Nashoda Rose-Scars of The Wraiths-02-Tyrant

634 Pages • 102,052 Words • PDF • 2.6 MB
Uploaded at 2021-09-24 13:29

This document was submitted by our user and they confirm that they have the consent to share it. Assuming that you are writer or own the copyright of this document, report to us by using this DMCA report button.


Tradução: Weri I. Revisão Inicial: Liah Vett Revisão Final: Suh P. Leitura Final: Sidnéia de Souza Costa Formatação: Lola Verificação: Pretty Lady J.

Não sou agradável. Ponto. KILTER (apelido: Desequilibrado). Kilter é insensível, imprudente e teimoso. Afastou-se de todos. Simplesmente gosta das coisas dessa maneira. Até o dia em que conhece Rayne e as emoções enterradas há muito despertam. Você não é mais do que um experimento científico —RAYNE Rayne foi trancafiada e usada para pesquisas desde que era menina, o abuso a obrigou a esconder-se em um lugar profundo, seguro e adormecer. Mas seu lugar seguro a está matando lentamente. Quando Kilter a resgata, é inesperadamente arrastada para sua franqueza crua e Rayne deve decidir se confia nele e luta pelo que não pode ver ou afogase nas profundezas da escuridão. Para alguns, Scars é a história de cura e redenção, para outros é o começo de uma existência torturada. O que será de Kilter e Rayne? Um grupo de guerreiros ferozes caminhava nas sombras do mundo humano com habilidades baseadas em seus sentidos: Trackers, Sounders, Curandeiros, Provadores, Visionários e Refletores raros. São conhecidos por Scars.

Rayne Sentada no chão frio do banheiro, joelhos contra o peito, braços apertados ao meu redor. Fico esperando que a porta abra. Ouço passos através do quarto ao lado do meu. Perto. Mais perto. Minha pele arrepia, meu corpo treme quando o medo primitivo se apodera de mim. É como estar pendurada na beira do precipício, pelas unhas, sabendo que eventualmente cairei e a dor virá.

Dor insuportável. Ele viria. Meu marido, ou quem quer que tenha enviado para me buscar. Não há escapatória, não há para onde ir. Os passos param em frente à porta do banheiro e vislumbro a alta e escura sombra que infiltra através da abertura de cinco centímetros. Coloco meu queixo sobre o joelho e fecho os olhos, com medo de olhar. Se não olho, então não tem ninguém aqui. Minha respiração é curta e aguda. Suspiro silenciosamente e cravo os dedos nas laterais das minhas coxas com tanta força, que o sangue pinga da minha pele através da calça. Por quase um mês, esperei por este dia, o estômago embrulha cada vez que escuto alguém no corredor fora do quarto. Vivo em um buraco negro, desesperada para sair, sei que o dia que o fizer, é para enfrentar o castigo por ajudar os Scars a escaparem do complexo. A porta abre com o que parece o chute de uma bota. Lágrimas se acumulam nos meus olhos e escorrem pelo rosto. Aperto os olhos mais forte, quando o medo cresce tanto a ponto de doer. Outro passo. Depois outro. Depois nada.

Por favor, não deixe que seja Ben. Qualquer um, menos Ben. — Porra docinho o que é isso? Minha respiração para com o som da voz profunda e familiar que nunca esqueci, que me deu esperança e depois a arrebatou com suas mentiras. Levanto a cabeça e olho para o Scar que me usou para ajudá-lo e a seu amigo a escaparem. Também é o homem que perseguiu meus sonhos por semanas. Sonhos inquietantes porque é assustador, está longe de ser feio, mas é muito assustador. Tem um queixo coberto com uma barba de alguns dias e maçãs do rosto definidas. Seu aspecto é do velho mundo, o que faz sentido, pois, os Scars são imortais, mas definitivamente não é um cavalheiro Inglês, mais como um Escocês das terras altas. Uma longa e irregular cicatriz se arrasta da sobrancelha direita até sua orelha e outra através do pescoço o que poderia contribuir para o fator assustador, mas não... Ela dá caráter, história. São seus olhos que realmente intimidam: pretos, frios sem nenhum toque de compaixão. Depois de passar uma noite na tubulação de ar com ele, sei que compaixão não faz parte da sua essência.

Foi um idiota e não tentou disfarçar. — Levante-se. Não me mexo. Não sei o que fazer. Usou-me antes, então suponho que está aqui para me usar novamente, embora a razão não seja clara porque meu marido não tem nenhum Scar em seu complexo para que este homem o invada. — Docinho não tenho tempo para sentimentalismo. Levante-se, caralho! Não espera que me levante, agarra meu braço e me arrasta para que fique de pé com um puxão rude, mas caio contra ele, com as mãos em seu peito. Rapidamente me afasto, mas sua mão permanece no meu braço e não permite que me afaste. Olha fixamente, faz uma avaliação rápida, seus olhos escuros estreitam e me analisam. — Não parece bem; na verdade está pior que da última vez. Com a ponta polegar, vagarosamente limpa as lágrimas das minhas bochechas. Não respondo. Estou confusa quanto ao porque dele estar aqui, como fez para entrar no porão e me encontrar sem os alarmes soando. Pega meu queixo. — Está machucada?

Não fisicamente, mas sou um naufrágio emocional. Isso conta? — Tem que responder quando eu fizer uma pergunta. Tem razão, farei, não porque ele diz, mas porque há esperança. Sempre a tive. Na maior parte do tempo, está enterrada profundamente, mas quando meus olhos chegam ao Scar... Salta para a superfície querendo ou não. Então, ele é esperança e irritá-lo vai matá-la. — Não. Digo e faço uma careta. — Não estou machucada. Tenho um momento de coragem que vem com a esperança. — Hummm, por que está aqui? —Não é óbvio? Não, mas a resposta não é importante, mentiu para mim antes, então é muito provável que responda com outra mentira. E essa é minha esperança. Trava o maxilar e seus olhos estreitam, no entanto, sua mão no meu queixo é suave e gentil. — Tenho que carregá-la? — Do que está falando? Carregar-me? Para onde? Seus

lábios

apertam

implacáveis me encaram.

quando

seus

olhos

negros

e

— Ouça docinho, não desejo me transformar em rato de laboratório, então preciso que controle as emoções, responda as perguntas, pare de perguntar e talvez saiamos daqui com vida. Sair daqui? A esperança volta, mas estou com medo de agarrá-la porque não atrevo a acreditar que o Scar voltou para me resgatar. Por que faria isso? Tem alguma coisa diferente nele de três semanas atrás. Talvez seja a maneira que limpa suavemente as minhas lágrimas ou como me segura neste momento, seus dedos já não machucam, mas segura firme como soubesse que preciso de apoio. É alto, provavelmente um metro e noventa, percebo quando estou contra seu peito, minha cabeça fica sob seu queixo. Também noto, sob sua camiseta preta, seu peito com músculos muito bem definidos. Põe a mão na minha nuca. Não é exatamente gentil, mas como se estivesse tentando chamar minha atenção, já a tem, mas ainda estou confusa. — Quer sair deste buraco? Por que se não, diga isso agora, então posso ir embora daqui e sair desse tormento. Tento abaixar a cabeça, mas aperta forte minha nuca e sou obrigada a encontrar seus olhos. — Odeio você. Por que disse isso? Apesar de ser o que sinto, não perguntou isso.

Suas sobrancelhas juntam e seu agarre em meu pescoço intensifica. — Sim, entendo querida. Logicamente, deveria estar com medo dele, mas não estou. Estou mais nervosa ainda. Há uma sugestão de algo que reconheço em seus olhos e que é estranhamente reconfortante. Identifico porque é o mesmo olhar que vejo em mim, a assustadora avalanche de emoções presa atrás de uma barreira. Nossas paredes são muito diferentes: a sua é um escudo de raiva; a minha de dormência. Solta-me, seus olhos escanceando o banheiro antes de pegar meu moletom pendurado em um gancho. — Levante os braços. Obedeço então me veste com o moletom. — Faz frio e não há um pingo de gordura em você. — Diz, enquanto seu olhar percorre todo meu corpo. — Jesus, parece que vai quebrar em uma rajada de vento. Amaldiçoa baixinho e balança a cabeça. — Está bem para correr? Minhas pernas estão frágeis demais, parecem preparadas para quebrar-se ao meio no menor impulso e meu coração bate descompassado, tendo que trabalhar muito para manter meu

corpo funcionando. Estou caindo aos pedaços, provavelmente a verdade seja: claro que não, mas assinto assim mesmo. Hesita e depois assente, como se estivesse convencido disso, independente da minha mentira, pensa que ao menos sou capaz de continuar andando. Agarra minha mão, me tira do banheiro, através do quarto, até a porta. Puxa a faca de uma bainha de couro em seu quadril e abre a porta dando uma olhada para fora e me olha novamente. — Fique perto. Se ficar para trás não volto por você entendido? Concordo com a cabeça. Não confio nele, mas sei que me deixará porque já fez isso antes. A luta dentro de mim morreu anos atrás, assim como a capacidade de confiar em alguém. Confiei. Lutei. Nenhum deles me fez bem. Agora confio em mim mesma, e isso significa matar partes de quem sou. Significa proteger-me. Enterrar-me. — Docinho? Olho para ele, por um segundo, penso que seus olhos suavizam, mais uma ilusão da minha parte. Provavelmente está pensado que cometeu o erro mais estúpido de sua vida ao vir

aqui. Fugir do complexo do meu marido duas vezes tem uma alta possibilidade de fracasso. Segura minha mão, a aperta, depois me puxa para frente. — Vamos sair daqui. Corremos

pelos

corredores

estéreis,

parando

nos

cruzamentos, assim observamos as câmaras de segurança nos cantos virarem para o outro lado. Não tenho ideia como sairemos daqui sem sermos pegos. O elevador está fora de questão já que é uma armadilha de morte em cabos e as escadas ao sul levam aos alojamentos principais. Fez a lição de casa, invadir o porão não é tarefa fácil, não sei como descobriu o código nas portas. Para abruptamente, me choco em suas costas largas e musculosas, solta minha mão e se vira, sua faca com cabo para mim. Meus olhos vão dele a faca e depois de volta. — Ah, sim? Agarra meu pulso e coloca o cabo na minha mão, fechando meus dedos ao redor dela. — Use-a sem hesitar, mire na jugular. Aponta a cicatriz em sua garganta. Meus olhos brilham até a magra linha. Não posso imaginar como alguém conseguiu se aproximar o suficiente para ser

capaz

de

cortar

sua

garganta.

Quem

quer

que

tenha

conseguido, imagino que não está vivo. — Eu... Deus, a ideia de cortar alguém faz meu estômago revirar. Posso acabar com uma vida? Fiz isso antes, jurei nunca mais fazer, e não foi com uma faca. Olho para a lâmina manchada de sangue. Isso significa escapar? Libertar-me do marido doente? Posso fazê-lo? Arrasto meus olhos aos seus e aceno. — Hey. Pega meu queixo, seu peito a centímetros do meu. — Não pense nisso. É você ou eles. Assinto, respirando fundo. — Está bem. Posso fazer. Tenho que fazer. — Isto não vai ser fácil. — Eu sei. Eu faço. Nada é fácil neste lugar. Concorda e depois puxa uma arma da parte traseira de sua calça jeans. Abre a porta para as escadas, espera alguns segundos, vira a cabeça e escuta. Acena para a câmara no canto, que lentamente vira em nossa direção. — Nos encontrarão em cinco segundos, não há maneira de evitar. Quando o fizerem, o caos tomará conta. Seguiremos em frente. Não pare, não importa o que ouvir ou ver. Quando

sairmos, corra o mais rápido que puder em direção a parede norte, a extrema direita da porta, alguém estará lá para ajudar. Escalar a parede de pedra que rodeia este lugar é impossível, sei por experiência, mesmo com uma corda para me puxar, levará muito tempo. Considerando que os guardas especiais de Anton estarão nos caçando como cães. Olha novamente para a câmara antes de me empurrar na frente dele. — Vá! Corro tão rápido quanto posso ao subir as escadas. Minhas pernas e joelhos tremendo, meus pulmões desesperados por oxigênio enquanto o pânico corre por mim. Tropeço num degrau e começo a cair quando sua mão agarra meu cotovelo. Seu impulso nos mantém andando enquanto me arrasta para subir as escadas. Um andar. Dois andares. Piso térreo. O alarme soa penetrante. Paramos na porta fechada para o corredor que leva para fora. Estou correndo e gritos vêm debaixo de nós subindo as escadas. — Conheço o protocolo: o lugar entrará em isolamento e nunca escaparemos.

— Nada disso. Isso nem sempre funciona com os sistemas de segurança, mas sim em sua cela. Chama meu quarto de cela. Fria, estéril, sem nada pessoal. Desde que tenho dez anos, meu quarto tinha quatro paredes brancas, uma cama, e um banheiro. Uma vez, um homem de Anton, Roarke, me deu uma novela chamada Orgulho e Preconceito, a li cento e cinquenta e duas vezes e teria feito isso de novo se meu marido não tivesse encontrado de baixo do meu colchão. O Scar solta meu cotovelo e para em frente à caixa de segurança enquanto pressiona minhas costas contra a parede, segurando o fôlego. Seguro a faca na minha frente com as duas mãos. Uma porta fecha de repente no andar de baixo. Temos que achar outra maneira, não há tempo suficiente. — Precisamos... — Docinho, feche a boca por cinco segundos. Levanta calmo e composto, olhando a caixa de segurança como estivesse pensando no que fazer. Fico quieta apesar da sutil onda de desafio que levanta com as duras palavras. Não tinha mais desafios para lutar, minha existência foi esmagada durante anos, a concha da resistência rachou e estilhaçou.

Consumi meu próprio corpo, não por escolha, mas por sobrevivência, fui tão longe que não consigo voltar. O código na caixa muda para laranja brilhante, uma massa nebulosa, depois faíscas e apito. Meus olhos arregalam enquanto seus olhos mudam do preto derretido para um sólido dourado com um ponto vermelho no centro. Que? Meu Deus! Os Scar podem fazer isso? Como pode fazer isso? Um clique e a porta abre. Estende a mão e a seguro. Empurra-me através da porta para o corredor, na frente dele. — Vá. Ordena. — Corra. Hesito quando aponta a arma para o corredor deserto atrás de nós. De repente, dois homens aparecem no canto, ele atira e ambos caem em uma rápida sucessão. — Vá! Corro

tão

rápido

quanto

minhas

pernas

trêmulas

conseguem. A arma dispara novamente, tropeço, colocando minha mão na parede quando olho para ele sobre o ombro. Está sobre um dos homens que atirou, procurando alguma coisa. Volto a correr.

— Docinho. Droga. Pare. —Grita. A porta a minha direita abre, um corpo duro se choca contra mim, me empurrando. Não caio no chão porque um braço me puxa pela cintura contra o peito largo. Há uma respiração pesada ao lado do meu ouvido antes do meu captor falar. — Doce Rayne, onde acha que vai? Deus! Ben, o braço direito do meu marido. O homem que sente prazer em me ver sofrer. Ele exulta. Eu o odeio. Talvez mais do que ao meu marido, porque de algum jeito demente, meu marido faz tudo isto com o objetivo da ciência. Está errado, é cruel, sou o produto disso, mas Ben... Gosta de machucar os outros. Gostaria de machucá-lo. Aperto mais o cabo da faca quando bato nele tão forte como posso atrás da sua coxa. No segundo que a faca atinge a carne, afunda como em uma esponja, paro quando bato no osso e sacudo minha mão. — Porra, cadela. Grita depois enrola seu braço ao redor do meu pescoço enquanto sua outra mão puxa a faca, arranca a lâmina da sua coxa e joga no chão. — Deixe-a ir, idiota.

O Scar está de pé a vários metros de distância, apontando a arma. Ben aponta a arma para minha cabeça. — Que tal matá-la antes de atirar na sua cabeça? O Scar começa a rir, mas não é uma risada boa. É irregular com um tom áspero que provoca arrepios na minha espinha. — Não vai matá-la. Suas sobrancelhas escuras franzem e sorri para Ben. — Seu marido cortará suas bolas e as empurrará por sua garganta se o fizer e apesar de querer ver isso, aconselho a deixá-la ir antes que eu a mate. Reajusta seu alvo de Ben para mim. — Eu vivo e ela morre, então seu marido vai torturá-lo, parece muito justo.

Delara — Só um pouquinho, doçura, tudo o que peço é uma gota para aliviar meu sofrimento. Rolo meus olhos, rindo. — Seu autocontrole é o de uma formiga em um piquenique. Uma gota e voltará pedindo mais, me transformarei em um pedaço de carne seca. Uma prova e quebrarei a lei dos Scars, não permitir voluntariamente que um vampiro beba seu sangue. Vice-versa é um enorme não. Balen sabe em primeira mão.

Dormir com o inimigo não é muito melhor, mas não estou quebrando nenhuma lei. — Hummm gosto de carne seca. Diz Liam enquanto passa a mão por dentro da minha coxa e volta a subir. — Gosto de você. Gosta de saber que sou Scar e que é contra as regras. Blood, meu apelido para Liam, pode ter uma trégua com os Scars, mas é um vampiro e nunca poderei confiar nele. Estar aqui é uma boa maneira de ficar de olho nele. — Muito... Continua enquanto seus dedos arrastam para onde há poucos minutos empurrou com furiosa paixão. Preciso sair daqui antes que me obrigue a ficar mais cinco horas na cama. — Passe a noite. Diz, baixando seus lábios para o meu pescoço, sua aveludada língua lambendo minha pele aquecida. Não vai acontecer. Ficar à noite significa "relação" em grandes letras em negrito e estou longe de qualquer tipo de relacionamento. Pego suas mãos e tiro da minha virilha. — Não posso. Tenho a caça CWO, esta noite é curta e vão notar se não me comunicar. Os Center World Others são uns idiotas ultimamente, as notícias informam sobre numerosos túmulos que faltam corpos, que os CWO usam quando o inseto do qual descendem se

arrasta do núcleo da terra e os roubam para caminhar entre nós como humanos. Não são humanos, são insetos, parasitas que gostam de matar pessoas. — Ao Waleron? Levanta sua sobrancelha fina e escura enquanto se aproxima de mim. Seus olhos são magnéticos, cinza carvão brilhante que curvam para baixo nos cantos, como um cachorrinho triste na janela. Enganoso demais, mas irresistível quando está acompanhado de seu encanto e suas mãos experientes. Tenho passando um tempo no seu clube, lugar que nenhum Scar era bem-vindo até que Liam e eu nos envolvemos. Interessamo-nos por uma jovem bruxa recentemente. Bruxas estão do nosso lado, então isso não é muito bom. — O homem que não pode deixar ir. Liam arrasta as palavras. Talvez seja verdade, mas vindo de um vampiro, incomoda. — Vá à merda, Blood. Tiro o lençol e sinto o frio em meus ossos. — E ligue o aquecedor da próxima vez que eu vier. Pega minha mão antes que consiga sair da cama. É forte, benefício dos vampiros, não de um Scar. Sou como um fósforo

para ele, embora finja não ser. Liam é um bastardo arrogante e não gosta que uma mulher possa vencê-lo. — Tire suas mãos, preciso ir. Os cantos dos seus lábios curvam para cima e o brilho de batalha cintila em seus olhos, está ansioso para brigar, não tenho tempo para isto. — Tem você nas mãos, basta sussurrar uma palavra e vai correndo. Peço para que venha, mas logo me afasta com um gesto como se fosse um maldito mosquito. — É meu Taldeburu. Waleron é um Antigo e um dos Scars mais poderosos do mundo. Melhor não falhar com ele, embora tenha falhado o que naturalmente o incomoda. — Não coloque pressão no que há entre nós. Sexo sem amarras, isso é tudo o que sempre darei. Sabia desde o início. — Não sabia o quanto ia querer você. Rosna e com um puxão forte, me empurra debaixo dele, segura meus braços no colchão com as mãos em cada lado da minha cabeça, seu peso em cima de mim. Suspiro. Liam tem essa coisa do carisma: atraente, sedutor e encantador tudo em um só pacote. Não precisamos de preservativos, já que os vampiros não são portadores de doenças ou férteis, algo que não preciso que aconteça nunca mais.

Estou indo contra as regras, sou boa quebrando-as. O problema é que sempre me odeio depois, porque faço isto para aliviar outro tipo de dor. — Jedrik se perguntará por que nunca me reportei. — Desde quando se reporta a alguém? E Jedrik é um babaca. — Um atirador de elite com uma flecha e que tem ódio dos vampiros. — Também saiu da cidade esta noite. Liam diz com um sorriso, sabe tudo o que acontece na cidade, tenho que descobrir como. Seus contatos estendem além dos Scars. — Você me tem. — Ainda não, doçura, mas um dia vou. Sim, claro, poderá me ter no dia em que Waleron deixar de ser um Taldeburu, o que significa nunca. É hora de afastá-lo e ir embora. — Deus, você é implacável, murmuro. — Sou? Exclama com seus lábios a centímetros dos meus. Libero meu braço, para encontrar seu pau duro e quente, envolvo meus dedos ao redor dele. — Vamos fazer isto ou o que? Ri.

— Qualquer coisa que desejar doçura. Então sua boca encosta na minha.

Kilter O bastardo careca não a mataria. Tinha visto no terraço há três semanas, que essa mulher é muito importante para seu marido. A questão é o motivo. Evidentemente abusou dela, vi o bastardo agredindo-a. Não aceito isso, não importa quem é a mulher ou o que tenha feito, nenhum homem bate em uma mulher. O máximo que fiz foi dar uma bofetada na garota de Balen, Danni, quando estava

completamente

em

pânico e

não

conseguia acalmá-la. Foi para controlá-la. Funcionou. Se a mulher for uma cadela Lilac dos CWO ou um vampiro, a moral muda, a Feiticeira Trinity merece uma faca no coração, mas nunca bati nela. Só os idiotas patéticos batem nas mulheres. Agora vendo o idiota com uma arma na cabeça dela, me irrito seriamente. Claro que é muito fácil me irritar, mas é mais do que isso.

O que vou fazer é irracional e colocará nossas vidas em perigo, mas raramente penso nas consequências, ajo com meu instinto e vivo com o resultado. Seus olhos avermelhados arregalam em algo sobre meu ombro esquerdo. Salto para frente enquanto um tiro explode atrás de mim. Uma dor lancinante atinge a parte de trás do meu ombro enquanto bato na mulher e em seu captor. Chocamo-nos contra o chão, a arma que ele segurava na cabeça dela cai. Ajoelho-me e ao mesmo tempo envolvo meu braço ao redor da cintura dela, levando-a para longe do idiota, então a empurro para o lado antes de virar e disparar a arma em quem colocou a porra do chumbo no meu ombro. — Abaixe-a, grita uma mulher do final do corredor. Bufo e lentamente sorrio. A cadela não tem ideia com quem está lidando. Não ia bater nela, mas definitivamente vou matá-la. Atiro em sua direção, mas a mulher entra em um quarto. Fico de pé ao mesmo tempo em que o idiota ajoelha e vai para sua arma. Atiro. Ele rola e a bala ricocheteia no chão.

O ar muda e um aroma familiar flui para mim da direção da mulher que atirou em mim. É o cheiro de lírios o que significa um CWO Lilac. As Lilacs são perigosas e raras. Têm teias de aranha que disparam da ponta dos seus dedos, que podem prendê-lo em um casulo, não uma suave rede, estas têm que ser cortadas com a porra de uma faca. Não há muitas delas, não as vi em anos. O que faz me perguntar o que uma faz aqui, porque com certeza não são fãs dos humanos. As Lilac atraem os homens para suas camas, depois os prendem em seu casulo, às vezes durante semanas ou meses, os tecidos absorvem nutrientes alimentando a Lilac para que continue viva. Já que as Lilac são bonitas, facilmente cortejam homens despreparados. Não quero confusão com uma quando tenho a menina, Rayne, para manter segura. — Docinho, precisamos sair agora. Agarro a parte de trás do moletom e a levanto de um salto enquanto corro para a porta que dá para o exterior. Agarro a faca que Rayne deixou cair no chão enquanto corremos. — Uma explosão agora seria muito útil. Digo usando telepatia para falar com Quill. — Localização? Pergunta.

— Portas oeste, estamos a quinze metros de distância, então não nos faça explodir . — Certo. Estou focado nisso. Responde. Em questão de segundos, uma forte rajada vibra o chão, faz o idiota perder o equilíbrio e me dar à chance que preciso. Atiro enquanto corro, acerto o desgraçado no peito. Seu corpo bate na parede e o sangue mancha sua camisa cinza. Seus olhos arregalam, as mãos aproximam do ferimento fatal antes que seu corpo entre em colapso, escorrega pela parede branca e deixa um rastro de sangue. Duas portas de metal do lobby explodem e o metal enruga. Ela tenta parar e me olhar, mas continuo correndo enquanto a empurro diante de mim. — Fora. Viro para cobrir nossas costas enquanto atravessa os restos da porta. Espero até que seja seguro antes de atirar várias vezes na direção da Lilac, embora já não possa vê-la e nem cheirá-la. Não é natural uma Lilac fugir de uma briga, mas sua presença também é muito estranha. Espero mais alguns segundos para ter certeza de que não nos seguem e a empurro através das portas danificadas. A luz do sol me cega por um segundo e não os vejo imediatamente. Quando o faço, a raiva explode como um tsunami.

Reforço o agarre da faca em uma mão, enquanto a arma está na outra e o dedo no gatilho. O marido, o Senhor Rabo-vaidoso está de pé com as mãos em volta do pescoço de Rayne e levanta-a do chão. Seus lábios tremem e ficam azuis, suas mãos agarram as mãos que a sufocam, os pés chutam e o corpo se move enquanto luta para respirar. Um fio de sangue escorre pelo canto de sua boca e a raiva cadente se transforma em um vulcão em erupção. Desgraçado, bastardo patético. Odeio este idiota. Odeio a maioria das pessoas, mas há níveis, e seu marido pegou o primeiro nível, fico disposto a fazer qualquer coisa para vê-lo morrer sob minha faca. — Acalme-se homem. Não faça com que a mate agindo como um idiota. Diz Quill. — Estou chegando. Há uma opção, uma oportunidade. — Nunca faço nada idiota. — Não sairá daqui com isto, grita seu marido. — Ela virá atrás de você... Atiro a faca antes que diga outra palavra. Crava em seu ombro, roçando a orelha de Rayne e uma gota de sangue pinga em sua camisa. Queixa-se de dor e a solta, sua mão alcançando a faca para arrancá-la.

Cai com as mãos e joelhos sobre o cascalho, a cabeça abaixada enquanto puxa grandes quantidades de ar. Seu marido joga a faca de lado e puxa uma arma de debaixo da jaqueta. Atiro e rolo ao mesmo tempo em que dispara. Estou em movimento. Mergulho a direita e rolo antes de saltar em meus pés novamente e correr para ele. Poderia ter atirado e terminado sua miserável vida com uma bala, mas não há satisfação nisso. Merece a dor antes da morte. — Quill, tire-a desta loucura. Salto sobre Rayne e prego meu punho no rosto de seu marido. Sorrio quando escuto o som da rachadura do seu nariz. Uma fina névoa de sangue salta do seu nariz e bate na minha camisa. Ser humano não é páreo para mim, nem sequer um tão musculoso como o marido dela. No mano a mano, um Scar é dez vezes mais forte, e desde que este imbecil fez experimentos em Ryker, deveria saber disso. Bato meu punho repetidamente em seu rosto, enviando-o para trás a tropeços até que cai no chão. — Pare. Leve-a. Só leve-a. Súplica. Monto sobre sua forma lamentável enquanto encolhe de medo no chão, tentando proteger seu rosto. — Levarei, depois de bater em você e matá-lo.

O tsunami explode com a carga completa de raiva com a imagem de Rayne pendurada pelo pescoço, olhos arregalados com horror, lábios trêmulos. — Kilter. Termine, precisamos sair agora! Quill corre e me agarra pelo braço e separa do sibilante marido. — Temos dois minutos antes que este lugar exploda. Puxo meu braço de seu agarre e dou outro golpe forte, meus nódulos racham enquanto bato em seu crânio. — Pare. Estará morto logo. Quill empurra meu peito. Empurro-o para trás e depois dou um passo para o marido novamente. — Quero ver este bastardo morrer. Escuto o soluço abafado atrás de mim e olho por cima do ombro. Os olhos de Rayne estão arregalados e horrorizados enquanto olha seu marido. O rosto dele está irreconhecível, olhos inchados fechados, nariz desviado para o lado, sem dentes e sangue por toda parte. Fulmino-a com o olhar. — Não diga que se importa! Seu olhar se lança de seu marido para mim, então ela recua, negando com a cabeça. Leva-me quatro passos para alcançá-la. — Kilter. Adverte Quill.

Ignoro-o, agarro a mão dela, puxo uma faca da bainha presa na minha coxa e a coloco na palma de sua mão. — Acabe com ele. Engasga quando seus olhos vão para seu marido e então voltaram para mim. — Eu... Não posso. Rosno. — Merece morrer. —Sim. Sussurra ela. — Deveria matá-lo pelo que fez a você. Engole a saliva, seus olhos em seu marido que geme enquanto rola pelo chão. Ela não se mexe. Já que não tem estômago para matar, o farei. Puxo a faca de sua mão e dirijo a seu marido, monto sobre ele e com um movimento fluido, enfio a faca em seu estômago. Um som borbulhante escapa de sua garganta e o sangue escorre pelo canto da boca. — Não morrerá por alguns minutos, mas é uma ferida fatal. Abaixo minha voz e inclino mais perto. — Desfrute da dor. — Vamos sair daqui, homem. Diz Quill.

Limpo o sangue da minha faca em minha calça cargo de cor cáqui e depois volto a colocá-la na bainha antes de ir até a garota, pegar sua mão e arrastar seu traseiro daqui.

Delara Jedrik enlouquece no momento que entro pela porta da casa Talde em Toronto. Na verdade, é muito suave para uma descrição, parece um ataque de pânico, para um Scar chateado. No momento em que deixei Liam, já era de manhã e em vez de ir para casa, para a galeria de Danni, onde atualmente vivo, vim para a casa do Talde para usar o ginásio de última geração no porão. Apesar de Jedrik viver aqui, junto com os outros Scars de Toronto, esperava que estivesse dormindo ou na cama com seu sabor da semana.

Estava assaltando a geladeira. — Isto é uma bomba Delara. Está brincando? Liam? Posso cheirar o bastardo por todo seu corpo. É a coisa mais estúpida que já fez, até em comparação ao relacionamento com o exaltado Edan... Porra o que está fazendo? Um maldito vampiro? — Já disse isso. Murmuro, enquanto apoio contra a parede do lobby. Jedrik caminha pelo tapete persa, cabeça baixa, cachos loiros ricocheteando com cada passo furioso. — Um vampiro? A porra de um vampiro? Jedrik repete para si mesmo quando está com raiva, porque é tão incomum perder a calma, que precisa ser em dobro nas raras ocasiões em que o faz. — Se Waleron ouvir de... — Não o fará, interrompo-o. Tac, também conhecido como Waleron, descobrir que estou dormindo com um vampiro seria a porra do fim das minhas atividades extracurriculares. O frio autocontrole que aparenta ter pode se romper ou terá que tomar mais das malditas pílulas. De qualquer forma, não será nada bom. Talvez, de algum jeito masoquista, quisesse que Jedrik descobrisse. Preciso dele para uivar, gritar e dizer quão estúpida estou sendo.

— Inteirou-se sobre Edan. Que droga está acontecendo ultimamente? Sumiu por dois anos, sem e-mails, sem ligar, nada de nada e então reaparece como brinquedo sexual de um Wraith. Agora muda o chip e é brinquedo sexual de um vampiro. Fico tensa. — Isto não o diz respeito, Arrow. — Sim, diz respeito a mim porque é minha melhor amiga. Jedrick sacode a cabeça, suas mãos apertadas nos lados. — Liam... Bufa. — É Waleron, isto tem algo a ver com ele, certo? É claro, estou certo, sempre tem. Não dá a oportunidade para responder enquanto continua. — Está usando estes homens como ele fez com Trinity por suas visões, exceto que com você é mais do que isso, não? Fico tensa no quão perto está da verdade. — Funciona? Acredito e espero que sim, para que consiga enxergar, porque não vou esperar e te perder novamente. Liam descobre que o está usando, a matará e quebrará a trégua. Talvez, mas duvido. No entanto, estou forçando desta vez. Envolver-me com um Wraith é tabu, mal visto sim, até mesmo contra as regras, mas Scars e Wraiths estão no mesmo lado. Liam tem uma

trégua com os Scars, mas continua sendo o inimigo, não importa se estou fazendo isto para conseguir informações. — Dê-me um tempo. Digo evitando seus olhos quando caminha na minha frente. — Diga novamente. Manda Jedrik. — E olhe para mim, Sass. Ao menos voltou a usar meu apelido. —Dê-me um tempo. — Muito geral. — Cristo, Arrow. Conhece-me muito bem. — Vou parar de foder com o Li... Paro bruscamente, meus olhos arregalam quando o aroma familiar invade. Jedrik agarra meu braço e me puxa para a cozinha. — Waleron... Cheirará o Liam no lobby e teremos um desastre nesta casa em questão de segundos. Saia daqui, vá para casa. Arrasta-me através da cozinha e abre a porta de trás. A brisa fresca atravessa a sala, fazendo as cortinas nas janelas ondularem. Hesito. — Jedrik, não se atreva a levar o golpe por mim. Encolhe os ombros. Olho-o.

— Este é meu problema, prometa-me isso ou fico. — Sim. Bem. Que seja. Diz então me empurra pela porta. Viro e corro. Escuto Waleron gritar meu nome a 3km da casa. Nunca levanta a voz a menos que esteja furioso, e isso é raro, considerando que é um mestre no controle de suas emoções. — Delara! Grita novamente. Paro. Não tem sentido correr, não posso evitá-lo e não quero que Jedrik me cubra. Suspiro e volto para a casa, os estilhaços no meu coração indo mais fundo.

Kilter — Viu? Porra chutei a bunda deles. Diz Quill enquanto dirige pela estrada. Os edifícios no complexo caindo um a um, estilo dominó. O carro segue seu trajeto enquanto olha sua obra pelo retrovisor. — Bom, se isto der errado com o Waleron, não estive aqui. Dou de ombros. — Meu negócio continua sendo meu negócio.

— Irão pra cima assim que entrar na casa de Toronto junto com ela. Aponta sobre o ombro para o banco traseiro. — Não acredito que Waleron vá reagir bem depois que desobedeceu deliberadamente suas ordens. Waleron nunca reage bem. Todos os Scars ficarão em cima de mim por isso, mas não poderia me importar menos. Faço o que tenho que fazer e fodase Waleron ou qualquer um que queira me dizer o que fazer. Ryker sabia e deu espaço. Nosso maldito Talde está destruído devido ao marido de Rayne, os bastardos mataram Sandor, Derek, e a esposa de Ryker, Hannah. Estou escondido em Toronto com Keir, sua mulher Anstice, Jedrik, Delara e o Scar Taldeburu, Waleron, que não vive ali, mas está perto o suficiente. Isso por causa do passado incerto com Delara, embora nunca fale nisso. — Vai dizer quem é ela e por que vi CWOs e humanos lá lutando do mesmo lado? Olho para a menina magra enrolada junto à porta do carro, sua bochecha apoiada. Suas mãos cruzadas no colo, não relaxadas porque as pontas estão brancas devido à força que se seguram. Sua expressão está em branco, olhos olhando pela janela, mas duvido que veja alguma coisa. — Nop. Quill buzina para um caminhão enquanto ultrapassa.

— Sai da frente se não pode andar no limite de velocidade! Quill é um Taster, o que significa que tem o dom de provar as emoções de quem o rodeia. — Que droga, por que não? Pergunta ele. — Não quero. Quill bufa. Pressiona o acelerador e o carro oscila para frente. Está empenhado em vencer algum tipo racha imaginário enquanto dirige como um louco para o aeroporto. Não conheço o menino muito bem exceto que é do Talde da Costa Oeste em Vancouver, mas sei que é intenso quando necessário, perito em explosivos e pode detonar bombas usando sua mente, razão pela qual o contatei. Também se considera tranquilo, embora obviamente tenha problemas com motoristas lentos e irritantes. — Qual é o plano? — Nenhum plano. Digo. — Nenhum plano? — O que teria que planejar? Resgatá-la, complexo em chamas, não há muito mais para planejar. Quill dá um longo suspiro. É um cara grande, volumosas pernas e os braços praticamente iguais, mas o cara é super leve quando está em ação, percebe-se pela maneira como escalou aquele muro de doze pés como um gato.

— Tem que ter um plano. A menina obviamente é humana e não pode ficar com os Scars. Waleron apagará... Rosno. — Porra Waleron não vai tocá-la. Quill levanta as mãos brevemente e logo as abaixa de novo ao volante. — Ouça, estou tentando ajudar, idiota. Quer um conselho? — Não! Balanço a cabeça, sabendo que receberei assim mesmo. Quill e eu trocamos e-mails nas últimas semanas e notei que gosta de fazer perguntas e dar conselhos. Não gosto de nenhum dos dois. — Fale primeiro com Delara sobre a garota. Waleron gosta dela, talvez possa prepará-lo. — Não preciso de uma mulher para preparar terreno. — Sim, precisa e faça. Rosno. Corro a mão de um lado para o outro sobre a minha cabeça antes de olhar para Rayne. Jesus parece um gatinho abatido que estava morrendo de fome por meses. O que incomoda é que parece pior do que estava há algumas semanas. Olheiras sob seus olhos, mais magra, se for possível e pálida. Vampiro pálido.

Um sentimento estranho infiltra em mim e sei o que é... Culpa. Nunca sinto culpa, jamais. É uma emoção inútil. Tomo minhas ações e não me arrependo de nada. Não mais. Não quero a ajuda de ninguém. Não tenho nada para me sentir culpado. Não é minha culpa que casou com um idiota. Pelo que investiguei sobre seu marido, Anton Thurston, foi seu tutor desde que tinha dez anos. Casaram-se quando fez dezoito anos. Bastardo doente. Tinha três vezes sua idade e fora amigo de seus pais. Quill para a SUV no estacionamento abre sua porta e salta. Saio pelo lado oposto e abro a porta do passageiro. Rayne senta e olha, mas não faz nenhum movimento para soltar seu cinto de segurança, então inclino e o faço. — Vamos. Ordeno, me endireitando. — Aonde vamos? Sua voz é calma e vacilante. — Toronto. Não espero por mais pergunta e pego sua mão, pedindo para sair do carro. — Ah... Não sei se... Olha sobre meu ombro para o avião. — Não sei se deveria fazê-lo. — Tem família aqui? Pergunto. — Família que não bata em você? Nega com a cabeça.

— Um animal de estimação do qual não pode se desprender? — Não. — Amigos? Hesita antes de admitir. — Hum não. — Então vai subir no avião para Toronto. — Kilter vamos homem. Chama Quill da porta do avião. Puxo-a. Tropeça e quase cai de joelhos. — Que merda, docinho. Rosno enquanto a ajudo e a pego em meus braços. — Precisa comer. Disse isso há três semanas, enquanto nos sentamos na tubulação de ar. — No lugar para onde vamos ninguém vai machucá-la. Pode se recuperar e depois decidir para onde quer ir. Ok? Está rígida em meus braços, mas assente. — Ah... Posso caminhar agora. Ignoro-a enquanto continuo para o avião, subo as escadas, pelo corredor e a coloco em um dos grandes assentos giratórios de couro. Pego um cobertor da prateleira e coloco sobre ela. — Ah, obrigada. Agarra a beirada e puxa até seu pescoço antes de virar sua cabeça para encarar a janela. Ando pelo corredor em volta dos

quatro bancos de couro, um na frente do outro, com uma mesa entre eles. O avião pertence aos Scars e é de primeira classe. O piloto é

pago

em

dinheiro

para

estar

à

espera

e

trabalhar

restritamente para nós. É humano, então somos cuidadosos sobre o uso de habilidades e falar dos assuntos Scars quando está por perto. — Como ela está? Pergunta Quill e cai no assento na minha frente. — Como acha que está? Em choque, é um cadáver ambulante. Cada vez que vejo as marcas do Anton em seu pescoço, meu estômago torce. Estarão roxas e azuis pela manhã. — Só estou perguntando, amigo. Diz Quill, faz uma pausa, então continua, porque isso é o que Quill faz. — Vai precisar de ajuda séria. Aquele lugar era um martírio: drogas, laboratórios, camas com algemas e estou falando de metais, não algemas macias e agradáveis para, sabe... Diversão. Rosno. Os penetrantes olhos de Quill iluminam com raiva e mechas de seu cabelo ruivo caem na frente do seu rosto quando sacode a cabeça.

— De muito mau gosto aquele lugar. Não quero pensar no que essa menina passou. Precisará... — Lidarei com isso. — Kilter, homem, a menina está doente, e não estou falando só fisicamente, emocionalmente também. É ruim. Sinto isso, homem. — Acha que não sei disso? — Como vai lidar com isso? Jesus Cristo, o homem não cala. — A única pessoa com quem se importa é você mesmo. Não é verdade. Houve um tempo em que cuidei da minha família, meu clã. — Sim, por uma boa razão. É estupidez confiar em alguém, mas confiei. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. Quill é muito politicamente correto para trazer velhos assuntos de confiança, todos os Scars sabem que não confio em nenhum deles. A tortura fala muito e sei bem. Nunca mais colocarei fé em alguém... Ponto. As portas do avião fecham, o piloto anuncia a decolagem. Quill aponta a minha ferida. — Enfaixe seu ombro antes de sangrar até a morte. Ofereceria meus serviços, mas é um filho da puta e negará de qualquer jeito.

Encolho meus ombros. Sim, não gosto que ninguém me toque. Quill coloca seus pés em cima do banco em frente, com sua cabeça para trás, fecha os olhos e diz: — Acho que poderia passar alguns dias no T.O., ver como funciona. Pode ser que valha a pena aguentar Waleron só para vê-lo cair sobre você. Ignoro-o, olhando para Rayne enquanto o avião taxia pela pista. Não posso ver seu rosto, mas vejo seu peito subindo e descendo uniformemente debaixo do cobertor. Assim que estamos no ar, solto meu cinto de segurança, vou para a parte de trás do avião, pego o estojo de primeiros socorros e começo a envolver meu ombro. É uma ferida pequena, a bala atravessou diretamente sem bater em nada vital, mesmo assim leva um tempo envolvê-lo com uma mão. Quill tem razão, nunca cuidei de ninguém além de mim. Sou moralmente egoísta, mas voltei para esse complexo por ela. Convenci-me que era porque queria matar seu marido e o fiz. Mas voltei por ela, matar seu marido foi um bônus. Empurro o resto do material no estojo, guardo-o e então vou ver Rayne. O cobertor desceu até seu peito e vejo os arrepios em seu pescoço. Puxo o cobertor para cima e meus dedos esfregam a curva do seu queixo. Meu coração pula. Que droga é essa?

Está doente, abusada, e estou sentindo... Alguma coisa. O que está errado comigo? É um esqueleto, odeio mulheres assim. Gosto de algo para agarrar, corpo saudável, que possa sentir debaixo de mim enquanto a monto, uma mulher real, não uma vara com um pulso. Nem mesmo sei por que estou pensando em tocá-la. Quando volto para meu lugar dou conta que não foi uma atração sexual o que senti. É completamente diferente. Importo-me. Jesus. Meus olhos disparam para Quill que olha, sorrindo. Rosno, fecho de repente a janela, sento, reclino para trás e fecho os olhos.

Waleron A raiva ferve lentamente enquanto espero Delara voltar. Meu grito acordou toda a casa e todos correram para o saguão em questão de segundos. Keir, Anstice, a esposa de Keir, Hack, seu irmão e, por último, Finn, o cão Terra nova, atrás com passos lentos e difíceis. Jedrik já estava embaixo. Estou aqui porque um humano precisa da capacidade curativa de Anstice. Um policial teve um confronto com alguns vermes CWO. O Wraith Ar, Urtzi, contatou-me quando sentiu o policial caído em um beco. Nenhum cirurgião poderia fazê-lo

caminhar de novo, mas a cura de Anstice pode, e é um bom policial. Apagarei suas lembranças dos Worms e de nós depois que for curado. Não esperava entrar pela porta e cheirar um vampiro. Em seguida a combinação singular de Liam, Delara e sexo. Agora estamos na sala de estar esperando que volte. Jedrik sentado no sofá de couro, parece inquieto como nunca enquanto sua perna sacode. Keir apoia contra a estante, Anstice junto a ele, e Hack, que mexe em seu telefone celular, aproxima-se da lareira. — Não deveríamos ir? Pergunta Anstice. — Preciso falar com Delara primeiro. Digo. — Está chegando. Ninguém fala, mas sinto a tensão no ar. A porta da cozinha fecha de repente e todos os músculos do meu corpo ficam tensos. Os passos de Delara são lentos mesmo enquanto caminha através do piso de cerâmica da sala de estar. Para encontrando meus olhos. Espero. Preciso de alguns segundos para acalmar a fúria que corre pelo meu corpo. É a primeira a afastar o olhar. Bom. — Por que detectei Liam assim que entrei nesta casa? Pergunto.

Observo as mudanças nos seus movimentos, gestos óbvios dirão que está mentindo. Seus pensamentos estão bloqueados, assim como os de Jedrik, o que significa que estão escondendo alguma coisa. Definitivamente desconfortável, mas a última vez que esteve ansiosa perto de mim foi naquela noite há vinte e um anos. Uma noite da qual me arrependo. E não consigo esquecer. — Fui vê-lo, diz Jedrik, levantando do sofá, evitando os olhos de todos. Grande mentira. Típico. Jedrik cobrirá Delara mesmo que isso signifique sua própria morte. Levanto minhas sobrancelhas. — É mesmo? — Sim, vê que Liam está a par de todas as fofocas e... — Estava com ele, interrompe Delara. Nunca deixaria Jedrik levar a culpa. Anstice fica pálida e com o canto do olho, vejo o braço de Keir apertar-se protetoramente ao seu redor. Minhas emoções estão prontas para transformar este lugar em um tornado. Alcanço meu bolso e puxo o pacote de doces, pego uma pastilha branca, atirando-a em minha boca.

Preciso de um minuto para controlar a minha voz antes de falar. Delara se nega a me olhar, brincando com os bolsos de suas calças cargo. — E? Uma palavra por vez é tudo que posso lidar. — Pedi que saísse. Diz Jedrik. — Ouvi... Para, seus olhos movendo-se lado a lado. — Bom, há um rumor de que uma bruxa está ao redor do clube de Liam. Senta-se, então rapidamente muda de ideia e levanta novamente. Mentindo outra vez. O rumor é verdade, mas essa não é a razão. Sei que Delara está lutando conosco mesmo de forma separada. É minha culpa. Nunca deveria ceder ao desejo, no entanto, em certas ocasiões, todo o autocontrole falha. Sei como se sente, caramba. Sei como me sinto, e isso aumenta nossos problemas dez vezes. — Está mentindo, anuncia Delara. Jedrik abre sua boca, mas um gesto do Keir o faz sentar-se no sofá e nega com a cabeça, de um lado a outro. — Estive com ele. — Por quê? Todo meu corpo tenciona. E então vem, batendo como um meteoro. — Estamos fodendo. Meu estômago torce. Fico sem palavras.

Minha Delara. A mulher que não posso ter, mas quero. A única mulher que pode me tocar sem me assustar. A mulher que não mereço e destruirei se ficarmos juntos novamente. Sabia a verdade assim que entrei na casa, mas até que disse, ignorei o que meus sentidos diziam. Não sou o único surpreso. Jedrik está pálido e Hack parou de brincar com o celular, a boca aberta. Anstice afasta do abraço de Keir e caminha para Delara. Fica ao lado dela como se fosse protegê-la da minha raiva. — Terminamos? Pergunta Delara. — Porque estou cansada e preciso de um banho. — Jesus Cristo, Delara. Diz Jedrik e geme. — Waleron, talvez esta conversa deva terminar... Começa Keir, mas é interrompido por Hack. — Estamos falando do vampiro Liam? Keir dá um olhar severo. Anstice caminha para perto de Delara até que seus ombros se tocam. Finn geme enquanto se deixa cair no chão. Estou tão chateado que não posso falar. Edan e agora Liam. O que está fazendo? Um vampiro? Nosso inimigo. Se os Wraits souberem disto, vão me obrigar a colocá-la em Descanso. — Seu sangue? Pergunto.

Ter permitido que bebesse dela, não me dará opção a não ser colocá-la em Descanso, e isso acabará com o último frágil controle da minha vida. — É claro que não. Responde e a mordaça em meu coração, se pudesse chamar de coração, alivia um pouco. Dou um breve assentimento. Como posso impedi-la de se autodestruir? Vejo a dor e a mágoa cada vez que olho em seus olhos. Se pudesse, ficaria longe dela, mas é impossível por mais razões do que ser um Scar. Tenho que sair daqui antes que faça ou diga algo que vou me arrepender depois. — Terminamos. Mudo meu olhar para Anstice. — Vamos. Anstice aperta a mão de Delara e caminha até o final das escadas, pega sua bolsa e levanta sobre seu ombro. Keir a segue, sussurrando algo. Jedrik não diz nada quando levanta, passa na frente de Delara e desce para o porão onde fica seu quarto. Hack volta a jogar qualquer jogo em seu celular e sobe para o sótão. Permanece no lugar, congelada, me olhando com seus olhos exóticos. Medo? Droga é. Não porque vá machucá-la, já fiz isso, aposto que está com medo do que está se tornando. Não posso para-la.

Porque a única maneira é mandá-la embora. E não posso fazer isso. Não, não o farei. Fiz o juramento de protegê-la e nunca o quebrarei. Preciso dela aqui. Comigo. — Sinto muito. Diz e sei que é sincera pela maneira que seus dentes mordem seu lábio inferior, sempre faz isso. — Tem que parar. Sei o que está fazendo e só vai ser pior. Autodestruí-me faz anos, agora simplesmente existo dentro da dormência. Viro, dou dois, depois três passos antes de escutar as palavras que enviam uma lança afiada e dentada do topo da minha cabeça aos meus pés, me prendendo ao piso. — Droga, quero você de volta. O homem por quem me apaixonei. Que me amou com tudo o que era. Sem virar, digo: — Esse homem está morto, Delara. Precisa aceitar e seguir em frente. Então saio. Anstice me segue para o carro. Coloca a mão na porta antes que possa abri-la. — Você a ama, não é mesmo? Fico tenso. — Não vamos discutir isto, Anstice. Cruza os braços e move o quadril.

— É necessário. Não ouviu? Dormiu com Liam! Um vampiro, Waleron. Poderia ter bebido seu sangue e então estaria perdida para nós. Para você. — Repito, não está em discussão. Diminuo minha voz em advertência, mas Anstice é uma ruiva e uma Healer, que significa lutadora preocupada. — Sempre a trás na coleira. Precisa saber onde está, o que faz, mas esconde isto. Todos fazemos. Está certo e isso me preocupa. Você a ama, não abertamente, entretanto a vigia e não é como o resto de nós, protege-a. Depois que você dormiu com Trinit, ela enlouqueceu, por isso partiu. Sabe que isso a matou. — Não tive escolha. Digo sentindo a opressão em meu peito. — Mentira. Deitou-se com Trinity por suas estúpidas visões. O cordeiro sempre sacrificado por seus Scars. Pois bem, nesse dia sacrificou o coração de Delara. Colocou-o em um espeto e o deixou girando durante os últimos dois anos e meio. Não é de estranhar que está dormindo com seus inimigos. Quer que você se queime como ela fez. Bato meu punho contra o capô do carro e Anstice salta, mas se mantém firme. — Você a ama? Corajosamente ou estupidamente repete. Encontro seus olhos, inabaláveis.

— Sim, mas isso não importa. — Então, por que, Waleron? Por quê? Fico rígido, agarro a maçaneta da porta e a abro. — Não posso tê-la. Esta conversa terminou. Não volte a tocar no assunto novamente. Entre. Faz uma pausa, seus olhos suavizando-se. — Já que não pode tê-la precisa tirar a coleira e deixá-la ir.

Kilter Toronto — Nããão! Acordo com o mesmo grito horrível do terraço, um que jurei nunca escutar novamente e nunca pensei que escutaria. Pulo da cadeira da sala onde adormeci ontem à noite, a faca preparada enquanto examino o quarto.

Meus olhos encontram Rayne lutando freneticamente com os lençóis que retorcem em volta de suas pernas. — Jesus Cristo. Alcanço-a quando cai no chão em uma confusão de membros. Franzo a testa, inclino e estendo a mão para ajudá-la a se levantar. Seus olhos movem para minha mão, depois para meu rosto. Com os olhos arregalados e aterrorizados, vai para trás sobre suas mãos até que sua coluna bate na mesa de cabeceira e derruba o copo de água. — Docinho acabo de salvar a porra da sua vida. Acha que a machucaria? Os raios de sol da manhã cintilam na lâmina de aço na minha mão... Certo. Suspiro e a coloco na bota antes de me endireitar. Alcanço-a novamente e estremece. Jesus Cristo. Abaixo o braço. — Vou dizer para uma mulher que é uma cadela quando for uma. Farei o que tiver que fazer se for estúpida e tentar se machucar. Menti para conseguir o que precisava, fiz isso uma vez, foi um erro e não o repetirei. Nunca baterei em uma maldita menina inocente. Bata-me primeiro e vou embora, faça isso de novo e me assegurarei que pare de outra maneira, mas nunca encostarei a mão em você, estamos entendidos?

Assente.

Cuidadosamente,

levanta,

levando

o

lençol

consigo e colocando-o na frente dela como um escudo. — Pode me chamar de Kilter. Levanto o queixo para a tigela de sopa na mesa de cabeceira e ao prato de fruta. — Fiz a sopa mais cedo, agora está fria, então coma a fruta. Olha-me, seus dedos em sua garganta como a espera que termine o que seu marido começou. Não posso culpá-la. Porra, obviamente abusou dela, não tenho ideia o quanto, mas pelo olhar em seus olhos, foi muito ruim. Quero destruir sua bunda pomposa em mil pedaços e alimentar uma horda de vampiros. Não tenho certeza se entende algo que disse, porque seus lábios tremem e lágrimas enchem seus olhos. — Por que está chorando? — Não estou, diz. — Sim docinho, está. Vejo as lágrimas, por quê? Sacode a cabeça, olhos no chão escondendo as lágrimas, o cabelo caindo para frente em cada lado de seu rosto. — Por quê? Hesita antes de dizer. — Você.



Eu?

Realmente

não

deveria

estar

surpreso.

Simplesmente a assustei. — Arriscou sua vida por mim. Diz, em uma voz tranquila. — Ajudou-me, ninguém nunca fez isso. Suas palavras me atingem com força. Porra. Sento-me na beira da cama, descansando meus cotovelos nos joelhos, com a cabeça baixa. Ninguém a ajudou antes. Deus. Entendo isso. Vivi isso. Depois de alguns minutos de silêncio, diz: — Anton realmente está morto? Ao som de sua voz, meu coração dá um salto, em seguida estabelece novamente um ritmo constante. Assinto. — Sim docinho, assegurei-me disso. Não pode viver depois de uma facada como aquela. Sinto sua reação as minhas palavras. Droga. Não deveria ser capaz de sentir seu esmagador alívio, mas sinto. Um Scar Refletor é capaz de sentir as emoções dos outros, mas não sou Refletor, sou Visionário. Que droga? Meu coração palpita e meu peito aperta. Tenho que sair daqui. Levanto e vou para a porta. — Tome um banho, se limpe, a roupa está na cômoda. Fecho a porta com mais força que o necessário porque estou cambaleando pelos sentimentos que há entre nós.

Bloqueio os pensamentos dos outros na minha mente e nego qualquer um a entrar na minha, ela simplesmente se infiltrou em mim. Não gosto disso. Não gosto da conexão e não gosto como não tenho ideia do que é isso. Hesito sair da sua porta até que escuto o chuveiro ligar, então pego os lençóis do armário e faço a cama no quarto de hóspedes. Era muito tarde quando chegamos ontem à noite, então a instalei no meu quarto e me acomodei na cadeira enquanto a escutava respirar. Uso o banheiro de hóspedes para tomar banho e cobrir meu ombro. Quando volto para o meu quarto esperava que já tivesse terminado... Não terminou. Aproximo do banheiro e chamo. — Docinho? Sem resposta, mas o chuveiro está correndo e vapor infiltra por baixo da porta. Tento abrir a maçaneta da porta, mas está trancada. Chamo de novo. — Rayne? Passaram-se vinte e cinco minutos, não é possível que ainda esteja tomando banho. — Abra a maldita porta. Tento abrir usando minha mente, o que normalmente levaria dois segundos, mas com a falta de sono durante as

últimas três semanas e meu ombro ferido, minhas habilidades diminuíram. Bato o ombro bom na porta, que range pela pressão. Jogo-me para trás e repito o movimento. O marco de madeira ao redor da fechadura estilhaça quando a porta abre. Uma onda de vapor quente me cobre. — Que droga? É tão densa que não posso ver minha própria mão na minha frente. Pego uma toalha do gancho atrás da porta, vou para o box e abro a porta. O que vejo me destrói. Nada tinha conseguido me destruir, mas isto... Ela enrolada no chão de ladrilhos contra a parede como estava quando a encontrei, joelhos dobrados, rosto escondido neles, é um caos dentro de mim. Entro no chuveiro, a água encharcando minhas calças e camiseta e giro as torneiras para desligar a água. Agacho na frente dela e coloco a toalha sobre seu corpo nu e trêmulo. Como alguém poderia quebrar uma menina de tal maneira para terminar assim? — Rayne olhe para mim. Não o faz. — Docinho. As pontas dos seus dedos segurando a toalha branqueiam enquanto a aperta contra ela. Pego seu queixo e com um pouco de pressão, insisto para que me olhe.

Seus cílios longos e negros piscam antes de olhar para cima e quase caio de bunda quando vejo sua expressão. É um desespero inquietante dentro de seus frágeis olhos, cheios de lágrimas. — Ah, porra, murmuro. Parece completamente perdida. Sei sobre a desconfiança, estar perdido e sozinho. A raiva me enche, dirige e me consome. Consome toda a dor, mágoa e traição. Deveria protegê-la, mas a destruiu. Minha boca contrai e cada músculo tenciona. Se tivesse a oportunidade, voltaria no tempo, desmembraria seu marido e soltaria meu Ink1 em seu traseiro. Não sou muito bom em ser agradável, mas esta menina precisa muito disso. — Não me conhece, docinho. Sei que não confia em mim e não espero isso. Sempre serei claro com você, goste ou não. Lambe uma gota de água de seu lábio inferior, mas não diz nada. — Fiz besteira antes, é minha culpa e não confiará facilmente em mim. Entendo isso. Se precisar de alguma coisa, qualquer coisa, me peça está bem?

INK = Uma tatuagem de um Scar que ele pode chamar para a vida.

1

Novamente permanece em silêncio, quando levanto minhas sobrancelhas, diz: — Está bem. —Não vou a lugar nenhum e não deixarei que ninguém a machuque. Quero ajudar. Sou a pessoa absolutamente errada para ajudá-la. Droga, não sei como ajudá-la. Sou grosseiro, rude, não dou a mínima para ninguém. Mas ela faz. Coloca a toalha sob seus pés e vislumbro algumas marcas roxas na curva do seu braço. Meus olhos estreitam enquanto meu estômago retorce. Pego seu pulso e viro seu braço, pele ferida e veias rompidas. — Deu-lhe drogas? Afasta-se e a solto. — Que drogas? Fúria pulsa enquanto penso na sala da qual resgatei Ryker há algumas semanas. Amarrado, agulhas perfurando sua pele, máquinas conectadas a ele. — Valium na maioria das vezes. — Cetamina e Valium quando lutava. É duro não me perder completamente na frente dela. Não entendo. Por que seu marido a drogaria? Para que? O que

estava fazendo que precisava lutar e teve que drogá-la para parar? Minhas mãos fecham em punhos e minha têmpora palpita. Preciso

me

acalmar

antes

que

a

raiva,

que

é

minha

companheira constante, se libere e a assuste. Abstenho-me de estender a mão como seu marido fez aquele dia no terraço, e em vez disso, coloco minhas mãos em seus braços e a obrigo a levantar-se. Não tem outra opção, a menos que queira soltar a toalha, o que sei que não fará. Saio do chuveiro e a faço ficar ao lado para chegar ao armário e pegar uma toalha seca. — Obrigada. Sussurra quando a coloco no chão. Aceno, então digo: — Está muito magra. Viro e saio.

Rayne Desabo contra o balcão do banheiro, as palmas das mãos sobre o mármore, com minha cabeça abaixada. Minhas emoções estão seladas, escondidas e enterradas em um túmulo por anos. Estou dormente, gosto de estar, mas Kilter cavou o túmulo, arrancou a tampa e agora minhas emoções estão rasgando minhas veias como mísseis.

Não sei como me sentir agora. Assustada. Aliviada. Confusa. Minhas emoções lutam entre si como peças de quebracabeças encaixadas nos lugares errados. Estão todas lá, mas nenhuma delas encaixa, porque estão misturadas. Desde que o conheci, estive perto de explodir. Semanas de dormência. Fico de pé, respirando por vários minutos, até que aparento algum controle. Seco-me e coloco a roupa que está junto a pia. As calças pretas de ioga são apertadas e suaves, mas minha pele esta vermelha e sensível de esfregá-la com a pedra áspera no chuveiro. Esfreguei e lavei tentando apagar Anton, o complexo, tudo, mas não funcionou. Aquele lugar era como uma sanguessuga chupando a vida, não importa que Anton esteja morto ou que o lugar explodiu. Aprendi ao longo dos anos a bloquear tudo que acontece ao meu redor. Com Kilter não posso bloqueá-lo. É terno e cuidadoso, mas suas palavras não coincidem. Tem tanta raiva guardada. Está em seu tom e movimentos bruscos, na maneira que seus olhos estreitam quando me olha com essa faísca de fogo queimando por dentro. Deixa-me nervosa e ao mesmo tempo me sinto protegida. Não tenho certeza por que, exceto que é a única pessoa na minha vida que me ajudou.

Evito o espelho, seco meu cabelo e vou para o quarto. Paro quando vejo Kilter parado do outro lado do quarto, apoiado contra a parede, braços cruzados, cabeça baixa. Tem tatuagens que o fazem mais intimidante do que já parece, especialmente quando segura uma faca na mão que tem uma dessas tatuagens no dorso, mas estou acostumada à intimidação. Não estou acostumada à franqueza e Kilter tem isso, também. É grosseiro, áspero, não dá voltas para falar ou enche minha cabeça com doces promessas para ganhar minha confiança. Seu queixo levanta e seus olhos encontram os meus. — Está doente? Morrendo? Ou o bastardo a estava matando de fome? Definitivamente direto. O chão range sob seu peso quando se aproxima de mim. Está tão perto agora que quando respiro cheiro a umidade de sua pele de quando entrou no chuveiro comigo. Obviamente se trocou, porque sua roupa está seca. Estende sua mão e fico tensa, brigando contra o impulso de recuar, correr de volta para o banheiro. Depois de colocar meu cabelo atrás da orelha, sua mão acaricia ao redor do meu pescoço para cobrir a parte de trás. É gentil e isso é agradável porque esperava algo diferente. Sua

outra mão pousa no meu quadril onde a bordada camisa de manga comprida e decote em V termina. — Docinho, diga. Lambo meus lábios e seus olhos se lançam para eles, franzindo as sobrancelhas por cima de seus olhos escuros. — Não estou doente, não realmente. — Por que está tão magra? — Às vezes tenho dificuldade para comer. Na verdade, todo o tempo, mas não precisa saber disso. — Por quê? Não há uma resposta direta e definitivamente não é uma que esteja pronta para compartilhar com ele ou mais alguém. — Preciso que... Para e fica rígido quando a essência de rosas penetra no quarto. Olho ao redor para o que quer que seja que o fez tencionar e percebo uma neblina através da porta. Dou um passo para trás, mas Kilter mantém seu aperto em mim e não posso ir longe. Olho com espanto

quando a

névoa

azul formando

redemoinho solidifica e em seu lugar aparece uma mulher. Puta merda. Tem o cabelo comprido, loiro e a pele lisa, branca, muito branca, quase translúcida. Feições suaves graciosas e seus

olhos são os mais azuis que já tinha visto, azul cobalto com manchas turquesa. Meus olhos se movem para Kilter que olha para a mulher e por sua expressão acho que sabe exatamente quem é. Seu andar é como um sussurro, pés arrastam pelo chão enquanto se aproxima de nós. Aprendi no complexo que há muitos tipos diferentes vivendo entre nós, sem dúvida esta mulher é única, apareceu do nada. Nunca vi isso e suspeito que Anton também não ou falaria sobre isso obsessivamente. — Genevieve. Diz Kilter. Seu sorriso é um sopro de ar fresco enquanto seus olhos examinam Kilter e depois se aproxima de mim. — Rayne? Assinto com a cabeça. — Sou Genevieve. O Wraith da água. Uma amiga de Kilter. Ele bufa. Ela ri e é como uma cascata de rosas. Adoro rosas, amo todas as flores. Uma vez Anton me deixou ter um jardim, tive várias roseiras, no outono antes que chegasse a geada, pegava todas as pétalas e as espalhava como um lindo tapete de veludo vermelho no chão de cimento do meu quarto. Sentava-me na

cama e imaginava que estava em um rio de pétalas de rosa que me levava para longe dali. — Bem, mais uma amiga dos Scars. Assumo que sabe sobre eles certo? — Sim. A obsessão de Anton. Olha para Kilter e depois para mim. — Talvez possamos falar em particular? — Talvez possa ir embora. Os dedos de Kilter me apertam suavemente no lado. Suas sobrancelhas levantam. — Os Wraiths sentem que esta mulher é importante. Tor me pediu para vê-la. O sorriso de Genevieve nunca desvanece, mas sua voz aprofunda e aponta cada sílaba com clareza. — Perdoei sua falta de respeito dessa vez, Kilter. Não me force tomar atitudes drásticas. Nossa prisão no reino é bastante desagradável, como ser enviado para Descanso. Enviado para Descanso? O que é isso? Inclino a cabeça para olhar Kilter. Seus olhos estão na Wraith, lábios apertados e sobrancelhas franzidas sobre seus olhos escuros. — Deveriam tê-la tirado daquele martírio se pensam que é importante, mas não o fizeram. Eu o fiz. Não tem nada que os interesse aqui, Genevieve.

— Não a percebemos até que Ryker voltou e estiveram próximos. Só quero falar com ela por um momento. A mulher volta sua atenção para mim. — Vamos, daremos um curto passeio. Sabe meu nome e sobre o complexo. Tinha me sentido próxima do outro Scar, Ryker, que foi submetido aos testes do meu marido. Tremo e meu estômago embrulha quando penso em Ryker e sua angústia pela morte de sua esposa, Hannah. Kilter vira para mim, pega meu queixo, seu polegar acaricia para frente e para trás como um pêndulo. —É uma intrometida, insuportável, mas é um Wraith, é parte dos Scars. Seus olhos permanecem firmes em mim quando coloca uma mecha úmida de cabelo atrás da minha orelha novamente. — Pode falar com ela se quiser, tudo bem, estarei por perto caso precise de mim, se não quiser, não o faça, sua escolha. — O que ela quer? — Não sei docinho e duvido que diga mesmo que pergunte. A melhor hipótese, ter uma ideia de quem é. Não gosto disso. — Preferiria que não. Ele assente e vira para o Wraith. — Vá à merda.

O sorriso da mulher cai e de repente parece assustadora enquanto seus olhos estreitam e brilham de cor turquesa. Aproxima-se de nós, seu vestido de seda longo esvoaçando contra suas longas pernas, não tinha percebido como é alta, talvez dois metros. Tem cerca de vinte anos, embora sua idade real possa ser de centenas de anos. Pela forma que se dirige a Kilter, tem a confiança de um dragão, com aparência de cisne, mesmo quando anda é como se flutuasse sobre uma nuvem. Para cerca de um pé de distância. — Foi um bom homem uma vez, Kilter. — Era um homem que confiava, agora não sou. Ela fica em silencio por um segundo, olhando-o e ele permanece impassível sob seu poderoso olhar. Seus olhos se movem para mim, me inclino para Kilter, embora já esteja tão perto quanto poderia. Suavemente coloca sua mão no meu braço, prendo a respiração, mas não me afasto. — Feriram muito você. Suas palavras infiltram em minha cabeça e suspiro. — Não só fisicamente, muito mais do que isso. — Genevieve. Kilter adverte. Continua com os olhos e voz mais suaves.

— Kilter é impulsivo e duro. Em seu passado todos falharam. Sofreu e suportou mais do que a maioria, mas acho que vê isso nele. Faz uma pausa, seus olhos brilhando com calor. — É protetor com você, sinto sua possessividade, mas não é seu marido. Tenho fé que nunca fará mal. Genevieve suspira. —

Kilter

terá

momentos

difíceis

se

continuar

desvanecendo. Confio que entende o que estou dizendo. Entendo porque todos os dias sinto meu corpo falhar lentamente, já não consigo resistir. A luta morreu há muito tempo. — O tempo pode curar as almas mais machucadas se permitir. Genevieve sorri, mas com tristeza. — Vou embora antes que ele faça algo estúpido, mas saiba que sempre estarei por perto se precisar de mim. Sua mão deixa meu braço e recuo. — Não é prisioneira aqui, Rayne. Seu olhar volta para Kilter enquanto diz em tom duro. — Pode ir se quiser. Os dedos de Kilter estendidos em meu quadril contraem, esperava que respondesse a isso, quando ela se dissolve em uma névoa e desaparece.

Uau. Oprimida é eufemismo. Estou assustada porque essa mulher foi capaz de falar comigo por telepatia. Não por causa da habilidade, mas porque conseguiu superar os bloqueios que tenho em torno dos meus pensamentos, que passei anos construindo. — Como disse, insuportável. Está bem? — Sim, mas não gosto que falem comigo na minha cabeça, é invasivo e assustador. — Posso...? Posso ficar sozinha? Um movimento sutil no canto de sua boca e sua mão aperta meu quadril. — Sim. Estarei lá em cima se precisar de mim. Sai em silêncio. Sento na cadeira grande junto à janela, lutando contra as emoções turbulentas que jurava que tinham morrido dentro de mim há anos. Quero me enrolar e dormir por semanas. Não estou segura aqui, não acho voltarei a me sentir segura novamente. Há uma fraca lembrança de antes dos meus pais morrerem, quando me sentia segura. Lembro do meu quarto completamente revestido de rosa, sutil e suave como algodão doce. Tinha babado rosa na minha cama, nas cortinas, um cobertor rosa sobre o encosto da cadeira de balanço onde minha

mãe costumava sentar e ler para mim. Quando fiquei mais velha, sentava e lia para mim mesma. Foi um sonho? Por que tantas lembranças da minha infância desapareceram? Por que não lembro como eram meus pais? Puxo minhas pernas para meu peito e descanso o queixo nos joelhos. Apesar do que o Wraith, Genevieve, disse, isto é outra prisão, simplesmente uma decorada.

Kilter Quando entro na cozinha, o café da manhã está pronto sobre a mesa de jantar na sala ao lado. Infelizmente, isso significa que os outros Scars estão sentados comendo na mesa. — Ouça amigo, diz Jedrik, enquanto dá uma mordida nos ovos mexidos. — Não sou seu amigo, porra nenhuma. Pego um prato do armário em cima da torradeira e sirvo começando pela pilha de ovos, duas fatias de pão de centeio,

alguns pedaços de bacon e uma rodela de tomate. Sento na mesa em frente a Jedrik. Hack está na cabeceira da mesa, se aproxima e pega duas fatias de torradas e seu vegetal favorito no período da manhã, feijão verde. Balanço a cabeça com desgosto enquanto faz um sanduíche de feijões verdes com um monte de mostarda picante e molho Tabasco. Jedrik ri. — Hack, já pensou em ir a um reality show? Porque, homem, sem dúvida poderia ganhar um concurso de comer. — Não como insetos. Odeio essas coisas: besouros, baratas. Faz um tremor exagerado. — Pode imaginar o barulho doente que fariam essas coisas? Isso não vai acontecer. — Olá meninos. Anstice entra vestindo calças jeans e uma blusa branca. Seu cão enorme e peludo caminha sem pressa atrás dela, provavelmente esperando por sobras. Pega um prato da pilha no final da mesa e senta ao lado de Jedrik. — Que coisas? — Hack odeia comer insetos. Anuncia Jedrik. — Sério? Qualquer inseto ou só alguns? Pergunta Anstice enquanto esvazia os ovos mexidos da tigela em seu prato. — Qualquer coisa com um rangido sólido. Jedrik pega um feijão verde, leva-o à boca e a faz ranger.

— Humm, muito bom. Hack atira um pedaço de pão torrado, mas Jedrik é rápido com sua telecinese e manda uma fatia de bacon de volta. Idiotas. Jedrik vira para mim. — Então, qual é o problema para aparecer no meio da noite com esta menina do complexo? Todos me viram carregar Rayne adormecida através da casa para o porão. Quando as perguntas começaram, ignorei e disse a todos que fossem a merda. Agora, isso chegou ao fim. — O complexo estava fora do jogo até que Waleron desse seu consentimento. — Não fora do meu jogo. Digo. — Ela significa alguma coisa para você? Continua Jedrik. Não justifico minhas ações para nenhum deles, nunca fiz e não estou a ponto de começar agora. A verdade é que não sei e neste momento ainda estou impressionado com a chegada não anunciada de Genevieve. Não a tinha visto em mais de cem anos, depois que escapei da câmara de tortura do meu irmão. Vê-la trouxe lembranças das quais não quero fazer parte. — Waleron vai chutar sua bunda. Continua. — Tem certeza que não quer voltar para Vancouver atrás do Quill? Olha-me prendendo os cantos da boca tentando não sorrir.

Interessante. Quill partiu? Veio comigo ontem à noite, embora

tenha

ficado

em

cima

com

os

outros

Scars.

Provavelmente disse o que aconteceu no complexo. Aposto que foi Anstice que o advertiu para que saísse antes de Waleron descobrir. Covarde. Ignoro Jedrik e coloco uma fatia de bacon em minha boca. — Disse alguma coisa a respeito de que inferno era aquele lugar além de um laboratório de testes dos Scar? Ryker está muito atordoado e não pode dizer nada. Jedrik balança a cabeça. — O menino está completamente perdido. Talvez quando falarmos com ela possa... — Ninguém se aproxima dela. Meu garfo retumba no prato enquanto o deixo cair. Só a ideia de Rayne sendo interrogada faz meu pulso acelerar. Jedrik continua: — Deve saber de algo sobre porque os CWO estavam lá e... Bato meu punho sobre a mesa e Jedrik pega seu suco antes que caia. —

Deixe-a

suficientemente

em

paz

perturbada

de e

uma não

vez

por

precisa

interroguemos. — Merda cara, são só algumas perguntas.

todas. que

Está

nós

a

— Que não irá responder. Os CWO estão mortos, o complexo se foi, fim da história. Ontem me lembro de pensar que eu mesmo perguntaria sobre o complexo e a entregaria a Waleron para apagar sua memória, mas tudo mudou, não posso fazer isso. — Talvez Waleron tenha algo a dizer a respeito. Murmura Hack. — Kilter, estamos no mesmo time. Anstice mantém sua voz lírica baixa. — Pode confiar em nós com respeito a ela. — Não posso porra nenhuma e não estou em nenhum time. — Está bem. Diz Anstice, colocando sua xícara de café, com a cabeça de um Terra nova, sobre a mesa. — Pode ser uma boa ideia que a conheçamos sem perguntas. Seus olhos dirigem para Jedrik e ele encolhe os ombros. — Antes que Waleron descubra. Sabe que em breve ouvirá sobre isto. Sei. Suspeito que já sabe que os Wraiths fizeram e o teriam contatado a respeito. Entretanto, Waleron é um mistério. Às vezes desaparece por semanas e ninguém sabe aonde vai. — Aqui. Anstice pega outro prato e o coloca na mesa junto a mim.

— Por que não vê se nos acompanha para tomar o café da manhã? Prometo, sem perguntas. Ficará mais confortável ao estar aqui para nos conhecer. Bom. Saio da mesa e desço as escadas. Paro a porta do meu quarto e respiro fundo, espero até que meu pulso se normalize e alivie a adrenalina bombeando através de mim. Abro a porta. Meus olhos pousam nela e o ar é sugado dos meus pulmões. A pequena janela ao nível do solo está aberta e a brisa entra no quarto em um abraço frio. Rayne continua de costas para mim, mechas de seu cabelo balançando suavemente pela brisa, braços envoltos ao redor de seu peito. Sua cabeça abaixada em um ângulo ligeiro como estivesse escutando os sons do exterior. Pela primeira vez desde que a conheço parece em paz, olhos fechados, lábios ligeiramente entreabertos e sem rugas entre os olhos. Parece um anjo e sou o diabo preparado para interromper sua magnitude. — Venha comer lá em cima. Digo. No segundo em que falo, a paz desaparece enquanto me olha e endurece. Então acena a cabeça hesitante e diz: — Na verdade não tenho fome. — Não estou dando uma escolha. Sua cabeça levanta.

Minhas sobrancelhas levantam quando vejo o rápido momento

de raiva em seus olhos. Então tem coragem nesse

corpo de menina esquelética. Deus, ela precisa. É como observar um balão esvaziar enquanto abaixa seus olhos dos meus e seus ombros curvam. — Está bem. Jesus, esta menina precisa de uma lição de como ser resistente.

Rayne Kilter mantém a mão nas minhas costas enquanto subimos a escada. Guia-me através da cozinha para uma sala de jantar e imediatamente percebo os móveis antigos caros. Os Scars são imortais, ou foi o que Anton disse e é claro que algumas das coisas têm séculos de idade. De maneira nenhuma sou sofisticada, mas Anton gostava de antiguidades, e às vezes, me deixava escolher coisas na internet, quando estava me monitorando é claro. Desconfiava que tinha outra casa em algum lugar porque os itens nunca chegavam ao complexo e as vezes se ausentava por meses.

Gostava quando ia, mais ainda quando Ben ia junto. Se ambos

partiam,

Roarke

ficava

e

quase

gostava

dele.

Frequentemente tentava me proteger da crueldade de Ben e foi gentil quando fui obrigada a fazer o experimento com ele. — Docinho? Kilter aponta para a mesa retangular de madeira e meu coração acelera quando noto os três Scars, ao menos acho que são Scars, me observando. Sair pela porta da frente parece muito atraente neste momento. A mulher Wraith disse que ninguém impediria. Ir para onde? Não tenho amigos, família ou dinheiro, nada. — Não vai embora. Diz Kilter em um rosnado baixo no meu ouvido. Ofego, abrindo os olhos. Leu a minha mente? Será que consegue atravessar meus bloqueios? — Olhe você surpresa, docinho. Sim, podemos ler os pensamentos da maioria das pessoas quando não estão sendo bloqueados. Os seus foram bloqueados. Não é frequente que os humanos possam nos bloquear. Explica enquanto seu polegar acaricia minhas costas. — Disse que ninguém vai machucá-la aqui. Não tenho certeza disso. Levanta sua mão e pega meu queixo, guiando minha cabeça para seus olhos. — Um dia não terá medo de mim. Sua mão cai e sussurra.

— Os Scars querem conhecê-la. Não se preocupe, são gatinhos inofensivos. — Os gatinhos têm garras e dentes afiados. As sobrancelhas de Kilter levantam, estou surpresa ao ver um olhar divertido, mas não diz nada. Concentro-me

em

bloquear

meus

pensamentos

novamente, quando estou fraca é difícil manter o escudo, mas consegui no complexo. Claro que Kilter é mais forte do que qualquer um, além disso, é um Scar. Guia-me para a mesa e para. — Olá sou Anstice. Volto minha atenção para a jovem mulher sorrindo para mim. — Olá. Respondo. — Esse é Jedrik. Anstice aponta para o menino com cachos loiros, olhos azuis duros e covinhas ridiculamente profundas que senta ao seu lado. — Esse é Hack, irmão de Keir que é meu maite, meu marido. Vai conhecê-lo mais tarde. Hack tem traços suaves, grandes olhos redondos com longos cílios negros. Usa óculos e tem um sorriso agradável, que o faz parecer seguro. A

mulher,

Anstice,

é

excepcionalmente

bonita

com

flamejantes cachos vermelhos, ainda molhados do banho, caindo sobre seus ombros. Sua pele tem sardas polvilhadas

sobre a ponta do seu pequeno nariz. Olhos verdes intensos, cativantes e ainda assim suaves. Aponta para o chão junto a sua cadeira. — E esse é Finn. Ama comida e abraços, nessa ordem. Olho para a grande bola preta de pêlo espalhada a seu lado, sua língua pendurada e descansando no chão enquanto ronca. Kilter puxa uma cadeira. — Sente-se. Sento. Pega um prato e começa a enchê-lo com ovos mexidos, várias torradas, bacon, salsichas, fatia de queijo e tomate. Depois coloca o prato cheio na minha frente. — Droga Kilter, nem eu consigo comer tanto. Diz Jedrik enquanto pisca um olho. — Não se preocupe, não tem que sentar e comer tudo. Alguns de nós somos normais. Coloca seu último bacon na boca e fala enquanto move o garfo no ar. — Da minha parte quero pedir desculpas. Faz uma pausa engolindo. — Por não tirar você daquele lugar. Kilter não disse a nenhum de nós que ia. Acredita que é Batman e precisa salvar o dia sozinho. —Quill estava lá, murmura Kilter enquanto me serve um copo de suco de laranja.

— Só porque precisava de um perito em explosivos, replica Jedrik. Kilter encolhe os ombros. — Poderíamos ter ajudado. Diz Hack. — Obviamente não precisava, responde Kilter. — Está feito, vamos lidar com as consequências, comenta Anstice. — Sim, Waleron. Murmura Hack. A alguns minutos de silêncio com uma sutil tensão no ar. —Humm, quem é Batman? Pergunto. Todos viram para mim. Hack para seu sanduíche perto boca, o garfo de Jedrik no ar e as sobrancelhas de Anstice levantadas com surpresa. Kilter é o único cuja expressão permanece a mesma. — Um super herói. Diz Jedrik. — Bat Caverna. Bat móvel. Todo vestido de preto. Caça bandidos a sério. Balanço a cabeça. — Não tinha muita televisão naquele lugar, né? — Não, Anton não permitia nenhum jornal ou TV. Dizia que apodreceria minha mente com mentiras. Antes queria controlar o que eu lia.

Os professores que contratou quando estava crescendo recebiam um protocolo rigoroso do que ensinar. Jedrik sorri. — Não se preocupe, resolveremos isso. Temos milhares de filmes no térreo e uma enorme tela com som surround. Anstice pode levá-la depois do café da manhã. — Levarei. Diz Kilter. Hack bufa. — Kilter, talvez ficasse mais confortável com outra mulher. Diz Anstice. Kilter mexe a comida ao redor do seu prato, lábios apertados. Quando encontra meu olhar, aponta para o meu prato. — Coma alguma coisa. Todo mundo acha que é tão fácil comer: morder, mastigar e engolir. Colocar comida na boca é como entregar as chaves da minha alma. É mais fácil sofrer, mais seguro. Não machuca ninguém mais do que a mim e me da controle, algo que nunca tive na vida. A única vez que perdia esse controle era quando Anton me drogava e obrigava a comer. Isso quando o desespero era maior, pela perda da minha vida.

Arrasto os alimentos ao redor do prato, mas não consigo comer. Não tenho fome, meu estômago está tão acostumado a estar vazio que o sentimento desapareceu. — Droga. Murmura Kilter, então deixa cair o garfo em seu prato, levanta da mesa, puxa a cadeira para o lado e sai da sala. Uma parte de mim quer correr atrás dele. E fazer o que? Mentir e dizer que comerei. Estou presa nesta rede de jogos mentais que sei que estão me matando, mas esconder quem sou é mais importante do que viver. — Se prefere não comer, a escolha é sua, Rayne, diz Anstice. Meio que sorri, mexe a cabeça e uma longa mecha de cabelo vermelho cai contra sua bochecha direita. — Sei que levará tempo, mas estamos aqui para ajudar. É livre agora. Sou? Fisicamente sim, mas mentalmente, estou presa dentro do meu corpo, com medo das sombras, do que está por vir. Jedrik levanta, limpa a garganta e bate no ombro de Hack quando continua jogando uma grande quantidade de comida em sua boca. — O que? Jedrik levanta suas sobrancelhas. Hack olha para mim, depois para Anstice. — Certo. Sei.

Pegam seus pratos e saem da sala de jantar. Depois que o fazem, Anstice descansa os antebraços na mesa. — Não sei o que aconteceu com você. Tudo o que sei é o que Quill nos disse ontem à noite e o que meu marido disse sobre quando Ryker foi mantido em cativeiro. Estende a mão através da mesa e a coloca sobre a minha. — E o que meu corpo me diz. Puxo minha mão debaixo da dela e a coloco em meu colo. A mulher Wraith, Genevieve, foi capaz de entrar na minha cabeça quando me tocou e não vou arriscar Anstice ser capaz de fazer isso também. Anstice continua: — Sabe sobre nós e nossas habilidades? Assinto. — Bom, sou um Scar Healer. Anton tinha falado muito sobre as Healer porque queria colocar suas mãos em uma. — Sou capaz de curar feridas e sinto quando um corpo está sofrendo. Faz uma pausa. — Seu corpo está sofrendo, Rayne. Sei que meu corpo está sofrendo, mas estou perdida e autodestrutiva. Vivi muito tempo desta maneira e agora não consigo voltar e nem sei se quero.

Levanta-se. — Vamos lá, vou mostrar os filmes. Anstice começa a rir enquanto bate seu dedo na tela do computador com um filme chamado Senhor e Senhora Smith. —Olhe isto. Aponta para o comentário de Jedrik e a qualificação abaixo. — Isso é tão ele, triplo dez: "Ela pode atirar em mim a qualquer momento". Revira os olhos. — É inofensivo, mas um sedutor nato. Ele e Delara são melhores amigos, a conhecerá em breve, está morando na casa da minha melhor amiga em cima de sua galeria de arte. Imaginei isso sobre Jedrik pela sua piscada e sorriso arrogante. Meus olhos movem pela tela e param no nome de Hannah. Há uma qualificação de 10 e o comentário, "Agora ele é um cara sexy". Uma linha negrito riscava a palavra "Ele" e Hannah substituiu o nome com "Ryker". Meu Deus! — Hannah. Sussurro. Era a esposa de Ryker. Os homens do meu marido a mataram e sequestraram Ryker quando invadiram a casa em Terranova. Ainda ouço o grito atormentado e angustiado de Ryker quando o nome de Hannah foi arrancado de seus pulmões.

Anton o amarrou a uma fria mesa de aço e me fez olhar enquanto colocavam agulhas em seus braços e o drogavam, forçando-o a se submeter. — Hannah ficou por alguns dias, há vários anos. Não tive a chance de conhecê-la, foi antes de eu conhecer Keir. Diz Anstice. A raiva de Ryker emanando de cada poro, a vingança em seus olhos penetrantes e a loucura de seus gritos. Fiquei no canto do laboratório, com a mão trêmula cobrindo a boca, olhos abertos de horror. Quando os olhos de Ryker se fixaram em mim, se tornou um animal enlouquecido e raivoso. Fugi, ignorando meu furioso marido me mandando parar. Escondi-me no porão, me arrastando no pequeno espaço entre a geladeira e o balcão da cozinha. Enrolada em uma bola e cobrindo meus ouvidos, tentando bloquear os gritos de Ryker. Roarke foi quem me encontrou horas depois. Agachou-se na minha frente e estendeu sua mão, sem sorrir, porque Roarke raramente sorria, mas havia doçura em seus olhos, que só mostrava para mim. Peguei sua mão e me puxou, mas não me obrigou a sair. Em vez disso, sentou-se no chão, se apoiou contra a geladeira e me puxou entre seus joelhos dobrados e minhas costas estavam contra seu peito. Em seguida envolveu um braço em volta de mim e deitou minha cabeça em seu ombro enquanto acariciava suavemente meu cabelo.

Segurou-me assim durante muito tempo, em silêncio, até que finalmente relaxei. Quando me ajudou a levantar e levou para o meu quarto, disse que tinha aumentado o sedativo de Ryker assim que Anton se foi. Nunca entendi Roarke, era um CWO, um Grit e mortal. Todos no complexo desconfiavam dele e o evitavam, mas comigo, era gentil. A voz de Anstice corta minhas lembranças e levanto a cabeça para olhá-la. — Hannah foi o amor da vida de Ryker. A outra metade de sua alma. Para e me olha antes de continuar. —Seu anjo guerreiro segundo me disseram. Anstice suspirou e fechou o notebook. — Ryker a amava mais do que tudo. Agora a raiva o consome. Não sei se vai se recuperar da perda. Os Scar são muito mais conectados as pessoas que amam do que os seres humanos. Raramente um Scar encontra seu maite e se separa. É muito doloroso ficar separado. Pega minha mão na dela e a aperta. — Sei que deve ser incômodo para você, com ele aqui, mas Ryker nunca responsabilizaria você por... —Está aqui? Tropeço para trás até que meus joelhos batem no sofá. Anstice me alcança.

— Não me toque. Levanto minha mão. — Por favor. Ryker está aqui. Seus gritos de angústia, seu terror brutal. O doloroso som de sua voz cheio de drogas quando fui forçada a permanecer junto à mesa em que estava amarrado, fingindo que era Hannah. Cubro minha boca com a mão quando meu estômago embrulha. Ar. Preciso de ar. Não consigo respirar. Viro e corro para a porta. — Rayne? Chama Anstice. Perco o equilíbrio e caio contra a parede, minha cabeça bate em uma fotografia que cai no chão, quebrando o vidro. Endireito-me e sigo em frente. É como se alguém apertasse meus pulmões lentamente até que fico sem fôlego. Tenho que sair deste lugar, não posso ficar aqui.

Kilter Abro a porta da sala de cinema e Rayne se choca contra mim. — Calma docinho. Envolvo meu braço ao redor do seu corpo trêmulo. Que droga aconteceu? Dou uma olhada por cima de seu ombro para o vidro quebrado no chão depois para Anstice e de volta para Rayne.

Coloco minhas mãos em seus ombros e suavemente a libero do meu abraço. Droga, normalmente está pálida, mas agora parece pior. — Que droga aconteceu aqui? — Preciso ir. Murmura Rayne com as palmas das mãos empurrando meu peito. — Tenho que sair daqui. — Kilter, talvez devêssemos chamar Waleron! Anstice se aproxima. — Não. Vou acalmar seu pânico. Digo. — Vai ficar bem, vá. — Não acho... Franzo a testa e Anstice para. — Tem algo a ver com o Ryker estar aqui. Anstice hesita como se fosse mudar de ideia a respeito de me deixar sozinho com Rayne, mas então suspira e se mexe. — Quero ir embora. Rayne sussurra. — Por favor, não posso ficar aqui. Acaricio seu cabelo, o instinto de acalmá-la é muito forte para ignorar. — Não pode ir embora, não tem para onde ir. Talvez isso não seja algo calmante para dizer a uma mulher que se sente presa. Sou péssimo em ser agradável.

Nunca fui idiota e não estou prestes a começar agora, mesmo que a menina precise de alguma coisa. — Ryker, digo. Evitava tocá-lo quando estávamos no complexo, tirando-o das correntes, por quê? Inclino-me um pouco para que possa ver seus olhos. — O que aconteceu, docinho? Tenta escapar dos meus braços e aumento meu aperto. — Droga, não fuja disso. Fica quieta. Faço uma pausa, odiando despir qualquer parte de mim, mas sei que preciso fazê-la confiar em mim. — Deixei você naquele lugar quando era óbvio que precisava sair. Paro. — Depois a ouvi gritar e não podia voltar. Porra, não podia. Fecho os olhos por um segundo. — Não cometo erros muitas vezes, mas errei com você e não vou cometer o mesmo erro. Não posso. Vai contra meus princípios. Com os olhos abatidos, diz: — Quero ficar sozinha. Relutante a libero dos meus braços, mas não vou deixá-la sozinha deste jeito. Droga. — Não vai acontecer docinho, se deixar você sozinha vai fugir de mim. Vejo a indecisão em seus olhos, se vai confiar em mim ou não. Aperta ambos os lados de suas calças como a vi

fazer no conduto de ar quando a conheci pela primeira vez. Mais alguém faz isso... Delara. — Fale sobre o Ryker... Incentivo. O medo toma conta dela novamente, seja lá o que tenha acontecido lá, a mataria viva de pânico. Sem perguntar, porque se fizer isso ela simplesmente vai negar, pego sua mão e a puxo para perto novamente. Leva uns dois bons minutos, o que é uma eternidade, pois sou muito impaciente, antes que fale. — Homens do meu marido vigiaram a casa durante meses. — A casa dos Scars? Minha casa? Concorda com a cabeça, mantendo seus olhos para baixo. — Tinha o Roarke... — Quem é Roarke? Interrompo. Droga devo deixá-la falar. Seu corpo fica tenso e sei que está se perguntando o quanto deve dizer. Por que precisa proteger alguém daquele lugar está além de meu conhecimento. De qualquer maneira está morto, ninguém sobreviveu às explosões de Quill. — Trabalhava para o Anton. Não sei exatamente o que fazia. Faz uma pausa e o tremor diminui.

— Observou a casa por semanas, fazendo relatórios para meu marido sobre cada Scar. Não sei o que havia nos relatórios, só que escolheu Ryker. — Para que? Quando hesita, insisto: — Ryker? O que queriam dele? Aqui estou forçando-a, depois de mandar os outros a merda pelo mesmo motivo, mas caramba, isto é por ela, não por mim ou pelos Scar. Mexe os pés. — Drogou Ryker fortemente. Respira fundo. — Roarke tinha anotações sobre Hannah. Tive... Acaricio suas costas com movimentos lentos e suaves. — Tive que fingir que era ela. Jesus Cristo. — Vestiram-me com sua roupa, fizeram meu cabelo como o seu e aprendi a falar como ela. Uma lágrima escapa do canto de seu olho e molha minha camiseta. — Fiz que Ryker acreditasse que era Hannah, o amor que vi em seus olhos cheios de drogas, suas palavras... Respira fundo. — Quando era ela, ficava mais calmo. Sussurra. — Por que o idiota do seu marido queria que fosse Hannah?

— Fiz com que usasse suas habilidades. Diz. Seus olhos se negam a me olhar e seu corpo treme quando diz as palavras. Está evitando alguma coisa. — Sentia como o estivesse violando. Diz Rayne. — Odiava olhar para Ryker e ver sua confusão, dor, seu amor por Hannah e sabia... que nunca iria vê-la novamente. Tenho vontade de vomitar. Odeio isto. Fico tenso enquanto seus pensamentos me invadem. — Por favor, não posso enfrentá-lo novamente. Preciso sair daqui. — Docinho, Ryker não vai responsabilizá-la e nem eu. Por que tenho a necessidade de proteger esta mulher? É tudo o que desprezo: medrosa, não confiável, submissa e magra como uma estrada de ferro. Cristo é um desastre total. Também vejo coragem. Essa determinação em seus olhos quando estava segurando minha faca em sua garganta, me desafiando a matá-la há três semanas. Essa centelha de rebelião quando disse para descer e comer. Tem tantos traumas por viver naquele lugar e o problema é que talvez eu nunca seja capaz de entendê-la ou ajuda-la. — Kilter? A voz de Rayne treme. — O que? Agradável, imbecil. — Sim docinho? Corrijo.

— Pode dizer ao Ryker que não tive escolha? Que lamento a perda da Hannah. — Droga. Passo a mão pelo meu cabelo. — Sim, claro. Não precisa se preocupar. Está aqui, mas trancado em um quarto privado, não o verá. Não há dúvida que está escondendo alguma coisa. Não tenho nem ideia se alguém pode ir tão fundo onde se esconde. Sei que a protegerei para que não seja ferida novamente. Pela primeira vez devo deixar isso para trás. Um

pensamento

perturbador

de

Gemma

surge

e

rapidamente o afasto. Isto não é sobre meu passado. Rayne não tem nada a ver com meu fracasso em proteger Gemma. — Posso subir agora? Pergunta. Sinto uma dor no peito, algo que não sentia há anos. — Isto não é uma prisão. Assim que a deixo ir, corre para a porta. Quero trazê-la de volta, exigir que pare de se esconder. Porra. Quero que lute, droga. — Não está comendo. Grito enquanto ando de um lado para o outro na biblioteca dois dias depois. É o domínio de Keir, com prateleiras de cerejeira do chão ao teto, tapete persa debaixo da grande mesa de carvalho no canto da sala. Um notebook está aberto sobre a superfície

polida junto a uma imagem emoldurada de Anstice e Finn. Keir está sentado na cadeira giratória de couro atrás da mesa, seus olhos na tela do computador. Anstice está na escada, mãos juntas e pé apoiado no último degrau. — Está ouvindo, caramba? — Sim, ouvi. Diz Keir em voz baixa, um simples movimento de seus olhos para mim e depois de volta ao computador. — Tenho certeza que toda a casa ouviu. — Não comeu nada hoje. Mistura a comida, mas não come. Precisa comer. Bato meu punho contra a porta. — Sim. Responde Keir. — Mas ninguém pode forçá-la, Kilter, nem mesmo você. — Jesus Cristo. Não tenho nenhum recurso quando se trata de alguém que se recusa a comer, não posso enfiar comida em sua garganta. Não

entendo

porque

não

está

comendo,

deveria

estar

mergulhando na comida da maneira em que está. — Alguma coisa está acontecendo. Diz Anstice. —Pode ter um transtorno alimentar. Não sei, mas tem alguns dos sinais. Há muitas razões pelas quais uma pessoa pode desenvolver um.

— Que droga significa isso? Replico. Afasta-se das escadas, se aproxima da mesa, pega um livro e joga para mim. — Leia isso. — Não quero ler um livro, quero respostas. Deixo o livro sobre o divã. — Está morrendo? Keir recosta em sua cadeira. — Morrerá se continuar perdendo peso. Passo a mão pelo meu cabelo. — Então, o que faremos? Anstice levanta as sobrancelhas. — Importa-se o suficiente para escutar conselhos? — É claro que sim. Não escutei nenhum deles desde o dia em que entrei nesta casa, mas isto é a vida de Rayne e não sei o que fazer. — Vai ouvir, diz Keir. Anstice apoia seu traseiro contra a frente da mesa, suas mãos curvando-se ao redor da beira de cada lado. — Anorexia nervosa é um transtorno psicológico e existem numerosas explicações do porquê acontece. Para Rayne, pode ter sido provocado por seu marido. Pode ser que tenha feito comentários bizarros sobre seu peso em primeiro lugar, talvez

monitorasse o que comia quando era jovem. Pelo que Quill disse e pela aparência do complexo, Anton era organizado e metódico, então Rayne pode ter precisado agir da mesma maneira. — No começo, pode ter descoberto que perdendo peso, ganhava alguma coisa, de uma boa maneira, mas não sei se ganhou. Depois pode ter sido mais sobre seu controle. Pode ser que ele tenha dito o que fazer, que aspecto ter, como agir e ela não conseguia encontrar o controle em sua vida, mas talvez sentia que ao menos podia ter controle sobre seu corpo. Ela para. — Ninguém pode forçar alguém a comer. Talvez soe estranho, mas talvez ela sinta que perde o controle cada vez que come. — Mas é um palito, como não pode ver isso? Nada disto soa bem e está além da minha capacidade. — Pelo que disse, quando Rayne olha no espelho, vê um fracasso. Em sua cabeça, isso pode se referir a excesso de peso. Levanta a mão quando vou interromper. — Permita-me colocar desta maneira: nunca poderia agradar a Anton, então sua mente pode ter criado algo que pensou que podia ter sucesso, porque acha que pode controlar sua ingestão de alimentos. Morrendo de fome faz as duas coisas, pode ganhar e ter controle. — Por que se preocuparia em agradar aquele idiota?

— Era tudo o que tinha Kilter. Não importava o fizesse, era sua tábua de salvação. Não acredito que nós sequer possamos começar a entender o que aconteceu. — Está fraca demais. Ando de um lado para o outro, a mão repetitivamente correndo através do meu cabelo. Odeio me sentir impotente. Faço o que tenho que fazer, mas de repente não há nada que possa fazer. Anstice assente com a cabeça. — Não comer é seu poder. Pode esconder-se dentro de si mesma e não sentir: sem emoções, sem dor. Suspira. — Não sou psicóloga, mas ontem falei com três terapeutas e li o livro. — O bastardo está morto, não precisa mais fazer isso. Digo. Keir suspira. O rangido do couro soando enquanto se move na cadeira. Anstice nega com a cabeça e levanta seus olhos para o céu. — O que? —

Precisa

de

terapia

Kilter.

Não

se

recuperará

espontaneamente. É muito mais profundo do que isso. Diz Keir. — Investiguei várias clínicas de diferentes distúrbios alimentares e acho que enviá-la... Paro de caminhar, meu coração acelerado.

— Espere, o que? Não será colocada em outro complexo. Foda-se. — Não são complexos. São instituições de primeira classe, como um Spa com pessoas que podem ajudá-la e sempre terá a opção de sair. Diz Anstice. — Não! Anstice olha para Keir e assente com a cabeça. — Waleron conhece a situação e terá a última palavra, Kilter. — Disse a ele? Cristo! Agora tenho que lutar com esse idiota. — Não será trancada novamente, não vou fazer isso com ela. Pego o livro do divã. — Vou encontrar outra maneira. Saio da sala. Acha que está gorda? Quero despi-la, forçá-la a parar em frente a um espelho e apontar cada osso. Talvez então veja o que os outros veem. Minha mão aperta ao redor do livro. Não sou um santo e me envolver com uma menina que tem sérios problemas é ridículo. Isto era para ser simples: resgatá-la e me afastar. Agora, vou para o meu quarto para ler a porra de um livro.

Jedrik Sento-me no bar, as mãos ao redor da minha terceira cerveja, ignorando os sutis movimentos do que suspeito, são alcoólatras, sentados no bar comigo. Quem mais beberia a esta hora da manhã? Ultimamente

tenho

visitado

meu

bar

favorito

mais

frequentemente do que queria admitir. Com o idiota demente do Kilter morando na casa Talde e minha melhor amiga fodendo um vampiro, o álcool é minha distração.

O Fog Pub não é tão perto da casa de Keir, mas só a duas quadras da rua da galeria da Danni. Delara costumava vir aqui comigo o tempo todo, mas isso foi antes que a cadela da bruxa Trinity e Waleron foderem e a mandarem para uma missão de autodestruição. Desapareceu por dois anos, depois voltou para ajudar Balen, fodendo o Wraith Edan. — Ei, importa se me sentar aqui? Dou de ombros, nem sequer olho para a garota que vem a meu lado. Tomo um gole de cerveja e continuo olhando para a enorme tela de TV no canto do bar. O banquinho raspa o chão enquanto a garota o puxa, senta-se e pede ao garçom um café sem gelo com um copo de leite. Meu habitual eu encantador está em pausa depois de ouvir a última de Delara, então não me incomodo em dizer qualquer coisa para a menina, embora pelo canto do olho, vejo que tem agradáveis pernas. Maldita Delara, usar um vampiro não tem como dar certo, do jeito que vai estragará tudo e não serei capaz de salvá-la. — Ótimo, obrigada. Diz a menina ao barman enquanto entrega uma fumegante xícara de café. — É melhor dar outra a ele. Tenciono e me movo em meu banquinho para olhá-la. Não preciso de alguma garota... minhas sobrancelhas levantam e arregalo os olhos.

Morde o lábio inferior e sorri. — Pareço tão mal esta manhã? Ri e é como um dedilhar de um violão acústico. — Acho que é a primeira vez que um homem me olhou como fosse um inseto salpicado em seu para-brisa. Passa a mão por seu elegante e curto cabelo ruivo. Tipo de soldado que está na moda. É quente, sexy, bastante ardente, com olhos verdes brilhando com malícia e risos. Onde está minha boca? Obviamente, ainda no maldito chão. Fecho a boca e limpo a garganta. — É agradável. É agradável? Não posso acreditar que isso simplesmente saiu da minha boca, para uma menina sexy que obviamente está tentando chamar minha atenção. Provavelmente tem a atenção de cada homem neste lugar. — Um pouco cedo para cerveja. Alcoólatra? Pergunta. Assim parece, pois, alguns momentos antes fiz a mesma suposição sobre os outros clientes. — Nop. — Noite difícil, então? É uma mulher ou um homem? Ri quando bufo. —Sinto muito, difícil saber. Quero dizer, você é lindo, obviamente em boa forma, bem vestido e parece que todos os

homens atraentes que me interessam não estão interessados em mim. —Sim, bem, não estou. Uau! Consegui uma frase completa. Então dou conta do que disse e rapidamente corrijo: — Quero dizer, gosto de mulheres. Ri, estende sua mão e noto que não usa esmalte, mas seus dedos são longos e magros, unhas feitas e bem conservadas. — Bom saber, sou Abigail... Mas não me chame assim, prefiro Abby. Assim que toco em sua mão, sinto o familiar disparo eletrizante através do meu corpo e não é uma coisa sexual, é uma advertência. Recuo, pego meu casaco do encosto da cadeira, jogo uma nota de vinte no bar e vou para a porta. De maneira nenhuma está sentada ao meu lado por acidente. Bato a palma da minha mão na porta e saio a calçada, chutando o poste para bicicletas com a ponta da minha bota de combate. — Deveria ter sabido o que era no segundo em que sentou. Escuto a porta abrir quando estendo o braço para chamar um táxi. Sinto seu perfume de baunilha quando se aproxima atrás de mim. Sem virar, digo:

— Não sou fã de bruxas, então é melhor manter seus dedos feiticeiros para você mesmo. — Preciso da sua ajuda. — Meu medidor de ajuda está além de sua capacidade neste momento, pegue uma senha! Onde estão os táxis quando precisa de um? — Liam. O que? Liam? Porra, esta deve ser a bruxa que há rumores de que está frequentando o clube de Liam. Viro para ela, enquanto diz: — O vampiro. —Sim, sei quem é. Digo. Um táxi amarelo desacelera. — Liam disse para encontrá-lo no clube em cinco noites. — E porque isso me importa? O táxi para e abro a porta. Seus dedos seguram meu braço. — Vai me matar.

Rayne Há uma suave batida na porta.

Afasto-me bruscamente da janela e as persianas que segurava com meus dedos para olhar para fora fecham de repente. Sei que não é Kilter porque já entendi que o cara não sabe como chamar. — Rayne, sou Anstice, posso entrar? Não vi nenhum dos Scar exceto Kilter durante dois dias. Depois de saber que Ryker está aqui, fiquei no quarto. Vou até a porta, coloco a mão na maçaneta, respiro fundo e então abro. Anstice sorri. — Olá. Vim saber se precisa de alguma coisa. Temos a mesma altura, embora Anstice use saltos altos, uma blusa branca e calça jeans azul escura que esculpe suas longas e esbeltas pernas. Há um caráter vivo e animado com os traços severos de Anstice e cabelo ondulado vermelho, mas sua voz contradiz sua aparência, que é calma e poética. — Ah, não, obrigada. Respondo. Passa pela porta e diz: — No café da manhã no outro dia, vi os hematomas em seu pescoço, posso curá-los se quiser. — Estou bem. Não tenho interesse que alguém use suas habilidades em mim e muito menos que me toque. — Isso está dolorido. Faz uma pausa.

— Prometo que a cura não dói. Já ouvi isso antes... Sempre dói. — Prefiro que não. Ouço passos pelo corredor e olho além do ombro de Anstice e vejo Kilter. Está carrancudo, mas isso é muito comum, o que não dá qualquer indicação se está chateado ou não. — Deixe que cure você docinho. Anstice diz: — Está tudo bem, Kilter, não tem... — Sim, tem. Seus olhos cravam nos meus e cruzo meus braços para me proteger de seu olhar intenso. Não funciona. Levanto meu queixo e digo: — Não quero que o faça. Há um tique no lado direito de sua boca e suas sobrancelhas franzidas elevam. — Anstice, nos dê um minuto. Ordena Kilter. — Humm, sim, certo. Meio que sorri para mim antes de voltar para o corredor. Kilter entra, me obrigando a recuar, depois fecha a porta com o salto de sua bota. — Preciso que faça isto.

Aproxima-se de mim e recuo até que minhas pernas batem na beira da cama e ele para bem próximo. — É importante. Levanta a mão para meu pescoço, seus nódulos traçando os hematomas. É tão suave que mal o sinto. — Pode curar isto, em minutos terão ido embora. Seus olhos saem do meu pescoço e voltam para os meus. As profundezas negras dos seus olhos derretidos cor de chocolate que irradiam calor. — Deus docinho, odeio a lembrança do que ele fez para você. Olho os hematomas e tudo o que vejo é você pendurada pela garganta. Sussurra. — Estou perguntando se faria isto por mim. Meus olhos abrem e meu coração para. Tinha antecipado o processo de permitir que Anstice me curasse, sem perguntar se faria porque não quer o lembrete de Anton me estrangulando. Não sei o que fazer com isso, então fico calada. Continua: — Se ainda quer negar, a deixarei ir, mas não vou gostar. Hesito, mordendo o interior da minha bochecha e olho para ele, enquanto espera pacientemente pela minha resposta. — Será rápido? — Sim docinho.

Estou insegura se Anstice será capaz de ler meus pensamentos como o Wraith e estou preocupada sobre isso. — Terá que me tocar? Kilter assente com a cabeça. — Sim, mas brevemente. Quer que faça isto porque odeia ver os hematomas. — Está bem. Antes que me dê conta do que está fazendo, Kilter roça seus lábios na minha testa. Quando recua, noto a rápida mudança em sua expressão como percebesse o que fez. É óbvio que ambos não estamos acostumados com ternura. Anstice e Kilter estavam dizendo a verdade, não doía... Na verdade, tudo que sinto é calor no meu pescoço. Sentada na beira da cama enquanto Anstice esta perto de mim, com os olhos fechados e as mãos a centímetros da minha pele. Mantenho os olhos abertos e em Kilter de pé apoiado contra o pé da cama observando. Sei que se doesse ou quisesse parar, garantiria que isso acontecesse. A cor das mãos de Anstice muda de branca para laranja escuro e vermelho brilhante. Mantém os olhos fechados e noto que estremece várias vezes antes de tossir, sua respiração difícil e desigual.

Seu corpo fica tenso e as sutis linhas do seu rosto apertam.

Repentinamente

engasga

e

seus

olhos

abrem

enquanto se afasta. Lágrimas amontoam em seus olhos enquanto olha de mim para Kilter. — Não importa o que Waleron diga a respeito de sua ida ao complexo, fez o certo. Olha-me novamente. — Sinto muito. Sei que não é muito, mas realmente estou feliz que esteja aqui agora. Rapidamente vira e deixa o quarto. Não sei do que está falando, quem é Waleron e porque teria que dizer algo. Kilter afasta do pé da cama e dá dois passos para mim. — Veja. Quando levanto, pega minha mão e o sigo para o banheiro. Coloca-me na frente do espelho com ele diretamente atrás de mim. Com uma suave carícia dos seus dedos afasta meu cabelo do pescoço. Deus, os hematomas sumiram! Viro a cabeça de um lado para o outro e nem um só lembrete dos rastros das mãos de Anton permanece no meu pescoço. — Uau. Sussurro. As mãos de Kilter pousam nos meus ombros e suavemente aperta antes de descer lentamente pelos meus braços.

— Confiou em mim. — Sim. Sussurro. Vejo-nos no espelho, Kilter perto e se destacando sobre mim, eu pequena e frágil. Seus braços são musculosos e fortes com tinta preta e os meus magros, fracos e pálidos. Quando fiquei tão pálida? Sempre odiei o espelho, detestava olhar para mim mesma. Ainda o faço, mas desta vez não afasto o olhar, vejo uma menina perdida e vazia de pé nos braços de um homem. O aperto de Kilter tenciona e suas sobrancelhas descem. — Docinho vê o quanto está magra? Minha respiração entope em minha garganta e fico tensa. Odeio falar do meu peso e tudo o que significa. Coloco o cotovelo em suas costelas, empurrando-o para trás e saio correndo do banheiro. — Porra. Escuto-o murmurar. — Rayne? Kilter me segue, mas abro a porta do quarto e saio.

Kilter Bato meu punho contra o marco da porta, fodi tudo. Li o maldito livro e sabia que fugiria se falasse sobre o peso, mas mesmo assim me incomoda. Sou um homem de ação, progresso e pouca paciência, conseguir admitir que tem um problema é o primeiro passo. De acordo com o livro, que terminei em menos de uma hora, um Visionário é capaz de ler em hiper velocidade, se o peso de seu corpo está vinte por cento mais baixo do que a média, o que Rayne está, então é uma cliente potencial para o centro de reabilitação, mesmo se tiver um distúrbio alimentar.

Não sou a porra de um terapeuta, mas ela ir para uma instituição de reabilitação não vai funcionar. Rayne sofreu demais no complexo. Experimentou e viu coisas que as pessoas normais não fazem. Seus problemas não são como os dos outros. Maldito livro. Entro feito um furacão através da casa procurando por ela, porque o que quer que aconteça, preciso de respostas e sou um idiota persistente. Encontro-a do lado de fora de pé sobre a estrada de paralelepípedos que ondula através dos jardins. Observo-a, enquanto a chuva leve salpica seu rosto, a três metros de distância. Gotas escorrem de sua testa até suas bochechas caindo pelo seu queixo para pousar em seu moletom. Seus olhos estão fechados e a cabeça pra cima para enfrentar o céu. Enquanto lambe a umidade de seus lábios com a ponta da língua. Há uma sugestão de um sorriso em seu rosto. Porra, quase parece feliz. Infelizmente, vou destruir isso. Enquanto me aproximo, suas costas ficam tensas, um segundo antes que seus olhos abram e nossos olhares se choquem. Paro na frente dela, meus olhos observando-a com seu cabelo molhado e pele úmida. — Não se preocupa com a chuva?

— Não. Responde. — A maioria das meninas estaria preocupada de estragar seu cabelo. Vira e se dirige ao atalho. — Não sou a maioria das meninas. — Sim, sei disso. E não é porque está doente, é que tem alguma coisa diferente nela. É mais forte do que demonstra, mas é como se estivesse se rendendo. Durante muito tempo sua luta foi sem saída. Passeamos em silêncio por vários minutos, o som dos nossos pés salpicando através das poças que se formaram. Acaricia seus braços e noto os arrepios no pescoço. — Precisa de um casaco. Por que anda na chuva sem um? Perturba-me que não esteja preocupada com seu próprio bem-estar. Não está comendo, está na chuva sem um casaco. Normalmente não dou à mínima para ninguém, mas ao menos cuido de mim. Uma mecha do seu cabelo molhado engancha em sua boca, levanto minha mão e suavemente o tiro com um dedo. Que estou fazendo? Não sou terno e doce. Seguro seu pulso e a detenho.

— Docinho, precisa de ajuda. Não sei o que está acontecendo, mas agora, tudo o que sei é que está muito pálida. Magra. Fraca. Mal come. Libera seu braço e continua andando. Abaixo a cabeça, respiro fundo e vou atrás dela. — Merda, Rayne, quero ajudar. Ignora-me. — Jesus Cristo, mulher, está morrendo. Finalmente explodo. — Sei disso. Sussurra e são as palavras mais doces que já escutei, por que se sabe, então há esperança. Seus passos ficam mais lentos e seus ombros afundam. — Sei que alguma coisa está errada. Não deveria me sentir assim o tempo todo, mas sair disto assusta mais do que ficar onde estou. Sei exatamente o que está dizendo. É mais fácil continuar com o que está fazendo confortavelmente, manter as emoções escondidas do que enfrentá-las. — Costumava ter medo dos cavalos. Odeio me sentir vulnerável e compartilhar alguma coisa do meu passado é como arrancar as minhas tripas. — Tinha sete anos. O cavalo levantou, perdeu o equilíbrio e caiu para trás bem em cima de mim, deixou-me inconsciente. O cavalo estava bem. Tinha uma maldita dor de cabeça e um

braço quebrado. Juro que o garanhão ria de mim cada vez que passava caminhando por sua baia depois disso. Sinto seus olhos em mim enquanto caminhamos. — Nunca superei. Meu irmão, Ulrich, incomodou-me implacavelmente durante anos, mas assim que me aproximava de um cavalo, meu coração disparava e as palmas das minhas mãos suavam e ficavam quentes. Era muito mais fácil evitar os animais do que enfrentar o medo. Então foi o que fiz. Afastamo-nos do atalho e passeamos pela grama até a parede de pedra que rodeia a propriedade. — Alguma vez voltou a montar um cavalo? Pergunta. O solo é esponjoso sob meus pés e coincide com o que sinto por dentro. — Sim, claro, precisei, no entanto levou cerca de dez anos. Chuto a grama comprida. — O dia que mais me assustou na minha vida. Vomitei no dia em que decidi superar meu medo. — Por que fez? Para na parede, com a palma de sua mão apoiada nela. Dou um meio sorriso quando nossos olhos se encontram e lentamente levanto a mão roçando o polegar em sua bochecha. — Governava minha vida, docinho. Não fazia as coisas que queria porque não me aproximava de um cavalo. Já que sabe

sobre os Scars, suponho que está ciente de que somos imortais? Assente. — Bom, de volta ao século dezoito, os cavalos eram o meio de transporte, então isso limitava onde poderia ir. Estava doente e cansado da limitação que tinha na minha vida, então marquei um encontro e decidi que seria o dia que montaria esse garanhão. Foi à melhor coisa que podia ter feito. Coloco minha mão entre as dela e suavemente as aperto. — Isto está governando sua vida? Assente, abaixando a cabeça enquanto uma lágrima escorre pelo canto do olho. — Docinho, não está sozinha. Podemos lutar contra isto.

Rayne A tensão vibra nele enquanto conta a história a respeito do medo de cavalos e quando pega minha mão me derreto. Kilter não parece o tipo de pessoa que compartilha nada sobre si mesmo, mas fez e sei por que, assim confiaria nele. Nada disso poderia durar. Isto. Ele. Tudo. É temporário. Eventualmente descobririam meu segredo e me usariam como Anton. Tiro minha mão do seu alcance.

— Acho que deveríamos voltar agora. — Docinho. Kilter estende a mão para mim, mas esquivo, me movendo. Amaldiçoa sob sua respiração. Olho para e vejo a testa franzida e a frustração machuca seu rosto. Não gosto disso. Não gosto de tê-la colocado lá. Mas é melhor assim. Se me tornar muito próxima de Kilter, estarei presa na mesma vida da qual me resgatou. — Pode ser que não consiga entender por que está passando por isso, mas... Hesita e seus lábios apertam, formando duras linhas ao redor de sua boca. — Porra, não posso prometer ser paciente. Eu não sou assim, mas se precisar de mim, estou aqui. Uma dor aperta meu peito e desejo apagar tudo para confiar nele. Para finalmente ser capaz de esquecer e parar de me esconder. Só porque me salvou e mostra bondade não significa que posso confiar nele. Anton foi amável depois que meus pais morreram. Confiei nele, meus pais confiaram nele e foi tudo uma mentira. Descemos em direção a casa, nenhum de nós disse nada. Há tensão em seus ombros largos e suas mãos estão enroladas em punhos. Mesmo seu passo é duro. Não gosto de ter esse efeito nele. Fecho brevemente os olhos e respiro fundo.

— Dá-me força, a chuva, o sol, a lua, o vento. Sinto seus olhos e com um rápido olhar para ele, vejo que a testa franzida desapareceu. — A natureza é poderosa e pode ser cruel, mas nos dá vida. Faço uma pausa, mordendo meu lábio inferior. — Faz-me bem, sua força. É o único castigo que meu marido sabia que machucava: me trancar no quarto sem janela, sem sol, lua, vento e chuva. Kilter amaldiçoa baixinho. — Quando ameaçava me prender, fazia o que queria e sabia disso. Descobriu minha fraqueza e a usava contra mim. Deveria ter escondido melhor. Deus, por favor, não use isto contra mim. Kilter rosna. — O bastardo teria descoberto docinho. Estava com você desde que era criança. Não tinha nada que pudesse fazer, exceto sobreviver e fez. Sobreviveu. Isso é força. Dou de ombros. — Já não importa. — Importa se continua se escondendo. Dou uma rápida olhada e vejo compaixão em seus olhos encapuzados. Ou foi pena? Não quero sua pena, já estou

envergonhada de mim mesma. Ter Kilter

me olhando assim,

quando tem tanta coragem é debilitante. Não sabe nada da minha vida e, no entanto, a entendeu quando escutou meu grito no terraço e voltou para me buscar. Está tentando ser gentil e amável quando vai contra tudo o que é. Não confia nos Scars, vejo em sua maneira de falar e reagir ante eles. Há uma razão por trás e desconfio que seja ruim. Talvez pior do que sofri e, ainda assim, é forte. Não sou e odeio isso. Toco ligeiramente seu braço. Seus olhos dirigem para mim e rapidamente recuo. O que estou fazendo? Caminhamos

de

volta

para

casa,

centímetros

nos

separando e ouço sua respiração, o batimento do seu coração e sinto seu cheiro. Kilter é reconfortante e quero deixá-lo entrar, mas o risco é muito grande e não posso me expor.

Jedrik — Vamos lá, precisamos de um lugar privado. Ia pegar seu braço, mas mudo de opinião e corro através da rua. Seguido pelo som de saltos, a ouço amaldiçoar enquanto tenta manter o ritmo comigo. Pena, adoro uma garota sexy de saltos. Gosto de foder enquanto estão usando os saltos, mas não uma bruxa que tem um vampiro atrás dela. Caminhamos pela Rua Niagara, rumo à galeria de arte de Danielle. Está fechada, por ser segunda-feira, mas tenho a

chave. Delara atualmente está evitando a casa Talde e Waleron, então fica na galeria. Pego meu celular e passo o nome de Delara, então pressiono chamar. Vai direto para o correio de voz. Preciso entrar na galeria e de privacidade. — Ligue-me. Provavelmente pensaria que estou usando o lugar para uma foda rápida. — Pode parar... — Não diga uma maldita palavra, interrompo. E não o fez pelos dez minutos de caminhada, só o irritante estalo dos seus sapatos na calçada. O que incomoda sobre esta garota? Talvez o fato de que me seguiu ao bar, usando sua aparência para atrair minha atenção e traz problemas que não preciso. Devia ter dito que se fodesse e entrado no táxi... Mas preciso escutar isto, de uma forma ou de outra, porque as bruxas estão do mesmo lado que nós, gostemos ou não. Talvez não seja grande coisa. A menina bruxa, que parece ter dezoito anos, foi abandonada por Liam e estou reagindo exageradamente. Faz sentido desde que Delara é sua nova parceira para foder.

Escutarei sua história triste sobre como Liam é um idiota, depois a jogarei em um táxi e voltarei para beber sozinho o resto do dia. Paro em frente à galeria na Rua Queen, alcanço meu bolso dianteiro da calça jeans, tiro as chaves e abro a porta. Não me incomodo em acender as luzes vou para parte de trás da galeria, dizendo por cima do ombro: — Feche a porta. Escuto o clique da fechadura e em seguida, seus irritantes saltos enquanto me segue. Abro a pequena geladeira, coloco o leite e o suco de laranja para o lado e pego duas cervejas. Fecho a porta da geladeira com o pé e uso a chave para abrir as garrafas, ponho uma no balcão para Abigail, ou Abby, que seja. Recosto-me contra o balcão, levanto a cerveja e tomo metade. Quando abaixo, faço um gesto com a cabeça para ela. — Tudo bem, pode falar, assim posso seguir com minha já ruim semana. Não faz nenhum movimento para tomar a cerveja, em vez disso, olha a arte de Danni como se fosse uma exibição privada. Quando estou prestes a colocá-la pra fora e mandá-la se foder, vira para mim. — Não sei a quem mais pedir ajuda. Trinity... — Droga!

É onde reconheço seu nome, a selvagem Abigail. Corria o rumor que Trinity criou esta menina desde que era criança. Algo sobre a mãe, Leona, se matando antes que uma horda de vampiros tivesse a oportunidade de fazê-lo. — Maravilhoso. Só merda! A bruxa errante da Trinity. Deveria ter sabido. A única pessoa que odeia Delara... Trinity. — Entendo, não tem necessidade de explicar, Trinity é uma cadela vil e a prenderia no fogo se soubesse que tem algo a ver com um vampiro. — Sim, algo assim. Responde, passando seus dedos pelo cabelo, fazendo que as mechas mais compridas caíssem para frente. — A nova garota do Liam... Começa. Bufo. Bingo. Isto é sobre a menina desprezada e Delara roubar seu homem. — Se tivesse ido na aula para bruxas, saberia que os vampiros raramente são monogâmicos. Seu nariz enruga. — Não estou dormindo com ele. Isso é nojento. Tenho minha cerveja na boca prestes a tomar um gole, mas a abaixo novamente. — De verdade? Agora, isso surpreende.

Fulmina-me com o olhar. — O que acha que isso significa? Encolho meus ombros. — Doçura, me buscou no bar usando um vestido minúsculo, salto alto e sexy pra cacete. Diz-me que está envolvida com Liam, um vampiro que facilmente consegue qualquer menina que quiser e o rumor é que você frequenta o clube. Considerando que é bonita, sexy e vai a seu clube, é normal que a deseje. E você é uma bruxa rebelde que quer irritar Trinity. Então, sim, me surpreende que não esteja abrindo as pernas para ele. — Que idiota. —Espera conseguir ajuda me chamando de idiota? Continua me fulminando com o olhar, mas mantém a boca fechada. Levanto a cerveja, bebo e a coloco sobre o balcão. — Está bem, diga. Seu cabelo cai para frente cobrindo o olho direito e o afasta com um dedo. — Delara não estava no clube há algumas noites. Sei qual noite porque estava jogando bilhar comigo.

— Liam parecia nervoso e achei que era porque ela não estava lá. Os vi juntos no clube porque, como você disse, estive muito lá ultimamente. Seus olhos mudam de mim para seus pés e seus ombros tencionam. — Estava de mau humor e bebendo mais do que deveria. Porra lá vem. Podia sentir o mal-estar irradiando. — Humm, minha cabeça está um pouco confusa, mas acabei na mesa do Liam, serviu uma grande quantidade de bebidas e... — Se embebedou com um vampiro? Leu todo o manual para bruxas? A parte onde diz que "Nunca se embebede com um vampiro"? Mesmo eu sei isso e não sou uma bruxa. — Fodi tudo. Replica. — Sim, fez. Então qual é o problema? Está preocupada que Delara brigue por se envolver com seu homem? Vou dar uma pista, não dá a mínima. — Não exatamente. Ele me beijou. Estava de mau humor por causa de... Um homem. Escute, tive alguns meses de difíceis, estava bêbada, Liam é tentador e... — É um vampiro sanguinário, claro que é tentador. Esse é seu maldito trabalho, grito.

Fica calada. Junta as mãos enquanto move para se apoiar contra a parede e cruza os braços. Infelizmente, sei que há mais. — Se isto não é a respeito de beijar Liam, que mais? Limpa a garganta então diz: — Tomei uma gota do seu sangue. — Droga! Viro, agarro a beira do balcão e rosno. Jesus. Deveria empurrá-la pela porta e deixar que se cuide sozinha. Que acha que vou fazer com isso? — Por quê? — Foi um momento ruim. Balanço-me tão rápido que bato na cerveja com meu cotovelo e o líquido derrama sobre o balcão, pingando no chão. — Momento ruim? Está falando sério? Fica tensa, apertando os olhos. — Ouça, não era para ser assim. Estava... — Que porra significa isso? Evita meus olhos. — Bem. Vamos simplificar. Estava bêbada e fiz uma burrada. Feliz? — Tem alguma ideia do que fez?

Passo minha mão pelo cabelo enquanto vou até a porta, paro e viro. Liam é um sério problema, um perigoso problema. A trégua com os Scars existe porque está se comportando e não está matando nenhum humano, mas sabe que alimentar uma bruxa com seu sangue vai acabar com essa trégua. Paro de andar e encontro seu olhar. — Percebe o que uma gota pode fazer? Assente com a cabeça. Digo assim mesmo. — Vai começar a desejar sangue, sede por ele. Morrer de fome por ele e quando não puder negar a sede por mais tempo e confie em mim, não vai poder. Consumirá sangue pela segunda vez e morrerá. Então, felizmente, voltará à vida e se unirá aos sanguessugas, caçando seres humanos, sendo caçados por nós quando matar alguém, as alegrias de ser um bastardo dos mortos vivos. Mas isso não é tudo... Liam se torna seu mestre. Será seu animal de estimação. Chama e você vai. Diz traz, você leva. Diz abra as pernas... Paro quando a ouço chorar. — Merda, Abby, estou sendo um idiota. Aproximo, coloco meu dedo debaixo do seu queixo e inclino sua cabeça para poder ver seus olhos. — Abby, sinto muito. Isto é ruim, não quer essa vida. Não acho que os vampiros queiram essa vida.

Aproxima-se do retrato que Danni pintou de Balen e para na frente dele. — Ouvi falar dele, Balen. Bebeu de um vampiro e lutou contra o veneno, não fez a Transição. — Por isso está aqui. Digo mais para mim do que para ela. Assente. Poderia lutar como Balen fez? É possível? Levou anos para que Balen se desfizesse do sangue de vampiro e isso quase o deixou louco. — Não sei, é um Scar. No começo da nossa existência, tivemos um Scar passando por isto depois de consumir sangue de vampiro. Abby, não é um antigo como Balen ou imortal, é uma bruxa. Combater a sede de sangue pode levar anos. Gira sobre seus saltos e me enfrenta. — Não me transformarei em vampiro se posso lutar contra isso, certo? — Pode sobreviver, mas isso é pouco provável. — Poderia tentar? Me aproximo dela e ponho as mãos sobre seus ombros. — Doçura, não vai funcionar. Você é uma bruxa de vinte anos. Será impossível lutar contra o sangue centenário do vampiro, morrerá ou se transformará. Seus olhos endurecem. — Sou mais forte do que pensa.

Droga. Que espera que faça? Tornar-se-ia um vampiro e escrava de Liam. Não gosto, mas é a realidade. — Podemos tentar? Por favor, preciso tentar. Não posso me transformar em um vampiro. Não agora. Houve

algum

momento

no

tempo

que

queria

se

transformar em um sanguessuga? — Teríamos que achar um lugar isolado para que se esconda e alguém que a acompanhe enquanto passa por isso. Seus ombros apertam. — Tenho que fazer isto. Diz. Puxo o celular e toco na tela. — Chamarei o Waler... Arranca o telefone da minha mão. — Não pode chamá-lo. Se Waleron souber, será obrigado a dizer para Trinity, que dirá para Mariana, que se dirigirá aos Wraiths. Sim, isso é exatamente o que aconteceria. — Trinity não pode saber. Vai me matar. Provavelmente é verdade. Seus olhos separam dos meus e move os pés. Foda. — O que não está dizendo, Abby? — É complicado. — Descomplique doçura.

— Estou grávida. — Jesus Cristo! Grito enquanto piso no cavalete vazio e o chuto. Os pedaços de madeira cedem à pressão e caem no chão. — Não sabia, fiz o teste hoje. Santa Mãe de Deus, este tem que ser o pior cenário possível. Passar pela desintoxicação gravida, não ia funcionar e a Transição de um vampiro grávida, provavelmente mataria tanto a mãe quanto a criança. Balanço a cabeça e viro para ela. — Espere um segundo, os vampiros são incapazes de... — Já disse que nunca fodi com o Liam e quando tomei a gota de sangue não sabia que estava grávida. — De quem é? Estremece e soube que não ia gostar do que escutaria. — Damien. Damien? Isso é impossível. Não pode estar falando do Scar Damien. — Se mudou daqui para... — Florida, sei disso. Damien, o molestador de mulheres. Damien a quem chamo de rei virgem. Damien o arrogante insensível fora de controle Rastreador Visionário que foi enviado para o Descanso por matar alguém. O boato é que foi acidente, mas tenho minhas dúvidas.

— Estupro? Seus olhos arregalam. — Deus, não. É claro que não. E ele não sabe, ok? Também não quero que saiba. Foi coisa de uma noite a dois meses e não significou nada. Suspiro, passando a mão pelo meu cabelo. — Por que eu? Por que me colocou nisto? — Delara. Diz suavemente. — Encontrei com ela algumas vezes no clube e falou de você. Faz uma pausa. — Realmente não tenho ninguém mais a quem recorrer. — Por que não contou para Delara? Seu nariz enruga novamente. — Liam é um vampiro. Dou de ombros. — Pode ler pensamentos. Se falar com Delara e Liam ler seus... — Pensamentos. Termino. Delara mantém bloqueios sobre seus pensamentos, mas Abby tem razão, seria arriscado. — Por que caralho bebeu seu sangue? É um vampiro e você é uma bruxa. Os dois nem sequer devem estar juntos na mesma sala.

Alguma coisa não faz sentido, mas não consigo precisar o que. Por que Liam daria uma gota do seu sangue para uma bruxa beber? O que ganharia com isso, exceto irritar os Scars e as Bruxas? Aproximo da pia, pego o pano e limpo a cerveja derramada antes de jogar a garrafa vazia na lixeira debaixo do balcão. — Abby, isto é sério, preciso de alguns dias para descobrir como fazer. Assente. — Sim, claro. Ah, desaparecerei por um tempo. — Não um tempo. Desejará o sangue logo, provavelmente já. Liam a quer no clube em cinco dias, certo? Assente novamente. — Está bem, suponho que acha que seus desejos serão suficientemente fortes, então pode facilmente convencê-la a beber novamente. Não queremos que desconfie de nada, então preciso que apareça. Enquanto isso vou contatar algumas pessoas, que prepararão as coisas para escondê-la. Faça o que fizer não estrague tudo bebendo mais sangue. Se o fizer, isto termina, não terá nenhuma chance. — Sem o Waleron? Pergunta Abby. — No momento, não. Liam está em sua lista e escutar isto poderia começar uma guerra antes que estejamos preparados. — De acordo.

Estendo a mão. — Dei-me seu telefone. Alcançando sua pequena bolsa vermelha no ombro, abre-a e puxa seu telefone, tocando a tela antes de colocá-lo na minha mão. Adiciono minha informação de contato e o devolvo. — Fique em um hotel e feche a porta. Somente serviço de quarto. Quanto menos perto de humanos, melhor. — Está bem. Volta a colocar o telefone na bolsa e se dirige a porta. Para, me olha por cima do ombro. —

Cometi

um

erro

e

estou

disposta

a

sofrer

as

consequências, mas não quero que ninguém caia comigo. Então, se isto será um problema com os Scars, precisa me dizer. Pisco um olho. — Doçura, uma donzela em apuros é minha especialidade. Ficarão bem. — Enquanto Waleron não souber. Bufa. — Oh, não estou em apuros. Simplesmente estou grávida de um homem com quem troquei cinco palavras e sou confrontada com algo chamado desintoxicação ou transição para um vampiro sedento de sangue, sendo que ambos podem me matar. Diria que a morte está batendo na minha porta e

estou abrindo e deixando-a entrar por ser suficientemente estúpida.

Rayne Levanto a cabeça no momento que ouço a porta do quarto abrir. Sempre tive o sono leve, precisava-o, onde cresci nunca quis ser pega de surpresa. —Kilter. Sussurro quando o vejo na porta. Levanto o edredom até o pescoço, meu coração batendo rápido enquanto se aproxima da cama. Não o vi em três dias e sei o porquê. Depois da nossa conversa no jardim, está tentando me dar espaço. Li os seis livros que encontrei na mesa de cabeceira em ambos os lados

da cama enquanto sentava na frente da janela com a brisa suave acariciando meu rosto. — Docinho. Para ao lado da cama. Seus olhos têm olheiras embaixo deles, seu cabelo está despenteado e úmido como se acabasse de sair do banho. Respira fundo e seu cheiro de sabão é bom, realmente muito bom. Sempre cheira bem. É por isto que devo evitá-lo, faz com que me sinta diferente. Faz-me querer confiar nele. — Fiz um shake de proteína para você. Está na cozinha. Reconheço o padrão, colocando comida na minha frente, esperando que de repente eu mesma coma. Anton fez isso durante anos até que se deu conta que não ia funcionar. Inala como se fosse dizer oura coisa, mas muda de ideia. Suas têmporas pulsam e suas sobrancelhas descem. É sua carranca normal, mas suas mãos estão fechando e abrindo, o que preocupa porque parece inquieto. Está esperando que responda? — Obrigada. Dá um aceno afiado, em seguida passa sua mão pela barba por fazer de dois dias. — Os outros pensam que deve ir para o centro de reabilitação. Fico tensa. Um centro de reabilitação? — Por causa do seu peso. Rosna baixinho.

— Merda, docinho, vou lutar com eles por isso. Estou lutando contra. Não é o lugar indicado para você. As sobrancelhas de Kilter franzem e seus olhos escurecem. — Não vou permitir que parta. Vou convencê-los, sabe disso não é? Não pode pará-los ou pode? São Scars, no plural e ele é só um. Suspeito que Kilter pode e dará conta de dez deles se quiser, mas as probabilidades estão contra. Estica-se para alcançar e colocar uma mecha de cabelo preto do meu rosto atrás da minha orelha. É um toque lento, deliberado, as pontas de seus dedos queimando sobre minha pele. Engulo incapaz de respirar enquanto seus intensos olhos caem nos meus. O chocolate ardente, meu coração errático e meu ventre dão um salto. — Posso ajudar. Precisa de ajuda, mas essa não é a melhor forma. Assinto e abaixo os olhos. Manter meu escudo no lugar, com Kilter, está ficando mais difícil. Põe a mão debaixo do meu queixo e me obriga a olhar em seus olhos. — Preciso que confie em mim. Pode fazer isso?

Confio nele, mas não em seus amigos. Um calafrio percorre meu corpo com a ideia de ser trancada novamente. Não. Nunca mais. Prefiro morrer. O polegar do Kilter acaricia meu queixo. — Preciso de uma resposta docinho. — Estou tentando. É o melhor que posso fazer. Hesita por alguns segundos, seus olhos procurando os meus e depois assente. — Estarei no ginásio se precisar de mim. Vejo-o partir, desejando poder confiar em suas palavras, mas sabendo que é mais seguro ficar escondida.

Kilter Sento nos bancos do ginásio, envolvendo as mãos e pulsos enquanto as imagens de Rayne martelam em minha cabeça. Minhas entranhas dizem que está escondendo alguma coisa, mas, não posso entrar em seus pensamentos e tem medo de confiar em mim. Entendo. Não deveria confiar em ninguém depois do que passou, mas mesmo assim é frustrante. Anstice

e

Keir

têm

razão,

precisa

de

ajuda,

desesperadamente. Terapia. Intensiva. E rápido. Penso em

chamar Danni. É um Refletor e pode ler facilmente as emoções e é capaz de entrar em sua cabeça. O problema é que a mente de Rayne tem uma barreira impenetrável ao redor e Danni é nova nos Scars. Tem Xamien. É um Antigo, um Taldeburu, um Refletor e sua avó era uma bruxa. Poderoso demais. Pode ser capaz de chegar a ela, mas duvido que voe da Espanha a Toronto para ajudar uma menina que não é um Scar. Levanto, me aproximo do saco e dou meu primeiro golpe. O tecido vermelho choca contra meus nódulos. Acerto uma e outra vez, saltando na ponta dos pés, trocando os golpes. Uma ou duas horas no saco é uma maneira segura de desfazer do que pulsa através do meu corpo, para esgotar e adormecer as emoções. Aprendi a usar o exercício durante os últimos cem anos, quando vivi meu próprio vazio negro de auto desespero. Não tenho nem ideia de quanto tempo bati no saco quando escuto a porta do ginásio abrir. Não me incomodo em levantar os olhos. — Bata nesse saco com mais força e vai tirá-lo do teto. Se quebrá-lo, Keir baterá em você. Suor escorre pelo meu rosto e minha pele brilha com a umidade. Rosno e bato outras cinco vezes antes de estabilizar o saco com as duas mãos e virar para olhar Delara. Tem uma toalha pendurada sobre seu ombro, usa calça preta e uma

camisa de ioga branca lisa. Seu cabelo cai sobre os ombros em desalinho como não incomodasse em escová-lo esta manhã. — O que está fazendo aqui? Deixa cair à toalha no banco e muda para o tapete azul na frente do espelho que vai do chão ao teto. Junta as mãos, depois põe os braços sobre a cabeça e estica. — Waleron convocou uma reunião esta manhã. Cheguei cedo, então pensei em treinar. Rosnei. — Interessado em uma luta rápida? Pergunta Delara, levantando suas mangas e arqueia as sobrancelhas enquanto separa as pernas à altura dos ombros e abaixa, tocando o chão com as palmas das mãos e pula. Faço uma careta. — É uma mulher. Endireita-se — É um idiota, mas mesmo assim lutarei com você. Aproximo-me do banco e tiro as ataduras das mãos. — O que? Está com medo de perder para uma mulher? Agora isso é imaturo. — Poderia matar você e ter que lutar com Waleron. — Não vai se importar. Vamos, não seja um covarde.

Cadela. Também corajosa. Posso ter vivido em um Talde diferente de Delara, mas sua história com Waleron é bem conhecida em todo o mundo dos Scars e tão certo assim como importará. — Melhor de três em cinco. Vou para o tapete. Delara quer lutar e mostrar o que sabe. Mostrarei porque mulheres e homens nunca competem uns contra os outros. Estou na frente dela, com as sobrancelhas levantadas e um sorriso sutil. — Ah, recomendo que você tome um banho para tirar esse cheiro de vampiro antes de sua pequena reunião com Waleron. Encolheu os ombros. — Já sabe. Interessante. — Fodendo um vampiro. Liam? Não precisa dizer, vejo a verdade no seu rosto. A mulher de Waleron fodendo um vampiro, agora isso é explosivo. Porque apesar de não estarem juntos, Delara pertence à Waleron. — Não dou a mínima para quem você fode. Abro minha postura. — Está pronta para perder? — Fui treinada pelos melhores, você sabe! Diz Delara. Sim, sei, Waleron a treinou.

— Ainda continua sendo uma mulher. — Vamos fazer um trato? — Não há nada que queira que possa me dar. Digo. Delara

sorri

enquanto

toma

sua

posição;

braços

estendidos, pernas abertas, joelhos dobrados. — Preciso... Interrompo-a. — E não brinque com as apostas. — Ah, supere a si mesmo. Levanta sua mão quando vou dizer alguma coisa. — Quero que alguém me ensine a cozinhar e ouvi que é surpreendentemente bom nisso. — Sou fenomenal nisso. — Ainda melhor. Se eu ganhar, você me dá cinco aulas. Se você ganhar, o que quer? — Que cale a boca. Digo. Delara revira os olhos. — Não vou falar com você durante a semana inteira. Rosno para cobrir minha risada. Droga, gosto dela, mas ainda vou derrubá-la. — Está pronta para bater o tapete? Delara abaixa a postura.

— Está pronto para pedir misericórdia? — Não vai acontecer. Faço meu movimento.

Delara quase me deu uma surra... E seria bem merecido. Dou crédito quando deve, é uma excelente lutadora. Porra me derrubou no chão duas vezes antes que recebesse o suficiente para pedir misericórdia. Subo as escadas correndo e entro na cozinha para pegar algo para beber, suor escorre pelo meu peito e na minha testa. Paro. Meus pés tornam-se pesos de chumbo de mil libras, quando meus olhos contemplam todos os que estão de pé na sala ao lado. Meus olhos estreitam e o coração salta uma batida. Que está acontecendo? Delara se aproxima de mim. Não preciso ver seu rosto para saber que algo errado está a ponto de acontecer e não é só uma reunião entre Waleron e Delara. — Que porra é essa? Rosno. Tento entrar em suas mentes, mas cada um deles está bloqueado. Olho por cima do meu ombro para Delara, mas recua e se nega a dizer qualquer coisa.

Uma onda de nevoeiro aparece junto à entrada da sala de estar do lobby e minhas mãos curvam em punhos. Ótimo... Waleron. Não sou fã do Taldeburu frio e odeio quando se transforma em uma sala. O Taldeburu é tão cruel como parece. Protege os Scars com uma luva de aço e não leva desaforo para casa. Os bons pontos de Waleron: sem mentiras e sua lealdade aos Scars é incomparável. Waleron mede um metro e noventa e oito centímetros, mantém a cabeça raspada e tem olhos azuis, que em algumas ocasiões parecem quase brancos quando está com raiva... Embora raramente perca a calma. Tem uma maldita tatuagem de serpente. Seu Ink sobe debaixo da camiseta preta para o pescoço e enrosca atrás de sua orelha esquerda. Pelo que sei a tinta de Waleron não foi liberada desde o dia em que escapou do covil dessa cadela Lilac. Não sei exatamente o que aconteceu, só que Waleron e seu Scar estavam loucos de raiva. Quando voltou, estava frio e calmo como sempre, como se não tivesse sido torturado e mantido em cativeiro por sessenta e um anos. Exceto que era uma calma diferente, mas como um silêncio de emoções. Seus olhos azul-gelo voltam para mim e não são felizes. — Voltou ao complexo quando disse especificamente que estava fora dos limites até que avaliássemos a situação. — Ela precisava sair.

Olho seu Ink. Permanece imóvel, mas seus olhos brilham vermelhos. Porra está com raiva. — Sim, mas precisávamos averiguar o que estavam fazendo ali e foi lá e botou tudo a perder. Ando para a porta e entro na sala de estar. — Estava abusando dela. Minha voz é áspera e baixa enquanto a fúria ferve. — Foram três semanas, não ia esperar mais tempo. A sala está em silêncio enquanto Waleron e eu nos enfrentamos. Ninguém é estúpido o suficiente para interromper qualquer um de nós. — A menina. Diz Waleron. Fico rígido. — Keir informou do seu estado e decidimos que irá para um centro de reabilitação. — Como? Você decidiu? Vocês decidiram? Cada músculo contrai quando suas palavras me atingem. — Sobre o meu cadáver. Mudo meu olhar de Waleron para Keir, Jedrik, Hacke então por cima do meu ombro olho para Delara. Todos evitam olhar diretamente para mim. Todos sabiam que isto ia acontecer. Sem discussão... Foi decidido sem mim.

— Eu a tirei. Ficou sentado enquanto era abusada. Não. Primeiro terá que passar por mim. Consigo dar dois passos para as escadas do porão quando Waleron se aproxima, com a mão presa no meu braço. — Kilter, esqueça. Adverte Waleron em um tom amargo. Solto meu braço. Calor queima em meus olhos enquanto minha raiva pulsa. — Kilter, homem, ela precisa de ajuda. Diz Jedrik. Meu olhar se move para Jedrik sentado na beira do sofá de couro,

com

os

antebraços

apoiados

nas

coxas,

mãos

entrelaçadas. Meus olhos disparam para o vaso antigo situado na mesa atrás de sua cabeça e com minha habilidade, quebro-o em pequenos fragmentos. Por isso que nunca confio em ninguém. Foram nas minhas costas e fizeram o que pensaram que é melhor. Sem me consultar. Sem discutir. Nada. Não será trancada. Foda-se. Jurei. Pedi que confiasse em mim, caramba. É uma traição permeada de desconfiança. Nunca vai me perdoar. Sei o que é perder a fé nas palavras de alguém e não farei isso. Consigo dar mais dois passos para as escadas antes do meu corpo congelar. Fui paralisado. — Deixe-me ir, bastardo sangue-frio.

Um baixo murmúrio de vozes desloca através da sala e sinto que a energia ao redor de cada um dos Scars sobe. Keir avança e assente

para Waleron. Sei que estão falando

telepaticamente enquanto me bloqueiam. — Se tem algo para falar, fale. Digo. Delara me toca, caminha pela sala e sai. Pela sua reação, não concorda com a decisão de Waleron e Keir. Um ponto a seu favor. Anstice passa a mão na mão de Keir. — Kilter, não faça isto. Ouça o que têm a diz... — Fodam-se! Os olhos de Keir brilham e seu maxilar tenciona enquanto tranquilamente avisa: — Cuidado. A habilidade de Waleron só pode me segurar um minuto e então o caos se instalará. — Vai deixá-la partir. Diz Waleron. Luto contra o poder de Waleron, meus olhos ardem quando meus poderes surgem. — Tranque-a, assine sua sentença de morte. — Estará segura lá. Diz Keir, movendo-se lentamente para mim. — Nunca faríamos nada que pudesse machucá-la. Sabe disso, Kilter.

Uma fria fúria me envolve. — Não, caralho! Não! Prometi para ela e para mim. O tom de Waleron é calmo e frio. — A decisão não é sua. Seu aperto finalmente cai e flexiono minhas mãos em punhos. — Pode deixar a reabilitação se quiser, mas deve dar-lhe uma oportunidade. — Isso destruirá o que sobrou dela. Não é o que precisa. Não ela. Não dessa maneira. —Garantirei que tenha ajuda. —Não, Kilter. Diz Waleron com sua voz monótona. — Já está muito protetor com esta mulher. Meus olhos dirigem para seu Ink, enquanto se move sobre seu pescoço. —Você não terá nenhum contato com ela enquanto se recupera. — O que? Isso é uma idiotice. Rosnei. — Desobedeça e o mandarei para o Descanso. Afaste-se dela. Ordena Waleron. — Precisa de tempo. Deixa-a ir. Uma advertência. Não pressione Kilter.

Não reajo bem às ameaças e sei que esta briga pode me colocar em Descanso, mas nunca recuei a nada na minha vida. E esta escolha é de Rayne, não deles. Balanço a cabeça para um lado e envio a parede de livros completa voando das prateleiras e para Hack. Com a distração, agacho e rolo para Jedrik que agora está de pé e vindo em minha direção. Chuto-o e o derrubo. De um salto fica de pé, vira para mim e balanço, atingindo-o no queixo e mandando-o de volta para Hack. — Acalme-se, idiota. Murmura Jedrik. Mergulho para a direita, quando as mãos de Waleron levantam. Manda um raio de energia para mim, mas mexo no último segundo e bato em uma cadeira antiga, fazendo-a voar para a lareira. Levanto e corro para as escadas do porão, mas paro quando Keir para na porta e bloqueia a passagem. — Não faça isso, Kilter. — Tenho que fazer. Digo, então oscilo para ele. Keir agacha, desvia, me bate no queixo e tropeço para trás. Antes de recuperar meu equilíbrio, me dá um chute no abdômen, mas estou preparado para isso, viro e com uma tesoura dou um chute tirando-o de seus pés. Com a passagem livre, corro para a porta, mas não a alcanço, tropeço e caio para a parede. Caralho. O que? Minha

visão fica borrada e agarro minha cabeça com ambas as mãos enquanto caio de joelhos.

Waleron está a poucos metros de distância, os olhos de seu Ink brilhando vermelhos enquanto se move sobre seu pescoço. — Avisei uma vez. Seis meses. Seis meses? O bastardo está me colocando em Descanso? Alcanço a maçaneta da porta, viro-a e então caio de costas. Luto um com toda força para manter os olhos abertos, contra o grande peso que nega a ceder à minha impenetrável vontade. Tento incentivar meu Ink a subir, mas é tarde demais. É muito tarde. — Prometi. Não volte a trancá-la. Digo a Waleron. — Cristo, o que ela fez para... Sabe o que é ser torturado, Waleron. Dê uma opção... Encontre outra maneira... Vou para o maldito Descanso.

Rayne Congelo, curvo a mão ao redor do cabo da escova de cabelo, quando escuto o rosnado de Kilter das escadas. — Kilter. Inalo. Minha pele arrepia e meu estômago cai. Escuto. Nenhum movimento, sem brigas, mas escuto suas palavras: "Vai destruir o que sobrou dela". Deus, estão falando de mim. Kilter avisou que queriam me levar para algum lugar. Há um grande estrondo, choque e depois mais gritos. Não tenho escolha.

Deixo a escova no chão e corro para o final da cama, coloco os pés nos sapatos que Anstice me deu e corro para a janela. Abro a trava e a empurro abrindo-a antes de bater o punho na tela. Demoro três tentativas para subir no parapeito da janela e sair. A janela está no nível do chão e escapo sobre meu estômago. Quando arrasto até o final, olho para trás com a louca esperança que verei Kilter, para saber que estou bem e sim, inclusive esperando-o para me impedir. Meus olhos pegam a lâmina sobre a cômoda, uma das facas que Kilter normalmente guarda em sua bota. É menor do que a que leva em sua coxa. Uma dor aguda atravessa meu peito e em silêncio sofro por dentro, com medo de deixá-lo, mas sabendo pelos sons das escadas que esta é minha única opção. Kilter sinto muito. Por favor entenda, não posso arriscar. A imagem dele me olhando enquanto sentava no chão do banheiro no complexo invade. A surpresa, o alívio e então a esperança. Deu-me isso. No entanto ficar é um risco que não posso assumir. Fico de pé e atravesso o pátio, me escondendo atrás dos arbustos e árvores, indo em direção ao portão de ferro. Não tem ninguém por perto, mas isso não significa que não virão atrás de mim.

Kilter? Será que fugiria comigo? Deus é claro que não. É um Scar como eles. A brisa fresca da primavera atravessa meu cabelo e meu coração acalma enquanto o corpo rejuvenesce quando a natureza me dá sua força. Não sei por que sempre me sinto mais forte sob o sol, a lua e a chuva, mas é como se me alimentassem de vida. Apoio contra uma árvore, recuperando o fôlego, minhas pernas tremendo e parecendo como estivessem prontas para partirem ao meio, estão tão fracas. É tarde demais para que a natureza me dê vida. Estou morrendo. Normalmente funciono com os poucos nutrientes que consumo. Cobrou seu preço dia a dia, semana após semana, perdendo mais e mais peso. No princípio, parei de comer para reprimir minhas habilidades. Depois tornou meu controle e recompensa, minha fuga, esconderijo onde ninguém podia alcançar nesta concha vazia. Olho para a casa, mas não vejo ninguém vindo atrás de mim. Vou até o portão, meu corpo contra ele, mãos agarrando as barras, o coração palpitando, membros tremendo. Olho por cima do meu ombro para a casa: medo de sair, medo de ficar. Deus, Kilter, o que estou fazendo? Em quem posso confiar?

Waleron Anstice

e

Keir

tinham

avisado

que

Kilter

era

estranhamente protetor de Rayne, mas não esperava ter que colocá-lo em Descanso. Não gosto de colocar nenhum Scar em Descanso, exceto Tarek, esse idiota merecia a morte pelo que fez para Delara. Jedrik cai no sofá, Hack a seu lado, livros espalhados a seus pés. Anstice agacha junto ao corpo imóvel de Kilter no chão e verifica seu pulso. — Isso foi um golpe duro. Diz Jedrik. Keir aproxima de Anstice, colocando a mão em seu ombro e ela o olha. — Não entendo, sei que se sentia responsável, mas ele ... Jedrik termina sua frase. — Enlouqueceu? Apoio contra o marco da porta, cruzando os braços. — Para ele, Rayne é Gemma novamente. — Gemma? Pergunta Anstice. —A mulher que Kilter amava há mais de um século. Responde Keir.

— Estava lá quando seu irmão, Ulrich, sequestrou-o e depois o torturou. Continuo. — Está tentando proteger Rayne, onde pensa que falhou com Gemma. O que se recusa a ouvir é que não deve nada a Gemma. Jedrik me olha. — O Descanso é duro. Mantenho a expressão neutra. — Não deveria ter nos atacado. Sabia as consequências. Passo o dedo sobre meu Ink quando sinto o calor dos seus olhos sobre a pele. — Rayne não pode se recuperar se ele tentar fazê-lo por ela. Precisa de tempo para se curar. — Está frio como o gelo. Declara Anstice, a mão sobre a cabeça de Kilter. — Isso é normal, amor. Diz Kier. Anstice é nova nos Scars e nunca viu um Scar em Descanso. O corpo de Kilter será desligado até que o tire do Descanso. — Permanecerá em Descanso durante seis meses. Digo. Anstice ofega. — Seis meses? Isso é muito tempo. Tinha medo por ela...

Interrompo-a. — Foi contra mim, isso é inaceitável e contra nossas leis. Fico tenso quando cheiro Delara aproximando-se da casa. A porta da frente abre e fecha e então escuto seus passos tranquilos no chão de pedra do corredor que conduzem à sala de estar. Dou uma olhada por cima do ombro e faço um gesto com a cabeça. — Delara. Evita me olhar, mas tem esse brilho teimoso nos olhos. — Está saindo. Suspiro. Não podemos permitir que isso aconteça. — Não pode sair, vá atrás dela. Levanta o queixo e me olha nos olhos. — Não a levarei para um centro de reabilitação. Pode ser o método adequado para alguns, mas Rayne não é como os outros. Kilter tem razão. É o ambiente errado para ela. Olho para Kilter no chão e depois para Keir que tem os olhos fixos em mim, esperando para ver se hesitarei ante a desobediência de Delara. Não o faço. — Leva-a para a galeria, pode ficar com você. — Huh? Delara franze as sobrancelhas com confusão.

— Encontrarei um terapeuta especializado em transtornos alimentares. Rayne pode viver lá e ir para a terapia todos os dias. O argumento de Kilter teve mérito e estou disposto a ceder, especialmente porque Rayne está pronta para fugir, o que significa que nos ouviu e é mais do que provável que não ficará na reabilitação de qualquer maneira. — E se recusar? Pergunta Jedrik. — Lidaremos com isso quando chegar o momento. Digo, mas não o fará. Não quando não tem dinheiro nem para onde ir. É uma de nós, queira aceitar ou não. — Precisamos descobrir o que estavam fazendo no complexo. — Acha que nos dirá? Quero dizer, está bastante traumatizada. Diz Jedrik enquanto chuta um livro para o lado. — Ryker estava muito drogado para lembrar o que estavam fazendo lá. Digo. — Uma vez que Rayne esteja forte, poderá dizer mais. Sabemos que era vital para seu marido. Keir franze a testa. — Vital como? Aproximo de Kilter e olho para ele. — Com sua desnutrição, seu corpo estava funcionando muito pouco, está em modo sobrevivência. O que significa que

suas habilidades diminuíram e não fomos capazes de detectálas, mas Genevieve percebeu quando a tocou. Levanto a cabeça e olho para cada um deles. — Rayne é um Scar.

Rayne Passo uma perna através da placa ao lado da coluna de pedra, em seguida a parte superior do corpo. Estremeço quando o ferro pressiona contra mim enquanto contraio para caber. Consigo chegar à metade do trajeto quando uma mão enrola no meu braço e puxa. Antes que possa gritar, minhas costas estão presas contra um peito duro e uma mão cobre minha boca. Grito mesmo assim, mas sai sufocado e patético. Chuto meu novo captor, mas bato em nada além do ar. — Rayne, pare. Congelo enquanto puxo o ar violentamente para dentro e para fora do nariz. Roarke? — Vou tirar minha mão, não grite. Assinto e pego sua mão.

Vira-me em seus braços, mãos colocadas nos meus quadris. — Obrigado. Caralho está bem. Voltei para o complexo e tudo foi destruído. Roarke é tão alto e musculoso como Kilter, mas se parece com um bonito cavalheiro inglês enquanto Kilter tem aspecto de um escocês das montanhas. Seus traços definidos estão tensos e cansados, tem linhas escuras debaixo de seus olhos em forma de amêndoa e os cantos da boca desenhados para baixo. — O que está fazendo aqui? — Venha. Afasta-me da porta, leva para a sombra de um carvalho e me pressiona contra o tronco da árvore. Aproxima de mim, um braço estendido sobre a minha cabeça, palma no tronco, o outro no meu quadril. — Pensei que estava morta. Sua mão move do meu quadril para meu rosto e pega minha bochecha. Movo a cabeça para o lado para evitar seu toque e abaixa o braço. Suspira. — Ben disse o que aconteceu e...

Ofego, estômago embrulhado. — Ben está vivo? — Estava bastante queimado pela explosão e tinha um ferimento de faca, mas quando o encontrei estava respirando e consciente. Terminei, não queria arriscar que aquele traste vivesse. Matou Ben? Não entendo. Trabalhavam juntos. Bem, um pouco juntos. — Anton está morto, Rayne. Vi seu corpo, não pode mais machucá-la. — Sei. Digo, baixando meu olhar do seu. Tento bloquear as

emoções

que

Roarke

traz,

mas

me

assombram

violentamente. — Rastreei os Scars até aqui, mas o lugar estava fortemente bloqueado. Só a vi uma vez no jardim com um dos Scars. — Kilter. Uma dor bate no meu peito e olho para a porta. O machucaram? Devo voltar? Roarke deixaria? — Está fugindo deles? Foi ferida? Nego, mechas de cabelo caindo na frente do meu rosto. — Não, foram gentis.

Sempre falou comigo, mas nunca me ajudou a sair de lá. É um lembrete do que meu marido fez, da dor. — Venha comigo. Diz. Por que se viu como Anton me usava? Por que não parou o que estava acontecendo? É um Grit e bastante poderoso. A porta range e ambos ficamos tensos e nos viramos. — Porra, murmura. Separa-se da árvore e para na minha frente, me bloqueando com seu corpo. Ando para ficar ao lado dele. Seu braço dispara na minha frente. Poderia ter sido bom para mim, mas também é mortal. Todo mundo ficava nervoso com ele no complexo, inclusive Ben. Uma mulher para a alguns metros de distância com uma mão perto do quadril enquanto a outra segura uma arma apontada para Roarke. Tem uma pele suave e bronzeada, seu cabelo é uma bagunça confusa de mechas, de aparência áspera. Anton teria odiado isso. — Agora, isto é interessante. O que um Grit faz na porta da casa de um Scar? Deseja a morte? Os olhos da mulher se movem para mim e meio que sorri. — Sou Delara. Anstice mencionou-a. Sua atenção volta para Roarke e agita a arma para a direita. — Afaste-se dela.

Não se move e suas mãos enrolam em punhos. Deus, vai matá-la. Uma arma não vai pará-lo. Escutei histórias de terror de Anton a respeito das mortes de Roarke, sua crueldade. Anton sempre o controlou, mas agora está sozinho e não tenho certeza do que fará. Toco o braço dele, sentindo os músculos flexionarem embaixo, mas mantém os olhos focados em Delara. — Roarke, por favor, vá. Não quero que a machuque, por favor. Olha-me, a boca apertada e profundas linhas entre seus olhos enquanto franze a testa. Então passa a mão por seu cabelo castanho, que paira um pouco acima das orelhas. Seus olhos fixam em mim e no momento que cede eles suavizam. — Vou porque está pedindo. — Movimento inteligente, Grit. Diz Delara. Os olhos de Roarke disparam para ela e seu tom é áspero e agravado enquanto diz: — Se descobrir que foi machucado de qualquer forma virei atrás de cada um de vocês. Delara levanta as sobrancelhas e mexe o quadril enquanto empurra a arma na parte traseira de sua calça jeans. — Não ferimos pessoas inocentes, idiota. Só os Grit fazem isso.

Roarke a fulmina com o olhar e seguro o fôlego, rezando para que esqueça isso. Então diz: — Pode considerar o que pedi Rayne? Ir com ele? Pertencer a outro homem? Não. Nunca. Não digo nada porque não é o momento adequado para dizer que não. Passa sua mão do meu braço para minha mão, colocando um pedaço de papel na palma e fechando meus dedos ao redor. — Se precisar de mim. Beija minha testa. Então afasta as mãos de mim e enfrenta Delara. Abaixa a cabeça. — Foi um prazer. Depois casualmente se afasta. Fico de lado e afundo contra a parede. — Adorável, não? Diz Delara. — O maior recurso de um Grit, mas acho que você já sabe disso. Concordo. Era o único Grit no complexo, embora não sei se era o único que trabalhava para meu marido. — Rayne sei que estar conosco é esmagador, mas queremos ajudá-la. Delara se aproxima e apoia contra a parede ao meu lado.

— Pediram-me que a impeça de fugir, mas gostaria que escutasse o que tenho a dizer, depois decida. — Não posso ir para onde querem. Não ficarei presa novamente. Nunca. Outro complexo. As lembranças estão muito frescas, muito reais. Não posso. Recuo um passo para longe dela. Depois outro. Delara assente com a cabeça. — Kilter contou? Não digo nada, não quero que se meta em mais problemas do que já escutei. — Rayne, tudo bem. Kilter lutou contra e nosso Taldeburu mudou de ideia a respeito de um centro de reabilitação. — Não tenho nem ideia do que significa Taldeburu e não tenho certeza se está quebrando o bloqueio da minha mente ou vê a confusão em minha expressão, mas explica: — Waleron é nosso Taldeburu, o líder dos Scars aqui na América do Norte. Kilter manteve sua promessa e os convenceu. —Ele está bem? O ouvi gritando. Parecia tão irritado. Hesita e meu coração acelera. Deus, por favor, não permita que esteja machucado. — Está bem.

Fecho os olhos, assentindo e inalo uma longa e fraca respiração. — Temos uma ideia. Que tal morar comigo? Não é muito, nada como este lugar. É um apartamento no centro da cidade em cima de uma galeria de arte. Estende a mão, pega minha e a aperta. Afasto-me. — Rayne, será melhor estar com pessoas que sabem o que aconteceu, ou ao menos têm uma ideia. Pode ficar comigo e Waleron vai encontrar alguém para tratá-la. Queremos ajudá-la e não tem nenhum lugar para ir. Prometo que não a envolveremos nos assuntos dos Scars e pode começar de novo. — O que Kilter diz? Delara mexe os pés e seus ombros apertam. — Kilter teve que ir. Ofego, o coração batendo no peito. — Está seguro e ileso, mas não estará aqui por um tempo. Kilter se foi? Simplesmente se foi? Apesar do fato de que eu estava fugindo, dói que partiu. É melhor assim, talvez soubesse disso. Comecei a sentir alguma coisa e isso é perigoso. Um vazio se instala dentro de mim... Um negro vazio familiar que se tornou a minha solidão e desespero. Não tinha mais nada. E tem razão, não tenho nenhum lugar para ir.

Abaixo a cabeça e concordo. — Tudo bem. Digo.

Rayne Delara muda a velocidade e afasta da luz vermelha. — O apartamento de Danni está sobre a galeria de arte. Balen, sua outra metade, comprou uma casa na área de Rosedale, então tenho passado a noite lá. É pequeno, mas tem dois quartos e está em uma ótima parte da cidade. Fico olhando fixamente pela janela, sinto um vazio no estômago. Sei o que é... Kilter. Transformou-se na minha rede de segurança, com buracos, mas ainda uma rede de segurança e agora se foi.

Delara aproxima e põe sua mão sobre a minha. — Está tudo bem, ficará bem. Aperta minha mão e depois a coloca novamente no volante. — Está muito fodida. Dirijo meu olhar para ela. Estou, mas não esperava que dissesse isso. Ao menos não na minha cara. Ela ri. —Hey, me permito dizer isto porque também estou completamente fodida. Para o carro, dá a ré e estaciona de lado antes de virar para mim. — O que estou dizendo é que entendo. Quero dizer, não sei pelo que passou, mas entendo a dor. Querendo ser insensível e manter todos atrás de uma parede. Antes que possa dizer alguma coisa, sai e coloca moedas em uma grande caixa verde na calçada. — Vamos lá, vamos nos instalar. E vai precisar de algumas roupas. Em algum momento teremos que ir às compras. — Uh, é... Não tenho dinheiro. — Waleron vai pagar. Dinheiro dos Scars. Viu o avião particular? Assinto.

— Dinheiro não é problema, ser imortal tem suas vantagens. Confiar nos outros é a última coisa que quero fazer, especialmente nos Scars, mas agora, não tenho outra opção. Delara ziguezagueia entre as pessoas sobre a calçada movimentada e para em uma vitrine. Saio do carro e a sigo, olhando para o letreiro "Danielle's", depois em caligrafia menor, "Galeria de arte". Na janela tem uma imponente pintura abstrata de uma manada de cavalos correndo ao longo da praia. Brilhantes gotas de água em sua pele, enquanto o sol nasce através das nuvens de tempestade à direita; as magníficas criaturas rodeadas por uma seleção de roxo e vermelho. Mas é o enorme retrato que vejo quando entro que impressiona com sua beleza fascinante. Pendurado sozinho, no centro de uma parede no fundo da galeria. Aproximo-me, paro a alguns metros de distância e olho para o lindo homem de olhos verdes-madres silva. É magnífico, como se o homem olhasse diretamente para as profundezas de sua alma. Fios molhados de cabelo caem pelos lados das maçãs do seu rosto com uma piscina de lágrimas no olho esquerdo. As pinceladas são ousadas e ao mesmo tempo, a mistura sutil suaviza a dureza de seus traços. — Esse é Balen. Danni esta acostumada a pintá-lo o tempo todo. Longa história, diz Delara.

— É uma artista brilhante. Delara me leva para parte de trás da galeria. — Olá, Danni? Está aqui? Escuta-se um barulho atrás da parede do fundo com o retrato e uma risada o segue. Um gato alaranjado vira a esquina, escorrega sobre um cavalete e corre para a janela onde salta sobre a beira e senta olhando para fora. — Pare Balen. Diz uma menina. Ouço passos suaves e em seguida, uma pequena mulher emerge enquanto arruma sua roupa. Usa jeans descoloridos e uma camiseta rosa que tem inúmeras salpicaduras de tinta vermelha e marrom. Seu cabelo castanho está enrolado em volta de um lápis, revelando um rosto oval, que mostra um rubor em ambas as bochechas. — Delara, olá. Diz. Delara coloca sua mão suavemente sobre a parte inferior das minhas costas. — Danni, esta é Rayne. Dá um passo adiante e imediatamente oferece sua mão. — Olá, prazer em conhecê-la. Anstice acabou de contar. Disse que vão dividir o apartamento. Isso é incrível! Ouço passos por trás da parede e olho sobre seu ombro. — Este é Balen, minha outra metade. Diz Danni.

O homem na pintura. Puta merda. Parece melhor na vida real. É alto com tatuagens que correm do seu braço esquerdo para seu cotovelo e braço musculoso, mas não corpulento e tão alto quanto Kilter. Balança a cabeça, se aproxima de Danni e coloca suas mãos em seus quadris. Encosta-se nele que passa seus braços ao redor da cintura dela. Os três falam durante alguns minutos enquanto observo, sem saber o que fazer. Sua conversa flui com facilidade, como a de velhos amigos. Sinto justamente o contrário, como um fantasma parado entre as sombras, sozinha e sem nada importante para dizer. Minhas experiências são tão limitadas, minha vida tão controlada que tentar socializar com as pessoas é complicado. — Sim, soa bem. Delara me dá uma cotovelada no braço. — Nós vamos tomar um banho e nos acomodaremos primeiro. Vira para Danni e Balen. — Vamos nos encontrar no pub por volta das duas? Um banho soa como o céu, ir a um pub é mais como um pesadelo.

Balen envolve Danni em seus braços, da um breve beijo nos lábios e sussurra algo em seu ouvido. Bate no peito dele de brincadeira e ele ri, seus olhos brilhantes com malícia. Delara sussurra: — Balen é irmão de Anstice e o considero geleia: doce, suave e delicioso. E é totalmente apaixonado pela Danni. Vamos, vou mostrar o apartamento. Danni pega o celular da bandeja do cavalete onde tubos de tinta pressionam a tela e o coloca no ouvido enquanto grita: — Chamarei o Jedrik. Ficará com raiva se não o convidarmos. Delara bufa. — Que fique. Danni levanta as sobrancelhas. — Estão brigados? Delara dá de ombros enquanto me empurra para as escadas da parte de trás da galeria. O apartamento é elegante e aconchegante, com paredes verdes suaves e quentes e algumas pinturas de Danni penduradas. abundância

Mas são os desgastados móveis, cobertores e de

travesseiros

que

adoro.

Nada

realmente

combina, mas cada peça conta uma história. É uma espécie de desordem, que também gosto.

Uma jaqueta jogada sobre uma velha poltrona. Revistas e livros usados estão espalhados sobre a mesa de centro de vidro, dois pratos de gato estão nas bancadas da cozinha junto à geladeira verde. Nada está em ordem, fazendo completamente o contrário do que Anton gostava. É perfeito. — O gato gordo é Splat, é da Danni. Vive aqui como o gato da galeria. Danni tentou levá-lo para sua casa nova, mas a única coisa que fez foi chorar, então o trouxe de volta. Os clientes regulares de Danni trazem guloseimas o tempo todo. Serei boa com os gatos? Não faço ideia, nunca tive um animal de estimação. — Sim. Digo. Tem dois quartos no apartamento, cada um com uma janela. A minha dá para o beco traseiro, não há muito para ver, mas tenho uma rota de fuga e posso ver o sol, a lua e o céu, é mais do que já tive. Delara atira uma camiseta azul marinho sobre a cama. — Iremos às compras quando quiser, mas pode pegar emprestado algo meu até então. Tome um banho primeiro, xampu e as coisas estão lá. Tenho que fazer uma ligação. — Obrigada. Meio que sorrio e Delara sai do quarto fechando a porta. Aqui parece seguro.

Exceto que falta uma coisa, Kilter.

Kilter Ano 1880 Gemo quando minha cabeça limpa e então abro os olhos. Sou recebido pela escuridão e o peso de um cubo de aço de cinco quilos na minha cabeça. Tento mexer os braços, mas estão acorrentados sobre a minha cabeça e sinto as algemas ao redor dos meus tornozelos. Que porra? Puxo meus braços violentamente e a dor dispara através dos meus pulsos quando as algemas cortam minha pele. Sangue escorre dos meus braços. Sou tomado por uma fúria intensa e ardente, meus olhos ardem em vermelho, minha habilidade visionária queima o balde de aço que me cega. Minha habilidade ricocheteia, o calor volta para mim e queima meus olhos. — Jesus Cristo. Meu corpo sacode contra as correntes e um grunhido sai dos meus pulmões.

Fecho os olhos e tento levantar meu Ink, embora saiba que não faz sentido. Sinto a peça de metal cobrindo-a. Quem quer que tenha me sequestrado sabe do meu Ink e da minha visão. Uma porta range e fico tenso. — Ah, está acordado. Ulrich? Que porra é essa? Algo

arranha

ao

longo

do

chão;

então

passos

se

aproximam. — Parece ridículo, Kilter. Acorrentado como um cadáver. Meu irmão estala a língua. — E olhe para você, está sangrando. — Tire-me daqui, Ulrich. Meu irmão bastardo provavelmente precisa de ouro para pagar suas dívidas e planeja me chantagear por isso. Tye frequentemente diz que Ulrich precisa passar uns bons dois anos sob as rédeas de Waleron para endireitá-lo e uma vez que consiga sair disto, assegurarei-me de que isso aconteça. Ulrich ri. — Soltar? Acha que vou deixá-lo ir depois de todo planejamento? Não, querido irmão, irá sofrer. E então um dia, talvez, vou deixá-lo morrer. Do que está falando?

— Passou dos limites. Solte-me antes que chame os outros. Quando descobrirem o que fez, não serão amáveis. Deixe-me ir antes que os Wraiths descubram, convencerei Waleron a colocá-lo em Descanso em vez de matá-lo. Seu punho bate no meu estômago, desde que não posso ver, não estou preparado para isso e o golpe me tira o ar. Demoro alguns segundos para recuperar. — Ulrich, bastardo. Outro golpe. Depois outro e outro até que já não posso respirar e meu abdômen retorce em agonia. Pendurado pelos meus pulsos, as algemas suportam todo meu peso, minhas pernas imóveis. — Acham que está morto. Nunca virão e estamos muito abaixo para usar telepatia. Esta é sua vida agora, irmão. Aqui neste calabouço sem vista, sem luz e sua querida e doce Gemma em meus braços. — O que? Meu estômago retorce. — Ao menos até que canse dela. Não se preocupe, tenho a intenção de deixá-lo ver quando matá-la. As últimas palavras ultrapassam o limite. Minha mente grita desesperadamente. Gemma? A doce, inocente Gemma está aqui? Minha futura esposa. — Nãooo.

Explodo meu corpo enfurecido contra as correntes, rasgando a pele ao redor dos pulsos e tornozelos. Olhos queimando com fúria, meu Ink, preso dentro de mim e desesperado para libertar-se do meu corpo, me acompanha em meus rugidos de fúria. Ulrich ri. A porta abre e fecha. Depois mais nada enquanto fico louco.

Rayne — Cerveja? Pergunta Delara. Minha expressão deve ter mostrado minha incerteza, porque Delara vira para a garçonete e pede uma rodada de cerveja. — Pode tentar, se não gostar, terminarei e traremos outra coisa. Balen senta em um canto ao meu lado, Delara do outro e Danni diretamente na minha frente. Estamos em uma mesa perto do bar que tem cada banquinho ocupado pelos homens que assistem televisão. Gritos altos ou aclamações aumentam de vez em quando junto com tapinhas na parte superior do bar.

Nunca tinha ido a um pub, mas Anton às vezes me levava a um restaurante. Odiava ir de qualquer maneira. Tinha tantas regras e constantemente estava apavorada de quebrar alguma. A garçonete coloca um grande copo de vidro diante de mim. Levanto o copo pesado e tomo um gole, o sabor amargo agarra na minha língua e minha garganta. Parece com roupa suja depois de ficar em uma máquina de lavar roupa durante muito tempo, não que conheça o gosto. Empurro para perto de Delara, que pisca o olho e levanta o braço para chamar a garçonete, que sorri e se aproxima. — O que quer em vez disso? Vinho? Centeio? Gengibre? Qual é seu veneno? A comida é meu veneno. — O que acha de vinho branco? Anton me nunca deixou beber álcool, dizia que entorpecia os sentidos. É claro, não poderia ter isso. Queria que eu sentisse tudo. Balen diz: — Traga uma piña colada. — Sim, piña colada. Admite Delara. A garçonete assente antes de se afastar e desaparecer entre a multidão.

Quando a bebida vem tomo um gole, Balen sorri porque continuo bebendo. A bebida é doce, o que significa que provavelmente estou engordando. Nada desta delícia poderia ser sem gordura. Pare. Não há problema em tomar uma bebida. Mas em algum lugar lá dentro, luto contra a culpa de desfrutar de algo desta vez. Uma batalha persistente que me deixa esgotada e insegura de quem sou. Delara fala com Danni a respeito de um baile de gala que será em seis meses, quando o playboy loiro, Jedrik, se aproxima da mesa. Chama minha atenção e leva o dedo aos lábios, piscando um olho. Não sei o que está fazendo até que pula atrás de Delara, engancha seu braço ao redor de seus ombros e a prende em sua cadeira. Congelo, meus olhos arregalam, o coração palpitando e minhas mãos envolvem ao redor do vidro frio. Jedrik se aproxima, coloca a boca em seu ouvido, e diz alguma coisa. O que acontece a seguir é muito rápido. Delara pisa forte com os dois pés no chão e puxa sua cadeira, tirando o equilíbrio de Jedrik o suficiente para desbloquear seu braço. Mantém o movimento e a cadeira cai para trás. Delara vai junto balançando as pernas sobre sua cabeça, chutando Jedrik no

peito, que recua vários passos até que cai sobre um homem sentado no bar. — Sinto muito, homem, garotas. Jedrik dá um tapinha nas costas do homem. Delara coloca as mãos sobre seus quadris e sorri para Jedrik. — As seis e dez. Acho que esquece que sou um Tracker. Sabia que estava aqui antes. Ele ri. — Arrow, está perdendo para uma mulher, isso é mal. Dá de ombros enquanto se aproxima da mesa. — Não me importa perder para uma mulher, só odeio perder para você. Delara bufa, mas sorri. — Têm esta disputa estúpida. Explica Danni, sobre a mesa. — Um ponto se sair de uma chave. Jedrik acaba de perder. — Isso foi porque não queria assustar Rayne. Então agi com calma. Jedrik levanta uma cadeira, a empurra entre mim e Delara e então senta. Pisca para mim novamente e sorri. — Então, está vivendo com Sass? — Sass? Pergunto. — Sim, é como a chamo, Sass.

E me chama de Arrow.

Apelidos desde que éramos pequenos perturbadores. É mais

velha

que

eu.

Sass

devo

contar

a

história

do

cavalo

pisoteando...? — Não. Diz Delara e dá uma carranca acompanhada de um golpe nas costelas com o cotovelo. — Sem histórias, exagera demais. A garçonete traz uma cerveja para Jedrik, todo mundo conversa e começa a rir enquanto observo e escuto. Noto que Balen mantém a guarda alta, os olhos esquadrinhando a multidão e olhando rapidamente para a porta quando alguém entra. Protetor. Embora, não estou segura do que. Depois de algumas bebidas, saímos e acho que é por minha causa, apesar de que Delara continua perguntando se estou bem. Realmente não estou. A bebida foi direto para a minha cabeça, já que mal comi, meu estômago está nadando em piña colada e estou instável. Enquanto nos dirigíamos para a porta, Jedrik agarra a mão de Delara e a aperta. Para na frente do seu rosto. Por seus olhos entrecerrados e seu corpo tenso, está irritado. Quando termina de falar, Delara simplesmente revira os olhos e bate no braço dele, dizendo algo antes de mover-se para a porta. Vem atrás, parecendo muito triste; seu sorriso brincalhão e as lindas covinhas desapareceram. Aproxima de mim. — Está certo, vamos lá.

Despedimo-nos de Jedrik, Balen e Danni saímos do pub e voltamos para a galeria. Estamos a poucas quadras de distância, mas depois da primeira quadra, minhas pernas começam a tremer e meu ritmo cardíaco aumenta. Respiro lenta e profundamente e concentro em colocar um pé na frente do outro. Caralho

preciso

deitar.

É

muito.

Tudo

está

acontecendo ao mesmo tempo. Kilter partindo. Estar cercada de Scars e tentar manter meus bloqueios. Sem comida. O álcool. Meu corpo está apagando e não tenho nenhuma maneira de pará-lo. Meus joelhos cedem. Delara agarra meu braço antes de cair na calçada. — Rayne! Porra está bem? — Sim. Eu... , tropecei. Alegro-me que a rua não esta bem iluminada e Delara não pode ver meus olhos, do contrário, veria a mentira brilhando neles. Por desgraça, meu corpo tem outros planos, minha visão turva e tudo gira. Caio no chão, então a escuridão.

Quando abro os olhos, Delara está sentada na beira da cama segurando um pano quente na minha testa. Demora um

segundo antes que minha visão clareie e dê conta de onde estamos. É o quarto, meu novo quarto, na galeria. Deus, passaram meses desde que desmaiei. Como Delara conseguiu me trazer aqui? Tento sentar, mas põe sua mão no meu ombro. — Não levante, ainda está muito pálida. Estou coberta com edredom, no entanto, ainda me sinto gelada. Desmaiei várias vezes no complexo, mas cada vez foi durante uma das sessões de Anton quando forçava demais. — Como cheguei aqui? Delara tira o pano da testa. — Chamei o Jedrik, não estava longe. Sua testa franze. — Por mim estaríamos no hospital. O tom de Delara é suave, mas há um tom tenso subjacente. — Mas Jedrik chamou Anstice e devolvemos seus sinais vitais. Provavelmente desmaiou. Faz uma pausa. — Esta não é a primeira vez, certo? Olho para o teto, sabendo que tenho que fazer alguma coisa ou, como disse Kilter, vou morrer. — Não.

Aperta meu ombro. — Precisa de ajuda, Rayne. Se não a conseguir logo, vai cair no meio da rua um dia. O que aconteceria se estivesse sozinha esta noite? Passa a mão no meu ombro e sussurra: — Sei que não pode ver, mas está desvanecendo. Seu corpo não pode funcionar sem combustível e não está dando. — Eu sei. Estou segura aqui. Tenho controle e ninguém pode me machucar. — Seu corpo está gritando por ajuda, se não der o que precisa, morrerá. Não acredito que queira isso. Não agora. — Não mais. Isto pode ter começado como uma proteção, mas nos últimos anos, transformou-se em muito mais que isso. Tornouse o meu poder e não quero perder. — Razões demais. Jedrik chamou Waleron, acha que encontrou alguém com quem pode falar. Delara alcança a garrafa de água na mesa de cabeceira e tira a tampa, passando-a para mim. Sento e tomo vários goles. — Entendo que é difícil mudar e que não quer. Caralho fujo de tudo, tenho feito algumas coisas estúpidas, ainda as faço, mas não estou doente, Rayne. E não estou morrendo.

Faz uma pausa. — Quer tentar? Tem razão, mas enfrentar a realidade é mais difícil. Lutei uma batalha interna durante tanto tempo, estou emocional e fisicamente esgotada. Quero encontrar paz, mas só há duas opções: deixa acontecer ou lutar mais intensamente para ganhar esta batalha. Não sei se tenho alguma resistência em mim.

Kilter Dias

e

noites

entrelaçam

entre

si

enquanto

estou

pendurado como um cordeiro no matadouro. Minha telepatia é inútil. A habilidade da visão bloqueada com o aço cobrindo meus olhos. E meu Ink permanece imóvel e em silêncio, o que não é um bom sinal. Um homem substituiu o cubo de aço por um balde de aço que está sobre minha cabeça e tapa meus olhos. Lutei e tenho um corte no rosto de orelha a sobrancelha.

Não é o

suficientemente profundo para matar, só faz os ratos felizes.

Vivo em completa escuridão durante semanas ou o que penso serem semanas. Escuto os ratos correrem pelo chão de terra sob meus pés, de vez em quando, quando durmo, mordiscam meus pés ou tentam rastejar pelas minhas pernas para chegar ao sangue. Minha garganta está em carne viva de gritar maldições para meu irmão e pela falta de água e comida. Sabe que sobreviverei mais tempo do que um ser humano sem comida nem água e está testando meus limites. É difícil pensar neste aterrorizante buraco úmido. Minha mente calma e lógica brinca comigo enquanto os dias passam. Continuo repetindo na minha cabeça por que meu irmão virou contra mim. O que eu fiz para Ulrich chegar a esse ponto? Sei que vou morrer neste lugar. Quer que eu morra, mas ainda não. Por alguma razão, gosta de me ver sofrer. Sim, quero morrer. Nunca achei que um dia pensaria nisso, mas escutar os gritos de Gemma que ressoam fora da porta é pior do que qualquer tortura que possa imaginar. E meu irmão sabe. Dia após dia luto contra minhas amarras, rasgando minha carne até que o sangue acumula no chão de terra onde os ratos desfrutam em um frenesi de alimentação. Amaldiçoo meu irmão. Depois imploro que deixe Gemma ir.

Quando seus gritos param é quando a última tortura começa. Não sei o que aconteceu com ela, se a matou, a deixou ir ou talvez esteja tão machucada que já não grita. Agonia. Dia após dia em silêncio. Despenco contra as algemas, incapaz de segurar minha cabeça ou gritar. E não quero fazê-lo. Não tenho mais nada. Não há nada. Gemma. Falhei com ela. Falhei com meu clã. Os Scars. Foi quando morri por dentro e algo feio surgiu de dentro.

Rayne — Quanto pesa Rayne? — Não sei. Mexo-me inquieta no assento. Não quero falar do meu peso. Por que concordei em ver esta mulher? Porque preciso de ajuda. Lembrei a mim mesma sobre isso até aqui. Delara insistiu em me acompanhar e era um alívio saber que se desmoronasse no meio da calçada, pelo menos ela poderia juntar meus pedaços quebrados. — Rayne sei que quer sair daqui. Eufemismo.

— Não me conhece e este é um assunto muito pessoal para falar. Isso é normal, mas quero que saiba que me importo com o que acontece com você. Move-se para frente, com os antebraços apoiados nos joelhos e o olhar fixo. — Se continuar perdendo peso, vai morrer. Suaviza a voz. — Quer morrer, Rayne? Boa pergunta. Sim, às vezes quero. Por que continuar vivendo quando dói tanto? Não tenho nada. Não há razão para viver, porque tudo o que faço é me esconder de qualquer maneira. Mas uma pequena parte de mim ainda luta para sobreviver, sair do vazio negro, viver, respirar. — Para que ajude, preciso que seja honesta comigo. Não julgo Rayne. Estou aqui para ser essa voz que está escondida ai dentro. Não será fácil. Esta será a coisa mais difícil que já fez. O sofrimento de um transtorno alimentar é uma longa e dura batalha, mas pode derrotá-lo. Não estou tão certa disso. Por que esta mulher cuida de mim? Não a conheço. Não sabe pelo que passei, não sabe nada dos meus problemas. Estou cansada. Assustada. Esgotada de me preocupar se vou desmaiar ou não. Sinto-me como um fracasso a cada dia, como Anton dizia uma e outra vez.

— Será uma batalha entre seu eu anoréxico e seu eu saudável, continua Rebecca. —

Ambas

as

partes

lutarão

uma

contra

a

outra

continuamente. Lutará pelo seu eu anoréxico, essa parte de você que tem vindo a conhecer e entender. Como posso confiar em alguém que está derramando mentiras? É mentira, não? Não sou anoréxica. Rebecca não pode ver o que vejo refletido no espelho todos os dias? Uma voz interior luta para emergir, dizendo que viver nesta armadilha da minha própria autodestruição é prejudicial. Que possivelmente Rebecca tem razão e vou morrer. — Seu coração sucumbirá se continuar perdendo peso. Já vi acontecer. Se sofrer ataques de pânico, o que acredito que acontecem, piorarão. Seu cabelo começará a cair e seu corpo deixará de funcionar. Olho para Rebecca diretamente em seus olhos cor avelã, são quentes e acolhedores. Tem lábios cheios e preguiçosos cachos marrons que emolduram seu ovalado rosto, suavizando seu nariz estreito e sobrancelhas severas. Parece estar em seus trinta e tantos anos e usa calça jeans azul escura e uma blusa bege de manga comprida. Não é o que esperava como terapeuta, casual com um sorriso genuíno, mas direta como um míssil. Como Kilter. Embora seja mais bruto e contundente. Gosto que Rebecca tenha uma atitude sem mentiras. A verdade me atinge forte; isso é verdade?



Pense

nisso.

Porque

se

houver

um

pingo

de

sobrevivência dentro de você, quero que a agarre antes que escape. Estou desaparecendo, no entanto, as vezes, quero viver. Finalmente escapei de Anton e tenho minha liberdade. Por isso estou aqui... Para tentar. Apesar de acreditar que se ganhar peso perco o controle, uma parte lógica de mim sabe que Rebecca tem razão. Sinto no meu corpo, o enjoo, a perda de memória e o pânico constante. Meu corpo grita por comida e, no entanto, cada vez que ponho comida na boca, parece que inflo como um balão... Falhando. Respiro fundo. — Não sei quanto peso agora, a última vez que me pesaram foi há seis meses. Anton tinha um médico para me examinar. — Foram quarenta e dois quilos. Digo. — Obrigada, Rayne. Sei que é difícil dizer isso em voz alta e é ainda mais difícil confiar em um estranho. Quero que lembre que tudo o que diz aqui é completamente confidencial. Entre você e eu. Nunca quebro essa confiança. Pergunto-me se Rebecca a quebrará se souber dos Scars, CWO e vampiros que compartilham este mundo com os humanos. Rebecca me entrega um diário.

— Quero que escreva nele todos os dias. Sentimentos, o que fez naquele dia, raiva, o que quiser. Passa-me outro folheto — Este é nosso trabalho aqui. Faremos um planejamento alimentar e reconstruções com experiências passadas. Faremos algumas imagens, desenhando pessoas divertidas. Além disso, uma grande parte será o jogo de papéis, que é como atuar. Precisamos encontrar essa voz saudável. Não gostei da ideia do planejamento alimentar e anotar tudo o que comia. Não quero ver o que consumo todos os dias. O jogo de papéis é um grande momento, atuar na frente de um estranho é confortável. Só de pensar nisso, faz que as palmas das minhas mãos suem. —Esta é uma terapia intensiva. Veremos-nos cinco dias por semana durante duas horas. Não vai querer vir. Vai brigar todo o tempo até que comece a se curar. Prometo que sempre estarei aqui. Pode me chamar de dia ou de noite. Poderia

fazer isto?

Quero?

Encontrar

a

força

para

enfrentar os demônios é mais difícil do que viver nas sombras. E se também falhar nisso, poderia sobreviver? — Primeiro, encontraremos um lugar seguro para você, continua Rebecca. —

Um

lugar

que, quando tiver

medo, pânico, ou

simplesmente tenha que se afastar, pode tocar certa parte do seu corpo e se sentir segura.

Não existe tal coisa de estar segura. Rebecca passa uma cesta de lápis de cera. — Desenhe uma imagem de um lugar onde se sente segura. Pode ser onde quiser, mas sem outras pessoas e julgamentos. Só algum lugar que fique sozinha e se sinta a salvo de tudo. No começo acho que é bobo, desenhando com lápis de cera, mas pego a cesta e abro o diário. Quando começo a desenhar, uma sensação de alívio se apodera de mim, como se estivesse imersa na imagem que automaticamente vem à mente: um salgueiro grande com galhos caídos que quase tocam a grama viçosa e fofa. Paro, a mão vacilante sobre a folha de papel, então vejo um balanço de madeira velha com cordas amarelas amarradas por cima de um galho. Este é o lugar onde me sinto segura, sentada em um balanço com o vento em meu cabelo. Estou a ponto de desenhar um sol brilhante no canto, depois decido que prefiro a chuva ligeiramente salpicando minha pele. As flores roxas e amarelas rodeiam como uma parede de beleza. Este é o lugar onde ninguém pode me encontrar. Nem mesmo um Scar. Meus olhos enchem de lágrimas, enquanto penso no único homem que quero que me encontre, mas que decidiu se afastar.

Delara Sei o momento em que chega. Sua enigmática presença é como um vento quente que percorre minha pele no momento em que está a menos de trinta metros. Sempre foi assim, só que desta vez desligo as borboletas que sobem pelo meu estômago, apertando minhas coxas tão forte quanto posso. Respiro fundo antes de encontrar seus olhos azuis. Gelo puro. Está de pé com uma energia englobando tudo, que sufoca o ar na pequena cozinha. — Algum problema? Pergunto, tentando evitar que minha voz trema. Não responde. Em vez disso, mantém os olhos cravados em mim enquanto se aproxima com passos largos e constantes. Deus, alguma vez parece ter medo? Alguma vez sentiu alguma coisa? Não. Assegurou-se disso. Continuo esvaziando a lavalouças quando pega minha mão. Calor invade meu corpo como um raio. Não importa o que faça, não posso negar a química entre nós. Exceto, que ele a nega. Não sou nada. Como se nosso passado não tivesse existido. — Por que está aqui, Tac? Pergunto. Porra, minha voz sobe uma oitava.

— Precisamos conversar. Diz Waleron. — Se for sobre nós, já conversamos. Puxo minha mão do seu alcance e recuo um passo. Os olhos de seu Ink brilham com uma cor vermelho sangue antes de desvanecer-se novamente para um preto intenso. A expressão fria de Waleron franze durante uma fração de segundos, em seguida, volta a ser impassível. — Dormiu com um vampiro e um Wraith. Estive no reino há dois dias e Edan continua enlouquecendo porque o usou. O que queria ouvir? Que lamentava? Porque não faço. Fiz o que tinha que fazer, como Waleron faz o tempo todo. — Sim e daí. Já me disse que não é assunto seu. — Nunca. Jamais. Faça algo tão imprudente novamente. A voz de Waleron corta como a chicotada da cauda de um crocodilo. — Ah, mas tudo bem que você o faça. Replico. É claro. Segundo os rumores, Waleron dorme com um monte de mulheres e frequenta o clube 'Whipped'. Seu perigoso olhar de menino mau as fazem rastejar por todos os lados para chegar a ele. Tenho que admirá-lo, ao menos nunca fez alarde das mulheres com quem dorme. Não, Waleron é inflexível sobre sua privacidade, nem sequer tenho ideia de onde vive.

— Edan é um Wraith, pelo amor de Deus. Está lívido. Sim, o volátil Wraith provavelmente está cuspindo fogo por ser usado. Os Wraiths como Deuses estão do nosso lado, tentando manter algum tipo de paz na Terra. São poderosos e felizmente para mim, não podem viver na Terra. Infelizmente, podem levar para seu reino, o que é uma droga quando está irritado. — Terminou com o Liam? — Não que isso seja assunto seu, mas sim. Satisfeito? Pode ser que seu novo interesse não goste de compartilhar de qualquer maneira. Acho que não percebe que os vampiros raramente acreditam na monogamia. Falei com Abby várias vezes no clube, uma menina doce. Surpreendeu-me que a bruxa estivesse lá, mas eu também estava. —E você está bem compartilhando? Dou de ombros. O que importa se Liam dormir com outras? Não o amo, o uso. — Não estou mais com ele. Escute, tenho mais o que fazer. Passo por ele e saio da cozinha. Tudo no meu corpo grita para ficar perto dele, mas minha mente sabe melhor, fugir enquanto posso. — Delara.

Waleron levanta sua voz, embora longe de um grito. Nunca tem que fazê-lo, só sua presença já e suficiente. Fecho os olhos e paro sem virar. Ouço passos se aproximando atrás de mim e congelo. Não me toque, por favor, não toque. Sua respiração chega primeiro, uma suave carícia atrás do meu pescoço, depois seu cheiro, profundo e familiar, fazendo meu estômago vibrar. Suas mãos descansam sobre os meus ombros e fogo queima no meu ventre. Cada centímetro de mim quer virar e cair em seus braços, saborear seus lábios, sentir sua pele, desenhar com a minha língua cada tatuagem em seu corpo. Deixe-me ir. Odeie-me, assim posso deixá-lo ir. Desde o dia em que nos conhecemos, houve fogos de artifício entre nós, uma química inegável que nenhum dos dois poderia extinguir. Mas durante sessenta e um anos pensei que estava morto. Anos chafurdando em um tumulto emocional. Então, quando fui mais fraca, sem me importar com mais nada, caí na rede de Tarek. Autopunição. Waleron não estava morto. Voltou, mas era um homem diferente. Incapaz de me amar novamente. Tornou-se uma concha fria, sem emoções.

Os dedos de Waleron roçam a parte posterior do meu pescoço e arrepios crescem. Seu toque é o mesmo de quando nos conhecemos e isso é o pior, um aviso do que perdemos. Seus lábios descem e beijam logo abaixo da minha orelha. Fecho os olhos, meu corpo se derretendo. Um simples e prolongado beijo e me derreto. Isto é o que dói, esmaga minhas partes fragmentadas e frágeis. Não posso estar perto dele sem ter todo o seu coração. Coração? Waleron já não tem coração. Enrola um punhado do meu cabelo em sua mão e puxa minha cabeça para trás asperamente. Em seguida chupa o lóbulo da minha orelha, seu hálito quente faz cócegas na minha pele. Um. Dois. Três. Quatro. Conto para mim mesmo enquanto fico quieta, tentando recuperar o controle sobre meu corpo e o que ele está fazendo. — Olhe para mim. Sussurra ao lado do meu ouvido. Não faço. Continuo contando.

— O que mais quer Delara? Estou dando tudo o que posso. Sabe que nunca poderei estar com você oferecendo mais. Quer que sejamos amigos que fodem ocasionalmente. Sexo. Apaixonado e cru. Sei por que me oferece isto, assim paro de foder outros homens, outra forma de me controlar sem dar nenhum pingo de si mesmo. O sexo com ele é como saltar de uma torre em queda livre: carícias doces, as borboletas, as sensações quentes correndo pelo meu corpo. Mas o inevitável deve acontecer: o corpo e a alma atingidos pela aterrissagem, o coração partido. Morrendo por dentro. — Maitagarri2. Olhe para mim. Não há maneira de fazê-lo. Não quando veria o desejo pulsando em meus olhos junto com a dor e a angústia de suas palavras. É como se estivesse afundando lentamente uma faca no meu coração, centímetro por centímetro e depois cortando--o em pedaços. Deus amo este homem. Ou ao menos o homem que costumava ser. O lembrete está sempre à mão... Um papel amassado que recuso a atirar. Saio do seu abraço e imediatamente a frieza invade minhas veias.

2Palavra

de origem Basca que pode ser utilizada como adjetivo, para referir-se a alguém encantado e digno de ser amado.

Tenho certeza que vai me deixar ir, sempre faz. O homem tem um orgulho do tamanho da Ásia. Perseguir uma mulher não está nele. Quer satisfazer nossa inegável química sexual quando tiver vontade e eu quero que me ame. Nunca funcionaríamos e nunca estaríamos de acordo. — Delara. Seu tom é um aviso. Viro-me. — Disse naquele dia no reino que tentaria, mas era uma mentira, só para me afastar de Edan, não é verdade? Exatamente como o porquê está aqui agora, para garantir que me afaste do Liam. Não pode ter as duas coisas. Quero tudo de você ou nada. Não pode, na verdade não o fará, não se dará para mim e não posso ter só sexo com você. Fecho os olhos, baixando a cabeça e depois digo baixinho. —Lembra do que me disse quando estávamos juntos? Não espero que responda. — Disse, “Não importa o que enfrentemos, pertenço a você pela eternidade”. Acho que isso também foi uma mentira. Entro no meu quarto e fecho a porta.

Rayne

Indo para casa, depois da terapia, me distraio com pensamentos em Kilter. É estranho que nunca parei para pensar a respeito dele. Sua imagem constantemente me caça e pergunto onde está e porque desapareceu. Penso em perguntar para Delara, mas não tenho coragem. Além disso, foi sua decisão não manter contato comigo. Tento entrar silenciosamente pela porta de trás da galeria sem incomodar Danni, que está pintando, mas tropeço no canto da porta e olha para cima. A quem estou enganando? Danni é um Scar e de acordo com Delara, um Refletor, significa que sente as emoções das pessoas, aposto que as minhas estão brilhando, provavelmente sentiu a uma quadra de distância. — Hey, Rayne, está ocupada? Pergunta Danni. — Humm, não. Mas a resposta verdadeira seria um firme sim, porque minha cabeça está girando por causa da sessão. Odeio as sessões e cada dia estou a um passo de atravessar a porta ou de correr na outra direção, o mais rápido que puder. Infelizmente, detesto correr e uma parte de mim quer ver para onde isto leva. Hoje foi difícil porque estava pensando em Kilter e Rebecca pressionou

para

que

falasse

sobre

o

que

estava

me

incomodando, mas recusei-me a mencioná-lo, tenho que esquecê-lo. Ele se foi. Entendo. Agora, só tenho que aceitar.

— Vem aqui, quero que olhe isto. Afasta-se da pintura em que trabalha e dá batidinhas em seu queixo com o pincel, enquanto move o quadril. — O que vê? Fico ao seu lado e olho fixamente para uma onda sutil de azul e cinza com um toque de lavanda. — Humm, bem, não sei. No entanto, parece bom. — Mas, o que parece para você? Olho fixamente para as frescas e úmidas pinceladas. — Suponho que lembra o mar depois de uma tempestade. Igual a Kilter, é uma tempestade turbulenta, que se acalma e me acalma quando está perto de mim. — Humm, os azuis aqui... Aponto à direita, passando através da água com a lavanda na distância, diz que uma tempestade veio e foi. Como se fosse violenta e inflexível com sua raiva. Kilter é muito parecido com isto. Vi a violência nele quando matou Anton, mas depois pegou a minha mão e a violência acalmou. — Parece como se a qualquer momento o sol vai aparecer atrás dessa nuvem. Aponto para o canto superior direito.

Quando

olho

novamente

para

Danni,

seus

olhos

arregalados e surpresos estão sobre mim. — Uau, estudou arte? — Um pouco. Na verdade, muito. Anton foi inflexível comigo sobre ser conhecedora de certas áreas. A arte é uma delas e desfrutei dos dias quando sentava e admirava a genialidade do trabalho de muitos artistas. — Está contratada. Anuncia Danni. — Desculpe? — Preciso de alguém que cuide da galeria alguns dias da semana, assim poderei trabalhar no meu estúdio em casa. Balen o construiu para mim, sobre a garagem com claraboias e se superou. Então preciso que alguém trabalhe aqui, que mostre tudo as pessoas, dê sua opinião quando pedirem, e, com sorte, vender meu trabalho. Pode começar amanhã? — Não acho que... Danni atira o pincel no copo de água e estende a mão para mim, sua mão na minha. — Pago bem. Quero dizer, nunca contratei alguém antes, mas vou pagar bem. Preciso

de

um

trabalho

e

tenho

habilidades,

não

experiência e não me entusiasmo em percorrer ruas em busca de alguma coisa. É suficientemente difícil caminhar até o

consultório da minha terapeuta. Ser entrevistada por um monte de

estranhos

sabendo

que

estão

me

examinando,

definitivamente está na minha lista de coisas para não fazer, mas preciso de um emprego. E quero um trabalho. Isto é o que quero. É a primeira vez que sinto a efusividade em meu peito... Emoção. É algo que posso fazer por mim mesma, não porque sou obrigada a fazê-lo, mas sim porque me dá um propósito. —Humm, sim. Está bem. —Ótimo, diz Danni. É muito chato a maior parte do tempo, mas pode ler ou pintar, se quiser. Sei que tem terapia todas às manhãs até as onze, estarei aqui para abrir então pode trabalhar da hora em que voltar até que fechamos. O que acha das terças-feiras, quarta-feira e quinta-feira? Concordo com a cabeça. — Está bem. Danni sorri. — Maravilhoso. Venha, vou mostrar meu trabalho. Estão feitos em série. Ah, essa pintura não está à venda, não importa o quanto ofereçam pagar. Danni aponta o enorme retrato em tela de Balen. — Será pressionada para vendê-lo. Há uma senhora que vem ao menos duas vezes por mês e oferece para comprá-lo. Cada vez seu preço sobe. Basta dizer que não está à venda.

Danni percorre a galeria comigo, mostrando suas pinturas e falamos de cada uma e por um momento, conecto-me a alguma coisa, esqueço da minha luta e tenho paz.

Abby No momento que entro no clube de Liam meu coração acelera e a saliva se acumula na minha boca. O cheiro de sangue bombeando através das veias de cada um é tão entristecedor que oscilo e viro para a porta. Estou com a mão na porta quando paro. Sair agora significa que Liam virá atrás de mim. Tenho que seguir com o plano. Estive trancada no meu quarto de hotel durante cinco dias e não me dei conta de quão poderosos eram os desejos até esta

noite. A necessidade de saborear o sangue me desagrada, entretanto, enquanto ando entre a multidão lambo meus lábios e meus olhos param nas gargantas dos clientes. Como vou conseguir passar esta noite? Tenho que fazê-lo. Jedrik prometeu que, uma vez que me reunisse com Liam e o convencesse que não tenho desejo de sangue, pensaria que a gota de sangue não fez efeito, então me tiraria daqui. Dez minutos. Posso fazer isto. Meus olhos pousam sobre Liam. Porra. Posso não ser capaz de fazer. Há uma estranha atração para ele, como se meu corpo estivesse preso a ele por uma corda e lentamente me envolve. Não vou ser sua marionete. Foda-se. Levanto o queixo, respiro fundo e sorrio. A multidão abre como o mar Vermelho enquanto dirige para mim com passos longos e firmes. Tem um encanto cativante, rosto bonito com um queixo forte e esculpido e maçãs do rosto altas. Quando sorri, como agora, é como atrair uma criança com doces, irresistível. Liam para na minha frente e beija minhas bochechas. — Aqui está minha bruxa. A palma de sua mão firme na parte inferior das minhas costas me puxando para ele.

— Passou muito tempo, meu amor. Onde estava se escondendo? Seus lábios roçando meu ouvido enquanto sussurra: — Hummm, sedenta do meu sangue, não? Estou, mas não pode saber disso. — Não. Na verdade, estou bem. Franze a testa, mas não diz nada. — E não estou me escondendo. Mentira, é claro, agradeço a Deus que os vampiros não podem ler a mente das bruxas. — Tive algumas coisas para cuidar. Sorrio, olhando-o. Jedrik disse para manter a calma, mas tudo o que quero fazer é ficar o mais longe possível de Liam. Tenho que passar esta noite, fazer com que acredite que está tudo bem. — Venha a minha mesa. Estou terminando um negócio. Lambe meu pescoço, formigamento estala, mas não é um bom sinal, é uma advertência à medida que minha sede de sangue se intensifica. — Calma amor provará em breve. Caralho pode sentir? Tenho que ser muito cuidadosa ou isto não dará certo.

Conduz-me através da multidão, a maioria dos quais acenam e sorriem para Liam. Alguns oferecem as mãos, que ele aceita graciosamente; é um cavalheiro, apesar de tudo, nada o incomoda e todo mundo gosta dele ou tem tanto medo que quer ficar com seu lado bom. Os seres humanos, é claro, são alheios ao que ele é. Liam para um dos garçons. — Dois vinhos tintos à minha mesa. — Prefiro água, Liam. Ter um copo cheio de líquido vermelho na minha frente não vai ajudar com a sede de sangue se intensificando. — Dois vinhos. Reitera Liam ao garçom e o cara se joga para a multidão antes que possa dizer qualquer coisa. O bastardo está testando meu controle e tão obstinado e determinado como é, simplesmente pode ganhar esta batalha, porque enquanto caminhamos através da multidão, meu corpo grita por sangue e minha mente rejeita. Não consigo me concentrar em nada sem manchas vermelhas afetando minha visão. Quero correr, mas parte de mim anseia por agarrar Liam e afundar meus dentes em seu pescoço. Isso é o que quer. A razão pela qual pediu que estivesse aqui esta noite. Para ver se estava pronta para beber seu sangue voluntariamente.

A mesa reservada de Liam está situada na parte traseira do clube, perto da pista de dança, suficientemente longe para não ser incomodado por alguns dos mais indisciplinados e intoxicados clientes. A cabine está revestida de veludo vermelho com uma mesa de mármore preta no meio com velas vermelhas piscando sombras em toda a superfície. Todo o clube é em preto e vermelho com um toque de branco, como uma vela ou almofada na área de descanso. Liam aperta minha cintura para chamar minha atenção quando paramos em sua mesa. — Abigail meu amor quero apresentar Jasmine. Uma nova parceira de negócios. O bastardo sabe que odeio quando me chama de Abigail. — Um prazer. A mulher assente para mim, mas permanece sentada na cabine. Envolve seus dedos longos e bem cuidados ao redor da taça de vinho e leva-a aos lábios vermelhos brilhantes. Meus olhos arregalam e minha respiração fica presa na garganta quando percebo a fita branca tatuada em seus dedos. Porra é uma Lilac. Um vampiro e uma Lilac juntos não pode ser bom. Nunca tinha conhecido uma Lilac, já que são raras, mas o magnífico aspecto desta mulher correspondia a como Trinity

descreveu sua lendária beleza. Pele perfeitamente lisa com cabelo comprido loiro acinzentado que paira sobre seus ombros em tranças suaves. Seus olhos são tão azuis que é como se uma lata de tinta azul celeste tivesse sido salpicada neles. Não é de admirar que as Lilacs fossem capazes de atrair qualquer homem que escolhessem. O que não é bom para os homens. O que Liam está fazendo com uma Lilac? O que faz uma Lilac em Toronto? Pelo que sei, é uma cidade fora dos limites, considerando que Waleron reside aqui e todos conhecem a história de Waleron com as Lilacs. — Sente-se, meu amor. Liam aponta para a cabine com o braço. Entro e sento e ele entra logo depois de mim. Jasmine senta na nossa frente. — Abigail está fazendo a transição. Diz Liam. — É verdade? As sobrancelhas finas e delineadas de Jasmine levantam. — Entendo que é uma bruxa nesse momento. Uma combinação interessante. Liam falou com esta mulher antes, obviamente, não é tudo negócio. — Bom, não sei se funcionou... — Sim. Interrompe Liam. — É um maravilhoso novo começo.

Levanta a taça de vinho tinto. — Um brinde, por sua nova vida. Que traga alegria e abundância de sangue. Fico tensa com o comentário de Jasmine. Não é possível. Não pode saber. Ninguém sabe, exceto Trinity e eu. Se um vampiro descobrir, se os Scar descobrirem, Cristo, o que fiz? Tudo teria dado certo não fosse pela gravidez. Não supunha que fosse assim. Nem mesmo sei se posso sobreviver à desintoxicação e manter meu docinho vivo. Porra, se não funcionar. Se faço a transição para... Jasmine está usando uma blusa branca perfeitamente engomada

com

os

dois

botões

superiores

desabotoados,

revelando um indício de seu sutiã de renda. Seu sorriso é amável, mas tudo ao seu redor me deixa nervosa. O queixo angular e olhos que se negam a vacilar, mesmo sob a intensidade de Liam. Tremo,

esfregando

os

braços

nus

e

mexendo

desconfortavelmente em meu lugar. Alguma coisa está errada. Por que Liam quer que conheça Jasmine? Ou é o contrário? Jasmine queria me conhecer? Sabe da minha habilidade? Liam e Jasmine sabem que reconheceria o que é. Coloca a mão em sua bolsa preta, puxa um envelope e o entrega para Liam sobre a mesa. — Acho que isto ajudará a convencê-lo.

Liam o pega sem dizer nada, abre-o com sua longa unha do dedo mindinho e tira o que parece ser um documento legal. Seus olhos digitalizam o documento, em seguida há um puxão nos cantos de sua boca. Quando olha para cima, seus olhos brilham em um profundo amarelo e ri. — Interessante. Bastante surpreendente. Tem certeza que nenhum deles tem ideia? Pergunta. Jasmine sorri. — É claro que não. Nunca tivemos intenção de revelá-lo... Tão cedo. Mas surgiram novos acontecimentos e devemos impulsionar nossa causa utilizando outros recursos. — E isso me inclui. Diz Liam, levantando as sobrancelhas e

acomodando-se

em

seu

assento,

o

documento

legal

descansando sobre a mesa. Tento lê-lo, mas o braço de Liam dispara na frente do meu peito e me empurra para trás. — Sim. Diz ela novamente em um tom suave e lírico. —Tem um novo interesse e eu também. Fundir nossos recursos nos ajudará a conseguir o que ambos queremos. Liam fica calado, levando um tempo para responder. Levanta seu vinho, toma um gole e depois o coloca novamente para baixo, dedos tocando a borda. — Seu senso de oportunidade é impecável Jasmine e acredito que um sócio de negócios é justamente o que precisava.

— E ela? Jasmine acena em minha direção e engulo. Liam coloca sua mão sob a mesa e aperta minha coxa. — Infelizmente, agora é complicado, mas com o tempo, será o maior triunfo. Maior triunfo? Deus, Liam sabe. Deve saber. Não posso ficar aqui por mais tempo, tenho que sair. Meus nervos acendem em advertência e com a adrenalina subindo a sede de sangue intensifica. — Preciso... Nunca deixará que saia do bar. — Tenho que usar o banheiro. Meu coração acelera, a boca fica cheia de água. Estraguei o plano de Jedrik. Preciso sair agora. A palma de Liam descansa sobre minha coxa e lentamente a escorrega entre minhas pernas e me penetra. Fico rígida e aperto os dentes. É um gesto de posse e uma reclamação de que logo serei dele. Sussurra no meu ouvido: — Relaxe, minha bruxa guerreira. Liam volta à atenção para Jasmine e começa a falar, mas não consigo me concentrar no que estão dizendo porque tento não vomitar enquanto o dedo indicador de Liam move de um lado para o outro sobre meu clitóris.

Bastardo. Não me deixará ir. Deus, estou fodida. Mexo-me para trás no meu lugar, tentando escapar do seu toque, mas acompanha meu movimento. Minha mão fecha em punho, quero bater em suas bolas. — Por favor, Liam. Tenho que ir ao banheiro. Apenas um minuto. Porra tenho que desaparecer, o alcance de Liam é longo, mas levaria tempo para me encontrar e espero que, até lá, tenha ganho a luta contra o sangue de vampiro em meu sistema. Ou morrido. Liam suspira e afasta sua mão. — Não demore. Sai da cabine e saio atrás dele, dou só um passo antes que sua mão segure meu pulso e me puxe fortemente para seu peito. Sua outra mão passa pelas minhas costas para pegar meu pescoço. — Lembre-se a quem pertence agora, Abigail. Nunca fui boa pertencendo a ninguém. Trinity sendo minha pseudo mãe sabe melhor do que ninguém. Então o impulso de bater em seu rosto arrogante é difícil de resistir. Em troca, sorrio e beijo sua bochecha. — Como poderia esquecer? Seguro o fôlego, esperando que me deixe ir enquanto seus olhos cravam em mim. Finalmente concorda e me solta. Ando

casualmente para longe até que estou fora de sua vista e então quase corro para o banheiro. Esbarro em alguém, respirando erraticamente enquanto luto para parar o impulso de me alimentar. Isto foi um erro. O que fiz? A sede é tão intensa, como um viciado em cocaína, cercado de sacos e sacos da droga. Não choro desde os quatro anos, o dia em que minha mãe me abandonou com Trinity em um beco escuro. Chorei por dias e dias, implorando que minha mãe voltasse. Nunca o fez. Nunca voltei a vê-la. Quando finalmente parei de chorar, jurei que nunca derramaria uma lágrima novamente. Até agora. Agora lágrimas acumulam porque meu controle se esvai e nada mais importa exceto o sangue. Nada. E vou destruir muito mais do que a mim e ao meu docinho. Uma lágrima escorre pelo meu rosto enquanto agarro a pessoa mais próxima, um menino de vinte e poucos anos de pé no bar com o cabelo despenteado, loiro sujo e roupa grunge. Está muito embriagado e perplexo pela repentina atenção de uma ruiva atraente e não questiona meus motivos. Minha mão vai do seu peito até seu pescoço, onde seu pulso bate sob a ponta do meu dedo. Estou tão sedenta.

Envolvo meu braço ao redor do seu pescoço, atraindo-o para mais perto, farejando o doce aroma de sangue que grita por mim. Sorri de orelha a orelha, seus suaves olhos cor avelã dançando com o prazer do que conseguiu arrebatar para a noite. — Olá, docinho. Puxo-o para mais perto, meus lábios a centímetros do seu pescoço, minha língua lambe um atalho ao longo de sua pele nua. Porra, sim. Diz com dificuldade. — Desculpe-me. Sussurro e desço meus dentes para seu pescoço.

Delara Disparo a bola branca e ela bate na verde listrada, afundando-a no bolso do canto. Sei que está me observando. Soube no segundo em que apareceu no beco atrás do bar, seu cheiro elevando-se mais forte enquanto vinha para o bar. É claro, o egomaníaco quer represálias. O ardente Wraith é o homem mais arrogante, ou ser, que já tinha conhecido.

Primeiro a visita surpresa de Waleron no apartamento e agora Edan. Isto que é um péssimo dia. Coloco o taco de bilhar sobre o feltro verde e aceno para o homem com quem estou jogando. — Abandonei, amigo. Coloco uma nota de vinte sobre a mesa, pego minha água mineral e vou para o bar. Edan assiste minha aproximação com seus penetrantes olhos vermelhos e cotovelos apoiados sobre o bar. O tom vermelho é assustador porque sei o que significa, irritado. Poderia tentar correr, mas Edan é um Wraith e fugir somente vai incomodá-lo mais. Sento-me no banquinho junto a ele e coloco meu copo no bar. — Levou bastante tempo. Esperava que viesse antes. Disse sem encontrar seus olhos penetrantes. — Cerveja? Sei muito bem que vai recusar. Os Wraith ficam longe do álcool, já que os deixa imprevisíveis. — Você é uma cadela. Diz Edan. Concordo, assim não precisa entrar em combustão com conversa ociosa. — Ninguém me usa, especialmente uma maldita mulher.

—Alegro-me de te ver na minha parte do mundo, Edan. Digo. — Puta. Cospe Edan. Dou de ombros. — Tinha o que queria, não é? Seus olhos flamejam em um brilho laranja e se não esfriar, deixará o bar em chamas. Tomo um gole da minha água com gás e a efervescência faz cócegas na minha garganta. Na verdade, gosto de Edan. Tratou-me muito bem e o sexo foi incrível. — É poderosamente valente depois de abusar de um Wraith. Poderia prendê-la em nosso reino em segundos. Sim, poderia, mas os Wraith e os Scars estão do mesmo lado. Se irritar os Scars, tudo o que fizemos pelo mundo humano seria apagado. Então, meu palpite é que discursará, enlouquecerá e depois irá embora. — Bem, esqueça a ideia, tenho mais o que fazer. Puxo o celular do bolso de trás e olho para a tela. — Vou dar dois minutos. O braço de Edan dispara tão rápido que não tenho tempo para detê-lo. Bate na água da minha mão que cai no final do bar e quebra. Ow, aqui vamos nós. — Ei, cara! Grita o garçom.

Faço uma careta de desculpa. — Desculpe Dave. Não acontecerá novamente. Edan agarra meu braço, me arrancando do banquinho e puxa contra seu peito largo. Sinto seu pênis através de sua calça jeans porque está duro como pedra. Edan começou uma boa briga, o Wraith de fogo é impulsivo e de sangue quente. Pega meu queixo, mas seus dedos são gentis. — Quero você agora. Sua voz é profunda. — Você me deve. Uau. Tempo para esfriar seu pepino. — Usei você. O sexo foi bom, mas não tão bom. Fique com raiva ou fique magoado e cuspa fogo, mas essa é a verdade. A segunda mentira sai dos meus lábios facilmente. O sexo foi grandioso e me deu mais do que pensa. Mostrou que nem todos os homens me machucariam com raiva. Apesar de sua atitude ardente, Edan nunca me machucará fisicamente. Por isso me sinto culpada por usá-lo para ajudar Balen. Sua mão cai do meu queixo. — É por ele, não? — Acabou de me chamar de cadela e de puta. Não acho que trate de ninguém, mas sim de nós. Outra mentira.

— Poderia levá-la comigo. Os dedos de Edan estendem sobre minha cintura. — Poderia e o odiaria por isso. Saio do seu calor. — Tenho que ir. Viro para partir quando suavemente enrola seus dedos nos meus. Suspiro. Edan não está facilitando as coisas. — Delara. Sussurra. —Preocupo-me com você. O que tivemos foi... Coloco meu dedo sobre seus lábios. Imediatamente o aperta entre seus dentes e o introduz em sua boca. Merda, coisa errada a fazer. — Edan, por favor, não faça isso. Digo. — Não posso acreditar que o que compartilhamos foi tudo uma mentira. Diga que foi real. Como poderia? Só pioraria as coisas. Tem atração sexual, claro. É alto, musculoso e tem uma força que quase iguala a de Waleron. E ali está o problema... Waleron. — Não importa o que era, é um Wraith. Sou uma Scar. Não posso viver permanentemente no seu reino e não pode viver no meu. Os Wraith são espíritos e passar mais do que algumas horas no mundo humano drena seus poderes.

— Podemos fazer funcionar. Argumenta. — Não quis dizer o que disse. Estava irritado. Talvez seja ou não, o resultado é o mesmo. Quero dizer também, mas é melhor assim. — Volte comigo. Acaricia o lado da minha garganta com a ponta do seu dedo. Calafrios percorrem minha espinha com seu toque suave. Posso não amar Edan, mas me preocupo com ele e odeio machucá-lo. Pergunto-me se Waleron se sentiu assim usando Trinity por suas visões. Não, não se preocupa com nada exceto seus juramentos. — Quero foder você novamente. Sussurra Edan. Meu celular vibra. “Onde está? Preciso de você no clube do Liam. O QUANTO ANTES.” — Tenho que ir, Edan. Teclo rapidamente. “O que está fazendo aí?” — Poderia pensar? Pergunta Edan. Meu telefone volta a vibrar e olho para baixo. “Vou dizer quando chegar aqui. Depressa. Fico inquieto com estes vampiros sanguessugas e pessoas inseto.” — É Jedrik, algo deu errado. Preciso ir.

— Precisa de mim? Isso é doce, o beijo ligeiramente. — Não, mas obrigada. Assente e solta minha mão enquanto vira para o bar e senta no banquinho. Em seguida agarra a cerveja do cara que está ao seu lado e bebe. “Cinco minutos.” “Tem dois.” Isto não pode ser bom.

Abby Não sei como acontece, mas em um segundo estou envolvida nos braços de um estranho disposta a morder seu pescoço e no próximo o cara está inconsciente no chão e Jedrik me arrasta através da multidão para os banheiros. — Jedrik? Perco meu sapato e tropeço. — Bem no último momento, não é, doçura? Grita Jedrik sobre a música enquanto continua me empurrando para o corredor.

Com um sapato perdido, manco atrás dele enquanto me reboca além dos banheiros. Está me tirando daqui? Mas não posso. Liam está esperando eu voltar. Deus, preciso de sangue. É tarde demais para mim. — Pare. Jedrik, pare droga. Isso não pode acontecer assim. É muito tarde. Estou muito longe. Jedrik me ignora até que estamos sozinhos no corredor, a cem metros da saída de incêndios. Empurra-me contra a parede, a mão na minha garganta. — Provou sangue desde a última vez em que a vi? O punho de Jedrik crava na parede junto a minha cabeça quando não respondo imediatamente. — Provou? Nego com a cabeça, mas não é fácil com a mão ainda fechada na minha garganta. — Então não é tarde demais. Solta minha garganta, as palmas de suas mãos apoiadas na parede de cada lado da minha cabeça. Em seguida levanta o queixo a esquerda, pelo corredor mal iluminado do bar. Sigo sua visão. Tudo dentro de mim se agita, o pulso, a respiração, meu ventre gira com um frenesi de borboletas fora de controle. É ele. O reconheço pela maneira que se move. Não só caminha. É dono do seu andar. Dono do terreno e de tudo ao

redor. Mais de um metro e noventa, ombros largos, passos longos e seguros que dizem: "Saiam da frente". As pessoas se movem sem dizer ou fazer nada. Balanço a cabeça de um lado para o outro. — Disse que não queria que soubesse. Meu Deus, disse isso. Tento sair de debaixo dos braços me enjaulando de Jedrik, mas agarra meu cotovelo e me mantém no lugar. — Ah, não, não faria isso. — Por quê? Por que teve que dizer? — Merece saber, Abby. Não acho que foi tudo sorvetes e picolés, falei no e-mail. — Mandou um e-mail? Meu Deus. Enviou um e-mail. Damien deve estar chocado. Meus ombros desmoronam e caio contra a parede, olhando para o chão, escutando os passos determinados, parando ao lado de Jedrik e de mim. De repente gosto dos braços de Jedrik que enjaulam porque me mantém protegida de Damien, mas não dura quando Jedrik afasta e sou forçada a olhar para ele. Os olhos de Damien ardem de raiva e seu corpo está duro como uma rocha, com uma camiseta preta e calça jeans desbotada, está tenso, os músculos do braço tatuado incharam. Não me olha; está olhando para Jedrik, o que me dá um pouco de alívio.

— Delara vem ajudá-lo com Liam? Damien pergunta e meu coração dá um salto ao ouvir sua voz profunda e rouca. Jedrik concorda com a cabeça. — Chegará a qualquer momento. Ficarei para garantir que é seguro. Tire a Abby daqui, sua sede é muito forte e Liam sabe. Damien assente com a cabeça na minha direção, mas se nega a me olhar. — Sabe o que acontece? — Estou aqui. Digo. Ambos me ignoram. — Armazenei a casa para seis meses. O quarto está pronto e o lugar está seriamente isolado, então ninguém a ouvirá. Tem as instruções, certo? Ouvir-me? O quarto está pronto? Damien assente. — Não a deixe sozinha por nenhum segundo e controle-a, pelo amor de Deus. — Vamos? Agora? Liam ficará louco se partir. Achei que esperaríamos até mais tarde, depois que deixasse Liam. — Balen diz que é pior à noite; vai dizer ou fazer qualquer coisa para conseguir o que quer. Sabe tão bem quanto eu o que é.

Damien ainda não diz nada e em silêncio me assusto quando as peças do quebra-cabeça começam a se encaixar. — Acho que já não posso mais chamá-lo de Rei Virgem. Jedrik ri, mas Damien franze as sobrancelhas e os lábios. A risada termina abruptamente quando Jedrik volta sua atenção para mim. — Boa sorte, querida. Pisca um olho e depois corre pelo corredor e desaparece no bar. Ah, o que aconteceu? Damien está aqui. Jedrik me deixou com ele e pela sua conversa, vamos não só ao bar, mas também à cidade... Juntos. Damien se move e imediatamente tento me afastar, mas não posso porque minhas costas já estão contra a parede. — Damien, o que... Minha voz para, fica bloqueada ou talvez é arrancada da minha garganta por seus olhos brevemente rasgando nos meus. Aqueles olhos frios e escuros que estão cheios de raiva. — Abby, agora não. Sua mão dispara e pega meu pulso para me manter no lugar. Ofego enquanto um choque de excitação percorre meu corpo, atrevo a olhar para Damien, mas acovardo, optando por olhar para seu peito. É exatamente o que lembrava: músculos bem definidos duros e macios dos quais provei cada centímetro.

Damien é o homem mais quente, mais sexy e mais exigente com quem já estive. Não há nem suave nem amável com ele, é cru, duro e possessivo. Deus, quando Damien me fodeu, fez como queria, mas não importa porque terminou como eu queria. — Fique perto de mim. Não importa o que aconteça, mantenha-se controlada, entendeu? Damien diz com um toque sutil do seu sotaque irlandês. — Sim, mas onde... — Agora não, Abbs. É o único além de minha mãe que me chama assim. — Abaixe a cabeça. Se não a reconhecerem, melhor para nós. Puxa-me para frente pelo corredor. Manco porque não tenho um sapato, mas não atrevo a me queixar. Posso ser teimosa e chata, mas não estúpida. Damien é perigoso, é um Scar e acaba de saber, por e-mail, que levo seu filho. Ah e diz que odeia mulheres. Das nossas duas noites de paixão, teria contestado, até este momento. Agora, estou pensando que ódio é uma palavra muito suave. Conduz-me pelo corredor para a saída e seu braço enrola possessivamente ao redor da minha cintura. Seu passo é agressivo e decidido quando nos aproximamos dos guardas que bloqueiam a saída de incêndio. Os dois homens afastam, um

inclusive mantém a porta aberta para nós, até que um deles percebe a falta do meu sapato. — Senhorita? Seu sapato é...é você, Abigail? Damien me deixa ir e vira. Seu punho golpeando o rosto do indivíduo, que cai longe da porta. O outro cara, que está mais perto de mim, tenta agarrar meu braço, Damien é mais rápido. Um forte gancho debaixo do queixo do menino e um duro golpe em seu peito o enviam de lado à parede de tijolo. Ouço o estalo quando bate a cabeça. Então o homem desaba no chão, sangue escorrendo pelo lado do seu rosto. Damien mergulha atrás do outro homem, não posso me mexer enquanto olho o sangue fresco no rosto do gorila, que agora escorre pelo queixo. O sangue me afeta e lambo os lábios, num impulso. Ajoelho junto ao gorila. Deus, o cheiro disto é como respirar oxigênio fresco. Tenho que ter. Morreria sem... — Ah, não, porra não. As mãos de Damien se apoderam dos meus ombros e me puxa , empurra-me pela porta e a fecha atrás dele. Agachado na minha frente agarra meu tornozelo, levanta meu pé e arranca o salto alto, atirando-o no teto do edifício. Depois pega meu pulso e corremos pelo beco escuro. — Aonde vamos? Pergunto.

— Para a porra das trevas. Responde Damien.

Delara — Estou aqui. O que aconteceu? Pergunto ao Jedrik quando entro no clube. Os gorilas me conhecem bem e permitem

minha

passagem

por

cima

da

fita,

inclusive

gentilmente mantêm a porta aberta para mim. — Damien acaba de sair por trás com a bruxa, Abby. — O que? Grito. Merda, Liam tinha algo para a bruxa. Que porra está acontecendo? — Não podia contar o plano, no caso de seu bloqueio mental falhar durante seus momentos de paixão com o sanguessuga. — Ah, foda-se Arrow. Sabe que já parei de dormir com ele. — Liam não sabe que Abby se foi, mas em breve saberá e preciso que o distraia para que tenham chance de escapar. Pronta, Sass? — Arrow, você é um idiota estúpido. Que porra está fazendo? Vou diretamente para a mesa permanentemente reservada de Liam. Jedrik perdeu sua maldita cabeça? Ferrar Liam é como

iniciar uma guerra total entre os dois tipos. Waleron vai explodir sua cabeça e em seguida a de alguns. — Bebeu seu sangue, Sass. E está grávida. É do Damien. Encontro-me com o que deveria ser um pescoço comprido pelo cheiro de lixo que emana de sua pele. Empurro-o para o lado, ignorando seu assobio e a rápida varredura de suas unhas compridas e sujas

no meu braço. Regras do clube, território

neutro, mas quando sair lido com ele. Miro nele por cima do ombro e continuo caminhando na direção de Liam. Está apertando a mão de uma mulher de costas para mim e depois a mulher entra na multidão. Tento rastrear o perfume da estranha, mas com tantas pessoas no clube é impossível saber com quem ou com o que Liam se reuniu. Posso dizer que está ansioso, perguntando-se para onde desapareceu sua pequena bruxa pela forma que seus olhos percorrem o clube e por sua postura excepcionalmente tensa. — Droga, Arrow. O que devemos fazer? — Damien precisa de dez minutos para tirá-la da cidade. Mantenha-o ocupado. — Cristo, saberá que nós fizemos isto. Os olhos de Liam me encontram e assente. Isso não é bom. Um sorriso seria melhor. Diminuo meu ritmo e balanço

sutilmente meus quadris. Aprecia uma mulher sexy e como não tive tempo de me trocar, tenho que pegá-lo de primeira. — No bar. Extrema direita. Diz Jedrik. Mudo meu olhar e vejo Jedrik de costas para mim, aparentemente relaxado contra o bar, cerveja na mão como se não tivesse nenhum problema no mundo. Na verdade, está paquerando com uma pequena loira ao seu lado. — Blood, Digo, sorrindo enquanto estendo ambas as mãos. Gentilmente pega e beija a parte de trás de cada uma. Não devolve meu sorriso, nem olha enquanto seus olhos continuam digitalizando o clube. Isto vai ser mais difícil do que pensei. Não tem como ir contra isso. — Parece agitado. Algo errado, Blood? Vai enviar seus vampiros à caça. Não posso atrasá-lo. — Nunca desconfiei que a tiraria do meu próprio clube. Ah ótimo, ele sabe. Maldito Jedrik. — No entanto, esta noite estava com muita sede. Acho que não havia outra opção. Provavelmente foi o melhor. Suponho que vai tentar a desintoxicação? Antes que tenha a chance de negar, o celular de Liam toca, passa o dedo pela tela e em seguida leva-o à orelha.

— Ele sabe. Por que porra se arriscou a tirá-la do seu maldito clube? Pergunto. — Esse não era o plano. Liam a esperava aqui esta noite. Se não aparecesse, saberia que algo estava acontecendo. Estávamos planejando levá-la depois que deixasse o clube, mas tentou morder o pescoço de um cara e meu plano foi pelos ares. Liam

não

diz

uma

palavra

para

quem

o

chama,

simplesmente escuta, mas fecha a cara e sua mão fecha em punho. Irritado. Quando olho para seu rosto não tem raiva. Estranho. Seu corpo está pronto para explodir em um furioso vulcão, entretanto, sua expressão é calma e controlada. Mesmo enquanto respiro seu cheiro, não posso sentir raiva. Não importa que levamos Abby? Abaixa seu celular e o mete no bolso enquanto levanta as sobrancelhas para mim, como

se esperasse que respondesse

sua pergunta anterior. — Não sei do que está falando. Patético, mas não tenho nenhum recurso. — É claro que sim. Chega perto, seus olhos perfurando. Em seguida seu braço serpenteia ao redor da minha cintura e puxa mais perto. Quando sua boca aproxima, espero seu beijo, mas no último segundo antes que nossos lábios se toquem, sussurra no meu ouvido.

— Abigail está grávida, sabia? Seu braço aperta ao meu redor e tenho dificuldade para respirar. — Não importa. A Transição a teria matado em tal estado e certamente não quero isso. Preciso dela viva e vai garantir que aconteça. Abaixa sua voz ainda mais. — Esteve grávida uma vez, não é, Delara? Não posso controlar meu suspiro. Meu estômago retorce com a menção do meu segredo. Como sabe? Ninguém sabe que estive grávida. Ninguém, nem mesmo Jedrik. — Um aborto aos oito meses. Afirma. — É uma pena. Do Waleron? — Não é assunto seu. Resmungo. — Sass, está bem? — Disseram se era um menino ou uma menina? Puxo-me para trás com tudo e dou-lhe uma bofetada. Seu sorriso desaparece e esfrega o rosto, um olhar assassino em seus olhos. — Acho que mereci isso. Aponta para o bar. — Diga ao seu cão de guarda que mantenha distância.

Jedrik abre passagem para nós. Caralho, começar uma briga no clube de Liam é suicídio. — Retroceda Arrow. Cuido disto. — Sass, que porra? — Disse para deixar. Não me fará mal. Saia daqui. — Sass, não creio que... — Por favor. Ouço-o suspirar. — Waleron não gostaria de saber que teve um filho? Bom, um morto, mas mesmo assim. — Maldito bastardo. Replico, a fúria envolvendo todo meu corpo e a taça de vinho na mesa oscila. Em pouco tempo, minha raiva a quebrará em uma reação em cadeia. — Acalme-se, linda. Seu segredo está seguro, mas vem com

um

preço.

Até

que

Abigail

tenha

passado

pela

desintoxicação, quero você. — Isso é impossível. Digo. — Não pode mais me ter. Já disse que acabou. — Ah, posso. Escondeu muitas coisas do Waleron, incluindo a gravidez. Pode esconder isto também. Meses de tormenta, fugindo, grávida e sozinha. Quando não pude mais fugir... Escondi-me.

— E se mandar você se foder? Hesita, para certificar-se de que tem toda minha atenção. — Então mato seu filho. Diz Liam, com uma expressão esperando minha reação. — Meu filho está morto. Você mesmo disse. Abortei. Que droga está fazendo? Ri. — Vejo sua perplexidade. Esperava, é claro. Foi há muito tempo. Encolhe os ombros. — Vê, não sabe se estou mentindo, no entanto, como mãe, não pode arriscar. Seus dedos se enterram na minha cintura. — Mas, meu amor, terei a bruxa. E se não encontrar uma maneira de trazê-la viva depois da desintoxicação, então matarei seu filho muito vivo. Não. Está mentindo. Vi meu docinho nascer, vi o corpo. — Está mentindo. — Talvez. Sua mão acaricia meu braço e minha nuca. Afasto-me, mas me aperta forte. — Pense, Delara. Como sei da sua gravidez? Como sei que a levou até o oitavo mês?

Meus joelhos enfraquecem e teria caído se não fosse seu braço ao redor da minha cintura. Seus dentes mordem a ponta da minha orelha antes de dizer: — Diga a seus amigos que mantenham a bruxa viva e manterei seu filho vivo. Acho que é uma troca justa. A bile sobe na minha garganta e engulo várias vezes. Não. Deus,

por

favor,

não.

Isto

destruiria

Waleron.

Quero

desesperadamente que seja verdade, mas não pode ser. É impossível. Sinto-me como um pedaço de vidro que quebra em pequenos fragmentos. Deus. Sufoco um soluço. — Tenho curiosidade de saber, quanto tempo vai passar antes que veja Waleron em minha porta? Acaricia seu dedo pelo meu braço. — Quanto tempo antes que tente resgatar seu amor da minha cama? Quanto tempo antes que descubra a verdade?

Damien Abro a porta do Audi a uma quadra do clube. — Entre. Digo, impedindo que chegue ao gorila. Não confio que não tentasse voltar para provar o sangue. Pelo olhar em seus olhos enquanto se jogava sobre o gorila, está faminta. Em que confusão me coloquei? Inferno é um eufemismo. Faz uma pausa antes de entrar no carro. — Damien... Sua voz sumindo quando vê minha carranca. Depois sobe e meus olhos passeiam dos seus tornozelos até suas coxas.

Aquelas coxas grandes que estiveram embrulhados em volta dos meus quadris várias vezes enquanto a fodia contra a parede, cadeira, chuveiro, cama, chão, contra a janela do quarto do hotel. Jesus, amaldiçoo baixinho. Pensar em suas pernas e bunda foi o que me meteu nesta confusão em primeiro lugar. Fecho a porta do carro. Como se supõe que vou viver com esta menina com essas lembranças perturbando minha mente? Tiro as chaves do bolso dianteiro da calças e entro do outro lado. Ligo o motor, piso fundo e saio disparado do beco. Preferiria estar nos braços de Hades do que preso neste carro com uma menina que fodi estupidamente. É como estar preso com uma mulher em um caixão, meu pior pesadelo. Para acrescentar à mistura, a mulher quer afundar seus dentes no meu pescoço e beber meu sangue. A Abby que conheci aquele dia no supermercado é indistinguível agora. Olho para ela e noto quão pálida está, tem olheiras debaixo de seus olhos. Também falta aquele atraente sorriso febril que endureceu meu pau. Foi terrível por quão atraído estive, já que raramente presto atenção às mulheres. Não posso dizer o que foi ou por que decidi passar aqueles dois dias trancado entre suas pernas. Apesar de delicioso, foi um erro, que estou pagando agora.

Juro que usamos preservativo cada vez que fodemos. Nunca tive uma mulher sem isso. Fizemos tantas vezes, já não tenho certeza. A razão pela qual não lembro das camisinhas é porque nunca estive tão fora de controle com uma mulher. Foi essa necessidade que me levou a tomá-la uma e outra vez. Irresistível. Cru. Selvagem. E estúpido. Sabia que não devia foder uma maldita bruxa. Uma que é jovem, incrivelmente sexy e espertinha. Jedrik deve ter adorado enviar esse e-mail com o assunto "Falha de Camisinha". Pensei que era uma brincadeira. Em seguida, o choque, a incredulidade, por último, a fúria fervia ao voar de volta para Toronto. Tudo surgiu quando encontrei Jedrik na casa de Keir e obtive a verdade sobre a situação de Abby. Por que porra beberia sangue de um vampiro? Não fazia sentido. Quer se tornar um vampiro? Ser a maldita escrava de Liam? Isso não parece com a garota que conheci. Teve problemas em me dar o controle quando a fodi, mas é claro que eu sempre consigo o que quero e Abbs aprendeu isso rápido.

A mulher teve confiança suficiente para me bater no supermercado. Foi inesperado, a maioria das mulheres me olhavam e corriam na direção oposta. Minha testa, tatuagens e indiferença mantinham as mulheres à distância. São um pé no saco; bom exemplo, a situação que estou agora. O que estava pensando quando aceitei desintoxicá-la? Porra, nem sequer sabemos se funcionará. Balen é o único que já lutou contra o veneno do sangue vampírico e levou dois malditos anos. O que Abby é? Uma bruxa de vinte e um anos e grávida. Com meu filho. É uma situação impossível. Corro a mão através das minhas curtas e escuras mechas e então bato o volante com a palma da minha mão. — Damien? Cometo o erro de olhá-la. Seus cílios longos revoam; os que beijei, lambi e toquei com a ponta do meu dedo. Irresistível. Porra. — Damien sinto muito. Disse ao Jedrik para não contar. Não queria que soubesse. A palma de sua mão descansa sobre seu abdômen e minhas mãos apertam ao redor do volante. — Só acho que será melhor para nós se outra pessoa fizer esta coisa de desintoxicação comigo.

Rosno. — Não é que não aprecie que veio até aqui, mas não tenho nem ideia do que vai acontecer e Damien, não quero que me veja assim. Sua voz mal flutuando com suas últimas palavras. — Não tem mais ninguém. E não tem mais ninguém, porque só Balen, Jedrik e agora Delara sabem. Se Waleron souber, os Wraiths se envolverão, e, é claro, Trinity. O mais provável é que os Wraiths insistam na morte de Abby e Trinity... bom, quem sabe o que essa cadela faria. Lançaria Abby aos lobos, literalmente. — Talvez Jedrik possa... — Se Jedrik desaparecer por muito tempo, Waleron saberá. Sou um solitário, sem Talde e Waleron me contata através de e-mail ou celular. Sou a única opção. — Mas... — Abbs!!! Abaixa a cabeça e fecha a boca. Uma reação muito diferente a minha advertência da última vez em que estivemos juntos. Lembro da sua risada quando dei instruções para tirar a roupa e deitar na cama. Parou na beira da cama e fez uma dança para mim sem tirar uma única peça de roupa. Isso durou cinco minutos. Só durou tanto tempo porque estava linda e sexy mesmo sem estar nua.

Então a abordei, tirei a roupa e mostrei o que acontecia quando ignorava minhas instruções. Suplicou e gemeu sob minha língua durante uma boa hora. — Talvez eu mesma possa fazer isto e você pode... — Vou cuidar do problema. Bato meu pé no acelerador e o carro pula para frente. — Não sou problema de ninguém, replica Abby. Sinto que seus olhos afundam em mim, mas me nego a olhá-la.

Não

preciso,

porque

conheço

exatamente

sua

expressão... Adoráveis lábios e sobrancelhas franzidas e narinas em dilatadas. Tinha essa expressão quando a chamei "pequeno duendezinho de cabelo vermelho". Ri. Depois ri ainda mais quando jogou um travesseiro na minha direção. Depois outro. E outro. Depois pegou sua roupa e estava perto da porta do quarto do hotel antes que eu parasse de rir. Não, ainda não tinha terminado e não tinha intenção de deixá-la partir. Então fiz algo muito diferente de mim, e a risada já tinha sido incomum, peguei um travesseiro do chão e joguei nela. Isso começou a briga de travesseiros que terminou sendo uma foda selvagem entre milhares de penas. — Neste momento, você é o problema com o qual tenho que lidar Abbs.

Espero um soco no braço ou palavras de represália, mas nunca chegam. Olho-a e observa pela janela, suas sobrancelhas finas franzidas sobre seus olhos vidrados cheios de lágrimas. É instintivo. Alcanço o espaço entre nós e passo a parte posterior da minha mão pelo seu rosto. — Cristo, Abbs. Não quis dizer isso. Como dizer isto sem ferir seus sentimentos? — Nunca quis um relacionamento ou um filho. É por isto que mantenho distância das mulheres. Lutar com sua bagagem emocional é como atear fogo na minha cabeça. Assente. — Sim, muito menos eu. Suponho que nem sempre conseguimos o que queremos. Silêncio. — Querida, não vai se tornar um vampiro. Não diz nada. Desvio para o acostamento e paro o carro. — Não beberá sangue, então não haverá Transição. Ponto. Não vou deixá-la beber. — Sim. Diz ela. — Droga. Olhe para mim!

Quando me ignora, agarro seu queixo e a obrigo a olhar nos meus olhos. Posso odiar estar aqui, mas nunca fujo das minhas responsabilidades e agora Abby é minha. — Não será um vampiro, ok? Não deixarei que isso aconteça. Faremos esta porra de desintoxicação e poderá voltar para seu clã e esqueceremos que algo assim aconteceu. Não menciono o bebê porque a chance dele sobreviver é quase nenhuma. Silêncio. Meus dedos apertam seu queixo e tenta se afastar, mas aperto mais forte. Sua mão levanta e enrola no meu pulso enquanto crava as unhas até que a solto. — Abby. Encontra meus olhos e ficamos olhando um para o outro durante vários segundos. Lambe seus lábios secos e meus olhos se lançam para sua boca. — Qual o plano, Damien? Vivo em uma caixa e você vigia? — Tipo isso. Isto é muito pior do que imaginei, e tinha imaginado um cenário muito ruim. Balen diz que será pior à noite, mas uma vez que o desejo desaparece, não haverá Transição. Cabeça baixa e seu cabelo protegem seu rosto.

— Acha que o bebê sobreviverá à desintoxicação? — Cristo, Abbs. Como poderia responder a isso? Coloco o carro em marcha e voltamos para a estrada. — Não sei. Dá de ombros e apoia a cabeça no banco. — Acho que não. Pelo canto do olho, noto que sua mão inconscientemente acaricia sua barriga enquanto olha pela janela. É uma cena que lembrarei pelo resto da minha vida. Linda. Cativante. Tão inconsciente e pacífica, mas o que está para acontecer não será nada disso. Balen disse que provavelmente perderá o bebê. Não posso dizer isso. Abby foi uma aventura. Uma bruxa quente e sexy que fodí enquanto estive na cidade. Isso era tudo o que supunha que deveria ser. Deixei claro antes de levá-la ao hotel. Sabia que eu estava indo para a Flórida. Era para esquecê-la. Mas nunca o fiz.

Rayne — Hoje quero falar sobre sua infância. Diz Rebecca. Sento-me com as pernas cruzadas sobre o sofá com tapeçaria de girassóis, enroladas ao meu lado duas almofadas brancas, as quais várias vezes durante as sessões joguei através da sala, pousadas ao longo do encosto deste, uma variedade de animais de pelúcia. Estou pensando em Delara, não no que Rebecca diz. Nas últimas duas semanas, esteve distante, a maioria das noites não dorme na galeria e volta altas horas da madrugada.

Olhos vermelhos, não tenho certeza se de cansaço ou porque estava chorando. Ontem acordei de madrugada para encontrar ela e Jedrik discutindo no beco embaixo da minha janela. Ouvi fragmentos de palavras quando Jedrik levantou a voz. Algo sobre Liam, Abby e Waleron. — Rayne? Diz Rebecca. — Sim, sinto muito. Olho para cima. — Sua infância. Antes de Anton. Evitei falar da minha infância nas últimas sessões. — Não lembro de muita coisa. — Comecemos com seus pais. Como eram? Coloco um travesseiro no meu colo e brinco com as franjas penduradas nos cantos. — Morreram em um acidente de carro quando tinha dez anos. Só tenho lembranças. Meu pai recebeu uma ligação de emergência do hospital, um caminhão virou na autoestrada 400. Precisavam dele e da minha

mãe,

na

sala

de

emergência.

Sendo

médicos,

frequentemente tinham emergências. Anton era um vizinho que se tornou um bom amigo. Cuidava de mim se ambos eram chamados ao mesmo tempo.

Nunca voltaram para casa naquela noite. Ironicamente, seu carro foi atingido por um caminhão na autoestrada e os matou instantaneamente. O motorista nunca foi encontrado. — Rayne, você está evitando a pergunta, diz Rebecca. — Isso foi o que aconteceu, não quem eram. Aumento meu domínio sobre o travesseiro. — Era muito jovem para lembrar. — Não acredito que seja verdade. Rebecca bate em sua coxa com a caneta e com seu silêncio, sei o que significa. Vai esperar até que eu diga alguma coisa. — Mamãe era calada, tranquila e preocupada com todos. Mesmo quando me metia em problemas, lembro dela sendo... Não sei, só amorosa. — Então foi uma menina curiosa? Metia-se em encrencas? Dou de ombros. — Uma vez saí, caminhei por duas quadras e sentei na beira de uma piscina. Não sabia nadar. Mamãe chamou a polícia e meu pai teve que vir para casa do trabalho. Os donos da casa me encontraram e recebi um sermão da polícia. — O que seus pais fizeram? — Não lembro muita coisa. Só que o policial com o bigode grande abaixou na minha frente. Era tão grande e assustador.

Olho para o travesseiro que abraço em meu peito e então digo: — Minha mãe e meu pai me abraçaram. E choraram. — Então, era uma menina muito corajosa? — Suponho. Quero dizer, não estava tão assustada. Além disso, tinha Serafina, embora mantivesse minha amiga em segredo dos meus pais. Sabiam sobre a tatuagem porque ensinaram as palavras para invocá-la, mas somente tinha permissão para fazê-lo se algum dia estivesse em perigo. É claro, que isso só incentivou a invocar a minha tatuagem quando não estavam por perto. Serafina e eu brincaríamos e riríamos, era minha melhor amiga. Até Anton. — E seu pai, como era? — Procurava sua aprovação para tudo. Lembro de querer deixá-lo orgulhoso, mas não acho que consegui. Não lembro muito dele porque a maioria das minhas lembranças são de Anton. — Tenho certeza que não é verdade, Rayne. Possivelmente sua percepção, que é um padrão da anorexia, nunca se sente boa o suficiente, mas isso não é verdade. Já não importa, meu pai está morto. — Anton tomou o lugar do seu pai? Talvez seja ele a quem nunca conseguiu agradar?

Meu coração bate forte no peito e meus olhos são dardos para ela. Odeio falar sobre Anton e sabe. — O que quer dizer? — Foi seu tutor. É possível que tentasse fazer Anton sentir-se orgulhoso, precisando dessa aprovação, porque já não podia tê-la do seu pai? É uma droga que seja tão perspicaz, talvez esteja certa. Estou melhorando. Minhas pernas já não tremem quando ando e não tenho sentido enjoos há mais de uma semana. Mesmo assim, penso em cada pedaço de comida que ponho na minha boca, é uma batalha. — Talvez. Não sei. Mas tentava uma e outra vez agradar o Anton, mas nunca era suficientemente forte ou boa para ele. Forçava-me a usar minhas habilidades, pressionava-me por horas e horas, mesmo quando estava cansada, me forçava a fazer mais, a tentar mais. Suspiro, atirando o travesseiro de lado. — Nunca estive a altura das expectativas de Anton. — Era um homem horrível, Rayne. Nunca estaria à altura de suas expectativas, não importa quanto tentasse. Treinou-me como se fosse um robô, me pressionando até que entrava em colapso. Quando nos mudamos para o complexo, ficou pior.

Lembro-me de uma mulher lá. Nunca a esquecerei porque pensei que era a esposa de Anton ou algo assim e se tornaria minha nova mãe. Depois desse dia, raramente a vi. Então descobri que não era a única diferente. É claro, não posso dizer nada disto para Rebecca. Tudo o que sabe é que casei com meu tutor, que era abusivo e controlador. — Era uma menina que perdeu os pais em um horrível acidente. É claro que precisava de aprovação e de amor de quem estivesse mais próximo. Infelizmente, foi o Anton. Reconstruiremos sua percepção de não ser boa o suficiente. Precisamos de um incidente de quando era criança. Vamos começar com uma lembrança de seu pai, ok? Assinto, pego meu diário e escrevo sobre o dia em que meu pai me ensinou a andar de bicicleta, no meu quarto aniversário. Lembro que estava irritado porque eu continuava a cair. Enquanto Rebecca ajuda a reescrever a história, percebo que

não

estava

irritado

ou

decepcionado

pela

minha

incapacidade, apenas preocupado que caísse tantas vezes, ralasse os joelhos e as palmas das mãos. Sentia a minha dor. Quando isso mudou? Quando minha percepção de toda a história mudou para algo feio? Havia lágrimas em seus olhos quando me olhou subir obstinadamente em minha bicicleta uma e outra vez. Estava orgulhoso de mim por nunca desistir.

Abby Semanas de sede constante, minha boca está tão seca que parece que tenho lixa na língua e cola seca na parte de trás da minha garganta. Não é de água que tenho sede é de sangue quente. A urgência de afundar meus dentes em algo que tenha um batimento cardíaco. Todo o resto ao meu redor é impreciso e não consigo concentrar em nada exceto sangue. Ouço uma voz à distância, um eco dentro da minha cabeça, como se fosse eu, mas diferente. — Por favor. A voz diz. Está implorando com um tom áspero em cada palavra. — Trouxe água. Diz outra voz. A cama afunda e o cheiro fica mais forte. Sangue. Sangue fresco. Vai acabar com a sede, acabará com a dor. Através da minha visão turva e minha mente sedenta de sangue, vejo-o... Damien. Não. Deus não, não me obrigue. A urgência é tão forte, como um tubarão grande e branco olhando para sua maldita presa. Meu controle não existe mais. Só o instinto de tomar o que meu corpo precisa para sobreviver.

Um assobio estranho e desconhecido surge da minha boca quando me jogo na sua garganta. Minhas unhas atacam primeiro seu pescoço, o cheiro do sangue intensificando-se enquanto olho aumentar o vermelho na superfície da sua pele. O vidro quebrado, mãos que agarram meus braços, me afastam e jogam de volta na cama. — Abbs, porra. Pare. Grita a voz, como uma tuba batendo dentro da minha cabeça. Damien? O que aconteceu? Por que parece apavorado? Sedenta. Tão sedenta. Esqueço Damien, quando o penetrante cheiro de sangue me transforma em uma besta histérica. Lambo meus lábios e luto freneticamente contra as mãos que seguram. — Nããooo! Grito. Minha voz já não se distingue enquanto amaldiçoo e assobio, lutando contra as restrições de suas mãos. Obriga-me a recostar, seu peso sobre mim. Suas mãos prendem meus ombros, pressionando me pressionando no colchão. Meu corpo se joga de um lado para o outro, desesperado para se livrar e acabar com a tortura. Apenas uma gota para parar a dor. — Abbs, pelo amor de Deus, ouça minha voz.

Nego, consigo liberar o braço enquanto levanto meu joelho entre nós. Empurro, batendo forte em alguma coisa, não sabendo o que, mas escuto um grunhido. Meu outro braço fica livre quando o peso sobre mim de repente desaparece. Meus olhos abrem enquanto está de pé junto a cama. Damien?

Não

posso

concentrar

nele.

Meus

olhos

continuam olhando o sangue escorrendo pelo seu pescoço, onde cravei minhas unhas em sua carne. Um grunhido alto ecoa no quarto e salto no sangue. Bato forte no seu peito, mas está preparado para mim porque sou jogada novamente na cama. — Abbs, doçura, por favor. Essa voz, conheço essa voz, minha mente brinca comigo e já não sei o que é real. O que está acontecendo comigo? Meus olhos passam ao redor do quarto, incapaz de ver alguma coisa claramente. Vivo em uma neblina vermelha. — Abby! A voz diz mais alto. Passos aproximam e com eles o cheiro do sangue fica mais forte. — Sou eu, Damien. Damien está aqui? Quem está tentando me machucar? Não entendo o que está acontecendo.

De repente as mãos agarram meus pulsos e os seguram acima da minha cabeça, na cama. Instintivamente, reajo, tentando soltar, lutando e gritando até que minha voz falha. Luto

até

que

minhas

forças

esgotam.

Então

gemo

enquanto movo a cabeça de um lado para o outro sobre o travesseiro. O peso solta meus pulsos, mas fico imóvel enquanto escuto os passos desaparecerem. Uma porta abre e em seguida bate sendo fechada. O cheiro do sangue se foi. O pânico se apodera de mim, saio rapidamente da cama e corro para a porta. Cruzando o quarto caio sobre meu quadril e engatinho para a porta. Para o sangue que está do outro lado. — Por favor, choro. — Por favor. Bato na porta uma e outra vez até que já não posso mais. Então deito de lado sobre o chão e o arranho até que tudo fica preto.

Damien — De jeito nenhum. Grito no meu celular, enquanto vou de um lado para o outro através do chão de madeira rachada.

— Não posso fazer isto. A bruxa está muito longe de ser salva. Chegamos muito tarde. Não quero dizer o nome dela ou solidificará que a mulher trancada naquele quarto é Abby. — É o veneno em seu sangue, Damien. Consome por dentro até que cada sentido concentra em um objetivo, sangue. A voz de Balen é tranquila, mas convincente. — Isto vai passar. Confie em mim, estive lá. Chuto o tapete rasgado e barato que tem listras em tom pastel e pontas desfiadas. — Está louca. Essa mulher já não é ela. Estou dizendo, chegamos muito tarde. Balen sussurra. — A menos que tenha provado sangue novamente, não é muito tarde. —

Com

razão

os

Wraiths

queriam

nos

matar

se

provássemos sangue de um vampiro. Paro na porta fora do quarto e olho através da pequena janela de vidro duplo que Jedrik instalou, assim sou capaz de verificá-la sem entrar no quarto à noite, quando está em seu frenesi de sangue. — Está deitada no chão por horas. — É mil vezes pior à noite. Explica Balen.

— Mantenha a porta fechada e deixe-a sozinha. Levei semanas para aprender que estar perto de qualquer coisa com sangue bombeando, deixa tudo muito pior. Não quero entrar nesse quarto novamente, mas dentro dessa mulher louca atirada, ali está Abby. — Quanto tempo? Silêncio. —Jesus Cristo, Balen, preciso de respostas. Estou dando tudo de mim para não sair correndo por essa maldita porta e ir embora. Não farei. Sei que realmente não farei, porque dói vê-la assim. Consome minhas entranhas como ácido em uma dor lenta e que arde. Ela está destruindo a frieza que construí ao meu ao redor. Cada dia, uma peça quebra e sinto mais. Machuca-me mais. A condenada voz de Danni entra na minha cabeça por telepatia. É um dos poucos que pode falar telepaticamente a longa distância. — Não se atreva a desistir dela, Damien. Pare de pensar em você mesmo e ajude-a a superar isto. — Diga a sua mulher para ficar fora da minha cabeça. Tiro o telefone do meu ouvido, desligo e o jogo sobre o balcão da cozinha.

Corro a mão através dos irregulares fios de cabelo preto, aproximo do quarto e viro a maçaneta. Seu corpo bloqueia a porta, então quando abro é arrastada pelo chão, antes que a feche novamente. Agacho ao seu lado e seus olhos abrem de repente. Tenciono, preparado para outra luta, mas em vez disso, não estão cheios de sede de sangue. São suaves. — Damien? — Sim, doçura. A loucura passou, ao menos até o entardecer. Então tudo começará novamente. Durante o dia é assim, seu eu normal, confuso e assustado. Isso é o que mais incomoda. Passo um braço sob suas costas e o outro debaixo de suas coxas, a carrego e levo para a cama, coloco-a suavemente sobre o colchão, endireito os lençóis torcidos e a cubro. Agarra a barra e noto que suas unhas estão todas quebradas, algumas delas sangrando. Cerro os dentes. Isto não deveria estar acontecendo, caramba. — Sinto muito. Sussurra com voz rouca — Pela noite passada. Praticamente, durante as últimas duas semanas, diz isso todas as manhãs, mas não lembra do que fez. Não é difícil decifrá-lo com os arranhões no meu pescoço e braços. Agora sei

por que Jedrik deixou correntes penduradas nas colunas da cama. Tenho que admitir que fui muito arrogante ao pensar que seria capaz de controlá-la apenas com a força muscular. No começo pude fazê-lo, mas cada vez é mais difícil, me verei obrigado a usar as correntes à noite. — Eu sei. E sabia. Vejo em sua expressão exausta, com os olhos cansados e abatidos. Sem faísca, nem brilho teimoso neles. — Deixe-me aqui. Sua voz é apenas um sussurro áspero, provavelmente devido a seus gritos. — Vá para casa, Damien. Bufo. — Não vai se livrar de mim tão facilmente. Meio que sorri, então se dissipa. — Isto é minha culpa. Fiz isto. Não posso... não posso fazer isto por mais tempo. Faz uma pausa. — E nem você. Uma lágrima escapa do canto de seu olho e quase estico a mão para secá-la. Não chegue perto dela. Tenho que manter distância. Não posso me aproximar muito.

— Tem que comer, Abby. Farei uma sopa. Que tal de cogumelos? Não espero uma resposta e vou para a porta. —

Quanto

tempo,

Damien?

Durante

quanto

tempo

podemos fazer isto? Pergunta quando minha mão alcança a maçaneta da porta. Balen disse que poderiam ser meses, anos, ou há uma boa chance que morra. Ela e a criança. Meu pobre filho e minha bruxinha ruiva. Abro a porta de soco e então digo: — O tempo que for preciso, Abbs. A porra de tempo que for preciso.

Rayne Seis meses depois Deixo

a

terapia

psicologicamente

exausta.

Segundo

Rebecca, hoje tive um grande avanço, mais como um colapso, abrindo uma parte de mim que achava ter morrido há muito tempo. Levei meses sentindo emoções com a encenação e a arte depois que Rebecca insistiu constantemente que me abrisse. Hoje nós abrimos cantos escuros da minha mente.

Onde Anton morava. Ao menos suas palavras o fizeram. Os anos de desprezo constante, dizendo repetidas vezes que era um fracasso, uma decepção, nunca suficientemente boa. E quando gritava comigo, o que acontecia quando costumava lutar, me fazia sentir como um pequeno inseto no chão que esmagava com um pisão. Às vezes colocava um inseto em um vidro e o olhava com esses olhos até que encolhia no canto. Preferia isso. Gostava que me encolhesse sob seu olhar. Deus, quando isso aconteceu? Quando me tornei tão presa dentro de mim que esqueci quem sou? Rebecca pediu que assumisse o papel do Anton e ela era eu. Isso foi profundo, ver Rebecca sentada no sofá, às mãos em seu colo, a cabeça para baixo, tremendo enquanto eu, como Anton, gritava com ela. E odiei. Ele estava ali bem na minha frente. Anton extinguiu cada pedacinho de orgulho. Vendo isso, me fez querer lutar mais. E estava com raiva. Não ficava com raiva fazia muito tempo, é como se tivessem aberto rachaduras e pedaços de quem sou, que estavam espalhados na minha frente. Só tenho que recolhê-los e colocá-los novamente no lugar. Depois da sessão, vou para casa pensando no meu lugar seguro para me centrar. Meus passos são firmes, meus ombros

retos, o queixo levantado. É estranho não me preocupar com o que os desconhecidos pensam de mim quando passo. Quero encontrar minha voz e lutar. Não quero mais ter medo. O cobertor sob o qual vivi; me sufocando durante anos, me fazendo sentir segura, levanta-se um pouco mais a cada dia. Faz me sentir nua e vulnerável, mas também estou me libertando. Tem dois problemas que ainda não enfrentei. Com meu aumento de peso, minhas habilidades começam a despertar. O outro é Kilter. Uma lágrima escapa e rapidamente a limpo. Mentiu para mim no terraço. Foi cruel e insensível, mas voltou, lutou por mim. Sei que vi algo nele. Doçura e assim como eu, mantém escondidas partes de quem é. Por que não veio me ver? Para onde foi? Em seis meses, nunca entrou em contato comigo e apesar de não querer me importar, eu o faço e dói. Abro a porta de trás da galeria e subo as escadas, com os pés mais pesados, ando em um ritmo mais lento enquanto os pensamentos permanecem em Kilter. — Olá, Rayne. Delara chama da cozinha. — Olá. Digo.

Então meus olhos caem em Jedrik parado com uma cerveja na mão enquanto sua forma alta, suave, encostada no balcão, os cachos loiros desordenados e os olhos azuis dançando com malícia. Levanta sua cerveja, os olhos percorrem meu corpo. — Está muito sexy, Rayne... Delara bate em seu ombro com a lata de sopa que segura. — Tão inapropriado, idiota. Estremece e esfrega o braço. — Precisa saber que meninas como ela são sensuais. Sorrio. — Obrigada, Jedrik. Pisca para mim, sorrindo. Aproximo da mesa da cozinha e coloco uma das sacolas do supermercado, tiro o leite e coloco na geladeira. — Arrow está indo. Delara levanta as sobrancelhas. — Não é verdade? Dá de ombros, toma o resto de sua cerveja e a coloca no balcão antes de soltá-la. — De acordo, tenho trabalho a fazer de qualquer maneira.

— Trabalho? Quando foi a última vez que trabalhou em alguma coisa? Delara põe a mistura de panquecas no armário. Jedrik ri e arqueia as sobrancelhas. — Eu trabalho. Só que em algo diferente de você. — Sim, trabalha em transar. Replica Delara. — Isso é trabalho duro. Nem todas as mulheres caem facilmente com este belo rosto. Algumas gostam de ser cortejadas. Ao menos, durmo com mulheres que não são bastardas que... — Cale-se, idiota. Delara joga um pacote de milho congelado em sua cabeça. Ele pega e o coloca sobre a mesa da cozinha. Dá dois passos, rodeia sua cintura com seu braço e a puxa contra seu peito. — Te amo, Sass. Preciso que esteja segura. O rosto de Delara suaviza instantaneamente, mas o empurra. — Vá. Saia daqui. E é sua vez de ligar para Damien. Não ligarei esta semana. Quase arrancou minha cabeça na última vez. Sério, esse cara tem grandes problemas. — Tenha um pouco de simpatia, está vivendo um tormento.

Não tenho nem ideia de quem é Damien e depois de ouvir isso não quero saber. Jedrik beija sua bochecha e sai da cozinha. — Nos vemos Rayne. Totalmente sexy e fodi... — Arrow! Delara pega uma lata de pêssegos e joga em sua cabeça, mas a agarra antes que bata nele. Sorri. — Até mais tarde, meninas. Joga a lata para Delara e desce correndo as escadas. — Então, como foi a terapia? Sente-se bem? Pergunta Delara enquanto continua tirando os mantimentos. — Foi boa. Ruim. Difícil. Mexo-me para apoiar contra o balcão, uma caixa de bolachas em minhas mãos. Esta é a primeira vez em meses que Delara parece acessível. — Onde fica todas as noites? A mão de Delara para antes de alcançar o armário com uma lata de atum. Coloca-a em cima das outras três, então fecha o armário antes de virar. — É uma coisa dos Scars, Rayne. Nunca mencionei nada porque sei que quer manter o que somos e o que fazemos fora de sua vida. E faz muito bem. De qualquer maneira, não é nada.

Isso é verdade. Não quero saber o que os Scars fazem. Sei o suficiente por Anton e aprendi que os Scars lutam contra os CWOs e vampiros para proteger os seres humanos. Mas Delara é boa comigo e quero ajudá-la se puder. — Se puder ajudar... — Realmente, não é nada, ok? Delara me corta e suas costas endurecem. Algo está errado. Acaba de colocar o creme de leite no armário e as laranjas no congelador. — Que tal irmos às compras? Ambas precisamos de vestidos novos para o baile de gala da Danni amanhã à noite. E, sim, você vai. É obrigatório para todos os funcionários. — Sou sua única funcionária. Rio. — Mais um motivo para que vá. Faço quatrocentos dólares por semana trabalhando na galeria da Danni e economizo tudo o que posso. Precisarei sair de Toronto, porque um dia os Scars vão sentir minhas habilidades e vão querer que faça parte de sua luta. Cada dia que fico mais forte, meus poderes correm pelo meu corpo, é como se acordassem lentamente de um longo sono. Logo meus escudos não serão suficientes para mantê-los escondidos e os Scars descobrirão que sou um deles.

Nunca voltarei a usar a minha habilidade. Se os Scars me quiserem como parte de sua luta, terei que ir embora.

Delara Estou decidida a encontrar para Rayne o mais sexy e elegante vestido na cidade. Aumentou uns dez quilos ou mais em seis meses e seus olhos já não estão tão fundos. Tem um brilho saudável em sua pele. Tem quadris e curvas, mas enquanto prova vestido após vestido, percebo sua incerteza quando olha no espelho. Desconfio que levará anos para ter confiança em sua aparência. Encontro um vestido longo de noite com lantejoulas prateadas que tem um belo decote em V e cauda de tule. A

prata vai acentuar o atrativo de Rayne, mas para meu tom de pele oliva é perfeito. — Vou experimentar este. Digo para Rayne por cima da prateleira de roupa enquanto me dirijo ao provador. Não planejava comprar nada, mas experimento alguns vestidos para satisfazer o argumento de Rayne de que se ela tem que experimentar vestidos, eu também. Não tem mais ninguém no provador, então escolho a última porta da esquerda. Rebolo para fora do meu jeans apertado, tiro a camisa vermelha de manga comprida e coloco o vestido. — Como Rayne está? Ofego, virando para a profunda e familiar voz atrás de mim no provador. — Jesus, Tac. Termino rapidamente de colocar o vestido, mas não sou capaz de alcançar o zíper e fechá-lo, então seguro a frente com uma mão. — O que está fazendo aqui? É o último lugar em que quero estar com Waleron. Não tem nenhum problema em fazer o que quiser independente dos sentimentos dos outros. Sei em primeira mão. Seus olhos azul-gelo percorrem meu corpo de cima para baixo. Fulmino-o com o olhar.

— Saia daqui. Encosta casualmente contra a porta que é minha única saída e cruza os braços. — O Descanso de Kilter termina amanhã. Fala em sua maneira habitual: tranquilo, firme e com tanta emoção como um maldito poste de luz. Mas o que me incomoda é que cada vez que está perto, meu estômago revira e meus joelhos enfraquecem. — Então, vou perguntar novamente, como está Rayne? Não importa o que faça ou diga, esse sentimento está sempre lá. — Está melhor: ganhou peso, está mais confiante. Mas, Tac, não quer ter nada a ver com os Scars. — Pode não ter escolha. A notícia é que um Grit do complexo está rondando as ruas observando Rayne. Ainda não matou nenhum ser humano, mas precisamos lutar com ele antes que faça alguma coisa com ela. Suspeito que é o mesmo homem que encontrou a alguns meses na casa do Talde. — Se tiver que adivinhar, sim, seria. Waleron protege os Scars como se fossemos sua salvação. Na verdade, nós somos sua salvação. Mexa com ele e vai retaliar, mas também sacrificará tudo para salvar seu traseiro. —Agora está sob nossa proteção, o que significa que um Grit não se aproximará dela.

— Não acho que queira machucá-la. Digo, mas não faz sentido. Por anos o Grit observou Rayne sendo usada por seu marido. Por que não fez nada para parálo? — Mesmo assim, terá que cuidar dele. Estou indeciso se é ele que está causando tumulto na cidade, mas sinto algo e precisamos descobrir o que é. Diz Waleron. E isso pode ser o porquê Liam pediu para ficar afastada do seu apartamento no sótão nas últimas três noites. — Droga! Murmuro. O agitador é Liam. Quero falar para Waleron sobre Abby, mas seria obrigado a contar aos Wraiths e a Trinity. Essa bruxa cadela fará o caos. — Liguei para Tye. Damien não está atendendo o telefone nem seus e-mails. Precisamos saber mais a respeito deste Grit e do complexo. — Quer interrogar Rayne? Waleron concorda. — Também temos o assunto de Kilter. Diz Waleron. — Dizer que estará irritado quando acordar do Descanso é um eufemismo. Será como uma bola de fogo volátil que causará danos sérios. A questão é... — E se entrar em contato com Rayne. Brinco com as lantejoulas do decote do vestido.

— Não o mencionou, mas não sei. Tem algo entre eles. Noto os olhos de Waleron em meus dedos enquanto brinco com o vestido e paro rapidamente. Seus olhos encontram os meus. — Fez de Rayne sua redenção do passado, mas falhará. Quero replicar, "ao menos está tentando redimir seu passado", mas não o faço. Em vez disso, viro e recolho a pilha de roupa do banco. — Podemos interrogar Rayne em alguns dias, depois do baile de gala. Deixe-a ter uma noite de diversão antes de virar seu mundo do avesso novamente. Seguro a roupa contra meu peito. — Agora, pode sair? — Maitagarri. Diz com aquela voz baixa e rouca. Estou a ponto de atirar minha calça na cabeça dele quando Rayne diz: — Delara, como ficou o vestido? — Porra. Sussurro, fazendo uma careta para Waleron, que não se preocupa nem um pouco por estar no provador feminino comigo. — Está vindo, droga. Vá. Desapareça daqui. Há um leve puxão no canto de sua boca. — Acho que é hora dela me conhecer.

— O que? Meus olhos arregalam e agarro seu braço enquanto abre a trava da porta.

Damien Sento na velha poltrona xadrez da sala, pernas separadas, cotovelos apoiados sobre minhas coxas, mãos segurando a cabeça enquanto seus gritos ecoam espreitando uma e outra vez. As correntes... Jesus! Não tive escolha. Mas ver sua tensão contra elas, seus pulsos delicados em carne viva e sangrando... Merda. Arruinou-me. Sua súplica. Seus gritos devastados. Então o pior golpe. Seus soluços desesperados me colocaram de joelhos junto à cama, implorando que parasse, mas não parou. Perdeu o bebê. Dela. Meu. Nosso. Meus dedos agarram as raízes do meu cabelo, unhas cravando-se no meu couro cabeludo. Minhas entranhas estão se dilacerando.

Sou um maldito Scar e não posso lidar com isto. Corro a mão pelo meu rosto machucado. Chuto a perna da pequena mesa de centro. Está caindo sob a pressão e as revistas caem no chão. — Porra! Volto a chutar a mesa inofensiva. Fiquei no telefone com Anstice a metade da noite. Recorri às ameaças para que viesse me ajudar. Foi quando Keir pegou o telefone e me ameaçou. Negou-se a permitir que Anstice estivesse perto de Abby. Merda, ninguém está seguro perto de Abby. O sangue. A imagem vai me assombrar a vida toda e como sou imortal isso é muito tempo. Sou bom com o sangue, sou um assassino, corto gargantas de homens e os vejo sangrar. Mas é Abbs e o nosso bebê. Quando abortou, corri para o banheiro e vomitei. Peguei o celular e disquei o número de Anstice, gritando. Abby estava morrendo. Acabou. Anstice ficou em silêncio até que parei de vociferar. E calmamente deu instruções sobre o que fazer. Não tive escolha. Queria sair dali, mas deixar Abbs acorrentada na cama sangrando... Caramba, não podia.

Fiz o que tinha que fazer, finalmente, o horror terminou, mas sei que o que aconteceu ontem a noite nunca vai acabar. Está gravado em mim. Abby finalmente jaz atordoada e confusa, olhos vidrados, pele pálida. Tão pálida. Não tenho ideia se sabe o que aconteceu: que perdeu o bebê, porque na manhã seguinte não lembra da noite anterior. Droga, não posso dizer. Não me faça dizer. Sentei-me ao lado da cama e observei Abby por horas depois disso. Assegurando-me que o sangramento parasse. Enquanto dormia realizei a exaustiva tarefa de lavar seu corpo e trocar os lençóis. Balen acabara de sair. Veio para levar o bebê. Nunca quis uma criança, mas nunca quis que o perdesse e muito menos assim. Há tristeza pela perda que nunca esperei. Poderíamos ter tido uma chance? Não. A criança nunca teve uma chance. Nem nós. — Cristo. Fecho os olhos, tentando desfazer as imagens de ontem à noite, mas continuam atormentando. Abbs. Porra. Está escapando entre os meus dedos. Seis

malditos

meses

disso

e

minha

sanidade

é

questionável. Estou perdendo a batalha. Ela está perdendo a

batalha. Sei disso. Meu corpo sabe e logo Abby saberá, quando deixá-la aqui para morrer. Porque não posso mais fazer isto. Não posso parar a dor emocional que arruína meu corpo por mais tempo. É demais. Observá-la sabendo que só o que pode terminar com seu sofrimento é oferecer meu sangue, mas incapaz de deixá-la transformar-se em algo que odeio mais do que tudo neste mundo. — Não posso mais. Não posso Abbs. Levanto-me e chuto a colapsada mesa de centro através da sala de três metros e meio por três. — Jesus, me deixe respirar. Viro e bato meu punho contra a parede de gesso, deixando um buraco na despensa. Asfixiante. Meu peito parece tão apertado como se meus pulmões estivessem paralisando. Sou o único ajudando-a nessa tormenta. Ando de um lado para o outro pelo desgastado chão de madeira, passando a mão pelo cabelo. Vejo-a sofrer noite após noite, enquanto grita e revira contra as correntes, os olhos implacáveis. Quer uma gota de sangue para aliviar sua sede, uma gota. E uma e outra vez nego e sou submetido ao seu ódio, que depois se transforma em mendigar e finalmente soluçar.

Isso se repete durante horas como um disco quebrado, uma e outra vez até que finalmente, perto do amanhecer, cai em um sono exausto. A Abby que conheci desapareceu atrás dos frágeis olhos vermelhos. Tenho medo que já esteja muito longe, que qualquer esperança que sobreviva seja inútil. Nunca cedi a nada na minha vida, mas presenciar a tortura de Abby já está além da minha capacidade. — Deus, Abbs, sinto muito. Sinto tanto. Olho pela janela para o lago. O ondular tranquilo da água está rindo da minha torrente de emoções. Prefiro ser açoitado até que minhas costas estejam em carne viva ou água subindo até me afogar. Caralho trocaria de lugar com ela se pudesse. Qualquer coisa, menos isto, porque isto é muito pior. É sua dor e não tenho controle nenhum, não posso pará-la. Odeio que não seja forte o suficiente para suportar isto. Mais do que tudo, odeio que me importe o suficiente para querer parar sua dor. Porque sei. Tenho certeza sobre isto. Conseguiu tocar um pedaço do meu coração. Tenho que fazer alguma coisa. Puxo o celular, pressiono o nove, fecho os olhos e o coloco no ouvido.

— Sim. Responde a voz fria, sem emoções. — Preciso da sua ajuda.

Rayne — Ah! Recuo um passo quando encontro cara a cara com o mais bonito e mais assustador, homem que já vi. Olhos azuis gelados, bochechas esculpidas e queixo, cabeça raspada, e uma tatuagem de cobra no pescoço. E é robusto, muito robusto. — Sinto muito, pensei que era para mulheres... Olho por cima do meu ombro para o letreiro. — Humm acho que está errado o... — Deve ser Rayne. Oferece sua mão. Meus olhos vão dos seus olhos cativantes até a vívida tatuagem sobre seus largos, musculosos ombros para seu braço que está estendido para mim. Delara sai do provador, segurando sua roupa em um braço e o vestido com o outro. — Este é Waleron.

Meus olhos desviam para seu ombro esquerdo onde Delara parece desconfortável e tensa com os lábios apertados enquanto se move para apoiar-se contra o marco do cubículo. — Ah! Meu Deus. É o homem que está pagando a minha terapia. O que os Scars chamam de Taldeburu. Definitivamente tem aparência de líder com sua postura confiante e penetrantes olhos azuis. Hesito antes de apertar sua mão, mas quando o faço, desejo não ter feito. Uma estranha onda de energia vibra através de mim e não é quente. Deus está vazio. Como se um raio de gelada vibração me atravessasse e em seguida desaparecesse. — Humm, prazer em conhecê-lo. E obrigada por sua ajuda. Assente. — O prazer é meu. Estava informando a Delara que... — Que já estava indo embora, não é verdade? Delara coloca a mão no braço de Waleron e ambos ficam tensos. Isso é por causa do seu toque ou por que o interrompeu? Vira para Delara que solta seu braço. Então aproxima dela que deixa cair à pilha de roupa no chão, os olhos arregalados. Sua mão pousa na cintura dela e a outra acaricia a parte de atrás da sua cabeça, dedos juntando-se em seu cabelo.

Delara ofega, uma mão empurrando seu peito. — Waler... Sua boca cai sobre a dela, selando qualquer protesto que pudesse ter tido. Puta merda. O que está acontecendo? Isso foi quente, intenso em menos de 10 segundos e cheio de significado, como se ele a estivesse reclamando. Quando a libera, Delara fica imóvel, com olhos arregalados e surpresos. Um som suave soa e se move a direita dela, tira o celular do bolso da calça, olha brevemente o número e depois diz para Delara: — Compre o vestido, querida. Vira para mim. — Prazer em conhecê-la, Rayne. Depois responde ao telefone com um abrupto "Sim" enquanto sai do provador. — Uau. Digo. Delara murmura algo ininteligível e junta suas roupas que deixou cair. —Waleron é seu namorado? Não pensei que Delara tivesse um namorado. Ela bufa.

— Rá. Não é seu estilo. Simplesmente salva a sua vida, faz sexo com você e depois diz para não ligar. — Ah. Tenho a sensação de que é um assunto amargo. Delara obviamente teve uma história com este homem e não foi boa. Ou foi? Droga, esse beijo foi mais do que só um beijo; foi magnético. Delara suspira. — É um bom homem. Quero dizer, pode ser quando quer e a protegerá com sua vida. Simplesmente é indiferente ao amor. Fará tudo e qualquer coisa para proteger os Scars. Nenhum homem beija uma mulher assim e não faria nada por ela. Ainda tenho na mão o vestido que ia provar, o penduro no cubículo vazio ao lado de Delara. — Gosta dele? — O amei. Preste atenção no tempo passado. Diz. — Uma forma de amor como arrancar o coração e colocá-lo em uma bandeja de prata. Comeu e depois cuspiu no meu rosto. Não sei muito sobre o amor. Não amei ninguém, exceto possivelmente meus pais e Serafina. — Sinto muito. Isso deve... Diga o que quer dizer, a voz de Rebecca ecoa.

— Isso é horrível! Que idiota. Delara começa a rir. — Uau, Rayne. De onde surgiu isso? Gosto desta nova você emergindo. Também gostava da velha, mas tenho a sensação de que estava contida. Sorrio. Sinto-me bem em dizer o que quero dizer sem me preocupar com as consequências. Olha o vestido esmeralda que escolhi e assente. — Deus, isso ficará impressionante em você. Prove isso. E esta noite, teremos uma festa do pijama para meninas. Não sei o que é uma festa do pijama, mas parece divertido, e preciso de diversão. Não, quero diversão na minha vida. O vestido é perfeito de acordo com Delara. Acho que é muito apertado e a cor é muito dramática. Sempre andei nas sombras e chamar atenção sobre mim não é a minha. Compro o vestido, porque destaca meus olhos, minha pele brilha e gosto disso. Delara comprou o sexy vestido prateado e depois voltamos para a galeria. Liga para Anstice e Danni para convidá-las para a festa do pijama, mas Anstice não pode vir já que saiu com Keir para jantar. Danni pôde e trouxe quatro garrafas do precioso vinho tinto de Balen. Reunimo-nos em nossos pijamas na sala assistindo filmes, enquanto o vinho tinto flui livremente nos fazendo dar risada.

— Thor tem o traseiro mais quente. Diz Delara, apontando para a tela. — Meu deus, sim. Diz Danni. — Foram os olhos de Balen os que me capturaram, mas é sua bunda que me mantém. Delara solta uma gargalhada. — Por favor. Nada pode comparar com a do Tac. Vira para mim. — O apelido para o Waleron. Juro que esse homem deve exercitar-se vinte horas por dia. Exclamo: — A do Kilter é boa. Delara engasga com seu vinho e espirra fora de sua boca. — Kilter? Realmente não olhei seu traseiro, considerando que sempre estou vendo seus punhos chegando. Danni solta uma risadinha e volta a encher sua taça de vinho. — O demente do Kilter me jogou embaixo do chuveiro ligado comigo ainda de pijama para me tirar de uma depressão. Estava tão chateada, mas ajudou a atravessar uma época muito difícil. É um pouco... Esmagador. — Um pouco? Bufa Delara.

— O homem é um trem fora de controle. Não confia em ninguém. — Salvou minha vida e foi agradável comigo. Digo a elas. Ambas têm seus olhos sobre mim. — Entendemo-nos bem de uma maneira estranha. Não sei. Confio nele. Mais ou menos. Só ajudou, suponho. Deus

estou

balbuciando

e

tropeçando

em

minhas

palavras. Talvez porque cada vez que penso nele minhas emoções estão todas de cabeça para baixo. Danni levanta sua taça. — Brindemos aos idiotas sexys. Chocamos as taças. Ninguém menciona o que tentei dizer a respeito de Kilter, o que é bom. É um Scar e não tentou nem uma vez entrar em contato ou me ver. Isso não me impediu de sentir saudades todos os dias durante seis meses.

Damien Percorro o piso daqui para lá, esperando ele chegar. De vez em quando, olho para a cama, agradecendo a todos os grandes e poderosos espíritos que ela dorme. Não deveria ter dormido com ela. Se não tivesse ficado grávida, talvez tivesse sobrevivido a isto. Agora Waleron pode matá-la. Estou tão cansado, pensando na possibilidade de sua morte que nem sequer ouço, vejo ou cheiro Waleron entrar na casa até que está na sala de pé atrás de mim.

— Quanto tempo? Pergunta Waleron enquanto passa na minha frente e se dirige diretamente para a cama. Paro de caminhar. — Não sei. Seis meses. Uma eternidade. Muito tempo. Digo, dando um passo em direção à porta. Waleron não vira quando diz: — Nem sequer pense nisso, Damien. Explique por que estou ouvindo a respeito disso seis meses depois do fato. Põe sua mão na testa de Abby. — Nós pensamos... — Nós? Porra. Não há maneira de evitar isto. — Jedrik, Delara e eu. Bem, Balen sabe também e Danni. Engulo. — E Anstice e Keir. — Então todos vocês. — Sim. Dirijo-me para a porta. — Preciso tomar um pouco de ar. — Não até que tenha respostas. Waleron ainda tem a mão em sua testa, provavelmente tentando colocá-la em sono profundo. Isso permitiria a paz para

qualquer dor... Por algumas horas. Sua sede de sangue alcançará o sono profundo em breve. — Abby é uma bruxa. Vacilo e acrescento a parte onde ficará seriamente irritado. — Do clã da Trinity. Os olhos de Waleron se transformam em gelo enquanto volta sua atenção para mim. — Sei exatamente quem é. Quero saber o que está fazendo meio morta nesta casa e em Transição. — É complicado. Waleron olha furioso. — Está carregando meu filho. Bem, estava até ontem à noite. O perdeu. Isso soa tão mal. — Estamos aqui porque bebeu o sangue do Liam e estivemos tentando mantê-la fora da Transição. Waleron levanta as sobrancelhas, mas permanece em silêncio. É seu Ink que chama atenção, quando seus olhos brilham em vermelho e a serpente move lentamente em volta do seu pescoço. Merda, está chocado. Conto tudo o que aconteceu, de Abby pedindo ajuda para Jedrik, até este momento.

Waleron não diz uma palavra. Não move um músculo. Nem sequer pisca até que termino de falar. — E por que Liam não armou uma confusão procurando por ela? Pergunta Waleron. Dou de ombros. — Parece improvável que a deixasse ir sem nenhuma resistência. Especialmente se for importante para ele. E deve ser, já que bebeu seu sangue, arriscando nossas represálias e das bruxas. — Não sei. Suspeito que Jedrik e Delara receberão uma visita surpresa do Waleron e poderão explicar isso. Waleron se afasta da cama e se aproxima de mim. Passa o dedo pelo pescoço sobre a tatuagem e a serpente para. — A desintoxicação nunca foi feita antes. — Mas Balen... — Balen é um Scar e teve boas razões para combater o veneno. O que esta menina tem? Seu filho está morto. Seu clã não permitirá sua volta depois que descobrir o que fez. Liam, muito provavelmente, se voltará contra ela se não fizer a Transição. Então, diga, o que tem para fazê-la passar através disto? — Não sei, mal conheço a menina. — Então descubra. Grune.

— Precisa de uma razão para lutar ou vai comê-la viva e depois a matará. Vou para longe da parede onde estava apoiado. — Não posso mais fazer isso. Waleron, ela está com tanta dor, devemos considerar deixá-la... Não posso dizer. Isto está errado, não posso vê-la sofrer mais. Waleron arqueia uma sobrancelha. — Acha que seria mais fácil deixar a Transição acontecer? — Sim. Merda, sim. É isso ou matá-la. Franze a testa. — Mais fácil para você, talvez. Será escravizada pelo Liam pelo resto da vida, se deixá-la viver. E se matar um ser humano, você terá que caçar e matar a garota. Não é uma vida que desejo a ninguém. Muito menos para uma menina que cometeu um erro infantil de julgamento, um do qual não gostaria que pagasse com o resto de sua vida. Fecho as mãos em punhos. — Não. Droga, não quero isso. — Então dê a ela algo para que viva. Jesus tenha piedade da minha pobre alma, porque as próximas palavras da minha boca vão me matar. — Ficarei. Pelo tempo que for preciso. Waleron dá um breve assentimento.

—Bom. Não chame Delara ou os outros. Dirige-se para a porta e me viro para a cama, olhando a menina que acabo de dizer ao Taldeburu que salvarei. Mas não tenho a mínima ideia de como fazê-lo.

Rayne Meu estômago está amarrado em um nó, o formigamento dança através da minha pele e meus dedos dos pés doem ao serem esmagados nos saltos altos e bicudos. Apesar disso é agradável usar um vestido e sair à noite. O baile de gala será realizado na GAO, Galeria de Arte de Ontario, em uma de suas espetaculares salas. O teto é de dois andares e ao longo de cada parede tem arcos com cortinas vermelhas drapeadas e lustres pendurados em cada um.

É magnífico e se não estivesse tão nervosa, estaria assombrada.

Na

verdade

estou,

mas

é

sufocada

pelo

nervosismo. Os garçons se movem através da multidão levando bandejas com taças de champanhe e um homem em um smoking toca música ao vivo em um piano branco. Meu vestido verde escuro brilha sob o suave resplendor das luzes, agarra meus quadris e balança contra minhas pernas. O decote é cortado em meio círculo que acompanha as costas. Pensei que o vestido era muito revelador, mas com o ganho de peso, caiu bem. Delara está deslumbrante com o vestido prateado que ressalta sua figura tonificada. Usa apertadas faixas de prata ao redor de seus pulsos e uma gargantilha de prata combinando, deixando sua pele nua sobre o decote sem alças. Seu cabelo está indomável, com seus fios parcialmente cobertos de torções soltas, e seus lábios pintados de vermelho brilhante. Seus olhos esfumaçados e escuros, lhe dando uma aparência sexy e exótica. — Vamos. Segura meu cotovelo enquanto me arrasta . Pega duas taças da bandeja de um garçom e me dá uma. — Beba. Sussurra, sorrindo. —Vai ajudar a relaxar.

Tomo um gole, as leves borbulhas do champanhe dançam na minha língua. Tem um sabor doce e frutado, gosto. Delara começa a rir quando bebo o resto. Pega minha taça vazia e a coloca na bandeja de um garçom que passa e pega outras duas. — Está bem, hora de nos misturarmos. Conversamos com os clientes da galeria, alguns dos quais conheço, outros não. Ela não tem problemas com a conversa, depois de quinze minutos e um par de taças de champanhe, nem eu. Jedrik aparece em um smoking preto com uma linda mulher em seu braço, que parece ter pelo menos um metro e oitenta e em seguida descubro que fala pouco inglês. Quando Jedrik não está prestando atenção em nós Delara sussurra. — Assim como gosta, menos conversa, mais ação. Revira os olhos e sorrio. Rio. Nunca tinha rido antes. Falamos com Balen e Danni, que parecem um casal de uma revista de moda. Danni está usando um vestido preto e sexy com uma fenda que sobe por sua perna até o meio da coxa com pequenas pérolas brilhantes que a envolvem. Balen, mantém sua mão na dela, usa um smoking melhor do que qualquer outro homem na sala, inclusive Jedrik.

Não há nenhum sinal do Scar Taldeburu, Waleron. Mas depois de conhecê-lo, não parecia o tipo que socializa, é mais como o observar do canto da sala, com aqueles olhos azuis. Esperava que fizesse uma aparição pelo bem de Delara, porque nunca seria capaz de tirar seus olhos dela. — Vou procurar o banheiro feminino. Sussurro para ela, que troca sua taça vazia por uma cheia da bandeja do garçom. — Esta bem, também vou. Seguimos para a entrada da sala, que conduz a um corredor onde é mais provável que os banheiros estejam. — Delara, chama um homem, levantando sua taça e abrindo passagem para nós. Vira para mim. —A alcanço em um segundo. — Está bem. Respondo, saio da sala e desço o corredor. Realmente não preciso ir ao banheiro, mas tenho que sentar e tirar os sapatos porque já não consigo sentir os dedos dos pés. Sorrio ante um grupo de senhoras que passa e então acelero meus passos quando vejo um banco em frente, onde posso sentar enquanto espero Delara. — Rayne. Ofego. Meu domínio sobre a taça escapa e uma mão aproxima de mim e a pega antes que caia. Aproxima-se de mim por trás e sinto sua respiração quente no meu pescoço nu. — Roarke. Sussurro.

Suas mãos pousam no meu quadril e insiste suavemente para que o olhe. — O que está fazendo aqui? Empurro suas mãos dos meus quadris e olho por cima do ombro. Tenho certeza que nenhum dos Scars gostará que esteja aqui. — Está deslumbrante, Rayne. Recua os olhos percorrendo meu corpo e em seguida volta para encontrar meus olhos. — Absolutamente impressionante. Adianta-se para me tocar novamente. Quando olho para ele e para. — Estou orgulhoso. Não esperava por isso e não sei como me sinto a respeito dele dizendo algo assim. Roarke é um mistério e desconheço seus motivos. — Não pode estar aqui e nem deveria estar. — Precisamos conversar, existem coisas que deve saber. Nego. — Não quero saber de nada, Roarke. Não de você. O que é e o que traz consigo é tudo o que tento curar; o complexo, minhas habilidades sendo usadas, um mundo que quero esquecer.

Contraí o maxilar e seus olhos estreitam. — Precisa escutar. — Não preciso fazer nada. Fica rígido. — Virá atrás você, Rayne, a mulher do complexo. — Do que está falando? — Dei-me cinco minutos. Então pode voltar para seus Scars e contar tudo. — Não posso fazer agora. — Não é um bom momento. Talvez possamos... — Precisa ser agora. Exige. Pega minha mão e puxa para frente. Tropeço em meus saltos e tento recuar, mas me segura firme. Tenho a sensação de que, se tentar avisá-los, vou morrer antes que tenha chance. Provavelmente é verdade. Roarke é um Grit e trabalhou para o meu marido, o que significa que era trabalho dele capturar e matar os outros Scars. Delara o deixou ir, mas duvido que isso aconteça uma segunda vez. Ainda não quero ir com ele. — Roarke, me deixe ir. Ele para. — Precisamos sair. Sua amiga Tracker vai captar meu cheiro aqui.

Se o vir comigo, fará uma cena e não tenho intenção de arruinar a noite da Danni. Talvez deva ouvir Roarke por todas as vezes que tentou me proteger naquele lugar. — Está bem. Cinco minutos, se for mais, virão me buscar. Roarke assente e me leva para fora, para o lado da grande escultura vermelha da G.A.O. — Não devem ser capazes de me cheirar aqui. Tiro minha mão da sua e cruzo os braços, encontrando seus olhos. Então digo o que queria dizer a seis meses quando o vi. — Por que, Roarke? Pergunto. — Por anos viu meu marido abusar de mim. Anos!!! E não fez nada. Fica tenso, pega minha mão, mas solto do seu aperto e continuo. — Por que não me tirou daquele lugar se você se importava tanto? A raiva invade pelo tumulto de emoções. — Gostava de saber que não podia escapar? Ou gostava de ver Anton me usando? — Porra, não. Corre a mão por suas mechas escuras. — Deus, Rayne, não foi assim.

Tenta pegar a minha mão novamente e outra vez afasto. Sussurra: — Droga, não podia. Tentei, mas só fiquei lá para proteger você. Se fosse embora, ele a teria destruído. Anton não sabia quando parar. Sua obsessão era matá-la. Foi quando cacei os Scars. Para desviar atenção de você. — Prejudicando pessoas inocentes. Aperta os dentes e suas sobrancelhas crispam. — Diga-me o que precisa. Então me deixe em paz. — Rayne... — Tem trinta segundos. Hesita, então. — A mulher no complexo, lembra dela? Tinha dez anos, pensei que seria minha nova mãe. — É poderosa e perigosa. Mais do que qualquer outra que conheceu. Tive essa impressão quando a vi. — Quando voltei ao complexo depois que escapou, ela estava lá. Vacila, com os olhos cravados nas portas de vidro da galeria. — Disse-me quem é. Franzo a testa.

— Huh? Do que está falando? Sabe que sou um Scar. — Quem e quão importante é. — A que se refere ? Levanta a cabeça e vira para olhar as portas de vidro. — Os Scars estão procurando você. Pega minha mão e aperta. — Rayne, venha comigo, juro que vou mantê-la a salvo. — Roarke, você é um Grit e tenho certeza que poderia ter me tirado, mas não o fez. Ainda assim, não quero vê-lo morrer se os Scars o virem comigo. Deve ir antes que o vejam. — Não podem protegê-la como eu posso. Diz. Duvido disso. — Mesmo se fosse verdade eu não iria. Puxo minha mão e me afasto. Assente, depois estende a mão e passa o dorso pelo meu rosto. — Avise os Scars, diga que... — Tire suas malditas mãos dela! Meus pulmões ficam sem ar e viro muito rápido, perco o equilíbrio e tropeço sobre os saltos. Roarke me segura pelo braço para estabilizar. Meu Deus, Kilter. — Kilter?

Está de pé na calçada junto ao Audi preto, raiva crua pulsando através dele. Seus olhos contidos em uma mancha vermelha e não estão focados em mim, mas em Roarke. — Afaste-se dele, Rayne. Com um empurrão, Kilter fecha a porta e rodeia o carro, parecendo um predador irado prestes a atacar outro predador por tocar em sua presa. — Agora! Ordena. Roarke sussurra: — Pode confiar que não a machucará? Não sei. Deus, onde esteve todos estes meses? Por que apareceu de repente do nada? E aqui no baile. Não faz sentido. Pisco os olhos brevemente para ter certeza que é real. É... Kilter está aqui. Muitas emoções me invadem. Raiva. Alívio. Um brilho morno no meu peito com um movimento brusco no meu estômago. E, Deus, ele parece bem, mais que bem. Não estava bem emocionalmente para apreciar quão quente e sexy Kilter é, mas agora noto. Veste jeans desbotados pretos e camisa cinza, tatuagens em ambos os braços e seus músculos salientes embaixo delas. — Não vai me machucar. Digo a Roarke. — Foi quem me resgatou do complexo.

Roarke tira as mãos das minhas costas e sua atenção se dirige para Kilter, embora esteja me olhando, está ciente dos movimentos de Kilter. — Não estou aqui para machucá-la, Scar. Está em perigo... Kilter se move rápido em sua direção. Roarke amaldiçoa antes que o punho de Kilter choque contra seu rosto. Retrocede vários passos, sacode a cabeça e então alcança Kilter, agachando-se, antes de virar e bater no rosto dele. Kilter volta o olhar para mim. — Entre no carro. Saca uma faca da bainha de couro de sua coxa. Sei do que é capaz com uma faca e apesar de não confiar em Roarke, não quero que o mate. — Kilter, não. Corro para seu lado e agarro seu braço, mas me ignora, peito levantado, olhos vermelhos ardendo para Roarke. — Kilter, ele não ia me machucar. Por favor, era o único gentil comigo no complexo. Os olhos de Kilter viram para mim e depois de volta para Roarke, que está com as mãos levantadas até a metade. — Não tenho arma, não quero brigar, Scar. Kilter engancha seu braço ao redor da minha cintura.

— Fique longe dela, Grit. Se o vir novamente está morto. Roarke me olha, então assente, vira e afasta. — Docinho, o carro. Kilter ordena e puxa meu cotovelo. Nos últimos meses, aprendi a enfrentar minhas batalhas, o que não quer dizer que não estou nervosa perto de um homem pulsando de raiva. Volta a puxar. Mantenho

minha

postura,

levantando

o

queixo

e

agarrando os lados do vestido de seda esmeralda enquanto se move para ficar na minha frente. Está tão perto agora que sinto cada respirar através do meu rosto. Engulo saliva. — Não vou entrar no carro. Irrita-se. — Sim, docinho, vai entrar. — Não, não vou. — Sim. Você vai. Puxo meu cotovelo fora do seu alcance e cruzo os braços. — Por que está aqui, Kilter? Merda, minha voz falha. Não posso evitar. Não posso deixar que outro homem pise em mim.

— Por que acha? Grita e o manobrista, saindo de um carro vira e fica olhando. Kilter não nota ou não se importa de chamar atenção. — Temos assuntos para discutir. Agarra meu cotovelo e puxa para o carro. Solto-me novamente. — Toque-me novamente e terei a segurança aqui em dois segundos. As palavras de Rebecca repetem uma e outra vez na minha cabeça. Você é forte e merece ser tratada com respeito. Suas sobrancelhas levantam. — Não dou a mínima se chamar os Navy Seals. Você e eu vamos conversar. A alça estreita do meu vestido esmeralda escorrega pelo meu braço e os olhos de Kilter a seguem. Rapidamente coloco-a de volta em seu lugar e seus olhos voltam aos meus. Olho fixamente para ele. — Não sou seu docinho então pare de me chamar assim. E não pode mandar em mim. — Eu posso. Kilter engancha seu braço ao redor da minha cintura e puxa para seu peito em um movimento fluido. As palmas das minhas mãos pousam na parte superior do seu abdômen e seus músculos contraem. Sussurra no meu ouvido:

— Pela última

vez, entre no carro ou vou jogá-la sobre

meu ombro e colocá-la nele. Mantenho minha postura. — Resgatou-me agindo todo doce e galante, disse que ajudaria e apenas desapareceu. Fecho os olhos e luto contra a urgência de fechar meus punhos contra seu peito e gritar completamente enlouquecida. Por que estou tão chateada agora. Confusa. Caramba quero uma razão do por que se foi sem dizer uma só palavra, mesmo que seja uma razão que eu não goste. Bufa. — Galante? Há uma sugestão de uma leve contração nos cantos dos seus lábios. — Doce? Enrugo meu nariz. — Foi agradável em sua maneira crua de ser e agora está sendo um idiota. Fica quieto por um segundo, então diz baixinho: — Você me deve isso. Uau. Acha que devo. — Pensa que devo? É por isso que está aqui? Por que devo e quer alguma coisa de mim?

É como se me esbofeteasse e deve ter notado minha reação porque sussurra e o aperto em minha cintura relaxa. — Não foi o que quis dizer. — Então o que quer dizer? Devolvo. Deixa-me ir e corre uma mão através do seu cabelo. — Não foi o que quis dizer. Só preciso explicar, porra, e não farei isso aqui com os Scars rondando. — Os Scars estão lá dentro. O queixo de Kilter levanta para as portas a uns seis metros. — Estão saindo. Dou uma olhada por cima de seu ombro justamente quando Delara, seguida de Jedrik, abrem as portas de vidro, todos os olhos pousando em nós. — Rayne? Chama. — A levarei para casa. Diz Kilter, ficando na minha frente. Delara diz: — Kilter, precisamos falar sobre... — A única conversa que terei é com Rayne. Depois, com um só golpe, me puxa sobre seu ombro e caminha em direção ao carro. Estou tão surpresa que não reajo.

Abre a porta do carro e me coloca de pé. — Docinho, entre. Então adiciona gentilmente: — Por favor. Sem olhar para Delara e Jedrik, diz: — Mantenham a porra da distância. — Vamos, Kilter. Se Waleron ouve sobre isto, voltará pro Descanso. O quê? Descanso? — Amigo, Delara tem razão. Diz Jedrik. — Não brinque com isso... De novo. — Rayne? Diz ela. Kilter arriscou sua vida ao voltar ao complexo e não tem feito nada além de me proteger. Desapareceu pelos últimos seis meses, mas merece uma chance. Olho para Delara e Jedrik. — Ficarei bem. Agradeçam a Balen e Danni por mim. Sento no banco de couro e Kilter fecha a porta sem dar a Delara a oportunidade de responder. Observo-o enquanto caminha ao redor da frente do carro com pernas longas, ágeis e o passo confiante. Meu coração acelera e há um formigamento sutil entre as minhas pernas.

Jesus! Um formigamento! Nunca senti isso por ninguém. Sempre senti algo pelo Kilter, mas agora é diferente, um pulsar com necessidade. De tocá-lo. Pela primeira vez na minha vida, desejo um homem e penso nele me beijando. Suas mãos em mim. Deus, seu... Sua porta bate. Sacudo-me. — Por que está tão assustada? Kilter franze a testa. — Não vou machucá-la. — Sei disso. Estou pensando sobre nós fodendo. Estou tão acesa e ao mesmo tempo, ainda irritada. Duas emoções colidindo. — Por que está sendo tão mau? Liga o carro e dirige por alguns segundos antes de dizer: — Tive seis péssimos meses e estou irado por voltar e vê-la nos braços de um Grit sugador de almas. — Não estava nos braços dele, Kilter. — Não estava lutando para escapar. Mantém os olhos no trânsito enquanto suas mãos agarram o volante com tanta força que ouço o estalar do couro. Os pensamentos são palavras. Os pensamentos são palavras. — Não tem o direito de dizer com quem posso ou não falar. Os nós dos seus dedos ficam brancos.

— Pelo amor de Deus, salvei sua vida! Tenho todo o maldito direito. — E sempre vai jogar isso na minha cara? Lembro bem, ok? Estou aqui por você... Entendo. Aqui está... Obrigada. Agora terminamos? — Nem remotamente. Vira a cabeça e brevemente me olha de cima abaixo. — Nenhum osso. Melhor. Reviro os olhos para sua meia tentativa de um elogio. — Obrigada. Sempre eloquente. Você, por outro lado, está horrível. Parece rude, mas ainda muito sensual. Kilter franze as sobrancelhas e seus lábios esticam. Fica em silêncio por alguns segundos antes de pisar nos freios. Ofego quando o carro para e uma buzina toca atrás de nós. Bate os punhos contra o painel. — Docinho fodi tudo. Poderia ter sido machucada quando não estava aqui. Amaldiçoa baixinho e encosta a cabeça contra o encosto. — Não preciso disto. Mordo meu lábio enquanto vejo seu devastado semblante. Tem olheiras e suas maçãs do rosto estão acentuadas como se tivesse perdido peso. O que aconteceu? Está agindo como se

estivesse preocupado comigo, mesmo assim ficou afastado por seis meses? Vive com os Scars, por que não perguntou a eles onde estava? Não tem sentido. — O que quer Kilter? Fecha os olhos enquanto suas mãos descansam sobre a parte inferior do volante. Quando os abre novamente e me olha. Sua respiração para. Tem uma inconfundível angústia em seus olhos e é tão dilaceradora que estendo a mão para tocar seu braço, mas recuo e a coloco em meu colo. Não sei o que há entre nós. Porque me resgatou. Porque compartilhou uma parte de si mesmo que nunca compartilhou com ninguém. Porque me sinto protegida. Mas não estou pronta para a intimidade que poderia trazer tocando-o. — Vendo você esta noite... Seus olhos pousam em mim e seu braço dispara, acariciando minha nuca e ao mesmo tempo me puxa para ele. Meus olhos abrem, não respiro e meu coração bate descontroladamente. Sua boca encontra a minha. Entrego-me para ele, sem resistência nenhuma. Sou sua boneca

enquanto

sua

necessidade desesperada.

boca

move

sobre

a

minha

com

Meus seios pulsam enquanto o calor irradia do seu peito, do meu, seus dedos no meu cabelo, sua outra mão agora na minha cintura, me impedindo de me afastar, mas não vou. Nunca tinha sentido nada tão intenso como o desejo girando em cada parte do meu corpo. Esmagador. Eletrizante. E assustador porque me funde nele e cada parte do meu corpo quer mais dele. Deus o que estou fazendo? Incontrolável. Penetrante. Estava morrendo de medo que este homem pudesse causar emoções tão fortes com um único beijo. Separa-se e nos olhamos por um segundo. Meu peito sobe e meus lábios estão machucados e inchados, de uma forma boa. Suas mãos saem de mim e suspira. — Droga, não deveria ter feito isso. Não tenho resposta porque minha cabeça gira e meu corpo dói e palpita, querendo mais. Toco meu lábio inferior com a ponta do meu dedo. Jesus. Liga o carro e se mete no trânsito antes de me olhar.

— Está bem? — Ah, sim. — Tem certeza? Não, mas concordo assim mesmo. Tenho que sair daqui. Tenho que clarear as ideias antes de falar com Kilter. — Pode me levar para casa agora? Eu moro... — Sei onde mora. Sabe? — Você sabe? — Sim. Descobri assim que acordei do Descanso. Franzo a testa, olhando para ele. Delara mencionou isso. — O que é Descanso? — Não disseram? — Disseram o quê? — Onde estive durante seis meses. — Humm, não. Olha no espelho retrovisor depois sobre seu ombro antes de dobrar na Rua Queen. — O Descanso é ficar dormindo enquanto revive seus piores pesadelos. Um estado de coma. O corpo de um Scar para e não precisa de comida ou água, apenas de um lugar que seu corpo fique protegido dos elementos e dos inimigos. Não pode

escapar disso nem acordar até que um Taldeburu o libere. O foda é reviver seu passado. E não as partes boas. Gritos. Dor. O pior que já viveu reproduzindo uma e outra vez em sua cabeça. Fica à margem observando, incapaz de desviar os olhos. Vira para me olhar. — Escutei seus gritos. Os gritos de Gemma. Meus gritos. Foram péssimos seis meses. Porra. Seis meses? Era lá que estava? No Descanso? E quem é Gemma? — Não entendo. Por quê? Quem faria isso com você? Meu estômago estremece com a ideia de que Kilter sofreu algo tão horrível durante os últimos seis meses, enquanto pensava que tinha me ignorado. — Kilter? Por que o colocaram no Descanso? —Não importa docinho. Diz Kilter. — Quero saber. — Que ruim. Tento outra abordagem. — Por favor. Suspira. — Não concordei com Waleron, perdi a compostura e me colocou em Descanso. Desacordo com Waleron? Uma onda fria de terror invade.

— Meu Deus, naquele dia era sobre mim? — Sim, mas me colocaram em Descanso porque o ataquei e aos outros Scars. Waleron avisou, mas não escutei. Para e percebo que estamos no beco atrás da galeria da Danni. — Acordei esta manhã. Aproxima-se

e

junta

seus

dedos

com

os

meus

descansando em minha coxa. — Rayne não sei o que há entre nós, mas é algo e não vou a lugar nenhum. Isso não soa como o Kilter que conheço. Tenho que admitir que não o conheço muito bem, mas no tempo em que estivemos juntos, estava em minha situação mais vulnerável e ele foi um idiota, rude e controlador. Tanto quanto podia confiar em alguém, o fazia em Kilter, porque é honesto. Quando fala comigo, não é com pena, nem com mentiras, nem com simpatia. Não há fingimentos. E assim é seu beijo... Cru, possessivo e completamente esmagador. Apesar de querê-lo, preciso ficar sozinha antes de poder compartilhar com mais alguém. Não estou pronta para alguém como Kilter. Não estou pronta para homem nenhum. — Sei que isto não é muito, mas lamento o que aconteceu. Faço uma pausa.

— Levei muito tempo para chegar onde estou e um passo na direção errada seriam dez passos para trás. Faz uma careta. — Acha que sou a direção errada? Não digo nada, porque não é exatamente a direção errada, só o tempo errado. — Isso é uma completa tolice, Rayne. Também sente o que há entre nós e sabe que nunca faria nada para prejudicá-la. — Não disse isso. Sei que não o faria. É somente que é... Esmagador e não preciso disso. — Salvei a sua maldita vida. Fico rígida olhando-o fixamente. — Realmente? Voltamos para isso novamente? Tive um idiota na minha vida, não preciso de outro. As palavras saem da minha boca e no segundo em que o fazem, é muito tarde. Não posso recuperá-las. Vejo o choque em seu rosto quando seus olhos arregalam e depois estreitam enquanto suas sobrancelhas abaixam. Ela não merece isso. Estendo minha mão e a coloco em seu braço. — Sinto muito, não quis dizer dessa maneira.

Fica em silêncio, sem me olhar mais do que pelo parabrisa. Sua boca aperta e assente antes de abrir minha porta por cima do meu colo. — Kilter, eu... — Não fale. Ele ladra. — Preciso de tempo para me acalmar. Desde o começo senti que os assuntos passados de Kilter se limitavam aos meus. É como se constantemente afastasse a todos, exceto a mim. — Kilter, não quis dizer isso. Só quero que entenda. Desapareceu por seis meses e agora aparece e me beija e... — Entre, Rayne. — Kilter... Seus olhos lançam para os meus e o ar fica preso na minha garganta ante a ira e a dor ardente. Não tem desculpa para o que eu disse. Nenhuma. Ele se fechou. Sinto o escudo ao seu redor como um sólido muro de tijolo. Não importa o que diga agora. Tiro o cinto de segurança e desço do carro. Uma dor surge no meu estômago enquanto viro e ando até a porta. Só depois que entro Kilter parte. Sei que atrás de suas palavras cruas, tem um bom coração, mas agora tenho meus próprios problemas para lidar.

Ter os problemas do passado de Kilter por perto só fará com que minha recuperação seja muito mais difícil. Talvez com o tempo, quando eu ficar mais forte. Penduro as chaves no gancho de ferradura ao lado da porta e apoio contra a parede, meus dedos pressionados em meus lábios. O feri. Não queria machucá-lo. Aprendi a me expressar nos últimos meses e lidar com as minhas emoções, mas quando se trata de Kilter, minhas emoções estão por todo o lugar e não sei como resolvê-las. Uma batida soa na porta e meu coração pula. Kilter. Abro a porta e encontro com olhos penetrantes e o cheiro intenso de alcaçuz.

Damien Encontre uma razão para que ela queira viver. Porra. Meus lábios apertados e dentes se movendo para frente e para trás, enquanto suavemente limpo os pulsos em carne viva de Abby. Sou meticuloso com as feridas como sou a cada manhã depois do ter passado uma noite divagando e delirando. Aplico o bálsamo, bandagens e começo a levantar quando sua voz me para. — Não vá.

Meu olhar dispara para ela. Está acordada e me olha. Que caralho? Nunca acorda tão cedo de manhã. É por isso que verifico as feridas neste momento. Depois de tantos meses, conheço os horários de Abby como um maldito relógio. Acordava entre as dez e onze, comia se pudesse manter a comida em seu estômago, caminhava de um lado para o outro, tomava banho e sentava no canto do quarto enquanto eu sentava na varanda de trás. Em seguida dormia algumas horas antes do anoitecer. Quando

a

acorrentava

novamente.

A

mulher

psicopata

levantava as oito ou nove. Estende a mão e segura meu pulso. São como os de uma criança, delicados e suaves, mas tenho as cicatrizes para provar quão prejudiciais podem ser. Seus olhos estão vermelhos com olheiras embaixo e sei que está sofrendo. Droga, vejo isso em seus olhos. Quero puxá-la em meus braços e levá-la. Faria qualquer coisa para estar no seu lugar. — Abbs, não olhe assim. Meio que sorri, depois estende a mão e apoia a palma na minha bochecha. Quase caio de bunda na beira da cama pelo gesto doce. Não esteve tão tranquila em meses e seu toque... É como se a Abby que um dia conheci estivesse de volta. — Que dia é hoje? Pergunta.

Franzo a testa com a pergunta peculiar. — O que? Por que se preocupa com a data? — A data? — Três de outubro, por quê? Assente, virando a cabeça para olhar para o teto. — É o momento, Damien. Sussurra. — Não posso mais fazer isto. Nunca dever... Pensei que poderia sobreviver a isto, mas não posso. Meu estômago torce quando a olho, incapaz de acreditar no que diz. Depois de todo este maldito tempo, desiste. Está em seus olhos, a resolução e a irrevogabilidade do que pede. Quer que a mate. — Não! Grito. — Claro que não. Levanto e dou voltas pelo quarto. — Não. Porra me escute, Abbs. Absolutamente não. Mantenho a cabeça baixa, incapaz de olhá-la e ver aquele olhar novamente, de resignação, de quem desistiu. — Está louca? Sabe quanto tempo nós estamos aqui? Tem alguma ideia do que sobreviveu? E agora de repente acorda sã, tranquila e decide, "Sim, Damien, pode me matar agora". Jesus,

Abbs, não tem essa escolha e com certeza não tem o direito de pedir para fazer isso. — Damien. Sussurra. Bato na parede com o punho. Em seguida, apoio as mãos na parede com os braços estendidos à altura dos ombros e fecho os olhos, a raiva revoando. — Damien. Quer que a mate. Quer morrer. —Damien. Por favor. Viro e olho para a cama. Está sentada, o edredom em volta dela, o cabelo vermelho emaranhado e espalhado em todas as direções. — Conversaria comigo? Por um tempinho antes que me transforme em uma cadela novamente? Meio que sorrio para Abby e apesar da opressão no peito, alivio-me quando vejo o sorriso, mas não tenho certeza se confio. Sua sede de sangue é forte e o instinto do seu corpo é consegui-lo como puder. “Dê-lhe uma razão para viver.” Tenho que dar um pingo de esperança para dominar o veneno que flui religiosamente por suas veias. Um lampejo de esperança é tudo o que preciso. Tudo o que precisa para continuar lutando.

Vou até a cama e sento, mas estou desconfortável, com as costas meio viradas, então encosto na cabeceira e estico as pernas, cruzando os tornozelos. É uma posição vulnerável, mas é o início da manhã e esta muito fraca depois de toda a noite gritando sedenta de sangue. O que não esperava é que viesse para meu lado e apoiasse a cabeça no meu peito. Esta é uma má ideia. Realmente má e, no entanto, fico onde estou. — Quis transar com você no momento que o vi. Diz. Foi tão adorável a maneira insegura que parecia. Bufo. Nunca fui inseguro de nada na minha vida até os últimos seis meses. Está delirando ou pensa em outra pessoa. Sua mão descansa sobre meu abdômen e um dedo lentamente se move para frente e para trás sem sequer perceber o que está fazendo. Mas percebo e meu pau percebe também. —

Continuava

olhando

para

as

pessoas

ao

redor,

observando o que faziam enquanto escolhia os pêssegos no cesto. Pegou um e apertou. Lembro de pensar em como foi delicado e como contra dizia sua carranca feroz. Vira para me olhar, a bochecha escorregando sobre meu peito. Um doce sorriso e um toque de alegria brilham em seus olhos. Merda, não vi esse olhar em mais de meio ano. Rapidamente desvio o olhar, apertando os dentes.

— Devolveu o pêssego e pegou outro, estudando-o como se fosse uma equação matemática. Bufo de novo. Lembro de ter pensado que os pêssegos eram uma porcaria. — Estive a ponto de me aproximar e ajudá-lo, quando jogou o pêssego de volta no cesto como se estivesse enojado. Então foi para o cesto de maçãs, pegou três e marchou pelo corredor até a saída. — Não marcho e nunca gostei de pêssegos. Murmuro. Detesto escolher frutas com todas as regras de quais são as melhores. Muito firme. Muito suave. Muito madura. Não suficientemente madura. — Mentiroso. Diz. Testo uma olhada para ela e sorri enquanto revira os olhos. Não sei por que faço isso, estou louco, mas coloco a mão em sua cabeça. Não acaricio, não mimo, só descanso a mão ali. Escuto sua respiração fraca e relaxa de novo. — Pensei que era a hora. Continua. Rosno para esconder meu sorriso porque tem razão. Assim que meus olhos pousaram na beleza ruiva, meu corpo reagiu a ela. — Não precisou muito mais do que deixar cair a minha cesta e um rápido feitiço para a garrafa de refrigerante explodir e tinha sua atenção.

Meus olhos estreitam e endureço. — Fez isso de propósito? Um maldito feitiço? Morde seu lábio inferior e assente. — Sim. — Às vezes. Às vezes me mete em problemas, faz uma pausa, depois acrescenta: — Como agora. Fica calada por um minuto, sua respiração coincide com a minha, nossos peitos sobem e descem ao mesmo tempo. — Achei que não ficaria interessado quando descobrisse que era uma bruxa. Os Scars e as bruxas geralmente não se dão bem, mesmo se for só sexo. Seu dedo para no meu abdômen e sua mão descansa plana. — Por que se interessou, Damien? Não é essa a questão da minha vida imortal? Talvez porque estava voltando para a Flórida e achava que nunca voltaria a vêla? Talvez porque é sexy demais e não havia força neste universo que poderia ter feito me afastar naquele dia? Gosto de pensar que só queria ficar com alguém, mas isso é uma mentira. É mais. Sempre foi mais. Quando o refrigerante explodiu e pulverizou a ambos, ela não se assustou. Em vez disso, começou a rir, sem preocupar

que sua roupa estivesse arruinada, que tivesse refrigerante em seu cabelo ou que todos na fila estavam olhando para ela. Merda, fiquei feliz que encontrou meus olhos e não vacilou sob minha carranca enquanto o refrigerante escorria pelo meu queixo e salpicava minha roupa. Sim, me senti atraído por ela e queria jogá-la sobre a correia transportadora e fodê-la ali mesmo. — Damien? Por que? — Durma um pouco, Abby. Evadir é a explicação mais segura. Fico em silêncio durante alguns minutos e acho que dormiu, quando volta a falar. —Se ficar assim? Quero dizer, nunca mudando, mas nunca sendo normal. Não pode ficar aqui de babá para sempre. Endureço. — Um dia de cada vez, doçura. Isso é tudo o que posso lidar. Veremos como vai a cada dia e não levaremos em conta quanto tempo leva. — Liam esta me procurando? Pergunta. — Não que saiba. Falo com Jedrik quase diariamente e Liam está quieto como um rato. — Estranho. Murmura.

Esfrega sua bochecha contra mim e aperto os dentes enquanto meu pênis sacode. — É estranho que não tenha vindo atrás de nós, não acha? —Não. Seria um estúpido vir para mim. Ri, não esperava escutar esse som novamente. Não escutei sua risada do hotel. E sinto falta dela. Sentia saudades da Abby que tenho em meus braços neste momento. Não é insolente, ardilosa e teimosa, neste momento, mas a prudência e as doces partes dela continuam aqui. — Nunca me arrependerei das noites que tivemos. Mesmo que tenhamos perdido algo precioso delas. Esta é a primeira vez que menciona a perda do seu filho, e sinto um puxão no meu coração. Seu filho? Não, nosso filho. Seu corpo treme e sua respiração acelera, os dedos enrolando-se em um punho na minha camisa. — Damien, deve estar perto de mim. Dou uma olhada para baixo, a risada e a alegria em seus olhos substituídos por sofrimento. Coloco uma perna ao lado da cama para levantar e então paro. Porra, talvez seja um erro, mas não tenho nada a perder neste momento. Coloco a perna de volta na cama, dobro um joelho e a puxo mais perto de mim, então seu corpo está meio em cima de mim. Passo o braço em volta dela para descansá-lo sobre a parte

inferior das suas costas e para mantê-la perto de mim. Puxo sua mão do tecido da minha camisa e uno nossas mãos. —E se tentarmos atravessar isto juntos? Sinto a umidade de suas lágrimas na camisa e a aperto, mas não digo nada. Em vez disso, silenciosamente rezo pela força necessária para levar esta menina através de outro dia.

Rayne No instante em que vejo suas presas, tento empurrar a porta. Sua mão bate nela, abrindo-a e me derrubando no chão. — Bem, bem, bem, o que temos aqui? Um delicioso presente envolvido em um impressionante vestido esmeralda. Chuta a porta com o salto de sua bota e fica na frente. Escorrego rapidamente para trás em minhas mãos e pés enquanto vem em minha direção. Minhas costas batem na parede e a uso para me impulsionar ao levantar. Corro para a porta principal da galeria.

Dou dois passos antes que sua mão segure meu pulso. Grito e me empurra para a parede com tanta força que fico sem fôlego. Estala sua língua, sacudindo a cabeça enquanto me prende entre seu corpo e a parede. — Correr só fará que isto seja muito pior do que deve ser. O forte cheiro do alcaçuz impregna e viro a cabeça, o estômago revolto. — Não mencionou como é linda. Um vampiro não pode resistir às coisas bonitas, você sabe. Os vampiros são rápidos, fortes e ágeis. Anton tinha um que experimentou durante cinco anos, mas só o vi uma vez quando o levaram ao laboratório arrastado, porque mal podia caminhar. Solta meu pulso e segura meu queixo, as unhas longas arranhando minha pele. — A quer viva, mas não disse nada a respeito de prová-la. Meus

olhos

arregalam

ao

pensar

em

suas

presas

afundando-se no meu pescoço. Ri. —

O

que?

Nunca

foi

provada

por

um

de

nós?

Surpreendente levando em conta a empresa que seu marido mantinha. Engulo saliva. — Só dói um minuto, então...

Lambe os lábios: — Não é tão ruim. A menos, claro, que bebamos demais. Dá de ombros. — Então você morre. Não vou voltar a ser usada. Não agora. Jamais. Prefiro morrer. Afasta uma mecha de cabelo do pescoço. — Não se preocupe, não vou matá-la. Corre seu dedo pela minha garganta. Não. Isto não está acontecendo. Seis meses. Só tive seis meses. Sorri enquanto chega mais perto. Seus olhos fecham e assobia enquanto suas presas aparecem. Reajo. Com o calcanhar da minha mão, empurro tão forte quanto posso para cima em seu nariz. Escuto o som distinto da rachadura que cede sob a pressão. — Cadela. Joga a cabeça para trás, segurando a mão sobre seu rosto, o sangue escorrendo entre seus dedos. Afasto da parede e engatinho para a porta principal. Bato em um cavalete e tanto o cavalete como a pintura caem no chão. Corro. O vestido elegante enrola ao redor das minhas pernas e me atrasa. Deus não vou chegar à porta. Seus passos me seguem.

Corro tão rápido quanto posso, mas está bem atrás de mim. Em questão de segundos, me bate e derruba no chão, seu peso em cima de mim. Seus dedos pegam no meu cabelo e puxa minha cabeça para trás. — Ia ser amável. Agora não serei. Fica de pé em um salto, me levando com ele, uma mão ainda enfiada no meu cabelo e a outra no meu braço. Alcanço ambas as mãos, tentando aliviar a dor no meu couro cabeludo, mas puxa com força, perco o equilíbrio e caio de joelhos, gritando enquanto um forte impacto me atravessa. — Levante-se, cadela. Puxa meu braço me obrigando a levantar para não deslocar meu braço. — Saia, agora. Grite. Grite até que seus pulmões sangrem. — Socorro! Ajudem-me! Solta meu cabelo e me empurra com tanta força contra a parede que a parte de trás da minha cabeça faz um buraco no gesso. Então está sobre mim, seus olhos queimando vermelhos enquanto agarra meus ombros e me sacode. — Uma lutadora. Disseram que era mansa e patética. Bato em suas bolas com meu joelho e seus olhos abrem antes de cair no chão, gritando em agonia. Vampiro ou não,

todos têm o mesmo equipamento e Roarke disse para usar esse movimento caso Ben se aproximasse muito. Corro para a porta de trás porque seu corpo bloqueia a da frente e não quero ir na sua direção. Caio contra porta com as mãos na maçaneta, virando-a freneticamente. Abra caramba. Abra. Para onde girá-la? Minhas mãos tremem tanto que não consigo virar a estúpida maçaneta. Por que não abre? Parafuso. Ferrolho, rapidamente abro a fechadura e a porta. O ar noturno flutua sobre mim quando corro para o beco. Consigo dar vinte passos antes que tropece atrás de mim. Não olho para trás. Tenho que chegar à rua principal. Alguém verá... Ouço uma explosão enquanto uma dor aguda bate na parte de trás da minha coxa e minha perna cede. Caio no chão. Aproximo minha mão da coxa e sinto o sangue quente e úmido escorrer através do tecido do meu vestido. Deus, atirou em mim. Olho por cima do ombro quando se aproxima. — Vá em frente. Corra. Não tem nada melhor do que uma cadela ferida com o cheiro do sangue por todos os lugares. Engulo a bile na minha garganta e tento ficar de pé. Ri enquanto continua caminhando para mim. Não. Deus, não.

Os horrores passados brilham ante meus olhos: o isolamento, o medo de dormir, de acordar. Não serei capaz de viver assim. Prefiro morrer. Serafina. Não sei se ainda vive dentro de mim, mas meu Ink é minha única esperança. Levante Serafina. Respire. Lute por mim. Proteja-me. Arrasto pelo chão para as luzes enquanto chamo minha tatuagem Serafina uma e outra vez. Passos correm em minha direção. Deus. Rastejo novamente para ficar de pé quando braços me rodeiam, puxando de volta para ele. — Não. Grito e me sacudo contra seu aperto. Nunca vou deixar de lutar. Nunca mais.

Rayne — Docinho, docinho, sou eu. Shhh. Está tudo bem. Estou aqui. A voz de Kilter quebra através do meu pranto e se infiltra na minha mente em pânico. Paro de lutar, mas meu peito inspira e expira e meu coração se choca contra o peito. — Kilter? Está aqui? Mas, onde está o...?

— Já foi, docinho. Alisa meu cabelo e suavemente diz: — Não pode mais machuca-la. Estou aqui. Este é um lado de Kilter que se esconde atrás dos comentários rudes e bruscos. Carícias suaves correm pelas minhas

costas,

sussurros

e

murmúrios

tranquilizadores

enquanto me abraça protetoramente. — Você voltou. Sussurro. — Só precisava de um tempo para me acalmar. Dou um sorriso magoado. — Dez minutos? — Não preciso de muito. Replica. — Vamos. Temos que levá-la para Anstice. Tem sangue por todo seu vestido. Levanta e me envolve em seus braços e no seu calor protetor. — Ouvi um tiro. Assinto. Não posso ver a minha perna por causa do meu vestido, mas vejo o sangue e tem muito. — Atirou na minha perna. Corre pelo beco até seu carro e me coloca no banco da frente. Afivela meu cinto de segurança antes levantar o vestido. — Vira, assim posso vê-la. Exige.

Levo meu peso ao meu quadril esquerdo para que examine a parte de trás da minha coxa. — Preciso parar o sangramento. Desabotoa seu cinto, arranca-o e enrola duas vezes ao redor da minha coxa acima da ferida, depois puxa forte e aperta. Fico sem fôlego, mas não percebe ou não se importa. — Isso deve parar o sangramento até chegarmos. Fecha a porta, corre para o outro lado do carro e da partida. Dirige como um louco, a buzina do carro soando quando entra e sai, ignorando as luzes vermelhas e os letreiros. Recosto a cabeça e fecho os olhos. Deus, por que me sinto tão fria e cansada? — Droga. A mão de Kilter cai de repente no meu ombro e me sacode, fazendo que o carro desvie. — Rayne! Tento me concentrar nele, mas minha visão borra. — Kilter? Parece preocupado. Por que está preocupado? Vou morrer? Não quero morrer. Agora não. Não depois de lutar tanto para viver. E não antes de ver os olhos de Kilter me olharem novamente como se fosse sua salvação. Como se eu importasse.

— Rayne, abra os olhos. Entro em um vazio negro de escuridão.

Kilter — Abra os olhos. Faço uma curva muito rápida e corto outro carro que toca a buzina e para, mas não o faço. — Anstice, entrando. Rayne levou um tiro na coxa superior direita. Está inconsciente. — Tempo de chegada? Pergunta. — Um minuto. Quando chego a porta já está aberta e me apresso para a entrar. Salto do carro sem desligar o motor, corro para o outro lado e abro a porta quando Keir sobe correndo. — O que aconteceu? Pergunta. Solto o cinto de segurança e puxo Rayne em meus braços. — Vampiro. Sua cabeça cai para trás sobre meu ombro, suas pernas balançam frouxas e a metade inferior do seu vestido está

manchada de sangue. Porra, não parece bom. Não. Caralho, não. Isto não está acontecendo. — Um vampiro atirou nela? Desde quando usam armas? Sim, exatamente o que estou pensando. — Onde está Anstice? — No quarto de hóspedes. Diz Keir enquanto corre para a frente. — Linha do tempo? — Dez minutos, talvez. Desmaiou no carro. Olho para Rayne enquanto corremos para dentro. Jesus, está pálida. Sigo Keir até o porão, Anstice está no quarto, os lençóis estão recolhidos na cama e o incenso de sândalo aceso. Coloco Rayne sobre a cama, ajoelho junto a ela acariciando sua bochecha com o dorso da minha mão. Recuo quando noto minha mão tremendo. Que isso? Sou firme como uma rocha. Não tremo porra! Anstice faz perguntas enquanto corta o vestido esmeralda ensopado de sangue de Rayne da bainha até as coxas e tira o tecido. Solta meu cinto e então viramos Rayne deitando-a de lado, para que Anstice possa ver o ferimento da bala. Mantenho minha mão na de Rayne, não gosto que não a aperte de volta. Anstice cutuca minhas costelas com seu cotovelo. — Tem que soltá-la para que possa cura-la.

Fulmino-a com o olhar. Que ela me devolve. As Healer são poderosas, Anstice é uma das melhores, mas mesmo assim minha cabeça está fervendo e perdi a lógica no segundo que entrei no beco e vi Rayne correndo e um vampiro atrás dela. Meu coração parou quando ouvi que a maldita coisa atirou e meus olhos foram para o vampiro que ia rasgar Rayne que caía no chão. — Não vou solta-la. — Kilter! Adverte. Não preciso de advertência. Conheço o trato. Sentirei a dor do disparo quando curá-la se estiver segurando a mão de Rayne. Keir adianta. — É melhor esperar lá fora. Minhas mãos enrolam em punhos. — Porra, não vou. Anstice sacode a cabeça para Keir, que fica ao meu lado, mas não tenta fazer com que saia, o que provavelmente seria estúpido considerando que não vou até que veja que está bem. Anstice é a única Healer no Canadá e uma das poucas dispersas em todo o mundo. Não só um Scar tem que nascer com a habilidade, mas também tem que ser mulher. A antiga Scar Zurina também é Healer; no entanto, as linhas de sangue

de Anstice são mais fortes porque sua mãe, Lillian, foi a Healer mais poderosa conhecida pelos Scars. Ao contrário de Zurina, que só pode curar Scars e bruxas, que são descendentes um do outro, Anstice pode curar qualquer ser vivo. Anstice pousa sua mão sobre a minha que está na de Rayne. Meus olhos disparam para ela. — Por favor. Não fará nenhum bem para Rayne se ficar fraco ao sentir a cura. Aperto os lábios, desisto e me levanto afastando da cama. Anstice coloca as mãos sobre a ferida e fecha os olhos. Um suave resplendor emana das pontas de seus dedos e depois estende para suas mãos, dando à superfície de sua pele um tom translúcido cor de laranja. O corpo do Anstice aperta e aspira ar. O cheiro de sândalo fica mais forte quando o calor de Anstice se transforma em um brilho vermelho e feroz. Fecha os olhos, expressão fechada, sei que sente e vê o mesmo que Rayne quando foi baleada. Depois de dez minutos, recua lentamente e abre os olhos. Keir se aproxima dela, rodeia sua cintura com seu braço e a puxa seu lado. — Está em estado de choque e dormirá por um tempo, mas ficará bem. A voz de Anstice treme e Keir franze a testa.

Assinto e abro a boca para agradecer, mas as palavras estão presas atrás de uma centenária parede que construí em torno de mim. Anstice sorri para mim. — Sabe que eu senti. Olha para Keir e depois para mim. — Preocupa-se com você, Kilter. Silenciosamente saem do quarto.

Rayne Abro os olhos e levanto de repente. Deus, o vampiro. — É hora de acordar. Kilter? Está aqui. Encontrou-me. O vampiro atirou na minha perna e Kilter veio por mim. De pé no canto direito do quarto, apoiado contra a parede, com os tornozelos e braços cruzados, parecendo casual e despreocupado. Seu cabelo desalinhado diz outra coisa, como se tivesse passado as mãos repetidamente.

Também seus olhos enquanto me

perfuram, intensos e

penetrantes. — Quanto tempo dormi? —

Três

horas,

responde.

Descruza

seus

membros,

afastando-se da parede e vem para a cama. — Sua perna está curada. Anstice diz que ficará bem. Meus olhos arregalam quando percebo que não tenho dor alguma em minha coxa. Mexo a perna direita debaixo do lençol...

Nada.

Puxo

o

lençol

de

lado,

esquecendo

da

possibilidade de estar nua e viro sobre o quadril esquerdo para olhar. Corro as mãos sobre o lugar onde deveria estar à ferida. Nada. Nem sequer uma marca. — Meu Deus. Um Healer pode fazer isso? Curar alguém de uma ferida de bala? Kilter para no pé da cama. Observo-o, mas seus olhos estão nas minhas pernas. Minhas pernas muito nuas. Rapidamente puxo o lençol. — Curou-me de uma ferida de bala? Os hematomas eram uma coisa, mas isto é incrível. Sem dor, hematomas ou rigidez. É como se nunca tivessem atirado em mim. — Sim.

Sua voz é bruta e há tensão em sua postura enquanto me olha. Fecha e abre suas mãos e sua carranca é feroz, mas tem algo mais que não reconheço. — Kilter? O que não está dizendo? Suas sobrancelhas franzem por cima dos seus olhos. Olhos que já não me olham, mas continuam na cama perto dos meus pés. O que está errado? Kilter é franco e honesto. Direto como um míssil. Essa é uma das razões pelas quais me sinto atraída. Toda a minha vida foi sobre engano e decepção. As mentiras de Anton para me moldar e as mentiras que disse a mim mesma. Corre os dedos por seu cabelo e muda seu peso corporal. — Deveria estar lá. Seis meses atrás e não estava. Não digo nada porque não sei o que responder a isso. Meio que rosna, antes de fixar os olhos em mim. — Preocupo-me com você e se algo acontecesse... Significa algo para mim, docinho. — Significo? Deus, gosto disso. — Obrigada por salvar a minha vida. Faço uma pausa e então acrescento. — De novo.

Rosna em seguida arrasta a pequena cadeira velha para o lado da cama e senta. — Esse vampiro poderia tê-la matado se quisesse. Atirou para que não pudesse correr. — Disse que me levaria para alguém. Não diz nada, mas por sua expressão tensa, não gostou de ouvir isso. Pega a tigela com uma colher que descansa na mesa de cabeceira. Em seguida segura a colher com sua mão por baixo dela, para que não pingue sobre mim, traz para minha boca. Resisto. —

Humm,

sou

capaz

de

me

alimentar,

Kilter.

Perfeitamente curada, lembra. — Abra. Tem esse brilho obstinado e decidido nos olhos, por isso argumentar é um ponto discutível. — O que é? — Abra. Teimoso como sempre. É irritante, mas um pouco reconfortante porque Kilter está aqui. Comigo. Abro a boca e tomo o morno caldo de galinha com que me alimenta. Odeio sopa de galinha. Anton fazia que os cozinheiros fizessem o tempo todo quando estava doente, o que era frequente, no início por escolha própria até que se transformou em outra coisa.

— Kilter? — Sim, docinho. Recolhe mais sopa. — Estou feliz que esteja bem. Quero dizer, da coisa do Descanso e então do vampiro. Poderia tê-lo matado, Kilter. — Preocupa-se comigo? Os cantos de seus lábios esticam e meu ritmo cardíaco aumenta. — E não, o vampiro não teria me matado. Eu fujo, lembra. Abra. Quando não faço imediatamente, suas sobrancelhas descem e seus lábios fecham em uma linha fina. Relutantemente tomo outro bocado e uma gota de sopa escorrendo meu lábio inferior. Com a ponta do dedo, a limpa suavemente. Meus olhos arregalam com a intimidade do toque e meu estômago agita. Olho para baixo e enrolo meus dedos na beira do lençol apertado contra meu peito. Sua mão pega meu queixo e levanta minha cabeça. Nenhum dos dois diz nada, mas no fundo dos seus escuros olhos, brilha uma faísca de desejo. Então desaparece e me solta. Contra a minha vontade, abro a boca enquanto me alimenta com outra colherada de sopa. Tomo mas, quando

estende outra, empurro sua mão, derramando parte dela no lençol. — Não mais. Odeio sopa de frango. Kilter deixa cair a colher na tigela com um olhar acusador. — Que porra é essa? Por que não disse nada? Droga, Rayne, poderia ter feito outra coisa. — Você a fez? Levanta com os músculos de suas costas tensas. — Gosta de alho-poró? Batata? Tomate? Cogumelos? O que? Estendo a mão, apoiando-a em seu pulso. — Estou bem. Quando franze a testa, acrescento: — Por enquanto, mas obrigada pela sopa. Foi muita consideração sua e se gostei da sopa de frango tenho certeza que o resto será bom. Dá de ombros. — É sopa de frango, não é grande coisa e gosto de cozinhar. Não acordava, então tinha que fazer alguma coisa. Sorrio. Claramente tem problemas para dar elogios e aceitá-los. — Kilter? Seus olhos pousam em mim.

— Basta dizer obrigado. Não o faz. Em vez disso, deixa a tigela na mesa de cabeceira, seus olhos fixos em mim, queimando. Não uso nada além de calcinha e sutiã, debaixo do lençol, mas sinto calor. Muito calor. Seus olhos em mim causam uma doce dor entre as minhas pernas e lambo meus lábios porquê de repente estão realmente secos e não consigo recuperar o fôlego. — Kilter. — Cristo. Seu joelho aterrissa no colchão enquanto se aproxima e pega minha nuca para me puxar para ele. O lençol escorrega dos meus dedos enquanto seus lábios tomam os meus. Geme contra a minha boca, a vibração disparando faíscas através de cada centímetro do meu corpo. Sua língua penetra minha boca enquanto aprofunda o beijo, me aproximando de modo que meus seios doloridos são pressionados contra seu peito. — Droga, Rayne. Murmura. Gemo, levantando meus braços para envolvê-los em seu pescoço e atrai-lo mais para perto. Monta sobre mim enquanto abaixa lentamente até minha cabeça

descansar

sobre

o

travesseiro

novamente.

Então

distribui beijos do meu queixo ao ouvido e mordisca o lóbulo.

O lençol acumula na minha cintura, deixando meu abdômen e peito nus, exceto pelo sutiã preto de renda. Seguro o fôlego enquanto sua mão áspera acaricia minhas costelas e sobe para a parte inferior dos meus seios onde seu polegar se move para frente e para trás. Arqueio querendo que toque meus seios. Deus, quero que suas mãos toquem em todos os lugares. Nunca imaginei que poderia ser assim. Sempre odiei que alguém me tocasse, porque temo a minha habilidade, mas acima de tudo porque qualquer toque era para os experimentos de Anton. Mas isto... Isto não é nada assim. — Linda. Sua voz é áspera e sexy enquanto sussurra no meu ouvido, seu fôlego quente fazendo cócegas na minha pele. — Tão, linda, caralho. Sua mão se move novamente das minhas costelas para meu abdômen e para no meu quadril, pressionando. — Melhor. Gosto da carne em você, docinho. Gosto muito. Levanta a cabeça para me olhar, olhos ardendo. — Algo para agarrar. Meu coração dá um salto. Gosto que goste do meu peso. Move-se de modo que suas mãos estão planas na cama uma de cada lado e mantém seu peso sobre mim.

Levanto a mão para acariciar seu rosto. A testa franzida desapareceu

e

tem

gentileza

em

sua

expressão.

É

impressionante com essa dica de um sorriso brincando em sua boca e a leveza nele. — Vou beijar você de novo. Ow. —De acordo. — Abra as pernas. Hesito e se vira para o lado, sua mão move minha perna direita para o lado. Então acomoda entre as minhas pernas e sorri. Seu pau duro pressiona contra minha coxa, uma das minhas mãos em suas costas enquanto a outra passeia em seus bíceps. — Beije-me, Kilter. Geme antes que sua boca bata contra a minha. É rude e feroz, como se tivesse medo de ser a última vez. Somos nós descobrindo um ao outro. Encontrando o que perdemos durante meses. E nos tornando algo, juntos. Ainda não sei o que fazer e já não posso continuar pensando enquanto nossos lábios se fundem e o calor queima. Os sentimentos estranhos que ecoam através do meu corpo são incontroláveis e não posso ter o suficiente dele.

Quando

recua

para

olhar,

estou

respirando

com

dificuldade e meus lábios formigam por seu beijo ardente. — Não sei quem é neste momento. — Sabe docinho. É só um lado diferente. Diz. — Um mais velho. O que quis dizer com isso? — Também gosto do outro lado, sabe? Ri e meu coração salta. Uau, nunca o escutei rir. É profundo e grosso e há uma faísca em seus olhos quando o faz. Sei que é algo precioso e raro. Vem para meu lado enquanto seu dedo traça meus lábios inchados e vermelhos, seus olhos seguindo o toque suave. Em seguida desce pelo queixo, pescoço, entre meus seios e para o umbigo. Seguro o fôlego, fechando os olhos. Nenhum homem jamais me tocou com tanto cuidado. Sempre foi clínico. Lentamente afasta o lençol e seus dedos param na borda da minha calcinha. Meus olhos arregalam. — Kilter? Não estou pronta para isto. Quer dizer, meu corpo certamente está, mas emocionalmente não. — Não acho que estou pronta para fazer sexo.

Seus dedos param na borda da minha calcinha. — Não vamos fazer. — Não faremos? — Docinho, não. Merda. Sou um bastardo, mas atiraram em você e não a vi em seis meses. Então não, não vamos foder. — Ah, está bem. Mordo o lábio e sorrio. — Mas a coisa do tiro não conta porque estou curada. — Hummm. Traça a borda da minha calcinha com a ponta do dedo e arqueio com seu toque. Talvez esteja pronta. Deus, gosto que me toque. Não, adoro seu toque. — Ainda não sei onde sua cabeça está Rayne. Horas atrás, estava pronta para ir embora. Afastou-se. Abro a boca para dizer que está errado, mas aperta suavemente a minha coxa. — Deixe dizer isto, docinho. Não espera que concorde e continua. — Voltei porque não devia ter ido, em primeiro lugar. Sei que está com medo. Também estive assustado hoje quando quase a perdi. Esteve? É difícil imaginar Kilter assustado com alguma coisa.

— Precisa de tempo para ordenar tudo isso e estarei aqui até que o faça. Afasta a mão da minha calcinha para acariciar meu queixo. — Não pense nem por um segundo que isto entre nós pode acabar, porque não pode. Rapidamente me beija, antes de rolar da cama e pegar o prato de sopa da mesa de cabeceira. — Farei um sanduíche para você. Frango e tomate, ok? Assinto ainda um pouco chocada com o que acaba de acontecer. — Maionese e mostarda? Concordo novamente. — De acordo. Então sai. Abaixo o braço sobre os meus olhos. — Puta merda!

Waleron — Com o incidente desta noite, temos que agir agora. De pé no hall de entrada com Anstice e Keir que entrou em contato comigo assim que Kilter apareceu com Rayne. — Precisamos saber por que um vampiro foi atrás de Rayne. Tem que nos dizer tudo o que aconteceu naquele complexo. — Está pronta? Anstice pergunta enquanto acaricia a parte superior da enorme cabeça preta de Finn.

— Passou por uma experiência horrível e embora tenha ganhado peso e esteja mais forte, estamos cavando seu passado. Delara disse o mesmo no provador há dois dias. Anstice é uma Healer e a compaixão é seu forte. Não o meu. Faço tudo o que estiver ao meu alcance para proteger os Scars e se isso significa usar alguém, faço. —Nos dirá tudo, esteja pronta ou não. Aperto meus dentes quando digo as próximas palavras: — Chame Delara. Keir assente enquanto põe a mão sobre o braço de sua esposa quando abre a boca, sem dúvida para objetar. Anstice é uma incrível Healer, mas é nova nos Scars e ainda tem que aprender a nunca me questionar. Me afasto do marco da porta em que me apoio e viro e me afasto deles. Alcançando meu bolso, puxo a embalagem de doces, abro-a e derramo uma pequena pílula na minha mão antes de atirá-la na minha boca. Cada vez que tomo uma pílula, lembro de Delara. Implorava para que as abandonasse. Se alguma vez tivesse rido, seria nesse momento, porque se tivesse o mínimo conhecimento do que suportei durante mais de sessenta anos, saberia que renunciar as pílulas é impossível. Uma mão toca meu braço e tudo dentro de mim reage quando me afasto e viro tão rapidamente, batendo em Anstice e recuando.

Cristo. É uma reação instintiva ao toque de uma mulher. Qualquer mulher, exceto Delara. Aprendi a controlar a reação com as pílulas, mas me surpreendeu. Não gosto de surpresas. Anstice retrocede. — Sinto muito. Keir pega a mão de Anstice e a atrai para seu lado e sussurra alguma coisa. Finn late e geme enquanto olha de mim para Anstice para Keir e de volta para mim. Depois vira a cabeça, sai do hall e entra na sala. Cão inteligente. Não escolhe lados. — Kilter pode se opor a que seja questionada. Digo. Os Visionários têm problemas de confiança e depois de enviá-lo para o Descanso durante seis meses, seus problemas serão piores. — Assegure-se de que não tente fugir com ela. — Recusa-se a ouvir qualquer coisa que digo. Admite Keir. Continuo: — Quero todos aqui em três horas. Sem exceções. Keir assente. Então dou a má notícia. — Trinity também assistirá a reunião para falar da bruxa, Abby.

Keir amaldiçoa. Anstice ofega, mas não é pelas minhas palavras. É pela abertura da porta da frente e quem entra nesse exato momento. Delara. Jedrik vem depois dela, sorrindo. Olha para mim, em seguida para Anstice e Keir depois para Delara, que está congelada, uma expressão atordoada em seu rosto. É como se tivessem dado uma tapa na cara. Sim, definitivamente ouviu o que disse. — O que está acontecendo? Pergunta Jedrik, sorrindo. — Biblioteca, Ordeno a Delara.

Delara Trinity virá aqui? Na casa Talde? Por vários segundos, fulmino Waleron com os olhos, enquanto Anstice e Keir escapam, Jedrik aperta minha mão antes de dizer por telepatia que mantenha a calma. Bem, se Tac quer conversar, conversarei, mas não será uma conversa amigável, não quando se trata de Trinity. Levanto o queixo e toco de leve nele ao passar para a biblioteca. Esta será outra de nossas discussões carregadas de energia. Há

tanta raiva, paixão e calor entre nós que é impossível estarmos juntos na mesma sala e não entrar em combustão. Estou

a

ponto

da

autodestruição

e

Waleron

está

absolutamente no controle. Não podemos nos misturar. Pulo quando Waleron fecha a porta e apoia nela com os braços cruzados para impedir minha saída. — Ainda está vendo Liam. Porra. Como ficou sabendo? Dou conta que evita as palavras dormir, foder ou ter relações sexuais. Quando respondo, recuso a dobrar sob sua fria intensidade. — Sim. — Mentiu para mim, caralho! A veia da sua garganta lateja. Merda, está com raiva. Tipo muito irado. Não amaldiçoa a menos que esteja a ponto de perder a cabeça. Engulo saliva. — Na verdade não, parei de foder com ele. — Por que, Delara? Porque não tenho escolha. — Para proteger alguém. Uma mentira pela metade. Entretanto como posso dizer a verdade? Como vou dizer que estive grávida há tantos anos?

Que Liam ameaçou a vida do meu filho? Um menino que nasceu morto e não posso arriscar que diga a verdade. — Abby. Declarou. Sabe sobre Abby? Brinco com os bolsos da minha calça cargo cáqui, cravando as unhas no tecido. Belisco minhas coxas; as lágrimas ameaçando cair. Respiro com dificuldade. — Não falamos sobre ela porque estaria obrigado a dizer aos Wraiths. E a teriam matado, Tac. — Nossa lei mudou desde Balen... O interrompo. — Para os Scars, não para as bruxas e é tão leal a elas que a teria entregado como um rato a uma serpente. Viro a cabeça, precisando de um instante para escapar dos seus olhos azuis, que costumavam olhar com tanta adoração. A voz de Waleron endurece. — Pensa tão mal de mim? Olho para cima e suas sobrancelhas elevam. Não digo nada. — Sim, sou obrigado a informar aos Wraiths, mas protejo a todos, incluindo as bruxas, quando necessário. — Tem o poder para fazer isso?

Balanço a cabeça, mechas irregulares caindo em frente ao meu rosto. — Não tem, não para isto. Waleron permanece em silêncio e me obrigo a manter os olhos nele, apesar de querer desviar o olhar. Todo meu corpo volta para a vida quando estou perto dele e dói demais. Não, é mais do que isso. É como se me matassem repetidas vezes. — Se ficar com o Liam, não irá atrás da Abby. Digo. — Não! Waleron grita. Corre uma mão sobre sua cabeça raspada e desvia o olhar. Cada músculo flexiona pela frustração e parece que procura algo para bater seu punho, mas não o fará. Este é Tac. — E acha que vai deixar você ir embora? Quando? Quando, Delara? Diz. Não, duvido que me deixe partir ilesa, mas não me importo... — Uma vez que Abby estiver fora de perigo, podemos decidir o que fazer com Liam. — Se não infringir nenhuma lei, podemos fazer alguma coisa, declara Waleron. — Abby bebeu seu sangue voluntariamente. Isso foi decisão dela. — Estava bêbada e foi estúpida. Todos cometem erros.

Lança um olhar assassino, seus braços dos lados e as mãos em punho. — Edan foi um erro? — Trinity foi? Replico. — Não. Foi algo que tive que fazer. — Idem. Fica em silêncio por um segundo antes de dizer: — Se descobrir que se aproximou do Liam novamente, vou colocá-la em Descanso. Fico dura. — Filho da puta. Agarro a coisa mais próxima a mim, um livro de capa dura e atiro nele. Waleron levanta a mão e antes que bata nele, derruba no chão com um estrondo. Uso minha telecinese e cinco enciclopédias voam para ele. Em seguida o vaso verde que está em cima da mesa de Keir. Depois, a estátua situada sobre a mesa ao lado do sofá. Nada disso o alcança. Tudo aterrissa a seus pés. Quando a tensão no corpo de Waleron diminui, suas mãos abrem e cruza os tornozelos casualmente. As porras das pílulas que toma têm que estar fazendo efeito. — Chamei Trinity aqui para descobrir mais sobre Abby. Sua voz novamente calma e controlada.

— Tem algo que está nos escapando. Liam arriscou sua trégua conosco ao mandar seu ajudante atrás de Rayne. Por que,

quando

seu

interesse

está

em

Abby?

Por

que

repentinamente mudou para Rayne? Faz uma pausa, se afasta da porta e caminha para mim, parando a um passo de distância. — Vai parar de vê-lo, Delara. Não interessa se vai começar uma guerra. Não interessa se vai atrás de Abby ou Rayne. Não voltará a vê-lo novamente. Para na minha frente. — En-ten-deu? Sim. Entendi e não posso fazer o que diz. — Entendeu? Grita, quando não respondo. Meu corpo sacode e assinto. — Sim. Entendi. Waleron olha fixamente por vários segundos e o sinto pressionar meus escudos, tentando ler a minha mente. Aperto o maxilar resistindo. Finalmente para de tentar forçar a entrada na minha cabeça. — A reunião é daqui a três horas. Espero que esteja aqui. Diz. Cruzo a sala a passos largos, abro a porta e saio.

Kilter Subo para a cozinha, lavo a tigela de sopa, coloco-a na lava-louça e pego os ingredientes para fazer um sanduíche de frango. Estou passando manteiga no pão quando Keir fala telepaticamente. — Reunião em três horas. Obrigatório. Traga Rayne. Porra. Odeio as reuniões e Rayne não precisa ouvir um monte de Scars discutindo sobre os ratos da cidade. Coloco o sanduíche no prato. Um barulho forte chama minha atenção. Em seguida vários outros e vidro quebrando. Que porra esta acontecendo? Talvez mais alguém esteja chateado por ter uma reunião. Atravesso da sala de jantar para a sala de estar e paro no hall. As portas da biblioteca estão fechadas e quem quer que esteja ali está furioso. — Quando vai mudar? Jedrik aparece no corredor e vem em minha direção. — Ou planeja outra rodada de Descanso seguindo esse seu instinto?

Dou de ombros. Seguir meu instinto faz a vida mais simples. Mesmo quando resgatei Rayker do marido psicocientista de Rayne, foi sem um plano. Os planos geralmente envolvem outros, o que significa que outros sabem o que estou fazendo, um erro que aprendi a não repetir. Jedrik enrola seu braço ao redor do poste da escada. —

Estar

em

Descanso

ensinou

alguma

coisa

ou

simplesmente o irritou mais ainda? — Sim. Digo sem mover um músculo, com os olhos brilhando. — Ensinou a matar os Scars que enchem o saco. Jedrik começa a rir. — Deixe adivinhar, te chateou. Bufo quando a porta da biblioteca abre e ambos nos viramos. Delara sai disparada e passa por mim, através da cozinha, e sai pela porta de trás. — Foda. Murmura Jedrik. — Isso precisa ser resolvido antes que alguém se machuque. Aproximo-me da biblioteca e olho para dentro. Tem vários livros no chão, uma estátua quebrada e um vaso de cristal destruído. Meus olhos encontram Waleron de pé junto a janela,

como se tivesse tido uma conversa à tarde com Delara em vez de uma discussão acalorada. — Keir disse que há uma reunião e supõe que Rayne venha. Não está pronta. Mantenho a minha voz calma. Ser enviado para Descanso novamente é improdutivo e colocaria Rayne em perigo sem mim para protegê-la. Tenho que me segurar. Waleron olha, com as sobrancelhas levantadas. —

Talvez

não,

mas

vai

participar

mesmo

assim.

Precisamos de informações e pode tê-las. Como está depois do ataque? Fecho a cara, não gostei da resposta. — Bem, como esperado, mas estaria nas mãos de vampiros agora, se eu não estivesse lá. Nem sequer posso confiar em você para vigiar uma menina. Viro para me afastar quando sua voz me para. — Desta vez não vai funcionar. Diz Waleron. — O que? Viro e olho para o homem que me colocou em Descanso durante seis sangrentos meses para reviver os gritos de Rayne, Gemma, meus próprios malditos gritos. — Não pode lutar contra isto. — Quer apostar?

Waleron se endireita e aproxima de mim. — Não entende, não é? Confiança. Isso é o que falta. Essa é a única maneira de vencer esta batalha. Fico rígido, encontrando seu olhar. — A última vez que fiz isso, minha mulher foi estuprada e depois assassinada. Fui torturado durante dez anos. Sabe como é, não é mesmo, Waleron? Ser torturado dia após dia durante anos. — Rayne não é Gemma, Kilter. Se tivesse nos escutado quando tentamos explicar o que aconteceu, saberia a verdade. Mas negou-se a falar disso e agora não o merece. Está tão cheio de raiva que não pode ver através da verdade. — Deveria falar. Replico. Waleron tenciona o maxilar. — Não faça de Rayne a salvadora do seu passado ou destruirá o que já tem. Aproxima-se e para a um pé de distância. — Rayne é uma Scar, Kilter. Que porra é essa? De onde veio isso? — E a trará para a reunião. Waleron passa por mim e sai pela porta da frente.

Abby Suspiro enquanto o calor de um pano úmido e quente é passado pelo meu pescoço e clavícula. Todas as manhãs é a mesma rotina e frequentemente finjo dormir, pois sei que vai parar se souber que estou acordada. Suas carícias são vacilantes, sempre cuidando para manter a maior parte do meu corpo coberto com o lençol enquanto limpa o suor do meu corpo depois da minha noite anterior vociferando e delirando durante os episódios. Ouço o barulho quando coloca o pano no balde, levanta-o e torce a água. Seu cheiro familiar e reconfortante fica no ar,

cedro e sálvia, com um toque de pimenta preta. Esse cheiro está incorporado a mim, ligado a Damien, a como cuidadosamente acaricia meu corpo todas as manhãs durante as últimas semanas. O máximo que consigo fazer sozinha agora é levantar para ir ao banheiro. Não



nenhuma

vergonha

que

me

conheça

tão

intimamente. Já me viu nua antes que isto acontecesse. Puxa o lençol de volta para minha cintura e depois levanta minha camiseta até embaixo dos meus seios. Sempre tomando cuidado para não me tocar diretamente, mas seu dedo mindinho escorrega do tecido e segue para cima do meu abdômen até minhas costelas e minha respiração ofega quando arrepio. Afasta-se bruscamente e ouço o pano cair no balde de água e seu peso abandona a cama. Caralho sabe que estou acordada. Abro os olhos, mas agora é doloroso, como separar dois pedaços de papel grudados. Tenciono quando uma dor aguda atravessa minha cabeça e a luz cega me durante vários segundos. Não tem janelas no quarto, mas Damien tem o abajur aceso. É o terceiro abajur que substituiu na mesa de cabeceira desde que me trouxe aqui. Alguém está trazendo suprimentos ou está ficando sem abajur no resto da casa. Levanto meus olhos para Damien, que está junto à cama, me fulminando com o olhar. Sim, tem um brilho agradável e

bem sei. Gosta de pensar que é de pedra, mas sei que não é, experimentei sua paixão, sei como é profunda. Foi quando começou a sentar-se comigo durante o dia, que tive

uma

ideia

de

quem

é

este

homem.

Raramente

compartilhando algo de si mesmo, mas falando em calmas, tranquilizadoras palavras para evitar que minha sede aumente. Sua voz é ao que me agarro quando entro e saio da consciência. Não sou estúpida, sei muito bem que estou morrendo. É só uma questão de tempo. Já não consigo mais manter a comida. Damien me obriga a comer. A água é a única substância que posso engolir e em breve terei que renunciar a ela também. Meu plano fracassou. Foi um risco desde o começo, mas ficar grávida mudou tudo. Agora sei o quanto é perigoso transformar-se em um vampiro. A sede. A incapacidade de saber

o

que

estou

fazendo.

Se

me

transformasse,

as

ramificações dela seriam catastróficas. Damien estaria em perigo e também alguém que se aproximasse de mim. Não podia arriscar. Não o faria. — Tem que comer. Diz Damien. Fala isso todas as manhãs quando acordo e a cada manhã durante os últimos três dias recusei. — Não posso. E todas as manhãs, quando rejeito a comida ele sai. — Por favor, não vá ainda. Sussurro.

Se vou morrer, quero-o perto de mim, sentir o batimento de seu coração sob a minha mão, ouvir suas suaves e calmantes palavras. Posso morrer pacificamente com ele a meu lado. Damien. O homem que sacrificou meses de sua vida por mim. — Damien. Digo, fechando brevemente os olhos para a luz que os queima. Sou sensível a tudo agora, luz, escuridão, tato, cheiro... Mesmo a respiração de Damien que percorre a minha pele quando se senta comigo. — Por favor. — Estava acordada. Diz. Dou de ombros, meio sorrindo. — Gosto quando me lava. Suas

costas

ficam

rígidas

e

rapidamente

continuo:

— Damien cada dia é um tormento, vivo nas trevas. Não lembro das noites, mas pela manhã tudo dói. Quando senta comigo ou me lava é a única vez que não sofro. Não leve tudo o que tenho para longe de mim. — Abbs. Mordo o lábio, esperando mais, mas levanta sobre mim durante um minuto antes que seus ombros se afundem e se senta na cama, empurrando para poder se apoiar na cabeceira da cama.

Viro de lado, sinto seu comprimento duro contra mim, então apoio a cabeça em seu peito. Assim é como quero morrer. Aqui. Com seu coração palpitando debaixo de mim. Seu calor me rodeando. Nunca acaricia meu cabelo como quero que faça, mas às vezes, se tiver sorte, apoia seu braço sobre meus ombros e sinto seu polegar casualmente me acariciando. Suponho que nem sequer sabe que está fazendo isso. Hoje não é diferente. Não faz nenhum movimento para me tocar, simplesmente me deixa tocá-lo. Pergunto-me se sabe que vou morrer. Há quanto tempo estamos aqui agora? Tenho que manter o controle dos dias que estão perto de meu aniversário e terei vinte e cinco anos. Uma idade perigosa. Muito perigosa para continuar viva. — Promete uma coisa? Olho para ele, minha bochecha roçando seu peito. Entretanto, seus olhos não estão em mim; olham para frente e está tenso. Levanto minha mão e tremo de fraqueza, mas consigo correr dois dedos sobre o resto de barba do seu queixo. Gosto que não se barbeie todos os dias, a textura rugosa acariciando as pontas dos meus dedos. — Damien preciso que prometa uma coisa. — Não prometo nada, Abbs. — Mas nem sequer ouviu o que quero. Retruco.

Permanece calado por um segundo e em seguida diz: — Já tem o suficiente de mim. O que isso significa, seu tempo, talvez? Arruinei sua vida por muito tempo. — Olhe para mim. Nega-se e levanto a voz, o que a faz falhar, porque depois de uma noite gritando, minha garganta está sempre em carne viva de manhã. — Olhe Damien. Pega a minha mão, separa-a do seu rosto e coloca no seu peito, onde a segura com a sua. Só então abaixa o olhar para encontrar-se com o meu e sorri. — Agora, isso não foi tão ruim, certo? Rosna. Antes que possa desviar o olhar novamente, porque preciso ver sua expressão quando pedir, digo: — Prometa que vai me deixar morrer. Imediatamente franze a testa e sinto seu coração sob minha mão acelerar. — Se puder escolher entre a morte e me transformar em um vampiro, escolho a morte. Seus lábios franzem e tenho o impulso de passar meu dedo pela superfície deles.

— Estou fraquejando, Damien. Estou debilitada e não consigo segurar nada no estômago. — Cristo, Abbs. Não vai morrer, ok? Sua voz é irregular e firme. — Não deixarei. Durma. É imperativo fazer esta promessa. Pode fraquejar e me dar seu sangue para não me deixar morrer. Nunca poderia me tornar um vampiro. — Prometa isso, nunca vai me deixar beber seu sangue. Isto é importante, Damien. Fica olhando para a parede do fundo. — Não serei escrava do Liam. Não me faça me transformar em sua escrava. Não posso. Vai me destruir. Prometa que aconteça o que acontecer, me deixará morrer. — Não. Diz Damien bruscamente. Sento quieta. — O que? Não? — Sim. Não. Agora vá dormir. Fico impactada. Os Scars matam vampiros. Tem que prometer isto. Sou perigosa como um vampiro. Se disser do que sou capaz, então talvez se dê conta do quão sério é isto. Os Scars me caçariam se soubessem. Sou uma ameaça para mim mesma e para todos os outros.

— É contra as leis permitir que alguém beba seu sangue, então... — É contra as leis dos Scars e você não é uma maldita Scar. Diz Damien. Merda, tenho que dizer, estamos nos aproximando muito do meu aniversário. — Sim, mas... Seus olhos dispararam para os meus e queimam de raiva. — Que porra quer de mim, Abbs? Não posso fazer essa promessa. Fim da discussão. Não, não é. Sento, mas mantenho uma mão em seu peito. — Então vai deixar que me transforme em uma coisa ruim? Algo que odeia? Prefere que beba seu sangue e passe pela Transição e então o que? Ter o prazer de me matar como vampiro? Porque sabe que matarei um ser humano. Você sabe. Bato meu punho contra seu peito. — Não tem que decidir, Damien. Meus dedos curvam em um punho em sua camiseta. — Sabe o que vou ser capaz de fazer como um vampiro? Sabe o que acontece quando fizer vinte e cinco anos...? Damien me atira de costas e está em cima de mim em um segundo. Sua mão agarra meu queixo tão forte que estremeço e

não consigo falar. Seu olhar frio cravado em mim como adagas quando diz: — Fim. Da. Discussão. Abigail. Seu celular toca, afasta sua mão e se abaixa na cama. Em seguida coloca a mão em seu bolso de trás e puxa o celular. Batendo na tela o segura à orelha. — O que? Tento escutar a conversa do outro lado, mas quem quer que seja, está falando muito rápido e a voz está apagada. Damien não diz nada, simplesmente escuta e depois desliga. — Damien? Não me olha, simplesmente gira sobre seus calcanhares e sai do quarto. Escuto-o caminhar de um lado para o outro durante alguns minutos e em seguida a porta da frente abre e fecha de repente. Entro em pânico. Meu coração acelera e minha respiração vem em curta. Deixou-me aqui para morrer sozinha? Não quero morrer assim. Não sozinha. Não sem ele. Mas mereço este destino. Morrer sozinha e fria, lutando por cada respiração, a sede tão intensa que sufoca. Mereço o ódio e a condenação de Damien por fazer passar meses disto. Deito de costas esperando escutar a porta abrir, rezando para que volte a qualquer momento, mas nunca abre. Minutos

se transformam em horas e Damien ainda não voltou. Ao cair à noite, ainda não voltou para colocar as correntes. Então a sede de sangue toma o controle e Damien é esquecido, tudo é. Exceto a raiva do sangue.

Kilter Vou para o porão, ainda atordoado que Rayne é uma Scar. Caralho é uma grande notícia, mas incomoda porque coloca Rayne em perigo e isso é a última coisa que quero e que preciso. Senti algo nela. Algo diferente. Droga, suas emoções me invadiram quando estava no chuveiro depois que a trouxe de Toronto e novamente quando se assustou com Ryker no porão. Isto também explica porque tenho dificuldade para ler seus pensamentos. Droga, por isso era tão importante para o Anton

Jesus. Deve tê-la usado por sua habilidade. Sua perda de peso amorteceu suas emoções e sua habilidade. Por isso que não sabia que é uma de nós, mas sabia que havia algo diferente. As palavras de Waleron repetem na minha cabeça. Salvei Rayne...

porque

nunca

salvei

Gemma?

Estou

tentando

consertar meu passado através de Rayne? Não. Isto é diferente. Ela é diferente. Paro em frente ao seu quarto, com a mão na maçaneta da porta, quando escuto o chuveiro. Vou para a mesa de bilhar e ajusto as bolas, em seguida agarro um taco da parede e me inclino sobre a mesa. — Hey, amigo. Bato o taco na bola branca e a envio voando através da sala para se chocar contra uma mesa de vidro. Jogo o taco sobre a mesa e me endireito para olhar para Tye correndo pelas escadas. — O que está fazendo aqui imbecil? Tye é mais alto do que eu, não tão musculoso, mas ágil e o homem mais inteligente que conheço, embora sua aparência não se encaixe nisso. Tem um piercing na sobrancelha, cabelo salpicado de azul e calça jeans rasgada, botas de motociclista e uma jaqueta preta de couro.

— Waleron ligou para Xamien pedindo ajuda. Ofereci-me como voluntário. Tye se aproxima e pega a bola branca no chão entre os fragmentos de vidro. — Boa essa. É um lembrete de tudo que deu errado há séculos. Era o responsável por proteger Gemma quando estava longe do castelo. Falhou. Poderia guardar rancor pela eternidade e Tye não entende a indireta de que continuo culpando-o. — Não preciso da sua presença agora. Pega um taco da prateleira da parede e passa o giz. — Ouvi que Ryker não está indo tão bem. Nega com a cabeça. — Hannah era especial. Tye coloca o giz na beira da mesa de bilhar. — Quem dera pudesse ter ido lá para matar aquele bastardo do Anton. Não falo nada. Tye volta a colocar a bola branca sobre a mesa, pega minha sugestão, então alinha para dar uma tacada. — Como está a garota? Rayne? Ouvi que ela... — Fique longe dela. Ladro.

Tye bate na bola branca, que bate na verde listrada, afundando-a no buraco do canto esquerdo. — Calma, só estava perguntando. Também ouvi que passou por um grande trauma e que é uma Scar. O que? Precisamos de uma Healer. Xamien estava procurando há anos por outra Healer. Poderia viver na Espanha com... Explodo. Tye falando de Rayne envia minha raiva ao limite e canalizo meus poderes nos meus olhos. Eles queimam e brilham, pulsando enquanto se concentram em Tye. — Wow, homem. Tye se endireita, joga o taco para baixo e dá um passo para trás enquanto mantém as mãos para cima. — Porra, qual é o seu problema? — Meu problema? Meu maldito problema? Filho da puta. Deixou Ulrich levá-la. Enviou Gemma para a morte, mas não antes que meu irmão a estuprasse. Era inocente. Doce e inocente e você destruiu isso. Destruiu-a. Aproximo dele, que recua até que está contra a parede. — Eu a amava. Prometi que estaria segura. Jurei que tudo ficaria bem. Pego ele pela camisa e o pressiono contra a parede. — Jesus, Kilter, já dissemos que não foi assim. Diz Tye, suas mãos nos meus braços.

— Ao menos uma vez na sua vida, escute. Ouça a verdade sobre a Gemma. Seus olhos incham enquanto aperto mais forte contra seu peito. — Kilter. Gemma e Ulrich... Foi com Ulrich de boa vontade. Nunca amou você, homem. Pressiono seu corpo contra a parede e o gesso racha sob a pressão. — Pense. Tosse e puxa meus braços. — Limpe sua maldita cabeça e ouça. Foi uma armadilha. Estava apaixonada por ele. Sabia dos Scars e Ulrich prometeu torná-la uma de nós. Sabia que você nunca a faria uma Scar. Porra escondeu dela o que era. — Não. Grito e aperto Tye contra a parede novamente. Há um estalo e Tye geme. — Está mentindo. — Tentamos dizer quando escapou do Ulrich, mas estava louco. Cada maldita vez que mencionamos seu nome ou o de Ulrich você perdia o controle. Tye encontra meus olhos e tento me livrar do que estou ouvindo. Não quero acreditar. Está mentindo.

Não a ouvi chegando, mas sinto sua mão na parte inferior das minhas costas e a outra no braço que segura Tye contra a parede. — Kilter. Sussurra. — Saia daqui, Rayne. Advirto. —Rayne. Chame o Keir, diz Tye. Aumento meu agarre nele. Uma fúria cega atravessa minha mente e meu corpo, o horror do meu passado ainda fresco, de seis meses em Descanso e vendo-o uma e outra vez. Nada mais importa além da destruição. —Kilter, por favor. Diz Rayne. O calor de suas mãos se estende através do meu corpo, causando um brilho quente aquecendo minhas entranhas. A raiva evapora como se as faíscas de luz a queimassem, afastando-a. — Que porra? Minha respiração acalma e meu pulso diminui quando meus músculos relaxam e a raiva diminui. Que porra está acontecendo? Como isto é possível? Olho para Tye, a quem seguro contra a parede, com o rosto tenso e o sangue escorrendo pelo canto da boca. O que estou fazendo? Solto Tye e recuo vários passos até que estou em frente à mesa de bilhar.

— Rayne? O que me fez? Sei que levou minha raiva. Aproxima-se de mim, coloca suas mãos no meu braço e vira para Tye. — Diga o que precisa escutar. Insiste. — Posso manter a raiva afastada. — O que? Do que está falando? — Conte. Insiste Rayne. Meus olhos movem para Tye, que não diz nada. — Precisa ouvir a verdade. Ruge, enquanto me olha antes de voltar para Tye, que limpa o sangue de sua boca com o dorso da mão e concorda. — Gemma estava apaixonada pelo seu irmão, Kilter. Jesus. Uma pontada aguda me bate e quero bater nele novamente, mas Rayne e o que está fazendo, mantêm minha cabeça calma. — Não lembra de como ela o olhava? A maneira que sempre estava nervosa perto dele. — Não. Ela me amava. Eu a amava, caralho. — Sei que a amava, mas ela o cegou. Os sinais estavam lá, mas nunca os vimos, até que era tarde demais.

Várias vezes aparecia do nada, as bochechas coradas, o vestido e o cabelo bagunçados. Pensei que ficava corada por me ver, que se apressava para me saudar. Pensei que era doce que estivesse nervosa perto de mim. Não. Odiava Ulrich, disse que não confiava nele, que a olhava estranhamente. Poderia ser tudo mentira? Balanço a cabeça. — Não. Ele a torturou e a ouvi gritar. Sem a raiva dentro de mim, vejo a verdade. Ulrich nunca a torturou na minha frente. Tudo o que ouvia eram seus gritos. Se Ulrich queria me fazer sofrer, por que não a torturou na minha frente? — Conte o resto. Peço ao Tye. Rayne tem razão, tenho que ouvir isto queira ou não. Tye alisa a camisa e treme quando sua mão toca o lugar onde o segurava contra a parede. — Pensamos que estivesse morto. Ulrich e Gemma interpretaram tão bem, o remorso, as lágrimas. Sou um Taster e podia sentir a dor de Gemma. Mais tarde descobri que mataram a mãe de Gemma para que se sentisse triste e não notássemos que era fingimento. Ulrich, sendo um Refletor, podia assumir qualquer emoção, então não havia nenhuma maneira de saber. — Algumas semanas depois que desapareceu, Gemma pediu que a levassem até onde Ulrich encontrou o

corpo do seu cavalo e onde dizia que o atiraram do penhasco. Ulrich era o único que sabia onde aconteceu, então eu era a opção lógica para levar Gemma. — Enquanto estava sendo torturado em algum buraco. Tye assente. — Nenhum de nós confiava em Ulrich, então os segui, para certificar que ela estiva bem. Tremo só de saber. Fez? Merda, odiei Tye por tanto tempo. Culpava-o pela morte de Gemma. — Foi quando os vi. Estavam rindo e em seguida, porra homem, ele a beijou. Ulrich deve ter me ouvido. Era um Refletor,

provavelmente

sentiu

o

quanto

estava

irritado.

Gemma... Levanta a camisa e vejo uma pequena cicatriz logo abaixo do seu peitoral esquerdo. — Atirou-me uma faca que passou pelo meu peito, caí e sabia que estariam sobre mim a qualquer momento. Não podiam arriscar a me deixar vivo, então diminuí meu ritmo cardíaco. Seu irmão me esfaqueou outra vez no abdômen e depois escondeu meu cheiro me banhando em merda de cavalo. Meu cavalo salvou minha vida. Galopou para casa e enviaram um grupo de busca para me procurar. — Quando Ulrich soube que eu estava vivo, fugiu com Gemma. Não sabíamos se tinha mentido sobre sua morte e

não íamos nos arriscar. Então entramos em contato com os Scars de todas as partes e começamos a procurar por você. Tye abaixa a cabeça e diz baixinho: — Encontramos o corpo de Gemma um ano depois que fugiram. Gemma gritou durante semanas e então nada. Depois de um mês ou dois, os gritos começaram novamente. Ulrich me insultou com sua suposta tortura. Depois de um tempo, terminou novamente. — Mesmo Waleron não podia controlar você tempo suficiente para fazê-lo ouvir, quando foi resgatado. Colocou-me em Sono Profundo duas vezes e em Descanso uma vez. Depois de dez anos de tortura, só mencionar seu nome ou o de Ulrich que brotava uma fúria selvagem. Tye continua: — Nenhum de nós queria ter que matá-lo só para forçá-lo a escutar. Então decidimos deixá-lo, que talvez fosse melhor que acreditasse que Gemma o amava. Enlouqueci

quando

finalmente

escapei

do

Ulrich.

Destrutivo. Sozinho, cheio de ódio e perda. De luto por Gemma. Passei muitos anos de luto por essa cadela. — Jesus, Kilter, desculpe. Não sei se é melhor saber a verdade ou não, mas essa é a verdade. Nós nunca o abandonamos. Era nossa força no Talde.

Tye balança a cabeça e se dirige para as escadas. Faz uma pausa, com a mão no corrimão. — Realmente amamos você, homem.

Rayne Fiquei

chocada

e

ferida pela

dor de

Kilter, sendo

abandonado por aqueles que protegeu. Pensava que o deixaram morrer enquanto seu irmão o torturava durante anos e acreditando que a mulher que amava sofreu uma morte horrível. Deus, não é de estranhar que Kilter seja tão insensível. Explica também o porquê não confia; todos os que importavam o traíram: seu irmão, a mulher que amava e pensava que os seus amigos Scars também.

Foi neste momento que soube que o amava, não por piedade dele, mas por entendo-lo. Encontrei o pedaço do Kilter que quebrou tão profundo que foi incapaz de consertar. Seu passado, meu passado, fez o que somos agora. Ambos estávamos quebrados de diferentes formas por aqueles em quem confiamos. Isto que nos une. Descanso a bochecha em seu peito e desenho as tatuagens que correm pelo seu braço com a ponta do dedo. — Sinto muito. Não é muito, mas não há outras palavras e Kilter não quer nada mais. — Sim, eu também. Responde baixinho. Apoia o queixo na parte superior da minha cabeça e seu braço envolve ao redor das minhas costas, me mantendo perto. Faz muito tempo desde que usei minha habilidade e não planejava usá-la novamente, mas ver Kilter segurando Tye contra a parede, a raiva tão intensa, que a sentia como uma névoa sufocando o ar. Foi esmagador e a dor tão profunda que nem mesmo podia ver claramente. Assim que o toquei, suas emoções me invadiram de repente em cores brilhantes, mas sem beleza. Eram violentas, como um arco íris em chamas. Nunca fiquei tão aflita por emoções tão intensas e não sabia se seria capaz de acalmá-lo. — Docinho, está bem?

Fica tenso, apertando o braço ao meu redor. — Sim, estou. Só um pouco fraca, por causa do uso da minha habilidade. Olha-me. Sua mão pega meu queixo e levanta minha cabeça. — Porra, não está bem. — Estou bem, de verdade. Só um pouco fraca. É com você que estou preocupada. Rosna. — Docinho, vivo com este problema há muito tempo. Agora, acabou. Franzo a testa porque não acabou só o empurrou de volta para os cantos de sua mente. — Está tremendo. Diz. Antes que possa me opor, Kilter me carrega em seus braços, caminha pela sala, abre a porta do quarto com o pé, em seguida a fecha e me leva para sua cama. — Kilter estou bem. Sério. Entendo porque Kilter sempre é super protetor. Está enraizado nele, uma das peças que compõe quem é. E quero essa peça também, quero todas. Ignora-me enquanto gentilmente me abaixa na cama e se senta na beira.

— Então é uma Scar com uma habilidade daquelas. Estava pensando em me contar? — Não. Digo. Suas sobrancelhas elevam. — Não gosto de usar minha habilidade. E não tinha a intenção de usar novamente, mas percebi que não posso mais ocultá-la. Não quero me esconder porque isso me faz fraca e estou fazendo todo o possível para ser forte. — Ele obrigou a usá-la? Pergunta Kilter. Assinto. Sei que está falando de Anton. — Uma e outra vez até que desmaiava. Os dedos de Kilter enrolam no lençol e seus lábios apertam. — Não devia tê-la usado em mim. Sua voz é tensa, as palavras severas e não me olha. Coloco minha mão em seu braço. — Foi escolha minha. Nunca tive essa opção antes Kilter. Minha habilidade sempre foi uma ferramenta. Uma arma. Investigação. Usá-la para ajudar foi diferente, pareceu-me correto. Que era pra isso que deveria ser usada. Fica calado por um minuto, depois me olha.

— Nunca senti nada parecido antes. Porra, docinho, foi como se toda a raiva sucumbisse e fosse substituída por calor e tranquilidade. Até o meu ritmo cardíaco diminuiu, foi incrível. Aproxima-se com as mãos apoiadas de cada lado da minha cabeça na cama. — Não quero que volte a usá-la. Faço uma careta. — Por quê? — Não disse que não gosta de usá-la e que aquele bastardo a forçou usar sua habilidade até desmaiar? — Humm, sim. — Então não a use. Sua voz se suaviza. — Escondeu sua habilidade. Escondeu que é uma Scar. Fez isso por uma razão. Sim, fiz. — Waleron sabe, o que significa que todo mundo sabe. — Todos sabem? Assente. — Suspeito que há meses. Meses? Delara sabe há meses? — Nunca disseram nada.

Kilter acaricia meu rosto ligeiramente com os nódulos, seus olhos nos meus lábios, que separam quando o faz. — Sua escolha. Waleron pode ser um bastardo frio, mas não forçará um Scar a lutar ou usar sua habilidade. — Oh. Está certo, é bom saber. — Kilter? — Bem aqui, docinho. Sorri para mim e gosto muito porque Kilter não sorri sempre e é lindo e brincalhão. Outra peça para segurar na minha mão. Respiro sua essência e estendo a mão para segurar a parte de trás do seu pescoço, puxando-o mais perto, então seu peito está pressionado com o meu. —Nunca fiz sexo com um homem que desejasse antes. A cor do seu rosto desvanece e seu corpo fica rígido. — Nem sequer chamaria o que tive como sexo, realmente. Suas sobrancelhas baixam e os olhos escurecem. — O que sinto por você, o que meu corpo sente, não consigo explicar. Talvez não esteja destinado a ser explicado porque é um sentimento. Gosto desse sentimento. Quero mais disso. Quero mais de você.

Kilter está calado por um minuto e me sinto um pouco nervosa, talvez tenha mudado de opinião sobre dormir comigo. — Kilter? — Não sou bom com sentimentos e palavras. Diz. Passa o polegar para trás e para frente pelo meu lábio inferior. — Isto entre nós é o que quebra um homem, mas também é o que o completa. Você me completa, docinho. Abro a boca e sacode a cabeça. — Não terminei ainda. Sorrio. — Viu-me quando ninguém mais o fez, confiou em mim quando não dei nada para confiar. Minha respiração para. Nunca esperei isso de Kilter. Estar trancado atrás das paredes que o protegem. Confiou em mim, talvez porque confiei nele primeiro. Mostrei como proceder. — E sempre quero foder você. Porra leu meus pensamentos. Seu corpo fica tenso, os braços tatuados flexionam quando se ergue sobre mim. — Esclareci sua dúvida? — Sim. Sorrio. Suas sobrancelhas elevam. — Porra, passou mais de uma hora.

— Não preciso de muito tempo. Respondo repetindo o que me disse antes. Bufa e então há uma faísca brilhante de luz em seus olhos e um sorriso sutil. Deus ele é lindo. — Não vou perguntar novamente, tem certeza? Puxo-o mais perto com uma mão apertada em sua camisa. Seus braços caem e seu peito está sobre o meu. — Sim, querido. Digo sorrindo. — Tenho certeza. Ri, sacudindo a cabeça, mas a risada desaparece quando seus olhos param na minha boca enquanto lambe meu lábio inferior. Vejo a mudança em seus olhos quando ardem de desejo. As borboletas brotam e formigamentos surgem em todas as partes. Aproxima-se, seus lábios quase tocando os meus. Sua

respiração

quente

faz

cócegas

na

minha

bochecha

enquanto se move para meu ouvido e minha respiração para. — Faremos isto... para sempre, Rayne. Suas palavras sussurradas causam arrepios que espalham pela minha pele. — E sendo imortal, isso é muito tempo. Sua língua traça a ponta do meu ouvido. — É minha porque escolho você. De todas as maneiras.

— De acordo. Não consigo respirar. Suga o lóbulo do meu ouvido e dores surgem entre as minhas pernas. — Kilter? Sussurro. Beija apontado meu queixo e depois o pescoço. — Sim? Respiro fundo. — Pode me beijar agora? Ergue-se, encontrando meu olhar. — Tentando tomar meu tempo, docinho? Não quero que tome seu tempo. — Pode tomar seu tempo depois que terminarmos? Bufa com um leve sorriso. — Sim, o que quiser. Todo o controle desaparece quando trava sua boca contra a minha. Consumindo. Poderoso. Liberando. Isso é tudo o que Kilter é. Rude. Honesto. Cru. Inflexível. Sua boca passeia pela minha, saboreando, descobrindo. Meus lábios latejam e meu corpo dói. Sua mão escorrega pelo

lado do meu corpo até o quadril e volta a subir, por debaixo da minha camisa. O toque da sua mão na minha pele nua envia uma onda de calor através de mim. Sua língua penetra na minha boca enquanto o beijo aprofunda, lento, mas tão feroz. — Porra, docinho. Afasta-se e deixa uma trilha de beijos ao longo do meu queixo e pescoço. — Jamais tinha me sentido assim. Gemo quando seu polegar acaricia logo abaixo do meu sutiã de renda. Deus! Jogo a cabeça para trás, um suspiro suave escapa quando um leve toque de seu polegar roça meu mamilo. Ainda estou usando sutiã e preciso das suas mãos, seu toque. — Kilter. — Você é incrível. Linda. Arrasta beijos ao longo da minha clavícula e depois empurra minha blusa por cima do meu ombro e beija ali também. — Kilter? — Hummm. Não levanta a cabeça, nem para de beijar, seus lábios vibrando contra minha pele.

— Blusa. Morde meu ombro esquerdo, levanta, tira a camisa por cima da cabeça, joga-a de lado e seus lábios estão sobre os meus novamente. — Minha blusa. Digo contra sua boca. — Preciso das suas mãos em mim. — Sim. Murmura, mas continua beijando, agora sua mão passa sobre minhas costelas, até meu quadril que ele aperta. De repente, se move, virando para meu lado. Meus olhos caem em seu peito e fico quieta enquanto olho a beleza misturada com as dolorosas cicatrizes do seu passado. Não posso desviar o olhar e sei que está me observando enquanto vejo, pela primeira vez, o que seu irmão fez com ele. Coloco minha mão sobre seu peito e lentamente corro os dedos sobre as linhas elevadas que estão acentuadas com tinta preta. Não as esconde. Não, Kilter gravou tinta preta em cada cicatriz irregular. Meus olhos arrastam para o seu abdômen duro, cada músculo pronunciado, entretanto também estão marcados pelo que seu irmão fez. Em seu ombro direito está à espetacular tatuagem que parece ser um dragão com escamas e garras, mas é algo mais, como algum tipo de besta. Corro a mão por cima do seu peito até a tinta e arrasto-a, me perguntando se esta bela criatura ganha vida como a minha.

Dou uma olhada. Está completamente imóvel enquanto observa minha reação a sua pele cicatrizada. São fragmentos de quem é: sua força e resistência. Sua determinação para sobreviver. Sua história e amo cada página dela. Abaixo a cabeça e distribuo beijos ao longo nas suas cicatrizes, minha língua saindo para saboreá-lo. Persistindo. Tomando meu tempo. Descobrindo. E lendo cada página. — Docinho? Paro, olhando-o e encontro uma careta. Merda, talvez não goste que ninguém toque em suas cicatrizes. Não considerei isso. — Sinto muito. Sua testa franzida se aprofunda. — O que? — Não gosta que beije seu peito. Não percebi... — Pode beijar qualquer parte de mim que quiser. Adoro a sensação dos seus lábios na minha pele. Amo sua língua ainda mais. — Ah, mas está franzindo a testa. Agarra meu pulso e o leva entre suas pernas para seu pau. Seu muito duro pau. — Estou franzindo a testa porque meu pau dói e estou tentando me controlar para não rasgar suas roupas e foder você tão duro que todos na maldita casa vão ouvir seus gritos.

Uau. Está bem. Seu pau estremece sob meu toque e adoro isso. Gosto que esta careta seja porque está tentando manter o controle. Libera meu pulso e abro o botão de sua calça jeans. — Estou bem com tudo isso, exceto a parte de todo mundo sabendo o que está fazendo comigo. Desço seu zíper. Geme. — Jesus. Agarra a bainha da minha blusa. — Braços. Levanto os braços e puxa minha blusa por cima da cabeça e joga no chão. Coloca os braços em volta de mim e abre meu sutiã. Tira-o pelos meus ombros e joga no chão também. Seus olhos já não estão no meu rosto, mas no meu corpo , o que o esquenta. Nunca ninguém me olhou assim. Tão intenso e com este absoluto desejo. — Vou saboreá-la antes de afundar meu pau dentro de você. Suas mãos vão para os meus quadris e tira minha calça. Ajoelhado em cima de mim, enquanto a arrasta pelas minhas coxas, pelas panturrilhas e joga de lado. Suas mãos sobem pelas minhas pernas para tirar a calcinha de renda cor de rosa. — Não a imaginava de rosa, docinho.

Abaixa a cabeça e dá um beijo bem em cima do laço cor de rosa no centro da minha calcinha, provocando uma intensa contração entre as minhas pernas, em seguida tremores e formigamentos. Há tantas sensações me atravessando agora que me pergunto se isso é normal. Sua cabeça ergue. —Não é normal. Diz. Leu meus pensamentos e noto que todos os meus escudos estão baixos. — Os Scars sentem emoções e sensações mais fortes do que os seres humanos, mas isto é mais. Com um puxão arranca a calcinha. Minha boca abre. — Não gosta de rosa? — Não, mas gosto de rosa em você. Gosto de qualquer cor em você, mas prefiro que fique nua. Arrasta-se para baixo na cama. — Abra as pernas docinho. Abro. — Abra mais. Tem sua mão na parte interna das minhas coxas. Respiro com dificuldade e os tremores, zumbidos e qualquer outra coisa se tornam caóticos.

— Kilter. Está entre as minhas pernas, seus olhos quentes em mim e sua boca a centímetros do meu sexo latejante. Passa um dedo através da minha umidade e arqueio para ele. — Do jeito que gosto, quente e molhada. Já não presto atenção ao que diz. Não posso. Fecho os olhos e agarro o travesseiro de cada lado da minha cabeça, meus dedos se enroscam nele. — Meu Deus! Murmuro quando sua respiração quente me invade e seu dedo circula meu clitóris, lento e suave, mal me tocando. — Linda. Tão linda. Volta a passar o dedo e o leva a boca. A ponta brilha, com meu liquido. Coloca-o em sua boca e chupa. — E tem um gosto incrível. É excitante observá-lo me saborear assim. Ver o desejo em seus olhos. Sentir sua necessidade. Abaixa à cabeça e sua língua toma o lugar do dedo, ofego, levantando os quadris, sua mão na minha barriga me mantém no lugar. Puta merda. As chamas saem de dentro de mim. Há uma estranha pressão com o orgasmo se construindo dentro de mim. Sua língua bate no meu clitóris e depois chupa.

— Deus. Engasgo quando sinto o orgasmo crescer e oscilar, estou tão perto... Deus, quero chegar lá, quero continuar sentindo. Lambe e provoca, depois seu dedo circula minha abertura e tento empurrá-lo para dentro, mas não deixa. — Kilter. Por favor. — Espere docinho. Seu dedo move de volta para mim até o ponto que lateja e pulsa. Gira mais rápido, mais forte. Quando sinto que vou quebrar em um milhão de pedaços, sobe pelo meu corpo e encontra minha boca. — Quero beijar você enquanto goza. Diz. Seu dedo continua me provocando, os tremores ficam mais intensos quando tudo aperta dentro de mim. A boca de Kilter esmaga a minha quando grito enquanto as ondas explodem uma após a outra. Uma e outra vez até que todo meu corpo sacode e treme embaixo dele. Puta merda! Os tremores pulsam enquanto lentamente aterrisso no que é igual a uma cama de pétalas de rosa. Doce. Bonita. Aveludada. Não tem palavras.

Agora sei porque me beijou. Estava evitando que todo mundo na casa escutasse meu grito. Afasta-se. — Algo especial. Murmura. Acho que fala mais para ele do que para mim. Está certo, é especial. Tem sido desde o começo. E agora o quero dentro de mim e me sinto corajosa. — Vai tirar a calça agora e me foder? Bufa, mas há um leve tremor no canto de sua boca. — Sim, posso fazer isso. Cai de joelhos na beira da cama e levanta. Sua calça jeans já está aberta e rapidamente a deixa cair no chão, levando consigo a cueca. É minha vez de olhar fixamente, enquanto está nu na minha frente. Não tem tinta em suas pernas, só em seu abdômen, peito, ombros e braços. Tem coxas grossas e musculosas, com um pingo de pêlo e eu vislumbro como suas pernas curvam em sua bunda perfeita. Sinto muito meninas, a melhor bunda é a do Kilter. Meus olhos movem para seu pau e meu coração para de bater. É depilado, duro e grosso, a ponta brilha com umidade. É lindo.

Coloca um joelho sobre a cama que afunda sob seu peso. Rasteja sobre mim e desce. Faz tudo lentamente, seus olhos nunca deixando os meus. Acaricio seu peito marcado de cicatrizes, até seu abdômen e depois seu pau. Treme quando meu dedo roça a ponta. — Caralho! Murmura. Arrasto o dedo pelo seu comprimento e volto a subir. Permanece

completamente

imóvel

sobre

mim,

mas

sua

expressão é tensa como se sentisse dor. Sei que não sente, seus olhos ainda queimam com calor. Curvo a mão ao redor da base e aperto suavemente. Um gemido sai da sua garganta e joga a cabeça para trás. Sorrio com sua resposta, amando como posso fazer este insensível e arrogante homem dobrar-se diante de mim. Porque é isso que está acontecendo. Kilter esta se dobrando

a

mim.

Dando-me

as

páginas

que

manteve

escondidas dos outros. Sua mão cobre a minha no seu pau. — Camisinha, docinho. Preciso entrar em você. — Eu... Ah... Deus! Não tenho camisinha. Ri. —Não esperava que tivesse. Ficaria louco se tivesse alguma. — Louco?

— Sei que fiquei desaparecido por seis meses, mas pensar em você fodendo com outros homens não me agrada. Levanto as sobrancelhas. — Pensou que ficaríamos juntos? Beija brevemente meus lábios inchados. — Não, docinho, não pensei. — Ah... Murmuro um pouco decepcionada por não ter pensado. Pega meu queixo, o polegar acariciando meu lábio inferior. — Só pensava em protegê-la; em sua melhora. Nunca pensei que teria uma oportunidade de algo especial. Você é algo especial, docinho. Não a mereço, mas... Os cantos de seus lábios curvam. — Nunca disse que não era egoísta. Então, sim, quero essa mulher especial, doce e bonita que está deitada debaixo de mim à espera do meu pau. Tudo bem com isso? Dou de ombros, escondendo meu sorriso. — Suponho. Bufa e empurra os quadris para mim, seu pau pressiona meu clitóris e faíscas disparam através de mim. — Ah docinho, não quer fazer pouco caso de mim. Posso fazê-la implorar por muito tempo. — Aposto que posso fazê-lo implorar, também.

Aperto seu pau, passando a mão para cima e para baixo. — Não imploro, mas sou todo seu para tentar. Pisca um olho para mim, sorrindo. Deus... Piscou um olho para mim. Kilter sorriu e piscou. Parece que a verdade finalmente o libertou da prisão em que vivia. Move-se, abre a gaveta do criado-mudo e remexe dentro por um segundo, antes de tirar um pequeno pacote quadrado. Abre-o e o rola com uma mão enquanto seguro a base do seu pênis. Em seguida se ajoelha entre as minhas pernas. Envolvo minhas pernas ao redor de seus quadris e geme enquanto

seu

pau

atravessa

minha

umidade

antes

de

pressionar suavemente na minha abertura. — Olhe para mim. Ordena. Tenho os olhos fechados, esperando ele empurrar para dentro. Estou tensa, sabendo que no começo vai doer. — Quero ver seus olhos, assim saberei que não a estou machucando. Então olho para ele, relaxo e respiro fundo. Este é Kilter. O quero dentro de mim e meu corpo dói por ele. — Isso mesmo, docinho. Faremos isto lentamente na primeira vez, certo? Assinto.

— Mantenha seus olhos em mim. Assinto novamente. Levanta-se lentamente em seus braços e seu pau entra em mim. Estou apertada, mas não é doloroso. Desconfortável talvez. Mantém seus olhos fixos em mim enquanto mexe os quadris e entra mais fundo em mim. Quando meu corpo se ajusta, lentamente entra mais. Sinto a necessidade de puxá-lo para cima de mim e aperto minhas coxas em torno dele, movendo meus quadris para encontrá-lo. — Droga, geme. — Um momento docinho. Seu pau enterrado profundamente em mim, cada polegada dele pulsando, cada polegada de mim palpitando. Sinto uma necessidade crua de me mexer. De empurrar. — Por favor, Kilter. — Você é tão apertada e tão gostosa, Rayne. Tira até a metade e em seguida entra novamente. Fecho os olhos e arqueio, encontrando seu impulso lento. — Mais rápido. Suplico, com uma mão na parte de trás do seu pescoço, dedos enrolados em seu cabelo e puxando. Mexe mais rápido. Mais fundo.

Mais forte. Aperto em volta dele. A sensação dele se movendo dentro de mim é como ser libertada de todo o mal. Seus quadris roçando em mim e com seus impulsos a pressão aumenta, até que cada parte de mim se aperta ao seu redor. Fico sem fôlego. — Kilter. Grito. Empurra mais forte. Nossos corpos batendo um no outro em um ritmo perfeito. —

Está quase lá, docinho? Exclama, com o rosto

apertado. Já estou lá. — Kilter. Grito, enquanto gozo forte e rápido. Tudo dentro de mim tremendo e sacudindo-se. — Sim. Kilter bombeia dentro de mim mais três vezes antes de dar um rosnado baixo e ofegante, enquanto goza também. Nossos peitos convulsionam, nossos corações palpitam e nossa

pele

está

quente

enquanto

simultaneamente

nos

acalmamos e olhamos um para o outro durante alguns minutos, aceitando o que compartilhamos, sabendo que é especial.

E, sim, sabendo que isto é mais. Somos mais. E é interminável.

Rayne Pressionada contra Kilter, meu dedo traçando a tinta em seu abdômen enquanto acaricia distraidamente as minhas costas. Estou nua, ele também e depois da primeira vez, fizemos de novo, só que desta vez eu o montei enquanto segurava meus quadris. Observando seu rosto quando gozou. Deus, me fez gozar tão forte que gritei... Alto. O que o fez rir depois que gozou, porque todos na casa devem ter escutado. E Kilter, sendo Kilter,

não se importou. Na verdade, acho que gostou. Eu não, estou mortificada. Isso foi há meia hora e ainda estamos deitados na cama, carícias lentas, Kilter me beija suave e doce. É agradável. Não tive nada de bom antes de Kilter. Sua mão para de acariciar as minhas costas e o travesseiro estala enquanto vira a cabeça para olhar para mim. — Precisamos conversar. Ok, isso é sério. — Sobre? — Fui chamado para uma reunião. Particularmente não gostei de como isso soou. — Uma reunião? Com quem? — Todo mundo. — Humm, ok. Isso me inclui? — Sim docinho, inclui. Não estou contente, mas um vampiro a atacou e temos que descobrir por que. Não faço à mínima ideia. Os vampiros não têm razão de virem até mim, com exceção do meu sangue, que é o mesmo de qualquer outra pessoa. Minha habilidade não tem nenhum benefício para eles, embora soubessem. — Waleron quer saber tudo sobre você.

Meu coração salta porque sei que se refere ao complexo e não é algo que gostaria de falar. — Há quanto tempo sabe que pode roubar emoções das pessoas e substituí-las? Fico rígida, viro, caio de costas, depois puxo o lençol sobre meus seios, melhor falar coberta, menos vulnerável. Kilter vira de lado para mim e puxa o lençol para baixo, acariciando meu seio, seu polegar roçando meu mamilo ereto. Fecho os olhos quando o desejo acende. — Diga. Insiste. Seu polegar para e olho para ele. Sorri. Deus, amo seu sorriso. — Meus pais sabiam das minhas habilidades e me explicaram isso quando tinha uns quatro ou cinco anos, mas não entendia, tampouco acreditava. — Foi adotada? Pergunta. Faço uma careta. Há essa possibilidade, mas não me disseram. — Não sei. — Não podiam ter sido Scars. Caso contrário, saberíamos sobre você. Saberem da sua habilidade não faz sentido. — Era muito jovem para dar sentido a qualquer coisa. Lembro da primeira vez em que usei minha habilidade. Minha mãe estava chorando por causa de um paciente que morreu no

trabalho. Fui até seu colo e a abracei, minha habilidade aconteceu naturalmente. Tudo o que queria é que parasse de sentir-se triste, então fiz. Os dedos de Kilter descem pelo meu abdômen para lateral do meu corpo, onde coloca a mão no meu quadril. — Estava assustada com o que fiz. Tem razão, meus pais não eram Scars, mas também sabiam da minha tatuagem. — Seu Ink? Em seu ombro. Assinto. — Disseram-me para nunca falar sobre isso. Não entendia naquela época, até que meus pais morreram e eu estava com Anton. Estava tão assustada e sozinha, passava a maior parte do tempo em um quarto. Foi quando comecei a falar com ela. Serafina... É como a chamo ou chamava. Olho para o outro lado, com os dedos enrolados no lençol. — Perdi a maior parte da minha habilidade e a Serafina quando era adolescente. — Perda de peso? Pergunta Kilter. Assinto. — Estava tentando esconder minha habilidade de Anton. Odiava quando me fazia usá-la. Durante horas me colocava naquele laboratório, conectada a todas aquelas máquinas. Não me deixava sair até que fazia o que pedia. Mover objetos. Dizer que emoção estava sentindo uma e outra vez. Odiava-o tanto

que teria feito qualquer coisa que parasse. Quando tinha doze anos, antes de perder peso e ainda tinha minhas habilidades, tentei sair. — Como? Hesito. — Docinho, não importa o que fez, nunca te darei as costas. Vem até mim e me beija. É doce, confiante e amo essa parte de Kilter, também. — Posso ir além do que fiz com você e minha mãe. Posso tirar mais do que emoções. Respiro fundo, fechando os olhos. — Posso tirar a vida. Seu polegar nunca perdeu uma batida enquanto continua seu movimento lento no meu quadril. — Como? — Roubei as emoções de um homem até que não sobrou nada. Matei-o. Nunca tinha feito isso antes, estava desesperada, era jovem e não pensei. Não tinha um plano exceto fugir. Talvez se tivesse sido mais esperta, escondido meu Ink de Anton quando era mais jovem, Serafina poderia ter me ajudado a escapar. Mas quando tinha onze anos, colocou uma tira de metal ao redor do meu Ink para que não pudesse chamá-lo. — Deve ter sabido dos nossos Inks, docinho.

Sim, provavelmente. — Tirou-a anos mais tarde, mas então, estava tão magra que meu Ink já não respondia a minha voz. — E o homem que matou? — Um guarda veio me levar para a sala onde Anton me fazia praticar minhas habilidades. Normalmente, não lutava, mas não sei. Naquele dia perdi o controle. Quando colocou a mão no meu braço, meus poderes assumiram e não pude impedir. Primeiro ficou surpreso. Podia ver isso em seus olhos quando não conseguia recuperar o fôlego. Tentou se afastar, mas continuei tirando suas emoções até que não havia nada, caiu no chão e morreu. — Corri, com medo do que fiz, de quem era, de Anton descobrir. Cheguei até o paredão, mas... A lembrança é como se fosse ontem, correndo, apavorada e sabendo que se me pegassem nunca teria a chance de escapar novamente. — Não consegui escalar o paredão. Simplesmente não consegui. Muitos guardas vigiavam a porta, então a parede era minha única opção, mas era muito alta e vieram atrás de mim. Estava fraca de matar o guarda e não podia invocar meu Ink, então fracassei e Anton me arrastou de volta. Uma única lágrima escorre pelo meu rosto e o dedo de Kilter a limpa suavemente.

— Não vi o sol, a lua, a chuva ou o céu durante meses depois disso. Quando me deixou sair

do quarto, tinha

contratado Ben e soube que nunca mais teria a chance. Kilter aumenta seu aperto no meu quadril e me puxa para o seu lado. — Sinto muito. Beija minha testa, nariz e lentamente, cai sobre meus lábios. — Sinto muito ter te deixado para trás. Fui egoísta, frio e cruel. — Lamento pelo que seu irmão e Gemma fizeram. Sussurro. — Queria ter estado lá. Poderia ter ajudado. — Rayne usou sua habilidade e me deu paz. — Mas descobriu que ela o traiu. Assente. — Porém é a verdade. Abaixa a cabeça e me beija. É suave e tem tanto sentido. Quando afasta, seus olhos são quentes e suaves. — Docinho, confiou em mim para não machucá-la. Ninguém confiava em mim há muito tempo. Faz uma pausa.

— Não acredito que não perceba o quão especial é. Não por sua capacidade, mas sim por quem é como pessoa. Kilter não dá elogios facilmente ou ligeiramente e não sei como responder a isso, então o beijo. — Posso fazer um pedido? — Pode pedir o que quiser. Sempre. Hesito porque Kilter vai ser difícil sobre este. — Roarke. Seus olhos estreitam. — O Grit da galeria de arte? Assinto. — Não deixe que ninguém o machuque. — É um Grit, docinho. Matam os seres humanos e não têm remorsos por isso. — Roarke o tem. Sussurro. Kilter pega a parte de trás do meu pescoço, com os dedos trancados no meu cabelo. — Importa-se com este homem? Um Grit? Porra, a viu sofrer naquele lugar e não fez nada a respeito. Levanto a mão e acaricio suavemente sua bochecha. — Roarke não é como meu marido, Kilter.

— Pare de chamar aquele bastardo de marido. Obrigou-a a casar-se, não? Quando assinto, continua: — O título não o pertence. Kilter tem razão. Anton não merece esse título. Não me merecia. — Não pode confiar nos Grits, Rayne. São o que são. — Roarke me protegeu. Manteve o Anton longe tanto quanto pôde. — Deveria tê-la tirado de lá. É um filho da puta. — Talvez não pudesse. — Ou talvez não quisesse. Também pensei nisso. Roarke gostava que eu fosse prisioneira?

Esperava

que

meu

marido

nos

reunisse...

Novamente? Será que desfrutou do que fomos obrigados a fazer? Foi um experimento que falhou. Kilter levanta da cama, em seguida vem e leva seu braço ao redor da minha cintura. — Chegaremos atrasados à reunião. Dá um ligeiro beijo na minha testa antes de me soltar e pega sua calça jeans do chão. — Falaremos sobre isso mais tarde.

— Mencionou uma mulher que estava no complexo. Diz que é perigosa. Alertou-me sobre ela. Não quer me machucar. Agarra sua camiseta e a puxa sobre sua cabeça, sem dizer nada. — Kilter? — Docinho, confiar em um Grit está fora de qualquer possibilidade. Não posso fazer isso e não farei. Atira minha roupa. — Waleron é um idiota quando chegamos atrasados. Coloque uma roupa.

Rayne Aproximo-me pelo outro lado da sala de estar perto da janela, Kilter ao meu lado com seu braço possessivamente ao redor da minha cintura. Keir, Anstice, Danni e Balen de pé junto à lareira, falando baixinho. Hack está sentado com as pernas cruzadas no sofá com seu celular e Jedrik descansa sobre uma cadeira, com uma perna dobrada sobre a outra, parece aborrecido, mas pelo modo que seus olhos estreitos se movem constantemente para a porta, não está.

A porta principal abre e fecha, vem o barulho de saltos altos no piso de madeira. Sinto a mudança imediata em todos quando param a conversa e as cabeças viram em direção à mulher que se aproxima... Incluindo eu. Kilter sussurra: — Trinity. É uma bruxa com seu próprio clã fora da cidade. Também é uma maldita cadela. Não confie em uma palavra que saia de sua boca. Mesmo com minha habilidade bloqueada, a energia na sala é tão tensa que me invade. No segundo que aparece, vejo por que: Trinity parece como uma pantera mortal, longas pernas lisas que cobrem o chão com uma discrição silenciosa, cabelo cor de ébano com um toque de azul, reto e grosso, arqueado nas costas até o topo da sua bunda, ombros retos e estreitos, igualam sua incomum altura de talvez 1m80cm. — Onde está aquela menina estúpida? Pergunta Trinity, com voz melosa, enquanto para no arco da sala de estar. — Juro que vou fundir uma rede de ouro ao seu redor e a trancarei no porão pelos próximos cinquenta anos. Estremeço e Kilter aumenta seu aperto. Trinity move o quadril, a mão apoiada nele, lábios vermelhos ardentes que coincidem com suas unhas compridas.

Seus olhos cor de amora percorrem a sala, movendo-se entre cada um até pousar em mim. Kilter fica tenso quando os olhos de Trinity me percorrem da cabeça aos pés. Lambe o lábio inferior e levanta suas finas e exageradas sobrancelhas. Quero escorregar sob o braço de Kilter, mas um outro lado de mim, um novo lado forte e confiante, enfrenta o olhar dela. Ajuda ter um dos homens mais perigosos e corajosos de pé ao meu lado. Sua visão muda para Jedrik e Keir, então Anstice e sua expressão muda de arrogante para quente, quando sorri abertamente. Isso é interessante. Trinity se aproxima dela, com os braços estendidos. — Anstice, está linda como sempre. Abraçam-se, Keir revira os olhos, então a bruxa agacha e dá um tapinha na cabeça de Finn. — Trinity ajudou a salvar a vida de Anstice. Informa Kilter, como se pudesse ler meus pensamentos. Verifico meus escudos, estão fortes, o que significa que Kilter está conseguindo saber o que estou pensando, sem penetrar minha mente. Waleron entra na sala e vai para o outro lado, onde não tem mais ninguém. Encosta na parede, um pé nela, braços cruzados, olhos em Trinity, que conversa com Anstice. Dá a impressão de que está aborrecido, mas por meu encontro com o

Waleron, suspeito que não seja isso. Percebo que pegou duas vezes o prato de caramelos com cabeça de pato no último minuto e comeu o que está dentro. — Bem? Trinity se afasta de Anstice e seu olhar pousa em Waleron. Passa a língua lentamente sobre seu lábio inferior que brilha com umidade. — O que há com Abigail desta vez? Suponho que causou um desastre, do contrário, nunca teria me chamado aqui. Jedrik murmura algo que não consigo decifrar. Trinity tamborila suas longas unhas no quadril onde sua mão descansa. — Deixou o convento há quase um ano com o cheiro de um Scar por toda parte, é disso que se trata? Fodeu um de vocês? Seus olhos dispararam para Jedrik, que imediatamente encontra seu olhar e pisca. Trinity ri. — Nunca dormiria com uma bruxa Jedrik, mesmo uma tão deliciosa como Abigail. Acho que foi uma bruxa quem teve você... — Vá para o inferno, Trinity! Jedrik interrompe. Waleron se afasta da parede e todos os olhos voltam para ele. Suspeito que essa era a intenção.



Rayne

foi atacada ontem

à

noite

por um dos

subordinados de Liam. — Ah, a menina nova e daí? Trinity me olha, dando de ombros. Sim, é uma completa cadela. Waleron a ignora e continua. — Também o Grit do complexo foi visto fazendo perguntas sobre ela. Minha respiração fica presa e a mão de Kilter treme no meu quadril. Waleron dirige os olhos azuis para Trinity. — Abigail bebeu o sangue de Liam e atualmente está em desintoxicação. A compostura de Trinity quebra, seus olhos arregalam e fica boquiaberta. De repente, como a surpresa chegou, se foi. — Menina estúpida. Como sua mãe. Diz Trinity com um gesto da mão e um suspiro dramático. — Mulher ingrata. Onde está? — Está em um lugar não revelado e ficará lá até que morra ou sobreviva à desintoxicação. Diz Waleron. — Serei responsável pela minha bruxa. Responde Trinity. — Não tem sido responsável por sua bruxa por mais de um maldito ano. Diz Jedrik. —Nem sequer a estava procurando.

Waleron continua. — Estava grávida do filho de Damien, depois o perdeu. Não pode ser transferida. Quem é Damien? — Damien? Diz Trinity. — Parece difícil de acreditar, detesta mulheres. Waleron faz uma careta. — Liam está por trás de ambas às situações e quero saber porque. — Abigail é rebelde como sua mãe. Diz Trinity. — E agora vai morrer por sua própria estupidez. Tal mãe, tal filha. — Você é uma cadela de coração frio. Zomba Jedrik. Trinity sorri. — Sim. E consigo o que e quem quero por causa disso. — Trin. Anstice adverte. Não tenho certeza do que está acontecendo, mas não é bom. — Liam tem uma trégua conosco. Diz Keir. — Nunca permitiria que uma bruxa bebesse seu sangue a menos que fosse vital.

— Está tramando alguma coisa. Diz Hack com o braço sobre o encosto do sofá. — Recentemente esteve muito quieto. — Sim. E suspeito que o plano tem algo a ver com Rayne e Abigail. Quando Delara chegar, pode ser que tenha alguma ideia dos planos de Liam. Temos outro assunto para abordar. Waleron volta sua atenção para mim. — Rayne precisamos saber tudo o que pudermos sobre o complexo. Sabia que isto aconteceria. Eventualmente iriam querer saber o que Anton fazia, porque estava interessado nos Scars. De alguma forma, estou aliviada de ter chegado à hora. Sou suficientemente forte para contar. Kilter se aproxima de mim. — Se não quiser fazer isto, vamos embora. Deus, isso é doce. Entrelaço meus dedos com os dele e aperto suavemente. Então levanto o queixo e olho para Waleron. — No começo a obsessão de Anton era descobrir o eu era capaz de fazer. Minhas habilidades. Evito o olhar curioso da bruxa. — Havia CWOs e uma mulher com quem encontrei algumas vezes. Seres humanos, também. Só vi um vampiro uma vez, mas como prisioneiro. Não sei como Anton sabia deles ou como sabia das minhas habilidades. Mas é como... se

soubesse muito antes dos meus pais morrerem. Nunca disse. Não falava dos meus pais. Quando morreram, foi como se nunca tivessem existido. Faço uma pausa. — Aqueles que trabalhavam para ele eram realmente leais. Inclusive os CWO. Mas não era por gostar, era outra coisa. — Os CWOs não gostam dos humanos. Declara Keir. — Havia uma mulher que veio para o complexo. Acho que é bastante poderosa porque mesmo Roarke, o Grit que dirigia os CWO no complexo, ficava inquieto perto dela. Não tenho nenhuma ideia de quem seja, entretanto. Na verdade, me lembrava muito Trinity. — A vi discutindo com Anton, obviamente estava nervoso. Depois da discussão, foi quando o experimento começou. Minha garganta está tensa. — Deram meu sangue para o Grit, Roarke. — Para beber? Como um vampiro? Pergunta Hack, surpreso. Nego. — Não, por via intravenosa, uma transfusão. Anton queria ver se o sangue faria alguma coisa. Queria saber se minhas habilidades seriam transferidas para o Grit, mas não foram.

Respiro fundo e olho para Kilter. Deus, não queria que ninguém soubesse, especialmente Kilter. — Então o fizemos de outra maneira. Iríamos gerar. Anton pensou que uma criança poderia herdar ambas as habilidades. — A tensão na minha cintura se intensifica. — Porra! Murmura Kilter. —Por favor, não sinta pena de mim. —É a mulher mais forte que conheço docinho. Leu meus pensamentos. Então percebo que já não os protejo dele, o deixo entrar. — Roarke foi o único e não funcionou. Nunca engravidei. Os dedos de Kilter apertam em volta da minha cintura. Acabei de dar-lhe outra razão para não confiar em Roarke. Balen dá um aceno respeitoso antes de falar. — O que os CWO faziam no complexo? — Às vezes Roarke saia e muitos dos CWO iam junto. Pareciam muito leais. Mas não sei onde iam ou que faziam. Respondo. — Os Grits são os mais poderosos. Diz Anstice. — Poderiam ter medo. Assinto. — Não iriam contra Roarke ou a mulher.

— O Grit, Roarke. Diz Waleron. — Contatou-a duas vezes, por quê? — É protetor comigo e avisou sobre a mulher do complexo. Diz que sou importante para ela. Queria que fosse embora com ele para que me protegesse dela. Kilter bufa. — E sobre o marido, querida? Pergunta Trinity. — Também gerou com ele? Que vadia total. — Não o fiz. Casou comigo pela simples razão de ter controle sobre mim. Gostava do fato de ser capaz de me usar quando quisesse. Nunca fodemos, se é o que quer saber. Para ele, era um rato de laboratório, enjaulada e testada uma e outra vez. — Cristo, Rayne. Rosna Kilter. Queriam respostas e não adoçaria nada, especialmente diante de Trinity. — Teve controle em todos os sentidos imagináveis, me fez usar as habilidades diariamente até desmaiar de cansaço. Há vários anos, voltei a ver essa mulher. Não passou muito tempo depois que Anton começou a procurar machos Scars. Queria um com habilidades diferentes das minhas assim nós... — Ah, então Ryker tinha um propósito. Interrompe Trinity.

— Fez sexo com ele querida? Foi bom ou a imaginou como sua preciosa Hannah? Pergunta Trinity com sua voz sensual. Kilter dá um passo em direção a Trinity, mas estendo a minha mão e agarro a dele, que para, mas suas palavras são cruéis. — Cuidado ou vou matar você, Trinity. Foi a primeira vez que pensei que Trinity parecia desconfortável, já que foi a primeira a desviar o olhar. — Depois que Ryker foi levado, a mulher voltou. Ouvi uma discussão entre ela e Anton. Queriam que Hannah estivesse viva. Isso chamou a atenção de todos. — Sabe por quê? Pergunta Kilter. — É sempre mais fácil controlar alguém se tiver algo que ama. — Droga. Dizem Kilter e Keir ao mesmo tempo. — Rayne, tem alguma ideia do por que um vampiro estaria interessado em você? Pergunta Keir. — Não sei, não sou diferente de qualquer outro Scar. — Que tipo de Scar você é Rayne? Pergunta Waleron. Realmente não conheço os tipos de Scars.

— Um tipo de Refletor. Responde Kilter por mim. — Tem um Ink, mas não se levanta há anos. Olha-me. —Quer que diga a eles o que pode fazer? Assinto. —Está bem docinho. Olha para Waleron. —



emoções,

como

todos

os

Refletores,

mas

acompanhada pelo seu toque, pode acalmá-las ou criá-las. Também é capaz de eliminar as emoções e substituí-las por novas. Várias sobrancelhas levantam, exceto as de Waleron, que parece já saber. — E tirar as emoções de alguém até que não fique nada. — Quer dizer, matá-los? Pergunta Anstice. — Sim. Diz Kilter. — Uma pessoa não pode sobreviver sem emoções. — Puta merda, isso é ótimo. Diz Hack. — Fez isto? Pergunta Keir. Aceno. — Uma vez. Para um guarda, mas nunca voltarei a fazer. — Interessante. Diz Trinity. Seus lábios se movem com diversão, mas sabiamente segura sua língua.

A porta fecha de repente e passos vêm da cozinha. Delara entra na sala, em seguida para bruscamente. Seus olhos percorrem todos, hesitando em Waleron, antes de pousar sobre Trinity. Cheguei a conhecer Delara muito bem e da maneira que parou: braços cruzados e pernas separadas, está pronta para brigar.

Seus

olhos

permanecem

fixos

na

bruxa,

tensão

emanando de ambas. Não há dúvida que Delara e Trinity se odeiam mutuamente e Waleron deve ser a razão. Conheço Delara como quente e amorosa, mas neste momento, é uma serpente irritada. Isto é algo pessoal e emana ódio. — Agradável de sua parte finalmente se juntar a nós. Diz Waleron. — Deus, Sass. Diz Jedrik, sacudindo a cabeça. Waleron continua. — Estávamos esperando para discutir por que Liam estaria interessado em Abigail e agora Rayne. É muito próxima de Liam. Talvez possa nos iluminar? O foco de Delara permanece em Trinity quando diz: — Não, Liam e eu não conversamos durante o sexo. Porra. Jedrik amaldiçoa baixinho, enquanto Hack abaixa a cabeça em suas mãos. Isso não pode ser bom, um Scar

dormindo com um vampiro. Isso tem que ser o que ela e Jedrik têm discutido e onde estava naquelas noites que não voltava para casa. A risada de Trinity ressoa, seus traços expressivos iluminam. — Que companheiro de sexo maravilhoso Delara!

Um

vampiro. É tão apaixonante! Diga como ele é na cama? Encantador? — Chega! Grita Waleron. O som vibra através da sala e até mesmo Trinity estremece. — O que Liam quer com uma bruxa? Pergunta Waleron. Delara dá de ombros. — Não faço ideia. — Por que se arriscaria a nos irritar? Pergunta Jedrik. — Liam não é estúpido, apesar de ser um psicopata. Delara move os pés. — Queria que levássemos Abby. Ficou sabendo que estava grávida e poderia não sobreviver à transição. Permitiu-nos levála sabendo que, se alguém poderia salvar sua vida, seríamos nós. Os dedos de Delara encolhem nos lados de sua calça. — Estava feliz com o desaparecimento dela por um tempo, mas na última semana, esta impaciente.

— Foi por isso que se atrasou? Estava fodendo com ele, Delara? Pergunta Trinity. Todo mundo fica tenso quando os olhos de Delara disparam para Trinity e endireita suas costas. — Sim, continua fodendo Waleron? Caralho, isso é que há entre elas. Jedrik geme e Anstice suspira. A risada de Trinity é rouca e profunda. — Ah, touché, minha querida. — Trinity. Adverte Waleron. —Por que Liam quebraria nossa trégua por Abigail? Por que se importaria se sobrevive? Poderia ter lavado as mãos quando descobriu que estava grávida. Trinity move seu penetrante olhar de Delara para Waleron. — Abigail não deve se tornar um vampiro. Waleron aperta os olhos. — O que está escondendo, Trinity? Pergunta Jedrik. Trinity



um

olhar

altivo,

seus

dedos

levemente

golpeando suas coxas. — Exijo saber onde está. Farei que Mariana a leve para o reino. — Está em desintoxicação. Leve-a agora e morrerá. Diz Balen.

— Os Wraiths a matarão se descobrirem. Acrescenta Jedrik. Trinity permanece em silêncio, pela primeira vez desde que entrou na sala, parecendo inquieta. — Se Abigail tiver bebido do Liam, deve ser levada para o reino. Deve ser morta. Jedrik levanta os olhos fixos em Trinity. — Maldita puta! Porra, isso não vai acontecer. Waleron levanta a mão e acena para Trinity continuar. — Como sabem, as bruxas adquirem seus poderes em seu aniversário de vinte e cinco anos. Abigail terá o poder de sua mãe, Leona. — E? Pergunta Kilter. — Liam deve saber disso. Diz Trinity. — Que poder é esse, Trinity? Pergunta Kilter. — Pode transformar a água em sangue. Anuncia Trinity. — Puta merda. Diz Jedrik ao mesmo tempo em que Balen, Danni e Keir amaldiçoam baixinho. — Assim Liam terá um fornecimento interminável, caso se transforme. Murmura Anstice. — Quando é seu aniversário? Pergunta Waleron. Trinity

empalidece

destacarem mais ainda.

e

faz

seus

lábios

vermelhos

se

— Ontem. O rosto de Waleron se torna mortal, sobrancelhas baixas e olhos agitando redemoinhos de gelo azul e branco com manchas douradas, mas é a tatuagem em seu pescoço que me faz apertar o braço de Kilter. Os olhos da serpente ficam vermelhos e em seguida se move ao redor do seu pescoço. —

Damien.

Diz

Waleron.

E

com

essa

palavra,

se

transforma em névoa, desaparecendo da sala. — Cadela estúpida. Grita Balen. — Damien dará água para aliviar a sede, ela transformará em sangue e se transformará. — Então Damien terá que matá-la. Diz Trinity. — Como um vampiro, Abigail se tornará escrava do Liam. Isso é inaceitável. Uma fonte interminável de sangue vai deixálo muito poderoso. Os vampiros de todo o mundo estarão sob seu domínio. — Não. Diz Jedrik, correndo a mão por seus cachos desordenados. De repente, se sacode, arregalando os olhos. — Quer que se transforme. Grita para Trinity. — Depois, pode lavar as mãos. Odiava Leona por deixar sua filha com você. Seu clã estaria em perigo constante com a habilidade de Abby igual à de Leona. Quer que se transforme assim nós a mataremos.

Pula do sofá e vai em direção a Trinity.

Damien A agitação emocional dos últimos meses toca fundo no momento em que acordo no meio da tarde e sinto o frio penetrando no meu corpo. Saio da cama e ajoelho no chão, meus dedos se enrolam ao redor da frouxa e fria mão da Abby. — Merda. Não. Saí por algumas horas. Até mesmo entrei no carro e fui para a estrada. Para o aeroporto. Para ir para casa. Dirigi por uma hora antes de fazer o retorno e voltar, então sentei no carro por mais uma hora antes de finalmente entrar.

Foi então que me arrastei até a cama e a puxei em meus braços. Nunca acordou e agora sei por quê. Nada na minha vida imortal poderia me preparar para este momento. Sua respiração. Inala de forma superficial, irregular, agonizante e lenta. E exala em longos, prolongados e crepitantes suspiros. Seus olhos fechados e meu coração para pôr um momento com a ideia de não vê-los nunca mais. — Abbs, não desista. Suplico. Abaixo a cabeça, beijo o dorso de sua mão fria e sem vida. Seu pulso bate sob meu toque, mas vacila e luta com cada golpe. — Por favor. É uma voz que não reconheço; torturada e desesperada. Não podia deixá-la morrer. Não Abbs. Não quando chegou tão longe. Sua vontade de viver escorrega entre seus dedos. Não, são meus dedos. Era minha responsabilidade dar uma razão para viver. Para lutar. Jesus.

Como

aconteceu

isto?

Como

se

tornou

tão

importante? Abraço-a e continuo segurando sua mão, apertando, com medo de solta-la. Aterrorizado que se o fizer, escorregará da minha mão para sempre. Mas já fez, está morrendo.

— Sei que é forte Abbs. Pode lutar. Tem que lutar contra isto, caramba. Fico com raiva por se render, por eu não poder fazer nada exceto sentar em sua cama e vê-la morrer. — Pelo amor de Deus, não se atreva a desistir. Não me deixe, querida. Nunca pensei que me preocuparia com uma mulher. Abby é diferente. Sua risada é verdadeira e seus olhos estão cheios de faísca. É brincalhona, valente, sexy e muito estúpida por foder comigo. Irresponsável por beber do Liam. Não merece morrer por causa dos seus erros. Levanto a cabeça quando sua mão aperta levemente a minha. Seus cílios vibram e então olho em seus olhos. Dou um suspiro desajeitado, enquanto o alívio derrama sobre mim. Pego o copo de água que tentei várias vezes durante os últimos dias que beba, mas nega. — Abbs, beba. Tem que beber. Ignora o copo de água e em vez disso se aproxima de mim, suavemente pressionando seu dedo indicador em meus lábios. — Damien. Seus olhos fecham por alguns segundos e meu coração bate irregularmente. — Obrigada... Por voltar e não... Não me deixar morrer sozinha.

Sua voz é quase inaudível, como se fosse uma luta falar. — Quero... Morrer em... Seu abraço. — Cristo, carinho. Não vai morrer. Descanso meu braço por cima de sua cabeça sobre o travesseiro e acaricio seu cabelo com as pontas dos dedos. — Aguente mais um pouco. Não vou deixá-la novamente. Foi estúpido. Fiquei assustado por algumas horas. Tem que beber alguma coisa. Seguro o copo até seus lábios, mas vira sua cabeça para o outro lado. — Por favor, querida. Coloco o copo de água na mesa de cabeceira quando se nega a sequer a olhá-lo. Aperta minha mão. — Foi divertido, sabe, nós. Respira profundamente depois tosse e o sangue se espalha no ar. Pego o pano da mesa de cabeceira e limpo as minúsculas gotas que aterrissam em seu queixo. — O chuveiro era... Tosse de novo e desta vez um rastro de sangue escorre do canto de sua boca. — Quente. Contra a janela...Melhor.



Todo

mundo

por

quilômetros

viu

sua

bunda

pressionada contra ela. Digo. Tenta rir, mas em vez disso engasga e me amaldiçoo por fazê-la rir. Fecha os olhos e reajusta seu aperto em minha mão. — Não solte a minha mão, ok? — Isto não acontecerá. Balanço minha cabeça. — Nem sequer pense em morrer. Um pequeno sorriso aparece em seus lábios. — Realmente gosto de você. É... Bonito quando sei que... Quer ser duro. Seu aperto vacila. — Foi minha culpa. Pensei que poderia destruí-los, mas... Não sabia que a sede de sangue era tão... Forte. O bebê... Fecha os olhos, a cabeça virando para um lado com um longo suspiro. — Foi melhor... Assim... Damien. — Abbs! Abbs. Droga, Abby. Olhe para mim. Agarro seus ombros e a sacudo uma vez. Duas vezes. Seu corpo frouxo permanece imóvel. Olho freneticamente para seu peito. Imóvel.

Um som estrangulado sai da minha garganta como um grito horrível de um animal com uma dor insuportável. Atraio-a para mim e sua cabeça cai para trás. — Nããoo! Não, Abbs. Não deixarei você ir. Beijo o topo de sua cabeça. — Não. Não a deixarei ir. Não vou levar sua morte sobre meus ombros pelo resto da vida. Não sobreviverei. Suas palavras repetem uma e outra vez na minha cabeça. Uma promessa que neguei a dar e este é o porquê. Recosto-a suavemente na cama, tirando o cabelo do seu rosto, então alcanço minha bota e puxo minha navalha. Com um corte rápido, corto meu pulso o suficiente para que o sangue saia à superfície. Nunca duvidei antes, mas penso nas consequências do que isto significa. Abby viverá, mas como algo diferente, algo que caço e mato. O sangue pinga do meu pulso para a colcha e a ensopa. Meus olhos veem como os lábios de Abby ficam azuis e seus olhos permanecem abertos, sem vida. — Sinto muito, querida, não vou deixá-la ir. Seguro meu pulso sobre sua boca e uma gota de sangue escorre pela minha pele, a centímetros de sua boca.

Uma súbita explosão de energia me puxa para fora da cama e na mesa de cabeceira o copo de água voa e o abajur barato cai no chão e quebra. — Bem a tempo. Diz Waleron, sua forma sólida emergindo da névoa. — Afaste-se dela, Damien. É muito tarde para salvá-la e ela não deve fazer a Transição. Fico em pé ignorando a dor no meu ombro. — Não posso deixá-la morrer. — Então fará algo pelo qual vai odiá-lo? Waleron acena com a cabeça para Abby. — Ontem fez vinte e cinco anos. Com seu aniversário veio à capacidade de transformar a água em sangue. Um vampiro com sua habilidade é catastrófico. Liam deveria saber. Olho para o corpo frio e sem vida com o qual passei cada segundo

de

cada

dia

durante

meses.

Por

isso

sempre

perguntava a data e se negava beber água nos últimos dias. Sabia o que aconteceria se bebesse água depois do seu aniversário. Se bebesse água, se tornaria um vampiro, transformando água em sangue. Não saberia até que fosse muito tarde. Mataria-me. — Então só vamos deixá-la morrer? Digo. — Está morta, Damien. Não há nada que possamos fazer.

As palavras são muito reais, afundam-se em mim como um peso de chumbo, até que mal posso respirar. Nunca mais vê-la sorrir, sentir seu toque, ouvir sua risada. Não, não pode ir. Aproximo-me mais da cama, preciso senti-la, ouvir sua voz, sentir sua mão descansando sobre o meu peito como fazia enquanto nos sentávamos juntos todos os dias. Mais uma vez. Isso é tudo o que preciso, só mais uma vez. Waleron me pega pelo braço e me obriga a recuar. — Não, Damien. Deixe-a aqui. Vou levá-la de volta para o convento. Solto-me do seu agarre e o olho. Sinto o calor do meu Ink formigando no meu ombro. Está se movendo dentro de mim, precisando de liberdade, de vingança. Meu Ink tem mente própria, e nunca o chamo porque tem mais controle sobre mim do que eu tenho sobre ele. Waleron também sabe pela forma que seus olhos brilham com o poder. — Solte-o e vou responder com seu desaparecimento. — Então me dê tempo para me despedir. — Não. Sinto suas emoções. Vai fazer qualquer coisa para vê-la viva. Não posso arriscar, afaste-se, Damien. Adverte Waleron.

Meus olhos ardem de fúria e meu Ink queima. Tudo em mim diz para lutar por ela, mas todo meu corpo diz para sair e viver outro dia. Uma ingestão súbita de ar nos traz de volta para a cama. — Abby? Corro para a cama, caio de joelhos e pego sua mão. Jesus, Abbs, pensei que... — Afaste-se dela! Grita Waleron. Aponta para o copo de água que estava na mesa de cabeceira e agora está vazio na cama. O rosto de Abby está coberto de água. — Fez a transição.

Rayne Após a saída abrupta de Waleron e Jedrik seguindo Trinity, que teve Kilter e Keir indo rapidamente ao seu encontro antes que a alcançasse, os Scars discutem o que fazer a seguir. Kilter irá ao clube de Liam, Delara e Jedrik seguiriam a mulher do complexo. Balen vai caçar CWOs, vampiros e tentar obter respostas a partir deles. Mencionei chamar Roarke para ver se poderia nos dizer mais, mas Kilter ficou em silêncio, assim como todos os outros. Culpam Roarke pela Hannah, pelas mortes dos outros Scars,

pelo que aconteceu com Ryker e têm razão em culpá-lo, é parcialmente responsável. Foi então que Kilter pegou a minha mão e fomos para o seu quarto. Beijou-me até que meus joelhos enfraqueceram e depois disse para ficar aqui e que voltaria mais tarde. Isso foi há duas horas. Puxo o pedaço de papel amassado do bolso lateral da minha bolsa. Debati durante horas se devo chamá-lo e não posso mais esperar. Pressiono os números no meu telefone. — Sim? — Roarke? É Rayne. Silêncio, então: — Está bem? O que aconteceu? — Estou bem. A mulher do complexo; precisamos saber mais. Quem é e por que...? Tremo quando há um choque acima. — Rayne? O que acontece? Um barulho alto. Deus, é como se um corpo tivesse atingido o chão. — Não sei, tem alguém aqui. Os sons ficam mais fortes, como móveis derrubados. Kilter. Tenho que chamar Kilter. — Saia daí. Ordena Roarke.

— Onde está? Vou encontrá-la. — Estou na casa dos Scars. —Rayne, não podemos segurá-los por muito mais tempo. Tem que sair. Vá para a galeria. Delara vai encontrá-la. É Keir que está falando comigo telepaticamente. Está lá em cima brigando com quem quer que esteja atrás de mim. — Fale comigo. Roarke grita no telefone. Entro nos meus sapatos. — Querem que eu vá para a galeria. Fica na... — Sei onde fica. Sabia? — Vá para o parque a uma quadra de distância. Não vá para a galeria sem alguém com você, entendeu? — Keir diz que Delara vai encontrar comigo. Há um rugido alto e depois vidro quebrando. — Encontre-me na entrada do parque. Agora, saia daí. Use seu Ink, Rayne. Ela a protegerá. Meu Ink já não sobe ao meu chamado. Corro para a janela e a empurro abrindo-a enquanto escuto passos ecoando nas escadas. — Deus. Estão vindo.

— Rayne. Saia da casa e chame seu maldito Ink. Anton não a matou. Nunca o faria, era um cientista e isso seria a última coisa que faria. Ela vive. Desligo o telefone, coloco-o no meu bolso e subo pela janela. Viro e a fecho antes de engatinhar em minhas mãos e joelhos entre a casa e os arbustos. Então espio pelo canto, tem dois SUV na entrada e dois homens de pé ao lado deles... Homens assustadores e não os reconheço. Apoio-me contra a parede. Roarke tem razão. Preciso do meu Ink. — Serafina, acorde. Sussurro. — Não durma mais, não repouse mais. Coloco a mão no meu ombro direito onde está minha tatuagem e fecho os olhos. Minha mente se concentra na forma de Serafina. Em seguida repito as palavras uma e outra vez. — Droga, Serafina, é seu momento. Não quer perder isso, certo? Nada. Nem uma coceira, um toque de calor. — Serafina. Cavo

minhas

unhas

através

da

minha

camisa

na

tatuagem. — Xeque-Mate. Suspiro quando uma sensação de punhalada quente sobe do meu braço para o meu ombro.

— Droga, Serafina. Gemo. — Seja agradável. — Estou sendo agradável. Diz a voz. Meus olhos abrem para ver a mulher deslumbrante de pé em uma brilhante luz branca, seus olhos brilhando em um tom turquesa com finos raios escuros. O cabelo pendurado em um cobertor preto e lavanda, de suas costas ao chão, com pequenas pérolas tecidas entre os fios. Rosto pálido, lábios e nariz finos que correspondem às suas características. Imponente, sexy e, no entanto, meu Ink tem uma atitude infantil. O vínculo entre nós se mantém, uma fina corrente de luz que nos une, mas Serafina pode caminhar por conta própria. Muitas vezes, quando era criança, Serafina me arrastava como um cachorrinho e se recusava a voltar a dormir quando eu dizia. Fomos melhores amigas. Minha única amiga e tenho saudades dela. Uma lágrima desce pelo meu rosto, enquanto olho para ela na minha frente. — Droga, Rayne. Diz Serafina com voz sussurrada, quase rouca. — Deixou-me trancada durante tantos anos. Quase morri algumas vezes, graças a você. — Serafina, sinto muito. No começo era muito perigoso e depois Anton colocou...

— Foda-se. Olhe para mim. Aponta sua forma esbelta de um metro e setenta e cinco. — Sou um desagradável pedaço fraco de madeira por sua culpa. Enfraqueça seu corpo novamente e da próxima vez que precisar de mim, estarei morta. Serafina dá um passo adiante e então sorri revelando seus dentes brancos que seguram duas presas afiadas. — Minha linda e pequena Rayne, como você está? Parece melhor, mais forte. Estende sua mão e eu a pego. Então me tira dos pés e me rodeia com os braços e me aperta. — Senti saudades. Senti falta dos nossos jogos e aventuras. Podemos jogar xadrez? Ow, por favor. Tenho dormindo por tanto tempo que meu cérebro precisa de estímulo. — Nós não temos tempo. Preciso da sua ajuda. Tem pessoas atrás de mim, Serafina. Preciso sair daqui. Eles são... O nariz da Serafina treme. — Scars, como você. Interessante. Tem estado ocupada. Finalmente, outros que posso conhecer e jogar. Vamos jogar de esconder a bola ou Ow, Ow, sou boa em esconder. Puxo-a pela mão quando rodeia o lado da casa. — Não. Suavizo minha voz quando vejo sua decepção.

Têm outros lá dentro que querem me machucar. Os Scars estão lutando contra eles. Temos que ir e preciso que me proteja. Serafina arranha seu nariz. — Ora, finalmente, sou libertada da prisão e não posso jogar. Quero jogar, Rayne. A única maneira de trabalhar com Serafina é o suborno, tem uma fraqueza pelo xadrez. — Juro que jogaremos xadrez logo que pudermos. — Como vou saber que está dizendo a verdade. Serafina ofega e seus olhos abrem. Em seguida aproxima de mim e fareja. — Cheira como... Ri com sua mão sobre sua boca. — Um homem. Esteve com um homem, Rayne. Cresceu desde a última vez que a vi. Como ele é? Seu pênis é grande? Rosno. Serafina mudou desde a última vez em que a vi. Ainda é uma menina, mas fala com palavras de adultos, coisa que nunca fazia. — Serafina! Por favor. Serafina suspira. — Está bem, Rayne. Xadrez. E vou conhecer seu homem. — Combinado. Não podemos sair pela porta da frente. Saberão.

— Não, não o faremos. Serafina dá uma olhada ao redor do lado da casa. — São vampiros estúpidos. Suspiro. Vampiros. Levanta ambos os braços para o lado. — Venha. Posso nos esconder durante trinta segundos. Não nos verão e nem nos ouvirão. Não sei se os vampiros podem nos cheirar, Rayne. Vamos por outro lugar para estarmos seguras. Entro em seus braços e o calor do seu corpo afunda em mim. É refrescante e calmante, como um cobertor que acaba de sair da secadora. — Vamos por aqui. Ordena Serafina. Abraça-me enquanto caminhamos pela grama sem cobertura. Estou apavorada que os vampiros nos vejam, mas a ilusão se mantém e não há gritos quando chegamos ao limite da propriedade. Serafina para. — Vou jogá-la por cima da parede, a máscara cairá, então seja rápida, rápida. Ok? Assinto.

Fico

olhando

para

a

parede.

Parece

tão

familiar.

Exatamente a mesma coisa de quando tinha doze anos e tentei sair do complexo, exceto que não tinha Serafina. O medo me envolve e sinto como se fosse aquele dia novamente. Não posso voltar. Não voltarei. Por favor, me deixe escapar. A lembrança se intensifica e entro em pânico ao ver a parede, sabendo que é muito alta para superá-la. — Pequena Rayne. A voz de Serafina sussurra. Fico tremendo, olhando à parede, vozes ao meu redor. Anton gritando. Homens gritando. Sabendo que vou ser trancada. A mão de Serafina me dá uma bofetada no rosto e oscilo contra a parede. Coloco minha mão sobre a picada ardente. — Por que fez isso? Serafina dá de ombros. — Estava na terra dos zumbis. Quer sair daqui, então mantenha a calma. Sem tempo para crise... Vou levantá-la pela bunda. Serafina agarra meu braço e me empurra para a parede. — Suba margarida. Serafina me levanta no ar, suficientemente alto para agarrar o início da parede. Levanto-me e salto para o outro lado. A luz de Serafina resplandece de vermelho brilhante enquanto se estende ao limite.

— Serafina, venha comigo. Deus, não deixe que esteja presa no outro lado. Isso prenderia ambas. Serafina aparece, aterrissando graciosamente em seus pés ao meu lado. — Meu Deus, viu aquele cara? O Taster. — Hack? — É tão quente. Como virar e... Meu coração bate com força. — O viu? Está bem? Assente com entusiasmo. — Saiu da casa e mergulhou em um vampiro. Gosto de um homem que luta assim. Novos termos. Xadrez e conhecer este cara, Hack. — Sim, que seja. Digo. Estou de acordo com qualquer coisa. — Agora, venha comigo antes que eu fique muito fraca. Serafina abaixa as sobrancelhas. — Não se machuque. Preciso conhecer aquele homem! — Ficarei bem. Serafina faz uma careta, mas faz o que peço e há uma explosão de calor enquanto percorre meu corpo para se acomodar em mim novamente.

Então corro para a estrada principal e chamo um táxi.

Ligo para Kilter do táxi, mas não atende, então digo que os vampiros estão na casa e que vou para a galeria encontrar Delara. Não ia mencionar Roarke, mas Kilter já tem problemas de confiança e quero que confie em mim, então também digo que Roarke vai se juntar a mim. Salto do táxi no parque a uma quadra da galeria e ando sob os enormes arcos de pedra cinza e depois para cima pela passagem entre duas fileiras de jardins de flores até chegar ao círculo. Vejo um homem parado de costas contra uma árvore fumando um cigarro. Afasta-se da árvore e se dirige a mim. Um collie cruza na sua frente, latindo enquanto persegue um esquilo, chama o cão de volta e ambos caminham. Minha pele arrepia em advertência e me viro para vê-lo. — Roarke. Acena para um banco de madeira a alguns metros de distância. — Vamos esperar aqui pelos seus Scars. Nego com a cabeça. — Não, devo ir para a galeria. Delara vai me encontrar lá. — A galeria não é segura. Estão vigiando. — Merda, tenho que ligar para Delara.

— Sim, pode encontrar-se conosco aqui. Concordo. Puxo o celular, pressiono a tela até que o número de dela aparece e então pressiono chamar. — Delara? — Rayne. Ela diz, sem fôlego. — Graças a Deus você saiu. — Estou no parque junto à galeria. Com o Roarke. Silêncio, então... — Fique aí. Jedrik e eu estamos chegando. — Os outros estão bem? — Sim. Alguns arranhões, mas nada que Anstice não possa curar. Chegamos em quinze. — Está bem. Desligo e envio uma mensagem para Kilter dizendo onde estou. — Usou seu Ink para sair? Pergunta Roarke. Assinto. — Sim. Dá um meio sorriso e com a mão na parte inferior das minhas costas, me guia até um banco do parque. Senta-se, porém vacilo.

— Não tem nada a temer, Rayne. Sabe que nunca te farei mal. As luzes da rua brilham em seu rosto e não há nada mais além de suavidade. — Preciso que entenda por que não podia arriscar a afastá-la de Anton. Sento ao lado dele. Mantém sua voz baixa quando diz: — Não tinha a intenção de trabalhar para ele. Estava procurando um lugar neste mundo para assentar, mas foi pela simples razão da paz, que é impossível quando somos perseguidos pelos Scars. Concordo, a maioria dos CWO's são cruéis e estão arruinados pela ganância, mas alguns de nós procura pela paz. — O complexo não era um refúgio, Roarke. Era uma tormenta. Digo, a raiva agora supera a ansiedade. — Você é um Grit, se não gostava do que Anton fazia, poderia tê-lo impedido. Sussurra, baixando a cabeça e olhando para o chão. — Sim, talvez pudesse tê-lo feito, mas nunca a teria deixado... Nunca arrisquei sua vida. Importo-me com você, Rayne.

— Nem sequer me conhece, não realmente. Essa menina que conhecia era uma concha vazia de quem sou. Já não sou mais essa pessoa. — Posso ver isso. — Por que, Roarke? Por que, quando sabia o quanto odiava Anton, continuou observando o que estava fazendo? Sabia o que planejava para o Ryker e para mim? Limpa a garganta. — Uma vez que a nossa união fracassou, soube que queria que você reproduzisse com um Scar. Estava obcecado em ter um filho mais forte do que qualquer um de nós, mas essa ideia foi da mulher, Jasmine. Continua. — Os Scars que atacou e os que mandou Ben e os outros capturarem, não eram para serem mortos. Não estava lá quando os perseguiu porque estava com Jasmine. Vacila. — Ela sabia que me preocupava com você. Esse foi meu erro. Diz Roarke. — Se não fizesse... — O que? Pergunto. Sei que não pode ser bom, pela maneira que está tenso, com as sobrancelhas franzidas e o rosto rígido é doloroso.

— Deu lembretes do que aconteceria se não fizesse o que pedia. — O que quer dizer? — Rayne, não é importante o que fez, só que é perigosa e vai machuca-la. — O que ela fez Roarke? — Não importa agora. Abro a boca, mas franze a testa e a fecho novamente. — Quando os Scars fugiram do complexo, ela descobriu que foi minha culpa. Deixei-os escapar. O que? — Naquela época não estava no complexo. Ajudei Kilter a encontrar Ryker e os levei para o teto. — Quando desapareceu por doze horas, voltei para o complexo para ajudar a encontrá-la. Sabia que estava na tubulação de ar com o Scar, Rayne. Queria que escapasse, então mantive todos fora daquela ala tanto quanto pude. Deus, sabia estávamos na ventilação. — Jasmine se aliou com os vampiros. Roarke me olha. — Os vampiros a perseguem, porque contou ao Liam sobre você. É muito valiosa para os Scars. — Por quê?

— Jasmine é uma Lilac, Rayne. Ouvi falar das Lilac’s, é claro, mas nunca vi uma, ao menos pensava que não. Obviamente vi, já que essa mulher é uma. — Conhecia Anton antes de mim, foi quem me levou ao complexo. Apoia os cotovelos nos joelhos com as mãos entrelaçadas. — Estive observando-a. Vi quando entrou no clube do Liam há mais de seis meses. Não aconteceu muito até algumas semanas. Reuniram-se novamente, planejam algo. Levanta a cabeça e nossos olhos se encontram. — Vi Jasmine no complexo depois que os Scars o fizeram explodir. Disse que você a pertencia.

Damien — Afaste-se, Damien. Ordena Waleron. Levanto lentamente. — Abbs, a água, derramou no seu rosto. Transformou-a em sangue. Olho em seus olhos, rezando para que haja um pouco da garota que cheguei a... Não, não posso amá-la. Não posso. Cristo, é um maldito vampiro. — Sabe o que significa isso, não, querida?

Seus olhos brilham com um vermelho intenso, como todos os vampiros que estão famintos, linhas negras correm debaixo deles, mas sua pele jovem e perfeita é branca como as pombas. Olha-me com seu lábio superior frisado, revelando duas presas longas e brancas. Sua cabeça vira para o lado e seus cílios pretos piscam enquanto me observavam com coragem. De repente, salta sobre seus calcanhares, agachando-se na cama, como estivesse pronta para atacar. Então um leve assobio escapa de seus lábios. Poderia

distinguir

quem

sou?

Sabe

o

que

está

acontecendo? Seu corpo fica tenso e vibra quando um raio de energia dispara e voa de volta para a cama. — Waleron, não. — Agora é um vampiro. Pense no que está fazendo. Seu tom brusco me impede de ir para Abby. — É um recém-criado, uma em frenesi por sangue. Nada está claro em sua mente exceto o que seu corpo deseja. Não se aproxime ou será sua primeira comida. Precisa ser acorrentada. — Jesus, Waleron. Meu corpo inteiro se rebela ao machucar a mulher que passei a me preocupar. Como vou fazer isto? O que Waleron vai fazer? O que vou fazer?

Fala comigo telepaticamente e desconfio que é para o caso de Abby poder decifrar o que estamos dizendo. —Libere seu Ink. Não pode tirar sangue dele. Faça que ele a amarre e coloque a capa do travesseiro sobre sua cabeça. — Porra, não. — Fará ou não terei escolha a não ser matá-la. Ordena Waleron. Bato o punho contra a parede com tanta força que meus nódulos sangram. — Damien, chame-o agora. Replica Waleron. Tiro meus olhos de Abby e olho para Waleron. —Não posso controlá-lo. Sabe disso. E ele odeia você. —Vou ficar longe. Droga, odeio o meu Ink. — Agora. Diz Waleron. Aperto os dentes e digo as palavras para chamar meu Ink à vida. — Levante-se para mim. Venha à vida. Levante-se, família fiel, respire para me proteger. Há uma coceira no meu ombro e em seguida uma lenta queimação na minha pele quando meu Ink acorda e escorrega do meu braço para minha mão. Um feixe vermelho penetra em

minha pele até que um estalo de luz branca forma redemoinhos no quarto. Abby sibila cobrindo seus olhos com o braço, por causa da luz brilhante. Waleron fica quieto, com os olhos em meu Ink, quando a luz desaparece e em seu lugar levanta o que parece ser um tigre de dentes de sabre, misturado com um ser humano. Presas longas e brancas estão penduradas em um focinho quadrado que está coberto de pele preta. Penetrantes, grandes

e

estreitos

olhos

de

cor

borgonha,

fulminam

ameaçadoramente Waleron e a mim. Meu Ink se desenrola para ficar de pé, seu corpo coberto de pele listrada de laranja e preto. Suas mãos estão livres de pêlos, mas suas unhas são longas e curvadas como adagas... Mortais. — Simian, a mulher é minha. Digo. Waleron bufa. — Não deve ser machucada, mas deve ser contida. Prendaa com as correntes e depois cubra sua cabeça para que não possa ver. Abaixo a voz e repito. — Não deve ser machucada, Simian. Meu Ink volta seus olhos para mim com um rosnado e em seguida varre as unhas através da parede, o gesso quebrandose e caindo no chão. Caralho, esta é uma má ideia. Mas sei que Simian é nossa única chance de controlar Abby sem matá-la.

— Simian, faça o que peço. Agora. Seguro o fôlego. Meu Ink é imprevisível e frequentemente, não faz o que mando. Sua

cabeça

sacode

em

direção

a

Waleron.

Simian

mergulha para ele, suas mãos enormes golpeando a garganta de Waleron. — Simian, não. Ladro, mas Waleron desaparece na névoa, deixando-o golpeando o ar. — Simian! Grito novamente. — Faça o que disse. A mulher. Waleron reaparece do outro lado do quarto, com o rosto inexpressivo como se esperasse o ataque. Abby faz um gemido baixo enquanto Simian lentamente se dirige para ela. Adianto-me, disposto a atacar meu Ink se for necessário, embora não sei quem ganhará. Realmente não importa. Se eu morrer, ele também morre. Abby assobia e silva para ele, seus olhos selvagens, enquanto a besta se aproxima dela. Recosta-se para trás na cama, ainda agachada, como se a qualquer momento fosse saltar pelo ar. Seguro a respiração. As patas acolchoadas de Simian não emitem nenhum som no chão enquanto aproxima mais até que seus joelhos tocam o

colchão. Abby grita e tenta correr, mas apesar do seu tamanho, ele é rápido e ágil. Agarra-a pelo braço e puxa para perto. Ela luta, seus punhos batendo no seu peito. — Simian. Espero que meu Ink não quebre o pescoço dela. Vira para mim e por um instante, penso que sinto a emoção dele, algo que Simian carece, diferente de ódio. Sempre parece o mesmo, malvado e cruel, com ódio pelas mulheres, mas quando olho em seus olhos, noto a incerteza e algo mais. Remorso? Simian pode sentir essa emoção? Envolve seus braços ao redor de Abby para controlá-la, enterrando a cabeça dela em seu ombro para acalmar seus gritos. Sua mão grande acaricia a nuca. Então faz algo que nunca tinha visto antes... Lambe o lado do seu rosto. Puta Merda. Caralho. —Diga que a prenda, Damien. Diz Waleron. — Simian, Abby está doente. Devemos ajudá-la. Preciso que esteja presa para não machucara si mesma. Tento usar um tom tranquilo com a maneira que meu Ink está agindo. Por alguma razão, Simian é protetor com Abby, que pode ser benéfico ou completamente contra producente. Abby está em silêncio agora, seu corpo frouxo contra Simian enquanto ele continua acariciando sua cabeça. Vamos, Simian. Pela primeira vez, não seja uma cadela.

Ele abaixa Abby lentamente na cama, com cuidado pega suas mãos, coloca as correntes dos postes da cama ao redor de seus pulsos. Dou-me conta do quão amável e carinhoso é, como se soubesse que reagirá se manejá-la bruscamente. —Faça com que cubra o rosto. Diz Waleron. Balanço a cabeça. O que estamos fazendo é salvar a sua vida, se pudermos. Abby é perigosa agora. Está morrendo de fome e precisa tanto de sangue que matará alguém para consegui-lo. Felizmente para nós, também está fraca e confusa. — Cubra o rosto dela Simian. Agarra o travesseiro, tira a capa e o joga de lado. Abaixa a capa sobre a cabeça de Abby quando se rebela, lançando-se contra as correntes, seus gritos penetrantes. Simian recua, com os olhos arregalados e cheios de... Medo...? Meu Ink não tem essa emoção. O que esta acontecendo? —Sim, é medo, confirma Waleron, mas é por sua segurança. Simian esteve com vocês nos últimos meses. —Mas isso é... —Nada é sempre o que parece, Damien. Sabe disso tão bem como eu. Ficou vulnerável... Simian sentiu. Pode levantar do sono o suficiente para saber o que está acontecendo ao seu redor. Chame-o. Diz Waleron. Fico nervoso pela conexão que mantém com Abby.

— Venha para mim, Simian. Descanse. Durma. Seja um comigo. Levanto minha mão, a palma para cima, e sinto o revôo de calor em minha pele enquanto Simian se move para mim obedientemente. Quase o faz, mudando sua forma para luz branca e brilhando por vários segundos, como se não tivesse certeza. Quando Abby se choca contra as correntes e grita, Simian se separa da luz e volta a se formar. Agora o que? Simian pula para Abby que se acalma. Waleron levanta as sobrancelhas. — Seu Ink a mantêm sob controle ou a mataremos. Precisa ser levada a casa Talde.

Rayne A cabeça de Roarke levanta e salta a seus pés. — Precisamos nos mexer. Agora. Pega minha mão e me levanta. — Roarke, o que é...? — Alcaçuz preto, os vampiros estão nas proximidades. Deus. Sei o quanto são mortais e apesar de ser um Grit, se houverem muitos, facilmente nos derrotarão.

Corremos pelo parque, em direção à rua. Tira-me do tráfego, ignorando os toques de buzina. — Meu carro está dobrando a esquina, corra. Sua mão apertada na minha, corremos pela rua até a esquina e descemos por um beco. — Posso cheirá-la, Jasmine está perto. Abre a porta do passageiro de um SUV preto. — Entre. Tenho uma perna no carro quando meu corpo é atirado para o lado e no ar. O grito de Roarke chega ao mesmo tempo em que meu grito. Caiu com meu quadril no chão, ficando sem fôlego. — Rayne, corra. Saia daqui. Vou para-los. Grita Roarke. Seu forte grunhido ressoa enquanto cinco vampiros avançam sobre ele. Um salta e suas unhas afiadas rastejam pelo rosto de Roarke, deixando um rastro de sangue. Deus,

Roarke.

Levanto-me,

então

vacilo

quando

os

vampiros o rodeiam. Escuto-os silvar e o rugido de Roarke enquanto tenta combatê-los. Como posso deixá-lo morrer? Mas não posso lutar contra cinco vampiros. Alguém tem que ajudá-lo. — Droga, Rayne. Vejo-o saltar sobre um vampiro e cortar seu pescoço.

— Corra. O sangue salpica de sua boca enquanto grita comigo. — Mantenha-o quieto. Uma voz feminina ressoa no beco. Recuo, meus olhos agora na mulher caminhando para a luta. — Pegue a menina. Três vampiros deixam Roarke. Fica selvagem, com os olhos brilhantes enquanto tira uma navalha de sua bota e corta o pescoço de um dos vampiros que o segura. O corpo cai no chão. — Roarke. Grito em advertência quando um vampiro salta do teto da garagem e em cima dele. Não tenho escolha. Tenho que correr. Uma respiração irregular se aproxima atrás de mim enquanto as mãos apertam sobre meus ombros e puxam para trás. Puxo meu cotovelo para trás e bato em algo duro, ouço um estalo agudo, mas as mãos continuam me segurando. — Serafina, Levante-se para mim. Grito. — O que...? — Serafina, levante-se agora. Aumento a voz. Passos correm na minha direção. — Está chamando sua família. Seu Ink. Detenham-na. Grita a mulher. Grito novamente o nome de Serafina, a queimadura se expande em meu ombro ao acordá-la.

— Mate-a. Grita a voz feminina. — Seu ombro direito. Como sabe onde está meu Ink? — Serafina! Levante-se agora. Luto contra o vampiro que tem seus braços bloqueados ao redor do meu peito enquanto me arrasta para a mulher que agora sei que chama Jasmine. — Não. Ruge Roarke, quando empurra um vampiro enquanto apunhala sua faca no peito de outro e corre para mim. Fios brancos do que parecia uma corda, disparam pelo ar, através das pontas dos dedos da mulher e envolvem o corpo de Roarke como uma teia de aranha. Tenta empurrá-los, mas cada vez que mexe os finos fios apertam. — Porra. Grita. Paralisado, Roarke cai no chão, o sangue escorrendo de suas feridas para ensopar as fibras das teias. — Roarke. Não, Roarke. Luto contra as mãos de aço que me mantém prisioneira, mas é inútil. — Deixe-o ir. — Ele deveria ter me escutado. Diz a mulher ao se aproximar.

— Pensei que os pequenos lembretes eram suficientes. Para na minha frente e depois me agarra pelo ombro. —Não. Grito chutando-a, sabendo o que está a ponto de fazer. — Serafina, mova-se. Agora. A mulher tira uma faca de debaixo do seu casaco de couro. Meus olhos arregalam quando corta a lâmina através da manga de minha camisa. Aproximo-me contra a posse do vampiro, sabendo que a vida de Serafina está em perigo. — Não. Por favor. Não pode. A mulher me ignora, os dedos agarram com força enquanto corta a tinta no meu ombro. — Não. Serafina chora. Não, não a deixe morrer. Por favor. O sangue quente flui pelo meu braço. A ferida não é profunda, mas foi suficiente, porque já não sinto os movimentos de Serafina. Meu corpo afunda e lutar se torna irrelevante enquanto o calor ardente em meu corpo desaparece. Olho para a mulher. — Por quê? Sei por que. — Deveria ter feito isso há muito tempo. Diz.

— Rayne. Diz Roarke com voz irregular enquanto tenta cortar as teias de aranha nele, mas tem muitas e mal consegue se mover. — Jasmine, não faça isto. — Coloque-a no carro. Ordena. O vampiro me abraça e me lança em um SUV preto. Parece com um dos SUV da casa de Keir. Abre a porta e empurra para o banco traseiro. O vampiro de repente dá um grito estridente e cai de joelhos, segurando o pescoço onde uma fina barra de metal está enfiada. — Solte-a, caralho. Kilter? Mergulho pela porta do lado oposto do carro, mas um vampiro que já está ali bloqueia minha fuga. Sobe e agarra meu pulso. Grito quando a dor atravessa meu ombro. Jasmine salta para o banco da frente e liga o motor, enquanto dois vampiros se defendem do que parecem barras de metal que giram para eles. O carro dispara de marcha-ré. A porta aberta do passageiro bate na parede do beco, dobrando-se e explode sob a pressão. Uma

barra

passa

através

do

para-brisa

dianteiro,

desviando por pouco do rosto de Jasmine e indo diretamente para o crânio do vampiro segurando meu pulso.

Jasmine faz um chiado horrível e o carro recua mais rápido. Olho para o beco e meu coração para. Kilter está de pé, faca em uma mão e uma barra de metal na outra. — Kilter, cuidado. Suas teias de aranha. Grita Roarke. As teias de aranha saem pela janela lateral e vão diretamente para Kilter. Jogo meu corpo sobre o banco, enganchando meus braços ao redor do pescoço da Lilac. As teias de aranha saem disparadas em todas as direções e depois se dissipam. — Cadela. Grita, batendo seu cotovelo de novo na minha bochecha, se soltando do meu agarre. Mergulho pela porta aberta, mas algo se apodera do meu tornozelo. Olho para baixo e descubro teias de aranha pela minha perna. O carro gira para a direita quando outra barra perfura o para-brisa e o SUV se choca contra uma parede de tijolo. A Lilac amaldiçoa

enquanto

olha

por

fulminando. — Basta disto. Matem-no. Salta do carro.

cima

do

seu

ombro

me

Abby Minha mente gira em um abismo escuro, sem saber quem sou nem o que está acontecendo comigo, enquanto a confusão se agita. É como me rasgar e juntar novamente. Mas sou diferente, não sou mais a mesma. Um pensamento permanece claro: a necessidade de sangue. Cada novo fôlego é um despertar da minha existência cinza aborrecida, em um caleidoscópio de cheiros, sons e cores. Cheiro os velhos pisos de madeira de nogueira, os lençóis de algodão lavados em lavanda e mel com um toque de rosa, o banheiro tem sabão de manga e xampu de coco. Tem um cheiro que domina todos os outros: Damien. Reconheceria-o em qualquer lugar, no entanto, não consigo me concentrar. Ouço vozes, profundos tons masculinos que falam, mas não em voz alta. Estão na minha cabeça, não posso decifrar o que dizem. Levanto os olhos para o estranho animal que me segura. Seu batimento cardíaco é calmo e firme como o de Damien quando apoiei minha cabeça sobre seu peito. É calmante e as vozes zumbiam aliviadas. Tento dizer o nome de Damien, mas não sai nenhuma palavra. Em vez disso, um assobio seco e cru me escapa. Tento concentrar nas sombras do quarto, com a diferença dos sons e

cheiros melhorados, minha visão está confusa e tudo se mistura em tons de vermelho. Luto contra a verdade, mas sei o que é. Tudo no meu corpo mudou. Meus sentidos mudaram. Minha mente mudou e minha ânsia pelo sangue já não é para qualquer sangue, mas sim o de Liam. Deus. Não. Não. Não quero isto. Prefiro estar morta. Grito. Grito para que a morte me leve. Grito para escapar de meu corpo. Estou presa a Liam. Presa na sede de sangue. Uma escrava das necessidades do meu corpo acima de qualquer moral. Vai me destruir. Não quero isto. — Abbs, Simian vai pegar você. Meus olhos lançam para a sombra vermelha a poucos metros da cama. Damien. Não posso distinguir sua forma, mas conheço sua voz e cheiro. Sacudo-me quando quentes e suaves patas passam debaixo de mim, me rebelo até que respiro o cheiro de Damien que flutua do casaco do animal. Não é Damien, mas uma parte dele, um pedaço do seu próprio ser.

Acalmo-me e deixo que o animal me pegue em seus braços e me enrolo em sua enorme força. A pele suave esquenta minha carne gelada e coloco minha cabeça sobre seu peito enquanto me tira do quarto. O zumbido começa novamente, tampo os ouvidos e aperto os dentes de dor. Uma mão acaricia tranquilamente meu cabelo e fecho os olhos. Calmante. Quente. Mantêm-me quente. Sei que no momento em que estejamos fora, milhões de cheiros e sensações me atingirão ao mesmo tempo: o vento agita meu cabelo, trazendo o cheiro de pinheiro, musgo e terra úmida. Bombardeando-me. É muito forte. O vento parece como mãos afogando minha pele, com tantos aromas, que queima minhas narinas. Não posso suportar. Tenho que voltar para dentro onde estou segura. Luto contra os braços maciços, empurrando o peito, as pernas chutando, o corpo agitando. — Ainda não tem controle sobre os sentidos amplificados. Diz uma voz. — Quando ficará melhor? Damien. Está perto de mim e o impulso de fugir diminui. — Daremos sangue quando estiver trancada na casa. Aliviará a dor e a fortalecerá, mas não é o sangue do Liam. Anseia pelo dele.

Escuto Damien amaldiçoar e ressoa em meus ouvidos como se estivesse em uma caverna oca. O que assusta é que quando mencionam o nome de Liam, meu corpo reage. Tenho fome dele. Deus, como posso lutar com isto? Em alguma parte da minha

maldita

memória,

sei

que

não

adianta

lutar.

Transformei-me em vampiro e não tem escapatória. Uma forte explosão e o som de um clique, depois outro antes do ronronar de um motor de carro. Mantenho a cabeça pressionada no casaco suave do animal que me abraça, respirando Damien e sendo confortada por ele. Fecho os olhos quando uma lágrima cai pelo canto e escorre pela minha pele fria. — Abbs sinto muito. Suas palavras me envolvem como um cobertor quente, mas não é suficiente. Quero seus braços, seu toque. Isso nunca voltará a acontecer. Já não existo.

Kilter — Rayne, fique no carro. Cabeça baixa. Grito. Não faço meu movimento sobre a Lilac até que Rayne volte a entrar no SUV. Preciso dela fora daqui, mas é muito perigoso dizer para correr com as teias da Lilac. Quando vi o texto de Rayne e depois sua ligação perdida, o medo foi real. Tão real que fiquei imóvel durante vários segundos, parado no meio do clube de Liam. Então a raiva fez efeito, enquanto subia no carro e corria para o extremo oeste da cidade. Estacionei ilegalmente em frente ao parque e usei minha

visão melhorada para procurá-la. O som característico dos assobios dos vampiros me atraiu para a próxima quadra no beco. Assim que cheguei ali fui tomado por uma fúria intensa, uma calma fria e letal. Agora é hora do maldito show. Gosto de desafios. Prospero quando as probabilidades estão contra mim. Desta vez me importa quem vive e quem morre, pois tenho algo a perder. — Saia daqui e vou deixá-lo viver, Scar. Grita a Lilac de trás da cobertura do SUV. — O que acha se eu deixar sua cabeça sobre os ombros se sair agora? Lanço-me para a direita quando a Lilac expele teias de aranha das pontas dos seus dedos. A substância voa através do ar e adere à parede do condomínio atrás de mim. Jogo uma das barras de ferro que encontrei no local da construção junto ao beco. Atravessa a testa de um vampiro e sai pela parte de trás de seu crânio. Cai no chão Corro para me proteger atrás de uma van estacionada e o para-brisa traseiro racha quando um shuriken3 se incorpora no vidro a polegadas da minha cabeça. Passos se aproximam. 3

Um shuriken é um tipo de arma escondida atirada como um projétil. É feita de metal e é de origem tradicional japonesa.

Sem olhar, só usando meus sentidos, levanto a mão e disparo minha arma para o movimento no outro lado do carro. Os passos vacilam e depois param, mas nenhum corpo cai. — Saia daí. Grita o Grit. Não penso. Reajo. Lanço-me para o outro lado do carro. As teias de aranha brancas roçam minha perna. Porra é rápida. Ser pego não é uma opção. Vi o Grit, Roarke, ser preso em suas teias de aranha, que estão manchadas de rosa com seu sangue. Foi o Grit quem me avisou. Obviamente está do mesmo lado quando se supõe que seja um inimigo dos Scars. Lentamente

tiro

a

faca

da

minha

bota.

Respiro

tranquilamente. Escutando. Uma pulsação fraca à esquerda. Levanto-me de um salto. — Jasmine. Roarke grita. A distração funciona e a Lilac olha para Roarke por uma fração de segundo. Atiro a faca enquanto minha cabeça oscila ante esse nome. Jasmine? Porra, de onde conheço esse nome? Esquiva da lâmina, mas não rápido o suficiente e perfura seu ombro. Seu corpo balança para trás pelo impacto. Em seguida puxa a faca e a joga no chão. Esta cadela não vai se esconder nem fugir. Quer me matar. — Roarke.

Lanço uma das minhas facas. Não confio no cara. Não gosto dele, mas Rayne sim e se conseguir sair das teias de aranha, talvez tenhamos uma chance. — Que quer com ela? Grito enquanto continuo agachado atrás de um contêiner azul. A voz de Jasmine ronrona. — Simples, me pertence. Que porra significa isso? Maldita ladra e possessiva cadela. Olho ao redor de um dos lados do contêiner para Roarke. Tem a faca e corta as teias de aranha ao redor de seus pulsos. Mas demorará muito tempo. — Acha que viria sem reforços, Scar? Sei que tem reforços. Sinto-os ao meu redor. Jasmine ri e o som ressoa no beco. — Abaixa a arma, Kilter. Sabe quem sou? Interessante e preocupante. Quem é esta Lilac? — Não vai acontecer cadela. Olho para o telhado da oficina mecânica e vejo quatro pescoços longos e três vampiros. Que porra está acontecendo aqui? Desde quando os vampiros e os CWO andam juntos? Um grito atravessa o ar. O grito de Rayne.

Saio correndo de trás do container, disparo várias tiros na direção da Lilac e corro para o SUV. Um Pescoço comprido a arrasta do banco de trás pelo tornozelo e ela cai no chão sobre seu abdômen. — Rayne. A fúria explode. Estou muito longe. Tem várias batidas atrás de mim. Sei o que são, os vampiros e pescoços compridos do telhado. — Roarke. Droga, não posso impedi-los. —Delara. Jedrik. Onde estão? Nenhuma

resposta,

o

que

significa

que

não

estão

suficientemente perto. Rosno quando um shuriken incrusta na parte de trás da minha mão direita. A arma cai. Continuo correndo para Rayne. Silenciosamente chamo o meu Ink. É perigoso usá-lo sem que outros me apoiem, porque enfraqueço. Caralho, não o chamei em mais de duas décadas porque sempre trabalho sozinho, mas não tenho escolha. Sou abordado por trás e caio no chão. Dou uma cotovelada no culpado e ouço um estalo. Faço novamente.

Rolo para a direita. Quando viro minha perna para chegar à minha faca presa na minha coxa, uma dor ardente dispara em meu abdômen. Jesus. Merda. Meus olhos e mãos vão para o meu estômago. Uma faca me fura e o sangue infiltra na minha camisa. Tenciono o maxilar e puxo a lâmina. Então fico de pé. Quando me endireito, os seguidores da Lilac me rodeiam. É inútil tentar chamar Meu Ink com uma maldita facada e onde não tem mais Scars suficientemente perto para comunicar-se por telepatia, mas de maneira nenhuma rendição é uma opção. Um Pescoço comprido se aproxima de mim. Escorrego para a direita, virando minhas mãos e então o chuto, enviando-o de costas contra um de seus amigos. Balanço-me quando minha visão fica embaçada. Coloco minha mão na cabeça, oscilo e depois caio de joelhos. Estou em menor número, ferido e só tenho uma faca contra sete idiotas e uma Lilac. Levanto a cabeça e procuro por Rayne. — Kilter! Corre para mim, mas o Pescoço comprido que a arrasta ao SUV agarra seu braço e a empurra para trás, fazendo-a voar

pelo ar e se chocar contra o capô do carro. O sangue corre por um lado do seu rosto e do seu lábio inferior. Porra. Não. — Rayne. Grito. Impulsiono-me da calçada e fico de pé. Tenho que chegar até ela. Dou um passo para o vampiro que me impede de fazê-lo quando as teias de aranha enrolam ao redor das minhas pernas por trás e caio no chão. Não. — Rayne. Grito. —Estou caído. A Lilac está com Rayne . Não há resposta. Ninguém está suficientemente perto ainda, droga. Mexo para direita e corto as teias de aranha com minha faca. Não tem sentido. Sei que estou fodido. A Lilac começa a rir e ordena: — Segurem-no. Três vampiros saltam sobre mim, segurando meu corpo no chão, um sobre cada ombro e o outro esmagando minha traqueia com o joelho. — Kilter. Grita Rayne.

Consigo liberar um ombro e bato meu punho nas bolas do vampiro que está cortando meu oxigênio. Ele cai, encolhendo-se em posição fetal e gritando em agonia. Não importa muito, os outros me mantêm para baixo e estou desaparecendo... Rápido. Olho para Rayne. Está de pé sobre o Pescoço comprido. Sem sangue. Sem feridas. Está morto. Porra. Usou sua habilidade. O matou. Boa menina. Olha para mim e depois para a Lilac. Uma onda de medo me invade. Sei o que ela vai fazer. Não pode derrotar uma Lilac. Nunca se aproximaria o suficiente para tocá-la e usar sua habilidade. — Rayne, não. Digo, mas minhas palavras saem em um sussurro irregular enquanto luto para respirar. Caminha para a Lilac. Cristo. Não tem nem ideia do que esses bastardos farão. Então o nome me bateu. Jasmine. Lilac Jasmine foi quem prendeu Waleron por mais de sessenta anos. — Deixe-o ir. Diz Rayne. Então saca a arma que deixei cair, detrás de suas costas e aponta para a Lilac. — Diga aos seus mascotes que o deixem ir. Meu coração bate com mais força e meu peito estremece enquanto vejo que pode foder tudo.

— Vai atirar em mim, Rayne? Pergunta a Lilac. — Salvei a sua vida, sabia disso? Um vampiro mexe para bloquear minha visão de Rayne. — Kilter salvou a minha vida. Era um objeto antes dele. Tudo no meu corpo se calma. — Acha que uma bala vai me parar? Diz Jasmine. — Sempre foi uma menina patética e ingênua. Tremo enquanto a arma dispara. Os vampiros assobiam e dois se movem para Rayne. A arma volta a disparar. Não consigo ver quem está atirando, mas escuto um corpo cair no chão. — Espere. Ordena Jasmine. — Mate-o e a próxima bala passará pela minha cabeça antes que quaisquer dos seus mascotes consigam chegar a mim ou deixe-o ir e irei com você, ninguém se machuca. O quê? Que porra está fazendo? Os dois vampiros que me seguram puxam por um braço e me levantam. Luto contra seu aperto, mas com as teias de aranha ao redor das minhas pernas, não posso me mexer. Minha cabeça é forçada para trás enquanto um arame fino corta minha garganta.

— Rayne, não. Grita Roarke. Não posso falar então uso minha telepatia, esperando que seus escudos estejam suficientemente baixos. —Docinho, não. Não faça isto. Seus olhos dirigem para mim e voltam para a Lilac. Mas vejo o tremor em sua mão enquanto segura a arma. Uma arma que está apontando para sua própria cabeça. Meu estômago embrulha. — Se você se matar, ele morre. Diz Jasmine. Rayne a fulmina com o olhar. — Se me quiser viva, deixe-o ir. — Não. O arame aperta mais contra minha garganta e não consigo respirar. —Jesus, Rayne, não valho a pena. —Você vale tudo, Kilter. Replica Rayne. Surpreende-me ouvi-la falar telepaticamente com a clareza de um Antigo. — Deixe-o ir. Agora. Repete Rayne. A Lilac levanta as sobrancelhas, seus dedos tamborilando sua coxa. — Se fizer isso, virá comigo complacentemente?

O arame corta mais fundo em minha garganta enquanto me arqueio contra a sujeição do vampiro e já não consigo respirar. — Muito bem... Diz algo mais, mas já não posso mais me concentrar enquanto minha visão e audição desvanecem. De repente sou liberado e caio no chão, desabando sobre minhas costas. Então Rayne está de joelhos ao meu lado. Sua mão na minha bochecha, lágrimas em seus olhos e um soluço sufocado escapa. — Deus, Kilter. Seus olhos movem para minha ferida. Sei o que está pensando e tem razão. Será fatal se um Healer não chegar logo. —Seu coração. Aponte para seu coração. Então corra. Nega com a cabeça em desafio. — Não se entregue. Não atreva a desistir. — Docinho... Não estou desistindo. Mal consigo dizer as palavras e ela descansa dois dedos na minha boca. —Não pode ir com ela... é muito perigoso. Droga, atire nela. Posso segurar os outros enquanto corre.

É uma chance de escapar. Isso é tudo o que precisa. Uma vez que a Lilac a tenha, desaparecerá e embora eu sobreviva, as chances de encontrá-la são escassas. — Amo você. Sussurra. Uma lágrima escorre pelo seu rosto e pelo seu queixo para aterrissar no meu peito. Será que não entende que se me abandonar e eu sobreviver,

não

haverá

mais

nada

para

mim

exceto

a

destruição? Isto me aniquilaria. — Rayne... — Sem tocar. Diz Jasmine enquanto caminha casualmente para nós. Rayne fica rígida e levanta a arma. — Docinho. Sussurro. Em seguida fecho os olhos. — Não... O teriam matado. O mais provável é que ainda o façam, se não morrer primeiro. A voz de Danni se crava na minha cabeça. —Kilter, onde está? Jedrik e Delara estão na galeria buscando você e Rayne. —Rayne... —Rastreando você. Diz Danni. Droga, será tarde demais.

Rayne Levanto-me. Não sei o que estou fazendo, exceto tentar salvar Kilter. Minha hipótese é que Jasmine me quer viva e essa é minha carta na manga. Tremo. Meu coração bate tão rápido que dói e me apavora que isto não funcione. — Diga a seus mascotes que desapareçam.

Jasmine

assinala

com

a

cabeça

para

os

Pescoços

compridos e os vampiros e eles recuam. Meio que sorrio ao menos tento fingir um meio sorriso. — Se Kilter morrer, lutarei por toda a eternidade. O meio rosnado de Kilter soa agonizante, parecido com uma

rachadura

irregular.

Tento

bloqueá-lo

enquanto

as

lágrimas rolam. Sorrindo, Jasmine levanta as sobrancelhas. — Não saberá se viver ou morrer. — Sim, saberei. Olho para Kilter. Seus olhos estão fechados, seu peito subindo e descendo rapidamente. — Sabe o que sou Jasmine. Um Refletor. E minha conexão com Kilter é poderosa. Saberei. É uma mentira. Não saberei, mas sou um Refletor e o que compartilho com Kilter é forte. — Rayne, você não entende. Grita Roarke, respirando com dificuldade. — Droga, usará você contra os Scars... Suas palavras são interrompidas quando Jasmine assente para um Pescoço comprido, que se joga em cima de Roarke, cravando as unhas compridas e sujas, semelhantes a cinco adagas, em seu peito.

— Não. Grito e corro para ele. Uma mão me pega pelo braço, segurando e me viro apertando o gatilho. Não há nenhum som enquanto a bala atravessa sua testa e cai no chão. Jasmine recua. — Roarke se recuperará, mas ele não vai. Indica com a cabeça para Kilter. — Está morrendo. Se ficarmos aqui por mais tempo, não terá o poder de negociar. Olho para seus dedos contraídos e estou pronta para ficar de lado antes que suas teias de aranha me peguem. —Cristo, Rayne, não. Não faça isso. Delara está vindo. Ignoro suas palavras. Minha carta foi jogada e se isso significa a vida de Kilter, então estou disposta a fazer o que for preciso. Nunca tive a chance de salvar ninguém, nunca tive ninguém suficientemente importante. Agora sei o que significa amar outra pessoa. Jasmine sorri. — Vamos? Acena para os três vampiros restantes, que junto com os CWO, dispersam-se. — Nãoooo” Grita a voz de Kilter na minha cabeça.

Olho para ele, com a necessidade de vê-lo mais uma vez. Mas não dessa maneira. Deus, Kilter, pare de lutar contra as teias de aranha, elas somente se apertam ao seu redor enquanto o sangue da ferida escorre. — Por favor, Kilter. Não o faça. Deixe-me ir com a certeza que viverá. Preciso disso. Não responde. — Entre no carro. Ordena Jasmine. Esta é a coisa mais difícil que já fiz. Afastar-me dele, sem saber se sobreviverá. Quero sair correndo do carro e correr para o seu lado, segurá-lo em meus braços, protegê-lo. Pela primeira vez, Kilter precisa que alguém o proteja. Escuto sirenes à distância. Alguém deve ter relatado o tiroteio. Fecho os olhos quando a porta fecha de repente e a SUV retrocede pelo beco. Não sei se está suficientemente perto, mas tenho que tentar. É o único que sabe o que fazer. Que pode ajudar Kilter e levá-lo até Anstice. —Waleron, Kilter está em apuros. Silêncio. Dobrando uma esquina os pneus rangem e soam as buzinas. —Waleron, por favor.

Se não estiver perto o suficiente para ouvir? Não tenho certeza do alcance da minha telepatia. —Waleron, por favor, Kilter está ferido. —Está usando sua telepatia e é uma grande distância. Diz Waleron. —Somente os Antigos e alguns Refletores são capazes de comunicar-se de tão longe. Nesse momento, na verdade, isso não importa, então o ignoro. —É Kilter. Está ferido. Por favor, não o deixe morrer. Prometa-me que não o deixará morrer ou tudo o que fiz será em vão. —O que fez Rayne?” O tom de Waleron é áspero. Ignoro-o e continuo: “Está em um beco atrás de um condomínio de edifícios, no Queen West. Cruzando o parque. A voz de Waleron fica mais forte e profunda. —Jedrik e Delara estão chegando. Onde está, Rayne? Honestamente, não sei. Estou concentrada falando por telepatia

e

atravessávamos

as

ruas

da

cidade

muito

rapidamente. —Rayne, nunca deixamos nenhum dos nossos para trás. Onde está?

—Então não tem que se preocupar... Não sou uma de vocês. Replico. —Kilter sim. Salve-o. Ele precisa confiar, Waleron. Perdeu a confiança, mas precisa recuperá-la. Subo os escudos da minha mente e envolvo os braços em volta de mim. Jedrik e Delara o ajudarão. Ficará bem. Uma lágrima escorre até meu colo e deixa uma marca de umidade na minha calça jeans. Não importa o que me aconteça, sei que os Scars cuidarão de Kilter. Cada parte da minha alma sabe que o amo. Amo quando entra em uma sala como se fosse o dono. Amo que pode estar irritado e ao mesmo tempo ser gentil. Amo que é honesto, mesmo se suas palavras são dolorosas e por isso confio nele. Sei o que está procurando. Salvação da única coisa que perdeu: a confiança daqueles que ama, mas tem a minha. Tem tudo de mim. —Docinho. Tenciono, abrindo os olhos quando a voz de Kilter penetra meu escudo. —Também amo você. Vou... Encontrar... Você. Mais lágrimas rolam pelo meu rosto. —Nunca perca a esperança em mim.

Não perderei. Já me dei por vencida uma vez na minha vida, nunca voltarei a fazê-lo, mas a cadela da Lilac não sabe disso. Viro para olhar Jasmine. — Por que me quer? O que a faz pensar que tenho algum valor para alguém? Sorri e olha por um instante antes de voltar sua atenção à estrada. — Não se dá crédito, querida. — Se o seu plano é me usar contra os Scars, não funcionará. Suspira, batendo no volante com suas longas unhas pintadas de vermelho. — Nunca foi do Anton, sabia? Levanto meu queixo e não digo nada enquanto nossos olhares encontram no espelho retrovisor. — Sempre foi minha, desde o começo. Lambe seus lábios. — Anton só foi um peão, era patético, mas a manteve com vida. Podia fazer o que quisesse, sempre e quando a mantivesse com vida até que eu precisasse de você. — A que se refere? Meu estômago dói. Do que está falando?

— Há muito tempo atrás cometi um erro. Um. Sua voz é insensível e cruel, enquanto suas mãos apertam o volante: — Agora vou corrigir. Pagará por ter fugido de mim. — Quem? Não tenho ideia do que esta mulher fala. O veículo para na rotatória de um grande condomínio de edifícios. Desliga o motor e vira para me olhar sobre seu ombro. Parte da minha confiança vacila quando vejo o sorriso em seus lábios finos. Calafrios descem pela minha espinha. Esta mulher não tem remorsos, nem alma e por alguma razão, pensa que a pertenço. — Voltará para mim ou viverá com o conhecimento de que a tenho. Tinha planejado esperar um pouco mais até que seu marido conseguisse produzir um descendente Scar com você, mas... Encolhe os ombros. — As coisas mudaram. Chegou à hora dele saber a verdade. — Quem? Pergunto. De quem está falando? Jasmine é parte do passado de Kilter? Ajudou seu irmão a torturá-lo? O que quis dizer com que Anton era seu peão? O que está acontecendo? Levanta suas sobrancelhas.

— Foi como uma filha para mim, Rayne: a vi crescer; ajudei a criá-la. Quem acha que pagou todos os seus tutores particulares?

Foi

bem

educada

graças

a

mim.

Fiquei

decepcionada quando perdeu tanto peso. Meu Deus, como soube de tudo isso? — Devo confessar, tive medo que morresse. Faz uma pausa e sorri. —Sabia que fui eu quem encorajou seu marido para que a acasalasse com Roarke? Meu Deus. Foi a responsável. Dá de ombros. — Roarke recusou, um grave erro de sua parte. Foi bem fácil convencê-lo quando disse que se não o fizesse, Ben o faria. Chantagearam Roarke. Vira e abre a porta do carro. — Saia. Temos que negociar algumas coisas. Das portas de vidro do edifício sai um vampiro que nos escolta para um elevador privado que acessa com um cartão e nos leva até o último andar... O apartamento de cobertura. Liam. Este tem que ser o lugar do Liam, do qual falavam os Scars. Jasmine me conduz através de um hall elaborado com espelhos para uma sala escura, onde uma pintura abstrata está pendurada na parede branca iluminada por vários refletores.

Tem almofadas vermelhas espalhadas pelos móveis brancos. Uma escada de ferro em espiral conduz ao segundo andar que dá para o salão. No meio da sala tem uma parede de pedra cinza que abrange do chão ao teto com uma lareira a gás. Uma mulher está sentada na poltrona em frente a esta e tem alguém deitado no seu colo. Levanta sua cabeça e assobia. Suspiro quando vejo o sangue que mancha seu rosto. Meus olhos saltam para a pessoa no seu colo, percebendo que se alimenta dela. Jasmine sorri. — Riley, tenho certeza que Liam vai ficar com raiva se manchar seus móveis com sangue, tenha cuidado. — Pegue seu brinquedo e vá. Diz um homem do topo da escada em espiral. A vampira ruiva me sorri e empurra o homem inconsciente no chão ou pode até mesmo estar morto. Puxa-o pelas pernas, arrastando-o pelo chão de mármore e desaparece. Uma porta fecha de repente. Meu estômago revira e quero correr tão rápido como puder até o elevador, mas não fará nenhum bem, pois a Lilac dispara teias de aranha de seus dedos e estou em um condomínio cheio de vampiros. — Jasmine. Rayne.

O homem desce as escadas, caminha até nós e beija cada uma das bochechas de Jasmine. Em seguida assente para mim. — Sou Liam. Fulmino-o com o olhar e não digo nada. Ri e vira para Jasmine. — Deu tudo certo? Dá uma olhada para a ferida no meu ombro. — Tivemos um pequeno contratempo na casa do Keir e tivemos que localizá-la. Roarke estava com ela. Um vampiro se aproxima com três copos de vinho. Dá um para Liam e Jasmine e espera que eu pegue o outro. Não pego. — Pegue-o. Ordena Liam. Hesito, seu sorriso desaparece e encontro um olhar frio. Afasto-me, mas quando vejo suas presas e escuto seu assobio sutil, pego a taça de vinho. — Vamos brindar pelos parentes de sangue. Liam levanta sua taça, assim como Jasmine. — Pela família e aqueles a quem amamos e por todos que estão aqui, não é? Recuso-me a levantar minha taça.

Toma um gole, logo abaixa sua taça e desvia seu olhar para mim. Tenho vontade de fugir, mas não darei esta satisfação. Vira ligeiramente a cabeça e franze a testa. — Você o ama. Não é uma pergunta. O bastardo leu meus pensamentos. — Será que isso importa? Reforço o aperto na minha taça que quebra, o vinho vermelho misturado com os cacos de vidro caem no chão de mármore. Liam estala os dedos e um servo sai correndo da sala e entra na cozinha. — Importa porque virá atrás de você. Jasmine caminha para a lareira e descansa sua taça sobre o suporte. — É altamente improvável que sobreviva. — Não conhece o Kilter. Replico. Levanta as sobrancelhas. — Humm, certo. Está determinado a viver. Passa casualmente seu dedo pelo suporte como se verificasse a poeira. — Sua determinação vai matá-lo. — Cadela!

Lanço-me nela, mas antes que meu punho faça contato com seu rosto, alguém me puxa, torcendo meus braços atrás das costas. — Se for atrás dele, nunca darei o que quer. Nunca. Jasmine ri, um rouco e profundo som parecido com o de uma harpa sendo tocada em uma tempestade. Atira o resto do vinho no fogo e por alguns instantes as chamas queimam alto e depois desaparecem. — Querida Rayne, está errada. Não quero nada de você. Olha para Liam. — Prepare a reunião. Diga que traga sua Abby e então veremos o que Waleron fará quando descobrir a verdade. — Não vai negociar. Diz Liam. Jasmine sorri. — Fará em troca de Rayne. Passa um dedo pelo lábio inferior, traçando-o como se estivesse passando batom. — Uma vez que ambos tenhamos o que queremos, seguiremos separados. Liam assente. — É claro. Jasmine vai para o elevador, aperta o botão e quando as portas abrem vira para olhar por cima do ombro.

— Não torture muito a pobre garota, Liam. É como uma filha para mim. Pisca o olho para mim e depois ri enquanto as portas fecham atrás dela.

Delara Anstice sai do quarto de Kilter e todos ficam de pé, se é que já não estão. Jedrik continua batendo as bolas ao redor da mesa de bilhar sem usar o taco, fazendo uso de suas mãos para isso, em vez de usar sua mente. — Como ele está? Keir pergunta quando aproxima dela. Passa o braço ao redor de sua cintura e ela afunda contra ele. — Ainda inconsciente. Curei suas feridas, mas perdeu muito sangue.

Observo como Anstice pousa sua palma no peito de Keir e morde o lábio. — Vi o que aconteceu. — Vi o que ela fez. Olha para cada um de nós e em seguida diz: — Rayne se entregou em troca da vida dele. Droga, Kilter vai ser um trem desgovernado quando acordar. Anstice continua: — Senti sua angústia. Deus, o ouvi implorar. Depois de perder Gemma e a traição... Isto vai colocá-lo no limite. — Era uma cadela traiçoeira, percorremos o maldito mundo por ele e sabe disso agora. Diz Tye. — Não deixamos um Scar para trás. Adiciona Keir. Tem razão, nunca deixamos um Scar nas mãos dos nossos inimigos. E Rayne é uma de nós agora. Keir sussurra algo para Anstice, ela assente e vai para cima. Em seguida olha para Balen. — Precisamos da telepatia de Danni. Talvez possa ser capaz de alcançá-la. Diz Keir e levanta o queixo para seu irmão.

— Hack, entre em seu computador e revise as câmeras de segurança da cidade. Precisamos saber para onde a Lilac a levou. — Está feito. Diz Hack. As sobrancelhas de Keir levantam enquanto assente com respeito. — Segui-os até o apartamento de cobertura do Liam. Isso é bom e ruim. Posso entrar no lugar do Liam, os seguranças me conhecem, mas não tem nenhuma maneira de tirar Rayne de lá sem dar bandeira. — Eu vou. Digo, me afastando da parede. — Posso descobrir o que está tramando. — Não. Diz Keir, sacudindo a cabeça. — Posso... — Delara! Exclama Jedrik. — Tem que ficar longe desse bastardo. Aprendi algo sobre Liam ao dormir com ele... É inteligente como poucos, persistente como um texugo e paciente como um leão. Sobre a Lilac não sei nada, exceto que é o pior inimigo de Waleron. — Alguém ouviu falar do Damien? Pergunta Keir. Quando ninguém diz nada, continua: — Chamarei Waleron para saber o que está acontecendo com a Abby. Enquanto isso manteremos a calma. Não quero

nada como o cenário do Ryker, então mantenham Kilter calmo. Revezaremos para vigiá-lo. — Vai ficar fora de si. Diz Jedrik, batendo uma bola através do feltro verde direto para dentro de um dos buracos do canto. — Teremos que trancá-lo com Ryker. Diz Tye. — Nenhum de vocês estava lá quando voltou das garras do Ulrich. Não pode perder Rayne, já é muito instável. — Vamos descobrir o que o Liam e a Lilac querem. Diz Keir. — Então a traremos de volta. — Mesmo se isso significar sacrificar a Abby? Damien pergunta, enquanto caminha pelo corredor para nós. O único lugar para onde o corredor leva é ao porão onde Ryker está contido. O que está fazendo aqui? Supõe-se que tem que estar com Abby. Abby está morta? Liam matará Rayne se Abby estiver. Tenho que falar com Liam. — Damien. Diz Jedrik, então estremece. — Uau, homem, parece uma porcaria. Ignora o comentário de Jedrik e fica de um lado da sala, de costas para a parede, para poder nos ver. Linhas pretas sob seus olhos pálidos e as maçãs do rosto tão proeminentes como tivesse perdido muito peso.

— Abby está lá embaixo. Diz Damien. — Waleron está com ela. O alívio derrama através de mim. Abby está viva. — Não sacrificamos um pelo outro, Damien. Mesmo que Abby não seja uma Scar. Diz Keir. — Encontraremos outra maneira. Como ela está? Não estou tão certa disso. Waleron pode pensar de outra maneira, mas permaneço em silêncio. — Fez a transição. Diz Damien. Merda. — Droga. Murmura Jedrik, girando uma bola para frente e para trás na palma da mão. — Trinity vai ter um chilique. Keir assente. — Abby é uma bruxa. Todos nós sabíamos que suas chances eram mínimas na luta contra o sangue do vampiro. Agora que sabemos quem é e do que é capaz, não pode viver com os vampiros com seu dom de transformar a água em sangue. Com Liam vivo, no momento que for liberada irá com ele. Terminar com sua vida é... Os olhos de Damien brilham com fúria e levanta sua mão, enviando Keir contra a parede. — Damien.

Interponho em sua linha de visão para Keir. — Guarde sua raiva para o Liam. Se morrer, Abby não se sentirá atraída para ele e talvez tenha uma chance. Damien abre a boca para dizer alguma coisa quando a porta abre de repente. Então Waleron caminha pelo corredor para nós. E, Jesus, parece furioso, os olhos de um azul pálido e as sobrancelhas franzidas. Meus olhos aterrissam no telefone celular esmagado em sua mão. Deus, algo aconteceu. Vivo em perpétuo temor de que Liam conte a Waleron. Minha garganta fecha quando os nervos ficam em frangalhos. Waleron aponta para a porta do quarto. — Esta vivo? Keir assente. — Bom. Diz Waleron. — Preciso dele bem para amanhã à noite. — Damien nos disse que Abby se transformou. Diz Keir. — Sim. Simian está com ela. Waleron vira para Damien. — Dei sangue animal para Abby, está tranquila e saudável. Preciso que chame o Simian. Em seguida volte para a Flórida. O avião está esperando no Pearson.

— Não vou. Diz Damien, seu olhar firme sobre Waleron. Merda, isto não é bom. — Não é prudente que esteja aqui, Damien. Diz Waleron. — Já fez mais do que poderíamos pedir para ajudar esta bruxa. Deve deixá-la ir, assim como Simian deve fazê-lo. Agora é um vampiro. Damien olha fixamente para Waleron, com as mãos enroladas em punhos, as bochechas vermelhas. De repente bate com o punho na parede passando pelo gesso. Seguro o fôlego, esperando que faça mais, mas passa por Waleron e sobe as escadas. Escuto a porta da frente bater. — Waleron, deve haver alguma maneira de ajudar Abby. Diz Jedrik. — Não há nada que possamos fazer. Responde Waleron. — Liam quer negociar a libertação de Rayne. — Não negociamos. Nunca. Diz Keir. — Está fora de questão. Perseguimos. Simples. Observo Waleron. Está fora de lugar. Algo está realmente acontecendo. Mantém-se firme, calmo. O rosto sem emoção, mas



uma

pitada

de

preocupação

em

sua

postura.

Provavelmente ninguém percebe, exceto eu. Um calafrio desce pela minha espinha quando percebo o que está diferente. Não me olhou uma vez sequer.

— Reuniremos com Liam amanhã à noite. Diz Waleron e joga o telefone imprestável sobre a mesa. Todos os olhos se voltam para o objeto e de volta para ele. — Informarei Trinity. Não acho que Trinity ficará satisfeita que uma das meninas

do

seu

clã

de

bruxas

foi

prejudicada

tão

soberanamente. Gosta que as dívidas sejam pagas a ela, nunca vice-versa e estará em dívida com os Scar depois disto. Fico rígida quando finalmente o olhar de Waleron pousa sobre mim e está longe de ser um bom olhar. É tão feroz e tão cheio de raiva que realmente sinto que minha vida pode estar em perigo. Leva cinco passos para me alcançar e dou tudo de mim para não sair correndo. Provavelmente não faria de qualquer maneira porque estou congelada. Agarra meu braço, os dedos machucando enquanto me puxa contra seu peito, em seguida prende contra ele, com os olhos cravados nos meus como se desafiasse a dizer alguma coisa. Não o faço, não consigo nem respirar. Waleron pôs um braço em volta das minhas costas e então há uma neblina ao redor de nós. Minha visão borra. Meu corpo congela. Então nada.

Kilter Acordo do meu pior pesadelo... Rayne está desaparecida e o quarto está rodeado com um monte de Scars. Meus olhos passam de Tye para Jedrik e então por Keir e Anstice. — Droga. Murmuro e então jogo minhas pernas sobre o lado da cama, grunhindo porque meu corpo reclama mesmo depois que Anstice obviamente me curou, mas levanto mesmo assim. Sofri dor um milhão de vezes pior sob as mãos de Ulrich. Anstice

se

aproxima

de

mim, apesar

do olhar

de

advertência de Keir enquanto pega sua mão, que empurrou de lado.

— Perdeu muito sangue, Kilter. Deite-se antes que caia. — Não gosto de dizer isto para a mulher que acaba de salvar a minha vida, mas foda-se. Apanho minha camisa do chão e a jogo de lado quando vejo a grande mancha de sangue. — Idiota soa bem para mim. Murmura Jedrik. Minha cabeça parece como se uma granada tivesse explodido nela, obviamente pela surra que levei. Surra que não deveria ter acontecido. Ainda estou usando a calça jeans, embora também tenha sangue nela. Agarro minhas facas e as armas da mesa junto à cama onde alguém as colocou. Ninguém diz nada, mas estão preparando algo. Não estão passando o tempo no meu quarto pela porcaria da atmosfera. — Danni está tentando contatar Rayne. Continua Anstice, de pé a alguns passos de mim. Um rápido olhar para Keir e sei que não está feliz com a proximidade, mas está dando espaço a sua mulher para fazer o que precisa e isso é conseguir que eu me deite. — Está na sala ao lado. Se recostar e esperar... — Não espero coisa nenhuma. Sento na beira do colchão e de um puxão coloco as botas. Se Rayne estiver inconsciente ou drogada, então Danni, não importa quão boa seja sua telepatia, não será capaz de alcançála.

Vou atrás dela antes que a cadela da Jasmine desapareça. — Preciso ver o Waleron. E dizer que a cadela que levou a minha menina é Jasmine, sua inimiga. Vou para o armário, abro-o e pego uma camiseta, puxando-a sobre a minha cabeça. — Kilter, Liam chamou o Waleron. Diz Keir. Tenho minha mão sobre a maçaneta. — Esta com Rayne. O que? Jasmine deu Rayne para o Liam? Que porra é essa? — Quer se reunir esta noite. Vampiro filho da puta. Aperto os dentes, minha mão apertando sobre a maçaneta até que a quebro. Jogo-a através do quarto e bate na poltrona e cai ao chão. Bater em vários vampiros não é nada comparado ao Mestre

da

cidade

com

todos

os

ratos

para

apoiá-lo.

Possivelmente não posso ir atrás de Liam por minha conta, não importa o quanto queira. O problema é que os Scars não confiam em mim e não confio neles. — Kilter. Diz Keir, e meus olhos disparam para ele. — Nós não deixamos um dos nossos, ponto. Não sei exatamente o que aconteceu no seu passado e não importa, é assim que fazemos agora. Arriscamos nossas vidas para proteger seres humanos. O que fazemos uns pelos outros é

muito maior. Faremos o que for preciso. Não porque tenhamos que fazê-lo, mas porque isso é o que fazemos uns pelos outros e precisa concordar com isso. Keir não parou. Não altera seu tom. — Não haverá nenhum cowboy fazendo acrobacias como as que impôs na Terranova. Não digo nada, estou considerando, processando e tenho uma de dor de cabeça, dolorosa como a porra. Tem partes de mim que querem parar e escutar, mas cada vez que vejo o rosto de Rayne, meu corpo já está se movendo para ir atrás dela. Não abro a porta, Viro para enfrentar Keir. — Liam é inteligente e sabe tudo o que acontece nesta cidade. Lidaremos com isto com delicadeza e faremos juntos. Afirma Keir. — Delicadeza? Bufo. — Não faço com delicadeza. Isso significa planejar por semanas enquanto Rayne está, mais do que provavelmente, sendo torturada. E quem sabe o que Jasmine vai conseguir com isto, disse que Rayne era dela. De maneira nenhuma vai apenas deixar Liam lidar com isso. Não, ela é parte disto de alguma maneira. — Não vou fazer isto a sua maneira. Abro a porta e uma mão a atinge por cima da minha cabeça fechando-a novamente.

Viro e Tye está no meu rosto, colado mesmo e não há nada nele que diga que vai recuar. — Estamos no mesmo lado, idiota. Meta isso na sua dura e teimosa cabeça. Confie em Rayne. Já é hora, antes que a perca e a cada um nesta sala. Então se afasta da porta. — Vá. Faça o que tem que fazer, mas se estragar tudo será por sua conta. E não diga que não dá à mínima, porque desta vez, dá. É verdade, realmente me importo. Não, é mais do que isso. Eu a amo. E se não fizer alguma coisa, vou enlouquecer. Balen chama da sala ao lado. — Danni está rastreando-a. Parte da pressão na minha cabeça diminui enquanto abro a porta e entro a passos largos no quarto de hóspedes. Danni está pálida e silenciosa sobre a cama. Seus olhos estão fechados com rugas ao redor deles, concentrada. É preciso muito para manter focado e encontrar outro Scar, especialmente se estão blindados. Balen entra e senta sobre a cama ao lado de sua esposa, acariciando sua bochecha enquanto Danni abre os olhos. Deus, por favor, permita que esteja bem. Deixe-me fazer isto direito.

Danni está em silêncio por vários segundos, então seus olhos me encontram. — Está na cobertura do Liam. Cruzo meus braços e me fortaleço. Meu coração está dizendo para ir atrás dela, mas meu instinto, pela primeira vez, diz para ficar. Que ouça. Que seja paciente. Mas é preciso todo controle que nem sabia possuir para fazer isso quando sei onde ela está. — Diz que tem pelo menos vinte vampiros ao redor. Liam e a Lilac estão planejando alguma coisa juntos. — Está bem? Está ferida? É tudo o que quero saber agora. Danni balança a cabeça. — Não acho que esteja ferida. Falava claramente, mas tenho o pressentimento de que estava sendo cuidadosa com o que dizia. Não tenho certeza se Liam pode interceptar nossa telepatia. Danni segura a mão de Balen e em seguida mantém seus olhos em mim. — Disse para não entregarmos Abby, não importa o que Liam diga. — Disse mais alguma coisa? Anstice senta no lado oposto da cama como Balen.

Danni limpa a garganta e meus olhos disparam para ela. — O que? — Merda. Murmura. Meus olhos se estreitam e meu coração tamborila. — O que? Repito. — Disse que a deixemos. Que não entreguemos o que quer. Diz Danni tranquilamente. — Abby não vai sair daqui. Todos os olhos disparam para Damien de pé na porta. Parece acabado. Mas é sua voz que diz que é um Scar com raiva. — Não é negociável. — Damien... Começa Keir, parando quando Waleron aparece em uma névoa atrás dele. — Por que ainda está aqui, Damien? Pergunta Waleron. — Não pode entregá-la. Diz Damien. O maxilar de Waleron contrai. — Abby é um vampiro. É muito tarde e sabe disto. Irá conosco esta noite, mas Trinity concordou que Abby será... Abby é um vampiro? Não que realmente importe, exceto que sei quão perigoso é para todos nós a sua habilidade.

— Não! Grita Damien e todos ficam tensos. Waleron diz. — Tye, leve-o ao aeroporto. Isto não vai acabar bem. Tye não se move e sei por que. Damien está no limite e se alguém tocá-lo haverá uma reação nada boa. As palavras de Waleron com relação à Abby significam acabar com tudo. É por isso que não diz em voz alta, porque não tem a intenção de entregar Abby e sua habilidade para Liam. Nunca daria a um vampiro tanto poder. Todos nós sabemos disso. Damien mais do que todos. Abby iria com eles, mas não estaria viva. Os olhos de Damien queimam e formam redemoinhos de fúria selvagem. — Isso não vai acontecer. Damien vai chamar seu Ink, mas Tye e Keir saltam através do quarto e o derrubam. Uma onda de familiaridade vem a mim... O dia em que perdi a cabeça e Waleron me colocou em Descanso. Damien está indo na mesma direção. Nunca me preocupei com Damien, mas o entendo. A expressão de Damien é de puro horror, fúria e desespero, tudo misturado em um redemoinho de raiva. Protejo minha telepatia de todos exceto de Damien.

—Não cometa o mesmo erro que cometi. Se enfrenta-lo será colocado em Descanso. —Não podem matar Abby. —Não ajudará se ficar em Descanso. Se dá a mínima por ela, então fique fora do Descanso. Saia daqui. Afaste-se. Vá correr em volta da quadra. Não dou à mínima, mas se acalme e fique fora do Descanso. Damien para de lutar com Keir e Tye, mas sua respiração é forçada para dentro e para fora e seus olhos estão atormentados. —O manterei informado. Digo. —Faça o que quiser com a informação, mas precisa ficar fora do Descanso para isso. —Por que me ajudaria? Não digo nada, porque não tenho uma resposta. Não sei por que. Não é meu amigo. Mal conheço o sujeito, mas o preto e branco em que vivi por mais de um século mudou. — Vá para o avião agora, Damien. Ordena Waleron. — Não quero entrar em um avião. Diz Damien. — Sei, mas por enquanto, precisa ceder. Damien vira para Waleron. — Deixe-me dizer adeus.

Waleron para, em seguida dá uma brusca sacudida de cabeça. — Sua tinta está coberta então não levantará. Olha para Tye. — Acompanhe-o. Depois vira para o resto de nós. — Reuniremos com o Liam em duas horas. Então Waleron volta para Delara que descia as escadas e todos ficam tensos. Não sei o que está acontecendo, mas Delara está pálida e há um olhar assombrado em seus olhos. Waleron parece chateado com ela, isso é óbvio demais. — Virá esta noite porque Liam exigiu sua presença. Diz Waleron, sua voz áspera. — Irá para outro Talde quando isto acabar. Delara abre a boca para dizer alguma coisa, sua expressão cheia de dor e horror. Tem atrito entre eles e não é a eletricidade sexual de costume, é catastrófico. Todos na sala sentem, provam ou cheiram. Nunca tinha visto Delara tão dócil e assustada antes. Desvia o olhar de Waleron e assente.

Que? Waleron quer que vá embora? Deixará o Talde de Toronto? Jesus. Cada rosto na sala está pasmo e em silêncio, exceto Jedrik, que é suficientemente estúpido para protestar. — Do que está falando? Olha para Waleron, que não dá uma resposta. Então se vira para ela. — Delara? Por quê? A que se refere? — Deixe-a. Ordena Waleron. Abre a boca para replicar e Waleron levanta a mão e bate em Jedrik com um raio de energia, enviando-o pela sala e direto através da parede de gesso para a outra sala. — Jedrik. Choraminga Delara e dá dois passos para ele, então para. Com um olhar para Waleron, vira, caminhando para longe de todos nós e sobe as escadas.

Damien Tye apoia seus ombros contra a porta de aço, com os tornozelos e os braços cruzados enquanto olha para o chão, dando a impressão de que é casual. Não é. As sobrancelhas baixas e o tic em sua boca dizem que é qualquer coisa menos casual. Um maldito guarda, isso o que Tye é. Provavelmente é inteligente. Pregou uma placa de aço sobre a minha tinta. Essa discussão não foi boa, mas é uma batalha que não vou ganhar e tenho que vê-la.

Ando através da sala, os pés fazendo eco como tambores tribais antes de um sacrifício. Meu coração emparelha com os golpes enquanto me aproximo da cela. Não importa quão luxuoso Keir desenhou as áreas de contenção, continuam sendo malditas celas. E Abby está presa atrás de barras de aço. Tem um banheiro privado em um canto, um sofá de couro preto e uma poltrona com uma mesa de café de mármore. Uma parede tem um grande televisor de plasma com diversos livros nas prateleiras de cada lado. No canto uma cama de tamanho king com lençóis de cetim branco e travesseiros grandes. Ali meus olhos encontrariam Abby, exceto que não está na cama. Sentada no chão, apoiada na cama, com os joelhos no peito, o rosto escondido pelo cabelo enquanto descansa a bochecha sobre um joelho. — Abbs. Digo, com os dedos enrolados ao redor das barras. Jesus, parece tão frágil e sozinha. Nunca a imaginei assim. É uma lutadora, enérgica e cheia de vida, mas tudo se foi. Desapareceu. Quero dizer que tudo vai ficar bem, que encontraremos uma maneira de lutar contra isto, mas é uma mentira. Não vai ficar bem. Aumento o aperto nas barras. — Tem que me ouvir.

Não se move. — Doçura, aconteça o que acontecer, lembre-se de quem é. Lembre-se da garota no supermercado. Por favor, Abby. Por favor, lembre-se. Dê-me alguma coisa. — Pêssegos, Abbs. O hotel. A luta de travesseiros. Olha para mim, em coma, olhos vermelhos sem um pingo de reconhecimento. — Deus, isto não acabou. Fecho os olhos e apoio minha testa nas barras. Quero destruir este lugar e levá-la embora. Forçá-la a lembrar de quem é. Em algum lugar dentro da sede de sangue vive Abby. Tye move os pés e sinto seus olhos em mim. Não importa o que está pensando. Abby precisa lembrar quem é e não posso libertá-la, então vou dar outra coisa. Pode ser um vampiro, mas Abby ainda é uma parte dela. — Olhe para mim. Grito, tentando chamar sua atenção. Bato meu punho em uma das barras e um ding vibra através da sala. Uma onda de alívio bate quando lentamente levanta sua cabeça e nossos olhos se encontram. Deus, Abbs. Parece um pedaço de alface murcho que se afoga em tristeza. Meus sentidos pegam seu batimento cardíaco. Para, salta vários batimentos, faz uma pausa por vários segundos e então bate fraco e lento. Os corações dos novos

vampiros palpitam erraticamente até que ganham controle sobre seu corpo, mas odeio escutá-lo. Um lembrete do que é agora. — Não quero que me veja assim. Diz Abby com voz áspera e arranhada. São as primeiras palavras que a ouvi falar desde que passou pela Transição. Waleron deu sangue animal, o que acalmou sua mente e a sede de sangue. — Vá, Damien. — Droga, doçura, passei meses lutando junto com você, não se atreva a me dizer para ir. Rosno. Irritado é um eufemismo. Talvez devesse ser compreensivo, mas conheço Abby o suficiente para que me odeie mostrando compaixão. — Mova seu traseiro aqui e fale comigo. Tye limpa a garganta. — Hummm, não acho que... Disparo um olhar. — Caia fora, Tye! Já não está encostado na porta. Tem as pernas apertadas, os braços ao seu lado, mas não se move em minha direção. Viro para Abby, minha habilidade visionária capaz de captar todos os detalhes, inclusive o suor escorrendo da raiz do cabelo no lado direito. Seu cheiro é de medo, frustração e raiva, uma autêntica combinação de um vampiro imprevisível.

Sei que o que vou fazer não é o certo, mas nos conectará. E essa conexão é a nossa chance. Passo o braço pelas barras, com o pulso para cima. — Beba meu sangue. Tye rosna. — Está brincando? Vamos, homem. Não faça isto. Não há maneira de sair desta sem algum tipo de confronto. O ignoro, meus olhos em Abby, todos os meus outros sentidos em Tye, que agora está se movendo. Ela arrasta seus pés, olhos famintos com necessidade, concentrados no meu pulso. Ela precisa disto. Eu preciso disto. — Está louco? Não pode dar seu sangue. Diz Tye. Seus

passos

são

lentos

e

cautelosos

enquanto

se

aproxima de mim. — Posso e vou. Tye para a vinte metros de distância. — Damien, homem, não posso deixá-lo fazer isto. Meus olhos aquecem e ardem, cada parte no meu corpo ligado e pronto para lutar. — Tenho que fazer. Digo. — Retroceda Tye. — É contra a lei.

Não há flexão nas leis quando se trata de Tye. Por isso Waleron o escolheu para me acompanhar. Tudo o que preciso são dois segundos para que Abby beba meu sangue. — Abbs, faça o que digo. Escuto seus suaves e vacilantes passos aproximarem-se como um cansado animal ferido em uma armadilha. Tye salta. Puxo meu queixo para a direita e para cima, a cadeira apoiada contra a parede voa pelo ar e bate em Tye, enviando-o de volta para a parede. Grunhe e afasta a cadeira. — Que isso, homem? Rapidamente

levanto

o

antigo

escudo

na

parede.

Mantendo-o no ar durante um segundo, é muito pesado e leva muito da minha força. Tye o vê e agacha, mas esperava essa reação. O escudo prende em seu peito e o prega no chão. Ouço um barulho quando o empurra para o lado. Minha respiração para quando os dedos de Abby tocam minha pele e depois enrolam ao redor do meu pulso. Fecho os olhos ao contato. Isto é tudo o que posso dar. Tudo dentro de mim pede para protegê-la. Não posso fazer outra coisa.

— Lembre-se, Abbs. Lembre-se do sangue que provou esta noite. Meu sangue. Ninguém mais. Fique forte. Não se renda. Seus olhos movem do meu pulso para o meu rosto e ficam fixos. As lágrimas juntando-se e algo mais... Hesitação. Como se tivesse medo de beber meu sangue. Não tem escolha. — Beba! Ordeno. — Damien! Grita Tye. Prendo a respiração quando suas presas perfuram meu pulso. Então seus lábios frios acariciam minha pele enquanto bebe da minha veia. Observo-a, cabelo vermelho ardente pendurado sobre seu rosto enquanto esta sobre meu braço. — Doçura, pertence a mim. Sussurro. Nunca será do Liam. Nunca. O ar muda e sei que meu tempo acabou. Arranco meu pulso da boca de Abby quando Tye se choca contra mim e voamos pelo ar, caindo com força no chão de concreto. Então seu punho crava no meu queixo. Não luto, mesmo quando bate novamente. Meus olhos estão em Abby com as mãos nas barras, observando, com os olhos abertos e a boca trêmula. Uma gota de sangue, meu sangue, desce pelo seu queixo. Tye senta escarranchado sobre mim, seu cenho feroz. Então levanta e me dá um murro no queixo pela terceira vez. — Que está pensando porra?

Não respondo. Não há nada a dizer. Fiz o que tinha que fazer. — Cristo. Waleron o colocará em Descanso por isso, idiota. Salta fora de mim, mas estende a mão. Pego e levanto. — Não diga. Bufa. — Não tenho escolha. Porém há uma ligeira hesitação enquanto olha para Abby e depois para mim. Sei que não dirá nada. Ele percebe. É inegável. Não importa que é um vampiro e eu um Scar. O amor não tem fronteiras.

Rayne Não tenho ideia do que estão planejando para esta noite, mas Liam está preparado para alguma coisa. Obviamente advertiu seus vampiros da minha habilidade e nenhum deles me toca, embora três me rodeiem enquanto caminhamos em silêncio através do complexo abandonado. Não há sinal de Jasmine ou dos CWOs, mas suponho que não estão longe. Não acredito que Liam vá enfrentar os Scars sem ela, mas parecia muito presunçoso sobre esta noite.

Sombras escuras dos subordinados de Liam estão sobre o topo

dos

edifícios,

alertas

e

preparados.

Caminha

com

confiança. Eu não. Tento fazê-lo, mas meus nervos tencionam e meu coração tamborila tão forte que sei que cada vampiro a mil quilômetros de mim provavelmente escuta. Liam para em uma porta de metal e fica de lado. Um vampiro se move a frente e quebra a madeira galvanizada com um puxão, partindo a corrente, que cai no chão com um barulho. O vampiro, junto com outros três, entra deixando Liam, a mim, e quatro vampiros fora. Esperamos vários minutos antes que a porta abra novamente. — Depois de você, querida. Hesito e Liam agarra meu cotovelo. — Não tenho nenhum problema em machucar uma mulher. Empurra-me para frente e subo os degraus dentro do edifício. No momento em que entro no armazém vazio, cheiro as sobras de comida, principalmente carne frita misturada com o ar viciado. Liam escolheu este lugar provavelmente porque o cheiro de comida dificultará as habilidades de rastreamento dos Scars. Parece como um armazém com um alto teto com vigas de metal que têm movimento e suponho que o movimento são vampiros.

Os Scars vão lutar com Liam? Kilter estará aqui? Está bem? Deus, por favor, permita que esteja bem. Um grito agudo entra em erupção e choro, me dobrando e colocando minhas mãos sobre meus ouvidos. Liam puxa meus braços para baixo e me empurra para frente. — Altas frequências tornam difícil a telepatia. Só os cães e, é claro, os Scars, podem ouvi-la. O zumbido agudo e constante me desequilibra, tento bloqueá-lo com meus escudos, mas tudo o que consigo fazer é diminuir o som. Liam para em uma longa mesa de madeira retangular com bancos de cada lado. Fico de pé atrás dele e seus vampiros formam um protetor semicírculo ao redor de nós. Outra porta range abrindo-se e em seguida fecha com força. — Comporte-se. Liam adverte. Tenho toda a intenção de me comportar. A menos que os Scars lutem, então lutaria com tudo o que sou capaz. O som calmo de botas vem em nossa direção, está escuro, mas minha visão melhorou desde que ganhei peso. Primeiro aparece Waleron saindo das sombras. Vestindo calças pretas simples e uma camiseta combinando. Sua expressão é ilegível enquanto seus olhos fixam em Liam, mas

parece tranquilo e confiante. Não diz muito porque suspeito que o homem não sabe sentir outra coisa. Fico tensa quando Delara aparece ao seu lado. Algo está errado. Suas emoções chegam até mim e ofego pelo desespero que a envolve. O que está acontecendo? Suas mãos enroscadas nas laterais de suas calças e mesmo na leve luz da lua que entra através das janelas, cobertas com um plástico sujo, vejo quão pálida está. Fico

rígida

quando

um

chiado

agudo

ecoa

e

os

subordinados de Liam se aproximam mais de mim. Não tenho nem ideia do que pode ser esse horrível som até que vejo uma jovenzinha lutando como um animal raivoso no aperto de um Ink dos Scars. Tem a fina corda de luz ligado a ele como tenho com Serafina. Sigo a luz até Keir, que permanece de pé nas sombras. Este Ink é como Serafina. É um homem majestoso, ágil como uma pantera, com uma brilhante jaqueta preta cobrindo uma figura de duas pernas. O focinho é afiado e definido com bigodes compridos, fortes e pretos. Tem pequenos ouvidos sobre os lados de sua cabeça em vez de por cima como os de uma pantera. Os olhos são um sólido branco como se não tivessem visão, mas sem dúvida sabe exatamente onde está. Suas patas enormes restringidas sobre seus braços e não parece importar que lute para afastá-lo. — Disse sem armas. Diz Liam.

Waleron acena para a menina. — Afundará seus dentes em qualquer um que se aproximar dela. O Ink pode controlá-la. Se bem me lembro, pediu especificamente que estivesse viva. Liam fica tenso, então leva sua atenção para a menina. — Abigail, calma. Meus olhos arregalam quando a menina para de lutar e permanece dócil no aperto do Ink. Puta merda, Liam tem poder sobre ela. Essa tem que ser Abby, a bruxa transformada em vampiro. Pés com botas dão pancadas em nossa direção, meus joelhos enfraquecem e meu coração salta um batimento porque reconheço sua maneira de caminhar. Reconheço tudo sobre ele. Meus olhos procuram no escuro, então pousam em Kilter. Prendo o soluço mordendo meu lábio. Deus, está bem e está aqui. Cada parte de mim quer saltar através da distância entre nós e pular nos seus braços, senti-lo contra mim, segurálo. Para atrás de Waleron e só então vira a cabeça na minha direção. Nossos olhos se encontram e é como se me segurasse protetoramente em seu abraço com apenas esse olhar. Apesar do medo derrapando, há uma sensação de calma em mim agora. O que surpreende é quão calmo Kilter está. Esperava um louco furioso lutando sozinho sem preocupar com os outros Scars, mas está firme.

— Trinity não virá? Liam pergunta. — Uma lástima, gostaria muito de ver sua expressão quando ouvisse as notícias. Dá de ombros. — Não importa. Seus olhos vagam sobre Delara e abre um sorriso presunçoso. — Delara tenho que me desculpar por isso, gosto de você, embora tema que nunca vou agradá-la. Se não fosse pela Abigail, estaria feliz de continuar com nosso relacionamento, apesar do fato de que foi usada para manter um olho sobre minhas atividades extracurriculares. Por isso estava dormindo com Liam? — Mas como sabe agora, Abigail tem algo que quero e meu poder neste mundo é mais importante do que uma boceta. Olha para Abby. — Menina tola, quase arruinou meus planos por dormir com Damien e engravidar. — Terminemos com isto, Liam. Diz Kilter. — Estamos aqui para compartilhar informação que poderia achar interessante. Diz Liam. Seus olhos brilhando triunfantes e suas sobrancelhas subindo.

— Não tem nada que seja interessante para nós, exceto Rayne. Diz Kilter. — Isso não é verdade, não é mesmo, Delara? Waleron estava muito tranquilo no telefone ontem à noite quando falei sobre Jasmine. Sorri. —

Inclusive

mais

tranquilo

do

que

quando

contei

novidades suas. Perguntou sobre isso? — Bastardo. Grita Delara e dá um passo em direção a ele. Waleron agarra seu braço e a puxa para trás. Parece pronta

para

explodir

e

Waleron

é

uma

bomba-relógio.

Surpreendentemente, o único calmo é Kilter. — Pergunto, sabe o resto? Não quero dar todas as notícias. Precisamos guardar algo impactante. Honestamente, nunca teria acreditado até que li o documento. Jasmine é muito engenhosa, como sabe bem, Waleron. Waleron fica tenso. Liam ri. — Onde está? Exige Waleron. — Calma, Waleron. Não está aqui. Acha que sacrificaria tudo para matá-la depois do que fez com você? Quanto tempo foi isso? Sessenta e um anos de prisão?

Meus olhos mudam para a tatuagem sobre o lado do pescoço de Waleron enquanto esta se movimenta através de sua pele a tinta negra de seus olhos brilha em vermelho. O que está acontecendo? Como Waleron conhece Jasmine? — Nunca o terá novamente. Diz Delara. — Matarei Jasmine antes que isso sequer aconteça. — Não tenho dúvida de que tentará meu amor. Essa seria uma luta que pagaria para ver, mas por agora, vamos discutir nossa negociação. — Não negociamos. Declara Waleron. — Notei que disse isso. Diz Liam. — Pode mudar de opinião. Ontem à noite disse que Delara estava fodendo comigo por meses, não encarou isso muito bem, pelo que lembro. Para como se quisesse estender o momento. — O que guardei para esta noite foi que sua Delara esteve grávida sabia? Grávida do seu filho, Waleron. Waleron não encolhe. Permanece congelado, seu peito subindo e descendo, sem músculos se sacudindo. Nada. Olha para Liam com seus penetrantes olhos azuis. Mortalmente silencioso. Olho para Delara, mas não posso ver seus olhos. Sua cabeça está baixa e seus dedos enroscados nos lados de sua calça jeans.

Liam tira um pedaço de papel do seu bolso traseiro, passa-o para o vampiro a sua esquerda e o vampiro caminha ao redor da mesa de madeira e entrega o papel para Waleron. O vampiro volta, seus olhos sobre Kilter, que olha para ele. Waleron desdobra o documento e o revisa. Ninguém diz nada, nem mesmo Liam. Após um minuto, sem olhar para Delara, passa o documento para ela. Os olhos de Waleron já não são um lindo azul. São azul gelo, frios e congelados enquanto olha para Liam. Seus lábios tensos, o maxilar contraído. Uma devastação agonizante permanece no ar enquanto minha habilidade recolhe sua emoção. É como se acabasse de ler uma sentença de morte. O olhar de Waleron muda de Liam para mim e para. Minha respiração fica presa na minha garganta pela intensidade do seu olhar e quero afastar meu olhar, mas mesmo assim não posso. O que está acontecendo? O que tem a ver um documento? O pedaço de papel agita da trêmula mão de Delara e forma redemoinhos no chão. Seus olhos inundados com lágrimas enquanto olha para cima e encontra meus olhos. — Eu... meu Deus. Não. Não. É impossível. Sua cabeça sacode para frente e para trás, lágrimas caem por suas bochechas. Dá um passo em minha direção, mas suas

pernas cedem. O braço de Waleron estende e envolve ao redor da sua cintura, segurando-a reta. Assim que se estabiliza, libera-a. Kilter olha de um para o outro, então pega o papel do chão. Depois que o lê, seus olhos disparam para Delara. — É verdade? Liam ri, seus olhos brilhando de alegria. — É claro que é. Sua mão passa pela minha espinha para curvá-la ao redor da minha nuca. — Conheça seus pais biológicos, Rayne. Waleron e Delara.

Rayne Um vampiro atrás de mim agarra meu braço e suporta a maioria do meu peso enquanto meus joelhos cedem. Isto não está certo. Não pode estar. É um truque a fim de garantir que Waleron negocie. O documento tem que ser falso. Não preciso do documento, nenhum de nós precisa, a expressão de Delara diz tudo. — Que porra? Diz Kilter. — Como poderia não saber?

Passa sua mão sobre o cabelo para trás e para frente. — Sofri um aborto. Diz Delara, sua voz um suspiro grave, seus olhos inundados com lágrimas. — Disseram que meu bebê nasceu morto. Eu a vi. Deus, eu a vi... Meus olhos mudam para Waleron enquanto sua voz fria e abrupta retumba. — Estava grávida? Com meu filho? — Waleron, por favor... Lágrimas correm pelo seu rosto, seus olhos arregalados com a devastação e sufocados. A pele oliva agora está cinza. — Meu filho? Meu maldito filho? Sua voz está cheia de tanta raiva que é irreconhecível. — Escondeu isso? — Não podia... — Não podia? Grita Waleron. — Não podia caralho? Vira, caminha para a porta, hesitando e então bate seu punho contra a armação de metal. Geme e lamenta sob a pressão... Depois o silêncio. Ninguém fala. Waleron permanece virado para a porta. Sua energia irradia raiva e confusão, mas pela sua expressão também

parece... Quebrado. Olho para Delara, que tem seus olhos fechados, lágrimas fluindo pelo seu rosto. Ouço o tecido sendo rasgado e meu olhar vai para seus dedos curvados nas calças cargo. Faço isso, meu Deus, faço isso cada vez que estou chateada ou preocupada. Meus pais? Filha de um Scar Taldeburu e de um Scar Tracker. É por isso que Liam estava tão misterioso sobre esta noite. Sabia que isto era enorme, que poderia me usar contra Waleron... A filha do Taldeburu. Era isso que Roarke tentou me avisar. Disse que Jasmine me usaria contra eles. Waleron vira e caminha de volta, seu rosto uma máscara de linhas duras e severas. Ignora Delara, inclusive para o mais longe dela. Liam sorri. — Agora, penso que podemos negociar: darei Rayne, ilesa como pode ver, mas... Hesita, lambendo seu lábio inferior como antecipasse a reação. — Abigail virá comigo e Waleron voltará voluntariamente com Jasmine. Delara ofega. Waleron permanece impassível como se esperasse o que Liam exige.

Era isso que Jasmine planejava: me usar com o propósito de conseguir Waleron de volta e se aliou a Liam para fazer que acontecesse. Waleron diz: — Digo e repito, não negociamos. As sobrancelhas de Liam levantam com surpresa, então assobia e faz uma careta. Já não parece um vampiro atraente e encantador. — Então vou dar a sua filha para Jasmine. Já sabe como isso vai acabar. Tremo. — Não, não vai coisa nenhuma. Grita Kilter, então deixa sair um forte rugido e ataca antes que Waleron possa detê-lo. Salta para Liam, a fúria pulsando em seus olhos, fogo queimando enquanto as pupilas tornam-se vermelhas. Liam me arrasta para frente dele e seus braços agarram meu pescoço. Três vampiros aparecem em cima das vigas e derrubam Kilter no chão. Luta contra eles, mas têm seus braços atrás de suas costas e o atiram sobre seus pés. Chuta e envia um cambaleando para trás, mas o outro bate em seu rosto e sangue respinga do seu nariz. — Não. Grito alto.

Agito contra o aperto de Liam, que aperta seu braço até que não consigo respirar. Agarro

seu

braço,

os

olhos

arregalados

enquanto

freneticamente tento respirar. — Chega. Grita Waleron. — Deixe-a ir, Liam. — Quando seu amante parar, eu paro. Kilter instantaneamente para, sua respiração irregular, enquanto briga para puxar o ar para dentro. Os vampiros o empurram de volta para Waleron e Delara. Liam me libera, eu respiro e engulo ar. Waleron olha para a direita nas sombras. — Keir, saia daqui. Leve Abby, também. Liam sibila. — Estúpido. Sabe o que Jasmine fará com ela? Waleron assente com a cabeça. — Sim. Kilter vacila e seus olhos encaram os meus. A devastação está perto de me quebrar. Permita-me ser forte. Tenho que ser forte por ele. Keir aparece ao lado de Kilter. — Não desta vez. Keir adverte.

Os olhos de Kilter permanecem sobre mim, perfurando e olhando desesperado para ler meus pensamentos, para saber que, se ele se afastar, ficarei bem. Levanto meu queixo, com um meio sorriso e aceno. — Docinho. — Vá embora. Digo. Rosna, então vira e se afasta com Keir. Waleron se dirige a Liam. — Nunca terá Abby. Seus olhos estreitam e seus dedos curvam em punhos. — Diga a Jasmine que vou para ela. Liam me empurra para os braços de um de seus vampiros. — Afaste-se agora e nunca terá sua filha de volta. — Não. Diga a Jasmine que vou me entregar para ela. Delara se aproxima, chorando. — Não negociamos. Afirma Waleron e agarra o braço de Delara, puxando-a para a porta, tropeça e cai de joelhos. Parece não se importar quando a levanta rudemente e continua caminhando. A porta abre e fecha de repente atrás deles. Silêncio. Então o pranto torturado de Delara avança através do ar noturno.

Waleron Permaneço na biblioteca, congelado. Incapaz de fazer qualquer coisa, exceto brigar com todas as emoções mudando dentro de mim. Meu Ink violentamente se debate ao redor do meu pescoço, queimando, desesperado para escapar. Tomei três comprimidos desde que abandonei a reunião e não fez nenhum efeito. Nada me preparou para as notícias desta noite. Nada. Nem sequer posso olhar para Delara, temo pelo que posso fazer. Uma filha? Minha e dela. Aquela noite se reproduziu na minha cabeça por anos, como

um

disco

arranhado.

Uma

noite

que

tento

desesperadamente esquecer, entorpecer com os comprimidos e mesmo assim continua me perseguindo. — Waleron? Keir entra na biblioteca. — Deveríamos entrar em contato com os Wraiths e Trinity? Perdi a capacidade de temer alguma coisa há muito tempo, mas agora o temor toma conta de mim com o pensamento em minha filha. Uma filha que não sabia que existia. Que foi usada

por anos como uma experiência científica e agora é usada como um peão em um jogo perigoso, que não sei se posso vencer. E Delara. Sei que sofre. Não sabia que Rayne estava viva e mesmo assim não posso estar perto dela porque me assusta mais do que tudo perder o controle. Se isso acontecer, ninguém estará a salvo. Jasmine todos estes anos teve Rayne. Esperando pelo dia em que pudesse usá-la contra mim. Tentando me fazer voltar para a sua prisão e destruindo Delara simultaneamente. Volto minha atenção para Keir. — Não há tempo para ir ao reino e informar os Wraiths. Vamos entrar forte e rápido. Antes que Jasmine desapareça com Rayne. Keir assente. — Chamarei todos a biblioteca e... Levanto minha mão rapidamente e em seguida a abaixo quando noto que está tremendo. — Não ainda. Preciso de um minuto. Keir hesita antes de assentir e deixar a sala, fechando a porta atrás dele. Alcanço meu bolso, as mãos curvando-se em torno do que mantém meu controle. Então desabo na poltrona, os cotovelos sobre meus joelhos, as mãos penduradas entre as minhas pernas, e a cabeça baixa.

Tenho uma filha a quem posso ter acabado de enviar para o inferno.

Rayne Não voltamos para a cobertura de Liam, em vez disso, fomos para o seu clube... Bem, assumo que é seu clube. Liam ilumina o ambiente passando pelo bar através de um escuro corredor com luzes vermelhas que piscam fracas. Para em frente à porta no final do corredor e digita um código em uma caixa. Arrepios atravessam meu corpo. Uma lembrança do complexo. Caixas de códigos. Fechaduras de portas. Segurança em todos os lugares.

Liam desce as escadas. Hesito e uma mão me empurra para frente. — Mexa-se. Seguro no corrimão enquanto sigo Liam escada abaixo para a completa escuridão. Um clique soa e meu coração salta, mas não é a trava de uma arma, em vez disso, luzes fluorescentes piscam acesas. Fico em um quarto com paredes de concreto e com várias vigas grossas de madeira no teto. Tem uma grande mesa rústica de madeira no meio, com doze cadeiras. Uma lâmpada pende de uma das vigas. O único calor na sala é um gasto tapete vermelho e preto debaixo da mesa. Liam faz um movimento com a cabeça para o vampiro junto a mim que me puxa pelo cotovelo, guiando para o final da sala. Olho sobre meu ombro para as escadas. Minha única fuga. Dois vampiros permanecem de pé na frente delas. Não é que sequer tenha alguma chance de chegar até as escadas, mesmo se não estivessem ali. Puxa-me para a parede oposta, empurrando contra ela. — Quieta. A frieza invade meu corpo, mas não é pela fria parede de cimento contra a qual me apoio, é pelo medo. Não importa quanto mudei desde Anton, ainda estou assustada, mas isso não significa que vou desistir.

Essa é a diferença. Posso estar assustada, mas lutarei. Não

me

renderei.

Morro

antes

de

fazê-lo.

E

tenho

o

pressentimento que isso pode acontecer. A porta no topo das escadas abre e fecha. Em seguida saltos altos batem nas escadas. Mordo o interior da minha bochecha enquanto espero que apareça, sei que é... Jasmine. Os dois vampiros guardando as escadas viram de lado e ela entra na sala. Seus olhos estão estreitos, os lábios franzidos e parece seriamente chateada. Meu coração acelera e recosto contra a parede enquanto meus joelhos ameaçam ceder. — Não aceitou? Jasmine grita. Deus. Mesmo quando brigamos no beco, não tinha gritado, estava controlada. Agora parece fora de controle. Aproxima-se de Liam. — Por sua própria filha? A raiva pulsa do seu corpo e me invade. Minha respiração fica presa quando sinto todo o ódio dentro dela. Tem algo mais misturado com isso... Amor, não amor bom. Este é o amor louco e possessivo. Seus olhos se jogam em mim, ao querer ocultar o medo nos meus olhos levanto o queixo e encontro seu olhar. Aproxima-se, parando a centímetro de distância. — É inútil.

Então me esbofeteia forte no rosto. Minha cabeça bate para o lado e minha visão fica nublada por um segundo. Um fio quente de sangue sai do canto da minha boca. — Jasmine. Adverte Liam. — Não é boa para nós espancada ou morta. Jasmine zomba. — A cadela é inútil para mim agora, mate-a e termine com isso. — Não. Contradiz Liam. — Virão por ela. Conheço Delara. Não permitirá que sua filha fique conosco e Waleron fará tudo por ela. — Disse que não negociariam. Jasmine se enfurece. — Virá comigo e faremos isto do meu jeito. Perdê-lo é inaceitável. Meu estômago retorce. Jasmine agarra meu braço e me puxa para ela. — Não vou esperar mais, vou tê-lo de volta e até isso acontecer, pagará o preço.

Kilter

Permaneço na entrada, de frente para um homem que nunca pensei, na minha vida imortal, que enfrentaria sem mergulhar uma faca através do seu coração. Mas faria qualquer coisa para recuperar Rayne, mesmo que isso signifique usar um Grit. Keir aparece atrás de mim. — O que ele faz aqui? Sua mão está sobre seu quadril onde descansa sua faca. — Eu o chamei. Encontrei um pedaço de papel no chão do quarto de Rayne. — O Grit salvou a minha vida, ainda não sei por que, mas agora não dou à mínima. Sabe mais do que nós, então está aqui e vai nos ajudar. Keir olha para Roarke. — Se vacilar conosco, vê aquele vaso ali. Faz um movimento com a cabeça para um vaso azul de cristal sobre a mesa estreita na entrada do salão. — Sua cabeça vai estar ali como um troféu. Roarke olha para o vaso e depois de volta para Keir. O sujeito tem bolas, isso é uma maldita certeza, porque o canto dos seus lábios se curva. Deus, os Grits têm nervos fortes. Está em uma casa cheia de Scars e não parece alterado. Em outra

vida, poderia respeitá-lo, pena que somos imortais e não temos outras vidas. Roarke se apoia contra o marco da porta e cruza os braços. — Liam falhou. Jasmine vai levá-la e sei onde está. Roarke já está curado, significa que matou um ser humano para fazê-lo. Waleron sai da biblioteca, para, olha para Roarke e então dá um brusco assentimento. Deve ter ouvido nossa conversa, caso contrário, estaria morto agora. — Ama você. Diz Roarke enquanto mantém os olhos em Waleron. Mas já sabe disso. Waleron não diz nada. Continua: — São esperados, mas não esta noite. Se formos agora, Rayne poderá ter uma chance, mas... Para, me olhando. — Jasmine tem um dispositivo favorito. É impossível sair dele sem... Waleron aproxima e diz: — Uma chave. Assente.

— Suponho que está familiarizado com o dispositivo? De novo, Waleron assente. — Como eu. — Que dispositivo? Não gostei da palavra dispositivo e minha menina na mesma frase. — Rayne estará usando um colar. Declara Waleron. — Não pode ser removido sem uma chave. Se tentarem, o colar

apertará

em

volta

do

pescoço

e

a

matará

instantaneamente. Escuto um suspiro e pés arrastando atrás de nós. Viro e vejo Jedrik e Delara de pé na entrada da sala de jantar. Ela está pálida, seus olhos arregalados e cheios com horror. Roarke olha de Waleron e para ela e então de volta. — Quer que ambos vejam Rayne sofrer e... Dirige seu olhar sobre Delara. — Culpa você pela fuga de Waleron. Não posso mais ficar calmo e grito: — Para onde vão levá-la?! — Anteontem a rastreei até uma casa. Diz. — É na extremidade norte da cidade, na Rua Fairmount número onze.

Waleron fica tenso e os olhos de seu Ink se tornam vermelho brilhante. — O quê? Pergunto. Keir responde. — A casa de Tarek. Tarek. O patife Scar que atualmente está em Descanso por quase matar Delara há alguns anos. — Leve a bruxa-vampiro. Diz Roarke. — Liam estará lá e assim podemos distraí-lo. Não tem nenhuma chance contra ele e seus vampiros tanto como Jasmine e seus seguidores. Dê a menina e não se importará com o que acontecer com Jasmine. — Não. Exclama Waleron. — Não vamos deixar Abby perto de Liam. — Está planejando matá-la de qualquer maneira, não é mesmo? Pergunta. Ninguém diz nada. Nem sequer uma mudança no peso, então Waleron concorda. — Mate-a depois que conseguir Rayne. Roarke se afasta do marco da porta. — Jasmine tem a chave, vá nela primeiro, liberte Rayne, se não puder, então... Faz uma pausa e Waleron termina por ele.

—Jasmine libertará Rayne em uma troca por mim, conclui Waleron. Delara ofega. —Waleron, não. Keir diz: — Não negociamos Waleron. — Não é uma negociação. Replica. — Traga Abby. Diz a Keir. Então vira para Roarke. — Por que nos ajuda? Roarke muda seu olhar para mim quando diz: — Porque a amo.

Rayne Fico paralisada sobre as pontas dos meus pés com os braços esticados sobre minha cabeça. O vampiro enrolou grossas tiras de aço ao redor dos meus pulsos e as enganchou em uma corrente suspensa pendurada no teto. Sangue mancha os ladrilhos de pedra sob meus pés como tivessem torturado e matado outros nesta casa. Pior

do

que

o

conhecimento

de

outras

pessoas

assassinadas aqui antes de mim é o dispositivo ao redor do meu pescoço. Tem pregos afiados de metal apontando para minha pele como um colar de espinhos. Se mexer a cabeça, os pregos

cortam minha pele. Qualquer grande movimento ou se perder o equilíbrio os pregos perfurarão meu pescoço. Mudamos do clube de Liam para a casa uma hora depois. Claramente Jasmine tem o controle e Liam é somente uma marionete, como eu. Exceto que serei decapitada logo porque minhas pernas tremem tanto que mal posso manter o equilíbrio. Liam observou Jasmine me enganchar como um adorno de árvore de natal, mas houve um brilho de insegurança quando afastou o olhar várias vezes, a cabeça baixa como se se arrependesse do rumo que isto tomou. — Basta pensar nisso, minha menina. Seu pai teve que ficar assim por horas. Algumas vezes, deixava-o por dias só para testar sua resistência. Jasmine corre uma mão sobre a minha cabeça em uma suave carícia e puxo meu corpo para trás, mas não posso me afastar. — É teimoso. Isso é o que amo nele. Tão controlado. Queria ter visto seu rosto hoje quando ouviu a notícia, quando descobriu que sua amada Delara o traiu. Seus dedos juntam meu cabelo e o puxa. O prego enterra na parte de trás do meu pescoço e faço uma careta. — Você é um lembrete constante que ele escapou de mim para salvar aquela bruxa. Esperava que Tarek a matasse, Scar patético.

Todo este tempo estava esperando para me usar contra eles. Sou sua vingança sobre Delara e seu plano para atrair Waleron de volta para sua prisão. Deixa-me ir e rapidamente dou pequenos passos para recuperar o equilibro. Meus dedos dos pés têm câimbras e sinto sangue pingar pela parte de trás do meu pescoço onde os pregos perfuraram minha pele. — Sabia que Roarke também teve o prazer de usar este dispositivo? Pergunta Jasmine, passando o dedo na minha bochecha. — Pequenos lembretes para se comportar de vez em quando. Naquele dia que os Scars escaparam, Roarke estava como está agora. Deus, ele me disse que sabia que estava me escondendo nos dutos de ar com o Scar, tentou nos proteger. Jasmine

pressiona

seu

dedo

mais

forte

na

minha

bochecha e sua unha rompe a pele enquanto a arrasta para baixo pelo meu queixo. — É por isso que não estava lá quando Kilter voltou. O mantive por semanas da maneira que está agora. Deixa cair sua mão do meu rosto e caminha para o balcão, abrindo as cortinas azuis escuro. — É muito parecido com Waleron, exceto que tenho que ceder um ser humano a cada semana para mantê-lo vivo. Mas

não os mata, o estúpido Grit apenas os suga o suficiente para manter-se vivo. Patético. Planejava mantê-lo para mim se você não tivesse escapado. Dá de ombros. — Sabia que viria atrás de você e usei isso. Arrepios

correm

pela

minha

coluna.

Lágrimas

equilibrando-se na beira dos meus olhos e se piscar, cairão e Jasmine ganhará. Não darei essa satisfação. — Deixe-a sozinha. Liam para de caminhar pelo chão de madeira escura. — Uma questão sensível para a menina? — Não, estou cansado de escutar sua voz. Dispara Liam de volta. — Precisamos fazer planos. — Não seja um... A porta explode aberta. Estremeço e os pregos cortam meu pescoço. Meus olhos arregalam e meu coração pulsa com violência quando vejo Waleron de pé na entrada. — Libere-a, Jasmine. Diz, entrando na sala com passos largos, seu rosto uma máscara de pedra. Espero por mais Scars seguindo atrás dele, mas está sozinho.

Não, não pode estar. Seus olhos agitam brevemente para mim e em seguida de voltam para Jasmine e Liam. Coloca sua mão sobre o meu pescoço. —

Isto

encontrassem

é

uma

tão

surpresa,

rápido.

não

Deixe-me

esperava supor...

que

Roarke?

nos É

engenhoso. O matou depois de conseguir a informação? Waleron a ignora e fala com Liam. — Abby está conosco, a terá, mas Rayne será libertada primeiro. Jasmine sacode sua mão no ar e quatro de seus seguidores chegam através da casa. Caminha de volta para mim e coloca sua mão sobre a parte de trás do meu pescoço, logo acima do colar. — Abby primeiro. Diz Liam. — Não. Waleron anda mais adiante na sala para ficar a vinte pés de Jasmine com a parede em suas costas. — Sou o que quer, não é verdade, Jasmine? Ouço a respiração de Jasmine acelerada com antecipação. — Uma vez que Rayne esteja livre do seu brinquedo. Acena para o artefato. — Trarei Abby.

Jasmine ri e arrepios explodem sobre a minha pele. — Não é assim que funciona. Diz Jasmine. — Não confio em sua palavra, Waleron. Primeiro, faremos algumas coisas para garantir que não escapará de mim... De novo. Waleron não diz nada, simplesmente balança a cabeça e aproxima-se de mim e de Jasmine. —Não, Waleron, não faça isso. —Isto é como deveria ser. —Não. Não, por favor, vai matá-lo. —Não. Faz uma pausa. —Não, Rayne, Jasmine nunca me matará. —Mas você não negocia. Você disse. —Certo. Ele exclama. Seus olhos brevemente vão para os meus e não há nada neles que sugira que está submetido. Vejo em seus olhos frios que mantém um poder imperceptível. Para na nossa frente. — Vire-se, mãos atrás das costas. Diz Jasmine. Faço sem hesitar. Jasmine me solta e aponta seus dedos para Waleron, enquanto as teias de aranha brancas envolvem ao redor de seus

pulsos. Então o agarra pelo ombro e vira de frente para ela, um sorriso lento e sensual em seus lábios. — Hummm, finalmente, meu amor, vai ganhar uma surpresa. Meu estômago retorce enquanto penso o que pode ser a ideia de Jasmine de surpresa. Aproxima-se dele, seus lábios perto de sua boca. — Tenho um novo lugar para nós, de onde nunca será capaz de escapar. Os olhos da serpente tatuada ondulam em vermelho brilhante e mexe sobre sua orelha depois desaparece atrás do seu pescoço. — Libere-a do colar. Ordena Waleron. Jasmine suspira. — Posso fazer com que faça qualquer coisa se a mantiver. Liam dá passos largos através da sala. — Não me darão Abby sem libertá-la. Pega o colar em volta do pescoço de Jasmine e o arranca. O couro rasga, pega a chave do medalhão e encaixa na fechadura do colar de pregos na frente do meu pescoço que estala e abre. Joga-o ao chão.

Caio contra as correntes, cada músculo tenso por ter ficado parado por mais de uma hora. Deus, Roarke foi mantido assim por dias, não, semanas. Liam olha para Waleron. — Onde está Abigail? Balen aparece na porta da frente aberta, Abby junto a ele com o que parece ser um tigre cuidando dela. Há um fino laço de luz conectando Balen ao tigre. Deixa cair sua mão do ombro de Abby, sibila e o olha com desprezo. O tigre dá um duro golpe com suas patas e sai da frente. — Abigail, venha. Ordena Liam. Vai para Liam, mas há uma mudança em suas emoções, um repentino alerta de perigo enquanto os batimentos do seu coração aumentam. Não sei o que está acontecendo, mas sinto tudo ao meu redor. Waleron parece tenso e seu olhar vai da menina para as escadas. — Damien! Grita Waleron. — Não! O Scar cai do segundo andar e aterrissa em frente à Abby, bloqueando sua passagem para Liam.

Damien De jeito nenhum vou permitir que isto aconteça. Abby não se tornará escrava de Liam. — Abbs. Balança a cabeça e olha de mim para Liam e de volta para mim. Arrasta-se para Liam, seu sangue a oprime sem importar se o quer ou não. — Bastardo. Ruge Liam. — Damien, afaste-se. Ordena Waleron. Ignoro-o, minha atenção em Abby, preparado para reagir se Liam atacar. Uma lágrima escorre do seu olho e deixa um rastro úmido pelo seu rosto antes de chegar à beira do seu queixo. — A promessa. Diz. Sua voz um áspero sussurro. — Damien, por favor. Antes que seja... Muito tarde. A promessa. Essa promessa que não darei e a quer agora. Está me pedindo para fazer o impensável... Terminar isto. Matá-la. — Abby... É tudo o que consigo antes que seja empurrada e Liam se lança sobre mim, suas presas no meu pescoço. Alcanço sua

garganta, empurrando-o enquanto viro e o chuto no abdômen. Fico sobre meus pés ao mesmo tempo em que ele. Pelo canto do olho, vejo a comoção enquanto os Scars explodem através das janelas e atacam os subordinados de Liam. Balen se lança para Abby, seus braços trancando-a em seu peito enquanto luta contra seu aperto. Com minha atenção sobre Abby em vez de Liam, perco seu ataque e seu punho bate contra meu queixo. Tropeço para trás vários passos, me jogando para o corrimão. Sibila e depois se lança para minha garganta novamente. Esquivo e chuto Liam no peito, enviando-o em direção a outro vampiro. Ambos se chocam contra a mesa de café de vidro que é destruída. O ardor em meus olhos em espiral. A energia se constrói. Liam lentamente fica em pé, seus olhos em mim. — Vai morrer sabendo que a pequena bruxa abrirá suas pernas para mim. — Foda-se. Jogamo-nos um contra o outro.

Rayne Kilter, Jedrik, Delara, Tye, Keir, Balen e Roarke. Roarke? Está ajudando os Scars? Os Grits são inimigos dos Scars, de Kilter e, no entanto, confiaram nele o suficiente para ajudá-los. Tentam parar os vampiros e CWOs que infiltram na casa de todas as direções. É o caos, mas um caos controlado, enquanto lutam em harmonia, como se conhecessem os movimentos do outro antes que o façam, inclusive Roarke. O único que não se move com eles é Damien, que está lutando contra Liam... Bem, estava, agora está no chão com

Liam em cima dele. Não posso ver o que acontece além de escutar o rugido de agonia de Damien. — Tragam Waleron. Agora! Keir grita para Tye, Jedrik e Balen. As teias de aranha de Jasmine enrolam ao redor do peito de Waleron enquanto sai da sala com ele. Cada passo faz com que as teias de aranha apertem e sua respiração é irregular. Olho para minhas correntes e puxo-as com tanta força quanto posso. O sangue escorre pelos meus braços quando o metal corta a minha pele. Tento puxar minhas mãos através das algemas, faço uma careta quando minha pele raspa as bordas. Estão muito apertadas. — Rayne, pare. Kilter murmura da sala. — Estou indo. Deus, estou desamparada de pé aqui. Quero ajudar. Posso ajudar com minha habilidade. Posso ajudar a deter Jasmine se colocar minhas mãos nela. Está quase na porta de trás com Waleron. Tye e Jedrik estão perto, lutam contra dois dos Pescoços compridos que protegem Jasmine. Precisam de mais ajuda. Jasmine vai desaparecer com Waleron. Olho ao redor da sala e Delara está mais perto. — Delara! Grito.

Levanta a cabeça justamente quando dirige sua adaga no pescoço de um Pescoço comprido, depois torce a cabeça. O corpo afunda e cai ao chão. — Waleron. Exclamo. Seu olhar dispara para Waleron e Jasmine através da sala para a cozinha e a dez centímetros da porta de trás. — Balen. Delara faz um movimento com a cabeça para a cozinha. Balen corre para Jasmine. Delara o segue, a adaga em uma mão e uma arma parecida com um facão na outra. Uma flecha voa no ar diante deles e incrusta na porta a centímetros da cabeça de Jasmine. Levanta as mãos e teias de aranha saem disparadas e pegam as pernas de Tye. Dispara mais para Balen, mas se afasta e elas desintegram quando tocam o chão. — Rayne. Delara grita. Lança o facão na viga do teto, onde as correntes das minhas algemas estão presas. Faz um ruído metálico no anel e quebra ao meio. As correntes caem no chão com um ruído surdo e caio de joelho com elas. — Faca. Adverte Delara e me joga uma adaga, que incrusta na madeira a dois pés de mim, me arrasto para pega-la. Cinco pescoços compridos correm, subindo as escadas. Reconheço-os imediatamente: vermes, é assim que Roarke os

chama, porque seus membros crescem novamente e são mais fortes no clima úmido. Cheiram a maçãs e têm a pele fria e cinza que sua profusamente. — Balen, abaixe-se. Delara grita, quando joga uma faca em Jasmine, enquanto derruba o verme na sua frente. A faca afunda na coxa de Jasmine que recua e bate na porta. Balen salta, pousa em Waleron e o solta do agarre de Jasmine. — Nããooo. Jasmine mexe seus dedos para Delara e as teias de aranha disparam, mas ela corre para a direita enquanto Balen corta as teias de aranha de Waleron com sua faca. — Cadela. Jasmine grita e com um puxão abre a porta. Levanta as mãos no ar e as teias de aranha disparam em todas as direções, por um segundo não posso ver o que está acontecendo. Quando as teias desintegram ela já se foi. Uma mão me agarra por trás e rolo com a faca, as correntes, por sorte, retardando meus movimentos porque é Roarke. — Roarke. Digo.

Suas mãos cobrem minha cabeça e aproxima-se de mim, dobrando seus joelhos para que seus olhos estejam no nível dos meus. — Agora tem os Scars, Rayne. Olha para Kilter. — Fique perto dele. Olha-me como fosse à última vez que me verá. — Perdão por tudo não é suficiente e nunca será, mas é tudo o que tenho. — Roarke. — Não vou me render. Não até que ela esteja morta. Solta-me e corre para a porta onde Jasmine desapareceu. — Rayne caramba. Grita Kilter do outro lado da sala, tentando chegar a mim, mas vários pescoços compridos se interpõem na frente. — Mexa-se. Algo puxa a corrente presa nos meus pulsos e me joga no chão. Levanto a cabeça e vejo um vampiro com a corrente envolvida ao redor de sua mão me puxando. Engatinho para trás, mas ele dá um forte puxão novamente e caio para frente batendo o queixo. Jogo-me para trás enquanto o vampiro aproxima suas presas pingando sangue.

— Rayne. Diz Waleron. — Use sua habilidade. Levanto-me e coloco minhas mãos sobre seu peito e instantaneamente, sua sede de sangue me invade. Sua frieza. A fúria e até mesmo seu desespero. Tremo enquanto a escuridão me arrasta. Vejo

o

momento em

que

ele

percebe

o que

está

acontecendo, mas então já é muito tarde. Já está fraco porque minha habilidade tira todas suas emoções. Cai no chão, sem vida. —Boa menina. Diz Kilter e me atira algo. —Use-a para as algemas. Depois vá para a porta principal. Meu Ink virá por você. Pego a pequena chave metálica e rapidamente a introduzo na fechadura. As correntes caem dos meus pulsos e corro. Minhas

pernas

tremem

quando

me

afasto

dos

móveis

derrubados. — Rayne, no chão. Grita Waleron. Mergulho no chão quando um vampiro desce do segundo andar. Rola de lado debaixo de uma mesa quando Waleron envia um raio de energia para ele, puxando seus pés. Levanto de um salto e escorrego perto de Jedrik que se equilibra sobre um Pescoço comprido que está me alcançando. Agarro a maçaneta da porta e abro.

Um grito emerge quando encontro cara a cara com um homem alto e largo que ocupa toda a porta e bloqueia minha fuga. Congelo, com os pés presos no chão, os olhos arregalados de horror, enquanto olho sua expressão furiosa, mas não me olha, está olhando a luta atrás de mim. — Recue. Grita ele. Afasta-me com tanta força, que caio de joelhos do lado esquerdo da porta. No começo pensei que fosse um inimigo, mas quando um pescoço comprido o ataca, percebo que está me tirando do perigo. Olho como bate seu punho no peito do pescoço comprido e arranca seu coração que ainda bate. Meu estômago revira e desvio o olhar. O pescoço comprido retorce e grita antes que se encolha e desapareça para voltar a emergir em sua forma original: uma barata. O homem a pisoteia. Olha brevemente para mim. — Fique ali. Então entra no calor da batalha. Noto que se dirige para Delara, que luta contra um vampiro de cabelo azul, está na defensiva e perdendo. Fico de pé novamente, notando que Waleron olha para o novo cara assustador e acena com a cabeça. O cara faz o

mesmo em troca. A animosidade é evidente, mas estão dispostos a deixar tudo de lado por esta luta. Mantenho as costas contra a parede, voltando a ir para a porta quando vejo Abby de repente se afastar do Ink que a segura. A besta que tem escamas e parte do seu corpo parece um dragão e levanta-se em dois pés como um ser humano, parece surpreso e confuso. Olho para Kilter, do outro lado da sala, que oscila e cai de joelhos. — Kilter, está muito fraco, chame seu Ink. Ordena Waleron. Abby corre para Damien e Liam. Nenhum dos dois tem ideia que está livre e vai saltar entre eles. Saio atrás dela. — Não, Abby. Grito. Corro rápido através da sala para a do lado, mas sei que não serei capaz de interceptá-la a tempo. É muito tarde. Abby corre diretamente entre Damien e Liam, dá um chute no estômago de Liam quando aponta para Damien. Voa vinte centímetros pelo ar e aterrissa estendido no chão. Ambos os homens param e ficam olhando com surpresa. Então um profundo e ensurdecedor rugido emerge da garganta de Damien. Ambos vão por ela. Estou mais perto.

Caio sobre ela, protegendo-a com meu corpo. Olho para cima para ver Damien lutando contra o agarre de um vampiro e Liam parado sobre mim. Agarra meu braço e me arranca de Abby, então me joga como uma boneca de pano. Bato na parede e caio chão. Minha visão borra quando a dor atravessa meu ombro onde tomei o impacto. Ignoro-a, rangendo os dentes enquanto me arrasto para ficar em pé. — Não, Rayne. Grita Kilter enquanto tenta chegar a mim. Liam

segura

Abby

pela

cintura.

Parece

atordoada

enquanto entrecerra os olhos como se tentasse concentrar. Damien se libera do vampiro, agarra a cadeira de madeira mais próxima, quebra um pé e perfura no peito do vampiro subjacente. Um grito estridente ressoa e em seguida termina abruptamente quando este cai no chão. Damien volta para Abby e Liam, seu rosto uma máscara de fúria. Liam recua para a escada, usando Abby como escudo. Ninguém presta atenção em nada ao seu redor, a não ser um ao outro. Vejo minha chance. Agarro uma faca que caiu sob uma das cadeiras viradas. Vou precisar de cada pedacinho de força para fazer este trabalho.

—Quando puser minhas mãos nele, pegue Abby. Digo para Damien. —Não. Saia daqui antes que tenha que salvar seu traseiro, também.

Diz

Damien,

seu

tom

ameaçador.

Seus

olhos

continuam fixos em Abby e Liam. Aproximo-me de Liam e Abby. —Posso fazer isto, se levá-la, estamos todos mortos. Não espero a resposta de Damien e corro para Liam. Seus olhos correm a toda velocidade de Damien para mim, mas não parece muito preocupado enquanto dá um meio sorriso. Bato contra ambos e coloco a faca em seu ombro. Recua um passo e ri. Apesar de tudo, foi distração suficiente, quando Damien salta, arrastando Abby para longe, coloco minhas mãos sobre Liam e uso minha habilidade. — Simian, agora. Levante-se. Diz Damien. As emoções de Liam me atingem com fúria ardente. A intensidade se apodera da minha mente, sangrando meus pensamentos e os enche de sua raiva. — O que...? Balança a cabeça e oscila para a parede me levando com ele, com seu braço em volta de mim.

Grito quando suas unhas perfuram minha pele e se afundam profundamente nas minhas costas. Liam me empurra para o lado e caio no chão sobre meu quadril. — Porra! Grita Kilter. Arrasto-me em minhas mãos e joelhos, enquanto Liam está em cima de mim, com os olhos percorrendo a sala. Seu rosto enruga e silva, revelando suas longas e brancas presas. Então vem para mim. Damien diz: —Liam vai para Rayne. Dois segundos. Liam me agarra pelo pescoço e levanta, então me agarra em ambos os lados da cabeça com tanta força que parece que vai esmagar meu crânio. Sua cabeça se sacode e ri em um agudo tom. — Sua filha é minha. Abaixa

a

cabeça

e

suas presas atravessam

minha

garganta. Escuto em forte gemido enquanto luto para me libertar. Então meus olhos se nublam e tudo fica preto.

Kilter — Nããoo, Rayne. Estou muito longe para chegar a ela, mas Waleron vê o que estou passando e se transporta para perto de Rayne e Liam. É como brigar em areia movediça, enquanto tento alcançála e cada corpo, mesa e inimigo me bloqueia de propósito. Um arrepio gelado me percorre enquanto salto sobre o sofá derrubado e Liam sorri para Waleron antes de afundar suas presas no pescoço de Rayne. — Não!

Lanço uma mesa que estava na minha frente, agarro o pescoço de um verme e o decapito. Outro vem para mim, mas meus olhos estão sobre Waleron e Rayne. Ele me bate, me derruba e fico entorpecido por um segundo. —Waleron, exploda o maldito. Jesus Cristo, por que não está fazendo nada? —Ela está muito perto. Será atingida. Responde Waleron. —Vai morrer se não o fizer. Waleron nunca hesitou em uma luta. Reagia sem emoções. É nosso Taldeburu porque não hesita nem mesmo se houver uma chance de machucar um dos seus. Waleron sabe as consequências de sua indecisão, todos sabemos. Conheço o problema, nunca teve outra alma em sua vida que fosse seu próprio sangue. Nenhum parente, nenhuma esposa. Nem sequer uma casa sobre a qual soubéssemos. Mas agora tem uma filha. Levo meu punho para o peito do verme, tirando seu coração, então viro e fatio sua cabeça com minha faca. Salto sobre uma cadeira e passo por Jedrik e Tye que lutam com o último vampiro. A dez passos de distância. Nove.

Oito. —Agora. Grito para Waleron. Levanta sua mão e um raio de energia bate de raspão no braço de Rayne e atinge Liam em um lado. Seus dentes saem de seu pescoço enquanto oscila para trás pela explosão de energia. Rayne cai no chão paralisada. Colido contra Liam, a explosão de energia de Waleron ainda vibra através dele e se afunda em mim. Está atordoado por um segundo e é só o que preciso. Mergulho a faca em seu coração, enterro outra em seu pescoço, empurrando-o para longe de mim, seu corpo cai com um pesado ruído seco sobre o chão. Isso não é suficiente para matá-lo permanentemente. Olho para Waleron que está agachado junto a Rayne, as mãos embalando sua cabeça. — Acaba com ele? Waleron assente e levanta. Caio de joelhos junto a Rayne e arrasto seu corpo mole para o meu colo, mãos cobrindo o ferimento em seu pescoço, esse não é o único sangue. Passo minha mão para baixo na parte inferior de suas costas, também tem uma ferida lá. Ela está perdendo muito sangue. —Precisamos de Anstice aqui o mais rápido possível. Digo a todos.

Aplico pressão nas feridas, mas sua frequência cardíaca diminui. Procuro por respiração, alguma coisa. Minhas entranhas retorcem. Não está respirando. —Alguém traga Anstice. Grito. — Não vai morrer sobre mim, droga. Está ouvindo? O cheiro de carne queimada flutua no ar e sei que é Waleron destruindo o corpo de Liam. — Waleron. Levanto minha mão enquanto se aproxima. — Pode transportá-la para Anstice? — Não pode fazer isso. Delara trota a meu lado e ajoelha no chão do lado oposto de Rayne. — Só pode transportar-se comigo. — Precisamos de uma maldita Healer. Agora. — Posso transportar Anstice para cá. Diz Edan. Coloca sua mão sobre o ombro de Delara e o aperta. Doume conta do por que o Wraith está aqui... Veio para proteger Delara. Gira em uma nuvem de pó vermelho e desaparece. Delara acaricia a mão de Rayne enquanto lágrimas rolam pelo seu rosto. Waleron fica perto. Os CWOs estão mortos e

desintegrados para retornar a sua forma de inseto. Jedrik, Keir, e Tye cortam as cabeças de vampiros mortos. Em dez segundos Edan está de volta com Anstice, que parece atordoada pelo transporte permanecendo congelada por um segundo, então seus olhos pousam em Rayne. Não hesita enquanto patina para o chão no lado oposto a mim, olhando para Delara. — Suas emoções são muito inquietantes e vão infiltrar-se. É uma Refletora, Delara, não pode ficar perto agora. Anstice desafiando-a

me a

olha dizer

e o

levanto

mesmo.

minhas Tenho

sobrancelhas,

minhas

emoções

bloqueadas e não tem nenhuma chance de deixar Rayne. Delara tropeça em seus pés e recua, sua mão cobre sua boca, vira e se afasta. Os olhos de Edan aterrissam sobre Waleron. Tão pouco se move nem diz uma palavra por um segundo. Então Edan circula em um pó vermelho e desparece. Primeiro Anstice abaixa as mãos ao peito de Rayne e em um segundo este sobe e desce. — Kilter. Diz Anstice. — Tenho que curar sua garganta, as feridas e... — Não vou deixá-la. Digo com um rosnado feroz. Nenhuma chance. Assente. — Bem. Vire-a de lado.

Gentilmente desço Rayne do meu colo para o chão e a seguro com minhas mãos sobre seus quadris enquanto Anstice põe suas mãos sobre a ferida de faca na parte inferior de suas costas. Aperto o maxilar enquanto a dor pela ferida da facada me atinge e Anstice ofega. As malditas Healer tem a porra de um trabalho, sentindo a dor de todos enquanto os curam. Leva vários minutos antes que Anstice mova para sua garganta e o processo se repete. Uma vez que ambas feridas estão curadas, corre ligeiramente as mãos sobre o corpo de Rayne e o calor lentamente esquenta sua pele e suas bochechas ficam rosadas. Anstice senta sobre os tornozelos. — Estará fraca pela perda de sangue, mas ficará bem. Fecho os olhos brevemente quando o alívio filtra através de mim. Não quero sentir isso novamente. Correndo, sem ser capaz de chegar a ela, vendo os dentes de um vampiro afundarem em sua garganta. Rayne não precisa disto em sua vida. Não tinha notado Keir, mas agora está de pé atrás de Anstice e a ajuda a ficar de pé. — Está bem? Pergunta. Franze a testa.

— Eu deveria estar perguntando isso, está coberto de sangue. —0 Não é meu sangue, querida. Levanta-se na ponta dos pés e o beija. — É bom ouvi-lo, céu. Então vira para mim. — Está bem? Assinto e faço o que não pude fazer da última vez. — Obrigado. Sorri. — De nada. Então se afasta com Keir para o escândalo com Damien e seu Ink na outra sala. Levanto Rayne em meus braços e fixo meu olhar sobre Waleron. — Não dou a mínima para o que diga ou pense sobre isto. Fica tenso. — Sua filha é minha.

Abby

Olho Damien andar para frente e para trás, seus olhos a cada momento sobre mim e Simian. O Ink de Balen segue seus passos como se fosse uma sombra, exceto que esta sombra pode matá-lo com um pulo. Simian me protege dos Scars e sei por quê. Sou o inimigo. Liam pode estar morto e eu livre de suas ordens, mas isso não muda o fato de que sou um vampiro, com a perigosa habilidade de transformar a água em sangue. Odeio isso. Minha

mãe

também

odiava.

Fugia

e

escondia-se

constantemente dos vampiros. Até que não pôde mais se esconder. Não posso e não quero existir como um. A tranquilidade se estabelece sobre mim agora que Liam está morto, quase como se fosse normal, mas nunca serei normal novamente. A sede de sangue permanece, sempre o permanecerá. Damien. Olho para ele... Mãos apertadas, queixo tenso, seu rosnado feroz enquanto anda a pouca distância. Foi ele. Todo este tempo. Foi ele quem me manteve viva e saudável por tanto tempo. Cada dia brigava contra a Transformação porque ansiava por ele, precisava do seu toque. A maneira que descansava sua mão sobre a minha cabeça, como seu coração pulsava contra minha

bochecha sobre seu peito. A maneira que me olhava, assustado de me tocar no caso de eu não poder parar. Lágrimas enchem meus olhos, transbordando sobre as pálpebras e arrastando-se para baixo pelo meu rosto. Levanto minha cabeça e percebo a reconfortante carícia do Ink de Damien sobre a parte inferior das minhas costas. Sabe como me sinto. A angústia me sufocando como um cobertor. Imagens dele me dando seu sangue. O sacrifício que fez quando sabe que vai contra as leis dos Scars. Seu sacrifício por meses. Nosso bebê. Nossa perda. Pêssegos. Deus, o que começou tudo. — Abby. Waleron avança passando pelo Ink de Balen, que ruge, mas com um olhar de Waleron ele rapidamente se deita com um gemido. Para a dois passos de mim e de Simian. Limpo as lágrimas com a parte de trás do meu braço e levanto o queixo. Chegou à hora. Não tenho a intenção de ser mantida em uma jaula como um animal selvagem de zoológico. Estendo e coloco a mão sobre a bochecha de Simian. — Tenho que ir com Waleron. Simian me permite virar para encará-lo, mas ainda me retém completamente sem me deixar ir. Chego mais perto,

permanecendo sobre as pontas dos meus pés enquanto sussurro: — Olhe por ele, Simian. Escute-o. Deve ir agora. Quero que vá com ele. Mantenho minhas costas para Damien enquanto Simiam me libera e desaparece dentro do feixe de luz que o liga a Damien. Waleron se aproxima de mim e o cheiro do seu sangue é um forte aviso do por que estou indo para morte. Respiro fundo várias vezes antes de ser capaz de formar palavras. — Estou pronta. Nunca estarei pronta, não realmente. Amo minha vida. Antes de tudo isto, fiz tudo o que podia para desfrutá-la e foi isso que me trouxe aqui. — Pronta para que? Pergunta Damien, enquanto se aproxima. O Ink de Balen segue-o, rosnando. Permanece de pé na minha frente, mas Waleron bloqueia a passagem de Damien até mim. Mantenho a cabeça baixa e os olhos ocultos. Saberá. Verá no meu rosto. — Pronta para que? Exige Damien. — Damien. Diz Keir, aproximando-se.

— Foi escolha dela. — Escolha de que? Replica. Ninguém diz nada. Então seus olhos arregalam quando entende. Um rugido angustiado rasga através do ar, como fosse destroçar cada alma ao seu alcance. Lança para mim, mas Waleron me tira do seu alcance e os Inks de Keir e Balen o derrubam no chão. Jedrik, Delara, e Tye correm para ajudar. — Não, não. Grita Damien. — Abbs, não faça isto. Seguram-no enquanto luta como um louco. O som de pés lutando e rosnados misturados com seus furiosos gritos enquanto tenta desesperadamente se libertar. Waleron vai para a porta. Sigo-o. — Abby. Desta vez seu grito é um pranto alongado. — Deus, não se atreva a me deixar, caralho. Sufoco um soluço, com a mão na boca continuo a andar. — Waleron não afaste ela de mim. É tudo o que tenho. Os passos de Waleron permanecem inalteráveis. — Não. Há um rosnado alto e Balen murmura uma fileira de maldições. — Abbs, amo você. Amo você, droga. Grita Damien.

Meus joelhos cedem. Waleron está ao meu lado e antes que eu pare coloca seu braço ao redor da minha cintura. Damien, não faça isto. Por favor. — Waleron, se matá-la não vou parar até que esteja morto. Ameaça Damien. Olho para Waleron, meu coração tamborilando, temendo por Damien. Temendo que Waleron seja forçado a matá-lo, também. Aperta minha cintura. — Fala precipitadamente, os Scars o vigiarão. Assinto, olhando para meus pés enquanto andamos. Faço isto por ambos, sou um vampiro, ele um Scar, é impossível. Somos impossível. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e não me incomodo em limpá-las. Levanto o olhar para Waleron. — Conte a verdade a ele, que bebi o sangue de Liam de propósito. Waleron franze a testa. — Vai odiá-la. Sim. — É o melhor .

Hesita olhando sobre ombro para a briga entre Damien e os Scars, então assente. — Talvez. Paro na porta da frente e olho para trás mais uma vez. Damien está escondido atrás dos Scars que o rodeiam. — Adeus, Damien. Digo em um afogado sussurro. Amo você mais do que tudo. Mais do que a minha vida. Esta é a única maneira. Respire. Não olhe para trás. Levanto a cabeça e ando pela escuridão, meu algoz atrás de mim.

Waleron Dois dias depois Hesitei duas vezes, uma vez em enviar um raio de energia para Liam com Rayne em risco e agora. Sei que Delara está no apartamento, ouço-a respirar, sinto o cheiro doce e sedutor de sua pele que memorizei no primeiro dia em que a conheci. Subo as escadas para o apartamento. Sabe que estou aqui, assim como posso senti-la, também pode me sentir. Estamos conectados querendo ou não.

— Já vou, está bem. Diz antes que alcance os últimos três degraus que conduzem a sala de estar. — Jedrik veio com uma garrafa de vodca ontem à noite, estou um pouco lenta. Entra no banheiro quando paro na porta. Observo enquanto coloca os artigos de higiene pessoal em uma bolsa. Apoio contra o umbral da porta, cruzando os braços. Reagi exageradamente pedindo a Delara que deixasse Toronto e fosse viver em outro Talde. Estava furioso por mentir sobre Liam e de ter escutado sua satisfação pelo telefone quando disse que a esteve fodendo durante meses. E isso foi antes que soubesse que esteve grávida da minha filha. Delara conseguiu desaparecer uma e outra vez e nunca fui capaz de localizá-la. Uma dessas vezes estava levando minha filha. Nossa filha. Uma menina que foi cobaia em uma prisão. Reagi impulsivamente. Tinha todo direito de estar zangado, mas dizer a um dos meus Scars que partisse do Talde... Um Scar que não é qualquer Scar. É Delara. A mulher que não deixo de pensar nem por um minuto. — Está esperando para me escoltar até o avião? Ou me ver embalar as coisas lhe dá satisfação? Pergunta. — Não quero que deixe o Talde, Delara.

Mantenho meu tom firme e calmo. Ajuda que tomei três comprimidos ao chegar à galeria. — Mas não posso perdoá-la. Delara agarra um pedaço amassado de papel amarelado da sua mesa de cabeceira, o mete no bolso da calça jeans e cruza a sala até sua mochila. — Bom, mas vou assim mesmo. — Fugindo novamente. É uma declaração. Foge de tudo e sou o culpado da maior parte disso. Entretanto, dar o que quer é muito arriscado. Nunca colocaria sua vida em perigo outra vez por estar com ela, mesmo que isso esteja nos destruindo. — Mereço. Mas na verdade, não. Estou correndo para alguém. Não digo nada, com medo de perguntar a quem se refere. Apesar da minha negativa em dar a relação que quer, destroçame vê-la com outros homens. Isso é egoísta quando estou com outras mulheres. Agora ambos usamos outras pessoas para conseguir o que queremos. Agora compartilhamos uma filha. — Rayne precisa de você aqui. Joga sua bolsa sobre seu ombro. — É claro que pensaria tão mal de mim.

Caminha através da sala e para a poucos centímetros de mim. — Vou para algum lugar por algumas semanas e depois me reunirei com nossa filha e Kilter, estão se afastando um tempo dos Scars. Ainda não me disseram, mas é uma boa ideia. Rayne precisa de tempo para se curar, embora estar com Kilter vai exigir um monte de persuasão. Continua: — E depois acho que é melhor ir para o Talde de Xamien, pelo menos por um tempo. Agarro seu braço antes que tenha a chance de se esquivar e fugir pela porta. — Não a quero em outro Talde. Tenho todo o direito de estar com raiva, Delara. — Sim, tem, mas precisa saber que se tivesse que fazê-lo novamente, não contaria. Balança a cabeça. — Uma e outra vez faria a mesma escolha. Porra. Fico tenso. — Por quê? Tenta tirar seu braço do meu agarre. — Agora já não importa.

— Por que, Maitagarri? Seu queixo abaixa. — Tem razão, sabe? Estamos melhor separados. Não, não estamos, mas nunca deixarei que ninguém lhe faça mal e sou uma ameaça. Mesmo assim, não quero que parta. — Não vá ainda. Afasta o braço do meu agarre, dá um passo, em seguida para. Respira profundamente, fecha os olhos por um momento antes de encontrar meu olhar intenso. Algo nela suaviza. — É bom no que faz, liderando os Scars, lutando para proteger as leis. É para o que vive. Isso é o que você é, Tac. Pensei que um dia seria capaz de compartilhar essa vida comigo. O frio percorre meu corpo como uma lenta e profunda geada. Centímetro por centímetro. Cada palavra de sua boca é uma sentença de morte e é por isto que não é uma discussão ou uma briga apaixonada e quente. Esta é Delara sendo tranquila e racional. — Nunca pensei que teria a oportunidade de ver a minha filha. Nunca. Deus, ela é tão especial, Tac. Abaixa a voz. —A queria mais que tudo. Ter um pedaço de nós. Segurar a nossa filha. Conhecê-la. Vê-la transformar-se em uma mulher

linda e forte. Isso era tudo o que queria desde o momento em que soube que estava grávida. Fico tenso novamente. — Deveria ter me contado. Não diz nada. Depois fica nas pontas dos pés e me beija ligeiramente na boca. — Fez bem, Waleron. Nunca me chama de Waleron... Nunca. — Com a Abby. Jedrik disse o que fez. Aprenderá a se adaptar. Mesmo que não se dê conta disso agora, talvez um pouco desse gelo ao redor do seu coração esteja derretendo. — Abby me odeia. Digo. — Assim como Damien. Não sei o que fará se algum dia descobrir que está viva. Delara meio que sorri. — Eu sei, irá atrás dela. Passa um dedo pelo meu rosto. Um toque tão familiar, mas tão perdido nas lembranças que tive que enterrar. — Temos uma filha notável que veio do nosso amor, Waleron, isso é o mais especial que conhecerá. Minha respiração acalma quando uma lágrima desce pelo seu rosto. Tudo dentro de mim quer agarrá-la e não deixá-la ir,

mas, olho fixamente para ela, incapaz de me mexer quando Delara pega sua bolsa e sai. Escuto seus passos nas escadas e em seguida a porta da galeria abre e fecha. — Maitagarri. Sussurro. Foi-se. Um rugido profundo e enlouquecido escapa. Meu Ink queima ao redor da minha garganta. Seu movimento

tão

enlouquecido

como

meu

grito

tentando

violentamente escapar de mim. Agarro uma cadeira e a lanço do outro lado da sala. Choca-se contra a parede, quebrando-se. É o começo da minha destruição.

Rayne Quatro semanas depois — Querida, sério? Saio do banheiro com o vestido rosa que comprei na aldeia. Agarra as minhas curvas, que agora tenho e amo quando olho no espelho. Curvas que Kilter definitivamente ama, o que me faz amá-las ainda mais. Viro. O vestido vai até mais ou menos a metade da coxa.

— Gosta? Sei que sim pelo seu olhar ardente que frequentemente é acompanhado de um rosnado ou um gemido. — De jeito nenhum. Não vai usar isso. Rio. Disse isso a respeito do meu biquíni quando chegamos à ilha. Parece que Kilter tem problemas comigo escassamente vestida e estou aprendendo a aceitá-lo. É claro, está sendo irracional. Estamos de férias em uma ilha que é ensolarada, quente e requer menos roupa. Kilter foi implacável em sua busca para encontrar duas cabanas a pouca distância uma da outra. Finalmente conseguiu nas Ilhas Turcas e Caicos e estamos aqui há um mês. Delara chegou há duas semanas e se alojou em uma cabana no final da mesma praia que nós. Não disse onde esteve quando deixou Toronto no mesmo dia em que nós o fizemos. Tão pouco falou do que aconteceu com Waleron, mas sei que não foi bom, porque sempre que seu nome sai, evita o assunto. Quando ele liga, o faz frequentemente, e está comigo, se afasta. — É o rosa? Olho para o vestido para esconder o sorriso. Não é o rosa. — Achei que gostava de rosa, querido. Bufa. — Não gosto do maldito rosa, já disse isso. Movimento o quadril, as mãos sobre ele.

— Não é verdade, disse que gosta de rosa. Disse e por isso comprei o vestido hoje quando o vi na vitrine. Bem, uma das razões. O outro é exatamente pelo olhar em seus olhos agora... Quente. — A calcinha era rosa e a tirei. — Arrancou. — Docinho? — Não a tirou, a arrancou. Está de pé junto à janela que vai do chão ao teto e que dá para a praia e o mar. A brisa atravessa as portas corrediças de vidro, ondula seu cabelo e a camisa branca que está usando. Fica quente com camisa e jeans, os punhos abertos e as mangas enroladas, soltas e desiguais. Os dois botões superiores abertos e a camisa por fora, pendurada casualmente sobre a cintura de sua calça. Seu cinto de couro aparece na parte inferior do centro da camisa. — Terminou? Meus olhos voltam para os seus. Estava admirando-o e percebeu. Infelizmente, não aprecia a atenção. — Nunca terminarei. Rosna. — Docinho, tem que entender de onde venho. Entendo.

Vem para mim e sinto esse familiar tamborilar no meu estômago. Provoca isso em mim. Está descalço e anda sem fazer barulho no chão de madeira. Tem um pouco de areia na ponta dos seus pés. Esteve na praia enquanto tomava banho e me preparava. Não para até estar bem na minha frente. Pega a parte de trás do meu pescoço e arrepios percorrem a minha pele. — Está maravilhosa. E, sim, odeio rosa, exceto quando o usa. Seus dedos apertam, recolhendo meu cabelo em sua mão. — Quero rasgar este rosa também. Vou sentar e jantar com seu pai, meu maldito Taldeburu que me odeia, enquanto não posso pensar em outra coisa senão arrancar esse vestido... Não vai funcionar para mim. — Não odeia você. Suas sobrancelhas elevam. — Não muito. Passo minhas mãos pelo seu peito. — Controle e paciência querido. Pode arrancá-lo depois do jantar. — Não tenho nenhum desses dois. Pode ser que eu tenha mudado muito, mas Kilter ainda é Kilter. Impaciente. Seu controle é questionável, provavelmente a

razão pela qual Waleron não está emocionado que estejamos aqui juntos. E esta noite será seu último teste de controle, não pelo

vestido,

ok,

talvez

um

pouco

pelo

vestido,

mas

especialmente por Waleron. Pega minha mão esquerda, levanta-a e põe meu dedo anelar dentro de sua boca até o anel de diamante que me deu duas semanas depois de chegarmos aqui. Foi uma proposta simples. A quem estou enganando? Não foi uma proposta. Foi mais: "Vai casar comigo." Estava no banheiro escovando os dentes na primeira hora da manhã, veio por trás de mim e colocou o anel no balcão. Não houve caixa, nem fita de seda, nada, simples e direto. Então colocou suas mãos no meu quadril e encostou em mim. Beijou o lado do meu pescoço, enquanto eu ainda tinha a boca cheia de pasta de dente, olhei surpresa para o brilhante e deslumbrante anel diante de mim. Então disse que ia me casar com ele na praia em dez minutos e que me apressasse. Afoguei com o creme dental, engoli a metade e consegui cuspir o resto. Olhei-o fixamente através do reflexo do espelho. Já estava me olhando, sem sorriso, nem sequer uma contração. As sobrancelhas baixas e os dedos apertando meus quadris antes que me virasse, pegasse e colocasse sobre o balcão. Ainda não dizia nada porque estava atordoada. Aproximou-se

de mim, pegou o anel, minha mão e o

colocou no meu dedo.

Meus olhos foram do seu rosto para o anel e de volta para seu rosto. — Posso dizer sim primeiro? Deu de ombros. — Claro. Pode dizer o que quiser, mas vamos casar em nove minutos. Levei outro minuto para lançar os braços ao redor dele, a surpresa mudando para alegria. Então casamos na praia com Delara ao meu lado. Descobri mais tarde que Kilter disse a ela no dia anterior. Imaginei que não estava saindo de casa para que ninguém frustrasse seu plano. E por que não disse a Waleron. Descobrir que nos casamos, maited como os Scars o chamam, há duas semanas era uma boa oportunidade que não seria muito boa esta noite. Meu dedo escorrega de sua boca e seus olhos ardem com esse olhar que derrete calcinhas e agita meu estômago. — Sabe, pode ficar feliz porque já não estamos vivendo em pecado. Parece um pouco da velha escola. — Docinho, é um Antigo, um dos primeiros Scar. Sua mãe foi a primeira. Definitivamente é da velha escola. Não significa que gostará mais. A brisa quente da água salgada atravessa meus braços nus e fico arrepiada. Kilter nota. Sempre nota as coisas que acontecem comigo e gosto disso. Nunca tive ninguém que

cuidasse de mim assim. Ele o faz sem fazer muito esforço, porque se preocupa. Corre suas mãos para cima e para baixo dos meus braços e em seguida beija meu ombro nu. Waleron ainda tem que falar com Kilter depois da coisa com Liam e Jasmine. Não acho que está exatamente chateado com Kilter por alguma coisa em particular, mas Waleron gosta do controle, da ordem, Kilter não é bom nessas coisas. Seu dedo passeia por baixo da alça fina do meu vestido rosa. — Por que não tiro isto agora, aproveito e depois você coloca outra coisa? A alça cai do meu ombro enquanto volta sua atenção para o outro. — Chegará aqui dentro uma hora. — O jantar está pronto, docinho. Afasta a outra alça. A cabana ainda tem o persistente aroma do molho de massa picante que reparou mais cedo esta tarde. Está delicioso, mergulhei meu dedo nele várias vezes. Quando mexi para colocar um pedaço de pão, levantou-me sobre o balcão, puxou por cima do ombro e me levou pelas portas corrediças de vidro, pela passagem para a praia. Sacudia-me, gritava e ria. A risada parou quando entrou no mar e me atirou do seu ombro na água.

Não mergulhar mais meu dedo no seu molho. Kilter

estava

me

ensinando

a

cozinhar.

Bem, está

tentando, descobri que sou melhor observando e provando, do que cozinhando. Gosta de me sentar no balcão enquanto cozinha, quando não provo demais. Amo quando tem esse olhar ardente que me persegue. Acontece frequentemente enquanto cozinha. Esse olhar ardente que está acontecendo agora. Assim como esse sorriso zombador. Amo o sorriso de satisfação, que aparece mais frequentemente desde que estamos aqui. Beija meu ombro, uma chuva de beijos da minha clavícula até meu outro ombro. Gemo e jogo a cabeça para trás. — Cancele. Diz. Recuo e levanto sua cabeça. — Cancelar? — Sim, docinho. Com sua mão na parte inferior das minhas costas, me puxa bruscamente sobre ele. — Não posso cancelar. Waleron nunca esteve na Ilha, portanto, é incapaz de se transportar para cá, o que significa que tem que entrar em um avião e voar até aqui. Este é um grande assunto. — Está com medo de contar?

Joga a cabeça para trás e ri. O som é profundo, áspero e amo mais do que seu sorriso zombador. Quando para de rir, volta a me despir enquanto fala. — Tem que entender uma coisa sobre mim, docinho. Nada me assusta. Nada exceto perdê-la. Não dou a mínima se Waleron ficar furioso quando contar que é minha esposa e não o convidamos para o casamento. Meu vestido cai no chão. — O que importa é que ele não perca a cabeça e a machuque no processo. Bom, totalmente digno de se derreter. Passa sua mão nas minhas costas para cima e para baixo e brinca com o fecho do sutiã. Também cai no chão. — Quero cancelar, porque a minha menina está usando um sexy vestido rosa e a quero pelas próximas cinco horas. — Cinco horas? Sorri — Temos massa no fogão, então sim, cinco horas. — Como sabe? Suas mãos vão para baixo da minha bunda e me levanta. Minhas pernas envolvem ao redor dele enquanto me leva da sala para o quarto. Então me joga no edredom branco e salto antes de me contorcer. — Sabe que estará aqui em breve.

Desabotoa os botões de sua camisa. Afasta e meu olhar cai sobre seu peito colorido até seu abdômen duro. — Pode esperar. Ai. Meu. Deus. — Kilter, seu voo aterrissa a qualquer momento. Sua calça cai e sai dela. Aproxima-se da cama e abaixa seu corpo, mãos dos lados da minha cabeça antes que o colchão afunde sob seu peso. — Irá ver Delara primeiro. Hummm pode ser que tenha razão a respeito. — Não tenho certeza se o deixará entrar. Kilter bufa. — É possível que não o deixe entrar, mas isso não o deterá. De novo, verdade. — Amo você, querida, mas podemos parar de falar do Waleron, então posso foder você. Rio e me aproximo, seguro a parte de trás do seu pescoço e levanto para sussurrar em seu ouvido. — Também amo você, Kilter. Geme e cai novamente sobre o colchão enquanto cola sua boca na minha. Então me mostra o quanto me ama.

Mexo-me bruscamente e sento quando escuto pisadas na varanda antes que a porta deslizante abra. Então a voz de Waleron chama. — Dez minutos. Mais passos e depois nada. — Meu Deus. Bato de volta no travesseiro, fechando meus olhos com um gemido. — Meu vestido, meu sutiã, no chão da sala. — Sim e daí? Kilter rola, me levando junto, me sento montada sobre ele. — Sabe que fodemos, docinho. Antes que possa responder, me arrasta para baixo para outro beijo e me derreto. Quando termina de beijar, senta comigo em seu colo. Então levanta e vou com ele. Escorrego pelo seu corpo enquanto fica de pé. — Vista-se, vou contar a ele. Meus olhos arregalam. —Agora?

Dá de ombros. — Docinho, já disse que é minha. Agora é oficial aos olhos da lei, mas foi oficial no momento em que disse ao nosso Taldeburu que é minha. O que vai incomodá-lo é que não dissemos que nos casamos na praia há semanas. Pega meu queixo, polegar acariciando para frente e para trás. — Vou enfrentar as consequências. Fique aqui. Vista-se. Abra o vinho. Deus, amo este homem. — Está bem. — Vinho... Acena e move para se vestir. Olho para ele enquanto puxa sua calça e camisa. Nunca vou me acostumar com isto. Este calor dentro de mim, a leveza, a liberdade de amar e ser amada. É agora. Não é o melhor momento, mas não tenho escolha. Saberá quando rejeitar o vinho. Abro meus pensamentos e o deixo entrar. Kilter para antes de chegar na porta. Suas costas ficam rígidas. Todo seu corpo fica rígido. Em seguida vira e caminha para mim. Mordo meu lábio. Alcança-me.

— Está falando sério? Está grávida? Assinto. — Ainda não é oficial, mas sei. Senti por alguns dias. — Sentiu? Sorrio. — Refletora querido. — Porra você sentiu. Fica em silêncio por um minuto, as sobrancelhas baixas franzindo a testa. Em seguida a testa levanta e diz: — Vou dizer para Waleron voltar em uma hora. Meu Deus, não se diz ao Waleron para voltar em uma hora. — O que? — Docinho, não pode me dá uma notícia como esta enquanto estou saindo pela porta. Uma notícia como essa significa que está gritando embaixo da minha boca. Há uma erupção de beliscões entre as minhas pernas. Coloca as mãos sobre meus quadris e me guia para trás até que minhas coxas batem no colchão. Caio e ele continua com sua boca. Então beija adoravelmente cada centímetro do meu abdômen. Olho para ele, minhas mãos em seu cabelo,

capturando o brilho do seu sorriso tranquilo. É bonito. Kilter é meu lindo Tirano.

Center World Other (CWO): durante milhares de anos, numerosos organismos que sobreviveram à Idade do Gelo se mantiveram ocultos até a cem anos quando emergiram à superfície da terra em forma de insetos inteligentes. Podem habitar um corpo humano recentemente falecido, possuindo corpo e alma. A transformação se da dentro de sete dias, dependendo da espécie. Imune aos poderes dos Wraiths, protegido pelo calor e os minerais do núcleo da terra. Grit’s (CWO): derivados da barata comum. Sem cheiro. Difícil de rastrear. Capaz de curar em segundos. Meio de destruição: A decapitação. Assume os corpos dos homens atraentes com uma forte presença. Atrai as mulheres para a cama com a intenção de extrair o ar de seus pulmões para viver mais tempo em seu estado humano. Lilac (CWO): Ordem dos insetos Lepidópteros (mariposas). Adota

os

corpos

das

mulheres.

Sabe-se

que

são

de

extraordinária beleza para atrair seus alvos. Sua pele emite uma substância em pó que cheira a lilás. Capaz de apanhar presas em teias de aranha. As vítimas são armazenadas nos casulos que são mais tarde utilizados como alimento.

Pescoços compridos (CWO): derivados do escaravelho comum.

Conhecidos

como

seguidores.

Têm

o

pescoço

estranhamente comprido. Caracterizados por acne, substância em grandes quantidades e maus cheiros, comparados com o lixo podre. Pests (CWO): derivados do mosquito comum. Desovam em pântanos, ou áreas pantanosas como áreas próximas aos túmulos. Emitem um zumbido que só os Sounders podem detectar. Possuem uma visão excelente. Sua pele emite um agente que provoca coceira. O DEACONRY: assembléia composta de quatro Wraiths, dois Scars e uma bruxa. Decide as leis e castigos para todo aquele que vive sob a Deusa Azzura. Deusa Azzura: deusa do reino. Acredito nos Scars e Wraiths. Também é Deusa das Bruxas. O reino: Um domínio de outro mundo, onde residem os Wraiths e se convoca o Deaconry. Wraiths: quatro bruxas, que tinham sido queimadas nas Hogues, a Deusa Azzura ofereceu-lhes um indulto. Cada espírito foi ressuscitado como um espectro com o poder de um dos quatro elementos: terra, água, fogo e ar. Vivem no reino, mas podem caminhar na terra por curtos períodos de tempo. Scars: guerreiros imortais com capacidades derivadas dos sentidos: Trackers, Sounders, Healers, Tasters, Visionarios, e os Refletores. Evoluídos em 1620 no Zugarramurdi, Espanha

durante a inquisição espanhola. Com o fim de combater a devastação das massas, cinco bruxas juraram lealdade à Rainha Azzura. Em troca, concedeu-lhes a imortalidade, habilidades únicas dos sentidos e um Ink que poderia ser convocado para amparo. Scar Healers: mulheres com a capacidade de curar outros Scars e humanos. Em raros casos, são capazes de curar animais e outras entidades. São capazes de visualizar a lesão e curar a ferida de dentro para fora. Experimentam a dor da lesão. Scar Refletor: possuem empatia com as emoções. Podem alterar as emoções dos outros. Caracterizado por fortes habilidades telepáticas. Scar Sounder: capaz de detectar altas frequências de longas distâncias. Scar Taster: capaz de detectar as emoções dos outros por uma mudança notável nas moléculas do ar afetando o sabor. Scar Tracker: possuem a habilidade de rastrear células ao trocar de pele. Scar Visionário: capazes de ver através de certos objetos. Alguns são capazes de ler a hiper velocidade ou incendiar através dos objetos. Sonho Profundo (SP): um estado de sono em que alguém podef icar contido por curtos períodos de tempo.

Ink: tatuagem de um Scar que ele pode chamar para a vida. Maite: Marido ou esposa de um Scar. Descanso: um estado similar ao estado de coma onde um Scar é colocado como castigo. Período de Descanso determinado pela Deaconry (The Deaconry). Sublymns: meninos vivendo no reino e que tiveram mortes horríveis na Terra. Talde: grupo do Scars, similar a uma aliança. Taldeburu: líder do Talde dos Scars.
Nashoda Rose-Scars of The Wraiths-02-Tyrant

Related documents

634 Pages • 102,052 Words • PDF • 2.6 MB

228 Pages • PDF • 110.3 MB

36 Pages • 12,176 Words • PDF • 1.3 MB

148 Pages • PDF • 15 MB

7 Pages • 48 Words • PDF • 4.2 MB

148 Pages • PDF • 45.9 MB

340 Pages • 144,352 Words • PDF • 2.6 MB

58 Pages • 21,176 Words • PDF • 227.6 KB

175 Pages • 8,251 Words • PDF • 192.9 MB

6 Pages • 841 Words • PDF • 2.5 MB

434 Pages • 334,082 Words • PDF • 3.8 MB