu velho até ele ir também. Éramos próximos como ladrões. Ele era meu melhor amigo. Era tudo para mim.” “Sinto muito,” eu disse novamente. Não tinha ideia de como poderia melhorar essa perda. Dor como uma adaga cortou meu coração. Comigo também era assim, tinha perdido todos. Arthur também. Era por isso que ele e Freddie eram tão próximos. Ambos sofreram perdas tremendas.

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Eles realmente eram irmãos em todos os sentidos, exceto de sangue. “Bem, esta é uma desculpa muito triste para uma festa”, Charlie disse da porta. Betsy estava segurando seu braço, sorrindo com a piada do irmão. “Quer falar sobre como minha mãe nos largou quando bebês e fugiu com seu psiquiatra? Então, podemos realmente ser miseráveis juntos.” Charlie revirou os olhos e entrou na sala. Ele se inclinou e me beijou na bochecha, assim como Betsy. “Estávamos esperando que todos vocês chegassem, seu idiota,” Freddie disse e piscou para mim. “Então você fala sobre a morte? É uma boa maneira de lançar uma nuvem negra na sala.” “Tudo bem, Chuck”, disse Freddie. “Você ilumina qualquer sala.” “Sei que você está apenas sendo um idiota sarcástico, mas estou aceitando esse elogio de qualquer maneira.” Charlie preparou uma bebida e se sentou no sofá ao lado de Betsy. “Então?” Charlie disse para mim. “Como vai a vida doméstica com meu primo?” Havia um brilho brincalhão em seus olhos. “Bem,” eu disse, esperando que minha preocupação recente com o comportamento estranho de Arthur não fosse óbvia em meu rosto. “Bem? Bem, isso é um endosso sonoro para o casal doméstico.” Charlie sorriu para mim. Ele deve ter detectado a preocupação em mim afinal, quando disse: “Há muita coisa acontecendo no momento. Em termos de negócios. Ataques. Todas essas coisas divertidas. Mantém o velho Artie ocupado.”

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“Além disso, ele não tem ideia de como realmente ter um relacionamento que não seja familiar”, acrescentou Betsy. Ela verificou o relógio quando a campainha tocou. Ela sorriu amplamente. “Deve ser Jacob.” Ela saiu da sala. “Jacob?” Perguntei a Charlie. Ele bateu com a mão na frente do rosto e começou a acender o cachimbo. “Sua ferramenta mais recente para deixar Eric com ciúmes, sem dúvida.” Charlie recostou-se em sua cadeira, cruzando as pernas. “Não se preocupe. Você vai se acostumar com o relacionamento mais fodido de todos os tempos em breve. E os jogos que eles jogam apenas para irritar um ao outro.” Assim que Charlie parou de falar, Betsy entrou, de braço dado com um homem alto e ruivo de terno. Ela ficou na ponta dos pés e beijouo na bochecha. “Bebida, querido?” Ela perguntou a ele. “Guinness”, respondeu ele com sotaque escocês. Vinnie entrou na sala com o braço suspenso no ar, claramente em torno de sua alucinação de Pearl. Os olhos de Jacob se arregalaram. Vinnie olhou Jacob de cima a baixo. “Oh, isso vai ser divertido.” Ele se sentou na poltrona e pegou bebidas para ele e Pearl, sussurrando coisas em seu “ouvido”. Jacob estava pálido enquanto o observava, e eu me perguntei como Betsy tinha explicado isso, esta noite, sua família. Se ela sequer tinha se incomodado. Eu ouvi a porta da frente abrir e fechar, então o som de saltos no chão do corredor. “Parece vovó”, disse Betsy, e meu coração disparou. Eva Adley. Eu tinha ouvido falar da matriarca Adley por Vera e Betsy. Elas me disseram, em termos inequívocos, que Arthur era seu favorito. E que ela era um machado de

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batalha. E sua palavra sobre qualquer coisa relativa à família era lei. Prendi a respiração quando uma mulher esguia e elegante apareceu na porta. Ela tinha cabelo branco-acinzentado penteado em um elegante corte curto. Ela usava calças pretas sob medida, uma camisa branca justa e um par de Louboutins pretos. Um longo blazer preto descansava em seus ombros. “Avó.” Charlie se levantou e a beijou na bochecha. Betsy e Freddie seguiram o exemplo. Vinnie se levantou e beijou Eva também. Batendo carinhosamente em sua bochecha, ela disse: “Como está minha garotinha?” Eu sabia que ela estava se referindo a Pearl. “Ótima, Eva. Ela está realmente boa pra caralho.” Vinnie ocupou seu lugar ao lado de Pearl novamente, sussurrando em seu ouvido. Os olhos de Eva Adley encontraram os meus, depois os de Jacob. “Parece que temos alguns intrusos na sala”, disse ela. Mas sua atenção mal ficou em Jacob. Estava firmemente em mim. Estava claro que ela sabia quem eu era, mas eu não tinha ideia de como ela se sentia a respeito. Fiquei de pé. “Sra. Adley.” Estendi minha mão. “Sou Cheska Harlow-Wright.” Ela apertou minha mão e a largou rapidamente. Enfiou a mão na bolsa e tirou um cigarro em uma piteira preta fina. Charlie ergueu o isqueiro para ela. Quando o cigarro foi aceso, ela inalou. Ao expirar, disse: “É você quem está fodendo meu neto?” Eu recuei em choque. Seu sotaque era tão forte quanto o do resto da família. Uma faísca de irritação queimou em meu peito.

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“Estou mais do que transando com ele”, respondi, com uma pitada de aço em meu tom. A sobrancelha de Eva se ergueu. “É mesmo?” “Independentemente do que você pense, eu o amo.” “Ama?” Eva riu, sorrindo para Freddie quando ele colocou um conhaque em sua mão. “O amor nem sempre funciona bem para as pessoas em nossa linha de trabalho.” Ela passou por mim e se sentou em uma poltrona alta como uma rainha do gelo. Ela me olhou astutamente. “E o que você ama no meu neto? O poder? O dinheiro? O fato de que ele é um pouco rude para você aproveitar e depois cuspir nas suas elegantes ruas SW3.” Betsy estremeceu, então sutilmente acenou para mim em encorajamento. “Como você ousa?” Eu disse secamente. “Sim, sou uma Harlow-Wright.” Eu segurei minha cabeça erguida. “E tenho poder e dinheiro próprios. Eu amo Arthur por Arthur.” “A última vez que soube, sua família estava em ruínas”, disse ela, e senti a adaga sendo cravada em minhas costas. “Seu pai e seu noivo foram mortos por não conseguirem pagar um empréstimo duvidoso. Não é verdade?” A imagem do meu pai e Hugo disparou na minha cabeça, facilmente escapando das minhas defesas, mas eu rapidamente a afastei. “Eu tenho meu próprio dinheiro. Dinheiro da parte da minha mãe que meu pai nunca poderia tocar. Muito disso. Não preciso de um centavo do Arthur. Nunca.” Eu cruzei meus braços — era mais para minha própria autopreservação do que por insolência. “E se você conhecesse seu neto, saberia que ele é digno de amor. Não tem que haver nenhuma condição ligada a ele.” “Mm,” ela disse. “Há a arrogância de sangue azul brilhando.” Ela tomou um gole de conhaque e deixou o cigarro queimar na piteira sem dar uma única tragada. “Mas diga-me, como você pode amar alguém que mal conhece?”

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“Eu o conheço.” “Você o conhece há cinco minutos.” Aproximei-me de Eva, lutando contra a necessidade de cortar seu rosto com a mão. “Conheci Arthur quando tinha treze anos. Então, novamente aos dezoito anos.” Os olhos de Eva se estreitaram. Claramente, isso era novidade para ela. “Depois estivemos cinco anos juntos. Eu o conheço há mais tempo do que você pensa.” Eva bateu em sua mão. “Um caso secreto não é prova de nada.” Ela finalmente deu uma tragada no cigarro e disse: “Ele era um pouco indiscreto com você. Você estava noiva de um idiota chique e fodeu Artie pelas costas. Esse é o grande caso de amor a que você se refere?” Raiva. Isso foi o que me varreu. Lava derretida e raiva tão grande que minhas mãos tremeram. Era raiva, tão pura em sua potência que usei seu calor para cuspir: “Em nenhum universo, Arthur poderia estar apenas um pouco envolvido. Eu o amava naquela época e o amo agora. Estou aqui e não vou a lugar nenhum. Isso é algo que você simplesmente terá que aceitar.” A sala ficou em silêncio. Eva olhou para mim, mas achei ter visto algo cintilar em seu olhar. Algo como aprovação. “Avó.” Eu me virei para ver Arthur enchendo a porta. Ele estava vestido com um terno risca de giz cinza, camisa branca e gravata preta. Seus olhos azuis cortaram para mim e meu coração imediatamente começou a bater forte. “Artie”, disse Eva. Arthur foi até sua avó e beijou sua bochecha. Ele se serviu de um gim e se virou para mim. Eu não pude ler a expressão em seu rosto enquanto atravessava a sala, indo direto para mim. Ele parou diante de mim, colocou a mão na parte de trás da minha cabeça, esmagou minha boca na dele e me

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beijou — me devastou. Eu caí contra ele, as pessoas na sala derretendo quando ele empurrou sua língua contra a minha. Arthur se afastou, mas manteve a mão na minha nuca, mantendo-me perto. “Princesa”, disse ele em saudação. Ele se sentou em seu assento habitual perto do fogo e me puxou para seu colo, envolvendo seu braço em minha cintura. Ele sempre fazia isso quando estávamos nesta sala. Sempre que estava comigo, sempre me tocava de alguma forma, me possuindo, nunca me deixando ir. Passei meu braço em volta do pescoço de Arthur, sentindome com três metros de altura. Charlie se sentou, lutando contra um sorriso malicioso, assim como Freddie. Betsy ficou parada ao lado de Jacob, mas quando nossos olhares se encontraram, ela piscou para mim. “Essa é a primeira e a última vez que você vai interrogar Cheska, vovó. Falo sério”, disse Arthur. Eva acenou com a mão para ele em despedida. Recostei-me no calor de Arthur. Contra seu corpo duro, sentindo o cheiro de tabaco em seu terno, o almíscar de sua loção pós-barba. Eu olhei para o rosto dele. A mandíbula de Arthur estava cerrada, mas então ele apontou seus olhos azuis na minha direção. Eu sorri para ele. Em segundos, ele estava me beijando novamente, como se não pudesse se cansar. Não dando a mínima para que sua avó estava sem dúvida fumegando pela sala em desaprovação. Ele estava me escolhendo... Arthur estava me escolhendo. A porta da frente se abriu novamente, e as vozes de Vera e Eric flutuaram pelo corredor. Arthur não se levantou para cumprimentá-los. Ele manteve o braço em volta de mim e bebeu seu gim como o rei que era.

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Vera entrou primeiro na sala de estar. Ela sorriu, mas parecia tensa. “Aqui está ele”, disse ela. Atrás dela estava um menino magro e de altura média com cabelos castanhos cacheados que caíam sobre os olhos. Seu olhar foi abaixado. Ele usava tudo preto, e longas bandagens pretas escondiam seus pulsos e antebraços. Meu estômago revirou. Havia apenas uma razão para alguém precisar dessas coisas. Uma coisa que ele poderia estar tentando esconder. “Gene.” Eva se levantou. Ela o abraçou, e ele relutantemente a segurou, parecendo que queria estar em qualquer lugar, menos nesta sala com todos nós agora. Quando ela se afastou, os olhos de Gene desviaram-se do chão. Ele tinha olhos castanhos e pele pálida. Estava nervoso e obviamente tinha pouca ou nenhuma confiança. Ele era tímido. Mas pelos pequenos sorrisos nervosos que ele lançou para todos, parecia doce. Ele examinou a sala, os olhos pousando em mim. Se ele ficou surpreso comigo, não demonstrou. Charlie se levantou e se dirigiu para Gene, e a cabeça de Gene se ergueu pela primeira vez e ficou erguida. Seus olhos permaneceram fixos em Charlie. “Gene”, disse Charlie, envolvendo-o em seus braços. Gene enfiou a cabeça na curva do pescoço de Charlie e o segurou. Seus dedos se espalharam no paletó de Charlie, como se estivesse tentando afundar seu aperto nele e nunca o soltar. “Você está bem, garoto?” “Sim”, disse Gene, e um nó se formou na minha garganta com a força com que Gene estava segurando o primo de Arthur. Como se Gene estivesse se afogando e Charlie fosse o bote salva-vidas que mantinha sua cabeça acima das ondas. Charlie se afastou e deu um tapinha na bochecha de Gene. “Sentimos sua falta, garoto” disse ele, e Gene deu o mais doce dos sorrisos. Ele parecia tão diferente do resto de sua família. O oposto de sua irmã e irmão. Eric era maior do que a

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vida e letal; Vera era teimosa e poderia te derrubar com um olhar mordaz. Gene... Não pude evitar pensar que ele era inocente demais para esta vida. Muito precioso. Ele precisava ser embrulhado em algodão e mimado. “Eu também senti sua falta,” ele quase sussurrou. Charlie se virou para ir ao bar. O olhar castanho de Gene o seguiu por todo o caminho. Eric apareceu atrás de Gene e colocou as mãos nos ombros do irmão mais novo. “Ele voltou!” Eric disse, então ergueu a cabeça para o resto da sala. Ele se concentrou em Betsy... Depois no homem ao lado dela. Sua alegria com o retorno de Gene diminuiu e seu rosto se tornou assassino. “Quem diabos é esse babaca?” Eric moveu Gene de lado e invadiu ainda mais a sala. Antes que Betsy pudesse abrir a boca para se apresentar, Eric bateu com a mão na nuca de Jacob. “Dê o fora!” Ele arrastou Jacob para fora da sala. “Eric!” Betsy gritou atrás dele, raiva em sua voz enquanto ela corria para a porta da sala. Ela parou quando a porta da frente se fechou. Ela recuou alguns passos, então Eric estava de repente na sala novamente. Ele estava respirando com dificuldade e tinha raiva nos olhos. Ele apontou para o rosto de Betsy. “Traga esse idiota aqui novamente e eu cortarei a porra da garganta dele. Você sabe que não estou brincando.” “Você é um idiota!” Betsy foi cortar o rosto de Eric com a mão, mas ele segurou seu pulso no ar antes que ela pudesse. Ele a jogou contra o peito e Betsy cuspiu em seu rosto. “Sai de cima de mim, porra,” ela disse ameaçadoramente, baixinho. Eric riu na cara dela, então soltou seu pulso. “Cadela.” “A maior”, Betsy atirou de volta, em seguida, caminhou até sua cadeira, deixando Eric olhando para ela, fervendo. Eu peguei

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seu olhar quando ela se sentou, querendo saber se estava bem. Seu sorriso presunçoso me disse que estava mais do que bem; a piscadela sutil que ela me deu me disse que, de fato, se sentia vitoriosa. Eu não tinha ideia do que diabos tinha acontecido. Arthur bateu no meu braço. Levantei-me e fomos para Gene. Arthur o abraçou. “Gene.” Gene retribuiu o abraço tímido. “Artie.” O olhar de Gene se moveu para mim novamente e eu sorri para ele. Estendi minha mão. “Cheska”, disse Arthur, mas sem nenhuma outra apresentação. “Prazer em conhecê-la”, disse, e Gene inclinou ligeiramente a cabeça. Eric segurou os ombros de Gene novamente e o conduziu em direção a um sofá de três lugares. Vera e Eric flanqueavam seus dois lados, como guardas encarregados de proteger seu frágil irmão de 20 anos. Gene não falou, apenas balançou a cabeça em resposta a qualquer coisa que alguém lhe perguntasse. Arthur me puxou para seu colo novamente, brincando com uma mecha do meu cabelo. As pontas dos dedos dele roçavam o topo da minha espinha e causavam arrepios ricocheteando nas minhas costas. Ronnie chegou uma hora depois. Ela balançou a cabeça para Arthur, e eu sabia que ela estava fazendo algo para ele. Teria algo a ver com os recentes ataques às drogas. E eu sabia que ela ainda estava procurando por qualquer vestígio dos meus agressores, daqueles que a levaram. Ainda não sabia a história completa. Não tinha certeza se queria. A noite avançou e não demorou muito para que Gene pedisse para ir para casa. Ele estava ficando com Eric. Parecia

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exausto, os círculos escurecendo sob seus olhos. Vera e Ronnie partiram para se estabelecer com Gene também. Charlie e Betsy saíram logo depois, deixando apenas alguns de nós na sala. “Avó?” Arthur disse. “Você precisa de um carro?” “Em breve.” Ela se levantou. “Vou passar algum tempo com meu filho primeiro.” Ela saiu correndo da sala. Arthur ficou tenso quando ela disse isso, e eu me virei e o estudei. Não havia expressão em seu rosto. Apenas a leve tensão em seu corpo me disse que ele teve algum tipo de reação por sua avó visitar seu pai. “Eu vou para a cama”, disse Freddie, então parou na minha frente. “O latido de Eva é pior do que sua mordida”, disse ele. “Ela é apenas protetora do Garoto de Ouro aqui.” “Cai fora,” Arthur disse, mas eu peguei a diversão em seu tom áspero. O braço de Arthur em volta da minha cintura se apertou. “Noite.” Freddie saiu da sala, deixando apenas nós e Vinnie. “Pearl quer saber se você quer outra bebida. Disse que sente falta do irmão”, disse Vinnie, e ouvi a respiração de Arthur engatar com a menção de sua irmã. Eu fiz uma careta e deslizei minha mão sobre a sua na minha cintura. Eu apertei sua mão. Isso pareceu acender algo em Arthur, e ele se levantou, me erguendo da cadeira e colocando meus pés no chão. “Vamos para a cama”, disse ele. “Boa noite”, disse Vinnie, seu sorriso perturbador vindo em nossa direção. “Não deixe os percevejos morderem!” Arthur me puxou para seu quarto. No minuto em que a porta foi fechada, ele tirou o casaco e jogou-o na cadeira próxima. O estranho humor em que esteve por dias e dias ainda permanecia nele como a fumaça de seus cigarros.

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Então ele se virou para mim, me apoiando contra a parede. Ele queria me foder. Foder-me do mesmo jeito de sempre. Mas eu queria outra coisa. Quando ele deu um passo em minha direção, me afastei dele e entrei no banheiro. Fechei a porta e coloquei minha camisola de seda roxa. Eu podia ouvir Arthur andando pelo quarto do lado de fora. Quando abri a porta do banheiro, Arthur estava sentado na beira da cama. Sem camisa, só com a calça, o zíper já aberto, que definia o V liderando o caminho por baixo. “Venha aqui, princesa,” ele disse. Vi que ele estava duro por baixo da calça. Seu rosto estava vermelho e seus olhos penetrantes enquanto se fixavam em mim. Ele me bebeu enquanto eu me aproximava dele. Parei ao lado da cama e passei minhas mãos por seus cabelos. Ele pegou meu pulso em sua mão e o empurrou direto para seu pau. “Não gosto de ficar esperando”, disse ele, e percebi a censura em sua voz. Eu acariciei sua calça, ao longo de seu comprimento por baixo. Arthur rosnou baixinho. Então parei e retirei minha mão. Havia perguntas em seu olhar. “Você tem agido de maneira estranha”, eu disse e, dessa vez, passei meus dedos em seu cabelo. Arthur parou embaixo de mim. Suas mãos percorreram a lateral das minhas pernas, até minhas coxas, deslizando sobre a seda roxa para descansar na minha cintura. Eu senti meus mamilos endurecerem. “Diga-me,” eu disse. Seu aperto aumentou em resposta. “O que há de errado?” “Eu quero te foder, isso é o que há de errado.” Ele me puxou para mais perto. Envolveu seus lábios em meu mamilo direito através da camisola, e meus olhos rolaram para trás com a sensação. O prazer se partiu dentro de mim, enviando correntes quentes de luz pelo meu corpo. Arthur moveu a cabeça para o meu outro mamilo e eu apertei minhas coxas juntas, minhas mãos

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movendo-se de seu cabelo e descendo para seu pescoço para sentir seu pulso. Estava acelerado. Ele se separou do meu seio e puxou as alças da minha camisola. A seda escorregou do meu corpo e se acumulou no chão. Ele me puxou para mais perto de novo pela cintura — de forma agressiva, dominante. Eu o adorava assim. Mas desta vez ... Desta vez ... “Eu quero que você faça amor comigo,” sussurrei. Arthur ficou imóvel. Ele não olhou para mim, embora eu soubesse que ele podia sentir meu olhar. Com minhas mãos em seu rosto, guiei seu rosto até o meu. Sua mandíbula estava tensa, os olhos sem qualquer emoção. “Eu fodo,” ele disse, sua mão deixando minha cintura e caindo entre minhas pernas. Ele pressionou seu dedo contra meu clitóris. Eu parei seus movimentos com um aperto em seu pulso, e ele me disse: “Eu fodo e você grita, e é assim que é.” “E você fode bem”, aplaquei, afastando sua mão de mim. “Mas isso não significa que você não pode fazer amor comigo também.” Eu vi um milhão de pensamentos passando por sua mente enquanto sua testa franzia e seus olhos se estreitavam. Um milhão de fardos diferentes atormentando-o, seus muitos demônios tentando dissuadi-lo de atender ao meu pedido. Caindo de joelhos, puxei a cintura de sua calça e beijei amorosamente ao longo de sua barriga. Arthur sibilou e seus músculos se contraíram. Meus beijos eram suaves e doces, e tentei mostrar a ele o quanto eu o estimava. Eu me abaixei mais e mais até que meus lábios beijaram a parte inferior de seu comprimento. Olhei para cima e o vi me observando. Observandome como se eu fosse um enigma, como se nunca tivesse me visto antes ... Como se não tivesse ideia do que diabos fazer comigo.

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Ocorreu-me que ele nunca teria feito amor. Arthur tinha acabado de me dizer que ele fodia. Ele fodia com força e bem, mas nunca tinha feito amor. Sentei-me e corri minhas mãos ao longo de suas coxas. “Eu te amo”, sussurrei no quarto silencioso. “Eu te amo, Arthur Adley.” Arthur rosnou e tentou me colocar de pé. Segurei suas mãos antes que pudesse me alcançar. Ele congelou. Encontrei seu olhar ardente, confuso e levei a palma da mão aos meus lábios, pressionando o mais suave e doce dos beijos na pele áspera. Eu fiz o mesmo com a outra mão. Baixei-as até os ombros e comecei a puxar para baixo sua calça. Arthur estava descoberto para mim e sorri para seu rosto estoico. Abaixando minha cabeça, lenta e firmemente, eu trouxe seu comprimento aos meus lábios. Arthur grunhiu enquanto eu rodava minha língua em torno da ponta e o levava para dentro da minha boca. Suas mãos deixaram meus ombros e se fixaram na lateral da minha cabeça. Eu esperava que ele fosse rude, enfiasse dentro da minha boca e agarrasse meu rosto. Mas ele não fez isso. Ele me deixou levá-lo como eu queria. E quando olhei para cima, estava me observando. Me olhando com uma expressão perdida no rosto. Rangendo os dentes, a pele corada, mas tão, tão fora de sua zona de conforto. Isso era o quão incerto quanto eu acreditava que Arthur poderia ficar. Meu coração se partiu por ele. Ele sempre acreditou que o sexo deveria ser áspero e casual? Nunca desejou a conexão profunda e significativa que eu sabia que existia entre almas gêmeas? Que eu acreditava que poderia existir entre nós? Eu me levantei e pressionei minhas mãos em seu peito duro. Arthur deitou-se na cama, permitindo-me assumir o comando. Escalei seu corpo musculoso, montando em suas coxas, e o beijei. Beijei-o com uma ternura que sabia que ele

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nunca experimentou. Ele me beijou de volta, e eu queria chorar com este homem me permitindo assumir o controle. Minha língua deslizou ao lado da dele, acariciando... Apenas sentindo, saboreando e beijando. Eu me afastei e procurei seu rosto. Eu sorri, mas algo escuro passou pelo rosto de Arthur e ele rosnou e me virou de costas. Ele me prendeu em seus braços e olhou para mim como se eu fosse o pior tipo de rival. Seus olhos se arregalaram sob os óculos. Eles se fecharam e pude ver um movimento sob suas pálpebras. Eu sabia que ele estava lutando consigo mesmo, lutando contra os demônios que viviam em sua alma escurecida. Seus músculos estavam tensos, e eu poderia dizer que estava lutando para relaxar, para se soltar. Para nos deixar ser ... “Eu te amo”, murmurei de novo, e os olhos de Arthur se abriram. Percebi que toda vez que eu dizia isso, era como se ele não pudesse acreditar. Como se não se acreditasse digno ... não se acreditava adorável ... Eu congelei. Foi isso. Era por isso que ele só fodia. Era por isso que ele nunca demonstrava reação a nada. Ele ficava escondido atrás da segurança dos altos muros que ergueu há muito tempo porque não se achava digno de amor. A pele de Arthur estava úmida — a única indicação de que isso o estava afetando de alguma forma. Que isso, minhas palavras de amor e adoração, estavam rompendo sua pele espessa e marcada pela batalha. “Eu te amo”, disse de novo, e ele se afastou, sentando-se nos calcanhares. Ele passou as mãos pelos cabelos, olhando ao redor do quarto como se precisasse de uma fuga, como se precisasse estar em qualquer lugar, menos nesta cama comigo. Como se não pudesse suportar que lhe dissessem que era amado.

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Fiquei de joelhos e encontrei seus olhos. Seu pescoço estava tenso e as veias de seus músculos definidos projetavam-se através de sua pele. Eu segurei seu rosto. Ele tentou se afastar, mas o segurei com força. Ele não lutou comigo tanto quanto eu temia. Ele agarrou meus pulsos como se fosse me jogar fora. Mas, em vez disso, suas mãos me seguraram como uma tábua de salvação, do jeito que Gene agarrou Charlie, como se ele fosse despencar em profundidades congelantes se não me segurasse com força. Eu me movi lentamente, beijando ao longo de sua bochecha mal barbeada até que meus lábios encontraram os dele. Eu o beijei. Eu o beijei suavemente, mostrando a ele o amor que eu sentia por ele. O amor que sabia que havia sido negado a ele por tanto tempo. Um amor que eu sabia que ele não tinha ideia do que fazer. Eu o guiei para cima de mim enquanto deitava na cama. Ele rastejou acima de mim, respirando pesadamente. Eu segurei o rosto de Arthur, então deixei que ele me beijasse. Ele aproximou seu rosto do meu, sua respiração gaguejando e instável. Então seus lábios encontraram os meus e me beijou. Não me violou. Ele me beijou do jeito que eu sempre sonhei que ele pudesse e um dia faria. E uma vez que começou, não parou. Arthur beijou minha boca; beijou meu pescoço e meus seios. Ele beijou minha barriga e alcançou entre minhas coxas. Eu alarguei minhas pernas, e ele baixou a cabeça e lambeu ao longo do meu núcleo. Minha cabeça rolou para trás quando sua língua lambeu meu clitóris, então desceu para a minha entrada. “Arthur”, murmurei, perdida no prazer, perdida na gentileza, na suavidade. Passei meus dedos em seu cabelo e olhei para baixo enquanto ele me tomava com a boca. Suas mãos estavam nas minhas coxas, movendo-se apenas para empurrar

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um dedo dentro de mim. Sua língua e dedo trabalharam em mim cada vez mais rápido até que minhas costas arquearam e eu me parti. Gritei no quarto, o som ecoando nos velhos tetos com vigas. Arthur rastejou acima de mim. Seus olhos encontraram os meus quando ele deslizou dentro de mim, enquanto enganchava seus braços sob os meus e me enchia, peito a peito. Ele gemeu, e o som foi uma sinfonia em meus ouvidos enquanto ele empurrava dentro de mim em um ritmo constante e enlouquecedor. Quando fechei meus olhos, as lágrimas picaram por trás das minhas pálpebras. Em todos os anos em que me procurou em Oxford, em todas as noites desde o fosso, nunca tinha sido assim. Nunca, nunca foi assim para mim. E eu sabia que nunca mais seria. Eu abri meus olhos. Ele ergueu o rosto do meu pescoço e viu minhas lágrimas caírem. Arthur franziu a testa e lambeu as lágrimas enquanto aumentava o passo. Ele me deixou lentamente louca, gentilmente me empurrando e empurrando até que eu fiquei tensa, então gritei em êxtase quando gozei. Eu o segurei com força enquanto me derretia contra ele. Arthur me beijou, então ele se acalmou, gemendo em minha boca enquanto eu engolia o som de sua liberação. Ele caiu para frente, sua cabeça enfiada no meu pescoço, seus lábios beijando minha pele úmida. Ele ficou dentro de mim, empurrando suavemente enquanto nosso prazer era espremido. Corri minhas mãos ao longo de suas costas e acariciei sua pele quente. Arthur ergueu a cabeça e saiu de dentro de mim, levandome até seu peito. Seu coração estava acelerado enquanto eu pressionava meu ouvido em seus peitorais. Sua respiração estava pesada e me perguntei o que ele estava pensando. Eu sabia que

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ele não me contaria. Pelo menos, sabia que tinha que dar a ele tempo para se abrir comigo. Mas isso, o que acabamos de compartilhar, foi um começo. Tínhamos acabado de fazer amor. Arthur acabou de fazer amor comigo. Nunca pensei que veria o dia em que ele me deixaria entrar o suficiente para ter isso. Ele se achava escuro. Ele se considerava intocável e desagradável. Para mim, ele era tudo menos isso. Fiquei olhando para as vigas do teto. Sua mão estava entrelaçada com a minha. Eu o senti acender um cigarro e então senti o cheiro da fumaça que rastejava ao nosso redor. A fumaça branca ondulou no ar acima de nós, e eu observei enquanto se desvanecia em nada. Minha mente vagou para as conversas que tivemos. Quando Arthur me empurrou, tentando me testar, para ver se eu fugia. Se eu o abandonasse por causa de sua vida, por causa do que fazia — ainda faz. Se eu eventualmente fugiria do buraco negro e do vazio que vivia dentro dele. Se eu finalmente fugiria dos demônios, com os quais lutava diariamente e que deixou assumirem o controle de sua alma. Eu não iria. Segurá-lo assim valeu a pena. Isso fez com que tudo — tudo de bom, ruim e depravado — valesse a pena. “Há conforto na escuridão,” eu disse, suavemente, para não perturbar o resultado do nosso primeiro amor. Mas Arthur ficou tenso e sua mão apertou a minha. Com minha mão livre, corri círculos preguiçosos nas costas de sua palma. “As pessoas têm medo do escuro.” Eu sabia que ele estava ouvindo cada palavra que eu dizia pela maneira como prendeu a respiração. “Mas também há consolo na escuridão.” Eu sorri ao ver o céu da meianoite através da claraboia no teto antigo. As estrelas e a lua pairavam do lado de fora, iluminando-nos onde estávamos.

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“Assim,” eu disse, apontando para o céu. “Não veríamos as estrelas sem a escuridão. A lua.” Virei minha cabeça para Arthur, para as cicatrizes em seu torso — marcas de faca de sua educação dura, de suas muitas lutas violentas. Algumas, pelo que parecia, estavam perto de ser fatais. Eu beijei sua maior cicatriz, então olhei para seu olhar observador. “Não tenho medo do escuro, Arthur. Eu nunca tive.” Ele me encarou por tanto tempo que não achei que fosse me dar uma resposta. Então, “Bom”, foi tudo o que disse quando fechei os olhos e o senti se envolver em torno de mim, escuridão e tudo.

“Vamos, princesa. Acorde.” Eu pisquei meus olhos abertos. O quarto ainda estava escuro. Mas, à luz do abajur na mesinha de cabeceira, vi Arthur. Ele estava vestido e esperando por mim. Percebi que ele não deve ter dormido nada quando vi no relógio que apenas duas horas haviam se passado. “Vista-se.” “Onde estamos indo?” Eu perguntei, esfregando o sono dos meus olhos enquanto chutava minhas pernas para fora da cama. As narinas de Arthur dilataram ao ver meu corpo nu se esticando, mas ele jogou uma calcinha, legging preta e seu moletom para mim. Eu rapidamente me vesti, sentindo seu cheiro no moletom enquanto o puxava pela cabeça. Eu ri quando olhei para baixo; a bainha caiu sobre meus joelhos. Então meu coração bateu de forma irregular quando vi um sorriso divertido na boca de Arthur. Ele raramente mostrava sinais de alegria, qualquer mera sugestão era de tirar o fôlego.

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Coloquei os pés nos tênis e peguei a mão de Arthur à espera. Ele me puxou do quarto e direto para fora da casa. Ele destrancou um Range Rover e fiquei em estado de choque — não havia um motorista no banco do motorista. “Você vai dirigir?” “Oh, o choque!” ele respondeu secamente. Meu peito aqueceu com a sugestão de sarcasmo bem-humorado em sua resposta. Entrei no lado do passageiro, lutando contra o meu sorriso quando Arthur saiu para as ruas do East End. Fiquei olhando para as casas e os pubs fechados. Parecia um mundo diferente de onde eu era. Mesma cidade, vidas completamente diferentes. Mas esta estava se tornando rapidamente minha nova casa. Chegamos ao armazém que abrigava o clube de luta subterrâneo. Eu fiquei tensa, percebendo que iríamos descer lá novamente. Mas quando Arthur me levou até as portas de aço e elas se abriram, éramos apenas nós. Eu fiz uma careta, olhando para os fossos vazios, as cabines e assentos vazios. Tinha sido limpo, areia fresca no chão do fosso. Todos os vestígios de sangue se foram, uma quietude inebriante no ar na sala subterrânea. Como se a natureza soubesse que era um lugar de depravação, morte e violência. “Por que estamos aqui, Arthur?” Eu perguntei, apertando sua mão. Ele me levou a uma sala dos fundos. Era longa e estreita, e no final havia alguns alvos de feno. Arthur tirou o paletó; do lado do seu peito estava uma arma em um suporte. Ele veio em minha direção e puxou a arma. “Você tem que aprender a atirar,” disse, e meu estômago revirou. Olhei para a arma em sua mão e recuei. Nunca segurei uma arma na vida.

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“Princesa”, disse ele, a voz misturada com reprovação. “Eu tenho um alvo enorme na minha cabeça.” Arthur pareceu abaixar um pouco suas paredes. “Se você estiver comigo, se ficar ao meu lado, porra, então haverá um alvo em você também.” Ele bateu no peito com a palma da mão, a voz endurecendo e aumentando de volume. “Pessoas querem me matar. Muitas pessoas. Por vingança, poder, drogas, docas, rotas — você escolhe. Pessoas de todo o mundo me querem morto pelo que fiz ou pelo que possuo. Eles virão atrás de você.” Sua voz gotejava com a promessa inevitável de morte. “Ou pelo menos vão tentar, porra.” Ele agarrou meu queixo com a mão. “Os lobos na minha porta agora estarão na sua também.” Ele riu, mas não tinha humor. “E eles vão querer seu sangue. Por minha causa, vão querer o seu sangue.” Fui falar, mas ele prometeu: “E não vou deixar isso acontecer.” Sua voz falhou um pouco, assim como meu coração. “Eu não posso deixar isso acontecer.” Foi o mais perto que Arthur chegou de me dizer o que sentia por mim. O mais próximo que eu vi dele perdendo a calma, de seu rosto normalmente inexpressivo traindo seus sentimentos. Eu me aproximei dele. Ele engoliu em seco. “Virão atrás de você, princesa. Virão atrás de você por minha causa.” Isso foi por causa desta noite. Tudo isso porque tínhamos feito amor. Não fodido. Não transado. Mas feito amor. Aquilo o abalou. Isso o afetou mais do que eu jamais pensei ser possível. Eu aninhei minha cabeça em sua mão e beijei sua palma. Encontrando seus olhos selvagens, eu disse: “Já vieram atrás de mim, Arthur. Os lobos já vieram. E não por sua causa.” Fechei meus olhos e afastei minha dor ameaçadora di meu peito novamente. Eu não poderia deixar a tristeza me atingir ainda. Aí pensei no tráfico, no sangue e na marca que os feitores que

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tentaram me levar tinham, mas ainda não conseguia pensar em tudo. O cadeado chacoalhou novamente, assim como quando eu estava conversando com Freddie. O medo absoluto roubou um fôlego. O que aconteceria quando eu deixasse tudo sair? Isso me esmagaria? Isso me destruiria? Isso me levaria a um lugar de onde eu não poderia voltar? Arthur abriu minha mão e enfiou a arma na palma dela. O metal estava frio contra a minha pele, e parecia muito pesada para segurar — não apenas o peso, mas a responsabilidade, a gravidade do que significava se eu puxasse o gatilho que roçava provocadoramente no meu dedo. Minhas mãos tremiam. O cadeado bateu com mais força. Arthur se moveu atrás de mim. Ele endireitou os braços, levando os meus com os dele. Seu corpo me envolveu e sua bochecha pressionou contra a minha. Ele moveu minha mão para a posição correta na arma. “Destrave a trava de segurança”, disse ele, usando minha mão para fazer isso. “Mire,” ele acrescentou, então colocou o dedo no gatilho sobre o meu e puxou. “Atire.” O estrondo da arma foi engolido pelas paredes à prova de som dos fossos de combate. A bala perfurou o alvo de papel branco que estava preso a um fardo de feno, o buraco atravessando o círculo vermelho. Meu sangue rugiu em meus ouvidos, e um coquetel de adrenalina, medo e a sensação viciante de controle percorreu meu corpo. “Bom”, disse Arthur. “Novamente.” Alinhei o tiro e disparei a arma. A bala atingiu o alvo e uma onda de alívio deixou a boca de Arthur. Sua bochecha ainda estava perto da minha e ele se inclinou e me beijou. Eu senti a ternura disso estremecer minha espinha.

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Arthur largou a arma e me deixou segurando-a sozinho. “De novo,” ele ordenou e deu um passo para trás. Quando senti o gatilho sob meu dedo, o rosto coberto de balaclava do homem que cortou a garganta de Freya veio à minha cabeça, a memória deslizando pela porta da jaula. Então o homem que enfiou uma faca no peito de Arabella o seguiu rapidamente, mostrando-me seus olhos se arregalando enquanto a lâmina afundava centímetro a centímetro em seu coração ainda batendo. Lembrei-me de como ela pegou a lâmina sem chorar ou implorar, como ela encontrou a morte com uma bravura de aço e uma fachada assustadoramente calma. Quando apontei a arma, minhas mãos tremiam ainda mais. Lágrimas surgiram em meus olhos e os fardos diante de mim tornaram-se um borrão bege nebuloso. Atirei, sem ter ideia de onde a bala caiu. Não fazia ideia se Arthur falou comigo, tentou me ajudar. Eu senti isso então. Senti o cadeado estalar e a porta da gaiola se abrir. Meu coração despencou em direção ao poço de tristeza que eu havia tentado manter selado. Um lugar de tristeza e desespero, um buraco de areia movediça que queria me arrastar para baixo demais para voltar. Eu segurei a arma firme e apontei novamente. Minha cabeça se encheu de Hugo e meu pai amarrado a cadeiras, implorando freneticamente por suas vidas. As comportas da minha mente se abriram. E como se os assassinatos do meu pai, do Hugo e das minhas amigas não fossem suficientes para que minha mente e meu coração suportassem, uma imagem de minha mãe veio em seguida. Sua mão macia, mas ossuda agarrou a minha. Como estava fraca enquanto ela tentava me abraçar com força e dizer adeus. Minha mãe, a única pessoa que já me mostrou amor — amor verdadeiro — me deixando, o câncer roubando-a do meu lado. Eu a vi rindo e sorrindo e me levando para o parque. Chá da

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tarde no Harrods e segurando caminhávamos pela Bond Street.

minha

mão

enquanto

Então ela desapareceu, seu corpo e rosto sorridente e brilhante se misturando com o vento forte da morte. Se foi. Eu disparei uma bala enquanto me lembrava de vê-la desaparecer em sua cama. Quando seu peito subia, descia... E nunca mais se movia. Sua mão, já fraca na minha, ficou mole. Horas e horas se passaram e eu ainda não conseguia deixála ir. Uma garotinha olhando para o rosto pálido e imóvel de sua mãe, se perguntando por que ela não conseguia melhorar. Porque ela não conseguia sorrir para mim novamente. Porque ela não poderia curar e não me deixar. Porque eu estava sozinha. Depois que ela me deixou, fiquei sozinha. O amor materno se foi, e o abraço de um pai distante era a lamentável substituição. Mamãe. Papai. Hugo. Freya. Arabella. Disparei a arma repetidamente até que as balas foram substituídas por balas vazias, enviando nada além de ar e sonhos perdidos para os fardos. Lágrimas inundaram minhas bochechas e toda a luta foi drenada do meu corpo. A arma parecia pesar dez toneladas em minhas mãos trêmulas. Meus braços caíram, deixando-a cair no chão. Minhas pernas pareciam geleia e eu me senti desabando no chão arenoso, mas braços fortes me pegaram antes que eu batesse no chão.

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Tudo o que pude ver foi sangue. Tudo o que pude ver foram minhas amigas amarradas e chorando para serem libertadas. Seus olhos apavorados quando perceberam que não seriam salvas. Papai e Hugo enquanto imploravam silenciosamente a seus agressores por misericórdia no vídeo. Dois homens que não eram exatamente afetuosos ou amorosos comigo, mas que eu amava porque eram meus. Minha única família ... vi minha mãe beijar minha cabeça ao se despedir, quando me disse para ser uma boa menina e que me protegeria do céu ... Minha família ... Toda se foi. Não percebi que estava desmoronando, soluços foram arrancados do meu peito, até que Arthur se sentou no chão e me puxou para seus braços. Seu aperto era como um bálsamo para minha alma dilacerada. “Eles estão mortos,” eu disse, ouvindo tiros em minha mente. Os sons que teriam engolfado a sala enquanto os atacantes atiravam nas cabeças de meu pai e Hugo. E minhas melhores amigas ... morreram por minha causa. “É minha culpa,” eu disse, minha garganta em carne viva de tristeza, de culpa. “Minhas amigas morreram por minha causa. Elas se foram por minha causa... “Arthur me abraçou com mais força e, apesar do vazio em meu coração, me senti segura. Enquanto eu desmaiava e exorcizava semanas e semanas de tristeza e culpa reprimidas, ele me manteve de pé em seus braços, nunca me deixando cair. “Arthur,” eu chorei, agarrando seus braços apenas para algo me apoiar. Para estabilizar as emoções que ameaçam me separar. “Eles foram embora. Tudo o que tinha, todos ... eles se foram.” Eu tinha vinte e quatro anos, em breve faria vinte e cinco. E todos eles se foram. Arthur me levantou até que eu estivesse firmemente em seu colo, até que estivesse enrolada em seu peito e chorei pelas quatro

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vidas que foram perdidas. Quatro vidas que foram minha família, que eu amei. Tomados tão brutalmente, tão rapidamente. E meu anjo, minha mãe, tirada de mim tão jovem. As mãos de Arthur se moveram para minhas bochechas e levantaram meu rosto. Seus polegares afastaram a massa de lágrimas dos meus olhos e ele se inclinou, beijando a umidade do meu rosto. Ficamos lá, ele me beijando e cuidando de mim, até que meu corpo tremeu com o esforço, minhas emoções cruas e forjadas. Ele beijou cada gota que caía, minhas lágrimas brilhando em seus lábios. Ele consumiu minha tristeza; saboreou minha dor. Eu estava sem fôlego, meu peito dolorido pelo uso excessivo. Quando meus soluços diminuíram e minhas lágrimas começaram a secar, Arthur encontrou meus olhos. “Você não está sozinha, princesa.” Encarei seus olhos, precisando de mais. Desejando mais. A camisa de Arthur estava molhada e vi as linhas de sua tatuagem através do material agora transparente. Eu sabia que minhas bochechas estavam vermelhas e manchadas, mas não me importei. Eu estava entorpecida, mas destroçada pela tristeza — passando erraticamente de uma sensação para a outra. “Não achei que fosse possível sentir tanta perda”, sussurrei e deixei Arthur afastar do rosto as mechas de cabelo umedecido pelas lágrimas. Eu coloquei minha mão no peito. “Não pensei que fosse possível sentir tanto vazio aqui.” Eu respirei fundo, estremecendo. “Em meu coração.” O olhar azul penetrante de Arthur capturou o meu e não me soltou. Segurando minhas bochechas com mais força, ele repetiu: “Você não está sozinha.” Cada uma de suas palavras foi um bálsamo. Uma porta destrancada. Esperança explodindo em luz cintilante.

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“Eu não estou?” Sussurrei. Arthur pressionou sua testa contra a minha. Seus lábios roçaram nos meus. “Não.” Eu agarrei seus pulsos e abracei o calor que suas mãos trouxeram ao meu rosto. “Estou...” eu me afastei para poder ver seu rosto. “Acho que estou arruinada”, confessei, sentindo a verdade dessas palavras doer em meu coração. “Não tenho certeza se algum dia vou superar isso, perdê-los.” As mãos de Arthur flexionaram em minhas bochechas, e eu sabia que essa era sua maneira de me dizer que sabia como era. Claro que sim. Ele tinha visto aqueles que amava morrer ao seu redor também. “Você pode amar uma rainha triste?” Perguntei, sorrindo embora meu rosto estivesse entorpecido. Arthur procurou meus olhos. “Você pode amar um rei arruinado?” Eu parei de respirar. Enquanto me encarava, percebi que ele esperava minha resposta. Não, precisava da minha resposta. Porque Arthur, meu Arthur, apenas me deixou entrar um pouco mais. Ele também estava arruinado. Este homem, este titã inabalável e ilegível, também foi destruído. “Eu já amo,” disse, meu sussurro envolvendo a sala vazia. Arthur suspirou. “Então não faça perguntas para as quais já sabe as respostas.” Sua resposta áspera parou meu coração. Os olhos de Arthur desviaram-se dos meus, apenas para fixá-los novamente quando sua admissão velada penetrou em minha alma. Ele também me ama. Foi o mais perto que ele chegou de admitir as palavras em voz alta. Este rei quebrado amava sua rainha quebrada.

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Eu o beijei. Lábios doloridos e bochechas em chamas, eu o beijei e tentei derramar todo o amor que tinha dentro de mim naquele beijo. Eu me afastei e olhei para o alvo. Buracos de bala crivaram o papel. Arthur pegou a arma e me entregou. “Sua”, disse ele. Quando peguei a arma dele, ele me puxou para frente com tanta força que acertei seu peito. Com os olhos ardendo, ele disse: “Preciso que você aprenda como usá-la. Precisa dominar isso. Em seguida, use-a se precisar. Sem hesitação.” A respiração de Arthur acelerou, traindo o quanto ele precisava disso de mim. “Eu prometo,” disse e fui recompensada com um beijo profundo. “Vamos para casa.” Segui Arthur para fora do armazém e para dentro do seu carro. Ele segurou minha mão durante todo o caminho para casa. Afundei no assento aquecido e observei a névoa da manhã subir sobre Londres. Os vendedores do mercado estavam acordando, preparando-se para a manhã do comércio. Adorava essa hora da manhã. A calmaria antes da tempestade. Quando tudo estava quieto. A respiração profunda antes da expiração do dia. Eu me senti morta em meus pés quando entramos na igreja. Exausta emocional e fisicamente. Quando passamos pela sala de estar, Arthur mudou de assunto e me puxou para dentro. Vinnie sentou-se diante do fogo, olhando para as chamas. Arthur acenou com a cabeça para o irmão e me serviu um grande uísque. Quando peguei a bebida de Arthur e bebi meio copo de uma vez, sentindo o líquido quente revestir minha garganta e senti alguém me observando. Era Vinnie. Sua cabeça se inclinou para o lado enquanto examinava meu rosto, como se estivesse ouvindo alguém falando em seu ouvido. Eu sorri para ele, sempre sentindo muita tristeza por este homem e os demônios que o atormentavam. Um homem

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claramente perdido no intrincado labirinto da vida. Levantei o copo aos lábios, precisando dos efeitos entorpecentes do álcool, quando Vinnie disse: “Elas não culpam você.” Minha mão congelou em torno do vidro. Ele acenou com a cabeça para o que eu presumi ser sua alucinação de Pearl. Vinnie respirou fundo. “Elas não culpam você de forma alguma.” “Quem?” Eu perguntei, sentindo Arthur se mover atrás de mim. Ele enrolou o braço em volta da minha cintura e me puxou para seu peito, como se soubesse que eu precisava do seu corpo firme para me impedir de cair. “Suas amigas,” ele disse com tanta facilidade quanto falava sobre qualquer outra coisa. Meu coração trovejou no peito. “Minhas amigas.” O entorpecimento tentou me sufocar, me proteger de mais dor. Mas eu o empurrei. Queria ouvir isso. Eu precisava. “Elas sabem que não é sua culpa”, disse ele. “Só queriam que você soubesse.” Vinnie olhou para o fogo como se não tivesse apenas esculpido meu peito e me oferecido algo que eu pensei que nunca poderia receber — o perdão das minhas amigas mortas. Uma tábua de salvação. “E meu pai?” Eu perguntei, sabendo que Vinnie nunca realmente viu os mortos, mas pegando a corda que ele ofereceu de qualquer maneira. Sabia que era sua doença, as alucinações. No entanto, queria tanto acreditar que era verdade que insisti em mais. “Hugo?” Arthur me agarrou com mais força com a menção de Hugo. Mas ele não precisava ficar com ciúmes. Eu não amava Hugo no sentido romântico. Mas eu o amava como amigo, como minha família. Nunca desejei mal a ele. Vinnie inclinou a cabeça e olhou para mim sem expressão. “Eu não os ouço.” Meu estômago revirou.

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“Vamos,” Arthur disse, vendo claramente a exaustão me puxando para o desespero. Ele me guiou até o nosso quarto, pegou o uísque da minha mão e colocou-o na mesa ao lado. Ele me despiu, mas meus pensamentos estavam em outro lugar. Quando ele tirou minhas roupas e deslizou sua camiseta pela minha cabeça no lugar da minha camisola, perguntei: “Você acredita nele?” Deixei minha atenção vagar para a porta e a sala de estar além, onde Vinnie, sem dúvida, ainda estava sentado. “Que ele fala com os mortos?” Engoli o nó na minha garganta. “Que ele acabou de falar com Freya e Arabella? Que elas...” Eu inalei profundamente. “Que não me culpam. Que elas queriam que eu soubesse.” Arthur tirou suas roupas. Quando permaneceu apenas em sua boxer, ele se aproximou de mim. Ele colocou as mãos no meu cabelo. “Eu desisti há muito tempo de tentar descobrir o que Vinnie tem. Então, acredite na porra que você quiser, princesa.” “Mas você acredita nele?” Pisei com cuidado quando perguntei: “Sobre Pearl. Você acredita que ele a vê de verdade ou é apenas uma alucinação nascida de uma doença mental e do estresse da perda?” Os dentes de Arthur cerraram-se e eu sabia que a morte da0 sua irmã e mãe era um demônio que ele ainda tinha que enfrentar. Eu sabia por Betsy que era a única parte da sua vida sobre a qual ele nunca falava. Nunca. Não podia falar sobre. Recusava-se — sempre recusava. “Acho que Vinnie acredita que ela é real, e isso é tudo que importa para ele. Impede que ele enlouqueça. Sei que ele tem uma doença — foi verificado por um monte de médicos.” Arthur encolheu os ombros. “Mas Eric sempre acreditou que Vin vê outra coisa, vê o que a maioria das pessoas não consegue. Vê algo mais.” “Ele não viu meu pai e Hugo.”

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“Não é um dom infalível, se é que é um dom.” Arthur me entregou o uísque novamente. Esvaziei o copo e deixei que me colocasse na cama. Ele me envolveu em seus braços e fechei meus olhos, deixando a dor que eu havia afastado por tanto tempo tentar me afogar novamente. Tinha que enfrentar isso. Mas quando as ondas de tristeza e culpa caíram sobre mim, segurei Arthur com força, confiando nele para me manter segura. Eu o segurei enquanto repassava a morte dos meus entes queridos tão vividamente em minha mente. Então pensei nas palavras de Vinnie: Elas sabem que não é sua culpa ... só queriam que você soubesse ... Freya e Arabella não me culpavam. Eu senti essa verdade no fundo do meu coração. Senti a verdade disso quando Vinnie encontrou meus olhos com fé inabalável e me disse isso, uma mensagem de suas bocas para minha alma dominada pela culpa. Vinnie não sabia do meu colapso no armazém. Ele não sabia que eu tinha quebrado meu coração com Arthur e deixado a dor que eu estava lutando por semanas finalmente me consumir. Ele não sabia, mas sua mensagem foi tão oportuna que fez os cabelos da minha nuca se arrepiarem. Então, eu acreditaria nele. Minha alma clamou para que eu confiasse nele, para encontrar consolo em suas palavras. E quando o sol nasceu e Londres começou a acordar, Arthur me abraçou com mais força como sua rainha, segura em seus braços protetores e sob seus cuidados.

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CAPÍTULO TREZE ARTHUR

Ela estava me dominando. Sentei-me no meu carro, chegando ao cais pensando em Cheska. Isso é tudo que eu fazia, porra. Pensava nela quando não estava com ela; ela estava me assombrando, fodendo comigo. Estava na minha cabeça como se estivesse me possuindo. Seus olhos castanho-esverdeados e a maneira como eles me perfuravam. Como se ela sempre soubesse o que eu estava pensando. Como se pudesse agarrar meu peito e meu coração em sua mão, apertando-o e rasgando suas paredes. Saí do Bentley, o céu cinza e nublado, a chuva gelada jogando-o para baixo em baldes. Não me importei com o aguaceiro, desceu pelo meu rosto e encharcou meu terno. Eu não me importava com nada além de Cheska e estar dentro de sua buceta enquanto ela agarrava minhas costas. Encontrei Freddie na floresta. Parei na frente da árvore e o idiota estúpido estava amarrado a ela. Enfiei a mão no bolso da jaqueta e tirei minha faca. Aproximei-me do idiota, que estava segurando o queixo alto e tentando me encarar. “Ele está dizendo foda-se tudo”, disse Freddie. Esse idiota foi pego passando informações de rota de um dos nossos navios de transporte. Um dos navios de transporte que tinha sido alvejado no mar, milhões de libras em coca estão agora deixando peixes chapados no Mar do Norte.

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Eu não tinha tempo para essa merda. Atacando, cortei a garganta do pentelho, seu sangue jorrando para o chão, então voltei para o carro. “Esteja em casa as sete,” gritei para o Freddie. Entrei no carro e o motorista saiu para a estrada. Olhei para fora da janela e me senti nervoso, como se não pudesse ficar parado, como se estivesse enlouquecendo. Eu me sentia descontrolado pra caralho. E eu odiava isso. Desde Cheska. Desde que a garota de Chelsea me encontrou no fosso e jogou sua coroa aos meus pés. Desde que ela jogou sua velha vida fora e se juntou à escuridão fodida que só eu oferecia. Eu te amo … Sua voz tocou na porra da minha cabeça em loop. Porra, assombrando-me. Enlouquecendo-me. Queria que isso nunca parasse. Pressionei meus polegares nos olhos, vendo-a de joelhos enquanto chupava meu pau, enquanto estava deitada de costas enquanto eu a fodia — não, não fodia, fazia amor, ela disse. Eu te amo ... Sua rainha arruinada ... Ela era como eu. Apenas como eu. Meu peito doía como se tivesse sido socado por um boxeador peso-pesado. Meu pulso trovejava no pescoço e meu pulso, batia e batia, sem fim. Cheska estava fodendo minha cabeça. Eu a deixei entrar, e ela estava me destruindo. Eu não conseguia pensar com ela ao meu redor, não conseguia pensar sem ela. Tudo que queria fazer era mantê-la perto e transar com ela, afundar dentro de sua buceta e ouvi-la gritar enquanto pressionava seus seios no meu peito, então ... eu te amo ...

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O carro entrou na garagem da igreja. Fogos de artifício já estavam no céu. Fogueiras cobriam os campos, efígies de Guy Fawkes queimando nas piras. Era a porra da noite de fogos. Era cinco de novembro. E o aniversário de Cheska. Ela estava quieta desde a outra noite nos fossos. Ficava muito tempo sentada sozinha, perdida em pensamentos. Não sabia como diabos ajudá-la. Ela perdeu suas amigas, seu velho e o idiota que era Hugo Harrington. Não estava acostumada à morte como eu — especialmente morte por assassinato. De repente, tudo isso foi jogado sobre ela, como a gasolina seria despejada em fogueiras por todo o país esta noite. O carro parou e eu saí. Fui direto para o meu quarto, meus pés quase vacilando enquanto passava pelo quarto do meu velho. Algo dentro de mim tentou me puxar para ele. A parte de mim que se abriu quando a garota de Chelsea voltou à minha vida, quando ela parou no fosso em suas calças de couro e jogou a luva, arrastando sua rainha branca imaculada pelo meu peito ensanguentado e me dizendo que ela era minha. Minha. Que era a porra da rainha das trevas pronta para reinar ao meu lado. A fenda que ela causou nunca fechou. Quanto mais tempo passava com ela, mais se alargava. E com cada centímetro que crescia, a porra da dor quase me colocou de joelhos. Isso me fazia odiá-la, me fazia querer afastá-la e parar de foder com a minha vida. Mas então ela sorria para mim, lançava aqueles malditos olhos castanho-verdes em mim e ... eu te amo ... E ela me consumia um pouco mais. Afundando suas garras ainda mais em meu cérebro. Não deixei ninguém entrar. Nunca deixei ninguém entrar. Não mais. Nunca mais depois de mamãe e Pearl, mas Cheska... ela veio e quebrou minhas

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paredes, quebrando as malditas até que ela escorregou nas fendas. Até que entrou na minha pele e começou a me destruir, sufocando meu cérebro. Eu precisava dela. Ansiava por ela. Cheska não estava no quarto. Tomei um banho rápido e fui procurá-la. Charlie, Eric e Vinnie já estavam na sala de estar. “Um centavo para o cara,” Eric disse, segurando seu copo de uísque como o idiota que era. “Olho roxo está bem como substituto?” Eu disse e peguei um gim. “Tão violento”, respondeu o idiota. “Então, meu velho,” Charlie disse, se esgueirando ao meu lado. “Como está o traidor?” “Morto.” Charlie ergueu o copo em aprovação. “Vou beber a isso.” Meus olhos estavam fixos na porta, esperando por Cheska. “Onde ela está?” “Em um dos quartos com Betsy.” Charlie me cutucou, os lábios se contraindo. “Acalme-se, Artie. Faz apenas cinco minutos desde que você a viu pela última vez.” “Foda-se.” “Sério”, disse Eric, sentando-se ao lado de Vinnie, “quem saberia que o grande Arthur Adley, o próprio Lorde das Trevas da cidade de Londres, poderia ser domado por um pedaço chique de mulher” “Cuidado,” avisei Eric. “Pearl aprova”, disse Vinnie, e senti meu corpo ficar tenso. Olhei para o meu amigo. O maluco estava olhando para

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mim como se pudesse ver através do meu cérebro, ver o quanto Cheska estava bagunçando minha cabeça. Vinnie apontou com a cabeça para “Pearl”. “Ela disse que gosta dela, mesmo sendo de Chelsea.” Pensei em Cheska outra noite, quando Vinnie disse a ela que suas amigas estavam bem. Que não a culpavam. Cheska me perguntou se eu achava que Vinnie poderia realmente falar com os malditos mortos. Nunca havia pensado muito nisso antes. Agora era tudo que eu conseguia pensar. Estava sonhando com minha mãe, Pearl, com o fogo. Sonhando com meu velho sendo morto a tiros antes de mim. Sonhando com eles sentados ao redor de Vinnie, olhando diretamente para mim. Como uma torneira. Ela fez a merda que eu prendi na minha cabeça em uma porra de torneira. Uma torção e o gotejamento se transformou em um jato cheio de sangue. E não podia desligá-lo, porra. Eu não sentia. Não era isso que eu fazia. Ficava entorpecido. Tinha que ficar para viver esta vida, para ser o chefe desta família. Para sobreviver, porra. Mas agora havia um buraco do tamanho de Cheska no meu peito que estava sangrando por todo o lugar maldito. Gene entrou na sala; o garoto estava nervoso pra caralho. “Gene,” disse, observando suas roupas pretas e as mangas compridas que ele puxou para baixo nos braços. Mangas que, quando puxadas para trás, revelavam duas bandagens pretas que escondiam uma fodida tonelada de cicatrizes de navalha. Isso é o que as pessoas que sentiam muito nesta vida se tornavam. A porra de uma concha — corte, drogas e morte são as únicas escapatórias. “Oi, Artie,” disse e se sentou na cadeira. Ele olhou para seus pés, apenas levantando os olhos para olhar para Charlie. O garoto

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se sentia melhor na companhia deveria. Charlie protegia esta família.

do

meu

primo. E

ele

“Onde ela está?” Eu disse de novo, precisando ver a porra do rosto de Cheska. Freddie entrou na sala e riu. “Caramba, Artie. Acalme-se, porra. Nunca pensei que veria o dia em que você fosse controlado por uma garota.” Eu ia matar todos eles. Um de cada vez, porra. Cinco minutos depois, bati meu copo no bar e planejei arrastar Cheska para fora do quarto, pronta ou não. Isso ou transar com ela na cama, sem dar a mínima para quem estava assistindo. Assim que passei pela cadeira de Gene, Betsy, Vera, Ronnie e Cheska passaram pela porta. “Tudo bem, Artie”, disse Betsy, um sorriso conhecedor curvando seus lábios. “Você parece confuso.” Betsy puxou Cheska atrás dela. Meu maldito coração quase parou quando ela entrou em jeans de cintura alta e uma blusa branca enfiada neles. A roupa exibia cada centímetro de sua figura perfeita, cada curva de merda. Cheska sorriu para mim, seu cabelo castanho caindo pelas costas expostas. “Venha aqui”, sibilei, e Cheska caminhou em minha direção com suas botas até o joelho. Eu segurei sua nuca e a puxei para mim. Esmaguei meus lábios nos dela, saboreando algo doce em seus lábios, sem dúvida algum coquetel açucarado de merda que Betsy teria feito para ela. Um coro estrondoso veio de fora, ecoando pela velha igreja. “Fogos de artifício!” Ronnie disse, e todos na sala saíram. Quando eles se foram, joguei Cheska contra a parede. “Porra de feliz aniversário, princesa,” eu disse contra sua boca, movendo minhas mãos direto para seus seios enquanto ela empurrava contra mim. Meus lábios caíram em seu pescoço.

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Eu amaldiçoei a mulher. Estava viciado. Não a queria fora da minha vista. E quando pensei nos filhos da puta que a queriam, que queriam roubá-la de mim, para vendê-la e usá-la como um brinquedo, vi vermelho. Eu queria rasgar os idiotas, membro por membro, e pendurar seus ossos na porra da porta da minha igreja para alertar qualquer outro babaca. “Senti sua falta”, disse Cheska, colocando as mãos no meu rosto. Eu a beijei novamente. As palavras não vinham facilmente para mim. Eu não disse a ela que a amava ou sentia falta dela. Eu a protegi, fodi e a fiz minha de outras maneiras. Isso é o que eu poderia dar. Tudo o que sabia dar, porra. “Vamos.” Ela pegou minha mão. Eu a puxei de volta e estudei seu rosto. Sabia que sob a maquiagem tinha olheiras. Ela perdeu algum peso e foi atormentada por pesadelos desde a noite nas fossas. Estreitei meus olhos, tentando lê-la. “Estou bem, querido”, disse ela, sem convencer ninguém, e beijou meus lábios. “Eu prometo. Estou...” Ela suspirou, e eu a senti escapando do meu alcance.” Sempre soube que era a porra de um sonho impossível, ela estar comigo, estar bem com esta vida. “Vamos aproveitar esta noite.” Ela mostrou seus dentes brancos perolados. “Quem não ama fogos de artifício?” Cheska vestiu o casaco na porta e eu a segui. A chuva tinha diminuído e cores de luz explodiram por todo o céu de Londres, parecendo a porra de um bombardeamento Cheska parou ao lado de Betsy. Eu coloquei minha mão em volta da cintura dela e a puxei de volta para o meu peito. Acendi um cigarro e coloquei na boca de Cheska. Ela o pegou de mim e acendi o meu. A cabeça de Cheska caiu contra meu peito enquanto olhava para o céu. Mas eu mantive meus malditos olhos sobre ela. Aquela dor estava de volta no meu peito, mas estava me atingindo mais profundamente, mais forte.

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A mão de Cheska cobriu a minha e ela se virou para mim, exalando uma nuvem de fumaça, e sorrindo largamente. E a dor no meu peito se tornou a porra de um desfiladeiro. Examinei a igreja, passei pelo cemitério e pelas lápides altas, certificando-me de que tudo estava seguro. Charlie pegou meu olhar e franziu a testa para mim. Ele piscou, mas eu vi a preocupação em seu rosto. Eu estava ficando louco. Isso ... Cheska, estava me deixando louco. Foi por isso que meu velho nunca se recuperou depois que minha mãe morreu. Nunca mais se casou, inferno, nunca teve namorada. Claro, ele fodia garotas, putas, mas depois que minha mãe se foi, ele trancou todos os seus sentimentos e apenas jogou a raiva que o consumia em seus rivais. Esse foi o caminho que ele me mostrou também. Se estivesse acordado agora, teria rido na minha cara por ser tão patético sobre um pedaço de buceta. Diria que eu era um idiota e que acabasse essa porra dessa coisa com Cheska antes que me enfraquecesse. Então Cheska se virou e pegou minha boca e, apesar de tudo, eu a deixei entrar. Provei-a e deixei seu perfume me envolver. Os fogos de artifício finalmente acabaram; apenas alguns aleatórios dos jardins das pessoas, estavam explodindo agora. “Bebidas!” Betsy gritou e nos conduziu para dentro. Caminhamos para a sala de estar, e as doses foram servidas. “Presentes!” Betsy gritou. Cheska ficou tensa no meu joelho. “Não, você não precisava...” Betsy entregou-lhe um presente e ouvi a longa inspiração de Cheska. Betsy deve ter visto, então disse, “Abra, querida.” Cheska abriu a caixa. Ela riu, puxando um livro sobre gírias e rimas da região. Betsy encolheu os ombros. “Só pensei que

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poderia te ajudar um pouco mais por essas partes.” Poucas pessoas por aqui poderiam manter uma conversa com a rainha. Meu primo acenou com a cabeça em direção à caixa novamente. “Há um par de brincos Tiffany lá também.” “Obrigada”, disse Cheska, com voz embargada. Eu a segurei com mais força. Ronnie se levantou em seguida. Entregou a ela uma caixa. “De mim, Vera e Gene.” Cheska tirou a tampa e congelou. “Grampos de cabelo”, disse Ronnie, sorrindo. “Talvez não os que você está acostumada a receber. Mas aqueles que irão ajudá-la melhor nesta família.” Beijei a nuca de Cheska enquanto ela puxava o papel de seda. Duas longas lâminas prateadas em forma de grampo estavam na caixa. Cheska os ergueu. “Para carregar com você”, disse Vera. “Apenas no caso.” Cheska sentiu a ponta da lâmina, puxando a mão quando trouxe uma mancha de sangue ao dedo. “As lições sobre como usá-los é o meu presente,” Eric disse do outro lado da sala. “Idiota”, disse Vera. “Somos caras, porra”, disse ele, indicando o resto de nós. “Não damos presentes. A menos que você queira uma prostituta. Posso conseguir uma aqui em cinco minutos.” “Porco.” Betsy revirou os olhos. “Estou bem, obrigada, Eric”, disse Cheska, sorrindo, depois baixou os olhos. Eu vi minha família trocando olhares, perguntando-se o que havia de errado com ela. “Significa muito para mim,” ela disse, a voz firme, e eu a segurei mais perto. Ela se virou para olhar para mim e fiz uma

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careta. “Estou bem”, disse ela, lendo a porra da minha mente como sempre. Eu estava prestes a pressioná-la por mais respostas quando meu telefone tocou. O de Charlie disparou também. Charlie olhou para o telefone e cuspiu “Porra!” Ele encontrou meus olhos. Peguei meu telefone e vi a mensagem. Meu sangue ferveu em minhas veias. “Foda-se”, rosnei e levantei Cheska do meu colo. Ronnie estava de pé em dois segundos quando viu a mensagem. “Estou chegando.” Toda a minha família recebeu a mensagem, um por um. “Todos nós estamos indo”, disse Betsy. Eu olhei para Cheska. “Ela terá que vir. Gene também. Não haverá ninguém aqui para vigiá-los. A menos que você queira que eu chame alguns soldados.” “Eles irão, porra,” disse. Minha família sabia que não confiaria em nenhum filho da puta, a não ser um desses, com ela e Gene. Todos nós fomos para os carros. Cheska agarrou minha mão enquanto nos amontoávamos no banco de trás do meu Bentley. “O que aconteceu?” Perguntou, os olhos arregalados. “Um contêiner de remessa foi despejado em minha doca mais recente.” “Tudo bem”, disse ela. “Um contêiner de quê?” Corri minha mão sobre a barba por fazer no meu queixo. “Mulheres”, eu disse, e vi a pergunta nos olhos de Cheska. “Mulheres traficadas.” A cor sumiu do seu rosto, então ela segurou minha mão com mais força enquanto caminhávamos para as docas. Repassei a mensagem novamente. Os soldados que guardavam as docas

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foram todos dizimados. Mikey, um dos meus generais, tinha ido verificar o próximo carregamento e viu os portões abertos, corpos fedendo por toda parte. Ele encontrou o contêiner despejado, espiou por uma fenda, e viu uma porra de uma tonelada de mulheres em gaiolas, drogadas até os olhos ensanguentadas e totalmente nuas. Este era o cais do Velho Sammy. Ele ainda era o dono. Acabamos de pagar a ele um caminhão de dinheiro para usá-lo. Isso aconteceu a algumas semanas. Era isso. Quem quer que estivesse brincando com a gente já o tinha como alvo. Cheska ficou em silêncio no caminho. A porra do aniversário dela. Os cretinos vieram na porra do aniversário dela. Enquanto caminhávamos pelas estradas, mais tranquilas por causa da Noite de Fogos, estrondos e estrondos explodiam ao nosso redor. Cheska encostou-se à janela, observando os fogos de artifício explodirem no céu. Mas ela nunca largou minha mão. Finalmente, entramos na estrada que leva ao cais. Eu vi o portão quando passamos, as dobradiças abertas e os portões totalmente abertos. Estreitei meus olhos enquanto olhava para meus homens mortos no chão. A mão de Cheska tremia e, quando olhei em sua direção, seus olhos se fecharam, bloqueando a visão dos meus soldados sangrando na pista do Velho Sammy. O carro parou e o motor desligou. O carro ficou em silêncio. Eu soltei a mão de Cheska, precisando sair e lidar com essa merda, mas ela segurou firme e arrastou sua bunda ao longo do banco de trás para o meu lado. “Eu vou com você,” ela disse e ergueu a porra do queixo. Inclinando-me, tomei sua boca em um beijo violento, então abri a porta. O som de fogos de artifício ecoou nas docas. Fui até Mikey e vi que ele já tinha soldados estacionados ao redor, patrulhando o perímetro. Seus olhos se fixaram em Cheska quando me aproximei dele, sem dúvida me perguntando quem

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diabos ela era para mim. Meus irmãos e irmãs caminharam ao meu lado. Vera e Ronnie flanquearam Cheska, mantendo-a protegida. A chuva começou a cair e minha atenção voltou-se para o contêiner vermelho. “Como diabos isso chegou aqui e nenhum filho da puta viu?” Eric perguntou e se aproximou do contêiner. “Ninguém foi deixado para ser uma testemunha.” Mikey soprou em suas mãos enquanto a porra do frio o envolvia. Ele jogou o polegar na direção dos cadáveres alinhados ao longo da lateral do pátio — nossos homens, mortos e assassinados. “O próximo turno só chega em algumas horas. Nenhuma alma viva até lá. Eles mataram todos eles.” “Filmagens?” Charlie perguntou, e ouvi o tom irritado em sua voz. “As câmeras foram cortadas e depois apagadas. Nenhum vestígio de ninguém.” Senti os sinais reveladores de minha raiva começarem a queimar na parte inferior da minha espinha. Ela varria meus ossos e células até que eu fosse feito de nada além de raiva e fogo. As pessoas estavam petrificadas. Devíamos ter sido capazes de deixar todas as nossas docas abertas, nosso equipamento completamente visível, e nenhum filho da puta iria levá-los por medo da nossa ira. Essa foi a porra da reputação que construí desde que meu velho foi derrubado. Nós éramos os malditos ceifeiros da cidade de Londres. Você fodia com a gente e nós tiramos sua alma. Quem quer que estivesse fazendo isso era novo em Londres ou tinha a porra de um desejo de morte. Eu olhei os mortos, a porra do contêiner, e o fato de que nenhum filho da puta, nenhum dos homens que eu paguei, tinha a porra da ideia do que diabos estava acontecendo. “Arthur...” Mikey calou a boca quando viu meu rosto.

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Estendi meus braços, gesticulando para a porra do quintal inteiro, e gritei, “QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO? E por que diabos nós ainda não temos a cabeça de um imbecil em uma porra de espeto por foder com a empresa Adley assim?” Freddie estava perto do contêiner com alguns membros da equipe de Mikey, abrindo-o com força. Minha respiração saiu em ofegos rápidos, o frio transformando-a em fumaça branca. Explosões de cores explodiram a porra do céu, afogando minha raiva. “Nós os pegaremos,” Eric disse para mim, e eu ouvi a trava da porta do contêiner se abrir. “Vamos pegá-las, porra, Artie. Ninguém mexe com a gente. Eles não podem se esconder para sempre. E quando os encontrarmos, vamos atacar e separálos.” Um dos homens abriu o contêiner e o fedor de dentro nos atingiu como um trem de carga. “Merda!” Vinnie cuspiu, colocando o braço sobre o nariz e a boca, os ombros tensos, pronto para a porra de uma batalha. “Não,” Ronnie sussurrou, então se afastou do resto de nós. “Não.” Ela correu para o contêiner. “Baby! Espere!” Vera foi atrás dela, Cheska e Betsy em seus calcanhares. Comecei a correr na direção delas, quando uma fodida explosão veio da nossa esquerda. Eu chicoteei minha cabeça para as docas, apenas para ver um barco pousado na água, com a porra do fogo em chamas. As chamas aumentaram e o motor explodiu, o ruído foi abafado pelos fogos de artifício ainda queimando lá em cima. “Porra!” Charlie gritou, e meu peito apertou tanto que pensei que poderia rasgar os tendões. “O que diabos é tudo isso?”

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Vera e Betsy estavam ao nosso lado novamente, armas em punho, prontas para lutar contra qualquer um que usasse a cobertura da explosão para nos atacar. Ouvi Ronnie gritar, então me virei para ver Cheska e Ronnie tentando abrir a gaiola mais próxima. Eu estreitei meus olhos e vi as meninas lá dentro começando a acordar. “Elas têm a marca”, disse Ronnie, sua voz atada com dor. “Tire-as daqui. Tire todas! Elas têm as marcas em suas costas.” Cheska mergulhou para frente, ajudando-a. Outra explosão soou — outro contêiner vazio no lado oeste do pátio explodiu em chamas. Gritos agonizantes cortaram o caos enquanto alguns membros da equipe de Mikey rastejavam para longe da explosão, calças e casacos pegando fogo. Eric e Vinnie correram para ajudálos. “Cheska!” Eu gritei, minha voz ecoando ao redor do quintal em chamas. “Venha aqui!” “Ronnie!” Vera correu para sua namorada. Cheska e Ronnie estavam arrastando uma garota da gaiola, os membros da garota estavam moles e fracos. Cheska olhou para mim, mas continuou tentando arrastar a mulher traficada para fora. Comecei a correr, ultrapassando Vera, quando algo na lateral do contêiner chamou minha atenção. “CHESKA!” Eu gritei, vendo o invólucro de um explosivo na porta do contêiner. “Não! NÃO!” Vera cuspiu quando viu o que eu estava olhando, porra. Cheska agarrou o braço de Ronnie e tentou afastá-la, sabendo que algo estava errado. Mas Ronnie não se moveu. Ela lutou para que Cheska ficasse perto das meninas, para ajudá-la a abrir mais jaulas. Como a porra de uma câmera lenta, o mundo caindo na metade da velocidade, eu vi o fogo acender na parte de trás do

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contêiner quando cheguei em Cheska. Eu a joguei no chão, cobrindo-a com meu corpo enquanto a porra da coisa explodia. Um forte estrondo tirou o contêiner do lugar e todas as mulheres traficadas dentro, o cheiro de carne queimada imediatamente chicoteando ao nosso redor. Cheska ainda estava abaixo de mim. Eu recuei, virandoa. Não fui rápido o suficiente. Ela recebeu muito da porra da explosão. Arranhões e cortes cobriam sua pele, e sujeira do chão. “Princesa,” eu disse, puxando-a em meus braços. O fogo do contêiner em chamas chamuscou a parte de trás do meu casaco. Eu não dava à mínima. “Princesa, acorde porra!” Eu rosnei e senti meu estômago revirar. A porra de um grande buraco foi cavado em meu peito, cedeu na porra dos meus ossos enquanto eu olhava para os olhos fechados de Cheska. O vazio perseguiu todo o resto do meu corpo enquanto eu a puxava para mais perto do peito. Ela estava morta. Estava morta... Alguém me tocou e eu ataquei, agarrando a porra da mão. Eu o puxei para mim, pronto para rasgar sua garganta por ter chegado tão perto de mim e da minha garota. “Artie, é Charlie. Você precisa sair do fogo.” Encarei os olhos castanhos do meu primo, deixando meu cérebro se acalmar e parar de cortar sua garganta. “Ela se foi. Ela se foi!” Eu rugi. A necessidade de destruir quem fez isso me consumia, se tornou tudo que eu era. Segurei Cheska com mais força. Ela ainda estava quente. Ainda parecia perfeita em meus braços. Minha garota de Chelsea. A única garota que já passou pela minha escuridão, a escuridão atormentando meu fodido coração meio morto. “Artie, mexa-se.” Charlie pegou meu braço, me colocando de pé. Segurei Cheska com mais força enquanto me movia em direção aos carros, minha visão turva de vermelho. Eu não

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conseguia respirar, cada porra de inspiração era como respirar ar quente. Olhei para cima e vi Vera segurando Ronnie, os fodidos olhos atordoados de Ronnie em Cheska em meus braços. Examinei o quintal, o fogo crescendo e os corpos no chão. Freddie e Vinnie correndo ao redor, arrastando homens das chamas. Eric, abraçando Betsy e Gene. Cheska ferida em meus fodidos braços. Toda a vida fugiu de minhas veias e, naquele momento, me tornei morte. Eu me tornei nada além do mal, vingança era tudo que eu poderia desejar, o gosto amargo e viciante de sede de sangue enchendo minha boca. Um barulho chegou aos meus ouvidos e olhei para baixo. Eu congelei quando as pálpebras de Cheska começaram a se mover, quando seus braços e pernas se moveram. “Cheska,” eu disse asperamente, e seus olhos finalmente se abriram. Ela piscou, e então aqueles malditos castanho esverdeados caíram sobre mim. “Arthur”, disse ela, atordoada, mas eu vi a névoa em sua mente se dissipando a cada segundo. Então seus olhos se arregalaram e ela olhou para trás, para o contêiner, para as chamas crescendo, os últimos fogos de artifício da noite estourando no céu acima de nós. “As meninas,” ela sussurrou, chutando para fora do meu aperto até seus pés tocarem o chão. “As meninas.” Ela tentou voltar para o contêiner. Mas meu braço era uma porra de uma jaula de ferro em torno de seu abdômen. Ela estava de volta. Ela estava respirando. E eu nunca iria deixá-la ir de novo. “Arthur!” Ela gritou, tentando se livrar do meu aperto. “As meninas!” “Elas estão mortas”, disse Betsy atrás de nós. Eu ouvi a porra de um lamento agonizante de Ronnie. Ela estava nos braços

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da namorada, soluçando, segurando Vera como se não houvesse amanhã. “Nenhuma delas sobreviveu à explosão”, disse Betsy, enquanto as vans vinham correndo pela estrada, nossos soldados vindo para conter esse show de merda. Para encontrar a porra da evidência de quem era, para que eu pudesse decapitar os filhos da puta que estavam nos atacando, de uma vez por todas. Então, eu poderia destruí-los e destruir sua organização. Ninguém fodia com o que era meu. Ninguém fodia com a porra da minha mulher! “Estamos saindo.” Arrastei Cheska, chutando e lutando contra mim, de volta para o carro. Eu a empurrei para dentro, cutucando meu queixo em Vera para trazer Ronnie em nosso carro também. Os soldados saíram da van, seus olhos ficando lívidos ao ver a carnificina. Vou falar com o Velho Sammy esta noite para descobrir o que ele sabia. Os soldados olharam para mim enquanto eu estava ao lado do meu carro. “Limpe, mas procure qualquer evidência de quem fez isso. Vou pagar a qualquer um de vocês que conseguirem pistas ou qualquer tipo de resposta um caminhão de dinheiro.” Encontrei cada um deles nos olhos. “Alguém está tentando foder com nossa empresa. Agora eles foderam com minha família, e isso mudou da porra de uma brincadeira de criança para uma porra de guerra completa. Mantenha seus ouvidos no chão e encontre os filhos da puta que pensaram que seria sábio mexer comigo.” Entrei no carro e liguei para Charlie. “Coloquem os homens ao redor de nossa casa. Nenhum filho da puta, só a família entra e sai. Vamos ficar juntos — diga a todos para fazerem as malas e irem para a igreja.” “Entendi, Art.” Charlie desligou. Cheska estava olhando para as chamas do contêiner através da janela, os olhos fixos na única garota que conseguiram

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puxar para fora. Ela já estava morta, porra, morreu sozinha, nua em uma gaiola. Joguei meu braço em volta do pescoço de Cheska e a puxei para perto. Virei o rosto dela para mim, agarrei seu rosto e beijei seus lábios trêmulos. Lágrimas caíam por seu rosto e senti o gosto da água salgada na minha língua. “Você está viva,” eu disse, sentindo um pouco da raiva fundida dentro de mim virar fumaça pelo fato de que ela estava aqui, ao meu lado, viva. “Aquelas garotas...” Cheska disse, com a respiração acelerada. Ela balançou a cabeça. Pegou minha mão e apertou meus dedos com tudo de que ela era feita. “Aquela que retiramos...” Ela fechou os olhos, mais lágrimas caindo. “Ela parecia Freya. Por um minuto...” “Sua amiga.” Sua amiga, cuja garganta foi cortada na frente dela. “Tentei salvá-la. Eu precisava salvá-la.” Cheska ergueu os olhos e encontrou Ronnie. Ela esticou o braço e segurou a mão dela. “Ronnie…” “Elas tinham a marca”, Ronnie disse a todos nós e a ninguém ao mesmo tempo. Seus olhos escuros eram como a porra de vidro, sua pele profunda empalidecendo. Vera segurou sua namorada mais perto, beijando sua testa, mas Ronnie estava perdida no passado. Presa nos dias em que ela vivia em uma maldita gaiola, sendo marcada da mesma forma que aquelas garotas, que agora eram nada além de cinzas e restos carbonizados. “Eu os conheci em uma boate”, disse ela, e Cheska ficou tensa. Ronnie encontrou os olhos de Cheska. “Consegui entrar sendo menor de idade. Eu os conheci no bar. Eles me pagaram bebidas. Eles me ofereceram um emprego, dizendo que não se importavam que eu fosse muito jovem.” A voz de Ronnie estava tensa e fraca, mas ela estava falando. Ela estava exorcizando seu passado no banco de trás do Bentley enquanto nos levava de volta

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para o único lugar que ninguém ousaria vir atrás de nós. O único lugar onde eu poderia nos manter protegidos. A fortaleza da minha família. “Eu era jovem”, disse Ronnie. “Eu disse que eles precisariam falar com meus pais.” Ronnie engoliu em seco como se estivesse sufocando um pedaço de pedra. “Eu não sabia que meu pai tinha problemas com jogos de azar. Não sabia que ele tinha acumulado milhares de libras em dívidas com um agiota.” Ela balançou a cabeça. “Só que não era um agiota. Era um grupo, uma organização.” Ronnie olhou para o rosto focado de Cheska. “Um bando de demônios fingindo ser boas pessoas.” “O que eles fizeram?” Perguntou Cheska. Vera puxou Ronnie para perto e Ronnie continuou. “Eles foram à nossa porta. Achei que estavam lá para conseguir permissão para eu trabalhar para eles, para que pudesse ajudar a trazer dinheiro para casa. Éramos pobres.” Ronnie olhou pela janela. “Mas éramos felizes. Quando meu pai abriu a porta, sabia que algo estava acontecendo. Sua voz começou a tremer, e minha mãe percebeu que algo estava errado também.” A mão livre de Ronnie se fechou em sua coxa. “Estavam lá para oferecer ao meu velho um acordo — todas as suas dívidas seriam pagas se ele me entregasse. Se deixasse eles me levarem embora.” “Quantos anos você tinha?” Perguntou Cheska. “Dezessete”, disse Ronnie. “Ele disse não, claro. Minha mãe estava gritando e orando a Deus para nos salvar de seu mal. Ele não fez.” A voz de Ronnie ficou rouca. “Eles atiraram neles.” O ar no carro ficou carregado de ódio e raiva. Não apenas de mim, mas de Vera, de Ronnie, e pela tensão de seus lábios, Cheska também. “Eles os colocaram de joelhos e os mataram. Atirou neles por se recusarem a me vender.”

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“Quem faria isso?” Cheska perguntou, o verde em seus olhos parecia espadas. “Que tipo de pessoa venderia sua filha? Sua família?” “Eu diria que pelo menos metade desse contêiner eram pagamentos de dívidas feitas por pais desesperados ou com segredos”, Ronnie disse friamente. “Não”, disse Cheska, mas Ronnie assentiu. “Sequestros, pagamentos de dívidas, fugitivos, prostitutas. O que você disser. Eles tornam as pessoas vulneráveis ou predem as que já são fracas.” Cheska olhou para mim e viu pelo meu rosto impassível que era verdade. Ficamos longe desse tipo de trabalho, mas estava prosperando no submundo de Londres. Lidar com sexo e tráfico de pessoas era uma passagem só de ida para o dinheiro. Muito dinheiro, porra. “Onde...” Cheska endireitou os ombros. “Onde você foi? O que aconteceu com você?” “Eu fui vendida. Vendida em um mercado...” “Um mercado?” “Como gado”, cuspiu Vera, secando as bochechas de Ronnie com as mãos. “Desfilou em um ringue para as pessoas as comprarem como escravas — para limpar, foder ou o que quer que quisessem.” A famosa raiva dos Adley pulsou na voz de Vera. Ela estava chateada com o que sua namorada havia passado. “Para onde eles te levaram?” Perguntou Cheska. “No exterior?” Ronnie se certificou de que Cheska estava olhando diretamente para ela quando disse: “Knightsbridge.” “Mas o que?” Cheska sussurrou.

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“Fui mantida em uma gaiola, em um porão em Knightsbridge. Fui fodida e espancada por um casal que tinha uma queda pela dor. Por anos eu os servi, dei a eles tudo o que queriam de mim. Até que eles foram embora a negócios e a pessoa que vigiava sua casa teve um ataque cardíaco e morreu na minha frente.” “Você fugiu”, disse Cheska, com orgulho por Ronnie em sua voz. Ronnie assentiu. “Eu era do East End. Conhecia apenas uma família que poderia me ajudar. Conhecia apenas um grupo de pessoas que poderia me manter segura e talvez me ajudar a levar meus captores à justiça.” Ronnie sorriu e olhou diretamente para mim. Lembrei-me do dia em que ela pousou na nossa porta, nada além de pele, osso e coberta de hematomas, mas nos dizendo que ela faria qualquer coisa por nós se a ajudássemos. “Eu sabia que o Velho Bill não me ajudaria.” Ela sorriu ainda mais. “Então, vim para os mocinhos.” “Os mocinhos”, repetiu Cheska, e encontrou meus olhos. O olhar que ela estava jogando na minha direção fez meus malditos pulmões queimarem. Ela sabia. Minha garota sabia por que ela fez a mesma merda. “E eles me ajudaram. Ajudaram-me a encontrar o casal e a me vingar.” “O casal... eles não te disseram quem te vendeu para eles? O grupo?” “Era uma fachada”, disse Vera. “Um maldito labirinto de acobertamentos e becos sem saída. Uma máquina de engano bem lubrificada.” “Meu pai a contratou e deu trabalho em uma de nossas fábricas,” eu disse, e a cor lentamente voltou ao rosto de Ronnie, a porra da vida. “Rose nos avisou quando ele descobriu que ela

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tinha sido uma hacker quando criança. O pai de Vera a colocou sob sua proteção depois disso.” “Ela rapidamente chamou minha atenção.” Vera beijou sua garota na boca. “Então eu a ganhei.” Cheska suspirou pesadamente. “Isso é o que teriam feito comigo?” ela disse, a realidade e a gravidade de sua situação a atingindo. “Aquelas garotas, se eu não tivesse te encontrado, se não tivesse chegado até você no seu clube ...” Ela se virou para mim, e a expressão em seu rosto, a porra do olhar que ela tinha, esculpiu a porra da minha alma, tornou aquela rachadura no meu peito totalmente aberta em um canyon escancarado. “Os mocinhos”, disse ela, usando as palavras de Ronnie. Ela se aproximou e pressionou contra mim como se pudesse nos derreter em uma porra de uma pessoa. “Eles atiraram no meu pai e no Hugo como atiraram nos seus pais”, disse Cheska a Ronnie. Ela pressionou a mão na minha bochecha. “Mas você me salvou, Arthur. Você me salvou daquela vida terrível e sofrida. Você me salvou do que Ronnie teve que suportar por muitos anos.” Cheska estendeu a mão e pegou a mão de Ronnie. “Você é uma inspiração.” Ronnie beijou a mão de Cheska e então se recostou, a luta vazando dela. Ronnie encontrou meus olhos. “Eles estão se intensificando”, disse ela, cansada, referindo-se aos traficantes. Ronnie lançou um olhar para Cheska, e eu segurei minha mulher com tanta força que pensei que poderia não ser capaz de respirar. Eles queriam Cheska. Sabiam que ela estava comigo. Eu não sabia como, mas sabiam que ela estava comigo. Vera e Ronnie devem ter pensado a mesma coisa porque os olhares em seus rostos eram estrondosos. Elas gostavam de Cheska. Porra, a amavam, e não apenas porque ela era minha.

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Eles não a pegariam. Jurei a mim mesmo que nunca iriam pegá-la. Cheska ficou colada ao meu lado quando paramos na igreja. Eu a segurei bem perto enquanto entrávamos e nos sentávamos na sala de estar. Um por um, minha família voltou para casa, trazendo suas malas com eles. Estávamos todos hospedados sob essa porra de telhado até que os babacas que estavam mexendo conosco fossem apanhados. Ninguém falou enquanto todos nós nos sentamos ao redor da sala. Cheska se sentou no meu colo. Mas foram as lâminas em suas mãos que observei, enquanto ela estudava o presente que Ronnie lhe deu. Seus dedos dançaram sobre o aço e sobre o intrincado cabo de filigrana. “Também tenho um acessório para você”, disse Vera, acenando com a cabeça para as lâminas que Cheska segurava. “Acessório?” Perguntou Cheska. “Para escondê-los.” Vera apontou para as mangas e a barra da calça. “Eles ficam planos para que ninguém saiba que você os tem. Dando a você tempo para planejar sua fuga.” Cheska assentiu, mas seus olhos se arregalaram. Então eu vi algo voar em seu rosto. Algo que nunca tinha visto nela antes — uma sombra negra, uma espiral de escuridão. Escuridão que combinava com a minha. Meu telefone tocou no bolso. Puxei-o para fora, esperando ver uma mensagem de Mikey dizendo que a polícia foi comprada e o quintal estava limpo. Em vez disso, era uma mensagem enviada por um número criptografado. Eu abri enquanto Eric e Charlie falavam sobre o que Mikey tinha descoberto até agora e os outros ouviam. Cheska estava

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ocupada girando suas lâminas continuamente nas mãos, e me concentrei no vídeo que havia sido enviado. O vídeo estava silencioso e a qualidade era granulada. Levei um tempo para perceber o que estava olhando. Mas quando a câmera deu uma panorâmica e vi um telhado de palha familiar e um jardim bem cuidado com uma cerca de madeira, eu soube. Fiquei tenso, cada fibra do meu corpo se preparando para estalar. Cheska virou a cabeça para mim, obviamente sentindo algo em mim mudar. Minha respiração ficou rápida e difícil enquanto eu observava algum filho da puta, todo em preto, caminhar para a casa que guardava todas as boas lembranças de infância que eu já tive. E observei o babaca circundar a cabana e derramar gasolina nas paredes e nas laterais. E eu, porra, vi minha mãe sair, verificando um barulho ou algo que ela deve ter ouvido. Não movi a porra de um músculo enquanto observava o babaca atacá-la de sua cobertura de escuridão e empurrá-la de volta para a casa, trancando-a do lado de dentro, bloqueando a porta com uma barra de metal. Minha mãe bateu no vidro da porta enquanto eles se afastavam. Então ela correu para a janela da sala assim que as chamas acenderam, prendendo-a dentro. “Baby?” A voz suave de Cheska disse, mas tudo que eu tinha era um ruído branco na minha cabeça enquanto o vídeo mostrava a casa começando a queimar. Mostrou minha mãe correndo da janela quando o calor ficou demais. Mostrou-me a porra do rosto apavorado dela enquanto recuava, as chamas engolindo a casa como se ela estivesse sendo devorada pelas mandíbulas do próprio inferno. A câmera foi desligada e a sala ficou em silêncio. Mas as vozes da minha mãe e da Pearl gritavam na minha cabeça. Gritando por ajuda, pela porra da ajuda que nunca veio quando a casa foi incendiada, enquanto minha irmã mais nova,

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que sem dúvida estava na cama, encontrou a porra da minha mãe na espessa fumaça negra da casa e a segurou com força enquanto o lugar queimava e caía em torno delas. Enquanto isso arrancava a vida de seus pulmões. Não foi um acidente. Incêndio culposo. Foi um incêndio criminoso. Elas foram assassinadas. Mãe... Pearl... Elas foram assassinadas, porra. Eu nem me senti empurrando Cheska do meu colo. Eu não pensei nada enquanto me entregava à fúria e comecei a destruir a sala, as garrafas do bar quebrando enquanto eu as arrancava, virando mesas e cadeiras e abrindo-as com minha faca. Elas foram assassinadas. Minha mãe... Minha irmã... Algum filho da puta tinha... Procurei meu telefone, encontrando-o no chão. Eu repassei o vídeo e... Lá. Deixei cair a porra do telefone quando o vi. Quando o babaca segurando a câmera foi desligar o vídeo… Aquele círculo. Aquele círculo bastardo com a forma de V esquisita como a merda no meio. A marca. Eu estava tremendo, tremendo de pura raiva que me consumia, me afogando em chamas, da porra da fenda que Cheska tinha cortado em mim quando irrompeu pela porta do clube. A rachadura que deixou os sentimentos penetrarem no meu sangue e me envenenar com emoções, muitas fodidas emoções que eu não deveria estar sentindo, que não queria nunca sentir, porra.

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“Querido, por favor, você está me assustando.” A voz de Cheska cortou o barulho na minha cabeça, toda a porra do barulho de gritos, do meu sangue correndo ao meu redor em corredeiras esmagadoras, e eu podia ouvi-la, Cheska... Cheska... Cheska... Eu joguei minha cabeça para trás e rugi, rugi pra caralho, tentando tirar esse cimento do meu estômago, a porra do alcatrão no meu sangue que estava sugando a vida de mim. Eu precisava de tudo para fora. Precisava que as emoções e o sentimento parassem para que eu pudesse acabar com esses filhos da puta. Para que pudesse fazer meu trabalho e não ser engolido pela dor, a culpa, a porra do rasgo da minha alma. Mãos no meu rosto me puxaram de volta ao presente, para a sala, destruída ao meu redor, e minha família olhando para mim com rostos preocupados. Então... “Baby, shh, está tudo bem.” Cheska. Cheska estava na minha frente, com as mãos no meu rosto. “Estou aqui, está tudo bem. Deixe-me ajudar…” Mas não estava bem. Ela tinha feito isso. Ela tinha fodido a minha vida com a força de um pé de cabra nos joelhos e fodido tudo. Ela cortou a escuridão que se instalou dentro de mim e tentou me trazer para a luz. Eu não queria a luz, porra. Eu não queria a luz ou a merda dos sorrisos, os beijos ou fazer amor. Isso me deixou fraco. Ela me deixava muito fraco. Eu puxei minha cabeça para trás e vi Charlie pegar meu telefone do chão e assistir a tela. As mãos de Cheska permaneceram no ar, onde acabaram de estar no meu rosto. Como se eu a tivesse queimado. Como se tivesse escaldado sua pele.

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“Saia de cima de mim, porra”, rosnei, e o rosto de Cheska empalideceu. “Você,” eu disse, apontando para ela. Eu bati minha mão no meu peito. Precisava fechar a fenda. Precisava parar a dor que emanava dela, envenenando meu cérebro, meu coração. “Você.” “O que? Por favor...” Ela tentou se aproximar, mas parou quando balancei a cabeça para ela. “O que eu fiz? Arthur…” Eu bati no meu crânio, no latejar no meu cérebro. Aquela voz, sua maldita voz triste me fez sentir coisas que eu não queria sentir, porra, não conseguia sentir para fazer meu trabalho direito. “Você está fodendo com a minha cabeça,” rosnei e peguei a garrafa de vodca que tinha caído no chão, mas permaneceu intacta. Eu joguei a tampa no fogo e bebi metade da garrafa de uma vez. Cheska cruzou os braços sobre o peito, para se proteger, e avançou na direção de Betsy. “Você se enfiou na porra da minha cabeça, abriu a porra do meu peito e me quebrou!” Eu gritei. Vi o telefone sendo passado de Eric para Freddie ao fundo. Os rostos de Charlie e Eric estavam fumegando de raiva quando encontraram meus olhos. Freddie passou o telefone para Vinnie. “Artie,” ele disse, e eu vi a porra da descrença em seu rosto, a porra do momento em que todos descobrimos que minha mãe e irmã não se perderam em um acidente, afinal, que elas foram de fato assassinadas. Assassinadas pelos mesmos cretinos que pegaram Ronnie, que matou toda a família de Cheska e tentaram levá-la também. Aqueles que jogaram um contêiner cheio de mulheres traficadas na porra do meu cais! Eram eles ... Eram os babacas marcados que estavam tentando vir atrás de mim, por tudo que tínhamos construído. Eles queriam Cheska. Eles queriam minha garota!

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Procurei Cheska no cômodo, mas ela havia sumido. A porra de um peso pressionou meus pulmões como um dispositivo de tortura. Meu coração sombrio me provocou, ordenando que eu ficasse de joelhos e a encontrasse. Que precisava dela de volta. Minha maldita rainha. Aquela que controlava o tabuleiro de xadrez fodido que era minha vida. Minha peça mais importante. Mas eu lutei contra isso. Eu lutei contra tudo isso, tentando me puxar de volta para o entorpecimento que costumava viver, a escuridão, a porra do vazio que me impedia de sentir qualquer uma dessas merdas, que me deixava pensar. Agora, eu não conseguia pensar! “Seu idiota do caralho”, Betsy cuspiu e acertou meu rosto. Minha mandíbula cerrou enquanto minha prima ficava cara a cara comigo. “Não se atreva a descontar em Cheska.” “Ela fez isso,” eu rosnei, a raiva ainda bombeando em minhas veias em ondas, incinerando cada fibra do meu corpo. “Ela me fez sentir, me fez sentir assim!” “Humano?” Betsy atirou de volta. “A porra de um ser vivo, respirando, prosperando — não um demônio ambulante com nada em sua alma a não ser escuridão e ódio?” “ELES MATARAM MINHA MÃE E IRMÃ!” Explodi na cara de Betsy e olhei para o resto da minha família. Eu peguei os olhos de Vinnie. Estavam fixos no chão e seu corpo tremia. Tremendo de raiva. “Eles a mataram.” Vinnie ergueu a cabeça e encontrou meus olhos. “Eles a mataram, Artie. Ela não me disse que a mataram.” “Eu não acho que ela sabia”, disse Charlie, aplacando a cabeça fodida de Vinnie, sua crença de que ainda via e falava com

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minha irmã. “Quando a casa foi incendiada, ela não saberia como o incêndio começou.” Vinnie assentiu, agarrando-se à corda de salvamento. Ele estudou os punhos cerrados e disse: “Precisamos matá-los, Artie.” Ele acenou com a cabeça, como se estivesse garantindo a si mesmo que era o que precisava acontecer para deixar esse show de merda bem. “Todos eles precisam cair. Todos caem, porra.” “Basta lembrar”, disse Betsy, voltando ao meu caminho, ignorando todos os outros, “que Cheska também perdeu toda a família. Não só você. Ela perdeu todos eles.” Betsy riu sem humor. “E ela te ama. No momento, não tenho a porra da ideia do porquê.” Betsy foi até a porta, mas parou e, sem olhar para trás, disse: “Sua mãe era igual à minha também. E Pearl era minha melhor amiga, minha maldita irmã. Você escolheu lidar com esta vida sozinho. Você tem pessoas que o amam e apoiam, mas optou por permanecer insensível quando nossos pais morreram. Você optou por nos afastar e se fechar, nunca deixando ninguém entrar. E você morrerá sozinho se continuar fazendo isso. Assim como nossos pais fizeram. Porque eu, pelo menos, estou tentando ressuscitar você.” Betsy saiu e suas palavras circularam pela minha cabeça enquanto eu bebia a vodca até a garrafa terminar. Olhei para cima. A maioria dos meus irmãos ainda estava perto de mim. Gene e Vinnie foram os únicos que foram para outro lugar, Ronnie e Vera também. “Preciso que eles sejam encontrados,” disse a Eric, Charlie e Freddie enquanto eles se sentavam bebendo suas próprias bebidas. “Eu preciso que eles desapareçam.” Minha visão estava turva e ouvi minha voz. Estava triste e arrastada. A vodca não anestesiou a dor em meu corpo como planejei. Só fez pulsar mais fundo, mais rápido, fez a rachadura afundar mais e mais até que eu não pude mais aguentar.

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“Nós os pegaremos,” Charlie disse, Eric e Freddie acenaram com a cabeça. Encarei o fogo, vendo as chamas da cabana novamente. Vendo algum fodido empurrar minha mãe para dentro de casa, trancando-a lá. Sentei-me quando a dor no meu peito parecia que iria acabar comigo. “O que diabos está acontecendo conosco?” Eu disse a eles. “Ninguém pode foder com a gente. Eu me certifico disso.” Encarei o fogo morrendo, as chamas sendo apagadas sob as toras queimadas. “Nós somos os Adleys. Nós dirigimos esta cidade, porra.” Eu bati na mesa lateral. “Eu devo impedir que essa merda aconteça conosco. Mas alguém está se esgueirando. Alguém está fodendo sorrateiramente através de nós. Estou cego. Estou cego para eles.” Peguei uma garrafa de uísque pela metade e abri a tampa. Eu bebi. “Não consigo vêlos.” Olhei para Freddie, Eric e Charlie. “Não consigo vê-los. Estão se escondendo na porra da minha casa, e eu não consigo encontrálos!” “Nós vamos achá-los.” Charlie se levantou. Mas não queria que eles viessem para mim. Não queria ninguém perto de mim. Eu era um veneno. A rachadura no meu peito estava cheia da porra do veneno. Meu ombro bateu na parede quando tropecei no corredor. Meu quarto. Eu precisava entrar na porra do meu quarto. Não, o escritório. Eu precisava entrar no escritório. Sem janelas. Sem luz. Apenas escuridão. Precisava entrar na escuridão e deixar que ela me engolisse por inteiro. Tentei andar. Tentei andar, mas tudo o que eu via era minha mãe andando do lado de fora, enrolando seu cardigã em volta dela para afastar o frio da noite. Então ele a empurrou. A porra do babaca marcado atacou minha mãe e a prendeu dentro de casa. A porra da casa que ela amava. A cabana em que ela se sentia segura. Ela nos levava lá o tempo todo para nos tirar dessa

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vida, uma pausa da empresa e do meu pai, que só vivia para essa família, essa vida fodida. E você vai morrer sozinho se continuar fazendo isso. Assim como nossos pais fizeram... A voz de Betsy circulou minha cabeça. E você vai morrer sozinho se continuar fazendo isso. Assim como nossos pais fizeram... Parei na porta à minha esquerda. A porta que nunca me deixei passar. Virei a maçaneta e tropecei. As luzes estavam apagadas e sua enfermeira foi para casa passar a noite. Meus pés eram blocos de cimento no chão. Mas eu os fiz se mover. Tomei um gole de uísque e deixei queimar minha garganta enquanto me aproximava do meu pai. O homem que não me permiti chegar perto em mais de um ano. Tudo cheirava a antisséptico. As máquinas que o cercavam apitavam e perfuravam meu crânio. Eu agarrei o estribo e segurei a porra. Meus olhos estavam em suas cobertas, no edredom que o escondia de mim. “Olhe para cima, seu maricas,” disse para mim mesmo, então forcei meus olhos para cima. Eu me virei quando meu olhar pousou em seu rosto. Em seu corpo muito magro que nunca se moveu. Nem mesmo um dedo se moveu. Minha mão tremia em torno do gargalo da garrafa de uísque, mas me obriguei a me virar. “Mate-o,” ouvi a voz do meu pai dizer, a memória disparando em minha cabeça. Eu vi o homem em meus olhos. Vi-o no chão do fosso. Vi meu pai atrás de mim e colocando uma faca na minha mão ... “Mate-o”, disse ele. Encarei a faca em minha mão. Eu tinha treze anos. Tinha acabado de fazer treze anos. Charlie, Eric e Freddie me observavam do topo do fosso. A faca parecia pesada em minhas mãos.

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“Por favor, garoto, não”, disse o homem no chão. Eu olhei para o rosto dele. Ele estava ensanguentado, espancado e estava de joelhos. “Olhe nos olhos dele quando fizer isso”, disse papai, com a boca na minha orelha. “Certifique-se de que ele morra olhando em seus olhos — o futuro da nossa empresa.” “O que ele fez?” Avancei, mais perto do homem. “Ele fodeu com a gente. Entregou-nos a um inimigo. Alguns de nossos homens morreram.” Senti isso então. Senti a raiva começar a crescer. Papai disse que ninguém nunca mexia conosco, nossa família. E se o fizessem, teriam que morrer. “Arthur,” papai disse novamente. “Mate -o.” Avancei e parei diante do homem. Eu podia sentir o cheiro de suor e mijo em suas roupas. O sangue. Eu levantei a faca quando um de nossos soldados rasgou a camisa do homem. Eu mantive meus olhos nos dele e empurrei a faca em seu peito, direto em seu coração. E nunca tirei meus olhos dele. Nunca tirei meus olhos dos dele quando sua boca se abriu e ele começou a engasgar com o ar. Até que a faca parou quando alcançou o cabo. Quando ele tombou, meu pai colocou as mãos nos meus ombros. “Bom, Artie. Muito bom pra caralho, garoto.” Pisquei e a memória desapareceu da minha cabeça. Lembrei-me de sentir isso então. Senti a escuridão começar a rastejar, a porta se abrindo para algo mal, algo que alcançou suas garras em minha alma e levou para casa. Essa tinha sido a noite. Aquela foi a porra da noite em que mamãe e Pearl queimaram. Quando matei aquele homem, aquele traidor, elas já eram cinza e dentes perdidos nos restos da cabana. E você vai morrer sozinho se continuar fazendo isso. Assim como nossos pais fizeram...

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O rosto de papai estava cinza e magro, nada parecido com o homem que acabei de imaginar na minha cabeça. Baleado pelos malditos russos. Destruído, e só vivo porque paguei uma tonelada de dinheiro para mantê-lo assim. Ninguém nunca veio vê-lo. Ele não tinha ninguém além de nós. Seus companheiros se foram. Mamãe e Pearl foram embora. E eu? Nunca entrei neste quarto. ... Você vai morrer sozinho ... Bebi o resto do meu uísque e minha cabeça girou com as memórias. Da Pearl. Vamos, Artie. Jogue comigo. Escondeesconde. Da mamãe. Venha aqui, ela disse, braços abertos. Fui até ela e ela me puxou para o sofá. Ela beijou minha cabeça. Vamos assistir TV. Não vai demorar muito até que você não queira mais ficar com sua velha mãe. Eu não aguentava, porra. A dor, toda a porra da dor no meu peito. Não conseguia olhar para o papai. Não conseguia pensar no vídeo que acabei de ver. Saí do quarto até estar de volta ao corredor. Eu não conseguia respirar. Não conseguia respirar! Mas meu coração não parou de me torturar. Em vez disso, ele me mostrou o rosto de Cheska quando eu disse a ela para sair de cima de mim. Que eu era assim por causa dela. Vi a agonia em seus olhos castanho-esverdeados. O tremor de seu lábio inferior. Fechei os olhos, as costas batendo contra a parede do corredor, e a vi acima de mim, montando em mim, cabeça jogada para trás e lábios entreabertos. Eu a vi caminhando para o fosso, couro em suas pernas e a porra do fogo do inferno em seu olhar.

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Eu a vi ficar diante de mim e arrastar a rainha pelo meu peito. Eu sou sua rainha. Sua rainha ... Sua rainha ... Sua rainha ... Minha maldita rainha quebrada. Eu me levantei do chão, as imagens caindo enquanto eu usava minhas mãos para me firmar. Eu irrompi pela porta do meu quarto. Ela não estava lá. Meu coração começou a bater forte de pavor. Eu tinha que encontrá-la. A porra da dor no meu peito só parava de doer quando ela estava comigo. Quando estava ao meu lado, quando minha boca estava na dela, quando eu estava dentro dela. “Cheska!” Eu disse, batendo as portas abertas. Minha família olhou para mim quando encontrei apenas eles dentro dos quartos. Corri pelo corredor, o uísque embaçando minha visão, me roubando o equilíbrio. “Cheska!” Eu gritei, derrubando vasos e outras porcarias das prateleiras enquanto ricocheteava nas paredes. Eu precisava encontrá-la. Eu te amo ... Sua voz tocou na minha cabeça, ameaçando me fazer cair de joelhos. O rosto dela. Seu rosto quando eu disse a ela para sair de cima de mim, seus braços em volta da cintura como se eu a tivesse esfaqueado na porra do coração Eu posso muito bem ter feito. Eu te amo, Arthur ... “CHESKA!” Eu bati a porta do escritório. Betsy saltou de pé. “Saia”, falei para minha prima, vendo Cheska sentada na poltrona atrás dela. “Cheska,” disse novamente, a dor em meu peito entorpecendo um pouco quando vi o topo de sua cabeça, seu cabelo castanho.

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Ela ainda estava aqui. Eu me empurrei para dentro da sala. Betsy passou por mim. Senti seus olhos ardendo e estreitos em mim, mas não olhei para ela. Isso tinha tudo a ver com ela. O fogo estava subindo e, quando dei a volta na cadeira, lá estava ela. Lá estava ela... minha rainha quebrada. Seus olhos estavam fixos no tabuleiro de xadrez entre as duas poltronas. Fiquei olhando para ele para ver que ela havia movido as peças, jogado o jogo sozinha. A rainha estava fora do tabuleiro, o rei totalmente aberto, pronto para ser derrubado por seus inimigos. Sua peça mais preciosa havia sido derrotada. Eu caí de joelhos. Cheska não se mexeu. Era como se ela estivesse paralisada, entorpecida com qualquer coisa ao seu redor, exceto aquele tabuleiro de xadrez filho da puta. Eu olhei para os olhos de Cheska. Eles estavam mortos, em branco. Desta vez, meu estômago torceu não por causa da fratura em meu peito que estava enviando um exército de sentimentos sufocantes, chovendo sobre mim como balas, mas por causa do olhar morto no rosto de Cheska. Eu nunca a tinha visto assim. Nem mesmo quando ela desabou no chão do meu escritório na boate. Nem mesmo quando ela acordou e a verdade sobre o que aconteceu a atingiu novamente. Eu a destruí, como sempre soube que faria. Arruinei ela. Em minha mente, eu a vi quando criança nas escadas de sua casa em Chelsea, a primeira vez que a encontrei, toda morena e olhos enormes. Eu a vi naquele biquíni de merda em seu iate em Marbella quando tínhamos apenas dezoito anos. Eu vi seu rosto

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quando ela percebeu quem havia parado ao lado dela, a porra do olhar obcecado em seus olhos que nunca tinha desaparecido. Até agora. “Cheska,” disse roucamente, minha voz vacilando. Abaixei minha cabeça, sentindo toda a luta se esvair de mim. Quando olhei para cima, ela estava turva, as lágrimas bloqueando-a da minha vista. “Elas foram mortas”, disse, e quando meus olhos clarearam, vi algo parecido com dor em seu rosto. Cheska ficou olhando para o tabuleiro de xadrez, para o rei vulnerável e sua rainha presos à margem. “Eles as mataram,” disse novamente, e parei de lutar contra os malditos sentimentos que estavam lutando para chegar até mim, para tomar cada centímetro da minha carne e ossos. “Eles as queimaram vivas”, disse. Cheska estremeceu. Meus ombros cederam e o álcool inundou meu estômago e minha cabeça. “Eu não sei como lidar com isso,” disse, imobilizado, exausto pra caralho no chão aos pés dela. Ainda assim, ela ficou em silêncio. “Isso...” disse e olhei para cima. Cheska estava me observando, o rosto despedaçado, quebrado pra caralho. “Sentir,” confessei e vi o gelo derreter em sua expressão. Gelo que eu sabia — mesmo em meu estado de embriaguez — eu coloquei lá. “Arthur …” “Eu desliguei. Desliguei tudo, depois de mamãe e Pearl, depois de papai ... e depois que deixei você naquele dia em Oxford”, disse, deixando tudo vazar. Toda a porra da dor que eu mantive presa dentro de mim, que azedou e apodreceu minha carne até que não era nada além de um vírus mortal correndo dentro de mim, até que eu estava entorpecido para tudo, exceto morte e raiva.

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Cheska se mexeu no assento, mas ainda não me tocou. Eu sabia que ela precisava de mais. Precisava que eu contasse mais a ela. Fechei os olhos e me lembrei dela caindo no chão do meu clube. A porra da dor que começou no minuto em que ela voltou à minha vida. Treze meses. Eu não a tinha visto em treze meses, não senti porra nenhuma em treze meses, apenas raiva, sede de sangue e escuridão na esteira da morte de nossos pais. Então eu vi seu rosto. Seu rosto ensanguentado e espancado, e a rachadura em meu peito estilhaçou minhas paredes protetoras. Os sentimentos começaram a me apunhalar, dia a dia, minuto a minuto, quanto mais eu ficava perto dela. “Você...” me lembrei dela puxando a garota sem vida do contêiner mais cedo esta noite. A porra do medo, medo profundo e devastador, quando o contêiner explodiu e eu pensei que era tarde demais. Eu pensei que Cheska estava morta abaixo de mim. Que ela tinha ido. E me perdi. Perdi o controle. Engoli a espessura na minha garganta, então encontrei o olhar de Cheska. “Você me fez sentir de novo. Depois de tanto tempo. Depois do sangue e da morte e de todos os pensamentos sombrios...” fechei meus olhos com força. “Você me fez sentir, porra.” Ouvi o farfalhar de roupas e senti o cheiro do perfume de Cheska flutuando de repente ao meu redor. Mãos tocaram meu rosto, mãos suaves segurando minhas bochechas. Não tinha certeza se estava imaginando, se o uísque e a vodca estavam criando uma alucinação tão forte quanto a de Vinnie. Eu não iria abrir meus olhos para que tudo desaparecesse. Cheska me segurando tirou a dor. Ela a provocou, mas também estava afugentando-a. A portadora e destruidora de tudo que eu era.

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“Abra os olhos”, disse ela, seu sotaque chique afundando profundamente em meus ossos. Acalmando todos os nervos cortados e afiados que atualmente me deixaram. O calor de suas palmas aqueceu meu corpo gelado. “Baby, abra seus olhos.” Fiz o que ela disse, e ali, bem diante de mim, de joelhos também, estava minha garota de Chelsea. A única que sempre quis. A única que já deixei entrar. “Não sei como fazer isso”, falei, e os olhos de Cheska ficaram marejados. “Eu não sei como me sentir, como deixar toda a merda entrar. Como...” toquei seu rosto, sua pele macia como seda sob meus dedos calejados. “Como diabos eu faço isso?” Eu murmurei, a emoção que eu temia arranhava o tom triste da minha voz. “Arthur.” Cheska me beijou. Aqueles lábios suaves de merda tomaram os meus, e a dor desapareceu mais e mais, assim como o piche em minhas veias, o latejar da minha cabeça enquanto reproduzia o vídeo uma e outra vez, a memória de Cheska no chão, em meus braços, imóvel... Eu agarrei sua cintura, puxando-a para mais perto. Precisava dela mais perto. Suas mãos enfiadas em meu cabelo. “Deixe-me entrar,” ela disse e beijou meu pescoço. “Não me afaste mais. Por favor, deixe-me entrar. Totalmente. Sem volta.” “Eu não posso,” disse, instintivamente tentando reconstruir minhas paredes. Fechei a fenda no meu peito. “Eu não posso, porra.” Cheska se afastou e, em seguida, encontrando meu olhar de frente, disse: “Eu te amo, Arthur Adley. Mais do que qualquer mulher já amou um homem antes.” As paredes semiconstruídas desmoronaram enquanto essas palavras saíam de sua boca. A rachadura se transformou em um abismo negro de merda. “Eu te

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amo e sei que você me ama, mesmo que não consiga dizer as palavras em voz alta.” Eu gemi e agarrei minha cabeça, precisando da porra da batida para parar. Olhos vidrados, eu olhei para cima. “Eles as mataram. Os bastardos marcados que tentaram levá-la. Eles mataram minha mãe e minha irmã. Queimaram elas.” “Eu sei”, disse ela, e as lágrimas derramaram sobre meus olhos e pela porra da minha bochecha. Ela enxugou meu rosto e minha cabeça caiu em seu ombro. Eu a inspirei. Eu a inspirei e a senti encher meus pulmões. Senti-a correr pelo meu corpo como um maldito remédio para o veneno que esteve espesso em minha carne e sangue por muito tempo. “Estou aqui por você. Deixe-me estar aqui para você.” Segurando minha cabeça perto dela, me abraçando e me mantendo respirando, ela disse: “Deixe-me te amar.” “Eu não sei como,” falei. “Eu não tenho a porra da ideia de como diabos vou deixar você entrar.” “Este é um começo.” Ela ergueu minha cabeça. Sua mão caiu sobre meu coração. “Não desligue mais isso. Se você se sentir triste, fique triste. Se sentir dor, deixe seu corpo aceitar essa dor. Alegria, tristeza, pesar, culpa, felicidade... amor.” Ela sorriu, e isso quase me esmagou. “Ninguém pode expulsá-los para sempre. Eventualmente, algo ou alguém”, disse ela, com um beijo, “vai romper, e também toda emoção que você forçou para uma caixa onde não pertence.” Cheska beijou minhas bochechas, depois pressionou sua testa na minha. “Eu quero conhecer você, Arthur. Todo. Cada pedaço de escuridão, cada pedaço de tristeza, tudo isso. O bom e o mau, o difícil e o comovente.” “Sinto muito,” disse, as palavras parecendo estranhas na minha língua. “Por mais cedo.” Eu cerrei meus dentes, sem saber

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como fazer isso, como deixá-la entrar, pedir desculpas, tê-la verdadeiramente ao meu lado. “O vídeo...” balancei minha cabeça. “Eu não sabia como lidar com isso. Ainda não sei...” Minha voz falhou e coloquei minha cabeça no ombro de Cheska. Ela se recostou, a bunda no chão, e puxou minha cabeça para seu colo. Eu fui. Passei meus braços em volta da cintura dela e mantive os escombros das paredes presos ao redor do meu coração, mantive-a lá, em minha mente e sangue, mantive-a na medula dos meus ossos. Cheska segurou minha cabeça. Beijo após beijo no meu rosto, no meu cabelo, em qualquer lugar que ela pudesse alcançar. Por séculos nós ficamos lá, as chamas da lareira dançando em meus olhos. Mas neles eu vi a cabana queimar, minha mãe e minha irmã lá dentro, incapazes de escapar. Eu vi Cheska em meus braços no quintal. “Não posso perder você”, falei, e Cheska parou de respirar. “Eu não posso te perder também.” Cheska exalou. Ela me segurou com mais força. “Eu também não posso perder você, baby.” Aos poucos, a dor no meu peito rastejou para fora de mim, deixando apenas dormência para trás. Mas não era um tipo de dormência ruim. Era como um drogado depois de uma dose, quando o calor enchia suas veias, quando o álcool começava a fazer efeito. Cheska continuou acariciando meu cabelo e senti minhas pálpebras se fechando durante o sono. Eu estava cansado pra caralho. A luta sumiu do meu corpo e não empurrei Cheska para longe. Ela ficou ao meu lado, acariciando meu cabelo. Minha respiração ficou profunda e eu exalei. Mas pouco antes de adormecer, abri meus olhos e olhei direto nos de Cheska. “Você me destruiu também,” disse, então me permiti encontrar conforto

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na escuridão. “Quando eu te conheci, princesa... você me destruiu também.”

Cheska estava dormindo no chão. O fogo havia se apagado e só restavam brasas. O uísque e a vodca ainda estavam rolando dentro de mim, mas a porra dos efeitos colaterais estava começando a fazer efeito. Eu me senti áspero pra caralho, mas aceitei. Eu merecia a ressaca do inferno que sabia que estava por vir. Ainda estava escuro como breu lá fora e báltico. Só dormi cerca de duas horas, mas acordei e sabia o que precisava ver. Eu não voltava lá há doze anos. Eu tinha que voltar ... E queria que Cheska estivesse comigo. Eu me abaixei e olhei para o rosto dela enquanto dormia. Eu me odiava pelo que fiz com ela esta noite. Ela foi ferida, foi espremida no pátio, e então eu retalhei seu maldito coração, empurrei-a na frente da minha família. Envergonhei-a. Fiz ela sentir como se eu não a quisesse. Nada poderia estar mais longe da verdade. Respirei fundo. Meu objetivo era bloquear tudo. Colocar as paredes novamente e voltar a ser como era. Mas não faria isso. Eu a perderia se o fizesse. E não ia perdê-la de novo. “Princesa.” Corri meu dedo pelo rosto dela. Cheska se mexeu, mas imediatamente voltou a dormir. Senti um sorriso nos lábios e pensei em como era estranho pra caralho. Nunca sorri, a menos que fosse antes de uma morte. Mas com ela, assim, recusando-se a acordar, era um tipo diferente de sorriso. “Princesa”, disse novamente, e os olhos de Cheska se abriram e ela rapidamente se sentou.

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“O que?” Disse, em pânico, limpando o sono de seus olhos. “O que há de errado? O que aconteceu?” Seus olhos se ajustaram à luz fraca na sala sem janelas e ela os passou por cima de mim. “Você está bem, baby? Está machucado?” Segurei seu queixo e a puxei para perto de mim. Eu beijei sua boca, deslizando minha língua contra a dela. Eu queria me afundar dentro dela. Fode-la na frente do fogo até que grite meu nome. Algo mudou em mim. Quando eu acordei apenas vinte minutos atrás, Cheska envolta em meus braços e paredes para baixo, tudo havia mudado. Nada me assustava. A morte não me perturbava. Mas a garota de Chelsea, Cheska Harlow-Wright? Ela me apavorou pra caralho. Porque ela entrou. Ela se enganchou em suas garras, e se quisesse partir — ou se fosse levada embora — não haveria como voltar. Eu estaria fodido. Destruído. Arruinado. Tomei banho e escovei os dentes, tentando tirar o peso da noite do meu corpo, o álcool do meu sistema. Mas desde que meus olhos abriram, eu precisava sair. Meu interior torcia, me dizendo aonde precisava ir. O carro estava esperando e uma van de soldados estava pronta para nos seguir. Afastei-me da boca de Cheska. Ela procurou meu rosto. “Preciso que você venha comigo.” “Onde?” Perguntou, mas se levantou. Confiança cem por cento. Ela confiava em mim sem vacilar. O calor se espalhou por mim com a constatação. Peguei o cobertor que coloquei sobre Cheska ao me levantar. Agarrando sua mão, puxei-a para o meu peito, precisando de sua boca novamente. Eu estava viciado. Sempre

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fui. Mas agora, depois desta noite, parecia diferente. Parecia ... mais... “Você pode dormir no carro”, eu disse, e ela me seguiu para fora do quarto, ainda meio adormecida, sua mão segurando a minha. Deixei seus tênis esperando por ela na porta e enrolei o cobertor em volta dela enquanto saíamos para o ar gelado da noite. Ela se apertou mais perto do meu lado enquanto saíamos da chuva e entrávamos no Bentley. Saímos para as ruas, praticamente desertas àquela hora, e Cheska se aninhou contra mim. Eu podia senti-la me observando enquanto procurava por alguém nos observando do lado de fora, nos seguindo. Meus homens na van e os poucos que eu tinha em outros carros menos óbvios, seguiam sutilmente atrás, fariam com que nada desse errado. Finalmente, vendo que tudo estava claro, encontrei seus olhos. “Princesa,” disse e afastei o cabelo do seu rosto. Eu precisava ver aquele rosto perfeito do caralho o tempo todo, sem obstruções. “Você está bem?” Ela engoliu nervosamente. “Nós estamos bem?” Abaixei minha testa na dela, meu peito apertando. Porque eu só tinha a mim mesmo para culpar. Estraguei tudo. Fui um idiota egoísta — havia sido por muitos anos. Estive sem emoção e frio por muito tempo. Mas eu tentaria com ela. A garota de Chelsea era a única que poderia me fazer tentar abaixar minha guarda. Ninguém mais. Só ela. Sempre ela. Para a porra da eternidade, ela. “Estamos bem,” disse contra sua boca, ouvindo-a exalar de alívio. “Mais que bem na verdade.” “Estamos indo para Cotswolds?” ela perguntou, lendo a porra da minha mente. Ela me conhecia. Ela tinha perdido

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pessoas. Sabia o que eu estava sentindo agora. Balancei a cabeça e beijei-a enquanto ela se enrolava contra mim. Achei que ela fosse dormir. Mas ficou bem acordada enquanto viajávamos as duas horas que levamos para chegar à parte favorita da minha mãe no interior da Inglaterra. Cheska segurou minha mão, segurando-me com mais força quando meu corpo ficou tenso enquanto nos aproximávamos da casa de campo, e familiares vielas estreitas e sinuosas no campo apareceram. As árvores criavam túneis ao nosso redor, seus galhos nus, gelo grudando na casca. Ainda estava escuro quando chegamos. Queria estar de volta à igreja no meio da manhã. Eu queria que a porra da caça às bruxas começasse imediatamente. Eu queria que esses babacas, com marca de círculo, fossem encontrados. Mas precisava tempestade.

desse

momento

de

calma

antes

da

Cheska se sentou e virei minha cabeça para ela. “Estou contigo.” Eu balancei a cabeça, então a deixei me beijar. Deixei que segurasse minha mão enquanto o motorista dirigia por uma estrada particular de terra. Eu olhei pela janela. A cabana Tudor com janelas adornadas deveria ser visível por cima dos arbustos. Mas não havia nada, apenas uma massa de estrelas no céu acima da pacata aldeia e corvos circulando à frente, como se soubessem que assassinatos haviam ocorrido aqui. Como se soubessem que a porra de um crime contra minha família foi cometido e eu estava aqui para ver o fantasma do ceifeiro que os coletou. O Bentley parou e Cheska procurou pela janela. Asas batiam no meu estômago, asas grandes do caralho, que pertenciam a um condor ou alguma merda. Eu vi meus homens inundarem a propriedade, armas e facas em punho, verificando se

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estava tudo limpo. Jim, o chefe deste regimento, acenou para mim enquanto voltava do abrigo das árvores. Tudo estava limpo. Mas eu não conseguia me mover. Não conseguia me mover. Olhei para o chão pela janela, o terreno que foi queimado, onde a grama e ervas daninhas agora cresciam. A porra do lugar onde minha mãe e minha irmã devem ter gritado e se agarrado enquanto o fogo as engolia inteiras. “Você está pronto, baby?” Cheska apertou minha mão. Eu travei. Minha boca se fechou e me senti me fechando, afogando os sentimentos que estavam tentando me sufocar. Eles estavam me forçando a ter um pulmão de ferro, e não faria isso. Não ia abrir meu peito e deixar os demônios assumirem o controle. Mas então Cheska se ajoelhou diante de mim no chão do carro e ergueu minha cabeça para ela. “Você consegue fazer isso. Pode sair do carro se quiser.” Ela beijou as costas da minha mão. Olhando para seu rosto deslumbrante, forcei meus músculos a relaxarem. Obriguei-me a deixar a porra da dor afundar em mim — a dor que vinha tentando viver em mim por anos, para tomar o seu lugar de direito no meu coração meio morto. Para me consumir até que não pudesse respirar. Fechei meus olhos. Minha cabeça latejava. Tinha tudo a ver com a porra da ressaca na qual eu estava mergulhando de cabeça. Tinha a ver com o fato de que os gritos da minha irmã e da minha mãe estavam presos nas árvores ao nosso redor, seus gritos ainda voavam na porra do vento que soprava em uma velocidade de vendaval em torno da clareira. “Eu não posso,” engasguei-me, vendo a cabana tão claramente em minha mente. Vendo a porta da frente aberta e Pearl correndo para o balanço de madeira na árvore. Eu vi minha

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mãe sair atrás dela, chá e biscoitos em uma bandeja. Em seguida, caminhando para mim enquanto me sentava no banco sob a janela. Sentada ao meu lado. Só estando lá, porra. Apenas sendo minha mãe. Minha fodida mãe perfeita, que aqueles filhos da puta tinham barricado dentro e incendiado. “Estarei com você”, disse Cheska, e me virei para encará-la, seus olhos castanho-esverdeados me dizendo o quanto ela me amava. Eu. Um assassino fodido. Mas esta garota, esta garota elegante e deslumbrante me amava. Cheska sorriu para mim — foi suave e deslumbrante. “Mostre-me o lugar que você amava antes do incêndio”, disse ela, e eu virei minha cabeça quando ouvi a porra do eco fantasma de Pearl gritando enquanto eu a perseguia com minha pistola d'água. Muito jovem ainda para papai ter colocado uma de verdade em minhas mãos. Artie! Não! Ela gritou e mergulhou pela porta da frente para que mamãe a protegesse. Queria mostrar aquele lugar a Cheska. Eu queria que ela visse que nem sempre estive tão fodido. Nem sempre fui atormentado por escuridão e demônios com a porra de navalhas como dentes. Nem sempre fui o assassino que ela sabia que eu era. Já fui inocente. Minha alma sem gordura e limpa. Meu coração nem sempre negro e cercado por minha muralha pessoal. Segurei a mão de Cheska com tanta força que me preocupei em machucá-la. Mas abri a porta, o vento gelado batendo em nossos rostos, e a tirei do carro. Cheska enrolou o cobertor em volta dela para afastar o frio intenso, e eu senti a terra familiar sob meus sapatos e respirei o ar fresco. Não havia fumaça e poluição neste ar, não como em Londres.

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“Tão pacífico.” Cheska encostou a bochecha no meu braço. “Mostre-me”, disse ela. “Mostre-me por que você a amava tanto. Por que ela amava aqui.” Minha mãe. Esta era a porra da Cheska conhecendo minha mãe. “Por aqui.” Caminhei com minha garota pelos poucos acres que possuíamos. Através do arvoredo e da horta que Pearl e mamãe haviam plantado há muito tempo, agora crescidos demais e selvagens, as plantações apodrecidas e desbotadas. Cheska nunca largou meu braço. E a cada passo, eu sentia a porra da perda de minha irmã e minha mãe penetrar cada vez mais fundo. Como deveria ter acontecido anos atrás. Voltamos pelo caminho que levava ao jardim e eu parei no lugar onde ficava a cabana. Meus pulmões se apertaram como se alguém os estivesse esmagando em seus punhos. Meu coração batia cada vez mais rápido, como se fosse explodir no meu peito, e meu estômago se apertou com tanta força que pensei que meus músculos fossem se partir em dois. Beijando as costas da mão de Cheska, soltei seus dedos e dei um passo à frente. Minhas pernas pareciam chumbo quando as forcei a chegar ao centro de onde ficava a casa. Eu inclinei minha cabeça para o céu noturno e pude sentir o cheiro da fumaça que engoliu o espaço. Uma fumaça preta e espessa eliminando o cheiro forte das rosas que minha irmã e mãe plantaram. Rosas ... Cheska sempre cheirou a rosas também. Eu abri meus olhos e pisquei, cada movimento das minhas pálpebras deixando cair uma lágrima em minhas bochechas. O vento as levou embora tão rápido quanto vieram. Então, porra, eu derramei mais. Derramei mais e mais, a maldita e pecaminosa água benta Adley limpando o ar para minha mãe e irmã. Homenagens às suas vidas. Vidas tiradas por nosso submundo escuro, por alguns filhos da puta marcados que

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estavam secretamente destruindo minha família por muitos anos para contar. Abaixei minha cabeça e me abaixei. Minha mão passou pela faixa de lama sob meus pés. A terra caiu entre meus dedos. Lágrimas escorreram de minhas bochechas e pingaram no solo, juntando-se às cinzas invisíveis dos membros da família que eu mais amava. Artie. Fechei meus olhos quando ouvi minha mãe chamando meu nome como se ela estivesse bem atrás de mim. Eu podia sentir sua mão em meu ombro. Sentir o cheiro do perfume forte e caro que papai costumava comprar para ela todo Natal. Eu te amo, meu menino, ela sussurrou em meu ouvido. Meu doce, doce menino. Eu tenho saudade de você. “Eu também sinto sua falta, mãe,” sussurrei de volta. E me descontrolei, porra. Meus ombros tremeram enquanto os anos e anos de dor derramavam de mim para o solo de Cotswolds. Meu coração maltratado e costurado estava se abrindo e sangrando embaixo de mim, no mesmo chão que segurava os corpos da minha mãe e irmã enquanto queimavam, enquanto davam seus últimos suspiros. Minhas mãos e joelhos plantados na terra, e eu me despedacei. Eu lutei para respirar quando vi aquele vídeo em minha mente. Refiz mentalmente os passos do filho da puta na tela jogando gasolina na casa e prendendo minha família lá dentro. Ele riscou o fósforo e jogou no combustível sem se importar que estava matando minha mãe. Minha maldita mãe. Minha irmã. Minha irmã mais nova chata, que eu só queria, pra caralho, poder irritar por apenas mais um dia. Braços me cercaram e virei minha cabeça para o peito de Cheska. “Estou aqui”, disse ela, suas palavras envolvendo a porra em torno de mim e afastando o cheiro de fogo que eu não conseguia tirar do meu nariz desgraçado, a fumaça que estava

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enchendo meus pulmões e tirando qualquer capacidade de receber o ar livre. “Elas morreram,” eu disse, a voz falhando. “Elas morreram, porra, e eu não as salvei.” “Não era possível salvá-las”, corrigiu Cheska. “Você também era uma criança.” Uma criança que estava ocupada tirando sua primeira vida quando tudo acabou. Eu me sentei e passei minhas mãos pelo rosto. Cheska sentou-se ao meu lado, a mão nas minhas costas. “Elas foram mortas, princesa.” Ela acenou com a cabeça, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto pálido. “Elas foram mortas, porra.” “Eu sei, Baby.” Suspirei, então meu estômago embrulhou enquanto me perguntava se mamãe poderia me ver agora. Se, onde quer que ela estivesse, podia me ver aqui, finalmente descobrindo a verdade sobre sua morte. Mas meu maldito coração parou com esse pensamento. “Você acha que elas viram o que eu me tornei?” Eu perguntei. Cheska tentou ler meu rosto, e pensei que era porque ela não sabia de que maneira responder à pergunta. Eu não tinha certeza de qual porra de interpretação disso eu estava me perguntando. Ela estava orgulhosa de mim ou horrorizada com o que eu fazia para viver, quem eu era? Cheska colocou as mãos nas minhas bochechas. “Acho que ela vê você. Acho que ela vê você, sorri, ama você e está tão orgulhosa que sente vontade de vê-lo novamente. Ser capaz de tocar em você e beijar sua bochecha e dizer o quão orgulhosa ela está por você cuidar de sua família como faz. Como sacrifica sua

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própria felicidade uma e outra vez para não quebrar, para não cair.” “Mas eu acho que quebraria seu coração ver essas coisas também. Ver o fardo de tais pesadas obrigações pesando sobre você. Como afasta as pessoas para não ceder ao peso da perda.” Seu lábio inferior tremia. “Como você tem amor, e encontrou o amor mais profundo, mas lutou por ele por tantos anos que isso o deixou exausto pela batalha e se sentindo indigno de tal presente.” “Ela adoraria você”, eu disse. O rosto de Cheska enrugou-se de tristeza. “E tenho certeza de que a amaria. Sua irmã também.” Eu balancei a cabeça, um sorriso puxando meus lábios. Porque Pearl teria adorado Cheska. Ela me disse muitas vezes que gostaria de ter uma irmã em vez de mim — seu irmão mais velho chato. Fiquei ajoelhado no chão até o céu começar a clarear. Até que o breu do céu começou a ficar azul. Pegando a mão de Cheska, disse: “Vamos para casa.” “É minha casa?” Cheska sussurrou, mostrando-me como as feridas que eu infligi na noite anterior a haviam cortado profundamente. Eu não sabia se era o sentimento da minha mãe ao meu redor que me empurrava ou se era apenas Cheska. Meu coração e a porra da alma negra reconhecendo-a como nossa e reivindicando-a para sempre. Mas puxei seu rosto para o meu. “Princesa...” eu disse, sentindo meu pulso latejar no pescoço. Sentindo o calor escaldar minha pele, embora estivesse frio aqui fora. Cheska prendeu a respiração. “Eu ...” Fechei os olhos com força. “Eu te amo.” “Arthur”, Cheska gritou e apertou sua boca contra a minha.

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Então peguei sua boca. “O que eu tenho é seu, princesa”, disse, e Cheska se curvou em meu peito. “Tudo, é tudo seu, porra.” “Eu só quero você.” Ela apenas você. Só você, Arthur.”

suspirou.

“Sempre

quis

A viagem de volta a Londres foi tranquila, o céu de inverno iluminou-se até o sol sair e pararmos na igreja. Cheska havia adormecido em mim, a cabeça no meu colo. Não querendo acordála, eu a carreguei para a igreja. Betsy e Charlie vieram para o corredor, verificando quem acabou de entrar. Quando Betsy viu Cheska em meus braços, com os braços enganchados em volta do meu pescoço, mesmo durante o sono, ela me deu um sorriso aliviado e voltou para o quarto. Charlie piscou para mim, optando por não me dar a mínima sobre sair de casa quando eu ordenei a todos que ficassem trancados. Coloquei Cheska na cama, tirei seus tênis e coloquei-a sob as cobertas. Eu a observei se mover, mas no final das contas, o sono a levou para baixo novamente. Eu tirei minha jaqueta e fui para a cozinha. Fervi a chaleira e preparei uma xícara de chá. Eu estava exausto, vazio por dentro, mas... mas me senti diferente. Como se eu tivesse acabado de acordar de uma década nocauteado. Como se eu tivesse acabado de sair de uma tempestade de um ano para a porra de um dia de verão. Entrei na sala de estar para tomar o chá meu revigorante e vi que Vinnie estava sentado em seu lugar de costume. O filho da puta quase nunca dormia. Ele estava ao lado do fogo como sempre. Quase saí da sala, precisando ficar sozinho. Mas parei na porta quando pensei em Cheska. Da noite em que ele contou a ela sobre suas amigas, que não a culpavam por suas mortes. Pensei em Eric e no que ele disse semanas atrás ... Você não tem esquizofrenia paranoica, tem? Você é um maldito médium ou algo assim. Falando com os mortos o dia todo, todos os dias ...

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Meus pés começaram a se mover antes que eu percebesse. Sentei-me em frente à Vinnie, a porra da minha caneca de chá tremendo na mão. “Artie”, Vinnie me cumprimentou, seu sorriso maníaco se espalhando em seus lábios. Eu não tinha ideia do que se passava na cabeça do meu irmão. Não tinha certeza de como ele aguentava cada dia, porra. Mas de todos nós, com a alucinação de Pearl ao seu lado, ele era provavelmente — ironicamente — o único que viveu uma vida um tanto normal. Achei que, apesar da doença mental, ele era feliz. “Vin.” Engoli metade do meu chá escaldante. Queimou enquanto descia pela minha garganta. Vinnie estava olhando para o fogo, perdido em sua cabeça como sempre. Mas como se pudesse ler a porra da minha mente, ele se virou para mim, e eu sabia que estava esperando que eu falasse. Seu cabelo loiro na altura dos ombros caía sobre metade do seu rosto. Meu coração batia forte como se tivesse acabado de correr uma porra de uma maratona. Avancei na minha cadeira, o tique-taque rítmico do relógio de pêndulo atrás de mim era minha trilha sonora quando perguntei: “Elas estão bem?” Minha voz estava tão fraca que não tinha certeza se Vinnie tinha me ouvido. Até que ele acenou com a cabeça. Eu balancei a cabeça em resposta. “Será que...” encarei minhas mãos. Coloquei o chá na mesa entre nós e juntei minhas mãos. Eu levantei meus olhos para Vinnie. “Elas sentiram dor?” Vinnie não precisava que eu explicasse de quem estava falando. Ele sabia. De alguma forma, sempre soube, porra. “Sem dor”, disse ele, balançando a cabeça. “Foi rápido. Como adormecer.” O alívio percorreu meu corpo. Exalei um suspiro e fiquei de pé. Estava cansado pra caramba e só precisava dormir. Queria puxar Cheska para perto de mim e fechar os olhos. Ao passar por Vinnie, pressionei a mão em seu ombro em agradecimento.

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Ele agarrou minha mão quando ia sair. Olhei para o meu irmão de armas e ele disse: “Ela está feliz por você ter voltado.” Os cabelos do meu pescoço se arrepiaram. “Para dizer adeus. Ela ficou feliz em ver você lá.” Eu balancei a cabeça, com a fodida certeza de que não poderia ter falado nem se tentasse. Vinnie largou minha mão. “Sua mãe gosta de Cheska. Ela gosta muito dela. Disse que está feliz por você deixá-la entrar em seu coração ... finalmente.” Calafrios se espalharam pela minha pele. Porque eu podia ouvir mamãe dizendo isso. Ouvir seu forte sotaque dizendo essas palavras exatas, depois me beijando na bochecha. Vinnie voltou a olhar para a lareira e fui para o meu quarto em uma porra de torpor. Tirei minhas roupas e me arrastei para a cama com minha garota. Eu a agarrei pela cintura e a puxei para o meu peito. “Eu te amo”, ela murmurou, ainda quase dormindo. Quando sua respiração se estabilizou, respondi: “Também te amo, princesa.” Eu sabia que nunca seria a pessoa mais romântica do planeta. Eu era um maldito gangster do East End Londres; meu sangue corria com ódio e vingança. Eu não mostrava amor a ninguém. Mas talvez... Apenas, porra, talvez... Beijei a nuca de Cheska, ouvindo seu suspiro em resposta. Talvez eu pudesse abrir uma exceção para ela. Sempre, apenas para ela. Sempre ela.

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CAPÍTULO QUATORZE CHESKA

“De novo”, Eric disse enquanto enxugava o suor da minha testa. Respirei fundo, então segurei minha adaga com força. Corri para Eric, batendo seu braço para longe para impedi-lo de me agarrar, e pressionando a ponta da minha adaga em seu coração. “Bom”, Eric disse enquanto recuei. “Melhor.” Peguei minha garrafa de água no chão do cemitério cheio de folhas. Engoli o líquido frio e Inclinei a cabeça para trás, olhando para o céu cinza. Apesar do frio, eu suava. Horas de prática com Eric aqui fora, entre as velhas lápides, estavam me ajudando a me livrar um pouco da ansiedade que venho sentindo ultimamente. A frustração reprimida pela culpa que ainda pairava no meu interior e a dolorosa tristeza de sentir falta das minhas amigas, meu pai e Hugo. Encarei Eric novamente enquanto Charlie entrava no cemitério conosco para acender um cigarro. Ele se encostou na parede da casa e me observou com uma expressão divertida no rosto. Eric pegou minha adaga e girou a ponta para seu corpo sem camisa. Ele a pressionou contra o coração. “Lembre-se de que as adagas em forma de grampo são mais eficazes para perfurar órgãos importantes, não para cortar gargantas ou rasgar a carne.” Ele a pressionou em sua pele, deixando uma marca para me mostrar exatamente onde eu deveria mirar se tivesse que usá-

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la. “Coração”, ele disse, então abaixou. “Pulmões. Rim. Fígado”, ele disse, movendo a cada vez, então ele a deixou cair em sua coxa. “Principais artérias. Aqui.” Em seguida, para o pescoço. “Aqui.” Ele pressionou a adaga contra a testa e sorriu. “E se você quiser ser uma verdadeira selvagem, a testa. Envia essa filha da puta direto para o cérebro. Através do olho, também funciona.” Eu me senti enjoada com o pensamento. Mas precisava saber. Tinha que estar preparada para tudo. Estava indefesa da última vez que alguém veio me pegar. Se acontecesse de novo, eu estarei preparada. Serei capaz, de alguma forma, de revidar. Então, aceitei a oferta de Eric de me treinar para usar as adagas que Ronnie, Vera e Gene me deram de aniversário. Arthur estava me ensinando a atirar. Mas depois do papai e Hugo e daquela noite nos fossos, as armas ainda eram um pouco demais para mim. Mesmo assim, ele me levou ao porão da igreja e me ajudou a mirar. Ele insistiu que eu aprendesse mesmo assim, que nesta vida eu precisava saber pelo menos como usar uma arma. E meu coração se aquecia quando pensava no motivo. Porque ele não suportaria me perder. Passaram-se alguns dias desde a nossa visita ao chalé e ele mal saiu do meu lado. Como se eu fosse o Santo Graal e ele o chefe dos Cavaleiros Templários. Se eu não estivesse com ele, estava com um de seus familiares. Alguém sempre estava na igreja comigo e Gene. Soldados Adley patrulhavam a casa 24 horas por dia, sete dias por semana. Era uma fortaleza. Eu teria pensado que tudo é excessivo. Mas vi meus amigos e família serem mortos. Vivia cada momento do meu sequestro todos os dias. Eu já vi a filmagem da mãe de Arthur sendo atacada e jogada dentro de sua cabana. E vi o medo nos olhos azuis de

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Arthur. Vi a preocupação quando o levantamento da cidade em busca do inimigo invisível acabou vazio. Senti quando ele me segurou perto dele durante a noite. Enquanto me beijava e afundava dentro de mim, o olhar assombrado travado no meu. Eric me devolveu a adaga. “Eu teria cuidado para não mostrar a Betsy esses movimentos.” Eu apontei para os pontos vermelhos que permaneciam em seu corpo desde a demonstração. “Ela pode ficar inclinada a usá-los em você na próxima vez que irritá-la.” O que acontecia com muita frequência. Minha cabeça doía quando tentava decifrá-los. Eles alegavam que se odiavam, mas seus olhares acalorados e transas frequentes diziam o contrário. “Ela tentaria”, Eric disse, as tatuagens de palhaço sorrindo demoniacamente em sua pele enquanto ele vestia sua camiseta. “Mas acabaríamos fodendo e pingando sangue — meu favorito.” Charlie tossiu atrás de nós. “Eu sou o irmão dela, seu idiota. Poupe-me de ouvir merdas como essa.” “Tudo bem, Chuck. Não é como se eu estivesse pedindo para você assistir.” Eric entrou na casa. “Eu preciso tomar banho e ir para o clube. Você foi bem hoje, Ches.” “Obrigada!” Gritei atrás dele, recebendo um aceno em resposta. Charlie balançou a cabeça enquanto caminhava em direção a casa. “Eles precisam ficar juntos ou deixar um ao outro em paz”, disse ele, referindo-se a Eric e Betsy. “Se eu tiver que ouvi-los fodendo com raiva mais uma vez enquanto estamos todos presos nesta casa, eu mesmo irei cortar suas gargantas. Existem algumas coisas que um irmão simplesmente não deveria ser submetido.” Sorri. “Se serve de consolo, acho que eles se amam até a morte.”

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“Até a morte”, Charlie meditou, jogando o cigarro acabado em um ralo. “Receio que seja o que pode acontecer um dia se eles se desafiarem muito.” O brilho em seus olhos castanhos me dizia que ele estava brincando, mas com a maneira como eles se desafiavam às vezes — não estaria fora do reino das possibilidades. “Eles vão resolver isso”, eu disse, encolhendo os ombros. “Levamos anos para mim e Arthur chegarmos a este ponto.” Senti meu rosto queimar. Charlie sabia disso, é claro. Ele esteve lá durante tudo. Ele me olhou e me perguntou o que ele estava pensando. Então ele disse, “Nos últimos dias...” Ele olhou por cima das lápides antigas no jardim. “Antes de você. Antes de você voltar, quero dizer. Já estaríamos arrasando Londres. Depois de ver aquele vídeo, o velho Artie estaria encharcado de sangue e ainda derrubando as pessoas minuto a minuto, até descobrir quem era o culpado. Ele teria nos trazido ainda mais inimigos, e teríamos que dobrar todos os esforços de proteção de nossa empresa pelos próximos anos até que as pessoas que ele matou durante um de seus ataques de blecaute recuassem.” Charlie sorriu. “Ou até que eles fossem mortos pelo meu primo também.” Meu coração se entristeceu. Sombria. Isso era tudo que a vida antes. Apenas pura escuridão. Nada bom.

de

Arthur

era

“Mas ele está pensando desta vez. Usando mais seus homens. Ronnie, Vera, deixando-os usar os peritos que queriam trazer para a empresa há algum tempo.” Charlie se afastou da parede e ajeitou o paletó e a gravata. “Ele está sendo esperto sobre a vingança. Ele está vindo a todos nós em busca de conselhos, envolvendo-nos nas decisões.” O orgulho cresceu através de mim com a avaliação de Charlie. “Arthur sempre liderou bem esta família. Ele é o melhor

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manda-chuva que esta empresa poderia ter pedido. As pessoas ou o amam ou têm medo dele. E com razão. Ele nasceu para fazer isso. Para administrar essa porra de cidade sem lei. Mas essa versão dele? Este Arthur pensante, aquele que está usando seu cérebro... este é o cara de quem todos deveriam estar petrificados. Porque Arthur é forte e violento e pode lutar como um maldito pit bull. Mas a vantagem que ele tem sobre todos os outros no submundo do crime é que ele é muito astuto. Ele é inteligente. Essa é a parte do meu primo que eu estava esperando ver aparecer, ver colocada em ação. Mas a raiva tinha que ir primeiro.” Ele riu. “Ou pelo menos reduzir para fervura em vez de uma chama incontrolável.” Charlie concordou comigo, gratidão verdadeira em seu rosto bonito. “Temos que agradecer a você por isso, Cheska. Com você ao seu lado, ele é verdadeiramente letal. E em nosso mundo, isso é o equivalente a ganhar na loteria.” Dei de ombros. “Eu apenas o amo.” “E ele te ama.” Charlie virou para voltar para dentro, mas sua atenção foi puxada na direção do jardim. Segui seu olhar para ver Gene sentado contra uma árvore. Ele acendeu um cigarro e apenas olhava para o céu. Um olhar que eu não consegui decifrar apareceu no rosto de Charlie enquanto ele observava o irmão mais novo de Eric. “Ele parece perdido”, eu disse, sentindo simpatia pelo jovem. Vinte anos e tão, tão perdido. “Sim”, é tudo que Charlie disse, então ele voltou para dentro de casa antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa. Eu o segui e acabei de sentar na sala de estar quando Ronnie irrompeu de seu quarto e veio em nossa direção. Ela tinha olheiras, e seu cabelo estava despenteado, suas roupas amarrotadas. Parecia que ela não dormia há dias. Seus olhos vasculharam a sala.

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“Arthur?” ela perguntou. “Aqui”, Arthur disse, vindo por trás de Ronnie. Seus olhos imediatamente se fixaram nos meus, e com o calor em seu olhar, eu não queria nada mais do que desaparecer em nosso quarto com ele. Arthur passou por Ronnie, se inclinou e me beijou. Ele me levantou da cadeira como se eu não pesasse nada e me colocou em seu colo. Eu imediatamente me senti em casa. “Eu tenho um rastro”, Ronnie disse. Arthur ficou tenso embaixo de mim. Eu encarei Ronnie. Charlie, Freddie, Vinnie e Eric pararam de falar e suas cabeças desviaram em sua direção. Betsy, ouvindo claramente a comoção na sala de estar, entrou. “O que você conseguiu, querida?” Vera perguntou a Ronnie. “Eles estão no sul de Londres.” Ela acenou com o pedaço de papel em sua mão. “O vídeo que foi enviado para você, o número criptografado”, disse ela, tão rápido que me esforcei para acompanhar. “Veio do sul de Londres.” “Onde?” Arthur cigarro.

disse

sombriamente,

acendendo

um

“Eu não consegui definir ainda. Mas irei. Eu sei que conseguirei.” Um sorriso maníaco de privação de sono se espalhou no rosto bonito de Ronnie. “Esta é a primeira descoberta que tenho sobre esses filhos da puta. Na vida.” Arthur ainda estava imóvel embaixo de mim. Ainda tenso. “Bom trabalho, Ron”, ele disse. Vera se levantou e beijou a namorada. “Vou continuar”, Ronnie disse, e elas deixaram a sala. “Sul de Londres.” Charlie ficou perdido em pensamentos. “Nenhuma das pessoas de sempre parecem ter os recursos para fazer algo neste nível.”

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“Eles não têm”, disse Arthur. “Este não é alguém que já conhecemos. Nenhuma unidade de traficante de drogas de dois bits poderia balançar tudo isso. É outra pessoa. Outra coisa. As gangues que conhecemos no sul de Londres — em toda Londres — são pretendentes perto desse grupo. Esses fodidos são um império filho da puta. Um império escondido.” Arthur deu uma tragada no cigarro e depois exalou. “Porque apenas outro império poderia vir até nós assim.” Ele jogou a cinza no cinzeiro ao nosso lado. “Mas os impérios caem. E esses filhos da puta vão ser enterrados junto com qualquer outra pessoa que tente destruir minha família.” Senti os lábios de Arthur em meu ombro. “Vamos, princesa.” Reconheci aquele tom em sua voz. Eu me levantei e ele me seguiu até o quarto. Ele tirou minhas roupas e ligou o chuveiro. Arthur me fodeu contra a parede, seus lábios na minha boca, minhas bochechas, meus seios. Ele me fodeu forte e rápido até que gritei no banheiro nublado, cheio de vapor. A pele de Arthur estava lisa contra a minha, sua cabeça enfiada na curva entre meu pescoço e ombro quando ele gozou, seu rugido ecoando ao nosso redor. Ainda dentro de mim, ele me carregou para a cama e nos deitou. Ele me beijou como se fosse me devorar. Suas mãos deslizavam sobre cada centímetro da minha pele como se ele fosse o dono. Ele era. Ele me possuía de coração e alma. Sem fôlego, eu me afastei de sua boca e procurei por ar. Arthur, ainda sem vontade de me soltar, puxou-me para seu peito e eu prendi a respiração, observando a luz do sol desaparecer na claraboia acima. “Verifiquei o meu contato na empresa da sua família hoje.” Eu levantei a cabeça e olhei nos olhos de Arthur. Ele

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colocou os óculos de volta e acendeu cigarros para nós dois. Ele passou um para mim. “Você fez isso?” perguntei, dando uma tragada. “Eles contrataram um CEO temporário enquanto você ainda é uma pessoa desaparecida.” Eu engoli e fumei, o tabaco me acalmando. “A polícia ainda está correndo como idiotas, caindo em nossas pistas falsas. Eles ainda não recuperaram os corpos do seu pai e do Fuckface.” Fiquei tensa, me perguntando onde eles poderiam ter sido jogados. Arthur e Charlie achavam que provavelmente tinham sido queimados. Nenhuma evidência disso. “E Freya e Arabella?” “Ambas foram enterradas. Os funerais foram realizados assim que seus corpos foram liberados pela polícia. A investigação ainda está aberta.” Arthur colocou a mão sob meu queixo e o ergueu. “Não haverá respostas para suas famílias. Pelo menos, não até que enterremos esses filhos da puta e você possa ser vista novamente. “ Engoli. “O que eu direi a eles?” “Vamos pensar em algo.” Eu tracei o horizonte de Londres com tinta no peito de Arthur, minha ponta do dedo passando por cima do Big Ben e da Casa do Parlamento. “Não tenho certeza se quero ser encontrada.” Suspirei, sentindo-me mais do que desorientada com a ideia de retornar de alguma forma à minha antiga vida. Arthur colocou o cigarro na boca e me puxou para deitar em seu peito. Meu rosto pairava sobre o dele. Deixando o cigarro empoleirado entre os lábios, ele disse, “Você é muito conhecida, princesa. Você é Cheska Harlow-Wright, não uma porra de zé ninguém.” Uma sombra cruzou seu rosto. “Se você quer ficar comigo, e não ter todos os babacas do país pensando que foi

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minha família que te levou, você tem que ressurgir em algum momento.” “Eu nunca quero que eles pensem que foi você.” Arthur sorriu. Seu corpo molhado e musculoso, aquele cigarro entre seus lábios, fez minhas coxas se apertarem. “Eles vão pensar que foi a Síndrome de Estocolmo ou algo assim. Que você se apaixonou pelo maldito Lorde das Trevas da cidade de Londres e eu a corrompi, arrastei você para meu covil e fiz de você minha rainha das trevas.” “Bem”, eu disse. “Não está muito longe da verdade.” Uma das mãos de Arthur desceu pelas minhas costas e pela minha bunda. Ele mergulhou mais abaixo, seguindo as curvas do meu traseiro até minha buceta, onde ele afundou um dedo dentro de mim, e minha testa caiu em seu peito. Um gemido saiu da minha garganta, e eu alarguei minhas pernas quando ele acrescentou mais dedos e os empurrou para dentro e para fora de mim em um ritmo enlouquecedor. “Rainha das trevas”, ele sussurrou, e o senti endurecer contra minha barriga. Eu rastejei para ficar de quatro, sua mão escorregou para fora de mim enquanto eu montava em suas pernas e afundava em seu pau. Minha cabeça caiu para trás enquanto ele me enchia ao máximo. As mãos de Arthur pousaram em meus seios. Eu montei nele, balançando para frente e para trás enquanto a cinza do cigarro, ainda entre seus dentes, caía em sua pele. Achei que ele percebeu isso enquanto me fodia, enquanto eu o montava, quadril empurrando cada vez mais rápido, e ele deixou cair uma de suas mãos e esfregou os dedos sobre meu clitóris. “Arthur”, eu sussurrei, meus movimentos se tornando gaguejantes enquanto eu sentia o aperto revelador das minhas coxas e a dor na parte inferior das minhas costas. Antes que eu

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pudesse pronunciar seu nome de novo, eu me espatifei, gozando forte e rápido. Minhas unhas afundaram em seu peito e ele se acalmou, gemendo em torno do cigarro enquanto gozava dentro de mim. Eu caí contra seu peito, minha orelha pressionada sobre seu coração — estava acelerado. Arthur apagou o cigarro no cinzeiro da mesinha de cabeceira e me abraçou. Pude ouvir os sons fracos de sua família na sala de estar. De Eric saindo, e os murmúrios silenciosos de Ronnie e Vera enquanto passavam pela porta do quarto. Eu queria isso. Não minha velha vida. Eu queria essa família, não a sufocante cena social de Chelsea. O materialismo, o foco no dinheiro e quanto poder você podia ganhar entre os ricos. “Eu não quero isso”, disse assim que recuperei o fôlego. Arthur ficou quieto, ouvindo. “Minha antiga vida.” Eu levantei e apoiei meus braços em seu torso rígido. “Eu quero estar com você. Não em segredo. Mas com orgulho ao seu lado.” Um sorriso apareceu nos lábios de Arthur e derreteu meu coração. “Isso vai causar uma comoção filha da puta.” “Eu não me importo”, disse com veemência. “Deixe-os pensar o que quiserem. Estou farta de me importar com o que qualquer pessoa, exceto você e esta família, pensa de mim.” “E os negócios da sua família?” ele disse. “Algumas das ações cairão para você. Parte da responsabilidade se você quiser.” Eu estudei administração por anos em Oxford. E sou boa nisso. Mas... “Posso ficar com as ações”, não queria cortar completamente os laços com o legado da minha mãe. “Mas talvez seja a hora de o negócio ser entregue a alguém não tão ligado a empresa.” Pensei em meu pai e em quanto o negócio roubou sua vida. Possuía-o, até que isso era tudo com que se importava — não

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sua família ou filha. Pensei em Hugo e em como agora olhava para trás em nosso relacionamento e sabia, com certeza absoluta, que nunca houve nenhum amor romântico entre nós; em vez disso, foi familiar. E ele queria minha mão em casamento para garantir seu lugar na Harlow Biscuits. Meu pai nunca teria me deixado fechar para seguir o show. Ele foi um bom homem em alguns aspectos, mas pensava muito pouco das mulheres em geral, e especialmente no local de trabalho. Ele as via como descartáveis. Um meio para um fim. Olhando para trás, eu nem tenho certeza se ele amou minha mãe. Estou começando a acreditar que ele amava o negócio e o poder que o nome dela trouxe para ele. Foram os negócios que consumiram Hugo e papai — eles eram feitos do mesmo tecido. E embora saibamos pouco sobre quem os matou, sabemos por que — porque de alguma forma eles bagunçaram o negócio e devem dinheiro a um sindicato do crime. Eles pediram dinheiro emprestado de homens implacáveis novamente, e minhas melhores amigas pagaram o preço por sua inadimplência. “A empresa está manchada para mim agora”, disse. “Está impregnada de sangue e mentiras.” Arthur afastou meu cabelo molhado do rosto. Ele entendia. Pude ver isso escrito em seu rosto. Eu tracei a ponte de Westminster em seu abdômen. “Mas estou bem em me afastar.” Eu chamei sua atenção. “Sou inteligente, Arthur. Sou boa com negócios. Não quero viver a vida à margem. Não sou uma pequena mulher para quem você voltará para casa, descalça e grávida. Se estou com você, nesta família, quero ajudar. Quero fazer parte do que todos fazem.” “Eu tenho negócios”, ele disse, e meu pulso bateu mais rápido com a contração brincalhona em seus lábios. “Muitos deles.” Ele encolheu os ombros. “A maioria são obscuros. Mas tenho alguns legítimos que geram um bom lucro. O suficiente para manter a Scotland Yard longe de mim e longe do meu trabalho real.”

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Excitação queimou dentro de mim. Empolgação com o que a vida poderia ser para nós. Arthur defendia as mulheres em sua empresa. Eu podia ser um trunfo para ele. Deixando a vida de socialite que eu nunca fui capaz de suportar de qualquer maneira. O sorriso sumiu do rosto de Arthur e sua expressão escureceu. Eu sei que é por causa de tudo isso, desse sonho que estamos criando... será só isso até encontrarmos quem está nos caçando. O futuro que queremos, aquele com que sonhamos, virará fumaça se não forem descobertos. Se eles não forem eliminados. A ideia do que Arthur fará com eles quando os pegar me deixa enjoada. Não por causa da matança. Eles mataram muitas pessoas próximas a nós para ficarem isentos desse tipo de justiça. Mas porque eu temo que algo aconteça com Arthur. Que fosse tirado de mim depois que finalmente nos encontramos neste lugar. Juntos. Felizes. Apaixonados... Uma caverna se formou dentro do meu estômago quando imaginei ele sendo ferido, ou pior. Arthur se sentou. “Eu tenho que sair, princesa. Tenho uma reunião.” Relutantemente saí de cima dele e o observei se vestir. Nada neste mundo parecia tão bom quanto Arthur Adley em um terno. Eu me vesti também e me sentei na cama, observando-o recolher suas coisas. Ele se aproximou de mim e segurou meu queixo. “Um dia, você não terá que ficar para trás. Você poderá estar ao meu lado.” Seu lábio se curvou em um sorriso. “Minha rainha das trevas.” Eu sorri do calor em seus olhos e o beijei, quando alguém bateu na porta. “Sim?” Arthur disse contra meus lábios, sem se preocupar em se afastar. Fechei os olhos, aprofundando o beijo, mas uma tosse suave nos interrompeu.

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Arthur se afastou e Vera e Ronnie entraram no quarto. Elas estavam com seus casacos e malas nas mãos. “O que é tudo isso?” Arthur perguntou. “Tenho alguns amigos hackers — amigos hackers discretos — que me devem um favor”, Ronnie disse. “Acho que eles podem me ajudar a aprofundar tudo isso. Realmente nos ajudar a descobrir quem eles são — nomes, empresas. Tudo.” Ela gesticulou para o pedaço de papel em sua mão — aquele com as informações sobre o número criptografado que ela conseguiu rastrear. Arthur ficou em silêncio por alguns segundos tensos, depois disse, “Fora da rede.” Ele franziu a testa. Então, alguma comunicação silenciosa passou entre Vera, Ronnie e Arthur. Algo que parecia uma importante dança entre eles. Eu me perguntei se eles estavam falando em particular. Antes que eu pudesse questioná-los sobre isso, o telefone de Arthur tocou. “Estou a caminho”, ele disse ao interlocutor. Arthur me beijou e saiu do quarto. Vera e Ronnie vieram rapidamente, e os três saíram de casa. Estava escuro e o vento assobiava do lado de fora enquanto batia contra as velhas paredes da igreja. Minha mente voltou ao que Arthur me contou sobre os funerais de Freya e Arabella. Eu deveria ter ido lá. Peguei meu telefone e, pela primeira vez desde que morreram, procurei seus nomes. Meu sangue gelou quando vi relato após relato de suas mortes. Todas mencionando meu nome, suspeitando que eu também estivesse morta. Então vi um artigo que cobriu seus funerais. Lágrimas encheram meus olhos quando vi seus pais, segurando-se um ao outro como se fossem cair de joelhos se não tivessem apoio.

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O luto. A dor. Tudo me atingiu como uma tonelada de tijolos. Envolvendo meu cardigã enorme em volta de mim, fui para o cemitério. Eu precisava de ar fresco. Não me importei se estava frio. Eu precisava sentir o vento no meu rosto, precisava sentir a natureza na minha pele, a vida florescendo ao meu redor. Fechei os olhos no minuto em que meus pés deixaram a porta dos fundos. A noite estava clara e as estrelas eram uma lavagem de diamantes cintilantes no céu. A lua crescente iluminava os antigos túmulos da igreja; vindo direto das páginas de um conto de fadas dos Irmãos Grimm. Dirigi-me para as fileiras de lápides, os funerais de Freya e Arabella pesando em minha mente. Eu parei na primeira. Um anjo estava no alto de um pedestal de mármore. Seu rosto angelical estava rachado por causa dos anos de espancamento do clima severo e mercurial inglês. Passei as mãos pelo nome gravado na pedra, mas estava muito gasto e castigado pelo tempo para distinguir as letras. Passei por túmulo após túmulo. Alguns com nomes que ainda poderiam ser lidos, principalmente pessoas que morreram há séculos. Vidas curtas e longas — pessoas que eram muito amadas. Um caroço obstruiu minha garganta quando pensei onde Arabella e Freya estavam agora. Qual a aparência de suas lápides e o que foi escrito em seus epitáfios? Levadas muito cedo. Elas se foram. Muito jovens. Muita vida correndo em suas veias. Senti saudades delas. Senti falta delas com todo o coração. Meus olhos embaçaram e estava prestes a me quando vi duas lápides no canto do jardim, debaixo de grande árvore que no verão seria densa com folhas verdes,

meu virar uma seus

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galhos caindo como uma cachoeira sobre as duas sepulturas de mármore branco. Elas pareciam mais novas que o resto, mais cuidadas. Meus pés esmagaram as folhas caídas abaixo de mim. Minhas exalações eram nuvens brancas enquanto a noite fria me envolvia. Eu cheguei aos túmulos e parei. Annie Adley. Pearl Adley. Fechei meus olhos e senti a perda delas afundar nas profundezas dos meus ossos. A perda de duas pessoas muito queridas por sua família — especialmente por seu filho e irmão. Ajoelhei-me e afastei as folhas e galhos que pousavam no topo das lápides por causa do vento forte. “Olá.” Limpei os destroços da grama bem cuidada ao redor delas. “Prazer em finalmente conhecê-las.” Senti-me um pouco boba em falar com elas dessa maneira. Mas queria de todo o coração. “Eu sou Cheska”, disse, mantendo minha voz baixa. Eu sorri para o nome de Annie. “E estou completa e obsessivamente apaixonada pelo seu filho.” Eu lutei contra o nó na minha garganta quando seu rosto surgiu em minha mente. “Prometo que vou amá-lo por vocês duas. Prometo cuidar dele quando esquecer de cuidar de si mesmo e prometo que sempre estarei ao seu lado.” Inalei o ar frio, sentindo-o queimar meus pulmões, mas acalmava meus nervos em frangalhos. Eu acabei de ficar de pé quando ouvi o estalo de um galho atrás de mim e senti o cheiro de fumaça de cigarro. Eu me virei, o coração acelerado, apenas para encontrar Gene parado a alguns metros de distância. Ele ergueu as mãos, o rosto empalidecendo. “Sinto muito. Eu estava sentado perto da árvore ali.” Ele apontou para a árvore onde o vi embaixo antes. “Não queria incomodar você.”

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“Gene”, eu disse, a mão no meu peito, cobrindo meu coração acelerado. Ao som de nossas vozes, um dos soldados veio correndo pela lateral, arma em punho. Ele parou, examinando a área. “Tudo certo?” “Sim.” Eu disse, e o soldado saiu novamente. Aproximei-me de Gene e me sentei no banco perto dos túmulos dos Adley. Gene pairava por perto, sem saber o que fazer. “Quer se juntar a mim?” Gene abaixou a cabeça timidamente, mas se sentou ao meu lado. O vento soprava ao nosso redor, mas os galhos da árvore nos protegiam da maior parte de sua aspereza. Abracei o silêncio, feliz por estar lá fora, respirando ar fresco em boa companhia. “Elas eram boas pessoas”, Gene disse minutos depois, apontando com a cabeça para o túmulo de Annie e Pearl. “Eu gostava muito delas. Sinto muito a falta delas.” “Ouvi que elas eram ótimas. Estou triste por nunca as ter conhecido.” Gene abaixou a cabeça e passou a mão pela manga de sua blusa longa, puxando-a para trás o suficiente para mostrar as bandagens pretas que ele usava por baixo. Eu não tinha certeza se ele percebeu que estava fazendo isso. Um hábito nervoso que ele adquiriu. Eu estudei seu rosto. Ele tinha uma semelhança com Eric e Vera, mas onde ambos eram loiros com personalidades vibrantes e ruidosas, Gene era todo cabelo escuro e olhos castanhos tímido. Ele era quieto, introvertido... danificado. “Ele mudou”, disse Gene, sua voz baixa quase foi roubada pelo vento. Eu encarei seu perfil, e seu olhar virou para o meu antes de olhar para as árvores novamente. “Arthur?” Perguntei. Gene assentiu e esfregou as mãos — outro gesto nervoso. “Quando eu fui embora...” Ele parou. “Um tempo atrás”, quando ele foi internado. Quando a família pagou para ele buscar ajuda

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para seus demônios interiores. “Ele era...” Gene franziu a testa como se estivesse vendo Arthur em sua memória, procurando a descrição correta do homem que ele costumava ser. “Um fantasma”, ele decidiu. “Ele era um fantasma. Vazio, exceto pela raiva que o alimentava. Ele não vivia. Seus olhos...” Gene suspirou. “Eles estavam mortos. Sem qualquer felicidade.” “Estavam mortos?” Perguntei, lembrando-me do olhar vazio de Arthur quando ele deixou meu apartamento em Oxford naquela noite depois que seu pai foi baleado. Como ele parecia mudado. Como o homem que eu conhecia havia morrido. Ele sempre foi torturado e assombrado. Mas quando ele partiu naquele dia, ele não era nada mais do que um fantasma movido à morte. “Semelhante reconhece semelhante”, Gene disse e quase quebrou a minha alma. Eu queria estender a mão e tocá-lo, confortá-lo, mas não conhecia seus limites. Não sabia com o que ele estaria bem. Seu rosto pálido ficou vermelho. “Eu...” Ele flexionou a mandíbula. “Até ver Artie, não pensava que fosse possível as pessoas mudarem tanto.” Havia uma forte dose de esperança em sua voz e percebi que era para ele mesmo. Que se Arthur pôde mudar, ser salvo... ele também poderia. “Você está bem?” Perguntei, escolhendo não pressioná-lo nessas coisas e dar-lhe espaço. Gene não respondeu de imediato. Mas então ele me respondeu com uma pergunta própria. “Você está?” Ouvi os carros passando além dos muros altos do cemitério. Respirei o ar fresco do inverno. “Eu sinto...” enrolei meu cardigã mais apertado em volta de mim. “Eu me sinto como se estivesse em um tipo estranho de purgatório.” Balancei a cabeça, sabendo que me expressei corretamente. “Tenho a minha antiga vida por um lado, uma vida tão longe deste lugar, deste tipo de vida.” Gene olhou para o chão, mas a imobilidade do seu corpo me

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disse que ele estava ouvindo. “Então, por outro lado, eu tenho uma chance nesta nova vida, uma que eu quero de todo o meu coração, mas que está fora de alcance. Fora de alcance até que quem quer que queira me machucar — nos machucar — tenha sumido.” Sorri para mim mesma, apesar dos meus medos. “Uma vida com Arthur. Uma vida que eu nunca pensei que ele seria capaz de me dar, ou eu poderia dar a ele.” Gene olhou para mim e quase chorei com a maneira como seus olhos pareciam ansiar pela mesma coisa. “Até então, estou aqui. Ficando escondida. Mantendo-me segura até que esteja livre para seguir em frente e passar para o próximo capítulo.” Sorri e balancei a cabeça. “Isso fez sentido?” “Sim.” Gene se recostou no banco. Seu cabelo castanho encaracolado caindo na frente de seus olhos. “Eu entendo completamente.” “Como você está se sentindo?” Perguntei. “Estar de volta aqui?” Gene puxou para baixo as mangas de sua blusa até cobrir metade de suas palmas. “Como você”, ele disse. “Preso entre o passado e o futuro.” Ele inclinou a cabeça para o céu. “Meu passado...” Ele bateu em sua cabeça, depois no coração. “Eu tenho pensamentos e sentimentos... pensamentos sombrios e tenebrosos. Demônios. Eles me puxam para baixo. Até eu não conseguir respirar.” Queria envolver meus braços em torno dele e mantê-lo seguro. Mas fiquei parada. E escutei. “Eu nunca me encaixei nessa família como o resto deles”, ele murmurou, e pude ouvir a dor em seu tom pesado. “Não sou como meu irmão ou irmã. Nunca fui. Nunca fui como Arthur. Eles nasceram para esta vida, prontos para se juntar às trincheiras e servir à família. Eu...” Ele suspirou. “não tenho certeza para qual vida fui feito. Nenhuma, eu acho. Viver e eu... não parecemos combinar bem.”

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“Gene.” Eu lutei contra o desejo de segurar sua mão, meu coração quebrando com as palavras tristes e mórbidas. “Você foi sim. Você foi feito para esta família. Há um lugar para você aqui. Você apenas precisa achar. Pode parecer oculto agora. Mas seu lugar é aqui, eu sei disso.” Aproximei-me mais dele. “Sua família te ama. Eles só querem que você seja feliz. Qualquer caminho que você escolher.” “Feliz...” ele disse, como se a palavra fosse algo de que nunca ouviu falar, algo que ele nunca sentiu, um conceito que ele não conseguia entender. “Ninguém”, perguntei, “ou nada te ajuda a se sentir feliz? Faz algo dentro de você queimar? Ninguém ajuda a aliviar a tristeza?” Seus olhos dispararam para mim e me lembrei do dia em que o conheci. Ele manteve a cabeça baixa, os olhos baixos enquanto encarava todos nós... até que uma pessoa veio até ele. Até que uma pessoa o segurou, e Gene o segurou com tanta força que era como se ele nunca fosse soltá-lo. “Charlie”, eu disse com conhecimento de causa, e Gene congelou. Sua boca abriu e fechou. Não achava que ele fosse dizer algo, mas ele se virou para mim, um lampejo de vida — e talvez esperança — brotou em seu rosto, e... “Princesa?” Ao som da voz de Arthur, Gene fechou a boca e se calou, olhando por cima do meu ombro. Eu segui seu olhar e vi Arthur se aproximando. Ele olhou para os túmulos de sua mãe e irmã, depois de volta para mim. Sua expressão se suavizou quando ele entendeu o que eu estava fazendo aqui. Quem eu encontrei. “Gene”, ele disse. “Você está bem, garoto?” “Estou bem, Artie.” Ele se levantou com seus pés calçados com botas Doc Marten, sua calça jeans skinny preta agarrada às suas pernas finas. “Foi bom falar com você, Cheska.” Ele sorriu, e a visão roubou minha respiração. Ele era lindo. Queria com toda

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a minha alma que ele se livrasse das trevas que o mantém cativo e que sua luz o trouxesse para casa. “Bem-vinda à família.” Observei Gene ir embora. O dedo de Arthur desceu pela minha bochecha. “Você está congelando.” Ele estendeu a mão. “Vamos entrar.” Deixei-o me levar para dentro de casa e direto para o nosso quarto. Sentei-me na ponta da cama, minha conversa com Gene circulando minha cabeça. “Gosto dele”, disse a Arthur enquanto ele tirava o paletó, o colete e a gravata. Ele desfez os primeiros botões da camisa e arregaçou as mangas até os cotovelos. “Ele é um bom garoto”, ele disse, e eu sorri concordando. “Ele é apenas cinco anos mais novo que você, mas parece cansado, como se estivesse velho e exausto” Arthur se sentou ao meu lado. “Ele teve uma vida difícil. Sempre esteve em guerra consigo mesmo. Mas espero que esteja melhorando. Eric parece pensar que desta vez ele pode sobreviver sem ter uma recaída.” Perguntei-me sobre Gene e como ele parecia se iluminar perto de Charlie, com a simples menção do primo de Arthur. Então me lembrei de Charlie hoje, como ele observou Gene sob a árvore, seus olhos escuros ilegíveis. Eu mantive esses pensamentos para mim. Não era da minha conta. Arthur pegou minha mão e beijou as costas da palma. “Eu não tive a chance de te dar seu presente de aniversário na outra noite.” Eu sorri e Arthur tirou uma caixa do bolso da calça. Ele abriu a tampa e dentro estava um grande par de brincos de diamante. “Eram da minha mãe”, ele disse, e minha cabeça se levantou. “Arthur, eu não posso...”

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“Eu quero que você fique com eles.” Ele apertou minha mão. Por um segundo, ele parecia nervoso. Nunca vi Arthur nervoso. Eu não tinha certeza de que ele pudesse ficar nervoso. “Cheska”, ele disse, com a voz rouca. “Porra, pegue-os, princesa.” Ele os colocou na minha palma. “Eu preciso que você os aceite.” “Ok.” Corri meu dedo sobre os diamantes vintage. “Eles são lindos”, sussurrei. Arthur se levantou e foi até o paletó que pendurou na cadeira. Ele puxou uma caixa quadrada maior que parecia conter uma pulseira ou algo semelhante. “Arthur”, disse enquanto ele se agachava na minha frente e a colocava no meu colo. “Eu não posso aceitar isso também. É muito.” Arthur abriu a caixa e uma faixa de prata olhou para mim, mais espessa do que a maioria das pulseiras, mas não menos impressionante. “É linda”, eu disse. Mas quando levantei os olhos, a expressão de Arthur era cautelosa. Meu estômago revirou. “O que?” Eu perguntei. “O que há de errado?” “Mandei fazer isso para você.” “Ok...” disse cuidadosamente. O ar entre nós aqueceu, se tornou grosso com a tensão — algo da qual eu não entendia o motivo. Coloquei a caixa ao meu lado na cama e coloquei minhas mãos no rosto de Arthur. Ele pegou a pulseira e a tirou da caixa. Ele ficou em silêncio, os ombros tensos enquanto a colocava no meu pulso, encaixando as pontas. Depois de fixada, o fecho desapareceu e percebi que é o tipo de pulseira que precisa ser cortada. É incrivelmente bonita, mas quando Arthur exalou um longo suspiro de alívio, seus ombros caíram, sabia que o que estava no meu pulso significava mais do que uma mera decoração. “Arth...”

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“Eu preciso que você use isso”, ele disse, com voz firme. Seus olhos estavam arregalados, quase possuídos. “Você não pode tirá-la a menos que seja cortada.” “Ok.” Tentei estudar a pulseira, para ver o que havia de tão especial nela. Mas parecia apenas como qualquer outra. Linda. Mas nada fora do comum. “Eu mandei fazer para você. Por um joalheiro que eu conheço.” Ele engoliu em seco, então seu rosto ficou sério quando encontrou meus olhos. “Ela tem um rastreador embutido.” O mundo parou. Tudo parou. Mas meu coração batia cada vez mais rápido e de repente a leve pulseira em volta do meu pulso parecia uma bigorna. “O que?” Eu disse, minha voz tremendo de raiva, raiva real. Virei meu pulso, observando cada curva da pulseira. Eu não consegui ver a evidência de um rastreador, mas não tenho ideia de como é um. Estendi meu pulso. “Tire isso de mim.” Arthur contraiu a mandíbula e suas bochechas ficaram vermelhas. Seus olhos se estreitaram, e o antigo Arthur apareceu. “Tire isso de mim!” Eu disse mais alto, minha voz carregando autoridade ao redor do grande quarto. “Agora, Arthur. E se você não pode, consiga alguém que possa. Eu não quero um rastreador em mim.” Arthur se levantou, vibrando. “Não”, ele disse teimosamente, e meus níveis de raiva aumentaram para corresponder aos dele. “Não!” Ele respondeu de novo, vendo-me prestes a me levantar e desafiá-lo. As mãos de Arthur deslizaram pelo cabelo e ele se tornou… arrasado. Arthur se desvendou diante de mim, o exterior frio que ele sempre usava rachou no centro, e um homem maníaco e assombrado foi revelado por baixo. Ele andou para frente e para

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trás na minha frente, seu pescoço tenso e veias saltavam de seus músculos. “Você tem que usar”, ele disse secamente, mas ouvi o leve tremor em sua voz. A traição do seu mal-estar. Eu fiquei muda. Não sabia o que dizer, vendo-o assim. Ele sempre era tão calmo e controlado. Eu não entendia por que ele estava assim por causa de um rastreador. Por causa de uma pulseira. “Arth...” “Você tem que usar isso, porra!” Ele retrucou, interrompendo-me novamente. Observei-o caminhar como um lobo, as mãos nos cabelos e, em seguida, puxando o rosto para baixo. “Apenas para o caso.” Estendi a mão e agarrei a dele. “Arthur”, disse severamente. “Pare.” Ele parou. Imóvel. Mas seus olhos ainda estavam dilatados. Ainda arregalados enquanto ele se elevava sobre mim. Arthur se lançou para frente e colocou as mãos em cada lado da minha cabeça. “Escute-me”, ele disse, seus olhos procurando os meus. “Você tem que ser protegida. Eu tenho que saber onde você está.” “Aconteceu... alguma coisa?” Perguntei, um fio de medo rastejando pela minha espinha. Arthur deu uma única risada, mas sem humor. “Aconteceu alguma coisa?” Ele balançou a cabeça e pressionou a testa na minha. “Eles mataram minha mãe e minha irmã”, ele disse baixinho, tão baixinho que era de partir o coração. Suas mãos estavam inflexíveis na minha cabeça, mantendo-me perto. “Eles mataram seu velho, o maricas do seu noivo, suas duas melhores amigas e tentaram sequestrar você, porra”, Arthur grunhiu, os olhos se fechando momentaneamente. “Eles queriam te vender, caralho. Como aqueles desgraçados fizeram

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com Ronnie. Como fizeram com as mulheres no contêiner do armazém.” “Baby...” “São eles!” Ele disse, seus olhos selvagens implorando para eu ouvir. Para entender. “Eles são os responsáveis por todos os ataques contra nós. Eles são os que estão se esgueirando, fodendo com a gente. E eu não sei quem eles são. Não sei quem porra eles são!” Desesperadamente, Arthur esmagou seus lábios nos meus. O beijo não era gentil. Era cruel, selvagem e desenfreado. Quando ele se afastou, meus lábios pareciam vazios. “Eu não posso permitir que levem você. Se algo acontecer, se eles atacarem novamente, se nos atingirem de alguma forma, preciso ser capaz de encontrar você.” Sua mão deslizou até o pulso que estava com a pulseira. “Isso faz com que eu possa encontrá-la. Se tudo explodir, poderei encontrar você.” Sua pele perdeu a cor e sua voz se transformou em meio sussurro. “Eu não posso perder você, porra”, ele disse, tão triste que atingiu meu peito. “Princesa... eu não posso perder você também.” Coloquei minhas mãos em seu rosto também, a raiva se transformando em tristeza. Ficamos parados ao pé de sua cama, com as mãos nos rostos um do outro, um segurando a vida do outro. “Por favor”, Arthur disse, e meu sangue esfriou ao som de alguém como Arthur Adley implorando. “Eu vou implorar pra caralho, se você precisar, princesa. Mas...” Sua respiração engatou. “Apenas use por mim. Por favor, apenas use para que eu possa dormir.” Pensei nas lápides do jardim. Aquelas que ele mal conseguiu olhar quando me encontrou no banco conversando com Gene. “Eu não posso ter você enterrada lá também”, ele disse, lendo minha mente. “Não você também... especialmente não você.”

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“Ok, ok”, eu disse calmamente e beijei suas bochechas, pulsos e lábios — suavemente, calmamente, gentilmente. “Vou usar”, disse. E vou. Não gostei da ideia de um rastreador em mim. Mas então eu repassei os atacantes amarrando minhas mãos e amordaçando minha boca. Lembrei de ser arrastada escada abaixo do spa e quase forçada a entrar na van. Não queria que isso acontecesse novamente. Mas se acontecer, eu saberei que Arthur me encontrará. Se isso era o que Arthur precisava para se sentir calmo, farei por ele. “Eu vou usar. Prometo”, assegurei, e Arthur começou a respirar normalmente. Ele tinha olheiras e sabia que ele não estava dormindo. Estava exausto. E tenso. E preocupado comigo. Mas também parecia haver algo mais. Algo além. “Você descobriu algo?” Observei entender o que desencadeou tudo isso.

seu

rosto,

tentando

Arthur fechou os olhos e respirou fundo. Ele deu um passo para trás e tirou a mão do meu rosto. Ele acendeu um cigarro, respirou fundo para se acalmar e esfregou a nuca. “Ainda não. Apenas algumas coisas não parecem combinar.” Ele parou o que quer que ia dizer. “Eu acho que estou ficando louco”, ele disse e deu outra tragada. “Perdendo a cabeça.” “Quando foi a última vez que você descansou? Verdadeiramente descansou. Quando foi a última vez que você dormiu?” “Eu não posso”, ele disse, baixando o olhar para o chão. “Eles estão lá fora. E eu não consigo encontrálos. Eu sempre encontro qualquer um que nos ameace. Mas esses filhos da puta, essas cobras, estão enterrados muito fundo. E...” Ele balançou a cabeça e se jogou na cama. Eu me ajoelhei no chão na sua frente. Os olhos de Arthur se fixaram na pulseira e eu senti a calma florescer ao seu redor. A firmeza de sua respiração quando a luz

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cintilou na faixa de prata. “Você está com medo desses homens”, eu disse, vendo através dessa explosão, dessa necessidade obsessiva de ter o rastreador em mim. Arthur riu, e o som zombeteiro fez meus dedos se curvarem. Mas também havia desespero. “Com medo”, ele disse com outra risada fria. Ele balançou a cabeça, olhando novamente para o chão enquanto terminava o cigarro. “Eu não tenho medo de nenhum filho da puta nesta cidade. Eles podem vir até mim o quanto quiserem, armas disparando e contêineres explodindo. Eles podem tentar me levar... deixe-os vir.” Eu fiz uma careta, sem entender o olhar torturado em seu rosto. As narinas de Arthur dilataram-se e sua mandíbula travou. Então, ao expirar, ele disse, “Não tenho medo de nada, incluindo a morte.” Ele me olhou mortalmente nos olhos. “Mas estou com medo pra caralho que eles levem você. Não consigo respirar quando penso nos imbecis pegando você, machucando você... matando você.” Lágrimas picavam em meus olhos e minha garganta apertou. Arthur colocou a mão na minha nuca e me puxou para frente, sua testa pressionou contra a minha. “Meu maior medo, meu único fodido medo em todo este mundo de merda, é você ser levada para longe de mim.” Seu dedo correu sobre a pulseira e eu senti seu medo no meu interior. Porque eu também temia. Não queria viver em um mundo onde Arthur não estava ao meu lado. “Eu nunca te deixarei”, sussurrei. Os lábios de Arthur se curvaram em um pequeno sorriso. “Posso ter isso escrito com sangue?” Recostei-me e, repetindo o movimento que fiz para ele nos fossos, cruzei o coração com o dedo. Arthur me puxou para sua boca e me beijou. Ele me beijou e beijou até eu ficar sem fôlego.

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“Venha”, disse quando a tensão no quarto diminuiu. “Vamos tomar uma xícara de chá.” Arthur pegou minha mão estendida e me levou para a cozinha. Ele se encostou na bancada enquanto fervi a chaleira e preparei o bule. Quando peguei duas xícaras do armário, meu estômago roncou. Sorri com o som e as sobrancelhas de Arthur baixaram. “Você não comeu?” A chaleira ferveu e despejei a água no bule. “Esqueci”, disse. Arthur foi direto para a geladeira. Ele olhou para as prateleiras vazias. “Isso é tudo que tem.” Arthur franziu a testa para o pote. “Que porra é essa?” Ele disse, puxando uma salada de romã da segunda prateleira. Eu sorri e seus olhos brilharam com a minha risada. “É de Betsy, eu acho.” Ele tirou a tampa da tigela e pegou um garfo da gaveta. “Bem, agora é seu.” Fui preparar o chá, mas Arthur me virou. “Foda-se o chá, princesa. Coma.” Ele colocou sementes de romã no garfo e as levou à minha boca. Elas estouraram na minha língua e eu gemi. Não percebi como estava com fome. Lambi os lábios. “Isso é bom.” Arthur me deu outra garfada, e outra, até que toda a tigela acabou. O infame Lorde das Trevas alimentando sua rainha. Quando engoli a última garfada, Arthur estava duro em suas calças e suas pupilas dilatadas. Rosnando, ele me puxou para seu peito e colocou a mão possessivamente na minha nuca. “Você nunca vai me deixar. Entendeu? Vai ficar aqui para sempre.”

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Senti minhas coxas apertarem com seu tom áspero e inflexível. “O chá”, eu disse quando ele começou a morder meus lábios, e desabotoou meu jeans. “Foda-se o chá”, ele sussurrou. “Você vai montar meu pau.” Arthur me pegou, envolvendo minhas pernas em sua cintura, e nos levou de volta para o nosso quarto. O chá foi completamente esquecido.

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CAPÍTULO QUINZE ARTHUR

Eu verifiquei meu telefone. Ronnie e Vera não me ligaram. Elas ainda estavam com os hackers. Nenhum filho da puta sabia disso além de mim. Queria que o mínimo de pessoas possível soubesse o que elas estavam fazendo. Até mesmo minha família. Eles pensavam que as meninas estavam em uma reunião com os Scousers no norte. E eu mantive as coisas assim. Acabei de voltar de uma reunião com o Velho Sammy. O exchefe ainda não ouviu nada sobre quem atacou seu antigo cais. Eles vieram atrás dele também. Queimaram sua loja de apostas em Millwall. Os Hangmen foram atingidos em Camden. Os Irlandeses e os Romani também foram atacados. Qualquer pessoa que tinha laços comigo. Mas ontem à noite eles foram contra os Italianos. Não havia um maldito sindicato em toda Londres que não estivesse atrás desses idiotas. Mas eu os queria. Eu. Eu queria encontrá-los e destruílos. Eles tinham a porra de uma recompensa por suas cabeças, e só eu vou recebê-la. O resto das famílias podiam entrar na porra da fila. Entrei na sala de estar; o restante da minha família acabou de voltar de suas obrigações. Cheska e Gene estavam sentados juntos perto do fogo. Betsy estava com Charlie e Vinnie. Eric e Freddie estavam conversando no bar. Acabei de abrir a boca para fazer com que todos relatassem seus trabalhos quando a enfermeira do meu velho entrou voando

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na sala. “Sr. Adley”, ela disse, sem fôlego, e meu sangue virou gelo com a expressão de pânico em seu rosto. “O que?” Perguntei firmemente. Cada cabeça na sala se virou em nossa direção. Cheska estava imediatamente ao meu lado; Freddie também se aproximou. “Ele acordou”, a enfermeira disse, e ela podia muito bem ter batido um pé de cabra na minha cara. “O que?” “Ele acordou. Retirei parte do equipamento dele — principalmente o tubo de respiração. Liguei para o médico. Ele estava dentro e fora da consciência. Ele estava extremamente fraco.” Ela sorriu e isso iluminou todo o seu rosto. “Mas ele está acordado.” Eu não me mexia. Porra, não conseguia. Senti uma mão passar pela minha, então senti um aperto firme no meu bíceps. Eu pisquei e caí de volta na terra. Freddie estava na minha frente, tão chocado quanto eu. “Artie”, ele disse. “Ele está acordado, porra.” Cheska apertou minha mão e olhei em seus olhos castanhoesverdeados, vendo-os brilharem como sangue. Meu coração batia forte e meu corpo ainda não queria se mover. Charlie começou a se aproximar de mim, então seu telefone tocou. Ele franziu a testa enquanto olhava para o identificador e atendeu. Sua boca se curvou. “Estamos a caminho.” Ele desligou e eu senti a adrenalina subir enquanto olhava para meu primo. Algo estava errado. “O que?” Perguntei, cortando a energia elevada na sala. “Outro ataque”, Charlie disse. “A porra da doca oeste desta vez.” Ele balançou a cabeça, descrente em sua expressão sombria.

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“PORRA!” Eu gritei, sabendo que tinha que ir para aquela porra de cais e resolver a merda. Charlie estava ao meu lado em um segundo. “Você não vai a lugar nenhum.” Charlie apontou para Eric, Betsy e Vinnie com o queixo. “Nós vamos. Você tem que ficar e ver o tio Alfie. Freddie também. Isso não vai atrapalhar algo tão importante.” “Eu posso ir...” Freddie tentou dizer, mas eu balancei a cabeça. “Não, ele também é seu velho”, eu disse, e Cheska se inclinou e beijou meu braço. Eu apontei para Charlie. “Avise-me assim que descobrir o que aconteceu. Eu quero saber, no minuto que você chegar, exatamente o que aconteceu e quem diabos fez isso.” “Você saberá.” Charlie me beijou na cabeça. “Ele está acordado, cara.” Ele me lançou um sorriso deslumbrante. Todos eles se aproximaram e abraçaram Freddie e eu. Então meus primos, Vinnie e Eric foram embora. Gene se levantou. “Estou feliz por você, Artie”, ele disse. “Estarei no meu quarto. Diga oi para o tio Alfie por mim.” Eu balancei a cabeça quando o garoto passou por nós e apertou a mão de Cheska com mais força. Freddie saiu da sala e eu congelei. Meu pai acordou. Realmente aconteceu. Eu o mantive nos aparelhos todo esse tempo, mas no fundo, acreditava que ele tinha morrido. Agora ele estava aqui. Realmente aqui. Porra, de volta dos mortos. O verdadeiro feitor de nossa empresa ressuscitou. Meu velho estava vivo. “Vamos, baby”, Cheska disse. Balancei a cabeça entorpecida para minha garota, beijei-a e fui para o quarto dele.

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Respirei fundo enquanto abria a porta do quarto. Freddie, que já estava ao lado de sua cama, recuou alguns metros enquanto a enfermeira o examinava. Freddie estava olhando para ela. Os olhos do meu pai estavam fechados, mas quando cheguei mais perto, vi suas pálpebras se moverem e depois se abrirem, seus olhos azuis estremeceram com a luz fraca. Minha pulsação disparou quando seus olhos desorientados olharam ao redor do quarto, primeiro para Freddie, depois se fixaram em mim. Eu achei que ia cair enquanto ele me encarava. Lembrei-me da noite em que ele foi abatido a tiros. Lembrei-me disso com uma fodida clareza — os russos abrindo fogo contra os líderes de nossa empresa e atirando em todos eles até o inferno. E me lembrei de Freddie encontrando uma pulsação no pescoço do meu velho. E aqui estava ele. Vivo pra caralho, respirando e olhando diretamente para mim. Sua boca se moveu, e soube que ele me viu. Ele sabia que era eu. Ele não conseguia falar, imaginei que ter ficado em coma por tanto tempo o faria delirar pra caralho. Mas meu pai estava olhando para mim, e soube que ele me reconhecia. Cheska largou minha mão. Eu olhei direto para ela. “Vá até ele, baby”, ela disse e se afastou da cama. Olhei para Freddie, que estava muito branco. Ele encontrou meus olhos e eu acenei para ele se aproximar. A enfermeira se afastou da cama e fiquei ao lado do meu velho. Seu rosto estava contraído, ele era pele e ossos, mas aquele era Alfie fodido Adley naquela cama. Uma maldita lenda viva da nossa empresa. “Tudo bem, pai”, eu disse, e seus olhos atordoados focaram em mim. Ele não se movia, mas eu sabia que seus músculos estavam fodidos depois de ficarem dormentes por tanto tempo —

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atrofiados. Papai respirou fundo e eu abri minha mão em punho e segurei a dele. Nós nunca fizemos essa merda. Não éramos assim. Mas agora... eu queria segurar a porra da mão dele. “Você se lembra do Freddie?” Perguntei, brincando, e acenei com a cabeça para onde Freddie estava como uma estátua do outro lado do papai. “Alfie”, Freddie disse. Papai seguiu o som de sua voz. Ele piscou lentamente quando viu Freddie, e eu sabia que era ele dizendo olá. Sentei-me na cadeira ao lado da cama, minhas pernas fodidas fraquejaram. Papai se voltou para mim. Apenas olhando para mim. Os músculos do meu rosto estavam tensos, mas puxei um sorriso nos lábios. “Achei que não veria você de novo, meu velho”, falei. Papai respirou fundo. “Pensei que você finalmente tivesse trocado suas fichas com o diabo.” Os lábios de papai se contraíram e ele piscou lentamente de novo: não. Aquela rachadura, aquela porra de rachadura no meu peito estava de volta, doendo e latejando, uma pedra filha da puta na minha garganta. Olhei para Cheska, que estava nos observando com um sorriso triste no rosto. “Tenho uma garota”, eu disse para papai, e pisquei para a garota de Chelsea, e seu olhar leitoso se moveu para ela. “Olá, Sr. Adley”, ela disse, dando um passo para que ficasse um pouco mais perto. “Prazer em finalmente conhecê-lo.” Papai olhou para mim, como se estivesse tentando dizer algo. Assim que ele fez isso, o telefone de Freddie apitou com uma mensagem. “Eles acabaram de chegar ao cais”, ele disse. “Chuck está investigando o que aconteceu.”

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Franzindo a testa, verifiquei meu telefone, me perguntando por que meu primo não me ligou. Eu disse a ele para fazer isso. E ele sempre fez o check-in. Digitei seu número e estava prestes a ligar para ele, quando de repente Freddie segurou a enfermeira, que estava trocando a bolsa de medicação do meu pai, puxou sua arma e disparou um tiro direto em seu crânio. Tudo desacelerou para metade da velocidade quando vi a enfermeira cair no chão, os olhos ainda arregalados, e a porta do quarto do meu velho se abriu. Homens vestidos de preto e balaclavas no rosto inundaram o quarto. “CHESKA!” Gritei quando um dos homens a agarrou, sufocando sua boca com a mão. Eu soltei a mão do meu pai e fiquei de pé. Alcancei minha jaqueta para pegar minha arma, mas algum filho da puta me eletrocutou por trás. Eu lutei contra os volts pulsando através de mim, me eletrocutando por dentro. Quando ele me atingiu de novo, eu caí no chão. Eu lutei, braços e pernas se movimentavam, rastejando para chegar até Cheska, que estava gritando sob a mão do desgraçado e tentava lutar para se libertar. Mas dois filhos da puta me puxaram para trás, amarraram minhas mãos e me seguraram no chão. “Vocês estão mortos”, Rosnei para eles, sem tirar os olhos de Cheska. “Vocês dois estão mortos.” Eles me colocaram de pé e ouvi o som da trava de segurança de uma arma. Tentei forçar minhas pernas a ganharem força, então virei minha cabeça para Freddie, que estava segurando um revólver na cabeça do meu velho. O tempo parou. “NÃO!” Eu gritei, assim meu pai encontrou meus olhos, sustentou a porra do meu olhar, piscando lentamente mais uma vez, como se estivesse dizendo adeus, e Freddie disparou um

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único tiro. Algo dentro de mim se estilhaçou junto com o barulho da arma. Qualquer que seja o pedaço desgastado de amarra que tenha me mantido no chão, preso, impedido de me perder completamente e me entregar à porra do mal, quebrou. Não havia como sobreviver a isso. O tiro rasgou a cabeça do meu pai, sangue acumulou-se no travesseiro atrás dele. “NÃO!” Eu gritei novamente e usei toda a minha força para lutar contra os filhos da puta que me seguravam, jogando-os no chão. Os disparos do taser tiraram a maior parte da minha energia. Mas eles tinham Cheska. Eles estavam com a porra da minha garota e Freddie acabou de atirar no meu pai. Eu me movi alguns metros, arrastando minhas pernas no chão, indo para Cheska, quando um dos filhos da puta se ajoelhou e atirou em mim novamente até que minhas pernas dobraram. Eu desviei minha cabeça para Freddie. O maldito traidor que Freddie era. Eu suspeitava de alguém, mas não do fodido Freddie. “Por quê?” Rosnei, apertando meus dentes enquanto lutava para recuperar a porra de alguma força. Cheska soltou outro grito abafado e eu coloquei meus olhos no babaca que a segurava. Ela encontrou meu olhar, e tentei dizer a ela com meus olhos para aguentar. Para apenas esperar. “Por quê?” Freddie disse, contornando a cama. Olhei para o meu velho e senti aquela porra de rachadura no meu peito explodir com lava, o calor escaldante que cravava meu sangue, me enchendo com nada além de uma raiva incandescente. Freddie parou na minha frente e imaginei como seria envolver minhas mãos na garganta do filho da puta. Para apertar e ver a vida se esvaindo dele. Ele era meu irmão. Ele era o meu maldito irmão.

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Freddie me encarou. Porra, me provocando. “Pelo meu pai.” Minha cabeça girou enquanto eu tentei pensar, o taser me deixando lento, empurrando uma névoa espessa dentro da minha mente. Pensei no pai de Freddie, em Frank. Não entendi. Eu não entendi, porra! “Meu velho morreu por causa dele”, Freddie disse, apontando a arma novamente para o meu pai. Ele devia ter percebido minha confusão, porque disse, “Meu velho não era um filho da puta Adley. Ele era de Deptford. Ele era a porra de um garoto do sul de Londres. E ele se infiltrou na sua família de merda por anos. Alimentou com informações os verdadeiros senhores desta cidade. Sua verdadeira família.” Freddie sorriu para mim. “Minha verdadeira família.” “E quem é a sua verdadeira família?” Eu sorri. Era um sorriso frio e prometia uma morte lenta e dolorosa. Freddie se levantou. “Você vai conhecê-los. Muito em breve, na verdade.” “Deixe-os irem.” Eu segui o som de uma voz baixa vindo da porta para o quarto, e meu rosto empalideceu quando vi Gene parado na porta com uma arma na mão. Sua mão tremia. Os olhos castanhos do garoto estavam arregalados e selvagens. “Gene!” Cheska conseguiu dizer antes que colocassem fita adesiva em sua boca. Lágrimas caíam por seu rosto enquanto seus olhos disparavam para os meus, e eu vi o terror lá. Não por ela. Ou por mim. Mas por Gene. Ela passou a amá-lo. “Gene!” Eu gritei, assim que ele foi atacado por um dos filhos da puta ao seu lado. O garoto disparou um tiro, mas o idiota que o atacou acertou seu braço, direcionando-o para o teto. Então ele nocauteou o garoto com um soco no rosto. Gene se dobrou e caiu. Um monte escuro no chão.

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“Deixe-o”, eu disse a Freddie. “Deixe-o aqui, e quando eu finalmente conseguir matar você, vou tornar isso um pouco menos doloroso.” Freddie sorriu e disse ao idiota ao lado de Gene, “Vamos levá-lo também. Não posso permitir que minha antiga família saiba que estive envolvido em alguma dessas merdas.” Ele encolheu os ombros. “Além disso, vai irritar Eric e Vera.” Freddie sorriu mais largo. “E Charlie, é claro. Eu pagaria qualquer coisa para ver aquele idiota derrubar um pino ou dois. Ou melhor ainda, a seis palmos abaixo do chão.” “EU VOU ACABAR COM VOCÊ!” Eu rugi para Freddie. Freddie deu um passo à minha frente. Meu irmão. Para todos os efeitos, este era meu irmão, porra. Todos aqueles anos que ele viveu conosco. Aqui. Nesta porra de casa. Eu mal conseguia respirar quando ele me olhou com a morte em seus olhos. Cheska ainda estava nas mãos de seus captores. Ela encontrou meus olhos, e eu vi compreensão em seus olhos castanhos-esverdeados. Eu a tirarei disso. De alguma forma. Eu vou tirar ela disso. Freddie estalou os dedos na minha cara e uma névoa vermelha caiu sobre meus olhos. Ele se aproximou e, colocou a arma de volta no paletó, e disse, “Você perdeu, Artie.” Eu fervi por dentro. Enraivecido. Gritei a porra de um grito de batalha silencioso em seu rosto. Mas me tornei o homem sombrio mais uma vez. Eu deixei os filhos da puta atrás de mim pensarem que me pegaram. Deixei a emoção cair do meu rosto como meu pai sempre me ensinou. Freddie riu, e alguns dos homens na sala riram de volta, lendo meu silêncio em busca de fraqueza. Por dentro, eu era um vulcão, fogo e enxofre e uma maldita morte excruciante. Freddie me encarou novamente. “Você era o grande mestre do xadrez, Artie.” Ele se inclinou para frente até que estava a

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apenas alguns centímetros do meu rosto. Seu sorriso caiu, mas a risada ainda dançou em seus olhos de merda. “Xeque-mate.” Externamente, não movi um músculo. Mas por dentro... por dentro eu apunhalava o traidor com uma faca em seu olho e arrancava seu coração, ainda batendo, do seu peito, enquanto ele ainda tinha fôlego em seu corpo e podia sentir cada golpe. “Pegue-os”, Freddie disse quando o encarei, e os homens nos arrastaram para fora do quarto. Cheska olhou para mim e eu dei a ela um aceno lento. Vai ficar tudo bem. Não deixarei eles te machucarem. Vou nos tirar disso. Eu nunca vou deixar você ir, porra. Eu te amo, ela murmurou, como se tivesse tudo acabado, como se este fosse nosso maldito adeus. Como se ela nunca fosse voltar para mim. Eu lutei para respirar, para não explodir. Eu tinha que pensar. Eu tinha que pensar, porra. Algum filho da puta atrás de mim carregava Gene logo atrás da minha garota. Os filhos da puta atrás de mim me empurraram para o próximo passo. Quando saímos pela porta, duas pequenas vans e um carro esperavam por nós. Eu olhei ao nosso redor, para o cemitério e a entrada. Meus homens estavam no chão, gargantas cortadas. Silenciosamente, eles foram mortos, sem a porra de um aviso, sem uma maldita honra. Freddie estava esperando minha família sair de casa... A mensagem de texto, penso. A mensagem que ele recebeu quando se sentou ao lado do meu pai. Não era de Charlie. Era para dizer a quem diabos esses homens eram, que deviam vir, eles mataram os soldados que vigiavam minha casa e estavam prontos para nos levar. Minha mente disparou. Eu me perguntei se houve realmente um ataque no cais oeste, para onde minha família

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correu. Ou se também foi uma armação? Eles foram emboscados quando chegaram lá? Eles estão todos mortos...? “Separe-os”, Freddie disse, me puxando de volta para o aqui e agora. Eu virei minha cabeça para ele, já sentindo o cheiro de sua morte iminente na minha língua. “Aqueles dois naquele”, ele disse, apontando para uma van, depois para Cheska e Gene. Os filhos da puta colocaram Gene na primeira na van. Cheska se virou para mim e eu levantei o queixo, dizendolhe para esperar por mim. Que eu irei por ela. Que não importa o que quer que acontecesse, que ela aguentasse por mim. Um sorriso fraco apareceu em seu rosto e ela foi empurrada para dentro da van. As portas se fecharam atrás dela. Eu queria vingança. Acertar os homens que estavam me segurando e atirar em seus crânios. Mas eu tinha que pensar. Eu tinha que pensar, porra. Eu estava em desvantagem numérica e não colocaria Cheska e Gene em risco de morte. Freddie sorriu para mim vitoriosamente enquanto me observava ser empurrado para a parte de trás da van. Os dois filhos da puta que estavam me segurando entraram comigo também. Quando as portas da van se fecharam, vi Freddie deslizar para o banco de trás do carro. Meu telefone tocou. Um dos idiotas ao meu lado ouviu, enfiou a mão no bolso e o esmagou com o pé. Mas não antes que eu visse o nome: Ronnie. Ela encontrou algo para mim. Ronnie e Vera encontraram alguma coisa. O motor foi ligado e a van se afastou da igreja. Minhas mãos estavam amarradas nas costas com fita adesiva. Os filhos da puta estúpidos deveriam ter usado algemas de titânio ou algo

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assim. Porque eu fugirei. Eu fugirei, e quando o fizer, trarei a ira do maldito diabo sobre suas cabeças. Eu me movi, e fui para o cós da minha calça e para o bolso escondido. Sem fazer barulho, tirei do bolso a faca que mantinha escondida comigo, joguei-a nas mãos e comecei a cortar a fita. Os idiotas ao meu lado estavam olhando pelas janelas escurecidas, sem dúvida verificando se algum dos meus homens estavam nos seguindo. O motorista estava isolado por uma divisória blackout. A fita cedeu sob minha lâmina e minhas mãos se soltaram. Minha respiração se aprofundou enquanto eu tentava eliminar o último efeito do taser. Flexionei os músculos das pernas, testando minhas força. Era o suficiente. Era o suficiente para matar esses bastardos e dar o fora desta van. Agarrei a faca com mais força, então, como um raio, passei a lâmina afiada na garganta de ambos os filhos da puta, um de cada vez, por trás — eles não me viram chegar. Seus olhos se arregalaram quando eles começaram a se debater. Puxei-os de costas, pesando-os com os joelhos sobre o peito, para que ficassem presos ao chão da van e o motorista não ouvisse nada. Seu sangue me encharcou. Eu arranquei suas balaclavas enquanto eles lutavam para respirar. Encarei seus rostos recémdescobertos enquanto a morte os chamava. Eu não os reconheci. Nada sobre eles me deu qualquer ideia sobre quem diabos eram esses idiotas. Os dois estavam segurando suas gargantas, pateticamente tentando fechar o corte. Então eu vi seus pulsos... eu vi, porra: a marca. Essa marca circular com a forma tipo V no centro. A marca que se tornou a porra do meu gatilho. A marca que me fez querer eviscerá-los, todos os filhos da puta do grupo. E Freddie era um deles. Ele foi um dos que matou minha mãe e irmã, e agora ele matou meu pai, de uma vez por todas, Alfie Adley era nada além de um cadáver na cama em que esteve

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preso por muitos meses. Eu empurrei os pensamentos da minha cabeça. Não tinha tempo para pensar sobre tudo isso e ainda manter minha cabeça no lugar. Eu tinha que sair dessa porra de van. Eu precisava voltar para minha família, para meus homens. Então a caça começaria. Os homens pararam de se mover embaixo de mim, e silenciosamente subi por cima deles e destranquei as portas traseiras da van. Graças a Deus, era uma van mais velha que não tinha sensores que alertaria o motorista. Virei a fechadura e abri as portas. Reconheci a estrada no minuto em que a vi — ainda estávamos no East End. Ainda na porra do meu reino. Não vendo nenhum carro atrás de nós, pulei da van para a pista. Eu bati no chão duro, minha pele rasgando com o contato. Não senti isso. Porra nenhuma. Meu coração e qualquer habilidade de sentir qualquer coisa foi embora com a porra da minha garota à frente, indo para Deus sabe onde. Apenas a necessidade de matar e buscar vingança me mantinham indo. Mantive minha mente fixa no que eu tinha que fazer. E então eu corri. Quando cheguei atrás de um prédio próximo, olhei de volta para a estrada e vi a van onde Cheska e Gene estavam e o carro de Freddie à frente. Eles viraram à esquerda e desaparecem de vista. No minuto em que aquela porra de van desapareceu, Cheska na parte de trás, minha garota se movendo a muitos quilômetros de mim, não mais ao meu lado sangrento, uma calma mortal se espalhou sobre mim. O Lorde das Trevas acabou de perder de vista sua senhora negra, e isso tirou o mundo de seu eixo. Os demônios dentro de mim gritaram para eu recuperála. Andando e rugindo para eu trazer nossa maldita rainha de volta. Para derrubar qualquer filho da puta que entrou em nosso caminho até o chão.

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Meus pés já estavam se movendo, o piloto automático entrando em ação. Eu vi o pub King's Head à frente e corri. Mastiguei a porra do pavimento até irromper pela porta. Cada cliente no local se virou para olhar para mim. “S-Sr. Adley?” O barman gaguejou, e eu o reconheci como alguém que meu velho conhecia. Meu pai usava este pub para reuniões anos atrás. “Telefone”, gritei quando cheguei ao bar. Os apostadores saíram do meu caminho. Não me importava que estivesse deixando um rastro de sangue no chão; mandarei alguém para limpar isso mais tarde. Agora eu tinha uma visão de túnel. Cada centímetro de energia que conseguia reunir era direcionado a uma tarefa — trazer Cheska de volta e matar aqueles que a tiraram de mim. Eles tiraram a porra do minha garota de mim. Eles não tinham ideia do que fizeram. Que porra de monstro eles acabaram de acordar. O barman freneticamente colocou um telefone na minha frente. Eu disquei o número de Charlie, sabendo que se ele não atendesse, todos estariam mortos. Mas meu primo atendeu ao primeiro toque. “Charlie”, eu disse quando ele não falou primeiro. “Arthur? Porra, acontecendo?”

Arthur! É

você? O

que diabos está

“Eles a pegaram”, eu disse entre dentes. Eu lutei para manter aquele fogo em meu peito queimando, alimentando minha raiva para que eu não me afogasse em ódio e dirigisse atrás deles, matando todos antes mesmo de ter uma resposta. Eu não queria apenas os soldados de infantaria mortos em qualquer que seja este sindicato — eu ia atrás do rei. O maldito rei louco que achou que era uma boa ideia foder com o que é meu. “Eles pegaram a Cheska e Gene”, eu disse. Charlie ficou em silêncio. Fodido e mortalmente silencioso. “Mande um carro. The King's Head”, ordenei e desliguei o telefone. Saí para esperar na

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porra das sombras ao lado do pub, apenas respirando, pensando, deixando o mal em minhas veias descansando, ganhando força para quando eu mais precisasse. Um carro chegou cinco minutos depois. Eu entrei atrás. “Me leve para casa, porra.” Imagino o rosto de Cheska, seus fodidos olhos castanhoesverdeados quando ela entrou na van. O olhar de adeus que ela me deu, murmurando eu te amo. Adeus. Ela estava se despedindo. Meus pensamentos turvaram ao me mostrar meu pai. Meus punhos cerraram em meus joelhos enquanto pensei no meu pai. Meu pai, que olhou para mim e piscou lentamente — se despedindo de mim também. Adeus... adeus... estava farto e cansado da porra de tantos adeus! O carro entrou na igreja. Os carros e vans da minha família e dos soldados estavam por toda parte. Pulei do carro antes mesmo que ele parasse, passei pela porta da frente e corri para a sala de estar. Minha família já estava lá, ensanguentada e machucada, os olhos arregalados e prontos para trazerem a morte para aqueles que foderam com a empresa errada. Betsy voou até mim e colocou os braços ao meu redor. “Merda, Arthur. Você está bem?” Ela deu um passo para trás, verificando minhas roupas manchadas de sangue. De repente, Charlie estava na minha frente também. Ele esperou que eu falasse. Ele tinha cortes e hematomas no rosto, o terno furado e rasgado. “Freddie,” eu disse, lutando contra a porra da raiva que aquele nome conjurava na minha língua. Mas transbordou. Na frente da minha família, derramou-se sobre todos. “FOI O FILHO DA PUTA DO FREDDIE!” Eu bati no bar e todas as garrafas caíram

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no chão. Eu respirei, fechando meus olhos para controlar a raiva novamente. “O que?” Betsy sussurrou, empalidecendo. Eu andei, exorcizando os demônios sussurrantes dentro de mim, absorvendo a energia muito forte que eles estavam emitindo em meu interior. Eu precisava colocar para fora sua ira até que estivesse pronto para lançar o inferno sobre as pessoas que queríamos mortos. “Eles pegaram Cheska e Gene.” Olhei para Eric, que estava pronto para matar qualquer um que ficasse em seu caminho. Seu irmão mais novo foi levado, seu irmão que já quase morreu tantas vezes em sua vida torturada. “Eles nos emboscaram no cais”, Charlie disse. “Mas Mikey chegou primeiro. Ele sabia que algo estava errado quando um de seus homens não se registrou a tempo. Ele pediu reforços, e eles já tinham matado a maioria dos filhos da puta que esperavam para nos levar.” “Eles mantiveram interrogatório?” Perguntei.

alguém

vivo

para

“Eles se mataram”, Betsy disse. “Quando viram que não podiam vencer todos nós, eles se mataram primeiro.” “Fodidos covardes,” rosnei. “E agora?” Charlie perguntou, mantendo sua ira sob controle, a porra da calma para a minha tempestade furiosa. Era por isso que trabalhávamos tão bem. Porque ele era meu fodido amigo mais próximo. Ele era meu verdadeiro irmão. Não o bastardo do Freddie traidor. “Preciso de um computador”, eu disse e corri para o escritório. Eu tinha que me concentrar em como trazê-la de volta. Não pensar neles machucando-a, vendendo-a... matando-a.

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Meus dedos batiam nas teclas, manchando-as de sangue. Abri o programa de rastreamento que costumava esconder no meu telefone, então... “Deptford”, eu disse, o rastreador de Cheska me levando direto para o ninho de víboras. Freddie mencionou Deptford. O filho da puta nunca foi tão inteligente quanto o resto de nós. Mas eu deveria ter visto os sinais. Eu deveria ter percebido que ele vivia em uma família que odiava. Visto através de sua atuação. Ouvi a porta abrir e levantei a cabeça, meu corpo se preparou para atacar. Mas era apenas meu primo. Charlie estava branco pra caralho quando seus pés pararam dentro do escritório. “Alfie”, ele disse. Eric e Vinnie vieram atrás dele. “Ele o matou”, eu respondi. “Papai acordou, porra, e Freddie o matou.” Eu mantive minhas emoções reprimidas. Lutei para mantê-las subjugadas até que fosse capaz de libertá-las, porra. Canalizá-las nos filhos da puta que mereciam tudo o que estava crescendo dentro de mim. “Não!” Betsy disse do corredor, claramente tendo acabado de ver meu pai também. Alguém abriu a porta da frente da casa. Cheguei ao corredor em segundos — todos nós chegamos. Vera e Ronnie estavam lá, com armas em punho. “O que diabos aconteceu?” Vera perguntou, os olhos percorrendo a casa em busca de sinais de problemas. “Você conseguiu alguma coisa?” Perguntei a Ronnie, ignorando Vera. Seus olhos escuros caíram para minhas roupas cobertas de sangue. Ouvi Eric dizendo a Vera o que estava acontecendo, que eles pegaram Gene. Que pegaram Cheska. Que meu pai estava morto. Tudo por causa do Freddie. Freddie nos vendeu. Um lobo

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em pele de cordeiro vivendo entre nós por todos esses malditos anos. Xeque-mate. Sua voz presunçosa na minha cabeça irritou meus nervos. Você perdeu... “Lawson”, Ronnie disse, interrompendo meus pensamentos sombrios. Meu foco instantaneamente foi para ela. Ela engoliu em seco como se a bile estivesse subindo por sua garganta. “É Lawson”, ela disse novamente quando não me mexi. “Ollie Lawson.” O fogo me atravessou, incinerando cada célula, cada fibra do meu corpo. Os olhos escuros de Ronnie nunca deixaram os meus enquanto suas palavras me atingiram como fodidas balas. Uma chuva de balas fodidas afundando em meus órgãos, desligando cada um deles. Até eu morrer. Até que eu estivesse caminhando para a morte. “Ollie Lawson”, eu disse, seu nome saindo dos meus lábios como a porra de um câncer. Eu fiquei tenso, parei de respirar, e vi o rosto daquele filho da puta em minha mente. Todo esse maldito tempo era Lawson... Ollie filho da puta Lawson! Eu tremi, me preparando para explodir como napalm. Ele estava lá, o tempo todo, bem debaixo dos nossos narizes. Rindo bem nas nossas caras! O filho da puta se manteve longe do submundo, como a porra do rato que ele era. Sem honra, sem a porra do código pelo qual todos nós, criminosos fodidos, vivíamos nesta cidade. Alegando que sua família tinha um negócio verdadeiro. Um negócio legítimo, filho da puta. Importação e exportação. Importação e exportação, filho da puta. Ele negociava humanos. Traficava sob o disfarce de uma empresa popular em expansão. Escondido à vista de todos, com

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marcas patéticas na pele e corações covardes no peito. Uma porra de um culto criminoso cheio de frouxos com muito medo de deixar seus rostos fodidos serem vistos. Eu irei assassiná-los. Filho da puta do Ollie Lawson. Freddie fodido Williams. Irei massacrar todos eles. Ronnie me entregou um arquivo grosso. Eu peguei, a ira dentro de mim crescendo e crescendo até que tudo que eu podia respirar era a morte. “Traficantes. Todos esses malditos anos sob o nariz de todos. Gradualmente eliminando famílias do crime. Roubando contratos. Roubando crianças, vendendo-as ao redor do mundo e derrubando todo o submundo do crime como a merda de ladrões à noite.” “Reúna todo mundo,” eu disse, minha voz soando fodida até mesmo para os meus ouvidos. “Cada maldito soldado que temos. Prepare-os para a guerra. Porque vamos esta noite pegar esses filhos da puta. Este império covarde cairá esta noite.” Folheei o arquivo e parei quando vi algo em uma das páginas posteriores. Eu li as informações — mensagens de texto, transcrições, e-mails sem endereço de IP... e meu sangue se transformou em piche enquanto tentava atravessar meu maldito coração demoníaco. Levantei meus olhos. Ronnie já estava me observando, esperando que eu visse uma informação crucial. Ela acenou com a cabeça em confirmação, e enquanto eu lia de novo, apenas para deixar a porra das palavras fazerem sentido, uma explosão fria de calma escorreu pela minha espinha. Calma mortal e arrepiante. Minha família estava olhando para mim, carrancuda, esperando que eu retransmitisse o que acabei de ver e que tornava tudo pior. Tornava minha razão para matar Lawson mais profunda.

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Ainda mais merecido. Então eu disse a eles. Disse a eles todos os detalhes fodidos do que Lawson fez. Cheska. Porra, quando ela descobrir... Essa traição maldita só fez minha escuridão crescer ainda mais em minha alma já manchada pelo mal. Eles foderam com minha rainha. Eles foderam com minha família. Agora eles vão se afogar em seu próprio sangue. Rolei o arquivo em meu punho, os ossos dos meus dedos rachando. As expressões lívidas dos membros da minha família estavam todas olhando para mim, sedentas de vingança. “Preparem suas malditas armas. Eles têm Cheska e Gene. Eles mataram a porra do meu pai.” Acendi um cigarro e deixei a fumaça subir ao meu redor. “Eles mataram minha mãe e Pearl.” A raiva aumentou, reservando toda a sua ira para Lawson, Freddie e seus homens, deixei o diabo dentro de mim tomar completamente as rédeas. “Hoje à noite, todos eles morrerão.” Encontrei os olhos de cada um dos meus irmãos e irmãs. Eles estavam acenando com a cabeça. Vinnie sorriu amplamente para mim, ansioso por sangue e morte. Primeiro, eu precisarei fazer algumas ligações. Porque não era só comigo que esses filhos da puta mexeram. O arquivo em minhas mãos era toda a prova que precisava para incluir as outras famílias e sindicatos. A rede de Lawson era grande, brutal e eficaz. Mas o resto do maldito submundo de Londres também. Separadamente, éramos letais. Juntos... éramos a porra da encarnação da morte. Naquela noite precisávamos que todo o sindicato Lawson fosse destruído. Nenhum daqueles filhos da puta ficaria vivo

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quando o sol começasse a nascer. Mas nós — minha família — íamos pegar as cobras no topo. Íamos destruir o ninho. “Liguem para Royal, Seamus e Vano. Digam a eles que temos algo que querem ver. Os italianos, chechenos, chineses e judeus também. Lawson fodeu com muitos de nós. Por tempo demais. Esta noite, todos nós vamos retribuir na mesma moeda.” Os olhares da minha família se iluminaram com entusiasmo — entusiasmo vingativo. “Mas Freddie é meu,” eu disse. “De cada um desses fodidos, Freddie Williams é meu.” Passei por minha família para me trocar e esperei meus soldados se reunirem. Então pegarei a porra da minha garota.

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CAPÍTULO DEZESSEIS CHESKA

Gene acordou na van escura e gemeu quando tentou se sentar. Eles amarraram suas mãos com fita adesiva também. Ele conseguiu se sentar, e na luz fraca e enevoada — os postes de luz lá fora eram nossa única fonte de iluminação — seus olhos castanhos me encontraram. A confusão brilhou em seus olhos, mas logo se dissipou e sua boca se abriu quando me viu, minhas mãos amarradas e a boca amordaçada. “Cheska”, ele sussurrou e observou ao nosso redor, se orientando. Então seu rosto tímido, a expressão tímida e fechada que ele sempre usava, se transformou em determinação e, pela primeira vez desde que o conheci, vi a centelha dos 'Adley' olhando para mim. Uma resolução de aço e implacável em seu olhar. “Eles nos encontrarão”, ele disse, certificando-se de manter a voz baixa, embora uma divisória opaca nos separe do motorista. Ele se aproximou de mim. “Eles descobrirão o que aconteceu e nos tirarão daqui.” Ele franziu a testa e empalideceu. “Arthur?” “Ele está vivo”, murmurei por trás da fita. Eu consegui afastar a fita dos meus lábios com a língua, uma lacuna se formou no topo e isso me ajudou a respirar, e me permitiu falar com Gene. “Ele estava em outra van.” Gene acenou com a cabeça e pude vê-lo pensar. “Ele vai nos dizer o que fazer”, Gene disse confiante. “Quando sairmos daqui, para onde quer que nos levem, ele vai nos tirar de lá.”

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Meus olhos caíram para a pulseira em meu pulso. Arthur e eu não contamos a ninguém que eu a estava usando. Se ao menos tivéssemos contado a alguém — Charlie, Betsy. Eles seriam capazes de nos encontrar. Então me lembrei de Arthur quando nossos olhos se encontraram no quarto do seu pai. Quando eles se encontraram pouco antes de eu ser colocada na van... quando o antigo Arthur o segurou. Aquele que eu conheci há anos, aquele que nunca me deu qualquer indicação do que estava pensando. O homem cruel por quem, apesar de sua indiferença, me apaixonei profundamente. A van parou e o medo me sufocou. Esses eram os homens que vieram me buscar no Spa. Os que eu evitei. Aqueles que mataram minha família — e agora eles me farão pagar. Sei disso, até a medula dos meus ossos. O som de vozes baixas percorreu a van, então as portas foram abertas. Um frenético e furioso Freddie olhou para nós, seus ombros relaxaram ligeiramente enquanto ele colocava os olhos em mim e Gene. “Verifique a merda das estradas”, ele sussurrou para um homem ao seu lado. “Ele não pode ter ido longe.” Meu coração disparou — entrou em um ritmo esperançoso. Freddie saiu do caminho por um segundo e vi a van que estava levando Arthur. E vi que estava vazia... vazia exceto por dois homens mortos que foram arrastados para fora da parte de trás, com sangue escorrendo de suas gargantas cortadas e olhos vidrados com o recente véu da morte. Um sorriso maníaco apareceu em meus lábios. Eu me virei para Gene. “Ele fugiu”, eu sussurrei, e o alívio se espalhou pelo rosto de Gene. Examinei a van novamente; os homens ao redor do veículo pareciam em pânico e apressados. “Ele fugiu”, repeti, tranquilizando-me, enquanto fui arrastada da van e colocada de pé.

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Uma risada escapou e eu senti o peso da pulseira em meu pulso. A pulseira que levaria Arthur e a família direto para a porta dessa gangue. Freddie virou a cabeça para me encarar, sua expressão vermelha de raiva. Levantei meu queixo e pensei em Vera, Ronnie e Betsy. Em como elas se comportavam. Elas nunca deixariam ninguém ver suas fraquezas. Eu não o deixarei ver a minha. Freddie se aproximou de mim e, em minha mente, repasseio matando Alfie Adley na igreja. Eu ouvi o grito agonizante rasgar da garganta de Arthur enquanto o sangue do seu pai se derramava em seu travesseiro. Como Freddie tão cruel e presunçosamente disse que ele havia perdido. “Ele vai matar você.” Eu ouvi a ameaça em minha própria voz, uma parte de mim subindo à superfície que eu nem sabia que existia. A parte que tinha sede da cabeça desse homem em uma bandeja, que ansiava por vê-lo engasgar-se com seu último suspiro. Uma parte de mim que parecia se expandir a cada segundo que estive diante dele, olhando nos olhos do homem que mentiu por tantos anos, que olhava para o homem que amo com desdém e desprezo. Ele ousou pensar que havia superado seu inimigo. Nos superado. Toda a família Adley. “Ele vai matar você”, prometi, então sorri sob a fita adesiva. “E ele vai fazer você gritar.” Rápido como uma cobra, Freddie me bateu no rosto com as costas da mão. Minha bochecha latejou e o gosto metálico de sangue explodiu em minha língua. Eu tropecei com a força do golpe. Mas não me enchi de pavor ou medo. Em vez disso, isso me encorajou. A pontada de dor ricocheteando em meu rosto me

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levou a empurrar Freddie com mais força. Para levá-lo ao limite, para fazê-lo questionar cada barulho e movimento ao seu redor. Deixá-lo nervoso pela ira que eu sei que meu amado senhor logo traria à sua porta. Freddie deve ter visto a falta de medo em meu rosto; ele levantou a mão novamente, fechando-a em punho. Eu preparei minhas pernas para outro golpe mais forte, mas uma mão agarrou o pulso de Freddie. “Não se atreva a tocá-la de novo.” Virei minha cabeça para o homem que segurava a mão de Freddie, a voz que minha mente nebulosa reconheceu... Minha respiração ficou presa em meus pulmões quando o vi sair de trás de Freddie. “Ollie...” Ollie Lawson. Minha mente correu com as razões pelas quais ele poderia estar aqui. Eu olhei ao nosso redor. Era algum tipo de quintal abandonado, com escritórios e dependências antigas ao nosso redor. Um palácio em ruínas. O que ele estaria fazendo aqui? Ele precisava sair. Esses homens... eles o matariam. “Cheska.” Ollie me deu o mesmo sorriso que sempre usava perto de mim. Aquele que tanto aborrecia Hugo, que ele falava sobre seu ódio por Ollie por dias depois. Ollie apontou o queixo para Freddie. “Tire a fita adesiva da boca dela e depois volte.” Os olhos de Freddie derreteram quando caíram sobre mim, mas ele fez como Ollie ordenou, jogou a fita no chão e caminhou até o prédio destruído que parecia uma garagem do outro lado do jardim. O que aconteceu aqui? O que diabos está acontecendo?

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Ollie se aproximou de mim, meu coração batia freneticamente tentando persuadir meu cérebro nebuloso a acompanhar o que estava acontecendo bem na minha cara. Ele olhou para baixo, no meu corpo, aquele olhar aquecido que ele sempre tinha sobre mim ainda queimando como brasa. “Senti sua falta”, ele disse, e me esforcei mais para entender o que diabos estava acontecendo. Então Ollie ergueu a mão e passou os dedos pela boca... e eu vi. Vi a marca circular em seu pulso, a marca que passei a desprezar, a associar com morte, dor e perda devastadoras. O que ligaria Ollie a uma operação diabólica que matou tantas pessoas, nossas famílias... e traficava mulheres. Tantas mulheres inocentes e indefesas... “Você?” Eu perguntei, minha voz era um mero sussurro. O semblante de Ollie caiu e ele colocou as mãos nos bolsos. “Você fodeu as coisas para mim, querida.” Ele balançou a cabeça com desapontamento. “Eu tinha um plano. Tinha tudo planejado. Uma execução suave e perfeita.” Uma sombra escura cruzou seu rosto. “Mas eu não tinha considerado Adley.” Ele disse o nome com puro ódio em seu tom. “Eu não contava com você lutando contra meus homens em sua despedida de solteira. Francamente, não pensei que você tivesse coragem de fugir, atirando-se no beco daquele jeito.” O Spa. Ele estava falando sobre o Spa. Eu desliguei minhas emoções, segurei as lágrimas que ameaçavam cair, quando elas me atingiram totalmente. Foi Ollie, Ollie Lawson, quem ordenou a morte do meu pai e Hugo, de Arabella e Freya. Ele se aproximou ainda mais. “E não esperava que você fosse rastejar para Adley. A maldita maldição da minha vida.” Ele apertou os dentes. “Esse idiota sempre me atrapalha.”

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“Você os matou”, eu disse com minha voz fraca. “Arabella e Freya eram suas amigas e você as matou. Sem dó.” “Elas foram efeitos colaterais”, ele disse com tanta indiferença que me deixou em chamas. Senti meus órgãos queimarem e se formarem novamente com o ódio e o fogo que se acenderam em mim. Um eclipse interno sufocando qualquer luz que vivia dentro da minha alma. Ollie afastou uma mecha de cabelo do meu rosto. Eu queria me lançar sobre ele, matá-lo pelas coisas que fez, toda a tristeza e dor que causou. “Eu sempre quis você, Cheska”, disse e puxou minha cabeça para trás. Ele sorriu quando um gemido de dor escapou dos meus lábios, tive que respirar com o desejo de atacálo. Senti Gene parado petrificado atrás de mim. Precisava proteger Gene também. Eu tinha que ficar viva por Arthur. Senti como se a pulseira latejasse em meu pulso, me prometendo que ele viria. Que ele nos encontraria aqui e destruiria os homens que nos trouxeram tanta dor. “Tive que fazer muitos planos para finalmente te pegar. Por anos eu desejei você. E desta vez não falharei em torná-la minha.” Ele balançou a cabeça e sorriu sem alegria. “A primeira vez foi Adley quem ficou na porra do meu caminho. Eu não contava com aquele idiota por perto. Ou mesmo se preocupando com você.” Suas mãos se fecharam em punhos enquanto falava de Arthur. “Eu deveria saber. Os malditos Adleys sempre estiveram em nosso caminho nesta cidade. Pensando que controlavam tudo. Fazendo todos no submundo mijarem-se de medo.” Sua expressão ficou fria. “Bem, não eu. Não a minha organização.” Ollie Lawson... Eu ainda estava tentando entender o fato de que o inimigo, a força sombria que causou tanta devastação, fosse Ollie e sua família. Ele frequentou a mesma universidade que Hugo. Tinha um negócio de sucesso. Eles tinham

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tudo. Aparentemente, não era o suficiente — mergulharam na escuridão do submundo para saciar seus desejos malévolos. Eles traficavam humanos como se não fossem nada. “Tudo ia funcionar tão bem”, ele disse, me puxando de volta ao momento. O vento forte do inverno chicoteava ao nosso redor enquanto eu ouvia o homem louco diante de mim. O diabo que enganou o mundo fazendo todos pensarem que ele era algum tipo de deus benevolente. Mas aqui estava ele na minha frente, me mostrando seus dentes e presas, escamas e chifres. “Eles iriam atacar você, e eu a salvaria. Essa era a porra do plano — simples, mas eficaz. Eu salvaria você e você me veria.” Eu congelei, tentando lançar minha mente de volta para o que quer que ele estava falando. Harlow... A maneira como meus agressores cuspiram meu nome no Spa. Da mesma forma que os homens de Marbella, anos atrás, também. “Você?” Eu disse, o choque me deixando quase sem palavras. “Você armou aquilo? Em Marbella?” “Sim”, ele disse, quase com orgulho. “Mas Adley enfiou o nariz idiota onde não deveria.” Ele sorriu suavemente para mim. “Meu velho não ficou feliz com aquela pequena façanha que fiz. Não quando seu velho tinha acabado de nos pedir ajuda com seu negócio falido.” Meu coração bateu lentamente, como se meu peito tivesse se tornado areia movediça e estivesse negando ar. “Ele foi até um de nossos associados mais óbvios, um de nossos amigos, e nosso homem o levou direto para a nossa porta.” Meu sangue gelou. “Nossos pais acabaram fazendo muitos negócios juntos...” “Você quer dizer que emprestou dinheiro a ele e que sabia que ele nunca pagaria”, o acusei.

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Ollie encolheu os ombros. “Foi escolha do seu pai e o início de uma bela relação de trabalho.” Ele fez uma pausa. “Até que não fosse mais, é claro.” “Você os matou”, eu sussurrei, náusea rolando no meu estômago enquanto imaginei meu pai e Hugo levando balas na cabeça. Ollie olhou para mim por um segundo longo demais para ser casual, e então colocou as mãos em concha e soprou nelas como se estivesse evitando o frio. “Está um frio da porra aqui. Devemos levar nossa conversa para dentro?” Ollie apontou com a cabeça para os homens que nos tiraram da igreja. Um agarrou meu braço. “Não a machuquem, porra”, Ollie os alertou, e o homem afrouxou o aperto. “Não quero que minha garota sinta dor.” Sua garota. Ele estava delirando. Ollie Lawson estava totalmente louco. Minha mente girou com o conhecimento de que foi ele em Marbella. Ele armou um ataque apenas para que pudesse aparecer como um cavaleiro branco e 'me salvar'. Para que eu o visse, notasse... o desejasse. Eu fui almoçar com ele no dia seguinte. Calafrios percorreram minha espinha quando me lembrei dele me empurrando para ver se eu estava bem. Perguntando constantemente. Ele estava procurando respostas. Tentando juntar as peças do que havia dado errado. E exatamente quem estava em seu caminho. Eu me senti ainda mais enjoada quando essa informação circulou em minha cabeça. Depois, a revelação de que ele era traficante. Sua organização clandestina, as quantidades de

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dinheiro que ele fazia, foram construídas sobre a perda e vulnerabilidade de humanos. Pessoas vendidas como escravas e trabalho sexual. Estremeci. Porque ele não era um monstro feio, algum homem perverso cujo comportamento o mantinha à distância. Ele era um homem comum; seu pai era um homem aparentemente comum e bom. Feitos por si mesmos... mas eles possuíam um império invisível, construído sobre sonhos desfeitos e gritos não ouvidos das vítimas. Gene e eu fomos levados para a velha garagem em que Freddie desapareceu. Parece que havia escritórios depredados nos fundos, mas Ollie nos levou para o lado oposto do prédio, ordenando que nos sentássemos no chão em uma sala maior, que eu imaginei que deveria ser uma espécie de sala de espera. Móveis velhos, puídos e desbotados estavam espalhados pela sala. O fogo em um latão de óleo vazio crepitava no centro, e Ollie movia-se ao lado dele, estendendo as palmas das mãos para as chamas crepitantes. Eu o observei como um falcão, secretamente me aproximando de Gene, precisando mantê-lo seguro até que Arthur pudesse chegar até nós. “Assim é melhor”, Ollie disse após alguns minutos. Ele sorriu para mim como se seus homens não tivessem acabado de nos sequestrar, de terem assassinado Alfie Adley e deixado uma carnificina em seu rastro. Quando estava aparentemente aquecido, ele puxou uma velha cadeira almofadada para nós e sentou-se casualmente. Freddie ficou no canto da sala, olhando para mim e Gene como se não fôssemos nada, nem mesmo valêssemos a pena estar vivos. Senti que, se ele tivesse escolha, já seríamos comida de vermes. “Então, você matou minhas amigas e família?” Eu finalmente disse a Ollie. “Só para me atrair com seu plano bagunçado em Marbella. Outro 'ataque' encenado?” Eu sorri

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cruelmente de sua ação patética. “E daí? Você ia mergulhar e me salvar de novo? Eu cairia aos seus pés e nós nos apaixonaríamos perdidamente?” A bochecha de Ollie se contraiu e percebi que o irritei. “E você matou meu pai e Hugo no processo?” Ollie inclinou a cabeça para o lado. “Seu pai e Hugo não pagaram o que deviam.” Ele se inclinou para frente. “Você sabia em que encrenca a empresa do seu velho estava? A grande e icônica Harlow Biscuits. Você sabia que estava prestes a entrar em falência e que você, seu pai e seu noivo estavam prestes a se arruinarem? Eles não tinham mais dinheiro em seu nome, nem mesmo um centavo.” Meu pulso disparou, mas mantive meu rosto neutro. Eu não sabia. Não sabia de nada disso. “Seu velho já havia nos dado as escrituras da sua casa. O apartamento chique do Hugo em Chelsea. Eles já haviam passado seus carros”, suas sobrancelhas dançaram. “Heranças.” “Você os sangrou até secar. E quando não puderam mais pagar, eles pagaram com sangue.” A mandíbula de Ollie flexionou, então sua fachada indiferente caiu. “Por que você teve que arruinar CADA FODIDA COISA?!” Ele gritou. Eu vacilei com seu surto repentino. A personalidade legal que ele usava está quebrando e revelando o verdadeiro monstro do mal por baixo. Ele se levantou da cadeira e se ajoelhou diante de mim, com a voz calma e suave novamente. “Eu queria você ao meu lado. Queria que você me quisesse também.” “Eu nunca desejaria você. Você matou minha família. Minhas amigas. Você drenou meu pai e Hugo de seus bens, de sua dignidade”, sussurrei. “Dignidade?” Ele disse, afrontado. “Que dignidade?”

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“Você os matou. Amarrou-os a cadeiras e atirou na cabeça deles enquanto imploravam por perdão. Por misericórdia. Eu vi o vídeo. Você mandou para mim. Você queria que eu visse, então quando me salvasse, pareceria o herói.” Ollie estendeu a mão e passou as palmas pelo meu rosto. Tentei me afastar, jogando minha cabeça para trás. Ele atacou e segurou meu queixo, me puxando para perto enquanto afundava suas unhas em minha pele. Gritei de dor, incapaz de me conter. Ollie me encarou. “Eu quis foder com você por tanto tempo.” Eu congelei e a respiração de Gene mudou. Ele estava com raiva. Eu queria implorar para ele não tentar nada. Para não se machucar. “Você nunca teve uma chance”, respondi. Ollie acenou com a mão para um de seus homens. No segundo seguinte, uma mulher com aproximadamente a minha idade foi arrastada para dentro. Na verdade, quando a estudei mais de perto, essa não era a única semelhança. Ela se parecia comigo. Cabelo castanho, mesma estrutura física, mesmos olhos. Ela poderia ser minha sósia. Ela ficou em silêncio enquanto era arrastada para dentro da sala. Tentei fazer com que ela encontrasse meus olhos — os mesmos olhos que os meus — mas ela apenas olhava para o nada. Nenhuma luz em seu olhar; viva, mas não mais viva. Estava vestida com um vestido de seda roxo, e meu estômago revirou de pavor. Ollie caminhou até ela, passando as mãos por seus braços nus. Ele lançou um olhar na minha direção, então espalmou os seios dela. “Pare”, eu disse, meu coração quebrou com a reação inexistente da garota, sua falta de expressão. Há quanto tempo ele estava abusando dela dessa maneira? Então percebi...

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“Você a traficou”, disse, sabendo que era verdade. “Você a roubou.” “Eu a comprei”, ele me corrigiu e a beijou nos lábios. Ela não reagiu. Mas isso não parecia importar para Ollie. Ele gemeu como se ela o estivesse beijando também, amando-o de volta. Eu a comprei... Fechei meus olhos e me lembrei da história de Ronnie. O negócio da família de Ollie tentou comprar Ronnie também. Eles paralisaram seu pai com dívidas que ele nunca seria capaz de pagar e tentaram tomá-la como pagamento. Eu a comprei... Os pais desta mulher, seu marido... alguém… eles a venderam para se salvarem. Eles a jogaram para os lobos — para o maior e mais cruel lobo de todos. Ollie se virou até ficar de frente para mim, beijando a nuca da garota. “Você sabe”, ele disse e deslizou as alças do vestido dos ombros dela. O vestido caiu no chão; ela estava nua por baixo. Estava congelando, mas ela não fez nenhuma reclamação, nenhum movimento para se manter aquecida. “Sua aparência não é a única coisa que você tem em comum com ela”, Ollie disse, e a raiva explodiu dentro de mim, ricocheteando nas paredes da minha pele como uma máquina de pinball. Ollie mergulhou o dedo entre as pernas da mulher. Afastei minha cabeça da visão. Ollie riu e eu o ouvi dar um passo em minha direção. “Olhe para mim, Cheska”, ele disse suavemente. Eu não olhei. Mantive minha cabeça virada. “Eu disse, olhe para mim, vadia!” Virei rapidamente minha cabeça para ele, olhos arregalados com a maneira como acabou de falar comigo. Ele sorriu com amor. “Assim é melhor.” Ele olhou para a garota, que ainda estava

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olhando para o nada. “Você não tem ideia de quantas iguais já existiram.” Eu parei de respirar. “Levava meses para encontrá-las. Elas tinham que parecer exatamente iguais.” Seus olhos o levaram para longe, mas então ele voltou para a terra, seu olhar fodido fixou-se em mim. “Elas se pareciam com você, falavam como você.” Ollie se inclinou e beijou minha testa. Eu recuei com seu toque. Ele não pareceu notar — ou se importar. “Mas elas não eram você, Cheska. Nenhuma delas estava à altura.” Ollie se levantou e caminhou até a garota. Em um segundo ele tirou sua faca, e um segundo depois ele a esfaqueou direto no coração. O comportamento frio que eu estive tentando manter desapareceu. Gritei quando a garota caiu no chão. Sua cabeça bateu no cimento, rachando seu crânio. Sangue derramou. E eu vi, vi no único pedaço de vida que vi em seus olhos, quando ela deu seu último suspiro. Alívio. Ela queria morrer. Meu estômago apertou. O que aconteceu com ela para fazêla querer morrer? Não tinha mais esperança em seu coração partido? “Você a matou!” Rosnei. “Por que você a matou?” Ollie limpou a faca no casaco de um dos homens e a colocou de volta no paletó. “Por que eu precisaria dela quando peguei você? Agora peguei a coisa real. Depois de todos esses anos, finalmente peguei você. Chega de sósias.” “Você não me pegou”, eu disse, as palavras claras e altas. “Você nunca me teria.” Ollie voou para mim, parando a apenas alguns centímetros do meu rosto. A saliva voou de sua boca enquanto ele falava. “E

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quem era seu dono? Adley. O fodido do Arthur Adley.” Ele riu. “E você me achava um demônio? Ele era um monstro do caralho.” “Ele não traficava pessoas”, eu o acusei. Ollie balançou a cabeça, como se estivesse decepcionado comigo. Não — como se ele estivesse triste por mim. Ollie segurou minhas bochechas. Tentei me afastar, mas seu aperto era de ferro. E eu odiei isso. Eu odiei porque Arthur me segurava assim. Ele sempre me segurou assim. Quando ele fazia isso, me sentia desejada. Eu me sentia segura. Sentia-me adorada. Quando Ollie fazia isso, me senti violada. “Pobre mulher, pobre e ingênua”, Ollie disse, seu tom tão suave como se estivesse falando com uma criança. “Você não faz ideia do mal que vive dentro dele. Você não viu a quantidade de escuridão que vive em sua alma. Você não tinha medo daquela escuridão dentro dele?” Eu me certifiquei de olhar direto nos olhos de Ollie. “Você não viu a minha ainda.” Ollie recuou como se não tivesse me reconhecido. Como se qualquer versão de mim que ele desejasse tivesse sido envenenada pela influência de Arthur. Bom. Eu queria estar arruinada aos olhos dele. A verdade é que Ollie não me conhecia agora. Ele nunca conheceu essa Cheska. Aquela que teve sua família roubada, suas amigas. E não foi por Arthur. Foi por ele. Toda essa merda é por causa dele. Ele me envenenou. Arruinou a garota que ele costumava desejar. Sou um monstro de sua própria criação. Ollie se levantou, e eu soube pelo olhar de desgosto que ele lançou em minha direção que eu o empurrei longe demais. Eu não me importaria se ele quisesse me jogar de lado. Queria que ele nunca me tocasse. Eu queria que ele morresse. Olhei para a

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garota no chão. Ele tinha que morrer por matá-la, machucá-la, roubá-la desta vida. “Ela era uma imitação pobre de você”, Ollie disse, seguindo meu olhar. “Os pais dela realmente ferraram com o empréstimo. Fizeram um acordo comigo que eles não poderiam pagar.” Ele a chutou, rolando-a de costas. Ele encolheu os ombros. “Mas ela foi relativamente barata para comprar. As dívidas dos pais dela não eram muito altas para cobrir.” Ele desviou o olhar da garota e, com um sorriso malicioso nos lábios, disse, “Diferente de você.” Demorou um pouco para que suas palavras fossem absorvidas. Para que fossem registradas. Meu coração estremeceu com o que ele estava insinuando. Eu balancei a cabeça, cada vez mais rápido quanto mais seu lábio curvado se transformava em um sorriso triunfante. Ele não quis dizer isso. Ele estava fodendo comigo. “Eu queria você”, Ollie suspirou. “Mas meu velho achava a minha necessidade de você estranha. Ficava me dizendo para te esquecer. Que eu estava sendo idiota.” Ele encolheu os ombros. “Infelizmente, alguns dias depois, meu velho sofreu um terrível, terrível acidente de helicóptero e encontrou seu fim prematuro, deixando-me no comando do nosso império, da organização que estava desmontando o submundo, um ponto de cada vez.” Frio. Tudo o que senti era frio. Cacos de gelo afundaram em minha carne e rasparam cada um dos meus ossos, fazendo-os doer. Era insuportável. “Nosso negócio teve uma recaída, e tiveram algumas pessoas que de repente precisei que pagassem antes do planejado.” Meu pai. Hugo. “Você adivinhou.” Ele se certificou de que eu estava ouvindo enquanto disse, “Eles não demoraram muito para se

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convencer. Todos nós sabíamos que Hugo não te amava, pelo menos não assim. Ele sempre quis apenas sua companhia. E o querido e velho papai estava em uma merda tão profunda que fiz uma oferta que ele não podia recusar.” “Você está mentindo”, sussurrei, mas minha voz carecia de qualquer tipo de força. “Foi realmente simples”, disse Ollie. “Para organizar tudo. Você estava para se casar — é claro que isso nunca aconteceria depois que o negócio fosse fechado. Mas você não precisava saber disso.” “Você os matou”, eu disse, sentindo que o gelo começava a derreter, a raiva se infiltrando. “Ou nós fizemos aquele vídeo para fazer você pensar isso?” Cada parte de mim se acalmou. Não... não, não, não... Ele estava mentindo. Ele tinha que estar mentindo. Ollie acenou com a cabeça para seus homens, sorrindo para mim quando eles deixaram a sala. Ouvi vozes abafadas fora da sala em que estávamos. Então, aparecendo na porta, ressuscitados dos mortos, estavam meu pai e Hugo. Eu desabei. Quando vi seus rostos, vivos e bem, me desfiz. “Cheska”, Hugo sussurrou, e a cor sumiu do seu rosto. O homem segurando seu braço o empurrou para dentro da sala. Hugo caiu no chão a poucos metros de onde estávamos sentados. “Cheska, não...” Gene disse ao meu lado. Sua voz estava cheia de tristeza pelo que eu estava vendo. Meu olhar mudou de Hugo para meu pai. Meu pai. Quem me vendeu. Quem Ollie disse ter me vendido.

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“Cheska”, papai disse, e seus olhos brilharam com lágrimas. Ele tentou me alcançar, mas o homem que o segurava o fez cair de joelhos também, bem ao lado de Hugo. Eles pareciam os mesmos de sempre. Amarrotados por terem sido trazidos aqui, mas os mesmos. Onde eles viveram todo esse tempo? Eles se sentiram culpados pelo que fizeram? “Não”, eu disse, recusando-me a acreditar na verdade que estava me encarando. “Cheska”, Hugo disse, o rosto se contraindo. “Sinto muito, sinto muito.” “Vocês me venderam”, afirmei, mas estava olhando direto para meu pai. Meu pai. O homem que deveria cuidar de mim. Me amar. Mas tudo o que ele sempre foi, foi um homem frio. Depois que mamãe morreu, não havia amor em meu mundo. Pela primeira vez, fiquei feliz por minha mãe estar morta. Se ela ainda estivesse viva, isso a teria matado. “Ollie disse que cuidaria de você. Ele disse que não te machucaria. Que ele te amava.” Meu pai engoliu em seco. Como se soubesse que as palavras que estava derramando eram completas besteiras. “Você sempre gostou de Ollie.” A cabeça de papai caiu, e em toda minha vida eu nunca o vi parecendo quebrado. Ele nunca foi nada além de confiante e forte. Mas diante de mim agora, ele parecia fraco, derrotado. Finalmente, vi a culpa pulsando dele em ondas. “Você me vendeu”, repeti, seu olhar ricocheteou em mim como se eu fosse Teflon.

de

desculpas

“As dívidas eram demais.” Os olhos de Hugo estavam como os olhos da menina no chão. Desprovidos de vida. E eu soube, olhando para meu antigo noivo, que ele estava arrasado com a

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culpa que, com razão, devia sentir. A ambição de Hugo sempre foi seu calcanhar de Aquiles. Nunca sonhei que seria a pessoa que eles venderiam para salvar suas próprias peles. “Você viu, Cheska”, Ollie disse, “Eu fui seu salvador.” Ollie caminhou até onde meu pai e Hugo estavam ajoelhados. “Sua própria família não merecia você.” Ele balançou a cabeça para eles como se estivesse desapontado com eles. “Você teve sorte por ser eu com quem eles negociaram pela sua vida. Eu, que te amava. Eu, que poderia te dar o mundo.” “Um mundo construído sobre nada além do terror”, rebati, mas não tirei os olhos de papai. Como ele pôde fazer isso comigo? Sua única filha... Papai ergueu a cabeça. “Eu sinto muito.” Seu pedido de desculpas tentou alcançar o meu coração. Eu o joguei fora. A expressão vazia de Hugo permaneceu abaixada. Ele era uma concha. Nada mais do que um cadáver vivo. “Os negócios de Adley foram construídos com base no terror, mas você abriu as pernas para ele com facilidade”, Ollie sussurrou, e vi o rosto do meu pai ficar vermelho. Eu vi o desprezo contra mim inspirar uma onda de raiva dentro dele. “Não se atreva”, meu pai retrucou para Ollie, o autoritário que eu conhecia subindo à superfície. “Não se atreva...” Antes mesmo do meu pai ter tempo de terminar a frase, Ollie puxou sua arma e, desta vez, disparou uma bala de verdade direto na cabeça do meu pai. Papai imediatamente caiu no chão. “Eu sinto muito, querida. Por favor, me perdoe”, Hugo disse, então, encontrando alguma centelha de vida, atacou Ollie. Ele derrubou Ollie no chão e eu gritei. Eu gritei quando o sangue foi drenado do corpo do meu pai. E eu gritei quando um dos homens

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de Ollie encostou o cano de sua arma na testa de Hugo e atirou. No segundo seguinte, ele estava no chão, ao lado do meu pai, Ollie rolando debaixo dele. Lágrimas escorreram pelo meu rosto, e achei que não aguentaria mais. Não aguentaria mais sangue. Mais um engano. Mais uma morte. Quanto uma pessoa poderia aguentar antes de quebrar? “Cheska”, Gene disse, vendo claramente minha queda emocional livre. Eu olhei para ele ao meu lado. “Mantenha-se forte. Você tem que se manter forte.” Fechei os olhos e tentei bloquear minha família no chão, a garota que à primeira vista se parecia comigo. Morte. Tanta morte. Ollie se ajoelhou diante de mim. “Shh, querida.” Encarando seus olhos mortos, cuspi em seu rosto. “Vá para a porra do inferno”, eu disse e, na presença dele, senti meu coração virar pedra. Ollie enxugou a saliva do rosto e agarrou meu cabelo. Ele me colocou de pé, meu couro cabeludo gritava de dor, e me arrastou para uma sala menor na parte de trás da garagem. Eu ouvi um dos homens de Ollie arrastando Gene atrás de nós. Ollie me jogou no chão. Minha bochecha bateu contra o cimento. “Você precisará cuidar da sua boca, querida.” Eu levantei as mãos. “Você matou a mãe e a irmã de Arthur, não foi?” Ollie parou, então se virou para mim. “O fogo? A cabana?” “Meu pai pediu aquilo. Eu era um pouco jovem naquela época para tomar decisões assassinas.” Gene soltou um som sufocado com a confissão. Ollie encolheu os ombros. “Meu velho

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odiava Alfie tanto quanto eu odeio Arthur. Fiquei feliz que elas queimaram.” “Ele vai matar você”, eu disse friamente enquanto Ollie fechava a porta. “Ele vai me encontrar aqui e matar você.” Ollie fez uma pausa. “Ele não faz ideia de quem diabos somos”, ele disse, com orgulho no rosto. “Por anos nós existimos aqui na boa e velha cidade de Londres, e ninguém nos encontrou. Meu velho se certificou disso.” “Mas era ele, o seu pai.” Vi o sorriso sumir do rosto de Ollie. “Você vai estragar tudo. Você fodeu tudo. Você estragou tudo no minuto em que começou a mexer com os Adleys. Você tem sido muito bagunceiro em sua busca obsessiva por mim, em sua necessidade de vingança. Você não é seu pai. Ele construiu um império. Ele era Xerxes. Você é apenas o herdeiro que nunca se igualará. E você verá este império cair.” “Cuidado, Cheska”, Ollie disse. “Você não quer se juntar à sua família aqui no chão.” Ele segurou a porta, suas mãos ficando brancas, traindo sua ira. “Arthur Adley não faz ideia de onde estamos. Você esqueceu que Freddie o conhece. Esteve com a família a vida toda. Ele podia ler Arthur como um livro. Adley tem cabeça quente. Ele é previsível. E se nos encontrasse…” Ollie deu de ombros. “Então ele se juntaria a seu pai. Já é hora de toda aquela família miserável comer sujeira. Eles são uma praga em nossa cidade e precisam ser destruídos.” Ele apontou para Gene. “E estou pensando em começar com você.” Ollie bateu a porta e a sala mergulhou em um silêncio pesado. Eu ouvi Ollie latindo ordens para seus homens. Minha cabeça zumbiu com tudo o que aconteceu. Eu me segurei e jurei não entrar em desespero. Se sairmos disso, isso poderia acontecer mais tarde. Poderei sucumbir à dor então. Agora, eu tinha que ser de aço. Eu tinha que ser forte. Movendo meu corpo, me inclinei para que pudesse

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tocar as mãos de Gene. Envolvi meus dedos nos dele e segurei com força. Freddie podia conhecer Arthur. Ele podia pensar que sabia tudo sobre ele. Mas ele só conhecia o Arthur de antigamente. Ele não sabia que Arthur me deu um rastreador, não sabia que ele enviou Ronnie e Vera em uma missão para descobrir a quem esse maldito “império” realmente pertencia. E mais do que isso, não conhecia o novo Arthur — o Arthur que me tinha. O homem que ele se tornou desde que me deixou entrar em seu coração protegido. E Freddie não conhecia o amor que compartilhamos, o vínculo que existia entre nós — infalível, imóvel, vingativo para aqueles que tentavam nos separar. Ollie Lawson não tinha ideia do que estava por vir. Porque se pensavam que Arthur era mau antes disso, que ele tinha escuridão inexplorada em suas veias... Eles não faziam ideia do monstro que ele se tornaria para me levar de volta. Encarei a pulseira em meu pulso, praticamente sentindo a voz tranquilizadora de Arthur sussurrando em meu ouvido... Espere aí, princesa. Estou indo te pegar. Você nunca me deixará. Eu nunca deixarei você ir... Então, eu me inclinei contra Gene, respirei fundo e esperei meu rei das trevas invadir o castelo inimigo.

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CAPÍTULO DEZESSETE ARTHUR

Charlie se juntou a mim fora do escritório principal da doca. Charlie estava trabalhando nas últimas horas na organização das outras gangues com as quais o sindicato de Lawson tinha fodido. No minuto em que liguei para todos eles e disse quem os estava atacando, enviando-lhes a prova que Ronnie tinha encontrado, todos eles entraram no plano. Prontos e dispostos a derrubarem esses filhos da puta — esta noite. Esta noite seria outra maldita blitzkrieg chovendo em Londres. Ronnie, Vera e os hackers conseguiram encontrar cada célula, os endereços e a sede de cada um daqueles chupadores de pau em Londres. De Ollie Lawson até o pedaço de merda que carregava os escravos nos barcos e entregava os 'produtos' nas casas das pessoas. Todos eles morreriam esta noite. Todo gângster experiente em Londres se preparou e estava a postos para acabar com o império que Lawson pensava que comandava. “Ninguém entra antes nós. Sem vazamentos. Lawson fugiria se achasse que estamos atrás dele. Não arriscarei isso”, eu disse. “Eles têm suas ordens”, Charlie disse. “Eles sabem que se algo der errado do lado deles, não pegaremos todos eles.” Charlie exalou. “Todo filho da puta que conhecemos está pronto para matarem esses bastardos.”

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Joguei meu cigarro acabado no chão enquanto Eric assobiava e todos os nossos soldados se reuniam ao nosso redor. Betsy, Ronnie e Vera saíram do escritório atrás de mim. Vestidas de preto, pistolas e facas a postos. Vinnie estava ao lado de Eric. Ele estava imóvel como a noite. Estava prestes a enfrentar a organização que matou Pearl. Que tirou minha irmã de seus braços, de sua vida. Ele estava pronto para vê-los morrer. Pronto para mandá-los para o inferno. Todos nós estávamos. Eu me virei para Vera. “Você selecionou os policiais?” Tínhamos colaboradores mais do que suficientes na polícia para construir a porra de uma montanha. Vera havia espalhado que algo grande aconteceria esta noite. E se eles ouvissem algo desagradável, deveriam virar seus narizes de porquinho para longe. Eles foram informados de que tirar os babacas para fora reduziria o tráfico na cidade em pelo menos trinta por cento, e se isso soasse atraente para eles, então fariam vista grossa esta noite quando o submundo de Londres pegasse fogo. Isso, e haveria uma distração plantada no centro de Londres, bem no meio do centro turístico. Os irlandeses me disseram que resolveriam isso. O que significava que a noite estava pronta para nossa versão da guerra relâmpago. Esta noite, a gangue Lawson queimaria, assim como eles queimaram minha mãe e minha irmã. Como se logo fossem queimar no inferno. Enfrentei meus soldados, todos vestidos de preto, cada um portando a porra de uma tonelada de armas, munições e facas. Lawson tinha equipes de homens guardando os edifícios abandonados. Eu não queria correr nenhum risco. Devíamos dirigir até o quintal e chover balas em todas os malditos. Sem teatro. Sem brincadeira. Apenas um fodido tiroteio direto.

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Então eu encontraria Lawson e Freddie. Encontraria Cheska e Gene. “Vocês sabem as ordens”, eu disse aos meus homens. “Deixem Lawson e Freddie conosco”, eu disse, apontando minha cabeça em direção à minha família. “Assim que todos os homens estiverem caídos, protejam o perímetro e não deixem ninguém na organização viver. Vocês atiram para matar, porra. Nenhum deles respira uma única vez quando terminamos com eles.” Meus soldados assentiram, excitados pra caralho pelas vidas que estavam prestes a tirar. O telefone de Charlie tocou sem parar, e ele acenou para mim. “Todo mundo está pronto. Royal, Seamus, Vano, os italianos... todos eles. Travados e carregados e prontos para atirar. “ “Caiam fora”, eu ordenei meus homens, e todos entraram na parte traseira das vans. Mikey e Jim, meus generais, assumiram a liderança de suas unidades. Eu subi na última van, minha família subindo ao meu lado. Sentei-me no banco e acendi outro cigarro. Eu verifiquei se minhas armas estavam carregadas e todas as minhas facas foram contabilizadas. Então inclinei minha cabeça para trás na parede da van e a senti sair do caminho. Minha família ficou em silêncio enquanto íamos para Deptford. A nicotina me acalmou e eu lutei contra a raiva que estava pressionando e pressionando para se libertar. Ainda não. Porra, ainda não. Mas logo. Logo eu liberaria a porra dos demônios dentro de mim. Eu colocaria todos eles aos pés de Freddie e Lawson. “Eu ficarei bem, baby. Eu prometo”, Vinnie estava falando com sua Pearl imaginária. Suas pupilas dilataram e ele verificou suas armas. Ele a beijou na bochecha e a envolveu com o braço.

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“Não vou deixar ninguém nos machucar.” Vinnie olhou para mim e depois para Pearl. “Eu vou cuidar dele, eu juro.” Respirei fundo, sabendo que ele estava falando sobre mim. Eric encontrou meus olhos e acenou com a cabeça. Ele estava pronto. Mais do que pronto para pegar seu irmão de volta. Um par de olhos castanho-esverdeados apareceram na minha cabeça e eu os mantive lá, suspensos no ar. Bem na minha linha de visão. Eu os mantive lá como um talismã. Como um fodido guia em direção ao meu pássaro trancado dentro daquela porra de garagem abandonada. Eu olhei para o meu telefone — um dos meus substitutos para aquele que os filhos da puta de Lawson tinham destruído. Abri o aplicativo e vi que Cheska não se mexia há trinta minutos. Pelas plantas que conseguimos da garagem, ela estava sendo mantida em algum escritório nos fundos. Eu nem mesmo acalentei a ideia de que ela havia sido machucada. Eu precisava conter minha raiva até que estivéssemos lá. Pensar nela em qualquer estado, senão perfeita, fazia a raiva sangrar e se infiltrar em meus ossos, minha carne, rasgando minha calma forçada. “Olhos em frente, porra”, eu disse para minha família, que estava olhando para mim. “Assim como fizemos com os russos. Nós vamos lá e não oferecemos misericórdia.” Todos eles acenaram com a cabeça, empunharam suas armas ou sacudiram suas facas. “Assim que os soldados Lawson forem abatidos, nós caçaremos Ollie e Freddie.” Minha mão com luva de couro apertou a coronha da minha arma. “Então assumo a minha liderança. Vamos ver o que esses malditos farão primeiro.” Eu apontei para minha arma. “Continuaremos a partir daí.” O resto da viagem foi feita em silêncio. Paramos e o motorista bateu com o punho na divisória entre nós e ele. Charlie

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esperou pelo meu sinal. Eu verifiquei o rastreador novamente; A garota de Chelsea ainda não tinha se movido. “Queimem todos eles”, eu disse a Charlie, e ele enviou a deixa para os outros sindicatos espalhados pela cidade para se moverem e destruírem esses idiotas de uma vez por todas. Eu joguei um novo cigarro na boca, equilibrando-o entre os lábios, então acenei para Eric chutar para abrir as portas da van. Ele o fez, meus soldados se alinhando em uma longa parede de morte. os fodidos de Lawson, surpresos com nossa chegada, vieram rastejando dos prédios abandonados, disparando tiros. Eu engatilhei minha arma e trouxe a porra da chuva. Fazendo minha primeira rodada de tiros como sua deixa, os soldados Adley abriram fogo contra a massa de homens Lawson tentando nos derrubar. Eu andei para frente, minha família e soldados nunca quebrando nossa linha. Nós avançamos, uma unidade letal pra caralho. Os homens de Lawson começaram a cair, suas defesas espalhadas desmoronando sob o ataque surpresa. Suguei meu cigarro enquanto disparava bala após bala nos filhos da puta que tinham vindo contra minha família, a família de Cheska, minha porra de sangue. Vinnie ria loucamente enquanto atingia em cabeças e corações. Ronnie gritava vingança sangrenta, lágrimas escorriam por seu rosto enquanto suas balas atingiam seus alvos. Nós empurramos e avançamos, até que Eric gritou: “Agora!” E deu a Mikey e Jim o sinal para se separarem com seus homens para os outros edifícios. Vendo a garagem bem à nossa frente, minha família e eu derrubamos os últimos retardatários na frente do antigo prédio e invadimos o interior. Joguei minha arma por cima do ombro e

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caminhei em direção à porta que levava para onde Cheska e Gene estavam presos. Parei na porta e dei uma tragada no meu cigarro. Então fechei meus olhos e deixei a raiva que estive segurando por horas encher meus músculos e ossos, infundindo meu sangue com lava, pronto para lançar o inferno nos estúpidos atrás da porta. Eu chutei a porta e bem na minha frente, sentado em uma porra de uma poltrona velha, estava Ollie Lawson. E ao redor dele havia cabeças. Malditas cabeças em estacas. Cabeças que foram separadas de seus corpos. Passei meus olhos sobre elas e os reconheci imediatamente. O velho de Cheska. Hugo, e... Meu maldito coração parou quando meus olhos caíram na terceira cabeça. Cabelo castanho, pele morena, olhos castanhos esverdeados abertos, lábios carnudos. Eu estava prestes a explodir. Prestes a perder a porra da minha cabeça e rasgar esse idiota com minhas próprias mãos quando olhei mais de perto. Não era Cheska. Meu maldito coração saltou de volta à vida. Não era a fodida cabeça de Cheska. “Seja honesto”, Ollie disse, com as pernas cruzadas e as mãos cruzadas no colo. “Eu quase peguei você.” A porta se fechou atrás de nós, passos vieram em minha direção. Eu soube quem era sem olhar. Mas antes que Freddie pudesse chegar até mim, Eric acertou a coronha de sua arma no rosto de Freddie e o agarrou, puxando seus braços para trás. “O mesmo movimento que você sempre faz, idiota”, Eric rosnou. “Deveria saber que você seria muito estúpido para tentar algo novo.”

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Ouvi Freddie lutando contra Eric. Mas aquele filho da puta não sairia do controle de Eric tão cedo. Joguei meu cigarro aos pés de Ollie, despreocupado com meu irmão traidor por enquanto. Ollie viu o filtro do cigarro quase bater em seus sapatos e sorriu para mim. Eu ia limpar aquele sorriso da porra do seu rosto feio. “Então?” Ollie recostou-se em sua cadeira como se fossemos ter uma conversa casual. “O que o trouxe ao meu esconderijo na floresta?” “Onde ela está?” Eu rosnei, jogando a porra do jogo. Freddie poderia cozinhar um pouco nos braços de Eric até que eu estivesse pronto para acabar com ele. Eu tinha que lidar com esse pedaço de merda primeiro. “Oh, você quer dizer Cheska?” Ollie se levantou. Ele gesticulou para as cabeças do seu velho e de Hugo. “Ela estava se sentindo um pouco mal depois de ver esses dois. Depois de acreditar que eles estavam mortos.” Ele fez uma pausa. “Eles não estavam, caso você não soubesse.” Eu sabia; foi o que eu disse à minha família na igreja. O arquivo de Ronnie me disse que eles a venderam para Lawson. Eles estavam a caminho do Caribe para recomeçar suas vidas. Mas quando Cheska escapou do ataque de Lawson no Spa, ele os manteve cativos até que ela fosse encontrada. Claramente, ele nunca planejou deixá-los ir para o exterior. Eu deixei Lawson ter seu pequeno discurso de merda. Deixei-o acreditar que ele estava comandando este show. “Veja, eles a venderam para mim, Adley. Tecnicamente, ela é minha. O pagamento de sua dívida.” Ele encolheu os ombros. “Você sabe como é. Você já se envolveu com empréstimo de dinheiro.” “Ela é minha, caralho”, eu disse, minha voz gutural e mortal.

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“Agora, é aí que você está errado.” Esperei que ele continuasse. “Você não pode tê-la se estiver morto.” A porta da sala que eu sabia que Cheska e Gene estavam se abriu com um estrondo, e dois homens abriram fogo. Mas estávamos preparados. Nós os tínhamos lido perfeitamente. Ollie não era o líder que seu pai tinha sido. Ele era um filho da puta idiota e mimado que não tinha ideia do que era necessário para administrar a porra de um império do crime de sucesso. Vinnie e Vera já estavam lá, disparando balas em seus crânios. Os cérebros se espalharam pelo chão. Ollie foi sacar sua arma, mas eu estava lá em um segundo, enfiando meu punho em sua cara feia e cortando seus tendões com minha faca. Ele gritou e caiu no chão. Eu chutei sua arma, circulando-o onde ele estava segurando suas pernas. Então Cheska e Gene foram arrastados para a sala pelos dois últimos homens de Lawson. Ronnie e Betsy verificaram os outros escritórios, procurando por mais alguém. Mas meus olhos estavam fixos em Cheska. Em seu lindo rosto do caralho. Seu rosto perfeito que tinha sido espancado, sangue escorria por ele. A sala inteira se encheu de vermelho enquanto uma névoa assassina descia sobre meus olhos. Eles tocaram minha garota. Este desgraçado tocou na porra da minha garota! “Deixe-os ir”, eu disse enfaticamente para os homens que os seguravam. Ollie riu, realmente riu pra caralho enquanto estava deitado no chão. Os homens foram distraídos pelas risadas do idiota. Charlie usou essa distração para apontar sua arma para suas cabeças e enviar balas direto para seus crânios. Cheska se engasgou com um soluço quando o homem atrás dela caiu e Vera e Ronnie a

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alcançaram. Elas cortaram a fita das mãos de Gene e de suas mãos. “Arthur”, Cheska sussurrou com alívio, então ela viu as estacas ao redor de Ollie, as cabeças empaladas no topo. Enquanto se aproximava de mim, ela não conseguia tirar os olhos do seu pai, de Hugo e de quem quer que fosse a sósia de Cheska no final. Lágrimas encheram seus olhos e correram por suas bochechas. Mas ela não soluçou. Ela não entrou em desespero, porra. Em vez disso, vi a escuridão encher seus olhos. A mesma escuridão que vivia em mim — o que era meu agora era dela também. Peguei a mão de Cheska e puxei-a para o meu lado. Eu esmaguei meus lábios nos dela, devorando a porra da boca que eu tanto amava. Eu não queria deixá-la ir. Precisava mantê-la ao meu lado, mas tinha que lidar com o escroto no chão. Soltei Cheska e gesticulei com o queixo para que ela desse um passo para trás. Ollie estava olhando para mim do chão. O filho da puta não gostou que eu beijei minha garota. Eu ri friamente, então abri meus braços. “É isso?” Eu gritei pela sala vazia. “Este é o grande Império Lawson?” Ollie estava me observando, mas agora havia diversão em seus olhos confusos. Isso apenas me irritou. Eu me aproximei dele e chutei sua canela. Eu ouvi um estalo e soube que tinha quebrado seu osso. Acendi um cigarro, sem tirar os olhos do filho da puta gemendo e segurando sua perna arruinada. Cheska estava por perto, ainda como uma maldita estátua, os olhos fixos em Lawson. Fixada em Lawson. Ela tinha um olhar mortal em seus olhos, e isso estava me deixando excitado pra caralho.

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“Ela gritou, você sabe”, Ollie disse, tirando meu foco da minha garota, aparentemente não dando a mínima que ele estava prestes a morrer pelas minhas mãos. Eu o circulei, pisando em seu braço enquanto passava. Outro estalo veio, e Ollie gritou dentro da sala. Mas aquele grito se transformou em uma risada aguda. Um grito psicótico de merda. “Enquanto o fogo consumia a cabana, ela gritou”, ele disse, ofegando por causa da dor. Meu sangue ferveu no minuto em que ele mencionou a casa, e isso me impulsionou para frente. Eu pisei no mesmo braço novamente. O membro caiu sem vida ao seu lado. Eu cuspi em seu rosto. “Continue falando sobre minha mãe e farei isso a noite toda, porra. Vou quebrar você pedaço por pedaço, arrancar sua carne em tiras e, em seguida, adicionar a porra da sua cabeça decepada a uma dessas estacas.” Lawson sorriu e se mexeu até ficar ajoelhado em um joelho, lutando para encontrar equilíbrio. O idiota me olhou bem nos olhos e disse: “Quem disse que eu estava falando sobre sua mãe?” “Eu vou matar você!” Vinnie rugiu, mas Charlie o segurou antes que ele pudesse arrancar a língua de Ollie de sua garganta. “Você não fala sobre a minha Pearl. Nunca fale sobre a porra da minha Pearl.” Vinnie estava respirando com dificuldade, seu rosto estava muito vermelho. Olhei para Lawson. Ele ia morrer. Lentamente. Dei um passo à frente, com minha faca na mão. Mas assim que o fiz, meu telefone apitou com uma mensagem e o rosto de Ollie se iluminou. “Parece que nem todos os meus homens estão mortos ainda.” Um largo sorriso apareceu em seus lábios. Eu não sabia do que diabos ele estava falando. “Então?” Ele perguntou. “Você não vai olhar? Se isso acontecesse, eu queria ter certeza de que estava aqui enquanto você via.”

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“Prefiro matar você do que assistir a porra de um vídeo que você acha difícil enviar”, eu disse. Mais bipes soaram ao meu redor, então silêncio. Alguns segundos depois, Charlie caminhou em minha direção, segurando seu telefone. Seu rosto parecia ter visto a porra de um fantasma. Meu primo apertou o play no vídeo. Betsy e Vera mantiveram os olhos treinados em Ollie enquanto eu observava. Mas Lawson só tinha olhos para mim. Eu podia sentir o peso de seu olhar quando o vídeo começou a ser reproduzido. Eu assisti enquanto um filho da puta com as roupas pretas de costume e uma balaclava carregava minha irmã para fora da porta dos fundos do chalé. O lugar estava pegando fogo, minha mãe estava lá dentro, mas alguém tinha ido buscar Pearl. Meu coração bateu forte como um canhão ao ver minha irmã viva, mas sendo levada embora. O vídeo foi cortado. Minhas mãos tremiam de raiva, porra, quando outra cena começou a acontecer. De uma mulher de terno. Uma mulher loira com os olhos de Pearl. Uma mulher de vinte e poucos anos... Meus pulmões paralisaram e eu sabia o que estava vendo. Minha mente tentou recuperar o atraso. Perl... “Annie”, Ollie disse, falando o nome de minha mãe. Ele não merecia falar seu fodido nome. Eu arrancaria sua maldita língua suja se ele dissesse de novo. “Essa é minha irmã, Annie Lawson.” A vitória se espalhou por seu rosto enquanto suas palavras afundavam em minha cabeça. O braço de Ollie pendurado ao seu lado, sua perna estava quebrada, mas o filho da puta ainda olhava

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para mim. “Qual a melhor maneira de foder com todos vocês do que pegar sua amada irmã mais nova e torná-la uma das nossas?” “Você mente”, eu rosnei, mas olhei para a mulher sentada em um café em alguma porra de outro país — França ou Suíça ou alguma merda pelo que parece. Alguém se aproximou de sua mesa e ela sorriu, apertando sua mão. Cada parte de mim congelou. Porque eu conhecia aquele sorriso de merda. Era Pearl... Eles haviam levado Pearl! “Desgraçado!” Eu voei em Ollie, mas o filho da puta estava preparado. Ele puxou uma arma e disparou, rasgando meu braço. Eu não senti a dor, eu não parei de ir até ele — eu só precisava desse idiota morto. Quando levantei minha mão para esmagar seu rosto, ele disse: “Annie dirige nosso negócio na Europa.” Eu parei e imaginei ela naquele terno, apertando a mão de alguém. O vídeo que ela claramente não sabia estava sendo gravado. “Tráfico?” Betsy perguntou, com devastação em sua voz. “Pearl está envolvida com tráfico?” Ollie ergueu uma sobrancelha para meu primo. “Annie não toleraria essa merda.” Ele olhou para mim novamente. “Bastante certinha, minha irmã.” Eu ia matá-lo. Eu tinha que matálo, porra. Pearl era minha irmã, não dele. Minha maldita irmãzinha. “Ela é mais adequada para drogas e armas.” Ele sorriu novamente. “Gostos bastante semelhantes com você, na verdade. Ela não sabia nada sobre o lado do tráfico humano de nossos negócios.” Ele estremeceu. “Annie poderia ser um pouco sádica se ela não gostasse de alguém — gostava de fazê-los pagar. E ela me amava. Seu irmão mais velho. Eu nunca contaria a ela sobre a verdadeira natureza de nossas aventuras em Londres. Não gostaria de incorrer em sua ira.”

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“Onde ela está?” Eu rosnei. “Onde diabos ela está?!” Vinnie gritou atrás de mim, ainda nos braços de Charlie. “Não aqui”, ele disse, e minha mente se tornou uma porra de bagunça lamacenta. Pearl estava viva e trabalhando para os Lawsons. Não, não estava trabalhando para eles. Ela era uma fodida Lawson. Um maldito Adley adotado pelos Lawsons, usando o nome da nossa mãe assassinada. “Ela não se lembra de nada sobre você”, Ollie disse, e ouvi Betsy respirar fundo como se tivesse levado um tiro. “Ela não sabe que a famosa família Adley já foi dela.” Ele riu, e o som me irritou. “Na verdade, ela te odeia pra caralho. Te detesta...” Ollie se inclinou para mim. Mas eu estava paralisado pra caralho, a rachadura no meu peito drenava lava e se transformava em nada. Minha irmã nos odiava. Me odiava. “E se alguma coisa acontecer com seu querido irmão mais velho — eu — então ela tem ordens para derrubar todos vocês.” Tudo o que eu conseguia ver na minha cabeça era Pearl. Pearl estava viva. Sentada no café, sorrindo e apertando a mão de algum idiota. Minha irmã mais nova estava viva. Ollie moveu a arma para minha testa. O cano pressionou em minha pele e fogo acendeu em seus olhos de merda. Morte. Ele queria me trazer a morte. Eu vi a escuridão dançar em minha visão, o próprio Satanás pronto para nos arrastar para baixo. “Faça isso”, eu rosnei, os olhos iluminados, empurrando contra a arma. “FODA-SE!” Eu gritei, levando minha própria arma para seu crânio. Ollie deu um largo sorriso, destravou a trava de segurança de sua arma assim que eu destravei a minha. Íamos morrer. O filho da puta morreria

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agora, mesmo se eu tivesse que ir para a porra do inferno em chamas para ver isso acontecer... Então ele congelou. Seus olhos se arregalaram. E Lawson começou a engasgar, os lábios se movendo. Sua mão tremia e sua arma caiu no chão. Eu olhei para trás quando ele caiu no chão, apenas para ver Cheska parada atrás dele, uma lâmina em forma de grampo em sua mão, e a outra no pescoço de Ollie Lawson, a lâmina cortando sua artéria. Seus olhos castanhos esverdeados se ergueram para os meus. Eu respirei, meu coração batendo tão forte, quase destruindo meu esterno. Então eu estava de pé, esmagando minha boca na dela, suas mãos desesperadamente passando pelas minhas costas, pescoço e cabeça. “Princesa”, eu resmunguei, deixando cair minhas mãos em seu corpo, verificando se ela estava bem. Ela estava viva. Ela estava viva, porra. “Eu te amo”, ela disse, se afastando e olhando nos meus olhos, sem lágrimas. Não havia malditas lágrimas. Eu me virei. Freddie estava olhando para mim, ainda nos braços de Eric. Mas eu vi o medo nos olhos do rato. Seu chefe se foi, e agora era sua hora de enfrentar a porra do ceifeiro. “Você sabia que ela estava viva.” Eu parei na frente dele. “Todo esse tempo, e você sabia que Pearl estava viva. Que ela era uma fodida Lawson.” Eu nunca quis matar ninguém tanto quanto queria matar esse filho da puta. Este rato canalha de duas caras. Freddie sorriu. Ele sabia que estava com tempo contado. Mas ele usou seus minutos finais para enfiar a adaga ainda mais fundo nas minhas costas. “Meu velho armou

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tudo. Sabia quando sua mãe e Pearl estariam sozinhas. Ele organizou para os Lawsons incendiarem o lugar, então a tirou da cabana e para longe de vocês, filhos da puta. E agora ela é uma de nós.” Seus olhos brilharam. “E ela vai matar você. Ela vai matar todos vocês quando descobrir o que você fez.” O olhar de Eric queimou com fúria. “Se você é o Lorde das Trevas, então ela é o próprio inferno.” Freddie acenou com a cabeça. “Ela virá atrás de você, Artie. Sua irmã, aquela por quem você ficou de luto, perdeu tantos dias, te odeia e virá para te matar. Ela…” Eu agarrei seu rosto e quebrei seu pescoço antes que ele pudesse dizer qualquer outra coisa. Eu não queria mais ouvir a porra da voz dele. Freddie caiu nos braços de Eric, e Eric o deixou cair no chão como o lixo inútil. Eu me virei. Toda a minha família estava olhando para mim, seus olhos destruídos pela dor e raiva com a notícia sobre Pearl. Minha irmã estava viva. Vinnie estava olhando para o chão, sua cabeça mais do que fodida. Todos olharam para mim em busca de respostas. Eu não tinha nenhuma. Porra, não tinha nenhuma! A raiva cresceu da planta dos meus pés até a porra do meu crânio. E eu rugi. Joguei minha cabeça para trás e rugi. Meu grito ecoava pelas paredes, a porra da luta drenando para fora de mim. Ela estava viva. Pearl estava viva e nos odiava. Desprezavanos. Queria nos ver cair... Braços me envolveram por trás. Cheska. Virando, encontrei seus olhos lacrimejantes, puxei-a para perto e a segurei contra o meu peito. “Nós a traremos de volta”, ela disse, e então me beijou. Ela beijou pra caralho, e meu corpo se acalmou.

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Sempre era a água para a porra do meu fogo. Eu segurei minha garota, então toquei suas bochechas ensanguentadas. “Você o matou, porra.” Procurei em seu rosto qualquer sinal de arrependimento, de choque ou culpa. Charlie e minha família começaram a receber ligações em segundo plano, de volta à porra dos negócios. Mas era tudo ruído branco enquanto eu olhava para minha mulher, minha princesa, minha maldita rainha. “Ele merecia morrer”, ela disse friamente, seus olhos brilhando com a escuridão. “Pelo que ele fez. Por tudo que ele fez com todos nós.” Minha testa caiu contra a dela, e tudo o que foi deslocado dentro de mim se encaixou. Naquele momento, eu soube que aquela aura de escuridão, aquela que Vinnie me disse que estava envolvida em mim, havia se fundido com seu vermelho. O mesmo. Fosse o que fosse que Vinnie viu ao nosso redor, agora éramos iguais. Sem começo para o meu, sem fim para o dela. “Você veio para mim”, ela sussurrou, e eu deixei cair minha mão para a pulseira em seu pulso, agradecendo pra caralho que eu tinha dado a ela. “Eu disse que faria”, rosnei, tomando sua boca novamente. Sua língua tinha gosto do fodido céu. “Você nunca vai me deixar. Nunca sairá do meu lado. De agora em diante, você é uma Adley, e tudo o que fizermos, você estará bem ao meu maldito lado.” Cheska sorriu contra minha boca e suspirou. “Eu sou uma Adley agora.” Rosnei com meu sobrenome em seus lábios, e a beijei com mais força, mas me forcei a me afastar, então disse à minha família: “Vamos voltar para casa.”

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CAPÍTULO DEZOITO CHESKA

Saí do chuveiro, respirando o ar úmido. Enrolei a toalha em volta de mim e entrei no quarto. Levei alguns segundos para perceber que Arthur estava ausente e Eva Adley se sentava na poltrona. Eu parei e encontrei seu olhar acusador. Ela estava vestida impecavelmente, como sempre, mas enquanto eu a estudava mais, vi uma palidez em suas bochechas e vermelhidão em seus olhos. Meu coração se partiu pela matriarca Adley. Ela tinha acabado de perder o único filho que lhe restava nas mãos assassinas de um menino que ela criou como um neto muito amado. Um traidor criado para derrubar sua família de dentro. “Eva”, eu disse em saudação e caminhei em sua direção. Ela permaneceu em silêncio, me olhando com olhos de pedra enquanto parei a poucos metros de onde ela estava sentada. “Sinto muito”, disse, sentindo-me completa e totalmente esgotada. “Sobre Alfie. Sobre Freddie. Eu sinto muito mesmo.” Eva não reagiu, não vacilou. Em vez disso, ela ficou de pé e me encontrou frente a frente. Seus olhos percorreram todo o meu corpo. Eu me preparei, esperando por sua censura, por sua fria dispensa. Mas quando ela abriu a boca, disse, “Você matou Ollie Lawson.” Eu não conseguia falar, então simplesmente assenti. Eva passou por mim, mas quando sua mão envolveu a maçaneta, ela se virou para mim. “É um trabalho difícil, perigoso e às vezes ingrato ser a senhora do chefe desta empresa.”

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Eu levantei meu queixo com o desafio em sua voz. “Estou pronta para isso.” Eva inclinou a cabeça para o lado enquanto me olhava. “A estrada à frente será difícil. Arthur não vai descansar até ter Pearl de volta. Até que o resto das empresas Lawson sejam destruídas.” “Eu sei.” Eva olhou para o fogo crepitante na lareira, então encontrou meu olhar mais uma vez. “Talvez eu estivesse errada sobre você”, ela disse, e um calor explodiu em meu peito com essas palavras. Mas então ela deu de ombros, franzindo os lábios. “Veremos.” Com isso, ela deixou o nosso quarto, fechando a porta atrás dela, seu lampejo de aceitação trazendo um pequeno sorriso aos meus lábios.

Eu o encontrei nos túmulos deles. O sol começava a nascer sobre a igreja Adley, o amanhecer de um novo dia. O vento forte açoitava meu cabelo úmido, enviando arrepios na minha pele recém-esfregada. Eu estava desesperada para lavar a mancha da noite anterior do meu corpo. Mas a mancha na minha mente não iria embora, não importa quanta água o chuveiro tivesse derramado em mim. Os eventos da noite foram gravados em meu cérebro com a mesma certeza que a marca que a organização de Ollie ostentava orgulhosamente nos pulsos deles. Eu ainda estava entorpecida quando pensei em Hugo e meu pai. Sabia que nem sempre estaria. Mas era como se meu corpo não aguentasse mais dor, tivesse atingido seu limite nas últimas semanas. Rejeitou as emoções pesadas que tentavam me perfurar por dentro e criou uma armadura impenetrável ao redor do meu

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coração. Uma armadura que só baixava para minha nova família e, claro, para o rei que segurava meu coração em suas mãos. Meus pés esmagaram as folhas caídas no chão. Ao ouvir o barulho, Arthur olhou para trás e silenciosamente estendeu a mão. A mão que eu costumava sonhar que ele gostaria que eu agarrasse. O afeto fácil que ele deu agora. Ele estava olhando para os túmulos de sua mãe e irmã, uma carranca no rosto. Olhos grudados no novo terreno que havia sido cavado para seu pai, finalmente se juntando a sua amada esposa depois de todos esses anos sem ela. Nós o enterraríamos amanhã; diríamos nosso último adeus. Agarrei a mão de Arthur com força, dando-lhe o apoio silencioso de que ele sem dúvida precisava. Li o epitáfio sobre o túmulo de Pearl e respirei profunda e moderadamente. Não tínhamos ideia de quais restos mortais estavam enterrados neste pequeno cemitério Adley. Restos encontrados no local da casa de campo. Sem dúvida, plantado ali depois que Annie Adley e sua querida cabana se transformaram em nada além de pó. Coloquei minha cabeça no braço de Arthur, sentindo o peso que ele mantinha em seu coração. “Todos estão na sala de estar. Vinnie ainda está em seu quarto. Mas todo mundo está esperando... por você.” Arthur estava cansado, seus olhos azuis desgastados e destroçados de dor. Porque embora ele tivesse descoberto que sua irmãzinha estava viva, ele também descobriu que ela não tinha nenhuma lembrança de pertencer a esta família, dele. E ela os desprezava. Se Ollie estivesse correto, Pearl Adley agora estaria planejando uma guerra contra o irmão que ela nem sabia que tinha, em homenagem ao que era uma mentira.

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“Talvez possamos adiar a reunião para depois de dormirmos”, eu disse. Arthur ainda estava coberto de sangue seco. “Nossa família vai entender. Estamos todos no nosso limite.” “Não. Eu quero resolver isso.” Ele se virou para mim e me envolveu em seus braços. “Eu quero essa porra de noite resolvida.” Arthur respirou o cheiro do meu cabelo recém-lavado, ombros caídos como se minha mera presença o acalmasse, acalmasse a raiva que eu sabia que pulsava dentro dele, ainda em busca de mais vingança. Eu queria levá-lo para a cama, limpá-lo e apenas abraçá-lo, deixando-o saber que ele era amado, que era adorado. Mas eu também o conhecia. Ele levava a sério seu papel de chefe da família. Ele suportou o peso das pressões da empresa sem reclamar. Jurei que, de agora em diante, o ajudaria a compartilhar esses fardos. Eu aliviaria sua carga, mesmo que só pudesse cuidar dele depois que tudo estivesse terminado. Depois que pontas soltas fossem amarradas. Quando Arthur me soltou, ele acendeu um cigarro e colocou o braço em volta dos meus ombros, levando-nos de volta para a igreja, que agora era patrulhada pelo dobro de soldados Adley que antes. Agora que estávamos todos de volta a salvo, ele não queria correr nenhum risco. Entramos na sala de estar. Toda a família, exceto Vinnie e Gene, estava reunida nas cadeiras familiares. O fogo ardia e eu respirei o cheiro reconfortante de lenha queimando. Fiquei ao lado de Arthur enquanto ele servia dois gins no bar, minha mão em suas costas. Ele me passou um gim, depois se sentou em sua poltrona de costume, dirigindo-se ao círculo casual que formava suas reuniões de família. Arthur me puxou para seu colo e deu um beijo na minha nuca.

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“Podemos conseguir uma cadeira para Ches, sabe?” Eric disse, um sorriso malicioso no rosto. Foi a primeira dose de leviandade que o dia trouxe. “Ela fica bem aqui, porra.” Arthur colocou o braço em volta da minha cintura e manteve minhas costas coladas ao seu peito. Eu me acomodei contra seu calor, seu cheiro de tabaco e almíscar infiltrando-se em meus pulmões. Arthur abriu a boca para falar, mas Gene entrou pela porta. “Gene?” Eric se mexeu para a frente em seu assento, sem mais risadas em seu tom. “O que há de errado? Você está bem?” Gene assentiu. Ele apontou para uma cadeira sobressalente — a cadeira que Freddie costumava ocupar. “Está tudo bem se eu sentar?” Eu fiquei boquiaberta com ele. Gene queria participar da reunião de família. Ele nunca tinha se sentado em uma antes. Ele nunca havia feito qualquer tentativa de ser incluído nos negócios da família. Arthur e os outros sempre aceitaram que ele não desejava entrar para a empresa. Eu poderia dizer pelos olhos brilhantes e sorrisos ocultos direcionados para Gene, eles estavam mais do que bem com ele ocupando o lugar recém-vago. “Seu lugar é aqui”, disse Arthur, e Gene se sentou, com as bochechas ficando vermelhas sob a atenção de todos. Mas as palavras de Arthur pareceram afundar em seus ouvidos, e ele se endireitou na cadeira, como se finalmente tivesse encontrado um propósito, um caminho para sair do labirinto em que me confessou que sentia que vivia. Gene encontrou meus olhos e pisquei para ele. Seu lábio se curvou em um sorriso suave. Então seus olhos se voltaram timidamente para Charlie. Charlie, que já estava observando Gene, com uma expressão ilegível no rosto.

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Charlie só desviou o olhar quando Arthur falou com ele. Sentindo o calor brotar em meu peito, inclinei minha cabeça no ombro de Arthur, olhando para minha família devastada pela batalha, com amor e respeito absolutos em meu coração. Minha família. Eu tinha uma família de verdade agora. Como se sentisse meus pensamentos, o polegar de Arthur subiu e desceu em minha barriga, um gesto de conforto, de amor. “Todas as celas foram eliminadas. Não sobrou nenhum filho da puta”, disse Charlie. Ele colocou o cachimbo de volta na boca. “Informações foram enviadas para os agentes sobre o paradeiro das meninas traficadas e onde os Lawsons as estavam mantendo. Bem como uma lista de endereços de pessoas que têm uma ou mais delas em suas casas.” Charlie encontrou meus olhos. “Encontramos uma cela no apartamento de Ollie, onde ele mantinha as meninas que se pareciam com você. As que ele guardava para uso pessoal.” Meu estômago revirou, meu sangue esfriou em temperaturas congelantes. “Quando você estiver pronta, nós a levaremos lá, e o Velho Bill receberá uma dica de que Cheska Harlow-Wright foi sequestrada por Ollie Lawson e estava detida em sua casa o tempo todo.” Charlie balançou a mão no ar. “Nós vamos deixá-los encontrar você, criar uma história para você contar, então colocar toda a culpa nos Lawson. Você pode alegar que ele fugiu quando se meteu em problemas com alguém, deixando você lá. Então você pode esquecer toda essa merda e finalmente se tornar uma de nós.” Charlie piscou para mim e sorriu. “Ela já é uma de nós, porra”, disse Arthur, sem argumento em sua voz. “Apoiado”, disse Betsy, segurando sua bebida. Arthur se virou para Eric. “Alguma coisa sobre Freddie?” Eric mandou um dos soldados manter um dos homens

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Lawson vivo. O soldado ficou para trás na garagem quando saímos e obtivemos respostas antes de nos livrar dele também. “Exatamente o que o fodido rato nos disse”, Eric disse. “O pai dele se infiltrou no círculo do seu pai anos atrás. Ele era um dos braços direitos do velho Lawson, desde criança. Ele o enviou à nossa empresa para obter informações. Quando Freddie cresceu, ele foi criado para fazer o mesmo trabalho. Eles enviavam informações aos Lawsons. “Quando o pai dele morreu, Freddie ficou destruído, nos culpou e buscou sua vingança. Por anos, ele planejou com Lawson como eles nos derrubariam.” Eric acenou para mim. “O plano de Lawson para sequestrar Cheska foi separado daquele que era para nós.” Ele encolheu os ombros. “Mas então tudo mudou.” Respirei fundo para manter a calma. “Eles nunca esperaram que Cheska viesse aqui. A porra da mente estúpida de Ollie explodiu quando Cheska apareceu no Sparrow Room depois que seu ataque a ela falhou — Freddie disse a ele que vocês não se viam há mais de um ano, acreditavam que vocês haviam deixado Cheska de lado.” “Freddie não tinha planejado que as coisas dessem errado do jeito que aconteceu, mas quando Ronnie rastreou o vídeo que ele enviou para você sobre sua mãe, ele sabia que estava sem tempo. Que logo descobriríamos que tínhamos um rato entre nós.” Eric cerrou os dentes. “Quando seu pai acordou, Freddie sabia que poderia te pegar sozinho. Para a sorte dele, o despertar de Alfie coincidiu com a armadilha que ele havia deixado para nós no cais. De repente, ele encontrou uma maneira de pegar você, Ches e ele sozinhos na casa — Gene estar aqui era apenas uma oportunidade afortunada. Ele percebeu que poderia chegar até você enquanto o resto de nós estava nas docas lidando com o show de merda que eles haviam encenado.” Eric inalou. “Ele matou seu pai porque quis.”

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Arthur ficou tenso embaixo de mim. Peguei sua mão e leveia à boca. Beijei as costas da palma de sua mão e o senti relaxar, exalando lentamente pelo nariz. Vinnie veio correndo pelo corredor e entrou apressado na sala, cheio de raiva e fúria. Seus olhos estavam arregalados e seu cabelo estava mais bagunçado do que o normal. “Ela se foi”, disse ele freneticamente. “Pearl”, disse ele, com as mãos tremendo. “Eu não consigo encontrá-la. Ela se foi.” A alucinação. O espectro de Pearl que o manteve com os pés no chão, o manteve um tanto são. “Ela se foi!” Vinnie ficou imóvel. “O vídeo. A garota no vídeo. Ela a tirou de mim.” Ele parou, então, com os punhos cerrados, gritou, “Aquela puta impostora levou minha Pearl embora!” Charlie se levantou com as palmas para cima. “Acalme-se, Vinnie”, disse ele, aproximando-se de Vinnie como se ele fosse um animal selvagem. “Nós a traremos de volta”, ele disse suavemente. “Eu juro, vamos trazê-la de volta para você.” Vinnie expirou, ofegando como se estivesse prendendo a respiração por dias. “Você promete?” Ele disse a Charlie, agarrando-se às palavras de Charlie como se fossem uma âncora para a pouca sanidade que lhe restava. “Eu já menti para você antes?” Vinnie balançou a cabeça. “Não. Não, você nunca mentiu para mim antes.” “Vamos pegar uma xícara de chá. Tudo vai ficar bem.” Charlie conduziu Vinnie para fora da sala, deixando um silêncio mortal em seu rastro. “Ron?” Arthur disse, quebrando a tensão que a explosão de Vinnie havia trazido. Ronnie respirou fundo, preparando-se para transmitir as informações sobre Pearl que ela conseguiu encontrar depois que voltamos para casa. “É verdade. É tudo verdade. Pearl está viva e

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atende pelo nome de Annie Lawson.” Ronnie balançou a cabeça. “Não sei por que ela não se lembra de você, ou de sua família real, mas está claro que algo aconteceu para fazê-la esquecer tudo.” Vera acenou com a cabeça para Ronnie continuar. “Para todos os efeitos, Ollie era o irmão mais velho dela.” Arthur ficou imóvel. “Eles a levaram para a Suíça, para afastá-la desta família. E lá ela foi criada, educada, ainda mora. Ollie a visitava o tempo todo. Pearl dirige o negócio dele de drogas na Suíça.” “Quem diabos são eles?” Arthur perguntou, sua voz áspera como vidro cortado. “O Grupo respiração.

Sidel”,

disse

Ronnie. Arthur

prendeu

a

“Você está brincando comigo”, disse Eric. Procurei uma explicação em Arthur. Sua expressão era de pedra, mas seu olhar azul queimava com fogo. “Nossos maiores rivais na Europa”, disse Arthur. “Sua irmã dirige o rival europeu?” “Eu... nós... nunca tínhamos ouvido falar dela pelo nome antes”, disse Vera. “Eles a mantiveram escondida — obviamente. Mas ela é a chefe dos Sidels agora. Nenhuma dúvida sobre isso. Assumiu quando o pai deles – de Ollie – morreu no ano passado. Não temos ideia se ela sabe que foi Ollie que o matou. Nós apenas sabemos que é ela.” Arthur riu, mas não havia humor nisso. “Minha irmãzinha é nossa rival. Ela nos odeia e, de acordo com Lawson, vai colocar uma recompensa por nossas cabeças por sua morte.” “Vamos resolver isso”, disse Betsy a Arthur. Eric acenou com a cabeça para Betsy em concordância. “Pearl está segura... embora ela não nos conheça mais como sua família. Ela está segura lá na Suíça, e ela está viva. Pelo menos podemos nos consolar com isso.” Betsy tomou sua bebida. “Nós a traremos de

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volta. De alguma forma, Arthur, vamos trazê-la de volta para nós. Para Vinnie... para você.” Arthur exalou e eu podia ouvir a exaustão em sua respiração pesada. Coloquei minha mão em sua bochecha e virei seu rosto para mim. “Vamos para a cama. Vamos limpar você e dormir um pouco. Podemos voltar a isso outra hora. Nós ganhamos. Estamos todos seguros. Agora é hora de descansar um pouco.” “Ela está certa”, disse Vera, levantando-se cansada. “Estou exausta. Todos nós estamos. Não só tenho olheiras como também inchaço sob os olhos.” Ela pegou a mão de Ronnie, segurando-a como se ela nunca pudesse soltá-la. “Nós vamos dormir um pouco também.” Levantei-me da cadeira e, mantendo minha mão na dele, conduzi Arthur da sala de estar e direto pelo nosso quarto para o banheiro. Tirei suas roupas. Arthur me observou em silêncio, o calor queimando em seu olhar. Liguei o chuveiro e tirei minhas roupas também. Entrei no chuveiro com ele e comecei a limpar o sangue que ainda grudava em sua pele. Arthur não tirou os olhos de mim o tempo todo. Era como se ele não pudesse acreditar que eu estava aqui com ele. Como se não quisesse fechar os olhos para o caso de eu desaparecer. Quando a água escorria de vermelho para transparente, desliguei o chuveiro e gentilmente enxuguei nós dois. Eu o levei para a cama. Ao lado dele, coloquei minhas mãos no rosto de Arthur e o beijei. Arthur não hesitou em enfiar sua língua em minha boca, deslizando-a contra a minha. Suas mãos me envolveram, uma gaiola de ferro, me trazendo para seu peito, sua dureza pressionando contra minha barriga. Eu gemia ao senti-lo, e Arthur me deitou na cama. Minhas costas pressionadas contra o edredom macio, e ele saiu da minha boca e beijou meu pescoço, afastando os acontecimentos terríveis

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da noite passada da minha mente, em vez disso, trazendo-me nada além de prazer, calor e amor. Ele beijou minha barriga e meus quadris. Eu movimentei meus quadris enquanto ele alargava minhas pernas, querendoo, precisando dele dentro de mim. Seus olhos azuis encontraram os meus enquanto ele separava minhas coxas e depois lambia minha buceta. Eu gritei enquanto ele chupava meu clitóris, enquanto empurrava seus dedos dentro de mim e lutava para que eu esquecesse esta noite e apenas ficasse com ele. O homem que amei. Aquele que veio atrás de mim, aquele que me salvou. Uma e outra vez. Eu tinha me apaixonado por ele aos treze anos e agora estava com ele. Em sua casa, uma parte de sua família, orgulhosamente ao seu lado. “Arthur...” gemi, passando minhas mãos por seus cabelos. Arthur rosnou enquanto eu puxava os fios, e ele me lambeu mais forte e mais rápido até que estava uma bagunça ofegante na cama, meus olhos fechando quando meu orgasmo se aproximava. Arthur me pressionou até que eu gritasse, minhas coxas trêmulas tentando fechar em torno dele, a onda de prazer demais para suportar. Sem me dar um minuto de descanso, Arthur rastejou acima de mim, seu corpo poderoso e musculoso sufocando o meu. Enquadrando minha cabeça com os braços, ele empurrou dentro de mim, preenchendo-me de uma maneira que quase perdi a cabeça. Ele empurrou em mim forte e rápido, seu olhar nunca se desviando do meu. “Eu te amo”, eu disse, e ele gemeu, esmagando seus lábios nos meus. Ele me beijou até que eu não podia respirar, até que tive que arrancar minha boca de seus lábios para sugar o ar tão necessário.

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Mas a boca de Arthur nunca deixou minha pele, provando cada centímetro. Estávamos úmidos do chuveiro e do calor crescente entre nós. Eu arranhei suas costas, e ele baixou sua testa na minha enquanto bombeava em mim. Meus olhos rolaram para trás, e o prazer familiar cresceu tanto até que tudo que eu podia cheirar, sentir e provar era Arthur. Até que ele estava dentro de mim, junto de mim, sua alma se fundindo com a minha. “Arthur.” Eu gozei, meus seios pressionando contra seu peito enquanto o segurava com força contra mim. Arthur gemeu, então, entrando em mim uma última vez, ele se acalmou, rugindo sua liberação. Eu me agarrei a ele. Eu o segurei enquanto ele recuperava o fôlego, gotas de suor se formando em sua testa escura. Arthur beijou-me suavemente, beijou-me até que puxou a cabeça para trás e, certificando-se de que segurava o meu olhar, murmurou, “Amo você, princesa. Te amo pra caralho.” Meu coração saltou para minha garganta ao ouvir essas palavras escaparem facilmente de seus lábios. Ao ver a sinceridade no belo rosto de Arthur ao pronunciar aquelas três palavras, um profundo afeto em sua voz rouca. “Eu também te amo”, eu sussurrei de volta, colocando minha mão trêmula em sua bochecha. Arthur beijou minha palma e rolou de costas, levando-me com ele. Ele passou o braço em volta de mim enquanto me estendia sobre o peito. Depois de alguns minutos, nossa respiração difícil voltou ao normal e Arthur acendeu um cigarro. Eu olhei para seu rosto, mudando para que ele pudesse me ver e eu pudesse vê-lo. Afastei uma mecha de cabelo preto caída da armação de seus óculos. “Você veio por mim.” Ele segurou meu olhar. “Eu iria para a porra do inferno por você, princesa.”

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Sorrindo, tracei meu dedo ao longo de seus músculos abdominais. “Você é o diabo, não é? O inferno é o seu domínio. Você pode simplesmente entrar.” As narinas de Arthur dilataram-se e vi o puxão de diversão em seus lábios. “Então você não tem nada com que se preocupar”, disse ele. “Ninguém fode com o diabo.” Ele se inclinou para frente e segurou meu queixo. Ele abriu meus lábios e soprou a fumaça em minha boca. Fechei os olhos e inalei a nicotina, sentindo-a correr pelo meu sangue. Quando exalei a fumaça e abri os olhos, ele disse, “E ninguém, a partir de hoje, se atreverá a foder com minha rainha das trevas novamente, ou trarei a ira de um milhão de demônios sedentos de sangue para a porra da porta deles.” Eu acreditei nele. Eu tinha visto a expressão em seu rosto quando fui arrastada da sala dos fundos, com as mãos amarradas e o rosto espancado. Se a fúria tivesse um corpo físico, seria Arthur naquele momento. Arthur acariciou minha bochecha com o polegar. “Você está bem, princesa?” Eu sabia que ele estava se referindo ao meu pai e Hugo. Eu pensei neles. Balancei minha cabeça, mas as emoções que eu sabia que estavam dentro de mim estavam entorpecidas agora, trancadas em uma jaula familiar. Contidas para me impedir de desmoronar. “Não”, eu confessei. “Mas ficarei.” Sorri para ele e beijei seu peito, bem sobre seu coração. “Agora que estou com você, eu ficarei.” Arthur colocou o cigarro na boca e me puxou para o peito, de modo que meu rosto pairou diante do dele. Era meu movimento favorito dele. Era como se eu não pesasse absolutamente nada. “Você matou Lawson.” Arthur examinou meu rosto. “Você matou Lawson, porra.” “Ele mereceu”, eu disse. O orgulho passou pela expressão preocupada de Arthur. Fui sincera. Não havia uma parte de mim

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que se arrependesse de tirar a vida de Ollie. Ele estava com a arma apontada para a cabeça de Arthur depois de abrir um buraco no coração dele por causa da irmã. E eu não aguentava. Tive que agir. Ollie trouxe muita dor e morte para a vida de muitas pessoas. Eu não poderia me arrepender de acabar com a vida de alguém que só machucaria mais e mais pessoas se sobrevivesse. E ninguém machucava meu Arthur. “Minha rainha”, Arthur disse, suas palavras cantando para minha alma. Ele passou os braços em volta de mim e me apertou contra o peito. “Minha maldita rainha escura e corrompida. A peça mais importante do meu tabuleiro”, ele sussurrou. “A porra da peça mais importante da minha vida de merda.” Meu peito explodiu com calor, suas palavras curando todos os nervos cortados que eu tinha dentro de mim, prendendo-me ainda mais em sua alma. Um pouco depois, a respiração de Arthur se equilibrou. Levantei a cabeça e, sorrindo, tirei o cigarro ainda aceso de seus lábios e apaguei-o no cinzeiro ao lado dele. Então eu coloquei minha cabeça no peito de Arthur e fechei meus olhos também. Minha vida me trouxe escuridão e dor, mas eu não poderia me ressentir quando aquela escuridão falou com a escuridão dentro dele. Juntos nos ergueríamos, e juntos viveríamos felizes em nosso reino das trevas. Encontraríamos Pearl e a iriamos trazer de volta para nós. De alguma forma, nós iriamos trazê-la para casa finalmente. Até então, eu o tinha e ele a mim. Meu senhor de London Town, e eu, sua senhora, que estava ao lado dele, orgulhosa de abraçar a escuridão.

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EPÍLOGO ARTHUR

Um mês depois

Caminhamos para os fossos, cada filho da puta nos olhando enquanto passávamos por eles. Meu braço estava em volta dos ombros de Cheska, e sua cabeça estava alta enquanto todos os idiotas ficavam boquiabertos. Eu dei uma tragada no meu cigarro, passando pelas lutas e indo em direção aos fossos de morte. Cheska estava vestida de preto, aquela porra de calça de couro que ela adorava exibindo sua bunda com perfeição. Eu encarei qualquer um que tentasse olhar para a minha garota, morte em meus olhos para qualquer um que ousasse ficar com a porra de uma ereção com a presença dela. Quando chegamos aos nossos assentos no fosso principal, virei a garota de Chelsea para me encarar e esmaguei meus lábios nos dela. Cheska gemeu em minha boca e passou a mão pelo meu abdômen, segurando meu pau e me fazendo perder a porra da minha cabeça. Rosnando, eu me afastei, prometendo com meu olhar intenso que iria transar com ela mais tarde. Bem aqui, nos fossos, contra a parede. “Bem, essa foi a porra de uma entrada”, disse Royal, vindo atrás de mim e me dando um tapa no ombro. Eu me virei e sorri. “Cuidado, irmão, você quase abriu um sorriso. Foi perturbador pra caralho”, ele disse.

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“Seu garoto está pronto?” Eu perguntei, cutucando meu queixo no primo mais novo de Rudge. “Ele está chateado esta noite, então eu apostaria bastante nele se você quiser ganhar libras até o final da noite. Sempre luta melhor quando está de mau humor.” “Cinco mil no Hangmen”, disse Cheska ao nosso agenciador de apostas, ouvindo claramente o que Royal havia dito. Balançando a cabeça em diversão, Royal voltou para seus meninos, e eu me sentei ao lado de Cheska. Eu a levantei de seu assento e a coloquei no meu colo, onde era seu lugar. Seu braço enrolado em meu pescoço, e meu braço em volta de sua cintura dizia a cada bastardo nesses fossos, em todo o maldito submundo de Londres, que ela era minha. Que ela era a porra da minha rainha das trevas e nenhum desses idiotas tocaria um fio de cabelo em sua cabeça, ou eles enfrentariam minha maldita ira. “Minha vez”, Eric disse quando o atual campeão no fosso quebrou o crânio do seu oponente, matando-o com um golpe. Eric se levantou de seu assento. Ele se moveu em direção à borda do fosso e olhou para Betsy com um sorriso no rosto. “Eu ganho essa, e esta noite, vou foder sua bunda.” “Seu desejo, porra”, ela retrucou, mas sorriu para si mesma e desviou o olhar. Charlie balançou a cabeça para eles, então se inclinou para mais perto de Gene, retomando a conversa que estavam tendo. Era a primeira vez do garoto aqui. E ele parecia estar levando isso melhor do que eu esperava. Esperamos para voltar até que Cheska encenasse a história que Charlie planejara para ela e fosse “encontrada” no apartamento de Lawson. A porra do mundo inteiro agora conhecia Lawson pelo idiota ordinário que ele era. Cheska havia rompido

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com os negócios da família, apenas um membro silencioso do conselho, e depois mudou suas coisas comigo para a igreja. E ela nunca iria embora, porra. Não havia nada de Pearl ainda. Mas sabíamos que seu povo estava em movimento. E vindo para a porra da nossa cidade. Eu estaria pronto para ela. Pronto para lembrá-la de quem diabos ela era. Ela estava voltando para nós — do jeito fácil ou difícil. “Coloque-me dentro”, disse Vinnie, ficando bem na minha frente, sem camisa e os punhos cerrados. Seus olhos estavam vermelhos e enlouquecidos. Desde que Pearl havia “desaparecido” do seu lado há algumas semanas, ele havia perdido peso, estava pálido. Meu irmão tinha perdido a porra da cabeça. Eu apontei com meu queixo para o segundo fosso atrás de nós, e Vinnie se lançou, sem dúvida, para arrancar a cabeça de algum filho da puta e jogá-la na arena.

Cheska não se afastou de mim a noite toda, Vera e Ronnie conversando com ela ao meu lado. Em seguida, os fossos esvaziaram-se e a verdadeira diversão começou. Eu dei um tapa na bunda de Cheska, e ela saiu do meu colo; Eu me levantei, tirando meu paletó, camisa e gravata. Os Hangmen, os irlandeses e os ciganos ficaram, como sempre. E meus soldados trouxeram a mesa de armas para a cova. Pulei no fosso e estalei o pescoço de um lado para o outro. Meu soldado trouxe o primeiro idiota que se atreveu a foder com minha empresa. O capuz de juta foi arrancado de sua cabeça, e ele praticamente cagou quando eu estava diante dele. Eu acendi meu cigarro e respirei fundo, deixando a fumaça encher meus pulmões.

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Eu balancei meus braços largos. “Bem-vindo ao Tribunal Adley. Você é acusado de ser um traidor. A palavra de um Adley é seu vínculo.” Eu apontei para seu rosto. “Um vínculo que você quebrou. E estou aqui para cobrar.” Cuspi na arena na frente do idiota no chão e virei minha cabeça para a mesa de armas. “Escolha sua arma.” O idiota não tentou protestar ou implorar por sua vida. Ele sabia a porra do placar. Ele agarrou um pé de cabra e se preparou para lutar. Eu olhei para cima, para Cheska. “Venha aqui, princesa.” Cheska se levantou como a porra da rainha Adley que era. Ela desceu as escadas até o fosso e ficou bem ao meu lado. Seu perfume de rosa estava me deixando louco. Seus olhos fixos nos meus, e seus lábios fodidos pareciam muito perfeitos pintados de vermelho brilhante. Então eu peguei sua boca, minha garota gemeu em minha boca e agarrou meu peito nu enquanto eu empurrava minha língua contra a dela, manchando seu batom vermelho. Eu me afastei, duro pra caralho por sua buceta e pela morte que eu estava prestes a causar. Limpei o vermelho do meu rosto e mantive meu polegar sobre seus lábios, antes que ela o pegasse em sua boca e mordesse com força. Cheska encontrou meus olhos enquanto eu assobiava, a porra da cabeça erguida, possuindo a mim e a todos nesta porra de fosso. “Escolha uma”, eu disse a Cheska, apontando para a mesa de armas. Cheska caminhou até a mesa, o cabelo castanho balançando nas costas e segurando meu coração negro em suas mãos. Ela pegou a lança e voltou para mim. Ficando na ponta dos pés, ela me beijou na boca. Então, olhando para o filho da puta traidor no chão, ela colocou a lança na minha mão esperando. “Baby?” Ela disse, os lábios curvados em desgosto.

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“Sim, princesa?” “Faça-o gritar.” Então eu fiz.

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