03 Chaos - Deathstalkers MC by Alexis Noelle

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TRADUÇÃO: IRIS REVISÃO INICIAL: LUNA REVISÃO FINAL: STEFANI LEITURA FINAL: KAROLINE CONFERENCIA: IRIS & LORELAI FORMATAÇÃO: IRIS

Esta é minha vida. Não há outra maneira de descrever isso. Como Sargento das Armas do Deathstalkers MC, meus dias estão cheios de loucura e merda constantes. Mas eu gosto. É quem eu sou. E sobre o que eu sou. Finalmente, depois de anos de inferno, tudo parece estar exatamente onde deveria estar. Exceto com ela. Ela está longe de onde deveria estar. Tracie está muito determinada a estar com alguém que não é "um de nós". Delirante. Isso é o que ela é. Absolutamente insano às vezes. Esses idiotas não podem lidar com ela. Nunca serão capazes de lidar com ela. E eu estou prestes a mostrar a ela o porquê. E ela finalmente entenderá. Porque esta vida não é para todos, especialmente quando o perigo espreita nas sombras de todo o caos .

A todas as pessoas que me ajudam, sou muito grata. Citando alguns Rachael Duncan, Stephanie Phillips, Missy Borucki, Desirae Shie, Marisa-Shor, Shelly Shur e Tbird London. Também aos meus amigos, família e meu marido, obrigada pelo apoio diário.

Para os leitores que amam a história e os personagens, vocês são minhas estrelas do rock!

Eu arrasto o pano para baixo do bar sujo, balançando a cabeça com a bagunça que esses meninos podem fazer. O Shooter me diz que sou jovem demais para festejar com eles, particularmente, acho que isso é besteira. Estive no clube nos últimos três anos. Tenho certeza de que, neste momento, não há nada que eles possam fazer para me surpreender. Olhando para o desastre ao meu redor, posso dizer que essa foi a maior festa que eles tiveram há um tempo. Amanhã eles estão perdendo um deles. Viper está indo embora e os meninos queriam dar a ele uma despedida adequada. O que basicamente significa que o clube estava cheio de mais putas do que eles podiam suportar e que levarei o dobro do tempo para deixá-lo apresentável novamente. Não posso deixar de me sentir ressentida limpando depois de uma festa que eu não tinha permissão para participar. Desde que meus pais morreram em um acidente de carro, Shooter, nosso presidente, tem sido basicamente meu pai adotivo. Meu pai de verdade era o VP1 desse clube, ele e Shooter cresceram juntos, então eu o conheço a vida toda. Minha mãe sempre quis mais para mim do que ser uma das garotas andando pelo clube. Uma das últimas coisas que ela me disse antes que ela e meu pai saíssem naquela noite foi sobre encontrar um cara legal fora deste mundo. Ela sabia o quão violenta essa vida poderia ser e queria que eu encontrasse amor em algum lugar que eu pudesse respirar tranquila à noite. Não que eu tivesse escutado. Eu era 1

Vice-Presidente.

teimosa como o inferno. O fato de ela ter me dito para não querer um motoqueiro apenas me fazer querer ainda mais. Saio de trás do bar para tentar arrumar a sala principal, meus sapatos grudando no chão sujo. Quando me abaixei para pegar algumas garrafas perdidas, ouço o som de pés no chão pegajoso atrás de mim. Eu giro rapidamente para ver Viper parado lá. Ele assumiu o cargo do meu pai como VP. Ele balança na minha frente pelas enormes quantidades de álcool que tomou hoje à noite. ― Ei, pensei que todos vocês já tivessem desmaiado. ― Eu sorrio, enquanto passo por ele e jogo as garrafas no lixo. ― Nah, eu percebi que esqueci alguma coisa. ― Ele se aproxima, o cheiro de álcool escorrendo de seus lábios arrebitados. ― Ok, eu vou sair do seu caminho. ― Eu tento passar por ele novamente, mas ele fica na minha frente. ― Você nunca festeja conosco, é uma pena. ― Ele dá outro passo à frente e eu dou um para trás. Os alarmes estão soando na minha cabeça e tudo que consigo pensar é que preciso sair daqui rápido. ― Sim, bem, o Shooter diz que sou muito jovem. ― Meus olhos disparam em volta procurando uma fuga enquanto o pé em sua bota dá outro passo em minha direção. ― Esse sempre foi o problema dele. Ele a vê como uma garotinha. Mais um passo. ― Eu vejo você como uma mulher. Mais um passo. ― É hora de alguém te tratar como uma.

Eu pulo na cama, meu corpo inteiro coberto por uma camada de suor. Meu coração parece que vai sair do meu peito. Eu puxo minhas pernas para mim enquanto meu corpo treme de medo. Apenas uma maldita noite. Eu só quero uma noite para escapar dele. Passando a mão pelo cabelo, olho para o relógio para ver que são apenas cinco da manhã. Jesus. É por isso que sou sempre um maldito zumbi. Dormir quatro ou cinco horas por noite afeta você depois de um tempo. Especialmente quando na hora em que você deveria descansar é quando seus demônios vêm atrás de você. Pego algumas roupas e vou para o corredor, precisando lavar a memória dele. Faz mais de seis anos desde aquela noite, não que isso importe. Entro na água fechando os olhos e rezando a silenciosa oração que faço todos os dias. Eu rezo para esquecer. Eu ouço a porta do banheiro abrir e estou cheia de aborrecimento. ― Olá! Eu estou aqui! ― Juro que nenhum desses garotos tem qualquer respeito pela privacidade. Depois do ataque, fiquei muito mais nervosa do que sou agora, confio em todos os caras aqui e sei que eles nunca me machucariam. ― Sim, eu sei princesa. Eu só preciso mijar. Aquela voz. Torch. Ele veio para o clube cerca de sete anos atrás e tem sido um maldito espinho no meu pé desde então. Tenho certeza de que ele provavelmente veio aqui de propósito apenas para me irritar.

― Vocês não podem fazer essa merda em qualquer lugar? Não é uma das vantagens de ser homem? Ele ri. ― Estou ofendido. Você acha que eu sou um animal? ― Seu tom sarcástico me irrita. ― Vocês todos são. Eu vejo sua sombra se aproximar do chuveiro e meu batimento cardíaco acelera. ― Oh, querida, se você quer um animal, diga a palavra. Eu engulo minhas palavras. Metade de mim temia que ele tentasse alguma coisa, a outra metade odiando que eu deixasse Viper afetar a maneira como vejo todos os outros homens. Conheço Torch há anos e minha mente racional sabe que ele nunca me machucaria. Essa parte de mim não é a mais barulhenta agora. Eu me encosto contra o azulejo frio, ganhando a maior distância possível. Eu me sinto como aquela garota assustada de todos aqueles anos atrás. Piscando para afastar as lágrimas que eu sei que não deveriam estar lá, eu tento segurar meus membros trêmulos. Ouço passos e a porta se fecha. Eu sei que ele provavelmente acha que conseguiu o melhor de mim. Que eu estar sentada aqui, chateada e tentando encontrar uma resposta espertinha. Isso está tão longe da verdade. No momento, estou segurando os pedaços de mim que foram reunidos ao acaso e nunca realmente curados. Estou tentando não desmoronar. Eu não vou quebrar Eu não serei fraca. Eu nunca darei a outra pessoa o controle sobre mim novamente.

Depois de me vestir, vou para a sala comum e vejo a maioria dos caras sentados conversando uns com os outros. Torch está em uma das pequenas mesas, seus olhos imediatamente encontrando os meus. Eu não mantenho seu olhar, em vez disso vou até onde Shooter está sentado com nosso atual VP, Twisted. ― Ei, hoje estou indo cedo para o clube para fazer um inventário e outras coisas. ― Eu me inclino, dando um abraço em Shooter. ― Tudo bem, me avise se você precisar de alguma coisa, ok? ― Os olhos do Shooter me estudam e, por um minuto, me pergunto se ele pode ver através de mim. Se ele sabe que algo está errado. Os caras sabem o que aconteceu comigo todos esses anos atrás. O que eles não sabem é como isso ainda me assombra. Ninguém vê esse meu lado. ― Hey, Trace? ― Olho para Twisted. ― Você está bem? ― Seus olhos me estudam. ― Sim, tudo bem. Só por não ter meu próprio banheiro neste inferno de testosterona. ― Eu dou de ombros para ele e depois saio. Eu poderia pagar minha própria casa, se quisesse, mas não posso me obrigar a sair. Mesmo que tenha sido aqui que aconteceu, também é o único lugar em que me sinto segura. Parte disso é porque eu sei que os caras fariam qualquer coisa por mim. A outra razão é porque aquele idiota não é mais bem-vindo aqui. Os caras descobriram o que aconteceu quando ele tentou ir atrás de outra Old Lady no dia em que voltou. Ele está fora do clube desde então. Este é o único lugar que eu sei que estou a salvo dele, protegida.

Entro no meu carro e vou para Ambrosia. É o clube administrado pelo MC e depois que eu completei 21 anos, o Shooter me colocou no comando. Isso me dá algo para fazer com os meus dias, além de andar pela casa do clube. Meu telefone vibra no meu bolso e vejo que é Randy me mandando uma mensagem. Ele está perguntando se eu quero encontrá-lo para jantar hoje à noite. Respondo que sim, mesmo que eu realmente não tenha nenhum interesse nele. Estamos namorando há cerca de dois meses. Depois que perdi minha mãe, hesitei em me envolver com um irmão, foi a última coisa que ela me pediu. Eu quase senti que a trairia namorando um deles. Depois de Viper, o pensamento de estar com um deles me assusta. Randy

é

seguro.

Ele

é

contador

em

alguma

empresa,

completamente e totalmente chato de todas as maneiras possíveis. Torch está sempre me dando merda sobre os caras que eu namoro, mas tem sido mais frequente ultimamente. Tudo o que ouço dele agora é como estou brincando comigo e que esses caras de terno não podem me fazer feliz. Não posso dizer que ele não está certo. A emoção que sinto quando estou com os caras, do jeito que sinto quando Torch passa a mão no meu braço, não se compara ao silêncio de estar com qualquer cara normal. A diferença é que o normal não o matará, o normal não o quebrará em um milhão de pedaços irreconhecíveis. Entro no clube e vou para o escritório dos fundos. Andando atrás da mesa eu congelo. O cofre está aberto. Alguém esteve aqui. Pego meu telefone e ligo para Shooter, mas ele não atende. Minha próxima ligação é Twisted, mas também cai no correio de voz dele. Caralho, o que diabos eles estão fazendo? O próximo na lista é Torch. Ele atende depois de dois toques. ― Já sentiu minha falta, princesa?

― Alguém esteve aqui. O cofre está aberto. ― Eu falo rapidamente, meu medo evidente no tremor da minha voz. ― Cacete. Estou chegando. Eu ouço um estrondo e meu estômago cai. ― Eles ainda estão aqui. ― Tento sussurrar, mas ainda quero que ele me ouça. ― O que? Onde você está, Trace? ― Eu posso ouvir o pânico crescendo em sua voz profunda e o bater de botas. Ele deve estar correndo. ― Eu estou no escritório. ― Meus dentes roem meu lábio inferior. ― Tranque a porta! Eu preciso pegar minha moto. Ligue para o Whip. Ele está no clube e fique ao telefone com ele. ― Eu concordo com a cabeça. ― Tracie! ― Tudo bem. ― Dou alguns passos para a porta e a tranco. ― Eu estarei aí o mais rápido possível. ― A linha cai. Afasto o telefone da orelha e vou até o número de Whip. Um barulho alto na porta me faz gritar, e eu largo meu telefone. Ele derrapa pelo chão e para bem na frente da porta. ― Eu sei que você está aí. ― Uma voz soa do outro lado. Eu não sei de quem é. A porta treme do homem batendo nela. Eu me afasto para trás, me colocando entre a parede e o armário de arquivos. O pequeno espaço me faz sentir como se estivesse sufocando. Isso me traz de volta à última vez em que me senti tão desamparada. Os gritos do outro lado da porta ficam emudecidos.

Eu posso sentir o pânico começar. A ansiedade crescendo no meu corpo. Eu posso ouvir a voz dele no meu ouvido. ― Não grite, ninguém virá. Eles não vão ouvir você. Eu posso sentir a mão dele em volta da minha garganta. A maneira como seu corpo pesado envolve o meu, fazendo me sentir presa. Não há escapatória. Lágrimas escorrem pelo meu rosto. Eu posso senti-lo me puxando. Dessa vez eu luto. Meus pés batem com força enquanto raspo minhas unhas em qualquer pele que elas possam encontrar. ― Tracie! Aquela voz. É diferente. Abro os olhos para ver Torch em pé na minha frente. Uma mistura de raiva e medo gravada em seu rosto. Sua mão chega para mim e eu recuo. ― Sou eu, vamos lá. ― Sua voz que normalmente é áspera como unhas está quase calma e me tira do estado frenético em que estou. Desta vez, ele apenas estende a mão para mim e espera que eu a pegue. Depois de um minuto, deixo que ele me ajude a sair do pequeno espaço. Enquanto me levanto, ele parece estar me avaliando.

― O que aconteceu? Whip disse que você não ligou. Eu verifiquei o clube, mas quem quer que seja deve ter saído daqui quando ouviu a moto. Todo mundo está a caminho. ― Olho para a porta, que está pendurada nas dobradiças agora. Suas mãos percorrem meus braços em uma tentativa de me confortar. ― Você precisa falar comigo. Diga algo. ― Eu larguei meu telefone. Ele caiu de fora da porta. ― Meu peito está pesado, mas felizmente a ansiedade está começando a se acalmar. ― Merda, você está bem? Eu concordo. É mentira. Eu não tenho estado bem por anos. Eu agi como se eu não desse a mínima, porque é a única maneira de esconder minha dor deles. ― Você está bem em ficar aqui? Eu preciso verificar o resto do lugar. Eu posso ouvir o barulho das motos. A cavalaria está aqui. ― Sim. ― Dou alguns passos laterais e afundo em uma cadeira. Descansando a cabeça nas mãos, tento me concentrar na respiração, estabilizando-a, recuperando o controle que trabalhei tanto para desenvolver e manter todos esses anos.

Saio do escritório não querendo nada além de ficar ao lado dela. Eu preciso verificar o clube, descobrir como o bastardo entrou e caçar sua bunda. Há uma garrafa quebrada atrás do bar, que provavelmente é o que Tracie ouviu quando estávamos ao telefone. Graças a porra ele derrubou. Isso lhe deu tempo suficiente para trancar a porta antes que ele pudesse chegar até ela. O pensamento de que alguém estava perto o suficiente para chegar até ela me faz querer jogar meu maldito punho contra a parede. Eu quero Tracie há anos. Ela sempre se distanciou de mim, pelo menos mais do que uma amizade. Ultimamente, estou ficando impaciente. Ela está saindo com mais frequência com um bando de idiotas. Na minha mente, ela já é minha, só preciso fazer ela entender. Quem esteve aqui hoje pagará por se aproximar dela. ― Torch! ― Ouço Shooter chamar meu nome e sair para o andar principal. ― Que porra está acontecendo? ― Alguém invadiu. Trace disse que quando ela entrou no escritório, o cofre estava aberto. Ainda não verifiquei. Quem quer que fosse, ainda estava por perto quando ela chegou aqui. Felizmente eles quebraram uma garrafa e ela ouviu. Se trancou no escritório até que eu pudesse chegar aqui. Ela está bem abalada.

― Você está brincando comigo? ― O Shooter pega um copo na barra e o joga na parede. ― Encontre o filho da puta e mostre a ele exatamente o que acontece quando você fode com a propriedade e os membros do Deathstalker. ― Ele passa por mim em direção ao escritório, sem dúvida para verificar Tracie. Embora ela não seja um membro oficial, todos sabem que ela é propriedade do clube. Ela é protegida por nós da mesma forma que a Old Lady de qualquer irmão. Também é do conhecimento geral que este lugar é nosso. Quem estava aqui deve ter um desejo de morte. ― Alguma pista? ― Twisted está olhando para mim. ― Não. A porta dos fundos está quebrada. As câmeras estavam funcionando, mas aposto que o idiota fez questão de se cobrir. Não sei tudo o que foi tirado. Ele se foi antes de eu chegar aqui. ― Esfrego minhas mãos no rosto. Eu estava muito atrasado. Forcei minha moto ao máximo para chegar aqui, mas ele deve ter me ouvido chegar. ― Jesus. Vou ligar para os prospectos e conseguir alguém com Nikki. ― Nikki é a Old Lady de Twisted, eles têm uma menina de quatro anos chamada Lily. Eu sei que ele está pensando que, se isso não for aleatório, sua família pode ser um alvo, especialmente porque ele é VP. ― Eu acho isso inteligente. Vou dizer a Whip que ele deveria colocar alguém em Lucy, principalmente porque ela está grávida. ― Ele acena para mim antes de pegar o telefone e se afastar. Depois de enviar uma mensagem para Whip, decido que vou ficar de olho em Tracie. Não quero arriscar que talvez o clube não fosse o alvo principal e ela fosse. Volto para o escritório e vejo Shooter agachado atrás da mesa. ― Eles limparam tudo. Tudo se foi. ― Puta merda. ― Estou convocando uma missa hoje à noite. Espalhe a notícia. ― Eu aceno para ele.

Ele caminha até Tracie. ― Ei, você está bem? Ela assente para ele. ― Eu vou atribuir um dos prospectos para você. ― Eu faço isso. ― Ambos se voltam para olhar para mim. Hoje não cheguei aqui a tempo. Não vou cometer esse erro novamente. Os olhos de Tracie se arregalam e parece que ela está prestes a dizer algo quando Shooter dá alguns passos em minha direção. ― Lá fora. Agora. Eu o sigo e uma vez que estamos fora do alcance auditivo, ele se vira para mim. ― Que porra você está fazendo? Todos sabemos que você tem uma queda por ela, mas agora não é a hora. Se você acha que esse detalhe vai te colocar nas suas malditas calças, então... Eu o cortei, o que eu sei que é perigoso. ― Eu quero fazer isso para mantê-la segura. Se eu a quero ou não, não é o problema. Eu a protegerei. ― Minha voz está firme. ― É melhor você não estragar tudo. ― O Shooter se afasta de mim. Volto para o escritório e Tracie está onde a deixamos. ― Posso te levar a algum lugar? Ela olha para mim. ― Não, eu ainda tenho trabalho a fazer. ― Ela se levanta, caminhando instável até a mesa e pega alguns papéis soltos. Suas mãos ainda estão tremendo e eu sei que ela está tentando fazer alguma besteira como se estivesse bem, mas eu vejo através disso. Vou até ela e pego os papéis dela. ― Isto pode esperar. Seus olhos encontram os meus e o medo neles é esmagador. Estendo a mão para puxá-la para mim, mas ela se afasta.

― Eu estou indo para casa. ― Estendendo a mão, ela pega sua bolsa. ― Ok, eu vou seguir. Ela para de andar no meio do caminho. ― Não. Ela nem se vira para mim por algum motivo. ― Eu não estou perguntando. Até descobrirmos o que diabos está acontecendo, todo mundo está em alerta máximo. Nikki e Lucy têm prospectos com elas. Os outros caras estão preparando as coisas para suas famílias. Não vamos deixar você desprotegida. ― Então me dê um prospecto. ― Não consigo ver o rosto dela, mas sua voz está sem a confiança normal que ela tem. ― Desculpe, princesa, você está presa comigo. Ela não responde, apenas sai pela porta do escritório e em direção à entrada do clube. Twisted está de pé, dando ordens a alguns dos meninos. Quando ele vê Tracie chegando, ele os dispensa. ― Faça ele me deixar em paz. ― Ela soa como Lily quando não está conseguindo o que quer. Ele olha para mim tentando não rir. A mão dele repousa sobre o braço dela. ― Primeiro, estou feliz que você esteja bem. Segundo, acho que você está meio presa com ele agora. Os recursos estão baixos. Eu a ouço soltar um suspiro antes de sair pela porta. ― Boa sorte, irmão. ― Twisted ri quando eu passo por ele. Eu vou precisar.

Eu sigo Tracie de volta para o clube, ela imediatamente entra em seu quarto. Eu debato se devo ou não segui-la por um minuto antes de caminhar pelo corredor. Quando ela me ligou hoje e ouvi o medo em sua voz, entrei em pânico. Pensei por um segundo que poderia perdê-la antes que eu tivesse a chance de ter. Abro a porta e a vejo sentada em sua cama. ― Você sabe que é costume bater antes de entrar no quarto de alguém. ― Ela arqueia uma sobrancelha para mim, tentando voltar a sua atuação normal de cadela dura, mas seus olhos a denunciam. Eles estão cansados e ainda cheios do medo que vi antes. ― Sim, bem, eu nunca fui de costumes. ― Eu fecho a porta e depois me encosto nela. ― Você sabe que pode desistir da atuação. Ninguém espera que você continue com isso 24/7. Os olhos dela se estreitam para mim. ― Não finja que me conhece. ― Eu conheço. Eu observo você por anos. A maneira como você olha para trás quando pensa que ninguém mais está por perto, como espera que algo esteja lá. Como você fica apreensiva sempre que temos um cara novo. A maneira como você sempre parece desaparecer das festas antes que elas saiam do controle. Você pode pensar que é um grande mistério, mas não é. Seu olhar não sai do meu e nenhum de nós fala por mais tempo. ― Fora. Agora. Porra. Na mosca.

Não acredito que Torch entrou no meu quarto e tentou falar sobre mim. Não que ele estivesse errado. Eu pensei que tinha feito um trabalho melhor em esconder a merda. Eu me pergunto se é apenas ele quem nota essas coisas. O que aconteceu hoje me abalou completamente. Não tenho estado tão vulnerável desde a noite em que contei ao clube o que o Viper fez comigo. Ele foi atrás da minha melhor amiga, Lucy, na noite em que voltou. Ela era a Old Lady de Whip e quando foi decidido que ela contaria sua história, ela me fez ir com ela. Eu contei a ela antes e ela sabia que os caras precisavam saber de tudo. Shooter estava chateado comigo por não ter dito antes. Tentei explicar para ele, mas não consegui encontrar as palavras. Viper já estava indo embora, então não era como se ele estivesse por perto para eu ter que lidar com ele, ele ameaçou me matar se eu contasse o que aconteceu a qualquer um dos caras, e eu estava completamente envergonhada. Por mais louco que fosse, eu me culpei. Tudo o que eu conseguia pensar era que talvez fiz algo para provocá-lo, talvez pudesse ter feito algo para impedi-lo. Sei agora que nada disso foi minha culpa, mas levou muito tempo para chegar a esse lugar.

Meu telefone vibra no bolso, eu pego para ver que Randy está confirmando um horário para se encontrar hoje à noite. Se Torch quiser tomar conta de mim, é melhor que seja um momento divertido para ele. Parte de mim é atraída pelo Torch e eu odeio isso. Eu não quero pensar nele. Não quero que meu corpo se arrepie e minha pele esquente toda vez que ele me toca. Eu não quero enrijecer com o som de sua voz quando ele entra na sala. Eu não quero querer ele. Toda vez que penso no que poderia haver entre nós, ouço a voz de minha mãe. “Eu sei que você acha emocionante, querida, mas há muito mais por aí. Não fique presa aqui só porque é tudo que você conhece. Procure por mais. Encontre alguém que te mantenha segura. Uma vida que você não precisará constantemente olhar por cima do ombro procurando a próxima ameaça. Você quer alguém que te coloque em primeiro lugar, sempre.” Essas foram as últimas palavras que ela me disse antes de subir na moto do meu pai. Estava chovendo naquela noite. A moto derrapou. As estradas não estavam ocupadas no momento do acidente e os policiais disseram que provavelmente ficaram na estrada por mais de uma hora antes da ambulância ser chamada. Algumas noites eu sonho que sou ela. Deitada na estrada. Chuva batendo no meu rosto. Cada gota caindo, me provocando, sabendo que ninguém está vindo. Uma lágrima escorre pela minha bochecha, mas eu a afasto. Eu não vou quebrar. Eu preciso ser forte. Hoje chorei mais do que há muito tempo e odeio isso. *** Eu saio do meu quarto pronta para o meu encontro e provoco assobios enquanto ando pela sala principal. Eu posso sentir seus

olhos em mim enquanto evito seu olhar. Vamos jantar, então eu estou num vestido preto curto que para no meio da coxa e mostra a quantidade certa de decote. Meu longo cabelo loiro está enrolado e baixo. Eu nunca pedi para Randy me buscar aqui, então eu disse a ele que nos encontraríamos no restaurante. A última coisa que preciso é dos caras assustando ele. Quando estou prestes a abrir a porta, um corpo grande está na minha frente. Não preciso olhar para o rosto dele para saber que é Torch. ― Posso ajudar? ― Confie em mim quando digo que quer reformular essa pergunta, princesa. ― Sua voz profunda ronca perto do meu ouvido. Respiro fundo para firmar minha voz e meus nervos. ― O que você quer? ― Essa não é muito melhor. ― Sua mão repousa no meu quadril e minha pele pega fogo. Eu quero me apoiar nele. Meu corpo está tentando se mover enquanto minha mente luta para ficar parada. ― Você precisa sair do meu caminho. ― Minha voz treme, não tão confiante quanto as outras duas vezes. Eu ouço uma pequena risada antes dele dar um passo para o lado. Empurrando a porta aberta, eu posso ouvir seus passos atrás de mim. Quando sento no meu carro, respiro fundo outra vez. Acalme-se. Você tem isso. Você quer isso. Saio do estacionamento e vou jantar. Não importa o quanto eu luto, não posso deixar de olhar para a sombra me seguindo. A visão dele em sua moto, seu corte contrastando com o céu azul atrás de nós me faz querer esquecer todas as minhas reservas e medos.

O restaurante é um lugar francês chique, cujo nome eu nem quero tentar dizer, porque sei que vou parecer uma idiota. Entro no saguão para ver Randy me esperando. Pelo menos Torch não pode me seguir até aqui. Ele definitivamente se destacaria como um dedo quebrado. Todas as mulheres estão usando vestidos formais e, os homens, paletó. Eu nunca estive em um lugar como este, e sinceramente me sinto tão fora do lugar quanto Torch pareceria. Eu me sinto como uma impostora. A anfitriã nos leva à nossa mesa coberta de veludo vermelho, servindo um copo de vinho e um de água antes de nos deixar com um pequeno

sorriso.

Olhando

em

volta,

não

posso

deixar

de

me

surpreender. O restaurante está envolto em tons de ouro e vermelho. Cada mesa posta perfeitamente; as configurações de prata e branco nem um centímetro fora do lugar. Todas as pessoas falando baixinho, comendo com as melhores maneiras possíveis. ― Tudo bem? ― Randy pergunta e eu olho através da mesa para ele. Ele está vestindo uma camisa de botões azul marinho, seu cabelo meio liso penteado para trás. Eu concordo. ― Apenas vendo a paisagem. Precisando de uma distração, abro o menu. Puta merda. Está tudo em francês. Não apenas os nomes dos pratos, mesmo as malditas descrições. Quão ruim seria se eu puxasse um tradutor no meu telefone? Eu nunca disse a ele que falava francês, a merda deveria ser ilegal. Quero dizer, por que eles não podem ajudar as pessoas estúpidas e, pelo menos, dar uma dica ou talvez um glossário para dizer o que diabos significa galinha em francês. Eu meio que gostaria que estivéssemos em algum lugar normal, em algum lugar em que eu possa relaxar. Entro na cozinha e vejo Torch fazendo um sanduíche. ― Quero um? ― Ele olha para mim.

Examino

o

balcão,

olhando

para

a

quantidade

infinita

de

suprimentos que ele está empilhando no pão. ― Claro, mas eu não sei se quero ter toda a geladeira nele. ― Isso é só porque você não sabe o quão bom é. ― Ele começa a construir metodicamente meu sanduíche da mesma maneira que ele faz o dele. ― Às vezes você tem que se abrir para tentar algo novo e, antes que perceba, pode estar viciado em algo. ― O prato desliza na minha frente e eu olho para cima para encontrar seu olhar. Ele levanta a sobrancelha para mim e eu estou sentindo que ele está falando mais do que apenas para experimentar o sanduíche. Ele está flertando comigo ultimamente e, por mais que eu goste, não posso me deixar ir para lá. ― Obrigada. ― Pego o prato precisando colocar algum espaço entre nós. Quando saio da cozinha, levanto o monstruoso sanduíche até a boca. Dando a maior mordida que pude, soltei um gemido involuntário, porque é realmente tão bom. ― Eu disse que você gostaria. ― Olho para trás e o vejo encostado no batente da porta, os braços cruzados sobre o peito. ― Talvez você deva tentar outras coisas. Nunca se sabe o que mais pode fazer os dedos dos pés se enrolarem. ― Ele sorri e eu juro que me bate no núcleo. Eu praticamente fujo dele, se eu não tomar cuidado, ele vai me causar problemas. O garçom chega à mesa me tirando do devaneio, e eu olho para ele pronta para fazer um mico completo comigo mesma. ― Boa noite. Gostariam de ouvir os especiais de hoje à noite? Eu diria que sim, mas acho que eles também estarão em francês. ― Isso não é necessário. Já sabemos o que vamos comer. ― Randy responde. Ele começa a recitar um monte de palavras que

parecem bobagens para mim. O garçom assente e sorri antes de ir embora. Pelo que sei, ele poderia ter dito para ele me alimentar com um prato fumegante de testículos de boi e eu não iria saber. Parte de mim aprecia que ele pediu porque sei que não haveria como eu pedir. A outra parte está irritada porque ele acabou de me tratar como se eu nem estivesse aqui. Ele não sabe se tenho alergias ou se tenho um paladar exigente. Minha cabeça está começando a doer com todos os pensamentos passando por ela. ― Com licença, eu já volto. ― Levanto em direção aos banheiros. Eu preciso de um pouco de ar. Demoro alguns minutos para me acalmar e me convencer de que isso é normal e normal é o que eu quero, o que eu preciso. No caminho de volta do banheiro, passo pela grande janela na frente do restaurante. Torch está parado lá. Ele está apenas olhando para mim. Seus olhos escavando buracos através de mim. Eu seguro seu olhar por um momento antes que ele lamba os lábios. Saio do olhar que ele tinha comigo voltando para a mesa. Tento manter uma conversa com Randy no jantar, mas não consigo parar de pensar em Torch lá fora. Nenhum dos caras que namorei me fez sentir metade do que Torch faz com apenas um olhar. Eu preciso esquecê-lo, de algum jeito.

Estou limpando o bar e fazendo o inventário quando Lucy entra, ou mais como bambolear. Ela está grávida de seis meses, mas a garota está toda barriga. ― Ei! Onde está sua sombra? ― Eu ri sabendo que onde Lucy vai, Whip não estará muito longe. Além do fato de ela estar grávida, os meninos não estão mais perto de descobrir quem invadiu o clube. ― Ele está do lado de fora conversando com a sua. ― Ela sorri para mim. Meu humor diminui. Porra, Torch tem sido um espinho no meu pé. Toda vez que eu me viro, ele está lá. ― Esse cara precisa ter uma vida. ― Acho que ele está tentando, mas você está dificultando para ele. Paro de limpar o bar. ― Sério, Lucy? Eu te disse que não quero nada com ele. Na verdade, tenho outro encontro com Randy hoje à noite. Eu pensei que ele nunca ligaria depois do jantar algumas noites atrás, mas ele ligou. Ela inclina a cabeça para mim. ― Vamos lá, Tracie. Você não está falando sério sobre ele. ― Por que eu não estaria? ― Eu jogo minhas mãos no ar. ― Ele tem um bom emprego, uma casa e não precisa se preocupar em olhar por cima do ombro ou fazer com que as pessoas cuidem de

sua família quando houver uma ameaça. Ele é seguro. ― Aí está. ― Ela bate as mãos no bar. ― Entendo que você está com medo, mas isso não é motivo para se acomodar. ― A porta se abre e os meninos entram. ― Isso ainda não acabou. ― Sim, o que você disser. Você está pronta para pegar nossos vestidos? ― O casamento de Lucy é daqui a duas semanas e hoje ela vai pegar seu vestido, enquanto Nikki, Lily e eu vamos comprar os nossos. Desde que estou no clube, não sei se já tivemos um casamento como esse. Certamente os membros se casaram, mas nunca fizemos a coisa toda, damas de honra, igreja, recepção. Eu disse a Lucy que é melhor garantir que a igreja seja feita de tijolos, porque com todas as pessoas que foram convidadas, pode desmoronar. ― Sim! ― Ela praticamente pula da cadeira em emoção. Andamos em direção à porta e pego Torch nos seguindo. ― Onde você pensa que está indo? ― Estou seguindo, garotas. Whip não pode porque Lucy surtou sobre ele ver o vestido dela. ― Ele sorri para mim antes de passar. ― Twisted estará lá, não precisamos de você. ― Coloco minhas mãos no quadril, sabendo que encontrei uma saída. ― Desculpe princesa. Ele tem uma reunião. Ele está apenas levando Nikki e Lily. ― Droga. Ele desaparece pela porta quando olho para Lucy. Ela diz a palavra “desculpa” para mim antes de sair. Entro no carro e saio sabendo antes mesmo de olhar no espelho que Torch está lá. ― Por que você está tão contra ele, querida?

Olho para a minha amiga. ― Hoje não. Vamos nos divertir. Além disso, você já está me convencendo a colocar uma porcaria feminina, acho que já fez o suficiente por hoje. ― Não finja que você não gosta deles. ― Os vestidos que Lucy escolheu são de cor violeta e até o chão. Eles são cortados pela metade e abraçam nossas curvas antes de ficarem mais soltos na parte inferior. Eles são bonitos, mas eu nunca vou dizer isso a ela. Eu gosto de lhe dar muita merda. Lucy e eu nos conhecemos quando ela tinha catorze anos e eu vinte e um. Ela encontrou o clube por acidente e implorou por proteção contra sua família maluca. Foi como ela e Whip se conheceram, ele foi designado para vigiá-la até que ela fosse maior de idade, e o resto é história. Eu costumava dar a ela muita merda, mas é assim que eu sou. Honestamente, se eu sou legal com você, é quando você realmente deve tomar cuidado. Chegamos à loja e vejo Twisted do lado de fora com Nikki e Lily. Esses dois são outra história. Ele lutou com unhas e dentes por aquela garota, literalmente. Lily é a imagem cuspida de seu pai, mas com a personalidade de sua mãe em todos os sentidos. Eu pensava que ele nunca encontraria ninguém até conhecer Nikki. A garota não tinha filtro e é tanta areia quanto Twisted. Eles são perfeitos um para o outro. Saímos do carro e Lily vem correndo até mim pulando em meus braços. ― Tia Race! ― Eu a pego rindo. Ela me chamou assim desde que era pequena demais para pronunciar o meu nome e agora ela continua com isso. ― Ei, querida. Você está sendo boa? ― Eu a coloquei no chão. ― Sempre! ― Ela pisca para mim com um sorriso antes de correr de volta para Nikki.

― Tudo bem, querida, eu tenho que ir. O Torch vai garantir que você chegue em casa e, se eu não terminar, mandarei alguém aparecer em casa. ― Ele dá um beijo em Nikki antes de se despedir de nós. ― Por que ainda estamos aqui fora? Os vestidos estão lá dentro! ― Lily corre para a loja e eu olho para Nikki com um sorriso. ― Deus me ajude. ― Ela segue a filha para a loja. Estamos todas vestidas esperando Lucy sair com o dela. Ela está nervosa com a forma como isso se encaixa com a rapidez com que sua barriga está crescendo, mas eu sei que ficará muito bem nela. Ela sai e eu juro que a garota nunca pareceu melhor. É um vestido longo, branco e esvoaçante. Ela escolheu a cintura império, porque funcionaria melhor com a barriga em crescimento. As alças são adornadas com joias e o local onde o vestido fica preso sob o peito também é adornado. Ao lado de minha melhor amiga, eu não poderia estar mais feliz por ela. Se alguém merece essa felicidade, é Lucy. ― Tia Luce? ― Lily puxa a lateral do vestido de Lucy e olhamos para ela. ― Talvez eu devesse sentar debaixo do seu vestido durante o casamento. ― Todas estamos completamente sem palavras, sem realmente saber o que dizer. ― Lily, por que você faria isso? ― Nikki pergunta. ― Caso o bebê caia, eu posso pegá-lo. A sala começa a rir. ― Vocês já decidiram um nome? Eu ainda voto em Mary. ― Lucy me dá um olhar sujo. Mary é o apelido que eu dei a ela quando ela veio ao clube porque era muito pura e inocente.

― Eu já te disse que não há nenhuma maneira no inferno de nomear o bebê como Mary. ― Ela cutuca meu ombro me fazendo balançar nos saltos que estou usando. ― Ainda acho que você e o tio Whip deveriam chamar ela de Princesa. Tia Race também gosta! ― Lily sorri. Eu rio ― Oh, eu gosto? Ela assente rapidamente. ― Sim, sempre que o tio Torch chama você de princesa, suas bochechas ficam vermelhas. Todo mundo fica quieto e todos os olhos estão em mim. A garota é muito perceptiva. ― Sério? ― Aquela voz. A Torch escolheria agora entrar. ― Você percebeu isso também, hein, mamãe? Me mate agora. Bem aqui. Eu me recuso a me virar. Lucy está sorrindo para mim e Nikki não pode deixar de rir. Elas são todas malditas traidoras. Entro no provador. Vestido estúpido. Torch estúpido. Quando saio, todo mundo está no provador e somos apenas eu e Torch. Vou até o caixa para pagar pelo vestido. Eu posso senti-lo me olhando. ― Você sabe que está apenas atrasando o inevitável, certo? ― Sua respiração está quente no meu pescoço.

― Se com o inevitável você quer dizer que eu enfio meu joelho em suas bolas, eu posso parar de atrasá-lo, se você quiser. ― A garota me atendendo ofega enquanto seus olhos se arregalam. ―

Mantenha

essa

pequena

atuação

o

quanto

quiser.

Eventualmente, você cederá a mim e fará tudo isso valer a pena. Eu me viro para responder, mas ele não está mais atrás de mim. Evitar esse homem é como um emprego em período integral e às vezes eu só quero pedir demissão. Eu imagino como seria estar com ele. Toda vez que faço isso, me imagino naquela estrada, a chuva escorrendo, a vida lentamente drenando do meu corpo como a água drenando da estrada. Não sei qual opção é pior. Estar com ele. Ou estar sem ele.

Eu recebi uma mensagem de Twisted perguntando se eu poderia tomar conta de Lily para que ele pudesse sair com Nikki para passar a noite. Eu disse a ele que não tinha problema, não é como se eu tivesse uma vida ou algo assim. Eu vi Randy novamente ontem à noite, mas era a mesma coisa de sempre. Jantar, conversa chata, ir para casa para cuidar de mim. É claro que desde que eu estarei lá hoje à noite, o mesmo acontece com Torch. Meus nervos estão em alta, sabendo que nós ficaremos na mesma casa a noite toda um com o outro. Claro que nós dois estamos no clube muitas vezes, mas isso é diferente. Não estamos sozinhos. Eu entro e Lily corre para mim como ela sempre faz. Eu nunca fui alguém que queria filhos, mas essa menininha me faz questionar isso às vezes. ― Obrigado por fazer isso, Tracie. ― Twisted entra na sala com uma mochila na mão. ― Sem problemas. Nikki sai andando e não parece uma mulher animada por ter uma noite fora. ― Você está bem, Nik?

― Mamãe está brava porque papai tem cabeça de porco. ― Lily pula para o quarto dela e eu não posso deixar de rir. ― Não posso dizer que a criança está alheia. ― Eu vou até Nikki. ― Eles são todos cabeça de porco. Não finja que você não conhece essa merda há anos. Ela arqueia uma sobrancelha para mim. ― Sim, não finja que você não evita essa merda há anos. ― Seus olhos passam por mim até a porta, onde tenho certeza que Torch está de pé. ― Te odeio. Ela me dá um abraço de despedida. ― Você não odeia, mas obrigada por olhar o monstro. Lily, estamos indo, bebê! ― Lily sai correndo, dando abraços e beijos na mãe e no pai. ― Tio Torch! ― Ela corre até ele, dando um abraço enorme. ― Podemos assistir Frozen? ― Jesus, boa sorte com essa merda, cara. ― Diz Twisted antes de sair de casa. ― Nós podemos fazer o que você quiser, menina. ― Ele a coloca no chão e eu não posso deixar de sorrir do jeito que ele está com ela. ― OK! Eu vou buscar! ― Ela foge e somos apenas nós dois. Nenhum de nós diz uma palavra. O quarto tem um custo para isso. Uma força que parece que se houvesse uma faísca, todo o lugar explodiria. Tem sido assim conosco há anos, e era por isso que eu sempre o evitava. ― Peguei! Lily coloca o filme no chão quando Torch pega um panfleto e pede pizza e asinhas.

Depois que o filme começa com uma música, Torch geme ao meu lado. ― Eles cantam o filme inteiro, Lily? ― Uh, sim! ― Ela diz como se ele tivesse feito a pergunta mais estúpida de todas. O olhar de dor em seu rosto me faz rir. Depois de meia hora, a comida chega. Ele pediu duas pizzas e dois tipos de asinhas: uma de churrasco e outra picante. Ele entrega o pedido de churrasco para mim ― Aqui, estes são para você e Lily. ― Como você sabe que eu queria essas e não as gostosas que você tem aí? ― Geralmente não gosto de coisas apimentadas, mas gosto de provocá-lo. ― Confie em mim quando digo que você não pode lidar com o que eu pedi. ― Ele murmura enquanto passa por mim e entra na sala de estar. ― Sério? Você quer fazer uma aposta? Seu rosto se ilumina. ― Aposta? Você tem certeza disso, princesa? Não. ― Sim. ― E quais seriam os termos dessa aposta? ― Ele levanta uma sobrancelha para mim. Eu dou de ombros. Eu não tinha pensado nisso. ― E os arranjos de dormir hoje à noite? ― Torch e eu estávamos brigando o dia inteiro sobre onde ele ia dormir. Twisted e Nikki só têm dois quartos: o de Lily e o deles. Eu disse que ele estaria no sofá e ele continuou me dizendo que estaria na cama. ― Quantos eu preciso comer? Ele sorri para mim. ― Um ― Combinado. ― Você é um idiota.

Ele abre seu recipiente girando-o sobre a mesa até que me enfrente. A galinha cor de laranja me provocando. Você consegue fazer isso. Você pode não gostar de coisas picantes, mas pode comê-las. É apenas uma asinha. Abro minha água, me certificando de que está ao alcance. Respirando fundo, trago a asa para perto da minha boca, aqui vai. Eu dou uma mordida. Isso não é tão – PUTA MERDA. Eu quero gritar, mas minha boca ainda tem comida. Pego a água enchendo

minha

boca

com

o

líquido.

OhMeuDeusOhMeuDeusOhMeuDeusOhMeuDeusOhMeuDeusOhMeuDeus OhMeuDeusOhMeuDeusOhMeuDeus. Eu não consigo respirar. Rapidamente mastigo e engulo o pedaço de carne de demônio na minha boca. ― Que diabos é essa merda?! Bebo toda a garrafa de água, mas não ajuda. Neste ponto, estou pulando para cima e para baixo, esperando por alguma razão insana que isso ajude. ― Minha boca parece o fogo do inferno! Vou correndo para a cozinha, abrindo a torneira e deixando a boca aberta por baixo, para que a água escorra. Eu posso ouvir Torch e Lily rindo. ― O que você fez comigo? ― Meus olhos estão lacrimejando, meu nariz está escorrendo. Pego outra garrafa de água bebendo metade dela.

― Meu interior doeu. Parece que estou tendo um maldito ataque cardíaco! Os dois estão com o rosto vermelho no sofá, tendo o tempo de suas vidas. ― Não é engraçado! Eu bebo o resto da água enquanto pego alguns cubos de gelo na boca. Eu volto para ele. ― Coma um. ― Digo através de uma boca cheia de gelo. Ele sorri pegando uma asa, que ainda estou convencida de que veio de algum tipo de cão infernal. Ele dá uma mordida, comendo quase metade dela de uma vez. Enquanto ele mastiga, eu estou esperando por isso. Que entre em colapso, exploda em chamas, alguma coisa. Nada. ― Você está possuído? Ele ri de novo. ― Tia Race, você quer um pouco do meu frango de churrasco? ― Lily estende o recipiente para mim. Pequena traidora. Torch sorri para mim. ― Você vai comer isso? Olho para a asa de frango com uma pequena mordida. Ataque cardíaco ou dormir ao lado de Torch? Não é uma decisão tão fácil quanto você imagina. Pego a asa ofensiva, respiro fundo e jogo bem na cara dele. Eu lavo minhas mãos, certificando-me de que todos os vestígios dessa merda horrível estão fora de mim.

De alguma forma, ele conseguiu comer o pote inteiro daquelas asas e eu tenho que admitir que fiquei um pouco impressionada. O filme continua com Lily se levantando durante cada música, dançando e girando ao som da música. Quando o filme termina, é finalmente hora de ir para a cama. Eu leio uma história para ela e digo boa noite. Quando volto para a sala, Torch está limpando a bagunça de comida, então eu ajudo antes de sentarmos no sofá. Ele coloca em algum filme de terror e eu olho para ele. ― Me deixe adivinhar. Eu deveria ficar com medo e abraçar você? ― Eu reviro meus olhos. ― Se eu não soubesse que sua atitude é uma defesa, ficaria ofendido. ― Ele segura a mão sobre o coração. Balanço a cabeça. ― Uma defesa para quê? ― Uma defesa contra mim. Contra o que eu faço você sentir. Contra o que está entre nós. ― A cada frase sua voz se aprofunda. Levanto, precisando sair da sala. Torch me alcança no corredor. Sua mão agarra meu braço e me gira em sua direção. Sua outra mão descansa na parte de trás do meu pescoço enquanto ele dá um passo à frente, me empurrando contra a parede. ― Diga porquê? Por que você briga tanto comigo? Meu coração acelera, porque ele está tão perto de mim e, por mais que eu odeie, eu gosto. Minha ansiedade surge da posição em que estamos e das memórias que ela guarda. ― Porque eu não quero você. Você é como meu irmão. ― Eu cuspo nele, esperando que o corte o suficiente para que me solte. Ele sorri antes de sua boca bater contra a minha. Sua língua forçando seu caminho na minha boca. Ele coloca toda a paixão

que ele está segurando em mim e isso me deixa sem fôlego. Minhas mãos seguram sua camiseta e agradeço a Deus que a parede esteja atrás de mim para me segurar. Ele está me persuadindo, sua língua acariciando minha boca, provocando um gemido que eu não sabia que escaparia. ― Parece a porra de um irmão? Seu telefone toca quebrando o silêncio do corredor nos fazendo pular. ― Merda. ― Ele me solta e tira do bolso. ― Não terminamos. ― Ele aponta para mim antes de caminhar em direção à porta da frente e atender o telefone. Sim, nós terminamos. Nós temos que terminar. Isso foi bom demais para eu deixar acontecer novamente.

Desligo o telefone com Whip e entro para descobrir que Tracie não está mais lá. Claro que não. Por mais que eu quisesse, não podia ignorar meu celular. Com tudo o que está acontecendo agora, pode ser importante. Abri e fechei o isqueiro prateado na minha mão. Observando

a

chama

aparecer

e

apagando-a

todas

as

vezes.

Controlando o incontrolável. É incrível o medo que ainda sinto toda vez que vejo uma chama. A forma como cava uma cova no meu estômago, mas a emoção que sinto quando é a minha mão que o inicia ou para. Ainda posso ouvi-los quando fecho os olhos. O jeito que eles gritaram. A escuridão que pode engolir você inteiro, se você deixar. Uma brisa fria me pega, sacudindo minha cabeça. Eu fecho a porta, me certificando de que está trancada. Houve um burburinho que um novo MC está se formando. Filhos da puta estúpidos que assistiram muita TV e agora acham que são durões. Eles têm atingido lugares diferentes na cidade, sem dúvida tentando construir seu banco e dar a eles algo para trabalhar. O problema é que todos com quem conversamos não têm ideia de quem são. Eles chamam a si mesmos de Black Ghosts e é exatamente isso que eles são, fantasmas. Os outros lugares que atingiram foram idênticos ao que aconteceu no clube. Sabemos que são eles e agora eles tem que pagar. Nós finalmente os encontraremos, mas caras como esses podem ser perigosos. Eles querem fazer um nome e fazer o que acham que precisam como algum tipo de grande ato. Algo para mostrar aos

outros clubes para não mexer com eles. Essa é a maior razão pela qual nenhum de nós deixará as meninas sozinhas. Todos acham que é só por causa da invasão, é só porque não podemos contar essa outra merda. Twisted levou Nikki, mas também está tendo uma reunião noturna com alguns outros VPs naquele hotel. Será no meio da noite e, esperançosamente, Nikki não o pegará saindo furtivamente porque ela provavelmente vai chutar sua bunda. Eu sabia que uma vez que Twisted me disse o plano para hoje à noite, eu tentaria convencer Tracie a ver como as coisas poderiam ser. Que se ela parasse de me afastar, poderíamos ser incríveis. Beijá-la esta noite me deu um gosto e agora estou com fome. Eu preciso dela e não posso mais aceitar não como resposta. Vou fazer com que ela me diga por que ela tem tanta intenção de manter dez metros entre nós. Este jogo já dura anos e está ficando chato. Eu tenho dado o espaço que ela precisava, não funcionou. Eu a deixei ver como nenhum desses outros caras com quem ela se ocupa pode fazer algo por ela, também não funcionou. Eu assisto um dos prospectos flertando com Tracie e meu sangue começa a ferver. Se ele colocar um dedo nela, juro por Deus que arranco suas malditas mãos. Ela está rindo e se inclinando para ele, e então ela olha para mim. Um sorriso cruza seu rosto. Ela está tentando me deixar com ciúmes. ― Jones! ― Eu grito e o prospecto corre rapidamente em minha direção e para longe de Tracie. Ele está na minha frente esperando por ordens. ― Você conversa com ela novamente e não será mais uma possibilidade, porque eu vou ter sua bunda enterrada a dois metros em poucos minutos. Seus olhos se arregalam quando ele me dá um aceno de cabeça e se afasta.

― Que diabos? ― Tracie vem até mim. ― Apenas me certificando de que os prospectos em potencial saibam o seu lugar. ― Eu dou de ombros. ― Não é seu lugar assustar os caras com quem converso! Nós não estamos juntos. Eu agarro seu braço, puxando-a para perto de mim. ― Ainda. Ainda não estamos juntos. Essa merda vai mudar. Eu só preciso parar de andar por aí e fazê-la ver como isso pode ser bom. Há tanto medo e merda nos olhos dela quando a olho, e é por isso que não insisti antes. Tudo o que preciso é que ela me deixe entrar uma vez e ela verá que não há razão para ter medo. Eu sei que parte da merda na cabeça dela tem a ver com aquele idiota, Viper. Felizmente, ele não estará por perto. O clube ficou de olho nele depois que foi expulso. Ele destruiu sua moto há alguns anos e morreu no hospital. Eu sei que Shooter disse a Tracie, mas eu não acho que isso importe na cabeça dela, lá ele ainda é real. Entro no quarto para vê-la deitada debaixo das cobertas, com os olhos fechados. Eu olho para o peito dela vendo a rápida subida e descida, ela está fingindo. ― Se você pensa que está enganando alguém, está enganada. Eu vou te deixar pensar que você venceu hoje à noite. ― Vou para o outro lado da cama tirando meu Patch e o coloco no encosto da cadeira. Eu levanto minha camisa sobre a cabeça e largo meu jeans no chão antes de deslizar ao lado dela. ― Nós dois sabemos que sou eu quem realmente ganhou. Envolvo meu braço em torno dela, sentindo-a tensa. Estou prestes a me afastar quando ela relaxa contra mim.

Essa é a minha garota.

Eu seguro a cintura de Torch enquanto pilotamos. Sempre que estamos na moto dele, é como se fossemos uma pessoa. Nós nos movemos em sincronia enquanto fazemos as curvas. Eu descanso minha bochecha nas costas dele, um sorriso enfeitando meu rosto. Isso é tudo que eu sempre precisei. É quando eu ouço a voz dela, da minha mãe. ― Eu tentei te avisar. O pneu traseiro derrapa debaixo de nós e, de repente, o Torch está lutando pelo controle. Começamos a nos inclinar para o lado antes de virar completamente. Meus braços o perdem enquanto eu voo no ar, meu corpo revirando repetidamente cada vez que bate contra o cascalho duro. Eu caio de costas, um grito rasgando do meu peito. Minha cabeça cai para o lado e vejo Torch. Sua cabeça está dobrada em um ângulo não natural. Há sangue por todo o seu rosto. Eu grito por ele, mas ele nem sequer vacila. Eu posso me sentir afastada, meu domínio sobre esta terra e minha visão desaparecendo dentro e fora. As gotas de chuva ardem nos meus olhos enquanto elas me provocam, sabendo que eu não posso me mover o suficiente para me esconder delas. Sabendo que mesmo depois que eu deixar este mundo, eles ainda estarão aqui. Eu deveria ter escutado ela. Eu deveria ter ficado longe desta vida. ― Tia Race! ― Eu pulo quando Lily entra no quarto. Eu estou respirando rapidamente e tremendo.

― Ei, Lily, que tal você me encontrar na cozinha e pegar alguns waffles? ― Torch diz do meu lado. Ela assente e sai do quarto. Parecia tão real. Eu senti como se tivesse morrido. Minhas mãos roçam meu corpo como se eu estivesse procurando por ferimentos. ― Ei. ― A mão da Torch toca meu ombro e eu pulo. ― Desculpe, você está bem? ― Sim, e-eu estou bem. ― Levanto arrumando minhas roupas e saindo correndo do quarto o mais rápido que posso antes que ele possa fazer outra pergunta. Parada no banheiro em frente ao espelho, tento me controlar. Você está bem. Foi apenas um sonho maldito. ― Tracie! ― Um estrondo na porta me faz pular. Abro a porta e vejo ele parado ali, usando apenas uma calça de moletom. Faço uma pausa por um momento, porque não importa o quão irritante ele seja, é definitivamente uma visão para se admirar. ― Jesus, você não tem nada melhor para fazer? ― Não, na verdade não. O que está acontecendo? ― Nada. ― Cruzo os braços sobre o peito. ― Besteira. ― Não é da sua conta. ― Minha irritação está crescendo e tudo que eu quero que ele faça é sair do meu caminho. Ele sorri para mim. ― Besteira de novo. ― Oh sim? Por que diabos é da sua conta? Ele dá um passo mais perto de mim para que fiquemos basicamente nariz a nariz. ― Porque tudo a ver com você é da

minha conta. ― Ele coloca um beijo nos meus lábios antes de dar um passo para trás. ― Agora venha comer minha comida, mulher. Eu fico ali sem saber o que fazer por um minuto. Eu preciso afastá-lo. Eu o deixei entrar na noite passada e depois olhe com o que eu sonhei. Eu nunca tive um sonho assim. É um sinal. Nosso relacionamento só pode resultar em tragédia. Eu tenho que fazê-lo desistir de mim, não que isso fosse fácil. Entro na cozinha para ver ele e Lily sentados à mesa com pratos de waffles e vejo um prato e uma cadeira vazios para mim. ― Você fez tudo isso tão rápido? ― Bem não. Eggo fez, eu usei o microondas. — Ele faz um gesto para eu me sentar. ― Eu coloquei a calda! ― Lily grita. Eu totalmente poderia ter imaginado que foi ela, dado que há cerca de uma polegada no meu prato. ― Obrigada. ― Eu digo a ele. Desistir dele vai ser péssimo. Depois de algumas horas, Twisted e Nikki voltam para casa e somos dispensados de nossos deveres. ― Você tem planos esta noite, Tracie? ― Nikki pergunta enquanto eu pego minhas coisas. ― Ainda não, acho que posso acabar saindo com Randy novamente. Ouço um gemido profundo atrás de mim e não preciso me virar para saber quem é. Não tenho planos com Randy. Eu preciso que ele me odeie. Eu preciso que ele pense depois que ele tentou que eu ainda não me importo. Eu preciso que ele compre a mentira. ― Ok, bem, se você acabar entediada, Lucy vai sair para uma noite de garotas.

― Tudo bem, obrigada! ― Eu digo enquanto saio pela porta e vou para o meu carro. ― Tracie! ― Eu o ouço me chamando, mas não paro. Eu não quero encará-lo. Abro a porta apenas para que ela se feche. ― Que porra é essa, Trace? ― Desculpe? ― Eu me viro para encará-lo. Não deixe ele ver você rachar. ― Você realmente vai ver ele? Depois da noite passada, depois que eu deixei tudo claro para você, depois... ― Sim eu vou. Eu disse que não estou interessada. ― Seguro seu olhar por alguns segundos antes de me virar e deixar a máscara cair. Eu me atrapalho com minhas chaves tentando permanecer forte. ― Sim, bem, você é uma mentirosa. ― Eu ouço seus passos e dou um suspiro de alívio por ele ter desistido. Quando entro no carro, meus olhos se enchem de lágrimas que me recuso a derramar. Isto é o melhor, para nós dois. Vou para o clube precisando me distrair com algo além de pensamentos sobre Torch. Cada vez que olho no retrovisor e não vejo a moto dele, dói. Eu sou uma idiota. Meu objetivo era afastá-lo e, agora que o fiz, estou chateada com isso. Parando no estacionamento, um calafrio percorre minha espinha quando me lembro da última vez que cheguei aqui sozinha. Enquanto caminho até a porta, olho a área ao meu redor nervosamente, me certificando de que ninguém mais está por perto. Todo mundo no clube está tenso e eu sei que há coisas acontecendo das quais eu não tenho conhecimento. É assim que sempre é. Se espera que as mulheres fiquem quietas e estejam à disposição do homem. Foda-se isso. Mesmo se eu quisesse acabar com um motoqueiro, seria com

alguém que pudesse me controlar e entender que de maneira alguma eu seria a esposa quieta que fica em casa e assa os malditos biscoitos. O clube está escuro e parece tão estranho quando está vazio. As cortinas cobertas pareciam estar escondendo males desconhecidos. Estou seriamente perdendo isso. Uma batida na porta me faz pular e seguro um grito. Devo atender? Não tenho entregas de estoque programadas hoje. Olho para a porta de aço desejando que houvesse um olho mágico nela. Uma batida vem de novo e eu forço meus pés a avançarem. Eu abro a porta apenas o suficiente para que eu possa ver. Um homem está parado, de camisa branca e calça cáqui, com um boné de beisebol. ― Eu tenho uma entrega para a senhorita Moore. ― Ele segura uma caixa branca na mão. Respirando fundo para tentar me acalmar, abro a porta e finjo que não estou pronta para pular da minha própria pele. ― Sou eu. ― Então são para você, apenas assine aqui. ― Ele estende uma prancheta para mim e eu rabisco minha assinatura nela. Ele me entrega a caixa. ― Tenha um bom dia, senhora. Fechei a porta andando até o bar e colocando a caixa no chão. Não há cartão anexado, talvez esteja dentro. Levantando a tampa, um envelope cai no chão quando um grito sai da minha garganta. A caixa está cheia de flores murchas com larvas rastejando por todo o lado. Eu me afasto, mas tropeço e caio no chão. O envelope chama minha atenção e eu o alcanço, abrindo o selo, sabendo que não há nada melhor nele.

Isso me lembrou de você. Algo que costumava ser bonito, mas agora está morto e infestado. Seus guarda-costas não podem protegê-la para sempre. Especialmente quando você age como uma vadia. Você receberá o que está vindo para você.

O cartão cai da minha mão e eu me afasto o mais longe possível da caixa e do cartão odioso. Acabo agachada embaixo de uma das mesinhas, tentando ficar de castigo. Estou lutando para não me perder na minha cabeça. Eu deveria pedir ajuda. Meu telefone está no bar, ao lado da caixa. Estou paralisada quando as palavras do cartão são repetidas na minha cabeça. Quem poderia estar fazendo isso? O que eles querem? Colocar meus joelhos no peito e me retirar para a segurança do meu próprio mundo é tudo o que posso fazer. Eu sei que devo levantar, buscar ajuda. Me sinto como todos esses anos atrás. Desamparada. Seus passos em retirada não me dão conforto. O estrago já está feito. Ele pegou um pedaço de mim que eu nunca vou recuperar. Eu deveria me levantar. Eu deveria encontrar um dos meninos. Então eu ouço suas ameaças. ― Eles não vão acreditar em você. Eu sou o irmão deles. Você é apenas a cadela que limpa o que fazemos. Mesmo que eles acreditem, você realmente acha que eles vão se livrar de mim por

causa disso? Diga uma palavra e eu vou te matar. ― Sua voz vibrou no meu ouvido quando sua mão apertou o meu cabelo. Eu posso sentir minha pele rasgando. Mesmo que ele tenha se afastado de mim, eu sei que nunca vou me livrar dele. ― Que porra é essa! ― Eu pulei com a voz alta. ― Tracie! Eu não me mexo. Eu deveria chamar por ele. ― Encontre-a! ― Sua voz ecoa nas paredes. Ele voltou. Quando ele dá um passo, seu pé bate no cartão caído no chão. Ele pega e, enquanto seus olhos examinam as palavras, ele solta um rugido. Eu vejo outras pessoas se movendo, mas não consigo tirar os olhos dele. O homem que eu quero que me resgate. O homem que também poderia destruir tudo o que sou. Seus olhos encontram os meus, e em um segundo ele corre para mim. Suas mãos agarram meus braços enquanto ele me puxa contra seu peito. ― Sinto muito por não estar aqui. Eu não respondo. Estou acostumada a ficar sozinha.

Quando entrei no clube e vi aquela caixa de merda, eu não sabia o que pensar. Fiquei instantaneamente cheio de medo de que algo tivesse acontecido com ela. Eu não a segui aqui imediatamente porque precisava de tempo para superar o fato de que ela mais uma vez me afastou. Se algo acontecesse, seria minha culpa, e eu nunca me perdoaria. Então meus olhos encontraram os dela e ver que ela estava aqui me acalmou. Puxando-a de debaixo da mesa, eu a segurei tentando acalmar seus nervos. Ela estava tremendo. O medo escrito em todo o seu rosto me destruiu. Ela não deveria estar aqui sozinha. ― Sinto muito, porra. ― Ela não me responde e não se mexe desde que a tirei de lá. Me levanto levando-a comigo e caminho até um dos sofás que revestem a parede. Depois que a sento, não posso deixar de examiná-la e garantir que ela não se machucou. ― O que aconteceu? Ela não fala, apenas olha diretamente para mim. ― Tracie, ouça, eu sei que você está com medo, mas eu preciso que você fale comigo. ― Minhas mãos apoiam os lados do rosto dela. ― Não há mais ninguém aqui. Todas as outras portas ainda estão trancadas. ― Um dos caras diz atrás de mim. ― Ok, ligue para Shooter e Twisted, conte a eles o que encontramos aqui. ― Eu os ouço indo embora. Todo esse tempo eu não desviei o olhar dela. ― Por favor, apenas fale comigo.

― Eu... ― Sua voz quebra. ― Eles foram entregues. Eu assinei por eles. Esses filhos da puta não têm ideia de com quem estão se metendo. Eu vou matar todos eles por sequer pensarem em olhar para ela. O olhar de Tracie volta para a caixa. Seu corpo estremece sob as minhas mãos e eu quero jogar meu punho contra a parede. ― Eu deveria estar aqui com você. Fique brava comigo. Grite comigo. Porra, me bata se precisar. Qualquer coisa é melhor do que ver você assim. Ela apenas balança a cabeça e depois quebra meu abraço enquanto ela se deita no sofá. Eu quero me sentar, puxá-la contra mim. Quero dizer que preciso que ela seja minha. Quero protegê-la de tudo isso, mas é difícil quando eu nem sei o que está acontecendo ou quem está fazendo isso. Faço uma promessa silenciosa de que vou encontrar a pessoa que está fazendo isso e vou fazê-la pagar. A porta se abre e vejo Shooter e Twisted entrarem. ― Eu vou falar com os caras, eu estarei lá se você precisar de mim. ― Espero por uma resposta, mas ela não vem. ― O que diabos aconteceu, Torch? ― O Shooter está olhando para mim como se quisesse arrancar minha cabeça. ― Onde você estava? ― Sua voz treme de raiva. ― Eu não a segui aqui e isso foi minha culpa. Eu tenho que... ― Não. Eu queria colocar alguém nela, mas você insistiu. Tinha que ser você. Eu lhe disse para não deixar sua merda atrapalhar isso. Essa menina poderia muito bem ser minha maldita filha. ― Ele está na minha cara, e posso dizer que se não fôssemos irmãos, ele me bateria. ― Estou colocando outra pessoa nela.

― Não, você não pode. ― Eu posso e eu vou. Você estragou essa merda. ― Seu dedo aponta para mim antes que ele caminhe para onde Tracie ainda está deitada. ― Que diabos, irmão? ― Twisted diz. Ele também não. ― Escute, entendi. Eu estraguei tudo. Você não pode me dizer nada que eu ainda não tenha dito a mim mesmo. Eu deixei meu orgulho atrapalhar e me arrependo. ― Vou até Shooter e Tracie. ― Você pode sair. ― Diz ele, sem sequer se virar. Os olhos de Tracie encontram os meus e eu tento dizer tudo o que preciso sem nunca emitir um som. Preciso que ela saiba que nunca a colocaria em perigo intencionalmente. Preciso que ela veja o quanto me arrependo de não segui-la assim que saímos. ― Não. ― Sua voz baixa mal é ouvida. Shooter olha para mim com desprezo ainda em seus olhos. ― Eu o quero por perto. ― Ela se senta. ― Isso não foi culpa dele. ― Uma porra que não foi. Você não deveria estar sozinha. ― As mãos do Shooter esfregam seus braços para cima e para baixo. ― Tracie, você é como a filha que eu nunca tive. Eu quero você protegida. Quero você em segurança. ― Então você deixará Torch ficar. Ouvi-la dizer isso me dá uma fé renovada. Eu quebrei a barreira dela em algum lugar. Ela, pelo menos, sabe que eu não vou deixar nada acontecer. Não vou sair do lado dela até encontrarmos esses idiotas e fazê-los pagar. Eu sorrio para ela.

Talvez

se

eu

causar

eventualmente, ela cairá.

rachaduras

suficientes

na

parede,

Eu deixo o clube realmente não querendo mais estar lá. Também não quero ir para casa. Eu sei que o clube estará agitado com tudo o que aconteceu, e eu simplesmente não quero lidar com isso. Em momentos como este, eu gostaria de ter um lugar para mim, separado do clube e tudo o que o rodeia. Dirijo para Lucy, esperando que sair com ela e Nikki possa ajudar um pouco o meu humor. Eu posso ver Torch me seguindo em sua moto. Eu saí hoje e não aceitei. O Shooter iria designar outra pessoa para mim e eu não teria mais que lidar com Torch. A verdade é que sei que se eu não tivesse sido tão vadia, ele nunca teria me deixado em paz. Entrando na garagem, pego minha bolsa e saio do carro. Antes de chegar aos degraus, Torch agarra meu braço. ― Ei, eu sei que já disse isso, mas sinto muito por não estar lá hoje. Eu fui um idiota deixando você. Só sei que vou garantir que quem quer que seja esse imbecil, ele não chegue até você de novo. Não sei o que dizer para ele e antes que perceba, envolvo meus braços em torno dele. Estar perto dele assim mexe com minha cabeça. Quando ele passa os braços em volta da minha cintura, parece quase um escudo. Como nada pudesse me tocar, como se eu fosse invencível. Eu me afasto e dou um sorriso rápido antes de subir as escadas para a casa de Lucy.

Bato na porta, olhando para trás e vejo Torch sentado no degrau, clicando no isqueiro que ele sempre carrega, abrindo e fechando. ― O que há com isso? Ele olha para mim. ― Talvez um dia eu te conte. A porta se abre e Lucy sorri para mim surpresa. ― Ei, eu não pensei que você viesse. Ela se afasta e eu entro. ― Sim, bem, acho que você ainda não sabe. ― Lucy, você não vai acreditar no que... ― Nikki para de falar quando me vê. ― Puta merda. Você está bem, Tracie? Eu aceno para ela. ― O que aconteceu? ― Lucy olha entre nós, confusa. Eu explico a elas o que aconteceu quando cheguei ao clube e odeio o horror no rosto delas, o pior é que vem misturado com pena. ― Jesus, como você está? ― Estou bem. ― Eu minto. ― Imaginei que vindo aqui tentaria me distrair. Passamos o dia comendo besteiras e assistindo filmes inúteis. Magic Mike começa quando Whip, Twisted e Torch entram. Todos olham para a tela enquanto os caras realizam uma de suas performances. ― Esta é a merda que vocês assistem? ― Torch olha para mim. Eu dou de ombros. ― Isso cria bons sonhos à noite. ― Esses idiotas? Eles provavelmente nem são heteros. ― O resto dos caras resmunga algo do mesmo jeito que se move pela sala. Eu pulo quando a voz de Torch está bem no meu ouvido. ― Se você realmente quer ver alguns movimentos, tudo o que precisa fazer é pedir. Eu me viro e olho para ele. ― Não comece.

― Veja, é isso mesmo. Se você parasse de brigar comigo, estaria me implorando para terminar. ― Ele pisca para mim antes de se endireitar e entrar na cozinha. Sinto o rubor nas bochechas e amaldiçoo meu corpo traidor. Que quer Torch, muito. Não consegui parar de pensar no nosso beijo, o jeito que seus lábios estavam contra os meus. Como ele me excitou e me assustou de uma vez. Eu me senti mais viva e excitada do que há algum tempo. Eu pego Nikki olhando para mim com um sorriso no rosto. ― Você está ferrada, garota. Eu não sei disso? ― Ei, Lucy! Não esqueça que minha mãe virá na próxima semana para ajudar com as coisas. ― Whip chama da cozinha. Lucy revira os olhos, o que é estranho, porque ela e a mãe de Jordan sempre se deram bem ― Ok, querido! ― Ela grita de volta. Ela olha para Nikki e eu antes de suspirar. ― Gente, isso pode ser apenas a cadela grávida em mim, mas a mãe dele está me deixando louca. Ela quer se envolver em tudo, e mesmo que suas intenções sejam boas, isso está me deixando um pouco louca. ― Isso é normal e, honestamente, no que me diz respeito, tire vantagem de ser uma cadela enquanto você estiver grávida. Você tem uma desculpa. ― Nikki ri. Lucy balança a cabeça. ― Obrigada Nik. Eu não quero que ela me odeie. ― Escute, Mary, ninguém jamais poderia te odiar. ― Lucy estreita os olhos para mim. Ela odeia quando eu a chamo assim. ― Apenas respire fundo e, se precisar que alguém te salve, envie

uma mensagem para uma de nós. Ou você pode usar sua maldade em nós, dessa maneira você não deixa escapar para a mãe dele. Poderia ser pior. Você poderia ter um perseguidor na sua bunda 24/7 como eu. ― Oh, por favor. Twisted me disse que o Shooter tentou te dar outra pessoa e você não quis. Se você quer admitir ou não, você ama ter esse homem te seguindo. ― Ela arqueia uma sobrancelha para mim. ― Eu simplesmente não queria alguém que eu não conheço atrás de mim. ― Mentira. Se você acha que não pode contar, está doida. ― Ela joga uma pipoca em mim. ― Você realmente deveria tirar os dois de sua miséria e continuar com isso. ― Realmente maduro, Dr. Phil. ― Pego a almofada atrás de mim e jogo nela. ― Me chame do que quiser, tudo o que estou dizendo é que não faz sentido evitar o inevitável. Além disso, vamos ser honestas: todos já ouvimos histórias sobre Torch, você não ficará desapontada. ― Sério? Um, eww. Segundo, se eu o quero, definitivamente não quero ser lembrada das histórias de outras garotas com quem ele esteve. ― Levanto precisando sair porque não posso continuar fingindo que não o quero. Eu quero. Cada centímetro de mim parece que está chamando por ele. Eu só preciso calar a minha boca.

Hoje à noite eu decido surpreender Randy. Minha atração e desejo por Torch estão ficando mais intensos e espero que, se eu me aproximar de Randy, isso possa desaparecer. Eu sei que estou sendo estúpida e que usá-lo dessa maneira é errado. Preciso que as coisas com Randy funcionem, porque se não der, juro que é quase como um sinal de que não devo ter um relacionamento normal. Nos últimos dias, Torch cumpriu sua promessa e não saiu do meu lado. O problema disso é que ele não saiu do meu lado. Ele está lá toda vez que eu me viro e minha decisão de afastá-lo está enfraquecendo. Eu quase deixei ele me beijar novamente no outro dia no bar. Ficando na ponta dos pés, levanto a caixa para deslizá-la na prateleira superior. Quando ela oscila e eu começo a perder o controle, me preparo para ser derrubado na cabeça com uma caixa cheia de garrafas quando a caixa é levantada e colocada na prateleira. Eu me viro para ver Torch atrás de mim. ― Você realmente precisa começar a pedir ajuda, princesa. ― Você precisa saber quando pegar uma dica e ir embora. ― Eu tento passar por ele, mas ele fica na minha frente. Dá alguns passos em minha direção, dou alguns em retirada até que ele me pressiona contra a prateleira. ― Que tipo de dicas eu devo pegar? A maneira como seu rosto fica vermelho quando digo algo sujo para você? A maneira como seu corpo parece relaxar quando você sai do carro e me vê andando atrás de você? Os arrepios que cobrem sua

pele toda vez que chego perto? ― Meu interior aperta com sua proximidade e sabendo que o que ele está dizendo é verdade. Estou em constante estado de necessidade ao seu redor. O rosto dele se aproxima. ― Que tal o fato de eu saber que sua calcinha está molhada e tudo em que posso pensar é enterrar meu rosto entre suas pernas. Puta merda. Meu coração está batendo forte enquanto seguro seu olhar. Ele se aproxima mais uma vez. Eu não me mexo. Eu não quero. Eu quero que ele me beije. Graças a Deus, naquele momento, um dos barmen entrou no estoque quebrando o feitiço que ele tinha sobre mim. Ele pode ver minha parede desmoronando mais a cada dia e eu sei pelo seu sorriso arrogante que ele está tendo prazer em suas pequenas vitórias. Olho no espelho, sabendo que hoje à noite quero dar o próximo passo com Randy. Estou tirando o vestido vermelho que raramente visto por causa de muita dor na bunda. Ele abraça meu corpo tão firme que eu juro que é feito de Spanx. Espero que ele seja um animal no quarto e eu possa esquecer como ele é chato em todos os outros cômodos. Reviro os olhos, duvidando muito dessa possibilidade. Não está perdido para mim que estou basicamente me sabotando. Estou indo a um encontro sabendo que não tenho interesse no cara, mas com a intenção de tentar usar o sexo para torná-lo melhor. Juro por Deus que pareço uma propaganda de um livro de autoajuda. Ao sair do meu quarto e entrar na sala comum, toda a conversa para. Eu posso sentir os olhos de todos os irmãos em mim. Eu caminho direto para o estacionamento. Por um minuto,

não ouço os passos reveladores atrás de mim. Depois de um minuto, ainda não ouço passos, ouço batidas. Cada passo soa tão alto quanto meu coração batendo em meus próprios ouvidos. Eu quero me virar, ver o olhar em seu rosto, ver como eu o afetei. Mas não, principalmente porque não confio no meu próprio rosto. Entrar no carro não é tarefa fácil por algumas razões: 1) Meu carro é baixo. 2) Dobrar neste vestido é quase impossível. 3) Minhas pernas estão tremendo com o olhar aquecido vindo de Torch. Eu finalmente entro no carro, dando um suspiro de alívio e exaustão. Eu me afasto e vou em direção à casa de Randy, esperando que ele seja afetado por mim a metade do que Torch é. Randy vive cerca de vinte minutos fora da cidade. A casa dele é do tipo que você esperaria ver em uma revista. Uma casa de família branca de três andares, cerca branca e tudo. Tudo o que tenho certeza de que ninguém espera que eu queira. Eu estacionei o carro tentando ganhar coragem para fazer isso. Eu não tive muito sexo, mas isso é diferente. Isso é carregado de esperança por uma vida normal. Espero que eu possa me fazer querer normal. Espero que o tempo todo eu não pense em Torch. Eu ando até a porta, ousando dar uma rápida olhada no final da entrada. Torch está parada ali, com os braços cruzados sobre o peito e o olhar fixo em mim. Eu não deveria estar fazendo isso. Eu deveria ir até ele e dizer o que realmente quero.

Dizer a ele como estou com medo de acabar como meus pais, e como tudo o que aconteceu com Viper ainda me assombra. Eu deveria fazer muitas coisas, mas sou uma idiota. Eu me viro e bato na porta. Ninguém responde, mas o carro de Randy está na garagem, então eu sei que ele está em casa. Eu tento a maçaneta e está destrancada, então entro. Fecho a porta e me forço a não olhar para trás. Eu posso ouvir música vindo do andar de cima, então eu a sigo. É quando eu encontro o homem para quem vim me entregar. Quem eu esperava que me salvaria de uma vida que eu associava com dor e mágoa. O homem com seu pau enterrado em outra pessoa.

É preciso todo controle que eu tenho para não ir atrás dela. Eu teria ido se não tivesse conversado com Twisted anteriormente. Ele me disse que eu preciso deixá-la vir até mim. Quanto mais eu tento me forçar a ela, mais a afasto. Tracie tem na cabeça que esse idiota é o tipo de homem que ela precisa. Por mais que eu tentei convencê-la de que está errada, não está funcionando. Ela mesma precisa chegar a essa conclusão. Observo a chama acender e apagar várias vezes do meu isqueiro. Ela me perguntou sobre isso outro dia, mas não era hora de compartilhar meu passado. Eu realmente não conversei com ninguém sobre isso. Todo mundo tem suas próprias merdas que guardam para si mesmos e para mim, minha história não é algo que eu gostaria de espalhar. O cheiro de fumaça atinge meu nariz e olho ao meu redor tentando encontrar a fonte. A vizinhança parece estar quieta, então eu ignoro isso para talvez alguém fazendo churrasco no quintal. Olho para a casa odiando que ela esteja lá com ele. O fato de que as mãos dele possam estar nela e não as minhas é suficiente para me deixar louco. Se é aqui que ela vai ficar na maioria das noites, talvez eu precise trocar com um dos prospectos, porque não há nenhuma maneira no inferno de eu mostrar tanto autocontrole novamente.

Sinto o cheiro da fumaça novamente, desta vez ainda mais forte. Eu me endireito e é quando eu ouço a voz dela gritando. Meus pés começam a se mover por conta própria, correndo em sua direção. Meu coração bate forte ao me lembrar do cheiro de fumaça, dos gritos das pessoas que amo. Eu acelero contornando a casa e entrando no quintal. Chego a um ponto morto quando vejo a visão na minha frente. Tracie está gritando com o idiota que mora aqui, enquanto ela fica na frente de uma pilha de merda que está queimando. Suas mãos estão no quadril, enquanto seus longos cabelos loiros caem pelas costas. Ela nunca pareceu mais sexy do que parece enquanto o coloca em seu lugar, em pé na frente das chamas, naquele vestido vermelho sexy. Não consigo ouvir tudo o que ela está dizendo, mas ela grita algo sobre uma vagabunda, e ele se arrependendo. Fodido não tem ideia do que jogou fora. Não posso deixar de ficar feliz, agora que ele está fora do caminho, não há ninguém entre nós. Eu não ligo para o que todo mundo fica me dizendo. Chega de deixá-la vir até mim. Esta noite, eu vou levá-la. Ele tira o celular da calça e eu sei que é hora de tirá-la daqui. Eu ando até eles, passando por ela e indo direto para ele. Pego o telefone fino da mão dele, jogando pelo quintal. ― Faça essa ligação e eu quebro suas malditas mãos. Nós dois sabemos que você merecia essa merda. Agora é hora de enfiar o pau entre as pernas, voltar para casa e nunca mais falar com ela. ― Quem diabos você pensa que é? Esta é a minha casa. Eu não vou... Eu seguro a camisa dele e o levanto um centímetro de seus pés. ― Eu sou o único que colocará você no chão se você olhar na direção daquela garota novamente. Eu não dou a mínima para

quem você é. Nós estamos saindo. Apague o fogo e não ouse chamar a polícia. ― Eu o soltei e sorri enquanto ele caía de bunda. Eu me viro para ver Tracie olhando para mim. ― Sim, eu sei. Você não vem comigo, eu não deveria ter feito nada, blá, blá, porra. ― Pego o braço dela levando-a pela casa até a minha moto. Ela arranca o braço do meu alcance. ― Saia de cima de mim, Torch. Você deveria ter se importado com o seu próprio negócio. Sento na minha moto. ― Eu vou te falar uma vez, suba. Vou mandar alguém pegar o seu carro. ― Ela abre a boca para discutir. ― Estou avisando, podemos fazer isso da maneira mais fácil ou mais difícil. ― Nós olhamos um para o outro por alguns minutos antes que ela suba de má vontade na moto. Senti-la tentando manobrar no vestido apertado traz um sorriso para o meu rosto, especialmente sabendo que sua saia tem que ser levantada e mal cobre sua bunda. Suas mãos relutantemente seguram meu quadril. Envolvo-as em volta da minha cintura antes de me afastar da casa. Tê-la na minha moto pressionada contra mim é tão bom. É tudo que eu queria há muito tempo. Ela pode pensar que estou levando-a para casa, mas há apenas um lugar que ela estará hoje à noite e é a minha cama. Eu a sinto tensa quando ela percebe para onde estamos indo. Eu sei que ela vai brigar comigo e se eu for honesto, estou ansioso por isso.

Enquanto ele pilota, percebo que não vamos ao clube, ele está me levando para a sua casa. Um calafrio me percorre com o pensamento de estar sozinha com ele. É tão difícil para mim lutar contra a maneira que me sinto por ele e agora tudo o que quero é me sentir desejada. Randy pode não ter sido alguém com quem eu realmente me importasse, mas ninguém quer ser traído. Me sinto indesejada, descartável e sem importância. Eu sei que Torch me quer e isso torna a sua casa muito mais perigosa para mim. Em um dia normal, brigar com ele exige toda a minha força de vontade, hoje não sei se posso. Ou se eu quero. Eu tento relaxar, deixando a liberdade de estar em uma moto dominar meu corpo. O vento me faz sentir como se eu pudesse voar, como se estivesse livre. É assim que sempre me sinto quando estou perto dele. Livre, como se eu pudesse fazer o que quisesse sem julgamento. Eu também estou com medo quando estou com ele. Esse medo vence tudo e é a razão pela qual eu sempre o mantive à distância. Estou com medo de que ele me machuque do jeito que vi amigas serem machucadas por irmãos. Estou com medo de me machucar por causa de quem ele é e dos inimigos que ele tem. Estou com medo de ser minha mãe.

Então penso em Nikki e Lucy, como elas são felizes. A maneira como elas lutaram por seus relacionamentos e o quanto os meninos as amam. Eu quero aquilo. A única pergunta é: posso lidar com isso? A moto para e eu olho para ver que estamos na frente da casa dele. A cova no meu estômago fica mais profunda quando o motor desliga. Eu sei que ele está esperando eu descer da moto. Enquanto eu desço, minhas pernas parecem gelatinosas, não pelo passeio, mas pela antecipação. Torço minhas mãos enquanto meus dentes roem meu lábio inferior. Posso realmente fazer isso? Eu realmente quero isso? Torch se levanta e me encara. Sua expressão é esmagadora. Ele olha para mim como se a qualquer momento ele pudesse me devorar inteira. Eu quebro seu olhar, não sendo capaz de aguentar mais essa intensidade. Eu me afasto caminhando em direção à casa na esperança de afastar alguns dos nervosismos que correm desenfreados pelo meu corpo agora. Quando chego aos degraus, hesito. Suas mãos me envolvem por trás. ― Eu não sei do que você tem tanto medo, mas não vou te machucar, Tracie. ― Ele me gira em sua direção. ― Durante muito tempo, eu não queria nada além de fazer você minha. Vou tratá-la como uma rainha. Você terá tudo o que você poderia querer. Vou te manter segura e feliz. Você só precisa deixar. ― Sua boca está a poucos centímetros da minha. Segura. Feliz. Essas são duas coisas que eu não sinto desde sempre. Quando ele diz para mim, eu acredito nele. Minha mão estica para roçar sua bochecha. Se eu fosse violar minhas regras por alguém,

deveria ser o homem que estava esperando por mim. Aquele que ficou parado e me deixou cometer erro após erro, esperando até que eu estivesse pronta para ele. Eu me inclino, pressionando meus lábios suavemente nos dele. Minhas mãos envolvem seu pescoço e ele me puxa com mais força contra seu corpo. O beijo suave que iniciei pega fogo e ele empurra a língua na minha boca. Eu abro para deixar ele me possuir e assumir o controle como eu sei que ele quer. Suas mãos me levantam e ele nos leva até os degraus. Meus pés tocam o chão e me afasto por um minuto, olhando em seus olhos castanhos. Sua mão cava no bolso, puxando as chaves. Uma vez que entramos, eu realmente não sei como agir. Eu já estive aqui antes, mas nunca nessas circunstâncias. Eu posso senti-lo parado atrás de mim, o calor irradiando de seu corpo e aquecendo minha pele. Se eu desse um passo para trás, seria pressionada contra ele. Minha língua sai para molhar meus lábios enquanto contemplo meu próximo passo. Eu nunca imaginei que acabaria aqui esta noite. Eu pulo quando suas mãos tocam meu quadril. Respirando fundo, tento relaxar. É Torch. Eu o conheço desde sempre. Não há nada para me assustar. Por outro lado, eu o conheço desde sempre. Se algo der errado e eu o perder, isso vai me esmagar. Minha mente gira com todas as diferentes possibilidades, todos os resultados que esta noite poderia ter. ― Pare de pensar. Sua voz retumba no meu ouvido. ― Apenas sinta.

Sua mão desliza pelo meu lado, deixando um rastro de arrepios. Sua respiração aquece meu pescoço e eu inclino minha cabeça contra seu peito. Um suspiro sai da minha boca. Eu quero me deixar ir. Me deixar finalmente ter o que eu queria todos esses anos. Seus lábios se arrastam sobre a pele entre meu pescoço e ombro enquanto minhas mãos se levantam para envolver sua cabeça. ― Me diga o que você quer. ― Eu pulo com o som da sua voz me quebrando do transe em que ele me meteu. Eu quero que ele me leve. Me faça dele. Quero sentir como é ser cuidada por alguém. Eu me viro e olho nos olhos do homem que tenho medo de enfrentar por anos. ― Você. Ele geme. ― Você tem certeza? Quando você disser sim, não há como voltar atrás. Eu mordo meu lábio. ― Tenho certeza. Suas mãos seguram meu cabelo enquanto sua boca bate contra a minha. Ele nos leva para trás, meu batimento cardíaco acelera quando percebo aonde ele está me levando. Minha boca seca e eu começo a ficar tonta. Eu só fiz sexo uma vez desde o Viper. Chorei por uma hora depois. Posso fazer isso? Saia da sua cabeça, Tracie.

Esse é Torch. Só respire. Sinto algo bater atrás dos joelhos e caio na cama. Olho para Torch, tentando equilibrar minha respiração. Ele olha para mim como se pudesse ver através da minha alma. Ele pode? Ele sabe o que está acontecendo na minha cabeça? ― Deixe isso. Você não precisa ter medo. Você não precisa fingir comigo. A razão pela qual nunca funcionou com eles é porque você precisa de alguém como eu. Me dê o controle e prometo que você não vai se arrepender. Eu aceno enquanto olho para ele, tentando deixar toda a minha apreensão passar. Suas mãos cruzam o peito enquanto ele agarra a barra da camisa e a puxa sobre a cabeça. Engulo em seco ao ver seu peito tatuado, as linhas tribais negras passando por seus músculos definidos. Suas mãos lentamente se movem para o cinto, o tinido aumentando a antecipação antes que seu jeans caia no chão. Ele se abaixa, tirando cada uma de suas botas antes de estender uma de suas mãos para mim. Eu pego, deixando que ele me puxe para ele. ― Relaxe e me deixe cuidar de você. Está tudo bem, deixe ir. Sua mão chega em volta das minhas costas, lentamente abrindo o zíper do meu vestido. Eu puxo as alças dos meus ombros antes de tirar o tecido do meu corpo e deixá-lo cair. Decidindo ser ousada, agarro a cintura de sua cueca, dando um puxão e deixando-o saltar livre. Fechando os olhos por um minuto, me lembro de onde estou e de

que estou segura aqui. Sua mão pega a minha enquanto ele me puxa para cima. Torch me beija. Eu posso sentir a emoção que eu bloqueei por anos saindo. Estou cansada de lutar, de fingir, de ser guardada. Com um pequeno empurrão dele, eu caio de volta em sua cama. Ele olha para mim e eu não posso deixar de querer me cobrir com as mãos. ― Não se esconda de mim, nunca. Você é linda. Vou garantir que você saiba disso todos os dias. Esta noite você será minha, e posso prometer que nunca se arrependerá. Ele se abaixa para mim, seus lábios se fechando em torno de um dos meus mamilos enquanto seus dedos rolam o outro. Eu arqueio minhas costas e gemo do ataque repentino e feroz. Meus dedos cavam os lençóis amarrotados ao meu redor. Torch se levanta para olhar para mim, um sorriso estampado em seu rosto. ― Se isso te afetou tanto, vai ser divertido. ― Ele pisca antes de sua boca pressionar a pele entre os meus seios. Suas mãos abraçam meus lados enquanto as pontas dos dedos traçam linhas de prazer através da minha carne sensível. Seus beijos continuam enquanto ele desce. Cada golpe de seus dedos na minha pele vai direto para o meu clitóris. Quando seus lábios alcançam minha cintura, eu congelo. Este é um território novo para mim. ― É melhor você segurar firme, baby. Ele envolve um braço em volta da minha cintura para me segurar no lugar enquanto o outro lentamente faz o seu caminho para o meu núcleo. Quando ele passa os dedos pelas minhas dobras, eu gemo. Ele insere um de seus dedos em mim e eu arqueio em sua mão. É muito bom e instantaneamente quero mais. Ele acaricia meu interior leve, forte, rápido, lento, eu não consigo acompanhar.

Eu choramingo quando ele sai, mas antes que eu possa contestar, ele coloca dois dedos em mim e agora estou me contorcendo. Eu olho para ele. Ele está me observando. Ele começa a abaixar a cabeça e meus olhos se arregalam com o conhecimento de suas intenções. Sua língua sai rapidamente sacudindo meu clitóris e eu grito. Eu posso me sentir tensa. Estou construindo e não é nada como eu já senti antes. ― Você está pronta? Sua voz rompe no quarto silencioso. Eu concordo. ― Diga que você é minha. Me deixe ouvir o que eu queria há tanto tempo e vou fazer você explodir. Vou te dar tudo o que você sempre quis. Apenas me deixe ouvir. Eu respiro fundo. ― Sou sua. Ele sorri antes que sua cabeça caia novamente. Desta vez, sua boca inteira cobre meu clitóris enquanto ele chupa e me sacode rapidamente. Seus dedos me acariciam com força e profundidade e minhas pernas começam a tremer. Eu posso me sentir prestes a gozar, minhas costas arqueiam e grito o nome dele quando o solto. Ele se senta, seu rosto brilhando. ― Baby, isso foi lindo. ― Ele levanta meu corpo flácido e me move mais para a cama. ― Agora é hora do show de verdade. Meus olhos se arregalam. Eu não acho que eu poderia lidar com outro assim. Ainda não tenho a sensação das minhas pernas de volta. Ele sobe em cima de mim e eu posso senti-lo pressionando contra a minha pele já sensível.

― Eu tenho camisinha. Se você quiser que eu use, usarei, mas quero sentir você. Quero que você seja minha de todas as formas possíveis. Quando tudo aconteceu, eu coloquei um DIU, para que eu saiba que estou segura de engravidar. Eu nunca consideraria isso com qualquer outro cara. Quando olho nos olhos dele, vejo um homem que esperou até que eu estivesse pronta para ele. Alguém que faria qualquer coisa por mim. Alguém por quem eu poderia facilmente me apaixonar. Eu quero fazê-lo feliz, dar o que ele quer. ― Me tenha assim. ― Eu digo a ele, minha voz suave e ofegante. Um gemido soa em seu peito antes de sua boca beijar meu pescoço. Eu o sinto pressionando contra mim e tento relaxar. Sua mão enfia uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, e ele me dá um pequeno beijo nos lábios. É um gesto simples, mas que mostra intimidade, cuidado, que me diz que significo algo para ele. Ele empurra para dentro de mim e eu ofego com a plenitude e aperto minhas pernas ao seu redor, meu corpo inteiro ficando tenso. Depois de um minuto, afrouxo meu aperto nele e respiro algumas vezes. Ele lentamente sai antes de deslizar de volta. O ritmo lento começa a se tornar menos desconfortável e mais prazeroso. Meus dedos correm por seus cabelos quando ele começa a acelerar e mergulhar mais profundo dentro de mim. ― Porra, Tracie, você é incrível. ― Ele sussurra no meu ouvido e eu tremo. Torch se senta e sai de mim e eu gemo pela perda. Ele sorri antes de me puxar para cima, então estou de frente para ele de joelhos. ― Vire ao contrário. Eu faço o que ele diz. Sua mão corre pela minha espinha e empurra para baixo entre as omoplatas. Meu rosto está pressionado contra os lençóis quando o sinto na minha entrada

novamente. Ele bate em mim e eu grito. As pontas dos dedos pressionam a pele do meu quadril quando ele começa a se mover. Cada impulso me força mais no colchão e força um grito de prazer rasgar da minha garganta. Começo a construir novamente, pois uma parte de mim se pergunta se meu corpo pode aguentar se desfazer novamente. Eu sinto a mão dele traçar meu corpo. Seu dedo lentamente começa a esfregar círculos sobre o meu clitóris e eu seguro os lençóis enquanto explodo ao redor dele. Eu o sinto tenso atrás de mim antes que um rosnado alto soe em seu peito. Nós dois caímos no colchão. Eu dei o salto com Torch. Agora não há como voltar atrás.

Acordo de manhã e por um segundo o braço pesado sobre mim me faz entrar em pânico. Então a noite passada volta para mim. Não posso acreditar depois de todo esse tempo finalmente cedi a ele, não que eu me arrependa. Estar com Torch na noite passada parecia certo. Deitar em seus braços agora parece como casa, como se eu estivesse exatamente onde deveria estar. Eu o afastei porque ele era muito familiar para mim, me lembrou muito da vida que vivi. Eu acho que é isso que vai nos tornar incríveis. O fato de podermos entender e nos relacionar melhor do que qualquer outra pessoa que nunca esteve no nosso lugar. Eu tenho certeza que as meninas ficarão emocionadas, considerando que elas estão na minha bunda sobre o quão burra eu era por constantemente empurrá-lo para longe. Seu braço aperta em volta de mim. ― Você está pensando em fugir? Eu me viro para ele. ― Não. ― Bom, porque depois da noite passada não há como eu deixar você fugir. ― Ele me beija e eu me perco no beijo dele. É quando o som de um telefone tocando corta a nossa manhã pacífica. Torch geme quando ele se desenrola de mim e tira seu telefone do jeans. Ele se levanta e eu não escondo o fato de que eu estou flagrantemente cobiçando sua bunda. Ele pisca para mim com um sorriso antes de vestir sua cueca e atender o telefone.

― Sim... como diabos eu saberia que ela iria pirar? ― Ele olha para mim e eu rio. ― Eu cuidei disso... não teremos notícias dele... Ela está aqui... sim, cara, mais tarde. ― Ele se vira para mim. ― Shooter não se divertiu muito com o seu pequeno show de fogo ontem à noite. ― Balançando a cabeça, ele caminha até a cômoda. Olho para o chão, percebendo que tudo o que tenho para vestir é aquele maldito vestido. A coisa é tão apertada e não tem absolutamente nenhum apelo para mim agora. Algo me bate no rosto e olho para baixo para ver uma das camisetas de Torch. ― Achei que esse pequeno vestido vermelho é um pouco menos atraente agora. ― Obrigada. ― Eu sorrio para ele. Puxo a camisa quase até o meio da coxa. Jesus. Eu estou na frente do espelho dele imaginando o que diabos eu poderia fazer para consertar isso. Avistando um elástico em sua cômoda, eu o agarro, amarrando a camisa ao lado, enrolando a faixa em volta dela antes de dobrar o nó. Esse vestidinho de camiseta é definitivamente minha melhor opção agora até que eu possa voltar para o meu quarto. Merda. Vou ter que andar pelo clube vestida assim e todos saberão o porquê. ― Não importa se você está vestindo minha camisa ou não, até o final do dia de hoje todos saberão que você é minha. Olho para vê-lo na porta. ― Como diabos você sempre faz isso? ― Faço o que? ― Ele encolhe os ombros. ― Ler minha mente e responder uma pergunta que eu não fiz.

Ele anda atrás de mim, com as mãos em minha volta, nós dois olhando para o nosso reflexo. ― Porque eu passei tanto tempo esperando por você que provavelmente te conheço melhor do que você mesma. Eu relaxo contra ele. Adoro quando ele diz coisas assim; quando ele não é tão duro como unhas de motoqueiro. Não me interpretem mal, o motoqueiro é definitivamente o que me atraiu para ele. ― Nós precisamos ir. ― Ele pressiona um beijo no meu pescoço. Eu o sigo até sua moto. A viagem para o clube foi mais estressante desta vez. Eu estava aparecendo como uma Old Lady. Isso mudaria completamente meu papel no clube. Eu não pude deixar de imaginar se os meninos me tratariam de maneira diferente por causa disso. A grande diferença entre eu e as outras garotas era que elas nunca precisavam se preocupar comigo repetindo nada. Parece haver um pacto de Old Lady, como se todas estivessem juntas, mas não quero que pensem que vou mudar agora. O clube era minha família e a família sempre vinha em primeiro lugar. Torch desliga a moto e eu hesito antes de descer. Depois de um minuto, finalmente desço da moto dele. Ele me segue e depois pega minha mão. ― Não vai ser nem metade do que você pensa. Eu o sigo esperando que ele esteja certo enquanto tento arrumar meu vestido improvisado. Abrimos a porta do clube para ver todos por perto. Os aplausos soam quando nos veem, eu até ouço Twisted gritando: ― Já estava na maldita hora. ― Soltei a mão de Torch e segui em direção ao meu quarto, precisando ficar fora desse foco

estranho e usar roupas de verdade. Minha porta mal se fecha quando Lucy e Nikki a abrem e entram. ― Vocês poderiam ter batido. Estou trocando de roupa. ― Sim, bem, se você pensou que correr para o seu quarto ia funcionar, você está seriamente iludida. ― Nikki se senta na minha cama e Lucy a segue. ― Conte. ― Não há nada a dizer. ― Eu dou de ombros. ― Besteira. Estamos esperando você voltar a si há anos, agora preciso pelo menos ouvir sobre como aconteceu. ― Ela cruza os braços sobre o peito, deixando-me saber que não há como deixar isso de lado. ― Bem. Eu fui a casa de Randy na noite passada e Torch, é claro, me seguiu até lá. Quando entrei na casa dele, encontrei o filho da puta me traindo. ― Suas bocas se abrem. ― Sim, então eu peguei todos os ternos caros do desgraçado, levei-os para o quintal e atirei fogo. As duas explodem em gargalhadas. ― O que ele fez? ― Lucy finalmente consegue perguntar. ― Ele saiu e tentou agir como um homem, e Torch invadiu o quintal, agindo como o homem das cavernas normal que vemos diariamente e acho que Randy quase se cagou. ― Dessa vez eu ri com elas quando me lembrei do rosto de Randy quando Torch o jogou no chão. ― Então? ― Nikki arqueia a sobrancelha para mim. Ela não vai me deixar fora do gancho até que ela consiga as coisas boas. ― Então, ele me levou para sua casa e fizemos sexo, sua prostituta intrometida. ― Eu balanço minha cabeça para ela, enquanto me visto.

― Ei, isso é tudo que eu estava procurando. Mas posso dizer que já era hora? Eu me viro jogando uma camisa no rosto dela. ― Eu concordo, mas posso ser egoísta por um minuto? ― Nós duas olhamos para ela. ― Gente, a mãe de Jordan chega hoje e eu estou enlouquecendo. ― Eu me viro para olhar para Lucy e ela está girando os cabelos e mordendo o lábio. ― Por quê? Não é como se você não a conhecesse ou que ela seja uma pessoa louca. ― Eu me viro para ela encostada na cômoda. ― Eu sei disso, mas com o casamento e o bebê, tenho estado tão estressada ultimamente e ela sempre quer ajudar. ― Ela balança a cabeça. Eu ri. ― Que puta. Lucy estreita os olhos para mim. ― Você sabe o que eu quero dizer. Só não quero acabar gritando com ela porque... ― Uma batida interrompe a sentença de Lucy. ― Está aberta! ― Eu grito. Whip abre a porta. ― Ei, Lucy, minha mãe acabou de chegar aqui. ― OK, estarei lá em um minuto. ― Ele sai e então ela se vira para nós. ― Venham me impedir de dizer algo estúpido. Nikki levanta as mãos. ― Ei, eu não sou milagreira. ― Cale-se. ― Lucy lança um olhar que até me mantém quieta. Nos dirigimos para a sala principal para ver a mãe de Jordan conversando com todos os meninos. Ela é tão alta quanto nós, cabelos castanhos e cheia de sorrisos. Os caras a amam, porque sempre que ela está aqui, ela os mima. Ela se autodenomina mãe

do clube e trata todos como se tivessem cinco anos de idade. Uma vez que ela vê Lucy, seu rosto se ilumina corre para ela. ― Oi querida! Como está meu bebezinho? ― Tudo bem, apenas indo dia a dia. ― Ela força um sorriso. Pobre Lucy, depois de observar ela e Nikki me surpreende por que alguém iria querer estar grávida. Estou perfeitamente feliz brincando com as crianças e devolvendo-as assim que elas começam a ser ruins. ― Você já decorou o quarto? Eu queria trazer coisas, mas não sabia quais eram suas cores ou se Jordan iria querer todo de couro. ― Nikki solta uma risada, enquanto Lucy respira fundo. ― Você não vai deixar ele decorar o quarto de preto, certo? Aperto o lado de Lucy, onde sei que ela sente cócegas para forçar um sorriso antes que os hormônios da gravidez engulam a mãe do clube. ― Não, ainda não decoramos muito. ― Diz ela meio rindo. Ela olha para mim, agradecendo silenciosamente. ― Você sabe o que, eu realmente preciso da opinião de Lucy com algumas coisas, você se importa se eu a roubar? ― Nikki pergunta. ― Oh não, vá em frente. ― A mãe de Whip sorri antes das duas quase saírem correndo pela porta. Vou até o bar e pego uma cerveja que preciso para relaxar um pouco. ― Então você finalmente desistiu, hein? ― Eu me viro para ver Shooter parado atrás de mim. ― Sim. ― Tomo um gole sem saber o que dizer para ele.

― Você sabe que eu apoiarei o que você quiser, Tracie. Eu te amo. Eu só quero que você seja feliz. ― Ele olha para mim. Eu dou-lhe um abraço. ― Eu sei. Você está aqui para mim desde que perdi meus pais. Você basicamente foi meu segundo pai e não posso agradecer o suficiente por isso. ― Sim, bem, você merece muito mais. Espero que você finalmente encontre alguém para dar a você. ― Ele assente atrás de mim e me viro para ver Torch nos observando. ― Eu sempre estarei aqui para você, Tracie. ― Eu sei, Shooter, e isso significa mais do que você jamais saberá. ― Dou-lhe outro abraço antes de caminhar até Torch. ― Então, e agora? Ele sorri para mim antes de se inclinar perto da minha orelha. ― Eu preciso fazer alguma merda aqui, então eu quero te levar de volta para minha casa e fazer você gritar ainda mais alto do que você fez na noite passada. Minha respiração engata. Ele coloca um beijo na minha bochecha antes de caminhar até Twisted e Whip. Tenho a sensação de que me envolver com Torch será o caminho da minha vida.

Embora eu adorasse dar a Lucy uma despedida de solteira selvagem, isso obviamente não pode acontecer. Os meninos estão levando Whip para fora enquanto temos uma noite de pijama selvagem na Lucy, com filmes e pipoca. ― Você sabe, Mary, só você faria isso para que sua festa de despedida fosse inocente. ― Olho para Lucy rindo porque sei o quanto ela odeia esse apelido. ― Seja como for, talvez seja melhor assim, porque Deus sabe no que você me meteria se eu não estivesse grávida. Os meninos provavelmente teriam acabado precisando nos libertar da prisão. ― Ela balança a cabeça. ― Sim, mas é assim que você sabe que teve uma festa de despedida de solteira incrível. ― Eu pisco para ela novamente. Alguém bate à porta e eu levanto, pegando o dinheiro das pizzas que pedimos. ― Lucy, essa merda cheira mal. ― Eu digo enquanto entro com a pilha de caixas. ― Eu tive que explicar ao pobre rapaz que você estava grávida só para ele não achar que eu era uma aberração. ― Sim, bem, você tenta ignorar um desejo. Parece que você pode enlouquecer se não conseguir. Culpe o bebê.

Eu me agacho ao lado de sua barriga grande. ― É melhor você não querer que eu faça coisas assim quando sair, pequena. ― Coloquei as duas pizzas normais em um local e a caixa de Lucy sozinha. ― Pessoas normais à direita, mulheres grávidas psicopatas à esquerda. Ela cruza os braços como se não fosse pegar um pedaço, mas nós sabemos que é mentira. Depois de um minuto, ela está na caixa pegando um pedaço de sua pizza de anchovas com ovos mexidos. Eu engasgo mentalmente só de pensar nisso. Juro por Deus que nunca vou comer merda assim quando estiver grávida. Uau. Quando estiver grávida? De onde diabos isso veio? Eu nunca pensei em engravidar, mesmo quando Nikki estava passando por isso. É Torch, o cara está me ferrando completamente. Não sei como alguém pode consumir cada um dos meus pensamentos da maneira que ele faz. É insano. Quando ele está por perto, não posso deixar de sorrir e quando não está, tudo o que quero fazer é falar com ele. Eu pareço uma daquelas idiotas apaixonadas que eu costumava balançar a cabeça. Mesmo agora, quando eu deveria estar me divertindo com as meninas, quero mandar uma mensagem para ele. Eu preciso de uma intervenção, porra. Normalmente, quando um cara reivindica uma garota, ela tatua seu Patch de propriedade, mas eu ainda não marquei minha sessão. Não sei ao certo por que estou adiando. Eu acho que porque é tão permanente. É por isso que os caras levam a reivindicação de uma garota tão a sério, porque traz muitas expectativas e comprometimento. Eu nunca me veria aqui há alguns meses; inferno, eu não teria me visto aqui um mês atrás. Eu lutei por tanto tempo para

não fazer parte desta vida como uma Old Lady que a ideia de tatuar o patch me assusta. ― Olá! Terra para Tracie! ― Olho para ver Lucy e Nikki olhando para mim. ― Você se junta à terra dos vivos de novo, garota? Venha e vamos começar o filme antes que a grávida se canse e adormeça. Começamos a rir, quando o rosto de Lucy ficou vermelho. Ela se levanta quase derrubando o prato em que está a pizza. ― Escutem, vadias, parem de tirar sarro! É a minha despedida de solteira, estou do tamanho do Titanic, estou comendo uma pizza com peixe e ovos e não posso nem ficar bêbada. A próxima de vocês, putas, que fizer uma piada, vai se arrepender, porque eu sentarei em cima de você e o sufocarei com meu corpo de baleia. ― Ela bate no sofá antes de pegar o prato e dar uma mordida na pizza. Eu prendo a respiração e mordo meu lábio tentando de tudo para não rir. Nikki se inclina e sussurra no meu ouvido. ― Raiva de bebê, a briga é real. Eu perco, explodindo em gargalhadas. Eu estou rindo tanto que nem sequer sai barulho da minha boca. Estou apenas começando a recuperar o fôlego quando algo me bate bem na cara. Abro os olhos para ver um pedaço de pizza de Lucy na minha frente. ― Você acabou de jogar a pizza do inferno na minha cara? ― Sim, e confie em mim quando digo que você não quer ver o que vem a seguir. ― Ela aperta o play no controle remoto antes de se afastar de mim. As mulheres grávidas não são brincadeira quando estão chateadas. Decido parar de zombar de Lucy pelo resto da noite, temendo pela minha vida. ***

Hoje é o casamento de Lucy, e eu não poderia estar mais feliz por ela. Com tudo o que ela e Whip passaram, eles merecem isso. Ela acordou esta manhã e começou a correr como uma pessoa louca. Tudo o que ela continuava dizendo era como seus cabelos odiavam sua vida e que nenhuma quantidade de maquiagem conseguia consertar o que o bebê roubou dela nos últimos seis meses. Olho para Nikki. ― Devemos tentar ajudar? ― Eu não sei. Estou com medo de que se ficar no caminho dela, ela vai me atropelar. Talvez apenas esperemos instruções, como bons soldadinhos. ― Ela encolhe os ombros. ― Concordo. Depois da noite passada, não tenho dúvidas de que ela recorrerá à violência se for provocada. Lucy corre por nós novamente, mas para rapidamente. ― O que vocês estão cochichando? Eu juro que ela tem esses olhos loucos, e é assustador. É uma mistura do pior episódio de noivazilla misturado com um animal enjaulado na hora da alimentação. ― Nada. ― Dizemos ao mesmo tempo. ― Sim, como se eu comprasse isso. Temos alguma comida? Além da pizza nojenta que comi ontem à noite. ― Ela torce o rosto. A pizza nojenta que ela comeu cinco fatias. Juro que nunca vou entender mulheres grávidas. Ela adorou essa merda na noite passada. ― Eu posso ir comprar alguma coisa. ― Eu me voluntário ansiosa para sair da casa. Ela assente antes de me dizer o que quer. Pergunto a Nikki se ela quer alguma coisa e ela me dá um olhar mortal. Ela está com inveja por não ter apresentado uma estratégia de saída primeiro.

Eu praticamente corro para fora de casa, acenando para o prospecto enquanto ele pega sua moto para me seguir. Meu telefone toca no caminho até o mercado e sorrio quando vejo que é Torch. ― Ei, eu não pensei que vocês acordariam tão cedo. ― Não posso evitar o enorme sorriso no meu rosto, mas estou feliz que ele não possa vê-lo. ― Sim, infelizmente, Lucy queria que essa merda fosse cedo, então não é como se tivéssemos uma escolha. ― Sua voz parece grogue, como se ele tivesse acabado de acordar. O casamento é ao meio-dia, então os caras precisam estar na igreja às onze. ― Pelo menos você não precisa lidar com uma mulher grávida cheia de raiva com uma apreciação recente por jogar coisas. ― Eu ri. ― Sim, Whip estava dizendo como ele teve que aprender a se esquivar ultimamente. ― Eu ouço o tilintar de seu cinto ao fundo. ― Você sentiu minha falta ontem à noite? ― Sua voz fica mais profunda e eu juro que de alguma forma vai direto ao meu núcleo. Eu senti, mas não há como admitir isso para ele. ― Não, na verdade foram umas boas férias. ― Veja, eu acreditaria em você, se sua voz não ficasse toda tremida e você não parasse do jeito que parou. Por mais que você queira negar, você é tão viciada em mim quanto eu. Você também pode apostar que hoje à noite vou compensar o tempo perdido. ― Eu ouço alguns dos garotos ao fundo. ― Eu tenho que ir, querida. Até mais tarde. Eu digo adeus a ele e penso em como ele está certo. Eu realmente senti falta dele noite passada. Não é apenas aquele sexo perdido também. Eu sentia falta de tê-lo por perto, conversar com ele, apenas estar em sua presença. Em tão pouco tempo, Torch se tornou uma necessidade para mim. Me sinto em casa.

Volto para casa com a comida e juro que Lucy quase me derruba quando entro. ― Garota, eu pensei que ela iria recorrer ao canibalismo se você não chegasse logo. ― Nikki ri e balança a cabeça. Lucy basicamente inala a comida antes de pegar o curling que ela estava esquentando. ― Precisa de ajuda, Ma-Lucy? ― Eu quase a chamei de Mary, nesse ponto, talvez eu tenha que evitar que um ferro em chamas seja jogado no meu rosto. Seus olhos se estreitam para mim porque ela sabe como eu estava prestes a chamá-la. ― Não, essa crina de cavalo é difícil o suficiente para eu tentar domar. ― Ela bufa antes de se virar e começar a enrolar o cabelo. Nikki e eu nos tornamos insuficientes e vamos nos preparar no outro quarto e basicamente ficando longe do furacão Lucy. Depois de uma hora, ela entra no quarto com cabelos e maquiagem lindos, finalmente um sorriso no rosto. ― Me desculpem, eu tenho sido tão louca. O estresse do casamento misturado com todos os hormônios da gravidez me deixou mal ultimamente. Eu sorrio para ela. ― Bem, você está linda. Você está pronta para vestir seu vestido e se casar com esse homem? Ela assente com o maior sorriso que eu já vi em seu rosto. Ajudamos Lucy a vestir o vestido e dou um suspiro de alívio quando ele fecha sem nenhum problema. Todo mundo sai e entra no meu carro, e finalmente estamos a caminho da igreja. ― Você sabe que desde o momento em que entrou no clube, todos sabíamos que vocês dois estariam juntos. Aquele cara foi fisgado desde o primeiro dia. Devo dizer que gostei dele ter que

sentar e esperar até você fazer dezoito anos. ― Lucy e eu rimos. Jordan costumava vigiá-la como um falcão e todos os irmãos sabiam que ela estava fora dos limites anos antes de ele a reivindicar. ― Esse homem esperou três anos por você. Se isso não é dedicação, não sei o que é. ― Oh sim? ― Nikki olha para mim do banco do passageiro. ― Quanto tempo você manteve Torch esperando mesmo? ― Isso é totalmente diferente. Eu nunca pensei que nos encontraríamos. ― Sim, claro. ― Todo mundo ri quando paramos na igreja. Entramos pela entrada dos fundos para que Whip não veja Lucy. Shooter vai andar com ela pelo corredor porque, assim como eu, ele é basicamente como um pai para ela. Nós o encontramos na frente da igreja. ― Todas vocês, meninas, estão lindas. ― Ele nos dá um sorriso suave, o que é raro vindo dele. Ele se vira para Lucy. ― Você está pronta para isso, querida? Se você está pensando em desistir, eu posso dirigir o carro da fuga. Ela cutuca o braço dele. ― Cale-se. O piano começa a tocar e Nikki entra na porta aberta para poder descer o corredor. Depois de algumas batidas, eu a sigo, meus olhos imediatamente encontrando Torch em pé na frente com Whip. Seus olhos se fixam nos meus e eles me seguem por todo o caminho. A música muda para a marcha nupcial e todos se levantam. Quando Lucy aparece, olho para Whip. Seu rosto tem tanto amor por ela e eu não consigo parar o sorriso no meu rosto. Eles esperaram tanto tempo por este dia que estar aqui e fazer parte disso me deixa muito feliz.

Lucy queria uma cerimônia tradicional para que o pastor analisasse todos os elementos tradicionais do casamento. Enquanto eles dizem seus votos, a voz de Lucy treme algumas vezes com emoção, e por mais que eu não queira, meus olhos se enchem de lágrimas. Quando todos ouvimos o pastor dizer: ― Eu vos declaro marido e mulher. ― A igreja explode em aplausos e gritos. Encontro Torch no centro do corredor e desço com ele para sairmos da igreja. Uma vez que passamos pela porta, seus braços me envolvem. ― Você está linda. ― Seus lábios estão nos meus, são macios, mas ao mesmo tempo tão poderosos. ― Eu preciso executar uma tarefa para o Shooter. Você pode ir com um dos meninos? Eu concordo. Ele me beija novamente e eu me inclino para ele. Ele se afasta me olhando de cima a baixo. ― Eu gostaria de não ter que ir. Eu serei rápido, prometo. Ele me dá outro beijo rápido antes de descer os degraus. Pego uma carona com Nikki e Twisted. Mal posso esperar até ele voltar. Eu quero estar em seus braços. Hoje será um dia incrível.

Eu pressiono o limite de velocidade enquanto corro para voltar ao clube. Fiz um desvio no caminho de volta da igreja para o clube. Agora estou atrasado. Ainda não consigo acreditar que Lucy e Jordan se casaram. Lembro-me do primeiro dia em que Lucy veio até nós, inocente, pedindo ajuda. Agora ela é uma de nós em todos os sentidos possíveis. O fato de que Jordan levou tanto tempo para se casar com a garota é uma loucura para mim, especialmente desde que ela vai ganhar seu filho em alguns meses. Lily, a filha de Twisted, insistiu várias vezes que eles nomeiem o bebê de Princesa, mas eu não acho que eles vão ouvir. Ela é a maldita imagem de sua mãe, com tanta atitude. Eu não sei como diabos ele faz isso. Tracie está finalmente começando a se aproximar. Não me pergunte por que ela gostaria de namorar alguém que não seja um irmão. Tracie está nessa vida. Nenhum daqueles idiotas regulares poderia prender sua atenção por tempo suficiente. O jeito que ela ficava olhando para mim pelo o canto do olho, eu vou têla hoje à noite. O clube aparece e vejo as motos e os carros de todos estacionados. Todo o MC está aqui, irmãos, Old Lady, crianças.

Todo mundo está participando da festa enorme que é basicamente como um dia em família. Ao passar pelo portão, vejo Tracie, telefone na mão na porta da frente. Ela olha para mim, me dando um sorriso antes de voltar para sua conversa. Whip e Twisted estão conversando e por algum motivo parecem bastante animados. Desligo a moto andando até o prédio quando um som ensurdecedor soa. Antes de saber o que está acontecendo, estou voando pelo ar, meu corpo batendo no cascalho. — Que porra é essa? Eu olho para cima para ver meu pior pesadelo. O clube inteiro está envolto em chamas. O ar se encheu de gritos em todas as direções. Pessoas correndo da parte de trás do prédio para a frente. Eu me levanto em descrença. Olhando para a esquerda, vejo Twisted e Whip deitados de bruços no chão. Corro até eles e, felizmente, ouço os dois gemerem. Enquanto se sentam, olham para a cena na frente deles. Suas expressões eu tenho certeza que combinam com a minha. Jordan se levanta e começa a correr em direção ao prédio. — Lucy! Twisted segue: — Nikki! Lily!

Eu corro para ajudá-los, na esperança de salvar quem eu puder. A fumaça já está preta e pesada e eu mal posso ver. Estou esbarrando nas pessoas, sem saber quem são, mas apenas preocupado com o fato de não serem Tracie. Ela estava parada junto à porta da frente, mas com tudo tão nebuloso que nem consigo descobrir onde isso pode estar. Engasgo com o ar espesso quando olho para o chão e é quando vejo o que parece o vestido que ela estava usando. Tropeço alguns metros a frente, há detritos empilhados e uma parte de mim sabe que Tracie está lá embaixo. Eu começo a tirar tudo do caminho. Eu tento me mover rápido, mas posso sentir a energia sendo drenada do meu corpo. A fumaça me invade e me consome. Arranco a última peça e a vejo. Ela está deitada em um ângulo não natural. O corpo dela está coberto de sangue. ― Tracie! Eu grito por ela, mas ela não se mexe. Inclinando-me, eu a pego e me afasto do prédio. Eu posso ouvir as sirenes agora. Espero que tenham chegado o suficiente. Ela está mole nos meus braços enquanto eu a seguro firmemente no meu peito. Por favor, fique bem. Aguente. Quando finalmente chego ao ar mais claro, a visão à minha frente me interrompe. Parece uma zona de guerra. As pessoas estão deitadas no chão. Ainda consigo ouvir outros gritando. Todo

mundo está coberto de cinzas e sangue preto. Deitei Tracie. ― Tracie, abra seus olhos. ― Estou implorando para ela. Ela tem que ficar bem. As

ambulâncias

entram

no

estacionamento

e,

quando

os

paramédicos saem, parecem não ter ideia de onde começar. ― Por aqui! ― Eu grito para um deles. Ele me vê e faz o seu caminho. Quando ele se ajoelha ao lado dela e verifica seu pulso, eu mal me movo. ― O pulso dela está fraco. Quão perto do fogo ela estava? ― Eu não sei. Nós não sabemos o que aconteceu. Houve uma explosão. ― Me sinto impotente, não posso dar nenhuma informação para ajudá-lo. Não posso ajudar Tracie. Olho para o clube. Eu preciso ajudar quem puder. ― Cuide dela. Volto em direção ao prédio enquanto o médico tenta me dizer para não voltar. Preciso tentar salvar quem mais puder. Eu deixei o controle do fogo me destruí minha vida uma vez, isso não acontecerá novamente. O crepitar das chamas é quase um aviso para fugir, mas eu não escuto. Eu me empurro para dentro do prédio. Tudo está queimando, desmoronando. Andando pelo que acho que pode ser a sala principal, ouço um gemido vindo da minha esquerda e me movo em direção a ela. ― Quem está aqui? Diga-me onde você está!

Nada soa, exceto outro gemido baixo. Eu mal consigo ver um pé na minha frente, então o fato de que quem quer que seja não pode me chamar está tornando isso muito mais difícil. Eu chuto alguma coisa e quando olho para baixo, vejo que é um pé. Uma das mesas está em cima de alguém. Eu trabalho para tirar e fico chocado quando vejo Shooter. Sua cabeça está caída para trás e vejo uma enorme mancha de sangue contra sua camisa branca. Merda. Tenho sérias dúvidas se vou conseguir tirar ele daqui. ― Alguém me ajude aqui! Inclino-me puxando o braço dele em volta do meu pescoço. Eu tento levanta-lo comigo, mas ele está como um peso morto e tem uns bons cinquenta quilos em mim. Decido tentar outra coisa e coloco meus braços sob os dele e o arrasto em direção à saída. Eu preciso tirá-lo daqui e não há nenhuma maneira de ser capaz de carregá-lo. Ele não se move nem faz barulho o tempo todo que eu o estou arrastando para fora. Uma vez que estamos longe o suficiente da fumaça, eu o deito pedindo ajuda, mas todos os médicos já estão tratando as pessoas. Eu posso ouvir mais sirenes à distância. Minhas

mãos

esfregam

meu

rosto

enquanto

vasculho

o

estacionamento para todos os outros, tentando fazer um balanço e garantir que todos estejam salvos. Eu ouço um rugido alto e me viro para trás para ver Twisted ajoelhado no chão com Lily nos braços. Não. Seu grito rasga através de todos nós e a agonia em seu rosto me corta como uma faca.

Não pode ser. Meus pés se movem lentamente em direção a ele. Nikki está desabada ao lado dele. Coberta de cinzas e sangue, mas aparentemente bem na maior parte. Os dois segurando a menina em seus braços. Quero dizer algo para perguntar o que acho que já sei, o que rezo não pode ser verdade. Hoje deveria ser um dia cheio de felicidade e celebração. Não é. Está cheio de devastação, destruição e caos.

O hospital está agitado quando enchemos todos os seus quartos e corredores com vítimas. As baixas não são totalmente conhecidas. Ainda não temos certeza se todos conseguiram sair ainda. Estou passando de quarto em quarto, tentando fazer um balanço de todos que estão aqui e como estão. Também estou tentando encontrar Tracie e garantir que ela esteja bem. Também não vi Whip e Lucy e não posso deixar de ter uma sensação horrível na boca do estômago, considerando que ela estava grávida. Muitas pessoas tentaram me impedir para que pudessem me examinar, mas me recuso a parar de me mover. Preciso encontrar as pessoas com quem me preocupo. Eu preciso ver por mim mesmo que todo mundo está bem. Passo por uma sala de espera e vislumbro Whip. Ele está andando e parece que a qualquer momento ele pode bater com o punho na parede. Eu entro, chamando a atenção dele. ― Lucy? Seus olhos estão vermelhos e eu faço uma oração silenciosa para que ele não me diga que a perdemos também. ― Ela está em cirurgia. Ela e o bebê. É grave. ― As mãos dele esfregam o rosto. ― Não consigo encontrar minha mãe. Você a viu? Merda. ― Não. Tudo estava tão agitado que agora só estou tentando ver onde todos estão, mas posso te avisar quando me

deparar com ela. ― Ele acena para mim e nós ficamos lá por um minuto. ― Você sabe da Lily? Ele só olha para mim e eu posso dizer que ele sabe. A imagem de Twisted embalando ela vai me assombrar. ― Avise quando receber notícias sobre Lucy. Vou tentar rastrear todo mundo e ver como estamos. ― Eu me viro para sair, mas decido abraçar meu irmão primeiro. Não somos caras que demonstram emoção. Hoje é a exceção final. Eu sei que o que aconteceu vai rasgar cada um de nós. ― Ligue se precisar de mim, irmão. ― Saio da sala, adicionando a mãe de Whip à minha lista de pessoas que preciso ver respirando. Tropeço e me pego contra a parede, minha cabeça parecendo uma tonelada de tijolos. ― Senhor, você precisa deixar alguém examiná-lo. ― Diz uma enfermeira enquanto tenta pegar meu braço e me guiar para uma cadeira. Eu a sacudo tentando recuperar minha compostura. ― Estou bem. ― Eu continuo andando, precisando encontrar minha garota. ― Não, você não entende! ― Eu ouço a voz dela gritando e congelo. Tracie. Meus pés me carregam o mais rápido que podem até que eu esteja em pé na porta dela. Ela está sentada na cama com um médico e uma enfermeira ao seu lado, verificando seus sinais vitais. ― Eu preciso sair desta cama e... ― Sua voz para quando ela me vê e seu corpo parece relaxar um pouco. O médico se vira para mim. ― Posso te ajudar senhor?

― Estou aqui para ver minha garota. ― Eu ando em direção à cama, de pé no lado oposto como todos os outros. Agarro sua mão, agradecido por ter conseguido chegar nela a tempo. Nenhum de nós diz nada quando eles terminam de examiná-la. ― Voltaremos em breve, senhorita Moore. Por enquanto, você precisa ficar na cama. ― O médico acena com a cabeça antes de sair da sala. ― O que aconteceu? Como estão todos? ― Os olhos dela imploram por respostas. ― Não sei o que aconteceu. Houve algum tipo de explosão. ― Evito a segunda pergunta, porque honestamente não há respostas reais no momento. A mão dela cobre a boca em choque. ― Uma explosão? Jesus Cristo. Todos conseguiram sair bem? ― Meu silêncio faz suas mãos começarem a tremer. ― Conte. Eu não posso dizer isso. ― Torch. Eu fecho meus olhos. ― Eu realmente não sei agora. Estou tentando rastrear todo mundo. Whip, Twisted, Nikki, acho que estão todos bem. Lucy está em cirurgia; eles ainda não sabem como ela vai estar ou o bebê. ― Uma dor dispara no meu peito. Eu posso ouvir o grito de Twisted na minha cabeça, ecoando sua dor. Seus olhos estão começando a derramar lágrimas. ― O que você não está me dizendo? ― É só que... Lily. Ela... ela não conseguiu. ― Dizer as palavras quase faz meus joelhos dobrarem.

O corpo de Tracie fica rígido. ― Não. ― Soluços assolam seu corpo enquanto ela se enrola em uma bola na cama. Tudo o que posso fazer é ficar ali esfregando as costas dela, tentando confortá-la enquanto enterro a dor que ela está deixando sair tão livremente. Eu preciso encontrar todo mundo. Preciso fazer um balanço e ver como estamos. Eu também não posso deixá-la assim. Eu sinto que estou sendo puxado em dez direções diferentes e nenhuma delas se cruza. Eu fico lá me sentindo completamente impotente até Tracie chorar quieta, e sua respiração se acalmar. Quando tenho certeza de que seus gritos de miséria a esgotaram a ponto de desmaiar, saio do quarto em busca de mais respostas. Vou para a mesa precisando encontrar Shooter. Eu não sou um líder. Eu nunca fui. Eu preciso que ele me diga o que fazer neste momento. Normalmente eu iria para o Twisted, mas ele não está em condições de tomar decisões racionais. Dou-lhes o nome dele e a enfermeira digita algumas coisas no computador antes de ver um olhar de hesitação em seu rosto. ― Você é da família, senhor? Eu sei como os hospitais funcionam e, se eu disser não, eles não vão me dizer nada. ― Sim, eu sou filho dele. Ela assente lentamente. ― Lamento dizer isso, mas ele não resistiu na ambulância. Eles tentaram reanimá-lo, mas não tiveram sucesso. Eu não respondo a ela. Não posso. Ela tem que estar errada. ― Senhor, você precisa fazer um check-up? Gostaria que eu chamasse uma enfermeira para você?

Afasto-me da mesa e volto para a sala de espera onde encontrei Whip. Nosso presidente se foi. Nosso VP não está em condições de fazer nada. Nosso clube está destruído. Quando entro, Whip imediatamente se levanta. Tenho certeza que o olhar no meu rosto o deixa saber que algo está acontecendo. ― O que aconteceu? Você encontrou minha mãe? Balanço a cabeça. ― Shooter, ele está morto. Eu afundo em uma das cadeiras, incapaz de processar tudo o que está acontecendo ao meu redor. Um médico sai da sala e Whip quase corre para ele. ― Conseguimos tirar o bebê. Ela foi levada às pressas para a UTIN2, agora ela está estável. Você precisa entender que, ao nascer tão cedo, ela não consegue respirar sozinha, por isso está em um ventilador. Ela também tem um tubo de alimentação porque seu corpo ainda não é capaz de ingerir alimentos por via oral. ― Meu Deus. ― A mão dele corre pelos cabelos. ― E a minha esposa. Como está Lucy? ― Sua esposa ainda está na sala de cirurgia. Ela teve muito sangramento interno e, infelizmente, ainda não está fora de perigo. Vou pedir que uma das enfermeiras venha buscá-lo assim que puder visitar sua filha lá em cima. ― O médico acena para nós dois antes de voltar para as portas.

2

Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal.

Eu quero dizer uma coisa para ele, mas nesta situação, o que você pode dizer? Seu bebê mal consegue viver, sua esposa mal está viva em uma mesa de operações e sua mãe está desaparecida. ― Sr. Phillips? ― Nós nos viramos para a porta para ver um jovem médico. ― Tenho algumas notícias para você. Nós encontramos sua mãe. Ela acabou de ser trazida. ― Graças a Deus. ― Infelizmente seus ferimentos foram tão graves que ela não resistiu. Sinto muito pela sua perda. Porra. Whip cai no chão, perdendo completamente a cadeira atrás dele. Seu pai morreu há um tempo e sua mãe era tudo que ele tinha. O médico sai silenciosamente, me dando um olhar de desculpas. Whip está imóvel no chão, os cotovelos apoiados nos joelhos. Por favor, deixe que isso seja o fim. Não podemos perder mais ninguém. Eu o deixei sentado lá, sabendo que ele precisava de mim aqui, mas que ele também precisava que eu o deixasse em paz. A porta se abre mais uma vez e uma enfermeira está parada lá. ― Sr. Phillips, você gostaria de conhecer sua filha? ― Ela tem um sorriso no rosto e, em qualquer outra situação, nós também teríamos. Whip se levanta e eu o sigo enquanto nos dirigimos para a única coisa boa a sair deste dia até agora. Subimos o elevador silenciosamente. Quando nos aproximamos da UTIN, a enfermeira nos para. ― Normalmente, você teria permissão para entrar na sala, mas por causa da maneira como todos estão cobertos de terra, não podemos correr o risco de você estar perto dela. O sistema imunológico da sua filha não podia lidar com nenhuma infecção no momento. Há uma janela e se você voltar depois de se

lavar e com roupas limpas, podemos lhe dar um roupão higienizado e deixar você se sentar com ela. Nós dois assentimos, entendendo completamente e não querendo prejudicar o bebê. Eu ando até a janela e quando a vejo, não consigo acreditar em como ela é pequena. É quase difícil distinguir o corpo dela com todas as enormes máquinas e os tubos ao seu redor. Ver esse milagre acontecer hoje é como um pingo de esperança de que talvez tudo dê certo. Talvez possamos superar isso e nos tornarmos inteiros novamente. Talvez tenhamos uma chance.

Faz seis dias desde que nosso mundo explodiu. Desde que perdemos pessoas que significavam tudo para nós. No total, houve cinco mortes naquele dia. Dois dos nossos mais novos prospectos. A mãe do Whip. Lily. Shooter. Perder Shooter foi como perder meu pai novamente. A perda de Lily destruiu cada um de nós. Ela era uma inocente em nosso mundo. Alguém que essa violência nunca deveria ter tocado. Ela é o nosso anjo. Hoje vamos a seus funerais. Todos estão sendo enterrados no mesmo cemitério e os túmulos são um ao lado do outro. Todos eles estão prontos, exceto o de Lily. Estamos todos caminhando para o túmulo dela agora e ninguém está dizendo uma palavra. Sabendo que isso seria o mais difícil para a maioria, nós o guardamos para o final.

Eu ouço alguém gritar e olho para ver Nikki no chão. Os sons de seus soluços estão cortando meu peito. Twisted se abaixa, pegando-a e carregando-a para o local. Meus olhos ardem das lágrimas que eu já derramei hoje. Meus pés não querem mais me carregar, eles só querem que esse dia e esse pesadelo acabem. Quando as pessoas começam a preencher as cadeiras dobráveis brancas, Torch e eu nos sentamos na primeira fila ao lado de Whip. Lucy ainda está no hospital. Ela teve complicações na cirurgia e não será liberada por pelo menos mais alguns dias. Twisted coloca Nikki ao lado de Whip antes de se sentar. Eu nunca vi um homem tão forte na minha vida. O pastor limpa a garganta e fica em frente ao menor caixão que eu já vi. O tamanho dela traz mais lágrimas aos meus olhos, porque parece não natural. Os caixões não devem ser tão pequenos, porque ninguém deveria enterrar uma criança. ― A morte nos lembra que vivemos em um mundo imperfeito... somos constantemente lembrados das muitas falhas, limitações e falhas da humanidade. Sempre que estamos no túmulo, somos lembrados da sombra que foi lançada sobre a humanidade por causa do pecado de Adão. Paulo disse em Romanos, capítulo cinco, versículo doze, que “através de um homem o pecado entrou no mundo, e a morte através do pecado, e assim a morte se espalhou para todos os homens...” A natureza universal do problema da humanidade é mais expressa em Romanos, capítulo oito, versículo vinte e um, onde Paulo se refere à “própria criação estar sob a escravidão da corrupção...” Mas, a morte não nos lembra apenas a natureza universal dos problemas da humanidade. Deus não nos deixou no vale ou sob a sombra. Quando conhecemos Deus e a verdade de Suas Escrituras, a morte também nos traz paz.

― Em nome da família, gostaria de agradecer a todos por terem vindo hoje. É uma honra estar diante de você para realizar este serviço. Quando

alguém

que

amamos

morre inesperadamente,



uma

tremenda quantidade de choque. Estamos aqui hoje para honrar a vida de Lily Pearce. Embora abreviada, era uma vida cheia de felicidade e amor. Eu sou incapaz de parar o fluxo de lágrimas enquanto lembro de todas as noites que passei com Lily cantando canções de princesa e vendo-a girar em seus tutus e tiaras. O pastor continua falando sobre vida e morte, pecado e perdão. Ele está tentando nos ajudar a entender tudo isso, mas não há sentido, não há razão. ― O pai de Lily, Cameron, vai dizer algumas palavras antes de convidar todos a colocarem uma rosa cor de rosa em seu caixão. Eu levanto minha cabeça. Eu não tinha ideia de que Twisted estava falando hoje. Ele fica na frente de todos e por alguns minutos ele fica quieto. ― Lily era a garotinha mais incrível que eu já conheci. Ela era o melhor presente que eu nunca soube que queria. Todo dia que passava com ela, ela me ensinava algo novo. Ela abriu uma parte do meu coração que eu não sabia que tinha. Oro a cada minuto para que eu acorde e que tudo isso seja um pesadelo. ― Ele para, limpando a garganta enquanto sua voz falha. Twisted sempre foi o cara que nunca mostrou suas cartas, você nunca sabia o que estava acontecendo com ele. Hoje está claro que ele simplesmente não tem forças para sustentar a parede. Ele respira profundamente e limpa a garganta mais uma vez. ― Eu continuo pensando que ela abrirá a porta do quarto, tornando buraco da marca da maçaneta em nossa parede ainda maior. Ela vai pular na nossa cama cantando uma música de qualquer princesa que ela sonhou ser naquela noite. Eu sei que isso nunca vai acontecer. Eu também sei que ela sempre estará conosco, para sempre.

Nosso anjo. Nossa princesa. Twisted caminha até Nikki pegando sua mão para ajudar a levantá-la. Ela se inclina contra ele e, enquanto caminham, ele quase a carrega. Os dois estão na frente do minúsculo caixão. Nikki pega uma rosa, ela está tremendo tanto que você pode ver a rosa tremendo quando ela a leva aos lábios e a beijo. Twisted faz a mesma coisa, dando a flor como um último adeus à garotinha incrível que foi levada cedo demais. Eles voltam em nossa direção e se sentam. O pastor está diante de nós mais uma vez. ― Agora convidamos todos vocês peguem uma rosa e digam seu adeus final para Lily. ― Ele assente antes de sair do caminho quando as pessoas começam a se levantar lentamente de seus assentos. Eu forço meus pés a se moverem, desejando que tudo isso seja apenas um dos meus pesadelos. Que eu vou acordar e perceber que foi um sonho horrível, em vez de uma realidade cruel. Pego a rosa, recuando enquanto pico meu dedo em um espinho. Uma pequena gota de sangue escorre do meu dedo e não posso deixar de encará-la. Eu dou os dois passos mais perto para me despedir de Lily, sabendo que quando o sangue escorrer do meu dedo, esse não será o último derramamento de sangue que virá. É quase como quando você pode sentir uma tempestade se formando. Uma guerra está chegando.

Faz duas semanas desde que o clube explodiu. Naquele dia, todas as nossas vidas foram mudadas para sempre. Nosso clube perdeu seu líder e tudo mudou. O inimigo desconhecido que estávamos tentando combater havia vencido. Desde então, usamos um de nossos armazéns até conseguirmos construir um novo clube. Hoje será o primeiro dia em que faremos a missa com todo o clube. Twisted herdou o assento do presidente depois que Shooter morreu. Ele me escolheu como seu VP e pediu a Whip para tomar meu lugar como Sargent Arms3. Hoje reunimos as tropas. Os irmãos que foram feridos estão curados na maior parte e os Deathsatalkers estão prontos para se vingar. Estamos todos morrendo por isso, desejando isso. Lucy conseguiu voltar para casa do hospital, mas eles não poderão levar o bebê para casa por um tempo. Ela passa o dia e a noite lá. Whip está com ela sempre que ele não é necessário conosco. Eles a nomearam Anna porque era a princesa favorita de Lily e eles queriam incluí-la de alguma forma. Qualquer um de nós que a visita acaba chamando-a de princesa, o que é engraçado, porque é como Lily queria nomear o bebê. Eu tentei conversar com Twisted sobre ela, mas é um tópico fora do limite para ele. Nikki se recusa a sair de casa. Tracie tentou tirá-la, mas ela não quer ouvir ninguém. Por mais que todos nós ficássemos arrasados por perder Lily, eu sei que não é nada comparado ao 3

Sargento das Armas.

que eles sentem. Os irmãos entram na nossa sala de guerra improvisada, a mesa dobrável é um substituto patético para a de madeira vintage que estava no clube há anos. Nós três estamos sentados à cabeceira da mesa, esperando que todos se sentem nas cadeiras dobráveis situadas ao redor da mesa. Twisted se levanta e dá uma olhada ao redor da mesa. ― Vamos começar a missa com um momento de silêncio para todas as pessoas que perdemos. ― Ele apoia as mãos sobre a mesa e percebo que seu aperto é tão forte que suas juntas ficam brancas. Seu rosto está frio como pedra, mas todos sabemos que ele está tentando controlar a tempestade que tem dentro dele. ― O que aconteceu com a nossa família foi um ato de guerra. Foi um ataque que não ficará sem resposta. Vamos revidar. Vamos caçar todos esses filhos da puta e garantir que eles saibam que somos nós que acabamos com suas vidas. Nenhum deles será poupado. Eu não quero vingança. Eu quero dizimálos, porra. Uma série de “comemorações” sai da mesa. ―

Não



muita

informação

sobre

eles.

Eles

se

movem

constantemente e nem têm uma base. Os queridos filhos da puta querem brincar conosco, então mostraremos a eles quem manda no jogo. Eu já fiz um telefonema aos Hellions para ver se eles nos fornecerão apoio quando decidirmos que estamos prontos para atacar. Quero que isso seja feito de uma só vez. Estive com esses idiotas na semana passada. Eles se reúnem uma vez por semana. Sempre em um lugar diferente e, por alguma razão, nunca vi o presidente deles com o maldito capacete. Não que isso importe. Ele poderia ser presidente do país e eu ainda o colocaria no chão. ― Do jeito que os irmãos o olham e o escutam, fica claro que ele pertence a essa posição. Alguns homens assumem a liderança de um clube e não conseguem

lidar com isso. Eu sei que ninguém estará questionando o papel de Twisted. ― Como vocês podem ver, nomeei novos oficiais. Se vocês precisam de algo venham para um de nós. A partir de agora vocês estão em modo de espera. Uma vez que soubermos que estão todos juntos, é hora de ir. Qualquer outro assunto? ― Estamos reconstruindo? ― Wrench pergunta do outro lado da mesa. ― Caralho, sim, nós estamos. Estou finalizando os contratos esta semana. Até lá, este lugar terá que servir. Dissemos às meninas que podem vir aqui para ajudar vocês a relaxarem. Família é para ficarem em casa e protegidas. Não ficaremos abertos a outro ataque em massa até que essa merda seja resolvida. ― Sua voz falha um pouco e eu sei que ele provavelmente está se chutando por isso. Ele acha que o veremos como fraco, mas se alguma coisa dessa merda mostrou algo dele, foi quão forte ele realmente é. Todo mundo começa a sair até que somos apenas nós três. Twisted esfrega o rosto com as mãos. ― Whip, como está a bebê? ― Ela está bem. Quero dizer, acho que o melhor que pode estar. ― Ele balança a cabeça. ― Se terminamos aqui, vou verificar ela e Lucy. ― Sim, você pode ir, irmão. ― Twisted dá um aceno de cabeça antes dele sair. ― Você está bem? ― Sinto que você é quem realmente precisa responder a essa pergunta. ― Eu ficarei bem quando pegarmos esses filhos da puta. ― Ele se levanta, a cadeira caindo no chão. Eu me levanto ao lado dele, batendo a mão nas costas dele. ― Sim, bem, se você precisar de alguma coisa, basta pedir. É para isso que estamos aqui. A família não julga.

Ele olha para mim. ― Obrigado. Saio da sala, percebendo como o armazém vazio está lentamente se assemelhando à sede do clube. Há um pequeno bar improvisado, os irmãos estão saindo depois da missa enquanto as meninas estão vagando, esperando para serem apanhadas por um irmão. Volto para minha casa, rezando para que todos passemos por isso inteiros. A guerra sempre traz baixas, mas neste momento espero que já tenhamos pagado nosso preço. Depois de tudo o que aconteceu, fiz Tracie morar comigo. Ela lutou com unhas e dentes. Chegou até a alugar um quarto de motel. Eu disse a ela que não havia como deixá-la sozinha em qualquer lugar. Depois de ameaçar acorrentá-la à minha cama até que essa merda estivesse toda arrumada, ela finalmente concordou. Embora, eu tenho que admitir, uma parte de mim queria que ela lutasse comigo para que eu pudesse cumprir essa promessa. Abro a porta da minha casa, jogando as chaves no balcão. Eu posso ouvir música vindo do quarto, então eu sigo o som. De pé na porta, vejo Tracie arrumando a roupa enquanto sacode a bunda com uma música pop idiota. Ela está jogando o cabelo ao redor e meu pau está ficando duro vendo sua bunda se mover para frente e para trás. Ela se vira para mim soltando um grito quando me vê. ― Jesus! Um pequeno aviso da próxima vez seria bom. ― Suas mãos estão descansando em seu peito enquanto ele sobe e desce. ― Isso seria divertido? ― Eu ando mais perto dela. Minhas mãos encontram sua bunda, apertando-a apreciando a risadinha que causa. ― Falando em diversão. ― Eu posso te ajudar com alguma coisa? ― Ela arqueia a sobrancelha para mim. ― Oh, há muita coisa em que preciso da sua ajuda.

Eu cubro sua boca com a minha, precisando me perder nela.

Acordo procurando Torch, decepcionada por, mais uma vez, não sentir nada além de lençóis. Eu acho que pode ter havido apenas uma ou duas vezes em que ele estava na cama quando acordei. Levanto, pegando sua camiseta descartada da noite passada e a coloco. Eu o encontro na cozinha com uma xícara de café usando apenas um shorts. Quando me aproximo ele me puxar contra si, mas eu dou um passo para trás. Por mais que eu queira deixá-lo me distrair, precisamos resolver algumas coisas. ― Por que você nunca está na cama quando eu acordo? ― Eu coloco minhas mãos no balcão. ― Porque eu não durmo bem. Fico até você dormir, então levanto e deixo você dormir. ― Ele encolhe os ombros como se não fosse nada. ― Por que você não dorme? Você se mexe e vira em algumas noites. ― Ele apenas olha para mim. Tão perto quanto me sinto de Torch, não sei nada sobre a vida ele. ― Quero que você fale comigo. Eu quero saber tudo sobre você. Ele passa por mim e se senta na sala de estar. ― Confie em mim quando digo que é melhor deixar alguns demônios enterrados. Tudo que você precisa saber é que o passado está no passado e você é meu futuro. Eu sorrio com sua afirmação. ― Enquanto eu amo que você acabou de dizer isso para mim, não tira você do gancho. Você

confiou em mim o suficiente para me reivindicar, para me tornar sua Old Lady, para me fazer mudar para sua casa. Por que você não pode confiar em mim o suficiente para me contar quem você era antes de vir para o clube? A cabeça dele balança. ― Não é que eu não confie em você. Não quero voltar para aquele lugar. Passei mais de uma década fugindo disso. Vou até ele sentando em seu colo. ― Talvez você esteja fugindo porque não tem como deixar para trás. Fale comigo. Não posso viver com fantasmas entre nós. ― Sim e os seus fantasmas? Você está tão ansiosa para mostrar eles para mim? ― Seus olhos encontram os meus. Meu estômago cai. Não posso pedir algo a ele que eu não faria. ― Sim. ― Minha voz é calma, o medo que enterro me ultrapassa completamente. ― Você primeiro. Ele suspira. ― Porra. Bem. ― Sua mão me tira do seu colo e ele caminha até a pia lavando sua caneca. Em vez de se sentar ao meu lado, ele se senta em um dos bancos da cozinha. ― Eu não tive uma infância de merda. Meus pais eram incríveis. Minha mãe era professora e meu pai era pediatra. Eu tinha uma irmã e um irmão mais novos. Morávamos em uma casa com uma porra de cerca branca. Tudo era perfeito. Seu cotovelo repousa sobre o balcão enquanto as pontas dos dedos esfregam os olhos. ― Eu tinha catorze anos e estava voltando para casa depois dos testes de baseball. Eu praticamente corri o caminho todo porque mal podia esperar para dizer ao meu pai que eles disseram que eu poderia jogar na segunda base. Todos os outros anos, eu fiquei preso no campo externo, mas passávamos todos os minutos livres que eu tinha na temporada praticando minha pegada. Nunca

esquecerei de virar a esquina e ver o fogo. Cada centímetro da nossa casa estava envolto em chamas. Eu congelei sem saber o que fazer. Eu não tinha celular. Gritei por ajuda, uma das minhas vizinhas disse que ligou para o 911. Eu corri mais alguns metros até estar na frente da casa. Foi quando eu os ouvi. ― Espero que ele continue, mas ele apenas fica lá. Quero me levantar, abraçar seu pescoço e dar-lhe o conforto que sempre consigo dele. Torch se levanta e sai da sala e eu não tenho ideia se devo segui-lo ou não. Decido ir depois de um minuto para ver o que ele estava fazendo. Eu o encontro no banheiro. O rosto dele está pingando água; suas mãos agarram a pia com força enquanto sua respiração é difícil como se ele tivesse acabado de correr uma maratona. Minha mão toca levemente suas costas e ele pula como se eu o tivesse queimado. ― Eu não posso lidar com você me tocando agora. ― Ele se levanta passando por mim de volta à sala de estar. Eu o sigo cruzando os braços sobre o peito, resistindo à vontade de tocá-lo novamente. Ele respira fundo enquanto eu me sento onde estava antes. ― Eu não pude deixar de gritar enquanto estava na frente da casa. Eles deviam estar na sala da frente, pelo menos minha irmãzinha. O nome dela era Kristen, mas nós a chamávamos de Kiki. Ela deve ter me ouvido porque começou a me chamar, gritando para eu ajudá-la. Corri para os fundos da casa, mas não havia um caminho nas chamas. Os caminhões de bombeiros apareceram, mas quando conseguiram entrar na casa não conseguiram salvá-los. ― Perdi todos que amava naquele dia e, anos depois, rezei para que algo acontecesse comigo. Eu era covarde demais para tirar minha própria vida, mas rezei para morrer só para não precisar mais ficar sozinho. Os policiais descobriram que era algum pai louco de uma criança que meu pai tratou. A menina tinha câncer e quando ela faleceu, ele culpou meu pai. Ele surtou naquele dia e atirou em

minha mãe e meu pai. Meu irmão e irmã devem ter se escondido. Depois que ele atirou neles, jogou gasolina em todo o interior e o exterior da casa e incendiou. Quando o Shooter me conheceu, eu era um idiota descontrolado que estava andando por aí iniciando incêndios só porque eu senti que isso me dava algum tipo de controle. Eu tento digerir tudo o que ele acabou de me dizer. A maneira como ele sempre brinca com esse isqueiro, seu nome, todas essas coisas começam a se encaixar. Eu sinto que em um momento o Shooter salvou a todos nós da autodestruição, é por isso que doeu tanto perdêlo. Eu

me

levanto

e

vou

até

ele.

Seus

olhos

me

observam

apreensivamente. Eu sei que ele quer me afastar. Ele se sente nu e exposto. Eu me senti da mesma maneira quando fiquei na frente do clube e contei a eles sobre o Viper, apesar de não entrar em detalhes. Eu levanto minhas mãos lentamente antes de envolvê-las em torno dele. Eu o puxo contra mim e nós dois ficamos assim por mais tempo. Homens como Torch se orgulham de ser fortes, de serem os pilares dos relacionamentos. Desta vez, eu quero ser o pilar dele, quero apoiar e sustentar ele. Eu me afasto dele uma polegada antes de pressionar meus lábios contra os dele. ― Estou feliz que nada aconteceu com você. Eu o beijo novamente, derramando todo o amor que tenho por ele.

Torch se afasta de mim. ― Eu te mostrei o meu. Agora me mostre o seu. Olho para baixo, cada centímetro de mim gritando para correr e me esconder. Mas eu não posso. Eu preciso contar tudo a ele. É a única maneira disso realmente funcionar. ― OK. O que você quer saber? ― Para começar, de onde veio toda essa coisa de “não posso namorar motoqueiros”? Foi naquela noite? ― Suas mãos ainda estão no meu quadril. Eu me afasto dele. Agora entendo por que ele queria seu espaço enquanto passava por sua história. ― Não, foi antes disso. Na noite em que meus pais morreram, minha mãe e eu conversamos sobre o tipo de cara que eu deveria tentar encontrar. Ela me encontrou flertando com um dos prospectos e me levou para um dos quartos para conversar. Ela disse que por mais que amasse meu pai, não queria essa vida para mim. Que, por mais feliz que estivesse, havia momentos em que poderia se sentir muito sozinha. Foi uma das últimas coisas que ela me disse. Eu sempre senti que me envolver com um irmão seria como traí-la, então tentei namorar homens normais. Eu tentei encontrar um cara que tivesse uma boa família e um bom trabalho, como ela disse, e eu odiava todos eles. Cada centímetro meu faz parte desta vida e eu simplesmente não aguentava mais. Eu tive pesadelos em que morri na traseira de uma moto do jeito que ela e meu pai morreram, e eu posso ouvi-la dizendo que ela tentou me avisar.

Lágrimas começam a cair dos meus olhos. Eu sinto muita falta dos meus pais. ― Eu sei que se sua mãe visse que nenhum desses caras a fez feliz, ela não gostaria que você se forçasse. Tenho certeza que agora tudo o que ela quer para você é que seja feliz. ― Sua voz é mais suave e eu aceno enquanto deixo suas palavras afundarem sabendo que elas são verdadeiras. ― Isso é tudo que você queria saber? ― Uma parte esperançosa de mim deseja que ele diga sim, mas sabe que não. Sua garganta limpa. ― Eu sei que há muita coisa que você não disse sobre o que aconteceu naquela noite. Você nos disse o mínimo necessário naquela noite com Lucy. Eu posso sentir isso entre nós. Às vezes, capto um flash nos seus olhos e sei que você está se lembrando e isso me mata. Se o filho da puta já não estivesse morto, eu mesma tiraria o último suspiro dele. Eu ando, precisando me mexer para poder falar sobre o diabo que assombra meus pesadelos. ― Durante muito tempo, não achei que ficaria bem. Eu sei que muitos de vocês pensaram que eu era uma adolescente mal-humorada. Passei todos os dias no meu quarto com a porta trancada, escondida no chuveiro. Eu estava convencida de que ele voltaria, que voltaria para mim. Eu não podia deixar um homem me tocar e por muito tempo eu chorei quando alguém me olhava dessa maneira. Tentei fazer sexo com um cara com quem estava namorando há alguns meses e fui para casa e chorei por horas depois. Sempre que eu estava em contato próximo com um cara, entrava em pânico. Ele fez questão de me marcar de todas as maneiras possíveis naquela noite. Ele havia enfiado na minha cabeça que a irmandade superaria qualquer lealdade que me foi confiada. Que seria a minha palavra contra a dele e ele venceria. ― As lágrimas começam a cair e eu odeio que

ele ainda possa puxar essas emoções de mim depois de todo esse tempo. ― Quando ele voltou e Lucy disse que ele a havia tocado, fiquei fisicamente doente. Eu sabia que ele não se importaria que ela fosse a Old Lady de Whip. Vocês estavam na missa e nós não conseguimos chegar até vocês, então ele a alcançou e tudo explodiu. ― Minha mão corre pelo meu cabelo. ― Acho que o melhor dia da minha vida foi quando Shooter confirmou que ele havia morrido. Isso significava que, embora eu não pudesse me livrar dele na minha cabeça, não precisava me preocupar com ele voltando para mim. Eu odiava que ele colocasse medo entre mim e as pessoas com quem eu me importava. Eu me viro para encarar Torch. ― Afastei você por todos esses anos por medo. Medo por causa do que Viper fez ao meu corpo e mente. Medo de trair minha mãe e desapontá-la. Eu vivi minha vida para todos, menos para mim todos esses anos. O dia em que te disse que sim, foi a primeira vez que fiz algo por mim. Eu ando mais perto dele incapaz de desviar os olhos do homem que passou anos esperando por mim. Havia muitas garotas respeitáveis interessadas em Torch. Garotas que teriam feito boas Old Ladies. Ele afastou todas. ― Por que você me esperou? Suas mãos seguram meu rosto. ― Porque eu sabia que quando você finalmente me deixasse entrar, me deixasse te ter, que seria a coisa mais incrível que eu já experimentei. Eu sabia que você era para mim, você ainda não estava pronta para ver isso. Você precisava de tempo e eu sabia que valeria a pena esperar. ― Seus lábios roçam meu queixo. ― Eu estava certo, Tracie. Você valeu cada minuto de espera. Eu esmago meus lábios com os dele, com necessidade de senti-lo contra mim. Eu preciso que ele entenda o quanto eu me importo com ele. Eu me puxo com força contra ele. Nós nos separamos e eu descanso minha cabeça na curva de seu pescoço.

― Deus, eu te amo. ― Eu suspiro. Nós dois congelamos na minha admissão. Eu não quis deixar essas palavras escaparem. É muito cedo para eu ter dito isso a ele. Claro, nos conhecemos há anos, mas só somos um casal há pouco tempo. Ele vai fugir. Eu sei que ele vai. Eu puxo minha cabeça para trás para olhar para ele. Seu polegar acaricia minha bochecha. ― Eu te amo desde o seu aniversário, há dois anos. Você ia sair com um desses idiotas, mas chegou em casa mais cedo. Eu era o único na sede do clube. Você se lembra? Eu concordo. Eu não conseguia esquecer aquela noite. Foi a primeira vez que o vi como mais do que um dos irmãos. Uma batida na minha porta me faz pular. Eu tiro a lágrima perdida do meu rosto. Esta noite deveria ser incrível. Eu tive um encontro com Billy. Eu pensei que ele teria planos para o meu aniversário. É a primeira vez que eu tenho um encontro no meu aniversário. Shooter e a maioria dos caras estão numa corrida, então todos estamos comemorando quando voltarem amanhã. Eu pensei que pelo menos meu namorado talvez me desse um bolo, cantaria feliz aniversário, algo assim. Ele nem tinha ideia de que era hoje, mesmo que eu tivesse mencionado na semana passada. Isso me mostrou o quão importante eu era para ele. Eu nem sei por que eu tento. Juro que às vezes acho que estou destinada a ficar sozinha. Cada tentativa de um relacionamento que eu tenho é um grande fracasso.

A batida soa novamente. Percebo que esqueci completamente. Abro a porta e vejo Torch ali. O que diabos ele poderia querer? ― Ei, algum jeito de que você poderia dar uma mão para mim na cozinha por um minuto? Ele se afasta antes que eu responda e tudo o que posso fazer é balançar a cabeça. Juro que sou o serviço de limpeza deles. Atravesso a sala principal e entro na cozinha. Quando chego à porta, congelo. No meio da ilha há um bolinho de chocolate com uma vela. ― Eu cantaria, mas confie em mim quando digo que você não quer ouvir essa merda. Feliz aniversário, Trace. ― Ele me dá um beijo rápido na bochecha. ― Você fez isso por mim? ― Não posso esconder meu choque. ― Sim, quer dizer todos deveriam ter bolo no aniversário. É como um rito de passagem. ― Ele encolhe os ombros como se não tivesse feito uma coisa muito boa por mim. Passamos o resto da noite conversando e tomando alguns drinques. Foi a primeira vez que senti uma conexão com Torch. ― Eu te amo, Tracie. Eu só estava esperando até que você estivesse pronta para me amar de volta. Ele me beija de novo e envolvo meus braços em torno dele com tanta força como se eu estivesse com medo de que ele desaparecesse. Uma pequena parte de mim realmente tem medo.

Hoje vou visitar Lucy no hospital. Tentei ir lá algumas vezes, mas com tudo o que está acontecendo tem sido agitado. Entrando, eu a vejo sentada em uma cadeira ao lado da incubadora de Anna. É tão triste visitá-la e vê-la assim, ao mesmo tempo em que todos sabemos o quanto é uma bênção ter Anna aqui. Todos nós ainda temos prospectos atribuídos a nós até que os meninos cuidem de qualquer ameaça que esteja pairando sobre nossas cabeças. Uma parte de mim pensa que eles devem se ressentir de serem nossas babás. ― Ei, eu não sabia que você estava vindo para uma visita. ― Lucy se levanta devagar e me dá um abraço. Ela ainda está em estado grave devido à cirurgia, mas nada poderia impedi-la de estar aqui todos os dias. ― Sim, eu queria dar uma passada e ver minha sobrinha. Como vai você? ― Sento ao lado dela. ― Estou bem. Apenas tentando levar as coisas um dia de cada vez. Tudo isso ainda parece irreal. ― Ela balança a cabeça enquanto olha para o bebê minúsculo. ― Você já viu Nikki? ― Não. ― Ela enxuga uma lágrima do olho. ― Ela não esteve aqui. Uma parte de mim pensa que é porque Anna sobreviveu e

Lily não. Eu acho que é difícil para ela. Eu preciso ir vê-la em breve. Coloquei minha mão no ombro dela. Eu posso ver por que ela se sente assim. ― Eu não acho que é isso, querida. Ela se afastou de todos nós. Ninguém realmente viu ou falou com ela desde os funerais. Na verdade, eu vou até lá depois que eu sair daqui, se você quiser vir comigo. Vou surpreender ela porque sei que, se eu ligar primeiro, ela vai me dizer para não ir. Ela parece pensar antes de olhar para mim. ― Ok, eu irei. Eu não posso ficar por muito tempo embora. Não gosto de deixá-la. ― Combinado. Eu acho que ver alguns rostos amigáveis fará bem a ela. ― Conversamos um pouco mais sobre o bebê e Lucy me contou um pouco do progresso que ela está fazendo. Enquanto seu caminho ainda é longo, ela está indo muito bem. Meu telefone vibra e, quando o pego, vejo que é uma mensagem. ― É o Twisted. Ele acabou de sair de casa e podemos ir se quisermos. Lucy morde o lábio enquanto olha para a filha. ― OK. Volto em breve, menina bonita. Eu não podia imaginar ter um bebê e não poder levá-lo para casa comigo. Tendo que passar seus primeiros dois meses em um hospital, eu sei que isso está afetando ela. Nós não conversamos muito no caminho até Nikki, o que é bom, porque nós começamos a cantarolar junto com o rádio. Para a curta viagem, parece que as coisas estão de volta ao que costumavam ser. Quando paramos na frente da casa de Nikki, uma parte de mim se pergunta se apenas dar uma olhada nela é a coisa certa a fazer.

Quando mencionei a Twisted, ele disse que era a única maneira de vêla, porque ela não atende o telefone ou a porta se alguém bater. Pego a chave reserva de onde ele me disse que deixou e vou até a casa. ― Você acha que ela vai ficar chateada com a gente? ― Lucy sussurra enquanto subimos os degraus. ― De tudo que eu ouço, pelo menos se ela estiver chateada, estará sentindo alguma coisa. ― Abro a porta e nós entramos. A casa está tranquila, então eu ando pelo corredor até o quarto dela. Quando abro a porta, ela não está lá. Lucy espia no banheiro e balança a cabeça também. Meus olhos olham para o único quarto que resta no corredor onde ela poderia estar e isso parte meu coração. Quarto da Lily. Giro

lentamente

a

maçaneta

e

a

visão

à

minha

frente

instantaneamente traz lágrimas aos meus olhos. Nikki está enrolada na cama de Lily, soluçando, e segurando seu bichinho de pelúcia favorito, como se pudesse evaporar. A porta range e ela olha para cima para nos ver ali. Ninguém diz nada. O que há para dizer? Eu ando até a cama, deito ao seu lado e envolvo meu braço em torno dela. Eu só preciso que ela saiba que não está sozinha. Depois de um minuto, a cama mergulha novamente e Lucy está do outro lado, com as mãos em torno de Nikki também. Nós ficamos lá por mais tempo. Choramos juntas pela perda de alguém que todos amamos. Estar lá uma para a outra e fornecer um apoio para as outras. Nikki é a primeira a falar. ― Eu não sei o que fazer sem ela aqui.

Eu

quero

responder.

Quero

dar

a

resposta

que

ela

está

procurando, mas não há uma. ― Você vive da melhor maneira possível, o que sabemos que agora não será muito. Você tem que viver, Nik. Ela assente. ― Eu tentei. Tudo o que eu faço, tudo o que alguém diz me faz pensar nela. Eu não aguento. Dessa vez, Lucy se senta e enxuga as lágrimas perdidas dos olhos. ― É exatamente isso. Não há problema em pensar nela, você deveria. Ninguém quer ou espera que você a esqueça. Nenhum de nós jamais a esquecerá. Os caras estão chamando Anna de “princesa” e tenho certeza que Lily está super feliz com isso. Todos nós rimos lembrando o quanto ela costumava incomodar Lucy por nomear a bebê como princesa. Coloquei meus braços em volta de Nikki. ― Sentimos sua falta, querida, todo mundo sente. Só queríamos que você soubesse que estamos aqui para você sempre que precisar de nós. Apenas diga. Todos nós sentamos lá, sem conversar muito, exceto algumas palavras aqui e ali, mas é bom estarmos juntas novamente. Lucy limpa a garganta. ― Não pretendo ser uma desmancha prazeres, mas preciso voltar ao hospital. Quer que eu chame um dos garotos para me dar uma carona, Trace? Estou prestes a dizer a ela que eu poderia levá-la e depois voltar, quando Nikki entra na conversa. ― Você sabe que eu ainda não vi a bebê. Talvez eu vá. Acho que está na hora. Lucy começa um sorriso enorme. ― Eu adoraria isso. Nós três vamos para o hospital e não posso deixar de ter esperança de que nosso pequeno grupo tenha atingido um ponto de virada.

Hoje, Twisted, Whip e eu estamos nos reunindo com Roundman, presidente dos Hellions, para ver se eles estariam dispostos a nos apoiar em nosso ataque contra os Black Ghosts. Sabemos que eles devem se reunir em breve e que não temos muito tempo para resolver tudo isso. Os clubes já ajudaram uns aos outros algumas vezes no passado, mas nada tão grande assim antes. Não sabemos se eles concordarão em lutar uma batalha que não é deles. Normalmente, concordar em nos encontrar no território de outro clube não é algo que faríamos, mas, como somos nós que pedimos um favor, pensamos que seria uma demonstração de boa fé. Estamos parados no portão e o prospecto confirma que temos permissão para estar aqui. Entrando na sala principal, vejo que está limpo. Nenhuma puta de clube, nenhum irmão além de seu Pres, VP e Sargento. Isso é bom até agora. Estamos todos em pé de igualdade. ― Devo dizer que fiquei surpreso quando você disse que queria ter uma reunião aqui. Não é assim que costumamos fazer as coisas. ― Roundman nos olha. Eu posso dizer que ele desconfia de nossas intenções, porque é muito fora da norma. Honestamente, ele seria um líder de merda se não desconfiasse.

― Eu sei e é porque tenho um favor a pedir com o entendimento de que, se você nos ajudar, deveremos a você. Temos um clube que está tentando subir ao poder localmente. Ainda não são muito grande, mas são estúpidos e imprudentes, o que é uma combinação perigosa. São eles que incendiaram nosso clube algumas semanas atrás. Perdemos nosso presidente, dois prospectos, a mãe de meu VP e... e minha filha. ― Twisted limpa a garganta. ― Lamento ouvir isso, irmão. Shooter era um bom homem. Embora eu não conhecesse todo mundo, sinto muito por suas perdas. O que exatamente vocês querem de nós? ― Ele se recosta na cadeira, os braços cruzados sobre o peito. Twisted respira fundo. Eu sei que ele sente que precisamos deles, mas não quer que eles saibam disso. ― Queremos suporte, backup. Nós estamos indo atrás deles. Um tiro, queremos demolir todo o conjunto deles. Eles vieram atrás de nós sem serem provocados e o fizeram da pior maneira. Eles precisam cair. Provavelmente poderíamos superar isso sozinhos, mas com o apoio seria uma ótima calçada. ― Então você espera que entremos em uma luta que não é nossa, apenas para que as coisas não sejam muito difíceis para vocês? ― O VP ao lado dele balança a cabeça. Obviamente, ele não é a favor de nos ajudar. ― De certa forma, sim. Eu também acho que enviaria uma mensagem aos nossos inimigos. Mexa com um de nós, lide com os dois. Isso tornará as pessoas mais apreensivas contra nós. Isso parece chamar sua atenção. ― Eu preciso trazer coisas assim para a mesa. Vamos votar e ligarei para você hoje à noite. Twisted havia dito a Roundman que a reunião seria algo que exigia que ele pedisse uma votação, para que ele já tivesse seus membros prontos para se reunir para a missa mais tarde.

― Obrigado por nos ver. Falo com você mais tarde. ― Twisted aperta a mão dele e saímos do clube pegando nossas motos e esperando que nossos aliados optassem por ficar conosco, em vez de ficar de lado apenas torcendo por nós. Toda a volta para casa, tudo o que eu conseguia pensar era nesse próximo confronto. Não tenho dúvidas de que temos mão de obra e, além disso, estamos famintos por vingança. Essa sede pode fazer um exército de dez homens parecer cem. Quando chegar o dia, estaremos totalmente preparados para rasgar aqueles bastardos membro por membro até que não haja mais nada que eles possa identificá-los. Voltamos ao armazém para aguardar a decisão dos Hellions. Nossos meninos estão todos esperando porque, quando ouvirmos sua decisão, teremos uma missa para formular nosso plano de ataque. Não podemos fazer isso antes, porque obviamente será diferente se tivermos o dobro da mão de obra. Eu mando uma mensagem para Tracie quando chegamos lá, para que ela saiba que hoje chegarei tarde da noite. Todas as meninas estão em minha casa porque não temos mão de obra suficiente para ter um com cada uma delas, e, como estamos tendo missa, apenas os prospectos podem estar com a família. Lembro-me dos meus dias de prospecto e foi uma merda. Você era basicamente um ninguém. Você não é convidado para a missa. Você não podia sentar à mesa. Enquanto você estava nos eventos, você era apenas segurança. Quaisquer trabalhos de merda são atribuídos a você. O processo realmente elimina os homens que não conseguem lidar com o que lhes é dito ou não trabalham como parte de um todo. Por mais que sejamos todos meio cabeças de porco e teimosos, também sabemos que somos uma unidade. Uma unidade tem que funcionar como um ou se desfaz.

O telefone de Twisted toca e ele dá a mim e Whip um aceno de cabeça. Nós o seguimos para a sala. ― O clube votou. Nós ficaremos com vocês. No entanto, a condição é que da próxima vez que precisarmos de um favor e pedirmos, você não terá exceções. ― A voz de Roundman aparece e acho que todos nós respiramos aliviados. Twisted sorri. Esta é sua primeira conquista como presidente. Muitos irmãos estavam céticos de que os Hellions se juntariam a nós. ― Eu agradeço. Estamos aqui sempre que precisarem de nós. Nós vamos ter missa aqui em um minuto para elaborar um plano, então eu ligo para você para discutir detalhes. ― Eles encerram a ligação e nós ficamos lá por alguns minutos. ― Whip, chame os meninos para a missa, temos uma guerra para planejar. Dentro de alguns minutos, a mesa está novamente cheia. Twisted fica na cabeceira, uma sensação de orgulho irradiando dele. ― Hoje à noite planejaremos nosso ataque. Os Hellions estarão conosco! ― A sala explode em aplausos. ― Todo mundo sabe que com esse tipo de apoio não perderemos. Os Black Ghosts serão apagados em poucos minutos após a nossa chegada. Eles pagarão pelo ataque a nós. Twisted recebeu algumas informações privilegiadas de seu local de reunião amanhã. Tudo acabará amanhã. Depois disso, talvez possamos finalmente deixar esse pesadelo para trás.

Acordo de manhã sabendo que hoje é o dia. É agridoce. Com a aliança Hellions, garantimos a vitória, mas, novamente, não posso deixar de pensar que na vida não há garantias. Eu sinto que tudo isso foi realmente fácil. Algo me diz que eu preciso estar em guarda hoje. Os braços de Tracie me envolvem e me viro para encará-la. Ela é tão bonita. Depois de esperar que ela esteja pronta para mim por anos, parece quase surreal que eu a tenha agora. A melhor parte é que não preciso me preocupar em mantê-la na linha; Tracie é dessa vida. Ela conhece as regras do clube e o papel de uma Old Lady no MC. É verdade que, porque ela já estava envolvida com o clube, mesmo que ela tenha regras um pouco diferentes das outras mulheres, ela ainda entende. Existem irmãos que pegam garotas normais, as reivindicam e então basicamente precisam treiná-las. A constante discussão e desligamento, porque você não pode explicar onde esteve, para onde está indo ou quando voltará. Eu não preciso me preocupar com nada disso com ela e é incrível. As mãos dela envolvem meu pescoço. ― Eu sei o que vai acontecer hoje. Nikki ouviu Twisted no telefone. Merda. ― Antes de começar a dar lições sobre isso ou aquilo, tudo o que quero dizer é por favor, tenha cuidado. Acabei de encontrar você e não quero te perder. ― Os olhos dela estão cheios de

preocupação. É por isso que não dizemos às nossas mulheres o que fazemos, porque ver sua garota olhar para você como se nunca mais fosse te ver machuca muito. ― Você nunca se livrará de mim. Isso é uma promessa. ― Eu a puxo para mim, tentando acalmar sua mente, mas sabendo que quando eu sair pela porta, ela estará uma bagunça. Pelo menos elas estarão juntas. Todo mundo está vindo para cá assim como ontem. ― Me ligue quando tudo estiver seguro? ― Suas mãos agarram os cabelos na parte de trás do meu pescoço. ― Assim que puder. ― Coloco um beijo em seus lábios. A porta se abre e Lucy entra furiosa. Whip segue atrás dela, como se estivesse pronto para perder a cabeça. ― Lucy, você vai se acalmar e tentar ouvir a razão? ― Não, você pode sair agora. Estou entregue em segurança à minha cela de espera, mestre. ― Ela se afasta dele antes de pisar no corredor. Bem, merda. ― Cela de espera? ― Olho para Whip. Ele balança a cabeça em frustração. ― Ela quer ficar no hospital, mas Twisted disse que não podemos poupar caras extras. Não a quero desprotegida enquanto essa merda estiver acontecendo. ― Certo. ― Me viro para Tracie. ― Eu tenho que sair. Te amo. Ligo para você assim que estiver limpo. ― Colocando um beijo em seus lábios, saio com Whip seguindo atrás de mim. Whip trouxe uma das caminhonetes porque na noite passada decidimos que nenhum de nós estaria andando de moto. Não queremos que os filhos da puta nos ouçam chegar dando

oportunidade de fugirem rapidamente. ― Como você está se sentindo hoje? ― Eu olho para ele. ― OK. Nós não tivemos nenhuma merda séria como essa desde que eu entrei. Claro que tivemos que colocar as pessoas no chão aqui e ali, mas nada como isso. ― Sua mão esfrega a parte de trás do pescoço. Ele está preocupado com a reação dos policiais e, francamente, eu também. Compramos todas as armas novas no mercado negro e, quando terminarmos, um dos prospectos esta encarregado de colocá-las na caminhonete e levar para o estaleiro e encher barris de petróleo vazios com elas. Estarão a caminho da China amanhã de manhã. Nenhuma arma, nenhum crime. ― Você já se perguntou o que diabos os fez vir atrás de nós em primeiro lugar? ― Whip olha para mim. ― Honestamente, é a única peça do quebra-cabeça que não consigo entender. Talvez seja apenas uma coisa do território. Somos o único clube a cerca de 80 quilômetros em cada direção, para que eles simplesmente não quisessem competir. É óbvio que quem está dirigindo o clube é um idiota, então eu não sei se devo tentar pensar muito nos motivos dele. ― Desde a primeira vez que ouvimos falar desse clube, eles tomaram uma decisão idiota após a outra. Entrando no estacionamento, vejo sete SUVs pretos esperando. Bom, todo mundo já está aqui. Twisted e Roundman estão do lado conversando, enquanto todo mundo parece estar com seu próprio clube. Eu aceno para ele quando saímos do carro. Twisted anda até nós e, pela primeira vez desde que tudo isso começou, posso sentir algum nervosismo saindo dele. ― Você está bem? ― Sim. Só quero que essa merda acabe. ― Ele respira fundo. Assobiando com os dedos, ele acena a todos. Todos nós estamos

usando bandanas vermelhas, a pedido do Twisted, para que, quando entrarmos, possamos nos identificar facilmente. ― Hoje é o dia em que vingamos as vidas que foram tiradas muito cedo. Esses filhos da puta aprenderão o que significa ser um verdadeiro MC. Eles verão o que é a verdadeira irmandade hoje. Aos Hellions, obrigado por estarem ao nosso lado. Todos vocês têm suas atribuições. Há oito caminhonetes, dois estacionados em cada lado do edifício. Vamos atingi-los de todos os ângulos e em poucos minutos sua desculpa patética para uma aquisição será achatada. ― Ele acena como agradecimento ao exército de homens diante dele. Subo na minha caminhonete com alguns dos meus irmãos e alguns dos Hellions. Cada caminhonete tem um oficial e irmãos de cada MC. A viagem para o local de encontro desta semana é de apenas vinte minutos, mas são os vinte minutos mais longos da minha vida. Estacionamos os carros um pouco afastados do prédio, que é basicamente todo de tijolos com janelas altas. Mais uma vez, eles são idiotas. Eles não podem ver um ataque vindo porque não há janelas baixas o suficiente. Nós caminhamos até a porta designada com cuidado. É de metal, mas Wrench vai destruí-la com o pé de cabra que ele está segurando firmemente. Continuo vigiando meu telefone esperando o relógio bater a hora. Assim que vira, eu aceno para ele e com um puxão enorme, a porta se abre. Eu imediatamente ouço o som distinto de tiros. Começamos a atirar nos corpos que saem das salas para ver qual é a comoção. Qualquer movimento detectado e observado sem uma bandana vermelha são eles sendo colocados no chão. Ghosts estão caindo como moscas,

completamente

mostramos.

sobrecarregados

pelos

números

que

― Faça uma varredura no prédio. Verifique cada maldito esconderijo. Certifiquem-se de que ninguém fique respirando! ― Eu ouço Twisted gritar. Os olhos dele são pretos. Só o vi assim uma vez antes e demorou muito para recuperá-lo. A escuridão e a necessidade de sangue o consumiram completamente. Começo a checar a sala principal, chutando corpos com minhas botas enquanto passo para ter certeza de que estão mortos e não apenas fingindo. Alguns tiros soam de vez em quando, mas a maior parte já acabou. Nós ganhamos.

Nikki, Lucy e eu passeamos tanto pela casa que não ficaria surpresa se houvesse um buraco no tapete. Eu não consigo me sentar. Eu não consigo relaxar. Não posso fazer nada até ouvir que ele está bem, que acabou. Nikki e o prospecto chegaram aqui alguns minutos depois que os meninos foram embora. Nenhuma de nós realmente disse uma palavra. Todas sabemos o que está acontecendo hoje. Sabemos que sempre que os meninos entram em uma batalha, há uma chance de não voltarem. A única diferença é que geralmente não temos ideia de quando essa batalha está ocorrendo. Estar alheia às coisas deles geralmente me deixa louca, mas agora eu gostaria de não ter ideia do que está acontecendo. É muito melhor ficar no escuro do que fazer buracos no tapete. Meu telefone toca e a vibração no meu bolso me faz gritar e as outras garotas pulam. Antes que eu possa atender, seus telefones começam a tocar. Eles estão bem. Graças a Deus. ― Hey. ― Eu respondo com alívio. ― Ei, querida, estamos todos bem. Todo mundo está inteiro. Diga ao prospecto trazer vocês para o clube, ok? ― A voz dele está como sempre. Eu tento ouvir a respiração ofegante ou qualquer

coisa me dizendo que ele pode não estar bem, mas ele parece normal. ― Mal posso esperar. Vejo você em breve, baby. ― Eu desligo. Todas olhamos, deixando escapar um suspiro coletivo de alívio. ― Graças a Deus eles acabaram com isso. Fico muito mais feliz sem saber nada. ― Amém. ― Nikki diz enquanto pega sua bolsa. Abrimos a porta e o prospecto está de costas para nós. ― Tudo bem, Tommy, os caras pegaram todos. Hora de ir ao clube. ― Eu fico lá esperando ele se mover, mas ele não se move; ele só está parado lá. É quando eu vejo. A poça de sangue nos degraus. Pego a porta tentando fechá-la, mas uma mão grande se estende para detê-la. Olhando para o homem vestindo a jaqueta de Tommy, meu corpo inteiro se aperta de medo. Viper. Não pode ser. Ele está morto. Ele sorri para mim, enquanto me olha de cima a baixo. ― Faz tempo que não te vejo, baby. ― Lucy se vira para correr, mas ele levanta uma arma e ela congela. ― Nem pense nisso. ― Ele dá um passo para dentro da casa e agora está quase pressionado contra mim. Meu corpo está gritando comigo para dar um passo atrás, mas não consigo me mover. Estou congelada no lugar. ― Se não é a pequena puritana. ― Diz ele enquanto se afasta de mim e circula Lucy. Ele caminha até onde Nikki está. ― Nós não fomos apresentados, mas... ― Seus olhos traçam seu corpo, ― eu estaria disposto a mudar isso.

A voz trêmula de Lucy quebra o misterioso silêncio. ― O que você está fazendo aqui? Eu pensei que você estivesse... ― Morto? ― Ele ri. A mesma risada que ouço nos meus pesadelos. ― Infelizmente, todos os seus homens pensam que são muito mais inteligentes do que realmente são. É claro que eu gostaria que eles pensassem que eu estava morto. Então, quando as coisas começassem a acontecer, ninguém suspeitaria de um fantasma. Convencer aqueles idiotas mexicanos a começar um novo MC e que governaríamos o território era muito mais fácil do que você imagina também. Eu posso senti-lo atrás de mim novamente. Meus músculos estão tão tensos que estão queimando. ―

Alimentar

ao

todo-poderoso

presidente

com

algumas

informações convenientes sobre o local da reunião desta semana foi realmente muito simples. Você pensaria que ele poderia ter questionado isso, pensasse em como algo que parece bom demais para ser verdade, é. Veja como a coisa da vingança cega você. ― A arma que ele segura traça meu decote e desce pelo meu braço. ― Mas não se preocupe, minha vingança ainda está fresca, só não estou cego por isso. ― Ele rosna no meu ouvido. ― Agora, enquanto eu gostaria que todos pudéssemos ter uma grande festa feliz, infelizmente não foi assim que eu planejei. ― Ele se aproxima de Nikki. ― Se eu não fosse tão inteligente quanto sou, desistiria do meu plano e levaria você também. O problema é que, quando você muda o plano, perde. Acontece o tempo todo. Viper puxa algumas cordar debaixo da jaqueta que ele está vestindo. ― Vire. ― Nikki faz o que ela manda e ele amarra seus pulsos juntos antes de derrubá-la no chão e fazer o mesmo com os tornozelos. ― Sua vez. ― Ele olha para Lucy. Seu lábio inferior treme quando ela caminha até o homem com a arma apontada para ela. Ela sabe em primeira mão o quão perigoso Viper é. Ele repete o

mesmo processo, deixando-a no chão ao lado de Nikki. Virando para mim, ele sorri. ― Agora você pega a corda também, mas pode se divertir comigo. ― Ele gira o dedo em um círculo, deixandome saber que ele quer que eu me vire. Eu lentamente faço o que ele diz enquanto cada centímetro do meu corpo está gritando para eu lutar. Eu sei que ele não hesitará em me matar. Pelo menos se eu cooperar com ele, talvez isso dê tempo aos caras para nos encontrarem. Ele abre a porta, o tempo todo sua arma está apontada para mim, garantindo que eu não tente fazer nada. Com uma mão ele puxa algo à vista. Oh Deus. É o Tommy. Sua garganta está cortada e tem sangue por toda parte. Viper o pega jogando-o para dentro. Ele pega outra coisa e quando vejo me sinto imediatamente doente. Gasolina. ― Não faça isso. ― É a primeira vez que eu falo desde que o vi. ― Apenas me leve e deixe-as em paz, por favor. Ele sorri para mim e acaricia minha bochecha com o dedo. Minha pele arrepia em seu rastro. Ele anda pela sala, revestindo as paredes com gasolina. Quando ele volta para Lucy e Nikki, eu grito: ― Não! Felizmente, quando ele vira a lata, quase não resta mais nada. Eu respiro um suspiro de alívio que, talvez por algum milagre, quando partimos, elas possam encontrar uma maneira de sair disso.

Viper agarra meu braço. ― Bem, senhoras, é uma pena que as coisas tenham que terminar desse jeito. ― Ele puxa um fósforo do bolso e o risca no batente da porta. Ele me puxa alguns degraus com ele antes de jogar o fósforo na casa. Caio no chão quando as chamas se acendem. As meninas estão gritando. Eu posso ouvi-las enquanto Viper me arrasta para o carro dele. ***

Somos o último carro a chegar ao armazém e, quando percebo que as meninas ainda não estão aqui, me sinto mal. Depois que todos saem, eu saio do estacionamento e corro em direção a minha casa. Talvez elas estejam apenas fazendo o cabelo ou algo assim e eu estou exagerando. Eu nem percebi que a bateria do meu celular estava tão baixa e descarregou, então não posso ligar para elas. Meu coração dispara mais rápido a cada minuto que passa. Quando entro na estrada que leva à minha casa, é o meu pior medo novamente. A casa está em chamas. É como todos aqueles anos atrás. Eu pulo do meu carro, vendo chamas saindo da entrada da casa. Eu posso ouvir as meninas gritando por ajuda de dentro de casa. Não vou decepcionar as pessoas que amo novamente. Desta vez eu vou salvá-los. Olho em volta no carro, encontrando um moletom preto que um dos caras havia deixado. Envolvendo-o em torno de mim, respiro fundo e corro o mais rápido que posso pela porta caindo imediatamente

no chão e rolando para apagar as chamas que possam ter pegado o tecido. Levantando-me, vejo imediatamente Lucy e Nikki amarradas no chão. ― Merda! ― Eu olho em volta procurando uma maneira de tirar elas daqui. ― Onde está Tracie? Lucy tosse antes que seus olhos encontrem os meus. Então ela pronuncia as palavras que eu nunca pensei que ouviria. ― Viper a levou. Não. Não é possível. Preciso tirar essas garotas daqui e depois encontrar Tracie. Eu vejo uma janela onde as chamas não são tão altas. ― Onde estão seus telefones celulares? ― Minha bolsa está no sofá. ― Nikki solta. Eu a vejo e, enquanto dou alguns passos, noto o corpo de Tommy no chão. Merda. Eu tusso algumas vezes, a fumaça começando a chegar até mim. Pego a bolsa de Nikki e também pego um dos bancos da cozinha. O resto da cozinha está cheia de chamas ou eu pegaria algo para cortar suas cordas. Usando toda a força que tenho, jogo o banquinho pela janela. Eu corro de volta, pegando outra e rapidamente a uso para limpar um pouco do vidro irregular. ― OK. Não posso carregar vocês pela porta da frente. Dois não conseguirão passar por essas chamas como eu fiz. Infelizmente, minha melhor aposta é jogar vocês. É apenas uma queda de três metros, então espero que não seja tão ruim. Seus olhos se arregalam quando digo que estou prestes a jogálas pela janela. Pego Lucy primeiro, esperando poder fazer isso da maneira que estou imaginando. ― Quando você pousar, preciso

que você role para que eu possa jogar Nikki atrás de você. ― Ela assente enquanto tosse nos meus braços. ― Tudo bem, Lucy, um, dois, três. ― Empurrei meus braços para frente, observando-a navegar pela janela, dando um suspiro de alívio. ― Sua vez, menina. ― Pego Nikki precisando tirá-la daqui para encontrar Tracie. ― Tudo bem, pronta? Um dois três. ― Eu a jogo e ela vai pela janela da mesma maneira que Lucy. Pego o moletom que usei originalmente, deixando o mesmo caminho em que entrei, enquanto pulo pela porta e caio na grama úmida do lado de fora, ouço as sirenes do caminhão de bombeiros ao fundo. Merda, eu preciso dar o fora daqui. Eu corro para o lado da casa. ― Eu tenho que ir antes que eles cheguem aqui e tentar me manter para interrogatório. Ele disse alguma coisa sobre onde eles estavam indo? ― Não, ele está seriamente perdido, Torch. Ele alimentou vocês com essa informação. Ele estava por trás do outro MC. ― A voz de Lucy está rouca. Porra. As sirenes estão se aproximando. Eu corro para a caminhonete, acelerando antes de ser pego aqui. Minha cabeça está girando quando o que Lucy me disse afunda. Eu vou matar aquele filho da puta.

Uma dor aguda na minha cabeça me acorda e eu estremeço. Estendo a mão para aliviar a dor, mas minhas mãos estão amarradas atrás de mim. Memórias começam a inundar minha mente. Viper. Ele está vivo. Eu forço meus olhos a abrir e fico chocada quando vejo que estou na sede do clube, pelo menos o que resta dela. ― Ah, você finalmente acordou. Eu ia começar a pensar em maneiras mais criativas de fazer você abrir seus olhos. ― Viper está de pé em cima de mim. Ele se abaixa e me levanta, me sentando em uma cadeira de madeira. Olho em volta para os restos queimados do lugar que chamei de casa desde que me lembro. ― Eu, pessoalmente, acho que isso é uma melhoria. ― Ele ri enquanto chuta alguma coisa. ― Eu pensei que te trazer aqui era bastante irônico, considerando que é aqui que tudo começou com a gente. ― Sua língua se arrasta pelos lábios e meu estômago se vira. ― Por que você está fazendo isso? ― Minha voz está rouca e trêmula.

― Bem, veja que é uma pergunta muito mais complexa do que você imagina. Você pode pensar que nossa história começou na noite em que tirei sua doce virgindade, mas na verdade tirei algo muito mais precioso de você muito antes disso. ― Ele se vira para mim com o maior sorriso no rosto. ― Honestamente, eu não posso acreditar que ninguém descobriu. Decido que, se conseguir mantê-lo falando, talvez consiga algum tempo. ― Descobriu o que? ― O que realmente aconteceu com seus pais naquela noite. ― Seus olhos se estreitam para mim enquanto ele observa minha reação. Meus pais? O que ele quer dizer? ― Veja, alguém como eu não pertence ao fundo. Eu sou a porra de um líder. Eu pertenço ao poder. Seu pai era muito chato para manter essa posição de VP. Todo mundo sabia disso. Tudo o que ele falava era sobre manter a paz e outras besteiras. Somos bandidos, não malditos coroinhas. ― Seu punho bate na parede mais próxima. ― Eu sabia que se um cargo de oficial fosse aberto, eu seria o próximo da fila. Shooter e eu sempre estávamos perto. No entanto, eu também sabia que seu pai idiota me odiava e não podia arriscar que ele mudasse a ideia de Shooter. O que ele está dizendo? Meus pais sofreram um acidente. ― Os cabos de freio são engraçados, sabe. Eles foram feitos para salvar sua vida, mas também podem custar ela se forem adulterados. ― Ele pisca para mim e sua insinuação me atinge. Uma dor aguda atravessa meu peito. ― Você matou meus pais? Ele levanta a mão direita. ― Tão culpado como cobrado. Não.

O pânico surge no meu corpo. Ele tem que estar mentindo. ― Você sabe o quão doce é saber que eu tirei a vida deles enquanto roubava sua inocência? ― Sua voz rosna no meu ouvido. Eu tento engolir a bile que está subindo na minha garganta. Eu vou ficar doente. Ele vai me matar aqui e ninguém saberá que ele está vivo. Ninguém saberá o que ele fez com meus pais. ― Você é um covarde. ― Eu zombo dele. Ele se vira para mim. ― O que diabos você acabou de me chamar? Eu posso ver a raiva em seu rosto, mas não me importo mais. Ele vai me matar de qualquer maneira. ― Você não poderia ganhar um lugar, então roubou. Você nem sequer travou sua própria batalha hoje, deixou outros homens fazerem isso enquanto se escondia. Você. É. Um. Covarde. Ele recua e me dá um tapa na cara. ― Me chame do que quiser, sua putinha, mas eu superei todos os idiotas que você pensou que poderiam protegê-la. Nenhum deles foi inteligente o suficiente para sequer considerar o fato de que talvez toda essa merda conveniente pudesse ser uma armação. Ele puxa uma cadeira na minha frente. ― Você gostou da minha nota e visitas? Esses idiotas nem conseguiram me pegar quando eu estava bem debaixo do nariz deles. Estou na cidade há dois meses. Devo dizer, no entanto, que pressionar o detonador e ver esse lugar explodir em um milhão de pedaços foi a minha parte favorita de toda a viagem. Todo mundo estava correndo como idiotas

impotentes. A merda mais engraçada que eu já vi há algum tempo. ― Ele ri balançando a cabeça enquanto se levanta. Olho na direção da porta, mas ele fica na minha frente. ― Esperando seu pequeno Torch? Não pense que ele vai conseguir. Você é toda minha, como sempre deveria ter sido. Você sabe por que eu te queria tanto naquela noite? Como eu tinha toda a intenção de reivindicá-la quando você fosse legal em alguns meses, a porra do Torch começou a dizer às pessoas que você seria dele. Que ele estava esperando por você. Decidi então que não havia como deixá-lo ter você antes de mim. Sua mão desliza pela minha frente, quando passa sobre meu mamilo, uma lágrima cai na minha bochecha. ― Eu me lembro dessas lágrimas naquela noite também. ― Ele pega antes que caia do meu rosto trazendo o dedo para a boca e lambendo minha tristeza com um sorriso. ― Elas ainda têm o mesmo sabor. Eu prometi a você que se você abrisse a boca eu voltaria para você e faria você pagar. Agora é hora de eu cumprir essa promessa. Fecho os olhos e espero que a escuridão me leve.

Eu paro a caminhonete no estacionamento silenciosamente, não querendo fazer muito barulho. Algo me disse que o idiota a traria aqui, ele queria trazê-la para o lugar que levou tudo dela na primeira noite. Pedaço de merda previsível. Minha mão encontra minha arma enquanto eu a puxo para fora da cintura. Estou determinado a garantir que esse filho da puta esteja realmente morto desta vez. Eu posso ouvir vozes enquanto me aproximo da porta. ― É uma pena que você já tenha escolhido ser puta de motoqueiro. Eu poderia ter mantido você viva, mas não quero bens usados. Pelo menos antes, eu sabia que meu pau era o único que você já teve. Agora que você abriu essas pernas, selou seu destino. Eu posso ouvi-la chorando e isso faz meu sangue ferver. Quero entrar lá, mas sei que seria estúpido. Não tenho ideia de onde ele está, e não sei se ele está perto o suficiente dela para que pudesse alcançá-la primeiro. Se eu não sou inteligente sobre isso, nós dois acabaremos pior do

que

começamos.

Respirando

calmamente,

espio

pelo

canto,

escondendo-me atrás de uma peça de mobília tombada. Eu tento ouvir e avaliar onde ele está na sala. Está quieto e isso me deixa nervoso. Olho pela cadeira para vê-lo em pé atrás dela, a arma apontada para a sua cabeça. ― Olhe para isso, ele veio. ― Viper sorri para mim. ― Não adianta ficar escondido agora.

Não me mexo tentando pensar em qual seria meu próximo passo. ― Ok, vamos tentar isso. Vou contar até três, depois vou fazer um buraco nela. E continuaremos até você sair ou ela morrer. Um... dois... Levanto-me sem querer chamá-lo no blefe. Meus olhos focam nela. Ela está tremendo e chorando. Sua cabeça está no chão e sua bochecha tem uma linha de sangue escorrendo. ― Ah, olha ele veio para te salvar. ― Viper se inclina para mais perto dela. ― Não seja rude. Ele veio até aqui. Você poderia pelo menos olhar para ele. ― Ela não responde. Ele bate o cotovelo no espaço entre o pescoço e o ombro dela, provocando um grito de dor. ― Olhe para ele! ― Não a toque de novo! ― Minha arma está levantada para ele. Tracie levanta a cabeça e seus olhos vermelhos encontram os meus. O olhar no rosto dela quebra meu maldito coração. ― Eu sugiro que você jogue a porra da sua arma ou se arrependerá. ― A arma dele pressiona contra a têmpora dela. ― Você pode estar se perguntando se poderia me abater, mas eu garanto que ainda posso abrir um buraco na cabeça dela. Jogue a arma agora. Porra. Faço o que ele diz, sabendo que estou completamente ferrado agora. ― Você sabia que este é o lugar em que eu peguei ela, Torch? ― Seus olhos estreitam para mim quando sua mão livre mergulha sob a blusa dela. Meus punhos cerram. ― Tire suas mãos dela. Ele ri enquanto desce a mão lentamente e Tracie começa a chorar mais. ― Veja, você não está realmente em posição de me

dizer o que fazer. ― Ele remove a mão. ― Você sabe que deveria amar esse cara, ele vem até aqui apenas por você e você nem olha para ele. Olho para a mulher que amo e vejo que ela está completamente destruída. ― Você terá que desculpar ela, ela está um pouco perturbada. É difícil quando você descobre a verdade depois de acreditar em uma mentira por tanto tempo. ― De que porra você está falando? ― Por seu comportamento, é óbvio que Viper perdeu oficialmente sua maldita mente. Eu preciso me aproximar deles. Eu preciso tirar a arma dele. ― Por que você não conta a ele? ― Ele a cutuca com a arma e, enquanto está distraído, dou alguns passos de lado, diminuindo a distância entre nós, pouco a pouco. ― Eu disse, porra, diga a ele! Ela pula quando ele grita. A raiva dentro de mim é quase incontrolável. Estou vibrando com a necessidade de envolver minhas mãos em torno de sua garganta e drenar a vida dele. ― Ele... Ele... ― Ela tosse e tenta recuperar o fôlego. ― Ele matou meus pais. Meu sangue corre frio quando olho para ele, sabendo pelo seu sorriso de comedor de merda que é verdade. Puta merda. Não é à toa que ela está tão destruída. Além dele estar de volta, ainda descobrir isso. ― É triste descobrir que foi eu quem matou seus pais no mesmo dia em que tirei a vida das suas melhores amigas, hein? ― Seu rosto está tão perto do dela quando a provoca.

― Elas não estão mortas, seu filho da puta. ― Sua cabeça se levanta. ― Eu as tirei da casa antes de vir aqui. Elas estão bem. Os olhos de Tracie se voltam para os meus. ― Parece que você estragou tudo. ― Eu dou de ombros. ― Oh, bem, elas eram apenas um bônus. Ela é a razão de eu ter voltado. ― O rosto dele está perto do dela novamente. Aproveito a oportunidade, investindo contra ele e derrubando-o. Ao mesmo tempo, ouço a cadeira em que ela estava sentada bater no chão. Meu primeiro instinto é checá-la, mas agora preciso pegar essa arma. Suas mãos estão apertadas ao redor dela, segurando a peça pela sua vida. Eu rolo para que eu possa me ajoelhar em seu peito. Nossas mãos estão enroladas em torno da arma, que está erguida sobre sua cabeça. Subo em seu peito e pressiono meu joelho contra seu pescoço. Ele engasga quando suas vias aéreas começam a se restringir. Eu preciso ter certeza de que só faço isso o tempo suficiente para ele desmaiar. É uma maneira humana demais para esse filho da puta morrer. Ele precisa estar vivo para que possamos nos divertir um pouco. Seus olhos começam a fechar e quando seus dedos ficam frouxos e seus braços caem, eu tiro meu joelho. Rapidamente sinto um pulso, aliviado quando encontro um. Eu posso ouvir o som de pneus guinchando na terra enquanto caminho para Tracie. Ela está desmaiada, mas está viva. Eu a puxo para o meu colo enquanto os caras entram na sala. ― Ótimo momento. ― Digo enquanto todos olham para mim, as armas apontadas.

Eu conto tudo enquanto Twisted corta as cordas das mãos de Tracie. ― Acho que ela bateu a cabeça quando caiu. Precisamos ligar para o Doc. E também preciso de um maldito corretor de imóveis. Levanto e pego Tracie não querendo deixá-la depois de ter tanto medo que a perderia. Eu paro na frente de Wrench. ― Leve esse filho da puta para o armazém e amarre-o. Diga aos meninos para se divertirem, mas ele não morre até eu chegar. Ele me dá um rápido aceno quando saio do prédio com Tracie. Eu vou fazer isso certo, querida. Ele pagará.

Entro no armazém lamentando completamente minha decisão de vir aqui. Faz dois dias desde que tudo aconteceu e hoje é o dia em que eles finalmente vão matar o cuzão. Não há uma parte de mim que se sentiu mal quando Torch me disse que eles estavam se revezando em torturá-lo. Ainda não consigo esquecer o fato de que ele foi responsável pela morte de meus pais. Ele é um monstro de todas as formas possíveis e merece tudo o que conseguiu. Torch tentou me alertar para que não viesse. Ele me disse que não tem certeza se posso aguentar ver como ele está agora. Aparentemente, os caras podem ser realmente criativos com seus métodos de tortura quando querem. Eu preciso estar aqui. Eu preciso saber que ele se foi. Eu pensei que estava livre dele antes e não estava. Desta vez, preciso ver por mim mesma que ele realmente se foi para sempre. Que ele nunca mais pode me assombrar. O cheiro de carne queimada e sangue me atinge e eu luto contra o desejo de vomitar. Não preciso perguntar o que é, ou melhor, quem é. Viramos uma esquina e o vejo pendurado em uma corrente de metal presa a uma viga. Seus ombros parecem deslocados pela maneira como ele está pendurado. Todo o seu corpo está coberto de marcas a tal ponto que não tenho certeza se consigo ver mais do que alguns

centímetros de pele não marcada em qualquer parte do corpo. Há um balde embaixo dele coletando sangue enquanto escorre, para que não precisem se preocupar em limpá-lo do chão quando terminar. Dispostas em todo o piso, há ferramentas suficientes para abrir uma pequena loja de ferragens. Cada uma coberta de sangue seco. Uma pessoa normal deve sentir algum tipo de emoção olhando para alguém nessa condição, mas eu não. Eu o odeio tanto que não acho que exista algo que possa me fazer sentir por ele. Ele é a própria definição de mal. Não há um pingo de bondade nele, então ele não merece um pingo de compaixão. Eu aceno para Twisted enquanto ele caminha na frente de Viper. ― Viper, hoje é o dia em que você pagará o preço máximo por seus pecados. Você tomou vários membros desta família. Você atacou e machucou os outros. Você não poderá mais causar danos a ninguém. Está na hora de você ir para o inferno. ― Ele acena para Torch. Aparentemente, Torch perguntou a Twisted se ele poderia fazê-lo. ― Eu queria fazer isso desde que você se atreveu a tocar nessa garota. A morte é boa demais para você, mas é o que todos nós precisamos. Com um estalo alto, a cabeça de Viper cai para o lado. Ele se foi. Respiro fundo me permito perceber que posso finalmente me sentir livre dele. Ele não pode voltar disso. Ele nunca vai me machucar ou alguém que eu ame novamente.

Torch pega minha mão e saímos do armazém. Quando saímos, ele se vira para mim. ― Você está bem? Balanço a cabeça. ― Não, mas eu vou ficar. Eu envolvo meus braços em torno dele, deixando-o me envolver. Meu escudo Minha casa Meu amor.

Um ano depois. É o primeiro dia da família no clube reconstruído e todo mundo está de bom humor. Tudo ficou quieto desde toda a loucura do ano passado. O clube conseguiu funcionar sem nenhum ataque contra nós e até pagamos nossa dívida com os Hellions. As famílias finalmente têm um lugar para vir e celebrar novamente. As meninas trazem toda a comida, colocando-a nas mesas compridas enquanto as crianças correm por aí, evitando a todos no seu jogo interminável de etiqueta. Twisted fica na frente da sala e assobia para chamar a atenção de todos. A sala fica quieta quando o homem que elevou o clube das ruínas ao sucesso espera para falar conosco. ― Obrigado a todos por terem vindo hoje. Ser capaz de ter um lugar para fazer essas coisas novamente é ótimo. Antes de comermos, eu gostaria que todos tivéssemos um momento de silêncio e lembrássemos das pessoas que perdemos na última vez em que estivemos todos juntos. ― Ele abaixa a cabeça e todos seguimos o exemplo, fazendo uma oração silenciosa. ― Que eles possam descansar em paz. Espero que todos tenham um ótimo dia. ― Ele levanta a garrafa de cerveja e todos fazemos o mesmo tomando um gole. Ele se junta a mim e Whip em nossa mesa no fundo da sala. ― Como estão as coisas, garotos? Nós dois apenas assentimos.

― Tudo bem, ouça. Nikki ainda não está contando a ninguém, mas que diabos. Vocês guardem isso para si, mas descobrimos há um mês que ela está grávida. ― Ele sorri enquanto toma um gole de cerveja. Puta merda. ― De jeito nenhum. ― Whip deixa escapar. Twisted levanta uma sobrancelha para ele em confusão. ― Entre nós, Lucy fez um teste há duas semanas. Estamos tendo outro. Minha boca se abre. ― Droga, pelo menos podemos nos compadecer, irmão. ― Eles tilintam garrafas de cerveja antes de beber. Eu limpo minha garganta. ― Então, ontem à noite, Tracie fez um teste de gravidez... ― Você está me cagando? ― Twisted olha para mim. ― Você está me dizendo que todas as nossas garotas estão grávidas ao mesmo tempo? Quais são as chances, porra? ― Ele balança a cabeça com um sorriso. ― Espere um minuto. ― Os dois olham para mim. ― Estamos todos fodidos. ― O que você está falando, Torch? ― Whip ri. ― Todas as nossas garotas estão grávidas ao mesmo tempo. Vocês se lembram das garotas com os hormônios da gravidez? Agora haverá três. Elas vão atacar a gente como uma merda de mentalidade da máfia. Estamos. Fodidos. Seus rostos caem quando percebem o que estou dizendo. As garotas andam em nossa direção, todas conversando e rindo.

― Ei, pessoal, por que parece que vocês acabaram de descobrir que alguém morreu? ― Nikki brinca enquanto se inclina contra Twisted. Porque a tríplice das grávidas pode decidir matar um de nós. Serão longos nove meses.
03 Chaos - Deathstalkers MC by Alexis Noelle

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