MANUAL APH - CEPAP -2017

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MANUAL BÁSICO DE ATENDIMENTO PRÉ – HOSPITALAR Centro de Educação Profissional em Atendimento Préhospitalar - CEPAP

Suporte Básico de Vida em Cardiologia Emergências Clínicas e Cardiológicas Assistência ao Politraumatizado no Pré-hospitalar Acidentes com Animais Peçonhentos

2ª EDIÇÃO 2017

1ª Edição - 2014:

Sub Ten BM Q11 Robson Esteves

Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-Hospitalar Comandante: Ten. Cel. BM QOC Aurélio de Carvalho Sub-Comandante: Maj BM QOS/Méd Zoraia Oliveira

Sub Ten BM Q11 Edmilton de Souza Sub Ten BM Q11 Luiz Carlos Siqueira Sub Ten BM Q11 Rubens Ferreira Lopes

Colaboradores: Ten. Cel. BM QOSEnf Márcia Fernandes Mendes Araújo Maj BM QOS/Méd Maria Fernanda Lattanzi Bezerra de Melo Maj BM QOS/Méd Adriano Bertola Vanzan Cap BM QOS/Enf Vladimir Fernandes Chaves Cap BM QOS/Enf Flávio Sampaio David Cap BM QOS/Méd Carlos Otávio Santos Silva Cap BM QOS/Enf Gilson Clementino Hanzsman Cap BM QOS/Méd Roberto Fernandes Outeiro Júnior CapBM QOS/Méd Antônio Carlos Rodrigues Justo Cap BM QOS/Méd Andréia Pereira Escudeiro

Sub Ten BM Q11 Simone de Oliveira Costa Sub Ten BM Q11 Danieli Bello Chimer da Silva Sub Ten BM Q11 Sandro Lucas da Silva Sub Ten BM Q11 José Henriques Marques Neto Sub Ten BM Q11 Robson Fernandes Castro Torres Sub Ten BM Q06 Flavio Henrique Cesário de Souza Sub Ten BM Q06 Valmir Rufino Vieira Sub Ten BM Q11 Valcir José de Almeida Sub Ten BM Q06 José Marcos Menezes Sub Ten BM Q11 Rivelino Adriano da Silva Sub Ten BM Q11 Leandro Lessa de Vasconcellos

Ten BM QOS/Enf Cristiane Pontes Ten. BM QOA Sérgio Corrêa da Silva Ten. BM QOA Carlos Eduardo Sá Ferreira

3º Sgt BM Q11 Ana Paula Lopes 3º Sgt BM Q11 Alexander Simonato 3º Sgt BM Q11 Silvana Raquel Ferreira Q. de Olivieira

*************************************************

Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ

2ª Edição - 2017: Comandante: Ten Cel BM QOC

Cesar Augusto dos Santos Junior

Colaboradores: Ten Cel BM QOS/Enf

Gilson Clementino Hanszman

Maj BM QOS/Enf

Cristiane Costa Marinho Pereira

Maj Bm QOS/MED

Adriano Bertola Vanzan

Maj BM QOS/Enf

Vladimir Fernandes Chaves

Maj BM QOS/Enf

Flávio Sampaio David

Cap BM QOA

Walter Evangelista de Souza

Cap BM QOA

Carlos Eduardo Sá Ferreira

Cap BM QOA

Sérgio Corrêa da Silva

Ten BM QOS/ENF

Sergio Gottgtroy de Araújo

Ten BM QOA

Evaldo Freitas Soares

Sub Ten BM QBMP06/AxE

Regina Célia Evangelista Silva

Sub Ten BM QBMP11/TEM

Simone de Oliveira Costa

Sub Ten BM QBMP11/TEM

Robson Fernando de Castro Torres

Sub Ten BM QBMP11/TEM

José Henriques Marques Neto

Sub Ten BM QBMP11/TEM

Rivelino Adriano Silva

Sub Ten BM QBMP11/TEM

Elaine de Souza Cabral de Oliveira

Sub Ten BM QBMP06/AxE

Alexandre Belarmino

Sub Ten BM QBMP11/TEM

André Carlos Silva Anselmo

2̊ SGT BM QBMP11/TEM

Alexander Simonato

2̊ SGT BM QBMP06/AxE

José Luciano Sucupira Otero

2̊ SGT BM QBMP11/TEM

Ana Paula Lopes das Neves

2̊ SGT BM QBMP11/TEM

Silvana Raquel da Silva Ferreira

SGT BM QBMP06/AxE

Carlos José Cesário de Souza

CB BM QBMP06/AxE

Victor Pinheiro de Carvalho

CB BM QBMP06/AxE

Mércia Jesus da Silva Conrado

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ÍNDICE CAPÍTULO 1: SUPORTE BÁSICO DE VIDA INTRODUÇÃO

06

CENA

07

RCP EM ADULTOS E USO DO DEA/AED

12

RCP EM CRIANÇAS

20

RCP EM BEBÊS

27

ASFIXIA EM CRIANÇAS

29

ASFIXIA EM BEBÊS

32

ASFIXIA EM ADULTOS

34

ASFIXIA EM GESTANTES

35

CAPÍTULO 2: EMERGÊNCIAS CLÍNICAS E CARDIOLÓGICAS AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA

37

EPLEPSIA / CRISE CONVULSIVA

39

ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO

42

HIPOGLICEMIA

46

SINDROME CORONARIANA AGUDA

48

HIPOTERMIA

50

HIPERTENSÃO

51

ASMA

52

CAPITULO III: ASSISTÊNCIA AO POLITRAUMATIZADO NO APH EXAME DO PLITRAUMATIZADO

59

ESTADO DE CHOQUE

66

TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E RAQUIMEDULAR

72

TRAUMA DE TÓRAX

73

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TRAUMA ABDOMINAL

77

TRAUMA PÉLVICO E DE EXTREMIDADES

79

TRAUMA EM SITUAÇÕES ESPECIAIS

86

INCIDENTES COM MULTIPLAS VÍTIMAS

97

MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS

103 4

CAPITULO IV: ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS OFIDÍSMO

115

ARANEÍSMO

118

ESCORPIANISMO

123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

127

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Capitulo I Suporte Básico de Vida

No Brasil, o mal súbito é conhecido como um problema de saúde inesperado, sendo responsável pela morte de milhares de pessoas por ano. Os óbitos acontecem, muitas vezes, porque os cuidados imediatos não foram realizados corretamente. Destaca-se que dominar o conhecimento acerca do primeiro atendimento é fundamental para salvar vidas. Podemos afirmar que o primeiro atendimento em caso de mal súbito possuí dois objetivos: evitar o agravamento do quadro e manter a vítima em condições de sobrevida até a chegada do socorro especializado. Cabe ressaltar, que a situação mais grave de mal súbito é quando a vítima apresenta um colapso, com perda de consciência, e ausência dos sinais vitais, ou seja, entra em Parada Cardiorrespiratória (PCR). Podemos afirmar também, que qualquer sintoma clínico que resulta na perda ou queda do nível de consciência, como é o caso de uma crise convulsiva, ou de um desmaio, ou de uma hipotensão arterial, ou de uma grave dificuldade respiratória, é considerado um mal súbito. Destacamos que a contextualização do atendimento préhospitalar para as principais alterações clínicas serão abordadas posteriormente, e neste capítulo, abordaremos o atendimento inicial à vítima que apresenta um quadro de PCR. Sublinhamos que aplicação da RCP (Reanimação Cardiopulmonar) de alta qualidade aumenta as chances de sobrevida de uma vítima em Parada Cardiorrespiratória (PCR). Neste contexto, cabe ressaltar, que a maior causa de PCR súbita é a Fibrilação Ventricular (F.V. - atividade elétrica caótica que não gera função de bomba para o coração). A Fibrilação Ventricular, quando não tratada corretamente, pode levar a vítima ao óbito. O Suporte Básico de Vida (SBV) é o conjunto de procedimentos técnicos e medidas coordenadas que visam manter os órgãos vitais viáveis (cérebro e coração), até que seja iniciado o Suporte Avançado de Vida (SAV). Apesar de sua nomenclatura ser básica, ele é o pilar que antecede o SAV. A Desfibrilação Precoce deve sempre ser priorizada em eventos de PCR.

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No protocolo de RCP/DEA do CBMERJ recomenda-se que todo Bombeiro Militar (BM) deve utilizar o Desfibrilador Externo Automático (DEA), assim que disponível. Buscando assim, obter êxito no procedimento e manter acesa a chama do lema “VIDAS ALHEIAS E RIQUEZAS SALVAR”. Em uma situação de PCR as manobras de RCP podem fazer toda a diferença para a vítima. Portanto, quanto mais precoce e eficaz for o atendimento, maiores serão as chances de sucesso. Isso é possível devido à presença de oxigênio residual no organismo da vítima depois de estabelecida a PCR. Ao iniciar a RCP precocemente (em até 4 minutos de sua ocorrência), as chances do cérebro sofrer danos serão pouco prováveis. Após estes 4 minutos, as chances de recuperação sem sequelas neurológicas diminuem muito e acima de 6 minutos provavelmente surgirão danos irreparáveis devido à falta de oxigenação (hipóxia). Torna-se fundamental adotar os seguintes procedimentos: · · · · · · · · ·

Checar se o local é seguro; Acionar precocemente o Sistema Médico de Emergência (SMS); Iniciar as compressões nos primeiros 10 segundos do início da PCR; Comprimir o tórax com força e rapidez entre 100 a 120 compressões por minuto Permitir o retorno total do tórax a cada compressão; Minimizar interrupções nas compressões (não passar de 10 segundos cada intervalo das compressões); Administrar as ventilações de forma eficaz; Evitar ventilações em excesso; Utilizar precocemente o DEA.

1 - CENA A avaliação da cena é a etapa na qual o Socorrista deve observar criteriosamente a segurança no local de atuação da sua equipe. Se houver risco na cena, a vítima só deverá ser abordada quando o risco for neutralizado. Nunca entre em um local que não esteja seguro

Se o local em que você estiver não parecer seguro, saia imediatamente!

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1.1-

Perguntas preliminares:

a) A cena está segura? É importante reconhecer os possíveis riscos assim como as medidas a serem tomadas para a abordagem correta e segura da vítima. É necessário evitar ou eliminar os prováveis agentes causadores de lesões ou agravos à saúde, tais como fogo, explosão, eletricidade, fumaça, água, gás tóxico, tráfego, desmoronamentos, ferragens cortantes, materiais perigosos etc. Caso o controle desta situação esteja fora de sua governabilidade, acione imediatamente a ajuda necessária, exemplo: Polícia Militar, equipes de resgate especializadas e concessionárias de energia elétrica, entre outras. b) O que aconteceu e como aconteceu? É indispensável para a tomada correta de decisão, que o Socorrista faça uma avaliação global do local do evento, incluindo a avaliação física da cena, dos transeuntes, dos familiares e da vítima. Em muitas situações a vítima parece bem, o que nos leva a subestimar a sua gravidade. Mas se levarmos em consideração o motivo que causou o evento clínico poderemos suspeitar de uma provável gravidade. 1.2-

Cuidados na abordagem da vítima:

1.2.1- Bio-proteção: Ao aproximar-se da vítima, o Socorrista deverá ter sempre em mente a sua própria segurança e utilizar Equipamento de Proteção Individual (EPI), pois o contato direto com sangue, urina, fezes, saliva, pode causar vários danos à saúde. Em caso de contato acidental com o sangue ou secreções da vítima, o socorrista deve proceder da forma a seguir: a)

Se houver contato direto com a pele, lave-a com água corrente e sabão.

Verifique se não há rachaduras, ressecamentos ou lesões no local. Caso haja, procure orientar-se com o profissional de saúde responsável pelo protocolo de acidente com material biológico de sua Unidade. b) Se houver contato direto com os olhos ou mucosas, lave-os imediatamente com água corrente abundante e siga o protocolo para acidente com material biológico de sua Unidade.

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ATENÇÃO (1) Caso tenha sangue ou vômitos na boca da vítima, aspire às vias aéreas; (2) Evite respiração boca a boca. Prefira os dispositivos de barreira para ventilação (máscara de bolso e dispositivo Bolsa Válvula Máscara – “AMBU”); (3) Utilize EPI em todos os atendimentos!!!

1.3-

Cadeia de Sobrevivência

A Cadeia ou corrente da sobrevivência (figura 1) representa elos importantes na sequência do atendimento, onde cada um destes elos representa procedimentos fundamentais no processo de atendimento à parada cardiorrespiratória. Nas diretrizes de 2015, estão representadas duas cadeias: Parada Cardiorrespiratória IntraHospitalar (PCRIH) e Parada Cardiorrespiratória Extra-Hospitalar (PCREH).

/

Figura 1: Cadeia da sobrevivência AHA / (Fonte)American heart association®

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1.4-

Abordagem Inicial

1.4.1-Avaliação do nível de consciência Para avaliar a responsividade, posicione a vítima em decúbito dorsal (barriga para cima), segure-a pelos ombros com o objetivo de contê-la caso a mesma queira se levantar, e chame-a: “Senhor (a), está me ouvindo?” Ao mesmo tempo em que é avaliada a responsividade, o socorrista deverá observar se há movimentos respiratórios. Caso a vítima não responda e não respire, ou apresente respiração ineficaz tipo gasping (“peixe fora d’água”), solicite ajuda e inicie as manobras de RCP.

Os profissionais de saúde deverão, simultaneamente, avaliar a responsividade, a respiração e o pulso carotídeo.

Se a vítima apresentar movimentos respiratórios dentro de um padrão aceitável, o socorrista deverá atentar para a abertura das vias aéreas, permanecendo com a mão na testa (região frontal de crânio) e elevando o queixo da vítima (técnica descrita a seguir) e oferecer oxigênio suplementar através do uso de máscara facial com reservatório a um fluxo suficiente para manter a saturação de O2 acima de 92%. Caso haja necessidade de deixar a vítima para realizar algum procedimento, deve-se colocá-la em Posição Lateral de Segurança (P.L.S.). Essa técnica será descrita ainda neste capítulo. Com a sequência CAB, as compressões torácicas serão iniciadas o mais precocemente possível e o atraso nas ventilações será mínimo. O tempo necessário para aplicar o primeiro ciclo de 30 compressões torácicas, dura em média 18 segundos.

C A B

Compressões Torácicas

Abrir as Vias Aéreas

Boa Ventilação

FONTE: American heart association®

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ 1.4.2-Algoritmo de PCR em adultos para profissionais da saúde de SBV – atualização de 2015

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FONTE: American heart association®

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RCP NO ADULTO E O USO DO DEA/AED A Reanimação Cardiopulmonar (RCP) consiste em comprimir o tórax e ventilar uma pessoa em Parada Cardiorrespiratória (PCR) na proporção 30 compressões X 02 ventilações, utilizando dispositivo de barreira e ininterruptamente caso não possua um dispositivo de barreira. ETAPAS

AÇÃO

1

Posicionar a vítima na posição decúbito dorsal (de barriga para cima) em uma superfície rígida e plana

2

Retirar as vestes da vítima

3

Colocar o (apelidado) “calcanhar de sua mão”, posicionando a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para maior firmeza e posicionar sobre o tórax da vítima, ou seja, na metade inferior do esterno que coincide com a linha intermamilar.

4

Comprimir com os braços retos a uma profundidade próxima a 5 a 6 cm e uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto.

5

Após cada compressão, devemos deixar o tórax voltar à posição normal.

Na abordagem de uma vítima, devemos sempre avaliar riscos próximos a esta pessoa, observando se há algo que possa colocar a vida do socorrista e de sua equipe em risco iminente. Após a checagem, devemos abordar a vítima segurando pelo ombro e perguntando “você está bem?” (Figura 1).

Figura 1: Abordagem da Vítima / Nível de consciência

Após avaliar que a mesma se encontra inconsciente, devemos olhar o tórax abrindo as vestes e observar se há respiração normal e checando o pulso simultaneamente, este procedimento pode ser observado na (figura 2 e figura 3).

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Figura 2: Visão do profissional de saúde.

Figura 3:Visão do Leigo, não profissional.

Ao observar que esta pessoa não responde, não respira e não tem pulso, acione um serviço de emergência (192 ou 193) e solicite um DEA/AED.

Figura 4: Pedido de ajuda / Acionamento do Socorro.

1 – RCP - ADMINISTRAÇÃO DAS COMPRESSÕES E VENTILAÇÕES Após avaliar a “responsividade” da vítima e constatar que a mesma não responde, não respira e não tem pulso (checagem por profissionais de saúde), devemos acionar o sistema médico de emergência e solicitar um desfibrilador – DEA/AED (Figura 4). Logo em seguida a solicitação de ajuda, devemos iniciar as manobras de Reanimação CardioPulmonar (RCP) imediatamente, iniciando pelas compressões no

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tórax. A RCP se compõe em duas etapas principais: compressões e ventilações, onde devemos comprimir o tórax com certa força e rapidez promovendo um bombeamento de sangue oxigenado para os órgãos vitais, como o coração e o cérebro. Devemos comprimir o tórax, promovendo uma RCP de alta qualidade para manter uma boa perfusão de oxigênio já que este coração não está bombeando normalmente. Deve-se apoiar o (apelidado) “calcanhar da mão” na metade inferior do osso externo do paciente e apoiando a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos para uma maior segurança nas manobras (figuras 5, 6, 7 e 8). Os braços do socorrista deverão estar em um ângulo a 90º sobre o tórax do paciente e deprimindo este tórax a uma profundidade de 5 a 6 centímetros.

Figura 5: Marcação do local da compressão.

Figura 6: Técnica de compressão torácica.

Figura 7: Técnica de compressão torácica e ventilação assistida com uso de bolsa-válvulamáscara

Figura 8: Técnica de compressão torácica e ventilação assistida com uso de bolsa-válvulamáscara

Destacamos que, caso por algum motivo o socorrista não conseguir entrelaçar os dedos, este poderá segurar com sua segunda mão o punho, onde dará também firmeza para comprimir. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Caso a RCP seja realizada sem um dispositivo de barreira, o socorrista poderá realizar apenas as compressões no tórax do paciente e revezando com outro socorrista a cada dois minutos. Lembramos que, com dois socorristas e sem dispositivo de ventilação, enquanto um realiza as compressões o segundo poderá deixar a via aérea aberta segurando e inclinando a cabeça, mas, caso esteja sozinho deverá apenas comprimir. Após as 30 compressões, caso haja um dispositivo de ventilação, devemos abrir as vias aéreas a fim de liberar a passagem de ar com a retirada da base da língua. A técnica consiste em inclinação da cabeça e elevação do queixo (Figuras 9 e 10).

Figura 9:Técnica de hiperextensão da cabeça.

Figura 10:Técnica de hiperextensão da cabeça.

Destaca-se que se o socorrista administrar uma ventilação e o tórax não se elevar, deve então deixar a cabeça retornar à posição normal. Em seguida, abra as vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o queixo. Depois, administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve. Não interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar ventilações. Se o tórax não se elevar em 10 segundos, comece a comprimi-lo com força e rapidez novamente. Apesar da ventilação boca a boca oferecer poucos riscos, é contra indicada quando houver presença de sangue, secreções, fluidos ou ferimentos na boca, sendo entendido como situações que podem vir a oferecer riscos ao socorrista. Durante a RCP, a chance de contrair uma doença é pequena, ainda assim, alguns locais de

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trabalho exigem que os socorristas usem máscara de ventilação. Às máscaras são feitas de material sintético flexível que se encaixam sobre a boca e o nariz da pessoa doente ou lesionada (figura 11 e 12). Talvez seja necessário montar a máscara antes de usá-la. Se a máscara tiver uma extremidade afunilada, coloque a parte estreita da máscara no alto do nariz. Posicione a parte larga de modo a cobrir a boca da vítima (em caso de crianças pequenas a máscara será aplicada em posição invertida). 15

Figura 11: PocketMask (Máscara de Bolso)

ETAPA

Figura 12: Ventilação sob máscara

AÇÃO

1

Coloque a máscara sobre a boca e o nariz da pessoa.

2

Incline a cabeça e eleve o queixo enquanto pressiona a máscara contra o rosto da pessoa. É importante produzir uma vedação impermeável entre o rosto da pessoa e a máscara enquanto o queixo é elevado para manter abertas as vias aéreas.

3

Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada.

Caso você tenha a mão um dispositivo como bolsa de ventilação e esteja em dupla com outro socorrista, posicione-se atrás da cabeça da vítima para adequar a máscara a face e administrar as ventilações (Figura 13).

Figura 13:Bolsa de Ventilação (bolsa-válvula-máscara)

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2- DESFIBIRLAÇÃO EXTERNA AUTOMÁTICA: Com estas etapas manteremos uma RCP executando os ciclos de 30 compressões x 02 ventilações, ou sem dispositivo de ventilação, apenas com as compressões sem parar até a chegada do DEA/AED. Um DEA/AED é uma máquina com um microprocessador integrado que pode aplicar choques no coração e ajudá-lo a voltar a funcionar normalmente. Se você iniciar a RCP imediatamente e após alguns minutos usar um DEA/DAE, terá maior chance de salvar uma vida. Os AEDs/DEAs são seguros, precisos e fáceis de usar. O DEA/DAE determina se a pessoa necessita de um choque e avisa para administrá-lo se necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que ninguém esteja tocando a vítima. As pás usadas para administrar o choque têm um diagrama que indica como posicioná-las no tórax pessoa. Siga o diagrama. As formas mais comuns de ligar um DEA/AED são pressionar o botão “ON” (Ligar) ou erguer a tampa do DEA/AED. Uma vez ligado o DEA/AED, ele indicará tudo o que você precisa fazer.

Use o DEA/AED somente se a pessoa não responder e não estiver respirando ou apresentar gasping.

Se você tiver acesso a um DEA/DAE, use-o IMEDIATAMENTE. Certifiquese de que ninguém esteja tocando a vítima antes de pressionar o botão “SHOCK” (Choque) (figura 15). Se não localizar um DEA/AED rapidamente, inicie a RCP Comprimindo com Força e rapidez.

Etapa

Ação

1

Ligar o DEA/DAE

2

Seguir os avisos visuais e sonoros,

3

Coloque os eletrodos no tórax do paciente conforme as (figuras 14 e 15)

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Figura 14:RCP após o Choque.

Figura 15:Posições dos socorristas durante a aplicação do choque.

Após a administração do choque, inicie imediatamente as compressões torácicas interrompendo apenas 10 segundos no máximo para executar as duas ventilações e faça a RCP até o DEA/AED sinalizar para interromper a RCP, para que ele possa novamente analisar e se necessário indicar outro choque. Mas, se o mesmo falar: “choque não indicado”, inicie imediatamente às manobras de RCP até a chegada do serviço médico de emergência, caso seja um profissional da saúde avaliar pulso. 2.1 - Cuidados na colocação das pás/eletrodos ·

Retirar excesso de pêlos no tórax do paciente Caso a vítima tenha muito pelo no tórax, deve-se retirar com dispositivos de barbear ou até mesmo com as pás, cuidado para não rasgá-la (ideal ter uma reserva) ·

Secar o tórax Devemos secar todo tórax da vítima a fim de que o choque não se espalhe pela superfície e também para as pás colarem na pele.

·

Retirar adesivos de medicamentos Caso haja adesivos de medicamentos colados na pele, estes deverão ser retirados.

·

Cuidados com marcapasso implantado Se este paciente possuir um marcapasso implantado no local da posição das pás, deve-se colar o eletrodo cerca de 4 a 5 centímetros para o lado, pois se colocar as pás em cima do aparelho, este poderá ser inutilizado.

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Após a RCP e o choque, se a pessoa estiver respirando, mas não estiver respondendo, vire-a de lado e aguarde que alguém com treinamento mais avançado assuma o socorro (Se for uma equipe de SME realizar avaliação e considerar remoção). Coloque a pessoa em posição lateral de segurança (Figuras 16 e 17), pois manterá as vias aéreas desobstruídas caso a pessoa vomite. Se a pessoa parar de respirar ou apresentar somente gasping, vire-a na posição decúbito dorsal e avalie a necessidade de RCP. Enquanto esta pessoa que retornou aos batimentos e aguarda o suporte avançado, o desfibrilador deverá estar ligado todo o tempo, mesmo que a cada dois minutos ele fique falando, pois este o manterá informado e monitorando o paciente todo o tempo.

Figura 16: Socorrista executando a técnica de lateralização - PLS

Figura 17: Vítima na posição lateral de segurança

2.2 - Resumo de Habilidades de RCP/adulto com DEA: Etapa

Ação

1

Certifique-se de que o local é seguro.

2

Segure no ombro chame. Verifique se a pessoa responde. Se a pessoa não responder, avance para a Etapa 3.

3

Peça ajuda. Peça à pessoa que o atender que telefone para o serviço médico de emergência e busque um DEA/DAE. Se ninguém puder ajudar, telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência e busque um DEA/DAE.

4

Verifique a respiração. Certifique-se de que a pessoa esteja sobre uma superfície firme e plana. Verifique a respiração. Se a pessoa não estiver respirando ou apresentar somente gasping, administre a RCP. Sem responder e sem respiração = RCP

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5

Comprima e administre ventilações executando 30 compressões e 2 ventilações. Compressões: Retire as roupas que atrapalharem. Coloque o calcanhar de uma mão sobre a metade inferior do esterno. Coloque o calcanhar da outra mão sobre a primeira mão. Comprima em linha reta de cinco a seis centímetros de profundidade, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto no mínimo. Após cada compressão deixe o tórax retornar à sua posição normal. Comprima o tórax 30 vezes. Ventilações: Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação do queixo. Com as vias aéreas abertas, faça uma inspiração normal. Use um dispositivo de barreira para empregar as ventilações. Caso não o tenha, comprima de forma ininterrupta. Administre duas ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada. DEA/DAE: Use-o assim que o tiver à mão. Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar). Siga os avisos. Continue. Continue executando séries de compressões e ventilações até que a pessoa comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

6

RCP EM CRIANÇAS RCP em criança e uso do DEA/AED: RCP é o ato de comprimir o tórax com força e rapidez e administrar ventilações. A RCP é administrada a alguém cujo coração tenha parado de bombear o sangue. Etapa

Ação

1

Certifique-se de que a criança está deitada com as costas sobre uma superfície firme e plana.

2

Retire as roupas que atrapalharem.

3

Coloque o calcanhar de uma mão sobre a metade inferior do esterno.

4

Comprima em linha reta cerca de cinco centímetros, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto no mínimo.

5

Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal.

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Uma criança é alguém com mais de um ano de idade e que ainda não chegou à puberdade. Se estiver em dúvida se a pessoa é um adulto ou uma criança, considere-a adulta. Uma criança “responsiva”, é aquela que se mexe, fala, pisca ou reage de alguma outra forma quando você a toca e pergunta se está bem. Uma criança que não “responde”, que não faz nada quando você a toca e pergunta se está bem, é considerada inconsciente. Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP. Comprimindo o tórax você bombeia sangue para o cérebro e o coração. As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem ferir a criança. Uma lesão é improvável, mas melhor do que a morte. É melhor comprimir forte demais do que insuficientemente. Use uma única mão para as compressões. Se não conseguir comprimir 5 cm com uma mão, use as duas. Uma mão não é melhor do que duas, nem o contrário. Faça o que for necessário para comprimir o tórax cerca de 5 cm de profundidade.Não diferente do adulto, devemos, assim que observar uma criança caída ao solo, abordála segurando pelo ombro, como mostra a (figura 18). Em seguida devemos observar se há respiração normal, caso seja um profissional de saúde verificará pulso também. (figuras 19 e 20).

Figura 18

Figura 19

Em seguida devemos pedir ajuda do serviço médico de emergência e solicitar um DEA/AED (figura 21). Caso não haja como pedir ajuda no momento ou está distante de um telefone, inicie imediatamente as manobras de RCP, pois a maioria das crianças para por problemas respiratórios e a RCP será fundamental neste primeiro momento. Após 5 ciclos de RCP, dirija-se a um telefone ou ache alguém para solicitar um DEA/AED e volte a executar as manobras de reanimação.

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Figura 20

Figura 21

As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é cansativo. Quanto mais cansado(a) você estiver, menos eficazes serão as compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, faça revezamento. Reveze a cada 2 minutos mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a pausa nas compressões. Lembrem-se, mutuamente, de comprimir 5 cm de profundidade a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto e permitir que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figuras 22 e 23).

Figura 22

Figura 23

1 - Administrar ventilações Crianças, em geral, têm coração saudável. Normalmente o coração da criança para porque ela não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em consequência disso, além das compressões, é muito importante administrar ventilações a uma criança (figura 23). As ventilações precisam fazer com que o tórax da criança se eleve. A elevação do tórax indica que a criança recebeu ar suficiente. As compressões formam a parte mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações, ajudará a criança ainda mais. Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas.

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2 - Aplicação do DEA/AED ETAPA

AÇÃO

1

Ligar o DEA/DAE.

2

Verifique se há pás pediátricas ou um botão ou interruptor pediátrico

3

Use as pás pediátricas ou acione o botão ou interruptor pediátrico.

4

Seguir os avisos visuais e sonoros.

22

Figura 24

Figura 25

O DEA/DAE determina se a criança necessita de um choque e lhe avisa para administrá-lo se necessário. Avisa inclusive quando é necessário certificar-se de que ninguém esteja tocando a criança. As pás usadas para administrar o choque têm um diagrama que indica como posicioná-las na criança. Siga o diagrama. Se não houver pás pediátricas ou um botão/interruptor pediátrico, use as pás de adulto. Se a criança tiver mais de 8 anos, use pás adultas. (Se estiver em dúvida se a criança tem mais de 8 anos, presuma que ela tem e use as pás adultas). Ao colocar as pás no tórax, deve-se tomar cuidado para uma pá não tocar na outra. Se a criança for muito pequena, talvez seja necessário colocar uma pá no tórax e a outra nas costas da criança (figura 24). ETAPA

AÇÃO

1

Enquanto mantém as vias aéreas abertas, comprima o nariz fechando-o.

2

Inspire normalmente e cubra a boca da criança com a sua boca.

3

Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Verifique se o tórax começa a elevar-se a cada ventilação administrada.

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Se for usar uma máscara de ventilação e se esta máscara tiver uma extremidade afunilada, Coloque a parte estreita da máscara no alto (ponte) do nariz. Posicione a parte larga para cobrir a boca. Podemos usar como referência a técnica usada no capítulo anterior, pois, a técnica é a mesma (figura 25).

23

Figura 26: Fluxograma da utilização do DEA/AED em crianças. (fonte:American heart association®)

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3 - Revisão do atendimento da criança em PCR Etapa

Ação

1

Certifique-se de que o local é seguro.

2

segure pelo ombro e chame para certificar se a criança responde. Se a criança não responder, avance para a Etapa 3.

3

Solicite ajuda. Veja se alguém pode ajudá-lo (a). Peça a essa pessoa que telefone para o número do serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE.

4

Verifique a respiração e cheque se a criança está respirando ou se apresenta gasping. Sem respiração e sem responder +ou apenas gasping= EXECUTAR RCP Certifique-se de que a criança esteja sobre uma superfície firme e plana. Administre a RCP executando 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações e em seguida telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência e busque um DEA/DAE. Compressões: - Retire as roupas que atrapalharem. - Coloque o calcanhar de uma mão sobre a metade inferior do esterno. - Comprima em linha reta cerca de 5 cm de profundidade, a uma frequência de 100 a 120 compressões por minuto. - Após cada compressão, deixe o tórax retornar à sua posição normal. - Comprima o tórax 30 vezes. Ventilações: - Após 30 compressões, abra as vias aéreas com inclinação da cabeça e elevação do queixo. - Abertas as vias aéreas e faça uma inspiração normal. - Comprima o nariz para cerrá-lo. Cubra a boca da criança com a sua boca. Administre 2 ventilações (sopre por 1 segundo em cada). Aguarde que o tórax se eleve a cada ventilação administrada. DEA/DAE: - Use-o assim que o tiver à mão. - Ligue-o erguendo a tampa ou pressionando o botão “ON” (Ligar). Use pás pediátricas ou o botão/interruptor pediátrico. (Use pás de adulto se não houver pás pediátricas disponíveis). - Siga os avisos.

5

6

Continue. Continue executando séries de compressões e ventilações até que a criança comece a respirar ou se mexer ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

Se houver outra pessoa com você durante a RCP ou se você puder gritar por ajuda e pedir a alguém que o ajude, peça a ela que telefone para o número do serviço

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médico de emergência/urgência enquanto você comprime com força e rapidez e administra as ventilações. Você executa as compressões e ventilações enquanto a outra pessoa telefona e busca o DEA/AED. A tabela abaixo resume as diferenças entre RCP em adultos e crianças:

O que é diferente

O que fazer em um adulto

O que fazer em uma criança

Quando telefonar para o Telefonar depois de verificar Telefonar após aplicar 5 serviço médico de se há resposta. séries de compressões e emergência/urgência ventilações, caso esteja sozinho. Procure um botão ou interruptor pediátrico. • Use pás para crianças. Usar um DEA/DAE

Profundidade da compressão

Use pás para adultos.

Se não houver pás para crianças, use as de adultos. Se usar pás de adulto, certifique-se de que elas não se toquem.

Comprimir no mínimo 5 cm Comprimir cerca de 5 cm de profundidade. de profundidade.

Após 5 ciclos de RCP, telefone para o número do serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE, se isso ainda não tiver sido feito. Assim que o DEA/DAE estiver à mão, use-o. Depois de telefonar para o número de emergência/urgência, continue executando séries de 30 compressões e 2 ventilações até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Permaneça na linha até que o atendente/operador do SME lhe diga que pode desligar. O atendente/operador fará perguntas sobre a emergência. E também poderá dar instruções sobre como socorrer a criança até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro. Responder às perguntas do atendente/operador não retardará a chegada do socorro. Se for possível leve o telefone com você para falar com o atendente/ operador ao lado da criança.

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RCP EM BEBÊS RCP em Bebês: Um bebê é alguém com menos de 1 ano de idade. Na abordagem de uma criança com idade inferior a 1 ano, você espera que este se mexa, emita sons, pisque ou reaja de alguma outra forma quando você o estimula e grita seu nome. Um bebê que não “responde”, não faz nada quando você o toca e grita, considerar em PCR. Caso o Bombeiro esteja acompanhado, um telefona para o Serviço Médico de

26

Emergência enquanto o outro inicia RCP. Caso o Bombeiro esteja sozinho, realizar 5 ciclos de 30 compressões X 2 Ventilações e, só depois, solicita o apoio. Comprimir o tórax com força e rapidez é a parte mais importante da RCP. Comprimindo o tórax, você bombeia sangue para o cérebro e o coração. As pessoas muitas vezes não comprimem com força suficiente por temerem ferir o bebê. Uma lesão é improvável, mas, caso ocorra, será melhor do que a morte. É melhor comprimir forte demais do que insuficientemente. Se possível, coloque o bebê sobre uma superfície firme e plana acima do chão (caso não seja possível utilize o chão mesmo), como uma mesa. Isso facilita a administração da RCP. 1 - Abordagem do Bebê Bata no pezinho do bebê e chame, observe se respira normalmente, peça ajuda e inicie RCP. Figura 27: Sequência de atendimento a um bebê.

As compressões são importantes na RCP e executá-las da maneira correta é cansativo. Quanto mais cansado (a) você estiver, menos eficazes serão as compressões. Se mais alguém souber aplicar RCP, reveze. Reveze a cada 2 minutos mais ou menos, movendo-se rapidamente para minimizar ao máximo a pausa nas compressões. Lembrem-se mutuamente de comprimir cerca de 4 cm de profundidade, a uma frequência de pelo menos, 100 compressões por minuto e permitir que o tórax retorne à sua posição normal após cada compressão (figura 27).

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Se profissional da saúde, verifique o pulso braquial não menos que 5 segundos e não mais que 10 segundos (figura 27). Se ausente, inicie a RCP imediatamente. Lembrando que se pulso ausente, mas a frequência estiver abaixo de 60 batimentos por minuto, inicie imediatamente a RCP (figura 28).

27

Figura 28: RCP no bebê

Bebês em geral têm coração saudável. Normalmente o coração do bebê para porque ele não consegue ou está tendo dificuldade para respirar. Em consequência disso, além das compressões, é muito importante administrar ventilações a um bebê. As ventilações precisam fazer com que o tórax do bebê se eleve. A elevação do tórax indica que o bebê recebeu ar suficiente. As compressões formam a parte mais importante da RCP. Se você também puder administrar ventilações, ajudará o bebê ainda mais (figura 28). Antes de administrar ventilações, abra as vias aéreas. Siga as seguintes etapas para abrir as vias aéreas. Ao inclinar a cabeça do bebê, não a empurre demais para trás, porque isso pode bloquear as vias aéreas. Evite pressionar a parte mole do pescoço ou abaixo do queixo. Se você administrar uma ventilação em um bebê e o tórax não se elevar, abra novamente as vias aéreas permitindo que a cabeça retorne a posição normal. Em seguida, abra as vias aéreas novamente, inclinando a cabeça e elevando o queixo e administre outra ventilação. Certifique-se de que o tórax se eleve. Não interrompa as compressões por mais de 10 segundos para administrar ventilações. Se o tórax não se elevar em até 10 segundos, comece a comprimi-lo com força e rapidez novamente. Caso você possua uma máscara de ventilação, coloque a parte afunilada para o queixo do bebê, pois se adaptará melhor evitando fuga durante as ventilações.

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Figura 29:Ventilação em bebê com o auxilio da máscara de ventilação

Caso haja dois ou mais socorristas da área de saúde, a RCP poderá ser realizada com ciclos de 15 compressões para 2 ventilações, sendo que agora quem comprimir, deverá segurar o tórax da criança com os polegares, como mostra a figura 30.

Figura 30: Dois socorristas realizando RCP em bebê.

ASFIXIA EM CRIANÇAS A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves e outras graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que a criança possa respirar. Socorrendo uma Criança em Asfixia Etapa

Ação

1

Se desconfiar que a criança está asfixiada, pergunte: “Você está sentindo dificuldade para respirar?”. Se ela acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar.

2

Fique atrás da pessoa. Abrace a pessoa de modo que suas mãos fiquem na parte da frente do corpo dela.

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28

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3

Feche uma das mãos.

4

Coloque o lado do polegar da mão fechada ligeiramente acima do umbigo da criança e bem abaixo do esterno.

5

Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima no abdômen.

6

Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar, tossir ou falar ou até que pare de responder.

29

Figura 31:Sinais de obstrução de Via aérea.

Figura 32:Manobra de desobstrução de via aérea.

Se a criança em asfixia for obesa e você não puder abraçar totalmente a cintura, execute compressões torácicas, em vez de abdominais (Figura 33). Siga as mesmas etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e mãos. Coloque seus braços por baixo das axilas da criança e suas mãos na metade inferior do esterno. Puxe diretamente para trás para aplicar as compressões torácicas.

Figura 33: Manobra de desobstrução em criança obesa.

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Como Socorrer uma Criança em Asfixia Que Deixa de Responder Se você fizer compressões numa criança, mas não conseguir remover o objeto que está bloqueando as vias aéreas, a criança irá parar de responder. Comprimir o tórax pode fazer com que o objeto seja expelido. Se a criança deixar de responder, siga estas etapas:

Etapa

Ação

1

Deite a criança sobre uma superfície firme e plana.

2

Segure pelo ombro e chame.

3

Peça ajuda.

4

Verifique a respiração.

5

Administrar 30 compressões.

6

Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca, retire-o.

7

Administre 2 ventilações.

8

Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série.

9

Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o serviço médico de emergência/urgência e busque um DEA/DAE.

10

Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões, até que a criança comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

Figura 34:Abra bem a boca da criança e procure o objeto.

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ASFIXIA EM BEBÊS A asfixia é provocada por alimento ou outro objeto preso na via área ou na garganta. O objeto impede que o ar chegue aos pulmões. Algumas asfixias são leves e outras, graves. Se for grave, aja rápido. Retire o objeto para que o bebê possa respirar. Em caso de engasgo com líquidos (leite por exemplo) proceder da mesma forma que sólidos. Ação: Use a tabela a seguir para determinar se o bebê está em asfixia leve ou grave e o que fazer.

Se o bebê

Bloqueio nas vias aéreas

• Conseguir emitir sons • Conseguir tossir alto

Leve

• Não conseguir respirar ou tossir sem som ou não conseguir emitir sons

Grave

Figura 35

Figura 38

E você deve • Permanecer ao lado e deixálo tossir • Se estiver preocupado com a respiração do bebê, telefone para o número do serviço médico de emergência/ urgência mais próximo. • Agir rapidamente • Siga as etapas de socorro para bebês em asfixia

Figura 36

Figura 39

Figura 37

Figura 40

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31

Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ ETAPA

AÇÃO

1

Segure o bebê com o rosto voltado para baixo com as pernas em seu cotovelo. Sustente a cabeça e a mandíbula do bebê com a mão. (figura 37)

2

Dê até 5 pancadas nas costas com o calcanhar da outra mão, entre as escápulas do bebê. (figura 37)

3

Se o objeto não for expelido após 5 pancadas nas costas, vire o bebê de frente, sustentando a cabeça. (figura 38)

4

Administre até 5 compressões torácicas, usando 2 dedos da outra mão para comprimir o tórax da mesma maneira que em RCP. (figura 38)

5

Repita as 5 pancadas nas costas e as 5 compressões torácicas até que o bebê consiga respirar, tossir ou chorar ou deixe de responder.

Um bebê que receber pancadas nas costas e compressões torácicas deve ser examinado por um profissional de saúde. Como Socorrer um Bebê em Asfixia Que Deixa de Responder. Se você der pancadas nas costas e fizer compressões torácicas no bebê e ainda assim, não conseguir remover o objeto que está bloqueando as vias aéreas, o bebê deixará de responder. Comprimir o tórax pode fazer com que o objeto seja expelido. Se o bebê deixar de responder, siga estas etapas: ETAPA

AÇÃO

1

Coloque o bebê com o rosto voltado para cima sobre uma superfície firme e plana acima do chão, como uma mesa. (figura 39)

2

Estimule o pezinho

3

Peça por ajuda.

4

Verifique a respiração.

5

Comprima o tórax 30 vezes.

6

Após 30 compressões, abra as vias aéreas. Se vir um objeto na boca, retire-o.

7

Administre 2 ventilações. (figura 40)

8

Repita a execução de séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões. Após 5 séries de 30 compressões e 2 ventilações, telefone para o serviço médico de emergência/urgência.

9

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10

Administre séries de 30 compressões e 2 ventilações, Inspecionando a boca quanto a objetos após cada série de compressões, até que o bebê comece a responder ou que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

ASFIXIA NO ADULTO Etapa

Ação

1

Se desconfiar que alguém esteja asfixiado, pergunte: “Está com dificuldade para respirar?”. Se a pessoa acenar que sim, diga-lhe que você vai ajudar. (figura 41)

2

Fique atrás da pessoa, abrace- a de modo que suas mãos fiquem na parte da frente do corpo dela. (figura 42)

3

Feche uma das mãos.

4

Coloque a mão fechada com o lado do polegar ligeiramente acima do umbigo da pessoa e bem abaixo do esterno.

5

Agarre a mão fechada com a outra mão e faça compressões rápidas para cima no abdômen da pessoa.

6

Faça compressões até que o objeto seja expulso e a pessoa possa respirar, tossir ou falar ou até que pare de responder.

Figura 41:

Figura 42:

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ASFIXIA NA GESTANTE Se alguém estiver asfixiado e for obeso ou estiver nos últimos estágios de gravidez e você não conseguir envolver totalmente a cintura da vítima com seus braços, administre compressões no tórax em vez de no abdômen. Siga as mesmas etapas, exceto pelo local onde posicionar seus braços e mãos. Coloque seus braços por baixo das axilas e suas mãos na metade inferior do esterno. Puxe diretamente para trás para aplicar as compressões torácicas. 34

Figura 43

Em todas as vítimas que deixam de responder ou se tornam inconscientes, você deverá posicioná-las ao solo com cuidado para não se ferirem, pedir ajuda e imediatamente aplicar séries de 30 compressões torácias durante dois minutos. Após, cheque se o corpo estranho saiu e se esta voltou a respirar, caso contrário inicie imediatamente as manobras de RCP até a chegada do socorro ou se esta acordar. Etapa

1

Ação Verifique se ela necessita de RCP. Administre a RCP, se necessário e se souber fazer isso. Se não souber como executar RCP, faça somente compressões torácicas.

2

Verifique se encontra objetos na boca a cada série de 30 compressões.

3

Continue a RCP até que ela fale, se mexa ou respire, ou até que alguém com treinamento mais avançado chegue e assuma o socorro.

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Resumo de RCP e DEA/AED para adultos, crianças e bebês.

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Não ultrapassando 6 cm

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Capítulo II Emergências Clínicas e Cardiológicas: 1 - Avaliação Neurológica Nível de Consciência: Quando avaliamos uma vítima a primeira ação que devemos realizar é ver o seu nível de consciência. Se ela estiver lúcida e orientada é algo que nos deixa mais tranquilo e a princípio podemos dizer que seu estado neurológico está preservado. Na avaliação do nível de consciência também podemos explorar a fala e o seu grau de compreensão. Se a vítima está acordada e fala com clareza aquilo que é perguntado e apresenta espontaneidade na interação com o socorrista, podemos considerar que a mesma apresenta um bom referencial de nível de consciência. Entretanto, em um outro cenário quando a vítima está desacordada ou não fala com nitidez, clareza com o socorrista, acompanhada de algum grau de desorientação, com certeza algum evento neurológico está acontecendo, devido essa mudança de comportamento. Vale ressaltar que a possibilidade em obter informações de acompanhantes ou parentes, ajuda na formação da hipótese diagnóstica. No paciente clínico o que pode interferir nessa interação? Aumento da pressão intracraniana (ocasionado por extravasamento de sangue, líquor e/ou edema); baixo débito sanguíneo; sedação; uso de medicamentos; alterações metabólicas como: a hipoglicemia; trauma; rompimento de aneurisma, início de doenças crônico degenerativas, entre outros. Portanto,

esse

paciente

precisará

realizar

exames

laboratoriais

e

principalmente de imagem como a tomografia computadorizada e ressonância magnética para que a avaliação do estado neurológico do paciente fique completa. Identificar tais alterações descritas, registrá-las e comunicar ao enfermeiro ou ao médico da unidade, assim que as perceber é valioso para a segurança do paciente. Motricidade: O paciente que obedece e executa comandos como: “aperta a minha mão”; “segure esse objeto”; “coloque a ponta do dedo no nariz”; “levante a perna direita”, mostra uma boa condição de lucidez e de domínio corporal. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Agora, se o paciente não obedece às ordens solicitadas, uma gama de problemas clínicos pode aparecer entre eles, doenças dismielinizantes, acidentes vasculares, tumores cerebrais, entre outros. Portanto, a preservação dos movimentos coordenados no paciente são sempre bons indicadores de normalidade no sistema nervoso. Sensibilidade: Esta é uma avaliação sutil do exame neurológico, que obedece as mesmas regras de obediência a comando, só que ao invés de avaliar movimento, examinamos o tato do paciente através de pressão leve, moderada e profunda. Quanto mais profunda for a pressão que se faça para perceber uma sensibilidade, maior a possibilidade de lesão no segmento avaliado, como: face, tronco e membros superiores e inferiores. Fotorreação: Não podemos falar de avaliação clinica neurológica, sem falar da fotorreação pupilar. Elas estão intimamente ligadas a normalidade do sistema nervoso, porém suas alterações fazem com que a percepção de problemas podem estar em processo de evolução. Normalmente as pupilas se acomodam de acordo com a luminosidade, portanto, se o examinador insere uma luz sob a as pupilas elas tendem a contrair e na ausência da luz em dilatar. Nos casos clínicos em que ocorre lesão no sistema nervoso central, as pupilas dilatadas, não fotorreagentes, já sinalizam alteração neurológica, como por exemplo: falta de oxigenação cerebral, hipóxia. Pupilas bastante contraídas chamadas de puntiforme, também apresentam um prognóstico preocupante e podem demonstrar sedação ou intoxicação exógena.

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A anamnese de qualquer paciente, para qualquer tipo de patologia deve seguir um roteiro importante no processo de investigação dos problemas de ordem clínica. Sinais e Sintomas Os sintomas relatados pelos pacientes são diversos e acometem diferentes tipos de sistemas são eles; alterações do nível de consciência, cefaléia, dor na face, tonturas e vertigens, convulsões, automatismos (reflexos de defesa); amnésia (esquecimento), movimentos corporais involuntários, distúrbios visuais e/ou auditivos, náuseas e vômitos, disfagia (dificuldade de engolir), marcha, paresias e paralisias, distúrbios de sensibilidade, dores radiculares (dor de origem nervosa com sensação de formigamento ou compressão), perda ou relaxamento esfincterianos (sem controle voluntário urinário e fecal), distúrbios do sono. Após a revisão destas estruturas e funções do sistema nervoso podemos entender os distúrbios neurológicos possibilitando intervir com o cuidado necessário para a sobrevida do paciente.

2 - Epilepsia/Crise Convulsivas: A convulsão é uma manifestação de que a atividade cerebral está em desajuste. É uma resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. Uma parte dos pacientes que apresentam a convulsão jamais voltará a apresentá-la, enquanto o outro grupo continuará a apresentá-las repetidamente. Quando isto ocorre dá-se o nome de epilepsia. O que ocorre exatamente durante uma convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela descarga. As crises convulsivas são movimentos musculares súbitos e involuntários, que ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo, podem ser classificadas como as crises de pequeno mal e grande mal. As crises convulsivas de pequeno mal são também chamada de crises de ausência, sendo mais comuns em crianças, caracterizada quando o paciente perde o contato com o meio ambiente por alguns segundos e parece estar fitando o vazio. A conduta no atendimento é a observação, proteção da vítima e encaminhamento a uma unidade hospitalar. As chamadas de grande mal são classificadas de duas maneiras e de acordo com as contrações que exercem no corpo. São chamadas de tônica e clônica. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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As contrações tônicas se caracterizam por serem sustentadas e imobilizarem as articulações, geralmente dura poucos segundos. O paciente tem a perda da consciência, contração muscular contínua, inclusive do diafragma e com essa contração o ar é forçado a sair pela laringe que está fechada, produzindo um grito. As clônicas são contrações rítmicas, alternando-se contração e relaxamento. É a mais clássica forma de apresentação da convulsão. Tem uma duração maior que a tônica e é caracterizada pela alternância entre contrações musculares e relaxamento em rápida

sucessão,

pode

haver

parada

respiratória, perda do controle esfincteriano e salivação excessiva (sialorréia). É importante ressaltar, que não há um padrão nas crises convulsivas e nem uma maneiras específica que determinará que um paciente fará de forma tônica, clônica e/ou ausência. Essas apresentações estão relacionadas aos estímulos nervosos que proporcionaram a crise convulsiva. A representação no exame de Eletroencéfalograma é dada por traçados em que a intensidade de resposta elétrica mostra o tipo de crise que o paciente apresenta.

O quadro clínico é geralmente manifestado pela alteração ou perda da consciência acompanhada por alterações de comportamento; presença de atividade motora involuntária, automatismos (piscar de olhos), perda de tônus motor (resultando em queda) e incontinência esfincteriana. O estado de mal epiléptico (status epleticus) constitui uma emergência médica, pois, pode levar à morte por arritmias cardíacas ou dano cerebral devido a hipoxemia. Ela é definida como a ocorrência de dois ou mais episódios de convulsão sem que a vítima recobre a consciência ou convulsões generalizadas e que tenha mais Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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de trinta minutos de duração. Portanto, sempre devemos suspeitar dessa hipótese diagnóstica, quando alguém referenciar que o paciente convulsionou de forma muito demorada. Após a ocorrência da crise, o paciente apresenta um estado neurológico chamado de pós-comicial. Este deve ser analisado a partir da recuperação do paciente que provavelmente será imediata se paciente já apresentava história prévia de epilepsia, o que é um bom sinal de melhora. Contudo, se o paciente apresenta suspeita de lesão na estrutura cerebral, alterações ao exame neurológico e crise convulsivas com início focal, ou seja, localizado, o prognóstico torna-se mais desfavorável.

A conduta para se avaliar e tratar uma crise convulsiva é inicialmente de avaliar a cena, sempre utilizar um equipamento de proteção individual (EPI) para evitar a transmissão de doenças por gotículas de saliva, verificar o nível de consciência e a persistência de convulsões, buscar por indícios de usos de drogas, envenenamento ou por truamatismos. Durante o atendimento não se deve introduzir objetos na boca do paciente. A

proteção

da

cabeça

do

paciente é prioridade durante a crise, pois evita traumatismo craniano. Não se deve conter a vítima, devendo apenas proteger os membros

Vítima colocada na posição lateral de segurança - PLS

superiores e inferiores evitando lesões. Abrir a via aérea empregando manobras manuais durante o estado pós comicial (utilizar posição lateral de segurança), avaliar a necessidade de ventilar o paciente artificialmente, administrar oxigênio sob máscara 10 a 15 litros por minuto.e manter a saturação acima de 92%. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Importante lembrar que a conduta de proteger o paciente e esperar a crise passar é uma conduta em ambiente pré hospitalar. No hospital esperamos que a crise seja interrompida com o uso de sedativo do grupo dos benzodiazepínicos, sendo o mais recomendado o diazepam. O uso de anticonvulsivante se faz necessário após a crise e temos a fenitoína como droga de escolha em um primeiro momento após a crise.

3 - Acidente Vascular Encefálico (AVE): O acidente vascular encefálico (AVE), também conhecido como acidente vascular cerebral (AVC) é caracterizada pela interrupção aguda do fluxo de sangue para alguma região do sistema nervoso central, principalmente o cérebro. Esse acidente vascular pode ocasionar diversos sintomas como: Paralisia de parte do corpo, dificuldade para falar, desmaio, tontura e dor de cabeça, dependendo do local afetado. Este derrame cerebral pode ser do tipo isquêmico, que é mais comum e acontece quando há perda do fluxo de sangue por um coágulo, por exemplo, ou do tipo hemorrágico, quando um vaso se rompe e provoca sangramento dentro do cérebro ou nas meninges, que são as películas que envolvem o cérebro. Ambas as condições devem ser tratadas com urgência e podem deixar sequelas, como dificuldades na movimentação ou na comunicação. Assim, o ideal é que se previna o surgimento do AVE, o que pode ser feito com hábitos de vida saudáveis, alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e o tratamento correto de doenças que podem desencadear esta situação, como pressão alta, colesterol ou triglicerídeos altos e diabetes, por exemplo. Dentro das doenças cerebrovasculares, o AVE destaca-se como sendo uma das grandes preocupações da atualidade, tendo em vista ser a terceira maior causa de morte por doença no mundo. Por definição o Acidente vascular cerebral caracterizase por disfunção neurológica causada por interrupção no suprimento sanguíneo encefálico. O acidente vascular cerebral é uma interrupção ou inadequação do fluxo sanguíneo a uma área específica do cérebro, resultando em disfunção neurológica transitória ou permanente. O acidente vascular cerebral isquêmico transitório (AIT) dura menos de vinte quatro horas. O acidente vascular cerebral isquêmico é similar Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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ao infarto agudo do miocárdio, uma vez que a o mecanismo de ação é a perda do suprimento sanguíneo ao tecido, que pode resultar de lesão irreversível se o fluxo sanguíneo não for restabelecido rapidamente. O cérebro por ser a maior estrutura presente no sistema nervoso central, este tipo de acidente circulatório acomete mais o tecido cerebral, no qual temos a maior ocorrência dos acidentes vasculares cerebrais (AVC). Estas situações resultam da diminuição ou ausência do fluxo de sangue e, conseqüentemente, de oxigênio ao nível dos tecidos das estruturas encefálicas. Como resultado das alterações da circulação do sangue oxigenado nas estruturas encefálicas (cérebro, cerebelo e tronco cerebral), estas entram em sofrimento decorrente da isquemia, sendo a situação agravada de acordo com a extensão da área afetada. Essa alteração no suprimento sanguíneo também pode ocorrer por rompimento das artérias que fazem parte da circulação encefálica, que além de interromper o fluxo de sangue, também comprimem as estruturas cerebrais por compressão. O que transforma esse quadro com mais gravidade em relação aos eventos isquêmicos. Portanto consideram-se dois grandes tipos de AVC: Isquêmicos quando existe uma interrupção no fluxo sanguíneo por um trombo e Hemorrágicos quando a interrupção do fluxo ocorre pelo rompimento de um vaso sanguíneo. Mas quando suspeitar? É importante considerar essa situação clínica em qualquer indivíduo com déficit neurológico focal ou alteração do nível de consciência. Existe uma forma de avaliação rápida e que aumenta a atenção do profissional de enfermagem, diante de alguma situação de acidente vascular cerebral que é a Escala de

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Cincinatti, que consiste em observar o Desvio de comissura labial, disartria e parestesia.

Desvio da comissura labial

Parestesia (perda de força muscular)

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A Escala de Cincinatti, não é uma tríade, o paciente não precisa ter a manifestação clínica dos três sinais, basta ter um deles para evidenciar a necessidade do atendimento em uma unidade de emergência. Os sinais e sintomas apresentados por uma pessoa que teve ou está apresentando o AVC são a perda orientação, descontrole ou mesmo incapacidade de realização de movimentos, dores de cabeça (cefaléias) fortes (associados à hemorragia cerebral), agitação e ansiedade, dificuldade na articulação das palavras (disartria), pupilas anisocóricas, estando mais dilatada a do lado da lesão, paralisia facial, sensibilidade reduzida aos estímulos táteis, palidez cutânea, sudorese, hemiplegia (paralisia de metade do corpo). A conduta para se iniciar o atendimento a pessoa com AVC após suspeitar do diagnóstico é encaminhar o paciente para o hospital, de referência, o mais rápido possível, pois, o sucesso no tratamento deste paciente dependerá da celeridade no qual o diagnóstico será estabelecido, através dos exames de imagens e da terapêutica indicada for iniciada. Portanto, protocolarmente deve-se reduzir tensão emocional do paciente, avaliar nível de consciência (Escala de Coma de Glasgow), avaliar possibilidade de AVE (Escala de Cincinatti), promover o estímulo cerebral por meio de estímulos verbais, manter a via aérea permeável, colocar a vítima em uma posição confortável de acordo com o seu grau de consciência (cabeceira elevada), oferecer oxigênio sob máscara se respiração estiver presente (10 a 15 litros por minuto) e caso respiração Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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com alteração ventilar o paciente, realizar um acesso venoso com solução fisiológica, com controle do gotejamento lento (sete gotas por minuto), aquecer a vítima com um lençol avaliar os sinais vitais.

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Nos casos de acidente vascular isquêmico uma das condutas é o tratamento com trombolítico, mas ele depende do hospital ter um protocolo de atendimento ao AVE e do tempo de chegada do paciente ao hospital que começa a contar do início dos sintomas do paciente, não podendo ultrapassar de 4 horas. A droga de escolha é a Alteplase (RT-PA), seguem abaixo os critérios de inclusão e exclusão para se fazer o trombolítico no AVE, lembrando que a unidade hospitalar tem que ter tomografia computadorizada, pois o trombolítico só pode ser feito em AVE isquêmico, e o exame de imagem descartará acidente vascular hemorrágico. Existem critérios de inclusão e exclusão para o uso de trombolíticos nos paciente com AVE e que estão dispostos no quadro abaixo. Critérios de INCLUSÃO para uso de rt-PA

Critérios de EXCLUSÃO para uso de rt-PA

Idade > 18 anos

Melhora clinica completa.

Diagnóstico

clínico

de

vascular cerebral isquêmico

acidente História

conhecida

de

hemorragia

intracraniana

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Início dos sintomas com menos de 4h e Pressão Arterial Sistólica sustentada 30 minutos.

>185mmHg

ou

Pressão

Arterial

Diastólica sustentada > 110mmHg. Ausência de alterações na tomografia

Hemorragia gastrointestinal ou genitourinária nos últimos 21 dias, varizes de esôfago

AVC isquêmico em qualquer território Cirurgia de grande porte nos últimos 14 encefálico

dias

Outra maneira de se avaliar o AVE é a escala usada pela NIHSS (National Institutes of Health Stroke Scale).

4 – Hipoglicemia: A Diabetes Mellitus é uma doença crônica muito comum e suas complicações são diversas, apesar do

raciocínio

clinico sempre trazer para aspectos

hiperglicêmicos, a hipoglicemia é o seu maior complicador em situações de emergência, principalmente no paciente que está em ajuste com o seu medicamento hipoglicemiante, que pode ser oral ou a injeção de insulina.

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As complicações agudas do diabetes são graves e implicam risco de vida, caso o paciente não seja tratado a tempo. As complicações agudas do diabetes em geral são dramáticas, pois os pacientes estão bem e, em pouco tempo, parecem estar gravemente enfermos, com alteração aguda do nível de consciência. Em uma primeira análise, pacientes que estejam fazendo hipoglicemia parecem fazer eventos neurológicos agudos como um acidente vascular encefálico. A hipoglicemia não relacionada a medicamentos ainda pode ser causada por jejum prolongado ou falta adequada de uma alimentação. Também pode ocorrer, após grande esforços físicos sem reposição alimentar. A hipoglicemia é um distúrbio em que a concentração de glicose do sangue encontra-se anormalmente baixa, porém, nem todos aceitam esse critério sugerido de diagnóstico, e até o nível de glicose baixo o suficiente para definir hipoglicemia tem sido fonte de controvérsia. Para muitos propósitos, níveis de glicose no plasma abaixo de 70 mg/dl ou 3,9 mmol/L podem ser considerados hipoglicêmicos, mas esses valores são muito variáveis de um indivíduo para outro. Principais sinais e sintomas:

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Conduta: ·

Abordar a vítima avaliando o nível de consciência e realizando o exame primário.

·

Caso o exame primário esteja sem alterações, no exame secundário, avalie o sinais vitais e realize o exame de glicemia capilar.

·

Se o exame glicêmico apresentar valor igual ou abaixo de 50 mg/dl, realize um acesso venoso com solução salina e administre de 3 a 4 ampolas de glicose hipertônica à 50%.

·

Lembrando de realizar este atendimento em comum acordo com a regulação médica.

·

Fornecer

oxigênio

suplementar de 3 a 5 litros por minuto, mesmo sem descompensação respiratória é adequado. ·

Mesmo

que

a

vítima

recobre a consciência é prudente

Teste de Glicose utilizando o glicosímetro digital

encaminhar para uma unidade hospitalar para se descartar problemas de ordem metabólica e neurológica.

5 - Síndrome Coronariana Aguda (SCA) A síndrome coronariana aguda abrange a angina estável, a angina instável e o infarto agudo do miocárdio. ocorre por uma alteração da relação oferta\ demanda de oxigênio ao coração ou por uma interrupção abrupta da passagem de sangue ao coração. Necessita de avaliação médica o mais rápido possível para que o tratamento seja iniciado e assim mais células miocárdicas sejam poupadas.

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A dor torácica de origem cardíaca geralmente tem como características, uma dor no peito fortemente opressiva com irradiação para o dorso, membro superior esquerdo e mandíbula, podendo durar de minutos a horas. Outros sinais e sintomas que podem estar associados são: pele fria e sudoreica, palidez cutânea intensa, sensação de morte iminente, além de náuseas e vômitos. Lembrando sempre que pacientes idosos, diabéticos e mulheres acima de 50 anos podem apresentar síndrome coronariana aguda sem desconforto torácico, evoluindo com sinais e sintomas de descompensação cardíaca como dispnéia, sensação de desmaio e cianose de extremidades ou até mesmo sinais mal definidos como desconforto abdominal e náuseas. A síndrome coronariana geralmente é decorrente de doença aterosclerótica da coronária. E alguns fatores como stress, trauma, infecções, exercício físico podem desencadear essa alteração da demanda\oferta de sangue ao coração. Importante lembrar da necessidade da urgência de reconhecimento dos sinais e sintomas da dor torácica de origem cardíaca e do rápido transporte em segurança para um centro médico mais próximo. O paciente deve ser prontamente avaliado, colocado em uma posição confortável, ofertado oxigênio, mantida a cabeceira da maca elevada, proibida a ingestão oral e realizada a regulação para o hospital mais próximo. Tentar fazer uma anamnese rápida com dados como uso de medicações, doenças previas, checar se já fez cirurgia cardíaca ou implante de stent,ou caso teve indicação de tais procedimentos, tempo decorrido do inicio da dor,histórico de alergia,para serem relatados na chegada ao hospital. No atendimento pré hospitalar caso não haja contra indicação costuma-se fazer a utilização de aspirina de 2 a 4 comprimidos (aspirina infantil), administrar oxigênio,nitroglicerina sub lingual( 1 comprimido) em pacientes que permaneçam com pressão arterial sistólica acima de 90 mmhg. No hospital alguns exames serão realizados para confirmar ou descartar a síndrome coronariana aguda. Exames comumente solicitados são o eletrocardiograma de 12 derivações, rx de tórax e dosagem de enzimas cardíacas. conforme o resultado podem ser solicitados ecocardiograma e se necessário cateterismo cardíaco. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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6 - Hipotermia A hipotermia é o resfriamento generalizado do organismo que ocorre pela exposição a temperaturas baixas. a gravidade da hipotermia é proporcional ao tempo de exposição ao frio e ao meio em que a vítima se encontra.a transferência de calor corporal é até 25 vezes mais rápida em meio líquido do que no ar,por esse motivo a hipotermia ocorre mais rapidamente em vítimas imersas em ambiente líquido. Crianças principalmente os recém nascidos e os idosos são mais propensos a hipotermia,assim como os desabrigados,desnutridos e pessoas com alteração do nível de consciência por ingestão alcoólica. Para se fazer o diagnóstico de hipotermia, sempre deve se ter em mente essa possibilidade, mesmo que as condições ambientais não sejam altamente propícias. Os sinais e sintomas se tornam mais severos com a progressão da hipotermia. Não esquecer que os termômetros comuns de mercúrio só marcam até 35c°. A classificação se dá da seguinte forma: ·

Hipotermia leve (32 a 35c°): vítima com tremores, mecanismo gerado pelo organismo para ganhar calor, com queixa de frio, falta de coordenação motora e confusão mental, pele fria e pálida.

·

Hipotermia moderada (30 a 32c°): cessam os tremores, ocorre queda da pressão arterial. o pulso se torna lento e irregular. Deve ser palpado o pulso central pois o periférico às vezes se torna ausente pela vasoconstricção periférica. A freqüência respiratória diminui e as pupilas se dilatam, ocorrendo a diminuição importante do nível de consciência.

·

Hipotermia grave ( 2.000

% do volume

Até 15%

15% -30%

30%-40%

>40%

Pulso

140

Pressão

Normal

Normal

Diminuída

Muito diminuída

Pressão de pulso

Normal ou aumentada

Diminuída

Diminuída

Diminuída

Frequência

14-20

20-30

30-40

>35

Ansiedade bem Ansiedade leve discreta

Ansiedade, confusão

Confusão, letargia

Débito urinário (ml/h)

>30 ml

20-30

5-15

Imperceptível

Reposição de fluidos

Cristalóide

Cristalóide

Cristalóide + sangue

Cristalóide + sangue

Sangue (ml)

Arterial

Ventilatória Estado Mental

Fonte: Modificado de American Collegeof Surgeons Committee: Advanced Trauma Life Support for doctors, th

student course manual, 7

Perda Sanguínea Associada às Fraturas: Tipo de Fratura

Perda Aproximada (ml)

Costela

125

Rádio e ulna

250-500

Úmero

500-700

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Tíbia e fíbula

500-1000

Fêmur

1000-2000

Pelve

1000- intensa

3.2 Choque Distributivo: está relacionado com as alterações do tônus vascular decorrentes de várias causas diferentes. O choque distributivo pode ocorrer em virtude da perda do controle do sistema nervoso autônomo sobre a musculatura lisa que controla o tamanho dos vasos sanguíneos ou da liberação de substâncias químicas que causam vasodilatação periférica. Essa perda pode ser causada por trauma de medula espinhal, simples desmaio, infecções graves ou reações alérgicas. Ex: choque neurogênico (hipotensão), choque séptico, choque anafilático.

3.3 Choque Cardiogênico: relacionado com a interferência na função de bombeamento do coração. É toda alteração que leva à falha no mecanismo de bombear sangue. Ex: Tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo, arritmias. 3.4 Sinais Associados aos Tipos de Choque: Sinais Vitais Temperatura da pele

Hipovolêmico Fria, pegajosa

Neurogênico Quente, seca

Séptico Fria pegajosa

Cardiogênico Fria pegajosa

Coloração da pele

Pálida, cianótica

Rosada

Pálida

Pálida, cianótica

Pressão arterial

Diminuída

Diminuída

Diminuída

Diminuída

Nível de consciência

Alterado

Lúcido

Alterado

Alterado

Enchimento capilar

Retardado

Normal

Retardado

Retardado

3.5 Tratamento: ü Garantia de oxigenação (via aérea e ventilação adequada). FiO2 > 0,85. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ ü Identificação de hemorragias (controle de hemorragias externas) ü Transporte rápido ao centro de tratamento definitivo. ü Administrar fluidos durante o transporte, conforme adequado. ü Manutenção da temperatura corpórea. (aquecer a vítima) 3.6 Etapas de controle da hemorragia externa no ambiente pré-hospitalar são: ü Pressão manual direta ü Curativos compressivos (bandagens, gaze, atadura) ü Torniquetes (membros)

O controle da hemorragia externa deve ocorrer por etapas.

Em locais onde torniquetes não podem ser colocados (tronco ou pescoço), agentes hemostáticos podem ser utilizados.

3.7 Torniquetes - Orientação: Caso uma hemorragia externa não possa ser controlada por pressão, a aplicação do torniquete é a etapa lógica seguinte que também deve ser utilizado quando houver síndrome do esmagamento e amputação traumática. Cabe ressaltar que o torniquete é um equipamento industrializado disponível e comercializado no Brasil, porém seu custo ainda é muito elevado, desta forma o CBMERJ orienta os bombeiros militares improvisarem de duas formas respeitando os seguintes princípios: Largura da bandagem: Deve ter cerca de 10 cm. Local da aplicação: Proximal ao ferimento – cerca de 10 cm ou um punho cerrado. Caso o torniquete não interrompa, completamente, a hemorragia, então, outro deve ser colocado proximal ao primeiro. Força: Deve ser apertado o suficiente para bloquear o fluxo arterial. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Tempo:Podem ser usados com segurança por até 120 a 150 minutos até a sala de cirurgia, sem lesões nervosas ou musculares. Identificar no torniquete a hora de colocação.

69 Torniquete industrializado

O

torniquete industrializado

Bandagem elástica industrializada

e as bandagens elásticas deverão

ser,

preferencialmente, a escolha em casos de hemorragias não controladas, entretanto, na ausência dos materiais em questão, poderá ser utilizado como meios de fortuna, câmara de ar de bicicleta ou torniquete improvisado com material rígido e tecido.

3.8 Administração de Fluidos – reanimação volêmica: Vítimas de choque hemorrágico devem ser submetidas a medidas que controlem a hemorragia externa, receber quantidades mínimas de solução eletrolítica por via intravenosa ou intraóssea e ser rapidamente transportado ao hospital. A administração de um volume limitado de solução eletrolítica antes da reposição de sangue é a abordagem correta durante o transporte ao hospital. Como resultado da superinfusão de cristalóide terá maior quantidade de fluido intersticial (edema), resultando em menor transferência de oxigênio às hemácias resultando em mais hipoxia tecidual. O objetivo NÃO é elevar a pressão arterial a níveis normais, mas fornecer a quantidade de fluido necessária à manutenção da perfusão e continuar o suprimento de hemácias oxigenadas ao coração, cérebro e pulmões. Hemorragias descontroladas: Atentar para hemorragias nos seguintes locais: tórax, abdômen, pelve e fêmur, devido ao grande potencial de sangramento. A administração de cristalóides Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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IV para manter uma pressão arterial sistólica em um intervalo 80 a 90 mmhg, é conhecida como hipotensão permissiva. Este novo conceito é a tentativa em manter a pressão arterial da vítima abaixo dos níveis de normalidade até a chegada ao hospital de origem. Uma grande quantidade de volume pode causar hemorragia intratorácica, intra-abdominal e retroperitoneal. Após a chegada ao hospital, a administração de fluido é continuada, com plasma e sangue. Hemorragias controladas: Doentes com hemorragia externa importante que foi controlada podem ser mantidos com uma estratégia de reanimação volêmica mais agressiva, desde que o socorrista não tenha razões para suspeitar de lesões intratorácica, intra-abdominais ou retroperitoniais associadas. Os adultos em Choque Classe II, III ou IV devem receber um bolus inicial de 1 a 2 litros de solução cristalóide. As crianças podem receber um bolo inicial de 20 ml/kg de solução cristalóide.

A caminho do hospital devemos monitora: sinais vitais, incluindo pulso, frequência ventilatória e pressão arterial.

Pode haver 03 respostas a essa reposição volêmica inicial: Resposta rápida: sinais vitais voltam ao normal e assim permanecem. Paciente perdeu cerca de 20% de volemia e hemorragia cessou. Resposta transitória: inicialmente os sinais vitais melhoram, contudo, na evolução pioram e voltam a entrar em choque. Perderam 20 a 40% de volemia. Resposta mínima ou ausente: não apresentam quase nenhuma alteração dos sinais vitais, após administração de 1 a 2 litros de volume.

Os grupos de resposta transitória e ausente têm uma hemorragia contínua, provavelmente interna. A melhor conduta nesses doentes é manter um estado de hipotensão permissiva, e os líquidos IV devem ser administrados até que se obtenha uma pressão arterial sistólica na faixa de 80 a 90 mmhg. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ OBS: Lesões no Sistema Nervoso Central – a hipotensão foi associada a um aumento de mortalidade no quadro de lesão cerebral traumática (LCT). Diretrizes do trauma recomendam manter uma pressão arterial sistólica acima de 90 mmhg em doentes com suspeita de LCT. Para atingir esse objetivo, pode ser necessária uma reanimação volêmica agressiva, aumentando os riscos de hemorragia recorrente de lesões internas associadas.

4- TRAUMATISMO CRÂNIO ENCEFÁLICO E RAQUIMEDULAR: A Cabeça é a região do corpo mais lesada em pacientes politraumatizados destes 80% apresentarão TCE leves, a principal causa é a colisão automobilística seguida de queda principalmente nos idosos. Cerca de 2 a 5% destas vítimas apresentará TRM associado. A injúria cerebral traumática contribui em 50% das mortes em vítimas de politrauma. A mortalidade em TCE moderado chega a 10% e no TCE grave em 30%.Alguma sequela com déficit neurológico permanente ocorre em 50 a 99% destas vítimas. As lesões no tecido cerebral ocorrem por aplicação direta de forças externas sobre o cérebro e por lesões de contragolpe pelo movimento deste dentro da caixa craniana. A lesão primária ocorre no momento do trauma e não pode ser evitada, já a lesão secundária será decorrente da má oxigenação ou da diminuição da perfusão do tecido cerebral e pode ser evitada com a proteção das vias aéreas e com o fornecimento de oxigênio. Sinais que devem servir de alerta quanto a gravidade do TCE são: alteração do nível de consciência, concussão cerebral, sangramento pelo ouvido ou nariz, convulsões, pupilas anemocóricas e trismo. Após avaliação rápida da cena e abordagem inicial a prioridade é o ABC com estabilização manual da coluna cervical durante abordagem das vias aéreas no “A”. Deve ser realizada avaliação da motricidade e sensibilidade das extremidades durante o exame dos membros. A lesão da coluna vertebral pode estar associada à lesão medular e esta pode ser completa ou incompleta. Nas lesões medulares completas ocorre ausência de função motora e sensitiva abaixo do local da lesão, com pouca chance de recuperação. Nas lesões medulares Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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incompletas a função motora ou sensitiva pode estar presente com chances de recuperação. O suporte de vida ABC com abertura das vias aéreas através da elevação modificada de mandíbula e estabilização da coluna cervical, previne a lesão secundária da medula. O alinhamento da coluna cervical com colocação de colar cervical apenas limita os movimentos de extensão e flexão da coluna cervical e não previne os movimentos de lateralização e rotação. Um colar rígido faz com que a carga inevitável entre cabeça e tronco seja transferida da coluna cervical para o colar, eliminando ou minimizando a compressão cervical que de outra forma ocorreria. É importante testar a sensibilidade e a motricidade antes e após qualquer mobilização da vítima, não esquecendo de anotar no formulário específico, para proteção do socorrista, contra processos e, para propiciar o fator continuidade do serviço.

5- TRAUMA DE TÓRAX: O trauma de tórax pode ser fechado ou penetrante, aproximadamente 15% a 20% de todas as lesões de tórax requerem cirurgia para tratamento definitivo as restantes são tratadas apenas com intervenções simples (ex.: dreno de tórax). 5.1 Trauma penetrante: Um objeto transfixa a parede torácica penetra na cavidade e lesa os órgãos internos do tórax. A ferida favorece a entrada rápida de ar no espaço pleural, os tecidos e os vasos lesados sangram para o espaço pleural, os alvéolos que ficam cheios de sangue não participam das trocas gasosas. 5.2 Trauma Fechado: No trauma fechado, o mecanismo é menos direto. A força é aplicada na parede torácica e transmitida para os órgãos internos, a onda de choque pode lacerar o tecido pulmonar e os vasos sanguíneos. Assim pode levar a sangramento para dentro dos alvéolos. O impacto causado na oxigenação e na ventilação é o mesmo.

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5.3 Fratura de costelas: É a lesão torácica mais comum. É mais freqüente nas costelas 4 e 8, lateralmente pode estarem associadas as lesões de fígado e de baço. As queixas mais comuns nas fraturas simples de costelas são a dor e a falta de ar. 5.4 Tórax instável: Duas ou mais costelas adjacentes fraturadas em mais de um local (movimento paradoxal), existe uma força (energia cinética) suficiente para causar contusão pulmonar. 5.5 Contusão Pulmonar: Lesão do tecido pulmonar ocasionada por impacto com significativa transmissão de energia cinética, ocorrida no trauma fechado. A troca gasosa fica prejudicada, complicação potencialmente letal do trauma de tórax. 5.6 Pneumotórax: Ocorre em até 20% dos traumas graves de tórax. Podemos classificar como simples (fechado), aberto ou hipertensivo (evolução do simples / ou do aberto) . É importante evitar a transformação de simples em hipertensivo. Pode ser necessária a descompressão por punção. O pneumotórax hipertensivo é uma lesão com risco iminente de morte. Sinais e sintomas de pneumotórax:

Simples Fechado ou penetrante: Murmúrio vesicular diminuído ou ausente, desconforto respiratório moderado, taquipnéia, hipertimpanismo e dor. Hipertensivo Fechado ou penetrante: Murmúrio vesicular diminuído ou ausente, desconforto respiratório intenso, comprometimento hemodinâmico turgência jugular, hipertimpanismo e desvio de traquéia (sinal tardio). 5.7 Hemotórax: Pode ocorrer no trauma fechado ou penetrante. Apresenta acúmulo de sangue para a cavidade pleural. A transferência de energia que atinge a região torácica promove lesão das estruturas acondicionadas na cavidade torácica resultando em Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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sangramento interno. Diferencia-se do pneumotórax pelos sinais e sintomas que são: Sinais de choque hipovolêmico, Jugulares colabadas, Ausculta pulmonar diminuída ou abolida, maciçez a percussão, dor a palpação pode apresentar fratura de arcos costais gerando a instabilidade óssea. 5.8 Tamponamento Pericárdico: Mais comum nos ferimentos penetrantes, contudo também pode ocorrer nos traumatismos contusos e ainda em casos crônicos como pericardites. Se caracteriza por apresentar uma quantidade de sangue no saco pericárdico. Esse sangue que se acumula no saco pericárdico impede que o coração realize seu enchimento normal (pré - carga). Resultando assim em uma má perfusão por diminuição do volume sanguíneo ejetado para a circulação. É um quadro grave que requer rápida intervenção. No ambiente pré-hospitalar os recursos por vezes é insuficiente, a presença de um profissional médico habilitado para realizar “pericardiocentese” aumentará em muito as condições de melhora desse quadro. São Sinais clássicos: Turgência de jugular, hipotensão arterial, bulhas cardíacas abafadas e pulso paradoxal (durante a inspiração o pulso radial some). 5.9 Avaliação do Tórax no Pré – hospitalar: O tórax deve ser avaliado na busca de sinais de lesões causadoras de transtornos respiratórios, tais como: Enfisema subcutâneo, assimetria do movimento torácico, hematomas, deformidades, dor a palpação e crepitação, perfurações e etc. outros sinais que sugerem lesões torácicas podem se manifestar nas estruturas do pescoço, tais como: Alterações nas jugulares (turgidez e colabamento) e desvio de traquéia. Em caso de perfuração o dorso deverá, obrigatoriamente, ser inspecionado. Inspeção: Consiste em localizar, por observância, as possíveis lesões do tórax. A varredura visual deverá ocorrer em toda extensão torácica e de forma criteriosa. Palpação: O socorrista deve se posicionar de frente para a vítima e com as duas mãos deverá seguir a clavícula com a ponta dos dedos procurando por alguma deformidade ou crepitação. Deverá ainda, com as duas mãos, comprimir levemente o tórax na altura do peitoral procurando sinais de instabilidade. O socorrista, com as mãos na lateral da caixa torácica, comprime o gradil costal buscando crepitação e

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sinais de instabilidade da caixa torácica, terminando, esse movimento, com a palpação do osso esterno. Ausculta: A ausculta pulmonar deverá ser comparativa entre ápice/ápice e base/base, buscando alterações em murmúrios vesiculares. As bulhas cardíacas também deverão ser auscultadas no intuito de perceber se há abafamento, diminuição ou ausência. Percussão: A utilização desta técnica busca, através do som, identificar se existe sangue ou ar na cavidade torácica. Som timpânico remete a existência de ar na cavidade (pneumotórax), som maciço remete a existência de sangue na cavidade torácica (hemotórax). Sequência do exame do tórax:

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Intervenções e ações no atendimento ao trauma de tórax: ü Avaliação do nível de consciência; ü Abertura de vias aéreas com estabilização da coluna; ü Avaliação da qualidade da respiração; ü Oferecer oxigênio sob máscara em alto fluxo; ü Avaliar necessidade de ventilação assistida por meio de bolsa válvula máscara; ü Exame do pescoço buscando desvio de traquéia e alterações em jugulares; ü Inspeção do tórax, buscando alterações, simetria, deformidades e dor; Ausculta pulmonar e cardíaca; ü Curativo oclusivo em feridas aspirativas.

Resumo: A cavidade torácica contém os órgãos vitais que oxigenam e distribuem sangue para todo o corpo. Apenas algumas poucas intervenções fundamentais podem ser feitas no local. O reconhecimento e o tratamento precoce das lesões torácicas melhoram o prognóstico dos pacientes que sofreram traumas no tórax.

6- TRAUMA ABDOMINAL: O abdômen representa no corpo humano uma das regiões mais críticas no que diz respeito a vítimas de trauma, principalmente quando associados ao choque hipovolêmico (hemorrágico). Conforme as evidências, em vítimas que apresentam Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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sinais de choque, mesmo não tendo lesões aparentes, deveremos suspeitar de lesões em algum órgão dessa estrutura, devido haver a presença de vísceras maciças e vasos calibrosos, que têm como uma das características principais, promover sangramento abundante quando acometido. Logo, podemos entender que as lesões abdominais quando não reconhecidas, acabam sendo uma das maiores causas de morte em vítimas de trauma, não apenas pelas características desse tipo de trauma, mas também pela difícil avaliação no ambiente pré-hospitalar. 6.1 O trauma abdominal pode ser resultante de: Ferimentos penetrantes – Neste caso temos as lesões por armas de fogo, armas brancas e outros objetos que podem penetrar no abdômen durante um evento traumático. No caso das armas de fogo, o órgão mais acometido é o intestino delgado e no caso das armas brancas, temos o fígado como o órgão mais atingido. Trauma fechado – Podemos citar: contusão, compressão, cisalhamento ou esmagamento, neste tipo de trauma tem o fígado como órgão mais acometido e nas lesões por desaceleração o órgão mais acometido é o baço. 6.2 Exame do abdômen no pré-hospitalar: O abdômen deve ser avaliado a procura de lesões de partes mole que geralmente culminam com dor, rigidez e mais tardiamente distensão. Inspeção: Devemos avaliar o contorno abdominal, verificando se está plano ou distendido, no caso de distensão sugere uma hemorragia interna significativa ou então, distensão gástrica. Reiteramos que a palpação oferece pouco benefício, podendo ser desconsiderada no ambiente pré hospitalar.

Intervenções e ações no atendimento ao trauma abdominal: ü Reconhecimento ou suspeição e transporte rápido para o hospital mais adequado; ü Oxigênio suplementar ou suporte ventilatório quando necessário; ü Acesso venoso durante o transporte com infusão de volume criteriosa (apenas para manter PAS entre 80 e 90 mmhg).

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6.3 Considerações Especiais: 6.3.1 Objetos empalados / encravados: Não devem ser retirados ou manipulados, sob o risco de iniciar e/ou aumentar o sangramento. As ações neste caso devem estar voltadas para a estabilização desse objeto, pois a retirada deve ocorrer apenas no centro cirúrgico. Em alguns casos, o objeto pode ser cortado, para facilitar a extricação e/ou mobilização da vítima e 78

posteriormente o seu transporte. 6.3.2 Evisceração: Ocorre quando um segmento do intestino ou de outro órgão abdominal fica exposto da cavidade abdominal. Nestes casos, não devemos tentar reintroduzir as vísceras, apenas protegê-las com curativo limpo ou estéril umedecido com solução salina, na falta de um pano ou gaze, podemos estar utilizando um saco plástico limpo, considerando que quando as vísceras permanecem expostas, necrosam rapidamente.

7- TRAUMA PÉLVICO E DE EXTREMIDADES: As lesões musculoesqueléticas demandam

do

reconhecimento

socorrista, de

lesões

o que

representam risco à vida do doente, sem que o mesmo desconsidere os princípios do atendimento no que tange a avaliação primária. O socorrista, ao observar a cinemática

do

trauma

tem

a

oportunidade de estimar, pela troca de energia entre o agente causador da lesão e a vítima, as possíveis lesões que proporcionem risco à vida, ao passo que realizem as intervenções necessárias para manter a sobrevida do doente no trauma. Embora as Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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lesões musculoesqueléticas nas vítimas de trauma raramente apresentem risco de morte, fraturas podem gerar sangramentos extremamente significativos, como é o caso das fraturas de fêmur e pelve, podendo o doente adulto perder aproximadamente 1000 a 2000 ml de sangue. As fraturas são classificadas genericamente em fraturas fechadas ou fraturas expostas. As fraturas fechadas são aquelas que não ocorre o rompimento dos tecidos pelo osso fraturado. Os sinais observados nas fraturas fechadas identificam-se por: deformidade do membro, crepitação ou instabilidade óssea, dor, edema e hematomas. O socorrista deverá sempre considerar relevante as queixas do doente, uma vez que nem sempre estará evidente a deformidade no membro. As fraturas expostas, são definidas pelo rompimento tecidual (músculo e pele), pelo osso fraturado. Nas fraturas expostas vale ressaltar que pode ocorrer a contaminação do osso exteriorizado, podendo causar infecção óssea e complicações no processo de cura. Por vezes, o socorrista poderá ter dificuldade na identificação de fraturas, uma vez que o osso fraturado pode sair após o rompimento do tecido, retornando seguidamente. Nesses casos, são consideradas fraturas expostas até a confirmação do médico especialista. Como citado anteriormente, fratura de ossos longos podem proporcionar sangramentos significativos, comprometendo a hemodinâmica do paciente, podendo causar choque hemorrágico.

A fratura bilateral de fêmur, bem como a fratura de

pelve correspondem a perdas sanguíneas vultuosas pelo potencial de lesões vasculares, ósseas e de órgãos adjacentes.

Exame da vítima (avaliação dos membros)

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7.1 Tratamento de Extremidades no APH: O socorrista ao realizar o tratamento de fraturas no ambiente pré-hospitalar, deve priorizar o controle de hemorragias com objetivo de evitar o choque hemorrágico, principal causa de morte no trauma.

A manipulação do membro

fraturado deve ser o menos possível, sempre efetuando pelas articulações. Após expor a lesão da vítima, o socorrista avaliará o pulso distal, motricidade e sensibilidade do membro lesionado, com objetivo de identificar possíveis lesões vasculares ou neurológicas, efetuando posteriormente o alinhamento do membro para posição anatômica. Não havendo resistência ou dor relevante durante a manipulação do membro, o mesmo deve ser posicionado para estabelecimento da imobilização. O alinhamento do membro em posição anatômica, geralmente proporciona melhor perfusão e função neurológica, ao passo que ocorre a descompressão de artérias e nervos após redução da fratura. Nas fraturas expostas, o socorrista deve lavar com solução salina ou água destilada o ferimento e só após tentar alinhar o membro. Diante de qualquer tipo de resistência, sendo nas fraturas fechadas ou expostas, o socorrista deverá imobilizar na posição encontrada. O estabelecimento da imobilização consiste na aplicação de tala por todo o osso fraturado, logo, a tala imobilizadora deverá abranger a articulação anterior e posterior ao sítio da fratura, tendo como objetivo não movimentar o segmento fraturado.

Na execução da imobilização o socorrista deve atentar para: ü

Retirada de acessórios, jóias, relógios ou qualquer objeto que possa comprometer a circulação sanguínea;

ü Em talas rígidas, acolchoar para evitar desconforto e minimizar a chance do surgimento de úlceras de pressão; ü Antes e depois da imobilização, avaliar pulso, motricidade e sensibilidade no membro; ü Considerar aplicação de compressas frias na extremidade do membros fraturado, com intuito de diminuir a dor e edema, bem como elevar o membro fraturado quando possível.

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7.2 Tratamento de lesões pélvicas no APH: O tratamento de fraturas pélvicas no cenário do atendimento pré hospitalar é de suma importância em relação ao manejo do doente, na estabilização, e no transporte rápido a unidade hospitalar. O potencial de gravidade na vítima de trauma, deve sempre ser considerado, pelas chances de hemorragias internas maciças. Neste contexto, durante o avaliação primária, o socorrista deve atentar para a inspeção da pelve e considerar que a palpação da mesma vêm sendo altamente discutida quanto à possibilidade de agravo, e desta forma não sendo estimulada sua realização. O socorrista, ao efetuar a avaliação primária e identificar possíveis lesões (dor, deformidades e cinemática do trauma sugestiva), deve atuar de forma rápida, objetiva, estabelecendo medidas adequadas para a estabilização da região. Atualmente o uso de cintas pélvicas são questionáveis antes do conhecimento das características específicas de uma fratura. Uma boa opção utilizada em alguns tipos de fraturas de pelve instáveis é a utilização de um lençol envolto na parte inferior pélvica amarrando

Compressão pélvica com lençol - (cinturão)

como um cinturão. 7.3 Fraturas de Fêmur: As fraturas de fêmur correspondem a estimativa de grande perda sanguínea interna, de aproximadamente de 1.000 a 2000 mililitros de sangue por fratura na vítima adulta. Na fratura de fêmur existe uma grande propensão para evolução a uma fratura exposta, principalmente se esta ocorra em terço médio, uma vez que, pela contração da musculatura considerada uma das mais fortes do corpo humano, a extremidade fraturada facilmente pode romper os tecidos, bem como lesar artérias, veias e nervos. A imobilização do membro deve seguir os princípios básicos, abrangendo as articulações distais e proximais, e o transporte ser efetuado com a vítima sobre prancha longa a unidade hospitalar. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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7.4 Luxações: As luxações são o desencaixe de dois ossos em suas articulações, geralmente proveniente da ruptura dos ligamentos que sustentam e dão estabilidade às articulações. Durante abordagem da vítima é difícil identificar clinicamente se ocorreu uma fratura ou luxação.

Existem características em relação à deformidade do

membro que indicam a provável lesão, tendo como exemplo, a fratura de colo de fêmur por geralmente, apresentar o encurtamento do membro com rotação externa. Em luxações na articulação coxofemural,

geralmente

observa-se

o

encurtamento do membro com rotação interna. O socorrista deverá imobilizar as luxações na posição encontrada, atentando sempre para os critérios anteriormente citados referentes a avaliação

de

pulso,

motricidade

e

sensibilidade, coloração do membro lesionado e avaliando sempre a necessidade da aplicação Luxação de ombro esquerdo

de tipóias na sustentação do membro. 7.5 Entorses: A entorse ocorre pela torção de uma articulação, causando, dor, edema com a presença ou não de hematoma. Os ligamentos da região afetada foram estendidos ou rompidos ocasionando assim os sintomas anteriormente citados. O socorrista deverá proceder com os princípios de avaliação (inspeção, checagem de pulso, motricidade e sensibilidade do membro), imobilização e conduzir a vítima a unidade hospitalar para efetuar exame radiológico e avaliação médica confirmando ou não a entorse. 7.6 Amputações: As amputações ocorrem quando um segmento do corpo é separado na sua totalidade ficando totalmente desprovido de sangue oxigenado. As amputações podem ser consideradas totais ou parciais.

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Nas

amputações

totais

pode

ocorrer a retração das artérias e veias, bem como a coagulação sanguínea que podem contribuir para perda de sangue ser menor em sua intensidade. amputações

parciais

As

costumam

apresentar hemorragias vultuosas, pois os fenômenos descritos acima não

Amputação traumática de mão esquerda

acontecem. Diante de hemorragias não contidas pela compressão direta do ferimento, efetuar o torniquete como a segunda técnica para a hemostasia. Os cuidados com o segmento amputado são fundamentais para viabilizar o procedimento de implante. São eles: 1 - Lavar o segmento amputado com Solução Ringer Lactato (RL), com objetivo de retirar sujidades; 2 - Cobrir segmento amputado com gaze estéril umedecendo com solução ringer lactato (RL); 3 - Colocar segmento amputado dentro de um saco plástico, posteriormente colocar dentro de outro saco contendo gelo se possível moído. 4 - Identificar o saco e transportar juntamente com o paciente até a unidade hospilar. O socorrista deve atentar para o transporte rápido a uma unidade hospitalar de referência, considerando que, quanto mais tempo o membro fica desprovido de oxigênio, menos chance terá para reimplantar.

Em hipótese alguma o segmento deverá permanecer em contato direto com o gelo.

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7.7 Síndrome Compartimental X Síndrome do Esmagamento: A síndrome

compartimental e

a

síndrome

do

esmagamento

são

acometimentos inerentes ao trauma músculo esquelético, onde, o bombeiro, necessita de um conhecimento básico para o manejo do paciente, bem como a tomada de decisão orientada pela coordenação médica, responsável pela regulação do atendimento. A síndrome compartimental se dá pelo aumento de pressão em um membro, no qual este estado compromete o aporte de sangue oxigenado. A hemorragia proveniente de lesões vasculares, de fratura ou de inchaço, causa a isquemia (diminuição da chegada de sangue no tecido), pelo aumento da pressão entre o músculo e a fáscia (tecido conjuntivo que envolve músculos nas extremidades). Associada ao processo de reperfusão da musculatura após um período de diminuição ou ausência do fluxo sanguíneo (pela compressão do membro) instala-se a referida síndrome. Tendo como exemplo de causas, dos fenômenos acima citados, podemos considerar uma imobilização malfeita, onde uma atadura ou tala muito apertada acarretará as consequências citadas. O socorrista deverá atentar para os sinais da síndrome compartimental que inicialmente são de dor, prurido (coceira), formigamento, dormência.

Os sinais

tardios, consiste na ausência de pulso, palidez e paralisia no membro. O tratamento da síndrome compartimental é realizado no hospital, através de procedimento cirúrgico chamado fasciotomia (incisão da pele e fascia até a descompressão do local afetado). O profissional deverá observar os procedimentos das imobilizações e curativos efetuados, evitando pressão excessiva, estabelecer contato com a regulação médica e seguir as diretrizes determinadas. A Síndrome do Esmagamento ou Rabdomiólise traumática, provém da insuficiência dos rins após uma lesão muscular gravíssima, onde geram condições clínicas que levam a morte do doente. A destruição do músculo em situações de esmagamento, libera uma proteína chamada mioglobina que ao cair na corrente sanguínea e chegar aos rins, levam à insuficiência renal aguda (IRA). A destruição do músculo também libera potássio em grandes quantidades podendo causar arritmias cardíacas.

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Sabendo das consequências que podem ocorrer quando, por exemplo, um membro esmagado for liberado, o socorrista deverá além de todos os procedimentos relativos ao exame primário, bem como as intervenções necessárias para manter a sobrevida da vítima, deverá estabelecer contato com a regulação médica, solicitando autorização para aplicação de um torniquete antes retirada do membro esmagado.

8- TRAUMAS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS: 85 8.1 Trauma na Gestante: As alterações que ocorrem, naturalmente, durante a gravidez são fundamentais para o desenvolvimento do feto, bem como, para preparar a gestante para o parto. Portanto, torna-se fundamental que sejam conhecidas pela equipe que atua em emergência. Se a equipe não possui este conhecimento pode confundir situações fisiológicas com situações patológicas e, com isso, realizarem interpretações equivocadas dos dados apresentados e aplicarem condutas inapropriadas. 8.1.2 Alterações morfológicas: No primeiro trimestre da gravidez o útero encontra-se protegido pelos ossos da bacia e a espessura das suas paredes está aumentada. No segundo trimestre o útero deixa de ser protegido pela pélvis, passando a ser abdominal, porém o feto é protegido por grande quantidade de líquido aminiótico. No terceiro trimestre o útero atinge as suas maiores dimensões, as suas paredes tornam-se mais finas e a quantidade de líquido aminiótico diminui, ficando então o feto mais susceptível ao trauma neste período. Em relação à placenta, sabe-se que esta atinge o seu tamanho máximo entre a 36ª e a 38ª semanas e que a quantidade de fibras elásticas é pequena, o que predispõe a falta de adesividade entre a placenta e a parede uterina, induzindo a complicações como o descolamento da placenta. O feto é considerado viável a partir da 28ª semana e é considerado prematuro quando tiver menos de 2,5 Kg. Quanto maior for a idade gestacional (aumento uterino) maior será a probabilidade de trauma, mas a possibilidade de lesões de outros órgãos diminui, pois o útero funciona como barreira protetora dos órgãos abdominais.

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Neste tipo de trauma devemos estar atentos para algumas alterações anatomofisiológicas que são características nas vítimas gestantes: ü FC aumenta 15 a 20 bpm no 3° trimestre; ü PA reduz 5 a 15 mmHg no 2° trimestre (depois retorna ao normal); ü Volume sanguíneo aumenta em 50%

ATENÇÂO Pode ocorrer perda de 30 a 35% de sangue sem que apareçam sinais de hipovolemia.

8.1.3 Condutas no APH: ü Transportar a gestante deitada sobre o lado esquerdo, desde que não tenha indicação de imobilização de coluna. ü Se imobilizada, elevar o lado direito da prancha em 10 a 15 cm; ü Se a vítima não puder ser girada, elevar a perna direita para deslocar o útero para o lado esquerdo.

8.1.4 Exame secundário (sinais de alerta): ü Sangramento vaginal; ü Lesões pélvicas maternas; ü Lesões útero/vagina; ü Sinais e Sintomas de DPP; ü Irritabilidade/sensibilidade/contratilidade uterina; ü Movimentação e Batimento cardíaco fetal.

O decúbito Lateral Esquerdo faz parte do tratamento. O melhor tratamento para o feto é o tratamento materno adequado.

8.2 Trauma na Criança Durante o atendimento a uma criança politraumatizada é fundamental incluir o responsável pelo menor no processo, pois uma das principais dificuldades é lidar Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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com os responsáveis, que desejam colaborar, porém encontram-se, geralmente, agitados, preocupados e descontrolados. A melhor maneira de ganhar a confiança dos pais é demonstrar confiança, não afastá-los do paciente durante o atendimento, ou seja, permitir que participem do socorro. O traumatismo da cabeça é a causa mais comum de óbito após trauma em crianças. As lesões da cabeça são mais frequentes na criança devido ao tamanho e peso desta em relação ao corpo. As crianças costumam apresentar um prognóstico melhor do que adulto com o mesmo grau de lesão e a recuperação pode ser completa mesmo em pacientes com lesões graves. O traumatismo de abdome representa a segunda causa de óbito após trauma em pacientes pediátricos. Sua principal manifestação é o choque hemorrágico causado pela rotura do fígado e do baço. Estes órgãos são menos protegidos pelas costelas e são relativamente maiores emcrianças, portanto, o profissional deveestar atento aos sinais de choque, bem como, aos sinais de trauma fechado. A parede torácica é mais elástica em crianças do que em adultos diminuindo a chance de lesões como tórax instável e tamponamento cardíaco, após o traumatismo de tórax. Na avaliação da cena devem-se observar as condições que levaram ao trauma, por exemplo: em caso de colisão, deve-se observar se a criança estava sendo transportada adequadamente. O controle da cervical, após instalação dos dispositivos de imobilização, poderá contar com a participação do responsável. Assim o mesmo poderá acompanhar a avaliação da via aérea (A), avaliação da respiração (B) e avaliação da circulação (C). Quanto a avaliação do nível de consciência, este é um excelente indicador de traumatismo de crânio. O profissional poderá utilizar como parâmetro a variação da pontuação na escala de glasgow adaptada para pediatria. As contusões abdominais, equimoses provocadas por cintos de segurança, dor abdominal em pacientes pediátricos representam indicações de transporte rápido (load and go).

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Sinais de alerta no traumatismo de tórax: ü Dispnéia; ü Taquipnéia (crianças > 40 irpm) e (lactente > 60 irpm) – loadand go; ü Batimentos de asa de nariz; ü Retrações supra-esternais, intercostais e subcostais.

8.2. Conduta pré-hospitalar: Adotar medidas de auto-proteção é fundamental, mesmo quando se tratar de crianças. Lembre-se que o trauma pode gerar secreções, sangue e eliminações de fluidos corporais. Manter as vias aéreas abertas com manobras manuais e estabilização manual da cabeça e pescoço e determinar após a abertura da via aérea, se a vítima apresenta respiração adequada. O profissional deverá iniciar a assistência ventilatória commáscara, caso a respiração esteja ausente ou inapropriada. As causas mais comuns de obstrução de vias aéreas em crianças, vítima de trauma, são queda de língua e corpo estranho. Estabilizar a cabeça e pescoço manualmente, o colar cervical só é aplicado no final da avaliação rápida, em virtude da criança apresentar baixa tolerância a imobilização cervical. Em crianças menores de um ano considerar necessidade de instalar um coxim sob os ombros para promover alinhamento da cabeça, cervical e corpo. Avaliar a respiração através da visão da expansão do tórax/abdome, ouvir sons expiratórios e/ou sentir a expiração (ver, ouvir e sentir) e quando necessário avaliar a frequência observando a faixa etária que são: 20 IRPM para pacientes menores que um ano de idade e 15 a 20/min para crianças maiores e adolescentes. Não esquecerde ofertar oxigênio se saturação estiver menor de 95%. A avaliação da circulação deve ser feita através da palpação do pulso braquial, em crianças, juntamente com a avaliação de hemorragias externas. Os locais de sangramento óbvios devem ser controlados para manter a circulação. Como o volume sanguíneo da criança é de 80 a 90 ml/kg sangramentos com perdas que seriam bem toleradas em um adulto podem causar o choque em crianças.

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Assim, torna-se fundamental o controle da hemorragia para prevenir grandes perdas sanguíneas e o choque. 8.3 Trauma no Idoso: Alterações fisiológicas: Cardiovascular O miocárdio apresenta alterações importantes, pois ocorrem mudanças em sua estrutura tal como: acumulo de gordura, que juntamente com outras alterações como a calcificação das valvas compromete a resposta cardíaca quando há necessidade de compensação. A contração e a capacidade diminuem tanto em repouso como em atividade física levando a diminuição na oferta de oxigênio para a massa cardíaca. Isto acende um alerta quando necessário realizar reposição volêmica. Respiratório: A frequência respiratória diminui devido às alterações estruturais e funcionais. A parede torácica sofre alterações devido à calcificação da cartilagem produzindo baixas no volume e difusão do oxigênio, assim a resposta ventilatória e elasticidade pulmonar diminuem. Sistema digestório: Apresenta alterações estruturais de motilidade e da função secretória o que leva a uma lentidão no esvaziamento do estômago. Este fato leva a aumento do risco de refluxo e broncoaspiração. Aparelho gênitourinário: O rim sofre modificações importantes, tais como: redução em seu peso, esclerose em vasos renais, diminuição na capacidade de filtração glomerular ocasionando drástica diminuição no volume filtrado. A avaliação do idoso vítima de trauma não pode ser isolada, ou seja, avaliar somente o evento e seus componentes. Portanto lembre-se das possíveis alterações que podem agravar a clínica da vítima, como: Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ ü Diminuição da atividade simpática ü Redução da complacência cardíaca e pulmonar ü Capacidade de difusão pulmonar diminuida ü Enfraquecimento muscular intercostal ü Redução da resposta renal à depleção de volume Co – morbidades: 90

ü Uso crônico de diuréticos ü Desnutrição ü Oclusão vascular por ateroesclerose ü Medicação vasodilatadora ü Beta-bloqueadores ü Marcapasso Reposição volêmica: O idoso tolera mal a hipotensão e tem mecanismos compensatórios menos eficientes. A tolerância à sobrecarga de volume também é pequena assim as margens para a reposição volêmica tornam-se estreitas. Respiração: A disponibilização de oxigênio a nível pulmonar está antecipadamente reduzida no idoso. Fraturas de costelas podem comprometer a dinâmica respiratória e gerar atelectasias. Trauma de crânio: O trauma de crânio no idoso tem o potencial de gerar HEMATOMAS cujo diagnóstico

pode

ser

difícil

no

paciente

previamente

comprometido

neurologicamente, portanto devemos SUSPEITAR SEMPRE, especialmente quando há mudança no status mental do paciente.

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Resumo: Nível de consciência, A B C D E Nível de consciência Imobilização cervical/Avalie coxim Reposição volêmica cuidadosa e criteriosa Reavalie periodicamente/Ausculta pulmonar Oxigênio suplementar /100% Mantenha monitorado

Morbidade e mortalidade “O efeito do envelhecimento diminuindo a “reserva fisiológica” somado às patologias pré-existentes aumenta a morbidade e a mortalidade pelo trauma”

8.4 Queimaduras: Pele: Maior órgão do corpo, órgão dos sentidos sendo responsável pelo controle da temperatura, atua como barreira de proteção além de controlar a perda de água e eletrólitos. Tipos de queimaduras: Depende do agende causador podendo ser decorrente de acidentes por chama, natureza elétrica, química, radiação, vapor ou líquido aquecido. Gravidade da queimadura: A gravidade da queimadura vai depender do agente causador, da extensão da área afetada que é avaliada pela percentual de superfície corporal acometida, da profundidade das camadas da pele envolvidas, da idade da vítima lembrando que os extremos de idade apresentam pior evolução clínica, além das condições clínicas da vítima tais como doenças pré- existentes como: diabetes, hipertensão arterial e traumatismos associados à queimadura como por exemplo: traumatismo craniano, trauma de tórax e etc. Um ponto que merece destaque são as vítimas que sofrem

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queimaduras das vias aéreas por inalação, sendo esse fato por si só gerador de grande gravidade, independente dos fatores acima listados.

Ao atingir mais de 40% da área corporal, as queimaduras poderão provocar a morte, e acima de 70% da superfície do corpo atingida as chances de sobreviver são mínimas. 92 Regra dos “9”:

Modelo representativo da Regra dos 9.

A consequência mais grave das queimaduras é a porcentagem da área corporal atingida (Imagem X). A maneira mais simples para esta avaliação, embora seja imprecisa, é calcular a área queimada através da “palma da mão do acidentado”, que corresponde à 1% de sua superfície corpórea. De acordo com esta informação temos a seguinte classificação: ü Portador de queimaduras: o acidentado tem menos de 15% da área corporal atingida. ü Grande

queimado:

a

área

corporal

atingida

ultrapassa

15%

(aproximadamente 15 palmos)

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Queimaduras de 1º e 2º graus:

Imagens de Queimaduras de primeiro e segundo grau.

1º grau: Atingem somente a epiderme, causando vermelhidão, inchaço, dor local, às vezes

insuportável,

sem

formação

de

bolhas.

(Queimaduras superficiais)

Característica: rubor, calor, dor. 2º grau: Atingem as camadas mais profundas da pele, envolvendo epiderme e porções variadas da derme subjacente. Causam formação de bolhas, pele avermelhada, com leito da ferida brilhante, com manchas e coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele, e possível estado de choque. (Queimaduras de espessura parcial) Característica: formação de bolhas, dor, leito da ferida é brilhante.

Bolha ou Flictema: Separação entre a epiderme e a derme.

Imagem de flictema (bolha) em MSE.

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Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro - CBMERJ Queimaduras de 3o grau e 4º grau

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3º grau: Esta lesão envolve toda a espessura da pele. Essas queimaduras podem apresentar diversas aparências. Com maior frequência estes ferimentos são espessos, secos, esbranquiçados, com aparência semelhante a couro. Em casos mais graves, a pele parece chamuscada, com visível trombose de vasos sanguíneos. (Queimaduras de espessura completa).

As vítimas com queimaduras de 3º grau sentem dor. Estas lesões estão cercadas por áreas de queimadura de 2º grau e 1º grau.

Característica: aparência similar a couro, coloração branca a chamuscada, tecido morto, presença de dor.

4º grau: São lesões que acometem não só todas as camadas da pele, mas também o tecido adiposo subjacente, os músculos, os ossos ou os órgãos internos.

Queimadura de via aérea Pode ocorrer devido à inalação de vapor ou gás aquecido levando a edema das vias aéreas apresentando como sinais rouquidão precoce e estridor tardio correspondendo a 85% de obstrução. (Imagem 11)

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Imagem 11: Edema de vias aéreas causado por queimadura

95 Tratamento da vítima queimada: Deve ser iniciada com a avaliação da área queimada e caso seja maior que 20% demonstra gravidade. Prosseguir retirando anéis e pulseiras da área lesada, pois após o início do edema se torna impossível sua retirada, podendo desempenhar papel de garrote. Esfriar as queimaduras recentes com solução salina ou água estéril em temperatura ambiente (a lavagem dos ferimentos com água deverá ser avaliada com cautela, pois em casos de queimaduras por pós químicos esta não é recomendada.).As áreas lesadas devem ser cobertas com gaze limpa. A hipotermia em grandes queimados deve ser prevenida com aplicação de mantas sobre a vítima, após sua avaliação. Queimadura elétrica: A queimadura elétrica apresenta na maioria das vezes pouca extensão superficial e grande extensão na profundidade, ocorrendo até lesão muscular, podendo acarretar um quadro de rabdomiólise com grande risco de insuficiência renal pelo depósito de mioglobina nos túbulos renais. Há risco de queda pela titânia acarretada pelo choque com trauma contuso associado e risco de trombose venosa profunda por alterações na coagulação. Pode ocorrer parada cardíaca pelo aparecimento de arritmias cardíacas. Queimadura por radiação Na queimadura por radiação ocorre morte tecidual pela absorção da energia nuclear deve ser dada atenção especial na avaliação da cena com solicitação de apoio devido aos produtos perigosos. A abordagem médica só deve ser realizada após a extricação e descontaminação da vítima. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Queimadura química: Da mesma maneira a avalição da cena merece atenção especial com solicitação de apoio os cuidados médicos só serão realizados após extricação e descontaminação da vítima. A gravidade da queimadura química dependerá do tempo de exposição, da natureza e concentração do agente. Ácidos irão queimar por necrose de coagulação e álcalis por liquefação, com maior penetração tecidual. 96 Vítimas que devem ser encaminhadas ao CTQ (Centro de Tratamento de Queimados): Vítimas que apresentem lesão por inalação, com queimaduras de 2ºgrau maior que 10% SCQ, queimaduras 3ºgrau, queimaduras em face, mãos, pés, grandes articulações

e

genitália

assim

como

queimadura

elétrica

ou

química,

politraumatizados com área extensa queimada, após estabilização do outro trauma e crianças.

9- INCIDENTES COM MÚLTIPLAS VÍTIMAS: Problematizando o atendimento nos acidentes com múltiplas vítimas: Quando abordamos o trauma, temos a necessidade de nos remeter aos protocolos internacionais de atendimento pré e intra-hospitalar, pois os mesmos nos direcionam a buscar as possíveis gravidades nos pacientes, de acordo com a cinemática do trauma envolvido. Para um incidente com múltiplas vítimas, necessitamos neste momento usar ferramentas semiológicas apropriadas para essas ocasiões, pois o atendimento em desastres inicialmente é para quem apresenta maior possibilidade de sobrevivência, reduzindo assim a morbimortalidades dos pacientes, do que atender primeiramente o paciente mais grave. A avaliação de desastres é baseada em atendimentos de medicina de guerra, onde o lema é:“fazer o melhor para o maior número possível de vítimas”.

Organizamos o atendimento pré-hospitalar em três etapas, chamadas de “Três Ts do incidente com múltiplas vítimas” que compreendem em:Triagem, Tratamento e Transporte.

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TRIAGEM:

Protocolo Internacional de Triagem em Acidente com Múltiplas Vítimas: Método S.T.A.R.T.: O método S.T.A.R.T. (SimpleTriageAndRapidTreatment) é o método de triagem mais difundido e aplicado no mundo de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e que pode ser feita por profissionais de saúde, socorristas e até leigos, desde que sejam devidamente treinados. Avalia-se a vítima e classifica a mesma por prioridade destacando-a por uma forma padronizada de cores reconhecida internacionalmente onde: Vítima grave; Vítima estável que apresenta potencial gravidade e que não deambula; Verde sem gravidade aparente, com lesões superficiais e que deambula; Cinza considerada em óbito ou fora de possibilidades terapêuticas. No método START, as ferramentas semiológicas utilizadas são avaliadas através de três manifestações clínicas, chamadas de R.P.M. onde se avalia parâmetros de: Respiração, Perfusão e status Mental. Trata-se de uma avaliação rápida, preconizada que seja feita em até sessenta segundos.

Avaliação START

RESPIRAÇÃO

Referências

Referências

Semiológicas de

Semiológicas com

Normalidade

Alteração

Abaixo de 30 incursões por minuto

Acima de 30 incursões por minuto

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PERFUSÃO CAPILAR STATUS MENTAL / NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

Abaixo de 2 segundos Lúcido e orientado atendendo as solicitações

Acima de 2 segundos Desorientado ou Inconsciente

Avaliação R.P.M.: Respiração:

98

Observar movimentos inspiratórios e expiratórios que estejam em até 30 incursões por minuto. Em situações traumáticas, todo e qualquer paciente que esteja taquipneico entrará em um quadro de fadiga respiratória, havendo a necessidade de suporte ventilatório imediatamente.

Em casos de bradipnéia ou de respiração com assimetria torácica, considerar gravidade e necessidade de suporte ventilatório. Perfusão Capilar: ü Pressionar a polpa digital ou o leito ungueal e soltar rapidamente. ü Se a perfusão voltar em até dois segundos considerar normal. ü Caso o paciente apresente uma perfusão lentificada, devemos considerar a diminuição de perfusão por hipotensão. ü No trauma hipotensão é déficit circulatório por provável hipovolemia ou mecanismo de bomba cardíaca lesionada. Status Mental: ü Avaliar nível de consciência. ü Quaisquer alterações no sensório em vítimas politraumatizadas direcionarão o diagnóstico para baixo débito cerebral (hipovolemia) ou lesão direta no encéfalo (edema ou sangramento). ü Portanto, em grande resumo classificamos as vítimas da seguinte forma: ü Vítima que deambula e obedece a comandos é classificada como verde, pois entende-se que o R.P.M. está mantido em uma vítima que anda. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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É necessário lembrar que a avaliação pelo método START é uma triagem de prioridade de atendimento em situações de desastres, portanto neste momento de avaliação não cabe diagnóstico diferencial nem tão pouco ser usado em rotina de atendimento clínico ou em um atendimento individualizado. Vítima que respira normalmente, e que apresenta uma perfusão periférica sem alterações, esteja lúcida, mas não deambula é classificada como amarela. Vítima que apresenta alterações na respiração principalmente taquipnéia e/ou que esteja com perfusão periférica lentificada e/ou que apresente alteração neurológica é classificada como vermelha. Vítima que não respira, abre-se a via aérea e mesmo assim não apresenta reflexo respiratório ou com lesões incompatíveis com a vida ou fora de possibilidade terapêutica é classificada como preta. Abaixo o fluxograma do método START:

Cartão para triagem de vítimas

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Tratamento em desastres: É o local que deve ser direcionado as vítimas após a triagem e estabelecida em uma área segura. Na área de tratamento devemos realizar o que chamamos de “triagem secundária”, pois se houver alguma não conformidade no momento da triagem ou uma mudança no quadro clínico da vítima até a chegada a área de tratamento, a mesma deverá ser reclassificada pelo método START. Na área de tratamento, devemos manter uma distância visual entre vítimas conscientes em relação a vítimas graves ou mortas, com o intuito de manter um controle emocional na cena. A equipe da área de tratamento deve tratar apenas os chamados vilões do acidente com múltiplas vítimas que são: permeabilização das vias aéreas, contenção de hemorragias e oclusão de feridas abertas no tórax. Os cuidados e intervenções na área de tratamento são necessárias para estabilizar a vítima em suas lesões mais

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críticas. O exame primário do politraumatizado deve ser realizado e deve ser realizado pela equipe de APH que irá transportar a vítima para o hospital. O modelo em cruz é o recomendado, mas a adaptação a esta regra dependerá única exclusivamente da cena do desastre e da manutenção da segurança.

101

Área de tratamento em forma de cruz.

Durante o tratamento, o socorrista deve atentar para contaminação cruzada trocando de luvas toda vez que for manipular um paciente diferente.

Transporte: Após a estabilização da vítima, conduzi-la por meios adequados é outra forma de minimizar os problemas ocasionados pelos desastres. A regra é simples: Vítima grave deve ser levada por recurso avançado (ambulância ou transporte aéreo, quando este recurso estiver disponível) e vítimas de menor gravidade em recurso intermediário ou básico. Essa regra modifica dependendo dos recursos disponíveis em cada situação específica de desastre, onde a falta de recursos é uma característica a ser considerada.

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As vítimas verdes podem ser transportadas em veículos comuns como: carros de passeio, vans e ônibus, desde que tenham sido classificadas pelo método START e reavaliadas na área de tratamento verde. Após esse respaldo, as vítimas verdes devem ser acompanhadas neste transporte por um profissional de saúde, devidamente capacitado em atendimento pré-hospitalar. O médico Regulador tem papel fundamental no momento do transporte, ele que avaliará para qual hospital será transportada as vítimas distribuindo-as de maneira coerente para os hospitais disponíveis, avaliando o tempo de chegada, a gravidade da vítima e o tipo de recurso que o mesmo oferece.

10-

MOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE ACIDENTADOS: Destacamos que as vítimas de trauma requerem cuidados específicos durante

o atendimento pré-hospitalar. Nessa perspectiva, ressaltamos a necessidade de cautela e prudência da equipe de socorro ao manipular a vítima de trauma durante todo o atendimento, que implica em procedimentos de movimentação da vítima na cena, transporte e chegada a unidade hospitalar de referência. Os conceitos e técnicas apresentadas nesse capítulo têm como objetivo evitar o agravamento de lesões primárias da vítima e promover condições ergonômicas adequadas pelas equipes de atendimento pré-hospitalar. Mobilização: consideramos que o termo refere-se às técnicas aplicadas no manuseio e movimentação das vítimas de trauma. Suas indicações ocorrem de acordo com os aspectos do cenário e a condição geral da vítima. Imobilização: consideramos que o termo refere-se ao uso de dispositivos a serem utilizados nas vítimas, visando alinhamento, estabilização e/ou fixação de partes do corpo, afim de que movimentos indesejados possam agravar lesões já existentes. Materiais básicos de imobilização: prancha longa com cintos e estabilizadores de cabeça, colar cervical e talas de membros. Preparação da vítima para retirada da cena e transporte: Ressalta-se que vítimas de trauma nem sempre estarão ao solo em posição ideal para serem mobilizadas (ex. colocadas na prancha). Neste contexto, pode ser necessário o alinhamento dos membros junto ao corpo, objetivando deixar a vítima em posição anatômica. Esse Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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alinhamento é realizado sustentando os membros pelas articulações e posicionandoos, gradualmente, ao eixo do corpo. Caso a vitima apresente algum tipo de restrição a esse movimento, essa vitima deverá ser mobilizada e imobilizada mantendo a posição inicial do membro. TÉCNICAS DE MOBILIZAÇÃO E IMOBILIZAÇÃO: Rolamento 90°: 103

Indicação: vítima em decúbito dorsal. Número mínimo de socorristas: três (3). Ao encontrar uma vítima em decúbito dorsal, e havendo a necessidade de transporte, a primeira decisão da equipe será: para qual lado deverá ser realizado o rolamento da vítima. A decisão mais convencional sugere que a vítima deva ser “rolada” para o lado contrário a lesão. Contudo, algumas condições da vítima e da cena podem requerer que o rolamento seja feito para cima do lado lesionado da vítima. Caberá a equipe decidir qual movimento agravará mais o estado geral da vítima, e assim realizar a técnica. Após decisão da equipe acerca do rolamento da vítima, a prancha deverá ser posicionada do lado contrário ao posicionamento dos socorristas.

Figura 1

Figura 2

Considerando a equipe mínima para o atendimento, um dos socorristas deve se posicionar por trás da vítima e com as mãos espalmadas, estabilizar a cabeça da vítima (imobilização manual da cabeça) e, obrigatoriamente, manter pelo menos um dos joelhos no chão, conforme figura 1.

Os outros dois socorristas, devem se

posicionar no lado para o qual decidiram realizar o rolamento, conforme figura 2. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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O socorrista líder deve ficar na altura do tórax, colocando a mão na cintura escapular (ombro), enquanto sua outra mão será posicionada na cintura pélvica, sustentando juntamente o braço da vítima. O terceiro socorrista deve se posicionar ao lado do socorrista líder. Ambos devem manter um dos joelhos ao solo e outro elevado visando maior estabilidade, atentando para que os mesmos joelhos estejam ao solo e levantados. A mão do terceiro socorrista, mais próxima ao socorrista líder deverá ser posicionada na região pélvica distal da vitima, ao lado da mão do socorrista lide, formando um “X”, enquanto sua outra mão será posicionada no joelho distal da vítima, conforme figura 2. Uma vez posicionada a equipe e a prancha, o rolamento 90° deverá ser realizado - movimento em bloco. O socorrista que está na cabeça é responsável pelo sincronismo do movimento, pois será ao seu comando que a equipe irá realizar a técnica, conforme figura 3.

Figura 3

Após o exame do dorso (crânio, pescoço e coluna), realizado pelo líder, com mão que está na região pélvica, a equipe se prepara para a colocação da vítima na prancha. Nesse momento, o terceiro socorrista, libera sua mão da cintura pélvica ou do joelho da vítima e traz a prancha para o mais próximo possível da vítima, conforme figura 4. Havendo uma quarta pessoa disponível no local, ela poderá posicionar a prancha junto a vítima.

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Figura 4

Ressaltamos que uma vez colacada na prancha, é provável que a vítima ainda precise de ajustes na sua posição. Neste contexto, o socorrista líder “cavalgará” a vítima na altura do tórax posicionando as suas mãos sob os ombros ou entre as axilas, enquanto o terceiro socorrista “cavalgará” a vítima na altura da região pélvica ficando atrás do líder, conforme figura 5. Ao comando do socorrista que está na cabeça, a equipe realizará um movimento de “arrasto”, em forma de “zig-zag” diagonal para cima e para baixo, até a vítima atingir a posição correta na prancha. É importante nesse momento que os socorristas travem a prancha para ela não escorregar sobre o solo. Ressaltamos que a estabilização manual da cabeça da vítima só pode ser desconsiderada quando os demais recursos de imobilização de cabeça e pescoço já tiverem sido colocados de maneira eficaz.

Figura 5

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Figura 7

Figura 6

106 Rolamento 180° Indicação: vítima em decúbito ventral. Número mínimo de socorristas: três (3). Esta técnica consiste em mobilizar a vítima em bloco para cima de uma prancha longa, permitindo um devido alinhamento do corpo com a cabeça. Nesta perspectiva, diferentemente da técnica de rolamento a 90°, a prancha deverá ser colocada no lado oposto a face da vítima. Enfatizamos que o socorrista que estabiliza a cabeça deve estar atento para a posição adequada das mãos, onde o seu polegar deve estar voltado para a face da vítima, conforme figura 8.

Figura 8

Figura 9

Os outros dois socorristas deverão se posicionar sobre a prancha, e realizar a pegada da vítima na mesma posição citada na técnica anterior, permitindo o cruzamento dos braços em “X”. Devemos considerar, que nesta posição, o socorrista líder poderá realizar do exame do dorso antes de iniciar a técnica de rolamento.

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Apósestabilização da cabeça, posicionamento lateral dos socorristas e da prancha, a equipe estará apta para realizar o rolamento, conforme figura 9. Este rolamento ocorre em dois tempos, no primeiro os socorristas que estão sob a prancha na lateral da vítima realizarão o primeiro movimento de 90°, que deverá alinhar a cabeça e o corpo da vítima, conforme figura 10 e 11. Em seguida com a vítima alinhada e lateralizada, o socorrista responsável pelo rolamento dará um novo comando e a vítima será rolada em bloco para cima da prancha, conforme 107

figura 12 e 13.

Figura 11

Figura 13

Figura 12

Figura 14

Ressaltamos que da mesma forma como no rolamento a 90°, a vítima ao ser posicionada em cima da prancha poderá precisar ser ajustada de maneira segura. Neste contexto, a equipe realizará o posicionamento a cavaleiro e fará o arrasto em “zigzag”, conforme visto previamente no rolamento a 90°. Elevação a Cavaleiro: Indicação: vítima em decúbito dorsal que as condições clínicas/físicas sejam agravadas com a técnica de rolamento ou por impossibilidade de rolamento devido

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espaço insuficiente na cena. Esta técnica pode também ser um recurso em locais de difícil acesso e com vítimas em outros decúbitos. Número mínimo de socorristas: cinco (5). Para iniciar esta técnica, o socorrista um (1) estabilizará a cabeça, mantendo um joelho no chão, e a ponta do coturno do outro pé à frente. Isso o protegerá de ser atingido pela prancha, conforme figura 1. Os demais socorristas tomarão as seguintes posições: o socorrista dois (2) se posicionará na altura do tórax, segurando os ombros; o socorrista três (3) na altura da pelve, mantendo os braços da vítima entre seus braços; o socorrista quatro (4) na altura do joelho da vítima, conforme figura 14. O quinto elemento (socorrista ou não) ficará responsável em colocar a prancha embaixo da vítima, conforme figura 15.

Figura 14

Figura 15

Assim que todos estiverem posicionados, e a prancha preparada com os cintos desafivelados e alinhados, o socorrista que estiver na cabeça dará o comando para elevação da vítima. Esse movimento deve ser realizado de maneira sincrônica, mantendo o alinhamento da coluna da vítima. A elevação deve ser o mínimo necessário para o posicionamento da prancha sob a região dorsal da vítima, conforme figuras 16 e 17.

Figura 16

Figura 17

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Procedimentos de imobilização: Após a colocação da vítima sobre a prancha longa, seguimos com as seguintes ações: COLOCAÇÃO DO COLAR CERVICAL – ORIENTAÇÕES: 1. Na aplicação da técnica de rolamento a 90°, orientamos que o colar cervical seja colocado na vítima após o rolamento, para possibilitar um exame mais adequado da região occipital e cervical da vítima. Lembrando que a estabilização manual é extremamente segura e precisa. 2. O socorrista que for realizar a colocação do colar deve estar posicionado de forma que permita a visualização da passagem do colar pela parte posterior do pescoço da vítima, assim como mensurar o tamanho do colar cervical. 3. Após a colocação do colar cervical, o socorrista deve aplicar os estabilizadores de cabeça (headblock), e seus respectivos tirantes (frontal e mentoniano), ressaltando que um dos socorristas não pode soltar a cabeça da vítima. 4. O tirante mentoniano deve ser o primeiro a ser colocado, ele é posto sobre o colar cervical fazendo uso da abertura que possui. Após essa ação é que colocamos o tirante frontal e a finalização da fixação da cabeça. A partir desse momento não será mais necessário manter a imobilização manual da cabeça. FIXAÇÃO DA VÍTIMA NA PRANCHA COM OS CINTOS: Possuem a finalidade manter a vítima fixada ao longo da prancha, prevenindo o risco de quedas e movimentos indesejados. Padrão de fixação dos cintos: (figuras 18 e 19) os cintos devem estar bem posicionados para atuarem de forma eficaz. O cinto superior deve ser posicionado na altura do tórax próximo a região axilar. O ajuste deve permitir a expansão do movimento respiratório. O cinto mediano deve ficar na altura da pelve. O cinto inferior deve ser colocado aproximadamente cinco (5) centímetros acima dos joelhos.

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Figura 18

Figura 19

110 TRANSPORTE DA PRANCHA COM 03 SOCORRISTAS: Ressaltamos que para erguer a prancha os socorristas devem executar dois movimentos à comando líder: o primeiro movimento até a altura dos joelhos e o segundo movimento acima, na posição ereta, conforme figuras 20, 21 e 22. A figura 23 demonstra o transporte de vítima com três (3) socorristas.

Figura 21

Figura 23

Figura 22

Figura 24

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TRANSPORTE DA PRANCHA COM 04 SOCORRISTAS: Ressaltamos que para erguer a prancha os socorristas devem executar dois movimentos à comando líder: o primeiro movimento até a altura dos joelhos e o segundo movimento acima, na posição ereta, conforme figuras 24, 25 e 26. A figura 27 demonstra o transporte de vítima com quatro (4) socorristas.

111

Figura 25

Figura 27

Figura 26

Figura 28

RETIRADA DE CAPACETE: A indicação da retirada do capacete é ter acesso as vias aéreas da vítima, que eventualmente possam estar obstruídas ou em casos de inconsciência. Ressaltamos que a técnica deve ser precisa, pois a mobilização inadequada pode causar lesão

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secundária na coluna cervical. Portanto, a equipe de socorristas deve avaliar criteriosamente o procedimento, conforme a seguir: 1. São necessários dois socorristas para executar com segurança a técnica; 2. O primeiro socorrista estabiliza manualmente a cabeça por trás da vítima; 3. O segundo socorrista estabiliza manualmente a cabeça e o pescoço, apoiando uma das mãos sob a região posterior do pescoço da vítima e a outra a mandíbula. Mantendo a cabeça em posição neutra; 4. O primeiro socorrista, que está posicionado na cabeça da vítima, segura o capacete pelas abas laterais e vai tracionando-o cuidadosamente em sua direção; 5. Após a retirada do capacete, o primeiro socorrista mantém a estabilização manual da cabeça e pescoço.

Sequência da Retirada de Capacete:

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Capítulo IV Acidentes com Animais Peçonhentos: São animais que possuem em sua maioria glândulas que armazenam substâncias venenosas, utilizadas para proteção contra a ação de predadores ou ainda que os auxiliam na captura de suas presas. Animais venenosos: São animais que possuem veneno, mas não apresentam um aparelho específico para inocular nas suas possíveis vítimas. Ex: o veneno do sapo está em glândulas na sua pele. Animais Peçonhentos: São animais que possuem veneno e um aparelho específico para introduzi-lo no organismo da vítima. Eles possuem a capacidade de produzir, armazenar e inocular seu veneno.

1 - Ofidismo: Acidentes oriundos de picadas de cobra. 1.1 Características básicas cobras: São animais predadores e se alimentam de peixes, moluscos, anfíbios, mamíferos, aves e até de outras cobras. Como não possuem braços ou garras para matar ou imobilizar suas presas, contam com o veneno para auxiliar nessa tarefa. A forma da boca das serpentes impede que elas mastiguem o alimento. Ao capturar uma presa, a cobra a engole inteira. O veneno serve para neutralizar esta presa e, assim, facilitar a captura da mesma, outra função do veneno é ajudar, a cobra, na digestão da presa abatida, facilitando a absorção dos nutrientes necessários para sua sobrevivência.

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Tabela 1: Comparativo de serpentes peçonhentas X não peçonhentas.

CARACTERÍSTICAS

PEÇONHENTAS

NÃO-PEÇONHENTAS

CAUDA

AFINA ABRUPTAMENTE

AFINA GRADUALMENTE

FOSSETA LACRIMAL OU

APRESENTA

LOREAL

(exceto cobra coral)

NÃO APRESENTA

115

PUPILA

VERTICAL

REDONDA

ESCAMAS

CORPO = CABEÇA

CORPO X CABEÇA

PICADA

UM OU DOIS ORIFICIOS

MORDIDA

DENTES

DUAS PRESAS

PEQUENOS E UNIFORMES

ATITUDE (PERIGO)

LENTAS E ENRRODILHA

AGEIS E PARTEM EM RETIRADA

A nível de campo a diferenciação da cobra coral falsa da cobra coral verdadeira é impossível de ser executada, portanto, tratar todas como peçonhenta.

1.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica: No Brasil há cerca de 260 espécies de serpentes, sendo que cerca de 40 são peçonhentas. Essas espécies de serpentes são dividas em gêneros, dos quais estudaremos: Crotalus, Bothrops, Lachesis, e Micrurus. O veneno de cada gênero de serpente possui composição diferente, conseqüentemente, ira provocar sintomas distintos, confira o esquema a baixo e entenda como cada grupo de veneno age no corpo da vítima de acidente com cobras peçonhentas.

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Tabela 2: Comparativo de ação de veneno X gênero / espécie de serpentes: GÊNERO

ESPÉCIE

AÇÃO DO VENENO

CASCAVEL

HEMOLISANTE E PARALISANTE

CROTALUS

SORO ANTIOFÍDICO

ANTI-CROTALICO

(neurotóxico)

116 JARARACA

NECROSANTE E COAGULANTE

BOTHROPS SURUCUCU

NECROSANTE E PARALISANTE

LACHESIS

ANTI-BOTHROPICO

ANTI-LACHESICO

(neurotóxico) CORAL

MICRURUS

PARALISANTE

ANTI-MICRURICO

(neurotóxico)

ANTI-ELAPÍDICO

Existe um soro antiofídico genérico, ou seja, que serve para mais de um veneno. Contudo, as reações do corpo a ele são complicadas e podem deixar seqüelas.

1.3 Ação do Veneno: Necrosante: Destruição do tecido muscular no local da picada. Paralisante (neurotóxico): Paralisia dos músculos da vitima, impedindo a sua locomoção, ocorrendo em alguns casos à paralisia da musculatura respiratória. Coagulante: Promove um aumento significativo do fator de agregação plaquetária fazendo o sangue se transformar em um “mingau”.

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Hemolisante: Rompe a membrana das hemácias efetuando o “lise”, destruição, das células. Sintomas no Local da Picada: Dor, hemorragia, equimose ou hematoma. Condutas em ofidismo: 117 ü Nunca tentar capturar a serpente, se possível, tente fotografar ou gravar na cabeça as características de cor ou barulho emitido pela cobra; ü Manter a vítima em repouso (a vítima não poderá efetuar nenhum tipo de movimento para não acelerar a metabolização do veneno); ü Realizar a assepsia do local; ü Retira anéis e pulseiras; ü Imobilizar o local da lesão (se for necessário); ü Monitorar os sinais vitais; ü Não amarrar membros fazendo um garrote e nem fazer torniquete (isso poderá piorar as condições da vítima, pois, concentrará o veneno em uma região e não impedirá que ele circule pelo corpo da mesma); ü Não fazer cortes e nem chupar o local da picada (isso não retira o veneno); ü Transportar a vitima, de maca, imediatamente ao hospital mais próximo, pois apenas o soro poderá agir contra os sintomas.

2 - Araneismo: Acidentes oriundos de picadas de aranhas. 2.1 Características Básicas das Aranhas: Não são agressivas, abrigam-se sob folhas, troncos e arvores. Possuem hábitos noturnos. Têm quatro pares de patas. As patas podem ter garras nas pontas. Algumas espécies usam o primeiro par de patas como apêndices para capturar ou

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segurar a presa. Na parte de trás do corpo, as aranhas possuem órgãos, chamados fiandeiras, que fabricam seda. São animais de hábitos noturnos e carnívoros. 2.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica:

Viúva Negra (Latrodectus mactans):

118 De coloração bonita e, tamanho minúsculo, são espécies

consideradas

de

importância

médica

e

encontradas em áreas de restinga. Os casos de picada desta aranha não são frequentes em humanos e, geralmente os ataques são promovidos pelas fêmeas. Seu veneno possui vários componentes químicos como o ácido aminobutírico, hialuronidase, fosfodiesterase, polipetídeos, além de proteínas como latrotoxinas, característica do grupo. Essas toxinas atuam sobre terminações nervosas sensitivas, provocando quadro doloroso no local da picada. Atuam também no sistema nervoso autônomo. O quadro clínico é dor no local da picada com intensidade variável, tipo mialgia, evoluindo para sensação de queimação (ocorrendo 15 a 60 min. após o acidente). Lesões puntiformes com uma ou duas perfurações de 1 a 2mm e edema discreto no local da picada. Pode ocorrer Hiperestesia na área da picada, placa urticariforme e infartamento ganglionar. Frequentemente há ocorrência de tremores, contrações espasmódicas dos membros, sudorese local, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço, dor no tórax com sensação de morte eminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia. Para tratamento dos sintomas recomenda-se a utilização de compressas mornas no local e o uso de analgésicos. Quando a dor é muito intensa, pode-se usar meperidina ou morfina. O tempo de permanência hospitalar para doentes não submetidos a soroterapia é de no mínimo 24 horas. O tratamento com soro Antilatrodectus (SALatr) - SORO ANTIARACNÍDEO -

é indicado nos casos

graves. A melhora do paciente ocorre de 30 min a 3h após a soroterapia.

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Aranha Marrom (Loxosceles): Essas aranhas são animais do gênero Loxosceles, mas que comumente são chamadas de aranhas marrons, no Brasil. São amarronzadas, variando o tom e algumas possuem um desenho no cefalotórax e podem medir até 4 cm (o corpo mede apenas um terço disso). É distribuída por quase todo planeta, tendo mais de 30 espécies só na América do Sul. É uma das aranhas que mais gera mortes no mundo e tem o veneno mais tóxico entre as aranhas brasileiras. Podem ser encontradas em áreas livres, entre frestas de troncos, folhas secas, rochas, dentro de casa embaixo ou atrás de móveis, em galpões, etc. As aranhas marrons não são agressivas. Os ataques a humanos ocorrem como defesa quando, sem querer, alguém toca nela. É comum acidentes com estes animais na hora de pôr calçados ou roupas, onde elas estão escondidas, ou são vítimas que colocaram a mão em alguma fresta, mas não é comum elas atacarem sem ser por defesa, quando se sentem comprimidas. A picada não é dolorida, mas cerca de 14 horas depois há desenvolvimento de edema (inchaço) e eritema (vermelhidão), podendo ser acompanhado de prurido (coceira). Sua toxina é hemolítica, podendo não causar problemas apenas na área picada, mas na região visceral, levando o indivíduo a ter febre, urinar escuro e sem tratamento adequado pode gerar necrose no tecido local da picada, falência renal e óbito. A conduta do Bombeiro é não deixar a vítima se movimentar, solicitar ajuda e levar, o mais rápido possível, a vítima para o atendimento médico para que possa tomar o soro antiaracnídeo.

Armadeira (Phoneutria): Essas aranhas não constroem teias para capturar suas presas, elas imobilizam a vítima com o auxílio do veneno. Estas aranhas caracterizam-se pela disposição dos olhos em três filas (2-4-2); no abdômen há pares de manchas claras formando uma faixa longitudinal. As pernas apresentam espinhos negros implantados em manchas claras. Sua marca registrada é o comportamento defensivo em posição ereta, com movimentos laterais do corpo e com as pernas dianteiras elevadas: tal comportamento originou seu nome popular. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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Estão distribuídas por quase toda a América Central e do Sul, desde a Guatemala até o norte da Argentina, podendo ser encontradas em bananeiras, folhagens, entre madeiras e pedras empilhadas e no interior de residências. As aranhas armadeiras possuem um veneno extremamente ativo em seres humanos, aliado ao seu sinantropismo, ou seja, sua adaptação em ambientes urbanos, faz com que as armadeiras sejam responsáveis por boa parte dos acidentes com artrópodes peçonhentos no Brasil. Por outro lado, algumas propriedades farmacológicas instigam cientistas que buscam por aplicações biotecnológicas de compostos derivados das toxinas presentes no veneno. Os acidentes provocados por Phoneutria ocorrem durante o ano todo, aumentando a incidência nos meses de abril e maio. Este período coincide com a época de acasalamento das armadeiras, o que as torna mais ativas. As ações do seu veneno causam retardo da inativação dos canais neuronais de sódio, o que pode provocar despolarização das fibras musculares e terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo, favorecendo a liberação de neurotransmissores, principalmente acetilcolina e catecolaminas. Também isola peptídeos que podem induzir a contração da musculatura lisa vascular e aumentar a permeabilidade vascular, independentemente da ação dos canais de sódio. No quadro clínico de um acidente com armadeiras predominam as manifestações locais. A dor imediata é o sintoma mais frequente; apenas 1% dos casos apresentam-se assintomáticos após a picada. Sua intensidade é variável, podendo se irradiar até a raiz do membro acometido. Outras manifestações que podem ocorrer são: edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada, onde podem ser encontradas as marcas de dois pontos de inoculação, priapismo, choque anafilático e edema pulmonar. Os acidentes são classificados em Leve, Moderado e Grave: ·

Leve: Predominam as manifestações locais como dor, inchaço, vermelhidão da pele e suor na região da picada. Pode aparecer a marca da picada.

·

Moderado: Além

das

manifestações

locais,

observam-se

alterações

sistêmicas como aceleração da frequência dos batimentos cardíacos, aumento na pressão sanguínea, suor, agitação e vômito. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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·

Grave: Ocorrem principalmente em crianças que apresentam, além das manifestações já descritas, vômito profuso, ereção peniana involuntária persistente, diarreia, diminuição da frequência dos batimentos cardíacos, pressão sanguínea baixa, arritmia cardíaca, edema agudo de pulmão e choque.

A conduta do Bombeiro é não deixar a vítima se movimentar, solicitar ajuda e levar, o mais rápido possível, a vítima para o atendimento médico para que possa ser administrado o soro antiaracnídeo.

121

Aranha de Jardim (Lycosa erythrognatha): A aranha-de-jardim, também conhecida como aranha-degrama ou aranha-lobo (Lycosa

erythrognatha)

é

uma

espécie de aranha da família Lycosidae. Esta aranha possui aproximadamente coloração

5 cm

de

comprimento.

marrom-clara

ou

cinzenta,

Apresenta

ventre

negro

e quelíceras com pêlos alaranjados ou avermelhados. Na parte dorsal do abdome, há um desenho negro em forma de seta, bem característico da espécie. O veneno da aranha-de-grama causa uma dor intensa, com sensação de queima e formigação, e pode provocar reações alérgicas como sudorese no local da picada. Mas geralmente a mordida não causa problemas tão graves. Dada a ação meramente proteolítica do veneno, não há necessidade de soroterapia específica. A conduta do Bombeiro é não deixar a vítima se movimentar, solicitar ajuda e levar, o mais rápido possível, a vítima para o atendimento médico para que possa tratar os sintomas de forma correta. Condutas em Araneismo: ü As picadas de Aranha deverão ter maior atenção, pois, acidentes com aranha marrom e viúva negra o soro anti-aracnídeo se fará necessário; ü Não tente capturar e nem apanhe com as mãos a aranha, isso poderá provocar outro acidente; ü Fique atento aos sinais vitais; ü Não realizar torniquetes; ü Não tentar chupar o veneno; ü Sempre valorize um acidente com aranhas. Centro de Educação Profissional em Atendimento Pré-hospitalar - CEPAP

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3 - Escorpianismo: Acidentes derivados de picadas de escorpiões. 3.1 Características Básicas dos Escorpiões: Os escorpiões são animais de corpo alongado que possuem quatro pares de patas, um par de pinças no extremo anterior e apresentam um ferrão com glândulas de veneno na ponta da "cauda" articulada. Quando se sentem perturbados, picam com facilidade, causando muita dor, e podendo provocar até a morte em crianças e pessoas debilitadas. As espécies que habitam o estado do Rio de Janeiro têm coloração e hábitos que as confundem com o ambiente em que vivem. Entre essas espécies encontramos com muita frequência o "escorpião-amarelo" (Tityus serrulatus), que é considerado o escorpião mais perigoso da América do Sul. Os escorpiões procuram alimento durante a noite e, frequentemente, penetram nas residências humanas, onde se instalam sem serem notados, pois durante o dia "desaparecem" em esconderijos escuros e úmidos. Para capturar alimento e para defesa utilizam-se do ferrão venenoso. Os escorpiões se proliferam sob pedras, frestas de pedras e barrancos, debaixo de cascas de árvores, em paredes e muros mal rebocados, madeira empilhada, entulhos, caixas de gordura, ralos, forros, etc. Gostam muito de umidade, pouca luz e insetos em abundância (principalmente baratas e outros insetos do gênero). A picada de escorpião causa muitos transtornos ao organismo humano: dor imediata, sudorese, febre, sensação de frio, contrações musculares, irregularidades cardio-respiratórias, e pode levar à morte. Qualquer acidente com escorpião deve ser avaliado por um médico. Em várias regiões do estado do Rio de Janeiro e em outros estados da região sudeste tem ocorrido um significativo aumento na ocorrência de escorpiões. Medidas de prevenção para evitar acidente com escorpiões: ·

Manter jardins e quintais limpos; evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico, material de construção nas proximidades das casas; evitar secar roupas no chão ou em cercas e muros.

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Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas; manter a grama aparada; limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto das casas;

·

Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois os escorpiões podem se esconder neles e picar ao serem comprimidos contra o corpo; combater a proliferação de insetos, para evitar o aparecimento de escorpiões que deles se alimentam; verificar a presença de escorpiões em hortifrutigranjeiros e outros produtos;

·

Vedar frestas e buracos em paredes, ralos, assoalhos e vãos entre o forro e paredes para impedir o trânsito de escorpiões pela residência.

3.2 Gêneros e Espécies de Importância Médica:

Tityus Bahienses: Também conhecido como escorpião-preto, é uma espécie de escorpião do Leste e Centro do Brasil. Mede 6 cm de comprimento, tem coloração marrom muito escura e patas castanhas.

Tityus Serrulatus: Coloração amarelada, encontrado nas cidades, mede 6 cm e seu veneno é duas vezes mais potente que o de o de gênero Tityus bahienses.

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Sintomatologia: Varia de leve (dor intensa, eritema e flictema), moderada (sudorese intensa, tontura, vômito, sialorréia e arritmias) e grave (convulsão, edema pulmonar, coma, insuficiência cardíaca, bradicardia, hipotermia e choque). A gravidade dos sintomas esta relacionada com proporção entre a quantidade do veneno injetado, massa corporal do individuo picado, espécie e tamanho do escorpião, da sensibilidade ao veneno e do retardo no atendimento. Condutas em escorpionismo: ü A maioria das picadas de escorpião não necessitam de tratamento; ü Os casos graves de acidentes com escorpiões podem precisar de soro antiescorpiônico; ü Em alguns casos são utilizados antiinflamatórios não esteróides; ü Cuidado redobrado com idosos e crianças, o acidente com eles será sempre considerado grave.

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